A Importância Da Auditoria Interna para A Gestão
A Importância Da Auditoria Interna para A Gestão
A Importância Da Auditoria Interna para A Gestão
EMPRESAS PORTUGUESAS
RESUMO
ABSTRACT
Within a global world, where competition is a daily routine inside the organizations,
there is, a perpetual and gradually, need of useful reports on time, which enable the
management to make decisions, to achieve goals and to catch a glimpse of the future.
In this context, the internal auditing despite being recent, it is having a very important
role within the organizations, giving support to management, with enlarged attributions and
responsibilities in an efficient management and consequently in our society.
The purpose of this work was to analyse important and present factors of internal
audit, through a case study based on an universe of the biggest and the best five hundred
Portuguese enterprises, in order to explore the internal auditing importance in management
whether whit or without its contribution in an effective management of the organizations.
1
INTRODUÇÃO
De acordo com Silva e Costa (2004), este enfoque na organização não é mais que a
tradução da evolução e modificação do papel desempenhado pela auditoria interna durante a
última década, particularmente ao nível do sector privado, tendo sido dada uma maior ênfase
à melhoria da relação com a gestão de topo. Esta modificação assentou numa mudança de
paradigma que deixou de lado a tradicional função de controlo financeiro/contabilístico da
auditoria, passando a sua acção a centrar-se na identificação de todos os riscos inerentes às
diversas actividades da organização procurando, deste modo, que os objectivos da mesma
sejam atingidos da forma mais eficiente e eficaz.
1
O único estudo empírico efectuado em Portugal foi (Melo Albino, 2001) em colaboração com IPAI, nesta
temática mas com outra abordagem
2
Neste sentido, espera-se que a auditoria interna seja, principalmente, uma ferramenta
de apoio à gestão de topo e que ajude a organização a alcançar os seus objectivos. O objectivo
principal da actividade de auditoria interna funciona como um “sócio estratégico da gestão”,
que lhe permita servir de assessor e consultor da mesma na identificação dos riscos e propor
possíveis estratégias de acção que permitam à instituição melhor desempenho dentro do sector
económico.
Segundo McNamee (1995) a auditoria interna é parte natural e necessária de qualquer
organização (afirmação consistente com o COSO, 1992).
Lajoso (2005) defende que a auditoria interna deve fornecer análises, apreciações,
perspectivas, recomendações, resultados, sugestões e informações em qualquer actividade
auditada, incluindo a promoção do controlo mais eficaz a custo razoável. Deve supervisionar
a eficácia e eficiência do sistema implementado, revelar as fraquezas, determinar as causas,
avaliar as consequências e recomendar uma solução que levem os responsáveis a agir. Esta
constitui um meio de medir recursos (humanos, materiais, financeiros e informacionais) a fim
de que a função liderança possa validar, consolidar ou alterar a sua estratégia.
Assim, a auditoria interna deve actuar em toda a hierarquia da organização, avaliando
a eficácia dos seus resultados em relação aos recursos colocados à disposição, bem como a
economicidade e eficiência dos controlos internos existentes para a gestão dos recursos.
A auditoria interna, para se adequar às novas tendências tem de ser ágil e flexível em
adoptar novos recursos que acrescentem valor à entidade. Tal flexibilidade facilita, entre
outras, a comunicação com as partes interessadas das empresas.
1.2. Auditoria interna: sua importância num ambiente globalizado e competitivo
Muito se tem comentado sobre o actual momento pelo qual passa a função de auditoria
interna nas organizações de todo o mundo, apesar de uma área temática recente. É
questionada a sua real necessidade nas organizações, como uma actividade que realmente
agregue valor ao negócio e proporcione rentabilidade e segurança sobre as operações aos
accionistas.
Agregar valor, é um somatório de interesses internos e externos que possibilitam um
ganho, não necessariamente o monetário, que se bem aplicados corroboram para a gestão da
organização como um todo.
Outro ponto de viragem fundamental para a auditoria interna, é a desmistificação entre
os funcionários da empresa onde existe uma actividade de auditoria interna, em que a sua
actuação e participação se centra como um auxílio no desempenho das tarefas dentro da
filosofia da organização, e não como “dificultadora” que está presente apenas para apontar
erros, entendida como parceiros na procura de um resultado comum, isto é a nova cultura de
auditoria interna.
Aos profissionais de auditoria interna vem sendo exigida uma série de conhecimentos
diversificados para o bom desempenho das suas actividades: contabilidade, domínio de
técnicas de gestão, qualidade total, marketing, organização e métodos, planeamento
estratégico, informática, relações humanas, entre outros (IIA, exames para CIA – Certified
Internal Auditor).
