Acústica e Ruídos - Apostila
Acústica e Ruídos - Apostila
Acústica e Ruídos - Apostila
1. - Introdução
dB
90
80
70
60 Ruído Contínuo
Tempo
dB
90
80
70
60 Ruído Flutuante
Acústica e Ruídos
Tempo
dB
90 Ruído Impulsivo
80
70
60
Tempo
20
dB
10
00
C
-
10
A
-
20
-
30
40
-50
Diferença entre os
Valor a ser subtraído do
dois níveis de ruído
nível Ls
[Ls – Ln]
1 6,7
2 4,4
3 3,0
4 2,2
5 1,7
6 1,4
7 1,0
8 0,8
9 0,7
10 0,6
Acústica e Ruídos
Nós percebemos claramente quando estamos num ambiente com ruído pois o
nosso aparelho auditivo tem grande sensibilidade para detectar a intensidade do som.
Surge porém uma questão : como saber se os níveis de intensidade sonora
devem ser encarados como um problema ou não ? Devemos introduzir um programa
de controle de ruído, ou os níveis estão abaixo dos valores prejudiciais à saúde ?
Existem duas maneiras fáceis para constatarmos se os níveis de ruído estão se
tornando elevados demais, sem o uso do medidor :
¬ A primeira é verificar se existe dificuldade de comunicação oral dentro do
ambiente. Essa dificuldade é constatada ao se tentar conversar com outras pessoas a
um metro de distância com nível normal de voz. Caso haja dificuldade de
comunicação, ou necessidade de gritar, ou falar mais próximo da outra pessoa,
indicará que o nível de ruído do ambiente está acima do nível da voz (que pode ser
tomado próximo de 70 dB).
A segunda maneira é constatar se as pessoas, após permanência prolongada
no local, sofrem uma diminuição da sensibilidade auditiva (também chamada de
sensação de campainha nos ouvidos).
A diminuição da sensibilidade auditiva e o zumbido nos ouvidos são causados
por uma proteção natural que contrai os músculos do ouvido médio, proporcionando
um amortecimento nas vibrações dos três ossículos. Essa contração permanece por
algum tempo, mesmo depois de cessado o ruído, causando uma diminuição da
acuidade auditiva.
Caso um desses dois testes releve resultados positivos, existe grande
possibilidade dos níveis estarem acima do recomendável. Deve-se portanto,
providenciar a imediata avaliação da situação acústica do ambiente.
Existem muitos métodos de medição para ruído flutuantes. Todos eles têm por
objetivo encontrar um valor que represente de forma significativa, em decibels, as
variações de pressão sonora do som.
Acústica e Ruídos
Tempo
Dose de Ruído
Constante de
Tempo Fonte de Ruído
Acústica e Ruídos
Matelete
Martelo manual Prensa excêntrica
pneumático
A Norma Brasileira específica para medição de ruído é a NBR 7731 - "Guia para
Execução de Serviços de Medição de Ruído Aéreo e Avaliação de seus Efeitos sobre o
Homem". Ela cita que a medição do ruído depende fundamentalmente de 4 aspectos :
Nos últimos anos, os altos níveis de ruído se transformaram em uma das formas
de poluição que atinge maior número de pessoas.
A poluição sonora não se restringe apenas à regiões de grande concentração
industrial, como a poluição atmosférica; nem a estritas regiões, como a poluição
radiativa; nem a regiões produtoras de álcool, como a poluição dos rios. O barulho
está presente em qualquer comunidade, em qualquer tipo de trânsito de veículos, em
qualquer processo fabril, em qualquer obra civil.
O Brasil é um dos líderes mundiais em nível de ruído. Eis alguns dados : as
cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as cinco de maior nível de ruído do
mundo ; nessas cidades o ruído alcança, em média 90 a 95 dB, com picos de 105 dB.
Apenas 5 % da população com problemas auditivos recorre a médicos, mas se vende
mais de 30 mil aparelhos auditivos por ano.
Costuma-se dividir os efeitos do ruído sobre o homem em duas partes: os que
atuam sobre a saúde e bem estar das pessoas e os efeitos sobre a audição.
Quanto ao bem estar das pessoas, o ruído pode ser analisado de várias
formas :
ë Sensação de vibração ;
ë Associação do medo e ansiedade;
ë Mudança na conduta social;
figuras 9.2, 9.3, 9.4 e 9.5 mostram a evolução da perda auditiva (linha vermelha =
ouvido direito; linha azul = ouvido esquerdo).
dB
0
20
40
60
80
100
Hz
125
250
500
1k
2k
3k
4k
6k
8k
Figura 9.2 – Início da PAIR – Audiograma de um operador de martelete pneumático;
Ruído no local : 110 dB; idade : 24 anos; tempo de exposição: 3 anos
dB
0
20
40
60
80
100
Hz
125
250
500
1k
2k
3k
4k
6k
8k
Figura 9.2 – Aumento da PAIR – Audiograma de um forjador; Ruído no local : 120 dB;
idade: 41 anos; tempo de exposição: 12 anos
Acústica e Ruídos
dB
0
20
40
60
80
100
Hz
125
250
500
1k
2k
3k
4k
6k
8k
Figura 9.4 – Aumento da PAIR – Audiograma de um operador de martelete
pneumático; Ruído no local : 110 dB; idade : 24 anos; tempo de exposição: 3 anos
dB
0
20
40
60
80
100
Hz
125
250
500
1k
2k
3k
4k
6k
8k
Figura 9.5 – Aumento da PAIR – Audiograma de um forjador; Ruído no local : 120 dB;
idade: 33 anos; tempo de exposição: 10 anos
Acústica e Ruídos
acústico.
