Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Showing Off The Goods Me - Weston Parker - VT

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 280

SINOPSE

Meu melhor amigo precisa de um padrinho, e ele me chamou, uma garota.


Não que eu esteja surpresa. Somos inseparáveis desde o nascimento. A
quem mais ele iria perguntar?
Fazer malabarismos com esse casamento e ser mãe solteira vai ser uma
façanha.
Mas eu consigo.
Tudo está rolando suavemente até que meus amigos quebram outra
tradição.
Parece que a noiva está pedindo a um cara para ser sua dama de honra.
E não qualquer cara também. O irmão dela. O meu ex.
Infelizmente, esse cara é quente como o inferno.
Ele também é um demônio que rastejou para fora daqueles poços de fogo.
Os mesmos buracos para os quais ele enviou nosso relacionamento quando
escolheu os militares em vez de mim.
Agora ele está de volta.
Como modelo de roupa íntima, nada menos.
Como no mundo eles esperam que trabalhemos juntos está além de mim.
Mas por eles, eu faria quase tudo.
Até mesmo sacudir minha vida perfeita que levei anos para reconstruir.
Estou imune a esse idiota agora. Não vou deixá-lo voltar.
Tudo o que tenho que fazer é trabalhar com ele por um mês. Um mês
mantendo as pernas fechadas, as calças levantadas e os olhos e as mãos voltados
para mim. Vai ser fácil, certo?
A menos que ele exiba as mercadorias.
Então estou com problemas.
Toda boa menina merece um menino mau. ~ Weston
CAPÍTULO 1
PAXTON

— Quando você vai me dizer para fazer amor com a câmera, Josh? — Falei
para o fotógrafo, sorrindo enquanto enrolava meus dedos em uma garra e fingia
dar um golpe no ar. — Qual é, sempre quis fazer isso.
— Você está sem sorte hoje, Pax. Desculpe. — Ele retrucou, dando um
passo para trás da câmera para verificar seu último conjunto de fotos. Enquanto
os folheava, ele olhou para mim e estreitou os olhos enquanto pensava. — Você
poderia ir para o bar? Sente-se atrás do balcão bem em frente à janela. Quero
ver o que posso fazer com essa luz.
— Sério? — Fiz um movimento do meu peito para o meu abdômen e, em
seguida, flexionei meus braços. — Você tem tudo isso para trabalhar e quer ver
o que pode fazer com a luz?
— Por ter estado no exército por meia década, você realmente não recebe
ordens muito bem. — Disse Adam, o diretor. — Apenas faça o que Josh diz,
certo?
— Sim, senhor! — Eu disse, mas ele estava tentando me fazer cambalear
o dia todo. Eu gostava de ser desafiador, no entanto.
Dar vida para a sessão de fotos era muito mais divertido do que ficar ali
estoicamente e se mover como um robô. Eu tive o suficiente de ficar de pé
estoicamente e me mover como um robô para durar várias vidas. Queria me
divertir ultimamente.
Josh olhou para uma das modelos femininas que tinha sido contratada
para fazer essa sessão de fotos comigo. Ela era nova na cena, mas tinha uma
bunda como uma bela e suculenta melancia e uma ligeira curva nos quadris que
me atraíam.
Já que eu estava usando apenas uma cueca, minha atração se tornaria
conhecida muito em breve se eu não ficasse atrás do balcão. Embora não me
importasse que as pessoas me olhassem, eu particularmente não queria que eles
vissem o efeito que estava tendo sobre mim imaginar ver a marca de minha mão
naquela bunda.
Então, fingi ser um bom menino e fui onde ele me disse para ir. Quando
ela se aproximou de mim, dei a ela meu sorriso mais encantador. — De todos os
bares do mundo, você entra no meu. Acho que é o destino, não é?
— Pax? Ajude-a a subir no balcão para mim? — Josh gritou. — Irene,
quero que você se deite de costas, olhe para a câmera e enrole o braço em volta
do pescoço de Paxton assim que ele estiver atrás de você.
Estendendo galantemente minha mão para cumprir esta instrução sem
argumento, eu não perdi a maneira como seus olhos correram pelo meu torso
nu, nem mesmo quando ela segurou sua resposta. — De todas as cantadas do
mundo, você escolheu essa para flertar comigo?
Sua palma pousou contra a minha e eu a segurei enquanto ela subia no
balcão. — Oh, entendi. Você não gosta de cantadas. Bem, então deixe-me
começar de novo. Meu nome é Paxton Gould. Estou muito feliz em conhecê-la.
— Você entende rápido. — Ela comentou, lutando contra um sorriso
quando se deitou e me fez um gesto para colocar seu braço em volta do meu
pescoço. Seus lábios estavam perto o suficiente do meu ouvido nesta posição,
então eu a ouvi alto e claro, embora ela mantivesse sua voz em um murmúrio. —
Diga-me, Paxton Gould. Você estará ocupado mais tarde?
Ding ding ding. — Acho que acabei de fazer planos.
— Nah. — Ela sorriu antes de virar o rosto para a câmera. — Eu só estava
perguntando se você estava ocupado, porque eu estou. Mais sorte da próxima
vez, garanhão.
Minha risada saiu como um tiro e explodiu em torno do armazém
convertido que estava se tornando o mais recente bar da cidade. — Eu gosto de
você, Irene. É bom trabalhar com alguém que não é tão sério para variar. Nós
seremos amigos.
— Veremos sobre isso. — Ela falou logo antes que Josh gritasse para
pararmos de sorrir, e a câmera começou a clicar.
Entre ele e Adam, eles nos colocaram em posições cada vez mais
comprometedoras e, em seguida, acrescentaram mais algumas garotas à
imagem. Não que eu estivesse reclamando de estar rodeado de modelos, mas
pela minha vida, eu não conseguia descobrir o que nos ter aqui em nossas
roupas íntimas tinha a ver com o marketing de um bar.
— Ei, Josh? — Eu disse depois de um tempo. — Você poderia vir aqui bem
rápido?
Ele franziu a testa para mim por cima da câmera antes de assentir e se
aproximar. Levantei-me lentamente, tirando as mãos e os braços de cima de mim
enquanto deslizava para fora do banquinho que estava sentado. Assim que meus
pés atingiram o chão de concreto, fiz um gesto para ele. — Sente-se aí por um
minuto.
Eu olhei para Irene e enviei uma piscadela. — Senhoras, vocês poderiam,
por favor, voltar às suas posições?
Enquanto o pobre Josh estava sentado ali, provavelmente ficando duro
enquanto as meninas faziam o que eu pedia, fui até a câmera. — Certo, todo
mundo. Dê-me grandes sorrisos. Agora, Josh, você se importaria de me explicar
por que estamos tentando promover um bar andando de roupa íntima?
Adam esperou por cerca de um minuto, tentando lutar contra um sorriso
próprio enquanto Josh gaguejava uma resposta antes de dizer. — Estamos
fazendo uma pausa de cinco minutos. Paxton. Meu escritório, por favor.
Suspirei, mas valeu muito a pena. O rosto de Josh estava vermelho, mas
ele sorria de orelha a orelha enquanto falava com as meninas. Eu estava apenas
o ajudando. Nós trabalhamos muito juntos antes, e ele mencionou uma vez que
precisava sair mais. Talvez ele até tenha mais sorte com Irene do que eu.
Alcançando Adam quando chegamos ao escritório no canto que ele estava
temporariamente usando como seu, eu o segui e fechei a porta atrás de nós. O
diretor e eu nos demos bem, e ele se sentou na beirada de sua mesa com as
mãos apoiadas ao lado do corpo enquanto olhava para mim.
— Gosto de trabalhar com você, Pax. — Disse ele, inclinando a cabeça
lentamente para o lado enquanto continuava me observando. — Eu nem me
importo que você goste de manter as coisas leves e divertidas. Com certeza é
melhor que a alternativa, mas eu gastei muito dinheiro para ter todas essas
pessoas aqui. Nós só temos uma chance com isso. Se nossa campanha não for
boa o suficiente, eles já têm três outras empresas alinhadas para assumir.
— Entendi você alto e claro. Vou me controlar e irei me comportar da
melhor maneira. — Por mais que gostasse de ser desafiador, também ganhei a
habilidade militar de me proteger quando o problema era difícil.
Adam não queria desperdiçar dinheiro ou perder sua única chance nisso,
e eu não queria ser a razão disso. Se ele me trouxe aqui, foi porque estava ficando
preocupado que não conseguiríamos o que precisávamos no tempo que
tínhamos.
Embora eu não me desculpasse por minhas ações, poderia diminuir um
pouco o resto do dia. — Não se preocupe, Adam. Faremos isso sem
problemas. Eu estava falando sério sobre minha pergunta a Josh, no
entanto. Por que exatamente as meninas estão de lingerie e eu só de cueca?
Ele revirou os olhos, mas me satisfez com uma resposta. — É tudo uma
questão de imagem. Acho que eles querem que todos os solteiros excitados de
San Diego venham aqui na noite de estreia, na esperança de conhecer todos
vocês.
Eu ri novamente, e eu dei um tapinha em seu ombro enquanto ele passava
por mim em seu caminho de volta para a porta. — Espero que eles saibam que
isso lhes custará mais.
— Eles estão bem cientes de qual é a sua taxa diária. — Disse ele com um
sorriso. — Além disso, se você conseguir atrair todos os solteiros com tesão por
aqui, eles vão fazer uma matança. Podem até oferecer a você uma posição
permanente como bartender de topless. Como você gosta das maçãs?
— Eu odeio maçãs. — Eu respondi, fazendo uma careta enquanto o seguia
de volta para a área principal. — Eu tenho tempo para pegar um pouco de água
antes de começarmos a fotografar novamente? Preciso lavar o gosto desse
pensamento da minha boca.
Rindo enquanto concordava, ele apontou para a câmera. — Leve alguns
minutos. Josh e eu vamos tirar algumas fotos solo das garotas. Espero que seja
mais rápido sem você por perto para distraí-las de qualquer maneira.
Dei de ombros. — O que posso dizer? Não é minha culpa que eu seja tão
engraçado que estou distraindo.
Quando ele se afastou de mim, balançando a cabeça e resmungando
baixinho, fui até onde deixei minha mochila. Depois de pegar meu telefone para
verificar enquanto eu bebia, torci a tampa de uma garrafa de água de vidro e
esvaziei metade de uma vez.
Como se minha irmã tivesse percebido que eu tinha cerca de dois minutos
para mim, meu telefone tocou e o nome de Tierra apareceu na minha tela. Ela
era três anos mais nova do que eu, mas definitivamente agia como uma irmã
mais velha.
No entanto eu sorri enquanto passava meu polegar sobre a bolha verde
para atender sua ligação. Ela estava sempre me lembrando de ficar por dentro
das coisas que eu precisava fazer e, honestamente, me lembrava um pouco de
nossa mãe antes de ela falecer. Era virtualmente impossível para mim ignorar
uma ligação dela.
— O que foi, mana? — Eu disse. — Quer que eu mande uma foto de onde
estou agora? É um novo bar. Aparentemente, eles estão me usando como isca
para atrair todas as pessoas solteiras e excitadas da área.
— Se eles estão usando você como isca, eles devem superestimar o quão
excitadas as pessoas nesta cidade estão. — Ela disse secamente. — Ninguém
está tão desesperado.
— Ei. — Eu trouxe minha mão ao meu coração e agarrei-o. — Você não
pode me ver agora, mas isso dói.
Ela riu. — Não, não doeu. Você é um ex-militar que se tornou um modelo
masculino. Muitas pessoas acariciam seu ego diariamente, dizendo que você é o
herói mais quente que existe. Eu me recuso a entrar nessa fila. Como você está?
— Bem. Vocês? — Meu peito aperta com o pensamento de que havia algo
errado e era por isso que estava ligando, mas ela parecia bem.
Foi um retrocesso ao fato de ter recebido muitas ligações com más notícias
na minha vida. Tierra pode agir como a irmã mais velha, mas eu ainda era
tecnicamente o irmão mais velho.
Eu tinha a coisa protetora, e ela era tudo que eu tinha. O que apenas
ampliava a necessidade de protegê-la em cerca de um milhão. Não que ela tivesse
me dado muitas oportunidades de realmente fazer isso.
Ela estava namorando o mesmo cara desde o colégio. Brett tinha fodido
muito quando éramos mais jovens, e então Tierra saltou em seu radar. Depois
disso, ele se tornou um urso pardo sobre ela.
Eu mal tive a chance de ameaçar alguns encontros antes que ele a
surpreendesse e assumisse o papel de seu principal protetor. Babaca.
Ele tinha sido um amigo meu. Eu ainda amava o cara, mas ele realmente
poderia ter esperado eu acenar uma espingarda em alguns rostos antes de
atracar seu burro branco.
— Estamos bem. — Disse ela, e eu podia ouvir o sorriso em sua voz. —
Na verdade, estamos tão bem que você tem que me encontrar para jantar
amanhã à noite. Tenho algumas coisas que preciso lhe contar.
— Se você aproveitou essa oportunidade de investimento em banheiros
portáteis em residências, a culpa não é minha e não posso recuperar seu
dinheiro.
— Sou banqueira de investimentos, lembra? Não preciso de sua ajuda com
esse tipo de decisão.
— Oh. Sim! — Eu brinco. — Eu esqueci tudo sobre isso, mas com
certeza. Eu vou me encontrar com você. Quando e onde?
Ela parou por um momento. — Você ainda está comendo bife, ovo e
batatas fritas? Podemos ir ao Leonard às oito?
— Paxton! — Adam acenou para chamar minha atenção. — Nós
precisamos de você.
Eu balanço a cabeça em reconhecimento e levanto um dedo para mostrar
a ele que eu estaria lá em um minuto. — Eu estarei lá, mana. Tenho que ir, mas
te vejo amanhã à noite.
Ela se despediu, desligou e me deixou voltar às fotos. Enquanto me dirigia
para Adam e Josh, sorri e fingi puxar o cós da cueca longe de meus quadris. —
Ok, estou pronto para ficar nu. Vamos ver o quão sexy podemos fazer isso, hein?
Os dois gemeram, mas quando lancei a Adam um olhar para que ele
soubesse que eu estava brincando, ele acenou com a cabeça e acenou para que
eu seguisse em frente. Eu não causaria nenhum problema nem correria o risco
de custar-lhe dinheiro, mas ainda assim poderíamos nos divertir um pouco. E é
aí que eu entro.
CAPÍTULO 2
COLETTE

— Você não entende, Dra. Wynne. — Minha paciente limpou suas


bochechas manchadas de lágrimas e pegou outro lenço de papel da caixa sobre
a mesa entre nós. — Ele simplesmente não me olha mais da mesma maneira. Eu
sabia que conseguir um novo gatinho mudaria as coisas, mas ele nem quer
dormir na mesma cama que eu no momento.
A luz do sol entrou em meu escritório pelas janelas abertas atrás dela, e
ela se virou para eles enquanto assoava o nariz. Ser psiquiatra era o emprego
dos meus sonhos. Eu adorava, mas às vezes, como agora, minhas sessões se
tornavam as mais estranhas.
Esperei pacientemente até que ela se controlasse e então dei um sorriso
tranquilizador. — Os gatos são muito parecidos com os humanos nesse
aspecto. Mudar pode ser difícil. Tenho certeza de que Kibbles só precisa de
algum tempo para se ajustar. Se você estiver realmente preocupada com o
comportamento dele, tente entrar em contato com o seu veterinário. Eles podem
ter algumas dicas úteis sobre como você pode tornar essa transição mais fácil
para ele.
Ela provavelmente também poderia borrifar um pouco de erva-de-gato no
travesseiro, mas não dei a sugestão. Tinha de tratá-la da mesma forma que
trataria com qualquer um dos meus outros pacientes, o que significava ser
profissional e ajudá-la a encontrar certas soluções sozinha.
Passamos o resto da sessão tentando fazer exatamente isso. Depois que
ela saiu, eu realmente precisava de uma pausa. Tinha sido outro dia cansativo
e eu mal podia esperar para ir buscar meu bebê na creche e ganhar alguns
abraços.
Quando olhei para o meu relógio, ouvi minha porta se abrindo atrás de
mim. Tanto para ter alguns minutos para mim antes de continuar.
Colando um sorriso no rosto, me virei para ver quem era meu visitante
inesperado. O sorriso imediatamente se tornou real quando me vi encarando os
olhos verde-esmeralda da meu melhor amigo. — Brett? O que você está fazendo
aqui? Isso é uma surpresa.
Ele sorriu e abriu os braços para os lados antes de me puxar para um
abraço rápido. — Bem vinda, espero.
— Sempre. — Eu o aperto com força antes de dar um passo para trás. —
Você não está aqui como paciente, está?
— Estou na fase da negação, que envolve não aceitar que estou louco. —
Ele balançou as sobrancelhas para mim enquanto afundava na cadeira que
minha paciente acaba de desocupar. — Por que você não fala pelo menos uma
vez? Como você está? Como está April?
— Estamos bem. — Sorri e balancei minha cabeça para ele, mas voltei
para o meu lugar de qualquer maneira. — Quero dizer, April está incrivelmente
bem, mas como ela tem apenas três anos, a resposta realmente depende de
quando você fizer essa pergunta a ela.
Ele me lançou um olhar simpático. — Ela pode ser uma estrela do rock
para uma criança de três anos, mas ainda tem três. Só porque ela é a melhor,
mais educada e mais doce garotinha do mundo não significa que não tenha
direito a seus acessos de raiva e mudanças de humor.
— Sim, eu sei. Obrigada, doutor. — Pisquei para ele, bufando de volta
uma risada minha quando ele começou a rir da minha piada. — Como padrinho
dela, você tem que pensar todas essas coisas sobre ela.
Brett era meu melhor amigo desde que eu conseguia me lembrar. Embora
ele não fosse mais o garotinho com nariz escorrendo das minhas primeiras
memórias dele. Com o passar dos anos, ele se tornou um homem bonito. Com
seus penetrantes olhos verdes, cabelo escuro, ombros largos e seu físico alto e
de nadador, até eu podia admitir que ele não tinha ficado meio feio.
Mas isso não significa que eu estava atraída por ele. Nunca tivemos essa
vibe de relacionamento. Nossas mães eram melhores amigas, e desde que
crescemos juntos, ele era a coisa mais próxima que eu já tive de um irmão. O
que eu sentia por ele não era apenas platônico. Era totalmente familiar.
Quando April nasceu, não havia sequer uma dúvida em minha mente
sobre quem nomear como seu padrinho e tutor legal, caso algo acontecesse
comigo. Brett tinha sido a escolha óbvia e, felizmente, sua namorada do colégio
e namorada atual, Tierra, também concordou.
— Mesmo se eu não fosse seu padrinho, iria dizer que ela é a melhor. —
Disse ele. — Ela é simplesmente mais evoluída que as outras crianças. Não é
uma criança normal de 3 anos.
— Por mais que eu concorde com você, tenho certeza de que ambos somos
tendenciosos. Eu preciso ir buscá-la na creche em alguns minutos. O tio Brett
está com vontade de fazer a viagem comigo?
Ele acenou com a cabeça sem qualquer hesitação, empurrando com as
mãos os apoios de braço antes de pular da cadeira. — Conte comigo. Preciso
falar com você e esperava que tivéssemos alguns minutos antes de você ir
embora, mas pensei em ir vê-la de qualquer maneira. Eu sinto falta da minha
pequena princesa.
Revirei os olhos para ele quando me levantei também, jogando-lhe um
olhar por cima do ombro enquanto fui pegar minha bolsa e as chaves da minha
mesa. — Você sabe que poderia ter sua própria princesinha agora se apenas
puxasse a cabeça para fora da sua bunda e pedisse aquela sua mulher em
casamento, certo?
Era uma conversa que tínhamos há anos. De volta ao colégio, Brett tinha
sido uma criança selvagem. Ele ainda se movia com a mesma energia frenética
de antes, mas se acalmou de várias maneiras. Por um lado, ele não insistia em
ser a vida da festa em toda e qualquer festa. Também não bebia cerveja em
qualquer copo, precisava de uma carona para casa todas as noites ou dormia
com tudo que ficava parado por muito tempo.
Então, novamente, estamos nos trinta. Bem, eu tinha trinta anos. Ele
tinha trinta e um anos. Mesmo ano, meses diferentes. Tínhamos tido nosso
tempo por sermos selvagens. Brett simplesmente viveu aquele tempo ao máximo.
Até que ele ficou com Tierra. Ela trouxe à tona o potencial dele que eu
sempre soube que estava enterrado lá em algum lugar, e ela o acalmou
completamente. Eu literalmente me curvei para ela por isso uma vez.
Ambos eram banqueiros de investimento agora, mesmo que eu ainda não
conseguisse acreditar que às vezes era assim que Brett ganhava a vida. Para
mim, ele ainda era muito bobo e despreocupado. Mas eu suponho que é o que
acontece quando uma pessoa conhece alguém há tanto tempo quanto nós nos
conhecemos. Também ainda era difícil para ele acreditar que eu era uma
psiquiatra totalmente licenciada e com meu próprio consultório.
Percorremos um longo caminho desde socar outras crianças no parquinho
para defender a honra um do outro e limpar o vômito um do outro depois de nos
embebedar pela primeira vez.
Ele se virou em seu assento assim que entrou no carro comigo, de repente
parecendo evasivo sobre alguma coisa. Enquanto suas mãos arrastavam
repetidamente por seu cabelo, eu coloquei o SUV em marcha à ré e saí do meu
lugar designado, esperando que ele falasse.
Eventualmente, ele passou a língua no lábio inferior. — Sim, é sobre isso
que eu queria falar com você. Considere minha cabeça sendo removida da minha
bunda, porque eu finalmente fiz isso. Eu propus à Tierra.
— O que? — Fiquei tão chocada que quase esqueci que estava ao volante
por um momento. Minha cabeça girou para encará-lo, e o SUV desviou um pouco
antes de eu amaldiçoar e olhar para a estrada. — Quando? O que finalmente fez
você decidir? Conte-me tudo. Apenas... o quê?
Fiquei emocionada por ele, mas fiquei além da surpresa por ele realmente
ter se aventurado. Ele riu, estendendo a mão para bater levemente no meu
braço. — Mesmo? Você não viu isso chegando depois de doze anos de namoro?
— Não, eu vi. — Meus olhos se arregalaram quando olhei de volta para o
sorriso enorme que se espalhou em seu rosto. — Eu só... Uau. Parabéns. Por
que você não disse nada antes? Eu poderia ter ido comprar o anel com você.
— Eu, uh. — Ele hesitou antes de continuar, e eu peguei um vislumbre
de suas bochechas avermelhadas no espelho retrovisor. — Eu esperava que
pudéssemos parar na joalheria depois que pegarmos April. Foi uma espécie de
impulso do momento.
— Você a fez esperar doze anos para agir pelo impulso? — Repeti a
informação para ele antes de gemer e deixar cair minha cabeça contra o encosto.
— Brett. Não. Você nem tinha um anel?
— Eu tinha um anel! — Disse ele indignado, mas depois abaixou a
cabeça. — Foi um brinquedo que ganhei numa daquelas máquinas do cais.
— Você quer dizer as máquinas de ursinhos de pelúcia? — Um gemido
muito mais alto saiu de mim enquanto eu balancei minha cabeça forte e
rápido. — Por favor, me diga que você está brincando? Você realmente não deu
a ela um anel de pelúcia feito para ser um chocalho de bebê. Você não pode ter
feito isso.
— Eu, hum... — Ele parou antes de enterrar as mãos no rosto. — Não é
realmente um grande negócio, é? Era para ser romântico. Eu pensei que
era. Fiquei de joelhos quando vi o que havia ganhado. Eu sou o verdadeiro
prêmio, certo? Ela pode passar o resto da vida dela comigo.
— Cara, se ela disse sim quando você a presenteou com um chocalho
depois de esperar doze anos, então ela deve pensar que você é o verdadeiro
prêmio. — Olhei para ele, já percorrendo as melhores joalherias que conhecia
nas redondezas. — É assim que vai ser. Vamos pegar April, depois vamos
comprar o anel mais bonito, mais brilhante e mais Tierra que pudermos
encontrar e, esta noite, você vai fazer isso direito.
— Você vê. É por isso que preciso de você. — Ele agarrou minha mão na
alavanca do câmbio, apertando para me fazer olhar em seus olhos no espelho
novamente quando paramos em um semáforo. — Eu não posso me casar sem
você lá em cima comigo. Você pode, por favor, ser meu padrinho?
Eu ri, mas então vi a seriedade em sua expressão antes de voltar minha
atenção para a estrada. — Tierra ficará bem com isso?
— Ela está bem com isso. Ela entende que você é minha melhor amiga e
que faz parte do pacote. Não é como se não soubesse desde o dia em que nos
conhecemos. Na verdade, ela quer você lá comigo.
— Então serei seu melhor homem. — O sorriso que se seguiu à minha
aceitação ultrapassou todo o meu rosto. — Estou tão feliz por vocês. Eu não
posso acreditar que isso está finalmente acontecendo. Vai ser incrível.
Durante todo o trajeto até a creche de April, brincamos sobre qual deveria
ser meu título, em vez de padrinho.
— Que tal a melhor mulher? — Ele sugeriu, mas eu rejeitei imediatamente.
— Não. Tierra é sua melhor mulher de agora em diante. Desculpe. Chefe
dos cavalheiros? — Eu ri, mas os olhos de Brett se iluminaram.