A auditoria interna torna-se uma componente activa da “engrenagem” da gestão
interna, fazendo com que as suas observações, sejam úteis e essenciais na procura de uma
adequada gestão de recursos. A sua opinião e visão crítica dos processos, será alicerçada em
evidências que propiciem aos gestores a correcta valoração das técnicas utilizadas na gestão
do negócio, onde a aceitação de mudanças de rumos por parte da gestão depende da forma
como comunica essa opinião.
Pinheiro (2005) defende que o sucesso da auditoria interna passa por um processo de
alquimia, congregando auditores profissionalmente inteligentes, altamente motivados e
3
comprometidos com o sucesso da empresa onde estão inseridos, com a responsabilidade de
contribuir para a manutenção de um controlo interno sadio e ajustado aos principais
objectivos estratégicos da empresa. Neste novo contexto a função auditoria interna será um
centro de excelência para formar quadros altamente qualificados, para garantir um sistema de
controlo interno eficaz no seio da empresa e com comportamentos éticos irrepreensíveis.
Nesse sentido, a auditoria interna será uma actividade com visão holística e proactiva,
antecipando-se aos factos, de modo que a sua opinião importante nos rumos da organização, e
ao mesmo tempo, estará atento a novas tendências no mercado em que a sua organização
actua.
Actualmente, também o perfil do órgão de gestão que dispõe de uma função de
auditoria interna deverá, possibilitar a estes profissionais uma plena autonomia, confiando-lhe
informações actuais acerca da estratégia da organização para que a mesma possa assumir o
seu novo papel.
No dia a dia, as decisões são tomadas quase a todo o momento. As informações para a
tomada de decisão são necessárias, relevantes, fidedignas e tempestivas, para que os
resultados planeados pela gestão sejam alcançados, pois este procura a decisão óptima para a
sua organização.
A informação é hoje a ferramenta fundamental para o processo de tomada de decisão,
já que é a responsável pelas mudanças implementadas pela gestão.
O órgão de gestão, para o processo de tomada de decisão, pode utilizar modelos de
decisão, como ferramentas de gestão, utilizados para identificar o curso de acções futuras. São
utilizados, ainda, para descrever ou representar os dados importantes de um processo e as suas
inter-relações. Beuren (2000, p.17) afirma que:
“A partir da escolha de um grupo de variáveis e uma especificação das suas inter-
relações, projectadas para representar um processo ou sistema real, total ou
parcialmente, um modelo é a descrição do funcionamento de um sistema,
representando uma construção em particular, utilizando-se da teoria, a qual lhe
serve como suporte conceptual”.
Assim, um modelo deve ser delineado de maneira que, apresente a sua estrutura da
melhor forma possível, caracterizando cada detalhe da operação para que o seu auxílio, como
ferramenta de gestão, possa ser eficiente e eficaz, sem contudo o confundir com o processo de
tomada de decisão.
O modelo de decisão é um meio para atingir o objectivo, enquanto o processo decisório
é muito mais amplo, e tem etapas definidas e necessárias em níveis administrativos diferentes.
4
das suas necessidades informativas. Muitas vezes, torna-se necessário repensar o
próprio modelo de decisão, além de utilizar informação adicional para determinar a
probabilidade de ocorrência de cada estado da natureza, a fim de reduzir o problema da
incerteza”.
Quando Beuren (2000, p.21) cita “(…) informação adicional (…)”, pode-se incluir a
informação da auditoria interna como informação adicional de qualidade para alimentar o
modelo de decisão. E, também, quando destaca no texto “(…) a fim de reduzir o problema da
incerteza”, pode-se remeter ao trabalho da auditoria interna que executa as suas tarefas a fim
de aumentar o padrão de eficiência, o que resultará numa informação fidedigna e real para o
gestor no seu modelo de decisão.
A auditoria interna deve conhecer o modelo de gestão adoptado pelo órgão de gestão da
organização, levando à gestão as informações úteis para o objectivo pretendido, para que com
estas informações a tomada de decisão conduza a uma gestão eficaz. Já que a auditoria interna
é conhecedora dos actos ocorridos no passado de uma organização, pode prognosticar o efeito
com a escolha de determinada decisão e, portanto, cabe à auditoria interna desempenhar
eficazmente as suas responsabilidades no que diz respeito ao processo de tomada de decisão,
auxiliando os gestores com as informações disponíveis, sejam quantitativas ou qualitativas.
