Cidades Historicas Sao Luis
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Cidades Historicas Sao Luis
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São Luís
São Luís
IPHAN IPHAN
Edições do Edições do
Senado federal
Senado Federal
Volume 85 Volume 85
Cidades Históricas – Inventário e Pesquisa
São luís
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cidades históricas
inventário e pesquisa
São Luís
Mesa Diretora
Biênio 2007/2008
Suplentes de Secretário
Conselho Editorial
Conselheiros
cidades históricas
inventário e pesquisa
São Luís
Brasília – 2007
EDIÇÕES DO
SENADO FEDERAL
Vol. 85
IPHAN/2007
CDD- 363.69098121
MINISTRO DA CULTURA
Gilberto Gil Passos Moreira
CHEFE DE GABINETE
Aloysio Antônio Castelo Guapindaia
PROCURADOR – CHEFE
Teresa Beatriz da Rosa Miguel
1 Inventários realizados no período de 2000 a 2003 pelo antigo Departamento de Identificação e Documentação – DID/IPHAN, com apoio do
programa Monumenta e da Unesco, no âmbito do projeto de Fortalecimento Institucional do Iphan.
PARCERIA PARA A CONTRATAÇÃO DOS PESQUISA- Alunos:
DORES DE HISTÓRIA NO RIO DE JANEIRO Abinaabe dos Santos Pires Soares
Fundação Universitária José Bonifácio – UFRJ Alfredo José Moura Cruz
AGRADECIMENTOS Allana Cristina Moreira Alves
Ana Bárbara Lisboa Silva
Célia Corsino – responsável pela institucionalização do INBI-SU
Ana Rosaurea Pinheiro De Carvalho
no IPHAN, como Diretora do DID.
Márcia Sant’Anna e Catarina Eleonora Ferreira da Silva – cola- Antonio Wagner Lopes Jales
boradoras para a implantação do INBI-SU em nível nacional, Armando dos Santos Eugenio
como técnicas do DID. Aurea Tania Dias Silva
Antônio Carlos de Souza Lima – responsável pela viabilização da Bianca Mendes Martins
contratação da FUJB, como professor do Museu Nacional da Bruna Suzane Marinho Bezerra
UFRJ Bruno Cunha Ribeiro
Stella Regina Soares Brito – pelas informações prestadas comple- Bruno Rodrigues Souza Santos
mentares aos dados do INBI-SU Camila Moraes Rego Rocha
Carla de Azevedo Veras
EXECUÇÃO DOS LEVANTAMENTOS DE CAMPO, SIS-
Carolina Pedraça Santos
TEMATIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS E PESQUI-
SA HISTÓRICA Cibele de Carvalho Bittencourt
Cíntia Maria de Aguiar Moraes
NEUCI - Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Cíntia Rafhaela Cunha Silva
Estadual do Maranhão - UEMA
Cleidiane Carvalho de Oliveira
Coordenação geral: Conceição de Maria Araújo De Oliveira
Profª. Arquiteta Márcia Tereza Campos Marques Deborah da Silva Muniz
Professores: Deleon Araújo Costa Gonçalves
Celso Beckman Lago (Pró-Reitor de Planejamento) Daniele Silva Costa
Grete Pflueger (Diretora do Curso de Arquitetura e Urbanismo) Dennis Albert Rodrigues Guilhon
Margareth Gomes de Figueiredo Domingos Sávio da Cruz Pereira
Sanadja Medeiros Érika Lima de Jesus
Thaís Trovão Etiane Alves de Oliveira
Vitor Hugo dos Santos Plum Évila Caroline Maciel Delgado Ribeiro
Carlos Frederico Lago Burnett Fabiana dos Santos Carvalho
Érico Peixoto
Fábio Henrique Ribeiro Pereira
Alex de Oliveira
Fabíola Caroline Furtado Barros
Técnico da UEMA responsável pelo levantamento de campo e Fernanda Brito Abreu
processamento de dados: Fernanda de Pádua dos Santos Pereira
João Gutemberg Mendes Goulart (arquiteto) Fernanda dos Santos
Profissionais contratados: Fernanda Nunes dos Santos
Franciléia dos Santos Alves
Carolina Araújo (arquiteta)
Francilene de Castro Bezerra
Charles André Cutrim Cordeiro (arquiteto)
Clarice Coimbra de Carvalho (arquiteta) Francisca Júlia Ferreira
Débora Moreira Salgado (arquiteta) Gianfranco de Moraes Ribeiro
Edrisses de Almeida Moreno (arquiteto) Giovanna Jansen Dualibe
Fabiano L. F. Santos (digitador) Gladstone Mapurunga E Silva Júnior
Isomar Lopes Almeida (arquiteto) Hugo Vinícius de Andrades Santos
Jalbero Campelo Almeida Raimundo Nonato P. Correia Filho
Jalila Eos Amate Amorim Renato Teixeira E Silva
Jean Cunha Vieira Ricardo Marques Ferreira
Jorge Thiago de Souza Lima Robert Cristian Costa Cutrim
José Mário Santos Araújo Rodrigo Gratz
José Nataniel Sales Neto Rubens Ferreira Filho
Joseana Cristina Moraes Anchieta Sérgio de Jesus Carvalho De Deus
Leonardo de Souza Santana Suelma Rios Pinto
Lúcio Silva Carneiro Junior Tatyana Silva de Medeiros
Ludgardes Ribeiro Peixoto Chagas Ulisses Penha Costa
Luis Leizon Cabral Silva
Mara Rejane S. dos Santos
Pesquisa histórica
Márcia Bianca Silva Lago
Márcia de Carvalho Neves 1a etapa – levantamento de fontes:
Marcio César de Castro Aragão Aline Menezes
Marco Aurélio M. Rêgo Rocha 2a etapa – levantamento de fontes e texto preliminar:
Maria das Graças De Jesus Moraes
Maria da Glória (coordenação)
Maria Justina da Silva Castro
Manoel de Jesus
Martha Nogueira Santos Cruz
Nairama Pereira Barriga 3a etapa – conclusão dos levantamentos e texto final:
Nívea Nunes Raposo Aline Menezes
Pablo Juanito Prazeres Da Silva
Patrícia Vieira Trinta Verbetes sobre os imóveis de tipologia excepcional
Paula Mendonça Teixeira Felipe Esteves Lima Maciel
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N
o ano em que Instituto do Patrimônio Histó-
rico e Artístico Nacional (IPHAN) festeja 70
anos do trabalho de preservação do patrimônio
cultural e o Conselho Editorial do Senado Federal com-
pleta 10 anos de atividades, lançamos esta coleção Cida-
des Históricas – Inventário e Pesquisa.
A coleção apresenta parte da pesquisa sistemáti-
ca realizada pelo IPHAN através do Inventário Nacional
de Bens Imóveis em Sítios Urbanos (INBI/SU). Criado
na década de 80 o INBI/SU foi elaborado para apoiar as
ações de conservação, restauração, promoção e gestão do
patrimônio urbano tombado.
Os três primeiros volumes apresentam o INBI/SU
– Manual de Preenchimento, Tiradentes e São Luís. Nos
próximos volumes a coleção divulga os inventários de Pa-
rati, Praça XV (Rio de Janeiro), Belém, Ouro Preto, Ma-
riana e Petrópolis.
Com Cidades Históricas – Inventário e Pesqui-
sa o Conselho Editorial do Senado e o IPHAN divulgam
uma parcela do trabalho necessário à preservação do pa-
trimônio cultural e informações sobre oito cidades. Além
disso, estimulam novas pesquisas, estudos e ações de pre-
servação do patrimônio urbano brasileiro, que hoje conta
65 sítios urbanos tombados pelo Iphan.
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Sumário
Apresentação
pág. 17
São Luís –
Antiga denominação – Fatores de ocupação –
Referências históricas da ocupação do território
pág. 19
Cronologia
pág. 63
14 IPHAN
Dados Complementares
Estimativas populacionais anteriores
ao 1º censo (1872)
pág. 67
Referências bibliográficas
pág. 559
José Sarney
O Conselho Editorial do Senado Federal está editan- de recursos materiais e humanos, pois a qualidade dos quadros
do o grande levantamento de nosso patrimônio arquitetônico técnicos do IPHAN não encontra correspondência com remu-
feito pelo IPHAN, coleção que incluirá as cidades e sítios históri- neração adequada, novas contratações não suprem a enorme de-
cos de Belém(PA), Mariana(MG), Ouro Preto(MG), Parati(RJ), manda, e os gastos com manutenção e recuperação dos acervos
Petrópolis(RJ), Praça 15 de Novembro(RJ), São Luís(MA), e são bem menores que os necessários.
Tiradentes(MG). São Luís tem o maior conjunto colonial do O Brasil tem em seu patrimônio cultural uma de
Brasil, e não poderia ficar de fora da coleção. Este livro registra o suas maiores riquezas. O trabalho de Rodrigo Melo Franco de
acervo que a Unesco reconheceu como patrimônio da humani- Andrade, que construiu uma repartição que imediatamente se
dade e que é, antes de mais nada, a obra do povo do Maranhão. colocou como uma instituição de Estado, distante de questões
O centro histórico de São Luís pode sobreviver por de governo, deu ao IPHAN — Instituto do Patrimônio Histó-
um esforço que vem de muitos anos. Em 1937 Gustavo Capane- rico e Artístico Nacional — um caráter nacional. O Maranhão
ma entregou a Rodrigo Melo Franco de Andrade o SPHAN, o an- recebeu, desde logo, a atenção da equipe.
tigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, depois Quando eu era Governador do Maranhão, Rodrigo
de um estudo feito por Mário de Andrade. Rodrigo reuniu uma conseguiu que a Unesco enviasse a São Luís o arquiteto Michel
equipe extraordinária, talvez a mais notável de nossa história, com Parent, e, logo depois, em 1972, o grande arquiteto português
nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Alfredo Viana de Lima, para fazer um diagnóstico da cidade e
Joaquim Cardoso, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Renato Soeiro, propor novas medidas de tombamento e proteção. Seu trabalho
Godofredo Filho, Afonso Arinos, Oswald de Andrade. foi continuado pelo casal Dora e Pedro Alcântara, por Olavo
Brasil afora, foram levantados, repertoriados, tom- Pereira da Silva e tantos outros, que têm-se sucedido na luta,
bados os maravilhosos conjuntos arquitetônicos, monumentos, por vezes frustrante, mas sempre recompensada, de salvar pedra,
obras de arte, paisagens, músicas, danças, tradições. Um traba- porta, telha, azulejo, tecido urbano — cidade e vida.
lho modelar, reconhecido internacionalmente, nunca suficiente- São Luís, poesia de nosso chão, cravo perfumado de
mente louvado. Um trabalho que supera as imensas dificuldades nosso amor.
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Apresentação
Este volume reúne as informações coletadas sobre o sí- sentados aqui de forma resumida, foram realizados nas áreas
tio urbano de São Luis / MA e está organizado da seguinte forma: cujo processo de ocupação remonta ao período de formação e
Pesquisa histórica – A pesquisa pretendeu a compre- consolidação do núcleo urbano mais antigo: são fotos, plantas de
ensão dos sítios urbanos tombados a partir da sua relação com localização e de cobertura, e alguns dados textuais, provenientes
o território e o contexto histórico de sua formação. Dirigida no do sistema de informações INBI/SU, ainda em fase de consoli-
sentido de responder às indagações que surgem do tecido urba- dação para disponibilização em ambiente Web.
no, dos tipos de ocupação, dos tipos de arquitetura, orienta as Imóveis com tombamento individual – Foi realizado
hipóteses de interpretação das características formais dos sítios. um levantamento complementar sobre os edifícios tombados
O texto final apresentado neste volume é resultado de individualmente, que também compõem os conjuntos urbanos
três etapas de pesquisa. Na 1ª etapa foi realizado o levantamento tombados – como as igrejas, as casas de Câmara e Cadeia, chafa-
das fontes de interesse nas instituições nacionais de pesquisa do rizes, etc. São imóveis com um programa arquitetônico especial,
Rio de Janeiro, com o objetivo de, a partir desse levantamento que em geral resulta em edifícios de grandes dimensões e de ca-
preliminar, elaborar uma primeira cronologia sobre a formação ráter monumental e diferenciado. Por essa razão, os dados desses
urbana da cidade de Parati, para objetivar a busca de fontes com- imóveis não integram o sistema INBI/SU, para não gerar incon-
plementares nas instituições regionais. sistências nas análises urbanas, que visam subsidiar critérios para
Na 2ª etapa foi feito o levantamento complementar todo o conjunto, acerca de parâmetros como área de lote, taxa
nas instituições sediadas em Parati e nas instituições estaduais de ocupação, gabarito, etc. Aqui estão reunidos fotos, plantas de
no Rio de Janeiro, que resultou na elaboração de um primeiro localização e verbetes históricos desses imóveis.
texto de consolidação da pesquisa. Referências bibliográficas – Reúne todas as fontes con-
A 3ª e última etapa da pesquisa foi feita sob a coor- sultadas que embasaram a pesquisa histórica e que hoje estão
denação dos historiadores e arquitetos do DID, no Rio de Janei- inseridas no sistema de informações INBI/SU, na forma de Guia
ro, de forma concomitante para as cidades inventariadas. Foram Bibliográfico. Este guia traz, além das referências bibliográficas,
organizadas Oficinas de História Urbana, visando garantir uma os resumos das obras consultadas, visando apoiar o desenvolvi-
abordagem multidisciplinar e o aprimoramento do olhar sobre mento de novas pesquisas, tanto de interesse do IPHAN, como
o patrimônio urbano, com a integração das experiências de pes- do público em geral.
quisa nas diferentes cidades. Índice das ilustrações – Ao final de cada volume, o
Nessa etapa, complementou-se a pesquisa no Arqui- índice das ilustrações apresenta a localização das fontes das quais
vo Central do IPHAN sobre a história de atuação institucional foram extraídas as imagens utilizadas nesta publicação.
nessas cidades e, para a consolidação dos textos finais, enfatizou-
se a análise da forma urbana, com o tratamento crítico das fon-
tes cartográficas e iconográficas, que permitiram a produção de
mapeamentos sobre as principais fases do processo de ocupação
e desenvolvimento do sítio urbano. Também foram promovidos
a análise bibliográfica geral e o levantamento de dados comple-
mentares geográficos e populacionais.
Dados complementares – São dados que variam de vo-
lume para volume, em função das especificidades da pesquisa em
cada cidade, podendo apresentar também alguns exemplos de uso
dos dados do INBI/SU na elaboração de relatórios, de análises
sobre um ou outro tema ou para o preenchimento do Formulário
Geral do Conjunto, proposto no método INBI/SU.2
Dados dos imóveis – Os levantamentos de campo
– planialtimétricos, físico-arquitetônicos e entrevistas – apre-
2 INVENTÁRIO Nacional de Bens Imóveis em Sítios Urbanos Tombados/INBI-SU: Manual de Preenchimento. RJ: Departamento de Patri-
mônio Imaterial /IPHAN/MinC, 200.
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São Luís
Antiga denominação
Upaon-Açu [Upaon Grande, em oposição a Upaon-
Miri, Upaon Pequena] – denominação anterior a 1612, dada à
ilha pelos índios tupinambás, que habitavam o local antes da ten-
tativa de criação, pelos franceses em 1612, da França Equinocial.
Fatores de ocupação
Século XVII / XVIII: Ponto estratégico de defesa
do território
• Controle estratégico da entrada para a Bacia do
Amazonas e da região pela Coroa Ibérica, prote-
gendo o território e assegurando a posse;
• Atividades comerciais diretamente com Lisboa;
Segunda metade do século XVIII: entreposto co-
mercial
• Política pombalina de exploração da colônia, que
incluía a intensificação da imigração de colonos
açorianos gerando crescimento populacional; a
introdução de novas técnicas agrícolas e culturas
(arroz, algodão) e a inserção no circuito mundial
de comércio substituindo os produtos norte-
americanos, então em guerra de independência;
• Transformação de antigos aldeamentos de índios
em vilas;
Século XIX: instalação de fábricas; valorização
urbana
• Guerra de Secessão nos EUA reduz a produção
americana, impulsionando as exportações de al-
godão do Brasil para a Inglaterra;
• Instalação de fábricas de tecidos, de pilar arroz, de
sabão, velas, algodão, cal, olarias e tipografias;
• Valorização arquitetônica com a construção de
sobrados requintados (azulejaria; mirantes, etc);
• Cultura e comércio do babaçu.
20 IPHAN
Referências históricas da ocupação do território Essa forte presença portuguesa resultou na ampliação
do território, na fundação de núcleos, fortificações e missões ao
A Amazônia no século XVII foi percorrida por vários longo dos rios Amazonas, Branco, Negro, Madeira, Tapajós e
grupos: pelos sertanistas em busca das chamadas “drogas do ser- Xingu.
tão” – especiarias cobiçadas pelos colonos e comercializados pela Os espanhóis tiveram a primazia da navegação na
Metrópole, como o guaraná e o urucum, além de essências para costa do Maranhão. Por volta de 1499, Vicente Yanes Pinzón
perfumes; pelas expedições oficiais comandadas por militares navegou pelo litoral e foi o primeiro a reconhecer o território.
que visavam assegurar os domínios portugueses contra ingleses, Além dos interesses já citados, acreditava-se na existência de
franceses, holandeses e espanhóis; pelas tropas de apresamento, metais preciosos3 no Peru, o que impulsionou as iniciais incur-
também chamadas de “resgate”, em busca do índio cativo; e tam- sões de outros países além de Portugal e Espanha ao litoral do
bém pelos missionários que, com os “descimentos”, arrebatavam Maranhão, pelo qual pretendiam os conquistadores alcançar as
indígenas com o propósito de aldeá-los e catequizá-los. riquezas andinas.4
ALBERNAZ, João Teixeira. Descrição dos rios Pará e Maranhão, 1632. Mapoteca da Marinha, RJ.
3
As idéias de el dorado como um paraíso terreal eram amplamente difundidas no período dos descobrimentos marítimos, e estão presentes no processo de conquis-
ta e ocupação do Novo Mundo. Os europeus acreditavam na existência de uma “terra prometida”, tal como descrita na Bíblia, plena de riquezas. Acerca deste
assunto ver Sérgio Buarque de Holanda. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Editora Nacional, Secretaria da
Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977.
