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Apostila Administrativo

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APOSTILA DE DIREITO

ADMINISTRATIVO I

PROFESSORA RENATA VELLO


2

Plano de aula 1: Direito Administrativo I: Premissas


iniciais.
- Estrutura:

1. Surgimento do Estado de Direito: Contexto histórico; Estado, Governo e


Administração Pública; Poderes e funções do Estado; 2. Direito Administrativo:
Conceito; Objeto de estudo; Fontes do Direito Administrativo; Interdisciplinaridade
com os demais ramos do Direito; 3. Função Administrativa: Distinção entre as
funções públicas; Conceito; Critérios de identificação da função administrativa;
Funções típicas e atípicas dos poderes.

- Resumo:

- Administração Pública:

a) Sentido material/objetivo: administração pública: atividade administrativa


que realiza a função administrativa, ou seja, que realiza o exercício de atividades
que atendam o interesse coletivo.

b) Sentido formal/subjetivo: Administração Pública: Conjunto de órgãos,


entidades e pessoas instituídas para a consecução dos objetivos do Estado.

OBSERVAÇÃO: Ressalta-se que a atividade administrativa pode ser prestada por


pessoas que estão fora da administração pública (pessoas jurídicas de direito
privado que prestam serviços públicos - concessionárias e permissionárias de
serviços públicos).

- Governo X Administração:
a) Governo: Conjunto de poderes e órgãos constitucionais: que tem a função de
conduzir politicamente a Administração, fixando comandos e objetivos para o
Estado.
b) Administração: Realiza a função administrativa.

- Funções: legislativa, judiciária, administrativa e política.


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- Funções típicas e funções atípicas: Não é só o Poder Executivo que exerce a


função administrativa.

Caso Concreto:

É correto afirmar que o Direito Administrativo é fruto de construções


jurisprudenciais? Discorra a respeito, identificando na Constituição de 1988 os
artigos que refletem o pensamento dos principais articuladores da Revolução
Francesa de 1789.

Leitura recomendada:
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&arti
go_id=258;

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016.
Pags. 43 a 61.

Plano de aula 2 de Direito Administrativo I: Princípios


administrativos:

- Estrutura:

1. O Direito como Regras e Princípios: Expressos/Reconhecidos 2. Princípios


Administrativos Constitucionais

- Resumo:

- Regras e princípios
- Princípios do Artigo 37 da CF:

1) Princípio da Legalidade:

- Legalidade privada X Legalidade pública
- Legalidade: sentido amplo
- Legalidade


X Reserva Legal
- Exceções à Legalidade: Medidas provisórias, Estado de Defesa
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e Estado de Sítio.

2) Princípio da Impessoalidade:

- A administração não deve tratar todos os administrados levando em consideração


os interesses pessoais do gestor, devendo agir sem discriminações, favoritismo ou
perseguições. (decorre do Princípio da igualdade ou isonomia).


- Pode ser analisado sob dois aspectos:

a) Dever de atendimento ao interesse público;


b) A atividade administrativa exercida por um agente é imputada ao órgão ou


entidade e não ao agente.
- Aplicações concretas: concurso, licitação, nepotismo
(Resolução 7 do CNJ e Súmula Vinculante 13).


- Artigo 37, § 1º: o dever de publicidade dos atos e programas dos órgãos públicos
de forma desvinculada da pessoa dos administradores públicos, impedindo que
constem nomes, símbolos e imagens que representem promoção pessoal de
qualquer autoridade pública, devendo ter por objetivo o caráter educativo,
informativo ou de orientação social.

3) Princípio da Moralidade:

- O princípio exige que a Administração e seus agentes atuem em conformidade


com princípios éticos, de boa administração, de probidade, de função
administrativa, do bem comum.
- Difere do Princípio da moralidade comum.

- Artigo 37, § 4º da CF e Lei nº 8.429/92 e art. 5º, LXXIII da CF (ação popular).

4) Princípio da Publicidade:

- Divulgação dos atos administrativos.


- Decorre do fato de que o administrador exerce função pública.

- Representa:
a) condição de eficácia do ato;
b) contagem de prazo;
c) Controle


do ato e tem ainda efeito inibitório.
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- Publicidade X publicação: A primeira não se extingue na segunda.


- Alguns artigos Constitucionais:
a) 37 da CF (Princípio administrativo)
b) Art. 5º


XXXIII da CF (direito à informação): artigo regulamentado pela Lei nº 12.527 de
18/11/2011 (Lei de acesso à informação) com incidência sobre toda a administração
direta e indireta e entidades privadas que receba recursos públicos diretamente ou
mediante convênios, subvenções etc...

OBS: Questão controvertida diz respeito à divulgação ou não de vencimentos brutos


mensais dos servidores, ficando decidido que o fato se coadunava com o princípio
da publicidade, salvo CPF, RG e endereço.
c) Art. 5º LXXII da CF (Habeas Data).

- Mandado de Segurança X Habeas Data: Primeiro protege direto líquido e certo (de
informação ou certidão) e o segundo só protege quando se tratar de informação
sobre a sua pessoa.


- Exceções:

a) segurança da sociedade ou Estado (inciso XXXIII do art. 5º);
b) quando violarem


a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem (inciso X do artigo 5º).


- Art. 37, § 1º da CF: dever de publicidade que deve respeitar os objetivos da CF,
para informar, orientar e educar, não podendo ser utilizada a propaganda pessoal,
que caracteriza ato de improbidade administrativa.

5) Princípio da Eficiência:

- Exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e


rendimento funcional.


- Tinha previsão na Lei 8987/95, que dispõe sobre a concessão e permissão de


serviço público.

- Em relação ao servidor: o artigo 41 da CF prevê como garantia da estabilidade:


concurso, nomeação 3 anos de efetivo exercício e avaliação prévia de desempenho
e depois poderá perde-la por avaliação periódica. (esta ainda não regulamentada).


- Art. 169 da CF: não pode exceder com despesas de pessoal os limites previstos
na Lei Complementar 101/00, que dispõe sobre a responsabilidade fiscal e prevê
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para a União o limite de 50% da receita líquida e para Estados e Municípios 60%
(prazo de até 2 exercícios para eliminação gradual).

- Art. 37, § 3º da CF garante a participação do usuário na administração direta e


indireta: regulamentado pela Lei 12527/2011.


- Art. 5º, LXXVIII: Reforma do Judiciário: EC 45/2004: celeridade.

Caso Concreto:

O prefeito do município "P", conhecido como João do P, determinou que, em todas


as placas de inauguração das novas vias municipais pavimentadas em seu mandato
na localidade denominada E, fosse colocada a seguinte homenagem: À minha
querida e amada comunidade E, um presente especial e exclusivo do João do P, o
único que sempre agiu em favor de nosso povo! O Ministério Público estadual
intimou o Prefeito a fim de esclarecer a questão. Na qualidade de procurador do
município, você é consultado pelo Prefeito, que insiste em manter a situação.
Indique o princípio da Administração Pública que foi violado e por que motivo.

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo:
GEN/Forense, 2017;

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016.

Plano de aula 3: Princípios Administrativos II:

- Estrutura:

Princípios Reconhecidos ou Implícitos: Princípio da Supremacia do Interesse


Público sobre o interesse privado; Princípio da Indisponibilidade do Interesse
Público pela Administração; Princípios da Tutela e da Autotutela; Princípio da
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Razoabilidade; Princípio da Proporcionalidade; Princípio da Finalidade; Princípio da


Motivação; Princípio da Segurança Jurídica; Princípio da Insindicabilidade do Mérito
Administrativo; Princípio da Economicidade.

- Resumo:

1) Princípio da Supremacia do Interesse Público e da Indisponibilidade do


Interesse público:

Supremacia:

- As atividades administrativas são desenvolvidas pelo Estado para o benefício da


coletividade, não sendo o indivíduo o seu destinatário, não podendo seus direitos
serem equiparados aos direitos sociais.

- A existência de direitos fundamentais não exclui a densidade de tal princípio que


deve permear todo o direito administrativo.

Indisponibilidade:

- Os bens e interesses públicos não pertencem à administração, nem a seus


agentes.

- Bens públicos só podem ser alienados na forma da lei; há necessidade de licitação


para contratar e etc...

2) Princípio da Autotutela e da Tutela:

Autotutela:

- A administração pública pode controlar os seus atos, seja para anulá-los, quando
ilegais ou revoga-los quando inoportunos, independentemente de revisão pelo
Judiciário.

- Súmulas 346 e 473 do STF.

- Lei 9784/99 (artigos 53/54): regula o processo administrativo federal previu que o
direito de anular atos administrativos que tenham irradiado efeitos favoráveis ao
destinatário decai em cinco anos, salvo má-fé.
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- Para revogação os limites são:
a) atos vinculados;
b) atos que exauriram seus
efeitos;
c) atos que não estão na órbita de competência da autoridade.

Tutela:

- A administração indireta não está subordinada a direta, mas apenas cabe controle
de finalidade.

3) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
- Continuidade significa


ausência de interrupção, exigindo que a atividade administrativa seja prestada de
forma contínua.

- O impedimento à interrupção está excepcionado nos seguintes casos: ordem


técnica, segurança das instalações e inadimplemento.

- No caso do inadimplemento a possibilidade de corte decorre do princípio da


continuidade do serviço (corrente minoritária não admite).

- Há decisões nos Tribunais pátrios que impedem o corte do serviço, mesmo nas
hipóteses autorizadas, quando a ausência causar prejuízo irreparável, como por
exemplo, a prestação de serviços de energia elétrica a hospitais públicos,
logradouros ou repartições públicas.

4) Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade:

Razoabilidade:

- Representa um limite à discricionariedade do administrador.

- Embora não se possa adentrar no juízo de conveniência e oportunidade do


administrador é necessário examinar se houve razoabilidade em sua decisão.

Proporcionalidade:

- Exige equilíbrio entre os meios de que se utiliza a Administração e os fins que se


deseja alcançar.

- Também uma relação equilibrada entre o sacrifício imposto e a vantagem geral


obtida.
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5) Princípio da Finalidade:

- Exige que o Administrador persiga o objetivo legal: o interesse público.

- Havendo desvio de finalidade haverá abuso de poder

- Lei no 4717/65: ação popular em caso de desvio de finalidade e também Mandado


de Segurança (art. 5º, LXIX).

Caso Concreto:

José está inscrito em concurso público para o cargo de assistente administrativo da


Administração Pública direta do Estado de Roraima. Após a realização das provas,
ele foi aprovado para a fase final do certame, que previa, além da apresentação de
documentos, exames médicos e psicológicos. A lista dos candidatos aprovados e o
prazo para a apresentação dos documentos pessoais e para a realização dos
exames médicos e psicológicos foram publicados no Diário Oficial do Poder
Executivo do Estado de Roraima após 1 (um) ano da realização das provas; assim
como foram veiculados através do site da Internet da Administração Pública direta
do Estado, tal como previsto no respectivo edital do concurso. Entretanto, José
reside em município localizado no interior do Estado de Roraima, onde não circula
o Diário Oficial e que, por questões geográficas, não é provido de Internet. Por tais
razões, José perde os prazos para o cumprimento da apresentação de documentos
e dos exames médicos e psicológicos e só toma conhecimento da situação quando
resolve entrar em contato telefônico com a secretaria do concurso. Insatisfeito, José
procura um advogado para ingressar com um Mandado de Segurança contra a
ausência de intimação específica e pessoal quando de sua aprovação e dos prazos
pertinentes à fase final do concurso. Na qualidade de advogado de José, indique os
argumentos jurídicos a serem utilizados nessa ação judicial.

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
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Plano de aula 4: Organização Administrativa I:


- Estrutura:

Administração Pública Direta e Indireta: Noções Introdutórias; Federação e


Autonomia; Políticas Públicas e Repartição Constitucional de Competências;
Descentralização e Desconcentração; Princípios Regedores da Administração
Pública. 2. Administração Direta: Conceito; Natureza da Função; Composição; 3.
Órgãos Públicos: Conceito; Criação e extinção; Teorias de caracterização do órgão;
Classificação; Capacidade Processual.

- Resumo:

- Formas de prestação da atividade administrativa:


a) Centralização: Quando o Estado executa diretamente suas tarefas por meio de
órgãos e agentes integrantes das pessoas políticas: União, Estados, DF e
Municípios. (Administração direta).

- Na centralização ocorre a desconcentração, para que cada ente possa executar


atividades administrativas, por intermédio de uma divisão interna de tarefas.
b) Descentralização: Buscando a eficiência e a especialização no exercício da
função pública, o Estado pode transferir a execução de suas tarefas a pessoas
jurídicas criadas para esse fim (Administração indireta) ou para particulares.
(Princípio da especialidade)

- Desconcentração e Descentralização:

a) Desconcentração: Distribuição de competências no âmbito de uma mesma


pessoa jurídica (exemplo: distribuição de atribuições da União entre os diversos
Ministérios ou de uma autarquia dentro de sua própria estrutura).

b) Descentralização: Há um deslocamento de competências para uma nova


pessoa que pode ser física ou jurídica.
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- Diferenças:
1) distribuição dentro da mesma pessoa jurídica X deslocamento para uma nova
pessoa que pode ser física ou jurídica;
2) Baseia-se na hierarquia X Não há hierarquia e sim controle e fiscalização sem
subordinação;
3) Transferência entre órgãos da mesma pessoa política X Transferência para as
pessoas da administração indireta ou particulares.

- Descentralização administrativa X Descentralização política (autonomia ou


soberania).

- Descentralização pode ser: por outorga ou por delegação:

a) Outorga: Quando se transfere a titularidade do serviço público, não podendo


sair das mãos do poder público, realiza-se por lei. (autarquias e fundações
públicas de direito público).

b) Delegação: Quando se transfere somente a execução dos serviços públicos,


que pode ser por lei, contrato ou ato administrativo unilateral. (empresas públicas,
sociedades de economia mista e particulares).

