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Universidade Federal de Itajubá Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA

MITIGAÇÃO DE PROBLEMA DE RESSONÂNCIA HARMÔNICA


DE BANCO DE CAPACITORES INSTALADOS NA REDE DE
DISTRIBUIÇÃO

Gislaine Midori Minamizaki

Itajubá, Dezembro de 2011


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA

Gislaine Midori Minamizaki

MITIGAÇÃO DE PROBLEMA DE RESSONÂNCIA HARMÔNICA


DE BANCO DE CAPACITORES INSTALADOS NA REDE DE
DISTRIBUIÇÃO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Elétrica como parte
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências em Engenharia da
Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas Elétricos de


Potência

Orientador: Prof. Luiz Eduardo Borges da


Silva
Co-orientador: Se Un Ahn

Dezembro de 2011
Itajubá - MG

ii
Dedico este trabalho aos meus pais, por
todo o amor e dedicação, por terem sido
peça fundamental para que eu tenha me
tornado a pessoa que sou hoje.
E a Deus que sempre me abençoa, me
protege e me dá forças e coragem para
alcançar meus sonhos.

iii
AGRADECIMENTOS

A Deus pelas oportunidades que me foram dadas, e por ter me dado forças e
sabedoria, iluminando meu caminho para que pudesse concluir mais uma etapa
da minha vida;
Aos meus pais Renato e Misano, sem os quais não estaria aqui, e por terem me
dado condições para me tornar a profissional e o ser humano que sou, meu
agradecimento pela dedicação e por acreditarem em mim;
Aos meus irmãos Susy, Carol e Patrick que desde pequena me ensinaram
muitas coisas, em especial à minha irmã Susy a quem considero uma segunda
mãe;
A Rodrigo Yuji pelo incentivo a terminar de escrever essa dissertação;
Ao meu co-orientador, engenheiro Se Un Ahn, doutor em engenharia elétrica
pela Escola Politécnica da USP, pelo direcionamento técnico, motivação e
paciência, meu agradecimento por insistir a escrever esse trabalho e pelos
sábios conselhos;
Ao professor Germano Lambert Torres, pela orientação e por proporcionar
nossas aulas nas dependências da CPFL;
Ao meu orientador, professor Luiz Eduardo Borges da Silva, pelo ensinamento
e dedicação dispensados no auxílio a concretizar essa dissertação;
Ao engenheiro Ricardo Torrezan pela participação ativa neste trabalho, através
das análises das medições em Monte Alto que proporcionaram também a defesa
do seu mestrado na UNESP - Bauru;
Aos meus colegas da CPFL que me permitiram acessar às medições e relatórios
de qualidade de energia elétrica e pela disseminação do conhecimento;
Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos e familiares pelo carinho, a
todos que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse
realizado meu eterno AGRADECIMENTO.

iv
RESUMO

Apesar dos benefícios oferecidos pela instalação de bancos de capacitores ao


longo da rede, a ressonância harmônica também deve ser considerada já que os
problemas relacionados aos harmônicos têm crescido nos sistemas de média
tensão devido ao aumento de novas cargas não-lineares conectadas na rede e,
somada com a distorção de tensão causada pela ressonância harmônica, os
limites estabelecidos pela ANEEL podem ser excedidos.
Com base neste problema, o objeto de estudo desse trabalho é o caso de uma
rede de distribuição da CPFL Paulista que atende cargas perturbadoras.
Durante a semana, os níveis de distorção harmônica de tensão estavam dentro
dos limites permitidos. Porém nos finais de semana, quando a maioria das
cargas não-lineares estava desligada, os limites eram excedidos.
Para entender este fenômeno, cinco medições foram instaladas em pontos
estratégicos da rede de distribuição nos quais os bancos de capacitores foram
desligados um de cada vez, com uma semana de defasagem.
Após análises de medição e operação dos bancos de capacitores, foi possível
concluir que este alimentador apresentava características de ressonância
harmônica com os bancos de capacitores.
Este trabalho propõe três diferentes abordagens para solucionar o problema de
distorção harmônica nesta rede utilizando o ATP Draw como ferramenta de
simulação.
Como análise final, foram realizadas análises dos transitórios causados pela
energização de bancos de capacitores próximos (back to back) e da
possibilidade de realizar as operações com chaves tiristorizadas sincronizadas.
Palavras-chave: Ressonância Harmônica, Fornos de Indução, Frequência
Natural; Fator de Potência; Bancos de Capacitores Realocáveis; Distorção
Harmônica de Tensão; Back to back.

v
ABSTRACT

Although those benefits of installing capacitor banks in feeders are


incontestable, the engineers should consider the harmonic resonance effects and
the possibility of this resonance to increase the voltage distortion to levels
above of the acceptable limits. In fact, the problems related to harmonics are
spreading on MV systems due to the increasing quantity of disturbing loads and
together with voltage distortion amplified by the resonance in capacitor banks
the limits established by the regulatory agency can be exceeded. This work
presents one case under survey at CPFL Paulista, where a feeder supplies
several non-linear loads in two main plants and three capacitor banks.
On weekdays, the harmonic voltage distortion levels were lower than the limits,
but on the weekends, the limits were exceeded, when most of non-linear loads
were disconnected.
To understand behavior and describe this power system, five metering points
were strategically installed for thirty days and during in which the capacitor
banks were switched off, one by one, each week.
After measuring and capacitor banks operation analysis, it was possible to
conclude that the feeder has resonance conditions with the capacitor banks.
This work also presents three different approaches for solving the harmonic
resonance problems, using the ATPDraw as a tool of simulation.
The last analysis, it was studied the inrush transient caused by the capacitor
banks switching nearby (back to back phenomena) and the possibility of using
synchronized switches.
Keywords: Distribution Troubleshooting; Harmonic Resonance;
Induction Furnace; Natural Frequency; Power Factor; Relocable
Capacitor Bank.

vi
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E METODOLOGIAS


DISPONÍVEIS................................................................................................................. 6

CAPÍTULO 3 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................... 15


3.1 UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES ......................................................................... 15
3.2 DISTORÇÃO HARMÔNICA ..................................................................................................... 17
3.3 LIMITES ACEITÁVEIS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA .............................................................. 26
3.4 RESSONÂNCIA HARMÔNICA ................................................................................................. 34
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO ......................................................................... 36
4.1 DESCRIÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO EM ESTUDO............................................................ 36
4.2 ESTUDO DE AUMENTO DE CARGAS PERTURBADORAS NA REDE ........................................... 43
4.3 PROCESSO DE INSTALAÇÃO DA MEDIÇÃO ............................................................................. 52
4.4 ANÁLISE DE MEDIÇÕES ........................................................................................................ 61
CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE SOLUÇÕES ........................... 74
5.1 UTILIZAÇÃO DE CHAVEAMENTO PROGRAMADO DOS BANCOS DE CAPACITORES PARA
SEREM DESLIGADOS AOS FINAIS DE SEMANA ........................................................................................... 74
5.2 DESSINTONIZAR OS BANCOS DE CAPACITORES EXISTENTES .................................................. 74
5.3 REALOCAÇÃO DOS BANCOS DE CAPACITORES UTILIZANDO BANCOS REALOCÁVEIS ............ 75
5.4 SIMULAÇÃO NO ATPDRAW .................................................................................................. 76
5.5 ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES ......................................................................... 82
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ................................................................................. 89

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 91

APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO NO T&D LATIN AMERICA 2010 ...... 95

APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO NO CBQEE 2011 .................................. 100

vii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Distorção na corrente causada por uma resistência não linear [1]. ......................................... 18
Figura 2: Série de Fourier representando uma forma de onda distorcida[1]. ................................ 20
Figura 3: Sistema simétrico e equilibrado trifásico alimentando ia, ib e ic que são correntes deformadas
e não senoidais. ............................................................................................................................... 25
Figura 4: Mapa de localização do município de Monte Alto.................................................................. 36
Figura 5: Diagrama Esquemático da subestação de Itacolomi. .............................................................. 37
Figura 6: Foto da subestação de Itacolomi. ............................................................................................ 38
Figura 7: Diagrama Esquemático do alimentador ITC-04...................................................................... 39
Figura 8: Banco de Capacitores n° 294944 (BC-1) ................................................................................ 41
Figura 9: Banco de Capacitores n° 294965 (BC-2). ............................................................................... 41
Figura 10: Banco de Capacitores n° 397528 (BC-3). ............................................................................. 42
Figura 11: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Atual ............................ 44
Figura 12: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Futura ........................... 45
Figura 13: Gráfico de tensão de atendimento em regime permanente. ................................................... 47
Figura 14: Gráfico de desequilíbrio de tensão. ...................................................................................... 48
Figura 15: Registros da flutuações de tensão na fundição. ..................................................................... 49
Figura 16: Registros de Distorção de Tensão Harmônica Total – DTHT. ............................................. 49
Figura 17: Comportamento das distorções de tensão em relação à potência ativa demandada pela
fundição FA. ................................................................................................................................... 50
Figura 18: Fornos de indução da fundição FA. ....................................................................................... 51
Figura 19: Esquemático da localização das medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04. ...... 52
Figura 20: Sensores e Registrador do Marh-MT. ................................................................................... 53
Figura 21: Registrador do Power ION. .................................................................................................. 55
Figura 22: Instalação dos sensores do Power ION. ............................................................................... 56
Figura 23: Tela LCD do medidor Power ION. ....................................................................................... 56
Figura 24: Instalação do medidor Marh-MT na saída da subestação, no alimentador ITC-04. .............. 58
Figura 25: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre os dois primeiros bancos de capacitores
BC-1 e BC-2 (Praça). ..................................................................................................................... 59
Figura 26: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre a fundição FA e FB (Marginal). ........... 59
Figura 27: Instalação do medidor Power ION na fundição F A. .............................................................. 60
Figura 28: Instalação do medidor Power ION na fundição F B. .............................................................. 60
Figura 29: Gráfico de Medição de Potência Ativa, Reativa e Fator de Potência na saída da SE Itacolomi
durante a manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................... 61
Figura 30: Gráfico de Medição da Distorção Harmônica de Corrente e Fator de Potência na saída da
SE Itacolomi durante a manobra dos bancos de capacitores. ......................................................... 63
Figura 31: Distribuição da distorção harmônica de tensão no dia 24/01/10. .......................................... 64
Figura 32: Distribuição da distorção harmônica de corrente no dia 24/01/10. ....................................... 64
Figura 33: Gráfico de distribuição de tensão na saída da SE do dia 21/01 a 18/02/10. .......................... 65
Figura 34: Gráfico de medição de potência ativa, reativa e fator de potência na praça. ......................... 66
Figura 35: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na praça. ......... 67
Figura 36: Gráfico de distribuição de tensão na praça do dia 08/02 a 18/02. ........................................ 68
Figura 37: Gráfico da medição de potência ativa, reativa e fator de potência na marginal durante a
manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................................... 68
Figura 38: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na marginal
durante a manobra dos bancos de capacitores. ............................................................................... 69
Figura 39: Gráfico de distribuição de tensão na marginal do dia 21/01 a 18/02. ................................... 69
Figura 40: Distribuição das componentes harmônicas de corrente medidos no PAC na fundição F A. ... 70
Figura 41: Distribuição das componentes harmônicas de tensão medidos no PAC na fundição F A. ..... 70
Figura 42: Potência ativa da Fundição FA em dias úteis. ........................................................................ 71
Figura 43: Potência ativa da Fundição FA em dias de domingo. ............................................................ 71
Figura 44: Distribuição das componentes harmônicas de corrente [%] medidos no PAC na fundição F B.
........................................................................................................................................................ 72
Figura 45: Distribuição das componentes harmônicas de tensão [%] medidos no PAC na fundição FB. 72
Figura 46: Potência ativa da Fundição FB em dias úteis. ........................................................................ 73
Figura 47: Potência ativa da Fundição FB em dias de domingo. ............................................................ 73
Figura 48: Alimentador ITC-04 representado na ATP Draw. ................................................................ 76
Figura 49: Alimentador ITC-04 simulado no ATPDraw no domínio da frequência. ............................. 80

viii
Figura 50: Simulação no domínio da frequência da rede ITC-04 com as manobras realizadas nos bancos
de capacitores ................................................................................................................................. 80
Figura 51: Gráficos da frequência natural, utilizando banco de capacitores realocáveis e alternativas
para reconfiguração do alimentador ITC-04................................................................................... 81
Figura 52: Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2 no tempo 0,5s; e BC-3
em 0,75s. ........................................................................................................................................ 82
Figura 53: BC-3 no mesmo ponto da BC-1, a corrente de Inrush atinge 8000 amperes. ........................ 83
Figura 54: Corrente na fonte, não altera com operação de BCs. ............................................................ 84
Figura 55: BC-3 localizada à 483 m do BC-1. ....................................................................................... 85
Figura 56: Corrente de Inrush no BC-1, com a operação do BC-3 distante 483 metros. ........................ 85
Figura 57: Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores considerados para
estimação de corrente de inrush...................................................................................................... 86
Figura 58: Simulação tradicional da corrente de inrush, para dois bancos distantes 483 metros. .......... 86
Figura 59: Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no ponto 483 m distante. Em
verde a freqüência natural do alimentador, visto da barra do cliente com carga perturbadora. ...... 87
Figura 60: Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam próximos a corrente
nominais dos bancos. ...................................................................................................................... 88

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Variação da relação entre a resistência CA e CC com a variação da frequência. ................... 21


Tabela 2: Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão fundamental [8] .................. 27
Tabela 3: Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental [8]............................................ 27
Tabela 4: Níveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão. ................................ 29
Tabela 5: Valores de referência globais das distorções harmônicas totais. ............................................ 29
Tabela 6: Limites de distorção harmônica de tensão do IEEE Std. 519-1992, p. 85 [3]. ....................... 30
Tabela 7: Níveis de compatibilidade para componentes harmônicos individuais de tensão nas redes de
baixa e média tensão (percentual da componente fundamental) reproduzidos do IEC 61000-3-6
[4]. .................................................................................................................................................. 31
Tabela 8: Padrão para a distorção de tensão harmônica total (DTHT) para as redes primárias de
distribuição [21] . ........................................................................................................................... 32
Tabela 9: Limites Máximos de Distorção Harmônica em Sistemas de Distribuição .............................. 33
Tabela 10: Valores das Correntes de Curto Circuito na Subestação Itacolomi ...................................... 38
Tabela 11: Valores das Impedâncias na Subestação Itacolomi .............................................................. 38
Tabela 12: Valores das Correntes de Curto Circuito no PAC da fundição FA ........................................ 45
Tabela 13: Valores das Impedâncias no PAC da fundição F A ................................................................ 45
Tabela 14: Distorção harmônica de tensão e corrente por período das fases A, B e C. .......................... 63
Tabela 15: Impedância interna da fonte simulada ITC-04...................................................................... 77
Tabela 16: Parâmetros elétricos dos cabos do alimentador ITC-04........................................................ 77
Tabela 17: Parâmetros do forno de indução da fundição F B. .................................................................. 78

ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Equação 1: Distorção Harmônica Individual .......................................................................................... 19
Equação 2: Distorção Harmônica Total .................................................................................................. 24
Equação 3: Frequência de Ressonância .................................................................................................. 34
Equação 4: Exemplo do cálculo de 900 [kVAr] para 12,5358[µF]. ....................................................... 79
Equação 5: Simulação no domínio da frequência. .................................................................................. 79

ix
GLOSSÁRIO

o ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica (brasileira)


o Carga Potencialmente Perturbadora
Carga instalada em unidade consumidora que utiliza processo interno cujas
características intrínsecas potencialmente afetem de alguma maneira as grandezas
elétricas relativas ao fornecimento da energia, normalmente caracterizadas pela
freqüência, tensão e corrente alternada em seus valores padronizados de amplitude e
intensidade (baseadas em uma onda senoidal pura), com as respectivas variabilidades
permitidas, quer seja no ponto de conexão (também denominado ponto de
acoplamento comum), ou na própria rede, e capaz de provocar a inadequação do
fornecimento às demais unidades consumidoras.
As cargas potencialmente perturbadoras necessitam de um adequado
tratamento em termos de projeto, instalação e operação, uma vez que podem se
constituir numa das causas de perturbação do sistema elétrico e da perda da qualidade
do fornecimento.
o Componente Fundamental
Componente cuja frequência é a frequência fundamental.
o Consumidor
Pessoa, empresa, companhia ou organização que opera uma instalação
conectada a um sistema de suprimento.
o CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz.
o Distorção Harmônica
O indicador para avaliar o desempenho quanto a harmônicos, em regime
permanente, no ponto de conexão do acessante, corresponde à distorção de tensão
harmônica.
o Distorção Harmônica Total
Entende-se por distorção de tensão harmônica total (DTHT) a raiz quadrada do
somatório quadrático de todas as componentes harmônicas. Esse conceito quantifica o
conteúdo harmônico total existente em um determinado ponto da rede elétrica da
Concessionária.
o Frequência Fundamental

x
Frequência obtida da transformada de Fourier no domínio do tempo, no qual
todas as frequências são referenciadas. Neste trabalho a frequência fundamental é a
mesma do sistema de suprimento, ou seja, 60 [Hz].
o Frequência Harmônica
Frequência múltipla inteira da frequência fundamental. A razão entre a
frequência harmônica e a frequência fundamental é a ordem harmônica.
o Frequência Inter-harmônica
Qualquer frequência que não é uma múltipla inteira da frequência
fundamental.
o ITC – Itacolomi (Subestação da CPFL)
o MARH-MT
Equipamento Medidor e Registrador Eletrônico de grandezas em tempo-real
para sistemas elétricos monofásicos, bifásicos e trifásicos em média tensão destinado à
instalação junto às unidades consumidoras ou distribuidoras de energia elétrica
fabricado pela RMS.
o ONS – Operador Nacional do Sistema
Órgão responsável pela coordenação e controle da operação da geração e da
transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional – SIN
o PAC – Ponto de Acoplamento Comum
Ponto no sistema de suprimento, no qual é eletricamente mais próximo da
instalação interessada, onde outras instalações estão ou poderiam estar conectadas. O
PAC é um ponto localizado a montante da instalação considerada.
o Power ION
Medidor de qualidade de energia, produzido pelo fabricante Schneider Electric
sua medição possui precisão que atende os requisitos das normas IEC 61000-4-30 [5]
também possui as funcionalidades de análises de qualidade de energia.
o Qualidade do Fornecimento de Energia
Desempenho do sistema elétrico em termos de continuidade do serviço e
conformidade na forma de onda da tensão, incluindo os efeitos de flutuação de tensão,
desequilíbrio, distorção harmônica, cintilação luminosa e variação de tensão de curta
duração.
o RISE – Relatório de Impacto no Sistema Elétrico
Relatório exigido pela CPFL que deve ser elaborado por qualquer acessante
com cargas potencialmente perturbadoras demonstrando quais serão os impactos

xi
causados no ponto de conexão pelas cargas previstas no processo produtivo, qualquer
que seja o regime operativo utilizado, bem como demonstrando quais serão as
medidas de compensação adotadas para prevenir o surgimento de perturbações no
sistema da CPFL.
O RISE deve conter um conjunto de resultados da operação em regime da
instalação do acessante simulando a inexistência de qualquer medida compensatória,
apresentando a magnitude e extensão da perturbação que ocorreria no ponto de
conexão com a CPFL. Deve conter um segundo conjunto de resultados da operação
em regime simulando, agora, a introdução dos dispositivos e equipamentos de
compensação.
o SIN - Sistema Interligado Nacional
o Sistema de Suprimento
É o conjunto de todas as linhas, transformadores e equipamentos que operam
em diversas tensões que compõe o sistema de distribuição e transmissão de energia
elétrica nos quais as instalações dos consumidores está conectada.
o TC - Transformador de Corrente
o TP - Transformador de Potencial
o TR ou TRAFO – Transformador
o VTCD – Variação de Tensão de Curta Duração

xii
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Capacitores são fontes de energia reativa. Um dos objetivos de sua aplicação


em sistemas de potência é a compensação de energias reativas produzidas por cargas
indutivas ou reatâncias de linhas, trazendo benefícios como a adequação dos níveis de
tensão, a redução das perdas técnicas na rede de distribuição, além da correção do
fator de potência de forma a se evitar o pagamento de multa, da liberação de maiores
capacidades para o sistema elétrico e do aumento da vida útil das linhas e
equipamentos.
Durante o planejamento de instalação de bancos de capacitores em uma
determinada rede, geralmente são calculados os benefícios econômicos e técnicos
provenientes dessa instalação, porém as análises dos efeitos da ressonância harmônica
geralmente não são realizadas. Por outro lado, o aumento expressivo de novas cargas
não-lineares conectadas na rede e, somada com a distorção de tensão causada pela
ressonância harmônica, os limites estabelecidos pela ANEEL podem ser excedidos.
Com base neste problema, o objeto de estudo desse trabalho é o caso da rede
de distribuição da subestação Itacolomi (ITC) da distribuidora de energia elétrica
CPFL Paulista no município de Monte Alto (SP), a 350 quilômetros da capital
paulista.
O alimentador de 13,8 [kV] ITC-04 da subestação Itacolomi atende cargas
perturbadoras compostas principalmente por fornos de indução destinados à fundição
e três bancos de capacitores distribuídos ao longo do alimentador.
Neste alimentador, um dos clientes atendidos é uma empresa de fundição que
solicitou aumento de carga para conexão de mais um forno de indução de 300 [kW]
destinado à fundição. O forno seria conectado através de um transformador de dois
enrolamentos de 350 [kVA] em 13,8/0,38 [kV].
Um dos requisitos da CPFL para conexão de cargas potencialmente
perturbadoras na rede é a elaboração de um relatório de impacto no sistema elétrico
(RISE). Para elaboração do RISE foi tomado como base os resultados obtidos nas
medições no Ponto de Acoplamento Comum (PAC) do cliente, considerando a
representação detalhada do alimentador ITC-04 assim como as outras cargas
perturbadoras conectadas nesse sistema.