4 Cf. Bernardo Pereira de Berredo. Anais históricos do Estado do Maranhão (em que se dá notícia do seu descobrimento, e tudo o mais que nele tem sucedido desde o ano
em que foi descoberto até o de 1718). A 1ª edição foi de 1749, de Lisboa ; a 2ª, de São Luís, em 1849; a 3ª foi de Florença: Typographia Barbèra, 1905; a 4a em
1988, de São Luís. Berredo foi governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará entre 1718 e 1722. Escreveu os Anais Históricos durante seu mandato, sendo
publicado o livro em 1749, quando já havia falecido. Foi o primeiro cronista do Maranhão e seus Anais tratam da história do Maranhão desde 1499 até 1718,
quando se iniciou o seu governo. O livro apresenta vários relatos e documentos pesquisados pelo autor.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 21
Desde então, alguns navegadores portugueses e es- tícias das vantagens de se fundar uma povoação no Maranhão,
panhóis estiveram na região, para avaliar suas riquezas. Imple- pois a terra oferecia boas condições de vida, os habitantes na-
mentaram-se, a partir daí, várias tentativas de ocupação e colo- turais eram seus aliados e, principalmente, a França ganharia
nização que não tiveram sucesso pela dificuldade de atracar os uma parcela colonial no Novo Mundo. A rainha Maria de Mé-
navios, sendo freqüentes os naufrágios. Não houve êxito nessas dicis consentiu em uma viagem comandada por Daniel de La
tentativas por parte da coroa espanhola, e então a área passou Touche, senhor de La Ravardière, a fim de verificar tais infor-
a ser freqüentada por piratas, no final do século XVI, piratas mações.7
que mantinham relações de escambo com os índios. Entre eles Com a permissão da rainha, La Ravardière, em so-
havia irlandeses, holandeses, ingleses e franceses, que buscavam ciedade com Nicolas Harlay e François de Rasilly, levantou os
o lucrativo comércio do Novo Mundo e, no caso dos franceses, recursos necessários para as despesas da expedição e colonização
também as vantagens coloniais que eram monopolizadas por do Maranhão. A chamada França Equinocial8 foi o estabeleci-
Portugal e Espanha.5 mento dos franceses, comandados por La Ravardière, em 1612.
As tentativas de colonização da região foram as se- Fundaram uma fortaleza construída com a ajuda dos índios, que
guintes: em 1534, com a divisão do território da colônia em chamaram de São Luís, em homenagem ao rei Luís XIII. Esta
capitanias hereditárias, coube a João de Barros a capitania do experiência francesa no Maranhão durou três anos e foi conclu-
Maranhão. Em associação com Aires da Cunha, João de Barros ída em 1615.
tentou tomar posse de sua capitania, mas a tentativa foi frustra- A disposição geográfica também influenciou o sen-
da. Os navios de sua expedição naufragaram na baía de São Luís tido da ocupação da vila de São Luís. Os franceses escolheram
em duas ocasiões. uma área para construírem seu forte que ficava sobre o extremo
Novas tentativas ibéricas de fixação somente seriam de uma ponta elevada de terra, permitindo a defesa dos rios
repetidas no período da União Ibérica. Em 1580, com a morte Anil e Bacanga, que banham o local. Além disso, São Luís se
do rei de Portugal, d. Sebastião, o rei de Espanha, Filipe II, uniu encontra no ponto de convergência das mais importantes vias
as duas coroas e passou a reinar sobre o Novo Mundo, contro- fluviais exclusivamente maranhenses – o Pindaré, o Mearim
lando também o comércio com o Oriente e África.6 e o Itapicuru, que eram navegáveis em grande parte de seus
A partir da intensificação da presença estrangeira na cursos.9
costa norte, a coroa ibérica passou a empreender esforços para O fim da colônia francesa no Maranhão aconteceu
realizar a conquista e ocupação desse território, em especial a após a batalha de Guaxenduba, em 1614, quando os portu-
região do Amazonas, para preservar o monopólio ibérico do co- gueses venceram os franceses definitivamente. Comandados
mércio de açúcar e também para proteger as minas de prata do por Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, alcança-
Peru, que poderiam ser alcançadas através do rio. ram celebrar um armistício com La Ravardière, que se retirou
Apesar das tentativas implementadas ainda no sé- depois, em novembro de 1615, consolidando-se a ocupação
culo XVI, o Maranhão continuava sem ocupação e coloniza- portuguesa que ficou sob o governo Jerônimo de Albuquerque
ção efetivas. Desde a primeira metade desse século, corsários até 1618.
franceses freqüentavam a costa e lidavam com os índios tupi- Depois da fundação de São Luís em 1612, restava
nambás, mas a presença efetiva dos franceses no Maranhão se ainda retirar holandeses e ingleses que ocupavam o vale do Ama-
confirmou no final do século, quando em 1594, o comandante zonas buscando a exploração produtos da região. E assim, em
Jacques Rifault fixou na ilha do Maranhão o subcomandante janeiro de 1616, Francisco Caldeira Castelo Branco, ergueu um
da expedição, Charles de Vaux, que levou à coroa francesa no- forte chamado Presépio nas margens da baía de Guajará, que
serviria de base para a defesa da região contra o ataque dos es- missões ao longo dos rios, que colaboraram para a interioriza-
trangeiros no vale do Amazonas, e que deu origem à cidade de ção da colonização. A vila de São Luís deixou rapidamente sua
Belém do Pará, consolidando a ocupação e colonização da parte posição de ponto militar estratégico para assumir um status de
setentrional da América portuguesa. importante rota de comércio para o escoamento de riquezas do
A preocupação da coroa em proteger o território vale do Amazonas, a partir de sua privilegiada posição geográfi-
recém-conquistado e assegurar a posse do Maranhão e Grão- ca, entre duas baías, a de São Marcos e a de São José.
Pará, que compunham a única área de entrada e saída de toda Os rios tiveram muita importância como vias de po-
a região do Amazonas, levou à separação do Maranhão e das voamento por serem navegáveis, o que facilitou bastante os mo-
regiões vizinhas do resto do Estado do Brasil. Por carta régia vimentos demográficos. A confluência das duas grandes artérias
de 1621,10 a coroa criou o Estado do Maranhão e Grão-Pará maranhenses, os rios Mearim e Itapicuru, no canal dos Mosqui-
– uma unidade governamental à parte do governo-geral do tos, entre as baías de São Marcos e São José, e as necessidades do
Brasil, que abrangia os atuais Estados do Ceará, Piauí, Mara- comércio com o exterior, reservaram a São Luís a sua histórica
nhão e Pará. A separação, entretanto, só se efetivou em 1626, superioridade regional de melhor porto. Segundo Raimundo
quando o governador Francisco Coelho de Carvalho passou a Lopes, há ainda um outro fator geográfico para esta primazia: “a
administrar o novo Estado. forma do Golfo completa essas disposições; o amplo recôncavo,
A partir das expedições que expulsaram os france- recebendo os produtos do interior, os faz convergir para seu cen-
ses e da fundação da vila, as ordens religiosas estabeleceram-se tro, que é, aproximadamente, a capital”.11
no Maranhão, vindas basicamente de Portugal e Espanha para A princípio a cidade ocupava apenas a extremidade
evangelizar índios e fixar a religião católica na colônia, criando da chapada, localizada na ilha, no encontro dos rios Bacanga e
LOPES, J. J. Rodrigues. Mapa de parte da província do Maranhão, 1841. Mapoteca da Marinha, RJ.
10 Citada por Meireles, Mário Martins. História da arquidiocese de São Luís do Maranhão. São Luís: SIOGE, 1974.
11 Lopes, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Companhia Editora Fon-Fon e Seleta, 1970, p. 103.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 23
Anil, tendo o seu crescimento sido ordenado pelos declives e na direção das riquezas andinas exploradas pela Espanha. Além
elevações do relevo, que só foram ocupados ao longo dos anos, disso, no século XVI, toda a costa norte era freqüentada por na-
bem como os mangues e alagadiços. As construções nas áreas de vios estrangeiros, culminando com a instalação de uma colônia
depressão foram mais lentas. Assim, São Luís tomou inicialmen- francesa no Maranhão. A ameaça de perda daquelas possessões
te a forma de cruz, pois se formou procurando desviar-se dos levou a coroa ibérica a implementar uma expedição para expulsar
obstáculos naturais do mesmo12. O Convento de Nossa Senhora os franceses e, a partir daí, retomar o controle de todo o vale do
do Carmo foi o marco do limite da cidade no século XVII13. Amazonas. Por uma questão geopolítica, a coroa traçou essa es-
tratégia de ocupação e colonização, que incluiu ainda a fundação
da cidade de Belém no Grão-Pará, para permitir a expulsão de
outros estrangeiros, como holandeses e ingleses, que ameaçavam
a posse territorial daquela região. Desta forma, para a ocupação
do Maranhão e a escolha do sítio para a fundação da cidade de
São Luís, concorreram tanto os fatores políticos de proteção das
colônias contra estrangeiros, quanto as características físicas do
terreno em que se assentou a cidade, na convergência de dois rios
e sobre um promontório que defendia bem o acesso a ela; bem
como a posição geográfica do Maranhão em relação ao vale do
Amazonas, porta de entrada para a região do Peru.
A idéia expansionista ao longo do século XV e início proposta pelo Tratado de Tordesilhas, a partir de 1534, a divisão
do século XVI teve como característica central a manutenção do das capitanias hereditárias confirmou o objetivo de ocupação e
espírito cruzadístico, de combate aos muçulmanos, que empres- colonização da coroa portuguesa. Coube a João de Barros a pri-
tou à empresa da expansão um caráter superior que coordenava os meira donataria, incluindo, além do território que corresponde
seus fins práticos. Assim, a evangelização revestiu-se de um obje- hoje ao Estado do Maranhão, também as áreas do Pará e o Rio
tivo transcendente que incluía a guerra justa em caso de resistência Grande do Norte. O capitão donatário organizou, junto com
ao direito de catequese, pois não se tratava de incluir outros povos Aires da Cunha, uma expedição para a colonização do Mara-
através da conquista, mas de uma missão na qual “o Ocidente nhão que saiu do Tejo em outubro de 1535, capitaneada pelos
europeu [...] não pretende difundir a sua religião, mas a religião dois filhos de João de Barros. As embarcações naufragaram na
revelada que recebeu do alto e constitui uma mensagem de salva- entrada da barra, próximo à Ilha do Medo, entretanto, cerca de
ção dirigida indistintamente a todo o gênero humano”. 14 duzentos tripulantes, entre eles os dois filhos de João de Barros,
Os objetivos materiais da expansão ultramarina não salvaram-se e chegaram a terra firme mas, como não consegui-
eram ignorados pelo quadro de idéias da época, ao contrário, fo- ram reunir as condições necessárias para o estabelecimento de
ram incorporados a uma hierarquia de valores em que o serviço uma povoação, voltaram para Portugal.
de Deus, o mais importante entre eles, englobava todas as pos- Uma outra tentativa de colonização do Maranhão
sibilidades de interesse em um quadro moral cristão. Esta visão se deu em 1554, com a expedição de Luís de Melo da Silva,
encontrou base nas formulações teológicas da Segunda Escolásti- que contava com o apoio da coroa portuguesa. O naufrágio foi
ca Ibérica, apoiada na idéia de que sendo todas as coisas forma e novamente o fim da empreitada. Em 1573, o mesmo Melo da
matéria, o homem o é, sendo alma e corpo. Uma vez que a alma Silva tentaria novamente chegar ao Maranhão, mas a nau envia-
é a forma do corpo, analogamente as intenções espirituais dão da por ele, sob o comando de Luís de Gamboa, naufragou antes
forma e sentido aos objetivos materiais, daí a importância do de atingir a barra maranhense. Essa foi a última tentativa de se
serviço de Deus para a legitimação da conquista do ultramar. chegar ao Maranhão até a última década do século XVI.
Desta maneira, a atuação das ordens religiosas foi de Nos últimos anos da centúria, a estratégia para a pe-
grande importância para a ocupação e colonização não apenas netração na parte norte da América portuguesa passou a ser a
do Maranhão, mas de toda a colônia. O espírito de conquista e tentativa de alcançar o Maranhão por via terrestre. Gabriel So-
evangelização acompanhou todo o processo de colonização da ares de Sousa foi o primeiro a tentar chegar à região por terra, a
América portuguesa, caracterizada pela redução dos índios nas partir da Bahia mas não passou do rio São Francisco.16
missões religiosas e no trabalho de catequese, que facilitavam a Sem uma ocupação portuguesa efetiva, vários corsá-
ação de conquistadores e colonos. rios franceses freqüentavam a costa e traficavam com os nativos,
No caso do Maranhão, a primazia no reconhecimen- desde a primeira metade do século XVI, mas a presença dos
to desta região entre os europeus, consensualmente, é atribuída franceses no Maranhão se confirmou no final do século, quando
ao espanhol Vicente Yanes Pinzón, que fora capitão de um dos em 1594, o comandante Jacques Rifault, que pirateava naquela
navios da frota de Cristóvão Colombo. A viagem foi autori- costa, deixou seus equipamentos e tripulação sob os cuidados do
zada pelos reis d. Fernando e d. Isabel, tendo a frota partido subcomandante da expedição Charles de Vaux, na ilha do Mara-
do porto da Vila de Palos em novembro de 1499. No entanto, nhão. Mesmo antes disso, as incursões francesas naquela área eram
apenas em 1531, houve uma primeira tentativa de ocupação por freqüentes, mantendo boas relações com os índios do local, através
Diogo de Sordas, espanhol representando a coroa de Castela, das trocas de frutos da terra por produtos vindos da Europa.17
que partira para colonizar a área já com o título de governador. Já no século XVII, em 1603, Pero Coelho tentou a
Contudo, sua armada não conseguiu atingir o objetivo, pois os mesma sorte partindo da Paraíba, mas foi interceptado por ín-
navios naufragaram antes que chegassem a terra firme.15 dios tabajaras na altura da serra de Ibiapaba, no atual Ceará,
Com base no reconhecimento da divisão territorial e logo depois desistiu da empreitada. Diante da hostilidade do
13 “Doação da Capitania no Brasil”. Em João de Barros. Décadas, v. 1, p. XXVIII. (Grifo nosso.)
14 Luís Filipe F. R. Tomás; Jorge Santos Alves. “Da cruzada ao quinto império”. In Francisco Bethencourt; Diogo Ramada Curto. A memória da nação, p.113.
15 Cf. Bernardo Pereira de Berredo. Op. cit.
16 Cf. Bernardo Pereira de Berredo. Op. cit., p. 38.
17 Sobre a presença francesa no Maranhão, ver Mário Martins Meireles, França Equinocial. São Luís: Tipografia São José, 1962.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 25
gentio, o governador-geral do Brasil, d. Diogo Botelho, deci- vardière fundou uma fortaleza construída com a ajuda dos ín-
diu colocar os missionários à frente da empresa de conquista do dios, que chamou de São Luís, em homenagem ao rei Luís XIII,
Maranhão, numa tentativa de abrir o caminho para os coloniza- inaugurando a França Equinocial. Embora o chefe da expedição
dores. O padre Fernão Cardim, que era o provincial dos jesuítas que levou os franceses a se fixarem no Maranhão fosse de religião
no Estado do Brasil, destacou em 1607, Francisco Pinto e Luís protestante, as cerimônias de posse daquelas terras foram feitas
Figueira18 para a tarefa de apaziguamento dos índios. Quando de acordo com os códigos católicos, religião professada pela rai-
os religiosos chegaram à serra de Ibiapaba, foram atacados pelos nha. Assim, Rasilly levantou uma pequena capela de folhas e
índios que mataram o padre Francisco Pinto, fazendo com que os frades capuchinhos, Yves d’Évreux, Claude d’Abbeville, Am-
Luís Figueira desistisse da viagem para chegar ao Maranhão. broise d’Amiens e Arsène de Paris, que vieram na expedição de
O bom entendimento entre os franceses e os índios La Ravardière, logo rezaram a primeira missa.20
propiciou a idéia de criação de uma colônia francesa, com apoio Construíram, a uma distância de 1.200 passos21 do
dos tupinambás, em troca de auxílio a estes contra tribos ini- forte, uma igreja e o convento de São Francisco, inaugurados no
migas. Após essa negociação, Charles de Vaux levou até a coroa Natal do ano de 1612. Esse convento, segundo Mário Meireles,
francesa a notícia do quão vantajosa seria a povoação desta co- ficaria próximo de onde hoje está a igreja de Nossa Senhora do
lônia do Maranhão, atendendo tanto aos interesses de comér- Rosário dos Pretos. Construíram também um porto, junto do
cio, quanto ao de se instalar uma possessão francesa na América. forte de São Luís, fazendo um corte na ribanceira onde se assen-
Uma viagem comandada por Daniel de La Touche, senhor de La tava o mesmo. Chamaram-no de Saint Marie, em homenagem
Ravardière, foi autorizada para atestar as informações.19 a Maria de Médicis.22
La Ravardière esteve observando o local e, no final A solenidade de fundação da colônia se fez com uma
de seis meses, voltou a Paris para dar conta de sua missão à rai- missa rezada no convento de São Francisco, ocorrendo logo após
nha regente Maria de Médicis. O parecer de La Ravardière foi uma procissão composta pelos franceses e índios tupinambás, até
favorável, mas a rainha não financiou a empresa de povoamento a praça do forte.23 Esta procissão celebrava a aliança entre índios
da colônia, consentindo que La Ravardière, em sociedade com e franceses, que facilitava a instalação da França Equinocial.
Nicolas Harlay e Francisco de Rasilly, conseguisse os recursos A ocupação da região não despertava o interesse da co-
necessários para as despesas da expedição e povoamento. roa de Castela, pelo menos até chegarem as primeiras notícias da
A armada francesa, composta de três navios, saiu da presença francesa no local. Só então a coroa portuguesa, que estava
Bretanha em 19 de março de 1612, e chegou ao seu destino em subordinada à da Espanha, passou a empreender esforços no senti-
julho do mesmo ano. Aportaram na entrada da barra do Mara- do de integrar a região norte do Brasil de vez ao Império, diante da
nhão, desembarcando na ilha de Uapon-mirim, que chamaram possibilidade de ocupação definitiva do lugar por forças estrangei-
de Santana, nome conservado até hoje. A esquadra atravessou o ras. A partir daí, depois de ter deixado a conquista da parte norte
recôncavo e foi se fixar na parte alta de uma extensão de terra da América portuguesa ao empreendimento de particulares, e mais
que ficava entre dois rios, o Maiove (Anil) e o Ibacanga. La Ra- tarde a cargo dos jesuítas, que não conseguiram chegar ao local, a
18 O jesuíta Luís Figueira chegou ao Brasil em 1602, fixando-se na Bahia e, a partir desta viagem, passou a se dedicar às questões relativas ao Maranhão. Sobre a
vida e obra de Luís Figueira, ver Serafim Leite: Luís Figueira: sua vida heróica e sua obra literária. Lisboa: Agência Geral das Colônias, 1940.
19 A colônia francesa no Maranhão está ligada a um possível projeto colonial françês com vista ao Novo Mundo, que incluiu outras tentativas de implantação
colonial que foram as do Canadá (1535-1543), do Rio de Janeiro (1555-1560) e da Flórida (1562-1565). Andrea Daher. “Do selvagem convertível”. In Topoi
– Revista do Programa de Pós-Graduação em História Social, UFRJ. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2003.
20 Os religiosos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux, após sua permanência no Maranhão, o primeiro por quatro meses e o outro por cerca de dois anos, escreveram,
respectivamente: Histoire de la Mission des Pères Capucins en l’Isle de Maragnan et terres circonvoisines, de 1614, e suitte de l’Histoire des choses plus memorables ad
venues en Maragnan es années 1613 & 1614, de 1615.