— Eu amo isso. Então, será chefe dos cavalheiros! — Houve muito mais
risadas até estacionarmos na creche, mas era assim que as coisas eram
conosco. Nunca houve nenhum drama ou besteira. Era por isso que ele ainda
era meu melhor amigo depois de todos esses anos.
A professora de April a acompanhou até o portão e, quando ela o viu ali
comigo, minha filhinha não conseguiu chegar até nós rápido o suficiente.
Ela se juntou à atmosfera jovial e até nos deu sua opinião sobre os anéis
assim que chegamos às joalherias. Eu me afastei e os observei juntos por alguns
minutos, sentindo aquela pontada familiar de saudade em meu coração.
Não por Brett, porque eu nunca poderia olhar para ele dessa maneira. Mas
apenas por uma figura masculina confiável na vida de April, que não era apenas
o padrinho divertido. Seu doador de esperma fugiu logo depois de descobrir
sobre sua existência, me deixando sozinha com ela.
E eu estava bem em ficar sozinha, realmente, mas às vezes quando ela
olhava para Brett, eu podia ver as perguntas que ela ainda era muito jovem para
realmente entender em seus olhos. Eu teria que lidar com isso mais cedo ou
mais tarde, mas por agora, decidi enfiá-lo de volta naquele compartimento
deprimente na minha cabeça e me concentrei em Brett.
Pelo menos um de nós estava tendo um feliz para sempre. Por enquanto,
isso era mais do que bom para mim.
CAPÍTULO 3
PAXTON

Quando entrei no restaurante, Tierra já estava lá. Eu estava apenas dois


minutos atrasado, mas para ela, tarde era tarde. Não importava que fosse
apenas porque eu tive que dar a volta no restaurante algumas vezes para
encontrar uma vaga para estacionar.
Ela estava com o rosto de mãe quando cheguei à mesa, e levantei minhas
mãos pedindo desculpas antes que ela pudesse dizer uma palavra. — Eu sei eu
sei. Eu sinto muito.
— Você sempre sente. — Ela suspirou, mas se levantou e passou os braços
em volta de mim quando eu a abracei.
Minha irmã era cerca de trinta centímetros mais baixa do que eu, com um
metro e sessenta e três. Embora fosse mais jovem, nunca houve qualquer engano
de que éramos irmãos. Nós dois tínhamos o cabelo preto de nossa mãe, os olhos
azul-gelo de nosso pai e a mesma constituição magra que ambos
compartilhavam.
Tierra parecia ter vindo direto do trabalho, vestindo uma camisa branca
de botão, saia lápis azul marinho e uma jaqueta justa com mangas até os
cotovelos. Eu me preocupava com as horas que ela trabalhava às vezes, mas ela
me garantiu em mais de uma ocasião que estava bem.
Quando ela me soltou, me deu uma rápida avaliação, uma olhada. — Você
tirou a barba?
— Sim. Eu precisei. Achei que a barba fosse incrível, mas o briefing da
minha sessão de fotos esta semana não era 'barba por fazer de uma semana'. —
Eu disse. — Onde está Brett?
Eu empurrei sua cadeira antes de ir pegar a minha. O restaurante que ela
escolheu era discreto e casual. Era mais um pub em estilo antigo do que um
restaurante, com acabamentos em madeira escura, paredes verdes e teto baixo.
Uma cerveja estava na mesa na minha frente, e eu balancei a cabeça em
agradecimento enquanto ela pegava a sua. Ela respondeu minha pergunta antes
de tomar um pequeno gole. — Ele não vem. Eu disse a ele que queria falar com
você a sós.
— Uau. Isso parece sério. — Não havia nenhum sinal de angústia em suas
feições, no entanto. Na verdade, seus olhos pareciam mais brilhantes do que
nunca, e havia um sorriso em seus lábios que nunca parecia desaparecer. —
Sobre o que você quer falar comigo?
Ela acenou com a mão em um gesto de desprezo. — Vamos pedir comida
primeiro. Eu sei como você fica quando está com fome.
— Justo. — Meu primeiro gole de cerveja tinha gosto de mais. Como era
noite de escola, eu não tinha dúvidas de que Tierra e eu manteríamos isso em
uma ou duas canecas, mas realmente não havia nada como uma cerveja gelada
depois de um dia quente. — Como está Brett?
— Ele está bem. — Disse ela, então abriu a boca como se estivesse prestes
a dizer algo mais antes de mudar de ideia. Com um leve aceno de cabeça, ela
mudou de assunto. — Eu fiz aquelas coisas para seus impostos de que falamos
da última vez.
— Obrigado por isso. — Eu gemi. — Não sei o que teria feito sem você.
— Felizmente, você nunca terá que descobrir. Um dia, terá a minha idade
e entenderá a responsabilidade. — Ela piscou antes de levar a cerveja aos lábios
e tomar um longo gole.
A garçonete veio anotar nossos pedidos, e Tierra pediu o mesmo bife que
eu sempre pedia. Depois que ela saiu, apoiei meus cotovelos na mesa e conversei
com minha irmã sobre o trabalho dela e o meu. Estava curioso sobre porque ela
me chamou aqui esta noite, especialmente porque Brett não estava junto, mas
eu não forcei.
Sempre fomos próximos. Eu sabia que ela me faria esperar até depois de
comermos se isso fosse o que ela decidisse fazer, e era. Em vez de me concentrar
nisso ou me preocupar, simplesmente aproveitei da companhia dela.
Nossa comida não demorou muito, e a garçonete apareceu para deixá-la
em nossa mesa um pouco depois. Minha boca encheu de água com os cheiros
deliciosos subindo com o vapor do meu prato, mas o alívio da minha irmã
também estava oficialmente encerrado.
Ela olhou para seu prato, parecendo que sabia disso também. — Então,
qual é a grande notícia? — Eu perguntei depois de dar uma mordida no bife
macio e amanteigado. — Eu tenho alguns palpites aleatórios, mas duvido que
qualquer um deles esteja certo.
A diversão brilhou em seus olhos enquanto seus lábios se curvaram em
um sorriso, seu garfo na frente de sua boca enquanto ela olhava para mim. —
Pode falar. Eu gostaria de ouvir esses seus palpites.
— Você vai ser a mãe adotiva de um chimpanzé. — Comecei, e Tierra riu
antes de balançar a cabeça. Implacável, eu continuei. — Você não pode me
culpar por tentar. Adoraria ter um chimpanzé na família. Imagine as fotos
incríveis do Dia de Ação de Graças.
— Tenho certeza de que também é ilegal manter um chimpanzé em um
apartamento do tamanho do meu. — Disse ela. — Outro problema é que nenhum
de nós estaria disponível para cuidar dele o dia todo, e duvido que creches
aceitem chimpanzés.
Dei de ombros. — Quem perde é você. Ok, então. Você e Brett começaram
seu próprio cartel de drogas?
— Não. Perto, mas sem charuto. — Ela sorriu antes de se virar para
remexer em sua bolsa pendurada nas costas da cadeira.
Depois de extrair algo, ela mexeu com as mãos no colo por um momento
antes de olhar para mim. — Brett me pediu em casamento.
Quando ela ergueu as mãos para pegar os talheres novamente, havia uma
pedra nova e brilhante em seu dedo. Então eu estava fora da minha cadeira e
puxando-a para envolvê-la em outro abraço gigantesco. — Parabéns, irmã. Faz
muito tempo. Estou feliz que ele finalmente fez o pedido.
— Sim, eu também! — Disse ela suavemente, segurando-me com força
antes de me soltar e sentar-se novamente. Voltei para o meu lugar também,
sentindo seu olhar rastreando meus movimentos. — Você está realmente feliz
com isso?
— Bem, quero dizer, eu prefiro que você esteja em um cartel de
drogas. Teria sido uma história muito mais legal para contar aos meus amigos,
mas sim. Claro que estou feliz por você.
Meu coração estava disparado, e a verdade é que, embora eu realmente
estivesse feliz por ela, também não sabia o que sentir por mim mesmo. Minha
irmãzinha estava se casando e nossos pais não estavam aqui para ver. O
pensamento era deprimente para caralho.
Eu não estragaria a felicidade de Tierra, no entanto. A dor que tomou conta
de minhas entranhas também estaria nela. Eu duvidava que ela não tivesse
pensado no fato de que eles não estariam comemorando com ela, ajudando em
seus planos, ou mesmo comparecendo ao casamento.
Como se pudesse ouvir meus pensamentos, seus olhos se encheram de
lágrimas e eu estendi a mão sobre a mesa para pegar suas mãos. — Você acha
que mamãe e papai estão orgulhosos agora?
Eu balancei a cabeça, apertando seus dedos enquanto os entrelaçava com
os meus. — Estou certo disso. Também tenho certeza de que eles estão
estourando uma espumante lá em cima e que papai teria enviado um raio na
cabeça de Brett se ele não tivesse perguntado.
Ela soltou uma das minhas mãos para limpar uma lágrima em sua
bochecha, mas conseguiu rir, embora estivesse obviamente emocionada. — Eu
não acho que ele estava relutante. Temos andado ocupados, sabe? Carreiras não
se constroem sozinhas, e nós dois estávamos esperando o momento certo.
— Certo. — Eu não iria discutir com ela. Sabia que esse dia chegaria há
muito tempo, e agora que chegou, nada importava, exceto ter certeza de que eu
faria tudo o que pudesse para apoiá-la.
— Você já definiu uma data?
— Não, ainda não. Eu fiz algumas perguntas nos locais sobre a
disponibilidade, mas ainda estou esperando respostas. Faz apenas alguns dias
desde que ele perguntou, e ele só me deu o anel na noite passada.
Novamente, parecia que ela queria acrescentar algo mais, mas acabou
dando outra mordida em sua comida em vez disso. Sabendo que descobriria o
que ela estava escondendo quando estivesse pronta para me contar, concentrei-
me no que poderia fazer para tornar mais fácil para ela ter de planejar um
casamento sem a presença de mamãe.
— Você vai me avisar se eu puder te ajudar com alguma coisa, certo? —
Eu disse, sorrindo em uma tentativa de iluminar o momento. — Não tenho
certeza se você se lembra disso, mas tenho muitos contatos nesta
cidade. Conheço pessoas em todos os locais promissores.
Ela revirou os olhos enevoados para mim. — Se eu estiver procurando um
bar para fazer a festa depois, eu te aviso. Você pode pensar que é um grande
negócio, mas duvido que conheça pessoas em locais de casamento.
— Ei, qualquer local pode ser um local de casamento! — Brinquei antes de
ficar sério novamente. — Qualquer coisa que eu puder fazer, você só precisa me
avisar.
— Na verdade, essa é outra coisa sobre a qual eu queria falar com você. —
Seu olhar disparou nervosamente antes de ela morder o lábio quando o trouxe
de volta para o meu. — Eu preciso que você me acompanhe até o altar e fique lá
comigo durante a cerimônia.
— Você quer que eu seja sua dama de honra? — Eu vacilei. — Quer
dizer, estou honrado, mas não tenho certeza se vou ficar bem em um vestido.
Sua expressão tornou-se suplicante, seus traços suaves e
esperançosos. — Depois de tudo que fiz por você ao longo dos anos, você
realmente acha que eu faria você usar um vestido? Por favor, Pax? Pensei em
caminhar sozinha até o altar, mas tenho vontade de chorar.
Urg. Levá-la até o altar era uma coisa. Claro que eu faria isso por ela, mas
ficar de pé com ela como um membro da festa nupcial? Porra.
— Tudo bem, eu farei isso. — O que for preciso para fazê-la feliz, suponho.
— Mas você vai me dever muito se me obrigar a fazer todo tipo de merda feminina
com você.
O sorriso que se espalhou por seu rosto era largo. Ela estava praticamente
radiante. A alegria que surgiu em seus olhos me fez sorrir de volta para ela, mas
também com medo do que estava acontecendo na cabeça dela. — Eu prometo
que não vou fazer você fazer muita merda feminina comigo. Talvez um dia de spa
aqui e ali, e comprar meu vestido. Você gostaria que eu fizesse suas unhas antes
da cerimônia?
— Vou me arrepender disso, não vou? — Eu realmente não faria. Não se
fosse realmente o que ela queria, mas ouvir o som de sua risada e perseguir os
últimos vestígios de tristeza que haviam permanecido em seus olhos fez a piada
valer a pena.
Tierra ergueu um ombro, piscando seus cílios inocentemente antes de
voltar seu olhar para sua comida. — Talvez, mas eu realmente prometo torná-lo
o mais indolor possível para você. Eu nem mesmo vou forçá-lo a vir se depilar
comigo para a lua de mel.
Eu me encolhi. — Eu não precisava saber disso.
— Oh pare com isso. — Ela me deu uma olhada enquanto tentava suprimir
mais risadas, apontando para mim com o garfo. — Não finja que você é uma
virgem corada que fica ofendida com a mera menção de sexo. Deus, estou em
um relacionamento há mais de uma década, mas ainda tenho certeza de que
você fez muito mais sexo do que eu.
— Eu não estou ouvindo essa declaração. Esta conversa é obrigatória entre
uma noiva e sua dama de honra, ou podemos mudar de assunto agora?
Ela perdeu a luta contra o riso, seus ombros tremendo enquanto cortava
outro pedaço de seu bife. — Claro, Pax. Mude de assunto. Eu não gostaria de
ofender suas sensibilidades delicadas.
— Não são minhas sensibilidades que são delicadas. — Eu disse. — É
minha capacidade de me impedir de socar seu noivo na próxima vez que o vir
por colocar as mãos na minha irmãzinha.
Tierra mostrou a língua para mim, balançando a cabeça enquanto ainda
tentava controlar o riso. Fingi uma carranca e fingi fazer beicinho. — Estou feliz
por ser tão divertido para você esta noite.
Demorou mais alguns segundos antes que sua expressão ficasse séria
novamente e seu olhar voltasse para o meu. — Obrigada, Pax. Eu realmente
precisava rir assim depois dos últimos dias. Tem sido agridoce, sabe?
— Mamãe e papai teriam ficado muito orgulhosos de você, garota. — Eu
disse, entendendo o que queria dizer, embora ela não tivesse dito isso com tantas
palavras. — Eu estou tão orgulhoso de você. Brett é um cara de sorte. Vou ter
que me certificar de que ele sabe que vou chutar a porra da bunda dele para a
lua se ele parar de te fazer feliz.
— Eu acho que pode ser um pouco tarde para essa ameaça, mas com
certeza. Se isso te faz sentir melhor, vou até pedir a ele para parecer muito
assustado quando você falar. — Ela não respondeu à primeira parte do que eu
disse, mas não poderia culpá-la por querer se concentrar no que a fazia feliz, em
vez de no que a deixava triste.
Terminamos nossas refeições, brincando e conversando até a hora de nos
despedirmos. Eu a acompanhei até o carro, e ela ficou na ponta dos pés e puxou
minha cabeça para baixo para dar um beijo suave na minha bochecha.
— Eu te amo, Pax. Obrigada por tudo esta noite.
— Eu também te amo, irmã. — Eu a abracei forte. — Qualquer coisa que
você precise. Sempre.
Eu realmente quis dizer isso. Não havia nada que eu não faria por ela. Ou
então eu pensei. Se eu soubesse o que estava por vir, o que Tierra estava
escondendo e não me disse, talvez eu não tivesse tanta certeza disso.
CAPÍTULO 4
COLETTE
— Waffles ou panquecas? — Eu pergunto a April, olhando os ingredientes
secos que eu já coloquei no balcão. — Temos tempo suficiente esta manhã para
qualquer um.
Ela se sentou na pequena copa da nossa cozinha, o queixo apoiado na
palma da mão e os dedos tamborilando na bochecha enquanto pensava. —
Waffles. Com sorvete?
— Sorvete no café da manhã? — Eu sorrio enquanto pego a farinha. — Seu
aniversário é hoje? Não acredito que esqueci.
— Não é meu aniversário! — Ela admitiu com um longo suspiro de
sofrimento. — Minha professora disse que amanhã é o aniversário de Erin.
— Eu vi isso no calendário. Ela vai fazer uma festa? — Misturei os
ingredientes e comecei a mexer a massa.
April encolheu os ombros estreitos, seu cabelo loiro solto se movendo com
o movimento. Graças a Deus ela parecia uma versão em miniatura de mim com
seu cabelo loiro ondulado, olhos castanhos e rosto oval. Eu não conseguia
imaginar como seria se ela saísse parecendo a imagem cuspida de seu pai.
Poderia estar bem agora se ela tivesse, mas aqueles primeiros dois anos
teriam sido difíceis se eu tivesse visto Andrew todas as vezes que olhasse para
ela. Percebi desde então que não acho que algum dia estive loucamente
apaixonada por ele, mas com certeza parecia que estava na época.
O dia em que ele partiu... Porra. Doeu como o inferno quando percebi que
ele não voltaria, mas não. Meu coração foi golpeado e machucado por ele, mas
não quebrado.
Houve apenas um homem que realmente quebrou meu coração em setenta
milhões de pequenos pedaços, e Paxton não era alguém em quem eu queria
pensar.
Ainda assim, teria sido difícil olhar para April e ver apenas seu pai. Com
ela se parecendo tanto comigo, era fácil fingir que Andrew nunca tinha
existido. Eu gostava de fingir isso. Era conveniente não ter que pensar no
homem que era covarde demais para ficar por perto ou assumir qualquer
responsabilidade pela criança incrível que ele gerou.
— O tio Brett vem com você para me pegar de novo mais tarde? — Ela
perguntou, claramente tendo aceitado que descobriria sobre o aniversário de
Erin e a festa mais tarde.
April era uma criança muito tranquila. Ela raramente era exigente, mais
especialmente para uma criança de sua idade, e geralmente ficava muito feliz em
acompanhar o que quer que estivesse acontecendo. Mesmo que ela não fosse
convidada para a festa de aniversário, ainda seria doce sobre isso e perguntaria
se nós poderíamos comprar um presente para Erin.
Havia tanta esperança em seus olhos quando perguntou sobre Brett que
pensei seriamente em ligar para ele e perguntar a respeito. — Eu acho que não,
querida. Ele está muito ocupado no trabalho, e ele e tia Tierra precisam planejar
seu casamento.
— O que é um casamento? — Ela perguntou.
Outro dia, quando ela veio conosco para pegar o anel, tivemos que explicar
o conceito de um noivado e por que Brett precisava de um anel, mas não
tínhamos ido muito além disso em toda a emoção.
— Um casamento é um evento em que duas pessoas que realmente se
amam se casam. — Eu disse. — É como uma grande festa onde todos
comemoram o quanto aquelas duas pessoas se amam e que prometeram se amar
para sempre.
Ela refletiu enquanto eu ligava a máquina de waffles e esperava que
esquentasse. Havia tantas perguntas piscando em seus olhos, mas eu não ativei
nenhuma delas. Fazendo uma nota mental para agradecer a Brett por agora ter
que explicar todas essas coisas para ela que poderiam levar a muitos outros
assuntos mais complicados, apoiei meu quadril contra o balcão e me preparei
para as respostas que poderia ter a dar.
— Somos casadas? — Ela perguntou eventualmente. — Nós realmente nos
amamos, e você sempre diz que vai me amar para sempre e por um dia.
— Não, nós não somos casadas, bebê. Vou te amar para sempre e por
todos os dias. — Eu disse. — Não funciona assim para nós. Somos uma
família. A família se ama incondicionalmente, sem ser casada.
Ela enrugou a sobrancelha confusa. — Então, nós nos amamos porque
somos uma família?
Eu balancei a cabeça, então notei que a luz na máquina de waffle tinha
acendido, indicando que ele estava na temperatura. Abrindo a tampa, derramei
um pouco de massa no prato antes de voltar para April. — Há muitos tipos
diferentes de amor. Brett e Tierra estão apaixonados um pelo outro, então eles
querem se casar e então serão uma família.
— Oh. — Ela olhou para a janela, olhando para fora dela
contemplativamente antes de sorrir. — Eles vão ser uma família como nós?
— Não exatamente, porque somos mamãe e filha e eles serão marido e
mulher, mas sim. Eles também serão uma família.
— Eles serão nossa família? — Ela perguntou.
— Não, eles serão sua própria família. — Quando a luz acendeu
novamente, atraiu minha atenção de volta para o waffle. Levantei a tampa
novamente com cuidado, então vejo que o primeiro estava pronto.
Alcançando a espátula, deslizo a frente dela por baixo da borda do waffle
e levanto para deslizar para o prato de April. Depois de adicionar mais massa ao
ferro de waffle e fechar a tampa novamente, arrumei o prato com todos os
enfeites que temos, cortei em pedaços menores e entreguei o prato da princesa.
— Ai está. Coma, querida. — Eu olho para o relógio de pêndulo no
canto. — Temos tempo para mais alguns desses antes de irmos.
Por alguns minutos depois que começou a comer, pensei que ela poderia
ter deixado toda a conversa sobre casamento e família para trás, por
enquanto. No entanto, quando eu estava prestes a dar um suspiro de alívio por
ter sido fácil, ela recomeçou.
No pior lugar possível.
— Você vai se casar, mamãe? — Ela perguntou, seus olhos castanhos
suaves e arregalados nos meus. — Se Brett e Tierra precisam se casar para se
tornar uma família, como seremos uma família se você não for casada?
Porra.
— Há muitas maneiras diferentes de as pessoas se tornarem uma família,
cara de anjo. Casar é apenas uma delas. Nós nos tornamos uma família quando
a mamãe teve você.
— Oh! — Ela disse novamente, mas então mordeu o interior dos lábios por
um momento. — Você vai se casar?
Caramba. Eu esperava que minha resposta às suas perguntas anteriores
tivesse sido suficiente, mesmo se eu não tivesse respondido essa parte.
Evidentemente, eu não tive essa sorte. April era uma criança
extremamente astuta emocionalmente, então eu ri em vez de fazer a cara que
queria fazer quando pensava em me casar.
— Não, querida. Você é tudo que eu preciso. — Eu disse, e felizmente, ela
pareceu satisfeita com minha resposta.
Quando meu waffle ficou pronto, fui me juntar a ela na copa e devorei
antes que o próximo que eu tinha na máquina estivesse pronto. April fez mais
algumas perguntas sobre casamento, mas parece que eu evitei todas as balas
principais por enquanto.
O engraçado é que quando eu estava crescendo, quando não era muito
mais velha do que ela agora, sonhava em me casar. Demorei muito para entender
as coisas mais sutis, como as motivações por trás do motivo pelo qual as pessoas
fazem isso. Tudo que eu queria era o casamento.
O vestido branco, os sapatos brilhantes, as flores bonitas... Meus pais
eram jovens quando me tiveram, então, quando eu tinha a idade de April, já
tinha comparecido a muitos casamentos de seus amigos com eles. Lembrei-me
de estar absolutamente apaixonada pela ideia de me casar.
Oh, como os tempos mudaram.
Não era apenas por causa do que aconteceu com Andrew. O pai de April
tinha sido muitas coisas, mas não era para casar. Nós só namoramos por alguns
meses, mas eu nunca alimentei qualquer ilusão de um feliz para sempre com
ele.
Claro, eu não poderia ter previsto que ele seria tão inseguro quanto acabou
sendo, mas também não pensei que nos casaríamos. Gostávamos um do outro,
nos divertíamos muito e achei que seria um relacionamento sério, mas
nunca tão sério.
A essa altura, muitos dos meus amigos já haviam se casado e se
divorciado, de modo que amor, casamentos e família não eram mais os contos
de fadas que eu acreditava que fossem. Mas isso se tornou bastante conhecido
quando chegamos ao colégio e de repente começamos a perceber o que estava
acontecendo nas casas das pessoas.
Eu rapidamente percebi que nem todos os chamados contos de fadas
tinham finais felizes, e por volta dos meus vinte e poucos anos quando conheci
Andrew, eu tinha visto o amor quebrar e queimar tantas vezes que não tinha
intenção de participar na corrida novamente.
Inferno, a única vez que participei da corrida, terminou em um acidente
tão violento que eu tinha certeza que minha capacidade de amar alguém
romanticamente com todo o meu coração havia sido destruída no incêndio.
Queimado além do reconhecimento, no mínimo. Porra do Paxton.
Desligando deliberadamente meus pensamentos sobre ele quando senti
meu cérebro vagando em direção à estrada da memória, terminei meu waffle e
fui desligar a máquina depois que April disse que ela também estava
cheia. Enquanto ela juntava suas coisas para a creche, arrumei a máquina de
lavar louça e a encontrei na porta da frente.
Durante todo o tempo, Paxton nunca esteve longe de minha mente. Não
importa o quanto eu tentei não pensar nele, ele se agarrou aos meus
pensamentos como um cheiro ruim.
Eu culpei Brett por isso. Tierra era irmã de Paxton e, embora tivéssemos
efetivamente conseguido vê-los em momentos diferentes na última década, eu
estava quase convencida de que teria que vê-lo no casamento.
Se ele estiver na cidade, eu me lembrei. Brett e eu tínhamos feito um pacto
há muito tempo para não falar sobre ele, e ele deve ter contado a Tierra porque
ela também nunca o mencionou. Com sorte, ele estará muito ocupado fazendo o
que quer que esteja fazendo em outro lugar.
Felizmente para mim, ele era muito bom em correr e ficar longe de
casa. Dedos cruzados.
A professora de April estava esperando por nós quando chegamos. Ela
acenou quando paramos no meio-fio e foi até o carro.
Eu fiz uma careta, finalmente conseguindo tirar Paxton da minha cabeça
no instante em que percebi que ela obviamente queria falar comigo. A
preocupação dançou em meu cérebro, mas então ela me deu um sorriso
brilhante e eu relaxei.
— Faremos o dia da carreira na próxima semana. — Disse ela, depois que
trocamos cumprimentos e conversamos um pouco. — Você poderia participar,
Colette? Adoraríamos ter você.
— Adoraria! — Disse eu. — Eu definitivamente estarei aqui.
Conversamos por mais alguns minutos antes de ela levar um pequeno
grupo de crianças para dentro e eu ir embora. Eu mal parei no escritório quando
meu telefone tocou com uma mensagem de Brett.
Brett: Você pode nos encontrar para conversar sobre o casamento
amanhã à noite?
Eu verifiquei com minha babá regular antes de responder. Só depois que
ela me disse que estava disponível, digitei uma resposta para meu melhor amigo.
Eu: Vou mudar alguns horários. Veronica pode me cobrir, então eu
darei um jeito.
Brett: Obrigado. Te devo uma.
Porque sim. Sim, ele devia.
Mas a única coisa que eu queria agora era que ele me garantisse que
Paxton não teria nada a ver com este casamento. Pode ser que sua irmã se case,
mas ele era quase tão bom em não estar ao lado das pessoas quanto em fugir.
O maldito idiota. Eu realmente não sabia como lidaria com vê-lo
novamente depois do que ele fez, mas não queria descobrir.
CAPÍTULO 5
PAXTON