Pode-se inferir que a actividade de auditoria interna no âmbito da assessoria à gestão,
observando o cumprimento das suas normas, vem contribuindo sobremaneira para a
concretização dos resultados das organizações, possibilitando a redução dos riscos a que as
empresas estão expostas no actual cenário empresarial, acrescentando valor.
5
estrutura efectiva de controlo de riscos, e a auditoria interna reforça o seu papel e a sua
importância nessa conjuntura.
Contudo, para melhor responder a essa nova realidade, as estruturas de auditoria
interna tiveram que passar por um processo de transformações que incidem sobre o alcance
das suas acções e forma de actuar.
Mais do que um meio tradicional de responder à crescente preocupação de aderir às
políticas e aos procedimentos regulamentares, o estabelecimento de uma política efectiva de
auditoria interna passou a representar um dos principais alicerces da estrutura de governação e
gestão de riscos da organização.
Estas novas responsabilidades tem implicações na prevenção de perdas e na
identificação de instrumentos de melhoria da gestão, reflectindo-se positivamente no próprio
valor das operações e na organização em geral.
A ampliação do novo papel e do alcance da auditoria interna na gestão de riscos,
começa a dar os primeiros passos e a ser reconhecido que não é mais possível conceber uma
abrangente gestão de riscos empresariais sem considerar, de alguma forma, o envolvimento
desta função como instrumento de identificação de vulnerabilidades e, até mesmo, de auxílio
à implementação de processos de correcção e melhoria, contribuindo para a consecução dos
objectivos e metas e consequentemente para a melhoria da competitividade das organizações.
Este novo enquadramento em contexto de risco, levou o IIA a esclarecer a posição da
auditoria interna, considerando que:
“o principal papel da auditoria interna no processo de gestão de risco é fornecer
segurança objectiva acerca da eficácia das actividades de gestão de risco das
organizações, contribuir para assegurar que os principais riscos do negócio estão a ser
geridos de forma apropriada e que os sistemas de controlo interno estão a funcionar
eficazmente” (IIA, 2004 :1).
Esta forma de auditoria, passa a agregar valor à cadeia de informações das empresas
que, além da fiabilidade, também garante a solidez e a sustentabilidade no presente e futuro
dos negócios.
Conforme salienta Lorenzo (2001), provavelmente, a grande diferença entre os
anteriores enfoques e o actual enfoque da auditoria interna baseada no risco reside na análise
estratégica e na avaliação dos processos de negócio como passo prévio ao trabalho que
actualmente se leva a cabo nos departamentos de auditoria, pelo que o planeamento de mesma
deverá estar alinhado com a estratégia da organização e o plano de negócio.
6
• envolve um conjunto de relações entre a gestão, o conselho de administração, os
accionistas (shareholders) e os outros interesses (stakeholders) na empresa;
• proporciona uma estrutura através da qual os objectivos da empresa, os meios para
os atingir e medir são estabelecidos,
• proporciona incentivos ao conselho de administração e à gestão para atingir os
objectivos, os quais são do interesse da empresa, dos seus accionistas e restantes
stakeholders.” (Almeida, 2005)
Estes princípios assumem-se como ponto de referência para que empresas e países
desenvolvam os seus próprios princípios, obedecendo às suas especificidades e necessidades.
Assim, os objectivos do governo das sociedades podem ser resumidos da seguinte forma:
• Melhorar o desempenho da organização;
• Promover a gestão de risco;
• Aumentar a confiança dos investidores no mercado de capitais;
• Melhorar a reputação da organização através de melhor transparência e reporte da
informação;
• Apoiar a prevenção e detecção de comportamentos fraudulentos. (Almeida, 2005).
2
SOA – Lei de Sarbanes Oxley Act
7
1.7. Auditoria interna e gestão eficaz
Perante um futuro incerto, num mundo em mudança com ritmo por vezes muito
acelerado, as organizações têm de observar cada vez mais atenta e continuadamente o seu
meio envolvente, analisar a evolução dos mercados e identificar ameaças e oportunidades,
diagnosticar a sua envolvente interna e identificar os seus pontos fortes e fracos, definir os
seus objectivos estratégicos, as suas estratégias e políticas globais e analisar sistematicamente
os resultados que vão obtendo.
