Universidade Federal de Itajubá Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Itajubá Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Itajubá Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Dezembro de 2011
Itajubá - MG
ii
Dedico este trabalho aos meus pais, por
todo o amor e dedicação, por terem sido
peça fundamental para que eu tenha me
tornado a pessoa que sou hoje.
E a Deus que sempre me abençoa, me
protege e me dá forças e coragem para
alcançar meus sonhos.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus pelas oportunidades que me foram dadas, e por ter me dado forças e
sabedoria, iluminando meu caminho para que pudesse concluir mais uma etapa
da minha vida;
Aos meus pais Renato e Misano, sem os quais não estaria aqui, e por terem me
dado condições para me tornar a profissional e o ser humano que sou, meu
agradecimento pela dedicação e por acreditarem em mim;
Aos meus irmãos Susy, Carol e Patrick que desde pequena me ensinaram
muitas coisas, em especial à minha irmã Susy a quem considero uma segunda
mãe;
A Rodrigo Yuji pelo incentivo a terminar de escrever essa dissertação;
Ao meu co-orientador, engenheiro Se Un Ahn, doutor em engenharia elétrica
pela Escola Politécnica da USP, pelo direcionamento técnico, motivação e
paciência, meu agradecimento por insistir a escrever esse trabalho e pelos
sábios conselhos;
Ao professor Germano Lambert Torres, pela orientação e por proporcionar
nossas aulas nas dependências da CPFL;
Ao meu orientador, professor Luiz Eduardo Borges da Silva, pelo ensinamento
e dedicação dispensados no auxílio a concretizar essa dissertação;
Ao engenheiro Ricardo Torrezan pela participação ativa neste trabalho, através
das análises das medições em Monte Alto que proporcionaram também a defesa
do seu mestrado na UNESP - Bauru;
Aos meus colegas da CPFL que me permitiram acessar às medições e relatórios
de qualidade de energia elétrica e pela disseminação do conhecimento;
Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos e familiares pelo carinho, a
todos que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse
realizado meu eterno AGRADECIMENTO.
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
vi
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 1
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 91
vii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Distorção na corrente causada por uma resistência não linear [1]. ......................................... 18
Figura 2: Série de Fourier representando uma forma de onda distorcida[1]. ................................ 20
Figura 3: Sistema simétrico e equilibrado trifásico alimentando ia, ib e ic que são correntes deformadas
e não senoidais. ............................................................................................................................... 25
Figura 4: Mapa de localização do município de Monte Alto.................................................................. 36
Figura 5: Diagrama Esquemático da subestação de Itacolomi. .............................................................. 37
Figura 6: Foto da subestação de Itacolomi. ............................................................................................ 38
Figura 7: Diagrama Esquemático do alimentador ITC-04...................................................................... 39
Figura 8: Banco de Capacitores n° 294944 (BC-1) ................................................................................ 41
Figura 9: Banco de Capacitores n° 294965 (BC-2). ............................................................................... 41
Figura 10: Banco de Capacitores n° 397528 (BC-3). ............................................................................. 42
Figura 11: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Atual ............................ 44
Figura 12: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Futura ........................... 45
Figura 13: Gráfico de tensão de atendimento em regime permanente. ................................................... 47
Figura 14: Gráfico de desequilíbrio de tensão. ...................................................................................... 48
Figura 15: Registros da flutuações de tensão na fundição. ..................................................................... 49
Figura 16: Registros de Distorção de Tensão Harmônica Total – DTHT. ............................................. 49
Figura 17: Comportamento das distorções de tensão em relação à potência ativa demandada pela
fundição FA. ................................................................................................................................... 50
Figura 18: Fornos de indução da fundição FA. ....................................................................................... 51
Figura 19: Esquemático da localização das medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04. ...... 52
Figura 20: Sensores e Registrador do Marh-MT. ................................................................................... 53
Figura 21: Registrador do Power ION. .................................................................................................. 55
Figura 22: Instalação dos sensores do Power ION. ............................................................................... 56
Figura 23: Tela LCD do medidor Power ION. ....................................................................................... 56
Figura 24: Instalação do medidor Marh-MT na saída da subestação, no alimentador ITC-04. .............. 58
Figura 25: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre os dois primeiros bancos de capacitores
BC-1 e BC-2 (Praça). ..................................................................................................................... 59
Figura 26: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre a fundição FA e FB (Marginal). ........... 59
Figura 27: Instalação do medidor Power ION na fundição F A. .............................................................. 60
Figura 28: Instalação do medidor Power ION na fundição F B. .............................................................. 60
Figura 29: Gráfico de Medição de Potência Ativa, Reativa e Fator de Potência na saída da SE Itacolomi
durante a manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................... 61
Figura 30: Gráfico de Medição da Distorção Harmônica de Corrente e Fator de Potência na saída da
SE Itacolomi durante a manobra dos bancos de capacitores. ......................................................... 63
Figura 31: Distribuição da distorção harmônica de tensão no dia 24/01/10. .......................................... 64
Figura 32: Distribuição da distorção harmônica de corrente no dia 24/01/10. ....................................... 64
Figura 33: Gráfico de distribuição de tensão na saída da SE do dia 21/01 a 18/02/10. .......................... 65
Figura 34: Gráfico de medição de potência ativa, reativa e fator de potência na praça. ......................... 66
Figura 35: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na praça. ......... 67
Figura 36: Gráfico de distribuição de tensão na praça do dia 08/02 a 18/02. ........................................ 68
Figura 37: Gráfico da medição de potência ativa, reativa e fator de potência na marginal durante a
manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................................... 68
Figura 38: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na marginal
durante a manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................... 69
Figura 39: Gráfico de distribuição de tensão na marginal do dia 21/01 a 18/02. ................................... 69
Figura 40: Distribuição das componentes harmônicas de corrente medidos no PAC na fundição F A. ... 70
Figura 41: Distribuição das componentes harmônicas de tensão medidos no PAC na fundição F A. ..... 70
Figura 42: Potência ativa da Fundição FA em dias úteis. ........................................................................ 71
Figura 43: Potência ativa da Fundição FA em dias de domingo. ............................................................ 71
Figura 44: Distribuição das componentes harmônicas de corrente [%] medidos no PAC na fundição F B.
........................................................................................................................................................ 72
Figura 45: Distribuição das componentes harmônicas de tensão [%] medidos no PAC na fundição FB. 72
Figura 46: Potência ativa da Fundição FB em dias úteis. ........................................................................ 73
Figura 47: Potência ativa da Fundição FB em dias de domingo. ............................................................ 73
Figura 48: Alimentador ITC-04 representado na ATP Draw. ................................................................ 76
Figura 49: Alimentador ITC-04 simulado no ATPDraw no domínio da frequência. ............................. 80
viii
Figura 50: Simulação no domínio da frequência da rede ITC-04 com as manobras realizadas nos bancos
de capacitores ................................................................................................................................. 80
Figura 51: Gráficos da frequência natural, utilizando banco de capacitores realocáveis e alternativas
para reconfiguração do alimentador ITC-04................................................................................... 81
Figura 52: Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2 no tempo 0,5s; e BC-3
em 0,75s. ........................................................................................................................................ 82
Figura 53: BC-3 no mesmo ponto da BC-1, a corrente de Inrush atinge 8000 amperes. ........................ 83
Figura 54: Corrente na fonte, não altera com operação de BCs. ............................................................ 84
Figura 55: BC-3 localizada à 483 m do BC-1. ....................................................................................... 85
Figura 56: Corrente de Inrush no BC-1, com a operação do BC-3 distante 483 metros. ........................ 85
Figura 57: Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores considerados para
estimação de corrente de inrush...................................................................................................... 86
Figura 58: Simulação tradicional da corrente de inrush, para dois bancos distantes 483 metros. .......... 86
Figura 59: Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no ponto 483 m distante. Em
verde a freqüência natural do alimentador, visto da barra do cliente com carga perturbadora. ...... 87
Figura 60: Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam próximos a corrente
nominais dos bancos. ...................................................................................................................... 88
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Equação 1: Distorção Harmônica Individual .......................................................................................... 19
Equação 2: Distorção Harmônica Total .................................................................................................. 24
Equação 3: Frequência de Ressonância .................................................................................................. 34
Equação 4: Exemplo do cálculo de 900 [kVAr] para 12,5358[µF]. ....................................................... 79
Equação 5: Simulação no domínio da frequência. .................................................................................. 79
ix
GLOSSÁRIO
x
Frequência obtida da transformada de Fourier no domínio do tempo, no qual
todas as frequências são referenciadas. Neste trabalho a frequência fundamental é a
mesma do sistema de suprimento, ou seja, 60 [Hz].
o Frequência Harmônica
Frequência múltipla inteira da frequência fundamental. A razão entre a
frequência harmônica e a frequência fundamental é a ordem harmônica.
o Frequência Inter-harmônica
Qualquer frequência que não é uma múltipla inteira da frequência
fundamental.
o ITC – Itacolomi (Subestação da CPFL)
o MARH-MT
Equipamento Medidor e Registrador Eletrônico de grandezas em tempo-real
para sistemas elétricos monofásicos, bifásicos e trifásicos em média tensão destinado à
instalação junto às unidades consumidoras ou distribuidoras de energia elétrica
fabricado pela RMS.
o ONS – Operador Nacional do Sistema
Órgão responsável pela coordenação e controle da operação da geração e da
transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional – SIN
o PAC – Ponto de Acoplamento Comum
Ponto no sistema de suprimento, no qual é eletricamente mais próximo da
instalação interessada, onde outras instalações estão ou poderiam estar conectadas. O
PAC é um ponto localizado a montante da instalação considerada.
o Power ION
Medidor de qualidade de energia, produzido pelo fabricante Schneider Electric
sua medição possui precisão que atende os requisitos das normas IEC 61000-4-30 [5]
também possui as funcionalidades de análises de qualidade de energia.
o Qualidade do Fornecimento de Energia
Desempenho do sistema elétrico em termos de continuidade do serviço e
conformidade na forma de onda da tensão, incluindo os efeitos de flutuação de tensão,
desequilíbrio, distorção harmônica, cintilação luminosa e variação de tensão de curta
duração.
o RISE – Relatório de Impacto no Sistema Elétrico
Relatório exigido pela CPFL que deve ser elaborado por qualquer acessante
com cargas potencialmente perturbadoras demonstrando quais serão os impactos
xi
causados no ponto de conexão pelas cargas previstas no processo produtivo, qualquer
que seja o regime operativo utilizado, bem como demonstrando quais serão as
medidas de compensação adotadas para prevenir o surgimento de perturbações no
sistema da CPFL.
O RISE deve conter um conjunto de resultados da operação em regime da
instalação do acessante simulando a inexistência de qualquer medida compensatória,
apresentando a magnitude e extensão da perturbação que ocorreria no ponto de
conexão com a CPFL. Deve conter um segundo conjunto de resultados da operação
em regime simulando, agora, a introdução dos dispositivos e equipamentos de
compensação.
o SIN - Sistema Interligado Nacional
o Sistema de Suprimento
É o conjunto de todas as linhas, transformadores e equipamentos que operam
em diversas tensões que compõe o sistema de distribuição e transmissão de energia
elétrica nos quais as instalações dos consumidores está conectada.
o TC - Transformador de Corrente
o TP - Transformador de Potencial
o TR ou TRAFO – Transformador
o VTCD – Variação de Tensão de Curta Duração
xii
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1
Os Procedimentos de Distribuição – PRODIST são normas que disciplinam o
relacionamento entre as distribuidoras de energia elétrica e demais agentes (unidades
consumidoras e centrais geradores) conectados aos sistemas de distribuição, que
incluem redes e linhas em tensão inferior a 230 [kV]. No módulo 8, sobre Qualidade
da Energia Elétrica, item 8.1 sobre Qualidade do Produto, a ANEEL define valores de
referência máximos a serem obedecidos pela distribuidora de energia elétrica para
Distorção harmônica individual de tensão de ordem h ou DITh% e, para Distorção
harmônica total de tensão ou DTT %. O índice de distorção harmônica individual de
tensão para uma rede de distribuição de 13,8 [kV], para harmônicos de ordem 5 é de
no máximo 6% e de ordem 3, é de no máximo 5%. O índice de distorção harmônica
total de tensão para uma rede de distribuição de 13,8 [kV] é de no máximo 8%.
Já a orientação técnica interna da CPFL, que define critérios para autorização
da entrada de novas cargas potencialmente perturbadoras na rede de distribuição da
CPFL, define que o limite para de distorção harmônica total de tensão, medido em
regime permanente no ponto de conexão do acessante deve ser menor ou igual a 5%.
Das análises das medições no PAC, foi identificado que durante a semana, os
níveis de distorção harmônica de tensão estavam dentro dos limites permitidos,
porém, de forma atípica, nos finais de semana os limites estabelecidos pela CPFL
eram excedidos. O comportamento típico esperado era uma redução nos níveis de
distorção harmônica nos finais de semana, pois a maioria das cargas não-lineares
estava desligada. Aos domingos, com o forno da fundição totalmente fora de
operação, conclui-se que as distorções elevadas encontradas no sistema não possuem
correlação com os fornos de indução instalados no cliente. Este resultado preliminar
representava fortes indícios que o fenômeno de ressonância harmônica estava
ocorrendo nesta rede de distribuição.
Adicionalmente, pelas regras existentes na distribuidora independente das
distorções harmônicas ocorrerem nos finais de semana, o fato dos limites serem
excedidos já seria determinante para a não autorização da entrada do novo forno de
indução do consumidor. Não foi previsto em norma que poderiam ocorrer distorções
harmônicas elevadas sem correlação com as cargas perturbadoras, é, portanto, um
fenômeno que merece atenção especial, já que as regras existentes podem inviabilizar
a conexão de um consumidor.
Para entender este fenômeno, cinco medições foram instaladas em pontos
estratégicos da rede de distribuição por aproximadamente trinta dias nos quais os
2
bancos de capacitores foram desligados um de cada vez com uma defasagem de uma
semana entre eles. Esta primeira medida teve o objetivo da comprovação dos indícios
da amplificação da distorção por proximidade da frequência de ressonância harmônica
da rede com os bancos de capacitores.
As análises das medições e testes com os bancos de capacitores instalados na
rede de distribuição mostraram que um dos três bancos de capacitores causava
intensificação do índice de distorção harmônica de corrente e elevação dos níveis de
distorção de tensão. Além disso, foi possível observar que quando os fornos de
indução estavam ligados, a distorção de tensão era menor, ao contrário do que era
esperado como efeito das cargas não-lineares. Pelas análises dos resultados, foi
possível concluir que as distorções harmônicas dessa rede estavam sendo amplificadas
provavelmente por harmônicas próximas da frequência de ressonância da rede.