O sol da tarde brilhava na piscina infinita no quintal. Havia pessoas


seminuas por toda parte, música estrondando nos alto-falantes montados por
um DJ amigo da modelo que daria a festa.
Tínhamos terminado nossa filmagem algumas horas atrás e ainda não era
hora do jantar, mas ninguém realmente se importava que pudesse ser
considerado muito cedo para uma festa assim. Depois da sessão de fotos, todos
estavam com vontade de relaxar. Chamadas foram feitas para outras pessoas, e
na hora que eu tomei banho e apareci aqui, o DJ já estava tocando e o álcool
estava fluindo.
Eu estava em um deck com vista para a piscina, uma cerveja na mão e
uma garota em cada braço. A loira, Marilyn ou Madelyn ou algo assim, piscou
para mim com seus grandes olhos azuis e colocou a mão no meu peito.
— Fiquei tão animada quando Cindy disse que você viria hoje. — Ela
praticamente ronronou. — Você não festeja com a gente há um tempo.
Ah. Cindy. Esse é o nome dela. Ela é a modelo que está dando a festa.
Dando de ombros enquanto eu tomava um gole da minha bebida, sorri
para ela por cima dos meus óculos de sol. — Você sabe como é. Eu estive
ocupado.
A morena sob meu outro braço se virou para mim, envolvendo os dedos
em torno da base da minha garrafa para puxá-la para longe de seu rosto, onde
eu a deixei pairar depois de tomar meu gole. Ela limpou a garganta para chamar
minha atenção, então me deu um sorriso afetado.
— Eu sei tudo sobre o quão ocupado você tem estado. Aquela nova
campanha de jeans que você fez parte, lançada na semana passada, é quente.
— Que nova campanha de jeans? — A loira franziu a testa antes de
suavizar suas feições e bater no meu peito. — Você quer dançar? Parece
divertido lá embaixo.
Ela sacudiu os dedos em direção à pista de dança improvisada que tinha
sido feita no pátio ao lado da piscina. Tendo estado nesta situação algumas
vezes, eu sabia o que ela estava tentando fazer e por que estava pendurada em
mim.
O passo número um de seu plano era me afastar da competição, e o passo
dois era me esmagar na pista de dança. Depois disso, seria um tiro direto para
uma cama em algum lugar. Ou um vestiário. Talvez até mesmo uma esquina que
possamos virar.
Normalmente, eu estaria dentro, mas hoje, eu simplesmente não sabia.
Pare de se procupar, idiota.
A morena, embora também incrivelmente atraente e que também estivesse
dando em cima de mim, não parecia tão ousada quanto sua contraparte
loira. Seus lábios se curvaram em um sorriso sedutor enquando olhava para
mim.
— Parece quente lá embaixo, se você me perguntar. — Disse ela. — Estou
bem aqui. É um pouco mais privado.
Oh, tiros disparados. A situação poderia ter se tornado divertida se a Loira
tivesse mordido a isca. Em vez disso, era como se ela não reconhecesse o
desprezo pelo que era.
Ela se inclinou para frente para olhar para a morena em meu peito. —
Você realmente acha que está mais quente lá do que aqui?
A morena bufou, então arqueou a linha fina que restava de sua
sobrancelha para mim. Claramente, ela estava esperando que eu tomasse uma
decisão. Ficar aqui com ela ou descer com a outra garota. A loira não era muito
inteligente, o que era desagradável para mim, mas eu não estava tentando me
casar com ela.
Era tudo um jogo e eu adoro jogar. A loira estava aqui tentando conseguir
uma coisa e apenas uma coisa. A morena, por outro lado, me pareceu o tipo de
mulher que iria querer conversar por horas, me conhecer e me dar sua opinião
sobre todos os meus últimos trabalhos antes de eventualmente me convidar para
ir para casa com ela ou pedir para vir para casa comigo.
Isso podia envolver expectativas. Ela parecia bastante feroz, no
entanto. Eu duvidava que ela simplesmente desistisse a menos que eu a
dispensasse adequadamente. Loira então.
— Dançar parece divertido. — Tirei meu braço dos ombros da morena e
dei a ela um sorriso de desculpas. — Divirta-se. Talvez possamos trabalhar
juntos algum dia. Eu te vejo por aí.
Seus olhos se estreitaram por uma fração de segundo, mas ela se afastou
com a cabeça erguida e balançou a cabeça para mim. — Sim, claro, Pax. Pode
ser. Divirta-se com isso.
Na última palavra, ela olhou para a Loira e depois se virou para
desaparecer na confusão de pessoas ao nosso redor. Marilyn, ou Madelyn, eu
realmente tinha que descobrir qual era, novamente não havia registrado a
dissidência.
— Eu me pergunto por que ela não quis vir dançar com a gente. Não pode
estar tão quente lá embaixo. Há tantas pessoas na pista de dança.
Soltei um suspiro interno. Talvez me envolver com a morena não tivesse
sido tão ruim.
Ainda assim, eu não iria perseguir ninguém. Além disso, a Loira tinha
olhos lindos e uma grande cabeleira. Ela não podia ser tão ruim. Novamente,
não estou tentando me casar com ela.
— Eu acho que é por causa de todas as pessoas na pista de dança que ela
achou que seria tão quente lá embaixo. — Eu disse gentilmente. — O sol também
está subindo no pátio. Ele estará brilhando sob o telhado em alguns minutos.
Seus olhos arregalados se voltaram para o pátio em questão, mas então
ela deu de ombros e enfiou os dedos nos meus. — Eu estou bem em ficar um
pouco suada. Dançar faz o sangue fluir de qualquer maneira. Sempre começo a
me sentir um pouco quente enquanto danço, se é que você me entende.
Jesus. Sutileza não é seu forte. — Claro, querida. Vamos suar um pouco.
No nosso caminho descendo as escadas, fomos abordados por várias
pessoas que queriam dizer oi. Outra cerveja foi empurrada na minha mão por
um deles, e a garota, que definitivamente se chamava Madelyn porque várias
pessoas a cumprimentaram por esse nome, e ela não os corrigiu, agarrou-se a
mim como se eu fosse um bote salva-vidas.
Quando finalmente chegamos à multidão de corpos dançando, ela girou
em meus braços e jogou os dela em volta do meu pescoço. Quase imediatamente,
ela começou a plantar beijos de boca aberta no meu bíceps sobre a minha
camiseta.
Seu corpo estava duro contra o meu. Nenhuma parte dela parecia
ceder. No entanto eu fiz minha escolha. Agora eu só precisava tentar entrar
nisso.
Espalhando meus dedos sobre seus quadris, puxei-a para mim e esperei
que o mero fato de que ela estava rolando seus quadris como uma profissional
acionasse esse interruptor em meu corpo. Eu precisava que meu cérebro desse
o controle ao meu pau, e então estaríamos prontos para ir.
Infelizmente para esse plano, parecia que ela tinha a intenção de falar
enquanto dançávamos. Ela deixou sua cabeça cair um pouco para trás para
olhar para mim, suas mãos vagando e seu corpo balançando enquanto ficava
firmemente pressionado ao meu.
— Você gosta de cachorrinhos? Adoro eles. — Ela sorriu daquele jeito
adorável demais para ser sexy. — Cindy tem dois por aqui em algum
lugar. Talvez devêssemos ir procurá-los mais tarde.
— Eu adoro cachorros, mas tenho certeza de que ela os levou para algum
lugar longe da festa. Com tantas pessoas e com a música tão alta, eles só
ficariam com medo.
— Você acha mesmo? — Esses olhos se encheram de preocupação. —
Pobres filhotes.
Alguém esbarrou nela por trás e, simplesmente assim, ela esqueceu tudo
sobre os filhotes e começou a pular para cima e para baixo contra mim quando
percebeu que o resto da multidão tinha começado a fazer isso. Nas próximas
músicas, tentei entrar no clima. Eu realmente tentei. Até joguei minhas mãos
para o alto e gritei junto com uma música de rock alternativo dos anos noventa.
Quando finalmente comecei a sentir e relaxar, ela pegou minhas mãos e
me lançou um olhar que provavelmente deveria ter sido provocador. — Você quer
ir para algum lugar mais silencioso?
— Claro. — Eu a deixei me levar para longe da pista de dança, de volta ao
andar de cima para um quarto que ela obviamente sabia que estava lá.
Ela fechou a porta atrás de nós, mas continuou tagarelando sobre um
absurdo absoluto, mesmo enquanto estendia a mão pelas costas para desfazer
o nó da parte superior do biquíni. — Minha mãe estava tão preocupada comigo
quando me mudei para cá. Ela é dona de uma padaria e queria que eu fosse
trabalhar para ela. Você sabia que os padeiros começam muito cedo pela
manhã?
— Sim. — Ela realmente acabou de mencionar sua mãe enquanto ficava
nua?
Eu me movi em direção a ela, mentalmente me dando uma
conversa. Vamos esquecer que ela mencionou sua mãe. Sim. Isso basta.
Seus grandes olhos estavam treinados em meus movimentos enquanto ela
deixava o biquini cair no chão. — Eu estava indo para o mercado esta
manhã. Você já foi?
Pelo amor de Deus. — Sim, eu estive lá.
Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, coloquei meu dedo sobre
sua boca e colei meus lábios nos dela apenas para impedi-la de falar. Minhas
mãos envolveram sua cintura estreita e eu a puxei para perto de mim. Seus
mamilos ficaram duros como pedra contra o meu peito, e ela lançou um gemido
ofegante no beijo.
Eu realmente não estava no clima, no entanto. Não estava fazendo
absolutamente nada por mim. Parecia que eu estava segurando uma tábua de
passar, sua língua era como um peixe mole apenas ocasionalmente me
cutucando, e eu ficava pensando que sua mãe poderia ter razão se preocupando
antes de ela vir aqui.
Porra. Eu preciso planejar minha fuga. Eu vim aqui esta noite para tomar
alguns drinques e relaxar, para conhecer algumas das pessoas mais novas na
indústria e conversar com velhos amigos. Uma foda rápida nunca foi uma parte
indesejável de qualquer festa, mas isso tinha sido um erro.
O problema, no entanto, era que eu precisava de uma saída que não ferisse
seus sentimentos ou arruinasse o que um dia poderia ser um relacionamento de
trabalho se estivéssemos em uma sessão de fotos juntos. Apesar de como
parecia, a indústria em que estávamos não era tão grande. Havia uma boa
chance de terminarmos agendados para algo juntos, mais cedo ou mais tarde.
Minhas calças começaram a zumbir, como se quem estivesse ligando
tivesse percebido minha situação. Retardando o beijo para um fim, tirei meu
telefone do bolso e quase comecei a rir quando o nome de Tierra apareceu na
minha tela.
— Preciso atender. — Disse a Madelyn, que parecia prestes a começar a
falar de novo.
Quando eu levantei o telefone, ela fez beicinho, mas voltou a se deitar na
cama. Eu a observei abrir as pernas e acenar para que eu me juntasse a ela,
mesmo enquanto atendia ao telefonema da minha irmã.
— Ei você. E aí?
— Você estará ocupado hoje à noite? — Ela perguntou sem qualquer
preâmbulo. Também não esperou minha resposta. — Precisamos nos reunir
para conversar sobre algumas coisas do casamento. Encontrei um local que
adoro, mas eles acabaram de me ligar esta tarde para confirmar a
disponibilidade, e estou pirando. Não há muito tempo e precisamos fazer a bola
rolar.
Eu não estava orgulhoso disso, mas agarrei a oportunidade. Murmurando:
— Sinto muito, tenho que ir. — Para Madelyn, girei nos calcanhares e a deixei
deitada seminua na cama enquanto ainda falava ao telefone com Tierra.
— Acalme-se, mana. Tudo vai ficar bem. Apenas me diga onde encontrá-
la e já estarei lá.
— Estamos a caminho do Heaven. O restaurante de sushi. Você conhece?
Eu conhecia, mas não gostava. Sushi era bom em princípio, mas eu
precisava comer uma tonelada daquelas pequenas coisas antes que fizessem
qualquer tipo de impacto no meu apetite. — Eu sei onde é. Posso chegar lá em
cerca de trinta minutos.
— Obrigada, Paxton. — Disse ela, seu alívio falando muito sobre o fato de
que obviamente não tinha pensado que eu chegaria lá em tão curto prazo. — Nos
veremos em breve.
Quando entrei no Heaven, localizei Brett e Tierra quase
imediatamente. Mas eles não estavam sozinhos.
Ela estava de costas para mim, mas eu reconheceria a mulher que estava
à mesa com eles em qualquer lugar.
Porra. Colette está aqui?
Meu coração quase parou e, pela primeira vez em quase dez anos, tive uma
reação quase visceral ao simplesmente ver alguém. Colette sempre fez isso
comigo, no entanto. Ela era a única pessoa que poderia entrar em uma sala e eu
a sentiria antes mesmo de saber que ela estava lá.
Ela se virou lentamente quando Tierra me viu e acenou, eu vi o sangue
escorrendo de seu rosto.
Opa. Obviamente, isso também foi uma surpresa para ela. E eu duvidava
que fosse agradável.
CAPÍTULO 6
COLETTE