Para conseguirem uma posição competitiva, vantajosa e sustentada, para serem
rentáveis e até mesmo para sobreviverem, as organizações precisam de ser geridas com
eficácia3, de modo a que os objectivos propostos sejam alcançados e, para isso, a auditoria
interna, como função de apoio, dotada dos conhecimentos neste domínio, desempenha um
papel importante. Rego (2001, p. 19) considera que:
“a auditoria interna preocupa-se, também, com a melhor rentabilização dos recursos
disponíveis assim como com o cumprimento dos objectivos previamente fixados, servindo
as organizações na sua globalidade e não apenas os seus gestores.”
Sawyer (1988, p.7) defendia que “a função do auditor interno é fazer aquilo que a
direcção gostaria de fazer se tivesse tempo para fazer e soubesse como fazê-lo”.
Neste sentido, as actividades de auditoria interna deverão ser planeadas, programadas e
desenvolvidas tendo em conta as preocupações e prioridades da gestão e em consonância com
os objectivos, estratégias e políticas globais definidas, possibilitando a consecução de uma
gestão eficaz, tornando-se uma função imprescindível e valorizada para o domínio da gestão e
da organização em geral com responsabilidade social.
3
Entende-se por eficácia o grau de alcance dos objectivos, segundo uma relação de custo/benefício, (Glossário
do Manual de Auditoria do Tribunal de Contas, 1999).
8
influencia a variável dependente permitindo o seu relacionamento na formulação de questões
de investigação, sendo a causa, cujos efeitos se pretendem medir.
Neste trabalho foram consideradas, como variáveis independentes, relativamente à
função de auditoria interna:
NAUDI O número de auditores existentes;
INDEP O grau de liberdade e independência de acção concedido à actividade;
IMPCI O grau de importância na avaliação do controlo interno e no cumprimento das normas e
procedimentos;
INFPD A influência das informações veiculadas no processo de tomada de decisão;
OPCON A solicitação da opinião no âmbito da consultoria interna;
AVAAI A avaliação dos serviços efectuados.
Desenvolveu-se um estudo de caso, tendo por base o universo das “500 MAIORES &
MELHORES” empresas a actuarem no mercado português durante o ano de 2004, publicado
em 20054.
Deste universo, foram seleccionadas 180 empresas, representativas dos vários sectores
de actividade e de todo o país5, de acordo com o indicador do Valor Acrescentado Bruto por
Vendas, as quais constituíram a nossa população alvo. Este indicador foi o elegido porque
limita o favorecimento das empresas de maior dimensão, uma vez que utilizar apenas o
critério Valor Acrescentado Bruto, por ser um indicador expresso em valores absolutos, as
favoreceria.
A recolha dos dados foi efectuada por questionário, o qual, apresenta algumas
vantagens significativas (Marconi e Lakatos, 1996), tais como, mais expedito, garante o
anonimato, facilita a análise e interpretação dos dados.
Assim, foram preparados e enviados dois tipos de questionários, fechados enviados
por correio postal, às empresas seleccionadas, um dirigido aos Directores de auditoria Interna
(DAI) e o outro ao Órgão de gestão (OG).
Os questionários foram estruturados em duas partes: uma acerca das características da
actividade de auditoria interna, posicionamento, áreas de actuação e dimensão na empresa,
isto é, mais descritiva e outra para avaliar a visão da gestão, o envolvimento e reconhecimento
da gestão e o grau de satisfação com a actividade da auditoria interna para medir o seu
contributo, isto é, mais focalizada no objectivo do estudo. Foi testada fidelidade do mesmo
através de um questionário-piloto aplicado a auditores. Apesar de dirigidos a dois grupos
diferentes, os questionários, continham, intencionalmente, questões comuns para permitirem a
triangulação6 dos conteúdos respondidos por cada um dos grupos inquiridos, de acordo com o
objectivo do estudo.
Contudo, este método apresenta algumas limitações, nomeadamente o facto de não se
poderem avaliar os problemas em profundidade e as baixas taxas de resposta (Marconi e
Lakatos, 1996). Neste caso, apenas se obtiveram respostas válidas de 37 DAI e 34 OG, os
quais constituíram a amostra deste estudo, apesar dos quatro meses para obtenção de resposta.
Os dados obtidos foram introduzidos e tratados com recurso ao programa informático
SPSS.
3 - RESULTADOS OBTIDOS E SUA INTERPRETAÇÃO
Para melhor compreensão dos dados, recorreu-se ao uso de tabelas e quadros com os
respectivos dados estatísticos obtidos, utilizando a estatística descritiva e inferencial. Como
4
Dados fornecidos pela Dun & Bradstreet, publicado na revista Exame, Edição Especial, Setembro de 2005.