- Administração Direta e Administração indireta:

a) Direta: Composta por órgãos que compõe a estrutura dos entes federativos
e não tem personalidade jurídica própria.

b) Indireta: Composta por entidades que possuem personalidade jurídica


própria e são responsáveis pela execução de atividades administrativas que
precisam ser desenvolvidas de forma descentralizada.
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- Características:
a) personalidade jurídica própria: responsáveis por seus atos;
b) patrimônio próprio;
c) capacidade de autoadministração e receita própria;
d) lei cria ou autoriza a criação (também para extinguir);
e) finalidade específica, definida por lei;
f) sem fins lucrativos, embora possam ter lucros;
g) não estão subordinadas à administração direta, mas sim sujeitas ao controle.

- Administração indireta:

- Podem praticar: serviços públicos ou atividade econômica e podem ser


pessoas jurídicas de direito público (autarquias e fundações públicas de direito
público) ou pessoas jurídicas de direito privado (empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações públicas de direito privado).

- Órgãos Públicos:

- A administração direta e indireta para prestação de suas atividades precisa


distribuir os encargos de sua competência através de suas diversas unidades.

- Em razão do Princípio da Legalidade, dependem de previsão legal para a sua


criação e previsão de sua competência e estrutura organizacional.

- Diversas teorias surgiram para explicar as relações do Estado com os agentes


públicos:

a) Teoria do Mandato: agente público é mandatário da pessoa jurídica.

b) Teoria da Representação: agente público é representante do Estado por força


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de lei, equiparando-se a figura do curador ou tutor.

c) Teoria do Órgão: A pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos
órgãos. (substitui a ideia de representação pela de imputação: É o próprio Estado
que pratica os atos já que o órgão é parte integrante da pessoa jurídica).

- Admite-se excepcionalmente órgão público em juízo em busca de prerrogativas


funcionais, agindo como sujeito ativo. (Essa situação é aceita para órgãos mais
elevados na estrutura estatal, aqueles de patamar constitucional).

- Classificação:

1) Quanto à posição estatal:


a) Órgãos independentes: Tem origem constitucional: Tribunais, casas legislativas
b) Órgãos autônomos: Cúpula da Administração: Imediatamente subordinados aos
independentes: PGJ, Ministérios, Secretarias, PGE.
c) Órgãos superiores: São as primeiras repartições dos órgãos independentes e
autônomos: Secretarias, Procuradorias administrativas e judiciárias,
coordenadorias.
d) Órgãos subalternos: Reduzido poder decisório.

2) Quanto à esfera de atuação:


a) Centrais: Atribuição em todo o território nacional;
b) Locais: Atuação em parte do território:

3) Quanto à estrutura:
a) Simples: Um centro de competência;
b) Compostos: Reúnem mais de um órgão em sua estrutura: Secretaria de saúde e
hospitais; Secretaria de educação e escolas.

4) Quanto à atuação funcional:


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a) singulares: Atuam por agentes singulares;


b) Colegiados: Atuam pela vontade de seus membros: Tribunais, assembleias.

5) Quanto às funções:
a) Ativos
b) Consultivos
c) Controle

Caso concreto:

O Prefeito de uma Cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro editou decreto


promovendo uma ampla reformulação administrativa, na qual foram previstas a
criação, a extinção e a fusão de órgãos da administração direta e de autarquias
municipais. Alegou o governo municipal que, além de atender ao interesse público,
a reformulação administrativa inseria-se na competência do Poder Executivo para,
no exercício do poder regulamentar, dispor sobre a estruturação, as atribuições e o
funcionamento da administração local. Em face dessa situação, responda, de forma
fundamentada, se é considerada legítima a iniciativa do chefe do Poder Executivo
municipal de, mediante decreto, promover as mudanças pretendidas.

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo:
GEN/Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016.

Plano de aula 5: Organização da administração II:

- Estrutura:

Administração Pública Indireta: Conceito; Composição; Princípios gerais; 2.


Autarquias: Conceito; Criação, Organização e Extinção; Patrimônio e pessoal; Atos
e contratos; Responsabilidade Civil; Prerrogativas Autárquicas; Agências
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Autárquicas Reguladoras e Executivas; 3. Fundações Públicas: Introdução; A


Polêmica Sobre a Natureza Jurídica das Fundações; Criação e Extinção; Regime
Jurídico; Controle. 


- Resumo:

- Administração indireta:

- Podem praticar: serviços públicos ou atividade econômica e podem ser pessoas


jurídicas de direito público (autarquias e fundações públicas de direito público) ou
pessoas jurídicas de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações públicas de direito privado).

Autarquias:

- Conceito:

- Pessoa jurídica de direito público, integrante da administração indireta, criada por


lei, para desempenhar funções típicas do Estado. (serviço público).

- patrimônio e recursos próprios: que podem ser transferidos pela administração


direta ou adquiridos pela própria autarquia.

- Não são subordinadas a órgão nenhum.

- exemplos:
a) autarquias assistenciais: INCRA- Inst. Nacional de colonização da reforma
agrária, ADA- Agência de desenvolvimento da Amazônia, ADENE- Agência de
desenvolvimento do nordeste;
b) previdenciárias: INSS;
c) Culturais: UFES;
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d) profissionais: CRM, CRO, CRAdm;


e) administrativas: INMETRO (agência executiva), IBAMA;
f) controle: agências reguladoras: ANA, ANP, ANS, ANEEL.

- Regime Jurídico:
a) criação e extinção: lei ordinária específica: artigo 37, XIX da CF.

b) Controle: interno e externo (adm. Direta, poder judiciário, poder legislativo e


cidadãos): não há hierarquia

c) Atos e contratos: Autarquia em suas relações com terceiros recebem tratamento


equivalente ao das pessoas jurídicas da administração direta: Atos: sujeito
competente, forma prescrita em lei, motivo legal, objeto lícito e finalidade pública:
presunção de legitimidade, executoriedade e imperatividade.

- licitação.

- cláusulas exorbitantes (rescindir unilateralmente, aplicar penalidade, ocupar


provisoriamente os bens para a continuidade dos serviços)

d) Responsabilidade civil:
- personalidade jurídica própria: ela responde. (Estado tem responsabilidade
subsidiária).
- 37, § 6º (atos comissivos: responsabilidade objetiva e atos omissivos: subjetiva).

e) Prescrição:
- prazo prescricional é de 5 anos.
- ressarcimento: imprescritível.

f) bens autárquicos:
- inalienáveis: salvo: retirada da destinação pública, autorização legislativa,
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avaliação prévia, interesse público e licitação: artigo 17 da Lei 8.666/93.


- impenhoráveis.
- não podem ser objeto de usucapião: artigo 102 do CCB.

g) débitos judiciais:
- precatório: artigo 100 da CF

h) privilégios processuais:
- execução fiscal
- regras de competência
- prazo em quádruplo para contestar e dobro para recorrer. (salvo leis especiais)

i) imunidade tributária condicionada:


- 150, § 2º da CF: veda a instituição de imposto sobre o patrimônio, a renda e os
serviços das autarquias, desde que vinculadas às suas finalidades essenciais ou as
que dela decorrem. (Incide a imunidade sobre uma casa de gerador de energia, mas
não sobre a casa do reitor ou diretor da autarquia).
- Afasta a cobrança dos impostos.

j) Sujeitas ao controle pelo Tribunal de Contas:

l) Regime de pessoal:

- Autarquias profissionais:

- Inicialmente tinham natureza autárquica.


- Depois, a lei 9.649/98 que dispõe sobre a organização da Presidência da
República e seus Ministérios passou a definir tais conselhos de classe como
entidades privadas por delegação do poder público, sem vínculo hierárquico.
- Esta lei sofreu controle de constitucionalidade em sede da ADI 1717-DF conferindo
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natureza de autarquia federal a estas entidades.


- Autarquias federais: anuidade: contribuições são tributárias e submetem-se ao
princípio da reserva legal.
- OAB:
- Regime sui generis: categoria ímpar.
- Não é autarquia mas o STF não define o que é.
- Contribuições não tem natureza tributária: não sendo cabível execução fiscal.
- Não se subordina à fiscalização do TCU.
- O provimento dos empregos da OAB não precisa ser por concurso.
- No entanto: julgamento das demandas: Justiça Federal.

- Autarquias territoriais:
- Não fazem parte da administração indireta mas são apenas desmembramentos
geográficos.
- Não gozam de autonomia: territórios.

- Agências reguladoras: autarquias em regime especial:

- O Governo Federal pensando em reduzir o déficit público criou o Programa


Nacional de Desestatização que permitia a transferência de atividades que o Estado
exercia de forma dispendiosa para a iniciativa privada.
- Isso exigiu a instituição de agências reguladoras: art. 21 XI e art. 177, parágrafo
segundo, III da CF
- Função: Exercer a regulamentação, o controle e a fiscalização sobre atividades
estatais ou atividades econômicas ou bens transferidos aos particulares.
- Devem ater-se aos aspectos técnicos e indicar providencias subalternas as leis.
- Regime especial: confere maior estabilidade, independência e especialização a
estas autarquias.
- Exemplos: ANEEL, ANATEL, ANTT, ANTAQ, ANAC, ANCINE, ANP, ANVISA,
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ANS, ANA, CVM.


- Confundem-se: AEB- Agência espacial brasileira: autarquia; ABIN: órgão; APEX
e ABDI: serviços sociais autônomos.

- Regime especial:
- Investidura de seus dirigentes por nomeação do PR e esta nomeação depende de
aprovação pelo Senado Federal.
- Garantia de mandato certo que não ultrapasse o mandato do PR.
- Só perdem o mandato em caso de renúncia, condenação transitada em julgado ou
processo administrativo disciplinar ou outros casos em que a norma criadora da
agência estabeleça.
- Terminado o mandato: o Ex-dirigente ficará impedido por 4 meses de atuar no
setor regulado pela agencia: quarentena. (ANATEL e ANEEL: 12 meses).

- Regime de pessoal:
- Estatutário.
- Exigência de concurso público.
- contratos temporários: excepcionalidade: artigo 37, IX da CF.
- Licitação.

- Agências executivas:

- Não são uma nova modalidade e sim uma qualificação a ser dada a uma autarquia
ou fundação pública.
- São chamadas de agências, mas não se confundem com as reguladoras.
- Se destinam a exercer atividade estatal e não a fiscalizar atividade exercida por
particular. Só que com melhor desenvoltura e de modo mais eficiente.
- Mais eficiência X Maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira e outros
privilégios.
- Esta qualificação é conferida por decreto do PR e é desqualificada também por
decreto.
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- Requisitos para expedição do Decreto pelo PR:


a) Plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
b) Contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor, momento em que o
Executivo definirá regras para conferir a essas pessoas jurídicas uma maior
autonomia de gestão e disponibilidade de recursos para a implementação de suas
metas em um prazo mínimo de 1 ano.
- Ampliação dos limites para dispensa de licitação e maior autonomia.
- Exemplo: INMETRO.

- Fundações:

- Fundação: patrimônio destacado por um fundador para uma finalidade específica.

- Fundações públicas e privadas:


a) Se o instituidor é um particular: submete-se a regras de direito civil.
b) Se instituída pelo poder público: esta fundação é pública.

- Natureza jurídica: fundações públicas: divergência:


a) Celso Antônio Bandeira de Mello: natureza pública
b) Hely Lopes: fundações públicas: natureza pública.
c) Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Depende da lei instituidora (predomina)

- Fundação pública de direito privado: fundação governamental:


- Regime privado híbrido.
- Lei autoriza a sua criação.
- MP não fiscaliza e sim TC.
- responsabilidade objetiva do estado quando prestadoras de serviço público.
- licitação.
- Regime de emprego.
- Exemplo: Fundação Padre Anchieta Rádio e TV educativa, FGV, FCAA.
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- Fundação pública de direito público: autarquia fundacional:


- Mesmo tratamento de autarquia.
- Exemplo: autarquia fundacional: IBGE, UERJ, FUNAI, FIOCRUZ.

Caso Concreto:

O Governador do Estado X, após a aprovação da Assembleia Legislativa, nomeou


o renomado cardiologista João das Neves, ex-presidente do Conselho Federal de
Medicina e seu amigo de longa data, para uma das diretorias da Agência
Reguladora de Transportes Públicos Concedidos de seu Estado. Ocorre que,
alguns meses depois da nomeação, João das Neves e o Governador tiveram um
grave desentendimento acerca da conveniência e oportunidade da edição de
determinada norma expedida pela agência. Alegando a total perda de confiança no
dirigente João das Neves e, após o aval da Assembleia Legislativa, o governador
exonerou-o do referido cargo. Considerando a narrativa fática acima, responda aos
itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a
fundamentação legal pertinente ao caso. A) À luz do Poder Discricionário e do
regime jurídico aplicável às Agências Reguladoras, foi juridicamente correta a
nomeação de João das Neves para ocupar o referido cargo? B) Foi correta a
decisão do governador em exonerar João das Neves, com aval da Assembleia
Legislativa, em razão da quebra de confiança?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo:
GEN/Forense, 2017.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016
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Plano de aula 6: Organização Administrativa III:

- Estrutura:

Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista: Conceito; Personalidade


Jurídica; Objeto e função social; Criação e extinção. Subsidiárias; Licitação; Atos e
contratos; Diferenças entre as Entidades; 2. Consórcios Públicos: A Análise do Art.
241 da Constituição com Redação dada pela EC 19/98; A Composição Heterogênea
do Consórcio Público; Gestão Associada de Serviço Público; A Personalidade
Jurídica do Consórcio Público; Prerrogativas dos Consórcios para atingir suas
finalidades; Criação e regime jurídico; Controle; Instrumentos dos consórcios;
Licitação dos consórcios.