A solução deste problema poderia ser muito simples removendo os bancos de
capacitores na rede, porém durante a medição foi verificado que ao se retirar os
bancos de capacitores, o fator de potência da rede fica abaixo do limite estabelecido
pela ANEEL. Segundo a regulamentação vigente, no PRODIST, módulo 8, item 3
sobre Fator de Potência, para tensão inferior a 230 [kV], o fator de potência deve estar
compreendido entre 0,92 e 1,00 indutivo ou 1,00 e 0,92 capacitivo. Com a retirada dos
bancos de capacitores o fator de potência na saída da subestação ficaria próximo dos
0,90 indutivo e, portanto, a distribuidora estaria sujeita a multas, além disso,
provocaria maior queda de tensão e maiores perdas técnicas.
A solução deste problema também poderia ser realizada através da eliminação
da distorção harmônica, o que dependeria da instalação de filtros onerosos.
O desacoplamento da frequência de ressonância com a frequência de distorção
harmônica é a mais barata visto que não implica na aquisição de equipamentos caros
como os filtros, portanto este trabalho foi direcionado para soluções de
desacoplamento.
Este trabalho propõe três diferentes abordagens para solucionar o problema de
distorção harmônica nesta rede utilizando o ATP Draw como ferramenta de
simulação. A primeira abordagem é reposicionar os bancos de capacitores utilizando a
solução técnica de bancos realocáveis, cuja tecnologia, também chamada de Plug-and-
Play, é produto de um projeto de pesquisa e desenvolvimento da CPFL-Piratininga,
Expertise, USP e IESA. A segunda é reconfigurar o capacitor existente com potência
3
reativa ajustável. E finalmente, desligar os bancos de capacitores aos finais de semana
utilizando controladores automáticos de banco de capacitores.
A utilização do ATP Draw permitiu criar um modelo equivalente que
represente com boa aproximação as características desta rede. A precisão deste
modelo foi comprovada através da comparação dos dados obtidos pela simulação com
os dados reais obtidos através das medições.
Foi possível realizar uma simulação no domínio da frequência, verificando que
haveria uma amplificação dos componentes harmônicos de 5ª e 7ª ordem, devido à
proximidade da frequência de ressonância.
Com a rede modelada no ATP foi possível simular diferentes abordagens e
fazer uma análise da eficácia de cada um através de um estudo comparativo entre elas,
verificando em qual configuração as componentes harmônicas não eram amplificadas,
ou apresentassem pouca amplificação nos componentes harmônicos de 5ª e 7ª ordem.
A configuração com melhor resultado para mitigação do efeito de ressonância
harmônica foi a alternativa da instalação de um banco de capacitores próximo ao
primeiro banco de capacitores do alimentador.
Por outro lado, a instalação de um banco de capacitores próximo a outro banco
existente, provoca um outro fenômeno transitório, a elevação da corrente de Inrush
pelo efeito back to back entre os bancos. Portanto, foram realizadas análises dos
transitórios causados pela energização de bancos de capacitores próximos (back to
back) e da possibilidade de realizar as operações com chaves tiristorizadas
sincronizadas.
Após a comprovação deste método, os resultados deste trabalho poderão ser
utilizados em outros casos na área de concessão da CPFL com características
semelhantes, possibilitando que os bancos de capacitores possam ser corretamente
projetados com relação ao dimensionamento, ajustes de operação e local de instalação,
corrigindo-se o fator de potência da rede, reduzindo-se as perdas técnicas, e
mitigando-se prejuízos.
O trabalho está dividido em seis capítulos, organizados na forma a seguir.
O Capítulo 2 faz uma revisão bibliográfica de trabalhos nas áreas de qualidade
de energia elétrica associados à instalação de banco de capacitores em sistemas com
cargas perturbadoras, assim como problemas relacionados à ressonância harmônica e
o efeito da corrente de inrush devido à energização de bancos de capacitores próximos
e utilização de chaves tiristorizadas.
4
Os conceitos fundamentais de utilização de banco de capacitores, distorção e
ressonância harmônica são introduzidos no Capítulo 3, onde também se discute os
limites máximos de distorção harmônica estabelecidos pela agência reguladora do
setor.
O Capítulo 4 faz uma breve descrição do caso estudado neste trabalho,
detalhando as características da rede, a motivação pela escolha deste alimentador, o
processo de medição e análise dos resultados.
O Capítulo 5 apresenta as abordagens propostas neste trabalho para a
mitigação do problema de ressonância harmônica, as simulações através do ATPDraw
e o impacto com relação à corrente de inrush durante energização do banco de
capacitores de acordo com solução encontrada apresenta.
Seguem-se discussões, conclusões e sugestões no Capítulo 6. O apêndice A há
uma cópia do artigo apresentado no congresso internacional IEEE/PES T&D2010
Latin América em Novembro de 2010, este trabalho foi selecionado para publicação
no site de artigos internacionais do IEEE, o XPLORER (ieeexplore.ieee.org - IEEE
Xplore). No apêndice B apresenta uma cópia do artigo que foi publicado e
apresentado no IX CBQEE 2011 – IX Conferência Brasileira de Qualidade de Energia
Elétrica em Agosto de 2011, realizada na cidade de Cuiabá-MT. Ambos os trabalhos
foram apresentados pela mestranda Gislaine Midori Minamizaki e reforçam a defesa
desta dissertação.
5
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E METODOLOGIAS
DISPONÍVEIS
6
O livro de Kusko, A., Thompson, T. M. “Power Quality in Electrical
Systems”, também é dedicado à qualidade de energia elétrica em sistemas de potência,
com as definições de qualidade de energia, exemplos de baixa qualidade de energia
elétrica como afundamentos de tensão, sobretensões, transitórios, interrupções,
flutuações, distorções harmônicas, ruídos, entre outros. Com relação a harmônicos,
entra na discussão sobre o aumento de cargas não-lineares que geram harmônicos e
que cada vez mais os equipamentos na rede são sensíveis a estes harmônicos, levando
a necessidade de encontrar soluções cada vez mais eficazes para resolver os problemas
com harmônicos. O capítulo 2 do livro discute vários padrões de qualidade de energia,
incluindo padrões que discutem distorções harmônicas, assim como inter-harmônicos
de alta frequência causados por chaveamento nos sistemas de suprimento, inversores,
entre outros. Os capítulos 4 e 5 são dedicados aos conceitos de harmônicos, séries de
Fourier, espectros de formas de onda periódicas e as fontes de corrente de harmônicos
[2].
Sendo unânime a questão da qualidade de energia elétrica ser uma
preocupação, não há como ignorar os padrões definidos pelo IEEE com diversas
publicações relevantes nesta área. Com relação à qualidade de energia elétrica, a
principal referência é o IEEE Standard 519 denominado IEEE Std. 519-1992, cuja
tradução do título seria “Práticas e Requerimentos Recomendados pelo IEEE para
Controle de Harmônicos no Sistema Elétrico de Potência”. O padrão de 1992 é uma
revisão do trabalho anterior do IEEE publicado em 1981 abrangendo controle de
harmônicos.
O padrão 519 do IEEE, afirma que a qualidade de energia é de dupla
responsabilidade, da supridora e do consumidor final. A supridora é responsável em
produzir tensões senoidais de boa qualidade e o consumidor final tem a
responsabilidade de limitar as correntes harmônicas que possam distorcer a sua fonte e
afetar demais consumidores.
O padrão IEEE 519 também define limites de distorção harmônica no ponto de
acoplamento comum. Assim, para redes com tensão menor que 69kV, o IEEE define
que o limite máximo de distorção harmônica para um componente harmônico pode ser
de até 3% e para distorção harmônica total de até 5% [3].
Outra organização de padronização, a IEC (International Electrotechnical
Commission) também possui norma relacionada. O relatório técnico TR 61000-3-6,
cuja tradução seria “Limites – Avaliação dos limites de emissão para conexão de
7
instalações perturbadoras em sistemas de média, alta e extra-alta tensão” que foi
preparado pelo comitê técnico do IEC de Compatibilidade Eletromagnética. A revisão
2.0 de 2008 substitui a primeira edição de 1996. Este relatório técnico trata de
qualquer instalação, seja carga ou gerador, que produzem harmônicos ou inter-
harmônicos, porém aborda os limites que os sistemas elétricos são capazes de
absorver distorções, sem estender a discussão de como mitigar tais distorções ou como
aumentar a capacidade dos sistemas em absorver as distorções.
O relatório técnico da IEC afirma que a definição de limites de emissão de
tensão ou corrente, para um equipamento individual ou de uma instalação de um
consumidor deve ser baseada nos efeitos que essas emissões terão na qualidade da
tensão em determinada localização, os limites dependem de alguns conceitos básicos
como localização, das técnicas de medição aplicadas (duração, amostragem,
estatísticas) e como são calculadas.
Dados esses conceitos, a IEC 61000-3-6 apresenta valores de referência para
controle e proteção de equipamentos que estejam conectados em um determinado
sistema de fornecimento com probabilidade de cobrir 95% dos sistemas. Para
distorção harmônica total o valor de referência é de até 8% [4].
Para este trabalho que é um estudo de caso no Brasil, a primeira consulta é
verificar o que prega a regulamentação brasileira, que é relativamente recente quando
se trata de limites para distorções harmônicas. Em 29 de novembro de 2000, a ANEEL
– Agência Nacional de Energia Elétrica, publica a resolução normativa nº 456/2000
estabelecendo as condições gerais de fornecimento de energia elétrica, introduzindo o
conceito de cargas potencialmente perturbadoras na regulamentação brasileira [6], que
por sua vez foi substituída pela resolução normativa nº 414/2010 [7].
Saindo do universo da distribuição de energia elétrica, para a Rede Básica, o
ONS – Operador Nacional do Sistema, foi responsável por elaborar os Procedimentos
de Rede. O uso dos Procedimentos de Rede em caráter provisório foi autorizado pela
ANEEL através da resolução nº 420 de 31 de outubro de 2000 [9], passando por
sucessivas revisões autorizadas, ainda em caráter provisório, pelas resoluções ANEEL
nº 140 de 25 de março de 2002[10], nº 689 de 13 de dezembro de 2002[11], nº 791 de
24 de dezembro de 2002[12], nº 333 de 08 de julho de 2003[13], e nº 675 de 18 de
dezembro de 2003[14].
Somente após consulta e audiência pública realizada em 2008, através da
resolução normativa nº 372 da ANEEL de 28 de julho de 2009 [15], que foi
8
autorizado o uso dos Procedimentos de Rede em caráter definitivo, sendo publicada a
versão disponível até a data presente em 05 de agosto de 2009 [8].
Os Procedimentos de Rede constituem um conjunto de regras, critérios e
procedimentos técnicos, organizados em 25 módulos, que estabelecem a sistemática e
os requisitos técnicos necessários para o planejamento e programação da operação,
para a supervisão coordenação e controle da operação, para a administração dos
serviços de transmissão de energia elétrica, para garantia do livre acesso à rede básica,
bem como para proposição de ampliações e reforços da rede básica e demais
instalações da transmissão. No submódulo 2.8 que trata de gerenciamento dos
indicadores de desempenho da rede básica e de seus componentes, aborda os
indicadores de desempenho da rede básica relacionados à qualidade da energia elétrica
– QEE e os valores limites de referência, no aspecto tanto global ou sistêmico, como
individual ou por agente inclusive definindo os indicadores referentes à distorção de
tensão harmônica total e como os limites globais e individuais para todos os agentes
do Sistema Interligado Nacional - SIN, incluindo todos os acessantes, sejam
distribuidoras ou clientes livres [8].
Atualmente a regulamentação brasileira vigente quanto à qualidade da energia
elétrica nas redes de distribuição está disciplinada pelo PRODIST - Procedimentos de
Distribuição [16], aprovado pela Resolução nº 345/2008 [17].
O PRODIST é um conjunto de normas que disciplinam o relacionamento entre
as distribuidoras de energia elétrica e demais agentes (unidades consumidoras e
centrais geradores) conectados aos sistemas de distribuição, que incluem redes e
linhas em tensão inferior a 230 quilovolts (kV). Já em sua primeira versão, em
dezembro de 2008, no módulo 8 sobre Qualidade da Energia Elétrica, item 8.1 sobre
Qualidade do Produto, a ANEEL define valores de referência máximos a serem
obedecidos pela distribuidora de energia elétrica para Distorção harmônica individual
de tensão de ordem h ou DITh% e, para Distorção harmônica total de tensão ou DTT
%. Esses padrões mínimos de qualidade foram mantidos nas duas revisões em 2009 e
2010 aprovados pelas resoluções da ANEEL nº 395/2009 [18] e nº 424/2010 [19]
respectivamente.
A definição de padrões mínimos de qualidade pelo agente regulador do sistema
elétrico nacional demonstra a evolução da legislação brasileira dada à importância do
tema, e incentiva através dos procedimentos que as distribuidoras busquem níveis
mínimos de qualidade para os consumidores. Portanto, apesar dos benefícios da
9
instalação de bancos de capacitores, a ressonância harmônica também deve ser
considerada já que os problemas relacionados aos harmônicos têm crescido nos
sistemas de média tensão devido ao aumento de novas cargas não-lineares conectadas
na rede e, somada com a distorção de tensão causada pela ressonância harmônica, os
limites estabelecidos pela ANEEL podem ser excedidos[1].
Além dos livros e definições de padrões relevantes para área, há diversas
publicações direcionadas para área de qualidade de energia, as referências deste
trabalho estão focadas principalmente nas publicações direcionadas aos problemas de
instalação de banco de capacitores em sistemas de distribuição com cargas
perturbadoras, assim como problemas relacionados à ressonância harmônica e o efeito
da corrente de Inrush devido ao fenômeno de back to back entre os bancos.
Em 2007, Mcgranaghan, M., Peele, S., Murray, D., publicaram o artigo
“Solving Harmonic Resonance Problems on the Medium Voltage System” na 19th
International Conference on Electricity Distribution no CIRED em Viena onde
afirmavam que apesar dos limites estabelecidos pelas normas do IEEE 519
fornecerem algum controle na geração de harmônicos, ainda assim o nível de
harmônicos pode ser significante principalmente quando a rede de distribuição
apresentar o fenômeno de ressonância harmônica que aumenta os níveis de corrente
harmônica e distorções de tensão. Apresentou dois estudos de caso de solução de
problemas de ressonância harmônica através da utilização de filtros de harmônicos
[20].