1
Os Procedimentos de Distribuição – PRODIST são normas que disciplinam o
relacionamento entre as distribuidoras de energia elétrica e demais agentes (unidades
consumidoras e centrais geradores) conectados aos sistemas de distribuição, que
incluem redes e linhas em tensão inferior a 230 [kV]. No módulo 8, sobre Qualidade
da Energia Elétrica, item 8.1 sobre Qualidade do Produto, a ANEEL define valores de
referência máximos a serem obedecidos pela distribuidora de energia elétrica para
Distorção harmônica individual de tensão de ordem h ou DITh% e, para Distorção
harmônica total de tensão ou DTT %. O índice de distorção harmônica individual de
tensão para uma rede de distribuição de 13,8 [kV], para harmônicos de ordem 5 é de
no máximo 6% e de ordem 3, é de no máximo 5%. O índice de distorção harmônica
total de tensão para uma rede de distribuição de 13,8 [kV] é de no máximo 8%.
Já a orientação técnica interna da CPFL, que define critérios para autorização
da entrada de novas cargas potencialmente perturbadoras na rede de distribuição da
CPFL, define que o limite para de distorção harmônica total de tensão, medido em
regime permanente no ponto de conexão do acessante deve ser menor ou igual a 5%.
Das análises das medições no PAC, foi identificado que durante a semana, os
níveis de distorção harmônica de tensão estavam dentro dos limites permitidos,
porém, de forma atípica, nos finais de semana os limites estabelecidos pela CPFL
eram excedidos. O comportamento típico esperado era uma redução nos níveis de
distorção harmônica nos finais de semana, pois a maioria das cargas não-lineares
estava desligada. Aos domingos, com o forno da fundição totalmente fora de
operação, conclui-se que as distorções elevadas encontradas no sistema não possuem
correlação com os fornos de indução instalados no cliente. Este resultado preliminar
representava fortes indícios que o fenômeno de ressonância harmônica estava
ocorrendo nesta rede de distribuição.
Adicionalmente, pelas regras existentes na distribuidora independente das
distorções harmônicas ocorrerem nos finais de semana, o fato dos limites serem
excedidos já seria determinante para a não autorização da entrada do novo forno de
indução do consumidor. Não foi previsto em norma que poderiam ocorrer distorções
harmônicas elevadas sem correlação com as cargas perturbadoras, é, portanto, um
fenômeno que merece atenção especial, já que as regras existentes podem inviabilizar
a conexão de um consumidor.
Para entender este fenômeno, cinco medições foram instaladas em pontos
estratégicos da rede de distribuição por aproximadamente trinta dias nos quais os

2
bancos de capacitores foram desligados um de cada vez com uma defasagem de uma
semana entre eles. Esta primeira medida teve o objetivo da comprovação dos indícios
da amplificação da distorção por proximidade da frequência de ressonância harmônica
da rede com os bancos de capacitores.
As análises das medições e testes com os bancos de capacitores instalados na
rede de distribuição mostraram que um dos três bancos de capacitores causava
intensificação do índice de distorção harmônica de corrente e elevação dos níveis de
distorção de tensão. Além disso, foi possível observar que quando os fornos de
indução estavam ligados, a distorção de tensão era menor, ao contrário do que era
esperado como efeito das cargas não-lineares. Pelas análises dos resultados, foi
possível concluir que as distorções harmônicas dessa rede estavam sendo amplificadas
provavelmente por harmônicas próximas da frequência de ressonância da rede.
A solução deste problema poderia ser muito simples removendo os bancos de
capacitores na rede, porém durante a medição foi verificado que ao se retirar os
bancos de capacitores, o fator de potência da rede fica abaixo do limite estabelecido
pela ANEEL. Segundo a regulamentação vigente, no PRODIST, módulo 8, item 3
sobre Fator de Potência, para tensão inferior a 230 [kV], o fator de potência deve estar
compreendido entre 0,92 e 1,00 indutivo ou 1,00 e 0,92 capacitivo. Com a retirada dos
bancos de capacitores o fator de potência na saída da subestação ficaria próximo dos
0,90 indutivo e, portanto, a distribuidora estaria sujeita a multas, além disso,
provocaria maior queda de tensão e maiores perdas técnicas.
A solução deste problema também poderia ser realizada através da eliminação
da distorção harmônica, o que dependeria da instalação de filtros onerosos.
O desacoplamento da frequência de ressonância com a frequência de distorção
harmônica é a mais barata visto que não implica na aquisição de equipamentos caros
como os filtros, portanto este trabalho foi direcionado para soluções de
desacoplamento.
Este trabalho propõe três diferentes abordagens para solucionar o problema de
distorção harmônica nesta rede utilizando o ATP Draw como ferramenta de
simulação. A primeira abordagem é reposicionar os bancos de capacitores utilizando a
solução técnica de bancos realocáveis, cuja tecnologia, também chamada de Plug-and-
Play, é produto de um projeto de pesquisa e desenvolvimento da CPFL-Piratininga,
Expertise, USP e IESA. A segunda é reconfigurar o capacitor existente com potência

3
reativa ajustável. E finalmente, desligar os bancos de capacitores aos finais de semana
utilizando controladores automáticos de banco de capacitores.
A utilização do ATP Draw permitiu criar um modelo equivalente que
represente com boa aproximação as características desta rede. A precisão deste
modelo foi comprovada através da comparação dos dados obtidos pela simulação com
os dados reais obtidos através das medições.
Foi possível realizar uma simulação no domínio da frequência, verificando que
haveria uma amplificação dos componentes harmônicos de 5ª e 7ª ordem, devido à
proximidade da frequência de ressonância.
Com a rede modelada no ATP foi possível simular diferentes abordagens e
fazer uma análise da eficácia de cada um através de um estudo comparativo entre elas,
verificando em qual configuração as componentes harmônicas não eram amplificadas,
ou apresentassem pouca amplificação nos componentes harmônicos de 5ª e 7ª ordem.
A configuração com melhor resultado para mitigação do efeito de ressonância
harmônica foi a alternativa da instalação de um banco de capacitores próximo ao
primeiro banco de capacitores do alimentador.
Por outro lado, a instalação de um banco de capacitores próximo a outro banco
existente, provoca um outro fenômeno transitório, a elevação da corrente de Inrush
pelo efeito back to back entre os bancos. Portanto, foram realizadas análises dos
transitórios causados pela energização de bancos de capacitores próximos (back to
back) e da possibilidade de realizar as operações com chaves tiristorizadas
sincronizadas.
Após a comprovação deste método, os resultados deste trabalho poderão ser
utilizados em outros casos na área de concessão da CPFL com características
semelhantes, possibilitando que os bancos de capacitores possam ser corretamente
projetados com relação ao dimensionamento, ajustes de operação e local de instalação,
corrigindo-se o fator de potência da rede, reduzindo-se as perdas técnicas, e
mitigando-se prejuízos.
O trabalho está dividido em seis capítulos, organizados na forma a seguir.
O Capítulo 2 faz uma revisão bibliográfica de trabalhos nas áreas de qualidade
de energia elétrica associados à instalação de banco de capacitores em sistemas com
cargas perturbadoras, assim como problemas relacionados à ressonância harmônica e
o efeito da corrente de inrush devido à energização de bancos de capacitores próximos
e utilização de chaves tiristorizadas.

4
Os conceitos fundamentais de utilização de banco de capacitores, distorção e
ressonância harmônica são introduzidos no Capítulo 3, onde também se discute os
limites máximos de distorção harmônica estabelecidos pela agência reguladora do
setor.
O Capítulo 4 faz uma breve descrição do caso estudado neste trabalho,
detalhando as características da rede, a motivação pela escolha deste alimentador, o
processo de medição e análise dos resultados.
O Capítulo 5 apresenta as abordagens propostas neste trabalho para a
mitigação do problema de ressonância harmônica, as simulações através do ATPDraw
e o impacto com relação à corrente de inrush durante energização do banco de
capacitores de acordo com solução encontrada apresenta.
Seguem-se discussões, conclusões e sugestões no Capítulo 6. O apêndice A há
uma cópia do artigo apresentado no congresso internacional IEEE/PES T&D2010
Latin América em Novembro de 2010, este trabalho foi selecionado para publicação
no site de artigos internacionais do IEEE, o XPLORER (ieeexplore.ieee.org - IEEE
Xplore). No apêndice B apresenta uma cópia do artigo que foi publicado e
apresentado no IX CBQEE 2011 – IX Conferência Brasileira de Qualidade de Energia
Elétrica em Agosto de 2011, realizada na cidade de Cuiabá-MT. Ambos os trabalhos
foram apresentados pela mestranda Gislaine Midori Minamizaki e reforçam a defesa
desta dissertação.

5
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E METODOLOGIAS
DISPONÍVEIS

Este capítulo descreve bibliografias encontradas sobre distorção harmônica, as


principais metodologias relacionadas ao problema de instalação de banco de
capacitores em sistemas de distribuição com cargas perturbadoras, assim como
problemas relacionados à ressonância harmônica e o efeito da corrente de Inrush
devido ao fenômeno de back to back entre os bancos de capacitores destacando
trabalhos significativos da literatura na área.
No livro de R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso e H. W. Beaty,
“Electrical Power System Quality”, são apresentadas as principais razões pela
crescente preocupação com os problemas de qualidade de energia, como a nova
geração de equipamentos sensíveis à má qualidade de energia, o aumento de cargas
não-lineares geradoras de harmônicos e uma rede cada vez mais interconectada, cuja
combinação de fatores em maior quantidade e intensidade no longo prazo, não se sabe
exatamente quais são as conseqüências. Além disso, é mostrada a preocupação com o
impacto econômico nas concessionárias, seus consumidores, e fornecedores de
equipamentos. Nos capítulos 5 e 6 deste livro são dedicados ao fenômeno dos
harmônicos e como lidar com este problema, que foram descritos resumidamente
nessa dissertação em outro capítulo.
Os benefícios da instalação de bancos de capacitores na rede são amplamente
conhecidos e estudados, assim, o próximo capítulo dessa dissertação foi dedicado
exclusivamente para tratar da utilização dos bancos de capacitores.
Dugan, Santoso e Beaty já apresentavam a preocupação com a alocação dos
bancos de capacitores sem a devida análise, eles afirmam em seu livro que o
coeficiente X/R de uma rede de distribuição é geralmente baixo e, portanto a
amplificação de harmônicos pela ressonância com banco de capacitores é usualmente
menor em comparação com o que se pode encontrar em instalações industriais. Dessa
forma, os engenheiros de distribuição estão acostumados a alocar capacitores onde
eles são necessários sem a preocupação em relação aos harmônicos. Entretanto, a
distorção de tensão causada pela ressonância de um banco de capacitores pode
exceder os limites estabelecidos e normalmente a solução é mudar a posição, ou a
potência ou a conexão do neutro [1].

6
O livro de Kusko, A., Thompson, T. M. “Power Quality in Electrical
Systems”, também é dedicado à qualidade de energia elétrica em sistemas de potência,
com as definições de qualidade de energia, exemplos de baixa qualidade de energia
elétrica como afundamentos de tensão, sobretensões, transitórios, interrupções,
flutuações, distorções harmônicas, ruídos, entre outros. Com relação a harmônicos,
entra na discussão sobre o aumento de cargas não-lineares que geram harmônicos e
que cada vez mais os equipamentos na rede são sensíveis a estes harmônicos, levando
a necessidade de encontrar soluções cada vez mais eficazes para resolver os problemas
com harmônicos. O capítulo 2 do livro discute vários padrões de qualidade de energia,
incluindo padrões que discutem distorções harmônicas, assim como inter-harmônicos
de alta frequência causados por chaveamento nos sistemas de suprimento, inversores,
entre outros. Os capítulos 4 e 5 são dedicados aos conceitos de harmônicos, séries de
Fourier, espectros de formas de onda periódicas e as fontes de corrente de harmônicos
[2].
Sendo unânime a questão da qualidade de energia elétrica ser uma
preocupação, não há como ignorar os padrões definidos pelo IEEE com diversas
publicações relevantes nesta área. Com relação à qualidade de energia elétrica, a
principal referência é o IEEE Standard 519 denominado IEEE Std. 519-1992, cuja
tradução do título seria “Práticas e Requerimentos Recomendados pelo IEEE para
Controle de Harmônicos no Sistema Elétrico de Potência”. O padrão de 1992 é uma
revisão do trabalho anterior do IEEE publicado em 1981 abrangendo controle de
harmônicos.
O padrão 519 do IEEE, afirma que a qualidade de energia é de dupla
responsabilidade, da supridora e do consumidor final. A supridora é responsável em
produzir tensões senoidais de boa qualidade e o consumidor final tem a
responsabilidade de limitar as correntes harmônicas que possam distorcer a sua fonte e
afetar demais consumidores.
O padrão IEEE 519 também define limites de distorção harmônica no ponto de
acoplamento comum. Assim, para redes com tensão menor que 69kV, o IEEE define
que o limite máximo de distorção harmônica para um componente harmônico pode ser
de até 3% e para distorção harmônica total de até 5% [3].
Outra organização de padronização, a IEC (International Electrotechnical
Commission) também possui norma relacionada. O relatório técnico TR 61000-3-6,
cuja tradução seria “Limites – Avaliação dos limites de emissão para conexão de

7
instalações perturbadoras em sistemas de média, alta e extra-alta tensão” que foi
preparado pelo comitê técnico do IEC de Compatibilidade Eletromagnética. A revisão
2.0 de 2008 substitui a primeira edição de 1996. Este relatório técnico trata de
qualquer instalação, seja carga ou gerador, que produzem harmônicos ou inter-
harmônicos, porém aborda os limites que os sistemas elétricos são capazes de
absorver distorções, sem estender a discussão de como mitigar tais distorções ou como
aumentar a capacidade dos sistemas em absorver as distorções.
O relatório técnico da IEC afirma que a definição de limites de emissão de
tensão ou corrente, para um equipamento individual ou de uma instalação de um
consumidor deve ser baseada nos efeitos que essas emissões terão na qualidade da
tensão em determinada localização, os limites dependem de alguns conceitos básicos
como localização, das técnicas de medição aplicadas (duração, amostragem,
estatísticas) e como são calculadas.
Dados esses conceitos, a IEC 61000-3-6 apresenta valores de referência para
controle e proteção de equipamentos que estejam conectados em um determinado
sistema de fornecimento com probabilidade de cobrir 95% dos sistemas. Para
distorção harmônica total o valor de referência é de até 8% [4].
Para este trabalho que é um estudo de caso no Brasil, a primeira consulta é
verificar o que prega a regulamentação brasileira, que é relativamente recente quando
se trata de limites para distorções harmônicas. Em 29 de novembro de 2000, a ANEEL
– Agência Nacional de Energia Elétrica, publica a resolução normativa nº 456/2000
estabelecendo as condições gerais de fornecimento de energia elétrica, introduzindo o
conceito de cargas potencialmente perturbadoras na regulamentação brasileira [6], que
por sua vez foi substituída pela resolução normativa nº 414/2010 [7].
Saindo do universo da distribuição de energia elétrica, para a Rede Básica, o
ONS – Operador Nacional do Sistema, foi responsável por elaborar os Procedimentos
de Rede. O uso dos Procedimentos de Rede em caráter provisório foi autorizado pela
ANEEL através da resolução nº 420 de 31 de outubro de 2000 [9], passando por
sucessivas revisões autorizadas, ainda em caráter provisório, pelas resoluções ANEEL
nº 140 de 25 de março de 2002[10], nº 689 de 13 de dezembro de 2002[11], nº 791 de
24 de dezembro de 2002[12], nº 333 de 08 de julho de 2003[13], e nº 675 de 18 de
dezembro de 2003[14].
Somente após consulta e audiência pública realizada em 2008, através da
resolução normativa nº 372 da ANEEL de 28 de julho de 2009 [15], que foi

8
autorizado o uso dos Procedimentos de Rede em caráter definitivo, sendo publicada a
versão disponível até a data presente em 05 de agosto de 2009 [8].
Os Procedimentos de Rede constituem um conjunto de regras, critérios e
procedimentos técnicos, organizados em 25 módulos, que estabelecem a sistemática e
os requisitos técnicos necessários para o planejamento e programação da operação,
para a supervisão coordenação e controle da operação, para a administração dos
serviços de transmissão de energia elétrica, para garantia do livre acesso à rede básica,
bem como para proposição de ampliações e reforços da rede básica e demais
instalações da transmissão. No submódulo 2.8 que trata de gerenciamento dos
indicadores de desempenho da rede básica e de seus componentes, aborda os
indicadores de desempenho da rede básica relacionados à qualidade da energia elétrica
– QEE e os valores limites de referência, no aspecto tanto global ou sistêmico, como
individual ou por agente inclusive definindo os indicadores referentes à distorção de
tensão harmônica total e como os limites globais e individuais para todos os agentes
do Sistema Interligado Nacional - SIN, incluindo todos os acessantes, sejam
distribuidoras ou clientes livres [8].
Atualmente a regulamentação brasileira vigente quanto à qualidade da energia
elétrica nas redes de distribuição está disciplinada pelo PRODIST - Procedimentos de
Distribuição [16], aprovado pela Resolução nº 345/2008 [17].
O PRODIST é um conjunto de normas que disciplinam o relacionamento entre
as distribuidoras de energia elétrica e demais agentes (unidades consumidoras e
centrais geradores) conectados aos sistemas de distribuição, que incluem redes e
linhas em tensão inferior a 230 quilovolts (kV). Já em sua primeira versão, em
dezembro de 2008, no módulo 8 sobre Qualidade da Energia Elétrica, item 8.1 sobre
Qualidade do Produto, a ANEEL define valores de referência máximos a serem
obedecidos pela distribuidora de energia elétrica para Distorção harmônica individual
de tensão de ordem h ou DITh% e, para Distorção harmônica total de tensão ou DTT
%. Esses padrões mínimos de qualidade foram mantidos nas duas revisões em 2009 e
2010 aprovados pelas resoluções da ANEEL nº 395/2009 [18] e nº 424/2010 [19]
respectivamente.
A definição de padrões mínimos de qualidade pelo agente regulador do sistema
elétrico nacional demonstra a evolução da legislação brasileira dada à importância do
tema, e incentiva através dos procedimentos que as distribuidoras busquem níveis
mínimos de qualidade para os consumidores. Portanto, apesar dos benefícios da

9
instalação de bancos de capacitores, a ressonância harmônica também deve ser
considerada já que os problemas relacionados aos harmônicos têm crescido nos
sistemas de média tensão devido ao aumento de novas cargas não-lineares conectadas
na rede e, somada com a distorção de tensão causada pela ressonância harmônica, os
limites estabelecidos pela ANEEL podem ser excedidos[1].
Além dos livros e definições de padrões relevantes para área, há diversas
publicações direcionadas para área de qualidade de energia, as referências deste
trabalho estão focadas principalmente nas publicações direcionadas aos problemas de
instalação de banco de capacitores em sistemas de distribuição com cargas
perturbadoras, assim como problemas relacionados à ressonância harmônica e o efeito
da corrente de Inrush devido ao fenômeno de back to back entre os bancos.
Em 2007, Mcgranaghan, M., Peele, S., Murray, D., publicaram o artigo
“Solving Harmonic Resonance Problems on the Medium Voltage System” na 19th
International Conference on Electricity Distribution no CIRED em Viena onde
afirmavam que apesar dos limites estabelecidos pelas normas do IEEE 519
fornecerem algum controle na geração de harmônicos, ainda assim o nível de
harmônicos pode ser significante principalmente quando a rede de distribuição
apresentar o fenômeno de ressonância harmônica que aumenta os níveis de corrente
harmônica e distorções de tensão. Apresentou dois estudos de caso de solução de
problemas de ressonância harmônica através da utilização de filtros de harmônicos
[20].
Pinto, E. Bittencourt publicou em 2007 no VII CBQEE o artigo “Requisitos
para Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL”
apresentando que a CPFL como distribuidora estava agindo proativamente criando
processos normatizados internamente de uma forma prática para todo o acesso de
ligações e aumentos de carga envolvendo cargas não lineares, garantindo que os
impactos das perturbações permaneçam dentro de limites aceitáveis, sem prejuízo à
qualidade do fornecimento da energia elétrica. [21]. A norma que este artigo trata
também foi utilizada neste trabalho, o “GED 10099 – Requisitos para Conexão de
Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL”.[37]
Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P., Deckmann, S., Aoki, A. R.,
Godói, A. A., Garcia, F. R., publicaram o artigo “Alocação de Capacitores em Redes
de Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de Ressonância”, no VIII
Congresso Brasileiro de Qualidade de Energia Elétrica em 2009. Neste trabalho

10
apresentaram uma metodologia de otimização da compensação reativa em redes de
distribuição primária e secundária de maneira conjunta, procurando os máximos
benefícios econômicos e técnicos. O trabalho procura contornar o problema da
explosão combinatória que aparece em redes reais de grande porte, utilizando um
fluxo de carga especializado dentro de um algoritmo genético. Adicionalmente,
devido à proliferação de fontes harmônicas, a proposta usa um indicador de
sensibilidade à ressonâncias devido à inserção de novas cargas capacitivas [22].
Em 2010, A. A. Eajal e M. E. El-Hawary, publicaram três artigos no 14th
ICHQP na Itália: “Optimal Capacitor Placement and Sizing in Distorted Radial
Distribution Systems Part I: System Modeling and Harmonic Power Flow Studies”,
“Optimal Capacitor Placement and Sizing in Distorted Radial Distribution Systems
Part II: Problem Formulation and Solution Method” e Optimal Capacitor Placement
and Sizing in Distorted Radial Distribution Systems Part III: Numerical Results”.
Trata-se de um único trabalho apresentado em três partes, a primeira parte se inicia
comentando os benefícios da instalação de banco de capacitores e da necessidade de
alocar estes bancos de capacitores levando em conta a presença dos harmônicos,
sendo que o primeiro passo para a alocação ideal é a modelagem detalhada do sistema
e um eficiente programa de fluxo de potência harmônica. Apresenta uma modelagem
trifásica do sistema e um algoritmo de fluxo de potência harmônico, reportando três
diferentes modelos de transformadores para estudos de harmônicos e para os
componentes lineares outros quatro diferentes modelos [23].
A segunda parte foi dedicada à alocação ótima de banco de capacitores
levando em conta as menores perdas técnicas, níveis de tensão e distorções
harmônicas totais, além de manter os menores custos. O problema de
dimensionamento e a alocação dos bancos de capacitores sendo um problema de
integração não linear, foi solucionado utilizando otimização por enxame de partículas
[24].
A última parte é a combinação da solução do problema de alocação e
dimensionamento de banco de capacitores utilizando otimização por enxame de
partículas e adicionalmente com um algoritmo de fluxo de potência de rede radial de
distribuição formando um algoritmo híbrido. Dessa forma os autores propuseram um
algoritmo integrado capaz de encontrar uma solução global de alocação, considerando
as perdas técnicas, com verificação dos limites de tensão e fluxo de potência de
harmônicos [25].

11
Em 2010, R. Torrezan, S. U. Ahn, C. Escobar, A. S. P. Gaona, A. V. de
Oliveira, A. N. de Souza, A. C.P. Martins, N. C. Jesus, publicaram o artigo “Proposals
for Improvement of Methodology and Process of Collecting and Analyzing
Compatibility of Power Quality Indicators in Distribution Systems” no IEEE/PES
T&D2010 Latin America. Neste artigo foi apresentada a metodologia utilizada para
analisar o impacto da ligação de cargas potencialmente perturbadoras ao sistema
elétrico de distribuição da CPFL Paulista. Utiliza como estudo de caso prático a
solicitação de aumento de carga da mesma fundição estudada nesta dissertação de
mestrado. São apresentadas recomendações sobre como tratar dados obtidos das
medições de harmônicos, flutuação de tensão, desequilíbrio de tensão e tensão em
regime permanente [26].
Em 2011, Ricardo Torrezan realizou a defesa do seu mestrado em engenharia
elétrica na Universidade Estadual Paulista, UNESP Bauru, com o título “Propostas
para aprimoramento da metodologia e do processo de apuração e análise de
compatibilidade de indicadores da qualidade da energia elétrica em sistemas de
distribuição”. O seu projeto de pesquisa teve por objetivo apresentar propostas para
aprimoramento das principais normas e resoluções envolvidas, dentre as quais o
PRODIST, quanto à metodologia para apuração do indicador de distorção de tensão
harmônica total, bem como trazer contribuições para o processo de análise de
compatibilidade de cargas potencialmente perturbadoras na qualidade da energia
elétrica em sistemas de distribuição. Torrezan utilizou o mesmo estudo de caso de
Monte Alto objeto dessa dissertação para embasar o seu trabalho [27].
No estudo de caso apresentado nesta dissertação, foi identificado que em um
determinado alimentador a distorção harmônica estava dentro dos limites permitidos
em dias úteis, porém nos finais de semana, quando a maioria das cargas não lineares
estava desligada, os níveis de distorção harmônica extrapolam os limites. A
investigação desse caso levou a suspeita que este alimentador apresentava
características de ressonância harmônica com os bancos de capacitores.
Outros casos semelhantes foram estudados, os autores Jesus, N.C.; Oliveira,
H.R.P.M, publicaram o artigo “Efeito de Bancos de Capacitores na Amplificação de
Harmônicos em Sistema de Distribuição” no XVII Seminário Nacional de
Distribuição de Energia Elétrica em 2006, observando justamente este fenômeno [28].
No caso do trabalho apresentado nesta dissertação, concluiu-se que não seria possível

12
utilizar a mesma solução, de desligar os bancos de capacitores na rede devido a
violação dos limites mínimos permitidos de fator de potência.
Outras soluções foram propostas e analisadas utilizando o ATPDraw como
ferramenta de simulação [29], através dos resultados das simulações foi possível
identificar uma solução através da realocação dos bancos de capacitores. Por outro
lado, a melhor solução do ponto de vista de mitigação da ressonância seria a
instalação de dois bancos de capacitores muito próximos, o que levou o
desenvolvimento de uma pesquisa sobre as correntes de inrush submetidas ao efeito
back-to-back.
A seguir são apresentadas algumas bibliografias sobre o efeito da corrente de
inrush devido ao fenômeno de back to back entre os bancos de capacitores, e a
utilização de chaves sincronizadas.
O capítulo 4 do livro de R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso e H. W.
Beaty, “Electrical Power System Quality”, trata das definições dos transitórios que
podem ser causados principalmente por curtos-circuitos causados por descargas
atmosféricas ou chaveamento de banco de capacitores. São apresentados os conceitos
de como o chaveamento de bancos de capacitores causam elevadas correntes
transitórias, chamadas de correntes de inrush [1].
M.F. Iizarry-Silvestrini, T. E. Vélez-Sepúlveda, escreveram o artigo
“Mitigation of Back-to-Back Capacitor Switching Transients on Distribution Circuits”
para o Departamento de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade de Porto
Rico em 2006. Neste trabalho os autores fizeram uma verificação teórica e prática que
as correntes de energização de bancos de capacitores são agravadas quando o
chaveamento de um banco de capacitores ocorre próximo a outro banco de capacitores
já energizado, chegando a amplitudes superiores a quiloamperes, efeito conhecido
como back-to-back. Neste trabalho também utilizaram o ATP como ferramenta de
simulação, e concluíram que das diversas tecnologias existentes, a utilização de
disjuntores síncronos era a solução ideal para mitigar os efeitos do fenômeno back-to-
back [28].
Kulas, S. J., apresentou o trabalho cuja tradução seria “Técnicas de
Chaveamentos de Capacitores” no ICREPQ - International Conference on Renewable
Energies and Power Quality, em abril de 2009. Neste trabalho o autor abordou as
formas de redução da magnitude das elevadas correntes de inrush durante a
energização de bancos de capacitores que podem danificar os elementos capacitivos e

13
fundir os contatos das chaves. O método de eliminação da sobretensão e as elevadas
correntes de inrush é o fechamento das chaves no instante em que houver uma
diferença de tensão igual a zero entre os contatos [32].
Fernandez, P. C., Esmeraldo, P. C. V., Almeida, H. T., et al, publicaram o
artigo “Estudo de Energização de Bancos de Capacitores de Grande Porte Realizado
no Simulador Digital em Tempo Real (RTDS™) de FURNAS utilizando Disjuntores
com Sincronizador”, no XIV SNPTEE em 1997. Neste artigo os autores apresentaram
resultados de estudo para avaliar os transitórios eletromagnéticos das manobras de
energização de bancos de capacitores de grande porte, utilizando-se disjuntores
dotados de sincronizadores. Os resultados dos casos processados com a representação
de sincronizadores mostram que este equipamento é capaz de minimizar de
sobremaneira as causas do desgaste excessivo dos componentes das câmaras
auxiliares dos disjuntores destes bancos de capacitores [33].
Utilizando desta vasta bibliografia, foi possível desenvolver este trabalho com
o objetivo de estudar soluções técnicas para mitigar o problema de amplificação das
distorções harmônicas de tensão devido à ressonância harmônica em bancos de
capacitores de um alimentador localizado na área de concessão da Companhia Paulista
de Força e Luz.