- Resumo:

- Empresas públicas:
- Pessoa jurídica de direito privado,
- Autorizada por lei,
- Constituída sob quaisquer das formas admitidas em direito,
- Capital unicamente público,
- Presta serviço público ou explora atividade econômica.
- Exemplos: BNDES, ECT, Caixa Econômica Federal, A casa da moeda, EMBRAPA
e INFRAERO.

- Sociedade de economia mista:


- Pessoa jurídica de direito privado,
- Autorizada por lei,
- Constituída sob a forma de sociedade anônima,
- Capital misto: ações com direito de voto pertencem em sua maioria ao ente público
e o remanescente acionário à propriedade particular.
- Presta serviço público ou explora atividade econômica.
- Exemplos: Banco do Brasil, Petrobrás, Bancos estaduais, Eletrobrás, Telebrás.

- REGIME JURÍDICO:
- Regime híbrido.
23

- Quando exploradora de serviço público: regime se aproxima do regime público e


quando exploradora de atividade econômica o seu regime mais se aproxima do
regime privado.
- Hoje o artigo 173, parágrafo primeiro da CF: possibilidade de um regime especial
(mas ainda não há este estatuto próprio).

- CRIAÇÃO E EXTINÇÃO:
- Lei autorizativa específica: indicando a sua finalidade e atribuições.
- Além disso, dependem de registro no órgão competente: Cartório de registro civil
de pessoas jurídicas ou Junta Comercial (natureza empresarial).
- Também as subsidiárias.

- CONTROLE:
- Tribunal de Contas, controle da administração direta e da população por ação
popular.
- Em face das sociedades de economia mista o entendimento do STF era pela
impossibilidade. Desde 2005, entende-se pela possibilidade.

- LICITAÇÕES E CONTRATOS:
- Depende: se prestadora de serviço público ou exploradoras de atividade
econômica.
- Quando presta Serviço Público: seguem as normas de licitação (Lei 8.666/93 e Lei
10.520/02); também quanto aos contratos regime público.
- Quando exploradora de Atividade econômica: o artigo 173, § 1º, III: diz que elas
poderão ter regime especial, mediante estatuto jurídico próprio. (podem sujeitar-se
a regime simplificado já que precisam competir com a iniciativa privada): O que não
significa ausência de licitação. Este regime especial depende de lei: Lei 13.303/2016
- Cabe dispensa e inexigibilidade.
- A administração pode contratar diretamente com elas. (casos especificados na lei)
- E a Petrobrás? Sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica
que pode adotar um sistema simplificado de licitação em razão da Lei 9.478/97
24

(mesmo antes da EC 19/98), que autoriza que isso seja feito por Decreto do PR.
Ocorre que de acordo com o artigo 173, § 1º da CF: precisa ser feito por lei. Duas
posições:
a) TCU: Entende pela inconstitucionalidade da lei 9478/97: mesmo não podendo
declarar em abstrato.
b) STF: admitiu em liminar até o julgamento do mérito (MS 25888) que ainda não
ocorreu.

- Recentemente o mesmo aconteceu com a Eletrobrás que tem a mesma natureza


jurídica.

NOTE: O TCU NÃO SE OPÕE AO REGIME DIFERENCIADO, MAS DIZ QUE


PRECISA SER POR LEI E NÃO DECRETO DO PR E ALÉM DISSO, DEVERIA SER
COMUM A TODAS AS EMPRESAS ESTATAIS EXPLORADORAS DE ATIVIDADE
ECONÖMICA.

- EBCT: Tratamento de Fazenda Pública: elas devem licitar. O que ocorre é que em
relação a encomendas não há monopólio então deveriam ser licitadas as execução
destas por particulares, o que não ocorre. (muito criticado).

- REGIME TRIBUTÁRIO:
- Se exploradoras de atividade econômica tratamento igual a de empresas privadas.
- No que tange as exploradoras de serviço público temos duas situações:
a) Quando prestadora de serviço obrigatório e exclusivo do Estado: EBCT,
INFRAERO: IMUNIDADE RECÍPROCA. (desde que ligados as atividades
essenciais): Há imunidade.
b) Quando prestadora de outro serviço público: Haverá imunidade:
1) Bens, patrimônio e serviços utilizados na satisfação de objetivos do ente
federado;
2) Atividade não destinada a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares;
3) Não comprometer a livre concorrência;
25

4) Não há contraprestação ou pagamento de tarifa pelo usuário.

Exemplo: Repercussão geral 580264: saúde: hospitais.

- RESPONSABILIDADE CIVIL:
- Para a prestadora de serviço público: responsabilidade objetiva independente de
a vítima ser ou não a usuária: artigo 37, § 6º da CF e o Estado responde
subsidiariamente.
- Se exploradora de atividade econômica responde igual a um particular e o Estado
não responde subsidiariamente.

- REGIME DE PESSOAL:
- As pessoas jurídicas de direito privado: empregados celetistas.
- Concurso público: (nas exploradoras de atividade econômica: reconhece-se uma
atenuação quando sua efetivação venha a obstar uma necessidade imediata ou
quando exigir maior qualificação, além da contratação temporária).
- Teto: submetem-se salvo se a empresa não receber recursos da adm. Direta para
pagamento de pessoal.
- Proibição de acumulação de cargos, salvo hipóteses constitucionais.
- Sujeitos aos remédios constitucionais.
- Lei de improbidade e lei penal: funcionários públicos.
- Estabilidade: não.
- Dispensa: necessidade de motivação: TST não precisa. (Cuidado: EBCT: próprio
TST: reconhece a equiparação a Fazenda pública. (dispensa motivada): questão
pendente no STF RE 589998.

- PRIVILÉGIOS PROCESSUAIS:
- Não há.

- BENS:
26

- Tema ainda muito divergente: se prestadora de atividade econômica o regime de


bens é privado e se prestadora de serviço público bens públicos se ligados a
prestação do serviço.

- FALÊNCIA:
- A nova lei de falência: recuperação judicial e extrajudicial não faz distinção: Alguns
autores dizem que não pode haver falência mesmo quando exploradoras de
atividade econômica.
- Mas o artigo 173, § 1º: equipara estas as empresas privadas quanto obrigações
trabalhistas, civis, tributárias e comerciais.

- TRAÇOS COMUNS:
- pessoa jurídica de direito privado
- regime híbrido.
- Controle estatal
- Vinculação as finalidades.

- TRAÇOS DISTINTIVOS:
- Forma de organização: empresas públicas qualquer forma empresarial as
sociedades de economia mista sempre S.A (comercial).
- Empresas públicas o capital é todo público e na Sociedade de economia mista o
capital é misto, exigindo-se a participação majoritária do poder público.
- Competência: empresa pública federal como autora, ré, assistente ou opoente:
Justiça Federal e se Sociedade de economia mista ainda que federal a competência
é da Justiça Estadual (Súmula 556 do STF) que só será da Justiça Federal quando
interesse da União (Súmula 517 do STF).

- Consórcios Públicos:

- Constitucionalidade:
27

- O art. 241 da CF com redação determinada pela EC 19/98 estabelece:


A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre entes federados, autorizando
a gestão associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e
bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.

- A Lei Federal nº 11.107/2005 dispõe sobre normas gerais para todos os entes
contratarem consórcios públicos. Discute-se se seria inconstitucional, uma vez que,
pelo art. 241 da CF a competência seria de todos os entes? Para se compatibilizar
a lei com a CF é preciso interpretá-la de acordo com a natureza contratual por ela
conferida ao consórcio, isso porque, o artigo 22, XXVII da CF dispõe acerca da
competência da União para legislar sobre normas gerais em contratos.

- Conceito
- Os consórcios são pessoas jurídicas formadas exclusivamente por entes da
federação para estabelecer relações de cooperação federativa.
- No entanto não haverá consórcio público entre a União e Municípios, uma vez que
a lei determina (art. 1º, § 2º) que a União só participará quando os Estados em cujos
territórios estejam situados os Municípios também participarem.
- Também não haverá consórcio público entre um Estado e Município de outro
Estado.
- Podem, no entanto, ser celebrados consórcios entre o Distrito Federal e
Municípios.

- Formação:
- O consórcio será constituído por contrato, cuja celebração dependerá da prévia
subscrição de protocolo de intenções.
- Antes da celebração do contrato haverá ratificação mediante lei do protocolo de
intenções (contrato preliminar)
- Também a extinção do contrato deve ser ratificado por lei por todos os
consorciados.
28

- O consórcio terá prazo determinado.


- Pode ser constituído sob a forma de direito público e direito privado
- Representante legal: deve ser eleito dentre os chefes do executivo dos entes da
Federação consorciados.
- Fiscalizados pelo Tribunal de Contas.
- Art. 2º, §1º, III dispensada a licitação para contratação pela administração direta e
indireta.

Caso concreto:

Os municípios X, Y e Z, necessitando estabelecer uma efetiva fiscalização sanitária


das atividades desenvolvidas por particulares em uma feira de produtos agrícolas
realizada na interseção territorial dos referidos entes, resolvem celebrar um
consórcio público, com a criação de uma associação pública. A referida associação,
de modo a atuar com eficiência no seu mister, resolve delegar à Empresa ABCD a
instalação e operação de sistema de câmeras e monitoramento da entrada e saída
dos produtos. Diante da situação acima apresentada, responda aos itens a seguir:
A)Pode a associação pública aplicar multas e demais sanções pelo
descumprimento das normas sanitárias estabelecidas pelo referidos entes X, Y e Z
B) É possível que a referida associação pública realize a delegação prevista para a
empresa ABCD?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. São Paulo:
GEN/Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

Plano de aula 7: Atos administrativos I:

- Estrutura:

1. Atos Administrativos: Conceito; Atos administrativos e atos da administração;


Elementos ou Requisitos do Ato Administrativo; 2. Mérito Administrativo: Controle
29

do Mérito; Teoria dos Motivos Determinantes; 3. Classificação dos Atos


Administrativos: Quanto a Elaboração, ao Objeto, aos efeitos; aos destinatários; ao
regramento; à manifestação de vontade.

- Resumo:

- Fatos e atos: Fato é qualquer acontecimento e ato é toda conduta imputável ao


homem, que decorre de uma manifestação de vontade.

- Fatos jurídicos e atos jurídicos: Fato jurídico são os acontecimentos aos quais
o direito assegura efeitos jurídicos e ato jurídico é o ato humano decorrente de uma
manifestação de vontade que desencadeia efeitos jurídicos.

- Fatos administrativos e atos administrativos: São acontecimentos e atos


humanos relevantes para o direito administrativo.

Atenção: O ato administrativo necessita de qualificações especiais: agente público,


objeto relacionado ao interesse público. (espécie de ato jurídico).

- Atos da administração e atos administrativos:

1) Atos da administração: atos praticados pela Administração Pública.

- Podem ser:


1.1. Atos privados (compra e venda, locação, doação)

1.2. Atos materiais/sem manifestação de vontade (demolição de obra, apreensão


de mercadorias)

1.3. Atos administrativos.

2) Atos Administrativos: atos praticados ou não pela Administração Pública, sob o


regime público, praticados por agentes públicos no exercício da função
administrativa, com finalidade pública. (os atos administrativos podem ser
praticados fora da administração).

- Critério adotado é o objetivo. (subjetivo leva em consideração quem realiza).

- Sentido amplo e estrito:



30

a) amplo: abrange normas gerais complementares à lei;

b) estrito: atos concretos e unilaterais.
- Vinculação e discricionariedade dos atos


administrativos.

- Elementos/Requisitos dos atos administrativos:

- Sujeito competente, forma, motivo, objeto e finalidade.

1) Sujeito competente:

- Os atos administrativos devem ser praticados por agentes públicos (ampla


acepção). - São autoridades para fins dos remédios constitucionais.

- Competência: lei ou normas organizacionais (este último competência de órgãos


de menor hierarquia).

- Irrenunciável (dever poder), imodificável pelo titular.

- Delegação e avocação (desde que não vedadas: exemplos: atos de caráter


normativo, decisão de recurso administrativo.

2) Forma:

- Deve ser realizado de acordo com as formalidades da lei.

- Procedimento administrativo prévio: devido processo legal.

- Princípio da solenidade: em regra os atos administrativos devem ser por escrito.


(contratos verbais só os de pronto pagamento e os que não ultrapassem o valor de
R$ 4.000,00 - art. 60 da Lei no 8.666/93).

- A inobservância da forma torna o ato inválido, mas exige-se sempre um


comedimento da razoabilidade para verificação se é caso de irregularidade sanável
ou insanável (por afetar o próprio conteúdo do ato- declaração de utilidade de imóvel
para desapropriação, demissão de estável sem processo administrativo,
contratação sem licitação).

3) Motivo:

- Representa as razões que justificam a edição do ato. É a situação de fato e de


31

direito que gera a vontade do agente quando da prática do ato administrativo.

- Pressupostos de fato e de direito.


- Ilegalidade do motivo:


a) O motivo não é verdadeiro.


b) Não há correspondência entre o motivo declarado e o previsto em lei.

c) Inexiste congruência entre o motivo e o resultado do ato.

d) Motivo não é razoável e proporcional.

- Motivo e móvel:

a) Motivo é uma situação objetiva, real;

b) Móvel é a intenção, o propósito do agente.

- Nos atos discricionários o móvel assume relevante papel e se este for viciado por
sentimentos de favoritismos ou perseguições o ato é inválido.

- De outro lado, nos atos vinculados o móvel é irrelevante e em não invalida o ato. -
Motivo e motivação:


a) Motivo: São os fatos e fundamentos jurídicos que justificam a prática do ato;


b) Motivação: São as justificativas dos atos administrativos.

- Artigo 93 X e artigo 5o XXXV da CF.

- Alguns atos administrativos não necessitam de motivação: exoneração ad nutum.