5
Tendo presente que a localização deste tipo de empresas se situa maioritariamente nos grandes centros de
Lisboa e Porto e litoral do país.
6
Por triangulação deve entender-se alternativas de pesquisa, confrontação de dados sobre o mesmo assunto
recolhidos de várias fontes de informação, na situação referida de grupos diferentes de inquiridos.
9
todas as tabelas e quadros resultaram do processo de pesquisa levado a efeito, não serão
mencionadas as fontes dos mesmos. Das respostas obtidas destacam-se as questões relevantes
para o estudo.
Da questão colocada quanto às áreas de actuação, foram referidas: a qualidade,
financeira, contabilística, gestão de risco e outras. Tanto os DAI como o OG confirmaram a
actuação da auditoria interna em todas estas áreas, com maior predominância para a
qualidade, gestão de risco e contabilística, corroborando o novo papel e amplitude da sua
actuação.
Das respostas obtidas, o quadro 1 permite afirmar que relativamente à questão
relacionada com o nº de auditores, a diferença obtida entre o número de respostas dos DAI e
OG, seriam imputáveis à classe de mais de 5 auditores, pelo que existiu consenso na reposta
obtida, permitindo concluir que a maioria das empresas inquiridas possuem na sua função de
auditoria interna mais de cinco auditores.
Quadro 1: Nº de auditores segundo os Directores de Auditoria Interna e Órgãos de Gestão
DAI OG
Nº de auditores
N % N %
Entre 1 e 5 11 29.70 11 32.40
Mais de 5 26 70.30 23 67.60
Quadro 3 : Grau de importância como instrumento de avaliação do sistema de controlo interno e cumprimento de
normas e procedimentos segundo os Directores de Auditoria Interna
DAI OG
Grau de importância
N %
Alto 23 62.20 33 97.10
Médio 14 37.80 01 2.90
Baixo
TOTAL 37 100.00 34 100.00
M 0 = Alto
Quanto à influência das informações veiculadas pela actividade de auditoria
interna no processo de tomada de decisão dos gestores, de acordo com os dados
10
apresentados no quadro 4, há concordância e verifica-se que a maioria dos inquiridos
diz que esta ocorre muitas vezes. É ainda relevante o facto de uma parcela significativa, tantos
os DAI 24,3% como os OG 32,4 % considerarem que as informações influenciam sempre.
De referir que a opção de resposta “nunca” não foi referida por nenhum dos
inquiridos, o que vai de encontro à revisão da literatura, na medida em que as informações
que a auditoria interna possui, são informações necessárias para “alimentar” o modelo de
decisão do gestor para que tome as decisões mais acertadas.
Quadro 4 : Influência das informações no processo de tomada de decisão segundo os Directores de Auditoria
Interna e Órgãos de Gestão
DAI OG
Influência das Informações
N % N %
Nunca
Muito poucas vezes 01 02.70
Algumas vezes 05 13.50 03 08.80
Muitas vezes 22 59.50 20 58.80
Sempre 09 24.30 11 32.40
TOTAL 37 100.00 34 100.00
M 0 = Muitas vezes
A questão relacionada com a solicitação da opinião dos serviços de auditoria interna
para a consultoria interna, constata-se, pelos dados obtidos e expostos no quadro 5, que na sua
maioria esta solicitação de opinião ocorre algumas vezes e uma parte ainda significativa de
ambos os grupos considera que ocorre muitas vezes.
Quadro 5 : Solicitação dos serviços de auditoria interna para a consultadoria interna segundo os Directores de
Auditoria Interna e Órgãos de Gestão
Solicitação de opinião DAI OG
para a consultoria interna N % N %
Nunca 04 10.80
Muito poucas vezes 01 02.70 01 03.00
Algumas vezes 24 64.90 23 69.70
Muitas vezes 08 21.60 09 27.30
TOTAL 37 100.00 33 100.00
M 0 = Algumas vezes
Da questão colocada apenas ao órgão de gestão, por razões óbvias, e como
complementar das anteriores a fim de consolidar a posição da gestão, no que concerne ao
contributo da auditoria interna para o aumento da responsabilidade social, o quadro 6 mostra
que este reconhece muitas vezes (76,5%) a sua contribuição para aumentar a responsabilidade
social da organização, não havendo qualquer dúvida para cerca de 85% dos inquiridos, nem
mesmo foram obtidas respostas na escala de “Nunca” e “Muito poucas vezes”.