Pinto, E. Bittencourt publicou em 2007 no VII CBQEE o artigo “Requisitos
para Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL”
apresentando que a CPFL como distribuidora estava agindo proativamente criando
processos normatizados internamente de uma forma prática para todo o acesso de
ligações e aumentos de carga envolvendo cargas não lineares, garantindo que os
impactos das perturbações permaneçam dentro de limites aceitáveis, sem prejuízo à
qualidade do fornecimento da energia elétrica. [21]. A norma que este artigo trata
também foi utilizada neste trabalho, o “GED 10099 – Requisitos para Conexão de
Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL”.[37]
Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P., Deckmann, S., Aoki, A. R.,
Godói, A. A., Garcia, F. R., publicaram o artigo “Alocação de Capacitores em Redes
de Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de Ressonância”, no VIII
Congresso Brasileiro de Qualidade de Energia Elétrica em 2009. Neste trabalho
10
apresentaram uma metodologia de otimização da compensação reativa em redes de
distribuição primária e secundária de maneira conjunta, procurando os máximos
benefícios econômicos e técnicos. O trabalho procura contornar o problema da
explosão combinatória que aparece em redes reais de grande porte, utilizando um
fluxo de carga especializado dentro de um algoritmo genético. Adicionalmente,
devido à proliferação de fontes harmônicas, a proposta usa um indicador de
sensibilidade à ressonâncias devido à inserção de novas cargas capacitivas [22].
Em 2010, A. A. Eajal e M. E. El-Hawary, publicaram três artigos no 14th
ICHQP na Itália: “Optimal Capacitor Placement and Sizing in Distorted Radial
Distribution Systems Part I: System Modeling and Harmonic Power Flow Studies”,
“Optimal Capacitor Placement and Sizing in Distorted Radial Distribution Systems
Part II: Problem Formulation and Solution Method” e Optimal Capacitor Placement
and Sizing in Distorted Radial Distribution Systems Part III: Numerical Results”.
Trata-se de um único trabalho apresentado em três partes, a primeira parte se inicia
comentando os benefícios da instalação de banco de capacitores e da necessidade de
alocar estes bancos de capacitores levando em conta a presença dos harmônicos,
sendo que o primeiro passo para a alocação ideal é a modelagem detalhada do sistema
e um eficiente programa de fluxo de potência harmônica. Apresenta uma modelagem
trifásica do sistema e um algoritmo de fluxo de potência harmônico, reportando três
diferentes modelos de transformadores para estudos de harmônicos e para os
componentes lineares outros quatro diferentes modelos [23].
A segunda parte foi dedicada à alocação ótima de banco de capacitores
levando em conta as menores perdas técnicas, níveis de tensão e distorções
harmônicas totais, além de manter os menores custos. O problema de
dimensionamento e a alocação dos bancos de capacitores sendo um problema de
integração não linear, foi solucionado utilizando otimização por enxame de partículas
[24].
A última parte é a combinação da solução do problema de alocação e
dimensionamento de banco de capacitores utilizando otimização por enxame de
partículas e adicionalmente com um algoritmo de fluxo de potência de rede radial de
distribuição formando um algoritmo híbrido. Dessa forma os autores propuseram um
algoritmo integrado capaz de encontrar uma solução global de alocação, considerando
as perdas técnicas, com verificação dos limites de tensão e fluxo de potência de
harmônicos [25].
11
Em 2010, R. Torrezan, S. U. Ahn, C. Escobar, A. S. P. Gaona, A. V. de
Oliveira, A. N. de Souza, A. C.P. Martins, N. C. Jesus, publicaram o artigo “Proposals
for Improvement of Methodology and Process of Collecting and Analyzing
Compatibility of Power Quality Indicators in Distribution Systems” no IEEE/PES
T&D2010 Latin America. Neste artigo foi apresentada a metodologia utilizada para
analisar o impacto da ligação de cargas potencialmente perturbadoras ao sistema
elétrico de distribuição da CPFL Paulista. Utiliza como estudo de caso prático a
solicitação de aumento de carga da mesma fundição estudada nesta dissertação de
mestrado. São apresentadas recomendações sobre como tratar dados obtidos das
medições de harmônicos, flutuação de tensão, desequilíbrio de tensão e tensão em
regime permanente [26].
Em 2011, Ricardo Torrezan realizou a defesa do seu mestrado em engenharia
elétrica na Universidade Estadual Paulista, UNESP Bauru, com o título “Propostas
para aprimoramento da metodologia e do processo de apuração e análise de
compatibilidade de indicadores da qualidade da energia elétrica em sistemas de
distribuição”. O seu projeto de pesquisa teve por objetivo apresentar propostas para
aprimoramento das principais normas e resoluções envolvidas, dentre as quais o
PRODIST, quanto à metodologia para apuração do indicador de distorção de tensão
harmônica total, bem como trazer contribuições para o processo de análise de
compatibilidade de cargas potencialmente perturbadoras na qualidade da energia
elétrica em sistemas de distribuição. Torrezan utilizou o mesmo estudo de caso de
Monte Alto objeto dessa dissertação para embasar o seu trabalho [27].
No estudo de caso apresentado nesta dissertação, foi identificado que em um
determinado alimentador a distorção harmônica estava dentro dos limites permitidos
em dias úteis, porém nos finais de semana, quando a maioria das cargas não lineares
estava desligada, os níveis de distorção harmônica extrapolam os limites. A
investigação desse caso levou a suspeita que este alimentador apresentava
características de ressonância harmônica com os bancos de capacitores.
Outros casos semelhantes foram estudados, os autores Jesus, N.C.; Oliveira,
H.R.P.M, publicaram o artigo “Efeito de Bancos de Capacitores na Amplificação de
Harmônicos em Sistema de Distribuição” no XVII Seminário Nacional de
Distribuição de Energia Elétrica em 2006, observando justamente este fenômeno [28].
No caso do trabalho apresentado nesta dissertação, concluiu-se que não seria possível
12
utilizar a mesma solução, de desligar os bancos de capacitores na rede devido a
violação dos limites mínimos permitidos de fator de potência.
Outras soluções foram propostas e analisadas utilizando o ATPDraw como
ferramenta de simulação [29], através dos resultados das simulações foi possível
identificar uma solução através da realocação dos bancos de capacitores. Por outro
lado, a melhor solução do ponto de vista de mitigação da ressonância seria a
instalação de dois bancos de capacitores muito próximos, o que levou o
desenvolvimento de uma pesquisa sobre as correntes de inrush submetidas ao efeito
back-to-back.
A seguir são apresentadas algumas bibliografias sobre o efeito da corrente de
inrush devido ao fenômeno de back to back entre os bancos de capacitores, e a
utilização de chaves sincronizadas.
O capítulo 4 do livro de R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso e H. W.
Beaty, “Electrical Power System Quality”, trata das definições dos transitórios que
podem ser causados principalmente por curtos-circuitos causados por descargas
atmosféricas ou chaveamento de banco de capacitores. São apresentados os conceitos
de como o chaveamento de bancos de capacitores causam elevadas correntes
transitórias, chamadas de correntes de inrush [1].
M.F. Iizarry-Silvestrini, T. E. Vélez-Sepúlveda, escreveram o artigo
“Mitigation of Back-to-Back Capacitor Switching Transients on Distribution Circuits”
para o Departamento de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade de Porto
Rico em 2006. Neste trabalho os autores fizeram uma verificação teórica e prática que
as correntes de energização de bancos de capacitores são agravadas quando o
chaveamento de um banco de capacitores ocorre próximo a outro banco de capacitores
já energizado, chegando a amplitudes superiores a quiloamperes, efeito conhecido
como back-to-back. Neste trabalho também utilizaram o ATP como ferramenta de
simulação, e concluíram que das diversas tecnologias existentes, a utilização de
disjuntores síncronos era a solução ideal para mitigar os efeitos do fenômeno back-to-
back [28].
Kulas, S. J., apresentou o trabalho cuja tradução seria “Técnicas de
Chaveamentos de Capacitores” no ICREPQ - International Conference on Renewable
Energies and Power Quality, em abril de 2009. Neste trabalho o autor abordou as
formas de redução da magnitude das elevadas correntes de inrush durante a
energização de bancos de capacitores que podem danificar os elementos capacitivos e
13
fundir os contatos das chaves. O método de eliminação da sobretensão e as elevadas
correntes de inrush é o fechamento das chaves no instante em que houver uma
diferença de tensão igual a zero entre os contatos [32].
Fernandez, P. C., Esmeraldo, P. C. V., Almeida, H. T., et al, publicaram o
artigo “Estudo de Energização de Bancos de Capacitores de Grande Porte Realizado
no Simulador Digital em Tempo Real (RTDS™) de FURNAS utilizando Disjuntores
com Sincronizador”, no XIV SNPTEE em 1997. Neste artigo os autores apresentaram
resultados de estudo para avaliar os transitórios eletromagnéticos das manobras de
energização de bancos de capacitores de grande porte, utilizando-se disjuntores
dotados de sincronizadores. Os resultados dos casos processados com a representação
de sincronizadores mostram que este equipamento é capaz de minimizar de
sobremaneira as causas do desgaste excessivo dos componentes das câmaras
auxiliares dos disjuntores destes bancos de capacitores [33].
Utilizando desta vasta bibliografia, foi possível desenvolver este trabalho com
o objetivo de estudar soluções técnicas para mitigar o problema de amplificação das
distorções harmônicas de tensão devido à ressonância harmônica em bancos de
capacitores de um alimentador localizado na área de concessão da Companhia Paulista
de Força e Luz.
14
CAPÍTULO 3 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
15
série não proporcionam correção de fator potência na mesma proporção dos
capacitores em paralelo e as correntes nas linhas não são substancialmente reduzidas;
conseqüentemente, a redução das perdas técnicas de energia é pouco significativa.
Esses aspectos, associados à sensibilidade a transitórios (de tensões e correntes) fazem
com que, na prática, os capacitores em série sejam utilizados quase que
exclusivamente no controle de “flickers” [35].
Considerando um perfil de carga apropriado à variação da demanda de energia
no horizonte de planejamento do sistema de distribuição, definem-se os locais de
instalação e a capacidade dos bancos de capacitores. Tais bancos podem ser fixos ou
variáveis, permitindo a injeção de diferentes níveis de energia reativa no sistema.
A definição desses níveis de atuação para cada um dos bancos de capacitores
instalados, levando-se em consideração as variações da carga ao longo do período de
estudo, constituem procedimentos aplicados à redução do custo de operação das redes
de distribuição de energia elétrica [34].
Quando se deseja instalar capacitores em um sistema é aconselhável calcular
os benefícios econômicos provenientes dessa instalação, porém não é raro que a
análise com relação ao acoplamento das freqüências harmônicas seja ignorada
causando sérios problemas futuros que podem ser maiores que os possíveis benefícios
da instalação dos bancos de capacitores em si [36].
16
3.2 DISTORÇÃO HARMÔNICA
3.2.1 - Definição
A distorção harmônica não é um fenômeno relativamente novo nos sistemas
elétricos, existem literaturas técnicas sobre o assunto desde a década de 30.
No final de década de 70, quando a utilização dos conversores eletrônicos de
potência se tornou mais acessível às indústrias em geral, aumentou-se a preocupação
sobre as incertezas de como o sistema de potência se comportaria com uma
quantidade excessiva de distorção harmônica. As primeiras previsões eram desastrosas
para o sistema, porém apesar de exageradas, incentivou as pesquisas deste novo
problema e causou grande desenvolvimento no campo de análise da qualidade de
energia: novas ferramentas e equipamentos foram desenvolvidos e novas regras foram
estabelecidas para o planejamento e operação do sistema elétrico.
Atualmente problemas com distorções harmônicas ainda existem, porém em
um percentual pequeno comparado com a quantidade de afundamentos de tensão e
interrupções que são problemas de qualidade de energia elétrica universais em todos
os sistemas elétricos de potência.
Se o sistema for propriamente projetado para suprir as demandas da carga, a
probabilidade de harmônicos causarem problemas à rede é pequena, embora ainda
possam causar problemas aos sistemas de telecomunicação [1]. Neste trabalho
apresentaremos que devido à definição de limites, pode haver problemas com relação
à estas distorções, principalmente quando algumas componentes harmônicas forem
amplificadas através do fenômeno de ressonância.
A distorção harmônica é causada por cargas não-lineares conectadas à rede.
Uma carga não-linear é aquela na qual a corrente não é proporcional à tensão aplicada.
A Figura 1 a seguir ilustra este conceito no caso de uma onda de tensão senoidal
aplicada a um resistor não-linear no qual a tensão e a corrente variam de acordo com o
curso com a curva mostrada.
Enquanto a forma de onda de tensão aplicada é perfeitamente senoidal, a
corrente resultante é distorcida. Aumentando somente alguns pontos percentuais na
tensão, o efeito na corrente pode ser o dobro e poderá apresentar uma forma de onda
completamente diferente. Esta é a fonte de distorção harmônica na maioria dos casos
no sistema de potência.
17
Figura 1: Distorção na corrente causada por uma resistência não linear [1].
18
impedância e da corrente. Assumindo que a distorção no barramento de carga
permanece dentro de limites razoáveis (por exemplo, menos de cinco por cento [3]), o
montante de corrente harmônica produzida pela carga é geralmente constante.
Embora a corrente de carga harmônica cause a distorção de tensão, deve
perceber que a carga não possui controle sobre a distorção de tensão. A mesma carga
instalada em dois diferentes pontos do sistema pode resultar em dois diferentes valores
de distorção de tensão.
Deve-se tomar cuidado ao descrever o fenômeno dos harmônicos, ou seja, para
entender as particularidades entre as causas e efeitos dos harmônicos de corrente e
tensão, as terminologias devem ser apropriadamente qualificadas. Geralmente é
convencionado que na maioria das vezes quando um termo é usado para se referir a
dispositivos de carga, o interlocutor está se referindo a corrente harmônica e para se
referir ao sistema da distribuidora, o assunto é sobre distorção de tensão.
Se por um lado existem poucos casos onde a distorção é randômica, a maioria
é periódica ou uma múltipla inteira da frequência fundamental. Ou seja, a forma de
onda de corrente é aproximadamente a mesma, ciclo após ciclo, com poucas
alterações. Esse fenômeno tem feito com que o termo harmônico seja utilizado das
mais diversas formas para descrever distorções em forma de ondas, porém este termo
deve ser cuidadosamente qualificado para fazer sentido.
A Distorção Harmônica Individual de Tensão de ordem h ou DITh% , é
definida pela relação:
19
A aplicação das séries de Fourier permitiu que cada harmônico fosse analisado
separadamente. Encontrar as análises em frequência de cada curva senoidal
individualmente é muito mais simples comparada com a análise de uma curva
completamente distorcida, facilitando os estudos nesta área [1].
3.2.3 – Efeitos
O fato é que a presença de harmônicos é frequentemente um indício de que
alguma coisa está errada, seja com carga, seja com a rede, seja com o transdutor
utilizado para fazer as medições.