14
CAPÍTULO 3 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Este capítulo introduz os conceitos fundamentais de utilização de banco de


capacitores, distorção e ressonância harmônica, assim como discute os limites
máximos de distorção harmônica estabelecidos pela agência reguladora do setor, a
ANEEL.

3.1 UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES

Capacitores são fontes de energia reativa. O objetivo de sua aplicação em


sistemas de potência é a compensação de energias reativas produzidas por cargas
indutivas ou reatâncias de linhas.
A instalação de bancos de capacitores pode trazer ao sistema vários efeitos
benéficos quando adequadamente utilizados. Os motivos básicos de sua aplicação
podem ser:
a) Aumento de nível de tensão;
b) Melhoria da regulação de tensão (bancos automáticos ou manuais devidamente
operados);
c) Redução de perdas de demanda e energia ativa;
d) Correção do fator de potência de forma a se evitar o pagamento de multa;
e) Liberação de maiores capacidades para o sistema elétrico;
f) Aumento da vida útil das linhas e equipamentos;
g) Filtros de harmônicos;
h) Aporte momentâneo de tensão, dentre outros.

Por estes motivos acima listados, a instalação dos bancos de capacitores é


fortemente recomendada [34].
Capacitores podem ser instalados em sistemas de distribuição de duas formas:
em paralelo com as cargas ou em série com as linhas. A utilização de capacitores em
paralelo procura atingir os benefícios de sua utilização pela correção do fator de
potência (ou seja, pela “geração” adequada de reativos) nos pontos de instalação.
Capacitores em série procuram reduzir as quedas de tensão causadas pelas
reatâncias indutivas. Embora proporcionem aumentos de tensão, os capacitores em

15
série não proporcionam correção de fator potência na mesma proporção dos
capacitores em paralelo e as correntes nas linhas não são substancialmente reduzidas;
conseqüentemente, a redução das perdas técnicas de energia é pouco significativa.
Esses aspectos, associados à sensibilidade a transitórios (de tensões e correntes) fazem
com que, na prática, os capacitores em série sejam utilizados quase que
exclusivamente no controle de “flickers” [35].
Considerando um perfil de carga apropriado à variação da demanda de energia
no horizonte de planejamento do sistema de distribuição, definem-se os locais de
instalação e a capacidade dos bancos de capacitores. Tais bancos podem ser fixos ou
variáveis, permitindo a injeção de diferentes níveis de energia reativa no sistema.
A definição desses níveis de atuação para cada um dos bancos de capacitores
instalados, levando-se em consideração as variações da carga ao longo do período de
estudo, constituem procedimentos aplicados à redução do custo de operação das redes
de distribuição de energia elétrica [34].
Quando se deseja instalar capacitores em um sistema é aconselhável calcular
os benefícios econômicos provenientes dessa instalação, porém não é raro que a
análise com relação ao acoplamento das freqüências harmônicas seja ignorada
causando sérios problemas futuros que podem ser maiores que os possíveis benefícios
da instalação dos bancos de capacitores em si [36].

16
3.2 DISTORÇÃO HARMÔNICA

3.2.1 - Definição
A distorção harmônica não é um fenômeno relativamente novo nos sistemas
elétricos, existem literaturas técnicas sobre o assunto desde a década de 30.
No final de década de 70, quando a utilização dos conversores eletrônicos de
potência se tornou mais acessível às indústrias em geral, aumentou-se a preocupação
sobre as incertezas de como o sistema de potência se comportaria com uma
quantidade excessiva de distorção harmônica. As primeiras previsões eram desastrosas
para o sistema, porém apesar de exageradas, incentivou as pesquisas deste novo
problema e causou grande desenvolvimento no campo de análise da qualidade de
energia: novas ferramentas e equipamentos foram desenvolvidos e novas regras foram
estabelecidas para o planejamento e operação do sistema elétrico.
Atualmente problemas com distorções harmônicas ainda existem, porém em
um percentual pequeno comparado com a quantidade de afundamentos de tensão e
interrupções que são problemas de qualidade de energia elétrica universais em todos
os sistemas elétricos de potência.
Se o sistema for propriamente projetado para suprir as demandas da carga, a
probabilidade de harmônicos causarem problemas à rede é pequena, embora ainda
possam causar problemas aos sistemas de telecomunicação [1]. Neste trabalho
apresentaremos que devido à definição de limites, pode haver problemas com relação
à estas distorções, principalmente quando algumas componentes harmônicas forem
amplificadas através do fenômeno de ressonância.
A distorção harmônica é causada por cargas não-lineares conectadas à rede.
Uma carga não-linear é aquela na qual a corrente não é proporcional à tensão aplicada.
A Figura 1 a seguir ilustra este conceito no caso de uma onda de tensão senoidal
aplicada a um resistor não-linear no qual a tensão e a corrente variam de acordo com o
curso com a curva mostrada.
Enquanto a forma de onda de tensão aplicada é perfeitamente senoidal, a
corrente resultante é distorcida. Aumentando somente alguns pontos percentuais na
tensão, o efeito na corrente pode ser o dobro e poderá apresentar uma forma de onda
completamente diferente. Esta é a fonte de distorção harmônica na maioria dos casos
no sistema de potência.

17
Figura 1: Distorção na corrente causada por uma resistência não linear [1].

A forma de onda de tensão encontrada nas saídas subestações geralmente são


bem próximas a ondas senoidais, em muitas áreas a tensão medida nos sistemas de
transmissão apresenta valores tipicamente menores que 1.0 percentual de distorção.
Por outro lado, a distorção aumenta quanto mais próxima se encontra da carga.
Em algumas cargas, a forma de onda de corrente injetada pouco se assemelha a uma
onda senoidal. Conversores de potência eletrônicos podem cortar a corrente de forma
a se assemelharem a formas de ondas arbitrárias. Além dos conversores, os
harmônicos podem ser gerados por todo tipo de consumidores. Os consumidores
residenciais e comerciais possuem cada vez mais equipamentos eletrônicos e os
consumidores industriais possuem uma vasta diversidade de cargas não-lineares como
drivers de corrente contínua, retificadores, fornos de indução, fornos à arco, entre
outros. O consumidor final é o maior causador de harmônicos e acaba sendo também
mais afetado do que a rede elétrica em si [2].
A distorção harmônica possui causas e efeitos diferentes na corrente e na
tensão. Esses efeitos estão correlacionados, assim, o simples termo harmônico é
inadequado para descrever um problema por si só.
De forma simplificada as cargas não-lineares geralmente são as fontes de
correntes harmônicas, e a distorção de tensão é o resultado das correntes distorcidas
passando por impedâncias série lineares do sistema de distribuição, embora assumindo
que a fonte forneça uma onda puramente senoidal e que exista uma carga não-linear
fornecendo uma distorção de corrente. O montante de distorção de tensão depende da

18
impedância e da corrente. Assumindo que a distorção no barramento de carga
permanece dentro de limites razoáveis (por exemplo, menos de cinco por cento [3]), o
montante de corrente harmônica produzida pela carga é geralmente constante.
Embora a corrente de carga harmônica cause a distorção de tensão, deve
perceber que a carga não possui controle sobre a distorção de tensão. A mesma carga
instalada em dois diferentes pontos do sistema pode resultar em dois diferentes valores
de distorção de tensão.
Deve-se tomar cuidado ao descrever o fenômeno dos harmônicos, ou seja, para
entender as particularidades entre as causas e efeitos dos harmônicos de corrente e
tensão, as terminologias devem ser apropriadamente qualificadas. Geralmente é
convencionado que na maioria das vezes quando um termo é usado para se referir a
dispositivos de carga, o interlocutor está se referindo a corrente harmônica e para se
referir ao sistema da distribuidora, o assunto é sobre distorção de tensão.
Se por um lado existem poucos casos onde a distorção é randômica, a maioria
é periódica ou uma múltipla inteira da frequência fundamental. Ou seja, a forma de
onda de corrente é aproximadamente a mesma, ciclo após ciclo, com poucas
alterações. Esse fenômeno tem feito com que o termo harmônico seja utilizado das
mais diversas formas para descrever distorções em forma de ondas, porém este termo
deve ser cuidadosamente qualificado para fazer sentido.
A Distorção Harmônica Individual de Tensão de ordem h ou DITh% , é
definida pela relação:

Equação 1: Distorção Harmônica Individual

3.2.2 – Representação por Fourier


Os conceitos da série de Fourier são universalmente aplicados nas análises de
problemas com harmônicos. O matemático Fourier demonstrou que qualquer onda
distorcida periódica em que um ciclo é idêntico ao próximo ciclo, pode ser
decomposta em uma soma de ondas senoidais cujas frequências são múltiplas inteiras
da frequência fundamental conforme ilustrado na Figura 2 abaixo. Cada onda senoidal
múltipla inteira n da freqüência fundamental é um harmônico de ordem n.

19
A aplicação das séries de Fourier permitiu que cada harmônico fosse analisado
separadamente. Encontrar as análises em frequência de cada curva senoidal
individualmente é muito mais simples comparada com a análise de uma curva
completamente distorcida, facilitando os estudos nesta área [1].

Figura 2: Série de Fourier representando uma forma de onda distorcida[1].

3.2.3 – Efeitos
O fato é que a presença de harmônicos é frequentemente um indício de que
alguma coisa está errada, seja com carga, seja com a rede, seja com o transdutor
utilizado para fazer as medições.
E como fato agravante, vem crescendo também a quantidade de cargas
sensíveis a tais anomalias, as quais necessitam de uma qualidade no fornecimento de
energia elétrica elevada, tais como sistemas eletrônicos de controles industriais,
CPD’s e microcomputadores, tornos de controle numérico, televisores, etc [2].
Estes dois pontos crescentes de demanda, ou seja, de um lado as cargas
geradoras de harmônicos, e de outro as cargas sensíveis aos harmônicos, são as peças
fundamentais para a necessidade da criação de metodologias para estudar e mitigar
problemas com distorções harmônicas.
Já para a supridora de energia, basicamente, são dois os problemas mais sérios
provocados pela distorção harmônica:

20
• Aumento das perdas técnicas, com consequente diminuição da eficiência
energética e prejuízo à vida útil de muitos dispositivos, aparelhos e equipamentos
conectados à rede;
• Medição errônea das grandezas elétricas durante a operação dos sistemas e
redes, colocando em risco a adequada proteção contra faltas e falhas e, ainda,
faturando inadequadamente os montantes de energia vendidos aos consumidores e/ou
comprados dos geradores.
Os efeitos causados pelos componentes harmônicos no sistema elétrico, bem
como em seus componentes, podem ser classificados em três grandes grupos:
a) solicitação térmica, associada à circulação de correntes harmônicas;
b) solicitação de isolamento, associada às distorções de tensão;
c) Má operação de equipamentos.

3.2.4 - Efeito sobre a Resistência dos Condutores Elétricos


No sistema de 60 [Hz] o efeito pelicular se mostra presente devido a não
uniformidade da indutância própria do condutor na sua seção reta, já sendo levado em
consideração nos catálogos técnicos de fabricantes. O centro de um condutor é
enlaçado por mais linhas de fluxo do que sua superfície, desta forma a reatância do
centro do condutor é maior quando comparada à de sua superfície (devido ao aumento
da indutância), fazendo com que menos corrente elétrica se estabeleça no centro. Tal
desigualdade de corrente acarreta num aumento da resistência CA do condutor.
Assim, quando um condutor conduz correntes harmônicas de altas freqüências (maior
que 60 [Hz]), este efeito torna-se mais significativo.
A tabela a seguir, mostra a variação da relação entre a resistência CA e CC
com a variação da frequência [39].

Tabela 1: Variação da relação entre a resistência CA e CC com a variação da frequência.

3.2.5 - Efeito sobre os Motores de Indução

21
As máquinas elétricas, de uma maneira geral, apresentam uma baixa
impedância para as componentes harmônicas. Por exemplo, enquanto o
escorregamento para a freqüência fundamental é da ordem de dois por cento, para as
frequências harmônicas os correspondentes escorregamentos serão praticamente
unitários. As componentes de sequência zero, que não produzem efeito de campo
girante, não foram consideradas.
A influência dos harmônicos nos motores de indução manifesta-se de duas
formas:
a) Influência dos Harmônicos sobre o Conjugado do Motor
Estudos teóricos e medições práticas mostram que o efeito de uma distorção
harmônica total de 1 a 20% tem efeito desprezível sobre os torques de regime e de
partida de um motor assíncrono (de indução). Porém observa-se o aparecimento de
torques oscilatórios devido à interação de correntes harmônicas e campo magnético
com a componente fundamental. Essa interação gera um torque oscilatório e, sua
magnitude é proporcional às magnitudes das correntes harmônicas.
Como exemplo, se a corrente harmônica é da ordem de dez por cento da
nominal, a magnitude do torque oscilatório tem aproximadamente o mesmo valor.
Cabe observar que o torque médio, responsável pela realização de trabalho
mecânico, não é afetado por tais harmônicos, porém os torques oscilatórios podem
provocar vibrações mecânicas no motor e cargas acionadas.
b) Influência dos harmônicos sobre as perdas suplementares no ferro e no
cobre
Estudos mostram que as perdas suplementares no ferro são praticamente
desprezíveis com a presença de componentes harmônicos. Porém as perdas no cobre
são significativas.

3.2.6 - Efeito sobre Transformadores


Os efeitos dos harmônicos nos transformadores podem ser classificados em:
a) Perdas no cobre, devido à circulação de corrente harmônica no enrolamento,
bem como perdas envolvendo fluxos de dispersão;
b) Maiores solicitações no isolamento e possíveis ressonâncias (para
frequências harmônicas) entre os enrolamentos do transformador e as capacitâncias
das linhas ou outras;

22
c) Existência de componente contínua no transformador acarretando uma
magnetização assimétrica (saturação) e os seus subsequentes efeitos.

3.2.7 - Efeito sobre Capacitores


Podemos dizer que o aumento total nas perdas de um capacitor devido à
distorção de onda é pequeno em termos dos kVA do sistema, porém em vista do
pequeno tamanho destas unidades por kVAr, isto pode resultar num substancial
aumento na temperatura da unidade capacitiva e numa redução de sua vida útil.

3.2.8 - Efeito sobre os Dispositivos de Medição e Proteção


Os dispositivos de proteção e de medição são afetados pelos harmônicos.
Aqueles que operam com base no disco de indução, tal como os medidores de
kWh e relés de sobrecorrentes são projetados para operarem com correntes
fundamentais apenas, e desta forma os harmônicos produzidos pelas cargas não
lineares e/ou os desequilíbrios causados pelas distorções harmônicas podem levar
estes instrumentos e dispositivos a funcionarem erroneamente.
Todo e qualquer dispositivo de proteção e medição que depende dos valores de
pico da tensão e/ou corrente, nos pontos em que as tensões são nulas, são obviamente
afetados pela presença de distorções harmônicas, resumidamente:
• Os relés tendem a operar mais lentamente e/ou com maiores níveis de “pick-
up”, quando o mesmo funciona com forma de onda distorcida;
• Os relés estáticos de frequência são susceptíveis às variações substanciais nas
suas características de operação;
• Na maioria dos casos, as variações das características de operação são
relativamente pequenas dentro de uma faixa de distorção normal;
• Dependendo do conteúdo harmônico, os torques de operação dos relés podem
ser reversos.

3.2.9 – Distorção Harmônica Total


A DHT – Distorção Harmônica Total é uma medida do valor eficaz dos
componentes harmônicos de uma onda distorcida. Ou seja, é o valor potencial de
aquecimento dos harmônicos em relação à fundamental. Este índice pode ser
calculado para tensão ou corrente. A DHT é calculada pela raiz quadrada das somas

23
quadráticas de cada componente harmônica com relação à fundamental, vide equação
abaixo [1].

Equação 2: Distorção Harmônica Total


Onde,
Vh = magnitude da componente harmônica individual (rms)
h = ordem harmônica
Vn = tensão nominal rms do sistema (rms)
A DHT é muito útil para diversas aplicações, pode fornecer uma noção de
quanto aquecimento será dissipado quando uma tensão distorcida é aplicada em uma
carga resistiva. Além disso, fornece uma indicação de perdas adicionais causadas
pelas correntes distorcidas fluindo pelo condutor. Porém, a DHT tem suas limitações,
não é um bom indicador para calcular a sobretensão em um capacitor porque isto está
relacionado com o valor de pico da forma de onda da tensão, não ao seu valor de
aquecimento.
O indicador é frequentemente usado para descrever a distorção harmônica de
tensão. Harmônicos de tensão são quase sempre referenciados pelo valor da
fundamental em um período da amostragem. Visto que a tensão fundamental varia
pouco percentualmente, a DHT de tensão é quase sempre um número significativo.
O fenômeno de distorção harmônica pode se tornar mais severo e os níveis de
distorção podem ser amplificados demasiadamente, caso a capacitância do sistema
resultar em ressonância em uma frequência crítica. Esse fenômeno de ressonância será
discutido nos próximos capítulos deste trabalho.
Toda carga não linear tem suas características intrínsecas (construtivas) quanto
à geração de correntes harmônicas. Por exemplo, considerando um retificador de seis
pulsos (6 diodos), será verificado que o mesmo, de acordo com estas características,
gera somente harmônicos de ordem ímpar, quando o mesmo funciona sob condições
normais de operação, tanto sob o aspecto da fonte de alimentação da carga, quanto às
condições da mesma propriamente dita. Nesta situação, tais harmônicos são
denominados “Harmônicos Característicos”. Se surgirem harmônicos pares nesta

24
carga devido a alguma anomalia ocorrida na carga ou em sua fonte, tais harmônicos
serão denominados “Harmônicos não Característicos”.
O surgimento dos harmônicos não característicos, ou seja, dos não previstos
pela teoria idealizada, deve-se às seguintes causas:
a) Erros no sistema de disparo da instalação retificadora;
b) Desequilíbrio da tensão c.a. de alimentação da instalação retificadora;
c) Distorção harmônica na tensão de alimentação;
d) Desequilíbrio entre impedâncias do sistema CA.

Figura 3: Sistema simétrico e equilibrado trifásico alimentando ia, ib e ic que são correntes
deformadas e não senoidais.
Considerando o diagrama da Figura 3, com o sistema elétrico trifásico
simétrico e equilibrado, ou seja, tensões e correntes com módulos idênticos e no
sentido positivo, com defasamento de 120° entre fases e ainda, a forma de onda de
corrente com um certo grau de deformação, caso haja qualquer desequilíbrio na
alimentação da carga, estes harmônicos (múltiplas de três) não estarão mais em fase,
acarretando a existência de harmônicos não característicos fluindo entre a carga e a
fonte [38].

25
3.3 LIMITES ACEITÁVEIS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA

3.3.1 – Limites de acordo com os Procedimentos de REDE - ONS


Para este trabalho que é um estudo de caso no Brasil, a primeira consulta é
verificar a regulamentação brasileira que é relativamente recente quando se trata de
limites para distorções harmônicas. Em 29 de novembro de 2000, a ANEEL –
Agência Nacional de Energia Elétrica, publicou a resolução normativa nº 456/2000
estabelecendo as condições gerais de fornecimento de energia elétrica, introduzindo o
conceito de cargas potencialmente perturbadoras na regulamentação brasileira [6], que
por sua vez foi substituída pela resolução normativa nº 414/2010 [7].
Saindo do universo da distribuição de energia elétrica, para a Rede Básica, o
ONS – Operador Nacional do Sistema, foi responsável por elaborar os Procedimentos
de Rede. O uso dos Procedimentos de Rede em caráter provisório foi autorizado pela
ANEEL através da resolução nº 420 de 31 de outubro de 2000 [9], passando por
sucessivas revisões autorizadas, ainda em caráter provisório, pelas resoluções ANEEL
nº 140 de 25 de março de 2002 [10], nº 689 de 13 de dezembro de 2002 [11], nº 791
de 24 de dezembro de 2002 [12], nº 333 de 08 de julho de 2003 [13], e nº 675 de 18
de dezembro de 2003 [14].
Somente após consulta e audiência pública realizada em 2008, através da
resolução normativa nº 372 da ANEEL de 28 de julho de 2009 [15], que foi
autorizado o uso dos Procedimentos de Rede em caráter definitivo, sendo publicada a
versão disponível até a data presente em 05 de agosto de 2009 [8].
Os Procedimentos de Rede constituem um conjunto de regras, critérios e
procedimentos técnicos, organizados em 25 módulos, que estabelecem a sistemática e
os requisitos técnicos necessários para o planejamento e programação da operação,
para a supervisão coordenação e controle da operação, para a administração dos
serviços de transmissão de energia elétrica, para garantia do livre acesso à rede básica,
bem como para proposição de ampliações e reforços da rede básica e demais
instalações da transmissão. No submódulo 2.8 que trata de gerenciamento dos
indicadores de desempenho da rede básica e de seus componentes, aborda os
indicadores de desempenho da rede básica relacionados à qualidade da energia elétrica
– QEE e os valores limites de referência, no aspecto tanto global ou sistêmico, como
individual ou por agente inclusive definindo os indicadores referentes à distorção de

26
tensão harmônica total e como os limites globais e individuais para todos os agentes
do Sistema Interligado Nacional - SIN, incluindo todos os acessantes, sejam
distribuidoras ou clientes livres.
Os limites globais inferiores correspondentes aos indicadores de tensões
harmônicas individuais de ordens 2 a 50, bem como ao indicador DTHTS95% estão
apresentados na Tabela 2.
O indicador DTHTS95% é determinado observando o valor que foi superado
em apenas 5% dos registros obtidos no período de 1 dia (24 horas), considerando os
valores dos indicadores integralizados em intervalos de 10 (dez) minutos, ao longo de
7 (sete) dias consecutivos. O indicador corresponde ao maior entre os sete valores
obtidos, anteriormente, em base diária.

Tabela 2: Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão fundamental [8]

Os limites individuais de tensões harmônicas de ordens 2 a 50, bem como o


limite para a Distorção de Tensão Harmônica Total (DTHTS95%), são apresentados
na Tabela 3.

Tabela 3: Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental [8]

Finalmente, é estabelecido nos Procedimentos de Rede que no caso em que


determinadas ordens de tensão harmônica e/ou a distorção harmônica total variem de
forma intermitente e repetitiva, os limites especificados podem ser ultrapassados em
até o dobro, desde que a duração cumulativa acima dos limites contínuos
estabelecidos não ultrapasse 5% do período de monitoração [8].

27
Os Procedimentos de Rede que tratam dos requisitos da Rede Básica
apresentavam uma referência de distorção harmônica para redes de distribuição até a
criação dos Procedimentos da Distribuição, o PRODIST, em 2008. Este trabalho
estuda um caso na rede de distribuição de 13,8 [kV], portanto foi necessário estudar o
PRODIST.

3.3.2 – Valores de referência de acordo com o PRODIST


Os Procedimentos de Distribuição – PRODIST são normas que disciplinam o
relacionamento entre as distribuidoras de energia elétrica e demais agentes (unidades
consumidoras e centrais geradoras) conectados aos sistemas de distribuição, que
incluem redes e linhas em tensão inferior a 230 quilovolts (kV). Tratam, também, do
relacionamento entre as distribuidoras e a ANEEL, no que diz respeito ao intercâmbio
de informações [16].
O processo de elaboração do PRODIST teve início em 1999, com a
contratação do CEPEL, que elaborou a partir do relatório H do Projeto RESEB, a
versão inicial do documento. O PRODIST foi aprovado na 49ª Reunião Pública
Ordinária da Diretoria da ANEEL do ano de 2008, através da Resolução Normativa nº
345, de 16 de dezembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União – DOU em 31
de dezembro de 2008 [17].
Em 2009, o PRODIST passou por sua primeira revisão. Após a
disponibilização de minuta na Audiência Pública n° 033/2009, a primeira revisão do
PRODIST foi aprovada na 49ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria da ANEEL do
ano de 2009, através da Resolução Normativa n° 395, de 15 de dezembro de 2009
[18].
O PRODIST contém oito módulos, apresentados abaixo:
Módulo 1 – Introdução;
Módulo 2 - Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição;
Módulo 3 - Acesso ao Sistema de Distribuição;
Módulo 4 - Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição;
Módulo 5 - Sistemas de Medição;
Módulo 6 - Informações Requeridas e Obrigações;
Módulo 7 - Cálculo de Perdas na Distribuição;
Módulo 8 - Qualidade da Energia Elétrica.