- Se houver a motivação e esta for não verdadeira o ato será inválido

- Teoria dos motivos determinantes: O administrador fica preso aos motivos


declarados ao tempo da edição do ato. (exceção: desapropriação).

4) Objeto:

- Resultado prático do ato.


32

- Requisitos: Objeto lícito, possível e ao menos determinável.

5) Finalidade:

- Geral e específica.

- Há desvio de finalidade ainda que a intenção não seja viciada, mas haja
incompatibilidade entre a finalidade do ato e a finalidade da lei.

- Discricionariedade e vinculação:

- Motivo e objeto (Nos atos discricionários estes são os elementos que podem ser
discricionários enquanto o sujeito, a forma e a finalidade em regra são vinculados).

- Os elementos discricionários não podem ser reapreciados pelo Poder Judiciário,


salvo se ilegais/inconstitucionais.

- Discussão sobre a separação de poderes.

- Classificação dos atos administrativos quanto à intervenção da vontade


administrativa: Atos simples, compostos e complexos:

a) Atos simples: resultam de uma única manifestação de vontade de um órgão da


administração. Este órgão pode ser singular ou colegiado. Exemplo: licença de
habilitação para dirigir, nomeações do PR, deliberações de um conselho.

b) Atos compostos: Dependem de mais de uma manifestação de vontade, mas


estas embora múltiplas representam uma só vontade, uma vez que uma é
instrumental em relação a outra. Exemplo: Uma autorização sujeita a ato
confirmatório.

c) Atos complexos: Dependem da manifestação de órgãos diversos, havendo


certa autonomia em relação a cada uma das manifestações. Exemplo: Escolha do
Ministro do STF pelo PR e referendado pelo SF.

-Ato administrativo complexo e processo:

- Os atos complexos são compostos por várias manifestações de vontade, mas o


ato é único e os processos administrativos são um conjunto de atos que levam a
um provimento final.
33

- Atos de Império, de gestão e de Expediente:
a) Atos de império: São os que


se caracterizam pelo poder de coerção decorrente do poder de império. Exemplos:
Poder de polícia, desapropriação, decretos;

b) Atos de gestão: São aqueles em que a administração age sem poder de


coerção. Exemplos: contratos, locação, compra e venda.

c) Atos de expediente: Impulsos administrativos. Exemplos: Encaminhamento de


documentos à autoridade que possua atribuição de decidir sobre mérito; a
formalização de um processo protocolado por um particular e o cadastramento de
um processo nos sistemas informatizados de um órgão público.

- Diferenças entre Permissão, autorização e licenças:

- Atos do consentimento: decorrem da anuência do poder público, não são


conferidos de ofício.

a) Licenças: Ato vinculado por meio do qual a administração confere ao interessado


consentimento para o desempenho de certa atividade.

b) Permissão: Ato administrativo unilateral (contrato?), discricionário e precário,


gratuito ou oneroso, pelo qual a administração consente que o particular execute
serviço público ou a utilização de bem público. Exemplo: banca de jornais, feiras.

- Permissão de serviço público: O artigo 175, § 1o da CF: contrato precedido de


licitação.

c) Autorização: Ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou


oneroso, pelo qual a administração consente que o particular use provisoriamente
bem público, desempenhe atividade ou pratique ato, que sem o consentimento
seriam proibidos. Exemplos: fechamento de rua para a realização de uma festa
comunitária, estacionamento de veículo particular em imóvel público, porte de arma,
circo.

Caso concreto:

Caio, Tício e Mévio são servidores públicos federais exemplares, concursados do


Ministério dos Transportes há quase dez anos. Certo dia, eles pediram a três
34

colegas de repartição que cobrissem suas ausências, uma vez que sairiam mais
cedo do expediente para assistir a uma apresentação de balé. No dia seguinte, eles
foram severamente repreendidos pelo superior imediato, o chefe da seção em que
trabalhavam. Nada obstante, nenhuma consequência adveio a Caio e Tício, ao
passo que Mévio, que não mantinha boa relação com seu chefe, foi demitido do
serviço público, por meio de ato administrativo que apresentou, como fundamentos,
reiterada ausência injustificada do servidor, incapacidade para o regular exercício
de suas funções e o episódio da ida ao balé. Seis meses após a decisão punitiva,
Mévio o procura para, como advogado, ingressar com medida judicial capaz de
demonstrar que, em verdade, nunca faltou ao serviço e que o ato de demissão foi
injusto. Seu cliente lhe informou, ainda, que testemunhas podem comprovar que o
seu chefe o perseguia há tempos, que a obtenção da folha de frequência
demonstrará que nunca faltou ao serviço e que sua avaliação funcional sempre foi
excelente. Como advogado, considerando o uso de todas as provas mencionadas
pelo cliente, indique a peça processual adequada para amparar a pretensão de seu
cliente e os fundamentos adequados

Leitura recomendada

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017;

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 8: Atos administrativos II:

Estrutura:

Espécies: Atos Normativos; Atos Ordinatórios; Atos Negociais; Atos Enunciativos;


Atos Punitivos; 2. Atributos: Imperatividade; Presunção de Legitimidade; Legalidade
e Veracidade; Autoexecutoriedade; Eficácia e Exequibilidade; Tipicidade; 3.
Extinção do Ato Administrativo; 3.1. Extinção subjetiva e objetiva; Extinção por
caducidade; Extinção por desfazimento volitivo.
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Resumo:

- Espécies: atos normativos, ordinatórios, negociais e enunciativos:

a) Atos normativos: São os que contêm comando geral e abstrato, visando à


correta aplicação da lei. (Regulamentos, decretos, instruções normativas,
Regimentos e Resoluções);

b) Atos ordinatórios: Disciplinam o funcionamento da administração (portarias,


avisos, circulares, ordens de serviços, ofícios, despachos)

c) Atos negociais: São os que têm uma declaração de vontade da administração


que coincide com a do particular e decorrem de lei (licenças, autorizações,
permissões)

d) Atos enunciativos: São os atos em que a Administração limita-se a certificar o


atestar um fato ou emitir opinião. (certidões, atestados, pareceres): para muitos
autores como não produzem efeitos imediatos não são atos administrativos e sim
atos da administração.

- Atributos dos atos administrativos:


1) Presunção de legitimidade, legalidade e veracidade:


- Presunção juris tantum: O ônus cabe a quem alega.


2) Autoexecutoriedade:


a) exigibilidade: O administrador pode decidir sem a exigência do controle do


Judiciário;

b) executoriedade: o administrador pode executar as suas decisões sem


autorização do Judiciário. (este atributo sofre limitações: multas decorrentes de
obrigações tributárias, por exemplo).

3) Imperatividade:

- A administração pode impor unilateralmente as suas determinações.

4) Tipicidade:
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- Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido
em lei.

- Formação e Efeitos dos atos administrativos:

1) Perfeição:

- A formação do ato administrativo representa um processo que vai definindo os


elementos que o compõem.

- A perfeição só ocorre quando se encerra o seu ciclo de formação, caso contrário,


são ainda imperfeitos.

- A perfeição não afasta vícios dos atos administrativos.

2) Exequibilidade:

- Não se confunde com eficácia, pois é a disponibilidade que tem a Administração


para executar o ato.

- Uma autorização concedida em dezembro que começa em janeiro (tem eficácia


em dezembro, mas ainda não tem exequibilidade).

3) Validade:

- Situação jurídica que resulta da conformidade do ato com a lei ou com outro ato
de grau mais elevado.

- Alguns autores caracterizam como inexistentes os atos em que estão ausentes um


dos seus elementos.

- Os atos podem ser:

a) Válido, eficaz e exequível;
b) Válido, eficaz e inexequível; c)Válido e ineficaz;
d)


Inválido, eficaz e exequível; e) Inválido, eficaz e inexequível; f) Inválido e ineficaz.

- Atos nulos e anuláveis:

a) Atos nulos: são aqueles que o vício não pode ser sanado, já que ocorreram
nulidades absolutas (Alguns autores fazem diferença em relação aos seus efeitos:
ex tunc quando for restritivo de direito e ex nunc quando ampliativo de direitos).
37

b) Atos anuláveis: são aqueles que o vício pode ser sanado, em razão de nulidades
relativas.

OBS: No direito administrativo mesmo os atos anuláveis poderão ser reconhecidos


de ofício: em razão do poder de autotutela.

- Atos inexistentes e atos irregulares.

- Procedimento Administrativo:

- Sequência de atividades da administração, interligadas entre si, que visa a


alcançar determinado efeito final previsto em lei. Sua formalização se consuma, em
geral, através de processo administrativo.

- Extinção do ato Administrativo:

a) Extinção natural: Decorre do cumprimento normal dos efeitos do ato. Exemplo:


autorização que cumpriu os seus efeitos; destruição de mercadoria em razão de sua
nocividade. 


b) Extinção Subjetiva: Ocorre com o desaparecimento do sujeito que se beneficiou


do ato. Exemplo: Morte do permissionário. 


c) Extinção objetiva: Depois de praticado o ato desaparece o seu objeto. Exemplo:


Interdição de estabelecimento que é destruído. 


d) Caducidade: Retirada do ato funda-se no advento de uma nova legislação.


Exemplo: Permissão de uso de bem público e legislação posterior proíbe o uso
privativo de bens públicos. 


e) Desfazimento volitivo: anulação, revogação e cassação (esta última decorre do


descumprimento de condições que permitem a manutenção do ato e de seus
efeitos. Exemplo: Cassação de autorização de porte de arma). 


- Anulação do ato administrativo: sanatória/convalidação X invalidação:

- Nulidade e anulabilidade:


- Nulidade não admite convalidação e a anulabilidade admite.


38

- Invalidação (nulidade e anulabilidade): Forma de desfazimento do ato


administrativo em virtude da existência de vício de legalidade.

- Invalidação: Pode ser realizada pelo Judiciário ou pela Administração.

- Súmulas 346 e 473 do STF.

- Se a Administração se depara com ato ilícito, em respeito ao Princípio da


Legalidade pode ou deve anulá-lo:

- Deve ser invalidado (Princípio da Legalidade): Embora se reconheça que em


algumas situações específicas poderão surgir situações que acabem por conduzir
a Administração a manter o ato inválido:

- Autotutela: invalidação e revogação (pode ser de ofício), porém quando afetados


direitos individuais tem se exigido em alguns casos o contraditório/ampla defesa.

- Quais são os vícios que não admitem convalidação:

- Há três formas de convalidação:

a) Ratificação: Ocorre quando o órgão competente decide sanar um ato invalidado


anteriormente praticado, suprindo a ilegalidade que vicia (forma e competência).

b) Reforma: Admite-se que novo ato suprima a parte inválida e mantenha a parte
válida. Ex: Ato que concede férias e licença e verifica-se que não tinha direito a
licença.

c) Conversão: A administração depois de retirar a parte inválida processa a sua


substituição por uma nova parte. Ex: Promoção de A e B e depois verifica que era
C quem deveria ser promovido.

- Não é todo vício que admite que haja convalidação. Em regra, se admite a
convalidação de vícios de competência e forma e objeto (múltiplo).

- Mesmo nos casos de vícios que admitem convalidação existem algumas barreiras:

a) Decurso do tempo: prescrição e decadência.

b) Consolidação dos efeitos produzidos (manutenção do ato atende mais ao


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interesse público do que o seu desfazimento – Teoria do fato consumado/ Princípio


da Segurança Jurídica).

- Quais são os prazos que a Administração tem para anular, sob pena de
convalidação:

- A Lei no 9784/99: O direito da Administração de anular os atos administrativos que


decorrem efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

- Prazo decadencial (prevalece) X prescricional.

- Passado esse prazo: A anulação só poderá ser feita judicialmente.

- Invalidação opera efeitos ex tunc (Alguns autores diferenciam se o ato


administrativo produz efeitos restritivos ou ampliativos na esfera de direitos dos
administrados e a boa-fé. No primeiro caso, ex tunc e no segundo ex nunc).

- Desfazimento do ato administrativo/revogação:

- Instrumento jurídico por meio do qual a administração promove a retirada de um


ato administrativo por razões de conveniência e oportunidade.

- Pressuposto é o interesse público.

- Só a Administração pode revogar os atos administrativos.

- Efeitos ex nunc.

- Não tem prazo.

- Atos administrativos que não podem ser revogados:

1) Atos que exauriram os seus efeitos (férias usufruídas);

2) Atos vinculados (licenças);

3) Atos que geram direitos adquiridos (aposentadoria);

4) Atos integrativos de um procedimento (adjudicação de licitação quando assinado


o contrato);
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5) Meros atos administrativos (pareceres, certidões e atestados).

- Coisa julgada administrativa:

- Definitividade administrativa.

- Princípios da segurança jurídica e boa-fé.

Caso concreto:

A Lei n. XX, de março de 2004, instituiu, para os servidores da autarquia federal


ABCD, o adicional de conhecimento e qualificação, um acréscimo remuneratório a
ser pago ao servidor que, comprovadamente, realizar curso de aperfeiçoamento
profissional. Com esse incentivo, diversos servidores passaram a se inscrever em
cursos e seminários e a ter deferido o pagamento do referido adicional, mediante
apresentação dos respectivos certificados. Sobre a hipótese, responda aos itens a
seguir. A) A Administração efetuou, desde janeiro de 2006, enquadramento
equivocado dos diplomas e certificados apresentados por seus servidores,
pagando-lhes, por essa razão, um valor superior ao que lhes seria efetivamente
devido. Poderá a Administração, em 2015, rever aqueles atos, reduzindo o valor do
adicional pago aos servidores? B) Francisco da Silva, servidor da autarquia, vem
percebendo, há seis anos o referido adicional, com base em um curso que,
deliberadamente, não concluiu (fato que passou despercebido pela comissão de
avaliação responsável, levada a erro por uma declaração falsa assinada pelo
servidor). A Administração, percebendo o erro, poderá cobrar do servidor a
devolução de todas as parcelas pagas de forma errada?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016
41

Plano de aula 9: Poderes administrativos I:

Estrutura:

Uso e Abuso de Poder: Excesso e o Desvio do Poder; os Poderes e Deveres do


Administrador Público; As Medidas Legais Cabíveis ao Abuso do Poder. 2. Os
Poderes da Administração: O Poder Vinculado; O Poder Discricionário; O Poder
Hierárquico. O Poder Disciplinar. 2.5. O Poder Regulamentar.