Paxton fodido Gould.


Caramba.
Por que diabos ele estava aqui? Claro, eu sabia que havia uma chance de
vê-lo com o casamento e tudo, mas com certeza não esperava que ele aparecesse
esta noite.
Fazia quase uma década desde que eu o vi pela última vez, e teria ficado
feliz se outra pudesse ter passado sem que eu tivesse que vê-lo, mesmo de
passagem. Agora, parecia que eu tinha que jantar com ele.
Meu sangue fervia quando estreitei meus olhos para Brett. Você poderia
pelo menos ter me avisado, idiota.
Quando ele pegou meu olhar, lançou um olhar penetrante para Tierra
sentada ao lado dele, e seus próprios olhos brilharam com um aviso. Este é o
irmão dela, ele parecia estar dizendo. Apenas seja legal. Podemos falar sobre
isso mais tarde.
Paxton, já quase meia hora atrasado, caminhou lentamente em nossa
direção com a mesma arrogância que tinha no colégio, mas agora estava usando
esteroides. Quando ele se aproximou, senti meu coração pular uma batida.
Por que ele não poderia ter se tornado horrível depois de tantos anos? Eu
queria tanto poder olhar para ele e pensar: “vergonha, os anos não foram bons”,
mas não consegui. Porque eles foram gentis.
Mais do que gentis. Seu rosto era mais maduro, mais anguloso e muito
menos infantil. Eu sabia que ele era um modelo, mas fiz questão de não olhar
muito de perto para nenhuma das fotos que tinha visto dele nos anúncios.
Agora, parecia que eu não deveria ter evitado ativamente estudar cada
centímetro dele que eu podia nessas fotos. Talvez se eu tivesse, estaria mais
preparada para o quão mais atraente ele estava agora mais do que nunca.
E ele sempre foi lindo.
Paxton se movia daquela maneira que chamava a atenção de todos na
sala. Mesmo com uma camisa azul desbotada e shorts cargo, parecia que
poderia estar indo ou voltando de uma sessão de fotos. Ele irradiava confiança
envolto em sexo alucinante que havia sido mergulhado em um tanque de
masculinidade.
Seu cabelo preto estava mais curto agora do que costumava ser, mas ainda
mais longo no topo. Parecia que dedos haviam passado recentemente por ele,
despenteados e um pouco bagunçados. Por outro lado, conhecendo-o,
provavelmente alguém esteve envolvido nisso muito recentemente. Ele sempre
foi um jogador. Eu duvidava que isso tivesse mudado.
Aqueles olhos azuis penetrantes dele eram tão assustadoramente bonitos
quanto eu me lembrava. Eles eram de um azul-gelo pálido, a cor que imaginei
que uma geleira refletiria sob um céu sem nuvens. Isso não significava que eles
eram frios, no entanto. Se qualquer coisa, o calor que eu sabia que poderia
explodir neles ainda me derretia mesmo depois de todo esse tempo.
Quando sua constituição alta e tonificada se aproximou da mesa, eu puxei
meu olhar para longe dele para me concentrar em Brett. Havia desculpas em
seus olhos, mas eu apenas balancei minha cabeça. Não poderia me sentar aqui
e passar a noite com Paxton. Eu simplesmente... não conseguia.
Pegando minha bolsa do assento ao lado dele, eu deslizei para a beirada
da minha cadeira e forcei um sorriso pelo bem de Tierra.
— Eu sinto muito, mas eu tenho que ir. Brett pode me enviar um e-mail
com o resto das coisas que preciso saber ou posso apenas conversar com você
no fim de semana?
— Mas acabei de chegar. — Disse Paxton antes de se abaixar para beijar
a bochecha da irmã. Ele apertou a mão estendida de Brett antes de sorrir para
mim. — Muito rude.
Oh, seu idiota completo e total. A carranca que apareceu em minhas feições
era tão intensa que até eu senti que meu rosto poderia continuar assim. —
Criativo como sempre, hein, Pax? Bem, rude ou não, ainda tenho que ir.
Antes que eu pudesse me levantar, vi Brett e Tierra trocarem um olhar
antes de olhar para mim e Paxton por sua vez. Tierra colocou a mão no braço de
Brett, e o olhar que ele me deu foi tão cortante que eu afundei de volta em minha
cadeira.
— Sente-se, Colette. Você não vai a lugar nenhum. April está com Veronica
hoje à noite, certo? Quando eu verifiquei ontem, você disse que poderíamos
conversar sobre o casamento esta noite, e é isso que vamos fazer.
— Espere. Colette sabia disso ontem? Por que descobri há menos de uma
hora? — Paxton ergueu as sobrancelhas para a irmã. — Se ela teve um pouco
de antecedência, por que eu não poderia?
Tierra não recuou. — Eu te disse, o local só foi confirmado com certeza
hoje cedo, e além disso, ela precisa de um pouco mais de tempo. Ela tem uma
filha para cuidar. A única criança de que você precisa cuidar é você mesmo.
Ele agarrou seu peito e continuou a falar sobre mim como se eu não
estivesse lá. — Você continua me ferindo assim, e pode partir meu coração um
dia desses. O que ela está fazendo aqui, afinal? Você e eu somos uma família,
Brett é tão bom quanto uma família, mas Colette...
— Colette só quer saber por que você chamou nós dois aqui juntos. — Eu
disse. — Achei que ele estaria no casamento, mas não é como se ele realmente
fosse fazer algo para nos ajudar na fase de preparação.
Tierra suspirou, mas não discutiu. Brett soltou um forte suspiro de ar
pelas narinas antes de enterrar o rosto nas mãos e olhar para ela de lado. —
Talvez isso tenha sido um erro.
— Não, não foi. — Ela disse suavemente antes de respirar fundo. —
Fizemos isso por um motivo, lembra?
— Sim, eu me lembro. — Ele baixou as mãos antes de se sentar, pendurou
o braço nas costas da cadeira dela e trouxe seus olhos verdes para os meus antes
que corressem para os de Paxton.
— Olha, eu sei que vocês dois têm muita história, mas vocês dois são
importantes para nós. — Disse ele com tanta honestidade e convicção que até
Paxton se endireitou um pouco. — Estamos prestes a nos tornar marido e
mulher. Não podemos ter nosso casamento arruinado por vocês dois terem
assuntos mal resolvidos. Já se passaram dez malditos anos desde que vocês se
separaram. Até agora, garantimos que não falamos realmente sobre nenhum de
vocês um com o outro, que vocês não precisam se ver em aniversários ou outros
eventos, mas este é o nosso casamento.
Paxton e eu não nos víamos cara a cara há muito tempo. Muito mais tempo
do que quando ficamos juntos.
Mas quando olhei para ele para encontrá-lo já olhando para mim, eu sabia
que estávamos de acordo sobre isso. Teríamos que bancar o bonzinho com a
noiva e o noivo que ambos amamos.
— Você tem alguma ideia do que ele está falando? — Paxton me perguntou,
aqueles lindos olhos brilhando de diversão, mas também implorando para que
eu o acompanhasse.
Isso pode apenas me matar, mas eu ia fazer isso.
Dando de ombros, sacudi minha cabeça de leve e tentei fingir que estava
tudo bem. — Eu não tenho absolutamente nenhuma ideia. Não vamos estragar
o casamento de ninguém. Vai ser o melhor casamento que já houve e vamos
garantir isso.
— É claro que sim. — Ele ergueu o punho para bater contra o meu, e
embora eu não quisesse nada mais do que não tocá-lo, eu engoli em seco e
ignorei as faíscas que explodiram por mim naquele breve ponto de contato com
a pele. — Fico feliz em fazer negócios com você.
— Mesmo aqui. Você pediu a eles para não falarem com você sobre mim?
Ele deixou os cantos da boca abaixarem enquanto balançava a cabeça. —
Não. Na verdade, sinto que ainda sei o básico sobre o que está acontecendo com
você. Você pediu?
— Nah. Eu conheço você. — Esse era todo o maldito problema, mas ei...
Paxton e eu viramos juntos para sorrir para nossos noivos. Tierra revirou
os olhos para nós, mas a mandíbula de Brett apertou quando Paxton voltou sua
atenção para mim. — Bem então. Não sei qual é o problema. Você?
— Não. Parece que Brett está chateado por nada.
Ele riu, e eu não estava orgulhosa do fato de meus joelhos ficarem um
pouco fracos com o som rico e melódico. Ele sempre deu uma ótima risada.
— Parece que sim. — Disse ele. — Para ser honesto, não me
surpreende. Ele sempre teve uma tendência um pouco infantil, não é?
— Oh, eu sei que vocês dois são infantis, mas o que eu sou? — Brett disse,
seu tom cortante. Sua noiva, abençoada seja sua alma gentil, arregalou os olhos
para ele para fazê-lo parar, mas ele não o fez. — Você sabe o que? Já é
suficiente. Eu sei que deve ter sido difícil para vocês dois não cederem nem por
um segundo tentando agir como se tudo estivesse bem, mas não está.
Ele empurrou a cadeira para trás. — Vamos nos casar e vocês são as duas
pessoas mais importantes em nossas vidas por algum motivo que não consigo
entender agora.
Enquanto ele se movia para ficar atrás de Tierra, estendeu a mão para ela,
mas manteve seus olhos e sua carranca em nós. — Temos um local, mas vamos
precisar de ajuda para planejar tudo, desde o homem de honra até a chefe dos
cavalheiros. Claro e simples.
A culpa passou por mim quando vi o quão sério ele estava. Eu endireitei
meus ombros enquanto prendia seu olhar, mas não podia fingir que não estava
chateada com ele sobre isso. Se Paxton ia ser o homem de honra de Tierra como
ele acabou de dizer, ele deveria ter sido honesto comigo sobre isso, em vez de
emboscar nós dois com a presença do outro no jantar.
Ao mesmo tempo, eu tinha me comprometido a ficar com ele no casamento
deles, e eu os amava demais para permitir que qualquer uma dessas coisas me
fizesse renegar essa promessa. Tierra colocou sua mão na de Brett e permitiu
que ele a puxasse para cima. Ele tirou a bolsa dela da mesa e a entregou
enquanto ainda olhava para nós.
— Se vocês se importam um pouco com nosso casamento, encontrarão
uma maneira de trabalharmos juntos e tornar nosso grande dia o que
merecemos. — Sua expressão suavizou quando ele olhou para mim. Ele sabia o
que estava pedindo, mas estava fazendo mesmo assim.
— A novidade? — Tierra disse, assumindo o lugar de Brett. — O casamento
é em quatro semanas, então é melhor vocês começarem.
Com isso, eles se viraram e me deixaram sozinha com Paxton. Depois que
a porta se fechou atrás deles, ele olhou para as bebidas e os menus na mesa. —
Você acha que isso significa que temos que ajudá-los?
Revirei meus olhos para ele. — Sim, Paxton. Acho que isso significa que
teremos que ajudá-los. É o mínimo que podemos fazer, você não acha?
Na verdade, o mínimo que podíamos fazer era não pular e segui-los. Mas
Brett estava certo. Teríamos que encontrar uma maneira de trabalhar juntos
para dar a eles o dia que mereciam, e se eles realmente se casassem em quatro
semanas, eu iria enfrentar uma tonelada a mais de tempo com Paxton antes que
eles finalmente conseguissem caminhar pelo altar.
CAPÍTULO 7
PAXTON