28
No módulo 8, sobre Qualidade da Energia Elétrica, item 8.1 sobre Qualidade
do Produto, a ANEEL define valores de referência máximos a serem obedecidos pela
distribuidora de energia elétrica para Distorção Harmônica Individual de Tensão de
ordem h ou DITh% e, para Distorção Harmônica Total de Tensão ou DTT % [16].
Os valores de referência para a Distorção Harmônica Individual de Tensão de
ordem h ou DITh% (em percentagem da tensão fundamental), estão definidos na
tabela abaixo:

Tabela 4: Níveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão.

Os valores de referência para a Distorção Harmônica Total de Tensão ou DTT


%, estão definidos na tabela abaixo (em porcentagem da tensão fundamental):

Tabela 5: Valores de referência globais das distorções harmônicas totais.

Em 2011, a ANEEL demonstra que a preocupação com a qualidade da energia


elétrica é um assunto atual, através da Consulta Pública 005/2011, que tem o objetivo
de solicitar contribuições dos agentes do setor até o dia 08/10/2011 para balizar as

29
alterações da revisão 3 do PRODIST módulo 8, item 8.1 – Qualidade do Produto. A
ANEEL também disponibilizou através da nota técnica 029/2011 uma série de
questionamentos compostos por 29 perguntas envolvendo harmônicos, desequilíbrios
de tensão, flutuação de tensão e VTCD. Portanto, identifica-se no agente regulador
forte tendência para implementação de indicadores e controles para fiscalização.

3.3.3 – Padrões internacionais de conformidade


Para estabelecer o padrão de conformidade de qualidade de energia a ser
seguido, o PRODIST foi utilizado porque regulamenta os procedimentos de
distribuição brasileiros, porém é importante esclarecer que há outros padrões de
conformidade vigentes como o padrão internacional da IEEE Std. 519-1992 [3] que é
atualmente a principal referência com relação à qualidade de energia elétrica, cuja
tradução do título seria “Práticas e Requerimentos Recomendados pelo IEEE para
Controle de Harmônicos no Sistema Elétrico de Potência”. O padrão de 1992 é uma
revisão do trabalho anterior do IEEE publicado em 1981 abrangendo controle de
harmônicos.
Abaixo segue os limites de distorção harmônica definidos no IEEE 519 no
ponto de acoplamento comum. Assim, para redes com tensão menor que 69kV, o
IEEE define que o limite máximo de distorção harmônica para uma componente
harmônica individual pode ser de até 3% e para distorção harmônica total de até 5%
[3].

Tabela 6: Limites de distorção harmônica de tensão do IEEE Std. 519-1992, p. 85 [3].


Outra organização de padronização, a IEC (International Electrotechnical
Commission) também possui norma relacionada. O relatório técnico TR 61000-3-6,
cuja tradução seria “Limites – Avaliação dos limites de emissão para conexão de
instalações perturbadoras em sistemas de média, alta e extra-alta tensão” que foi
preparado pelo comitê técnico do IEC de Compatibilidade Eletromagnética. A revisão
2.0 de 2008 substitui a primeira edição d 1996. Este relatório técnico trata de qualquer
instalação, seja carga ou gerador, que produzem harmônicos ou inter-harmônicos,

30
porém aborda os limites que os sistemas elétricos são capazes de absorver distorções,
sem estender a discussão de como mitigar tais distorções ou como aumentar a
capacidade dos sistemas em absorver as distorções.
O relatório técnico da IEC afirma que a definição de limites de emissão de
tensão ou corrente, para um equipamento individual ou de uma instalação de um
consumidor deve ser baseada nos efeitos que essas emissões terão na qualidade da
tensão em determinada localização, os limites dependem de alguns conceitos básicos
como localização, das técnicas de medição aplicadas (duração, amostragem,
estatísticas) e como são calculadas.
Dados esses conceitos, a IEC 61000-3-6 apresenta valores de referência
reproduzidos na tabela abaixo, para controle e proteção de equipamentos que estejam
conectados em um determinado sistema de fornecimento com probabilidade de cobrir
95% dos sistemas. Para distorção harmônica total o valor de referência é de até 8%
[4].

Tabela 7: Níveis de compatibilidade para componentes harmônicos individuais de tensão nas


redes de baixa e média tensão (percentual da componente fundamental) reproduzidos do IEC
61000-3-6 [4].

3.3.4 – Limites Utilizados pela Distribuidora CPFL Paulista


A CPFL publicou e colocou um vigor em 2005 uma norma técnica interna, o
GED 10099 CPFL “Requisitos para Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras
ao Sistema Elétrico da CPFL” [37]. O objetivo era a aplicação prática em termos do
dia-a-dia para análise e aprovação dos pedidos de conexão às suas redes de alta tensão
para garantir que os impactos das perturbações permaneçam dentro de limites
aceitáveis, sem prejuízo à qualidade do fornecimento da energia.

31
A justificativa para a criação desta norma de forma pró-ativa e pioneira, é que
em 2005, a ANEEL através da resolução 456/2000 havia expressado claramente a
autoridade e responsabilidade das concessionárias do serviço público de distribuição
de energia elétrica em zelar pela qualidade do fornecimento, porém ainda não havia
valores de referência bem definidos para as redes de distribuição, na época, o
PRODIST estava em minuta. Para atender os Procedimentos de Rede que se
aplicavam para a Rede Básica foi necessário definir algum procedimento para o
crescente número de novas conexões de cargas potencialmente perturbadoras.
Este cenário se mostrou favorável para a criação da norma utilizada pela
distribuidora até hoje com valores compatíveis com o PRODIST, e também em
consonância com os já estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS, incluindo
uma revisão no processo da CPFL de análise e aprovação dos pedidos de conexão aos
seus sistemas de subtransmissão e distribuição primária de acessantes com cargas com
potencial de introdução de perturbações [21]. Esta norma também foi objeto de estudo
desse trabalho.
Sendo um documento de caráter geral, a Norma Técnica da CPFL tem uma
estrutura muito simples e direta, abrangendo:
• Objetivo;
• Áreas internas e agentes externos implicados;
• Documentos complementares de fundamentação;
• Conceitos e definições aplicáveis;
• Requisitos gerais e procedimentos específicos;
• Valores limites para os fenômenos considerados.

Abaixo na Tabela 8 estão apresentados os padrões utilizados pela CPFL para a


distorção harmônica de tensão total para as redes primárias de distribuição.

Tabela 8: Padrão para a distorção de tensão harmônica total (DTHT) para as redes primárias de
distribuição [21] .

32
3.3.5 – Comparativo dos Valores de Referência
Na tabela a seguir é apresentada a comparação entre os valores de referência
para distorções de tensão harmônica total, estabelecidos pelas normas internacionais,
nacionais, e da CPFL.

Limites Máximos para Sistemas de Distribuição – DTHT %

No consumidor
Documento Tensão Nominal Global (%)
(%)

PRODIST 1 kV < Vn < 13,8kV - 8

IEEE Std 519-1992 Vn < 69 kV 5 -

Procedimentos de Rede 13,8 kV < Vn < 69 kV 3 6

GED 10099 CPFL Rede de Distribuição 5 -

Tabela 9: Limites Máximos de Distorção Harmônica em Sistemas de Distribuição

Observa-se nesta tabela a inexistência de um padrão de conformidade


relacionado aos critérios referentes à metodologia para apuração dos indicadores de
qualidade da energia elétrica referentes a distorções harmônicas de tensão.
Neste sentido, justifica-se todo o empenho direcionado ao desenvolvimento de
metodologias e elaboração de procedimentos para padronizar os indicadores de
qualidade de energia elétrica, e analisar os seus impactos nos sistemas de distribuição
[27].

33
3.4 RESSONÂNCIA HARMÔNICA

O efeito ressonância se caracteriza pela variação não linear da impedância


equivalente num certo ponto do circuito, em função da frequência produzida por uma
determinada carga especial.
Quando um ponto do circuito encontra-se na condição de ressonância, a
impedância neste ponto pode ser extremamente baixa como extremamente elevada,
dependendo das condições (do arranjo) do circuito elétrico envolvido, acarretando em
níveis de tensão e corrente bastante altos, sujeitando o sistema elétrico a condições
danosas de operação.
Tal fato ocorre quando num circuito L-C, a reatância capacitiva se iguala a
reatância indutiva. Se analisarmos a barra de uma carga geradora de harmônicos,
podemos afirmar que se a impedância equivalente desta barra for baixa, as reatâncias
estão em série, e se a impedância for elevada, as reatâncias estão em paralelo.
Os capacitores que são dispositivos que armazenam energia no campo elétrico,
possuem reatância igual a -1/wC e as redes de distribuição com características
fortemente indutivas como, por exemplo, com muita carga de motores de indução,
reatores ou bobinas que armazenam energia no campo magnético, possuem reatância
igual a wL. Quando a reatância capacitiva é igual a reatância indutiva ambas irão
anular-se e a impedância do circuito será puramente resistiva. Desse modo, obteremos
correntes eficazes muitas vezes maiores que as correntes em regime.
Uma das razões é que toda a corrente do circuito estará em fase com a tensão
(não haverá corrente em quadratura). Neste caso a corrente não estará nem atrasada
nem adiantada em relação à tensão o que ocorre em circuitos com capacitores e
indutores em "desequilíbrio".
Um circuito entrará em ressonância para determinada frequência, chamada
frequência de ressonância harmônica, quando o sistema irá oscilar em máxima
amplitude.
Sendo Xl = Xc, temos:
1 2 1 1
wL w w
wC LC LC

Equação 3: Frequência de Ressonância


, onde w é a frequência de ressonância.

34
Em uma rede que alimenta uma planta industrial é comum encontrar elevados
índices de distorção harmônica, que são normalmente associados com a crescente
quantidade de acionamentos estáticos, fontes chaveadas e outros dispositivos
eletrônicos. Uma harmônica é a componente de uma onda periódica cuja frequência é
um múltiplo inteiro da frequência fundamental (no caso da energia elétrica, de 60 Hz).
As frequências harmônicas mais comumente encontradas nas redes de distribuição são
de 3ª, 5ª e 7ª ordem.
Os bancos de capacitores não geram harmônicos, e sim agravam os problemas
potenciais dos harmônicos. Eles são os equipamentos mais sensíveis aos harmônicos,
e os que mais sofrem na presença delas. Talvez por esta razão, problemas de
harmônicos frequentemente não são conhecidos até que são aplicados capacitores para
correção de fator de potência [1][38].
Logo, uma rede de distribuição com bancos de capacitores instalados entrará
em ressonância para determinadas frequências que podem coincidir com as
frequências harmônicas geradas por cargas não-lineares, causando amplificação da
distorção harmônica total.

35
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO

Este capítulo faz uma breve descrição do caso estudado neste trabalho,
detalhando as características da rede, a motivação pela escolha deste alimentador, o
processo de medição e análise dos resultados.

4.1 DESCRIÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO EM ESTUDO

4.1.1 - LOCALIZAÇÃO
A rede de distribuição em estudo está localizada no município de Monte Alto,
na região nordeste do estado de São Paulo, próximo à região de Jaboticabal a 350
quilômetros da capital paulista.

Paraiso
Palm. Paulista Taquaral
Pindorama Pirangi Taiuva
Taiaçu
V. A. Alto
Ariranha
Jaboticabal
Monte Alto
F. Prestes
Santa
C. Rodrigues Pradópolis
Adélia
Guariba
Taquaritinga
Barretos Franca
São Joaquim
da Barra

Jaboticabal Ribeirão Preto

Araraquara
São Carlos

EA1
N o r d e ste EA2

Figura 4: Mapa de localização do município de Monte Alto.

4.1.2 - FONTE DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO


Esta rede de distribuição em estudo é alimentada pela subestação Itacolomi
(ITC) da distribuidora de energia elétrica CPFL Paulista.
A subestação Itacolomi é alimentada pela linha de substransmissão de 138kV
Laranjeiras – Itacolomi também de propriedade da CPFL Paulista, é a segunda
subestação instalada pela CPFL no município de Monte Alto, por este motivo também
é chamada de subestação Monte Alto 2 – Itacolomi.

36
A subestação Itacolomi é composta por:
1 (um) transformador 138/13,8 kV de 25 [MVA];
1 (um) regulador de tensão ajustado para 14.040[V];
1 (um) barramento de operação de 13.800 [V];
4 (quatro) alimentadores de distribuição: ITC-03, ITC-04, ITC-05 e
ITC-06;
Disjuntores, seccionadoras e outros equipamentos.

A Figura 5 abaixo apresenta um diagrama esquemático dos principais


equipamentos instalados na subestação Italocomi.

Figura 5: Diagrama Esquemático da subestação de Itacolomi.

37
Figura 6: Foto da subestação de Itacolomi.

As características referentes aos níveis de curto-circuito e impedâncias da


subestação são apresentadas nas Tabela 10 e Tabela 11 a seguir.

Tabela 10: Valores das Correntes de Curto Circuito na Subestação Itacolomi

Tabela 11: Valores das Impedâncias na Subestação Itacolomi

4.1.3 - VISÃO GERAL DA REDE DISTRIBUIÇÃO 13,8 KV - ITC-04


O alimentador de 13,8 [kV] ITC-04 da subestação Monte Alto 2 - Itacolomi
possui comprimento total de 49.840 [m], sendo que o tronco principal possui 12.692
[m] e os 37.148 [m] restantes representam os ramais e demais terminações laterais.

38
Para esta medida foi considerada rede unifilar, portanto para se obter o total de fios
deve-se multiplicar este valor por três.
A Figura 7 abaixo, representa do diagrama unifilar da rede de distribuição
ITC-04 com foco nos bancos de capacitores e principais cargas conectadas.

Figura 7: Diagrama Esquemático do alimentador ITC-04.

4.1.4 – PRINCIPAIS CARGAS ALIMENTADAS


A economia do município de Monte Alto, o setor primário permanece como
atividade importante, destacando-se a cultura da cebola e a produção de frutas para
exportação, por outro lado, conta com várias indústrias siderúrgicas e de peças
automotivas de grande e pequeno porte, além das indústrias de artefatos de borracha e
das indústrias alimentícias que conferem perfil industrial ao município. O município
cuja população urbana ultrapassa os 93% da população total, conta com 192 indústrias
de pequeno, médio e grande porte.
O alimentador de 13,8 [kV] ITC-04 da subestação Itacolomi atende cargas
potencialmente perturbadoras compostas principalmente por fornos de indução
destinados à fundição e três bancos de capacitores ao longo do alimentador da
subestação.
Pela base de setembro de 2009, este alimentador possui 4.101 consumidores
alimentados por 229 transformadores, sendo que 99 são transformadores particulares e

39
cabines e 130 são transformadores da CPFL Paulista. Destes postos transformadores,
destacam-se:
- 2200 [kVA] – Fundição FB – 4.986 [m] da saída da SE;
- 1500 [kVA] – Empresa automotiva – 4.736 [m] da saída da SE;
- 450 [kVA] – Fundição FA – 5.610 [m] da saída da SE;
- 450 [kVA] – Companhia de agroindústria – 10.015 [m] da saída da SE;
- 300 [kVA] – Companhia de saneamento básico – 3.222 [m] da saída da SE;
- 300 [kVA] – Empresa de produtos alimentícios – 5.581 [m] da saída da SE;
- 170 [kVA] – Empresa de indústria e comércio – 5.738 [m] da saída da SE;
- 115 [kVA] – Empresa de cerâmicas – 5.744 [m] da saída da SE.

A fundição FA solicitou aumento de carga de 450 [kVA] para 810 [kVA] para
conexão de mais um forno de indução de 300 [kW] destinado à fundição. O forno foi
conectado através de um transformador de dois enrolamentos de 350 [kVA] em
13,8/0,38 [kV].
Para autorização da entrada de uma carga perturbadora como um forno de
indução, a CPFL Paulista possui procedimentos específicos, apresentados com
maiores detalhes no item 4.2: “ESTUDO DE AUMENTO DE CARGAS
PERTURBADORAS NA REDE”.

4.1.5 – BANCOS DE CAPACITORES INSTALADOS

Ao longo do alimentador de 13,8 [kV] ITC-04 existem três bancos de


capacitores instalados conforme a Figura 7 no subitem 4.1.3.

BC-1 n° 294944: Banco de Capacitores com potência nominal de 900


[kVAr] – Fixo;
- Localizado a 1.122[m] da saída da SE;
- Convencionado neste trabalho como BC-1;
- A Figura 8 mostra uma foto tirada do banco de capacitor BC-1.

40
Figura 8: Banco de Capacitores n° 294944 (BC-1)

BC-2 n° 294965: Banco de Capacitores com potência nominal de 300


[kVAr] – Controle automático por corrente;
- Localizado a 3.234[m] da saída da SE;
- TC de 100/5;
- Corrente para entrada do banco de capacitores: 1,2 [A];
- Corrente para saída do banco de capacitores: 0,7 [A];
Entrada do banco de capacitores = Acima de 573,7 [MVA];
Saída do banco de capacitores = Abaixo de 334,6 [MVA];
- Convencionado neste trabalho como BC-2;
- A Figura 9 mostra uma foto tirada do banco de capacitor BC-2.

Figura 9: Banco de Capacitores n° 294965 (BC-2).

41
BC-3 n° 397528: Banco de Capacitores com potência nominal de 900
[kVAr] – Controle automático por reativo e tensão;
- Localizado a 4.495[m] da saída da SE;
- Controle de Capacitores Programável EnergyLine – IntelliCAP;
- Tensão nominal 115 [V]; TP de 1/120;
- Limites de subtensão: 109,2 [V]; Limites de sobretensão: 120,8 [V];
- Potência reativa trifásica para entrada do BC-3: 1000[kVAr];
- Potência reativa trifásica para saída do BC-3: -400 [kVAr];
- Convencionado neste trabalho como BC-3;
- A Figura 10 mostra uma foto tirada do banco de capacitor BC-3.

Figura 10: Banco de Capacitores n° 397528 (BC-3).

42
4.2 ESTUDO DE AUMENTO DE CARGAS PERTURBADORAS NA REDE

Toda carga instalada em unidade consumidora que utiliza processo interno


cujas características potencialmente afetem de alguma maneira as grandezas elétricas
relativas ao fornecimento da energia, normalmente caracterizadas pela frequência,
tensão e corrente alternada em seus valores padronizados de amplitude e intensidade
(baseadas em uma onda senoidal pura), com as respectivas variabilidades permitidas,
quer seja no ponto de conexão (também denominado ponto de acoplamento comum),
ou na própria rede de distribuição, e capaz de provocar a inadequação do fornecimento
às demais unidades consumidoras é considerada carga potencialmente perturbadora.
As cargas potencialmente perturbadoras necessitam de um adequado
tratamento em termos de projeto, instalação e operação, uma vez que podem se
constituir numa das causas de perturbação do sistema elétrico da rede de distribuição e
da perda da qualidade do fornecimento.
Comumente, as cargas potencialmente perturbadoras são aquelas também
designadas “especiais”. Abaixo estão listadas as principais cargas potencialmente
perturbadoras:
• Forno a arco voltaico;
• Forno de indução;
• Motor de corrente contínua com controle de velocidade;
• Motor de corrente contínua para tração elétrica;
• Motor de laminador de indústria siderúrgica;
• Motor de indução de média e alta potência;
• Retificador de corrente alternada para corrente contínua não controlado;
• Retificador de corrente alternada para corrente contínua controlado;
• Retificador de corrente alternada para corrente contínua semi-controlado;
• Inversor de corrente contínua para corrente alternada;
• Conversor eletrônico estático;
• Conversor eletrônico ativo;
• Compensador eletrônico estático;
• Compensador eletrônico ativo;
• Máquina de soldar;
• Aparelho de raios X;

43
• Transformador e reator com núcleo saturado [38].

A fundição FA solicitou aumento de carga para instalação de mais um forno de


fundição que é uma carga potencialmente perturbadora.
Os dados da nova carga instalada estão apresentados a seguir:
Transformador:
o Potência nominal: 350 [kVA];
o Tensão nominal primária: 13.800 [V];
o Tensão nominal secundária: 380/220 [V];
o Impedância percentual: 3,5 %;
o Conexão: Dynl;
o Tipo de aterramento: Solidamente aterrado.

Forno de Indução:
o Potência nominal: 300 [kW];
o Tensão nominal: 380 [V];
o Fator de potencia: 0,96.

Abaixo são apresentados os diagramas unifilares nas configurações atual


(Figura 11) e futura (Figura 12) das instalações internas da unidade da fundição FA.

Figura 11: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Atual

44
Figura 12: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Futura
Onde:
B – Bus ou Barramento
CB – Commom Bus ou Barramento Comum
Nas Tabela 12 e Tabela 13 abaixo, estão apresentadas as principais
características do ponto de acoplamento comum – PAC da fundição FA.

Tabela 12: Valores das Correntes de Curto Circuito no PAC da fundição FA

Tabela 13: Valores das Impedâncias no PAC da fundição FA

45
No documento normativo da CPFL, o GED 10099 – Requisitos para Conexão
de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL [37], um dos
requisitos da CPFL para conexão de cargas potencialmente perturbadoras na rede é a
elaboração de um relatório de impacto no sistema elétrico (RISE) pelo acessante,
apresentado juntamente com o pedido de ligação ou aumento de cargas
potencialmente perturbadoras. Para elaboração do RISE foi tomado como base os
resultados obtidos nas medições no Ponto de Acoplamento Comum (PAC) do cliente,
considerando a representação detalhada do alimentador ITC-04 assim como as outras
cargas perturbadoras conectadas nesse sistema. No RISE deve constar as simulações
dos impactos da conexão das novas cargas nos indicadores de qualidade da energia
elétrica referentes à tensão em regime permanente, à flutuação de tensão, e aos
harmônicos, bem como prevendo eventuais necessidades de aplicação de medidas
corretivas para que os indicadores de qualidade da energia elétrica fiquem dentro dos
limites estabelecidos.
Cabe a CPFL avaliar previamente o RISE apresentado pelo acessante, bem
como realizar medições dos indicadores de qualidade da energia elétrica, antes e após
a ligação das cargas potencialmente perturbadoras.
Para elaboração do RISE, foi necessária a instalação na cabine de entrada do
consumidor o qualímetro Power 7650, no período de 08/09/09 a 23/09/09, cujos
resultados são apresentados a seguir.
É importante observar que este monitoramento foi feito tomando-se o sinal dos
2 TPs e 2 TCs de medição da cabine de medição do cliente, portanto somente os dados
das fases 1 e 2 foram obtidos diretamente.
O gráfico a seguir na Figura 13 mostra o perfil de tensão em regime
permanente em 1.008 intervalos integralizados a cada dez minutos, registrados durante
o período de 09 a 16/09/09.

46
15.000

Volts
14.500

14.000

13.500

13.000

12.500

12.000

11.500

11.000
9/9/2009 10/9/2009 10/9/2009 11/9/2009 11/9/2009 12/9/2009 12/9/2009 13/9/2009 14/9/2009 14/9/2009 15/9/2009 15/9/2009 16/9/2009
Período
V1-RMS V2-RMS V3-RMS Tr Tr-adinf Tr+adsup Tr-adinf-prinf Tr+adsup+prsup

Figura 13: Gráfico de tensão de atendimento em regime permanente.


Os índices de duração relativa da transgressão para tensão precária ou DRP e
para tensão crítica ou DRC apurados são iguais a zero, portanto atendem aos padrões
estabelecidos pela ANEEL.
O gráfico a seguir mostra que os percentuais de desequilíbrio de tensão
encontram-se dentro do limite adequado.
O percentil 95% dos registros de desequilíbrios de tensão (relação percentual
entre as seqüências positiva e negativa) integralizados em intervalos de 10 minutos, ao
longo de 24 horas, durante sete dias consecutivos, foi de 0,6%, portanto, dentro do
limite recomendado de 1,5%.

47
Unbalance Profile for CPFL_FMA_08_09_09

4
Unbalance (%)

2
Max. Value: 0,640% - on
setembro 14, 2009 - 1,5
1 05:50:01

0
set-08 - 00:00 set-10 - 00:00 set-12 - 00:00 set-14 - 00:00 set-16 - 00:00 set-18 - 00:00 set-20 - 00:00 set-22 - 00:00 set-24 - 00:00

-1

Time

Vneg / Vpos Vzero / Vpos Disturbance WorstValue Baseline

Figura 14: Gráfico de desequilíbrio de tensão.