21 Cf. Mário Martins Meireles. História da arquidiocese de São Luís do Maranhão, p. 18.
22 Idem, p. 24.
23 Segundo descrição de Yves d’Évreux, cujo livro, de 1615, foi editado sob os auspícios de Ferdinand Denis em 1864, com o título Voyage au Nord du Brésil, lança-
do no Brasil dez anos depois com o título de Viagem ao Norte do Brasil, em tradução de César Augusto Marques. O original trazia o título de Suitte de l’Histoire
des choses plus memorables ad venues en Maragnan es années 1613 & 1614. Second traité.
26 IPHAN
coroa ibérica implementou oficialmente a empresa da conquista do nhola Ana D’Áustria com Luís XIII, o que levou a França a ces-
Maranhão, que se deu em 1615, e de toda a região circunvizinha, sar os investimentos na colônia do Maranhão, a fim de preservar
completada pela fundação da cidade de Belém em 1616. a união das duas coroas.
Depois de expulsos os franceses, Alexandre de Moura
1a fase (1615-1677) nomeou Jerônimo de Albuquerque capitão-mor do Maranhão,
distribuiu os comandos dos fortes entre os oficiais da expedição
O traçado de Francisco Frias da Mesquita e a inserção de São e logo depois foi para Pernambuco. Jerônimo de Albuquerque
Luís no Império (1615 – 1677) mudou o nome da fortaleza de São Luís para São Filipe e fundou
a vila junto a ela, mantendo o nome de São Luís.24
A rendição definitiva dos franceses ocorreu em 1615, Para a afirmação e manutenção da conquista lusa, além
quando as forças portuguesas, sob o comando de Alexandre de da catequese e do povoamento, Alexandre de Moura preocupou-
Moura, atacaram por mar, e Jerônimo de Albuquerque coman- se com a distribuição das terras. Antes de deixar o Maranhão, fez
dou a expedição que investiu por terra. La Ravardière se rendeu a doação à Câmara de São Luís de “uma légua de terra em quadra
sem luta em 3 de novembro de 1615 e, nessa mesma data, Ale- para organizar a povoação”, e ordenou também que a vila fosse
xandre de Moura ocupou o forte de São Luís. O esvaziamento implantada cuidadosamente de acordo com o traçado deixado por
das forças francesas foi causado pelas negociações diplomáticas Francisco Frias da Mesquita, engenheiro-mor da coroa, responsá-
entre França e Espanha, com o objetivo de casar a infanta espa- vel por várias obras em todo o litoral da América portuguesa.25
TERESA, Giuseppe de Santa. Istoria delle Guerre Del regno Del Brasile aceadute tra la corona
di Portogallo e la republica di Olanda. Vista da cidade de São Luís, 1698. Biblioteca Nacional, RJ.
24 Alexandre de Moura foi para Pernambuco, logo após a tomada de São Luís, levando consigo La Ravardière, que de lá foi para Lisboa, onde permaneceu preso
durante dois anos. Cf. Vicente do Salvador. História do Brasil. São Paulo-Belo Horizonte: Edusp-Ed. Itatiaia, 1982.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 27
28 IPHAN
A instituição da câmara indica a presença concreta da toriador defendeu a idéia de que haveria dois tipos de urbaniza-
Coroa para exercer o controle político-administrativo das suas ção no período colonial: um que estava ligado ao traçado regular
possessões e garantir a defesa dos territórios conquistados. Di- utilizado pelos espanhóis, e outro mais espontâneo e irregular
ferentemente das vilas que surgem no século XVIII, originadas que seria a maneira portuguesa de urbanizar.
em boa parte de povoamentos e arraiais diretamente ligados à A historiografia que trata do desenvolvimento das
exploração do ouro, em que a presença da Coroa chega mais tar- cidades brasileiras foi por muito tempo influenciada pelas
de, elevando-as à categoria de vilas para exercer o controle sobre idéias de Sérgio Buarque, e embora, hoje, se façam críticas a
elas, São Luis já nasce nessa condição. essa forma de classificar os tipos de traçados urbanos encontra-
Embora a planta de Frias tenha sido perdida, é possí- dos nas nossas cidades27, muitos são os trabalhos que partem
vel perceber traços da urbanização da época na planta de São Luís dessa perspectiva.
elaborada pelos holandeses, por ocasião da sua invasão no perí- Em relação ao estudo da formação do sítio urbano de
odo de 1641 a 1644.26 São Luís, por exemplo, Nestor Goulart afirma que os traços da
O estudo sobre a formação das cidades no Brasil par- urbanização da cidade correspondem a uma maneira espanhola
tiu do trabalho seminal de Sérgio Buarque de Holanda. Este his- de urbanizar, orientada pela legislação filipina para as colônias,
TERESA, Giuseppe de Santa. Istoria delle Guerre Del regno Del Brasile aceadute tra la corona
di Portogallo e la republica di Olanda, 1698. Biblioteca Nacional, RJ.
25 Alexandre de Moura. “Relatório sobre a expedição à ilha do Maranhão e expulsão dos franceses.” Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, vol. 26, 1905,
pp. 193-242.
26 Reproduzida em Gaspar Barléus. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 1980.
27 O material coletado e sistematizado pelo inventário pretende constituir uma base de trabalho para estudos de casos, que interpretem as especificidades de dife-
rentes formas urbanas, aprofundando o entendimento de seus significados históricos, e gerem conhecimento capaz de levar as discussões para rumos diferentes
daqueles restritos à dualidade planejada x espontânea, que ainda hoje circunscreve essa temática (Referências historiográficas sobre o estudo das cidades brasi-
leiras - Manual INBI-SU).
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 29
e compara a origem das formas de algumas cidades como João liderança da Câmara. Em 1624, publicou a Relação Sumária das
Pessoa, por exemplo, que, como a de São Luís, têm seus traçados Cousas do Maranhão, dirigida aos pobres do reino de Portugal, uma
semelhantes a um tabuleiro de xadrez.28 propaganda das terras recém-conquistadas e um apelo para que
A partir de 1619, a coroa ibérica estimulou a vinda os pobres do reino viessem povoá-las.31
de casais da ilha dos Açores para fomentar a ocupação do Mara- Carta régia de 1621 criou o Estado do Maranhão
nhão, por meio de um contrato feito com Antônio Ferreira de e Grão-Pará separado do governo-geral do Brasil, abrangendo
Betencourt e Jorge de Lemos de Betencourt.29 A preocupação do a área dos atuais Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará.32
Senado da Câmara com o povoamento resultou na distribuição Entre os motivos dessa divisão, estava a maior facilidade de co-
de terras entre os portugueses remanescentes das batalhas com os municação entre o Maranhão e Lisboa do que com Salvador,
franceses, os imigrantes açorianos, além dos próprios franceses devido às correntes marítimas e ventos contrários, que dificulta-
que se casaram com índias e permaneceram no local após a con- vam o acesso à Bahia. Além disso, sendo um estado diretamente
quista portuguesa. A chegada dos açorianos, segundo Rodolfo subordinado à metrópole, melhor defesa do território seria cria-
Garcia, resultou em um pequeno crescimento populacional.30 da sem a necessidade de se submeter o governo-geral do Brasil
Entre os açorianos, destacou-se Simão Estácio da a uma segunda instância de poder. Com esta medida, a Coroa
Silveira, que chegou ao Maranhão em 1619, e logo assumiu a visava melhor proteger o território conquistado e assegurar a sua
ALBERNAZ, João Teixeira. In: MORENO, Diogo de Campos, Livro que dá razão do Estado do Brasil. Arquivo Público Estadual, Recife, 1955.
28 Reis Filho, Nestor Goulart. “As principais cidades e vilas do Brasil: importância da vida urbana colonial.” Oceanos, Lisboa, n. 41, p. 58-61 jan./mar., 2000.
29 Cf. Garcia, Rodolfo. Ensaio sobre a história política e administrativa do Brasil. São Paulo: Liv. J. Olympio, 1956.
30 Chegaram cerca de mil pessoas nesta ocasião. Garcia, Rodolfo. Op. cit.
31 Simão Estácio da Silveira. “Relação sumária das cousas do Maranhão.” In Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Vol. 26.
32 Documento citado por Meireles, Mário Martins. História da arquidiocese de São Luís do Maranhão.
30 IPHAN
posse diante das ameaças de incursões estrangeiras. A separação, e bem das almas, não sem muito trabalho e perseguições,
entretanto, só se efetivaria em 1626, com a posse do governador que por isto padeceu, sabendo que são bem aventurados
Francisco Coelho de Carvalho. os que padecem pela justiça. 33
A importância da região cresceu na medida em que O frei Cristóvão de Lisboa ficou no Maranhão até
a posição estratégica daquelas terras poderia ser de grande valia 1642, quando foi nomeado bispo do Congo e Angola. Sua pri-
para a constituição de um futuro comércio interregional e atlân- meira medida em terras maranhenses foi recuperar o danificado
tico, principalmente pela possibilidade de se escoar a prata do convento de São Francisco, levantado pelos franceses. Construiu
Potosí pelo Maranhão. também um outro templo com paredes de taipa, com invocação
Os missionários portugueses que chegaram ao Mara- a Santa Margarida, e que foi inaugurado em 1625. Em relação
nhão no século XVII, logo após a expulsão dos franceses, foram aos nativos, proibiu o relacionamento de homens brancos com
os franciscanos, os jesuítas, os carmelitas e mercedários, nesta as índias, e também que se comprassem terras dos mesmos, mo-
ordem. Os religiosos franciscanos vieram de Olinda e, após a tivo de descontentamento dos jesuítas representados por Luís
batalha de Guaxenduba, e da assinatura do armistício com os Figueira.34 Consideraram os inacianos que se tratava de grande
franceses, fundaram uma ermida junto do forte, de invocação intromissão por parte do franciscano interferir nos assuntos de
a Nossa Senhora da Ajuda, como forma de agradecimento ao competência e jurisdição da Companhia de Jesus.
auxílio divino alcançado na vitória contra seus inimigos. Com Alexandre de Moura vieram para o Maranhão
Permaneceram por um ano e, logo após a retirada de- dois jesuítas e dois carmelitas: os jesuítas estabeleceram-se no
finitiva dos franceses, voltaram para Pernambuco. Somente re- convento dos capuchinhos franceses doado a eles pelo próprio
tornaram em 1624, liderados pelo frei Cristóvão de Lisboa. Esse capitão da armada. Em 1618, os dois padres inacianos Manuel
franciscano, além de custódio de sua ordem no Maranhão, fora Gomes e Diogo Nunes partiram de São Luís para reclamar ao
também designado visitador eclesiástico e comissário do Santo rei dos maus-tratos dos colonos com os índios. A Companhia de
Ofício, nomeado pelo inquisidor-mor de Portugal, D. Fernando Jesus só voltou para o Maranhão em 1622, com os padres Luís
Martins Mascarenhas, na paróquia recentemente criada, e ainda Figueira e Benedito Amodei. Em 1649, foram mortos os onze
primeiro vigário e provisor da mesma. Segundo frei Vicente do religiosos jesuítas que estavam no Maranhão pelos índios uruatis
Salvador, que escreveu sua História do Brasil aproximadamente e a ordem só voltaria a se estabelecer no Maranhão em 1652.
em 1630, Um ano depois, o padre Antônio Vieira chegou como superior
da Companhia de Jesus no Maranhão. Dedicou-se à catequese
Nem trabalhou menos o padre custódio em o edifício dos índios e foi um fervoroso defensor da liberdade deles. Criou,
espiritual das almas, que em a visita achou estragadas, em 1653, o hospital da Santa Casa com as esmolas adquiridas
e em a conversão dos índios. O mesmo fez no Pará, pela Irmandade da Misericórdia35 que, embora tenha sido insti-
onde reduziu à paz dos portugueses os gentios tocantins, tuída em 1622, por Luís Figueira, passou a funcionar apenas a
que, escandalizados de agravos que lhe haviam feito, partir do incentivo do padre Vieira.
estavam quase rebelados, e levou consigo os filhos dos Os carmelitas calçados da Ordem de Nossa Senho-
principais pera os doutrinar e domesticar, proibiu com a ra do Monte Carmelo, frei Cosme da Anunciação e frei André
excomunhão venderem-se os índios forros, como faziam, da Natividade, estabeleceram-se no convento de São Francisco
dizendo que só lhes vendiam o serviço. depois de receberem de Alexandre de Moura a Ilha do Medo e
Queimou muitos livros que achou dos franceses hereges duas léguas de terra em quadra na atual ponta do Bonfim. Não
e muitas cartas de tocar e orações supersticiosas de que ficaram por muito tempo no convento, erguendo junto da área
muitos usavam, apartou os amancebados das concubi- murada do forte uma igreja que depois passou a se chamar Car-
nas, e fez outras muitas obras do serviço do Nosso Senhor mo Velho, pois em 1627 construíram no topo de uma colina
33 Vicente do Salvador, Frei. História do Brasil. São Paulo-Belo Horizonte: Edusp-Itatiaia, 1982, p. 377.
34 O padre Luís Figueira era superior dos jesuítas no Maranhão desde 1622.
35 À Irmandade da Misericórdia cabia dar sepultura aos condenados à forca e assistência aos enfermos sem recursos. Desse modo, pela associação de seu templo a
um hospital e/ou cemitério em áreas em geral de ocupação menos nobre, costuma indicar uma relativa ordenação urbana do ponto de vista da especialização
de uso das áreas.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 31
uma segunda igreja, chamada Carmo Novo, no lugar da capela cidadela, próximo da praia do Desterro, estavam os mercedários.
de Santa Bárbara que existia no local. O largo que ficava junto Em uma elevação do terreno mais ao centro da área urbana fica-
da igreja e convento passou a se chamar Largo do Carmo Novo. vam os carmelitas, que mantinham igreja e convento. Mais em
O Carmo Velho ficava onde se localiza hoje a igreja de Nossa direção ao interior, do lado esquerdo do convento do Carmo,
Senhora do Rosário dos Pretos, na esquina da Rua do Egito com fixaram-se os franciscanos.
a de Santo Antônio. Esse espaço, estruturado e delimitado pelas edificações
Os últimos missionários que chegaram ao Maranhão religiosas, correspondia à primeira freguesia de São Luís, a de Nos-
no século XVII foram os religiosos da Sagrada e Real Ordem Mi- sa Senhora da Vitória, criada em 1621, que foi a única da cida-
litar de Nossa Senhora das Mercês e da Redenção dos Cativos, de até o início do século XIX, cuja matriz era a igreja de mesma
os mercedários. Estavam no Pará desde 1640, e só vieram para invocação, construída pelo terceiro capitão-mor, Diogo da Costa
Igreja e Convento do Carmo deram origem a uma das mais antigas e importantes praças de São Luís, a Praça João Lisboa. Quando ainda havia a capela de
Santa Bárbara no lugar do Carmo, o caminho que ligava a capela e o forte era denominado Caminho de Santa Bárbara. O largo contíguo à igreja passou a se
chamar de Largo do Carmo Novo. No convento do Carmo funcionaram em épocas distintas a Biblioteca Pública, o Liceu Maranhense,
o Grêmio Literário e o jornal A Cruzada. Em 1912, o largo passou a se chamar Praça João Lisboa. Em 1918, inaugurou-se
nela a estátua de João Lisboa. Também nesta praça, em 1815, foi implantado o pelourinho da cidade.
Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
o Maranhão em 1654 quando imediatamente deram início à Machado, e estaria localizada, acredita-se, onde está o ainda cha-
construção de uma igreja de Nossa Senhora das Mercês. mado Hotel Central, na Avenida Pedro II, de frente para a Praça
A disposição das ordens religiosas na cidade de São Benedito Leite. A freguesia de Nossa Senhora da Vitória abrangia
Luís era a seguinte: os jesuítas fixaram-se no interior da cidadela, toda a capital do Estado e todas as igrejas. Foi também nesse pe-
próximo ao forte de São Luís. No extremo oposto, à direita da ríodo que se instalou o Senado da Câmara de São Luís, que teve
como primeiro presidente Simão Estácio da Silveira.
32 IPHAN
A estrutura urbana da capital maranhense no perío- ibéricas, deve ser entendida como inserida em um quadro mais
do apresentava umas poucas casas cercadas pelo muro do forte amplo que circunscreve as lutas pelo controle da região. A ação
e algumas igrejas. A cidade era aberta, como dizia Bento Maciel das ordens religiosas representava o meio pelo qual se transfor-
Parente, o governador que mandou construir o muro da cidade- mariam os habitantes daquelas terras em súditos do rei e se con-
la, com recursos obtidos por meio de uma pesada taxação impos- duziria o território ao corpo místico do império, emprestando
ta aos habitantes, fato que lhe custou grande impopularidade. legitimidade à empresa de dilatação do império e ao mesmo
36 Parente, Bento Maciel. “Relação do Estado do Maranhão”. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. V. 26, 1905, pp. 355-359.
37 Bettendorf, João Filipe. Crônica da Missão dos padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. Rio de Janeiro: s.ed., 1910, p. 17.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 33
Igreja do Desterro: é desconhecida a data de construção desta igreja. Relatos do período afirmam
que os holandeses desembarcaram na praia onde hoje fica esta igreja. Arquivo Central do
IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos)
1644, o edifício ficou conhecido como Palácio dos Holandeses descreve a invasão da seguinte maneira:
e, no século XIX, já em ruínas, passou a servir de albergue aos
Os invasores, de sua parte, espalharam-se por todas as
pobres.
ruas e caminhos, saqueando as casas e profanando os
Segundo Mário Meireles, a ocupação de São
templos, desde onde estava a ermida de São Jorge, no ex-
Luís pelos holandeses causou um estado de pânico na po-
tremo sul da cidade à margem do Bacanga, até onde se
pulação, que se afugentou no interior da capitania. O autor
34 IPHAN
erguia o Convento de Santo Antônio, no extremo opos- e que tinha como limites os caminhos que seriam as atuais Ruas
to, à beira do Anil, no fim dos subúrbios.38 Grande e dos Afogados, além da rua de São João, que limitava
o núcleo urbano na parte da vegetação.