11
7, que os OG consideraram satisfazer razoavelmente. Os restantes sujeitos inquiridos são da
opinião de que esta actividade satisfaz plenamente (n=8; 23,50%).
Destaca-se o facto de ninguém ter respondido que os mesmos não atendem às
necessidades.
No entanto, ao contrário do que seria esperado, atendendo à sequência das
respostas anteriores obtidas, a satisfação plena obteve uma classificação baixa, tendo
a maioria dos inquiridos, cautelosamente, optado por satisfação razoável, fazendo
crer que apesar de avaliarem a importância da auditoria interna, poderá auxiliar
muito mais a gestão.
Quadro 7 : Satisfação dos resultados finais dos trabalhos da actividade de auditoria interna segundo os Órgãos de
Gestão
Satisfação dos resultados finais OG
dos trabalhos da auditoria interna N %
Satisfazem plenamente 08 23.50
Satisfazem razoavelmente 26 76.50
Não atendem às necessidades
TOTAL 34 100.00
M0= Satisfazem razoavelmente
Após a análise descritiva dos dados obtidos anteriormente, efectuou-se a abordagem
inferencial dos mesmos, através da estatística analítica. Procedeu-se, assim, à verificação da
validade das hipóteses, associando as variáveis independentes em estudo à variável
dependente.
Com o intuito de credibilizar o estudo, formularam-se alguns cruzamentos, estes foram
testados através de testes não paramétricos, nomeadamente Testes U de Mann-Whitney.
Optou-se por testar as hipóteses através de testes não paramétricos, uma vez que não
existe uma distribuição normal das variáveis escalonares (ordinais), como nos mostra a seguir
o teste da normalidade.
Pelo Kolmogorov-Smirnov-Lilliefors (quadro 8) verificou-se que a distribuição de
dados referentes à variável dependente, não se encontra enquadrada na normalidade em
nenhuma das suas dimensões, nomeadamente, todas (p=0,000).
***p<0,001
As hipóteses foram testadas com uma probabilidade de 95%, de onde resulta um nível
de significância de 5% (α=0,05). Este nível de significância permitiu afirmar com uma
"certeza" de 95%, caso se verificasse a validade da hipótese em estudo, a existência de uma
relação causal entre as variáveis.
12
Os critérios de decisão para os testes de hipóteses, baseiam-se no estudo das
probabilidades, confirmando-se a hipótese se a probabilidade for inferior a 0,057 e rejeitando-
se se superior a esse valor.
Com a finalidade de se saber quais os factores que influenciam as opiniões em função de
algumas variáveis, testaram-se as hipóteses formuladas anteriormente no estudo, na tentativa
de encontrar alguma diferença estatisticamente significativa entre as variáveis em causa,
resumidas no quadro seguinte:
Quadro 9 – Teste U de Mann-Whitney
DAI OG
_ _ Z P
X X
NAUDI 36,45 35,51 -0,237 0,813 p>0,005
7
Utilizaram-se os seguintes níveis de significância: p ≥0.05 – não significativo; p<0.05 – significativo; p<0.01 – bastante
significativo e p<0.001 – altamente significativo
13
contributo para uma gestão eficaz, sendo os OG quem apresenta uma opinião mais
favorável.
- Não existem diferenças estatísticas significativas, uma vez que p>0,005 (p=0,138), o que
nos leva a concluir que a hipótese formulada (H6) é aceite nesta variável, isto é, A avaliação
da actividade de auditoria interna influencia o seu contributo para uma gestão eficaz, sendo
os OG quem apresenta uma opinião mais favorável.
Destaca-se ainda, que os Directores de Auditoria Interna são os que mais referem que
o número de auditores nas empresas tem influência na gestão (36.45) e atribuem maior grau
de independência (36.88) e de importância na avaliação do controlo interno à actividade de
auditoria interna (42.43).
Já os Órgãos de Gestão são os que mais se reportam à importância das informações
veiculadas pela actividade de auditoria interna no processo de tomada de decisão (38.32), à
opinião solicitada na consultoria interna (37.98) e à necessidade de avaliação da própria
auditoria interna (39.15).
Contudo, apenas se constataram diferenças estatísticas altamente significativas para o
grau de importância (p=0,000). Nas restantes hipóteses não se verificam diferenças
estatisticamente significativas. Ou seja, os sujeitos da amostra consideram que a actividade de
auditoria interna contribui para uma gestão eficaz o que dá resposta à questão inicialmente
formulada, uma vez que contribuindo ela é importante para a gestão, embora de forma
insuficiente relativamente ao que era esperado.
CONCLUSÃO
14
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