Resumo:

- Regime jurídico de direito administrativo: prerrogativas e sujeições. As


prerrogativas são privilégios concedidos à Administração para assegurar o exercício
de suas atividades, enquanto as sujeições são os limites impostos à atuação
administrativa em benefício dos direitos dos cidadãos.

- Poderes da administração X Poderes do Estado: Instrumento de realização da


função administrativa X Poderes organizacionais,

- Poderes – deveres:

a) irrenunciáveis;

b) devem ser exercidos pelos seus titulares (Para Celso Antônio Bandeira de Mello
são deveres – poderes).

- Abuso de poder:

a) excesso de poder: o agente atua fora dos limites de sua competência (agente
invade a competência de outro ou faz o que a lei não previu);

b) desvio de poder: o agente embora dentro de sua competência afasta-se do


interesse público.

- O abuso de poder por qualquer de suas formas é inválido: controle pela autotutela
ou ação judicial (MS, HC), sendo muitas vezes até ilícito penal ( Lei nº 4898/1965)

- EC 45/2004: CNJ e CNMP (controle)


42

1) Poder Vinculado e Poder Discricionário:

1.1 Poder Discricionário:

- Prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre as várias


condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o
interesse público; Esta liberdade de escolha tem que se conformar com o fim
colimado na lei e pode concretizar-se tanto no momento em que o ato é praticado,
quanto posteriormente quando se decide por sua revogação.

- Controle judicial existe em relação aos elementos vinculados, já quanto aos


elementos discricionários só se houver abuso de poder.

- discricionariedade X conceito jurídico indeterminado

- Discricionariedade difere de arbitrariedade: O primeiro é a liberdade para atuar


dentro dos limites da lei, enquanto o segundo, fora dele.

1.2 Poder Vinculado:

- Atuação vinculada (não se confere prerrogativa, mas sim uma imposição ao


administrador, obrigando-o a conduzir-se rigorosamente em conformidade com os
parâmetros legais).

2) Poder Regulamentar/Poder Normativo:

- É a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para


complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação.

- Apenas complementação, não pode alterar a lei.

- Poder regulamentar é de natureza derivada/secundária, já as leis constituem atos


de natureza originária/primária.

- A CF autoriza determinados órgãos a produzirem atos que, tanto como as leis


emanam diretamente da CF: Atos regulamentares do CNJ (natureza primária).

- Atos de natureza regulamentar: Decretos e regulamentos (art. 84, IV da CF): PR


e também por simetria Governadores e Prefeitos.
43

- Também podem ser considerados atos normativos editados por outras autoridades
administrativas: Instruções normativas, resoluções, portarias.

- Controle Legislativo: Se no exercício do poder regulamentar houver alteração da


lei haverá abuso de poder regulamentar, invadindo-se a competência do Legislativo,
razão pela qual, o artigo 49, V da CF autoriza o Congresso Nacional a sustar atos
normativos que extrapolem os limites do Poder de Regulamentar.

- Controle judicial: controle de legalidade no caso concreto ou arguição de


descumprimento de preceito fundamental: art. 102, § 1º da CF: Lei 9882/99.

- Regulamentos autônomos: EC 32/2001: Art. 84, VI da CF: controle ADI.

a) Organização da adm. Federal quando não houver aumento de despesas e nem


a criação ou extinção de órgãos públicos;

b) Extinção de cargos ou funções vagas.

3) Poder Hierárquico:

- Há autores que consideram Hierarquia e disciplina como fatos administrativos, sob


a alegação de que não são prerrogativas e nem deveres.

- Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da


administração que tem como objetivo a organização da função administrativa.

- Efeitos da hierarquia:
a) Obediência aos superiores;
b) Fiscalização das


atividades desempenhadas por agentes do plano hierárquico; c) Revisão dos atos
praticados por agentes de nível hierárquico mais baixo; d) Delegação, que é a
transferência de atribuições de um órgão a outro, não abrangendo funções
específicas (competências exclusivas,) mas apenas genéricas, tendo por objetivo a
maior eficiência na administração pública;

- Avocação é fato inverso, podendo o chefe superior, substituindo o seu subalterno,


chamar para si as questões afetas a este, salvo quando a lei só lhe permita intervir
após a decisão dada pelo subalterno. (será admitida em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados).

- Hierarquia/subordinação X vinculação:
44

a) Hierarquia/subordinação: característica inerente à estrutura das pessoas


jurídicas da Administração Pública e decorre de relação de superioridade e
subordinação entre os diversos órgãos de uma mesma pessoa jurídica, tipificando
uma relação escalonada ou verticalizada.

b) Vinculação: Relação que ocorre entre os entes da Administração direta e indireta,


não havendo relação de superioridade, não tipificando hierarquia ou subordinação,
embora exista controle e fiscalização.

- Hierarquia e função jurisdicional:

- Embora a hierarquia seja uma característica peculiar da função administrativa,


independentemente do poder que a exerce, inexiste este aspecto quando se trata
de agentes no exercício da função jurisdicional ou legislativa.

4. Poder Disciplinar:

- Este poder permite punir a prática de infrações funcionais dos servidores e de


todos os que estiverem sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.

- Decorre do Poder Hierárquico e de Fiscalizar.

- Para as carreiras do MP e Magistratura: membros: Há disciplina interna para


infrações funcionais.

- O Poder Disciplinar não é Poder Discricionário, uma vez que a Administração não
tem liberdade de escolher entre punir ou não, já que tendo conhecimento da infração
tem obrigação de instaurar processo administrativo disciplinar sob pena de
condescendência criminosa e improbidade administrativa.

- Também não há liberdade para escolha da sanção.


- A discricionariedade existe em relação a alguns aspectos:

a) conceitos jurídicos indeterminados: procedimento irregular, ineficiência no


serviço, falta grave, conduta escandalosa e etc...

b) quantificação da pena (gravidade e danos dela decorrentes)

- Poder punitivo funcional X Poder punitivo penal: relação jurídica específica e


45

relação jurídica geral.

- Independência entre os processos: administrativo, civil e penal decorrentes de um


mesmo fato. (A legislação admite que excepcionalmente esses processos se
comuniquem: inexistência de fato e negativa de autoria).

- Poder disciplinar está sempre sujeito ao controle pelo Poder Judiciário, sempre
que a conduta do administrador contrariar a regra geral.

Caso concreto:

A lei federal nº 1.234 estabeleceu novas diretrizes para o ensino médio no país,
determinando a inclusão de Direito Constitucional como disciplina obrigatória. Para
regulamentar a aplicação da lei, o Presidente da República editou o Decreto nº 101
que, a fim de atender à nova exigência legal, impõe às escolas públicas e
particulares, a instituição de aulas de Direito Constitucional, de Direito
Administrativo e de Noções de Defesa do Consumidor, no mínimo, de uma hora
semanal por disciplina, com professores diferentes para cada uma. Com base na
hipótese apresentada, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. A)
Considerando o poder regulamentar, conferido à Administração Pública, de editar
atos normativos gerais para complementar os comandos legislativos e permitir sua
aplicação, é válido o Decreto no 101, expedido pelo Chefe do Poder Executivo? B)
O ato expedido pelo Chefe do Poder Executivo está sujeito a controle pelo Poder
Legislativo?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016
46

Plano de aula 10: Poder Administrativo II:

Estrutura:

Considerações Iniciais; Conceito e principais características de Poder de Polícia;


Polícia Administrativa e Polícia Judiciária; Formas de Atuação do Poder de Polícia;
Remuneração pelo Exercício do Poder de Polícia; Limites do Poder de Polícia;
Competência; Atributos do Poder de Policia.

Resumo:
Poder de policia:

- Instrumento conferido ao administrador que lhe permite condicionar, restringir,


frenar o exercício de atividade, o uso e gozo de bens e direitos pelos particulares,
em nome do interesse da coletividade.

- Atos: normativos, concretos ou fiscalizadores.

- Ações podem ser preventivas e repressivas regulando a prática ou abstenção de


atos, concernentes à segurança, higiene, ordem, costumes, produção e mercado,
exercício de atividades econômicas dependentes de autorização do poder público,
a tranquilidade pública e respeito à propriedade e direitos individuais ou coletivos.

- Poder de Polícia: sentido amplo e restrito:

a) Sentido amplo: Toda atividade estatal de condicionar a liberdade individual e a


propriedade em favor do interesse coletivo

b) Sentido estrito: Prerrogativa conferida aos agentes administrativos.

- Polícia-função X Polícia-corporação.

- Polícia administrativa X Polícia judiciária:

- Fundamento: Supremacia do interesse público sobre o privado.

- Cobrança de taxa: pelo exercício de Poder de Polícia: artigo 145, II da CF e 77 e


78 do CTN. (deve haver o exercício efetivo do poder de polícia).
47

- Exemplos de atos por meio dos quais se expressa o poder de polícia:

a) atos normativos: que regulam o uso de fogos de artifício, que proíbem soltar
balões; que disciplinam horários e condições de vendas de bebidas alcóolicas.

b) atos concretos: dissolução de reunião, apreensão de revista, fechamento de


estabelecimento comercial, interdição de hotel, guinchamento de veículos.

c) atos fiscalizatórios: fiscalizações de pesos e medidas, das condições de higiene,


vistoria de veículos automotores, fiscalização de caça e pesca.

- Polícia de construções, sanitária, trânsito e tráfego, profissões, meio ambiente,


medicamentos, segurança e ordem pública, patrimônio público, defesa do
consumidor, economia popular e etc...

- Delegação dos atos de polícia:

- Entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência é no sentido de que os atos


expressivos do Poder de Polícia não podem ser delegados a particulares.

- ADI 1717 do STF: art. 58 da Lei Federal 9649/98 que estabelecia a personalidade
jurídica de direito privado aos órgãos de classe que tratam dos serviços de
fiscalização de profissões regulamentadas.

- Admite-se: atos materiais que precedem os atos jurídicos de polícia e atos


materiais sucessivos (radares, demolição de obras irregulares, parquímetros).

- Atos de polícia: Poder de legislar, poder de consentimento, a fiscalização e


aplicação de sanção. (atos de consentimento e fiscalização podem ser conferidos
ao particular): STJ: trânsito.

- Atributos do Poder de Polícia:

a) Discricionário (em regra): autorizações para porte de armas, distribuição e


produção de material bélico (licenças para construir, dirigir e exercer determinadas
profissões – vinculados);

b) Autoexecutório (exigibilidade e executoriedade): A administração pode promover


por si mesma a execução, independentemente do Judiciário;
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c) Coercibilidade: Torna o ato obrigatório mesmo contra a vontade do administrado.

- Poder de Polícia X Princípio da proporcionalidade: Entre a medida adotada e a


finalidade.

Caso concreto:

João, comerciante experimentado, fundado na livre iniciativa, resolve pedir à


administração do município Y que lhe outorgue o competente ato para instalação
de uma banca de jornal na calçada de uma rua. Considerando a situação narrada,
indaga-se: A) Pode o Município Y se negar a outorgar o ato, alegando que considera
desnecessária a referida instalação? Fundamente. B) Pode o município Y, após a
outorga, rever o ato e o revogar? Neste caso é devida indenização a João?
Fundamente. C) Caso o ato de outorga previsse prazo para a duração da utilização
do espaço público, seria devida indenização se o Poder Público resolvesse cancelar
o ato de outorga antes do prazo? Fundamente.

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo:
GEN/Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 11: Bens públicos:

Estrutura:

1.Introdução: Domínio Público; Domínio Eminente; 2.Conceito; 3.Classificação;


4.Afetação e Desafetação.

Resumo:

- Bens públicos:
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- Conceito:
Bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público.

- Os Bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de


serviços públicos enquanto afetados a uma finalidade pública podem estar sujeitas
as regras próprias do regime jurídico dos bens públicos.

- Classificação:

1) Titularidade:
a) União (20 da CF),
b) Estados (26 da CF),
c) Municípios


(ruas, praças, jardins, edifícios afetados a serviços municipais).

2) Destinação:


a) Bens de uso comum do povo: bens que todos podem usar: ruas, praças, mares,
praias, rios, estradas, logradouros públicos.


b) Bens de uso especial: bens do patrimônio administrativo: bens destinados a


execução de serviços públicos: repartições, escolas públicas, mercados municipais,
cemitérios, museus, aeroportos, veículos oficiais.


- Também os bens pertencentes aos particulares utilizados na prestação de serviços


públicos. (concessionários e permissionários de serviço público).


c) Bens dominicais ou dominiais: residuais: pertencem ao acervo público, mas


sem afetação: terras públicas sem destinação, prédios públicos desativados, bens
móveis inservíveis. (terrenos públicos baldios, terras devolutas).

- Esta ideia não é absoluta podendo ser alterada de acordo com a destinação.

- Afetação e desafetação:

a) Afetação: Fato administrativo que destina o bem a uma finalidade pública,


transformando-o em inalienável e indisponível.

- Transforma bem dominical em bem de uso comum do povo ou especial: Pode


ser: por destinação natural, ato administrativo ou lei.

b) Desafetação: Fato administrativo que retira a finalidade pública de um bem


eliminando parte de sua proteção, transformando-o em disponível e alinável nas
condições legais.
50

- Transforma bem de uso comum do povo ou bem de uso especial em


dominical. (lei ou ato do executivo quando autorizado por lei).