E como fato agravante, vem crescendo também a quantidade de cargas
sensíveis a tais anomalias, as quais necessitam de uma qualidade no fornecimento de
energia elétrica elevada, tais como sistemas eletrônicos de controles industriais,
CPD’s e microcomputadores, tornos de controle numérico, televisores, etc [2].
Estes dois pontos crescentes de demanda, ou seja, de um lado as cargas
geradoras de harmônicos, e de outro as cargas sensíveis aos harmônicos, são as peças
fundamentais para a necessidade da criação de metodologias para estudar e mitigar
problemas com distorções harmônicas.
Já para a supridora de energia, basicamente, são dois os problemas mais sérios
provocados pela distorção harmônica:
20
• Aumento das perdas técnicas, com consequente diminuição da eficiência
energética e prejuízo à vida útil de muitos dispositivos, aparelhos e equipamentos
conectados à rede;
• Medição errônea das grandezas elétricas durante a operação dos sistemas e
redes, colocando em risco a adequada proteção contra faltas e falhas e, ainda,
faturando inadequadamente os montantes de energia vendidos aos consumidores e/ou
comprados dos geradores.
Os efeitos causados pelos componentes harmônicos no sistema elétrico, bem
como em seus componentes, podem ser classificados em três grandes grupos:
a) solicitação térmica, associada à circulação de correntes harmônicas;
b) solicitação de isolamento, associada às distorções de tensão;
c) Má operação de equipamentos.
21
As máquinas elétricas, de uma maneira geral, apresentam uma baixa
impedância para as componentes harmônicas. Por exemplo, enquanto o
escorregamento para a freqüência fundamental é da ordem de dois por cento, para as
frequências harmônicas os correspondentes escorregamentos serão praticamente
unitários. As componentes de sequência zero, que não produzem efeito de campo
girante, não foram consideradas.
A influência dos harmônicos nos motores de indução manifesta-se de duas
formas:
a) Influência dos Harmônicos sobre o Conjugado do Motor
Estudos teóricos e medições práticas mostram que o efeito de uma distorção
harmônica total de 1 a 20% tem efeito desprezível sobre os torques de regime e de
partida de um motor assíncrono (de indução). Porém observa-se o aparecimento de
torques oscilatórios devido à interação de correntes harmônicas e campo magnético
com a componente fundamental. Essa interação gera um torque oscilatório e, sua
magnitude é proporcional às magnitudes das correntes harmônicas.
Como exemplo, se a corrente harmônica é da ordem de dez por cento da
nominal, a magnitude do torque oscilatório tem aproximadamente o mesmo valor.
Cabe observar que o torque médio, responsável pela realização de trabalho
mecânico, não é afetado por tais harmônicos, porém os torques oscilatórios podem
provocar vibrações mecânicas no motor e cargas acionadas.
b) Influência dos harmônicos sobre as perdas suplementares no ferro e no
cobre
Estudos mostram que as perdas suplementares no ferro são praticamente
desprezíveis com a presença de componentes harmônicos. Porém as perdas no cobre
são significativas.
22
c) Existência de componente contínua no transformador acarretando uma
magnetização assimétrica (saturação) e os seus subsequentes efeitos.
23
quadráticas de cada componente harmônica com relação à fundamental, vide equação
abaixo [1].
24
carga devido a alguma anomalia ocorrida na carga ou em sua fonte, tais harmônicos
serão denominados “Harmônicos não Característicos”.
O surgimento dos harmônicos não característicos, ou seja, dos não previstos
pela teoria idealizada, deve-se às seguintes causas:
a) Erros no sistema de disparo da instalação retificadora;
b) Desequilíbrio da tensão c.a. de alimentação da instalação retificadora;
c) Distorção harmônica na tensão de alimentação;
d) Desequilíbrio entre impedâncias do sistema CA.
Figura 3: Sistema simétrico e equilibrado trifásico alimentando ia, ib e ic que são correntes
deformadas e não senoidais.
Considerando o diagrama da Figura 3, com o sistema elétrico trifásico
simétrico e equilibrado, ou seja, tensões e correntes com módulos idênticos e no
sentido positivo, com defasamento de 120° entre fases e ainda, a forma de onda de
corrente com um certo grau de deformação, caso haja qualquer desequilíbrio na
alimentação da carga, estes harmônicos (múltiplas de três) não estarão mais em fase,
acarretando a existência de harmônicos não característicos fluindo entre a carga e a
fonte [38].
25
3.3 LIMITES ACEITÁVEIS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA
26
tensão harmônica total e como os limites globais e individuais para todos os agentes
do Sistema Interligado Nacional - SIN, incluindo todos os acessantes, sejam
distribuidoras ou clientes livres.
Os limites globais inferiores correspondentes aos indicadores de tensões
harmônicas individuais de ordens 2 a 50, bem como ao indicador DTHTS95% estão
apresentados na Tabela 2.
O indicador DTHTS95% é determinado observando o valor que foi superado
em apenas 5% dos registros obtidos no período de 1 dia (24 horas), considerando os
valores dos indicadores integralizados em intervalos de 10 (dez) minutos, ao longo de
7 (sete) dias consecutivos. O indicador corresponde ao maior entre os sete valores
obtidos, anteriormente, em base diária.
27
Os Procedimentos de Rede que tratam dos requisitos da Rede Básica
apresentavam uma referência de distorção harmônica para redes de distribuição até a
criação dos Procedimentos da Distribuição, o PRODIST, em 2008. Este trabalho
estuda um caso na rede de distribuição de 13,8 [kV], portanto foi necessário estudar o
PRODIST.
28
No módulo 8, sobre Qualidade da Energia Elétrica, item 8.1 sobre Qualidade
do Produto, a ANEEL define valores de referência máximos a serem obedecidos pela
distribuidora de energia elétrica para Distorção Harmônica Individual de Tensão de
ordem h ou DITh% e, para Distorção Harmônica Total de Tensão ou DTT % [16].
Os valores de referência para a Distorção Harmônica Individual de Tensão de
ordem h ou DITh% (em percentagem da tensão fundamental), estão definidos na
tabela abaixo:
29
alterações da revisão 3 do PRODIST módulo 8, item 8.1 – Qualidade do Produto. A
ANEEL também disponibilizou através da nota técnica 029/2011 uma série de
questionamentos compostos por 29 perguntas envolvendo harmônicos, desequilíbrios
de tensão, flutuação de tensão e VTCD. Portanto, identifica-se no agente regulador
forte tendência para implementação de indicadores e controles para fiscalização.
30
porém aborda os limites que os sistemas elétricos são capazes de absorver distorções,
sem estender a discussão de como mitigar tais distorções ou como aumentar a
capacidade dos sistemas em absorver as distorções.
O relatório técnico da IEC afirma que a definição de limites de emissão de
tensão ou corrente, para um equipamento individual ou de uma instalação de um
consumidor deve ser baseada nos efeitos que essas emissões terão na qualidade da
tensão em determinada localização, os limites dependem de alguns conceitos básicos
como localização, das técnicas de medição aplicadas (duração, amostragem,
estatísticas) e como são calculadas.
Dados esses conceitos, a IEC 61000-3-6 apresenta valores de referência
reproduzidos na tabela abaixo, para controle e proteção de equipamentos que estejam
conectados em um determinado sistema de fornecimento com probabilidade de cobrir
95% dos sistemas. Para distorção harmônica total o valor de referência é de até 8%
[4].
31
A justificativa para a criação desta norma de forma pró-ativa e pioneira, é que
em 2005, a ANEEL através da resolução 456/2000 havia expressado claramente a
autoridade e responsabilidade das concessionárias do serviço público de distribuição
de energia elétrica em zelar pela qualidade do fornecimento, porém ainda não havia
valores de referência bem definidos para as redes de distribuição, na época, o
PRODIST estava em minuta. Para atender os Procedimentos de Rede que se
aplicavam para a Rede Básica foi necessário definir algum procedimento para o
crescente número de novas conexões de cargas potencialmente perturbadoras.
Este cenário se mostrou favorável para a criação da norma utilizada pela
distribuidora até hoje com valores compatíveis com o PRODIST, e também em
consonância com os já estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS, incluindo
uma revisão no processo da CPFL de análise e aprovação dos pedidos de conexão aos
seus sistemas de subtransmissão e distribuição primária de acessantes com cargas com
potencial de introdução de perturbações [21]. Esta norma também foi objeto de estudo
desse trabalho.
Sendo um documento de caráter geral, a Norma Técnica da CPFL tem uma
estrutura muito simples e direta, abrangendo:
• Objetivo;
• Áreas internas e agentes externos implicados;
• Documentos complementares de fundamentação;
• Conceitos e definições aplicáveis;
• Requisitos gerais e procedimentos específicos;
• Valores limites para os fenômenos considerados.
Tabela 8: Padrão para a distorção de tensão harmônica total (DTHT) para as redes primárias de
distribuição [21] .
32
3.3.5 – Comparativo dos Valores de Referência
Na tabela a seguir é apresentada a comparação entre os valores de referência
para distorções de tensão harmônica total, estabelecidos pelas normas internacionais,
nacionais, e da CPFL.
No consumidor
Documento Tensão Nominal Global (%)
(%)
33
3.4 RESSONÂNCIA HARMÔNICA
34
Em uma rede que alimenta uma planta industrial é comum encontrar elevados
índices de distorção harmônica, que são normalmente associados com a crescente
quantidade de acionamentos estáticos, fontes chaveadas e outros dispositivos
eletrônicos. Uma harmônica é a componente de uma onda periódica cuja frequência é
um múltiplo inteiro da frequência fundamental (no caso da energia elétrica, de 60 Hz).
As frequências harmônicas mais comumente encontradas nas redes de distribuição são
de 3ª, 5ª e 7ª ordem.
Os bancos de capacitores não geram harmônicos, e sim agravam os problemas
potenciais dos harmônicos. Eles são os equipamentos mais sensíveis aos harmônicos,
e os que mais sofrem na presença delas. Talvez por esta razão, problemas de
harmônicos frequentemente não são conhecidos até que são aplicados capacitores para
correção de fator de potência [1][38].
Logo, uma rede de distribuição com bancos de capacitores instalados entrará
em ressonância para determinadas frequências que podem coincidir com as
frequências harmônicas geradas por cargas não-lineares, causando amplificação da
distorção harmônica total.
35
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO
Este capítulo faz uma breve descrição do caso estudado neste trabalho,
detalhando as características da rede, a motivação pela escolha deste alimentador, o
processo de medição e análise dos resultados.
4.1.1 - LOCALIZAÇÃO
A rede de distribuição em estudo está localizada no município de Monte Alto,
na região nordeste do estado de São Paulo, próximo à região de Jaboticabal a 350
quilômetros da capital paulista.
Paraiso
Palm. Paulista Taquaral
Pindorama Pirangi Taiuva
Taiaçu
V. A. Alto
Ariranha
Jaboticabal
Monte Alto
F. Prestes
Santa
C. Rodrigues Pradópolis
Adélia
Guariba
Taquaritinga
Barretos Franca
São Joaquim
da Barra
Araraquara
São Carlos
EA1
N o r d e ste EA2
36
A subestação Itacolomi é composta por:
1 (um) transformador 138/13,8 kV de 25 [MVA];
1 (um) regulador de tensão ajustado para 14.040[V];
1 (um) barramento de operação de 13.800 [V];
4 (quatro) alimentadores de distribuição: ITC-03, ITC-04, ITC-05 e
ITC-06;
Disjuntores, seccionadoras e outros equipamentos.
37
Figura 6: Foto da subestação de Itacolomi.
38
Para esta medida foi considerada rede unifilar, portanto para se obter o total de fios
deve-se multiplicar este valor por três.
A Figura 7 abaixo, representa do diagrama unifilar da rede de distribuição
ITC-04 com foco nos bancos de capacitores e principais cargas conectadas.
39
cabines e 130 são transformadores da CPFL Paulista. Destes postos transformadores,
destacam-se:
- 2200 [kVA] – Fundição FB – 4.986 [m] da saída da SE;
- 1500 [kVA] – Empresa automotiva – 4.736 [m] da saída da SE;
- 450 [kVA] – Fundição FA – 5.610 [m] da saída da SE;
- 450 [kVA] – Companhia de agroindústria – 10.015 [m] da saída da SE;
- 300 [kVA] – Companhia de saneamento básico – 3.222 [m] da saída da SE;
- 300 [kVA] – Empresa de produtos alimentícios – 5.581 [m] da saída da SE;
- 170 [kVA] – Empresa de indústria e comércio – 5.738 [m] da saída da SE;
- 115 [kVA] – Empresa de cerâmicas – 5.744 [m] da saída da SE.
A fundição FA solicitou aumento de carga de 450 [kVA] para 810 [kVA] para
conexão de mais um forno de indução de 300 [kW] destinado à fundição. O forno foi
conectado através de um transformador de dois enrolamentos de 350 [kVA] em
13,8/0,38 [kV].
Para autorização da entrada de uma carga perturbadora como um forno de
indução, a CPFL Paulista possui procedimentos específicos, apresentados com
maiores detalhes no item 4.2: “ESTUDO DE AUMENTO DE CARGAS
PERTURBADORAS NA REDE”.
40
Figura 8: Banco de Capacitores n° 294944 (BC-1)
41
BC-3 n° 397528: Banco de Capacitores com potência nominal de 900
[kVAr] – Controle automático por reativo e tensão;
- Localizado a 4.495[m] da saída da SE;
- Controle de Capacitores Programável EnergyLine – IntelliCAP;
- Tensão nominal 115 [V]; TP de 1/120;
- Limites de subtensão: 109,2 [V]; Limites de sobretensão: 120,8 [V];
- Potência reativa trifásica para entrada do BC-3: 1000[kVAr];
- Potência reativa trifásica para saída do BC-3: -400 [kVAr];
- Convencionado neste trabalho como BC-3;
- A Figura 10 mostra uma foto tirada do banco de capacitor BC-3.
42
4.2 ESTUDO DE AUMENTO DE CARGAS PERTURBADORAS NA REDE
43
• Transformador e reator com núcleo saturado [38].
Forno de Indução:
o Potência nominal: 300 [kW];
o Tensão nominal: 380 [V];
o Fator de potencia: 0,96.
44
Figura 12: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Futura
Onde:
B – Bus ou Barramento
CB – Commom Bus ou Barramento Comum
Nas Tabela 12 e Tabela 13 abaixo, estão apresentadas as principais
características do ponto de acoplamento comum – PAC da fundição FA.