Meireles afirma que a igreja do Desterro ainda não As principais edificações pertenciam aos jesuítas,
existia na ocasião da ocupação holandesa; a ermida que figurava mercedários, carmelitas e franciscanos. Em que pese a impor-
no local era a de São Jorge e afirma ainda que o convento situ- tância das ordens religiosas, cujas marcas até hoje permanecem
ado nos subúrbios era o de Santo Antônio, que pertencia aos na cidade de São Luís, a sua presença fazia parte do projeto da
franciscanos.39 Monarquia Católica, e não significou uma ação em consonância
Até o século XVIII, existiam quatro conventos na com os interesses dos demais habitantes.
cidade de São Luís: o de Nossa Senhora da Luz e Colégio dos A atuação das ordens religiosas no Maranhão esteve
Jesuítas no recinto amurado; o de Nossa Senhora do Carmo; o sempre ligada às questões indígenas. Os religiosos se posiciona-
de Santo Antônio, à margem do rio Anil; e o de Nossa Senhora vam contra a escravização dos índios praticada largamente pelos
das Mercês, no bairro do Desterro. Os conventos balizavam o colonos, que se consideravam prejudicados por esta oposição por
espaço da cidade, organizando o ambiente urbano pela atração parte, principalmente, dos jesuítas.40 Os conflitos entre colonos
que exerciam as igrejas, que provocavam a ocupação e os aden- e religiosos acerca da liberdade dos índios perdurou até a segun-
samentos. da metade do século XVIII, quando foi proibida a escravização
Além desses, existia dentro da cidadela a capela de dos nativos, e o trabalho escravo dos índios nas lavouras e na
São Luís, que vinha dos franceses; a igreja da Misericórdia, fron- cidade foi substituído pela mão-de-obra negra.
teira à Casa dos Governadores e junto da qual se fez o primeiro
cemitério; e a igreja de Nossa Senhora da Vitória. No interior dos
muros, localizavam-se as instituições de poder político, como
a Casa de Câmara e Cadeia e a Casa dos Governadores, assim
como a igreja de Nossa Senhora da Vitória que representava o
poder espiritual. Fora da cidadela havia ainda a igreja do Carmo
Velho, junto dos muros; para o lado do Anil, a igreja de São João
dos Militares, por trás da colina do Carmo Novo; e a igreja de
Nossa Senhora do Desterro, próximo ao Largo das Mercês.
São Luís, até o final do século XVII era uma cidadela
que abrangia a área das atuais Avenida Pedro II e Praça Benedito
Leite; um núcleo urbano mais adensado em população que se
estendeu até o Portinho, seguindo a margem do rio Bacanga,
limitando-se à rua Formosa (Afonso Pena); e ainda uma área
pouco adensada que cresceu por trás da igreja do Carmo Novo,
38 Meireles, Mário Martins. Holandeses no Maranhão: 1641-1644. São Luís: PPPG, Editora UFMA, 1991. p. 83.
39 Meireles, Mário Martins. Op. cit., p. 83.
40 A partir de tais conflitos de interesses, houve vários períodos de tensão como o que resultou na primeira tentativa de expulsão da ordem no Maranhão, ocor-
rida em 1622, quando o Senado da Câmara tentou fazer voltar os religiosos na mesma embarcação em que vieram. Interferiu o capitão-mor Muniz Barreiros,
apresentando o Regimento expedido pelo governador-geral do Brasil, Diogo de Mendonça Furtado, no qual o padre jesuíta Luís Figueira era apontado como
enviado do rei e seu conselheiro. Uma segunda tentativa de expulsar os inacianos, que estavam sob o comando do padre Antônio Vieira, aconteceu em 1662,
a partir do crescente descontentamento dos colonos e outras ordens religiosas em relação à atuação dos jesuítas com os índios e ao aumento do prestígio da
Companhia de Jesus na colônia e com o rei. A revolta explodiu em 1661, na ocasião da morte do rei D. João IV, e quando veio a público uma carta extraviada
de Vieira para o rei, pedindo mais restrições à escravidão dos índios e maior autoridade para sua ordem. O Senado da Câmara intimou o substituto de Vieira,
que estava em Belém, a desistir das atividades com os nativos. Como não conseguiram, os rebelados prenderam os jesuítas que estavam na cidade. A insurreição
chegou até Belém, também com a prisão dos religiosos, com exceção do padre Antônio Vieira que foi enviado para São Luís. O Senado da Câmara mandou o
capitão Pedro da Costa Favela prender os religiosos do Maranhão e do Pará e embarcá-los para o Reino. Um ano depois os jesuítas tiveram suas propriedades e
missões restituídas por ordem régia. Sobre a atuação dos jesuítas no Maranhão ver de Serafim Leite a História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, vol. III, 1943.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 35
36 IPHAN
Igreja da Imaculada Conceição dos Mulatos. Foi demolida em 1939-40. Antes da construção desta igreja, no século XVIII, a
irmandade da Conceição mantinha a imagem da santa na igreja do Rosário dos Pretos, onde celebrava os cultos.
A partir de 1743, a irmandade decidiu erguer uma capela dedicada à Conceição, o que se iniciou em 1747.
Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
38 IPHAN
Praia Grande: segundo César Marques, a primeira notícia que se tem da praça da Praia Grande é de 1780, por uma provisão régia que
solicita a planta da obra para se edificar uma praça regular junto ao cais. O local, antes disso, já era um dos mais
adensados em população desde o século XVII, como representa a planta de 1641. Arquivo Central do
IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
Em 1751, foi criada a Alfândega, cuja sede funcio- gros, como a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a de
nava em um edifício no bairro da Praia Grande. O prédio, em Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos, indica uma quanti-
1799, segundo César Marques, tinha as paredes inclinadas e já dade considerável de trabalhadores escravos.
necessitava de reparos, mas não há notícias de que tenham ocor-
rido. Somente em 1869, o prédio foi recuperado.
O crescimento da população, aliado à introdução de
escravos negros trazidos pela Companhia de Comércio a partir
de 1682, deixou significativas marcas na paisagem urbana de
São Luís. A atuação da Companhia, dinamizando o comércio
da região, iniciou um processo de atração da população para os
bairros próximos às atividades comerciais, que se consolidou no
século XVIII. Além disso, a constituição de irmandades de ne-
40 IPHAN
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 41
3a fase (1753-1804) Rio Negro, com sede em Belém, e o do Maranhão e Piauí, com
sede em São Luís.
O governo de Joaquim de Melo e Póvoas e a Companhia No período da administração pombalina, entre
Geral de Comércio: reestruturação urbana da cidade de 1750 e 1777, Belém cresceu bastante em importância na po-
São Luís (1753 – 1804) lítica de povoamento do vale do amazonas e de fomento da
agricultura e do comércio. Belém oferecia uma posição estraté-
A partir da ascensão de D. José I ao trono de Portu- gica para a exploração do vale e também para a sua defesa. Tais
gal, chegou ao cargo de primeiro-ministro Sebastião José de Car- mudanças na política portuguesa provocaram um crescimento
valho e Melo, o Marquês de Pombal. Sua atuação no governo da produção de riquezas, cujo escoamento era feito obrigato-
português foi marcada por mudanças na maneira de conceber a riamente por Belém, antes de ser encaminhada para o Reino,
administração colonial. Pombal trabalhou para desfazer a relação sendo este o principal motivo do crescimento da importância
de dependência econômica que Portugal mantinha em relação à da cidade, que culminou com a transferência da capital do Es-
Inglaterra, e, para alcançar seu objetivo, entrou em conflito com tado do Grão-Pará e Maranhão.45
parte do clero e da nobreza.44 O Marquês de Pombal executou A partir da segunda metade do Setecentos, o Mara-
altos representantes da nobreza e baniu a Companhia de Jesus, a nhão tomou outro rumo. A escravidão negra, que substituiu de-
ordem de maior prestígio de todo o reino e seus domínios. finitivamente o cativeiro dos índios; a expulsão definitiva dos je-
Em relação ao Estado do Grão-Pará e Maranhão, uma suítas em 1759, transformando a igreja de Nossa Senhora da Luz
maior importância da Amazônia para as novas intenções comerciais em catedral, e o colégio em Palácio Episcopal, doados à diocese
do primeiro-ministro provocou o deslocamento do centro político- de São Luís; e, por fim, as novas correntes de imigração portu-
administrativo de todo o território norte da colônia para a cidade guesa deram à capitania maranhense um novo estatuto junto da
de Belém, que passou a ser a capital do Estado em 1753. Como Coroa, relacionado às suas novas funções comerciais.46
parte dessa nova política de exploração da Amazônia, foi criada a No ano de 1755, o marquês de Pombal criou a Com-
Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que panhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, cuja sede ficava na casa
passou a deter o monopólio do comércio na bacia Amazônica. onde mais tarde funcionou a alfândega. A atuação da Companhia
Nesse sentido, o Marquês de Pombal nomeou seu irmão, Francisco Geral de Comércio abriu um período de fomento da economia, a
Xavier de Mendonça Furtado, para governador-geral do Estado do partir da introdução do cultivo do arroz e do algodão e também,
Grão-Pará e Maranhão; e seu sobrinho, Joaquim de Melo e Póvoas, em larga escala, de escravos negros a partir da proibição da escra-
para governador da capitania do Rio Novo, em 1755. vização de índios.47 Esta Companhia foi extinta em 1778, após o
O aumento da importância da cidade de Belém, so- final da administração pombalina, por decreto de d. Maria I.
brepondo-se a São Luís, pode ser observado a partir de 1720, Por iniciativa da Companhia Geral do Comércio, o
quando foi instituído o bispado do Pará independente do Ma- Maranhão passou a ter o cultivo do arroz com sementes sele-
ranhão, firmando-se Belém como uma das principais cidades da cionadas, a introdução de máquinas de descascar, assim como
América portuguesa já na primeira metade do século XVIII. os melhores processos de cultura do algodão, permitindo uma
Ainda nesse início do século XVIII, o nome do Es- radical mudança na situação econômica do Estado que se inte-
tado passou a ser do Grão-Pará e Maranhão e não mais Estado grou nas grandes correntes de comércio mundial, devido à alta
do Maranhão e Grão-Pará. Em 1753, foi dividido em quatro do algodão e do arroz no contexto da guerra de independência
capitanias subordinadas a Belém, que eram o Maranhão, Piauí, dos Estados Unidos e das revoltas nas colônias francesas no
São José do Rio Negro e o próprio Grão-Pará. Em 1772, houve Caribe.48 Todas essas mudanças transformaram a cultura in-
uma outra subdivisão do governo, que passou a ter Grão-Pará e dígena e tradicional dos primeiros tempos, com sua produção
doméstica de “panos da terra”, que serviam de objeto de tro- anos de governo, entre 1761 e 1779, sendo nomeado capitão-
ca pela escassez de moeda corrente,49 em agricultura intensiva general e governador.
para exportação alimentando as nascentes indústrias inglesas. Em consonância com o projeto ilustrado do mar-
Após a transferência da sede do governo para a ci- quês de Pombal, que executou reformas urbanas para reconstruir
dade de Belém em 1753, o marquês de Pombal nomeou seu Lisboa após o terremoto de 1755, uma das preocupações deste
irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, governador- governador era com as melhorias urbanas na cidade. No centro
geral do Grão-Pará e Maranhão e deu a seu sobrinho, Joaquim urbano de São Luís implementou várias obras de melhoramen-
de Melo e Póvoas, o governo da Capitania do Rio Novo que tos, entre elas a reconstrução da Casa dos Governadores, con-
depois se chamou de Rio Negro, criada em 1755, e que com- cluída em 1776, que passou a se chamar Palácio do Governo,
preendia parte da área do atual Estado do Amazonas. Tais usando telhas e madeiras vindas da Casa dos Jesuítas da cidade
nomeações confirmam o interesse do ministro de d. José de de Alcântara que havia sido fechada.
incorporar toda essa região definitivamente aos domínios da Empenhou-se também o governador em remodelar
coroa portuguesa.50 Posteriormente, Melo e Póvoas teve dois o entorno da residência dos governadores, onde havia vários ca-
mandatos na administração de São Luís, totalizando dezoito sebres, ao redor da igreja da Misericórdia, que ficava onde está o
Palácio dos Leões. Trata-se do Palácio do Governo construído pelo governador Joaquim de Melo e Póvoas em 1776.
Desde então passou por uma série de reparos nos séculos XIX e XX, como a que foi implementada na administração de Magalhães de Almeida,
que reformou completamente o prédio. Mais tarde, o interventor Paulo Ramos ordenou que se modificasse toda a fachada do edifício,
alterando totalmente seu estilo arquitetônico. Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
49 Somente em 1749 começou a correr o dinheiro amoedado, de ouro, prata e cobre. Até então o dinheiro que circulava para todas as transações era representado
pelos novelos de algodão, e os rolos de pano.
50 Sobre a administração de Melo e Póvoas e sua atuação no Maranhão, ver Mário Martins Meireles, Melo e Póvoas: Governador e capitão-general do Maranhão. São
Luís: SIOGE, 1974.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 43
Banco do Brasil hoje, na atual Avenida Pedro II, de frente para renciação e particularização do espaço exclusivamente construído
o Palácio do Governo. Atrás da igreja da Misericórdia, ficava o para abrigar as sedes do poder em relação ao resto da cidade.
primeiro cemitério da cidade e no extremo oposto do Palácio, na Melo e Póvoas recuperou ainda a fonte das Pedras
diagonal, no largo, ficava a Sé velha em estado de ruínas.51 em 1762, e abriu uma nova fonte em 1774, que se chamou das
O governador mandou demolir tudo, inclusive a Telhas. A fonte das Pedras ficava ao sul do centro urbano, e a
igreja da Misericórdia, a Sé velha e os casebres, e ajardinar o das Telhas ao norte, o que distribuiu melhor o abastecimento de
largo. Ordenou também reedificar a Casa de Câmara e Cadeia, água na cidade.
junto com o largo em que estavam esses edifícios. Na mesma A preocupação do governador com a urbanização
praça, mandou reconstruir a velha igreja de Nossa Senhora da da cidade, em ação conjunta com o Senado da Câmara, em
Luz e o contíguo colégio, fundados pelos jesuítas, transforman- 1774, resultou em um decreto que proibia o uso de materiais
do-os em Sé e Paço Episcopal, respectivamente.52 menos nobres nas construções no perímetro urbano. No ano
A remodelação implementada pelo governador Póvoas seguinte, mandou abrir uma estrada que começava na antiga
organizou um espaço exclusivo de poder no centro urbano de São Estrada Real ou rua Grande, e ia até a Ponta do Romeu, à
Luís. A demolição de pequenas casas e igrejas velhas, dando lugar margem esquerda do rio Anil, junto da igreja dos Remédios,
a edifícios novos ou restaurados, indica que o governo tinha um na rua Rio Branco que levava ao largo dos Amores, atual praça
especial cuidado com os espaços de administração tanto temporal Gonçalves Dias.53 A estrada aberta por Melo e Póvoas seria
quanto espiritual, o que indica uma permanência dos fundamen- depois conhecida como rua dos Remédios, porque levava ao
tos teológico-políticos do governo apesar do caráter ilustrado da largo onde ficava a ermida de Nossa Senhora dos Remédios e,
política pombalina. A renovação da praça caracteriza uma dife- a seguir, como rua Rio Branco. 54
Fonte das Pedras: sua construção é atribuída aos holandeses e acredita-se que foi neste local que
Jerônimo de Albuquerque acampou as tropas, sitiando o núcleo fundador criado pelos franceses. Arquivo
Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
51 Cf. Mário Martins Meireles, Melo e Póvoas: Governador e capitão-general do Maranhão.
52 Cf. Mário Martins Meireles, Melo e Póvoas: Governador e capitão-general do Maranhão.
53 Idem.
54 Idem.
44 IPHAN
O governador Joaquim de Melo e Póvoas reedificou nhora da Vitória, a cidade de São Luís teria 1.472 fogos, 16.580
os baluartes do Forte de São Filipe, São Cosme e São Damião, e habitantes e o principal núcleo era o bairro da Praia Grande.58
batizou-os com o nome de Forte de São Miguel.55 Estes dois for- Segundo Mário Meireles, a população do Maranhão
tins são as duas partes do forte em semicírculo na Avenida Beira- aprovou a administração de Melo e Póvoas, tanto que, no final de
mar, que foi popularmente apelidado de “meia-laranja”.56 Além seu mandato, os habitantes de São Luís enviaram um abaixo-assi-
disso, o governador mandou reconstruir o forte de São Francis- nado a D. Maria I, que elogiava o governador afirmando que:
co, anteriormente chamado de Sardinha, que ficava na ponta do
[...] o coração ou centro da Cidade se achava em muitas
mesmo nome e fronteiro ao forte de São Filipe. Tentou ainda
partes com casas cobertas de palhas, porém hoje ani-
restabelecer o forte da Ponta d’Areia, que se chamou também
mados os nossos habitantes pelo dito Governador, que
de Santo Antônio da Barra, e que ficava na antiga Ponta de João
tem aformoseado esta Cidade com muitas casas nobres,
Dias. Melo e Póvoas não conseguiu reerguer a fortificação pois o
terreno em que estava assentada era arenoso e alagadiço.57 edifícios e novas ruas [...]59
Além das reformas, o governador desenvolveu outros Após a saída do sobrinho do Marquês de Pombal,
instrumentos para o controle e administração do Maranhão. Nes- as sucessivas administrações de São Luís continuaram o proces-
se sentido, ordenou que se fizesse um levantamento da população so de renovação e a cidade continuou a crescer e a empreender
em 1778, que contou para o Estado do Maranhão 47.410 habi- melhorias urbanas. A igreja de São Pantaleão foi demolida em
tantes, dos quais 24.746 eram homens e 22.664 eram mulheres. 1782 para que se fizesse outra na Rua do Sol, o que se iniciou
Dez anos depois, em 1788, pelo censo do vigário de Nossa Se- no mesmo ano. Pertencia à Santa Casa da Misericórdia e foi fun-
Forte da Ponta d’Areia. Forte de Santo Antônio da Barra, localizado na praia da Ponta d’Areia, e também conhecido por
este nome. Sabe-se que foi construído no século XVII. Em 1755, sofreu reformas e, em 1762, o Governador Joaquim de Melo e Póvoas
tentou reconstruí-lo, mas não foi possível em função do terreno arenoso e alagadiço. Seu paiol de pólvora foi adaptado para servir
de farol em 1827. Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
55 Cf. César Augusto Marques. Apontamentos para o dicionário histórico, geográfico, topográfico e estatístico da Província do Maranhão. São Luís: José Maria Correia
de Frias, 1864.
56 Cf. Meireles, Mário Martins. Melo e Póvoas: Governador e capitão-general do Maranhão.
57 Cf. Marques, César Augusto. Dicionário histórico-geográfico, topográfico e estatístico da Província do Maranhão. Rio de Janeiro: Fon-Fon, 1970.
58 Cf. Amaral, José Ribeiro do. Efemérides maranhenses: datas e fatos notáveis da história do Maranhão (1499-1823). São Luís: Tipografia Maranhense, 1923.
59 Citado por: Meireles, Mário Martins. Melo e Póvoas: governador e capitão-general do Maranhão. p. 76.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 45
Igreja de São Pantaleão. Pertencente à Santa Casa da Misericórdia, esta igreja sofreu
várias reconstruções e mudanças. Em 1817, foi celebrada a primeira missa com a chegada da imagem de
São José. Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
dada em 1780, sob a invocação de São José da Cidade. Ficava no Também desse período é a fonte do Ribeirão,
largo do Palácio de frente para o mesmo. Em 1791, foi constru- construída em 1796. Passou por uma reforma em 1833, pois
ída a capela de Santana da Sagrada Família, que ficou conhecida estava em ruínas. Até o início do século XX, acreditava-se
como “Santaninha” e situava-se nas imediações do quartel, no que existia um subterrâneo ligando o convento do Carmo
final da Rua do Sol.60 ao bairro do Ribeirão, cuja saída seria na fonte. Havia ainda
Igreja de Santana. Construída em 1791, esta igreja foi, em 1801, a matriz da primeira freguesia
que se criou depois da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, que foi a única na cidade até
esta data. Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
uma outra fonte na cidade, a das Pedras. De construção mais presentadas no Maranhão pelo governo de Joaquim de Melo e
antiga, a fonte das Pedras é atribuída ao período da permanên- Póvoas, o Estado passaria então a se integrar e ganharia projeção
cia dos holandeses e sofreu reformas em 1870 por apresentar no comércio internacional e regional, deslocando-se do ponto
mau estado de conservação. estratégico de controle da região, para entreposto comercial,
Assim, a partir das transformações implementadas ponto de partida e chegada de mercadorias e passagem obrigató-
pela administração pombalina para as colônias portuguesas, re- ria para entrar ou sair do interior da capitania.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 47
Fonte do Ribeirão. Construída em 1796, ainda hoje está em atividade. Foi tombada pela SPHAN em 1950, e restaurada em 1987.