Vamos comparar esses dados com as exposições que as leis permitem para os
trabalhadores.
Acústica e Ruídos
Para períodos de exposição a níveis diferentes deve ser efetuada a soma das
seguintes frações:
C1 C2 C3 C4 Cn
+ + + +.....+
T1 T2 T3 T4 Tn
onde : Cn = tempo de exposição a um nível de ruído
Tn = exposição diária permitida para aquele nível.
O Controle do Ruído
Acústica e Ruídos
õ mecânicos;
õ pneumáticos;
õ explosões e implosões;
õ hidráulicos;
õ magnéticos.
As causas mecânicas dos ruídos são devido à choques, atritos ou vibrações.
Portanto, devemos observar nas fontes causadoras de ruído, a possível substituição do
elemento nessas condições, ou então, a diminuição da intensidade desses choques,
atritos ou vibrações. Como exemplo, colocamos alguns processos de alto nível de
ruído e seu equivalente menos ruidoso:
Acústica e Ruídos
Devemos sempre ter em mente que os choques, atritos e vibrações são causas
de ruídos em máquinas. Eis alguns exemplos que mostram isso :
Isolar a fonte significa construir barreiras que separem a máquina do meio que a
rodeia, evitando que o som se propague. Isolar o receptor significa construir barreiras
o meio do operário. Em qualquer uma das opções teremos vantagens e
desvantagens : o isolamento da fonte teremos a dificuldade de evitarmos a
propagação do som, pois a energia acústica é maior em torno da fonte; enquanto
teremos a vantagem do ruído não se propagar por todo o ambiente, mantendo o local
salubre. O isolamento do receptor tem a facilidade de isolarmos o som, pois ao chegar
ao receptor sua intensidade será pequena, mas teremos a desvantagem da
propagação do som por todo o ambiente.
O som utiliza duas vias de propagação :
ú o ar
ú a estrutura.
Caso a opção seja o isolamento do receptor, isso pode ser feito através
de paineis ou paredes. O isolamento do receptor só é possível para os operários que
não trabalhem diretamente na máquina. É bastante usado para separar o pessoal da
administração, escritórios, controle de qualidade, almoxarifado, etc. As tabelas 2.6 e
2.7 mostram as condições de audibilidade do som através de uma parede.
Quando isolamos o pessoal em salas e escritórios, não podemos nos
esquecer das portas e janelas, que geralmente são os pontos mais vulneráveis do
isolamento. A vedação das janela se faz com dois vidros, de espessuras diferentes e,
separados por alguns centímetros. Quanto as portas, há a necessidade de se projetar
portas e batentes especialmente com vedação acústica.
O som pode se propagar não só pelo ar, mas também pela estrutura do prédio,
alcançando grandes distâncias. Isso ocorre quando a máquina em funcionamento,
gera uma vibração no solo, que se propaga, fazendo toda a estrutura vibrar e, gerando
o ruído. Mesmo existindo a atenuação do ruído aéreo, o som alcançará o ambiente via
estrutura.
perda auditiva. Essa rotação é de difícil aplicação na prática e cria sérios problemas
à produtividade.
Acústica e Ruídos
à de inserção (tampões)
à supra-auriculares
à circum-auriculares (conchas)
à elmos (capacetes).
Conchas Tampões
Eliminam ajustes complexos de Devem ser adequados a cada diâmetro
colocação. Podem ser colocados e longitude do canal auditivo externo
perfeitamente por qualquer pessoa
São grandes e não podem ser levados São fáceis de carregar. Mas são fáceis
facilmente nos bolsos das roupas. Não de esquecer ou perder.
podem ser guardados junto com as
ferramentas.
Podem ser observados a grande Não são vistos ou notados facilmente e
distância, permitindo tomar providências criam dificuldade na comunicação oral.
para a comunicação oral.
Interferem com óculos pessoais ou EPIs. Não dificultam o uso de óculos ou
EPIs.
Podem ajustar-se mesmo quando se Devem-se tirar as luvas para poder
usam luvas colocá-lo.
Podem acarretar problemas de espaço Não produzem problemas por limitação
em locais pequenos e confinados. de espaço.
Podem produzir contágio somente quando Podem infectar ou lesar ouvidos sãos.
usados coletivamente.