45
No documento normativo da CPFL, o GED 10099 – Requisitos para Conexão
de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL [37], um dos
requisitos da CPFL para conexão de cargas potencialmente perturbadoras na rede é a
elaboração de um relatório de impacto no sistema elétrico (RISE) pelo acessante,
apresentado juntamente com o pedido de ligação ou aumento de cargas
potencialmente perturbadoras. Para elaboração do RISE foi tomado como base os
resultados obtidos nas medições no Ponto de Acoplamento Comum (PAC) do cliente,
considerando a representação detalhada do alimentador ITC-04 assim como as outras
cargas perturbadoras conectadas nesse sistema. No RISE deve constar as simulações
dos impactos da conexão das novas cargas nos indicadores de qualidade da energia
elétrica referentes à tensão em regime permanente, à flutuação de tensão, e aos
harmônicos, bem como prevendo eventuais necessidades de aplicação de medidas
corretivas para que os indicadores de qualidade da energia elétrica fiquem dentro dos
limites estabelecidos.
Cabe a CPFL avaliar previamente o RISE apresentado pelo acessante, bem
como realizar medições dos indicadores de qualidade da energia elétrica, antes e após
a ligação das cargas potencialmente perturbadoras.
Para elaboração do RISE, foi necessária a instalação na cabine de entrada do
consumidor o qualímetro Power 7650, no período de 08/09/09 a 23/09/09, cujos
resultados são apresentados a seguir.
É importante observar que este monitoramento foi feito tomando-se o sinal dos
2 TPs e 2 TCs de medição da cabine de medição do cliente, portanto somente os dados
das fases 1 e 2 foram obtidos diretamente.
O gráfico a seguir na Figura 13 mostra o perfil de tensão em regime
permanente em 1.008 intervalos integralizados a cada dez minutos, registrados durante
o período de 09 a 16/09/09.
46
15.000
Volts
14.500
14.000
13.500
13.000
12.500
12.000
11.500
11.000
9/9/2009 10/9/2009 10/9/2009 11/9/2009 11/9/2009 12/9/2009 12/9/2009 13/9/2009 14/9/2009 14/9/2009 15/9/2009 15/9/2009 16/9/2009
Período
V1-RMS V2-RMS V3-RMS Tr Tr-adinf Tr+adsup Tr-adinf-prinf Tr+adsup+prsup
47
Unbalance Profile for CPFL_FMA_08_09_09
4
Unbalance (%)
2
Max. Value: 0,640% - on
setembro 14, 2009 - 1,5
1 05:50:01
0
set-08 - 00:00 set-10 - 00:00 set-12 - 00:00 set-14 - 00:00 set-16 - 00:00 set-18 - 00:00 set-20 - 00:00 set-22 - 00:00 set-24 - 00:00
-1
Time
48
4-30 Flicker Profile for CPFL_FMA_08_09_09
14
10
8
Flicker
2
0,8
0,6
0
set-08 - 00:00 set-10 - 00:00 set-12 - 00:00 set-14 - 00:00 set-16 - 00:00 set-18 - 00:00 set-20 - 00:00 set-22 - 00:00 set-24 - 00:00
-2
Time
49
Porém, no documento normativo da CPFL, o GED 10099 – Requisitos para
Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL [37],
para o limite de distorção harmônica total de tensão, o valor medido deve ser menor
ou igual a 5%. Das análises das medições no Ponto de Acoplamento Comum - PAC,
foi identificado que durante a semana, os níveis de distorção harmônica de tensão
estão próximos aos limites permitidos. Por outro lado, aos finais de semana quando
ocorre a redução da demanda no alimentador – principalmente no que se refere às
cargas perturbadoras – verificam-se as maiores distorções excedendo os limites
estabelecidos.
No gráfico a seguir na Figura 17 temos um comparativo da potência ativa da
fundição FA e das distorções harmônicas de tensão. É possível identificar que os
fornos de indução da FA permanecem desligados aos finais de semana e, portanto esta
carga potencialmente perturbadora não pode ser responsabilizada pelos índices
elevados de distorção harmônica.
Figura 17: Comportamento das distorções de tensão em relação à potência ativa demandada pela
fundição FA.
50
cargas perturbadoras, é, portanto, um fenômeno que merece atenção especial, já que as
regras existentes podem inviabilizar a conexão de um consumidor.
Tendo em vista carga que potencialmente perturbadora não pode ser
responsabilizada pelos índices elevados de distorção harmônica neste caso específico,
o cliente foi posteriormente autorizado a entrar com esta nova carga perturbadora,
mesmo que os padrões definidos pela CPFL estejam violados. E justificou a
necessidade do estudo detalhado das causas das distorções harmônicas de tensão na
rede de distribuição da CPFL, que está apresentado a seguir.
Após a entrada do outro forno da fundição FA, entre os meses de Janeiro e
Fevereiro, foram instaladas novas medições estrategicamente posicionadas ao longo
da rede de distribuição e nas principais cargas potencialmente perturbadoras, ou seja,
na fundição FA e FB.
A foto a seguir mostra o forno de indução da fundição FA em funcionamento.
51
4.3 PROCESSO DE INSTALAÇÃO DA MEDIÇÃO
Figura 19: Esquemático da localização das medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04.
52
4.3.1.1 MARH-MT
Equipamento Medidor e Registrador Eletrônico de grandezas em tempo-real
para sistemas elétricos monofásicos, bifásicos e trifásicos em média tensão destinado à
instalação junto às unidades consumidoras ou distribuidoras de energia elétrica
fabricado pela RMS.
O MARH-MT possui três sensores que integram a medição de tensão e
corrente em uma única peça por fase, na Figura 20 mostra os sensores e o registrador
do medidor MARH-MT instalado na rede ITC-04 para este trabalho.
53
• Potências Aparentes, fases A, B e C e Total;
• Energia Ativa Total (consumida ou fornecida);
• Energia Reativa Capacitiva ou Indutiva Total;
• Distorção Harmônica Total de Tensão, fases A, B e C;
• Distorção Harmônica Total de Corrente, fases A, B e C;
• Frequência da Tensão, fase A (na falta de fase A, mede na B, na falta da B,
mede na C);
• Máximo e Mínimo de Frequência da Tensão (ciclo a ciclo);
• Máximo e Mínimo de Tensão (“true rms”, 1/2 ciclo, com indicação da fase);
• Máximo de Corrente (“true rms”, 1/2 ciclo, com indicação da fase);
• Grau de desequilíbrio de tensão;
• Harmônicos Continuamente, até 31o Harmônico (3 fases) ou até 61o
Harmônico (1 fase);
• Harmônicos Médios (até 50a Harmônico) e Potências por fase.
• Registro de forma de onda dos sinais de tensão e corrente nas três fases com
captação acionada por variações do valor instantâneo da tensão, “sag”, “swell”, DHT
e freqüência.
Enquanto indica os valores medidos, o MARH-MT também os armazena em
sua memória para que, posteriormente, os dados possam ser transferidos para um
computador e então analisados na forma de gráficos e relatórios através do ANAWIN
que é um programa para coleta e análise de dados de registradores padrão RMS em
ambiente Windows.
Estes gráficos e relatórios relacionam os diversos valores medidos e
registrados com o horário em que ocorreram. Desta forma foi possível analisar o
comportamento das diversas variáveis no período de medição, máximos e mínimos
das mesmas, quando ocorreram, etc.
Os circuitos internos, responsáveis pelo funcionamento do MARH-MT, podem
ser alimentados pela entrada auxiliar em tensão alternada de 90 a 300 Vca ou por uma
entrada em tensão contínua de 11 a 60 Vcc. Para este estudo, o MARH-MT foi
alimentado com tensão 127 Vca.
A instalação do MARH-MT na rede de distribuição de 15 [kV] é simples e
através da utilização do bastão de manobra, os sensores podem ser instalados na rede
em linha viva, ou seja, não é necessário desligar a rede para sua instalação.
54
Utilizamos o programa ANAWIN para ler o conteúdo de memória de massa do
registrador do MARH-MT, gravar em forma de arquivo EXCEL e obter gráficos das
grandezas registradas, servindo de base para as análises assim como aferir o modelo
de simulação no ATPDraw apresentado no capítulo seguinte deste trabalho.
55
medidor POWER ION instalado na fundição FB, a Figura 23 mostra a tela de LCD
mostrando a medição retirada em tempo real da fundição FA.
4 Sensores
de tensão
2 sensores de
corrente
56
• Correntes, fases A e C;
• Fator de Potência Total;
• Espectro de frequência (harmônicos);
• Diagrama fasorial;
• Potências Ativas Total, máximas, mínimas e médias;
• Potências Reativas Total, máximas, mínimas e médias;
• Potências Aparentes Total, máximas, mínimas e médias;
• Energia Ativa Total (consumida ou fornecida);
• Energia Reativa Capacitiva ou Indutiva Total;
• Distorção Harmônica Total de Tensão;
• Distorção Harmônica Total de Corrente;
• Grau de desequilíbrio de tensão;
• Harmônicos Continuamente, até 63o Harmônico (1 fase);
• Fator K;
• Registro de ocorrências nos canais de tensão e corrente de curta (menor que 1
ciclo de duração) e longa duração (com duração de vários ciclos) de “sag”, “swell” e
“outages”.
Enquanto indica os valores medidos no display, o POWER ION armazena os
dados que posteriormente podem ser transferidos para o computador através de
arquivos EXCEL com os gráficos mais relevantes já disponibilizados como das
formas de onda de tensão, corrente, distorção harmônica, etc.
O medidor pode ser alimentado pela entrada auxiliar em tensão alternada de 85
a 240 Vca ou por uma entrada de tensão contínua 110 a 200 Vcc. Para este estudo, o
POWER ION foi alimentado em tensão 127 Vca.
Os valores foram agregados em intervalos de 10 minutos, conforme critérios
estabelecido na norma internacional IEEE Std 519-1992 [3].
57
relevantes para a conclusão deste trabalho, assim, a instalação do medidor na Praça
ocorreu no dia 08 de fevereiro de 2010.
Todas as cinco medições foram retiradas no mesmo dia, em 18 de fevereiro de
2010.
Quanto à duração da medição, é recomendável que o tempo mínimo seja maior
do que catorze dias, tendo em vista que os principais indicadores de qualidade da
energia elétrica são apurados em sete dias completos consecutivos, portanto,
adotando-se catorze dias de medição, quase sempre é possível obter-se os sete dias
completos e consecutivos neste intervalo.
Abaixo seguem as fotos dos eletricistas instalando os medidores nos pontos
estratégicos nas Figura 24 a Figura 28:
58
Figura 25: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre os dois primeiros bancos de
capacitores BC-1 e BC-2 (Praça).
59
Figura 27: Instalação do medidor Power ION na fundição FA.
60
4.4 ANÁLISE DE MEDIÇÕES
BC-2
Desligado
BC-3 BC-1
Desligado Desligado
Figura 29: Gráfico de Medição de Potência Ativa, Reativa e Fator de Potência na saída da SE
Itacolomi durante a manobra dos bancos de capacitores.
61
O impacto do desligamento do banco de capacitores BC-1 de 900 [kVAr] é
visualmente perceptível, a potência reativa aumentou, a potência ativa não sofreu
alterações e o fator de potência reduziu abaixo dos limites estabelecidos pelo
PRODIST, ou seja, abaixo de 0,92. Antes do desligamento do BC-1, o fator de
potência nos finais de semana era próximo de 1,00.
O desligamento do banco de capacitor BC-2 de 300 [kVAr] surtiu leve efeito.
O desligamento do BC-3 de 900 [kVAr] surtiu pouco ou nenhum efeito, o que
apresenta fortes indícios que o banco de capacitor automático esteja subutilizado, ou
seja, geralmente permanece desligado porque está com algum defeito ou a potência
reativa da rede para entrada do banco de capacitor não está sendo atingida.
Para esclarecer melhor sobre a utilização desde banco de capacitores, no dia
24/02/2010 foi retirado o “log” de operação do banco de capacitores n° 397528 (BC-
3). Neste histórico verificou-se que desde de 20/12/2009 o BC-3 entrou em operação
dez vezes permanecendo no máximo oito minutos ligados em cada operação. Portanto,
foi confirmada a subutilização do banco de capacitores BC-3 de 900 [kVAr].
Percebe-se também através do gráfico da Figura 29 acima que a carga no
alimentador, principalmente a potência ativa, reduz consideravelmente nos finais de
semana, quando a maior parte das cargas comerciais e industriais são desligadas.
Como complemento desta análise, o gráfico da Figura 30 a seguir mostra as
medições na saída da SE Itacolomi de distorção harmônica de corrente da fase A (em
vermelho) e distorção harmônica de tensão da fase A (em azul) e fator de potência da
fase A (em verde) no mesmo período do gráfico anterior também com as indicações
de desligamento dos bancos capacitores.
Confirmando o que também foi apontado no relatório RISE, também é
possível verificar através do gráfico da Figura 30 que as maiores distorções ocorreram
aos finais de semana principalmente aos domingos nos dias 24/01, 31/01, 07/02 e
14/02. Os desligamentos dos bancos de capacitores reduziram as distorções
harmônicas de tensão para patamares abaixo dos 3%, já para as distorções harmônicas
de corrente também houve redução porém com valores elevados próximos à 9% nos
finais de semana.
62
BC-3
BC-1 BC-2
Desligado
Desligado Desligado
Tabela 14: Distorção harmônica de tensão e corrente por período das fases A, B e C.
O gráfico a seguir apresenta a distribuição das componentes harmônicas, no
domingo 24/01/2010 no primeiro período. A distorção harmônica de tensão total foi
de 2,62%, sendo que 2,45% e 1,07% da distorção corresponde a 5ª e 7ª harmônica,
respectivamente.
63
Figura 31: Distribuição da distorção harmônica de tensão no dia 24/01/10.
A distorção harmônica total de corrente no mesmo dia 24/01/2010 foi de
6,28%, cujas principais contribuições foram da 3ª harmônica com 2,13%, 5ª
harmônica com 4,50% e da 7ª harmônica com 3,56% da fundamental.
Com relação aos níveis de tensão na saída da SE, pode ser verificado na Figura
33 sobre a distribuição de tensão na saída da SE entre os dias 21/01 e 18/02, que 99,9
64
% das tensões se apresentam no nível adequado para fase A e 99,8% para as fases B e
C. Apenas o limite de tensão superior, ou seja, acima de 1.05 p.u., foi ultrapassado
com valores máximos de 1.060 p.u. para fase A (0,08% da amostra), 1.078 p.u. para
fase B (0,21% da amostra) e 1.075 p.u. para fase C (0,24% da amostra).
A média das tensões foi de 1.001 p.u. para fase A, 1.007 p.u. para fase B e
1.007 p.u. para fase C, adicionalmente observando o histograma de distribuição de
tensão, percebe-se que na saída da SE a tensão em todas as fases está concentrada em
torno do valor central. Portanto, pode-se dizer que a tensão de fornecimento apresenta
níveis adequados.