No gráfico a seguir são apresentados os valores das flutuações de tensão de
curta duração, PST, e de longa duração, PLT, ocorridos no período.
Para flutuações de tensão de curta duração ou PST, os valores máximos do
percentil 95% registrado em períodos de 24 horas, ficaram abaixo do limite máximo
recomendado de 0,8 pu, conforme segue:
Fase 1: 0,3 pu Fase 2: 0,3 pu Fase 3: 0,3 pu
Para flutuações de tensão de longa duração ou PLT, os valores máximos do
percentil 95% registrado em períodos de sete dias, ficaram abaixo do limite máximo
recomendado de 0,6 pu, conforme segue:
Fase 1: 0,3 pu Fase 2: 0,3 pu Fase 3: 0,3 pu

48
4-30 Flicker Profile for CPFL_FMA_08_09_09

14

Max. Value: 12,638 - on


setembro 14, 2009 -
12
21:00:01

10

8
Flicker

2
0,8
0,6
0
set-08 - 00:00 set-10 - 00:00 set-12 - 00:00 set-14 - 00:00 set-16 - 00:00 set-18 - 00:00 set-20 - 00:00 set-22 - 00:00 set-24 - 00:00

-2

Time

Flicker1 Flicker2 Flicker3 Disturbance WorstValue Baseline Baseline

Figura 15: Registros da flutuações de tensão na fundição.


No gráfico a seguir na Figura 16 são apresentados os valores das distorções
harmônicas de tensão totais ocorridos no período.
Fase 1: 4,5% Fase 2: 5,0% Fase 3: 4,0%
Final de Final de
semana semana

Figura 16: Registros de Distorção de Tensão Harmônica Total – DTHT.


Os valores registrados do percentil 95% de distorção total de harmônicas de
tensão estão dentro do limite estabelecido pelo PRODIST, módulo 8 [16].

49
Porém, no documento normativo da CPFL, o GED 10099 – Requisitos para
Conexão de Cargas Potencialmente Perturbadoras ao Sistema Elétrico da CPFL [37],
para o limite de distorção harmônica total de tensão, o valor medido deve ser menor
ou igual a 5%. Das análises das medições no Ponto de Acoplamento Comum - PAC,
foi identificado que durante a semana, os níveis de distorção harmônica de tensão
estão próximos aos limites permitidos. Por outro lado, aos finais de semana quando
ocorre a redução da demanda no alimentador – principalmente no que se refere às
cargas perturbadoras – verificam-se as maiores distorções excedendo os limites
estabelecidos.
No gráfico a seguir na Figura 17 temos um comparativo da potência ativa da
fundição FA e das distorções harmônicas de tensão. É possível identificar que os
fornos de indução da FA permanecem desligados aos finais de semana e, portanto esta
carga potencialmente perturbadora não pode ser responsabilizada pelos índices
elevados de distorção harmônica.

Figura 17: Comportamento das distorções de tensão em relação à potência ativa demandada pela
fundição FA.

Pelas regras existentes, independente das distorções harmônicas ocorrerem nos


finais de semana, o fato dos limites serem excedidos já é determinante para não
autorização da entrada do novo forno de indução do consumidor. Não foi previsto em
norma que poderiam ocorrer distorções harmônicas elevadas sem correlação com as

50
cargas perturbadoras, é, portanto, um fenômeno que merece atenção especial, já que as
regras existentes podem inviabilizar a conexão de um consumidor.
Tendo em vista carga que potencialmente perturbadora não pode ser
responsabilizada pelos índices elevados de distorção harmônica neste caso específico,
o cliente foi posteriormente autorizado a entrar com esta nova carga perturbadora,
mesmo que os padrões definidos pela CPFL estejam violados. E justificou a
necessidade do estudo detalhado das causas das distorções harmônicas de tensão na
rede de distribuição da CPFL, que está apresentado a seguir.
Após a entrada do outro forno da fundição FA, entre os meses de Janeiro e
Fevereiro, foram instaladas novas medições estrategicamente posicionadas ao longo
da rede de distribuição e nas principais cargas potencialmente perturbadoras, ou seja,
na fundição FA e FB.
A foto a seguir mostra o forno de indução da fundição FA em funcionamento.

Figura 18: Fornos de indução da fundição FA.

51
4.3 PROCESSO DE INSTALAÇÃO DA MEDIÇÃO

Após análise das medições no Ponto de Acoplamento Comum – PAC, com o


objetivo da comprovação dos indícios de ressonância harmônica dos bancos de
capacitores, cinco medições foram instaladas em pontos estratégicos desta rede de
distribuição por trinta dias nos quais os bancos de capacitores foram desligados um a
um, cada um em uma semana.
As medições foram instaladas conforme diagrama esquemático apresentado
abaixo nos pontos em vermelho:

Figura 19: Esquemático da localização das medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04.

4.3.1 - EQUIPAMENTOS UTILIZADOS


Foram utilizados dois tipos equipamentos – o PowerLogic ION 7650 e o
MARH-MT – distribuídos da seguinte forma ao longo do alimentador ITC-04:
- 1 MARH-MT na saída da SE;
- 1 MARH-MT entre os dois primeiros bancos de capacitores BC-1 e BC-2
(Praça);
- 1 MARH-MT entre as duas empresas de fundição FA e FB (Marginal);
- 1 Power ION 7650 na cabine da Fundição FA;
- 1 Power ION 7650 na cabine da Fundição FB.

52
4.3.1.1 MARH-MT
Equipamento Medidor e Registrador Eletrônico de grandezas em tempo-real
para sistemas elétricos monofásicos, bifásicos e trifásicos em média tensão destinado à
instalação junto às unidades consumidoras ou distribuidoras de energia elétrica
fabricado pela RMS.
O MARH-MT possui três sensores que integram a medição de tensão e
corrente em uma única peça por fase, na Figura 20 mostra os sensores e o registrador
do medidor MARH-MT instalado na rede ITC-04 para este trabalho.

Figura 20: Sensores e Registrador do Marh-MT.

A partir dos sinais de entrada de tensão e corrente, o MARH-MT calcula e


indica no mostrador alfanumérico os valores de tensão, corrente, fator de potência (ou
fator de deslocamento), potências, energia, etc. O MARH-MT pode também captar as
formas de onda das tensões e correntes de várias formas diferentes.
As seguintes grandezas podem ser obtidas através do MARH-MT:
• Tensões de Fase (Fase-Terra), fases A, B e C;
• Tensões de Linha (Fase-Fase), AB, BC e CA (valores obtidos por cálculo
fasorial);
• Correntes, fases A, B e C;
• Fatores de Potência, fases A, B e C e Total;
• Potências Ativas, fases A, B e C e Total;
• Potências Reativas, fases A, B e C e Total;

53
• Potências Aparentes, fases A, B e C e Total;
• Energia Ativa Total (consumida ou fornecida);
• Energia Reativa Capacitiva ou Indutiva Total;
• Distorção Harmônica Total de Tensão, fases A, B e C;
• Distorção Harmônica Total de Corrente, fases A, B e C;
• Frequência da Tensão, fase A (na falta de fase A, mede na B, na falta da B,
mede na C);
• Máximo e Mínimo de Frequência da Tensão (ciclo a ciclo);
• Máximo e Mínimo de Tensão (“true rms”, 1/2 ciclo, com indicação da fase);
• Máximo de Corrente (“true rms”, 1/2 ciclo, com indicação da fase);
• Grau de desequilíbrio de tensão;
• Harmônicos Continuamente, até 31o Harmônico (3 fases) ou até 61o
Harmônico (1 fase);
• Harmônicos Médios (até 50a Harmônico) e Potências por fase.
• Registro de forma de onda dos sinais de tensão e corrente nas três fases com
captação acionada por variações do valor instantâneo da tensão, “sag”, “swell”, DHT
e freqüência.
Enquanto indica os valores medidos, o MARH-MT também os armazena em
sua memória para que, posteriormente, os dados possam ser transferidos para um
computador e então analisados na forma de gráficos e relatórios através do ANAWIN
que é um programa para coleta e análise de dados de registradores padrão RMS em
ambiente Windows.
Estes gráficos e relatórios relacionam os diversos valores medidos e
registrados com o horário em que ocorreram. Desta forma foi possível analisar o
comportamento das diversas variáveis no período de medição, máximos e mínimos
das mesmas, quando ocorreram, etc.
Os circuitos internos, responsáveis pelo funcionamento do MARH-MT, podem
ser alimentados pela entrada auxiliar em tensão alternada de 90 a 300 Vca ou por uma
entrada em tensão contínua de 11 a 60 Vcc. Para este estudo, o MARH-MT foi
alimentado com tensão 127 Vca.
A instalação do MARH-MT na rede de distribuição de 15 [kV] é simples e
através da utilização do bastão de manobra, os sensores podem ser instalados na rede
em linha viva, ou seja, não é necessário desligar a rede para sua instalação.

54
Utilizamos o programa ANAWIN para ler o conteúdo de memória de massa do
registrador do MARH-MT, gravar em forma de arquivo EXCEL e obter gráficos das
grandezas registradas, servindo de base para as análises assim como aferir o modelo
de simulação no ATPDraw apresentado no capítulo seguinte deste trabalho.

4.3.1.2 Power ION 7650


Produzido pelo fabricante Schneider Electric, o medidor Power ION 7650 é
indicado para utilização em pontos chaves de distribuição de energia e cargas
sensíveis, sua medição possui precisão que atende os requisitos das normas IEC
61000-4-30 [5] e também possui as funcionalidades de análises de qualidade de
energia.
Possui display LCD que serve para configurar o equipamento e mostrar em
tempo real suas grandezas assim como os parâmetros históricos, gráficos de tendência
e histogramas. Pode ser programado o período de integração (1, 5, 10, 15, 30, 60
minutos entre outros).

Figura 21: Registrador do Power ION.

É importante observar que os medidores POWER ION foram utilizados


somente para medição na cabine da fundição FA e FB. O monitoramento foi feito
tomando-se o sinal de apenas 2 TCs de medição da cabine de medição da unidade
consumidora, portanto somente os dados das fases 1 e 2 foram obtidos diretamente.
As indicações dos sensores podem ser observadas na Figura 22, que mostra a foto do

55
medidor POWER ION instalado na fundição FB, a Figura 23 mostra a tela de LCD
mostrando a medição retirada em tempo real da fundição FA.

4 Sensores
de tensão

2 sensores de
corrente

Figura 22: Instalação dos sensores do Power ION.

Figura 23: Tela LCD do medidor Power ION.

As seguintes grandezas podem ser obtidas através do POWER ION 7650:


• Tensões de Fase (Fase-Terra), fases A, B e C;
• Tensões de Linha (Fase-Fase), AB, BC e CA;

56
• Correntes, fases A e C;
• Fator de Potência Total;
• Espectro de frequência (harmônicos);
• Diagrama fasorial;
• Potências Ativas Total, máximas, mínimas e médias;
• Potências Reativas Total, máximas, mínimas e médias;
• Potências Aparentes Total, máximas, mínimas e médias;
• Energia Ativa Total (consumida ou fornecida);
• Energia Reativa Capacitiva ou Indutiva Total;
• Distorção Harmônica Total de Tensão;
• Distorção Harmônica Total de Corrente;
• Grau de desequilíbrio de tensão;
• Harmônicos Continuamente, até 63o Harmônico (1 fase);
• Fator K;
• Registro de ocorrências nos canais de tensão e corrente de curta (menor que 1
ciclo de duração) e longa duração (com duração de vários ciclos) de “sag”, “swell” e
“outages”.
Enquanto indica os valores medidos no display, o POWER ION armazena os
dados que posteriormente podem ser transferidos para o computador através de
arquivos EXCEL com os gráficos mais relevantes já disponibilizados como das
formas de onda de tensão, corrente, distorção harmônica, etc.
O medidor pode ser alimentado pela entrada auxiliar em tensão alternada de 85
a 240 Vca ou por uma entrada de tensão contínua 110 a 200 Vcc. Para este estudo, o
POWER ION foi alimentado em tensão 127 Vca.
Os valores foram agregados em intervalos de 10 minutos, conforme critérios
estabelecido na norma internacional IEEE Std 519-1992 [3].

4.3.2 - INSTALAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO


A instalação dos equipamentos na saída da SE, na fundição FA e FB e Marginal
ocorreu no dia 21 de janeiro de 2010.
A princípio, devido à disponibilidade de equipamentos, somente seriam
instalados quatro medidores, porém após negociação com outras áreas da CPFL, foi
disponibilizado para este trabalho mais um medidor que poderia trazer informações

57
relevantes para a conclusão deste trabalho, assim, a instalação do medidor na Praça
ocorreu no dia 08 de fevereiro de 2010.
Todas as cinco medições foram retiradas no mesmo dia, em 18 de fevereiro de
2010.
Quanto à duração da medição, é recomendável que o tempo mínimo seja maior
do que catorze dias, tendo em vista que os principais indicadores de qualidade da
energia elétrica são apurados em sete dias completos consecutivos, portanto,
adotando-se catorze dias de medição, quase sempre é possível obter-se os sete dias
completos e consecutivos neste intervalo.
Abaixo seguem as fotos dos eletricistas instalando os medidores nos pontos
estratégicos nas Figura 24 a Figura 28:

Figura 24: Instalação do medidor Marh-MT na saída da subestação, no alimentador ITC-04.

58
Figura 25: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre os dois primeiros bancos de
capacitores BC-1 e BC-2 (Praça).

Figura 26: Instalação do medidor Marh-MT no ITC-04, entre a fundição FA e FB (Marginal).

59
Figura 27: Instalação do medidor Power ION na fundição FA.

Figura 28: Instalação do medidor Power ION na fundição FB.

As medições coletadas foram exportadas para o computador, utilizamos o


programa da Microsoft Office, o EXCEL, para fazer a análise e a geração dos
gráficos.
Alguns dos gráficos foram gerados diretamente pelo programa ANAWIN
fornecido pelo fabricando do MARH-MT.
No próximo item serão discutidas as análises das informações fornecidas pelas
medições coletadas nestes cinco pontos estratégicos ao longo do alimentador.

60
4.4 ANÁLISE DE MEDIÇÕES

4.4.1 - MEDIÇÕES DURANTE MANOBRAS DOS BANCOS DE


CAPACITORES
Durante o período de medições no alimentador ITC-04, os bancos de
capacitores foram desligados um de cada vez com uma defasagem de uma semana
entre eles, conforme o cronograma abaixo:
• Dia 28/01 – Desligado BC-3 – 900 [kVAr];
• Dia 05/02 – Desligado BC-1 – 900 [kVAr];
• Dia 12/02 – Desligado BC-2 – 300 [kVAr];
Estas manobras tiveram o objetivo da comprovação dos indícios da
amplificação da distorção por proximidade da frequência de ressonância harmônica da
rede com os bancos de capacitores.

4.4.2 - MEDIÇÕES NA SAÍDA DA SE ITACOLOMI


O gráfico abaixo mostra as medições na saída da SE Itacolomi de potência
ativa total (em magenta), potência reativa total (em amarelo) e fator de potência total
(em verde) do dia 21/01/10 até dia 18/02/2010 e as indicações dos bancos de
capacitores sendo desligados.

BC-2
Desligado

BC-3 BC-1
Desligado Desligado

dom dom dom dom

Figura 29: Gráfico de Medição de Potência Ativa, Reativa e Fator de Potência na saída da SE
Itacolomi durante a manobra dos bancos de capacitores.

61
O impacto do desligamento do banco de capacitores BC-1 de 900 [kVAr] é
visualmente perceptível, a potência reativa aumentou, a potência ativa não sofreu
alterações e o fator de potência reduziu abaixo dos limites estabelecidos pelo
PRODIST, ou seja, abaixo de 0,92. Antes do desligamento do BC-1, o fator de
potência nos finais de semana era próximo de 1,00.
O desligamento do banco de capacitor BC-2 de 300 [kVAr] surtiu leve efeito.
O desligamento do BC-3 de 900 [kVAr] surtiu pouco ou nenhum efeito, o que
apresenta fortes indícios que o banco de capacitor automático esteja subutilizado, ou
seja, geralmente permanece desligado porque está com algum defeito ou a potência
reativa da rede para entrada do banco de capacitor não está sendo atingida.
Para esclarecer melhor sobre a utilização desde banco de capacitores, no dia
24/02/2010 foi retirado o “log” de operação do banco de capacitores n° 397528 (BC-
3). Neste histórico verificou-se que desde de 20/12/2009 o BC-3 entrou em operação
dez vezes permanecendo no máximo oito minutos ligados em cada operação. Portanto,
foi confirmada a subutilização do banco de capacitores BC-3 de 900 [kVAr].
Percebe-se também através do gráfico da Figura 29 acima que a carga no
alimentador, principalmente a potência ativa, reduz consideravelmente nos finais de
semana, quando a maior parte das cargas comerciais e industriais são desligadas.
Como complemento desta análise, o gráfico da Figura 30 a seguir mostra as
medições na saída da SE Itacolomi de distorção harmônica de corrente da fase A (em
vermelho) e distorção harmônica de tensão da fase A (em azul) e fator de potência da
fase A (em verde) no mesmo período do gráfico anterior também com as indicações
de desligamento dos bancos capacitores.
Confirmando o que também foi apontado no relatório RISE, também é
possível verificar através do gráfico da Figura 30 que as maiores distorções ocorreram
aos finais de semana principalmente aos domingos nos dias 24/01, 31/01, 07/02 e
14/02. Os desligamentos dos bancos de capacitores reduziram as distorções
harmônicas de tensão para patamares abaixo dos 3%, já para as distorções harmônicas
de corrente também houve redução porém com valores elevados próximos à 9% nos
finais de semana.

62
BC-3
BC-1 BC-2
Desligado
Desligado Desligado

dom dom dom dom

Figura 30: Gráfico de Medição da Distorção Harmônica de Corrente e Fator de Potência na


saída da SE Itacolomi durante a manobra dos bancos de capacitores.

Com relação à ordem de grandeza, a Tabela 14 está dividida em quatro


períodos, sendo o primeiro período (1ºP) com todos os bancos ligados, o segundo
período (2ºP) com o BC-3 desligado, o terceiro período (3ºP) com o BC-3 e o BC-1
desligados e finalmente o quarto período (4ºP) com todos os bancos desligados. Pode-
se verificar que as médias e os valores máximos das distorções harmônicas tiveram
redução significativa após o desligamento do BC-1. O efeito do desligamento do BC-3
não foi significativo em termos de redução de distorção harmônica.

DHT Tensão DHT Corrente


Período % %
fases A/B/C Média Máximo Média Máximo
1ºP – 21/01 a 28/01 2,05/1,92/2,02 3,90/3,50/3,80 5,53/5,19/5,78 16,0/15,8/15,8

2ºP – 28/01 a 05/02 2,06/1,95/2,05 4,40/3,70/4,20 5,40/5,04/5,39 13,7/11,9/13,4

3ºP – 05/02 a 12/02 1,81/1,67/1,79 2,80/3,00/2,90 3,98/3,72/3,94 8,40/7,90/8,30

4ºP – 12/02 a 18/02 1,78/1,59/1,73 2,90/2,60/2,70 4,96/4,67/4,99 9,10/8,90/9,00

Tabela 14: Distorção harmônica de tensão e corrente por período das fases A, B e C.
O gráfico a seguir apresenta a distribuição das componentes harmônicas, no
domingo 24/01/2010 no primeiro período. A distorção harmônica de tensão total foi
de 2,62%, sendo que 2,45% e 1,07% da distorção corresponde a 5ª e 7ª harmônica,
respectivamente.

63
Figura 31: Distribuição da distorção harmônica de tensão no dia 24/01/10.
A distorção harmônica total de corrente no mesmo dia 24/01/2010 foi de
6,28%, cujas principais contribuições foram da 3ª harmônica com 2,13%, 5ª
harmônica com 4,50% e da 7ª harmônica com 3,56% da fundamental.

Figura 32: Distribuição da distorção harmônica de corrente no dia 24/01/10.

Com relação aos níveis de tensão na saída da SE, pode ser verificado na Figura
33 sobre a distribuição de tensão na saída da SE entre os dias 21/01 e 18/02, que 99,9

64
% das tensões se apresentam no nível adequado para fase A e 99,8% para as fases B e
C. Apenas o limite de tensão superior, ou seja, acima de 1.05 p.u., foi ultrapassado
com valores máximos de 1.060 p.u. para fase A (0,08% da amostra), 1.078 p.u. para
fase B (0,21% da amostra) e 1.075 p.u. para fase C (0,24% da amostra).
A média das tensões foi de 1.001 p.u. para fase A, 1.007 p.u. para fase B e
1.007 p.u. para fase C, adicionalmente observando o histograma de distribuição de
tensão, percebe-se que na saída da SE a tensão em todas as fases está concentrada em
torno do valor central. Portanto, pode-se dizer que a tensão de fornecimento apresenta
níveis adequados.

Figura 33: Gráfico de distribuição de tensão na saída da SE do dia 21/01 a 18/02/10.

4.4.3 - MEDIÇÕES NA PRAÇA


As medições na Praça ocorreram por um período menor, do dia 08 a 18 de
fevereiro de 2010, quando dois dos três bancos de capacitores já se encontravam
desligados. A instalação neste ponto ocorreu depois, devido à indisponibilidade inicial
e porque ao discutirmos o trabalho, verificamos que esta medição seria relevante para
complementar as análises das fontes de distorção.
O gráfico da Figura 34 a seguir mostra as medições da Praça de potência ativa
total (em magenta), potência reativa total (em amarelo) e fator de potência total em
verde no período citado. Percebe-se que a compensação reativa fornecida pelo banco

65
de capacitores BC-2 não é suficiente, apesar de que neste ponto do alimentador o fator
de potência é ligeiramente maior que os valores obtidos na saída da SE, os níveis se
mantêm abaixo dos limites admissíveis.
Também é perceptível a redução da carga nos finais de semana, especialmente
no domingo dia 14/02/2010.

BC-2
Desligado

dom dom

Figura 34: Gráfico de medição de potência ativa, reativa e fator de potência na praça.

Apesar da redução de carga nos finais de semana, os índices de distorções


aumentam, fenômeno que pode ser percebido através das medições de distorção
harmônica de corrente da fase A (em vermelho) e distorção harmônica de tensão da
fase A (em azul) e fator de potência da fase A (em verde) apresentadas na Figura 35 a
seguir. A distorção harmônica de corrente chegou a picos de mais de 24%. Como
temos um histórico pequeno desta medição, não foi possível realizar uma análise dos
impactos dos desligamentos dos bancos de capacitores na redução da distorção
harmônica.

66
BC-2
Desligado

dom

Figura 35: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na praça.

Com relação aos níveis de tensão na Praça, pode ser verificado na Figura 36
sobre a distribuição de tensão entre os dias 08/02 e 18/02, que 100,00 % das tensões
apresentaram nível adequado para as fases A, B e C.
A média das tensões é de 0.988 p.u. para fase A, 0.994 p.u. para fase B e 0.993
p.u. para fase C, adicionalmente observando o histograma de distribuição de tensão,
percebe-se que neste ponto do alimentador a tensão em todas as fases está concentrada
em torno do valor central. Como esperado, os valores são ligeiramente inferiores das
médias apresentadas na saída da SE, porém em todo período verificou-se que a tensão
de fornecimento apresentou níveis adequados.

67
Figura 36: Gráfico de distribuição de tensão na praça do dia 08/02 a 18/02.

4.4.4 - MEDIÇÕES NA MARGINAL


O gráfico da Figura 37 abaixo mostra as medições de potência ativa total (em
magenta), potência reativa total (em amarelo) e fator de potência total na Marginal que
se encontra na média tensão, entre as duas fundições FA e FB.

BC-3 BC-1 BC-2


Desligado Desligado Desligado

dom dom dom dom

Figura 37: Gráfico da medição de potência ativa, reativa e fator de potência na marginal durante
a manobra dos bancos de capacitores.

68
Não há impacto dos desligamentos dos bancos de capacitores, já que a
medição está localizada depois dos três bancos. Estas medições representam a
fundição FA em diante.
Medições na Marginal de distorção harmônica de corrente da fase A (em
vermelho) e distorção harmônica de tensão da fase A (em azul) e fator de potência da
fase A (em verde) no mesmo período anterior, estão apresentadas na Figura 38 abaixo.

BC-1 BC-2
BC-3 Desligado
Desligado Desligado

dom dom dom dom

Figura 38: Gráfico de medição da distorção harmônica de corrente e fator de potência na


marginal durante a manobra dos bancos de capacitores.

Figura 39: Gráfico de distribuição de tensão na marginal do dia 21/01 a 18/02.