Há uma lenda em torno desta fonte, segundo a qual suas galerias seriam túneis que interligariam igrejas locais, e serviriam para
o tráfico ilegal de escravos no século XIX. Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos).
A partir da atuação da Companhia Geral do Co- medidas no crescimento populacional foram significativos nesse
mércio, as riquezas originárias da comercialização do arroz, al- período: de 854 habitantes, registrados por Bernardo Pereira de
godão e também de couros, serão canalizadas para as cidades Berredo61 em 1718, a população da cidade passou para 16.580
de São Luís e Belém, que se revezavam como capital do Estado habitantes, no ano de 1788.62
do Maranhão e Grão-Pará. Desta forma, a sociedade cristã se Em suma, na segunda metade do século XVIII, hou-
consolidaria, sobretudo através de uma aristocracia agrícola, ve um aumento da diversificação da população implementada
apoiada sobre a escravidão africana. O índio se retraiu para os pelas primeiras migrações; ativação e fomento da produção; con-
sertões e, posteriormente, os aldeamentos acabaram se tornan- centração das atividades econômicas em São Luís; conseqüente
do vilas. valorização do solo urbano e também aumento no tamanho dos
As medidas tomadas pelo marquês de Pombal não se lotes para abrigar edificações de maior porte, residenciais ou co-
limitaram à criação da Companhia, mas incentivaram também a merciais, o que acarretou mudanças na ocupação dos chãos da
migração de famílias do arquipélago dos Açores para incremen- cidade, pois “a regularidade dos lotes verificada antes – de cinco
tar o processo de povoamento da região. Os resultados de tais braças de frente por 15 de fundo – deu lugar a lotes urbanos de
até 50 braças ou mais, cercados por outros de 15 braças e inúme- gêneros. Tal medida tinha o objetivo de evitar as dificuldades
ros de cinco, quatro e até duas braças e meia de testada”. 63 de embarque e desembarque de mercadorias, causadas pelas os-
Esse crescimento econômico e populacional levou cilações das marés que faziam que a área da Praia Grande, onde
a uma extensão do traçado original da cidade, originando um ficavam a Alfândega e o comércio, acumulasse um lamaçal, atra-
adensamento das áreas posteriores ao largo carmelita, acompa- palhando o trabalho dos numerosos escravos que, segundo Má-
nhando o eixo da Rua Grande e descendo lentamente a lom- rio Meireles, durante a administração de D. Diogo de Sousa,
bada mais alta da chapada, o que deu origem já no século XIX somavam 40% da população, maior que a dos brancos que eram
aos bairros de São Pantaleão e Remédios. O rendimento obtido em 36 %.
com o plantio do arroz e do algodão, também deixou marcas Essa obra iniciou-se durante essa administração, con-
nas edificações da cidade de São Luís. Datam do final do século tudo só terminou em 1805, na gestão do Governador Saldanha
XVIII os primeiros sobrados azulejados e com mirantes, bem da Gama. A instalação desse espaço foi de frente para a Alfânde-
como as primeiras melhorias urbanas e a tendência de se transfe- ga e foi construído em terreno ganho ao mar, em uma extensão
rir aos poucos a posse de terras para particulares, tirando a quase de 300 metros, facilitando o transporte das mercadorias. Essa
exclusividade das ordens religiosas. foi a origem do barracão, Tulha ou Celeiro Público que passou a
se chamar Casa das Tulhas em 1822, e que corresponde à atual
Entre os anos de 1798 e 1804, ocorreu a administra-
Feira da Praia Grande.66
ção do governador dom Diogo de Sousa que, seguindo as pre-
ocupações de seus antecessores, empreendeu obras nos fortes da Em 1801, a fim de administrar melhor os sacramen-
tos católicos aos fiéis, a Igreja desmembrou a freguesia de Nossa
capital maranhense, no porto e cais, e também se preocupou
Senhora da Vitória, da Sé, que deu origem à de Nossa Senhora
com as atividades comerciais e com as condições de armazena-
de Santana. Em 1805, novamente desmembrou-se a freguesia da
mento e trânsito das mercadorias. 64
Sé, dando origem à de Nossa Senhora da Conceição, e em 1856,
Dom Diogo recuperou os fortes de São Marcos e os criou-se a freguesia de São João Batista.
baluartes de São Cosme e São Damião. De acordo com Mário
Meireles, São Luís tinha, nesse período, um cordão de defesa que
mantinha esta disposição:
63 Citado por Carlos Frederico Lago Burnett. Além do rio Anil: urbanização e desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade dos tipos de urbanização na cidade de
São Luís do Maranhão. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Maranhão, 2001, p. 11.
64 Sobre a administração de D. Diogo de Sousa, ver: Meireles, Mário Martins. Dom Diogo de Sousa, governador e capitão-general do Maranhão e Piauí (1798-1804).
São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1979.
65 Meireles, Mário Martins. D. Diogo de Sousa, governador e capitão-general do Maranhão e Piauí (1798-1804). p. 53.
66 Meireles, Mário Martins. Idem.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 49
50 IPHAN
4a fase (1804-1844) Nesse mesmo ano de 1804, a Santa Casa da Misericórdia apro-
vou a criação de outro cemitério para São Luís, sendo escolhido
Tentativas de normatização das ações urbanísticas: então um terreno, concedido pela Câmara Municipal em 1794,
as melhorias na cidade (1804 – 1844) nos fundos da cerca da igreja da Misericórdia. Um outro cemité-
rio foi criado ainda nesse período: o Cemitério Inglês, em 1816,
O estímulo das ferramentas e escravos introduzidos instalado na Rua de São Pantaleão.67
pela Companhia Geral de Comércio fez continuar a cultura do Na primeira metade do século XIX, o número de
algodão, prosseguindo as exportações até 1808, quando se redu-
escravos era grande e foi crescendo até a proibição oficial do
ziram as saídas do produto em função da invasão francesa em
tráfico. De acordo com César Marques, perdeu-se a estatística da
Portugal e da conseqüente paralisação do comércio entre o Brasil
quantidade de negros que entraram no Maranhão até o ano de
e a metrópole. A abertura dos portos ao comércio estrangeiro,
1811, mas os números a partir daí são os seguintes:68
sobretudo o inglês, por D. João VI, ocasionou maior expansão
no volume da produção de algodão para as exportações. Já en-
tre os anos de 1819 e 1821, houve decadência dessa produção, Ano Escravos
com baixa dos preços do produto, problemas com as colheitas 1812 .......... 1.672
e falências, provocados pelo considerável aumento da lavoura 1813 .......... 1.729
algodoeira americana, que fez baixar os preços do produto brasi- 1814 .......... 2.516
leiro, e também pela introdução de novidades técnicas agrícolas
1815 .......... 3.476
não adotadas pelo Brasil.
Os fatores mais relevantes para o adensamento da
1816 .......... 3.377
cidade de São Luís no século XIX foram a intensificação das 1817 .......... 8.028
melhorias urbanas e a valorização arquitetônica, gerada pelo au- 1818 .......... 6.636
mento da construção de sobrados. O crescimento econômico e 1819 .......... 6.058
as novas atribuições da cidade, ocorridas a partir da implantação 1820 .......... 2.864
da Companhia Geral de Comércio, permitiram um adensamen-
to das áreas da Praia Grande, Desterro, e da área posterior à
Total escravos .......... 36.356
67 Cf. César Augusto Marques. Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão.
68 Idem.
69 Idem.
70 Idem, p. 595.
71 Cf. J.B. von Spix e K.F.P. von Martius. Viagem pelo Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 51
As conseqüências do crescimento econômico inicia- belece a mudança do açougue da cidade para a área da Madre
do na segunda metade do século XVIII chegaram até o sécu- Deus, por sua capacidade de abrigar os necessários currais e casa
lo XIX, podendo ser verificadas na estrutura urbana da cidade de matança do gado e por ser próxima ao rio, o que facilitava o
nesse período. A opulência dos sobrados e edifícios públicos foi desembarque do gado. De acordo com a referida lei, o açougue
também verificada por Spix e Martius: deveria ficar em qualquer terreno de marinha devoluto, sendo a
Câmara Municipal a responsável pela edificação e pelos necessá-
As casas de dois e três pavimentos são na maioria
rios arranjos para a matança do gado.
construídas de grês de cantaria e a cômoda disposi-
A partir da adesão do Maranhão à Independência
ção interior corresponde ao exterior sólido, de conforto
do Brasil, São Luís foi confirmada como capital da província,
burguês. 72
e junto com esta posição veio um crescimento considerável da
O parcelamento do solo urbano também sofreu mu- cidade. Em 1840, instalaram-se seis fábricas de pilar arroz, três
danças nesse período. Os quarteirões regulares definidos no século de sabão e velas, duas prensas de algodão, 22 de cal, oito olarias
XVII foram parcelados, através de doações, compras e testamen- e seis tipografias.76
tos, o que levou a um diversificado padrão de lotes que abrigavam O pastor americano Daniel Kidder, que esteve no
grandes solares e pequenas casas de porta e janela. 73 Maranhão em 1841, estimou a população da cidade em 33 mil
Contudo, São Luís ainda necessitava de algumas habitantes no ano de 1840, número que inclui franceses e in-
melhorias urbanas. Ainda na primeira década do século XIX, o gleses dedicados, sobretudo, às atividades comerciais. Afirmou
matadouro público ficava na praia de Santo Antônio; depois foi também que as casas eram construídas de pedra britada e cimen-
transferido para a praça que se chamava da Hortaliça, e também to, e observa ainda:
conhecida como do Açougue Velho. Além do problema do abas-
tecimento de água e da higiene pública, a iluminação da cidade tem-se a cidade do Maranhão como sendo de melhor
era deficiente e precária. Somente as principais vias e praças da construção que qualquer outra no Brasil. Apresenta ela
cidade eram servidas de iluminação, feita com base no azeite, ao visitante um aspecto de progresso como raramente se
nota em outras cidade do Império. Além disso são pou-
instalada em 1825.
cas as choupanas e casebres. 77
No livro de leis e decretos da Câmara de São Luís,74
há o regulamento número 7, de 29 de abril de 1835, que trata Até a década de 1840, mantiveram-se os limites ur-
da divisão da Província em comarcas e termos. A comarca da banos traçados até o século XVIII. Contudo, a transformação de
Ilha do Maranhão compreendia todo o território da mesma ilha São Luís pode se verificar em melhorias urbanas e na preocupa-
além dos termos de São Luís e da vila do Paço do Lumiar. O ção das autoridades com a funcionalidade e o embelezamento
termo da cidade compreenderia o território que já lhe pertencia, da cidade.
adicionado de parte do termo da Vila dos Vinhais. Com toda
esta área, era preciso elaborar códigos e posturas que ordenassem
as condições de vida e funcionamento da cidade.
O embelezamento e bom funcionamento dos servi-
ços urbanos constituíram preocupação constante dos adminis-
tradores da cidade. Várias leis e decretos foram sancionados a
fim de melhorar a aparência da capital maranhense. No livro
de legislação de São Luís,75 publicado em 1847, encontramos
o regulamento número 22, de 28 de junho de 1836, que esta-
5a fase (1844-1910) vias. Segundo esta lei, ficou estabelecido também que todos os
proprietários cujas casas não ficassem distante mais de 20 bra-
Tecidos e sobrados: economia maranhense e ordem urba- ças dos canos gerais da cidade seriam obrigados a encaminhar
na em São Luís (1844 – 1910) seus esgotos subterraneamente para as águas. Aqueles que pos-
Na segunda metade do século XIX, a preocupação suíssem terrenos pantanosos ou encharcados dentro da cidade
dos administradores era organizar o espaço urbano pelo melho- seriam obrigados a aterrá-los no prazo que lhes fosse intimado
ramento e instalação de serviços. Entre os anos de 1849 e 1851 pelo fiscal. A legislação proibia também a criação ou conserva-
houve reparos na calçada da Praia Grande, na rua do Sol, e ruas ção de porcos dentro da cidade e seus subúrbios. 78
próximas ao Campo do Ourique. A Praça do Mercado ou da Hortaliça ficava próximo
ao mar, e era sempre alagada pelas marés. Funcionava lá o curral
Construiu-se um novo prédio para a Cadeia Pública,
da municipalidade, o que lhe deu o nome de Largo do Açougue
substituindo o que havia desde o século XVII. A nova Cadeia fica-
Velho. Em 1850 iniciou-se a obra de construção de um novo
va no bairro dos Remédios, por trás da igreja de mesma invocação. matadouro público, na Quinta da Madre de Deus, de proprie-
Um dos maiores problemas da capital do Maranhão nesse período dade da Câmara Municipal. Em 1853, a Câmara determinou
era o abastecimento de água. Inicialmente a população recolhia que a Comissão de Obras comprasse casas e terrenos da Praça
água dos poços e fontes, que representavam grande foco de doen- do Mercado para torná-la de uso público. Em 1855, iniciou-se a
ças e endemias pela falta de higiene nas fontes e mananciais. obra de sua remodelação que ganhou quatro barracões onde fun-
No ano de 1850, os proprietários de imóveis fica- cionavam vendas de frutas, legumes e também um açougue.79
ram obrigados, pela lei número 289, a conservar as frentes das Nesse mesmo ano de 1853 o livro de correspondências da Re-
casas em que morassem, bem como dos seus terrenos, quintais partição de Obras Públicas registra os andamentos das obras de
e sítios, e se proibia o depósito de lixo ou animais mortos nas construção de um dique no bairro das Mercês.80
Nessa época, no ano de 1855, foi instalado um outro tantas casas bonitas, grandes e até apalaçadas como o
cemitério na cidade, que se chamou do Gavião e, no ano seguin- Maranhão. A cidade parece ter-se sentido, no tempo
te, em 1856, o serviço de abastecimento de água foi implantado do domínio português, chamada às Grandes Coisas e
em São Luís, com a Companhia Anil, que tinha o privilégio ostenta ainda o esplendor de uma época, infelizmente
exclusivo da venda de água na cidade por 60 anos, o que reduziu passada. 83
o antigo problema de abastecimento da cidade.81
De acordo com o código de 1866, nenhum edifício
No ano de 1858, o Almanak do Maranhão82 registrou
poderia ser construído nem reformado sem a licença prévia da
um paulatino crescimento do número de edificações na cidade,
Câmara.84 Essa mesma lei mantinha outros impedimentos como
que pode ser observado no quadro a seguir:
a proibição da abertura de buracos nas ruas e praças da cidade,
Ano Casas independentemente do objetivo; ordenava que ninguém causasse
1808 ..................... 1.553
danos aos muros ou paredes de edifícios públicos ou particula-
res, às calçadas, pontes, poços, cais ou qualquer outra construção
1818 ..................... 1.577
urbana. Proibia também os danos às plantas de ruas e praças e o
1828 ..................... 1.846
corte de árvores frutíferas. Ainda de acordo com esta lei, ninguém
1838 ..................... 2.213
poderia impedir ou atrapalhar o escoamento das águas pluviais do
1848 ..................... 2.429 terreno ou prédio vizinho; não se poderia fazer estacadas, obras
1856 ..................... 2.764 ou aterros no mar ou em qualquer terreno de marinha; e nem se
poderia cravar pregos ou estacas nas junturas das pedras das mura-
Como se pode observar, nesse período de 48 anos, lhas das casas que deitassem para o mar. Segundo César Augusto
o número de casas quase duplicou. Esse crescimento ensejou Marques, a disposição da cidade na década de 1860 era a seguinte:
a formulação de normas e, desta forma, garantiu-se uma certa “10 praças, 72 ruas, 19 becos, contendo 2.903 casas inclusive 18
uniformidade, característica da arquitetura oitocentista de São edifícios públicos gerais e 6 provinciais”.85
Luís, pois uma grande quantidade de casas foi construída em um
mesmo momento e obedecendo a regras e padrões estabelecidos
pela Câmara.
Sobre esta aparência da cidade, nesse período, exis-
te o relato do viajante Robert Avé-Lallemant que, partindo do
Recife, passou por São Luís e Belém, até chegar ao seu destino
em 1859, o rio Amazonas. Em sua escala no Maranhão, o via-
jante descreveu suas impressões positivas sobre a cidade, prin-
cipalmente acerca da beleza dos edifícios. Em seu livro No rio
Amazonas, o autor destaca o caminho que conduz ao Palácio
do Governo, ponto de convergência de ruas regulares, apesar
das ladeiras. O casario e o traçado da cidade fizeram parte das
observações de Avé-Lallemant:
seu traçado em linha reta, embora com subida e des-
cida, e sua limpeza logo impressionam de modo suma-
mente agradável. Creio poder dizer que nenhuma cida- Palacete Gentil Braja. Arquivo Central do IPHAN –
Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos)
de do Brasil conta proporcionalmente ao seu tamanho
81 Cf. César Augusto Marques. Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão.
82 Almanak administrativo, mercantil e industrial da Província do Maranhão. B. de Matos, 1858-1881.
83 Avé-Lallemant, Robert. No rio Amazonas (1859). São Paulo-Belo Horizonte: Edusp-Itatiaia, 1980, pp. 19 e 20.
84 Código Municipal da Câmara da capital da Província do Maranhão. São Luís: Tipografia de B. de Matos, 1866.
85 Cf. Marques, César Augusto. Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão, p. 447.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 55
Sobre os portos da zcidade, um livro de correspon- consumidor, como também uma tentativa de enobrecer as pro-
dência da Repartição de Obras Públicas oficial para o período priedades, dos homens de comércio que ascendiam econômica
entre os anos de 1865 e 1878 registra que em 1868 o envio de e socialmente e que, dessa forma, procuravam exibir seu novo
cópia do contrato de arrematação da construção de cais e ater- status, bem como marcavam sua diferença em relação à ostenta-
ro no Portinho em 1868; a apresentação de três propostas de ção dos senhores de engenho, escravocratas da vizinha cidade de
arrematação da construção do cais da Praia Pequena em 1869; Alcântara, tradicional rival de São Luís.
e ainda um orçamento para levantar os paredões da ponte do Ainda tentando preservar a funcionalidade urbana,
Cais da Sagração em quatro palmos em 1870. Neste ano, o livro as leis provinciais de 1874 proibiam a circulação de animais pe-
também registra um orçamento para construção de nova ponte las ruas e estradas do município de São Luís.88 Proibia fazer, sem
interligando a Praia da Trindade ao Cais da Sagração.86 licença prévia da Câmara, escavações para introduzir canos con-
Entre as características assumidas pelo casario de dutores de água ou gás nas praças, ruas e estradas da cidade, pois
São Luís em meados do século XIX, destacam-se o emprego de causariam dano e obstáculo ao livre trânsito público. A lei proi-
azulejos nas fachadas. Segundo Dora Alcântara,87 seria a época bia também tirar terra vermelha e pedras em quintais e terrenos
aproximada em que a nova forma de utilizar azulejos pode ter- não edificados dentro da cidade.
se generalizado no Brasil, período em que se restabeleceram os Até 1870 a cidade não contava com nenhum meio
laços comerciais com Portugal, por meio de tratados, depois de de transporte coletivo organizado para atender as necessidades de
nossa independência. sua população que era, segundo o censo de 1872, de 31.604 habi-
As ligações entre Lisboa e São Luís, a partir do pe- tantes, sendo 24.578 livres e 7.026 escravos. Existiam apenas dois
ríodo de atuação da Companhia Geral do Grão-Pará e Mara- tipos de carros: os de cargas, que transportavam mercadorias de
nhão, estenderam-se pelo século XIX, mesmo depois de extinta toda sorte, como pedras, água e materiais de construção, e os de
a Companhia, trazendo para São Luís materiais de construção passageiros. Em 25 de maio de 1870, foi feita uma solicitação para
como o lioz e os azulejos de Lisboa. o estabelecimento de uma empresa de carros a vapor pelo Sistema
Na Península Ibérica, a utilização de azulejos sem- Road Steams.89 Em setembro de 1872, foi inaugurado o bonde a
pre foi interpretada como sinal de progresso material. A Guerra tração animal, objeto de muita crítica da população.
de Secessão dos Estados Unidos, na segunda metade do século O final do século XIX caracterizou-se pelo proces-
XIX, fez que o algodão produzido no Maranhão entrasse no rol samento industrial do algodão.90 Assim, em 1888, iniciou-se a
de substituições alternativas para a falta do produto nas fábricas montagem da Fábrica de Fiação e Tecidos Maranhense, e a se-
inglesas, o que representou um significativo crescimento eco- guir montaram-se outras em São Luís como a Companhia de
nômico para a região, que passou a fornecer seus produtos para Fiação e Tecidos do Rio Anil, de 1890; a Fábrica de Fiação e
a Inglaterra até a restauração do comércio internacional norte- Tecidos Camboa, de 1891; a Companhia Fabril Maranhense,
americano. de 1893; e ainda as Fábricas São Luís e Santa Amélia, de 1900.