65
de capacitores BC-2 não é suficiente, apesar de que neste ponto do alimentador o fator
de potência é ligeiramente maior que os valores obtidos na saída da SE, os níveis se
mantêm abaixo dos limites admissíveis.
Também é perceptível a redução da carga nos finais de semana, especialmente
no domingo dia 14/02/2010.
BC-2
Desligado
dom dom
Figura 34: Gráfico de medição de potência ativa, reativa e fator de potência na praça.
66
BC-2
Desligado
dom
Figura 35: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na praça.
Com relação aos níveis de tensão na Praça, pode ser verificado na Figura 36
sobre a distribuição de tensão entre os dias 08/02 e 18/02, que 100,00 % das tensões
apresentaram nível adequado para as fases A, B e C.
A média das tensões é de 0.988 p.u. para fase A, 0.994 p.u. para fase B e 0.993
p.u. para fase C, adicionalmente observando o histograma de distribuição de tensão,
percebe-se que neste ponto do alimentador a tensão em todas as fases está concentrada
em torno do valor central. Como esperado, os valores são ligeiramente inferiores das
médias apresentadas na saída da SE, porém em todo período verificou-se que a tensão
de fornecimento apresentou níveis adequados.
67
Figura 36: Gráfico de distribuição de tensão na praça do dia 08/02 a 18/02.
Figura 37: Gráfico da medição de potência ativa, reativa e fator de potência na marginal durante
a manobra dos bancos de capacitores.
68
Não há impacto dos desligamentos dos bancos de capacitores, já que a
medição está localizada depois dos três bancos. Estas medições representam a
fundição FA em diante.
Medições na Marginal de distorção harmônica de corrente da fase A (em
vermelho) e distorção harmônica de tensão da fase A (em azul) e fator de potência da
fase A (em verde) no mesmo período anterior, estão apresentadas na Figura 38 abaixo.
BC-1 BC-2
BC-3 Desligado
Desligado Desligado
69
O histograma de distribuição de tensão medido na Marginal foi tirado de uma
medição realizada próxima ao final do alimentador e mostra uma característica
esperada de valores devido à queda de tensão, sendo que em 99 % da leitura mostrou
níveis de tensão adequados, conforme Figura 39 anterior.
100
14,9
7,9
4,5
0,2 1,0 0,2 0,1 0,1 0,6 0,2 0,1 2,8 0,1 0,3 0,1 1,4 0,1 0,8 0,0 0,1 0,0 0,5 0,0 0,4 0,0 0,1 0,0 0,4 0,1 0,3
I1 HD1
I1 HD3
I1 HD5
I1 HD7
I1 HD9
I1 HD11
I1 HD13
I1 HD15
I1 HD17
I1 HD19
I1 HD21
I1 HD23
I1 HD25
I1 HD27
I1 HD29
I1 HD31
Figura 40: Distribuição das componentes harmônicas de corrente medidos no PAC na fundição
FA.
100
0,0 0,5 0,1 2,4 0,1 1,7 0,2 0,4 0,3 1,1 0,3 0,6 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,2 0,0 0,1
V1 HD1
V1 HD3
V1 HD5
V1 HD7
V1 HD9
V1 HD11
V1 HD13
V1 HD15
V1 HD17
V1 HD19
V1 HD21
V1 HD23
V1 HD25
V1 HD27
V1 HD29
V1 HD31
Figura 41: Distribuição das componentes harmônicas de tensão medidos no PAC na fundição F A.
70
A potência ativa da fundição FA em dias úteis na Figura 42 com curvas
sobrepostas mostra que o forno permanece ligado predominantemente entre as seis da
manhã e as dezessete horas da tarde com uma carga de 300 [kW] e uma carga residual
de 180 [kW] entre as vinte horas até as cinco da manhã.
Média de kW
350 DIA
SEMANA
22/01/2010 - 06/01/1900
300 25/01/2010 - 02/01/1900
26/01/2010 - 03/01/1900
27/01/2010 - 04/01/1900
250 28/01/2010 - 05/01/1900
29/01/2010 - 06/01/1900
01/02/2010 - 02/01/1900
200 02/02/2010 - 03/01/1900
03/02/2010 - 04/01/1900
04/02/2010 - 05/01/1900
150 05/02/2010 - 06/01/1900
08/02/2010 - 02/01/1900
09/02/2010 - 03/01/1900
10/02/2010 - 04/01/1900
100 11/02/2010 - 05/01/1900
12/02/2010 - 06/01/1900
15/02/2010 - 02/01/1900
50 16/02/2010 - 03/01/1900
17/02/2010 - 04/01/1900
18/02/2010 - 05/01/1900
0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA
180
160
140
DIA
120 SEMANA
24/01/2010 - 01/01/1900
100 31/01/2010 - 01/01/1900
07/02/2010 - 01/01/1900
80 14/02/2010 - 01/01/1900
60
40
20
0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA
71
4.4.6 - MEDIÇÕES NA FUNDIÇÃO FB
Abaixo temos as principais medições retiradas no ponto de acoplamento
comum da fundição FB, a distribuição percentual das componentes harmônicas de
corrente podem ser observadas na Figura 44 e de tensão na. Figura 45, ambas na fase
A. As medições estão coerentes com o esperado, ou seja, contribuição predominante
dos harmônicos de 5ª e 7ª ordem para cargas com fornos de indução. A injeção de
corrente de 9,5% para 5° harmônico e 5,9% para 7° harmônico.
100
9,5
5,9 4,6
0,3 0,7 0,4 0,5 0,5 1,8 1,1 1,3 3,1 0,2 0,7 0,3 1,5 0,3 1,0 0,2 0,4 0,2 0,8 0,2 0,6 0,1 0,1 0,1 0,5 0,1 0,4
I1 HD1
I1 HD3
I1 HD5
I1 HD7
I1 HD9
I1 HD11
I1 HD13
I1 HD15
I1 HD17
I1 HD19
I1 HD21
I1 HD23
I1 HD25
I1 HD27
I1 HD29
I1 HD31
Figura 44: Distribuição das componentes harmônicas de corrente [%] medidos no PAC na
fundição FB.
100
0,0 0,5 0,1 2,4 0,1 1,7 0,2 0,4 0,3 1,1 0,3 0,6 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,2 0,0 0,1
V1 HD1
V1 HD3
V1 HD5
V1 HD7
V1 HD9
V1 HD11
V1 HD13
V1 HD15
V1 HD17
V1 HD19
V1 HD21
V1 HD23
V1 HD25
V1 HD27
V1 HD29
V1 HD31
Figura 45: Distribuição das componentes harmônicas de tensão [%] medidos no PAC na fundição
FB.
72
A potência ativa da fundição FB em dias úteis na com curvas sobrepostas mostra que o
forno fica ligado predominantemente entre as vinte e duas horas da noite e às
dezesseis horas da tarde do dia seguinte com uma carga máxima de 850 [kW] e uma
carga residual de aproximadamente 50 [kW] entre as dezessete horas até as vinte e
duas horas.
Média de kW
1000
DIA
900 SEMANA
22/01/2010 - sex
800 25/01/2010 - seg
26/01/2010 - ter
27/01/2010 - qua
700 28/01/2010 - qui
29/01/2010 - sex
600 01/02/2010 - seg
02/02/2010 - ter
03/02/2010 - qua
500 04/02/2010 - qui
05/02/2010 - sex
400 08/02/2010 - seg
09/02/2010 - ter
10/02/2010 - qua
300 11/02/2010 - qui
12/02/2010 - sex
200 15/02/2010 - seg
16/02/2010 - ter
17/02/2010 - qua
100 18/02/2010 - qui
0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA
Figura 46: Potência ativa da Fundição FB em dias úteis.
A potência ativa da fundição FB de domingo na Figura 47 com curvas
sobrepostas mostra que o forno fica desligado aos domingos e que há uma utilização
de carga residual de até 30 [kW].
Média de kW
40
35
30
25 DIA
SEMANA
24/01/2010 - dom
20 31/01/2010 - dom
07/02/2010 - dom
14/02/2010 - dom
15
10
0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA
73
CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE SOLUÇÕES
74
ressonância harmônica. Ou seja, cada configuração resulta em uma curva frequência
natural específica, então após novas simulações foi possível identificar qual
configuração não amplifica em altos níveis os 5° e 7° harmônicos, devido ao menor
efeito de ressonância entre a rede e as cargas.
Neste trabalho, será mostrado um método para calcular a resposta em
frequência natural de uma determinada rede utilizando o ATPDraw.
75
Assim, é uma tecnologia que pode ser utilizada tanto como complemento da
análise anterior, item 5.2 com o objetivo de comprovar as simulações, pois pode ser
instalado como teste para uma posterior instalação de um equipamento definitivo, ou
ainda como alternativa com o objetivo de testar novas configurações não simuladas no
ATPDraw.
Existem outros casos na área de concessão da CPFL com características
semelhantes, que após a comprovação deste método, poderão também ser resolvidos
através de desacoplamento da frequência de ressonância, possibilitando que os bancos
de capacitores possam ser instalados em lugar apropriado do ponto de vista da não
coincidência com a frequência de ressonância, corrigindo-se o fator de potência da
rede, reduzindo-se as perdas técnicas, e mitigando-se prejuízos.
76
A fonte simulada é uma fonte de tensão de 60 [Hz] de amplitude 11.831 [V].
A impedância interna dessa fonte utilizada está representada na Tabela 15.
Rzero Lzero Rpositiva Lpositiva
0,0003 1,0956 0,0408 1,236
Os fornos de indução foram simulados com os dados reais medidos, cada forno
foi simulado aplicando fontes de corrente em cada frequência medida até a 31º
harmônico nas três fases. Na Tabela 17 apresenta os parâmetros do forno de indução
da fundição FB.
Para a fundição FA o mesmo procedimento foi realizado.
77
4 240 1,06 65,27 0,94 308,35 1,15 184,58
5 300 19,34 138,90 18,46 259,85 19,08 17,43
6 360 0,14 54,39 0,12 25,92 0,18 163,85
7 420 9,98 279,95 10,49 160,04 10,41 38,67
8 480 0,97 161,65 1,04 292,82 0,93 51,02
9 540 0,54 232,46 0,50 46,19 0,53 126,38
10 600 0,82 305,88 0,77 197,50 0,77 55,57
11 660 5,39 352,28 4,91 105,54 5,49 221,83
12 720 0,02 170,25 0,22 227,62 0,27 26,49
13 780 3,58 117,65 3,50 0,47 3,68 235,67
14 840 0,52 29,14 0,51 136,14 0,32 312,15
15 900 0,45 155,24 0,71 246,40 0,47 290,75
16 960 0,33 157,38 0,42 62,93 0,32 282,47
17 1020 1,33 196,13 1,40 288,07 1,69 31,04
18 1080 0,09 323,69 0,33 330,12 0,24 282,52
19 1140 1,01 283,86 1,35 174,13 1,10 79,14
20 1200 0,18 179,51 0,32 265,35 0,31 216,47
21 1260 0,33 318,23 0,40 40,31 0,37 134,98
22 1320 0,10 117,96 0,08 114,09 0,15 248,61
23 1380 0,44 332,90 0,65 36,74 0,94 181,81
24 1440 0,05 259,48 0,06 150,08 0,08 56,51
25 1500 0,53 91,79 0,82 308,77 0,58 197,27
26 1560 0,36 262,12 0,32 36,28 0,19 118,24
27 1620 0,22 109,55 0,55 222,82 0,51 294,55
28 1680 0,18 11,96 0,46 335,08 0,31 165,94
29 1740 0,49 200,10 0,27 203,99 1,03 333,25
30 1800 0,29 97,75 0,13 269,69 0,16 260,44
31 1860 0,48 245,46 0,77 127,01 0,68 329,53
Tabela 17: Parâmetros do forno de indução da fundição FB.
78
2 2
Vff 13 ,8
Xc 211 , 6
Q 900 1000
6
1 10
C [F ] [ F] 12 , 5358 [ F ]
2 fC 2 * 60 * 211 , 6
79
É um método prático de simular no ATPDraw as frequências em que a rede irá
entrar em ressonância.
A Figura 49 mostra a simulação no domínio da frequência do alimentador ITC-
04 com a carga de domingo, com a fonte de corrente de 1 [A] em destaque com
círculo vermelho.
250
[V]
200
150
100
50
0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
domnat01.pl4: v:X0082A-
5° v:X0101A-
7° v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0051A-
Figura 50: Simulação no domínio da frequência da rede ITC-04 com as manobras realizadas nos
bancos de capacitores
80
Pela Figura 50, pode-se afirmar que a simulação realizada no ATP apresenta
ótima aproximação com a realidade porque os resultados da simulação mostraram o
mesmo comportamento das medições realizadas em campo.
O próximo passo foi simular a frequência natural em diferentes configurações,
identificando em qual delas as componentes harmônicas não foram amplificadas,
resolvendo o problema de ressonância harmônica.
O gráfico da Figura 51 mostra os resultados mais significativos das simulações
realizadas através do ATPDraw.
As configurações testadas foram:
1) Um banco de capacitores de 1800 kVAr instalado no PAC da fundição FA e
demais bancos removidos (em vermelho);
2) Um banco de capacitores de 900 kVAr instalado próximo do BC-1 e demais
bancos removidos (em preto);
3) 300 kVAr ligados no BC-2 (em verde); e,
4) Adicionar mais 900 kVAr no BC-2 (em azul).
250
[V]
200
150
100
50
0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
DomNAT03.pl4: v:X0024A-
5° 7°
domnat02.pl4: v:X0158A-
domnat01.pl4: v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0069A-
Figura 51: Gráficos da frequência natural, utilizando banco de capacitores realocáveis e
alternativas para reconfiguração do alimentador ITC-04.
81
com melhor amplificação de tensão foi a curva em preto, através da instalação de mais
um banco de capacitores de 900 kVAr no mesmo ponto em que o BC-1 está instalado.
[A]
400
200
-200
-400
-600
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DutilCrg.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
Figura 52: Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2 no tempo 0,5s; e
BC-3 em 0,75s.
82
Para verificar os efeitos da melhor configuração do ponto de vista de mitigar a
ressonância harmônica, foi simulado o BC-2 desligado e BC-3 de 900 kVAr realocado
no mesmo ponto do BC-1, e a energização dos dois bancos foi simulada. A corrente
de inrush dos bancos BC-1 e BC-3 atingiu valores próximos a 8.000 A, confome a
Figura 53 a seguir. Caso fosse realizada a conexão nesta configuração, a corrente
inrush iria danificar os bancos de capacitores e outros equipamentos na rede.
Essa situação era esperada, visto que as correntes de energização de bancos de
capacitores são agravadas quando o chaveamento de um banco de capacitores ocorre
próximo a outro banco de capacitores já energizado, chegando a amplitudes superiores
a quiloamperes, efeito conhecido como back-to-back [28].