- Regime jurídico dos bens públicos:

a) inalienabilidade relativa:

- Bens de uso comum e de uso especial: inalienáveis

- Bens dominicais: respeitadas as exigências legais são alienáveis.

- Possível alienar o bem desafetado desde que preenchidas as condições


legais:

1) Justificativa de interesse público;

2) Avaliação prévia;


3) Autorização legislativa (se pertencente a pessoas jurídicas de direito público):


bens imóveis;

4) Licitação.

b) impenhoráveis.

- Penhora, arresto e seqüestro: são garantias do juízo. - Artigo 100 da CF:


precatório.

c) impossibilidade de oneração: hipoteca, penhor e etc. (direitos reais)

- Inalienabilidade relativa também a oneração.

d) usucapidos: imprescritibilidade:

- súmula 340 do STF: Desde a vigência do código civil, os bens dominicais como os
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião. (artigo 102 do CCB
e 191 CF).

- Gestão de bens púbicos:


51

- Poder da administração de administrar estes bens.

a) Utilização cumum ou normal:

- Atende à destinação do bem e pressupõe a sua utilização pelos membros da


coletividade, sem que haja discriminação.


- Não precisa de consentimento: andar pelas ruas, sentar no banco da praça.

- Também não precisa de consentimento: o uso secundário: aquele que não atende
a exata destinação, mas que também não prejudica os demais.

- Nada impede que o poder público regulamente (regras de trânsito e etc...).

- Ocorre em regra nos bens de uso comum do povo, mas também podem ocorrer
nos de uso especial: mercados, cemitérios e nos dominicais.

b) Utilização especial ou anormal:

- Consiste em utilização do bem público fora de sua destinação normal ou de forma


privativa.


- São instrumentos de utilização especial:


1) autorização de uso de bem público:

- O Poder público permite a utilização especial de bem por um particular de modo


privativo, atendendo ao interesse privado e sem prejudicar ao interesse público.


- Ato administrativo unilateral, discricionário e precário (pode ser desfeita a qualquer


tempo).


- Formalização por escrito (sem licitação ou lei autorizadora) e pode ser


onerosa/gratuita.

- Exemplo: fechamento de ruas para festas, circos, uso de terreno público para
estacionamento.

2) Permissão de uso de bem público:

- “Ato administrativo unilateral” (contrato), discricionário e precário.



52

- Aqui também o poder público permite a utilização especial de bem por um


particular de modo privativo.

- Aqui existe um menor grau de precariedade (embora possam ser desfeitas sem
comprometimentos: bancas de revistas, mesinhas na calçada, feiras de artesanato
em praça pública).


- Licitação.

- Cabe indenização se outorgada com prazo.

3) Concessão de uso de bem público:

- Contrato administrativo.


- Direito pessoal.


- Licitação e autorização legal.


- Estabilidade não é absoluta, mas é mais estável.


- Prazo determinado.


- Cabe indenização se a causa não for imputável ao concessionário.


- Pode ser gratuito ou oneroso.


- Loja dentro de um mercado, locais para lanchonetes em repartições públicas.

4) Concessão de direito real de uso de bem público:

- Contrato pelo qual a administração transfere o uso de terreno público para fins de
urbanização, preservação de comunidades tradicionais, industrialização.

Caso concreto:

O Município M, em sérias dificuldades financeiras, pretende alienar alguns dos bens


integrantes do seu patrimônio. Em recente avaliação, foi identificado que o Centro
Administrativo do Município, que concentra todas as secretarias da Administração
Municipal em uma área valorizada da cidade, seria o imóvel com maior potencial
53

financeiro para venda. Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) É necessária licitação para a alienação do Centro Administrativo, caso se
pretenda fazê-lo para o Estado X, que tem interesse no imóvel? B) Caso o Município
pretenda alugar um novo edifício, em uma área menos valorizada, é necessária
prévia licitação?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 12: Responsabilidade Civil do Estado:

Estrutura:

1.Conceito; Base constitucional; 2. O Dano e a Indenização. 3. O s S u j e i t o s d o


Cenário; 4. Evolução; 5. A Aplicação da Responsabilidade Objetiva 6. Danos de
Obra Pública; 7. Condutas Omissivas. 8. Prescrição; 9. Responsabilidade por Atos
Legislativos; 10. Responsabilidade por Atos Judiciais e 11. O Direito de Regresso.

Resumo:

- Hoje o Estado é responsável pelos seus atos.
- Dever de responder decorre da


crescente presença do Estado nas relações particulares, que sendo imperativa,
deve conferir uma ampla responsabilização.
- Além disso, o Estado gera danos
mais intensos do que os particulares.
- Este dever não advém de um contrato e sim
de uma relação extracontratual.
- Princípios que justificam a responsabilidade
extracontratual do Estado: Princípio da isonomia, da legalidade e do estado de
direito.
- Bandeira de Mello: Conceito: A responsabilidade extracontratual do Estado
é a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à
esfera de outrem que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos
unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos.
54

- Evolução:

1) Teoria da Irresponsabilidade do Estado;


2) Teoria subjetiva: conduta estatal (culpa ou dolo), nexo causal e dano.


a) culpa do agente (deveria ser imputada a autoridade responsável),


b) culpa do serviço/falta do serviço ou culpa anônima (serviço não prestado;


ineficiente ou com atraso): deve ser demonstrada a prestação deficiente, levando-
se em conta a diligência média a ser empregada.


3) Teoria objetiva:


- CF de 1946 (previsão Constitucional).


- A CF 88: Utilizou-se do termo agente (todos que atuam na Administração pública).

- Agentes: servidores públicos; empregados em pessoas privadas que exercem


serviço público, particulares que exercem função pública (mesário, jurado) e ainda
terceirizados.


- Dano, nexo causal e conduta estatal.


- Dano material e moral: art. 5º, V e X da CF.

- Condutas lícitas e ilícitas. (ponte, quanto acidente).

- Principais diferenças da responsabilidade objetiva e subjetiva:

1) Elementos:

a) subjetiva: conduta, dano, nexo causal e culpa ou dolo,

b) objetiva: conduta, dano e nexo causal.


2) Tipo de ato:


a) subjetiva: ilícito
55

b) objetiva: lícito ou ilícito.

3) Excludentes: (Teoria do Risco Administrativo)

a) subjetiva: a comprovação de ausência de qualquer dos seus elementos.


b) objetiva: também. Ex: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.
(exclui o nexo de causalidade).

- Teoria adotada:

- Teoria objetiva: do risco administrativo para atos comissivos e para os omissivos


adota- se a responsabilidade subjetiva (há algumas divergências).

- Tipos de responsabilidade:

- Civil, criminal e administrativa: ações independentes.


- Comunicação entre as instâncias: quando no penal é julgado por inexistência do


fato ou negativa de autoria: gerando consequências no civil e no administrativo.


- Excludentes reconhecidas: legítima defesa, estado necessidade etc não são mais
discutidas no cível ou no administrativo quando detectadas no penal, mas não
significa absolvição. (legítima defesa que atinge terceiros ou estado de necessidade
agressivo).


- Falta de provas ou conduta culposa quando se exigia a dolosa pode ser


responsabilizado.

- Sujeitos:

- Pessoas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público.

- Para as pessoas privadas prestadoras de serviço público: subsistiu por algum


tempo a diferença entre serem ou não usuários do serviço: sendo a
responsabilidade objetiva só para os usuários.


- RE 591874:2009 A CF não fez a restrição não cabendo ao intérprete fazer.

- Responsabilidade:
a) primária: quando a pessoa jurídica responde por ato de um


agente a ela vinculado.
b) subsidiária: quando responde a pessoa jurídica da adm.
56

indireta- descentralização e responde o Estado, caso aquela não tenha condições.

- Estado pode ajuizar ação de regresso em face do causador do prejuízo:


responsabilidade subjetiva. (Para o STF e STJ não é cabível ajuizar ação em face
do próprio agente. Para alguns doutrinadores é possível desde que a
responsabilidade seja subjetiva).

- Conduta estatal lesiva:

a) condutas comissivas:


- Fazer do Estado.


- Condutas lícitas: cemitério, viadutos, requisição de bens particulares.


- Condutas ilícitas: espancamento de preso.


b) condutas omissivas:


- Responsabilidade subjetiva: culpa anônima ou culpa do serviço: deve ser provado


que o serviço não foi prestado ou foi prestado ineficiente ou atrasado.


- A jurisprudência vem apresentando de forma divergente a matéria: em alguns


casos de risco exagerado e risco gerado pelo Estado: responsabilidade objetiva:
mesmo em casos de omissão:
a) preso que se mata com arma dentro de presídio
(STJ);
b) preso que foge de presídio situado em cidade e invade casa ao lado (tb
manicômios); b) explosão de local destinado a fogos de artifício (STF); (tb material
bélico ou perigoso) c) omissões médicas (STF).

- Em regra o Estado não responde por atos de terceiros: greves, arrastões, assaltos:
mas em algumas situações torna-se notória a omissão estatal: a responsabilidade
é objetiva: professora agredida por estudante armado que já ameaçava a
professora; rebeliões em presídio.

- Estado não indeniza por caso fortuito ou força maior: mas se descumpre o dever
legal de colocar proteção ou limpar as galerias.

- Danos de obra pública:

Depende de quem está executando:



57

a) Se os servidores: o poder público: objetiva;


b) Se for empreiteira: a própria e a responsabilidade é subjetiva e a do Estado é


subsidiária.

- Leis inconstitucionais e leis de efeitos concretos: desde que causem dano


concreto.

- Atos jurisdicionais:

- Condutas dolosas e culposas se penais : Art. 5º, LXXV da CF

- Condutas dolosas: se cíveis.


- Atuação do juiz fora do processo: sempre.

- Dano indenizável:

- Mero incômodo não gera.

- Dano deve ser jurídico (lesão a um direito),

- Mudar museu de lugar prejudicando o comércio; mudanças urbanísticas causam


danos, mas não são jurídicos: não há direito a manutenção de regra urbanística.


- Dano certo: demonstrável .


- Quando o ato for lícito o dano deve ser especial, anormal: ter vítimas e
superar os problemas comuns. (congestionamento, poeira não e sim ferrovia
por cima da casa.)

- Também dano moral (acumulável): valor depende do caso concreto.

- Responsabilidade contratual X responsabilidade extracontratual:

- Quando há descumprimento de contrato: não se aplica o artigo 37, § 6º da CF: lei


8.666/93.


- Também estacionamento: o fundamento é o contrato ainda que não escrito.

- Exclusão:
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- Duas teorias:

a) risco integral: que não admite exclusão de responsabilidade.


b) risco administrativo: que admite a exclusão.


- O Brasil adota a Teoria do risco administrativo como regra, mas adota a do risco
integral para danos nucleares, danos ambientais, dano decorrente de material
bélico, por exemplo.


- No risco administrativo há exclusão da responsabilidade quando se exclui qualquer


dos elementos da sua responsabilidade ou ocorre caso fortuito ou força maior, culpa
exclusiva: rol exemplificativo.


- Culpa concorrente: dever de indenizar deve ser reduzido.

- Ação judicial:

- Hoje o que prevalece é que não se pode ajuizar ação direta contra o agente
público. (STF e STJ), mas a doutrina admite.


- Ação regressiva: contra o causador do dano: responsabilidade subjetiva.

- Denunciação da lide: para ação de regresso:

- Não se admite para este fim.


- Fundamentos diferentes e atrasaria a ação principal.

- STJ admite por economia processual.

- Prescrição:

- Decreto 20.910: 5 anos e o CCB 2002: 3 anos.


- STJ: 5 anos. (para propor qualquer ação contra a Fazenda Pública)

- Alguns autores: 3 anos (mais benéfica para a fazenda pública).


- Regresso: imprescritível: 37 § 5º da CF.


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Caso concreto:

O Estado X está realizando obras de duplicação de uma estrada. Para tanto, foi
necessária a interdição de uma das faixas da pista, deixando apenas uma faixa livre
para o trânsito de veículos. Apesar das placas sinalizando a interdição e dos
letreiros luminosos instalados, Fulano de Tal, dirigindo em velocidade superior à
permitida, distraiu- se em uma curva e colidiu com algumas máquinas instaladas na
faixa interditada, causando danos ao seu veículo. A partir do caso proposto,
responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. A) Em nosso ordenamento, é
admissível a responsabilidade civil do Estado por ato lícito? B) Considerando o caso
acima descrito, está configurada a responsabilidade objetiva do Estado X?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 13: Licitação I:

Estrutura:

1. Conceito; 2. Bases constitucionais e normativas; 3. Fundamentos e Princípios da


Licitação.4. Objeto e Obrigatoriedade; 5. Disciplina Específica das Obras e Serviços.
6. Pessoas Impedidas de Participar da Licitação; 7. Da Disciplina Específica das
Alienações; 8. Das Modalidades de Licitação.

Resumo:

- Conceito: Procedimento administrativo destinado à seleção da melhor proposta


dentre as apresentadas, dentre os que desejam contratar com a Administração.

- Finalidade:
60

a) Viabilizar a melhor contratação possível para o Poder Público. (Princípio da


Legalidade e da indisponibilidade do interesse público)

b) Permitir que qualquer um que preencha os requisitos legais tenha a possibilidade


de contratar. (Princípio da Isonomia e da Impessoalidade)

- Competência para legislar: art. 22, XXVII da CF.


- Abrangência:


1. objetiva: Quais hipóteses:
1.1. CASO (compras, alienações, serviços e obras):


art.37, XXI da CF;

1.2. Locações: art. 1º da Lei 8.666/93;

1.3. Concessões e Permissões:


a) Uso de bem público;

b) Serviço público: Lei 8987/95 e 11.079/04 subsidiariamente Lei 8.666/93 (art. 124).
- Lei 12.232/2010: Serviços de publicidade
- Lei 12.462/2011: RDC (copa de 2014,
olimpíadas de 2016).