Esse período coincide com a difusão da utilização de Essas fábricas foram o resultado de investimentos de recursos
azulejos em fachadas, também na segunda metade do Oitocen- financeiros oriundos da agricultura da cana-de-açúcar e do al-
tos, sendo este resultado não só uma significativa ampliação do godão, processo que culminou em 1895, quando o Maranhão
parque industrial e do surgimento de um incipiente mercado tinha 27 fábricas de tecidos e de outros produtos.91
86 Maranhão. Repartição de Obras Públicas. Livro de registro de correspondência (1865-1878). Arquivo Público do Estado do Maranhão – Setor de Códices.
87 Alcântara, Dora. Azulejos portugueses em São Luís do Maranhão.
88 Leis e regulamentos provinciais. São Luís: Tipografia d’O País, 1874.
89 Cf. Moura, Benedito Clementino de Siqueira. “São Luís dos bons tempos do bonde”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. São Luís: n. 14,
março 1991, p. 92.
90 A partir da invasão francesa em Portugal, a produção do algodão no Maranhão entrou em queda pela impossibilidade de comercialização para a metrópole. A
lavoura da cana-de-açúcar acabou ganhando força até que superou o cultivo do algodão. Depois da abolição da escravatura em 1888, a cultura do açúcar expe-
rimentou grande queda. Já o algodão manteve sua baixa produção, porém sem ser atingido tão fortemente pela falta de braços escravos.
91 ANS – Série Inventário – pastas 130 a 138.
56 IPHAN
Apesar deste crescimento no número de estabeleci- do ao bairro de São Pantaleão. Havia ainda na cidade uma região
mentos de manufatura do algodão, o plantio não foi estimulado que abrigava algumas fábricas de tecidos e pequenas oficinas,
pelo consumo das fábricas e continuou em baixa produção, de- que ficava na parte sul da cidade.
vido à praga da chamada “lagarta rósea” que devastava cerca de Na segunda metade do século XIX, outras institui-
70% da produção, e que os agricultores não conseguiam contor- ções, além da Igreja, intervieram no espaço de São Luís. Assim,
nar com técnicas ou remédios. a Câmara e o governo provincial instituíram leis e decretos a
Já na primeira metade do século XX, o algodão foi fim de normatizar e controlar o espaço da cidade. Houve, dessa
substituído por um produto de fácil colheita e bastante lucrati- forma, um processo de laicização e controle do espaço urbano,
vo, o babaçu, que desviou grandes quantidades de trabalhadores verificado paralelamente à especialização dos bairros que não
para sua exploração. obedecia mais às divisões de freguesias operadas pela Igreja desde
Paralelamente à preocupação com a produção, as au- o período colonial.
toridades maranhenses investiam no escoamento de mercado-
rias. Durante quase setenta anos (1841 a 1910) permaneceram
as obras do cais da Sagração. Dar um bom porto para São Luís
foi preocupação das autoridades desde os tempos coloniais, mas
somente no século XX, os resultados foram mais significativos.92
Em 1875, divulgou-se um relatório sobre o porto de São Luís
feito por André Rebouças. Em 1890, o engenheiro Aarão Reis
recebeu autorização para as obras de melhoramento do porto
que também não foram concluídas. Em 1920, houve um novo
contrato para execução das obras de recuperação do porto, desta
vez por meio de uma empresa inglesa. No entanto, outras obras
portuárias foram implementadas no período mas em locais afas-
tados do centro da cidade.
No final do século XIX, observa-se uma diferenciação
funcional dos bairros de São Luís. O bairro da Praia Grande, por
exemplo, teve grande importância desde a época colonial, pela
instalação da praça do Comércio e, a partir da segunda metade
do século XVIII, por abrigar as atividades mercantis promovidas
pela Companhia Geral de Comércio.
O centro administrativo de São Luís, no início do
século XX, encontrava-se entre as avenidas Pedro II e 5 de Ju-
lho, ligadas por uma rampa que também dava acesso ao cais da
Sagração. Aí estavam o Palácio do Governo e a Prefeitura Mu-
nicipal, que ainda funcionam no local, e outros órgãos que hoje
não se encontram mais, como o Banco do Estado.
Segundo Aroldo de Azevedo, o comércio varejista
ficava na praça João Lisboa, e o atacadista localizava-se entre a
rua Cândido Mendes e o Bacanga.93 Uma área residencial, ca-
racterizada pelos grandes sobrados, se formou às margens do rio
Anil, desde a praça Gonçalves Dias (onde fica a igreja de Nossa
Senhora dos Remédios), até a área da Quinta do Barão, chegan-
92 Sobre este assunto ver: Wilson Soares. “O porto de São Luís.” Revista de Geografia e História do Maranhão. São Luís: v. 3, n. 3, pp. 19-42. 1950.
93 Azevedo, Aroldo de; Matos, Dirceu Lino de. Viagem ao Maranhão. São Paulo, 1950.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 57
58 IPHAN
6a fase (1910-1974) 1918. Neste mesmo ano de 1912, criou-se, na vila de Icatu,
a primeira oficina especializada em lavrar a pedra de granito
Do horror ao antigo à valorização dos conjuntos: refor- no formato de paralelepípedos com a finalidade de calçar as
mas urbanas e tombamento (1910 – 1974) ruas. Assim, o velho Caminho Grande, que nesta altura ain-
da era enlameado, embora o seu primeiro calçamento datasse
Até o início do século XX, São Luís apresentava um de 1852, recebeu os primeiros bondes de tração animal, da
considerável nível de crescimento urbano e de qualidade de vida Companhia de Ferro Carril, de Teixeira Leite. Como a igreja
da população. Nesse período, foram inaugurados vários cinemas na de Nossa Senhora da Conceição ficava na rua Grande, e era a
cidade, como o Cinematógrafo Pathé, de 1909, e o Cine-Teatro sede da Freguesia do mesmo nome desde 1805, o logradouro
Éden, inaugurado em 1919, entre outros. Isto logo após ter sido obteve linha de bonde em toda a sua extensão, indo até o Anil,
sanada uma epidemia de peste bubônica na cidade que levou grande e outra que a cortava ligando o largo dos Remédios até a Quin-
parte da população a procurar abrigo nas áreas não contaminadas. ta do Matadouro (São Pantaleão), pelas ruas Rio Branco, do
A prosperidade do comércio atingiu ainda as fábri- Passeio, e a rua do Norte.
cas. Estimuladas, entre outros fatores, pela força da economia Mais tarde, durante a administração do governador
em torno da industrialização e comercialização do algodão e do Godofredo Viana, entre 1922 e 1926, os bondes passaram a ser
babaçu, várias fábricas entraram em atividade, como a Com- movidos pela eletricidade e os trilhos foram incorporados às ruas.
panhia Fabril Maranhense, localizada no cruzamento da rua Foi também durante essa administração que o azeite na ilumina-
Grande com o velho prédio da Receita Federal. ção pública foi substituído pelo álcool e, a partir de 1924, com o
Em 1912, o largo do Carmo passou a se chamar contrato com a Companhia norte-americana Ullen, começaram
praça João Lisboa, sendo inaugurada a estátua do escritor em algumas obras de melhoramento dos serviços de água, esgotos e
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 59
Sobrado com loja. Observa-se um dos modelos mais comuns das construções
dos séculos XVIII e XIX: sobrados com lojas nas suas partes térreas, onde origi-
nalmente as famílias mantinham ou alugavam para pequenos comércios. Com
o crescimento do comércio já no século XX, as estruturas desses edifícios foram
alteradas para obrigar os mais variados tipos de negócio. Arquivo Central do
IPHAN – Seção Rio de Janeiro (Noronha Santos)
tração elétrica. O contrato com a empresa durou 20 anos, e foi tão estivera preservado praticamente intacto, passasse a ser visto
assumido pelo Estado após 1946.94 como prova do atraso econômico, social e cultural da cidade.
O conjunto arquitetônico construído ao longo dos A busca do progresso, que se afinava com os novos valores que
guiavam o país naquele momento, começava a ameaçar as cons-
séculos XVIII e XIX não sofrera grandes alterações, apesar da
truções antigas. Tais concepções incluíam uma visão de desen-
implementação, na década de 1920, de uma lei municipal que
volvimento urbano que se chocava com a manutenção de cons-
exigia a construção de platibandas nas edificações, que impôs truções antigas. Desta maneira, a arquitetura representativa dos
algumas modificações no aspecto colonial. séculos XVIII e XIX passou a ser vista como um sinal de atraso e
Entretanto, a nomeação de Paulo Martins de Sousa um empecilho para a evolução urbana na cidade.
Ramos em 1936, como interventor federal para o Maranhão, fez Alinhadas com essa visão, várias obras foram imple-
com que esse conjunto arquitetônico e urbanístico, que até en- mentadas para modificar o quadro de atraso de São Luís. Ocorre-
94 Sobre alguns serviços públicos nesse período em São Luís ver: Soares, Wilson. “O porto de São Luís.” Revista de Geografia e História do Maranhão. São Luís: v.
3, n. 3, 1950, pp. 19-42.
60 IPHAN
ram neste sentido as intervenções para ligar o interior à capital: a se espalhar em outros sentidos alternativos aos que permitem o
ferrovia São Luís-Teresina; na cidade, o alargamento de vias cen- curso da Rua Grande, e isto se deu com a construção da Ponte
trais e, a mais significativa, a abertura de uma via no sentido nor- José Sarney, que liga a cidade antiga ao bairro de São Francisco,
te-sul, a avenida Magalhães de Almeida, que cortou a cidade pelo e da barragem do rio Bacanga, ambas em 1970.
largo do Carmo, destruindo vários quarteirões antigos, a partir de Associada a essa expansão urbana intensificou-se o
1940. O Palácio dos Holandeses foi interditado em função de seu processo de descaracterização da arquitetura do centro histórico,
estado de ruína e nesse mesmo período foi demolido para as mes- onde a estrutura interna de vários prédios sofreu alterações para
mas melhorias urbanísticas. facilitar o funcionamento de lojas, que se instalavam na parte
O interventor Paulo Ramos, ao prestar contas ao inferior das antigas residências, descaracterizando as fachadas.
presidente Getúlio Vargas, dizia que: Além disso, um processo de crescimento vertical trouxe maior
descaracterização ao patrimônio da cidade.
A avenida que vai da praça João Lisboa à aveni-
da 5 de Julho acha-se em fase de execução bem adianta-
da, emprestando, já ao centro urbano, o efeito sugestivo
de sua moderna perspectiva [...] Desapropriados que fo-
ram, na sua totalidade, os imóveis atingidos pelo traça-
do, procedeu-se, seguidamente, aos serviços de demolição
e terraplenagem, para abertura e fixação do leito da nova
via pública, operação quase completamente concluída
já nos primeiros dias de dezembro passado.95
95 Ramos, Paulo. Relatório ao Sr. Presidente da República, 1942. Citado por Carlos Frederico Lago Burnett. Op. cit., p. 20.
96 Ramos, Paulo. Relatório: exercício de 1942. São Luís: Departamento de Imprensa e Propaganda, 1943.
97 Ramos, Paulo. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getúlio Vargas. São Luís: Departamento de Imprensa e Propaganda, 1943.
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 61
e também o portão da Quinta das Laranjeiras, a capela de São José damentou as intervenções urbanísticas da década de 1940, foi
das Laranjeiras, o altar-mor da Sé e a cidade de Alcântara. observado por Dora Alcântara em 1959, em um parecer sobre
A ação do DPHAN no Maranhão foi motivo de um possível tombamento em São Luís. Embora o relatório da
debate em vários jornais, onde se exaltava a importância da arquiteta tenha sido bastante detalhado, a demarcação dos li-
preservação para a consolidação da identidade nacional e ma- mites para área de tombamento federal foi feita pelo arquiteto
nutenção de valores éticos e sociais. Periódicos locais como O português, consultor da Unesco, Viana de Lima, em 1973, e
Imparcial, O Globo e Jornal do Dia publicavam várias matérias no ano seguinte o Iphan tombou o conjunto histórico de
acerca das questões de tombamento, destruição e progresso São Luís que incluía alguns itens do tombamento individual,
material da cidade. realizado anteriormente, como as praças Benedito Leite e João
No final da década de 1950, estava em andamento Lisboa.
a discussão sobre a demolição dos prédios antigos que abriga-
vam a Sociedade Líbano-Maranhense, para construção de ar-
ranha-céus. Os prédios foram tombados pelo DPHAN e, em 6
de fevereiro de 1957, a Sociedade Líbano-Maranhense, enviou
uma carta ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
(IHGM):98
1621 - criação do Estado do Maranhão e Grão-Pará 1661 - chegada do padre jesuíta João Filipe Betendorf
- criação da primeira matriz, a igreja de Nossa Se- 1662 - primeira expulsão dos jesuítas do Maranhão
nhora da Vitória 1665 - edificação da igreja de São João Batista
- obras no convento do Carmo - transformação da Rua Grande em caminho para
1622 - foi instituída a Irmandade da Misericórdia passagem de carros de boi
- retorno dos jesuítas ao Maranhão com o padre 1673 - o governador Pedro César transfere sua residência
Luís Figueira para Belém, sendo o primeiro governador a deixar
- início da construção do colégio e igreja de Nossa a sede em São Luís para morar em Belém
Senhora da Luz pelo padre Luís Figueira 1677 - criação da diocese do Maranhão e conseqüente ele-
- fundação dos dois primeiros engenhos de açúcar vação de São Luís de vila para cidade
na embocadura do rio Itapicuru 1682 - criação da Companhia de Comércio do Maranhão
1624 - retorno da ordem de São Francisco de Assis ao e do Estanco (20 anos de privilégio exclusivo de
Maranhão com frei Cristóvão de Lisboa comércio em todo o Estado do Maranhão)
- fundação do convento de Santo Antônio, sob in- - no final de sua administração, Inácio Coelho
vocação primitiva de Santa Margarida, pelo frei manda reedificar todas as igrejas de São Luís que
Cristóvão de Lisboa estivessem em ruínas
1625 - reedificação do forte de São Filipe 1684 - Revolta de Beckman contra o Estanco
1627 - construção do Carmo Novo no lugar onde ficava 1685 - extinção do Estanco
a capela de Santa Bárbara - segunda expulsão dos jesuítas do Maranhão
- fim da construção da igreja do colégio de Nossa 1692 - demolição da igreja do colégio de Nossa Senhora
Senhora da Luz, pelo padre Luís Figueira da Luz, para construção de uma nova igreja
1638 - posse do governador Bento Maciel Parente 1693 - pedido de licença do procurador da Câmara para
1641 - em novembro, os holandeses tomam a cidade de cortar as árvores da cidade que não fossem de uti-
São Luís lidade
1643 - os índios aruãs de Marajó matam o padre Luís 1695 - peste de bexigas em São Luís, Alcântara, Cumã,
Figueira Pará e Cametá, por cinco meses
1644 - em fevereiro, os holandeses são expulsos 1699 - inauguração da nova igreja de Nossa Senhora da
1648 - primeira reconstrução da igreja do Desterro (esta é Luz, dos jesuítas
a primeira informação que se tem sobre a igreja) 1713 - o Estado do Maranhão passa a se chamar Estado do
1649 - os índios uruatis matam os onze padres jesuítas Grão-Pará e Maranhão
do Maranhão 1717 - início da construção da igreja de Nossa Senhora do
1652 - supressão do governo do Maranhão e divisão em Rosário dos Pretos
duas capitanias: Maranhão e Grão-Pará 1718 - toma posse o governador Bernardo Pereira de Ber-
- retorno da ordem dos jesuítas ao Maranhão redo
1653 - chegada do padre Antônio Vieira - carta régia de 18/05, manda construir uma nova
1654 - reunião estabelecida por Carta Régia de 25 de catedral na cidade de São Luís
agosto das duas capitanias, Maranhão e Grão- 1719 - início da construção da igreja da Santíssima Vir-
Pará, sob um governo geral, com André Vidal de gem dos Remédios
Negreiros como governador 1723 - início da construção da igreja de Nossa Senhora da
- chegada dos mercedários a São Luís Boa-Hora
1655 - obtenção dos privilégios de Cidadãos do Porto 1727 - restauração da estrada que ligava o Maranhão ao
para São Luís e Belém Pará
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 65
1749 - começa a correr no Estado o dinheiro amoedado, 1775 - Melo e Póvoas passa de capitão-mor a capitão-ge-
de ouro, prata e cobre neral no governo do Estado do Maranhão
- epidemia de sarampo em toda a capitania 1776 - edificação do Palácio do Governo
1751 - criação da Alfândega em São Luís 1777 - Melo e Póvoas promove as culturas do anil, crian-
1752 - fundação do Recolhimento de Nossa Senhora da do uma fábrica em São João de Cortes; da amo-
Anunciação e Remédios reira e da criação do bicho-da-seda
1753 - transferência da sede do governo do Estado do 1778 - extinção da Companhia Geral de Comércio do
Grão-Pará e Maranhão para a cidade de Belém Grão-Pará e Maranhão, por decreto de D. Maria I.
