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Primeira Resenha TA1 Ufmg

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1 Resenha

Luiz Paulo Braga Bettio


1 semestre ADM
A burocracia se tornou parte integrante da vida do homem moderno. Isso porque depois da
criação e estruturação desse conceito por Max Weber praticamente todas organizações
humanas passaram a aderir ao ideal burocrático uma vez que ela foi considerada, perante as
opções existentes até então, a melhor das ferramentas de gestão organizacional. O motivo
disso é que diferente das opções anteriores, que previam a hierarquização segundo os
preceitos da tradição ou do carisma ela tem como valor fundamental a racionalidade
instrumental que é a razão utilizada como fermenta para atingir um determinado fim. Ou
seja, a pesar de estar descrevendo um tipo ideal, a burocracia weberiana tem como valor
principal a busca da melhor utilização possível dos meios para a obtenção de um
determinando fim, ele tenta em sua teoria descrever um sistema que funcionaria através da
alocação racional dos recursos humanos, dando mais poder aos ditos mais competentes,
resolução racional de problemas internos e a previsibilidade das responsabilidades
individuais de cada parte do sistema. Portanto a burocracia é uma forma de organização
que se baseia na racionalidade e tenta prever e coordenar os esforços coletivos com base na
autoridade racional-legal que prevê a ética da responsabilidade.
Porem como é de se prever essa teoria tem falhas estruturais que podem ser
consideradas bastante graves e é papel dos teóricos da administração apontar e criticar tais
falhas. Esse é o objetivo dos textos de guerreiro ramos, prestastes mota e Maurício
tragtenberg. Cada um desses testos aponta um ou alguns problemas na teoria de weber e a
intenção dessa resenha é condensar e criticar tais pontos.

Começando por guerreiro ramos, encontramos em seu livro uma tentativa de apontar
alguns problemas éticos e estruturais da burocracia que devem ser reconsiderados sobre a
ótica de algumas novas descobertas no campo: (1) a questão ética de que a organização não
pode interferir na vida particular do trabalhador, ou seja, ela não pode trabalhar para
manipular sua razão substantiva, ela deve se conter apenas na funcional (2) a questão do
equilíbrio entre a personalidade e a organização, que se mal gerida pode causar conflitos e
diminuir a produtividade , e por fim (3) a necessidade da criação de um sistema de
comunicação entre o meio externo e o interno. Portanto esse texto se consiste em
propostas para a resolução de tais problemas que se desenrolam da seguinte forma: (1) a
teoria adimministracional deve se conter em influenciar apenas a racionalidade funcional do
colaborador, ou seja dando a ele meios para a tingir fins de seu interesse, sem tentar
interferir em sua racionalidade substancial através da alienação. (2) ele aponta que
indivíduos em uma organizacao estão constantemente em um conflito etico entre a etica do
valor absoluto e a etica da responsabilidade de forma que eles devem sempre pender para
as exigencias de seu cargo como foi acordado. Por causa disso cabe ao bom adiministrador
trabalhar para melhor o ambiente de trabalho de forma reduzir tal conflito porem, como é
levantado no primeiro ponto, sem influenciar sua racionalidade substancial. (3) para
resolver o problema da comunicação ele propo um sistema de feadback em que os mais
baixos na hierarquia servem como partes sensoriais e os mais altos como órgão pensante.

Prestes Mota passa seu livro descrevendo como a burocracia trancendeu os dominios da
fábrica e se tornou um sistema presente em todas as instancias do mundo. Em seu livro ele
descreve como nos somos condicionados desde muito novos a aceitar a burocracia não só
como um metodo organizacional mas tambémum métode de estratificação social que
legitima sobre o presuposto da racionalidade a dominação de uma classe sobre a outra. Um
ponto importante destacado no livro é que não existem apenas os capitalista e o
proletariado, existem também a dita gerencia e que tanto os donos de empresas como os
gerentes usam a burocracia para legitimar sua dominacao baseado em uma suposta
racionalidade. Por causa disso a burocracia se tornou um sistema presente no estado, nas
fabricas e na escola. Essa realidade faz com que as massas se acustumem com a ideia da
dominacao burocratico legal