2. Subjetiva: Quem se submete:

- Administração Direta, indireta (públicas e privadas-173, § 1º enquanto não editado


estatuto próprio utiliza-se a lei no 8.666/93) e entes paraestatais?

- Princípios:

1) Legalidade: A administração só pode fazer o que a lei determina.

2) Impessoalidade: Todos os licitantes devem ser tratados igualmente em termos


de direitos e obrigações, não se admitindo preferências ou perseguições para
atendimento do interesse particular.

3) Igualdade/Isonomia: São vedadas cláusulas e condições que frustrem o caráter


competitivo de uma licitação. (exceções: ressalvas para promover o
desenvolvimento nacional).

4) Moralidade: Exigência de atuação ética dos agentes da Administração.


61

5) Publicidade: Os atos e termos devem ser expostos ao conhecimento dos


interessados, devendo ser realizados de portas abertas e permitindo a participação
dos interessados, admitindo-se que qualquer cidadão possa impugnar a licitação.

Obs: Lembrar da regra do sigilo das propostas até a abertura.

6) Adjudicação compulsória: O princípio impede que a Administração concluído o


procedimento atribua o objeto da licitação a outrem que não o vencedor. (o princípio
não obriga a Administração a convocar o vencedor para celebrar o contrato).

7) Vinculação ao instrumento convocatório: O edital ou carta-convite é a lei interna


da licitação, vinculando aos seus termos tanto os licitantes quanto á Administração.

8) Julgamento objetivo: A apreciação das propostas ocorre segundo critérios


objetivos, claros e definidos no instrumento convocatório.

9) Ampla competitividade: Dever de ampliação do acesso dos interessados ao


certame, sendo vedadas cláusulas e condições que frustrem o caráter competitivo.

- Pessoas impedidas de participarem de licitação: art. 9o da Lei 8.666/93:

a) autor do projeto básico ou executivo; b) empresa responsável pelo projeto; c)


servidor ou dirigente do órgão.

- Modalidades:

- Se admite sempre o uso da modalidade maior para as licitações menores


(contrário não).

1) Concorrência:

- Modalidade de licitação para valores mais altos ou objetos específicos:

a) Obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00


b) Compras e serviços que não sejam de engenharia acima de R$ 650.000,00

c) Compras e alienações de bens imóveis


d) Concessões de direito real de uso e concessões de serviços públicos.



62

e) Licitações internacionais.

- Maior rigor formal: exige habilitação preliminar (fase autônoma).

- Exige também a mais ampla divulgação: prazos mais longos do que as demais
modalidades (45 dias técnica ou técnica e preço e 30 dias preço)

2) Tomada de preços:

- Modalidade de licitação entre interessados:

a) Previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos e pessoas


administrativas (equivale a fase de habilitação);

b) Não cadastrados que atendem as condições exigidas para o cadastramento até


o terceiro dia anterior à data de recebimento das propostas.

- Objeto:
a) obras de engenharia até R$ 1.500.000,00
b) Compras e serviços de


engenharia até 650.000,00
c) Licitações internacionais se a administração possuir
cadastro internacional.


- Menos formal e prazos menores (30 d e 15 d)


3) Convite:
- Contratações de menor vulto.

- Não há edital e sim carta convite.


- Objeto:
a) obras e serviços de engenharia até 150.000,00
b) Compras e serviços


que não sejam de engenharia até 80.000,00
c) licitação internacional, quando não
houver fornecedor do bem ou serviço no país.

- Sujeito:

a) convidados do ramo pertinente ao objeto, em número mínimo de 3 participantes,


cadastrados ou não e livremente escolhidos pelo administrador.

b) cadastrados que manifestem interesse até 24 horas antes do prazo de entrega


das propostas.

- Formalismo pequeno: prazo de 5 dias úteis entre o convite e as propostas e


exigência documental é pequena.
63

- Em regra, não havendo pelo menos três propostas, repete-se o convite.

OBS: Havendo desinteresse dos convidados ou limitação de mercado pode ser que
a Administração não consiga o afluxo do número mínimo de três exigidos pelo
convite: neste caso admite-se o convite com duas propostas ou se só uma for
apresentada a celebração do contrato direto com o interessado. (prévia justificativa)

- Também deve ser ressaltado que não podem sempre ser convidados os mesmos

- Programação total, parcelamento e fracionamento: 23, § 5º da Lei no 8.666/93:

- Parcelamento das obras e serviços: utiliza-se a modalidade pertinente ao objeto


total (somatório das parcelas).

- Não se aplica à regra às parcelas de natureza específica que possam ser


executadas por empresas diversas de especialidade diversa do executor da obra.

4) Concurso:

- Adotado em razão da natureza do objeto: Trabalhos técnicos científicos ou


artísticos;

- A administração não quer contratar ninguém a menos em princípio, quer apenas


selecionar um projeto.

- O prêmio ou remuneração só será pago se o autor do projeto ceder á


administração os direitos patrimoniais a ele relativos.

5) Leilão:

- Procedimento licitatório adotado em razão do objeto: alienações


a) bens móveis avaliados em quantia não superior a R$ 650.000,00 ou inservíveis;

b) bens imóveis: cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou dação


em pagamento;

c) Produtos legalmente apreendidos ou penhorados.


- Permite a participação de qualquer interessado.



64

- Não exige habilitação.


- Vence aquele que oferecer o maior lance, igual ou superior ao da avaliação.

6) Pregão:

- Procedimento licitatório adotado em razão da natureza do objeto: aquisição de


bens e serviços comuns (são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade
possam ser objetivamente definidos pelo edital, segundo especificações usuais do
mercado).

- Não é cabível o pregão para:

a) obras e serviços de engenharia;

b) locações imobiliárias;

c) alienações em geral.

- Pode ser utilizado para qualquer valor de contrato.

- Tipo de licitação: menor preço.

- Modalidade de pregão: presencial ou eletrônica

- Inversão das fases: A habilitação do licitante é fase posterior à de julgamento e


classificação das propostas.

Caso concreto:

No Governo Federal, a Casa Civil realizou pregão e, ao final, elaborou registro de


preços para a contratação de serviço de manutenção dos computadores e
impressoras, consolidando a ata de registro de preços (com validade de seis meses)
em 02.10.2010. A própria Casa Civil será o órgão gestor do sistema de registro de
preços, sendo todos os ministérios órgãos participantes. Em 07.02.2011, o
Ministério X pretendeu realizar contratação de serviço de manutenção dos seus
computadores no âmbito deste registro de preços, prevendo duração contratual de
1 (um) ano. Nesta situação, indicando o fundamento legal, responda aos itens a
seguir. A) É válida a elaboração de uma ata prevendo preço para a prestação de
65

serviços e que permita futuras contratações sem novas licitações? B) Um deputado


integrante da oposição, constatando que os preços constantes da ata são 20%
superiores aos praticados pelas três maiores empresas do setor, poderá impugnar
a ata? C) O Ministério X pode realizar a contratação pelo prazo desejado?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 14: Licitação II:

Estrutura:

1. Fases da licitação; 2. Exceções ao princípio licitatório: Dispensa;


Dispensabilidade Inexigibilidade; 3. Anulação e revogação da licitação; 4. Recursos
da Lei n. 8.666/93; 5. A Lei Complementar n. 123/06; 6. O RDC

Resumo:

- Fases da Licitação:

- Fase interna e externa:

a) interna:

1) Inicia-se na repartição interessada com a abertura do processo. É definido o


objeto da licitação e o recurso próprio para a realização da despesa;

2) Elabora-se o edital que é lei interna (convite elabora-se a carta convite) e concede
o prazo mínimo para a sua publicação.

b) Externa:
66

3) Habilitação: avalia-se a qualidade dos licitantes.

- Exigência de documentação relativa a:

I. habilitação jurídica;


II. Qualificação técnica;


III. Qualificação econômica-financeira;

IV. Regularidade fiscal e trabalhista;

V. Cumprimento do art. 7º XXXIII da CF (proibição do trabalho de menores).

- Pode ser substituída por certificado de registro cadastral.


- Se inabilitado haverá preclusão do direito de participar das fases seguintes.

4) Julgamento das propostas: classificação (análise formal e material).

5) Homologação: A autoridade competente aprova o procedimento

6) Adjudicação: Licitante adquire a qualidade de vencedor, tendo preferência para


a celebração do contrato.

- OBS: No pregão: inverte: licitantes ofertam lances, realiza-se a habilitação do que


apresentou o melhor lance, o pregoeiro adjudica e a autoridade competente
homologa.

- Tipos de licitação:

- É o critério utilizado para julgamento das propostas.

- Lista exaustiva.

- Objetivo: previamente estabelecido no instrumento convocatório.

- Não se aplica para: concursos e concessão e permissão de serviço público.

- São os tipos:

1) Menor preço:
67

- Procedimento:

a) É vencedor aquele que apresenta a proposta de acordo com as especificações


do edital ou convite e oferta o menor preço.

OBS: O pregão somente admite o menor preço.

2) Melhor técnica:

- Em regra é o adotado para serviços de natureza intelectual (projetos, fiscalizações,


engenharia etc). Excepcionalmente, pode ser adotado para bens, serviços e obras
de grande vulto, que dependam de tecnologia sofisticada.

- Procedimento:

a) O instrumento convocatório fixa o preço máximo;

b) Abertura das propostas técnicas dos licitantes;

c) Abertura das propostas de preços dos licitantes que atingiram a valoração mínima
estabelecida no instrumento convocatório. (negociação: o candidato que ofereceu
a proposta vitoriosa sob o critério técnico só celebra o contrato se aceitar a
execução do objeto ajustado pelo preço mínimo – art. 46, § 1º, incisos I e II). Se
recusar reduzir seu preço será chamado o que ficou em segundo lugar e assim
sucessivamente.

3) Melhor técnica e preço:

- Em regra é o adotado para serviços de natureza intelectual (projetos, fiscalizações,


engenharia etc). Excepcionalmente, pode ser adotado para bens, serviços e obras
de grande vulto, que dependam de tecnologia sofisticada.

- Procedimento:

a) Será o vencedor aquele que obtiver a maior média ponderada das valorações
das propostas de técnica e preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no
instrumento convocatório.

4) Melhor lance ou oferta:


68

- Alienação de bens e concessão de direito real de uso.

- Contratação direta:

- Regra geral: Exige-se licitação prévia para as contratações da Administração


pública.

- Exceções: Há situações em que a licitação torna-se impossível ou inadequada


para a realização das funções estatais. Para esses casos, a CF prevê a
possibilidade de contratação direta.

- Espécies de contratação:
a) inexigibilidade
b) dispensa (dispensada ou


dispensável)
OBS: Não se aplica às concessões e permissões de serviço público.

- Inexigibilidade: Art. 25, Lei no 8.666/93:

- Ocorre nos casos em que há inviabilidade jurídica para a competição.

- A lei traz um rol meramente exemplificativo.


- Hipóteses:


1) Fornecedor exclusivo: Art. 25, inciso I:

- Aquisições de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos


por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo.

- A comprovação se dá por atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio


do local em que se realizaria a licitação ou pelo sindicato, federação ou
confederação.

- vedada a preferência de marca.


2) Contratação de serviço técnico profissional especializado (STPE): Art. 25, inciso


II:

- Requisitos:

a) Serviço técnico profissional especializado (art. 13 da Lei no 8.666/93: estudos


69

técnicos, pareceres e perícias, assessorias e consultorias, fiscalização, patrocínio


de causas, restauração de obras de arte, treinamentos);

b) Natureza singular do objeto;


c) Notória especialização;

- Vedada para serviços de publicidade e divulgação.


3) Contratação de profissional do setor artístico: Art. 25, inciso III:


- Diretamente ou através de empresário exclusivo.
- Desde que consagrado pela


crítica especializada ou pela opinião pública.

- Dispensa: Art. 24, da Lei no 8.666/93:

- Ocorre nas hipóteses previstas em lei quando há viabilidade jurídica de


competição.

- A dispensa de licitação pode ocorrer nos seguintes casos:

a) Licitação dispensada: São hipóteses vinculadas. O administrador deve dispensar


a licitação. A lei traz um rol exaustivo para os casos de licitação dispensada. (art.
17 da Lei no 8.666/93 – alienações de imóveis e móveis da administração pública –
dação, doação, permuta)

b) Licitação dispensável: São hipóteses discricionárias. O administrador pode


dispensar a licitação, de acordo com a sua conveniência e oportunidade:

- Casos:


1) Obras e serviços de pequeno valor;


2) Guerra ou grave perturbação da ordem;


3) Emergência ou calamidade pública;


4) Licitação deserta:

70

- A licitação é convocada mas não aparecem interessados.
a) Demonstração de


que a repetição da licitação causará prejuízo para a Administração; b) Manutenção,
na contratação direta, de todas as condições preestabelecidas.

5) Licitação fracassada: Ocorre quando aparecerem interessados mas nenhum é


selecionado em razão de inabilitação ou desclassificação em razão de preços
incompatíveis:

- Somente poderá dispensar após fixar prazo de 8 dias úteis para novas propostas
ou 3 dias úteis para convite.

6) Remanescente de obras ou serviços em razão de rescisão contratual

- Atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas


condições do vencedor

7) Intervenção da União no domínio econômico.

- regular preços e normalizar abastecimentos.


8) Risco para a segurança nacional


9) Compra ou locação de imóveis

- Escolha deve estar condicionada ás necessidades de instalação ou localização e


preço compatível com valor de mercado.

10) Contratação de energia elétrica e gás natural com concessionário ou


permissionário de serviço público.