Enquanto Colette ficou sentada ali parecendo que preferia estar


literalmente em qualquer outro lugar depois que fomos deixados sozinhos,
procurei em minha memória pela última vez em que a vi. Se bem me lembrava,
e tinha quase certeza de que sim, não tinha visto ou falado com ela desde o dia
em que nosso relacionamento se despedaçou.
Eu sabia que estava certo porque passei muito tempo tentando esquecer
a mulher sentada ao meu lado. Os militares ajudaram, mas nada do que eu fiz
a apagou completamente do meu cérebro.
Nada jamais poderia. Colette era... Foda-se.
Ela foi tudo para mim em um ponto da minha vida. Minha melhor amiga,
meu primeiro e único amor, minha garota, minha rocha, e sim, meu tudo. Mas
tudo isso tinha ido para o inferno que se seguiu ao nosso rompimento.
Outrora, pensei que ela era a garota mais linda que já havia agraciado a
face da terra. Seu cabelo longo naturalmente loiro ficava mais claro se ela
passava algumas horas no sol. Ela tinha curvas em todos os lugares certos, e eu
tinha certeza que ela era a razão pela qual eu nunca fui capaz de me convencer
de que algumas das bonecas com que trabalhei eram realmente sexy.
Por mais que eu tenha tentado mudar meu tipo depois que terminamos,
apenas para não ser lembrado dela cada vez que visse uma mulher nua, ainda
não achava que houvesse ninguém mais sexy para mim do que ela. Ou garotas
que foram construídas como ela.
Cabelo loiro e olhos castanhos não era uma combinação que eu encontrava
com frequência, mas os olhos de Colette eram de um tom de castanho que a
tornava única, mesmo com sua coloração já única. Eles eram de um marrom
suave, quase dourado, com manchas douradas intercaladas em intervalos
aleatórios em sua íris.
Ela, embora eu nunca fosse admitir isso para ninguém, ainda
regularmente estrelava em minhas fantasias em meu tempo sozinho. Havia algo
nela que eu simplesmente não conseguia afastar, e mesmo sabendo que as
coisas estavam uma merda entre nós não era o suficiente para me afastar dela.
Era meio difícil de acreditar que depois de tudo isso, ela estava sentada à
mesa comigo. Tão perto de mim que eu podia sentir o leve cheiro do creme
corporal com aroma de noz de karité que ela sempre amou. Ela não parecia
muito interessada em ficar no restaurante apenas comigo.
Ela remexeu na bolsa e voltou com um cartão de crédito que pousou com
um clique na mesa. — Isso não foi divertido, Paxton. Vejo você em breve, ok?
Olhei em volta, mas não tinha visto nosso garçom desde que cheguei
aqui. Sem dúvida, ele ou ela voltaria à nossa mesa em breve, o que significava
que eu teria apenas mais alguns minutos com Colette antes que ela decolasse.
— Enquanto esperamos por nosso garçom, posso perguntar sobre sua
filha? Tierra me disse que você teve uma garotinha no final de sua residência. —
Eu também sabia que o pai as havia abandonado, mas não disse nada sobre
isso.
Se tivéssemos que fazer coisas juntos pelo bem da minha irmã, eu não
poderia deixar Colette querer me matar. Eu tinha noventa por cento de certeza
de que trazer à tona o cara que a engravidou e depois fugiu a faria querer enfiar
um machado no meu crânio.
Meu filtro não funcionava com frequência, mas eu poderia fazê-lo
funcionar quando fosse necessário. Por Tierra, eu faria funcionar. Mas não era
só por ela. Independentemente do que Colette pudesse pensar de mim, eu
realmente não queria machucá-la. Nunca quis machucá-la.
Acontece que eu tinha permissão para perguntar sem ter minha cabeça
arrancada ou esmagada, mas suas respostas foram vagas, na melhor das
hipóteses. — Sim, eu tenho uma menina.
— Ela teria cerca de três anos agora, certo?
A surpresa cintilou em seus olhos antes de limpá-los de qualquer emoção
novamente. — Sim. Três.
— Qual é o nome dela? — Eu não estava apenas tentando ser teimoso ou
fazê-la bater papo comigo. Eu estava genuinamente curioso sobre sua filha.
Houve um tempo em que pensei que qualquer filho que ela pudesse ter
seria meu também. Mesmo se as coisas tivessem acabado mal entre nós, eu
nunca teria fugido depois de descobrir que estava grávida. Para mim, isso era
completamente inaceitável.
Eu teria feito o que pudesse para ajudar, e mesmo que ela só quisesse que
eu ficasse longe, eu pelo menos teria enviado dinheiro a ela. Eu também gostaria
de conhecer meu filho, mas talvez fosse só eu.
— O nome dela é April. — Ela disse secamente, seu olhar se afastando do
meu para procurar nosso garçom. Quando ela olhou para mim, ela parecia quase
desconfiada. — Por que você está me perguntando tudo isso? Não finja que você
se importa. Você já provou que não.
— Nós podemos muito bem conversar. Se vamos passar um tempo juntos,
vamos ter que conversar eventualmente.
— Sim, eventualmente. — Ela concordou. — Eventualmente não é esta
noite e, eventualmente, quando falarmos, não tem que ser sobre April.
Uau. Ela se tornou uma verdadeira mamãe ursa. Na verdade, não parecia
em nada com a garota de olhos brilhantes, enérgica e despreocupada que eu
lembrava. A vida parecia tê-la puxado com força, e isso transparecia em seus
movimentos confusos e seu desejo de sair do restaurante o mais rápido possível.
— Se você não quer falar sobre ela, tudo bem. — Eu disse
agradavelmente. — Nós vamos ter que encontrar uma maneira de estar bem um
com o outro, no entanto. Se você quiser ir embora, vá. Eu cuido da conta.
— Aceito sua oferta. — Disse ela, pegando seu cartão e se levantando. —
Obrigada pela bebida.
— De nada. Não se incomode com isso, posso pagar alguns drinques. Se
você tivesse pedido comida, porém, poderia ter sido uma história diferente. —
Minha tentativa de piada não deu certo.
Ela não estava aceitando nada disso. — Isso deve ser maravilhoso para
você. Boa noite, Paxton.
— Espere. — Estendi a mão e peguei seu pulso, circulando meus dedos
em torno dele, mas não aplicando nenhuma pressão.
Se ela quisesse, seria capaz de sair do meu alcance com muita
facilidade. Ela não soltou o braço, no entanto. Em vez disso, seus olhos se
afastaram dos meus e encararam onde meus dedos roçaram sua pele.
— O que? — Ela perguntou finalmente, ainda sem tentar se libertar.
O som de sua voz naquele momento foi ainda pior do que se ela tivesse me
dado um tapa no segundo em que a toquei. Ela parecia tão... magoada. Até
mesmo com medo.
Lentamente retirei a minha mão porque eu não podia suportar a ideia de
provocar qualquer emoção nela que iria fazê-la soar dessa forma, eu me levantei
e deslizei meus dedos em meus bolsos para evitar tocá-la novamente.
— Eu sei que foi um choque para você me ver aqui esta noite. — Ela não
me questionou sobre como eu sabia, mas suponho que quando você conhecia
alguém tão bem quanto nós nos conhecíamos, sempre haveria algumas coisas
que não precisavam ser ditas. — Lamento que eles não tenham avisado você. Se
isso a faz se sentir melhor, eles também não me avisaram.
— Imaginei. — Seus olhos se fecharam e ela passou uma mão pelas pontas
do cabelo antes de olhar para o meu novamente. A borda que estivera nele a
noite toda se foi. — Por que você me disse para esperar?
Encarando aqueles olhos dela novamente, eu quase perdi cada pedaço de
jogo que eu já tive. Era tentador cair de joelhos e implorar por seu perdão quando
olhava para mim assim, mas eu não o fiz.
Se foi como resultado do que eu fiz a ela, ou porque o homem que gerou
seu filho tinha ido embora, eu não sabia. Colette parecia nervosa para mim
agora, como um animal selvagem que foi pego de surpresa e simplesmente
congelou.
Mudando meu peso para o outro pé, lutei contra o desejo de puxá-la para
mim. Embora Tierra não precisasse de mim para protegê-la muito depois que ela
conheceu Brett, aquela besta dentro de mim nunca tinha se erguido nem por ela
do jeito que sempre fez por Colette.
Talvez fosse porque eu sabia que Tierra não precisava tanto de mim, mas
era como se Colette tivesse acionado alguma parte primitiva dentro de mim que
queria arrasar o mundo para protegê-la. Eu não queria que parecesse que ela
queria fugir de mim. Nunca.
Mas foi minha culpa que estivéssemos onde estávamos. Agora eu
precisava consertar ou pelo menos amenizar o suficiente para que durasse o mês
que precisávamos para passar um tempo juntos.
Eu tinha que manter meus olhos no prêmio, que era garantir que Tierra
não sentisse falta de nossos pais enquanto planejava o casamento.
Se Brett tinha pedido a Colette para ser sua chefe dos cavalheiros, seja lá
o que diabos isso fosse, isso significava que eu precisava da ajuda dela para fazer
isso.
— Eu queria que você esperasse porque precisamos fazer planos para nos
encontrarmos para que possamos começar a ajudar com as coisas do casamento.
— Eu disse. — Quaisquer que sejam nossos sentimentos pessoais, não podemos
deixá-los atrapalhar o grande dia de Brett e Tierra. Além disso, chefe dos
cavaleiros?
A diversão iluminou seus olhos por apenas um minuto. — Quando Brett
perguntou, eu disse que não poderia ser sua melhor mulher porque Tierra já
tinha esse título, então tentamos pensar em outra coisa.
— Chefe dos cavalheiros. — Repeti lentamente, sentindo um sorriso se
espalhar em meus lábios. — Eu gosto disso.
— Excelente. — Qualquer traço de humor desapareceu dela, e seus lábios
pressionaram em uma linha fina. — Suponho que teremos que nos encontrar
para ajudar com os planos. Só me dê alguns dias, ok? Eu realmente não
esperava ter que trabalhar com você.
Eu balancei a cabeça, e Colette não esperou mais. Sem fazer planos para
seguir em frente quando íamos nos encontrar para discutir as coisas do
casamento, ela girou nos calcanhares e saiu.
Enquanto eu a observava se afastando, meu corpo e minha mente
seguiram em duas direções completamente diferentes. Meu corpo reagiu da
maneira que sempre reagia ao ver sua bunda e a maneira como balançava
suavemente quando andava, meus olhos fixos nela como se estivessem colados
lá.
Minha mente, no entanto, agora estava girando. Achei que tinha segurado
minha pose muito bem ali, mas vê-la me deixou confuso. Havia muitos negócios
pendentes entre nós, e eu estava me perguntando se esse era o universo nos
dando a chance de terminá-los.
O problema era que nós dois teríamos um encerramento, ou ambos nos
machucaríamos novamente. E honestamente, eu não sabia qual delas parecia
pior.
CAPÍTULO 8
COLETTE

— Vejo você na próxima semana, Anita.


Eu disse, acenando para minha última cliente antes da minha pausa para
o almoço. Assim que a porta do escritório se fechou atrás dela, marchei até a
minha mesa com apenas uma coisa em minha mente.
Causar. A Brett. Um Inferno.
No meu caminho para casa ontem à noite, pensei em ligar para ele e falar
tudo. A única razão pela qual não fiz isso foi porque realmente não queria fazer
parte do drama que todo casamento inevitavelmente tinha.
Se eu ligasse para ele apenas uma hora depois de eles nos contarem
quando iriam se casar e nos pedir para arrumar as coisas, arriscaria estragar a
noite ainda mais do que Paxton e eu já havíamos feito. Além disso, se eu
conhecesse Brett, e eu conhecia, ele levaria a noiva para casa e então trabalharia
duro para fazê-la esquecer que nós existíamos. Eu não tinha dúvidas de que seu
objetivo seria fazê-la esquecer até mesmo seu próprio nome, e eu realmente não
queria interromper nada disso.
Mas agora? Agora ele era um jogo justo. Eu ainda não queria fazer parte
do drama, mas queria respostas do meu melhor amigo sobre uma emboscada
daquele jeito.
— Acho que isso significa que meu tempo acabou. — Disse ele em vez de
me cumprimentar. — Demorou mais do que eu pensava.
— Eu estava sendo atenciosa. — Eu disse. — Não que vocês dois traidores
mereçam.
— Despejando os grandes insultos hoje, hein? — Ele suspirou. — Tudo
bem, deixe-me ver.
Eu pensei que estaria tremendo de raiva com tudo isso, mas não
estava. Estava ferida. — Por que você me surpreenderia com Paxton assim? Você
sabe o que sinto por ele e que estava perfeitamente feliz em acreditar que nunca
mais teria que vê-lo.
O suspiro que ele soltou foi exasperado, para dizer o mínimo. — Isso é
simplesmente ingenuidade, Colette. Não combina com você. Você é mais
inteligente do que isso.
— Eu sou? — Oh, aí está a raiva.
Ela rodou no meu estômago e cobriu meu coração com uma nuvem de
fumaça preta que fez meus olhos se estreitarem e minha respiração acelerar. —
Eu sou muito inteligente para ser magoada pelo meu melhor amigo por fazer
uma proeza dessas comigo?
— Você é minha melhor amiga, e eu vou me casar com a irmã dele! —
Disse ele com a mesma exasperação em seu tom. — Você devia saber que o veria
novamente em algum ponto ou outro.
Só porque eu sabia que ele estava certo, não me deixou menos
frustrada. — Você poderia ter me avisado.
— Se eu tivesse lhe contado que ele estaria lá, você teria concordado em
nos encontrar para jantar? — Ele perguntou, sua voz muito mais gentil agora.
A pergunta me fez parar. Embora eu ainda não estivesse feliz com isso, o
que ele estava dizendo era verdade. — Não, eu não teria.
— Exatamente. Sinto muito por tê-lo jogado em cima de você assim, mas
parecia a única maneira de colocar vocês dois juntos em uma sala. — Disse
ele. — Estamos em um cronograma muito apertado aqui, e eu sei que não é justo
com você, mas este local é muito importante para Tierra. Ela ficou nas nuvens
quando nos disseram que tinham espaço para nós, mas para fazer funcionar,
vamos precisar de muita ajuda.
Abaixei minha cabeça, passando minha mão livre pelo meu cabelo e
observando os fios loiros se separarem enquanto eu os puxava por entre meus
dedos. — Eu sei disso, e vou ajudá-lo com tudo que você precisar, mas é
realmente necessário que eu trabalhe com ele?
Se eu não tentasse pela última vez, passaria o mês seguinte me
ressentindo por isso. — Eu não sei se eu posso trabalhar com ele, Brett. Você
não pode simplesmente me enviar uma lista do que precisa ser feito e enviar a
Paxton a dele? Tenho certeza que podemos trabalhar em nossas próprias tarefas
e ainda assim fazê-las.
— Não temos tempo para tentar isso. — Disse ele, ainda gentilmente, mas
também sendo muito firme sobre isso. Claramente, ele não estava acreditando
nessa ideia. — Se tentarmos e algo der errado porque acidentalmente
bagunçamos as listas, ou se tivermos que ser os intermediários constantes, há
uma boa chance de algo passar desapercebido.
Ele soltou um suspiro profundo. — Este é o nosso casamento, Colette. Não
quero pedir a Tierra que seja mediadora entre vocês dois quando ela já está sob
tanta pressão. Não estamos pedindo a vocês dois que voltem a ficar juntos ou
mesmo que sejam amigos novamente. Só precisamos que vocês sejam
civilizados.
Eu zombei. — Não tenho certeza se algum de nós é capaz disso.
Embora isso não fosse bem verdade. Até eu poderia admitir que Paxton
havia tentado muito bem a civilidade na noite anterior. Então,
novamente, não fui eu quem fugiu dele.
— Tenho certeza de que vocês dois são capazes disso. — Disse ele. — Já
se passaram mais de dez anos. Não há razão para você não deixar o que
aconteceu para trás.
— Não há razão? — Eu respirei, suas palavras como um choque elétrico
direto nas partes mais profundas do meu sistema. — Posso pensar em várias.
Durante o resto do nosso telefonema, fiquei distraída por todos os motivos
pelos quais não pude simplesmente deixar o que havia acontecido entre nós para
trás. Quando finalmente desligamos, prometendo tentar, recostei-me na cadeira
e deixei as memórias passarem por mim.
Tínhamos dezenove anos e estávamos em alta. Tudo estava absolutamente
perfeito. Depois de anos dançando em torno um do outro e tentando ignorar a
atração entre nós porque não queríamos arriscar nossa amizade, Paxton e eu
finalmente cedemos.
Fazia alguns meses e as coisas entre nós estavam melhores do que
nunca. Eu não conseguia acreditar que havíamos perdido tanto tempo tentando
ser apenas amigos quando poderíamos estar juntos por muito mais tempo.
Sentada no colo de Paxton na parte de trás de sua caminhonete, segurei seu
rosto entre as mãos e me concentrei naqueles incríveis olhos azuis cintilantes. Ele
estava duro embaixo de mim e, embora estivéssemos separados por algumas
camadas de tecido, ainda me emocionava saber que poderia afetar Paxton Gould
dessa forma.
Ele sorriu para mim, suas mãos em meus quadris parando enquanto ele
inclinava a cabeça questionadoramente. — O que você está pensando? Eu sinto
que perdi você por um segundo ai.
— Você nunca vai me perder. — Eu sussurrei, mergulhando minha cabeça
para colocar beijos mais suaves e delicados em seus lábios para pontuar minhas
palavras. — Agora que finalmente tenho você, nunca vou deixar você ir. Era nisso
que eu estava pensando. Estou muito feliz por finalmente termos nos encontrado.
— Sinto o mesmo. — Ele gemeu enquanto arqueava seus quadris para
esfregar contra meu núcleo. Aqueles olhos ficaram tempestuosos e escuros, mas
seus lábios nunca deixaram os meus. — Eu nunca quero deixar de beijar você.
Eu ri, mas o som era rouco e cheio de necessidade. Meu rosto ficou vermelho
por me ouvir soando assim, mas os gemidos suaves de Paxton enquanto ele corria
seus lábios ao longo da coluna da minha garganta acalmou o constrangimento.
— Isso pode tornar a escola e a vida cotidiana muito dura. — Eu disse,
deixando minha cabeça cair para trás para que ele pudesse ter todo o acesso que
queria à minha pele.
A chuva batia contra suas janelas, escorrendo pelo vidro em pequenos
riachos que obscureciam minha visão do mundo lá fora. Parecia que Pax e eu
estávamos em nosso próprio mundo aqui, onde ninguém e nada poderia ficar entre
nós. Eu simplesmente adorei.
— Você sabe o que é bastante duro? — Ele perguntou em um rosnado baixo
enquanto empurrava seus quadris contra os meus.
— Se você disser 'meu pau', terei que reconsiderar seriamente essa relação.
— Provoquei. — Por outro lado, gosto de saber o quanto você me quer.
— Nunca houve qualquer dúvida sobre o quanto eu quero você. — Ele
sussurrou, ainda sem tirar os lábios da minha pele. — Eu não ia dizer isso, no
entanto. Você já sabe como isso é duro.
— Sim. — Eu me contorci contra a protuberância em sua calça jeans,
gemendo com as faíscas de prazer que enviou através de mim. — O que você ia
dizer?
Ele enterrou o rosto na curva do meu pescoço, seu coração batendo
descontroladamente contra o meu enquanto ele tentava recuperar o fôlego. — Não
consigo me lembrar. Você vai precisar me dar um minuto.
— Que tal conversarmos sobre isso mais tarde? — Eu sugeri. A
necessidade dentro de mim era uma coisa viva, e eu estava desesperada para
senti-lo deslizar para dentro de mim.
Eu não era virgem quando Pax e eu dormimos juntos pela primeira vez, mas
o único outro cara com quem eu estive não tinha ideia do que estava
fazendo. Paxton definitivamente sabia o que estava fazendo. Ele poderia me
fazer gritar em menos de dez minutos, e então sabia exatamente como me levar lá
novamente em tanto tempo ou menos antes que ele finalmente cedesse aos seus
próprios impulsos.
Sexo nunca tinha sido algo em que eu pensasse muito até ter com ele. Eu
não tinha sido capaz de entender a confusão, mas com certeza entendia
agora. Especialmente quando ele estava tão alternadamente intenso e brincalhão
como hoje.
— Sim, eu posso apoiar esse plano. Falaremos sobre isso mais tarde. — Ele
disse antes de deslizar uma mão atrás da minha nuca e me puxar para um beijo
profundo.
Era verão após a nossa formatura do ensino médio. Fomos aceitos nas
mesmas faculdades e trabalhamos juntos em nossa pequena lista. Eu me
pergunto se ele vai me pedir para morar com ele.
Havíamos conversado sobre a possibilidade de compartilhar um lugar, mas
eu estava hesitante. Parecia que seria muito rápido. Como se fôssemos muito
jovens.
Mas então eu pensaria há quanto tempo o conhecia. Como ele se tornou um
amigo muito bom para mim nos últimos anos. Tinha sido Pax, Brett e eu contra o
mundo por tanto tempo. Não era como se eu estivesse dizendo sim para ir morar
com alguém que eu conhecia há apenas alguns meses.
E éramos jovens, mas não seríamos jovens para sempre. Talvez, se fosse
sobre isso que ele queria falar comigo, eu diria que sim.
Um arrepio percorreu minha espinha com a ideia de acordar com ele todas
as manhãs. Ele riu sombriamente contra meus lábios quando sentiu, então
começou a me fazer ver estrelas duas vezes antes de finalmente se desfazer em
minha mão. Nós nem tínhamos chegado à penetração real desta vez.
— O que você ia dizer antes? — Eu perguntei, minha testa descansando
contra a dele enquanto meu peito arfava e eu tentava acalmar meu coração
acelerado.
Ele limpou a garganta e, quando olhou nos meus olhos novamente, havia
algo nele que eu não gostei nem um pouco. Uma seriedade que eu não suportava
ver ali.
— O que é? — Eu perguntei novamente, sentindo a preocupação rastejar
através da euforia. — Você está bem?
— Estou bem. Eu só... — Ele respirou fundo, estremecendo, seu olhar fixo
no meu e seus braços rodearam firmemente ao meu redor. — Eu só ia dizer que
vai ser difícil não ver você todos os dias.
— O que você está falando? — Eu fiz uma careta, afastando-me para
acariciar sua mandíbula com meus polegares.— Nós vamos para a faculdade
juntos, certo?
Sua língua saiu para molhar os lábios antes que ele balançasse a cabeça e
fechasse os olhos. — Eu não estou indo para a faculdade, baby. Decidi adiar por
enquanto.
— O que? — O choque irradiou através de mim e parecia que meu coração
tinha sido substituído por um bloco de gelo. — O que você vai fazer em vez
disso? Trabalhar? Ainda podemos ir para a mesma vila ou cidade, não podemos?
— Não baby. Não podemos. — Quando ele olhou para mim novamente,
senti meu mundo começar a desmoronar ao meu redor antes mesmo de ele dizer
as palavras. — Eu entrei para o exército. O treinamento básico começa em alguns
meses, e depois disso, quem sabe para onde eles vão me mandar. Sinto muito,
Colette. Só recebi a papelada oficial ontem, mas entrei e irei. Eu tenho que fazer
isso. Por mim.
Ainda pior do que isso foi quando ele acrescentou: — Não vou pedir que você
espere por mim. Eu te amo demais para fazer isso com você. Eu sinto muito,
querida. Eu sinto muito mesmo.
Mas ele não lamentou o suficiente para falar comigo sobre isso. Ele também
não lamentou o suficiente para ouvir algo sobre eu me juntar a ele. Ele não
lamentava o suficiente por nada que pudesse nos manter juntos a longo prazo,
então acho que ele realmente não sentia nada.
CAPÍTULO 9
PAXTON