1755 - alvará que proibia a escravização dos índios 1779 - fim da administração de Joaquim de Melo e
- criação da Companhia Geral do Comércio do Póvoas.
Grão-Pará e Maranhão, com privilégios por 20 1780 - o ouvidor-geral determinou que se fizessem obras
anos para o calçamento das ruas de que necessitasse a
- criação da Capitania do Rio Novo, que depois cidade
chamou-se de Rio Negro e compreendia o atual 1791 - edificação da igreja de Santana da Sagrada Famí-
Estado do Amazonas lia, conhecida como “Santaninha”
1759 - expulsão dos jesuítas de todo o Reino e seus do- 1793 - início da construção do quartel do Campo do
mínios Ourique
1760 - término da construção da igreja de Nossa Senhora 1796 - construção da fonte do Ribeirão
da Conceição dos Mulatos 1797 - término das obras de construção do quartel do
1761 - posse do governador Joaquim de Melo e Póvoas, Campo do Ourique
sobrinho do marquês de Pombal - construção do forte de Santo Antônio da Barra
- primeira importação de escravos negros (Ponta d’Areia) e da ponte da Alfândega
1762 - transferência da Sé para a igreja de Nossa Senhora - início do desmoronamento do forte de São Francisco
da Luz, que era dos jesuítas - entrada de 1.854 africanos para servirem de es-
- restauração da fonte das Pedras cravos
1763 - demolição da antiga Sé de Nossa Senhora da Vi- 1798 - epidemia de varíola na capitania que leva à morte
tória quatro mil pessoas. Segundo os mapas de morta-
lidade, entre 1799 e 1802 morreram quase 20 mil
- o governador Melo e Póvoas manda derrubar a
pessoas nas capitanias do Maranhão e do Piauí
igreja da Misericórdia, que ficava no Largo do Pa-
lácio, atual Avenida Pedro II - início da administração de D. Diogo de Sousa
1765 - introdução do cultivo do arroz da Carolina 1799 - criação, em São Luís, das cadeiras de filosofia, re-
tórica, latim e gramática
- construção da primeira fábrica de beneficiamento
de arroz, às margens do rio Anil 1801 - criação da freguesia de Nossa Senhora de Santa-
na, com matriz na mesma igreja, resultado de um
1767 - primeira exportação de arroz da Carolina para desmembramento da freguesia de Nossa Senhora
Lisboa da Vitória
1772 - proibição, pelo governador Melo e Póvoas, de se 1803 - tentativa de introduzir a vacina contra varíola
semear outro arroz que não fosse o da Carolina 1804 - construção de barracas e canos de esgotos da Praia
1774 - extinção do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Grande
passando a ser dois Estados distintos: do Mara- - reconstrução da igreja de Nossa Senhora dos Re-
nhão que contava com o Piauí; e do Grão-Pará, médios
que contava com São José do Rio Negro - construção de um cemitério para escravos e pobres
- abertura da fonte das Tulhas - final do governo de D. Diogo de Sousa
66 IPHAN
1805 - desmembra-se a freguesia da Sé, dando origem à 1869 - obras de recuperação do prédio da Alfândega
de Nossa Senhora da Conceição, com matriz na 1891 - extinção da ordem dos carmelitas no Maranhão
mesma igreja
1904 - epidemia de “peste bubônica” em São Luís
- término das obras da Casa das Tulhas, junto da
1909 - inauguração do primeiro cinema de São Luís, o
Alfândega
Cinematógrafo Pathé
1806 - criação do Hospital da Misericórdia, que ficava
1911 - inauguração do Cinema Central, na rua Grande
entre as ruas do Norte e do Passeio
1912 - instalação de oficina especializada na lavra de
1807 - baixa do algodão em função da invasão francesa
pedras de granito no formato de paralelepípedos
em Portugal
para o calçamento de ruas
1809 - alta do algodão e do arroz através da abertura dos
- mudança do nome do Largo do Carmo para praça
portos às nações estrangeiras
João Lisboa
1810 - assinatura dos tratados comerciais entre Portugal
1916 - inauguração do Cinema Teatro São Luís, na Rua
e Inglaterra
Grande, n.1
1811 - chegada do viajante Henry Koster
1918 - inauguração da estátua de João Lisboa, na Praça
1815 - elevação do Brasil a reino de mesmo nome
- instituição do pelourinho no Largo do Carmo 1919 - inauguração do Cine-Teatro Éden
- início da edificação do Teatro União
1922 - início da regularização do sistema de esgotos, água
1816 - criação do Cemitério Inglês e instalação do sistema elétrico
1817 - conclusão das obras da igreja de São José 1924 - início de funcionamento dos bondes elétricos
- conclusão das obras do Teatro União 1936 - nomeação do interventor federal para o Mara-
- início de funcionamento do Cemitério Inglês, na nhão: Paulo Martins de Sousa Ramos
Rua de São Pantaleão
1939 - reforma do Cine Éden, mudando alguns aspectos
1821 - o Maranhão é declarado porto livre e cria-se uma para art nouveau
repartição aduaneira em São Luís - demolição da igreja de Nossa Senhora da Concei-
1823 - o Maranhão adere à Independência do Brasil ção dos Mulatos
1841 - chegada do naturalista George Gardner 1940 - início das demolições para abertura da Avenida
- início das obras do Cais da Sagração Magalhães de Almeida
1850 - obras de construção do matadouro público na 1964 - inauguração do Cine Passeio
Quinta da Madre de Deus 1970 (Anexo)
1852 - reformas no Teatro União, que estava arruinado, 1971- início da construção do anel viário sob a adminis-
passando a se chamar Teatro São Luís 1975 - tração do prefeito Haroldo Olímpio Lisboa Ta-
- início das obras de calçamento da Rua Grande vares (As obras do anel viário por Ivar Figueiredo
1854 - criação do Asilo de Santa Teresa Saldanha foram concluídas entre 1976-1978)
1855 - término das obras de calçamento da Rua Grande 1974 - Tombamento do Conjunto Arquitetônico e Pai-
- criação do cemitério do Gavião sagístico de São Luís pelo IPHAN.
- obras de remodelação da praça do Mercado ou da
Hortaliça
1856 - criação da freguesia de São João Batista
- contratação da Companhia do Anil, que tinha o
privilégio da venda de água por 20 anos
1867 - obras de reparo no calçamento da Rua Grande
1868 - novas obras no calçamento da Rua Grande
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Dados complementares
Citando informação de Bento Maciel Parente à Co- Exemplo de uso dos dados do Inventário - Análise Socio-
roa, a população em 1630 era de 500 habitantes, dos quais 300 econômica e de Referências Culturais 1
moradores e cerca de 200 soldados; com três mosteiros de capu- A análise socioeconômica e de referências culturais é constituída
chinhos (Santa Margarida), carmelitas (Carmo) e jesuítas (Nossa pelas análises quantitativas e qualitativas dos dados do INBI-SU.
Senhora da Luz).
As análises das questões do Formulário Geral do Sítio Urbano
- Meireles, Mário Martins. Dom Diogo de Sousa, governador e ca- foram realizadas a partir dos gráficos estatísticos, bem como do
pitão-general do Maranhão e Piauí (1798-1804). São Luís: Fun- resultado do processo de classificação e interpretação dos bancos
dação Cultural do Maranhão, 1979. p.53. de dados do INBI-SU.
Citando o relatório do bispo D. Joaquim de Carva- Questões do Formulário Geral do Sítio Urbano (fichas 4 e 5)
lho, de 27 de novembro de 1799: a cidade de São Luís contava Para entendimento dessa análise, conforme a meto-
com 22 mil habitantes. dologia do INBI-SU, deve-se considerar que os moradores são
os entrevistados em unidades residenciais (fichas 4) e os usuários
- Amaral, J. Ribeiro do. Efemérides maranhenses. São Luís: Tipo- são os entrevistados em unidades não-residenciais (fichas 5).
grafia Maranhense, 1923. pp. 48-106.
1 Trabalho realizado pelo Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização sobre os dados das entrevistas aplicadas em São Luis, formulários 4 e 5 do método
INBI-SU. Brasília, 2004.
2 Mapeamentos realizados em Arcview, em atualização pela 3ª Superintendência Regional IPHAN, 2006.
3 Sobre a questão do abastecimento de água na área inventariada é importante ressaltar que a população tem acesso à agua “dias sim, outros não”, ou seja, apenas
quinze dias ao mês. Ainda sobre o problema de abastecimento de água, o texto preliminar da pesquisa histórica demonstra: “Um dos maiores problemas da capi-
tal do Maranhão era o abastecimento de água. Inicialmente a população obtinha água dos poços e fontes, que apresentavam grande foco de doenças e endemias
pela falta de higiene nas fontes e mananciais. O serviço de abastecimento de água foi implantado a partir de 1850, com a Companhia Anil.” (p. 23)
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 69
Item 24 - Principais elementos do sítio urbano destacados pelos a Fonte do Ribeirão, tendo como referência cultural associada
moradores e usuários a estes bens a lenda da serpente e de Ana Jansen.
As informações apresentadas pelos gráficos do siste- Sobre essas lendas, associadas aos bens culturais mais
ma INBI-SU demonstram que em um universo de 989 entre- destacados pelos entrevistados, foram selecionadas algumas res-
vistados no sítio urbano de São Luís, os principais elementos postas para as questões 24 (ficha 4)/32 (ficha 5) – Conhece al-
destacados pelos moradores e usuários da área inventariada são: guma história sobre a cidade? (referência a lendas, folclore, fatos
memoráveis).
Unidades Residenciais( ficha 4)
A Sra. Maria Rita dos Santos, residente a Rua João
• qualidade de vida (42,55%) e outros (35,64%) - no processo de Vital de Matos, nº 195, respondeu sobre a lenda de Ana Jansen:
classificação do item qualidade de vida houve muitas respostas
que identificavam especificamente a localização como elemento Da Ana Jansen que era uma mulher muito rica que
mais significativo da área tombada, entretanto não há este item gostava de se exibir. Colocava os escravos em fileira
arrolado na classificação proposta no INBI-SU. Embora, no deitados para caminhar por cima deles. Ela andava de
entendimento do conceito de qualidade de vida, seja contem- carruagem, amostrando correntes. Dizem que ela era
plada também a questão da localização, os outros aspectos que muito perversa.
compõem este conceito apresentam-se de forma negativa pela
maioria dos entrevistados, como pode ser observado no gráfico A Sra. Leda Cristina Oliveira Silva, residente na rua
do Desterro, nº 3, respondeu sobre as lendas de Ana Jansen e da
sobre a opinião dos moradores e usuários acerca dos serviços públicos
Serpente:
em que há problemas relativos, sobretudo, ao abastecimento de
água e serviços hospitalares3. Sendo assim, como foi identificado Desde criança eu escuto falar da lenda de Ana Jansen, da
que o elemento “localização” era preponderante e não poderia carruagem com os cavalos sem cabeça. Correntes que se ar-
estar diluído, juntamente com o item qualidade de vida, a op- rastam à noite. Quando era criança tinha pavor da cobra
ção para a categorização desta resposta foi classificá-la em duas que tem cabeça na igreja da Sé e vai afundar São Luís.
opções: “qualidade de vida” e “outros”, especificado como “lo-
calização”. Esta opção ocorreu com o objetivo de poder ser vi- A Sra. Mary Seabra Tavares, residente ao Parque XV
sualizada no gráfico a opinião principal dos moradores/usuários de Novembro, nº 258, respondeu sobre a lenda de Ana Jansen:
acerca do que mais gostam na área histórica e ainda para que se, A de Ana Jansen e a do Ribeirão que tem uma princesa
no futuro, houver a possibilidade de ser inserido no arrolamento encantada lá que vira cobra.
da classificação o item “localização”, seja fácil de ser localizado
na estrutura do sistema. A Sra. Rita de Cássia Soeiro Araújo – auxiliar admi-
nistrativa de uma empresa de informática – nº 83/ 93 da Rua da
Diante disso, para a compreensão do item qualidade
Palma respondeu sobre as lendas de Ana Jansen e da Serpente:
de vida, deve-se considerar que dos itens apontados, cerca de
70% do universo de 160 respostas são relativas especificamente Da Ana Jansen que prendia os escravos e colocava
à localização e 30% indicam a relação com a vizinhança como nos porões. A lenda da serpente adormecida, São Luís
aspecto mais importante. O item “outros” deve ser compreendi- pode a qualquer momento ser mais uma Atlântida.
do como 80% relacionados à localização e os outros 20% rela-
cionados às respostas que apresentaram pouco interesse pela área E ainda, o Sr. Antônio Carlos Martins Jr. – delegado
tombada ou apenas problemas (“moro aqui porque não tenho de polícia – rua da Palma, nº 305, respondeu sobre a lenda da
outra opção”; “tudo velho caindo, abandonado”). Serpente:
• conjunto edificado/arquitetura (18,88%) - a identificação da Aquela da cobra, da serpente. No dia que encontrar o
comunidade com a área do Projeto Reviver é bastante desta- rabo São Luís acaba.
cada nas entrevistas. Trata-se de um espaço de encontro, de • ruas e praças (1,86%) - as ruas e praças mais destacadas foram a
sociabilidade da população de São Luís, onde foram realiza- Rua Portugal e a Praça João Lisboa; paisagem natural (1,06%),
das, há poucos anos, obras de requalificação. Outros elemen- embora seja reduzido o número de pessoas que identificaram
tos arquitetônicos apontados foram a Igreja do Desterro e Sé, este aspecto, é possível perceber no gráfico sobre elementos da
70 IPHAN
paisagem natural destacados pelos moradores, que a maioria da Para a compreensão do item qualidade de vida, deve-
população de São Luís possui uma forte relação com o mar e se considerar que cerca de 70% do universo de 144 respostas são
a maré – item especificado no INBI-SU como litoral, sendo relativas especificamente à localização e 30% indicam a questão
identificado também o Rio Anil e o Aterro do Bacanga. Embora da tranqüilidade da área, e ainda deve-se destacar o caráter de
não seja destacado pelos moradores e usuários, o Beco Catarina grande parcela dos estabelecimentos serem unidades de uso mis-
Mina possui também uma história, a de Catarina Mina. to o que identifica também a questão da relação com a vizinhan-
ça. O item “outras opiniões”, totalizando 201 respostas, deve ser
A Sra. Maria de Lourdes Ribeiro – responsável pelo
entendido como 60% relacionados à localização e os outros 40%
bar e restaurante – nº 124 do Beco Catarina Mina, respondeu
relacionados às respostas como “tudo” ou “nada”, por exemplo.
sobre a lenda de Catarina Mina:
Item 25 - Síntese das opiniões dos moradores e usuários acerca
Catarina Mina foi uma negra que trabalhava na es-
da preservação.
quina da Rua Portugal; vendia peixe frito. Casou-se e
tornou-se uma sinhá como qualquer branca. Alguém A síntese da opinião dos moradores e usuários da
da Casa de Mina me informou que ela morou ali na área inventariada acerca da preservação do sítio urbano foi
esquina onde hoje funciona o Correio. analisada a partir dos gráficos emitidos pelo INBI-SU. Para
a análise desta questão do Formulário Geral do Sítio Urbano
O Sr. Arsênio Ivamar G. de Andrade – contador de
foi levada em conta a relação dos moradores e usuários com o
um escritório de contabilidade – s/n do Beco Catarina Mina,
sítio urbano e com as instituições públicas que atuam na pre-
respondeu sobre a lenda de Catarina Mina:
servação na área tombada de São Luís. As questões que tratam
Esse beco [Catarina Mina] foi em homenagem a uma das referências culturais das fichas 4 e 5 do INBI-SU são os
negra chamada Catarina Mina. Ela descia com vasi- seguintes itens: 19/27. O que a preservação significa para a ci-
lhas de água o Beco da Merda, aqui no Centro tem esse dade?; 20/28. Acha a cidade bem preservada?; 21/29. A atuação
nome porque era passagem dos escravos para jogar fora do IPHAN é satisfatória?; 22/30. E a atuação da prefeitura com
as fezes dos patrões. relação à preservação é satisfatória?
Nas questões acima descritas houve dificuldade quan-
E ainda, a Sra. Eliane de Fátima M. Farias – respon- to a respostas como “tudo”, “nada”, “é importante”, “mais ou me-
sável pela loja de artesanato – nº 134 do Beco Catarina Mina, nos”, “não”, “sim”. Este problema gerou, como pode ser constata-
respondeu sobre a lenda de Catarina Mina: do nos gráficos, um grande contingente de “outros” para a opinião
Catarina Mina, uma escrava muito bonita de olhos dos moradores acerca da preservação do sítio urbano de São Luís.
verdes, com o seu corpo e na beleza conseguiu dinheiro e Sobre a opinião dos moradores (fichas 4) acerca da pre-
alforria. Ela subia essas escadas e os senhores de escravos servação do sítio, para um universo de 281 entrevistas, foi possível
é que se abaixavam para olhar para as pernas dela. perceber que a resposta mais recorrente foi: a preservação é impor-
tante para a memória e identidade de São Luís (96 respostas). Em
Unidades Não-residenciais( ficha 5) segundo lugar, a preservação contribui para o incentivo ao turis-
mo (28 respostas) e logo depois os moradores identificam que a
• conjunto edificado / arquitetura (38,66%) – nas unidades não- preservação propicia uma boa qualidade de vida (17 respostas), ou
residenciais os elementos arquitetônicos, bem como as lendas seja, se os imóveis estão bem preservados não há problemas, como
associadas a esses bens, foram destacados da mesma maneira muitas vezes identificados pelos moradores e usuários, nos gráficos
que nas unidades residenciais. sobre a opinião dos moradores e usuários sobre os serviços públicos
• qualidade de vida (23,49%) e outros (32,79%) – seguindo o prestados, no qual a limpeza pública é apresentada como deficien-
mesmo entendimento da análise do gráfico de unidades re- te por 93 dos moradores e 275 dos usuários. Associada a esta ques-
sidenciais, o processo de classificação do item qualidade de tão pode-se destacar que muitos moradores e usuários queixam-se
vida dos usuários da área inventariada não se apresenta como de baratas e ratos e da grande ocorrência de imóveis abandonados.
fator preponderante, entretanto apresenta-se como segundo Vale destacar também que apenas 21 respostas relativas aos aspec-
aspecto, mas com a sua classificação associada à tranqüilidade, tos negativos da preservação no sítio foram apontadas.
embora haja muitas queixas relacionadas à questão do serviço A opinião dos usuários (fichas 5) sobre a preservação do sí-
público de segurança. tio apresentou os mesmos resultados da opinião emitida pelos mo-
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 71
radores. Entretanto, foi destacado pelos usuários que a preservação Mapeamento do estado de conservação. 3ª Superintendência Re-
viabiliza a economia local, sendo apresentada no mesmo nível de gional.4
importância que a qualidade de vida propiciada pela preservação.