11) Aquisição e restauração de obras de arte e objetos históricos


- comprovação da autenticidade e comprovação com as finalidades do órgão.

12) Contratação de instituição sem fins lucrativos para pesquisa, ensino,


desenvolvimento institucional e recuperação social de presos.

- ser brasileira, sem fins lucrativos.


13) entidades privadas sem fins lucrativos para a implementação de cisternas.


71

14) Organização sociais.

Caso concreto:

A Secretaria de Saúde do Município de Muriaé-MG realizou procedimento licitatório


na modalidade de concorrência, do tipo menor preço, para aquisição de insumos.
Ao final do julgamento das propostas, observou-se que a microempresa Alfa havia
apresentado preço 8% (oito por cento) superior em relação à proposta mais bem
classificada, apresentada pela empresa Gama. Diante desse cenário, a Pasta da
Saúde concedeu à microempresa Alfa a oportunidade de oferecer proposta de preço
inferior àquela trazida pela empresa Gama. Valendo-se disso, assim o fez a
microempresa Alfa, sendo em favor desta adjudicado o objeto do certame.
Inconformada, a empresa Gama interpôs recurso, alegando, em síntese, a violação
do princípio da isonomia, previsto no Art. 37, XXI, da Constituição da República e
no Art. 3o, da Lei n° 8.666/1993. Na qualidade de Assessor Jurídico da Secretaria
de Saúde do Município de Muriaé-MG, utilizando-se de fundamentação e
argumentos jurídicos, responda aos itens a seguir. A) É juridicamente correto
oferecer tal benefício para a microempresa Alfa? B) Houve violação ao princípio da
isonomia?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016

Plano de aula 15: Contratos administrativos I:

Estrutura:

1.Noção de Contrato; 2.Conceito de Contrato Administrativo; 3.Contratos da


Administração; 4.Características do Contrato Administrativo; 5. Cláusulas
Exorbitantes; 6. Espécies de Contratos administrativos; 7. Anulação dos contratos
72

administrativos.

Resumo:

- Contratos administrativos e Contratos da administração:

1) Contratos da administração:

- Ampla acepção, abrangendo todos os ajustes dos quais a Administração Pública


seja parte.

- Regimes:

1.1) Sob o regime de direito privado:

Princípio da igualdade entre as partes

Autonomia da vontade

Força obrigatória das convenções (pacta sunt servanda)

1.2) Sob o regime de direito público:

Princípio da supremacia da Administração Pública em relação ao particular


(cláusulas exorbitantes)

Princípio da legalidade
Mutabilidade das cláusulas regulamentares

2) Contratos administrativos:

- Ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular
ou com outra entidade administrativa, para a consecução de objetivos de interesse
público, nas condições desejadas pela administração.

- Características:


Acordo de vontades (bilateralidade)

Regime de direito público (incidência de prerrogativas especiais)

- Formalização:
73

- Formais e escritos


Exceções: podem ser verbais: pequenas compras de pronto pagamento.

- Publicidade: A publicação do resumo do instrumento de contrato ou de seus


aditamentos é condição de eficácia do ato.

- Cláusulas exorbitantes:

- São prerrogativas de direito público, conferidas por lei à administração pública,


que a colocam em situação de superioridade frente ao contratado. (Princípio da
Supremacia do interesse público).

1) Exigência de garantia: (56, § 1º, 2º, 3º e 5º e 48, § 2º da Lei nº 8.666/93)

- A critério da autoridade competente, desde que prevista no instrumento


convocatório, pode ser exigida garantia nas contratações de obras, serviços e
compras.

- Modalidades (relação exaustiva): 56, § 1º da Lei no 8.666/93:

a) caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública;


b) seguro-garantia;


c) fiança-bancária.

- Cabe ao contratado a escolha da modalidade dentre as previstas na lei.

- Não excederá a 5% do valor do contrato (56, § 2º da Lei no 8.666/93).

- Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta


complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis: pode haver elevação da
garantia até o limite de 10% do valor do contrato (56, § 3º da Lei nº 8.666/93).

- Haverá necessidade de garantia adicional para os contratos que importem entrega


de bens pela administração e o contratado ficar como depositário: neste caso, a
garantia será acrescida do valor desses bens. (56, § 5º da Lei nº 8.666/93).

- Propostas de baixo valor que sejam inferior a 80% do menor valor apresentado
será exigido para a assinatura do contrato, prestação de garantia adicional que será
74

igual a diferença entre o menor valor e o da correspondente proposta: 48, § 2º, da


Lei nº 8.666/93.

2) Alteração unilateral do contrato: (58, I e 65, I, a e b e § 1º da Lei no 8.666/93)

- Prerrogativa concedida à Administração para unilateralmente alterar os contratos


administrativos. (58, I)

- Não se aplica integralmente o princípio do pacta sunt servanda (partes devem


cumprir fielmente o avençado).

- Alteração unilateral alcança: cláusulas regulamentares ou de serviços.

- Não alcança cláusulas econômico-financeiras: que não podem ser alteradas sem
a concordância do contratado.

- Não confundir com:

a) revisão: visa ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro;

b) reajuste: atualização do valor frente à inflação.

- Modalidades: Art. 65 da Lei nº 8.666/93:

1) Qualitativas: modificação do projeto ou das especificações (ex: inovações


tecnológicas, falhas geológicas descobertas na fase de execução).

2) Quantitativas: Acréscimos ou supressões

2.1) Até 25% do valor inicial do contrato

2.2) Até 50% reforma de edifício ou equipamento.

Supressões: 65, parágrafo Primeiro, da Lei 8.666/93 (Além do limite só por acordo
entre as partes).

3) Rescisão contratual: (58, II e 79, I e 78, I a XII e XVII, da Lei no 8.666/93):

- Prerrogativa concedida à Administração de extinguir unilateralmente o contrato


sem a necessidade de recorrer ao Judiciário.
75

- Casos: 79, I da Lei 8.666/93: 78, I a XII e XVII:

a) inadimplemento do contratado;

b) desaparecimento do sujeito;


c) interesse público;


d) caso fortuito ou força maior.

4) Fiscalização (58, III e 67, da Lei nº 8.666/93):

- Representante da Administração fiscaliza a execução do contrato. (art. 67 da Lei


nº 8.666/93).

- Não exclui ou reduz a responsabilidade do contratado pelos danos que, por culpa
ou dolo, a execução venha a causar a terceiros.

5) Aplicação de penalidades (58, IV e 87, I a IV da Lei nº 8.666/93):

a) advertência: 87, I: 


b) multa (descontadas da garantia ou aplicadas juntamente com as demais


sanções): 87, II:

c) suspensão temporária (participar de licitação e de contratar com a administração):


87, III:

- inexecução total ou parcial do contrato

- máximo de 2 anos

- autoridade competente.

d) Declaração de inidoneidade: (participar de licitação e de contratar com a


administração): 87, IV:

- Inexecução total ou parcial do contrato


- Mínimo 2 anos depois pode pedir a reabilitação.


- Competência: Ministros de Estados ou Secretários


76

6) Ocupação temporária (58, IV da Lei 8.666/93):

- Para os serviços essenciais, a Administração possui a prerrogativa de ocupar


provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato.

- Situações:

a) como medida acautelatória para apuração administrativa de irregularidade na


execução do contrato;

b) após a rescisão unilateral do contrato.

Caso concreto:

No curso de obra pública de ampliação da malha rodoviária, adequadamente licitada


pela Administração Pública, verifica-se situação superveniente e excepcional, na
qual se constata a necessidade de realização de desvio de percurso, que representa
aumento quantitativo da obra. Diante do caso exposto, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente, responda aos itens a
seguir. A) É possível que a Administração Pública exija o cumprimento do contrato
pelo particular com a elaboração de termo aditivo, mesmo contra a sua vontade? B)
Em havendo concordância entre o particular, vencedor da licitação, e a
Administração Pública, há limite para o aumento quantitativo do objeto do contrato?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30ª Ed. São Paulo:
GEN/Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
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Plano de aula 16: Contratos administrativos II:

Estrutura:

1.Prazos Contratuais: Regra geral; Exceções; Prorrogações; 2. Características


gerais dos contratos administrativos; 3. Inexecução contratual com e sem culpa; 4.
Responsabilidade da contratada; 5. Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
do contrato 6. Sanções contratuais.

Resumo:

- Cláusulas dos Contratos Administrativos: Art. 55 da Lei nº 8.666/93:

- Objeto, regime de execução, preço, condições de pagamento, prazo,


responsabilidade das partes.

- Exceptio Non Adimpleti Contractus:

- O Art. 78 XV, da Lei nº 8.666/93 prevê que o atraso superior a 90 dias dos
pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
fornecimentos, salvo em casos de calamidade, grave perturbação da ordem, podem
assegurar ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas
obrigações até que seja normalizada a situação.

- Prazo, Prorrogação e Renovação:

- Os contratos administrativos devem ter prazo determinado de duração, sendo


vedados os contratos com prazo indeterminado. (57, § 3º da Lei no 8.666/93).

- Além disso, o contrato deve em regra corresponder ao prazo da disponibilidade do


crédito orçamentário.

- O art. 57 admite as seguintes exceções:


1) Projetos que estejam contemplados no Plano Plurianual;

2) Serviços contínuos (necessidades permanentes da administração que não se


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interrompem): 60 meses;

3) Aluguel de equipamentos e a utilização de programas de informática: 48 meses;

4) Lei 12.349/2010 acrescentou o inciso V ao artigo 57, da Lei nº 8.666/93,


permitindo que a vigência fosse prorrogada por até 120 meses: 24, X (compra e
locação de imóveis), XIX (compras de materiais de uso pelas forças armadas),
XXVIII (fornecimentos de bens e serviços produzidos ou prestados no país que
envolvam alta complexidade tecnológica) e XXXI (inovações tecnológicas).

- Mutabilidade dos contratos administrativos:

- A Administração pode alterar unilateralmente as cláusulas regulamentares, mas


não as cláusulas econômico-financeiras que só podem ser alteradas por acordo
entre as partes.

- No entanto, algumas situações podem alterar o equilíbrio econômico-financeiro de


um contrato administrativo (que é a relação que se estabelece no momento da
celebração do contrato entre o encargo assumido pelo contratado e a
contraprestação pecuniária assegurada pela administração).

- Teoria do equilíbrio econômico dos contratos administrativos:

- Elaborada para analisar os diversos elementos de insegurança que caracterizam


a contratação com a administração:

- Dividem-se:

1) Álea ordinária:

- Risco do negócio: resultado da flutuação do mercado.

- Previsível e o particular responde pelo risco.


2) Álea administrativa (extraordinária):


- A Administração responde pelo restabelecimento do equilíbrio rompido.

2.1) Alteração unilateral do contrato: 65, I, a e b da Lei no 8.666/93:

a) qualitativas
79

b) quantitativas

2.2) Fato do príncipe:

- Medidas de ordem geral e abstrata, não diretamente relacionados ao contrato, mas


que nele repercutem, causando desequilíbrio (ex: alteração de alíquota de imposto
que incide sobre o serviço prestado).

2.3) Fato da administração:

- Conduta da administração que incide diretamente sobre o contrato, impedindo a


sua execução nas condições inicialmente estabelecidas. (ex: A Administração
contrata empresa para fazer um viaduto, todavia para a sua construção é necessária
a desapropriação de certa área, se esta não for realizada a empresa fica impedida
de construir o objeto contratual).

3) Álea econômica (extraordinária):

- Acontecimento externo ao contrato e estranho a vontade das partes, imprevisível


e inevitável, que causa um desequilíbrio muito grande, tornando a execução do
contrato excessivamente onerosa para o contratado (ex: diversidades do terreno só
descobertas na execução da obra).

- Teoria da imprevisão: rebus sic standibus: A convenção não permanece em vigor


se as coisas não permanecem como eram no momento da celebração.

- A Administração responde pela recomposição do equilíbrio econômico-financeiro.

- Extinção dos contratos administrativos:

1) Ordinária:

a) adimplemento contratual;


b) término do prazo contratual.

2) Extraordinária:

2.1. Anulação:

- A declaração de nulidade opera ex tunc e não desonera a Administração do dever


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de indenizar o contratado pelo que ele houver executado até a data da declaração.

2.2. Rescisão:

a) unilateral (cláusula exorbitante):

- faltas contratuais

- interesse público

- caso fortuito ou força maior

b) amigável

c) judicial

- Único modo disponível ao contratado.

- O atraso superior a 90 dias permite a rescisão judicial por parte do contratado


(salvo calamidade pública, grave perturbação da ordem ou guerra).

d) pleno direito.


- Fato extintivo: objeto ou sujeito.


- Independe de manifestação de vontade.

Caso concreto:

O Estado ABCD contratou a sociedade empresária X para os serviços de limpeza e


manutenção predial do Centro Administrativo Integrado, sede do Governo e de
todas as Secretarias do Estado. Pelo contrato, a empresa fornece não apenas a
mão de obra, mas também todo o material necessário, como, por exemplo, os
produtos químicos de limpeza. O Estado deixou, nos últimos 4 (quatro) meses, de
efetuar o pagamento, o que, inclusive, levou a empresa a inadimplir parte de suas
obrigações comerciais. Com base no caso apresentado, responda aos itens a
seguir. A) A empresa é obrigada a manter a prestação dos serviços enquanto a
Administração restar inadimplente? B) Caso, em razão da situação acima descrita,
a empresa tenha deixado de efetuar o pagamento aos seus fornecedores pelos
produtos químicos adquiridos para a limpeza do Centro Administrativo, poderão
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esses fornecedores responsabilizar o Estado ABCD, subsidiariamente, pelas


dívidas da empresa contratada?

Leitura recomendada:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30a Ed. ? São Paulo: GEN/
Forense, 2017.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10a Ed. ? São Paulo: Saraiva, 2016
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