A primeira pessoa que vi quando entrei no set em que estava trabalhando


hoje foi ninguém menos que a Loira Madelyn. A indignação apertou suas feições
quando nossos olhares se encontraram enquanto eu caminhava para o camarim.
Eu escapei de suas garras apenas para vê-la no trabalho alguns dias
depois. Simplesmente ótimo.
Não havia ninguém para culpar além de mim aqui, no
entanto. Eu tinha deixando-a deitada praticamente nua com as pernas abertas,
mas com toda a justiça, eu também não tinha sido o único a levá-la para essa
posição.
Não que isso importasse para ela. Até onde ela sabia, eu tinha sido um
participante disposto, só não muito falador até o minuto em que a deixei. Esses
são os intervalos.
Uma vez que eu estava vestido com a calça de couro preta apertada que
eu precisava estar, tinha delineador suficiente nos olhos para ficar parecido com
um adolescente gótico, e meu torso tinha sido lubrificado, as pessoas da
maquiagem e guarda-roupa me deixaram ir. Eu não sabia se Madelyn estava
esperando, mas ela estava em cima de mim assim que eu terminei.
Seus braços estavam cruzados sob seus seios fartos. O minivestido de
couro em que ela estava era colante e sexy para caralho, mas eu não conseguia
nem olhar para ela com ele. Agora que Colette estava de volta à minha vida, eu
estava ainda menos interessado em Madelyn do que antes.
Para mim, todas as outras loiras do mundo eram uma imitação barata de
Colette. Não era justo pensar nas pessoas dessa maneira, e eu sabia disso, mas
não podia evitar o que sentia.
Madelyn franziu os lábios como uma criança irritada faria e, com os braços
ainda cruzados, não havia como negar que ela me lembrava muito uma criança
prestes a ter um acesso de raiva.
— Você apenas me deixou lá! — Ela disse em tom acusador, felizmente
mantendo sua voz baixa o suficiente para que os outros ao nosso redor não
pudessem ouvi-la. Não que eu me importasse com o que eles pensavam de mim,
mas eu não era um idiota total. Não estava orgulhoso do que tinha feito. Embora,
pegue isso, Tommy Baker e seu bando de valentões da escola primária. Eu saí
com uma porra de modelo nua.
Ainda assim, eu não precisava exibir o que havia acontecido entre
nós. Fazer isso me colocaria em um nível de idiota que nem eu tinha alcançado
ainda.
— Sim…— Eu disse a ela quando percebi que ela ainda estava me seguindo
como um cachorrinho perdido. — Fui chamado para resolver algo urgente. Não
podia esperar.
— Era sua namorada? — Ela perguntou, provando que estava prestes a
ser tão irritante no set quanto tinha sido na festa.
Eu balancei minha cabeça. — Não. Não era minha namorada.
— Quem era, então? — Ela parecia uma parte curiosa, duas partes
ríspida. — O que você fez foi muito rude, sabe.
— Assim como interrogar alguém que você não conhece sobre sua vida
pessoal. — Retruquei, e então suspirei. Eu não estava prestes a me desculpar,
mas provavelmente devia uma explicação a ela. — Era minha irmã. Ela vai se
casar e precisava de mim.
— Oh. — Ela fez uma pausa, um sorriso suave se espalhando em seus
lábios carnudos como se estivesse imensamente satisfeita com a minha
resposta. — Quanta consideração de sua parte. Você poderia apenas ter me dito
que era uma emergência. Eu teria entendido. O que você vai fazer depois das
fotos?
Oh, porra. A última coisa que queria fazer era dar a ela esperança de que
continuaríamos o que começamos em breve. Tentar tirar Colette do meu sistema
não funcionou antes, e eu não queria tentar novamente.
— O que eu deveria ter dito é que não foi minha namorada quem ligou,
mas ela estava lá no restaurante onde encontrei minha irmã. — A garota em
questão também teria minhas bolas pelo que eu acabei de dizer, mas desde que
ela foi minha última e única namorada séria, eu sempre pensaria nela dessa
forma.
— Você tem uma namorada? — A voz de Madelyn subiu várias oitavas,
mas então ela agarrou meu braço depois de olhar ao redor e continuou em um
sussurro furioso. — Então você é um traidor?
— Eu não sou um traidor. — As pessoas poderiam me acusar de muitas
coisas, mas não disso. — Se bem me lembro, foi você quem veio até mim. Não o
contrário. Eu posso ter beijado você, mas nunca iria além disso.
Ela me lançou uma carranca antes de soltar meu braço como se eu a
tivesse queimado. — Beijar é traição, Paxton. Assim como dançar
provocativamente com outras mulheres. Caramba.
— As coisas estão complicadas entre nós. — Eu disse, mas não dei mais
detalhes. Ela arqueou uma sobrancelha para mim para indicar que estava
esperando, e quando eu dei de ombros, ela soltou um suspiro pesado.
Depois de me enviar um olhar que parecia dizer que estava muito
decepcionada comigo, ela girou seus saltos ridiculamente altos e marchou para
longe. Não olhei para a bunda dela enquanto caminhava, o que era outro sinal
de que o trem Colette estava estacionado firmemente na estação novamente.
Enquanto as filmagens começavam, eu ainda estava distraído por
pensamentos sobre minha ex. Ela não tinha estado muito longe da minha mente
desde a primeira vez que coloquei os olhos nela novamente. Sinceramente, não
esperava que vê-la despertasse tantas lembranças antigas, mas tinha.
Era quase como se eu tivesse um pé no presente, mas o outro estava
firmemente plantado no passado. Nosso tempo juntos girava constantemente
por trás dos meus olhos, mesmo enquanto eu observava o fotógrafo em busca de
minhas dicas e me movia de acordo com o que ele exigia.
— Ele geralmente é muito mais brincalhão do que isso. — Ouvi alguém
sussurrando nas sombras enquanto eu posava para uma série de fotos solo. —
Eu me pergunto o que está acontecendo com ele.
— Talvez ele finalmente encontrou alguém que é imune aos seus encantos.
— Outra voz disse maliciosamente. — Seria bom para ele se acontecesse ao
contrario pela primeira vez.
— Acho que é a namorada dele. — Disse Madelyn, obviamente entrando
na conversa.
— Ele tem uma namorada? — Um dos outros modelos perguntou. — Desde
quando?
— Pobre garota…— Outra voz bufou. — Espero que ela saiba no que está
se metendo. Aquele homem não vai se estabelecer tão cedo, e ele é do tipo que
quebraria seu coração de forma que você precisaria ser internado para superá-
lo.
Eu não era tão ruim, mas não me importava o suficiente para fazer o
argumento em voz alta. Desligando-os e deixando-os com suas fofocas, eu segui
as instruções do fotógrafo ao pé da letra, ansioso para acabar com isso e logo.
Se eles soubessem que Colette sabia melhor do que ninguém no que ela
estaria se metendo comigo, talvez não estivessem tão preocupados com ela. Não
que ela me aceitaria de volta. Ninguém me odiava mais do que ela.
Eu não poderia nem culpá-la. Em retrospecto, eu poderia ter lidado com
tudo dizendo a ela que estava indo para o exército. Talvez eu até devesse ter
esperado até que eu não tivesse minha mão dentro de suas calças antes de
essencialmente deixá-la saber que estávamos acabados.
Na época, eu sabia que estava fazendo o que tinha que fazer por mim
mesmo, mas também pensei que estava sendo totalmente nobre e abnegado em
dizer a ela para não esperar por mim. Eu queria pedir a ela para fazer isso, mas
ao mesmo tempo, eu também não queria realmente estar amarrado.
Tínhamos dezenove anos, pelo amor de Deus. Recém-saídos do ensino
médio e com toda a nossa vida pela frente. Eu tinha tido essa ideia na minha
cabeça de que eu iria espalhar minha aveia selvagem enquanto Colette fazia o
mesmo embora eu, egoisticamente, esperasse que ela não fizesse. No fundo da
minha mente, eu queria que ela estivesse lá para me receber de braços abertos
quando fôssemos mais velhos e prontos para o que tínhamos entre nós.
Eu precisava entrar pro exercito e não me arrependi de ter ido, mas me
arrependi de como tinha falado desde o minuto em que abri minha boca grande
na parte de trás da minha caminhonete naquele dia. No entanto eu era uma
criança. Uma criança que tinha acabado de ter uma porra de orgasmo alucinante
e pensou que estava prestes a ter um mais tarde, antes que nossos pais
chegassem em casa. Achei que ser honesto com ela naquele momento não era
apenas uma boa ideia, mas que ela iria gostar. Como um idiota total e completo.
A sessão de fotos voou enquanto minha cabeça estava presa em todas
aquelas memórias, e antes que eu percebesse, minha parte acabou. Até o
fotógrafo perguntou se eu estava bem antes de finalizar.
Assim que vesti minha calça jeans e camiseta, tirei meu telefone do bolso
e mandei uma mensagem para Colette. Não foi tão difícil convencer Tierra a me
dar seu número.
Eu debati sobre isso por cerca de trinta segundos antes de clicar em
enviar.
Eu: Eu sei que você não está entusiasmada com isso. Eu até entendo
o porquê. Mas B + T estão contando conosco, no entanto. Estou disposto a
esquecer nossa história, se você estiver.
Levei alguns segundos para perceber que ela não iria me escrever de volta
imediatamente. Os sinais ao lado da minha mensagem ficaram azuis quase
imediatamente, deixando-me saber que ela tinha lido, mas não havia pontos
para indicar que uma resposta estava a caminho.
Soltando um suspiro e passando minha mão na parte de trás da minha
cabeça, tentei descobrir o que eu faria se ela não respondesse nada. Minha irmã
precisava de mim e eu estaria lá para ela. Não importa o que eu precise fazer.
Com isso em mente, escrevi outra mensagem para ela antes de colocar
meu telefone no bolso e sair em direção ao meu carro.
Eu: O que você acha de começarmos apenas sentando e mapeando
tudo o que precisamos trabalhar para o casamento?
O calor e a umidade bateram em meu rosto quando saí do prédio pelas
portas giratórias do saguão. A calçada estava lotada de pessoas se apressando
em algum lugar ou sentadas em um café tomando uma bebida.
Era fim de tarde e uma bebida parecia muito bom para mim agora. Então,
novamente, o mesmo aconteceu ao voltar para minha cobertura com ar-
condicionado ou ir para a piscina comum no telhado do prédio.
Eu ainda estava debatendo minhas opções quando meu telefone zumbiu
contra minha perna. Meu coração deu um salto no peito quando o tirei do bolso
e o nome dela apareceu na tela. Ela realmente me mandou uma mensagem de
volta.
Eu realmente pensei que teria que marcar uma consulta em seu escritório
com um nome falso para fazê-la falar comigo ou algo igualmente
elaborado. Estaria disposto a pagar pelo tempo dela se eu precisasse. Inferno,
talvez ficarmos juntos em um ambiente terapêutico teria sido bom para nós dois.
Colette: Tudo bem.
Ok, então não é uma resposta muito entusiasmada, mas vou aceitar. Ao
digitar minha resposta, fui até meu carro e liguei o ar-condicionado assim que
me sentei atrás do volante.
Eu: Você está livre esta noite?
Eu nem tinha ligado o carro antes de meu telefone começar a tocar. Um
sorriso lento se espalhou no meu rosto quando vi que era ela chamando.
— Ei, você! — Eu disse, embora soubesse que o tom leve e as palavras
amigáveis a incomodariam.
— Não faça isso! — Ela retrucou. — Eu não estou ligando para você para
conversar. Não somos amigos, nem vamos ser. A única razão pela qual estou
ligando é porque você está certo sobre eles contarem conosco, e eu não tenho
tempo para digitar pequenas mensagens fofas pelo resto da tarde.
— Ok. — Eu concordei facilmente. — Então, esta noite, então. Você está
livre?
— Sou mãe, Paxton. — Disse ela, como se não conseguisse nem acreditar
que precisava me lembrar ou dizer qualquer coisa em voz alta. — Não posso
simplesmente liberar periodos de tempo com apenas algumas horas de
antecedência.
— Que tal eu apenas ir e trabalharmos em sua casa, então? — Eu
sugeri. — Tudo que eu perguntei foi se você estava livre. Eu nunca disse que
tínhamos que sair ou algo assim.
Quando ela hesitou, eu sabia que a tinha. Mesmo que só um pouco. Um
último empurrão e talvez tenha uma chance de ajudar minha irmã a realizar
seus sonhos. — Vamos, Colette. O que há de errado? A sua casa é muito
bagunçada para receber um cara?

CAPÍTULO 10
COLETTE

April me observou do sofá com uma pequena carranca entre as


sobrancelhas loiras. — Por que você está limpando, mamãe?
Parei de correr ao redor da casa por um minuto para responder a ela,
enxugando minha testa com as costas da minha mão. — Eu não estou
limpando. Só arrumando um pouco. Alguém virá mais tarde para nos ajudar a
fazer algumas coisas para o casamento do tio Brett.
Nossa casa não era suja. Era um pouco confuso porque, bem, pessoas
realmente moravam aqui. Havia pratos na pia e brinquedos no chão. Uma pilha
de roupa que eu tinha que lavar esperando em uma cesta na frente da máquina,
e nossas almofadas estavam espalhadas no sofá de como nós as arrumamos
enquanto assistíamos um filme antes de dormir na noite anterior.
Então me processe. Assisti a um filme com minha filha de três anos.
Suspirando porque sabia que estava discutindo com as vozes julgadoras
imaginárias de outras mães na minha cabeça, fechei os olhos e tentei acalmar a
tempestade que vinha se formando em minha mente desde que recebi a
mensagem de Paxton antes.
Minha filha me observou com atenção e, em seguida, pulou do sofá. —
Posso ajudar? Minha professora diz que precisamos ajudar nossas mamães em
casa porque ajudamos a fazer a bagunça.
Eu debati sua oferta por alguns segundos. Por outro lado, uma criança
pequena nunca ajudou tanto quanto atrapalhou no processo de limpeza,
especialmente quando a pessoa estava na mira do relógio. Mas, por outro lado,
eu sabia que o que ela disse era verdade. Era importante para eles serem
incluídos nas tarefas domésticas.
Independentemente do pouco tempo que tivéssemos antes de Paxton
chegar aqui, eu precisava desacelerar o suficiente para que ela me ajudasse. —
Claro querida. Isso seria bom. Você se importa de endireitar por aqui enquanto
vou arrumar os pratos na máquina de lavar louça?
Eu olhei para as almofadas e os brinquedos antes de apontar para os
brinquedos primeiro. — Que tal você me ajudar empacotando tudo isso, e então
você pode colocar todas as almofadas de volta?
Ela acenou com a cabeça ansiosa e, por um momento, eu só pude sorrir
enquanto a observava começar a trabalhar. Movendo-se meticulosamente de um
brinquedo para o outro, ela levou cada um para um dos recipientes que tínhamos
no canto e começou a depositar os brinquedos neles.
A demora me custou caro, mas valeu a pena desacelerar um pouco. Ela
realmente estava crescendo muito rápido. Eu odiava até mesmo pensar em quão
mais rápido o tempo iria começar a passar conforme ela ficasse mais velha.
Então, novamente, eu também odiava me importar o suficiente com o que
Paxton pensava sobre nossa casa para estar arrumando antes de sua
visita. Nossa casa não era enorme, mas era confortável. Embora ganhasse o
suficiente para poder pagar por algo um pouco maior, também não queria nos
sobrecarregar muito.
Após o nascimento de April, voltei a trabalhar assim que pude para
terminar minha residência e poder nos sustentar. Eu não tinha uma montanha
de dívidas com meus empréstimos estudantis, mas ainda havia uma parte da
minha renda que era usada para pagar todos os meses. Até recentemente, pelo
menos.
Eu finalmente recebi a notificação de que estava oficialmente livre de
empréstimos estudantis, e isso tirou um peso gigante dos meus ombros. Em vez
de nos mudar para uma casa maior e mais agradável, agora que tinha um pouco
mais de dinheiro à minha disposição todos os meses, usei esse dinheiro para
começar a investir em nome de April.
Sim. Minha vida está longe de ser glamorosa. Mas eu tinha que ser prática
sobre as coisas. Andrew não teria um ataque de consciência de repente e
começaria a contribuir para as despesas de April tão cedo. Ouvi dizer que suas
despesas só aumentariam à medida que ela envelhecia e, enquanto isso, o pai
dela estava morando em uma ilha do Caribe com sua noiva muito mais
jovem. Uma amiga em comum havia me informado dessa pequena pepita
divertida na véspera de seu segundo aniversário.
Assim que terminei de transferir os pratos da pia para a máquina de lavar
louça, fui arrancada dos meus pensamentos pela campainha tocando. Porra, ele
está aqui.
Uma parte não tão pequena de mim esperava que ele encontrasse outra
coisa para fazer esta noite e que cancelasse nossos planos. Eu deveria saber que
não teria tanta sorte.
Quando olhei para minha legging e moletom, desejei ter tempo para colocar
outra coisa, mas isso era o melhor que iria ficar agora. O melhor que pude fazer
foi deixar meu cabelo soltar do coque que eu o puxei para arrumá-lo e alisá-lo
um pouco.
April olhou para mim quando eu passei pela nossa sala de estar e
rapidamente corri para as duas últimas almofadas que ainda estavam por aí. Eu
sorri para ela e mantive meu tom tranquilizador. — Não se preocupe,
querida. Fizemos o melhor que pudemos com o tempo que tivemos. Ninguém
pode esperar nada mais do que isso.
Quando abri a porta da frente, Paxton estava lá com três fichários e uma
sacola da loja do dólar. Tentei não me concentrar na maneira como sua camiseta
abraçava seu corpo ou em como aquele jeans parecia o tipo que ele costumava
usar e que eu o tinha tirado tantas vezes.
Ele ergueu a sacola com um sorriso tímido e eu absolutamente não notei
como seus olhos pareceram brilhar de felicidade quando ele o fez. — Eu venho
trazendo suprimentos e chocolate. Você ainda gosta de copos de manteiga de
amendoim?
— Eu gostaria que você tivesse esquecido que eles são meu chocolate
favorito. — Eu gemi, mas me afastei para deixá-lo entrar.
Enquanto eu voltava minha atenção para o barulho suave dos pés de April
quando ela veio ver quem ele era, eu jurei que o ouvi murmurando baixinho. —
Eu não esqueci nada sobre você.
Se estivéssemos sozinhos, provavelmente o teria atacado por essa
declaração ou mesmo por ousar trazer à tona o passado quando ele disse que
estava disposto a abandonar se eu estivesse, mas não estávamos
sozinhos. Minha garotinha estava bem ali, olhando para Paxton e os copos de
manteiga de amendoim como se o Natal tivesse chegado mais cedo. — April, este
é Paxton. — Eu disse suavemente, mantendo meu foco nela. — Paxton é irmão
de Tierra. Ele vai nos ajudar com os planos de casamento do tio Brett. Paxton,
conheça April.
— O que? Não pode ser April. — Ele fingiu um suspiro antes de cair de
joelhos em um gesto muito dramático e manteve seu olhar nela. — April deveria
ser apenas um bebê. Esta jovem não é um bebezinho.
Ela riu e balançou a cabeça, mas eu praticamente vi sua timidez habitual
no primeiro encontro evaporar sob o efeito de sua natureza brincalhona. — Eu
não sou mais um bebezinho. Eu sou uma garota crescida agora.
— Praticamente geriátrica, — Ele concordou, sorrindo tão largo quanto eu
via há muito, muito tempo. — Ainda bem que não comprei aqueles chocalhos
que estava olhando para você, hein? Como você se sente em relação a
bonecas? Comprei uma que vem com um jogo de chá. Achei que você e eu
poderíamos nos conhecer durante uma festa do chá um pouco mais tarde, se
estiver tudo bem?
Para seu crédito, ele realmente olhou para mim quando fez essa pergunta,
silenciosamente implorando pela minha permissão antes de virar o sorriso para
ela quando eu assenti, relutantemente. Mas se ele ia ficar por aí pelo próximo
mês ou depois, seria mais fácil fazer tudo isso se os dois se dessem bem.
— Eu amo festas do chá. — Disse ela, praticamente sorrindo para ele. —
Eu também adoro bonecas.
— É uma coisa boa eu ter uma aqui, então. — Ele abriu a sacola e tirou
um pacote com uma boneca, quatro xícaras de chá, pires e alguns biscoitos de
plástico dentro. — Eu pensei que poderíamos chamá-la de Abigail.
— Como o segundo nome da mamãe? — Ela perguntou imediatamente,
olhando para mim. — Você disse a ele seu nome completo?
— Eu disse, bebê. Sim. — Há muito tempo atrás, mas em algum momento,
eu disse a ele. — Você quer dizer a ele seu nome completo?
Ela movimentou a cabeça, dando a ele o sorriso mais doce que eu vi
dirigido a qualquer um exceto eu e Brett.
— Eu sou April Gabriela Wynne. — Eu vi o momento em que isso foi
registrado nele. A memória tornou seus olhos praticamente cinzentos por um
momento.
Sim, idiota.Gabriela.
Exatamente o mesmo nome que eu colocaria em nossa filha um dia, se
tivéssemos uma juntos. Sempre amei o nome, no entanto. Ele não era o dono. Só
porque eu não acabei tendo uma filha com ele, não significava que eu estava
pronta para deixar o nome ir só porque tínhamos brincado sobre uma situação
hipotética de “um dia” quando estávamos embriagados.
Ele deixou passar, mas eu sabia que tinha acontecido em algum
momento. Em vez de me chamar na frente de April, ele estendeu a mão para ela.
— Paxton Alexander Gould. Prazer em conhecê-la, April Gabriela Wynne.
Ela apertou a mão dele exatamente como eu a ensinei a fazer, em seguida,
nos seguiu quando fizemos nosso caminho para a cozinha. Quando cheguei à
geladeira, virei minha cabeça para olhar para ele por cima do ombro. — Eu tenho
suco, água, chá e café instantâneo. Nada muito empolgante, mas essas são suas
opções.
Eu sabia que ele não gostava de chá, mas não queria que ele soubesse que
eu lembrava. Quanto menos nos referirmos ao nosso passado ou ao nosso
conhecimento um do outro como resultado disso, melhor. Ele não parecia
enganado pelo meu ato, sua sobrancelha erguida apenas ligeiramente mais alta
do que a outra.
— Só vou beber água. Obrigado. — Disse ele. — April e eu ainda
precisamos fazer nossa festa do chá. Eu não gostaria de beber até a hora.
— É justo. — Eu disse, sem apontar que ter uma festa do chá com uma
criança não envolvia tomar chá de verdade.
Depois que eu saí e enchi dois copos e um copo de plástico para April, e
fomos para a sala de estar. Ainda havia alguns brinquedos na base dos
recipientes, mas fiquei impressionada com o quanto ela havia feito aqui.
— Devemos nos sentar no chão? — Paxton ergueu parcialmente os
fichários que ainda carregava. — Podemos espalhar na mesinha de centro. Isso
pode tornar as coisas mais fáceis.
— Sim claro. Vamos fazer isso. — Quanto mais cedo começarmos, mais
cedo ele poderá ir embora. — Recebi uma mensagem de Brett mais cedo com as
primeiras coisas que eles precisam que vejamos.
— Recebi a mesma coisa de Tierra. — Disse ele, abaixando e sentando-se
de pernas cruzadas à mesa. Ele espalhou as pastas, colocou o telefone em cima
de uma e colocou os copos de pasta de amendoim na minha frente. — Vamos lá.
— Abigail e eu vamos nos sentar com você. — Declarou April, então me
surpreendeu se pendurando sobre as costas de Paxton. — Tudo bem?
Ele sorriu para ela, inclinando-se para frente para que ela tivesse que
enlaçar os braços em volta do pescoço dele enquanto ele a levantava do chão. —
Por mim, tudo bem, mas talvez você precise estar preparada para aguentar.
Ela riu até que houvesse lágrimas em seus olhos enquanto ele continuava
se inclinando para frente e para trás, tremendo de um lado para o outro e rindo
enquanto ela gritava. Eu nunca a tinha visto se apaixonar por ninguém desse
jeito antes e ficava piscando para ter certeza de que não estava tendo
alucinações.
— Uau, pequenina. — Ele disse finalmente, quando sua risada diminuiu
para risos. — Você poderia se tornar uma rainha do rodeio se quiser.
— E nessa nota…— Eu intervi, sorrindo porque eu não queria estragar sua
diversão. — Vamos começar com o que você veio fazer aqui, certo? Antes de
convencer minha filha a se tornar uma cowgirl.
Ele revirou os olhos para mim, seu rosto ainda iluminado com uma
satisfação preguiçosa que parecia fora do lugar. Certamente, uma espécie de
solteirão famoso de modelo masculino não poderia realmente gostar de brincar
com uma criança de três anos que nem sequer pertencia a ele. Mas com certeza
parecia que ele estava adorando.
— Eu nunca a convenceria a se tornar uma cowgirl. — Ele disse
brincando. — O que eu acredito que disse é que ela poderia se tornar uma rainha
do rodeio. Não apenas uma cowgirl, mas uma rainha.
— Você tem que ser uma princesa para se tornar uma rainha, — Disse
April, estendendo a mão para roubar um de seus chocolates antes de se jogar
em seu colo do jeito que ela só fazia com Brett. — Eu não sou uma princesa.
— Você é minha princesa. — Eu disse, percebendo a boca de Paxton se
abrindo antes que ele a fechasse sem dizer nada.
Uma carranca juntou suas sobrancelhas, mas durou apenas um momento
antes que ele suavizasse sua expressão novamente. April, enquanto isso, olhava
fixamente para a gola de sua camisa antes de estender a mão para retirar suas
etiquetas de identificação.
— Que é isso? — Ela perguntou, seu olhar disparando para o meu antes
de voltar para o de Paxton. — Eu nunca vi um colar como este antes. As meninas
geralmente não usam colares?
Bem diante dos meus olhos, algo nele mudou. Ele se sentou um pouco
mais reto, o riso e o início quase constante de um sorriso em sua boca
desapareceram, e foi como se a luz em seus olhos desaparecesse. — Eles são
apenas pingentes de colar.
Disse ele, retirando delicadamente as etiquetas da mão dela e colocando-
as de volta em sua camisa enquanto ignorava a pergunta.
Ela aceitou a resposta com um encolher de ombros. — OK. Posso brincar
com a Abigail aqui com você?
Ele acenou com a cabeça ao repetir a pergunta anterior, sua expressão
surpreendentemente suave enquanto olhava para ela. — Se está tudo bem para
sua mãe, está tudo bem para mim.
Ela rolou de seu colo quando eu balancei a cabeça, mas ficou ao lado dele
enquanto ela começava a brincar com sua nova boneca e seu jogo de chá. Um
sorriso melancólico se espalhou em seus lábios enquanto ele observava minha
garotinha brincar por um minuto, mas quando ele me pegou olhando, se
transformou naquele sorriso malicioso e odioso.
— Precisamos colocar mãos a obra e trabalhar um pouco esta noite. —
Disse ele antes de balançar as sobrancelhas para mim e baixar a voz. — A menos
que você prefira apenas continuar olhando. Eu estou bem com isso também.
CAPÍTULO 11
PAXTON