8000
[A]
6000
4000
2000
-2000
-4000
-6000
-8000
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
Figura 53: BC-3 no mesmo ponto da BC-1, a corrente de Inrush atinge 8000 amperes.
83
700
[A]
440
180
-80
-340
-600
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DDom001.pl4; x-var t) c:B1A -B2A c:B1B -B2B c:B1C -B2C
84
Figura 55: BC-3 localizada à 483 m do BC-1.
1500
[A]
1000
500
-500
-1000
-1500
0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 [s] 0,86
(file DDom004.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
Figura 56: Corrente de Inrush no BC-1, com a operação do BC-3 distante 483 metros.
Para comprovar a validade deste estudo, foi realizada uma avaliação pelo
método tradicional baseada na Recomendação Técnica da Distribuição CODI 22.03.
85
Barra L4 L5
da SE
L1 L2 L3
BC 1 BC 2 BC 3
Figura 57: Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores considerados para
estimação de corrente de inrush.
Na figura acima foi considerado apenas o BC-1 igual a 900 kVAr e BC-2 igual
a 900 kVAr conectados à rede.
Nota: A denominação BC-1 e BC-2 da Fig. 45 é proveniente da planilha de cálculo da
avaliação tradicional.
Corrente Barra
Corrente Corrente Corrente Avaliação do da SE
de Curto Tensão Potência Código Elo
Situação Nominal Inrush Limite Tempo
3F
L1
A kV kvar A Usado A A
Energização de 1
BC isolado
3242 13,8 900 900/13,8 43,30 40 K 528,29 1326,00 OK BC 1
Figura 58: Simulação tradicional da corrente de inrush, para dois bancos distantes 483 metros.
86
Após certificar que os bancos de capacitores poderiam ser operados sem
restrições com relação à corrente de inrush, o próximo passo foi verificar se com essa
nova configuração proposta, o alimentador continuaria em regime de ressonância ou a
frequência natural da rede estava fora da sintonia.
Aplicando esta nova configuração no ATPDraw, foi simulada a nova
frequência natural do alimentador. O resultado é demonstrado na Figura 59, as
marcações com o “x”em vermelho indicam os pontos de cruzamento dos harmônicos
de 5ª e 7ª ordem com a frequência natural da rede original.
Percebe-se que a configuração proposta, considerando os efeitos back-to-back
entre bancos de capacitores (curva verde), apesar de não ser a solução ideal (curva
vermelha) apresenta redução significativa na amplificação dos harmônicos de 5ª e 7ª
ordem presentes nesta rede. A curva em azul também apresenta bom resultado, porém
é desfavorável com relação à correção de fator de potência.
5° 7°
Figura 59: Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no ponto 483 m distante.
Em verde a freqüência natural do alimentador, visto da barra do cliente com carga
perturbadora.
87
distorções harmônicas de tensão e não causando outros problemas como danificação
de equipamentos por excesso de corrente de inrush durante a energização.
Um método conhecido de eliminação da sobretensão e as elevadas correntes de
inrush é o fechamento das chaves no instante em que houver uma diferença de tensão
igual a zero entre os contatos [32], sendo que a melhor forma de conseguir esse efeito
é através da utilização de chaves sincronizadas ou por controle utilizando tiristores
[33].
Para comprovar as teorias anteriores, para esta mesma configuração, foi
simulada a operação utilizando as chaves sincronizadas, pode ser verificado na Figura
60 que a utilização das chaves sincronizadas reduzem as correntes de inrush para
valores próximos a 110 ampères.
150
[A]
100
50
-50
-100
-150
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file SDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
Figura 60: Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam próximos a corrente
nominais dos bancos.
88
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES
Através deste trabalho foi possível estudar soluções técnicas para o problema
de ressonância harmônica em bancos de capacitores através da simulação da
frequência natural da rede utilizando o ATP Draw como ferramenta de simulação.
Os resultados das simulações foram comparados com os valores medidos
apresentando boa aproximação, desta forma, foi confirmado que a frequência natural
do alimentador estava próxima das frequências dos harmônicos presentes na rede,
provocando o fenômeno de amplificação dos harmônicos.
Através da simulação de várias configurações alternativas para instalação de
bancos de capacitores, foi identificado que a alteração do posicionamento dos bancos
de capacitores altera a frequência natural da rede e que, portanto, uma rede pode ser
dessintonizada da frequência de ressonância.
Uma solução possível seria desconectar os bancos de capacitores BC-1 e BC-3
aos domingos. Porém esta alternativa foi descartada, pois no período o fator de
potência fica abaixo dos limites estabelecidos pela agência reguladora.
Para esta rede em estudo, a melhor alternativa em termos de ressonância
harmônica foi a instalação de um banco de capacitor realocável adicional com
capacidade nominal de 900 kVAr com o BC-1 e removendo os demais bancos de
capacitores.
As simulações mostraram que a melhor solução do ponto de vista de redução
de ressonância harmônica, deveria ser instalado próximo de outro banco de
capacitores já instalado, porém analisando os valores de correntes de inrush
amplificadas pelo efeito back-to-back chegou-se a conclusão que a corrente seria
maior que oito mil quiloamperes, o que provavelmente danificaria os equipamentos.
Portanto o processo da escolha do ponto de conexão de um novo banco de
capacitores deve sempre incluir o fenômeno back to back.
A realização de uma série de simulações no ATPDraw, avaliando do ponto de
vista da redução da corrente de inrush mostrou que o banco de capacitores de
900kVAr pode ser conectado a uma distância de 483 metros do BC-1;
Após a realização de nova simulação da frequência natural da rede, utilizando
o ATPDraw, verificou que a proposta de instalação de outro banco de capacitores a
89
483 metros do BC-1, apresenta boa resposta no domínio da frequência com relação
aos harmônicos de 5ª e 7ª ordem presentes na rede.
O chaveamento dos bancos de capacitores utilizando-se de chave tiristorizada
ou sincronizadas pode operar com maior eficiência em reduzir as elevadas correntes
de inrush, possibilitando a instalação do banco de capacitor na posição ideal do ponto
de vista de redução das amplificações dos harmônicos, porém a distribuidora precisa
realizar um investimento elevado na aquisição desse tipo de chave.
Tendo em vista que os problemas relacionados com a ressonância harmônica
em banco de capacitores na rede de distribuição estão se tornando cada vez mais
frequentes, este trabalho pode ser utilizado para mostrar algumas das consequências
negativas deste problema, assim como possíveis soluções.
Através deste trabalho foi possível identificar uma metodologia para solução
de problema de ressonância harmônica em bancos de capacitores, através de
realocação dos bancos de capacitores. A vantagem foi que não foi necessário desligar
os bancos de capacitores e nem utilizar filtros harmônicos onerosos.
Recomenda-se para futuros trabalhos, proporcionar o desenvolvimento de
chaves tiristorizada para operação sincronizada dos bancos de capacitores com preços
competitivos.
90
REFERÊNCIAS
91
[12] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
791”, autoriza a utilização, em caráter provisório, dos Procedimentos de Rede,
24 de dezembro de 2002.
[13] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
333”, autoriza a utilização, em caráter provisório, dos Procedimentos de Rede,
08 de julho de 2003.
[14] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
675”, autoriza a utilização, em caráter provisório, dos Procedimentos de Rede,
18 de dezembro de 2003.
[15] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
372”, autoriza a utilização, em caráter definitivo, dos Procedimentos de Rede,
28 de julho de 2009.
[16] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, PRODIST – Procedimentos
de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – Revisão 2”,
01 de janeiro de 2011.
[17] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
345”, aprova os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional - PRODIST , 16 de dezembro de 2008.
[18] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
395”, aprova a Revisão 01 dos Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST, 15 de dezembro de 2009.
[19] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução Normativa nº
424”, aprova a Revisão 01 dos Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST, 17 de dezembro de 2010.
[20] Mcgranaghan, M., Peele, S., Murray, D., “Solving Harmonic Resonance
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[21] PINTO, E. Bittencourt, Requisitos para Conexão de Cargas Potencialmente
Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL, VII CBQEE – Conferência
Brasileira sobre Qualidade da Energia Elétrica, Agosto, 2007.
[22] Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P., Deckmann, S., Aoki, A. R.,
Godói, A. A., Garcia, F. R., “Alocação de Capacitores em Redes de
Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de Ressonância”, VIII
Congresso Brasileiro de Qualidade de Energia Elétrica, 2009.
92
[23] Eajal, A., El-Hawary, M. E., “Optimal Capacitor Placement and Sizing in
Distorted Radial Distribution Systems Part I: System Modeling and Harmonic
Power Flow Studies”, ICHQP 2010, 14th International Conference on
Harmonics and Quality of Power, Italy, 2010.
[24] Eajal, A., El-Hawary, M. E., “Optimal Capacitor Placement and Sizing in
Distorted Radial Distribution Systems Part II: Problem Formulation and
Solution Method”, ICHQP 2010, 14th International Conference on Harmonics
and Quality of Power, Italy, 2010.
[25] Eajal, A., El-Hawary, M. E., “Optimal Capacitor Placement and Sizing in
Distorted Radial Distribution Systems Part III: Numerical Results”, ICHQP
2010, 14th International Conference on Harmonics and Quality of Power,
Italy, 2010.
[26] R. Torrezan, S. U. Ahn, C. Escobar, A. S. P. Gaona, A. V. de Oliveira, A. N.
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America, São Paulo, novembro de 2010.
[27] Torrezan, R., “Propostas para aprimoramento da metodologia e do processo
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energia elétrica em sistemas de distribuição”, Dissertação de Mestrado
publicada, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Bauru, fevereiro de 2011.
[28] Jesus, N.C.; Oliveira, H.R.P.M, “Efeito de Bancos de Capacitores na
Amplificação de Harmônicos em Sistema de Distribuição”, XVII SENDI -
Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica, 2006.
[29] L. Prikler, H.K. Hoidalen, ATPDRAW (Alternative Transients Program),
Version 3.5 for Windows 9x/NT/2000/XP, Users’ Manual, August 2002
[30] A. Greenwood, Electrical Transients in Power Systems, 2nd Edition, John
Wiley & Sons Inc., 1991
[31] M.F. Iizarry-Silvestrini, T. E. Vélez-Sepúlveda, “Mitigation of Back-to-Back
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Engenharia Elétrica e Computação, University of Puerto Rico, 2006.
[32] Kulas, S. J., “Capacitor Switching Techniques”, ICREPQ - International
Conference on Renewable Energies and Power Quality, Spain, 2009.
93
[33] Fernandez, P. C., Esmeraldo, P. C. V., Almeida, H. T., et al, “Estudo de
Energização de Bancos de Capacitores de Grande Porte Realizado no
Simulador Digital em Tempo Real (RTDS™) de FURNAS utilizando
Disjuntores com Sincronizador”, SNPTEE 1997, XIV Seminário Nacional de
Produção e Transmissão de Energia Elétrica, 1997.
[34] Maxwell, M. “The economic application of capacitors to distribution
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[35] Baldick, R. and Wu, F. F. “Efficient integer optimization algorithms for
optimal coordination of capacitors and regulators”, IEEE Transactions on
Power Systems 5(3): 805–812, 1990.
[36] Minamizaki, M. G., “Análise da Influência e Otimização da Carga Reativa
Aplicadas à Redução Perdas Técnicas na rede de Distribuição e Transmissão
da Companhia Paulista de Força e Luz”, Monografia para Especialização,
Universidade Federal de Itajubá, 2008.
[37] CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz, “GED 10099 – Requisitos para
Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da
CPFL”, revisão de 27 de julho de 2010.
[38] CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz, “GED 110 – Atendimento a
Cargas Geradoras de Harmônicos em Sistemas Primários de Distribuição”,
2002.
[39] Harvard University, United States Bureau of Standards Bulletin nº 169, 1910.
[40] Mayagüez, P.R. “ATP Quick Guide”, Electric Power Engineering Group.
June 18,2002.
[41] CODI RTD 22.03 Direttrizes para Proteção Contra Sobrecorrentes em
Bancos de Capacitores em Redes de Distribuição.
[42] Jesus, N. C.; Cogo, J. R.; Barbosa E. P.; Aquino R. A.; Ahn S. U.; Torrezan
R.; Minamizaki G. M.; Bonatto B.D., “Análise do Comportamento Harmônico
de Sistema de Distribuição Através de Medições e Simulações”, CBQEE
2011- IX Conferência Brasileira sobre a Qualidade da Energia Elétrica,
Cuiabá-MT, 2011.
94
APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO NO T&D LATIN AMERICA
2010
95
and the secondary branches have 37.1 km. The feeder schema When any consumer requests a connection of a potentially
is shown in figure 1. disturbing load, CPFL demands from this consumer, a
report called RISE – Report of Impact in Electrical System;
it is a study of electrical power quality impact at PCC. In
order to build the report, it is installed a power quality
meter at PCC of Foundry A, in the period from 09/08/09 to
09/23/09, whose results will be presented below.
V. MEASUREMENT
B. Capacitor Banks
Along the feeder ITC-04, there are three capacitor banks
Figure 2 - Diagram of the measurement points
installed as shown figure 1. installed alongside the feeder ITC-04.
CB-1: nominal capacity of 900 kVAr – It was a current
controlled bank, due to its failure, it was substituted by A. Power Quality meter installation
fixed one; The installation of the PQ meter at Substation
CB-2: nominal capacity of 300 kVAr - automatic current (Measurement 1), at PCC of the Foundry FA, at PCC of the
control; and Foundry FB, and at the one between foundries
CB-3: nominal capacity of 900 kVAr - controlled by (Measurement 3) occurred on January 21 st. The installation
reactive compensation.[5; 6] of the PQ meter between capacitor banks (Measurement 2)
was installed on February 8th, 2010. All measurements were
IV. RESONANCE ANALYSIS collected on the same day, on February 18, 2010.
Foundry FA requested a load increase for installing another B. Measurement during capacitor banks operations
300 kW furnace, which is a potentially disturbing load. During the period of measurements in the feeder ITC-04,
The characteristics of the new load are presented below: capacitor banks were turned off, each one in a following
Transformer capacity: 350 kVA; primary voltage: 13,800 day as below:
[V]; secondary voltage: 380/220 [V]; Impedance • January 28, 2010 - Turned off CB-3;
percentage: 3.5%; Connection: Delta – Star neutral • February 05, 2010 - Turned off CB-1;
grounded; grounding Type: Solidly grounded. • February 12, 2010 - Turned off CB-2.
Induction furnace: nominal power: 300 [kW]; voltage:
380 [V]; power factor: 0.96. This operative configuration was kept for another 6 days.