Podem ser confortáveis em ambientes Não são afetados pela temperatura
frios, mas muito desagradáveis em ambiente.
ambientes quentes.
Sua limpeza deve ser feita em locais Devem ser esterilizados
apropriados. freqüentemente.
Podem ser usados por qualquer pessoa, Podem ser inseridos apenas em
de ouvidos sãos ou enfermos. ouvidos sãos.
O custo inicial é grande, mas sua vida útil O custo inicial é baixo, mas sua vida
é longa. útil é curta.
Este capítulo tem como objetivo ser um guia técnico de análise dos problemas
de ruído em um ambiente de trabalho, e as principais formas de combatê-los. É
evidente que um programa de controle de ruído ambiental não tem regras fixas
aplicáveis a todos os casos, mas podemos ordenar algumas medidas de caráter geral,
bastante úteis ao Engenheiro que pretenda atacar o problema do ruído.
Como o risco de perda auditiva é a principal conseqüência do ruído e,
juridicamente, o principal problema, o técnico deve, antes de mais nada, ter em mãos
os audiogramas dos operários, referentes à data de admissão. Se a empresa tiver os
valores audiométricos dos seus funcionários a cada 6 meses, ainda melhor. O
importante é que o Engenheiro tenha um histórico da sensibilidade auditiva dos
empregados.
Dificuldade de Comunicação
ou
Zumbido no ouvido 1
Necessidade
de
providências 2
Avaliação Primária 3
Irritação
Não existem Problemas
Redução da
problemas eficiência
Possível per- auditivos
com ruído da auditiva 8
7 9
3 Para confirmarmos esses níveis, devemos passar para uma avaliação primária.
Com o uso do medidor de nível de som (decibelímetro) na curva de ponderação
"A" e na resposta "lenta" (slow), devemos andar pelo ambiente, nos aproximando de
cada operador de máquina e fazendo a leitura do nível de ruído na altura do seu
ouvido. Com isso, teremos uma idéia dos níveis, dos locais críticos, do tipo de ruído,
número de operários expostos, etc. Cabe aqui lembrar da necessidade de termos um
aparelho de boa precisão, e com calibração recente (se possível antes das medições).
A Tabela 11.1 mostra uma avaliação primária realizada numa usina de açúcar e álcool.
Nível de Tempo
Local Descrição Ruído Tempo de admissível
dB(A) Exposição (NR 15)
Turbinas Base da turbina 98,2 12:00 01:15
Turbinas Instrumentos 102,1 12:00 00:45
Caldeiras Limpeza de fuligem 92,0 12:00 03:00
Turbo-gerador sala 3 90,0 12:00 04:00
1
Compressores --- 92,0 12:00 03:00
Fabricação Turbina 2 - Térreo 93,0 12:00 02:40
Destilaria Piso inferior 96,1 12:00 01:45
Destilaria 1º Piso 96,1 12:00 01:45
Destilaria Centrifugação 98,2 12:00 01:45
Filtros Filtros rotativos 93,5 12:00 02:40
Dosagem Dosagem de cal 92,5 12:00 03:00
Carregamento Tortas de filtros 89,0 12:00 04:30
Hilo 2 Sob o guincho 96,0 12:00 01:45
Hilo 3 Área de limpeza 96,0 12:00 01:45
Hilo 3 Descarregamento 105,0 12:00 00:30
Moenda 2 Base da moenda 96,1 12:00 01:45
Moenda 3 Base da moenda 93,2 12:00 02:40
Moenda 2 Piso superior 92,0 12:00 03:00
Hilo 1 Sob o guincho 95,0 12:00 02:00
Hilo 1 Área de limpeza 105,0 12:00 00:30
Turbo-gerador Sala 98,2 12:00 01:15
2
Moenda 1 Base da turbina 92,0 12:00 03:00
Moenda 1 Piso Superior 92,1 12:00 03:00
Moenda 1 Base 90,0 12:00 04:00
Fabricação Moinho de 94,0 12:00 02:15
sementes
Caldeiras Linha 2 88,0 12:00 05:00
Caldeiras Laje da caldeira 8 88,0 12:00 05:00
15 Tipo de Ruído - as medições devem ser feitas de acordo com o tipo do ruído.
Para ruídos contínuos, usamos o medidor na curva "A" e resposta "lenta"; para
ruídos flutuantes, usamos um dos métodos que represente as variações de nível.
Os ruídos de impacto devem ser medidos conforme as regras da NR 15.
Acústica e Ruídos
Programa de Redução
do Ruído 11
Mapeamento 19
Medidas
de
Controle 20
Figura 11.2. - Diagrama do Programa de Redução do Ruído e Proteção Auditiva.
48
Ruído Ambiental:
seus efeitos e seu controle
3. - Controle do Ruído
Medidas de
Controle 20
Controle do Providências
Ruído Sociais
21 22
Monitoramento 30
u u u
51
Ruído Ambiental:
seus efeitos e seu controle