69
O histograma de distribuição de tensão medido na Marginal foi tirado de uma
medição realizada próxima ao final do alimentador e mostra uma característica
esperada de valores devido à queda de tensão, sendo que em 99 % da leitura mostrou
níveis de tensão adequados, conforme Figura 39 anterior.

4.4.5 - MEDIÇÕES NA FUNDIÇÃO FA


Abaixo temos as principais medições retiradas no ponto de acoplamento
comum da fundição FA, a distribuição percentual das componentes harmônicas de
corrente podem ser observadas na Figura 40 e de tensão na Figura 41, ambas na fase
A. As medições estão coerentes com o esperado, ou seja, contribuição predominante
dos harmônicos de 5ª e 7ª ordem para cargas com fornos de indução. A injeção de
corrente de 14,9% para 5° harmônico e 7,9% para 7° harmônico.

100

14,9
7,9
4,5
0,2 1,0 0,2 0,1 0,1 0,6 0,2 0,1 2,8 0,1 0,3 0,1 1,4 0,1 0,8 0,0 0,1 0,0 0,5 0,0 0,4 0,0 0,1 0,0 0,4 0,1 0,3
I1 HD1

I1 HD3

I1 HD5

I1 HD7

I1 HD9

I1 HD11

I1 HD13

I1 HD15

I1 HD17

I1 HD19

I1 HD21

I1 HD23

I1 HD25

I1 HD27

I1 HD29

I1 HD31

Figura 40: Distribuição das componentes harmônicas de corrente medidos no PAC na fundição
FA.

100

0,0 0,5 0,1 2,4 0,1 1,7 0,2 0,4 0,3 1,1 0,3 0,6 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,2 0,0 0,1
V1 HD1

V1 HD3

V1 HD5

V1 HD7

V1 HD9

V1 HD11

V1 HD13

V1 HD15

V1 HD17

V1 HD19

V1 HD21

V1 HD23

V1 HD25

V1 HD27

V1 HD29

V1 HD31

Figura 41: Distribuição das componentes harmônicas de tensão medidos no PAC na fundição F A.

70
A potência ativa da fundição FA em dias úteis na Figura 42 com curvas
sobrepostas mostra que o forno permanece ligado predominantemente entre as seis da
manhã e as dezessete horas da tarde com uma carga de 300 [kW] e uma carga residual
de 180 [kW] entre as vinte horas até as cinco da manhã.
Média de kW
350 DIA
SEMANA
22/01/2010 - 06/01/1900
300 25/01/2010 - 02/01/1900
26/01/2010 - 03/01/1900
27/01/2010 - 04/01/1900
250 28/01/2010 - 05/01/1900
29/01/2010 - 06/01/1900
01/02/2010 - 02/01/1900
200 02/02/2010 - 03/01/1900
03/02/2010 - 04/01/1900
04/02/2010 - 05/01/1900
150 05/02/2010 - 06/01/1900
08/02/2010 - 02/01/1900
09/02/2010 - 03/01/1900
10/02/2010 - 04/01/1900
100 11/02/2010 - 05/01/1900
12/02/2010 - 06/01/1900
15/02/2010 - 02/01/1900
50 16/02/2010 - 03/01/1900
17/02/2010 - 04/01/1900
18/02/2010 - 05/01/1900
0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA

Figura 42: Potência ativa da Fundição FA em dias úteis.


A potência ativa da fundição FA de domingo na Figura 43 com curvas
sobrepostas mostra que o forno permanece desligado aos domingos e que há uma
utilização das vinte horas até as vinte e duas horas de uma carga de 180 [kW]. Essas
medições se mostraram coerentes com o diagrama unifilar da planta demonstrada na
Figura 11: Diagrama Unifilar das Instalações da fundição FA – Configuração Atual na
página 44.
Média de kW
200

180

160

140
DIA
120 SEMANA
24/01/2010 - 01/01/1900
100 31/01/2010 - 01/01/1900
07/02/2010 - 01/01/1900
80 14/02/2010 - 01/01/1900

60

40

20

0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45

HORA

Figura 43: Potência ativa da Fundição FA em dias de domingo.

71
4.4.6 - MEDIÇÕES NA FUNDIÇÃO FB
Abaixo temos as principais medições retiradas no ponto de acoplamento
comum da fundição FB, a distribuição percentual das componentes harmônicas de
corrente podem ser observadas na Figura 44 e de tensão na. Figura 45, ambas na fase
A. As medições estão coerentes com o esperado, ou seja, contribuição predominante
dos harmônicos de 5ª e 7ª ordem para cargas com fornos de indução. A injeção de
corrente de 9,5% para 5° harmônico e 5,9% para 7° harmônico.

100

9,5
5,9 4,6
0,3 0,7 0,4 0,5 0,5 1,8 1,1 1,3 3,1 0,2 0,7 0,3 1,5 0,3 1,0 0,2 0,4 0,2 0,8 0,2 0,6 0,1 0,1 0,1 0,5 0,1 0,4
I1 HD1

I1 HD3

I1 HD5

I1 HD7

I1 HD9

I1 HD11

I1 HD13

I1 HD15

I1 HD17

I1 HD19

I1 HD21

I1 HD23

I1 HD25

I1 HD27

I1 HD29

I1 HD31
Figura 44: Distribuição das componentes harmônicas de corrente [%] medidos no PAC na
fundição FB.

100

0,0 0,5 0,1 2,4 0,1 1,7 0,2 0,4 0,3 1,1 0,3 0,6 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,2 0,0 0,1
V1 HD1

V1 HD3

V1 HD5

V1 HD7

V1 HD9

V1 HD11

V1 HD13

V1 HD15

V1 HD17

V1 HD19

V1 HD21

V1 HD23

V1 HD25

V1 HD27

V1 HD29

V1 HD31

Figura 45: Distribuição das componentes harmônicas de tensão [%] medidos no PAC na fundição
FB.

72
A potência ativa da fundição FB em dias úteis na com curvas sobrepostas mostra que o
forno fica ligado predominantemente entre as vinte e duas horas da noite e às
dezesseis horas da tarde do dia seguinte com uma carga máxima de 850 [kW] e uma
carga residual de aproximadamente 50 [kW] entre as dezessete horas até as vinte e
duas horas.
Média de kW
1000
DIA
900 SEMANA
22/01/2010 - sex
800 25/01/2010 - seg
26/01/2010 - ter
27/01/2010 - qua
700 28/01/2010 - qui
29/01/2010 - sex
600 01/02/2010 - seg
02/02/2010 - ter
03/02/2010 - qua
500 04/02/2010 - qui
05/02/2010 - sex
400 08/02/2010 - seg
09/02/2010 - ter
10/02/2010 - qua
300 11/02/2010 - qui
12/02/2010 - sex
200 15/02/2010 - seg
16/02/2010 - ter
17/02/2010 - qua
100 18/02/2010 - qui

0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45
HORA
Figura 46: Potência ativa da Fundição FB em dias úteis.
A potência ativa da fundição FB de domingo na Figura 47 com curvas
sobrepostas mostra que o forno fica desligado aos domingos e que há uma utilização
de carga residual de até 30 [kW].
Média de kW
40

35

30

25 DIA
SEMANA
24/01/2010 - dom
20 31/01/2010 - dom
07/02/2010 - dom
14/02/2010 - dom
15

10

0
0:00
0:15
0:30
0:45
1:00
1:15
1:30
1:45
2:00
2:15
2:30
2:45
3:00
3:15
3:30
3:45
4:00
4:15
4:30
4:45
5:00
5:15
5:30
5:45
6:00
6:15
6:30
6:45
7:00
7:15
7:30
7:45
8:00
8:15
8:30
8:45
9:00
9:15
9:30
9:45
10:00
10:15
10:30
10:45
11:00
11:15
11:30
11:45
12:00
12:15
12:30
12:45
13:00
13:15
13:30
13:45
14:00
14:15
14:30
14:45
15:00
15:15
15:30
15:45
16:00
16:15
16:30
16:45
17:00
17:15
17:30
17:45
18:00
18:15
18:30
18:45
19:00
19:15
19:30
19:45
20:00
20:15
20:30
20:45
21:00
21:15
21:30
21:45
22:00
22:15
22:30
22:45
23:00
23:15
23:30
23:45

HORA

Figura 47: Potência ativa da Fundição FB em dias de domingo.

73
CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE SOLUÇÕES

Através de pesquisas das bibliografias disponíveis, artigos publicados em


seminários foi possível identificar casos semelhantes, e possíveis soluções para
mitigação de problemas relacionados à ressonância harmônica em banco de
capacitores que não envolvam aquisição de filtros onerosos.
Para este trabalho foram propostas três possíveis soluções para mitigar o
problema de ressonância, basicamente desacoplando a frequência de ressonância
natural da rede e das cargas.
O objetivo desta metodologia, é demonstrar uma utilização prática e real que
possa ser utilizada nas demais redes com características semelhantes.
Este capítulo também aborda as simulações utilizando o ATPDraw e do
impacto com relação à corrente de inrush durante a energização do banco de
capacitores de acordo com solução encontrada apresenta.

5.1 UTILIZAÇÃO DE CHAVEAMENTO PROGRAMADO DOS BANCOS DE


CAPACITORES PARA SEREM DESLIGADOS AOS FINAIS DE SEMANA
Quando todos os bancos de capacitores estão desligados, não há efeitos de
ressonância, esta mesma característica foi identificada nas simulações, conforme pode
ser verificada na Figura 51 (em azul).
Em casos semelhantes esta solução foi adotada, pois é solução de menor custo
[28]. Esta solução foi cogitada para esta rede de distribuição, porém o fator de
potência também aos domingos ficaria abaixo de 0,82. E por este motivo foi
necessário realizar um estudo de uma alternativa que resolva o problema de
ressonância em banco de capacitores, sem necessariamente desligá-los.
Portanto, esta solução foi descartada já no início das análises quando foram
feitas as medições com os bancos de capacitores desligados.

5.2 DESSINTONIZAR OS BANCOS DE CAPACITORES EXISTENTES

Nesta proposta foram simuladas diversas alternativas de configuração


utilizando o ATPDraw, para identificar qual configuração pode mitigar o problema de

74
ressonância harmônica. Ou seja, cada configuração resulta em uma curva frequência
natural específica, então após novas simulações foi possível identificar qual
configuração não amplifica em altos níveis os 5° e 7° harmônicos, devido ao menor
efeito de ressonância entre a rede e as cargas.
Neste trabalho, será mostrado um método para calcular a resposta em
frequência natural de uma determinada rede utilizando o ATPDraw.

Algumas configurações testadas foram:


1. Um banco de capacitores de 1800kVAr instalado no PAC da fundição
FA e removendo os demais bancos de capacitores;
2. Um banco de capacitores de 900kVAr sendo instalado próximo ao BC-
1 e removendo os demais bancos de capacitores;
3. Manter somente 300 kVAr ligados no BC-2, e;
4. Finalmente adicionar 900 kVAr no BC-2.

5.3 REALOCAÇÃO DOS BANCOS DE CAPACITORES UTILIZANDO


BANCOS REALOCÁVEIS

Essa nova tecnologia de bancos de capacitores realocáveis, também chamada


de Plug-and-Play, é produto de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que
proporcionou à CPFL-Piratininga e à Expertise dois depósitos de patente. A inovação
tecnológica do processo de relocabilidade tornou-se um produto industrializado
rapidamente em virtude do seu baixo custo e sua boa performance.
A utilização de um banco realocável tem as vantagens de poder ser instalado
em praticamente qualquer tipo de poste do sistema primário de distribuição e em áreas
com características distintas de requisitos elétricos, ambientais, logísticos, dentre
outros assim como em pontos com problemas de sobrecarga ou de queda de tensão, e
não precisa de um novo poste para sua instalação. Essa flexibilidade permite que os
bancos sejam instalados somente durante os testes permitindo a realização de diversas
medições, com fácil realocação dos bancos, ou alteração de sua capacitância.
Finalmente será comprovada a solução em que as componentes harmônicas não serão
amplificadas na rede de distribuição estudada resolvendo-se, assim, o problema de
ressonância harmônica em definitivo.

75
Assim, é uma tecnologia que pode ser utilizada tanto como complemento da
análise anterior, item 5.2 com o objetivo de comprovar as simulações, pois pode ser
instalado como teste para uma posterior instalação de um equipamento definitivo, ou
ainda como alternativa com o objetivo de testar novas configurações não simuladas no
ATPDraw.
Existem outros casos na área de concessão da CPFL com características
semelhantes, que após a comprovação deste método, poderão também ser resolvidos
através de desacoplamento da frequência de ressonância, possibilitando que os bancos
de capacitores possam ser instalados em lugar apropriado do ponto de vista da não
coincidência com a frequência de ressonância, corrigindo-se o fator de potência da
rede, reduzindo-se as perdas técnicas, e mitigando-se prejuízos.

5.4 SIMULAÇÃO NO ATPDRAW


O programa ATP é considerado o programa mais amplamente usado para
simulações de transitórios eletromagnéticos, assim como os de natureza
eletromecânicas em sistemas elétricos de potência [40]. Neste trabalho, o ATP foi
utilizado para calcular a resposta em frequência através da interface ATPDraw.
O alimentador ITC-04 representado no ATPDraw pode ser visualizado na
Figura 48, o alimentador foi representado com suas respectivas cargas, banco de
capacitores e todos os demais parâmetros elétricos.

Figura 48: Alimentador ITC-04 representado na ATP Draw.

76
A fonte simulada é uma fonte de tensão de 60 [Hz] de amplitude 11.831 [V].
A impedância interna dessa fonte utilizada está representada na Tabela 15.
Rzero Lzero Rpositiva Lpositiva
0,0003 1,0956 0,0408 1,236

Tabela 15: Impedância interna da fonte simulada ITC-04.

Na Tabela 16 abaixo estão representadas as principais características elétricas


do alimentador ITC-04, trecho a trecho, com suas respectivas distâncias, impedâncias
de sequência positiva e zero, assim como a bitola do condutor.
Distância
De/Para Bitola
[km] Rzero Lzero Rpositiva Lpositiva
Cabo
SaidaSE- até BC-1 1,056 0,639 1,687 0,140 0,395 447
BC-1 até alteração bitola Cabo
X1 0,09 0,054 0,144 0,012 0,034 447
Cabo
X1 até bifurcação X2 1,008 0,610 1,611 0,134 0,377 336
Cabo
X2 até BC-2 1,058 0,641 1,691 0,141 0,396 336
Cabo
X2 até fim rural X5 0,485 0,294 0,775 0,065 0,181 336
Cabo
BC-2 até bifurcação X3 0,074 0,049 0,155 0,014 0,029 336
Cabo
X3 até fim rural X6 1,228 0,815 2,576 0,230 0,475 336
X3 até BC-3 1,205 1,291 2,000 0,717 0,524 Cabo 1/0
BC-3 até fundição Fb 0,452 0,484 0,750 0,269 0,197 Cabo 1/0
Fund. Fb até fund. Fa 0,668 0,715 1,108 0,398 0,291 Cabo 1/0
Fundição Fa até fim X4 0,43 0,461 0,714 0,256 0,187 Cabo 1/0
Tabela 16: Parâmetros elétricos dos cabos do alimentador ITC-04.

Os fornos de indução foram simulados com os dados reais medidos, cada forno
foi simulado aplicando fontes de corrente em cada frequência medida até a 31º
harmônico nas três fases. Na Tabela 17 apresenta os parâmetros do forno de indução
da fundição FB.
Para a fundição FA o mesmo procedimento foi realizado.

Ordem [Hz] Mod A Ang A Mod B Ang B Mod C Ang C


1 60 100,00 65,33 100,00 304,24 100,00 184,24
2 120 1,46 322,79 1,36 84,88 1,66 205,67
3 180 0,52 13,85 0,43 187,81 0,38 334,96

77
4 240 1,06 65,27 0,94 308,35 1,15 184,58
5 300 19,34 138,90 18,46 259,85 19,08 17,43
6 360 0,14 54,39 0,12 25,92 0,18 163,85
7 420 9,98 279,95 10,49 160,04 10,41 38,67
8 480 0,97 161,65 1,04 292,82 0,93 51,02
9 540 0,54 232,46 0,50 46,19 0,53 126,38
10 600 0,82 305,88 0,77 197,50 0,77 55,57
11 660 5,39 352,28 4,91 105,54 5,49 221,83
12 720 0,02 170,25 0,22 227,62 0,27 26,49
13 780 3,58 117,65 3,50 0,47 3,68 235,67
14 840 0,52 29,14 0,51 136,14 0,32 312,15
15 900 0,45 155,24 0,71 246,40 0,47 290,75
16 960 0,33 157,38 0,42 62,93 0,32 282,47
17 1020 1,33 196,13 1,40 288,07 1,69 31,04
18 1080 0,09 323,69 0,33 330,12 0,24 282,52
19 1140 1,01 283,86 1,35 174,13 1,10 79,14
20 1200 0,18 179,51 0,32 265,35 0,31 216,47
21 1260 0,33 318,23 0,40 40,31 0,37 134,98
22 1320 0,10 117,96 0,08 114,09 0,15 248,61
23 1380 0,44 332,90 0,65 36,74 0,94 181,81
24 1440 0,05 259,48 0,06 150,08 0,08 56,51
25 1500 0,53 91,79 0,82 308,77 0,58 197,27
26 1560 0,36 262,12 0,32 36,28 0,19 118,24
27 1620 0,22 109,55 0,55 222,82 0,51 294,55
28 1680 0,18 11,96 0,46 335,08 0,31 165,94
29 1740 0,49 200,10 0,27 203,99 1,03 333,25
30 1800 0,29 97,75 0,13 269,69 0,16 260,44
31 1860 0,48 245,46 0,77 127,01 0,68 329,53
Tabela 17: Parâmetros do forno de indução da fundição FB.

No ATPDraw os capacitores são representados na unidade de [µF], portanto


foi necessário fazer a conversão de [kVAr] para [µF]. Utilizando as tensão de
referência de 13,8 [kV] e frequência de 60 [Hz], foi realizado o seguinte cálculo
demonstrado pela Equação 4 abaixo. O mesmo foi realizado para o banco de 300
[kVAr].

78
2 2
Vff 13 ,8
Xc 211 , 6
Q 900 1000
6
1 10
C [F ] [ F] 12 , 5358 [ F ]
2 fC 2 * 60 * 211 , 6

Equação 4: Exemplo do cálculo de 900 [kVAr] para 12,5358[µF].

O fenômeno de ressonância harmônica estava ocorrendo principalmente aos


finais de semana, portanto as cargas representadas no ATPDraw foram as mesmas
medidas em um domingo, cujas curvas foram demonstradas na Figura 43: Potência
ativa da Fundição FA em dias de domingo. na página 71 e Figura 47: Potência ativa
da Fundição FB em dias de domingo. na página 73 deste trabalho.

5.4.1 – SIMULAÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA


Pelos gráficos medidos de distorção harmônica amplificada principalmente aos
finais de semana, utilizando a simulação com as cargas de domingo, foi realizada a
simulação no domínio da frequência.
Para se obter a frequência natural da rede simulada no ATPDraw, foi
conectada na rede simulada uma fonte de corrente de 1 [A], e tanto a fonte e os fornos
de indução foram desligados. Adicionalmente foi incluída uma medição de tensão
resultante neste ponto.
Através da Equação 5 é possível entender o significado da tensão medida neste
ponto no domínio da frequência. Considerando que os capacitores possuem reatância
igual a -1/wC e a rede possui reatância igual a wL, em determinadas frequências os
componentes XL e XC serão iguais, e a impedância do circuito equivalente será
puramente resistiva, obtendo correntes eficazes muitas vezes maiores que as correntes
em regime, causando o efeito de ressonância.
Assim, na Equação 5, quando a reatância capacitiva for igual a reatância
indutiva, o denominador irá-se igualar a zero, e a resposta da função irá tender ao
infinito.
X C
X L
V R I
X L
X C

Equação 5: Simulação no domínio da frequência.

79
É um método prático de simular no ATPDraw as frequências em que a rede irá
entrar em ressonância.
A Figura 49 mostra a simulação no domínio da frequência do alimentador ITC-
04 com a carga de domingo, com a fonte de corrente de 1 [A] em destaque com
círculo vermelho.

Figura 49: Alimentador ITC-04 simulado no ATPDraw no domínio da frequência.

250
[V]

200

150

100

50

0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
domnat01.pl4: v:X0082A-
5° v:X0101A-
7° v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0051A-

Figura 50: Simulação no domínio da frequência da rede ITC-04 com as manobras realizadas nos
bancos de capacitores

80
Pela Figura 50, pode-se afirmar que a simulação realizada no ATP apresenta
ótima aproximação com a realidade porque os resultados da simulação mostraram o
mesmo comportamento das medições realizadas em campo.
O próximo passo foi simular a frequência natural em diferentes configurações,
identificando em qual delas as componentes harmônicas não foram amplificadas,
resolvendo o problema de ressonância harmônica.
O gráfico da Figura 51 mostra os resultados mais significativos das simulações
realizadas através do ATPDraw.
As configurações testadas foram:
1) Um banco de capacitores de 1800 kVAr instalado no PAC da fundição FA e
demais bancos removidos (em vermelho);
2) Um banco de capacitores de 900 kVAr instalado próximo do BC-1 e demais
bancos removidos (em preto);
3) 300 kVAr ligados no BC-2 (em verde); e,
4) Adicionar mais 900 kVAr no BC-2 (em azul).

250
[V]
200

150

100

50

0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
DomNAT03.pl4: v:X0024A-
5° 7°
domnat02.pl4: v:X0158A-
domnat01.pl4: v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0069A-
Figura 51: Gráficos da frequência natural, utilizando banco de capacitores realocáveis e
alternativas para reconfiguração do alimentador ITC-04.

Observando os resultados das simulações apresentadas na Figura 51, percebe-


se que nas frequências de 300 [Hz] e 420 [Hz], ou seja, 5o e 7o harmônico, a curva

81
com melhor amplificação de tensão foi a curva em preto, através da instalação de mais
um banco de capacitores de 900 kVAr no mesmo ponto em que o BC-1 está instalado.

5.5 ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES


A instalação de um banco de capacitores próximo a outro banco existente, traz
a tona um outro fenômeno transitório, a corrente de inrush pelo efeito back to back
entre os bancos [28].
Também no presente trabalho, os resultados das simulações acima foram
comparados com a metodologia usual na CPFL, um trabalho originado do antigo
CODI RTD 22.03 Diretrizes para Proteção Contra Sobrecorrentes em Bancos de
Capacitores de Redes de Distribuição [41].
A operação dos bancos de capacitores é realizada com chaves trifásicas, porém
o trabalho também analisou a possibilidade de realizar as operações sincronizadas, isto
é, operar os bancos com chaves tiristorizadas. Apesar de serem objetos de um outro
projeto de pesquisa.
A primeira simulação no ATPDraw foi o alimentador ITC-04 na configuração
original, nessa configuração tanto nos dias úteis ou nos domingos a operação
apresenta as correntes de inrush dentro dos valores admissíveis. No pior caso tem a
corrente de inrush máxima de 700 ampéres que pode ser observada na Figura 52 a
seguir.
600

[A]

400

200

-200

-400

-600
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DutilCrg.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

Figura 52: Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2 no tempo 0,5s; e
BC-3 em 0,75s.

82
Para verificar os efeitos da melhor configuração do ponto de vista de mitigar a
ressonância harmônica, foi simulado o BC-2 desligado e BC-3 de 900 kVAr realocado
no mesmo ponto do BC-1, e a energização dos dois bancos foi simulada. A corrente
de inrush dos bancos BC-1 e BC-3 atingiu valores próximos a 8.000 A, confome a
Figura 53 a seguir. Caso fosse realizada a conexão nesta configuração, a corrente
inrush iria danificar os bancos de capacitores e outros equipamentos na rede.
Essa situação era esperada, visto que as correntes de energização de bancos de
capacitores são agravadas quando o chaveamento de um banco de capacitores ocorre
próximo a outro banco de capacitores já energizado, chegando a amplitudes superiores
a quiloamperes, efeito conhecido como back-to-back [28].
8000
[A]
6000

4000

2000

-2000

-4000

-6000

-8000
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

Figura 53: BC-3 no mesmo ponto da BC-1, a corrente de Inrush atinge 8000 amperes.

Para este mesmo caso a corrente na fonte apresentou os valores da ordem de


grandeza semelhantes aos iniciais, vide Figura 54. Demonstrando que o fenômeno
back-to-back ocorre somente entre os dois bancos de capacitores.

83
700

[A]

440

180

-80

-340

-600
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DDom001.pl4; x-var t) c:B1A -B2A c:B1B -B2B c:B1C -B2C

Figura 54: Corrente na fonte, não altera com operação de BCs.