April era uma ladra de corações. Isso é certeza.


Com os suaves olhos castanhos de sua mãe, cabelos dourados e lindo
sorriso, ela me teve como um olá. Eu não pude deixar de me distrair com ela. Ela
era exatamente o que eu tinha imaginado, até sonhado, nossa própria filha
parecendo quando costumávamos fantasiar sobre começar uma família todos
aqueles anos atrás.
Se eu fechasse meus olhos e ignorasse a hostilidade na maneira como sua
mãe ficava olhando para mim, era quase fácil imaginar que as duas eram
minhas. Que eu nunca cometi aqueles erros estúpidos e infantis e ela esperou
por mim afinal.
Era uma merda total estar olhando para a mini versão de Colette que eu
queria dar a ela e saber que não tive nada a ver com sua criação. Não adianta
sonhar, cara. Recomponha-se.
— Então. — Apontei para a pilha impressa de documentos que coloquei
em uma das pastas depois de comprá-los. — Depois que obtivemos essa lista,
tomei a liberdade de pesquisar os fornecedores locais. Organizei as páginas de
acordo com a categoria, mas ainda não tive tempo de analizá-las.
Ela se levantou e voltou com um bloco de papel, então franziu a testa
quando tirei vários post-its coloridos da bolsa. — Você realmente veio preparado.
— Sim. Eu disse que estava pronto para trabalhar, e falei sério. — Depois
de passar um Post-it de cada cor para ela, tirei dois cadernos e um novo conjunto
com canetas coloridas. — Eu comprei seu próprio caderno, mas vamos ter que
dividir as canetas.
— Ok. — Ela disse lentamente, parecendo ter problemas para aceitar ficar
impressionada com algo que eu fiz pela primeira vez. — Você faz os furos e me
passa as folhas de papel por categoria. Vou marcá-los, porque sua caligrafia
provavelmente ainda é uma merda, e arquivá-los.
Ha. Então ela se lembra de algumas coisas sobre mim. Eu dei a ela um
sorriso conhecedor, mas ela revirou os olhos para mim quando viu.
— Vamos trabalhar. — Disse ela.
À medida que organizávamos e revisávamos as pastas, caímos em um
ritmo fácil compartilhado por pessoas que haviam trabalhado juntas antes. Pode
ter se passado anos desde a última vez que tivemos uma tarefa ou um projeto
para fazer juntos, mas apesar do que ela tinha fingido antes, parecia se lembrar
de como costumávamos dividir as coisas com bastante clareza.
Ela e eu, às vezes com Brett também, costumávamos escolher um ao outro
como parceiros no colégio em todas as aulas que tínhamos. Havia uma
familiaridade em fazer o que era preciso, embora isso fosse coisa de casamento
e não trabalho escolar.
O tempo passou como um borrão e, por volta das oito e meia, percebi que
April tinha adormecido no carpete macio do chão da sala. Nós nem tínhamos
chegado a nossa festa do chá ainda.
Comemos lasanha que Colette tirou do freezer para o jantar e uma salada
que ela preparou sem nenhum problema. Nós trabalhamos durante todo o jantar
e levamos nossos pratos para a máquina de lavar louça, então ficamos presos de
volta.
Ela sorriu quando viu que April tinha adormecido, desdobrando suas
longas pernas e levantando-se.
— Eu volto já. Só quero pegar um cobertor para ela. — Disse ela.
Peguei seu pulso, olhando para ela antes de retirar minha mão um pouco
devagar demais. — Eu posso ajudá-la a levá-la para a cama.
— Nah, está tudo bem. — Ela ergueu o braço e envolveu os dedos ao redor
do pulso que eu acabei de tocar quase distraidamente. — Vou deixá-la dormir
aqui enquanto ainda estamos ocupados. Ela vai dormir melhor se puder ouvir
nossas vozes.
— OK. Apenas me diga se você precisar de ajuda para movê-la.
O olhar que ela me deu foi cortante. — Eu a levei para a cama sozinha por
toda a sua vida. Tenho certeza de que posso sobreviver sem um homem grande
e forte por perto para fazer isso.
Eu levantei minhas mãos em sinal de rendição. — Eu sei que você
pode. Não quis dizer que você precisava da minha ajuda. Foi apenas uma oferta.
Ela saiu da sala sem responder, voltando com um cobertor de aparência
macia e cobrindo a filha suavemente com ele. Sem me dar uma explicação para
onde ela estava indo desta vez, ela saiu novamente. Eu ouvi os sons fracos da
geladeira abrindo e o líquido sendo derramado, então entendi quando ela voltou
com uma taça de vinho branco para cada um de nós.
— Obrigado. — Eu disse quando ela passou um para mim. — Achei que
você não tivesse nada mais interessante.
— Não faço isso enquanto April está acordada. — Disse ela. — Eu nem me
lembrava que tinha até desejar um pouco mais cedo ter álcool para passar por
isso.
— Você precisa de álcool para passar a noite comigo? — Isso tinha que
significar alguma coisa. Eu só não sabia o quê.
Ela franziu os lábios, ignorando minha pergunta e, em vez disso, olhou
rapidamente para a pasta à sua frente. — Você nunca foi tão tipo A. Qual é o
problema? Não me lembro de você ser tão organizado.
— Meu tempo no exército me colocou em forma. — Dei de ombros, mas até
eu sabia que minha postura tinha ficado mais rígida do que normalmente.
Brincar sobre isso com pessoas que não me conheciam antes era uma
coisa. Para eles, eu era apenas mais um cara com formação militar. Colette sabia
melhor. Ela me conhecia melhor.
— Abordo tudo de maneira diferente do que costumava fazer quando era
menino. — Disse eu. — Isso é tudo que eu costumava ser quando estávamos
juntos, você sabe. Um menino.
Ela me lançou um longo olhar, mas depois revirou os olhos e ignorou o
comentário. Claramente, minha juventude não foi uma desculpa boa o suficiente
para meus erros.
Agora que April estava dormindo, ficamos mais sérios sobre o que
precisava ser feito. Colette continuou pegando o telefone, colocando mais coisas
na fila para imprimir e depois indo até a impressora para buscá-las.
— Faria muito mais sentido apenas compartilhar uma pasta com todas
essas coisas online. — Disse ela. — Vamos destruir uma floresta tropical neste
ritmo.
— Também criei uma pasta online com tudo o que imprimi. Vou
compartilhar com você, mas prefiro ter coisas que posso tocar. Isso me ajuda a
manter as coisas em ordem.
— Também prefiro. — Ela disse, tão rápido que eu não achei que realmente
quisesse admitir que ainda tínhamos algo em comum. — Eu sempre tenho um
caso grave de culpa terrestre quando vejo tantas páginas impressas. Então,
vamos criar uma pasta compartilhada e também vinculá-la a Brett e Tierra.
— Parece um plano. — Eu disse. — A Tierra me deu uma ideia do que eles
querem de seus fornecedores, bem como do orçamento.
— Eu sei qual é o orçamento deles. — Ela olhou para mim. — Obviamente,
não podemos ajudá-los a reduzir as coisas se não soubermos quanto eles podem
pagar por isso.
A tensão na sala aumentou um pouco. Ela me odiava tanto que eu
praticamente podia senti-la irradiando a necessidade de me tirar de sua casa de
repente. Não conversamos muito por um tempo depois disso.
— Precisamos criar uma lista de tarefas. — Disse ela finalmente, mal
olhando para mim ao abrir o caderno que eu dei a ela. — Acho que precisamos
nos concentrar em encontrar um bom DJ primeiro. Eles tendem a ficar
reservados com meses de antecedência, então vamos precisar fazer isso o mais
rápido possível.
— Eu posso conhecer alguém. — Eu disse, pensando no DJ que estava na
festa onde eu saí com Madelyn. — Ele leva as pessoas para a pista de dança e
as mantém lá. Posso verificar a disponibilidade dele.
Ela rabiscou algo no caderno e acenou com a cabeça. — Claro que você
conhece um DJ. Ok, informe-se sobre a disponibilidade e me avise. Qual é o
próximo?
Eu sorri. — Uma festa de despedida de solteiro épica.
— Existem coisas mais importantes na vida do que festas, Paxton. — Disse
ela, tomando outro gole de seu vinho. — Mas tudo bem. Precisamos ter uma
para eles, suponho. Precisamos enviar os convites muito em breve, no entanto.
— Vou desenhar algo online. Eu sou decente nisso. Só precisamos decidir
uma data, e podemos comunicar os detalhes assim que os tivermos.
— Boa ideia. — Disse ela, embora ela definitivamente soasse como se
tivesse admitido a contragosto. — Você seria capaz de resolver isso amanhã?
— Considere feito. — Eu tinha outra sessão de fotos no início da manhã,
mas resolveria isso. Colette estava certa sobre ser importante deixar as pessoas
saberem o mais rápido possível qual seria a data, mas mais do que isso, eu
também queria provar que ela poderia confiar em mim quando eu dissesse que
faria algo. — Você já teve alguma ideia para a despedida de
solteiro? Teoricamente, acho que você precisa organizar isso enquanto eu
deveria organizar a despedida de solteira, mas também teremos que comparecer
à outra festa.
— Nós vamos resolver isso. — Ela disse. — Podemos trabalhar juntos para
fazer os arranjos e então talvez apenas dar uma passada na outra festa à
noite? Vou te defender como substituto na despedida de solteiro se você fizer o
mesmo por mim com as solteiras.
— Feito. — Terminei meu vinho e ela se levantou para nos buscar
mais. Ela acabou trazendo a garrafa de volta e nós continuamos enchendo
nossos copos enquanto trabalhávamos. — Eles também querem que
encontremos um fotógrafo.
— Presumo que você conheça muitos deles? — Ela me olhou com o canto
do olho. — Eu conheço uma garota, mas ela faz principalmente sessões de fotos
para escolas. Ela costuma trabalhar para a creche que April frequenta.
— Vou fazer alguns contatos. Eu conheço muitos, mas eles geralmente
estão lotados para fotos profissionais nos fins de semana. Alguns deles me
devem favores, no entanto. Nós encontraremos um.
— Posso ver algumas das fotos deles? — Ela perguntou. — Brett me deu
uma boa ideia do visual que eles estão procurando. Acho que poderei ajudá-lo a
descobrir a quem perguntar.
Movendo-me no tapete, me aproximei dela e abri alguns sites no meu
telefone. Seu leve cheiro vagou até mim, e quase gemi quando o inspirei. O cheiro
de noz de carité sempre me fez lembrar e sempre me lembraria dela. Houve um
tempo em que ficava um pouco duro cada vez que passava por aquelas lojas
onde as mulheres compravam essas coisas, já que geralmente era esse o cheiro
que prevalecia sobre os outros.
Seus dedos roçaram os meus quando ela pegou meu telefone para estudar
a galeria em um dos sites que eu abri, e quase agarrei sua mão para manter sua
pele na minha. Segurar as mãos não era realmente minha praia, mas era algo
que eu gostava de fazer com ela. Só porque eu sempre quis tocá-la de alguma
forma.
— Eu gosto deste. — Ela meditou, inclinando a cabeça enquanto colocava
os dois dedos na minha tela para ampliar a imagem que estava olhando. — É
muito parecido com o trabalho de uma mulher que Brett amava, mas ela não
estava disponível no dia.
— Vamos mandar uma mensagem a Langdon agora mesmo. — Sugeri,
pegando o telefone dela quando ela o segurou na palma da mão.
Depois de enviar a mensagem ao fotógrafo, anotamos os outros
fornecedores com os quais tínhamos que agendar visitas. O vinho continuou
fluindo, e depois de várias taças, Colette não parecia mais tão amarga comigo.
— Estou orgulhosa de você, sabe. — Ela disse de repente, seus olhos azuis
brilhando de tanto rir por causa de uma piada que eu fiz alguns minutos atrás.
Eu levantei uma sobrancelha para ela, franzindo a testa enquanto me
perguntava do que se tratava. — Você está? Pelo que?
— Você está levando isso muito a sério. — Disse ela. — Uma parte de mim
pensou que você viria hoje à noite e só queria brincar, mas esse não é o caso.
Minha outra sobrancelha subiu para se juntar à primeira enquanto eu
dava de ombros, sem desviar o olhar dela por um segundo. — Não sou a mesma
pessoa de antes, Colette. Eu mudei. Eu cresci. Se vamos trabalhar juntos, você
vai ter que aceitar isso.
Por um longo minuto, ela não desviou o olhar. Seus olhos procuraram os
meus, passando de um para o outro como se estivesse esperando que algo
acontecesse. Quando nada aconteceu, ela balançou a cabeça e soltou um
suspiro suave.
— Sim, você pode estar certo, mas, para constar, eu também mudei. — Ela
pegou o copo e o aninhou entre os dedos. — Se vamos trabalhar juntos, você não
só vai ter que aceitar isso. Vai ter que respeitar isso também.
— Considere feito. — Eu disse novamente, significando cada palavra. —
Agora que isso está fora do caminho, podemos tentar nos divertir um pouco com
isso?
— Veremos, Paxton. — Disse ela após uma breve pausa. — Nós apenas
teremos que ver.
E veríamos, mas eu estava determinado a fazê-la relaxar perto de
mim. Claro, eu a machuquei uma vez, mas não foi como se eu tivesse saído
ileso. Nosso passado era complicado, mas não significava que nosso futuro
também tinha que ser.