e por fim tragtenberg defende a teoria de que toda teoria administracionaliza é uma
ideologia. Ele critica weber dizendo que todo conhecimento nos ramos sociologia é de
alguma forma socialmente construído, dessa forma ele mostra que a ideia burocrata de
weber é na verdade um produto do ambiente em que ele estava construído. Por causa disso
ele critica a afirmação de weber que a burocracia é baseada na racionalidade pois nas
ciências sociais o que é racional e o que; e irracional depende da perspectiva. Ou seja, aquilo
que é considerado racional na perspectiva da classe dominante não pode ser considerado
um racional absoluto. Dessa forma ele considera a burocracia não como uma simples teoria
organizacional, mas sim um instrumento de dominação. Um outro ponto importante do
livro é que ele rastreia a origem da burocracia no modo de produção asiática muito antes da
revolução industrial.

Cada altor problematiza a temática da burocracia sobre a ótica da luta de classes. Porém
ao fazê-lo eles partem da premissa de que esta é uma realidade inegável, portanto minha
principal crítica sobre esses textos recai principalmente nisto: eles apontaram diversos
problemas reais como a tenção no ambiente de trabalho a alienação e a burocratístico da
sociedade, porém eles falharam em identificar a causa desses problemas ao atribuí-la a uma
teoria falha de Marx, a mais-valia.

Primeiramente é preciso salientar que de acordo com o ambiente que Marx estava
analisando se torna praticamente impossível não cometer tal erro, simplesmente pelo
fenômeno da dissonância cognitiva. Ele está inserido em um contexto em que operários de
fabricas trabalhavam de 12 à 16 horas por dia em condições desumanas para receber muito
pouco, apenas o suficiente para não morrer de fome, portanto qualquer pessoa que tente
fazer uma análise de tal situação, exceto se ela fizer parte da elite, tendera a procurar
motivos que invalidem o direito dos capitalistas de agir dessa forma. E é nisso que consiste a
teoria da mais-valia, ela não opera em um nível moral, ela entra no campo da ética( note
que eu defino ética como regras que se aplicam a todos os humanos, na definição usada
nesse texto ética não tem a ver com certo e errado, o que é ético pode ser feito e o que é
antiético não pode), ele não diz que os empresários que criam essas práticas são pessoas de
mal caráter, ele diz que eles são ladrões, e essa duas afirmações são fundamentalmente
diferentes. Eu quero deixar calro esse ponto que de maneira nem uma minha crítica tem o
intuito de justificar as atitudes dessas pessoas, eu só quero aponte que não existe nem uma
exploração de mais-valia e que o lucro não consiste nisso.
Portanto para entendermos o erro de Marx precisamos nos inteirar de um conceito
econômico chamado utilidade marginal. No final do século XIX vários economistas de forma
independente contribuíram para um avanço teórico na área que constituiu o entendimento
de que as coisas não tem valor por intrínseco, elas têm valor segundo a sua utilidade
marginal, ou seja, um indivíduo do valor a determinado produto julgando o quanto esse
será útil para ele, o quanto ele satisfará algum de seus desejos. Portanto é seguro dizer que
cada pessoa cria em sua mente, de forma consciente ou não, um ranking de quais coisas ele
prefere ter em detrimento de outras, julgando as subjetivamente sobre a ótica de qual
satisfará mais seus desejos (note que eu disse desejo e não necessidade). Por fim podemos
então derivar logicamente que as trocas, quando não coercitivas ocorrem apenas se o
indivíduo 1 enxergar mais valor no produto do indivíduo dois do que no seu próprio, por
qualquer motivo que seja, e vice versa.

Esse ponto se torna relevante para a presente discussão pois a lógica de Marx admite que
o próprio trabalho tem um valor intrínseco, o que é um erro. O seu argumento é o seguinte,
a classe dominante explora a dominada através da mais-valia, que é uma parcela do valor
gerado pelo trabalho que não é pago ao trabalhador e embolsado pelo dominador. O erro
desse argumento mora no fato que na verdade o que ocorre é uma troca entre os dois e,
portanto, segundo a lógica da utilidade marginal nós chegamos à conclusão de que na
verdade na perspectiva do trabalhado o dinheiro é preferível a seu tempo e na do capitalista
o tempo do trabalhador valo mais do que o dinheiro que ele paga por ele.