Com objetivo de reduzir os efeitos de back to back, o ponto de conexão do BC-


3 foi afastado ao longo do alimentador gradativamente do BC-1. O primeiro passo foi
afastando de 83 metros do BC-1, pois era a primeira alteração da bitola do cabo. Os
passos seguintes simulados foram de 100 em 100 metros, e em cada passo foi
verificado qual seria o a corrente de inrush da energização dos bancos de capacitores,
até que se encontrasse um nível aceitável de corrente.
Concluiu-se que o ponto de conexão aceitável em termos de corrente de inrush
seria a 483 metros do BC-1 (sendo 83 metros de cabo Al477 e 400 metros de Al336).
Apresenta-se a seguir os resultados na Figura 56, onde pode ser verificado que
a corrente do inrush atinge 1293 A, valor muito abaixo dos 8.000 A encontrado na
primeira simulação.

84
Figura 55: BC-3 localizada à 483 m do BC-1.

1500
[A]
1000

500

-500

-1000

-1500
0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 [s] 0,86
(file DDom004.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

Figura 56: Corrente de Inrush no BC-1, com a operação do BC-3 distante 483 metros.

Para comprovar a validade deste estudo, foi realizada uma avaliação pelo
método tradicional baseada na Recomendação Técnica da Distribuição CODI 22.03.

A seguir é apresentada a Figura 57 com o diagrama unifilar dos bancos de


capacitores considerados.

85
Barra L4 L5
da SE

L1 L2 L3

BC 1 BC 2 BC 3

Obs.: L1, L2 e L3 = 0,006 mH


L4 e L5 indutâncias de linha entre os BCs
L4 – planilha ZBC 1_2
L5 – planilha ZBC 2_3

Figura 57: Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores considerados para
estimação de corrente de inrush.

Na figura acima foi considerado apenas o BC-1 igual a 900 kVAr e BC-2 igual
a 900 kVAr conectados à rede.
Nota: A denominação BC-1 e BC-2 da Fig. 45 é proveniente da planilha de cálculo da
avaliação tradicional.

AVALIAÇÃO DA CORRENTE DE INRUSH DEVIDO À ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES

Corrente Barra
Corrente Corrente Corrente Avaliação do da SE
de Curto Tensão Potência Código Elo
Situação Nominal Inrush Limite Tempo
3F
L1
A kV kvar A Usado A A
Energização de 1
BC isolado
3242 13,8 900 900/13,8 43,30 40 K 528,29 1326,00 OK BC 1

BC 1 BC 2 L 1-2 Leq Obs.: L1, L2 e L3 = 0,00


L4 e L5 indutâncias de l
I1 - I2 - Indutância
Corrente Corrente Avaliação do L4 – planilha ZBC 1_2
Potência Corrente Potência Código Corrente Elo entre os
Situação Inrush Limite Tempo L5 – planilha ZBC 2_3
Nominal Nominal BCs
kvar A kvar A Usado micro Henry A A
Energização do
BC 2 com BC 1 900 43,30 900 900/13,8 43,30 40 K 513,80 525,80 1316,91 1326,00 OK
ligado

Figura 58: Simulação tradicional da corrente de inrush, para dois bancos distantes 483 metros.

Na avaliação tradicional, a corrente de inrush estimada é de 1.315 [A].


Diferença apenas de 20 [A] com relação ao valor simulado no ATP Draw o que
evidencia novamente que o modelo desta rede de distribuição simulado no ATP
coerentes está bem próximo ao real.

86
Após certificar que os bancos de capacitores poderiam ser operados sem
restrições com relação à corrente de inrush, o próximo passo foi verificar se com essa
nova configuração proposta, o alimentador continuaria em regime de ressonância ou a
frequência natural da rede estava fora da sintonia.
Aplicando esta nova configuração no ATPDraw, foi simulada a nova
frequência natural do alimentador. O resultado é demonstrado na Figura 59, as
marcações com o “x”em vermelho indicam os pontos de cruzamento dos harmônicos
de 5ª e 7ª ordem com a frequência natural da rede original.
Percebe-se que a configuração proposta, considerando os efeitos back-to-back
entre bancos de capacitores (curva verde), apesar de não ser a solução ideal (curva
vermelha) apresenta redução significativa na amplificação dos harmônicos de 5ª e 7ª
ordem presentes nesta rede. A curva em azul também apresenta bom resultado, porém
é desfavorável com relação à correção de fator de potência.

5° 7°

Rede proposta BC-1 900kVAR e BC 900kVAR afastado em 483m


900 kVAr em BC-1
1.800 kVAR em BC-1

Figura 59: Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no ponto 483 m distante.
Em verde a freqüência natural do alimentador, visto da barra do cliente com carga
perturbadora.

A freqüência natural da configuração proposta está dentro dos níveis


aceitáveis, bastante inferiores ao da configuração de inicial, resolvendo o problema de

87
distorções harmônicas de tensão e não causando outros problemas como danificação
de equipamentos por excesso de corrente de inrush durante a energização.
Um método conhecido de eliminação da sobretensão e as elevadas correntes de
inrush é o fechamento das chaves no instante em que houver uma diferença de tensão
igual a zero entre os contatos [32], sendo que a melhor forma de conseguir esse efeito
é através da utilização de chaves sincronizadas ou por controle utilizando tiristores
[33].
Para comprovar as teorias anteriores, para esta mesma configuração, foi
simulada a operação utilizando as chaves sincronizadas, pode ser verificado na Figura
60 que a utilização das chaves sincronizadas reduzem as correntes de inrush para
valores próximos a 110 ampères.
150
[A]
100

50

-50

-100

-150
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file SDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

Figura 60: Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam próximos a corrente
nominais dos bancos.

O chaveamento dos bancos de capacitores utilizando-se de chaves


tiristorizadas ou sincronizadas opera com maior eficiência em reduzir as elevadas
correntes de inrush, possibilitando a instalação do banco de capacitores na posição
ideal do ponto de vista de redução das amplificações dos harmônicos. Apesar de ser a
melhor solução do ponto de vista técnico, a utilização dessa tecnologia esbarra no
quesito comercial.
Neste trabalho sugere-se para futuros trabalhos o desenvolvimento dessa
tecnologia de forma acessível para utilização nas distribuidoras, visto que atualmente
o preço das chaves sincronizadas é inacessível quando comparadas com o preço das
chaves comuns.

88
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES
Através deste trabalho foi possível estudar soluções técnicas para o problema
de ressonância harmônica em bancos de capacitores através da simulação da
frequência natural da rede utilizando o ATP Draw como ferramenta de simulação.
Os resultados das simulações foram comparados com os valores medidos
apresentando boa aproximação, desta forma, foi confirmado que a frequência natural
do alimentador estava próxima das frequências dos harmônicos presentes na rede,
provocando o fenômeno de amplificação dos harmônicos.
Através da simulação de várias configurações alternativas para instalação de
bancos de capacitores, foi identificado que a alteração do posicionamento dos bancos
de capacitores altera a frequência natural da rede e que, portanto, uma rede pode ser
dessintonizada da frequência de ressonância.
Uma solução possível seria desconectar os bancos de capacitores BC-1 e BC-3
aos domingos. Porém esta alternativa foi descartada, pois no período o fator de
potência fica abaixo dos limites estabelecidos pela agência reguladora.
Para esta rede em estudo, a melhor alternativa em termos de ressonância
harmônica foi a instalação de um banco de capacitor realocável adicional com
capacidade nominal de 900 kVAr com o BC-1 e removendo os demais bancos de
capacitores.
As simulações mostraram que a melhor solução do ponto de vista de redução
de ressonância harmônica, deveria ser instalado próximo de outro banco de
capacitores já instalado, porém analisando os valores de correntes de inrush
amplificadas pelo efeito back-to-back chegou-se a conclusão que a corrente seria
maior que oito mil quiloamperes, o que provavelmente danificaria os equipamentos.
Portanto o processo da escolha do ponto de conexão de um novo banco de
capacitores deve sempre incluir o fenômeno back to back.
A realização de uma série de simulações no ATPDraw, avaliando do ponto de
vista da redução da corrente de inrush mostrou que o banco de capacitores de
900kVAr pode ser conectado a uma distância de 483 metros do BC-1;
Após a realização de nova simulação da frequência natural da rede, utilizando
o ATPDraw, verificou que a proposta de instalação de outro banco de capacitores a

89
483 metros do BC-1, apresenta boa resposta no domínio da frequência com relação
aos harmônicos de 5ª e 7ª ordem presentes na rede.
O chaveamento dos bancos de capacitores utilizando-se de chave tiristorizada
ou sincronizadas pode operar com maior eficiência em reduzir as elevadas correntes
de inrush, possibilitando a instalação do banco de capacitor na posição ideal do ponto
de vista de redução das amplificações dos harmônicos, porém a distribuidora precisa
realizar um investimento elevado na aquisição desse tipo de chave.
Tendo em vista que os problemas relacionados com a ressonância harmônica
em banco de capacitores na rede de distribuição estão se tornando cada vez mais
frequentes, este trabalho pode ser utilizado para mostrar algumas das consequências
negativas deste problema, assim como possíveis soluções.
Através deste trabalho foi possível identificar uma metodologia para solução
de problema de ressonância harmônica em bancos de capacitores, através de
realocação dos bancos de capacitores. A vantagem foi que não foi necessário desligar
os bancos de capacitores e nem utilizar filtros harmônicos onerosos.
Recomenda-se para futuros trabalhos, proporcionar o desenvolvimento de
chaves tiristorizada para operação sincronizada dos bancos de capacitores com preços
competitivos.

90
REFERÊNCIAS

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91
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Cuiabá-MT, 2011.

94
APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO NO T&D LATIN AMERICA
2010

Technical Solutions for Harmonic Resonance at MV:


Relocatable Capacitor Bank Technique.
G. M. Minamizaki (CPFL); S. U. Ahn (CPFL) G. L. Torres (Unifei);
L. E. Borges (Unifei); N. C. Jesus (GSI).
requested a load increase for another 300 kW induction
Abstract--Capacitor banks are installed to compensate the furnace.
reactive energy demanded by the local loads or feeder reactance, The power quality measurement at the PCC - Point of
in order to adequate the voltage and technical losses. Although Common Coupling identified that on weekdays, voltage
those benefits of installing capacitor banks in feeders are harmonic distortion levels were just under the limits, but on
incontestable, the engineers should consider the harmonic
weekends, the limits exceeded when non-linear loads were
resonance effects and the possibility of this resonance to increase
the voltage distortion to levels above of the acceptable limits. In out. On Sundays, when the furnaces were out operation, it
fact, the problems related to harmonics are spreading on MV was measured high harmonic distortion. The analysis
systems due to the increasing quantity of disturbing loads. This provides strong evidence that the harmonic resonance
work presents one case under survey at CPFL Paulista, where a phenomenon was occurring in this feeder [1-3].
feeder supplies several non-linear loads in two plants and three In addition, no complaints were registered, despite this
automatic capacitor banks. disturbance can affect negatively other consumers.
On weekdays, the harmonic voltage distortion levels were lower This work proposes three different approaches to solving
than the limits, but on the weekends, the limits exceeded, when the problem of harmonic distortion, using the ATPDraw as
most of non-linear loads were disconnected. At first analysis, there
a simulation tool. The first approach is to relocate capacitor
was a possibility of the consumer loads are operating as passive
filters to the feeder. However, after the analysis of measurements banks using of Relocatable Capacitor Banks techniques.
and of the capacitor banks operations, it was possible to conclude This is a product of a R&D program at CPFL, with
that the feeder has resonance conditions due to the power factor technology called Plug-and-Play capacitor banks. The
correction of the capacitor banks. second one is to reconfigure the existing reactive power
The paper presents three different approaches for solving the capacitor banks on detuned frequency. Finally, is to switch-
harmonic resonance problems, using the ATPDraw as a tool of off the capacitor banks on weekends using automatic time
simulation, and then recommendations for practical applications. controllers. [4]
The first one is to replace the capacitor bank in the same feeder,
with relocatable capacitor bank technique; second, to reconfigure
II. CAPACITOR BANK AND RESONANCE
existing capacitor banks with a detuned reactive power, and the
last one is to switch off the capacitor bank on the weekend when
the non-linear loads are out, by automatic controller. Capacitor banks bring several benefits to the system,
however, installing without any detailed analysis, may
Keywords - Distribution Troubleshooting; Harmonic Resonance; cause harmonic disturbance. It will depend on the
Induction Furnace; Natural Frequency; Power Factor; characteristics of non-linear loads connected, operation of
Relocatable Capacitor Bank; Voltage Harmonic Distortion. the feeder and a natural frequency of the feeder.
When the capacitance and inductive reactance are equals,
I. INTRODUCTION the reactance factor is minimized and the impedance
I NSTALLATION of capacitor banks for power factor
correction in a distribution network is generally estimated by
becomes purely resistive.
A feeder goes into resonance region for a particular
frequency, called harmonic resonance frequency, when the
economic and technical benefits, indeed the analysis of the system will oscillate in maximum amplitude. Being Xl =
effects of harmonic resonance are usually not considered. Xc, we have:
Despite the benefits offered by the installation of capacitor
banks along the network, the harmonic resonance should be
considered. The problems related to harmonics have increased 1 2 1 1
wL w w 1
in the MV due to the spreading of disturbing loads. wC LC LC
Based on this problem, the objective of this paper is to present Where, w is Resonance Frequency.
the study case of the feeder from distribution substation
Itacolomi (ITC) of the utility company CPFL Paulista, and to III. DISTRIBUTION NETWORK
propose a set of technical solutions, which supplies non-linear
loads (compounded of induction furnaces and three capacitor The substation in study is called Itacolomi (ITC) and the
banks). In addition, in this feeder, one of the consumers feeder is ITC-04. The nominal voltage of the feeder is 13.8
kV and it has 49.8 km long. The main branch has 12.7 km

95
and the secondary branches have 37.1 km. The feeder schema When any consumer requests a connection of a potentially
is shown in figure 1. disturbing load, CPFL demands from this consumer, a
report called RISE – Report of Impact in Electrical System;
it is a study of electrical power quality impact at PCC. In
order to build the report, it is installed a power quality
meter at PCC of Foundry A, in the period from 09/08/09 to
09/23/09, whose results will be presented below.

V. MEASUREMENT

Strategies of measuring were planned for the best goal


reaching process. The PQ team installed two PQ meter at
PCC of each foundries and another three PQ meter for MV
along feeder: First, in the initial pole from substation,
second between capacitor banks, and last one between two
foundries. It was chosen after analysis of the measurements
at PCC in order to demonstrate that the harmonic resonance
Figure 1 - Feeder ITC-04 - Diagram was caused by capacitor banks. The measurements last for
thirty days in which the capacitor banks were initially all
A. Main Loads. on. Each week, they turned off one capacitor bank, one by
Feeder ITC-04 supplies some disturbing loads mainly one, until every capacitor bank became off. Measurements
compounded of induction furnaces for melting and three were installed as the schematic diagram shown below in
capacitor banks along the feeder of the substation. figure 2.
According to the 2009 database, the feeder has 4,101 clients
assisted by 229 distribution transformers, where 99 are
consumers owned cabins and transformers and 130 belonged to
the utility.
Among those clients, the main loads are:
Foundry B with 2200 kVA;
Automotive Company with 1500 kVA;
Foundry FA with 450 kVA.
Last year (2009), FA requested a load increase from 450kVA
to 810 kVA, for connection of an additional 300 kW induction
furnace. The furnace was connected through two windings
transformer 350 kVA - 13.8/0.38 kV.

B. Capacitor Banks
Along the feeder ITC-04, there are three capacitor banks
Figure 2 - Diagram of the measurement points
installed as shown figure 1. installed alongside the feeder ITC-04.
CB-1: nominal capacity of 900 kVAr – It was a current
controlled bank, due to its failure, it was substituted by A. Power Quality meter installation
fixed one; The installation of the PQ meter at Substation
CB-2: nominal capacity of 300 kVAr - automatic current (Measurement 1), at PCC of the Foundry FA, at PCC of the
control; and Foundry FB, and at the one between foundries
CB-3: nominal capacity of 900 kVAr - controlled by (Measurement 3) occurred on January 21 st. The installation
reactive compensation.[5; 6] of the PQ meter between capacitor banks (Measurement 2)
was installed on February 8th, 2010. All measurements were
IV. RESONANCE ANALYSIS collected on the same day, on February 18, 2010.

Foundry FA requested a load increase for installing another B. Measurement during capacitor banks operations
300 kW furnace, which is a potentially disturbing load. During the period of measurements in the feeder ITC-04,
The characteristics of the new load are presented below: capacitor banks were turned off, each one in a following
Transformer capacity: 350 kVA; primary voltage: 13,800 day as below:
[V]; secondary voltage: 380/220 [V]; Impedance • January 28, 2010 - Turned off CB-3;
percentage: 3.5%; Connection: Delta – Star neutral • February 05, 2010 - Turned off CB-1;
grounded; grounding Type: Solidly grounded. • February 12, 2010 - Turned off CB-2.
Induction furnace: nominal power: 300 [kW]; voltage:
380 [V]; power factor: 0.96. This operative configuration was kept for another 6 days.

96
C. Analysis of PQ Measurement at Substation The table I presents four periods, being:
The following figure shows measurements of the beginning of 1. The first period (1 P) with all banks are connected;
feeder (first pole from Substation). The arrows indicated the 2. The second period (2 P) with the CB-3 off;
days in which the capacitors were operated. 3. The third period (3 P) with the CB-3 and the CB-1
disconnected and;
4. Finally the fourth period (4 P) with all banks off.
We can verify that the averages and peak values of
harmonic distortion reduced significantly after the
shutdown of the CB-1. The effect of shutting down the CB-
3 was not significant to reduce the harmonic distortion.

TABLE I
CURRENT AND VOLTAGE HARMONIC DISTORTION DIVIDED IN PERIODS
OF THE PHASES A, B AND C
THD Voltage (%) THD Current (%)
Period Average Maximum Average Maximum
01/21 to 01/28 2.05 3.9 5.78 15.8
01/28 to 02/05 2.06 4.4 5.40 13.7
02/05 to 02/12 1.81 3.00 3.98 8.40
02/12 to 02/18 1.78 2.9 4.99 9.10

Figure 3 - Measurement of Active, Reactive Power and power factor of


Itacolomi during the capacitor banks operations. Referring to the substation voltage, the figure 5 shows the
voltage distribution histogram in the period of 01/21 and
The impacts of capacitor banks operations are visually 02/18, which 99.9% of the measures were in appropriate
perceptible. The reactive power and active power change level for phase A and 99.8% for phases B and C. Only the
slightly, but the power factor decreases below the limits, i.e. higher voltage limit, i.e. above 1.050 p.u., was exceeded
below 0.92. Before shutdown CB-1, the power factor on with maximum values for phase A 1.060 p.u. (0.08% of the
weekends is around 100%. The operation of the CB-3 had little sample), 1.078 p.u. for phase B (0.21% of sample) and
or no effect, which represents strong evidence that the 1.075 p.u. for phase C (0.24% of sample).
automatic capacitor bank is underused, i.e. usually remains off The average of voltages is 1.001 p.u. for phase A, 1.007
because it is defective or the reactive power of the network for p.u. for phase B and 1.007 p.u. for phase C, besides
incoming database capacitor is not being achieved. observing the histogram of the distribution of voltage of the
With the preliminary analysis, it was possible to conclude that substation output the voltage at all phases were
turning off those banks is not a solution, because it will cause concentrated around the central value. Therefore, the supply
unacceptable low power factor on weekdays. However, on voltage presented adequate levels.
weekends, when most of the commercial and industrial loads
are disconnected, it can be one of the technical solutions.
Figure 4 presents THD at the feeder, current (red) and voltage
(blue) and PF (green) in the same period.
Also it can be noticed that the major THD distortions occurs on
weekends, mainly on Sundays on January 24th, January 31st,
February 07th and February 14th. Turning off capacitor banks
reduce THD Voltage levels under 3%, meanwhile, current
THD has been reduced but to the values close to 9% on
weekends.

Figure 5 - Distribution histogram of substation voltage.

VI. NETWORK SIMULATIONS USING ATP

ATP is considered the most widely used program for digital


simulation of transient phenomena of electromagnetic, as
well as electromechanical nature in electric power systems.
It has been continuously developed through international
contributions. In this work, we used the ATP program to
calculate the frequency response through the ATPDraw
Figure 4 - Measurement of voltage, current harmonic distortion and the interface. [7]
power factor of Itacolomi during the capacitor banks operations.

97
The feeder ITC-04 represented in the ATPDraw program is When all the three capacitor banks are switched off, there is
shown in the figure 6. It is represented with the loads, capacitor no resonance effect in this feeder as is shown (in blue) at
banks and all the electrical characteristics of the feeder. figure 7.
On the other hand, the power factor on Sundays will reduce
to 0.82, this value is under the limits allowed to the
company feeder. Therefore, this solution should be
discarded.

B. Reconfigure existing capacitor banks with a detuned


one.
In this proposal were simulated many different
configurations with ATPDraw, identifying which
configuration represents reactive power to detuning the
resonance between the network and the loads.
The configurations tested were:
1. A capacitor bank of 1800kVAr installed at the PCC of
Figure 6 - Feeder ITC-04 represented at ATPDraw. the foundry FA and the other banks removed;
2. A capacitor bank of 1800kVAr installed replacing the
The harmonic resonance phenomenon was occurring mainly on CB-1 and the other banks removed;
Sundays, and the loads simulated at ATP were the loads 3. Only 300 kVAr turned on at CB-2, and;
measured on Sundays. Thus, the simulation at ATP presented a 4. Finally adding 900 kVAr at CB-2.
good approach compared to the measurement collected because Each configuration results in a particular natural frequency
the results of the simulation showed the same behavior. curve, then after a new simulation with ATP, is possible to
The next step was to simulate the natural frequency in four discover which configuration do not amplifies in high
different configurations. levels the 5th and 7th harmonics presented in this network.
The results of the simulation are shown in the figure 7: in red
all three capacitor banks on, i.e., CB-1, CB-2 and CB-3 are C. Relocatable Capacitor Banks techniques
turned on; in black the CB-1 and CB-2 are turned on and CB-3 Using technical solution of Relocatable Capacitor Banks
is turned off; in green only the BC-2 is turned on; and, in blue has the advantage of installing in any type of pole in the
all the capacitor banks are turned off. feeder. This new installing gear, similar to a “Plug-and-
From this graph is possible to realize that the natural resonance Play” device, is a product of a R&D program at CPFL. In
frequency presented high levels impulse on fifth and seventh approximately 30 minutes can be installed or uninstalled,
harmonics, when all the capacitor banks are turned on. without operating the feeder. This flexibility allows that
Moreover, using other configuration the effects of the in the 5 th capacitor banks be installed for measuring tests, with easy
and 7th harmonics can be reduced. relocation of capacitor banks, or change its capacitance.
Finally, this solution will be analyzed by a new simulation
250 using ATPDraw, in which the harmonic components will
[V] not be amplified, solving the problem of harmonic
200
resonance.

VIII. SOLUTIONS ANALYSIS


150 Using the ATPDraw as a tool to identify the best
alternative, many options were studied. In the graph in the
100 figure 8, the most significant results of the simulation were
presented.
The configurations simulated were:
50
1. (in red) a capacitor bank of 1800kVAr installed at the
PCC of the foundry FA and the other banks removed;
0 2. (in black) a capacitor bank of 1800kVAr installed
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
domnat01.pl4: v:X0082A- v:X0101A- v:X0120A- replacing the CB-1 and the other banks removed;
giloucu02.pl4: v:X0051A- 3. (in green) only 300 kVAr is connected at CB-2, and
` finally;
Figure 7 - Comparative graphic of the natural frequency. 4. (in blue) adding 900 kVAr at CB-2.
VII. PROPOSED SOLUTIONS

For this work, it was proposed three possible solutions to


mitigate the problem of resonance, decoupling the natural
resonance frequency of the network and the loads.

A. Operating the capacitor banks on weekdays.

98
Perdas Técnicas na rede de Distribuição e
250
Transmissão da Companhia Paulista de Força e
[V]
Luz”, Monografia para Especialização,
200 Universidade Federal de Itajubá, 2008.
[5] Cook, R. F. (1959). “Analysis of capacitor
150 application as affected by load cycle”, AIEE
Transactions pt. III 78: 950–957.
100
[6] Gallego, R. A., Monticelli, A. J., Romero, R.(
2001). “Optimal Capacitor Placement in Radial
50 Distribution Networks”, IEEE Transactions On
Power Systems, 16(4): 630–637.
0 [7] Mayagüez, P.R. “ATP Quick Guide”, Electric
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
DomNAT03.pl4: v:X0024A-
Power Engineering Group. June 18,2002.
domnat02.pl4: v:X0158A-
domnat01.pl4: v:X0120A-
Figure 8 - Graphics
giloucu02.pl4: v:X0069A- of feeder natural frequency, using relocatable
capacitor banks and the alternatives to reconfigure.