96
C. Analysis of PQ Measurement at Substation The table I presents four periods, being:
The following figure shows measurements of the beginning of 1. The first period (1 P) with all banks are connected;
feeder (first pole from Substation). The arrows indicated the 2. The second period (2 P) with the CB-3 off;
days in which the capacitors were operated. 3. The third period (3 P) with the CB-3 and the CB-1
disconnected and;
4. Finally the fourth period (4 P) with all banks off.
We can verify that the averages and peak values of
harmonic distortion reduced significantly after the
shutdown of the CB-1. The effect of shutting down the CB-
3 was not significant to reduce the harmonic distortion.
TABLE I
CURRENT AND VOLTAGE HARMONIC DISTORTION DIVIDED IN PERIODS
OF THE PHASES A, B AND C
THD Voltage (%) THD Current (%)
Period Average Maximum Average Maximum
01/21 to 01/28 2.05 3.9 5.78 15.8
01/28 to 02/05 2.06 4.4 5.40 13.7
02/05 to 02/12 1.81 3.00 3.98 8.40
02/12 to 02/18 1.78 2.9 4.99 9.10
97
The feeder ITC-04 represented in the ATPDraw program is When all the three capacitor banks are switched off, there is
shown in the figure 6. It is represented with the loads, capacitor no resonance effect in this feeder as is shown (in blue) at
banks and all the electrical characteristics of the feeder. figure 7.
On the other hand, the power factor on Sundays will reduce
to 0.82, this value is under the limits allowed to the
company feeder. Therefore, this solution should be
discarded.
98
Perdas Técnicas na rede de Distribuição e
250
Transmissão da Companhia Paulista de Força e
[V]
Luz”, Monografia para Especialização,
200 Universidade Federal de Itajubá, 2008.
[5] Cook, R. F. (1959). “Analysis of capacitor
150 application as affected by load cycle”, AIEE
Transactions pt. III 78: 950–957.
100
[6] Gallego, R. A., Monticelli, A. J., Romero, R.(
2001). “Optimal Capacitor Placement in Radial
50 Distribution Networks”, IEEE Transactions On
Power Systems, 16(4): 630–637.
0 [7] Mayagüez, P.R. “ATP Quick Guide”, Electric
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
DomNAT03.pl4: v:X0024A-
Power Engineering Group. June 18,2002.
domnat02.pl4: v:X0158A-
domnat01.pl4: v:X0120A-
Figure 8 - Graphics
giloucu02.pl4: v:X0069A- of feeder natural frequency, using relocatable
capacitor banks and the alternatives to reconfigure.
X. REFERENCES
99
APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO NO CBQEE 2011
1
Resumo Este trabalho apresenta um caso de estudo análises mostraram fortes evidências que o fenômeno de
realizado na CPFL Paulista, onde em um alimentador a ressonância harmônica estava ocorrendo neste alimentador
distorção harmônica está dentro dos limites permitidos em dias [1]-[3].
úteis, porém nos finais de semana, quando a maioria das cargas Este trabalho, propõe soluções técnicas para resolver este
não lineares está desligada, os níveis de distorção harmônica problema de distorção harmônica, utilizando o ATPDraw
extrapolam os limites. Após análises de medição e operação dos
como uma ferramenta da simulação. A primeira solução é
bancos de capacitores, foi possível concluir que este alimentador
apresentava características de ressonância harmônica com os realocar os bancos de capacitores utilizando a técnica de
bancos de capacitores. Assim, neste artigo é apresentado três bancos de capacitores realocáveis que é um produto de P&D
diferentes abordagens práticas, e para definição da alternativa da CPFL que utiliza a tecnologia de plug and play. A
de solução do problema, utilizou-se o ATPDraw como segunda solução é alterar a potência reativa dos bancos de
ferramenta de simulação. Finalmente, foram realizadas análises capacitores já existentes em uma frequência não-sintonizada.
dos transitórios causados pela energização de bancos de Finalmente, a última solução é desligar os bancos de
capacitores próximos (back to back) e da possibilidade de capacitores aos finais de semana utilizando controladores
realizar as operações com chaves tiristorizadas sincronizadas. temporizados automáticos [4].
Palavras-chave Ressonância Harmônica, Fornos de Indução,
Frequência Natural; Fator de Potência; Bancos de Capacitores
II. BANCOS DE CAPACITORES E RESSONÂNCIA
Realocáveis; Distorção Harmônica de Tensão; Back to back.
Apesar dos benefícios que bancos de capacitores trazem à
I. INTRODUÇÃO rede, a sua instalação sem nenhuma análise detalhada pode
causar distúrbios harmônicos, dependendo das características
Os problemas relacionados aos harmônicos têm crescido das cargas não-lineares conectadas, do modelo operativo do
na média tensão devido ao aumento das cargas não-lineares. alimentador e a frequência natural do alimentador.
A instalação de bancos de capacitores na rede de distribuição Quando o reativo indutivo é igual ao capacitivo, a reatância
apresenta diversos benefícios, porém as análises relacionadas é reduzida de forma que a impedância se torna puramente
aos efeitos da ressonância harmônica são geralmente resistiva.
desconsideradas, o que pode causar problemas na qualidade Um alimentador entra na região de ressonância para uma
de fornecimento de energia elétrica. determinada frequência, a frequência de ressonância, onde o
Baseado neste problema, o objetivo deste trabalho é sistema irá oscilar na máxima amplitude. Sendo Xl = Xc,
apresentar um estudo de caso em um alimentador da temos que:
subestação Itacolomi (ITC) da distribuidora CPFL Paulista
que alimenta diversas cargas não lineares como fornos de 1 2 1 1
indução e três bancos de capacitores. Neste alimentador, um wL w w 1
dos consumidores solicitou um aumento de carga de 300 kW wC LC LC
para instalação de outro forno de indução.
As medições de QEE no PAC – Ponto de Acoplamento Onde, ohmega é a frequência de ressonância.
Comum – identificaram que em dias úteis, os níveis de
distorção harmônica de tensão ficavam abaixo dos limites III. REDE DE DISTRIBUIÇÃO
admissíveis. Por outro lado, aos finais de semana, quando a
maioria das cargas não lineares estava desligada, os níveis de A subestação estudada é chamada de Itacolomi (ITC) e o
distorção harmônica de tensão excediam os limites. As alimentador é o ITC-04 com tensão nominal de 13,8 kV e
possui 49,8 km de comprimento. O tronco principal possui
1
G. M. Minamizaki, gislaine@cpfl.com.br, Tel. +55-19-3756-8213, Fax 12,7 km e os ramais 37,1 km. O desenho esquemático do
+55-19-3756-8539; S.U. Ahn, seun@cpf.l.com.br, Tel. +55-19-3756-8140, alimentador é mostrado na Fig. 1.
Fax +55-19-3756-8539; L.E. Borges, l.borges@unifei.edu.gov.br, Tel. +55-
35 – 3629-1162
Este trabalho foi parcialmente financiado pela CPFL.
A)Bancos de Capacitores três medidores na média tensão ao longo do alimentador, um
Ao longo do alimentador ITC-04, existem três bancos de na saída da SE, um entre os dois primeiros bancos de
capacitores instalados conforme Fig.1. capacitores, e um entre as duas fundições.
1) CB-1: capacidade nominal de 900 kVAr – era um banco
As medições ficaram instaladas por aproximadamente trinta
controlado por corrente, porém devido a defeito, foi
dias, inicialmente com todos os bancos de capacitores
substituído por um banco fixo durante o ano de estudo;
ligados. A cada semana um banco era desligado, um a um,
2) CB-2: capacidade nominal de 300 kVAr – banco
até a última semana quando todos os bancos de capacitores
automático controlado por corrente; e,
estivessem desligados.
3) CB-3: capacidade nominal de 900 kVAr – banco
controlado por reativo. [5]-[6] O diagrama esquemático dos pontos de medição é mostrado
na Fig.2.
Fig. 1. Esquemático do alimentador ITC-04. Fig. 2. Ponto de medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04.
101
A simulação demonstrou ser próximo ao modelo real, pois
A potência ativa e reativa variam pouco, porém o fator de os resultados de distorção foram próximos aos valores
potência reduz para baixo dos limites, isto é, abaixo de 0,92. medidos.
Através de uma análise preliminar, foi possível concluir que O próximo passo foi simular a frequência natural do
desligar os bancos de capacitores não é a solução ideal, sistema em quatro diferentes configurações, cujos resultados
porque irá causar inaceitáveis valores de fator de potência. estão demonstrados na Fig. 6 abaixo: em vermelho os três
A Fig.4 apresenta a DHT - Distorção Harmônica Total do bancos de capacitores ligados; em preto somente BC-3
alimentador em corrente (vermelho), tensão (azul) e F.P. desligado; em verde somente o BC-2 ligado; e, em azul todos
(verde) no mesmo período. Também é possível identificar os bancos de capacitores desligados.
que as maiores DHT ocorrem nos finais de semana,
principalmente aos domingos (24/01; 31/01; 07/02; e, 14/02). 250
O desligamento de todos os bancos de capacitores reduz os [V]
níveis de DHT de tensão abaixo dos 3%, enquanto isso, o
200
DHT de corrente reduziu de 15,8 % para valores próximos a
9% nos finais de semana.
150
100
BC-3
BC-2
50
Desligado BC-1
Desligado Desligado
0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
domnat01.pl4: v:X0082A- v:X0101A- v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0051A-
102
Este novo mecanismo de instalação, similar aos A operação dos BCs é realizada com as chaves trifásicas,
dispositivos “Plug-and-Play”, é um produto do programa de porém o trabalho também analisou a possibilidade de realizar
P&D da CPFL. Em aproximadamente 30 minutos é possível as operações sincronizadas, isto é, operar os bancos com
instalar ou desinstalar, sem a necessidade de desligar o chaves tiristorizadas, apesar de serem objetivos de um outro
alimentador. Esta flexibilidade permite que os bancos de projeto de pesquisa.
capacitores sejam instalados para testes de medição, com A primeira simulação no ATPDraw foi o alimentador ITC-
fácil realocação ou mudança de capacitância. 04 na configuração original, nessa configuração tanto nos
Finalmente, esta solução foi analisada por uma nova dias úteis ou nos domingos a operação apresenta as correntes
simulação, no qual as componentes harmônicas não foram de inrush dentro dos valores admissíveis. No pior caso tem-se
amplificadas, resolvendo o problema de ressonância a corrente de inrush máxima de 700 ampéres que pode ser
harmônica. observada na Fig. 8.
[A]
400
O gráfico da Fig.7 mostra os resultados mais significativos
das simulações realizadas através do ATPDraw.
200
As configurações testadas foram:
1) Um banco de capacitores de 1800 kVAr instalado no 0
PAC da fundição FA e demais bancos removidos (em
vermelho); -200
250
[V] Fig.8. Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2
no tempo 0,5s; e BC-3 em 0,75s.
200
-2000
-4000
Observando os resultados, conclui-se que a melhor -6000
alternativa viável seria a instalação do BC-3 em um ponto -8000
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
próximo ao BC-1 existente. Esta manobra poderia (file DDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
dessintonizar os bancos de capacitores do alimentador e não Fig. 9. BC-3 no mesmo ponto da BC1, a corrente de Inrush atinge 8000
diminuir o fator de potencia do alimentador. amperes.
103
700 1500
[A] [A]
1000
440
500
180 0
-500
-80
-1000
-1500
-340 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 [s] 0,86
(file DDom004.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
-50 BC 1 BC 2 BC 3
-100
Obs.: L1, L2 e L3 = 0,006 mH
L4 e L5 indutâncias de linha entre os BCs
-150
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0 L4 – planilha ZBC 1_2
(file SDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
L5 – planilha ZBC 2_3
Fig. 11. Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam
próximos a corrente nominais dos bancos. Fig. 14. Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores
considerados para estimação de corrente de inrush.
Corrente Barra
Corrente Corrente Corrente Avaliação do da SE
de Curto Tensão Potência Código Elo
Situação Nominal Inrush Limite Tempo
3F
L1
A kV kvar A Usado A A
Energização de 1
BC isolado
3242 13,8 900 900/13,8 43,30 40 K 528,29 1326,00 OK BC 1
104
alimentador volta para um regime de ressonância ou continua A chave tiristorizada pode operar com maior
fora da sintonia. eficiência, proporcionando maior flexibilidade
A seguir, a simulação de nova freqüência natural do operativa.
alimentador, cujo resultado é demonstrado no Fig. 16.
Recomenda-se para futuros trabalhos definir a metodologia e
procedimento para a solução técnica apresentada; e,
200
proporcionar o desenvolvimento de chaves tiristorizadas para
[V]
operação sincronizada dos bancos de capacitores.
160
120 REFERÊNCIAS
80
[1] McGranaghan, M., Peele, S., Murray, D., “Solving Harmonic
Resonance Problems on the Medium Voltage System”, CIRED
2007.
40 [2] R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso, H. W. Beaty,
“Electrical Power System Quality”, McGraw-Hill, 2nd edition,
2004.
0
0 300 600 900 1200 1500
[3] Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P., Deckmann, S., Aoki,
[s]
ddbtb4t.pl4: v:FUNDAA-
louc02.pl4: v:FMAETA- v:X0072A-
A. R., Godói, A. A., Garcia, F. R., “Alocação de Capacitores em
giloucu02.pl4: v:X0069A-
Redes de Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de
Ressonância”, VIII Congresso Brasileiro de Qualidade de Energia
Fig. 16 – Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no Elétrica, 2009.
ponto 483 m distante. Em verde a freqüência natural do alimentador, visto da [4] Minamizaki, M. G., “Análise da Influência e Otimização da
barra do cliente com Carga perturbadora. Carga Reativa Aplicadas à Redução Perdas Técnicas na rede de
Distribuição e Transmissão da Companhia Paulista de Força e
A freqüência natural da configuração proposta está dentro Luz”, Monografia para Especialização, Universidade Federal de
dos níveis aceitáveis, bastante inferiores ao da configuração Itajubá, 2008.
de inicial, resolvendo o problema de distorções harmônicas [5] Cook, R. F. (1959). “Analysis of capacitor application as affected
by load cycle”, AIEE Transactions pt. III 78: 950–957.
de tensão e não causando outros problemas, como [6] Gallego, R. A., Monticelli, A. J., Romero, R. (2001). “Optimal
danificação por excesso de corrente de inrush durante a Capacitor Placement in Radial Distribution Networks”, IEEE
energização. Transactions On Power Systems, 16(4): 630–637.
[7] Mayagüez, P.R. “ATP Quick Guide”, Electric Power Engineering
Group. June 18,2002.
[8] CODI RTD 22.03 Diretrizes para Proteção Contra Sobrecorrentes
IX. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES em Bancos de Capacitores em Redes de Distribuição
105