Partindo desse pressuposto devemos admitir que a existência de uma luta de classes seria
uma ideia invalida pois ao contrário do que muita gente pensa não existe exploração por
nem uma das partes de um acordo voluntario, por mais que eu não aceite como corretas as
ações dos “chefes”. O único argumento plausível contra este ponto seria negar a própria
existência da propriedade privada, não apenas dos meios de produção, mas de toda ela.
Porem tal argumento, como salienta hans herman hope em sua ética argumentativa, seria
incabível pois ao utilizar sua liberdade pra faze-lo você estaria demonstrando a existência da
propriedade privada na forma de sua própria propriedade sobre seu corpo.

Porém não irei desenvolver muito mais esse argumento pois pretendo enumerar algumas
consequências do entendimento da utilidade marginal para a teoria administrativa:

A primeira seria que na verdade os conflitos dentro da organização não são


necessariamente uma questão de luta de classe em que os interesses opostos de duas
classes se confrontam. Na verdade, esse problema é fundamentalmente interno do próprio
trabalhador em que ele deseja ao mesmo tempo exercer seu trabalho e não o exercer. Por
definição ele se mantem na empresa até o momento em que o primeiro impulso supera o
segundo, no momento em que essa realidade se inverte ele sai da organização. O que é
importante de entender é que quanto menor for a diferença entre esses dois desejos maior
e a externalização dessa realidade em forma de conflitos com a organização em si. Portanto
ao fomentar o desejo do colaborador de se manter na organização, seja por qualquer
método, o administrador estará reduzindo os conflitos dentro da empresa. Obviamente
existem métodos melhor que os outros.

O que nos leva a nosso segundo ponto, seres humanos não são estritamente racionais,
aquilo que valorizamos não é apenas o dinheiro ou as recompensas materiais que podemos
ganhar. Isso é esclarecido no livro “o erro de descartes” do psiquiatra Antônio Damásio em
que ele estuda um caso de um homem que, após um dano cerebral, perdeu a capacidade de
sentir qualquer emoção. Esse homem perdeu completamente a capacidade de fazer juízos
de valor, qualquer coisa oferecida para ele era indiferente, e após esse estudo Damásio
concluiu que a forca que define como agimos não é racional, mas sim emocional. Então
aplicando essa lógica podemos entender que a burocracia não é de maneira alguma o
melhor dos sistemas organizacionais pois ela utiliza a autoridade racional legal, porém
devem ser pensados novos sistemas que mudem isso para uma autoridade emocional, no
sentido do comprometimento do colaborador com a finalidade da organização, que nesse
caso não pode ser apenas ganhar dinheiro, de forma que esse compromisso se transcreva
em um respeito pelos superiores.

De maneira geral o ponto principal que eu quero defender é que a teoria administracional
deve se voltar primariamente ao objetivo de elevar o desejo do trabalhador de se manter
trabalhando na organização em relação ao de não trabalhar mais nela. Defendo também
que isso removeria os conflitos internos e criaria certa lealdade.

É necessário entender também que o a dominação racional-legal por forma burocrática


funciona também com bases no sentimento do trabalhador. Ela existe apenas por causa do
medo, uma organização nos moldes weberianos só mantem seus funcionários trabalhando
não porque eles acreditam que essa é a melhor forma ou que seus chefes são realmente
superiores e que se fossem eles no poder tudo daria errado, na verdade eles nem pensam
nisso, a única coisa que eles entendem é o medo que eles têm de se saírem da organização
eles vão acabar na miséria. O que faz a burocracia se espalhar par a sociedade inteira não é
exatamente os interesses da dita classe dominante, na verdade isso acontece porque a
escola ensina através do medo (se você não for bem sua vida será muito ruim), o governo
governa através do medo (se não fosse por nos você não teria acesso nem aos serviços
básicos, se você votar no outro candidato tudo vai ficar muito pior) e as empresas supõem o
medo para funcionar, qualquer empresa rigidamente burocrática assume que seus
funcionários da base tem medo de perderem seus empregos. O que aliena o homem é seu
próprio medo.

Por causa disso eu creio que encontrar uma forma de organização que motive um
envolvimento emocional do trabalhador exceto pelo medo é de grande urgência, porque
com o avanço tecnológico e a diminuição da pobreza o medo também diminui.

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