IX. CONCLUSIONS E RECOMMENDATIONS

In this work was possible to study technical solution to the


problem of resonance in capacitor banks through the simulation
of the natural frequency of the network in ATP Draw,
confirmed with field measurements.
Since, the simulations and the measurements confirmed that the
natural frequency of the feeder was close to harmonic
resonance.
By simulating of various alternative configurations of installing
capacitor banks, it was identified that the network can be
detuned with the load.
The best alternative in terms of resonance is the installation of
an additional relocatable capacitor bank with nominal capacity
of 900kVAr with the CB-1 and removing the others capacitor
banks. Another solution is to disconnect the capacitor banks
CB-1 and CB-3 on Sundays. The previous alternative is not the
best, but it is the most practical.
To the following studies, the power factor influence should be
better researched, in order to maintain the current limits.
However, the propose of this work is solving a harmonic
resonance problem with fast and practical solutions.

X. REFERENCES

[1] McGranaghan, M., Peele, S., Murray, D., “Solving


Harmonic Resonance Problems on the Medium
Voltage System”, CIRED 2007.
[2] R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso, H. W.
Beaty, “Electrical Power System Quality”, McGraw-
Hill, 2nd edition, 2004.
[3] Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P.,
Deckmann, S., Aoki, A. R., Godói, A. A., Garcia, F.
R., “Alocação de Capacitores em Redes de
Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de
Ressonância”, VIII Congresso Brasileiro de Qualidade
de Energia Elétrica, 2009.
[4] Minamizaki, M. G., “Análise da Influência e
Otimização da Carga Reativa Aplicadas à Redução

99
APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO NO CBQEE 2011

Solução Técnica para Ressonância


Harmônica e Energização de Capacitores
Gislaine Midori Minamizaki e Se Un Ahn
CPFL: Rod. Campinas Mogi Mirim, km 2,5 – Campinas - SP

Luiz Eduardo Borges e Germano Lambert-Torres


Universidade Federal de Itajubá: Av. BPS, 1303 – Itajubá - MG

1
Resumo Este trabalho apresenta um caso de estudo análises mostraram fortes evidências que o fenômeno de
realizado na CPFL Paulista, onde em um alimentador a ressonância harmônica estava ocorrendo neste alimentador
distorção harmônica está dentro dos limites permitidos em dias [1]-[3].
úteis, porém nos finais de semana, quando a maioria das cargas Este trabalho, propõe soluções técnicas para resolver este
não lineares está desligada, os níveis de distorção harmônica problema de distorção harmônica, utilizando o ATPDraw
extrapolam os limites. Após análises de medição e operação dos
como uma ferramenta da simulação. A primeira solução é
bancos de capacitores, foi possível concluir que este alimentador
apresentava características de ressonância harmônica com os realocar os bancos de capacitores utilizando a técnica de
bancos de capacitores. Assim, neste artigo é apresentado três bancos de capacitores realocáveis que é um produto de P&D
diferentes abordagens práticas, e para definição da alternativa da CPFL que utiliza a tecnologia de plug and play. A
de solução do problema, utilizou-se o ATPDraw como segunda solução é alterar a potência reativa dos bancos de
ferramenta de simulação. Finalmente, foram realizadas análises capacitores já existentes em uma frequência não-sintonizada.
dos transitórios causados pela energização de bancos de Finalmente, a última solução é desligar os bancos de
capacitores próximos (back to back) e da possibilidade de capacitores aos finais de semana utilizando controladores
realizar as operações com chaves tiristorizadas sincronizadas. temporizados automáticos [4].
Palavras-chave Ressonância Harmônica, Fornos de Indução,
Frequência Natural; Fator de Potência; Bancos de Capacitores
II. BANCOS DE CAPACITORES E RESSONÂNCIA
Realocáveis; Distorção Harmônica de Tensão; Back to back.
Apesar dos benefícios que bancos de capacitores trazem à
I. INTRODUÇÃO rede, a sua instalação sem nenhuma análise detalhada pode
causar distúrbios harmônicos, dependendo das características
Os problemas relacionados aos harmônicos têm crescido das cargas não-lineares conectadas, do modelo operativo do
na média tensão devido ao aumento das cargas não-lineares. alimentador e a frequência natural do alimentador.
A instalação de bancos de capacitores na rede de distribuição Quando o reativo indutivo é igual ao capacitivo, a reatância
apresenta diversos benefícios, porém as análises relacionadas é reduzida de forma que a impedância se torna puramente
aos efeitos da ressonância harmônica são geralmente resistiva.
desconsideradas, o que pode causar problemas na qualidade Um alimentador entra na região de ressonância para uma
de fornecimento de energia elétrica. determinada frequência, a frequência de ressonância, onde o
Baseado neste problema, o objetivo deste trabalho é sistema irá oscilar na máxima amplitude. Sendo Xl = Xc,
apresentar um estudo de caso em um alimentador da temos que:
subestação Itacolomi (ITC) da distribuidora CPFL Paulista
que alimenta diversas cargas não lineares como fornos de 1 2 1 1
indução e três bancos de capacitores. Neste alimentador, um wL w w 1
dos consumidores solicitou um aumento de carga de 300 kW wC LC LC
para instalação de outro forno de indução.
As medições de QEE no PAC – Ponto de Acoplamento Onde, ohmega é a frequência de ressonância.
Comum – identificaram que em dias úteis, os níveis de
distorção harmônica de tensão ficavam abaixo dos limites III. REDE DE DISTRIBUIÇÃO
admissíveis. Por outro lado, aos finais de semana, quando a
maioria das cargas não lineares estava desligada, os níveis de A subestação estudada é chamada de Itacolomi (ITC) e o
distorção harmônica de tensão excediam os limites. As alimentador é o ITC-04 com tensão nominal de 13,8 kV e
possui 49,8 km de comprimento. O tronco principal possui
1
G. M. Minamizaki, gislaine@cpfl.com.br, Tel. +55-19-3756-8213, Fax 12,7 km e os ramais 37,1 km. O desenho esquemático do
+55-19-3756-8539; S.U. Ahn, seun@cpf.l.com.br, Tel. +55-19-3756-8140, alimentador é mostrado na Fig. 1.
Fax +55-19-3756-8539; L.E. Borges, l.borges@unifei.edu.gov.br, Tel. +55-
35 – 3629-1162
Este trabalho foi parcialmente financiado pela CPFL.
A)Bancos de Capacitores três medidores na média tensão ao longo do alimentador, um
Ao longo do alimentador ITC-04, existem três bancos de na saída da SE, um entre os dois primeiros bancos de
capacitores instalados conforme Fig.1. capacitores, e um entre as duas fundições.
1) CB-1: capacidade nominal de 900 kVAr – era um banco
As medições ficaram instaladas por aproximadamente trinta
controlado por corrente, porém devido a defeito, foi
dias, inicialmente com todos os bancos de capacitores
substituído por um banco fixo durante o ano de estudo;
ligados. A cada semana um banco era desligado, um a um,
2) CB-2: capacidade nominal de 300 kVAr – banco
até a última semana quando todos os bancos de capacitores
automático controlado por corrente; e,
estivessem desligados.
3) CB-3: capacidade nominal de 900 kVAr – banco
controlado por reativo. [5]-[6] O diagrama esquemático dos pontos de medição é mostrado
na Fig.2.

Fig. 1. Esquemático do alimentador ITC-04. Fig. 2. Ponto de medições instaladas ao longo do alimentador ITC-04.

B)Principais Cargas Conectadas no ITC-04 A) Datas de instalação


O alimentador ITC-04 supre algumas cargas não-lineares Todas as medições foram instaladas no dia 21/01/2010,
principalmente compostas por fornos de indução para exceto a medição da praça (entre bancos de capacitores) que
fundição e três bancos de capacitores distribuídos ao longo foi instalada no dia 08/02/2010.
deste alimentador. Todas as medições foram retiradas no dia 18/02/2010.
Em 2009, o alimentador possuía 4.101 clientes alimentados
por 229 transformadores de distribuição, onde 99 eram B) Operação dos bancos de Capacitores durante a medição
cabines particulares e 130 pertencentes à concessionária. Os bancos de capacitores foram desligados na seguinte
No final de 2009, a fundição FA solicitou um aumento de sequência:
carga, passando de 450 kVA para 810 kVA para a conexão • 28 de Janeiro de 2010 – Desligamento do BC-3;
de um forno de indução adicional de 300 kW que é uma • 05 de Fevereiro de 2010 – Desligamento do BC-1;
carga potencialmente perturbadora. O forno seria conectado • 12 de Fevereiro de 2010 – Desligamento do BC-2.
por um transformador de dois enrolamentos de 350 kVA – Esta configuração operativa foi mantida por mais seis dias.
13,8/ 0,38 kV.
Quando qualquer consumidor solicita a conexão de uma C) Análises das medições de QEE
carga potencialmente perturbadora, a CPFL exige que este A próxima figura apresenta as medições na saída da
consumidor forneça um relatório chamado RISE – Relatório subestação. As setas indicam os dias em que os capacitores
de Impacto no Sistema Elétrico; que é um estudo impacto na foram desligados.
QEE - Qualidade de Energia Elétrica no PAC. Com o
objetivo de confecção deste relatório, foi instalado um BC-2
medidor de QEE no PAC da fundição F A, no período de Desligado

08/09 a 23/09/09, cujos resultados mostraram valores bem BC-3


Desligado
BC-1
Desligado
mais elevados de distorção nos finais de semana.
Dada característica incomum desta medição, já que eram
esperados níveis baixos de distorção nos finais de semana,
novas medições foram instaladas de forma que o problema
fosse analisado de forma detalhada.

IV. ANÁLISE DE MEDIÇÃO dom dom dom dom

Fig. 3. Medições de potência ativa, reativa e fator de potência da saída da SE


Cinco medidores foram instalados em pontos estratégicos: Itacolomi durante a operação dos bancos de capacitores.
dois medidores de QEE no PAC de cada fundição e outros

101
A simulação demonstrou ser próximo ao modelo real, pois
A potência ativa e reativa variam pouco, porém o fator de os resultados de distorção foram próximos aos valores
potência reduz para baixo dos limites, isto é, abaixo de 0,92. medidos.
Através de uma análise preliminar, foi possível concluir que O próximo passo foi simular a frequência natural do
desligar os bancos de capacitores não é a solução ideal, sistema em quatro diferentes configurações, cujos resultados
porque irá causar inaceitáveis valores de fator de potência. estão demonstrados na Fig. 6 abaixo: em vermelho os três
A Fig.4 apresenta a DHT - Distorção Harmônica Total do bancos de capacitores ligados; em preto somente BC-3
alimentador em corrente (vermelho), tensão (azul) e F.P. desligado; em verde somente o BC-2 ligado; e, em azul todos
(verde) no mesmo período. Também é possível identificar os bancos de capacitores desligados.
que as maiores DHT ocorrem nos finais de semana,
principalmente aos domingos (24/01; 31/01; 07/02; e, 14/02). 250
O desligamento de todos os bancos de capacitores reduz os [V]
níveis de DHT de tensão abaixo dos 3%, enquanto isso, o
200
DHT de corrente reduziu de 15,8 % para valores próximos a
9% nos finais de semana.
150

100

BC-3
BC-2
50
Desligado BC-1
Desligado Desligado

0
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500
domnat01.pl4: v:X0082A- v:X0101A- v:X0120A-
giloucu02.pl4: v:X0051A-

dom dom dom dom


Fig. 6. Gráfico comparativo da frequência natural do sistema.
Fig. 4. Medições de distorção harmônica total de corrente e tensão e fator de
potência da saída da SE Itacolomi durante a operação dos bancos de
capacitores. Deste gráfico foi possível identificar que a frequência
natural de ressonância apresenta maior resposta no quinto e
sétimo harmônico, quando todos os bancos de capacitores
As análises de tensão demonstraram níveis adequados. estão ligados. Além disso, utilizando outra configuração, os
efeitos no 5° e 7° harmônicos podem ser reduzidos.
V. SIMULAÇÕES UTILIZANDO ATP DRAW
VI. SOLUÇÕES PROPOSTAS
O programa ATP é considerado o programa mais
amplamente usado para simulações de transitórios Neste trabalho, foram propostas três possíveis soluções para
eletromagnéticos [7]. Neste trabalho, o ATP foi utilizado para mitigar o problema de ressonância.
calcular a resposta em frequência através da interface A) Desligamento dos Bancos de Capacitores aos Domingos
ATPDraw. O alimentador ITC-04 representado no ATPDraw Quando todos os bancos de capacitores estão desligados,
está na Fig. 5. não há efeitos de ressonância, conforme pode ser verificada
na Fig.6 (em azul). Por outro lado, o fator de potência aos
domingos ficaria abaixo de 0,82. Portanto, esta solução foi
descartada.

B) Dessintonizar os bancos de capacitores existentes


Nesta proposta foram simuladas diversas alternativas de
configuração utilizando o ATPDraw.
Cada configuração resulta em uma curva frequência natural
específica, então após novas simulações foi possível
identificar qual configuração não amplifica em altos níveis de
5° e 7° harmônicos, devido ao menor efeito de ressonância
entre a rede e as cargas.
Fig. 5. Diagrama unifilar do alimentador ITC-04 com BCs representados
monofasicamente no ATPDraw. C) Técnica de Banco de Capacitores Realocáveis
A utilização da técnica de bancos de capacitores realocáveis
tem a vantagem da possibilidade de instalação em qualquer
A ressonância harmônica estava ocorrendo principalmente
poste do alimentador.
aos domingos, então, as cargas simuladas no ATP foram as
médias das cargas medidas aos domingos.

102
Este novo mecanismo de instalação, similar aos A operação dos BCs é realizada com as chaves trifásicas,
dispositivos “Plug-and-Play”, é um produto do programa de porém o trabalho também analisou a possibilidade de realizar
P&D da CPFL. Em aproximadamente 30 minutos é possível as operações sincronizadas, isto é, operar os bancos com
instalar ou desinstalar, sem a necessidade de desligar o chaves tiristorizadas, apesar de serem objetivos de um outro
alimentador. Esta flexibilidade permite que os bancos de projeto de pesquisa.
capacitores sejam instalados para testes de medição, com A primeira simulação no ATPDraw foi o alimentador ITC-
fácil realocação ou mudança de capacitância. 04 na configuração original, nessa configuração tanto nos
Finalmente, esta solução foi analisada por uma nova dias úteis ou nos domingos a operação apresenta as correntes
simulação, no qual as componentes harmônicas não foram de inrush dentro dos valores admissíveis. No pior caso tem-se
amplificadas, resolvendo o problema de ressonância a corrente de inrush máxima de 700 ampéres que pode ser
harmônica. observada na Fig. 8.

VII. ANÁLISE DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS 600

[A]

400
O gráfico da Fig.7 mostra os resultados mais significativos
das simulações realizadas através do ATPDraw.
200
As configurações testadas foram:
1) Um banco de capacitores de 1800 kVAr instalado no 0
PAC da fundição FA e demais bancos removidos (em
vermelho); -200

2) Um banco de capacitores de 1800 kVAr instalado no


lugar do BC-1 e demais bancos removidos (em preto); -400

3) 300 kVAr ligados no BC-2 (em verde); e,


4) Adicionar mais 900 kVAr no BC-2 (em azul). -600
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DutilCrg.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

250
[V] Fig.8. Operação de BCs original: Operação do BC-1 no tempo 0,25s, BC-2
no tempo 0,5s; e BC-3 em 0,75s.
200

150 Em função do trabalho de dessintonização, BC-2 foi


desligado e BC-3 foi conectado no mesmo ponto, e a
100
energização dos dois bancos foi simulada. A corrente de
inrush dos bancos BC1 e BC3 atingiu os valores próximos a
8000 A, conforme a Fig.9. Essa corrente iria danificar os
50
bancos de capacitores.
0 8000
0 300 600 900 1200 [Hz] 1500 [A]
DomNAT03.pl4: v:X0024A- 6000
domnat02.pl4: v:X0158A- 4000
domnat01.pl4: v:X0120A-
2000
giloucu02.pl4:
Fig. v:X0069A-
7. Gráficos da frequência natural, utilizando banco de capacitores
realocáveis e alternativas para reconfiguração do alimentador ITC-04 0

-2000

-4000
Observando os resultados, conclui-se que a melhor -6000
alternativa viável seria a instalação do BC-3 em um ponto -8000
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
próximo ao BC-1 existente. Esta manobra poderia (file DDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

dessintonizar os bancos de capacitores do alimentador e não Fig. 9. BC-3 no mesmo ponto da BC1, a corrente de Inrush atinge 8000
diminuir o fator de potencia do alimentador. amperes.

Para este mesmo caso a corrente na fonte apresentou os


VIII. ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES valores da ordem de grandeza semelhantes aos iniciais (vide
Fig. 10), demonstrando que o fenômeno back-to-back ocorre
A instalação de um banco de capacitores próximo a outro entre os dois banco de capacitores.
banco existente, traz à tona um outro fenômeno transitório, a
corrente de Inrush pelo efeito back to back entre os bancos.
Também no presente trabalho, os resultados das
simulações acima foram comparados com a metodologia
usual na CPFL, um trabalho originado do antigo CODI RTD
22.03 Diretrizes para Proteção Contra Sobrecorrentes em
Bancos de Capacitores de Redes de Distribuição [8].

103
700 1500

[A] [A]
1000
440

500

180 0

-500

-80
-1000

-1500
-340 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 [s] 0,86
(file DDom004.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C

Fig.13. Corrente de Inrush no BC1, com a operação do BC3 distante 483


-600 metros.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0
(file DDom001.pl4; x-var t) c:B1A -B2A c:B1B -B2B c:B1C -B2C

Fig.10. Corrente na fonte, não altera com operação de BCs.


Para comprovar a validade deste estudo, foi realizada uma
Para esta mesma configuração, foi simulada a operação avaliação pelo método tradicional baseada na Recomendação
utilizando as chaves sincronizadas, vide Fig.11. Técnica da Distribuição CODI 22.03.
A seguir é apresentada a Fig. 14 com o diagrama unifilar
150 dos bancos de capacitores considerados.
[A] Barra L4 L5
100 da SE
50
L1 L2 L3
0

-50 BC 1 BC 2 BC 3

-100
Obs.: L1, L2 e L3 = 0,006 mH
L4 e L5 indutâncias de linha entre os BCs
-150
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 [s] 1,0 L4 – planilha ZBC 1_2
(file SDom001.pl4; x-var t) c:BC1A -X0003A c:BC1B -X0003B c:BC1C -X0003C
L5 – planilha ZBC 2_3
Fig. 11. Operação das chaves sincronizadas, as corrente de Inrush, ficam
próximos a corrente nominais dos bancos. Fig. 14. Diagrama unifilar da rede de distribuição e bancos de capacitores
considerados para estimação de corrente de inrush.

Em função deste fenômeno, o ponto de conexão do BC-3


foi afastado gradativamente do BC-1, ao longo do Na figura acima foi considerado apenas o BC-1 e BC-2
alimentador, com o passo de 200 metros, com diagrama conectados à rede.
Nota: A denominação BC-1 e BC-2 da Fig. 14 é proveniente
ilustrado na Fig. 12. da planilha de cálculo da avaliação tradicional.

AVALIAÇÃO DA CORRENTE DE INRUSH DEVIDO À ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES

Corrente Barra
Corrente Corrente Corrente Avaliação do da SE
de Curto Tensão Potência Código Elo
Situação Nominal Inrush Limite Tempo
3F
L1
A kV kvar A Usado A A
Energização de 1
BC isolado
3242 13,8 900 900/13,8 43,30 40 K 528,29 1326,00 OK BC 1

BC 1 BC 2 L 1-2 Leq Obs.: L1, L2 e L3 = 0,00


L4 e L5 indutâncias de lin
I1 - I2 - Indutância
Corrente Corrente Avaliação do L4 – planilha ZBC 1_2
Potência Corrente Potência Código Corrente Elo entre os
Situação Inrush Limite Tempo L5 – planilha ZBC 2_3
Nominal Nominal BCs
kvar A kvar A Usado micro Henry A A
Energização do
BC 2 com BC 1 900 43,30 900 900/13,8 43,30 40 K 513,80 525,80 1316,91 1326,00 OK
ligado
Fig. 12. BC-3 localizada à 483 m do BC1 e BC2 está representado porem a
Fig. 15. A simulação da corrente de inrush, para dois bancos distantes 483
sua operação é retardada para esta analise.
metros.
Após várias simulações, concluiu-se que o ponto de
conexão aceitável em termos de corrente de inrush seria a
483 metros do BC1 (sendo 83 metros de cabo Al477 e 400 Na avaliação tradicional, a corrente de inrush estimada é de
metros de Al336). Apresenta-se a seguir os resultados na 1315 amperes. Há uma diferença apenas de 20A, e se a
Fig.13. operação for sincronizada, as correntes serão próximas aos
Na Fig. 13 a corrente do inrush atinge 1293 A, valor muito valores apresentados na Fig.13.
abaixo dos 8000 A da primeira simulação.
Após certificar que os BCs podem ser operados deve-se
ainda verificar se com essa nova configuração proposta, o

104
alimentador volta para um regime de ressonância ou continua A chave tiristorizada pode operar com maior
fora da sintonia. eficiência, proporcionando maior flexibilidade
A seguir, a simulação de nova freqüência natural do operativa.
alimentador, cujo resultado é demonstrado no Fig. 16.
Recomenda-se para futuros trabalhos definir a metodologia e
procedimento para a solução técnica apresentada; e,
200
proporcionar o desenvolvimento de chaves tiristorizadas para
[V]
operação sincronizada dos bancos de capacitores.
160

120 REFERÊNCIAS

80
[1] McGranaghan, M., Peele, S., Murray, D., “Solving Harmonic
Resonance Problems on the Medium Voltage System”, CIRED
2007.
40 [2] R. C. Dugan, M.F. McGranaghan, S. Santoso, H. W. Beaty,
“Electrical Power System Quality”, McGraw-Hill, 2nd edition,
2004.
0
0 300 600 900 1200 1500
[3] Segura, S., Pomilio, J. A., Silva , Luiz C. P., Deckmann, S., Aoki,
[s]
ddbtb4t.pl4: v:FUNDAA-
louc02.pl4: v:FMAETA- v:X0072A-
A. R., Godói, A. A., Garcia, F. R., “Alocação de Capacitores em
giloucu02.pl4: v:X0069A-
Redes de Distribuição de Energia Elétrica Incluindo Análise de
Ressonância”, VIII Congresso Brasileiro de Qualidade de Energia
Fig. 16 – Nova freqüência natural do alimentador, com BC instalado no Elétrica, 2009.
ponto 483 m distante. Em verde a freqüência natural do alimentador, visto da [4] Minamizaki, M. G., “Análise da Influência e Otimização da
barra do cliente com Carga perturbadora. Carga Reativa Aplicadas à Redução Perdas Técnicas na rede de
Distribuição e Transmissão da Companhia Paulista de Força e
A freqüência natural da configuração proposta está dentro Luz”, Monografia para Especialização, Universidade Federal de
dos níveis aceitáveis, bastante inferiores ao da configuração Itajubá, 2008.
de inicial, resolvendo o problema de distorções harmônicas [5] Cook, R. F. (1959). “Analysis of capacitor application as affected
by load cycle”, AIEE Transactions pt. III 78: 950–957.
de tensão e não causando outros problemas, como [6] Gallego, R. A., Monticelli, A. J., Romero, R. (2001). “Optimal
danificação por excesso de corrente de inrush durante a Capacitor Placement in Radial Distribution Networks”, IEEE
energização. Transactions On Power Systems, 16(4): 630–637.
[7] Mayagüez, P.R. “ATP Quick Guide”, Electric Power Engineering
Group. June 18,2002.
[8] CODI RTD 22.03 Diretrizes para Proteção Contra Sobrecorrentes
IX. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES em Bancos de Capacitores em Redes de Distribuição

Neste trabalho foi possível estudar uma solução técnica


para o problema de ressonância harmônica em banco de
capacitores através da simulação da frequência natural da
rede usando o ATPDraw.
Tanto os resultados da simulação quanto as
medições em campo, mostraram que a frequência
natural do alimentador estava próxima às
frequências harmônicas, provocando ressonância.
Através da simulação de diversas alternativas para
instalação de banco de capacitores, foi possível
identificar uma que poderia dessintonizar a
frequência de ressonância. A melhor alternativa em
termos de ressonância foi a instalação de um banco
de capacitor realocável com potência nominal de
900 kVAr com o BC-1, removendo os demais
bancos.
A análise da corrente de inrush mostrou que o BC-3
deve ser conectado a uma distância de 483 metros
do BC-1. Esta alternativa foi capaz de atender os
critérios para redução da distorção harmônica
amplificada pelo efeito de ressonância, mantendo o
fator de potência no sistema dentro dos limites e não
provoca danos em equipamentos durante a
energização dos banco de capacitores;
O processo da escolha do ponto de conexão deve
sempre incluir o fenômeno back to back;

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