A opinião dos moradores e usuários do sítio urbano de Poucas pessoas classificam as edificações como des-
São Luís sobre o estado de conservação apresenta, em um universo caracterizadas (17 moradores e 29 usuários); por outro lado, a
de 803 entrevistas, 315 respostas que apontam “outras opiniões” visão dos usuários sobre o cuidado com as ruas e praças, embora
sobre esta questão. Entre moradores e usuários do sítio em estu- seja apenas de 29 respostas, tem um nível mais elevado que os
do as respostas indicam que grande parte das pessoas acha que as moradores que apresentaram apenas 4 respostas. Vale destacar,
edificações de São Luís estão mal conservadas: 117 moradores e também, que o sítio urbano de São Luís possui muitos estacio-
254 usuários entendem que as edificações estão mal conservadas, namentos privados, apesar de não estar expresso, entre as opini-
enquanto apenas 34 moradores e 57 usuários acham que as edifi-
ões dos usuários e moradores a questão do tráfego incompatível
cações estão bem conservadas. Por meio dos gráficos – “Opinião
dos moradores/usuários: Estado de Conservação (aspectos posi- com o Centro Histórico, muito comum em várias cidades de-
tivos/negativos)” – é possível perceber que, embora o estado de vido à estrutura urbana colonial. É possível identificar também
conservação do sítio esteja ruim, o conjunto urbano se mantém
relativamente bem preservado.
O
s dados apresentados a seguir são uma pequena
amostra das informações reunidas no sistema INBI/
SU, provenientes dos levantamentos de campo – pla-
nialtimétricos, físico-arquitetônicos e entrevistas – realizados
em 2002, na cidade de São Luís.
O método INBI/SU sistematiza as informações em
cinco diferentes formulários (Características dos lotes; Carac-
terísticas arquitetônicas; Estado de conservação; Questionário/
unidade residencial; Questionário/unidade não residencial), que
alimentam um banco de dados, permitindo o cruzamento de
informações e a elaboração de gráficos e relatórios para o estu-
do dos sítios urbanos, com a análise dos seus elementos formais
associada a dados e opiniões dos moradores e usuários sobre a
cidade onde vivem.
Aqui estão reunidas fotos, plantas de localização e
coberturas dos imóveis inventariados, e foram destacadas algu-
mas ruas mais representativas do conjunto, que trazem alguns
dados textuais sobre as edificações. O sistema de informações
INBI-SU ainda se encontra em fase de consolidação para dispo-
nibilização em ambiente Web.
76 IPHAN
RUA 14 DE JULHO Nº 20
RUA 14 DE JULHO Nº 20 A
RUA 14 DE JULHO Nº 40
RUA 14 DE JULHO Nº 50
RUA 14 DE JULHO Nº 62
RUA 14 DE JULHO Nº 80
RUA 14 DE JULHO Nº 88
RUA 14 DE JULHO Nº 99
RUA 14 DE JULHO SN
RUA DO ALECRIM Nº 22
RUA DO ALECRIM Nº 30
BECO DA ALFÂNDEGA Nº 57
BECO DA ALFÂNDEGA Nº 59
BECO DA ALFÂNDEGA Nº 69
BECO DA ALFÂNDEGA Nº 85
BECO DA ALFÂNDEGA SN - 65
BECO DA ALFÂNDEGA SN - 75
LARGO DO CARMO Nº 37
LARGO DO CARMO Nº 53
LARGO DO CARMO Nº 66
LARGO DO CARMO Nº 78
LARGO DO CARMO Nº 90
LARGO DO CARMO SN
BECO DO COUTO Nº 42
BECO DO COUTO Nº 46
BECO DO COUTO Nº 50
BECO DO COUTO Nº 56
BECO DO COUTO Nº 60
BECO DO COUTO Nº 64
RUA DO DESERTO Nº 3
RUA DO DESERTO Nº 34
RUA DO DESERTO Nº 35
LARGO DO DESTERRO -
IGREJA DO DESTERRO
LARGO DO DESTERRO Nº 49 SN
PRAIA DO DESTERRO Nº 65
PRAIA DO DESTERRO Nº 71
PRAIA DO DESTERRO Nº 73
PRAIA DO DESTERRO Nº 77
PRAIA DO DESTERRO Nº 81
RUA DIREITA SN
TRAVESSA ENGENHEIRO
COUTO FERNANDES Nº 68
TRAVESSA ENGENHEIRO
COUTO FERNANDES Nº 84
RUA DA ESTRELA
ANTIGA BRINQUEDOLÂNDIA
RUA DA ESTRELA –
ANTIGA TRAMONTINA
RUA DA ESTRELA –
CÂMARA MUNICIPAL
RUA DA ESTRELA –
ESCOLA DE MÚSICA
RUA DA ESTRELA Nº 52
RUA DA ESTRELA Nº 64
RUA DA ESTRELA Nº 82
TRAVESSA FELIZ Nº 57
TRAVESSA FELIZ - Nº 63
TRAVESSA FELIZ - Nº 67
RUA DO GIZ Nº 34
RUA DO GIZ Nº 39
RUA DO GIZ Nº 46
RUA DO GIZ Nº 53
RUA DO GIZ Nº 59
RUA DO GIZ Nº 66
RUA DO GIZ Nº 80
RUA DO GIZ Nº 87
RUA GRANDE Nº 28
RUA GRANDE Nº 51
RUA GRANDE Nº 63
RUA GRANDE Nº 73
RUA GRANDE Nº 87
Rua de nazaré Nº 4
Rua de nazaré Nº 8
Rua de nazaré Nº 16
Rua de nazaré Nº 29
Rua de nazaré Nº 31
Rua de nazaré Nº 39
Rua de nazaré Nº 49
Rua de nazaré Nº 58
Rua de nazaré Nº 68
Rua de nazaré Nº 82
Rua de nazaré Nº 89
Rua de nazaré Nº 90
Rua de nazaré Nº 96
Rua de nazaré SN
RUA DA PALMA NO 20
Rua da Palma Nº 44
Rua da Palma Nº 58
Rua da Palma Nº 66
Rua da Palma Nº 86
Rua da Palma Nº 86
Rua da Palma Nº 92
Rua da Palma Nº 98
Rua da Palma Nº 502 - Convento Rua da Palma Nº 502 - CONVENTO Rua da Palma Nº 502 - CONVENTO
das mercês - FUNDOS DAS MERCÊS - ARCADA DAS MERCÊS
Rua da Palma SN
PARQUE XV DE NOVEMBRO Nº 62
PARQUE XV DE NOVEMBRO Nº 84
PARQUE XV DE NOVEMBRO SN
PARQUE XV DE NOVEMBRO SN - 2
TRAVESSA DA PASSAGEM Nº 18
TRAVESSA DA PASSAGEM Nº 24
TRAVESSA DA PASSAGEM Nº 30
TRAVESSA DA PASSAGEM Nº 36
RUA DA PAZ Nº 39
RUA DA PAZ Nº 47
RUA DA PAZ Nº 69
RUA DA PAZ Nº 79
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 101
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 107
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 111
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 115
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 119
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 123
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 125
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 129
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 131
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 133
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 135
SEGUNDA TRAVESSA DO
PORTINHO Nº 137
RUA PORTUGAL Nº 17
RUA PORTUGAL Nº 25
RUA PORTUGAL Nº 31
RUA PORTUGAL Nº 39
RUA PORTUGAL Nº 49
RUA PORTUGAL Nº 59
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 16
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 24
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 28
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 32
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 35
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 36
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 38
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 41
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 42
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 46
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 49
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 50
BECO DO PRECIPÍCIO Nº 54
BECO DA PRENSA Nº 33
LARGO DO RIBEIRÃO Nº 34
LARGO DO RIBEIRÃO Nº 42
RUA DA SAÚDE Nº 30
RUA DA SAÚDE Nº 34
RUA DA SAÚDE Nº 40
RUA DA SAÚDE Nº 44
RUA DA SAÚDE Nº 52
RUA DA SAÚDE Nº 56
RUA DA SAÚDE Nº 94
RUA DA SAÚDE Nº 97
Endereço: Avenida
Senador Vitorino Freire – CEMAR
Endereço: Avenida
Senador Vitorino Freire – Ducanges
524 IPHAN
Endereço: Avenida
Senador Vitorino Freire, s/n
RUA DO SOL No 23
RUA DO SOL No 33
RUA DO SOL No 43
RUA DO SOL No 55
RUA DO SOL No 65
RUA DO SOL No 73
RUA DO SOL No 83
RUA DO SOL No 95
RUA DO SOL SN -
TEATRO ARTHUR AZEVEDO
TRAVESSA TRINDADE No 30
TRAVESSA TRINDADE No 40
TRAVESSA TRINDADE No 44
TRAVESSA TRINDADE No 48
TRAVESSA TRINDADE No 54
TRAVESSA TRINDADE No 60
Fonte do Ribeirão
Fonte das Pedras o valor histórico do bem, citando um discurso de 1818, do Procu-
rador Câmara, sobre a importância da fonte para o abastecimento
de água da população e dos navios, sugerindo que não se edificasse
A Fonte das Pedras está intimamente ligada à histó- casa alguma ou se destruísse o arvoredo naquele lote.
ria do Maranhão. Ao redor de seu veio natural de água, Jerô-
Sua inscrição no Livro de Belas-Artes ocorreu em 12
nimo de Albuquerque, comandante da expedição de conquista
de julho de 1963. Posteriormente, em 1975, a fonte foi desapro-
do Maranhão, acampou com suas tropas no ano de 1615, antes
priada e restaurada através de uma iniciativa conjunta da Prefei-
de expulsar La Ravardière e os franceses do Forte de São Luís.
tura e do Governo do Estado.
A construção da fonte é atribuída aos holandeses durante o
período de sua invasão (1641-1644), quando a água teria sido
canalizada. Em 1762, o governador Joaquim de Melo e Póvoas
informava à Câmara o estado de ruína da fonte, então quase
inutilizável. Naquele mesmo ano foi recuperada, entre diversas
outras obras empreendidas pelo governador em São Luís. Em
1820 a fonte foi reconstruída, em sua feição atual, pelo gover-
nador Bernardo Silveira Pinto. Em 1895 a Fábrica Santa Amé-
lia, vizinha à fonte, mudou sua canalização para uso próprio.
Em 1950 foi vendida – juntamente com o restante
da praça – pelo prefeito Antônio Costa Rodrigues ao Cotonifício
Cândido Ribeiro. O terreno foi então murado e o acesso público,
proibido. Nesse mesmo ano, três torres de luz foram demolidas.
Uma carta dos habitantes do bairro de Fonte das Pedras foi escrita
ao IPHAN, pedindo o tombamento da fonte para assegurar sua
proteção, uma vez que um de seus muros já havia desabado pela
acumulação indevida de lenha pesada. O texto da carta enfatizava
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 551
Fábrica Santa Amélia por São Luís, cidade carente de áreas não protegidas pelo tom-
bamento e passíveis de ocupação. Roberto Cacalvanti de Albu-
querque, técnico do IPHAN, emitiu parecer favorável ao tom-
O prédio da antiga fábrica Santa Amélia é um teste- bamento, e em reunião do Conselho Consultivo a impugnação
munho significativo do processo de industrialização do Maranhão, foi considerada improcedente, ressaltando-se o valor histórico
iniciado em meados do século XIX. Inicialmente abrigou a fábrica do prédio e a nova proposta de uso da Universidade Federal do
da Companhia de Lanifícios Maranhenses, instalada em 1892. Maranhão, condizente com o porte e facilmente adaptável às
Após a falência dessa fábrica, o prédio foi arrematado em leilão características do edifício.
para abrigar a nova fábrica Santa Amélia que, em conjunto com Quando a Fábrica Santa Amélia foi instalada no
a Fábrica São Luís, constituiu o Cotonifício Cândido Ribeiro. prédio, a constução em pedra, cal e tijolo recebeu o reforço de
Essa empresa funcionou entre 1902 e 1966, e foi responsável por elementos metálicos como vigas e pilares e seu espaço foi amplia-
grande parte da produção de tecidos, inclusive para exportação, do com dois acréscimos laterais térreos. O edifício, no entanto,
no Estado do Maranhão. Trata-se de um exemplar da arquitetura apresenta ainda sua estrutura espacial bem próxima à original.
industrial maranhense do período e apesar de estar fora da área de Foi inscrito no Livro Histórico, em 1 de julho de 1987.
tombamento, pertence à zona de interesse histórico, na vizinhança
da Fonte das Pedras, ao sul do centro urbano.
Seu tombamento provisório foi decretado em ou-
tubro de 1985, mas em 20 de novembro do mesmo ano foi
pedida sua impugnação por parte do Cotonifício Cândido Ri-
beiro Ltda, proprietário do imóvel. Segundo a empresa, o tom-
bamento seria um entrave ao crescimento, então experimentado
552 IPHAN
Casas na Avenida Pedro II, nº 199 e 205 apesar de seu comprovado valor histórico havia sido vendida pelo
prefeito a particulares. Em seu parecer, Paulo Thedim Barreto en-
dossou o pedido de tombamento dos prédios, afirmando que mes-
Os dois sobrados tombados localizam-se na Ave-
mo fora da situação de risco, eles mereciam essa atribuição de valor.
nida Pedro II (antigo Largo do Palácio), uma das principais
Ademais, havia uma razão ainda maior para sua proteção: “a defesa
vias de São Luís. Esta área se caracterizou pela presença do
do sentido da evolução, urbanístico-arquitetônica, que, pelo tempo
poder administrativo e de edificações mais nobres, como os
fora, caracterizou esse trecho máter de São Luís do Maranhão, per-
dois sobrados em questão. A avenida é balizada, à beira-mar,
sistentemente”. As casas à Avenida Pedro II foram inscritas no Livro
pelo Palácio do Governo (edificado no mesmo lugar do pri-
de Belas-Artes em 17 de agosto de 1961.
mitivo forte de São Luís). Os sobrados construídos no século
XVIII, formam um conjunto único representativo da arquite-
tura portuguesa no Maranhão, pela presença dos tão caracte-
rísticos mirantes.
A discussão sobre o tombamento desses bens começou
após a compra de um deles pelo Banco do Maranhão S.A, em 1959.
Antes, os dois sobrados eram ocupados pelo Lloyd Brasileiro e pela
companhia de navegação Booth Line. Na ocasião da compra, os
jornais noticiaram a intenção do comprador de reformar o prédio.
Dora Alcântara, arquiteta do IPHAN, recomendou imediatamente
a Rodrigo Melo Franco de Andrade o tombamento dos sobrados,
em caráter de urgência, visando impedir sua descaracterização. A
arquiteta sugeria também o tombamento da Fonte das Pedras, que
Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa – São Luís 553
Casa à Rua da Paz nação do mesmo, levantando dúvidas sobre o valor histórico
e arquitetônico do edifício, assim como sobre a validade de
(Academia Maranhense de Letras)
outras intervenções do IPHAN no Estado do Maranhão. O
parecer de Paulo Thedim Barreto, reiterando o tombamento,
A casa à Rua Colares Moreira foi construída para argumentou que para a preservação do Largo do Carmo – tom-
servir de escola. Sua pedra fundamental foi lançada em 1873 bado como conjunto arquitetônico, em 1955 – era necessária
e no ano seguinte estava concluída. Funcionou também como a manutenção da sede da Academia, único imóvel da quadra
biblioteca pública, até que em 1949 o Governador Sebastião ainda sem proteção. Após uma série de pareceres favoráveis,
Archer da Silva construiu sede própria para a Biblioteca e doou o Conselho Consultivo voltou a se reunir em junho de 1962,
o prédio à Academia Maranhense de Letras, fundada em 10 julgando improcedente a impugnação. Seguiu-se então a ins-
de agosto de 1908. A casa ainda abriga a AML e foi inscrita crição do bem no Livro Histórico de Tombo.
no Livro Histórico, em 9 de novembro de 1962, após intensa
querela judicial.
Capela e Portão da Quinta das Laranjeiras ao tombamento do portão, visto que impediria a construção de
um novo edifício onde funcionaria o ginásio da Ordem. No en-
tanto, a impugnação foi rejeitada.
A Quinta das Laranjeiras foi construída pelo comen-
dador Luís José Gonçalves da Silva, conhecido como “Barateiro”,
grande comerciante do Maranhão na virada do século XVIII para
o XIX. Está localizada ao final da Rua Grande, na fronteira da fre-
guesia de N. Sra. da Conceição, criada em 1805. O conjunto era
constituído por casa de moradia, capela, senzala e alojamento de
trabalhadores. Inicialmente, a capela era destinada ao uso privado.
Em 1811, José Gonçalves da Silva requereu autorização ao Bispo
D. Luís de Brito Homem para torná-la pública com acesso pela
rua, sob a invocação de São José das Laranjeiras. Nesse requeri-
mento, o proprietário também solicitava que fosse enterrado na
capela. Em 17 de abril de 1811, foi-lhe dada a licença para a cons-
trução que durou cerca de cinco anos. Em 19 de agosto de 1816, a
capela foi benta pelo cônego Filipe Benício dos Passos Cardoso.
O portão da entrada principal da Quinta foi construí-
do em 1812, conforme data inscrita. Apresenta, acima do pórtico,
um brasão contendo as armas do comendador Gonçalves da Silva,
encimado por elmo. Posteriormente, o “Barateiro” tornou Ma-
ria Luísa do Espírito Santo, sua primogênita, herdeira de várias
propriedades, incluindo a Quinta das Laranjeiras. A partir daí o
imóvel passou a ser conhecido como Quinta do Barão, nome ad-
vindo do casamento de Maria Luísa com o Brigadeiro Paulo José
da Silva, agraciado mais tarde com o título de Barão de Bagé.
Uma das mais famosas propriedades da São Luís do
século XIX, a Quinta passou por diversos proprietários até que,
em 1938, foi adquirida pela Arquidiocese do Maranhão, que a
vendeu para os Irmãos Maristas, para a construção de um colégio.
Dos imóveis que constituíam o terreno, restam apenas a capela e
o portão. Atualmente, o portão dá acesso ao Colégio Maranhense.
Em 2003, a capela foi fechada para uma restauração completa,
que durou cerca de um ano. Patrocinado pelo IPHAN, o restauro
abrangeu tanto a parte exterior (pinturas e portais) como interior
da capela (imagens, mobiliário, altar e retábulos).
A capela das Laranjeiras merece destaque, por ser um
dos mais significativos exemplares da arquitetura religiosa ma-
ranhense durante o período de maior opulência econômica do
estado, no século XIX. Trata-se da única edificação religiosa de
São Luís que possui o copiar – uma área avarandada que servia
como espaço de transição entre o interior (sagrado) e o exterior
(profano) dos templos.
Ambos os bens foram tombados individualmente em
16 de abril de 1940, sendo inscritos no Livro de Belas-Artes. An-
tes, em 30 de setembro de 1939, o Irmão Leão Flamiano, repre-
sentante da Ordem Marista, proprietária da Quinta, opusera-se
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