CAPÍTULO 12
COLETTE

Já era tarde da noite quando as palavras no papel à minha frente


começaram a se confundir. Quando olhei para o relógio, percebi que era muito
mais tarde do que eu pensava e estava exausta.
— Já passa da meia-noite. — Eu disse a Paxton, fechando a pasta em que
estava trabalhando e esticando os braços acima da cabeça, enquanto cobria um
bocejo com a mão. — Eu acho que é hora de você ir. Fizemos o que pudemos por
enquanto. Amanhã é um novo dia e podemos começar a verificar as coisas da
lista.
— Sim. Você está certa. — Ele concordou, seus olhos ligeiramente
vermelhos enquanto caíam para uma faixa de pele que tinha sido exposta
quando eu estendi a mão.
Meus braços caíram para os lados imediatamente, mas eu não podia negar
que vê-lo notar isso me fez pensar o que ele faria se eu apenas me inclinasse e o
beijasse. As coisas ainda seriam tão explosivas entre nós como costumavam
ser? Eu não sabia, mas o fato de repente de querer descobrir significava que o
vinho estava bagunçando minha cabeça.
Ele precisa ir. Agora mesmo.
— Avisarei você se tiver uma resposta do fotógrafo ou do DJ pela manhã.
— Disse ele, desviando o olhar e passando para April. — Tem certeza de que não
posso ajudá-la a colocá-la na cama?
— Não, eu estou bem. — Eu me levantei, indo até ela e pegando-a com
cuidado.
Embalando sua cabeça no meu ombro, eu a segurei e a carreguei para seu
quarto. Foi um pouco complicado conseguir que seus lençóis fossem abaixados
para que eu pudesse deitá-la, mas eu tinha feito isso tantas vezes que consegui
muito bem.
Ela escovou os dentes e lavou o rosto depois do jantar, mas teria que tomar
banho pela manhã. Depois de cobri-la com o edredom, acendi sua luz noturna e
me virei para sair da sala para ver Paxton sair.
Para minha surpresa, ele não estava muito longe. Deve ter me seguido
porque estava encostado na porta, um sorriso suave nos lábios e os braços
cruzados vagamente sobre o peito.
— Eu sei que você não precisa do meu elogio, mas eu vou dar a você de
qualquer maneira. — Ele disse baixinho, movendo-se para trás para me deixar
sair da sala antes de caminhar ao meu lado. — Você fez um trabalho incrível
com ela. Ela é a criança mais doce que conheci em muito tempo, senão nunca.
— Obrigada. — Eu disse. Ele estava certo sobre eu não precisar de seu
elogio, mas eu nunca faria um elogio sobre April para ninguém. — Ela é muito
boa.
— Ela realmente é. — Ele concordou.
O silêncio caiu entre nós até chegarmos à porta da frente, mas estava
carregado com a eletricidade que sempre parecia estar presente quando
estávamos juntos. Eu costumava pensar que a eletricidade significava que
deveríamos existir. Que tivemos a sorte de ter encontrado “aquilo” por volta dos
quatorze anos, quando ele começou na minha escola.
Agora eu sabia melhor. A eletricidade era simplesmente luxúria. Pura
química física que nunca foi o problema entre nós.
Eu realmente queria não o querer, mas eu queria. Não era apenas o vinho
falando. Pax sempre me atraiu, e isso não era menos verdade agora.
Havia algo nele que eu achava totalmente irresistível. Como evidenciado
pelo fato de que eu sabia o quão jogador ele era quando nós ficamos juntos, e eu
tinha feito isso de qualquer maneira. Achei que ele seria diferente quando
estivesse comigo.
Ahh. Fantasias bobas e infantis.
Eu não cometeria esse erro novamente. Meu coração tinha explodido em
pedaços por ele uma vez. Só porque ele ainda era o homem mais bonito que eu
já vi, não significava que tinha que ceder à luxúria.
E era lindo. Ele não estava simplesmente se destacando em uma profissão
que só permitia os espécimes de aparência mais perfeita que a humanidade tinha
a oferecer. Ele estava prosperando nisso. Alguns podem até dizer que ele estava
dominando a cena no momento.
— O que você tanto pensa? — Ele perguntou, uma pitada de diversão em
seu tom.
As palavras me fizeram pausar, me lembrando de todas as vezes que o ouvi
fazer essa pergunta exatamente da mesma maneira. Quando não respondi, ele
parou de andar e sorriu para mim. — Você estava pensando em mim, não
estava?
— Como você sabia disso? — Cruzei meus braços, levantando meu queixo
para olhá-lo bem nos olhos. Recusei-me a mentir ou a ficar envergonhada com
o fato de que ele me pegou em flagrante. Tola?
— Então você realmente estava, hein? — Ele meditou, os cantos de seus
olhos enrugando enquanto seu sorriso se alargava. — Você tem uma expressão
realmente furiosa no rosto. Achei que tinha que ser sobre mim. O que você
estava pensando?
— Exatamente como você é irritante. — Eu disse, acenando minha mão
com desdém.
— Não, não é isso. — Seus lábios franziram quando ele me deu uma
olhada. — O que foi realmente? Além disso, já que estamos no tópico de coisas
que você deve me contar e sobre Gabriela?
— Tínhamos dezenove anos quando tivemos essa conversa, Pax. — Eu
segurei seu olhar firmemente. — Dezenove e mais do que um pouco
bêbados. Nunca fiz nenhuma promessa de que não usaria o nome se não
tivéssemos uma filha juntos. Nunca deveríamos ter conversado sobre começar
uma família. Éramos muito jovens.
— Talvez, mas também estávamos muito apaixonados. — Ele declarou
como um fato, então eu apenas dei de ombros antes que ele continuasse. Ambos
sabíamos que era verdade de qualquer maneira. — Eu teria feito isso, sabe. Tudo
isso. Tudo o que conversamos. Casar com você. Começar uma família com
você. Envelhecer com você.
— Para ter feito qualquer uma dessas coisas, você teria que ficar por aqui.
— Dei um passo para trás em direção à porta, estendendo a mão e deslizando o
ferrolho para abri-la. — Por falar nisso, é hora de nos despedirmos. Você não
veio dirigindo, veio?
— Você se importaria se eu tivesse? — Sua voz era suave e havia
curiosidade genuína em seus olhos quando ele perguntou.
Suspirei alto, antes de concordar. — Nós bebemos. Ninguém deve dirigir
sob a influência do alcóol. Não se trata apenas do que pode acontecer com
você. É sobre as outras pessoas na estrada e sua segurança também.
— Concordo, é por isso que peguei um táxi. — Disse ele, o momento da
verdade chegando enquanto nos preparávamos para a grande boa-noite.
Se ele tentasse me beijar, eu daria um tapa nele. Por mais que eu quisesse
ser beijada do jeito que ele costumava me beijar de novo, eu não queria que esse
beijo viesse dele.
Seu olhar caiu para os meus lábios, mas então ele deu alguns passos
deliberados para longe e só parou novamente quando estava bem fora de
alcance. — Não foi tão ruim ficar preso em uma casa com você. Vejo você em
breve, Colette.
Revirei os olhos, dei-lhe um pequeno aceno e fechei a porta na cara
dele. Pode ter sido infantil, mas foi muito satisfatório.
Depois de trancar a porta, fui me certificar de que April ainda estava
dormindo antes de ir ao banheiro me preparar para dormir. Meus olhos estavam
ligeiramente brilhantes por causa do vinho e minhas bochechas coraram. Com
meu cabelo solto, um pouco emaranhado, e meu rosto parecendo daquele jeito,
eu parecia mais jovem. Menos estressada e muito mais sexy do que o normal.
Caramba. Paxton nem precisou me tocar. Eu gemi alto antes de pegar
minha escova de dente do suporte ao lado da pia. Por que tem que ser ele?
De todos os homens que conheci em toda a minha vida, por que ele era o
único que ainda me afetava? Isso era ridículo. E eu precisava superar.
Eu não brincava seriamente com a ideia de namorar de novo há anos, mas
talvez fosse a hora. Mesmo que fosse apenas para encontrar alguém que pudesse
se tornar familiar para coçar qualquer coceira que eu estivesse sentindo.
Amigos com benefícios? Não é assim que as jovens descolados chamam?
Depois que meus dentes e rosto estavam limpos, meu pijama e minhas
luzes apagadas, eu mesma desabei na cama. Foi um dia terrivelmente longo e
precisava desesperadamente parar de pensar em sexo e Paxton na mesma linha
de pensamento.
Inevitavelmente, isso me levaria a pensar em sexo com Paxton, de novo, e
eu não poderia ter isso. Infelizmente, parecia que meu subconsciente tinha
outras ideias.
Paxton olhou para mim de joelhos na frente dele, suas pupilas tão dilatadas
que quase não havia mais nada daquelas lindas írises azuis. Em algum lugar no
fundo da minha mente, descobri que devo ter adormecido e estava sonhando, mas
isso não era apenas um sonho. Era uma lembrança.
Reconheci quase que instantaneamente porque não foi a primeira vez que
sonhei com minha última vez com ele antes de ele partir para o exército. Ele estava
mais velho agora do que realmente era na época. Na verdade, ele parecia
exatamente como estava hoje à noite, embora estivéssemos de volta ao seu quarto
de infância.
Minhas mãos estavam sobre ele, uma enrolada em seu pau e a outra
correndo ao longo da parte de trás de sua coxa. Havia um pouco de umidade
escorrendo de sua ponta, e minha língua saiu para saboreá-la. Não importava
quantas vezes eu tinha feito isso com ele, suas reações ainda me fascinavam e
me faziam desejá-lo muito mais.
Um gemido longo e baixo separou seus lábios, e sua língua disparou para
passá-los depois. Ele sempre tentava manter os olhos em mim, mas então
chegava um ponto em que inclinava a cabeça para trás e enviava um brilho intenso
e penetrante para o teto enquanto lutava para se impedir de fechá-los.
Seus dedos estavam no meu cabelo, mas ele nunca me machucou ou me
empurrou. Seu aperto era firme, me mostrando o que ele precisava ou
simplesmente me usando como uma âncora para se segurar. O peito nu subindo
e descendo, sua respiração acelerou até que ele estava praticamente ofegante
enquanto eu o chupava entre meus lábios e ainda trabalhava nele com minhas
mãos. Suas bochechas estavam tingidas de vermelho e seus quadris sacudiam
de vez em quando, como se ele simplesmente não conseguisse parar de empurrar.
— Baby. — Ele gemeu antes de seu rosto se enrugar em uma expressão da
mais bela agonia que me disse que estava muito perto de perder a luta. Eu
continuei olhando para ele, meus olhos grudados em cada parte que eu podia ver
até que finalmente percebi aquela leve curvatura em seu estômago.
O som que escapou antes dele se soltar foi pequeno, mas tão sexy e cru que
quase gozei junto com ele. Alcançando entre minhas pernas, eu gemi em torno
dele quando meus dedos roçaram meu clitóris. Eu nunca pensei que faria algo
assim com outra pessoa no quarto comigo, mas essa não era qualquer outra
pessoa.
Este era Paxton. Ele foi quem me encorajou a explorar e ficar confortável
com o que eu gostava, e quando ele abriu os olhos para me ver brincando comigo
mesma apenas porque eu queria ser tocada agora, ele gemeu novamente.
Ainda estremecendo, ele me ergueu contra ele e me beijou até que eu
estivesse sem fôlego antes de me levar de volta para sua cama. Eu caí em seu
colchão, meus dedos já enrolando em seus lençóis macios quando o senti espalhar
minhas pernas para se acomodar entre elas.
Seu hálito quente na minha boceta dolorida foi quase o suficiente para me
deixar tão excitada quanto já estava depois de tudo isso, mas ele não me deixou
esperando. Ele nunca fez isso. Com a sua boca agarrada a mim, ele executou sua
magia com sua língua e seus dedos até que eu estava me contorcendo, gemendo
no centro de sua cama.
Quando ele finalmente entrou em mim, nossos olhos se conectaram e seus
dedos se entrelaçaram nos meus, eu estava tão perdida nele que nunca teria
acreditado que essa seria a nossa última vez. Na verdade, enquanto voamos
juntos dessa vez, realmente pensei que nossa história estava apenas começando.
Especialmente quando ele ficou dentro de mim depois, sua boca
pressionando beijos na minha pele antes de levantar a cabeça para olhar nos
meus olhos novamente. — Amo você, Colette. Eu te amei desde a primeira vez
que te vi, e vou continuar te amando pelo resto da minha vida.
— Eu acredito em você. — Eu sussurrei, e eu realmente acreditei nele. —
Eu também te amo, Pax. De agora até para sempre.
Então eu enrolei meus braços em volta do pescoço dele e nem percebi que
nosso para sempre duraria apenas mais alguns dias.
CAPÍTULO 13
PAXTON

Os olhos de Tierra se arregalaram quando contei a ela sobre a noite


anterior durante o brunch em um pequeno café perto de seu escritório. — Você
passou cinco horas ininterruptas com Colette e ainda está aqui? Devo dizer que
não sei se estou mais chocada ou mais impressionada.
Eu sorri, levantando meu suco de laranja para um brinde. — Melhor irmão
e homem de honra de todos os tempos, estou certo?
— Eu honestamente não achei que você realmente seguiria. — Ela admitiu
incrédula enquanto batia seu copo contra o meu. — Eu realmente pensei que
você iria encontrar uma maneira de contornar isso.
— É claro que eu seguiria em frente. — Eu disse. — Você e Brett não me
deram nenhuma outra opção.
Ela revirou os olhos para mim, sabendo que eu estava apenas dando uma
merda para ela. — Sim claro. Porque você sempre concorda com qualquer opção
dada a você.
— Ei, eu preferia ter levado uma modelo sexy de volta para minha casa
depois de minhas fotos ontem, mas eu amo minha irmãzinha mais do que amo
sexo com estranhas bonitas.
Partindo um pedaço de sua torrada, ela jogou na minha cabeça e franziu
o nariz. — Eca. Estou tão enojada com a ideia de meu irmão fazendo sexo
agora. É muito cedo para isso.
— Vindo da garota que me disse outro dia que não posso ficar enojado com
a ideia de ela fazer sexo, porque, e cito, 'Não é como se eu fosse uma virgem
corada'?
— Eu estava falando sobre fazer sexo com meu noivo e meu futuro
marido. Você está falando sobre arrastar uma estranha bonita de volta para sua
cama e esfregar suas partes nas dela. — Ela puxou o nariz o mais alto que pôde.
Eu ri. — Se você acha que sexo é apenas esfregar minhas partes nas dela,
então eu posso precisar ter uma conversa com Brett.
— Não se atreva. — Ela estreitou os olhos em um brilho fingido enquanto
apontava o garfo para mim. — Nós não estamos falando sobre Brett. Estamos
falando de você, e eu costumava ouvir mais do que o suficiente sobre suas
façanhas pelas garotas da escola. Até você ficar com Colette, de qualquer
maneira. Ainda estou impressionado que você conseguiu mantê-lo nas calças
durante a maior parte daquele ano.
— Exceto que eu não o mantive nas minhas calças. — Eu disse
provocativamente, balançando minhas sobrancelhas para ela. — Eu apenas me
mantive nas dela.
As mãos de Tierra voaram para cobrir seu rosto e ela balançou a cabeça
para frente e para trás algumas vezes. — Eu realmente não quero nem pensar
sobre isso. Vocês dois com certeza eram quentes e intensos naquela época, no
entanto. É meio difícil de acreditar agora.
— Sim, eu sei. — Meu humor despencou. — Ela me odeia para caralho.
Ela baixou as mãos, sua expressão ficando pensativa. — Bem, você fugiu
dela. Eu entendo que você sentiu que precisava fazer isso, mas você sabe que
não precisava terminar com ela, certo? Muitas pessoas se juntam ao exército e
ainda permanecem em seus relacionamentos.
— Eu sei disso agora. — Eu corrigi antes de deixar escapar uma respiração
profunda. — Sim, ok. Estou falando merda. Eu também sabia disso. As coisas
ficaram muito sérias entre nós, e então eu me juntei e então...
— Então aconteceu o acidente, e mamãe e papai... — Ela também parou
antes de limpar a garganta. — Você sabe o que? Não vamos falar sobre nada
disso agora. Como foram as coisas com vocês dois? Vocês trabalharam muito?
— Sim. Trabalhamos muito bem juntos, surpreendentemente. — Eu
disse. — Ela nem mesmo ameaçou cortar minhas bolas uma vez.
— Vamos considerar isso uma vitória, então. — Ela sorriu para mim, seus
olhos se iluminando novamente enquanto colocava sua atenção firmemente no
que estava por vir, em vez do que estava no passado. — Você vai me dizer o que
fez?
— Você está tentando obter informações confidenciais de mim? —
Recostei-me na cadeira e engoli o pedaço de torrada francesa que acabara de
comer com um pouco do suco doce.
Ela riu, soltando um suspiro pelas narinas enquanto balançava a cabeça
novamente. — As informações sobre o meu casamento são confidenciais? Tenho
certeza de que você tem permissão para compartilhar com a noiva.
— Não. Ainda estamos esperando algumas coisas, então você receberá a
mercadoria quando chegar a hora. — Eu disse. — Nem se preocupe em tentar
tirar isso de mim antes.
— Mas eu estou tão animada. — Falou emocionada. — Tudo bem se você
ainda estiver esperando. Não ficarei desapontada se alguns dos fornecedores que
você contatou não retornarem ou algo assim. Eu só quero saber onde você está
no processo.
Eu imitei fechando meus lábios. — Não. Às vezes, a melhor parte de ser
irmão é provocar sua irmã. Não tenho material suficiente para provocar você há
anos. Isso é ouro.
Além disso, eu realmente não queria dar esperanças a ela até que
soubéssemos se nossas pistas iriam dar certo. Tínhamos feito um bom progresso
na noite passada, mas eu também queria ter certeza de que estava tudo em
ordem antes de apresentá-los à noiva.
— A sério? Você não vai compartilhar nenhum dos detalhes que você e
Colette marcaram ontem à noite? — Ela fingiu fazer beicinho. — Isso é cruel. Vai
muito além do reino da provocação. Você não pode me amarrar assim.
— Eu posso e vou. — Cortei outro pedaço na minha torrada e coloquei um
pedaço de bacon na boca. Depois que eu engoli, eu sorri para ela. — Quando
chegar a hora certa, todas as suas perguntas serão respondidas. Tudo o que você
precisa saber é que estamos no topo disso, está indo bem e você vai ter um
casamento e tanto.
— Tudo bem. — Disse ela lentamente, mas eu podia ver a curiosidade
ainda queimando em seus olhos. Ela desistiu de me perguntar, embora eu não
tivesse dúvidas de que ligaria para Colette assim que terminássemos aqui. Ou
ela ligaria para Brett, que ligaria para Colette e pegaria as informações dela.
— Se você não quer me dizer como está se saindo, deixe-me dizer onde
estamos. — Disse ela. — Finalizei os detalhes da recepção com o local, mas a
capela deles está sendo reformada repentinamente e pode não estar pronta.
Eu fiz uma careta. — O que você quer dizer? Por que você escolheria um
local que não tem uma capela para usar?
Os cantos de seus lábios se curvaram para baixo. — É o mesmo local onde
mamãe e papai fizeram a recepção de casamento.
— Oh. — Merda. — É por isso que é tão importante para você se casar lá,
mesmo que o prazo seja insano?
Eu estive pensando, mas não fui capaz de descobrir até agora. Ela
assentiu com a cabeça, seus dentes afundando em seu lábio inferior enquanto
lutava para manter as emoções sob controle.
— Você acha que é loucura? — Ela perguntou. — Poderíamos esperar, mas
estamos esperando há tanto tempo que eu realmente não quero ter que esperar
até o próximo ano. Essa é a data mais próxima disponível que cai em um sábado.
Preparando-me mentalmente para adicionar ao trabalho que ela já havia
me pedido para fazer, endireitei meus ombros e estendi a mão para pegar a
dela. — Não é loucura. As próximas semanas podem parecer que sim, mas não
são. Se você não quiser esperar tanto tempo, estaremos prontos em um mês.
— Precisamos encontrar uma capela diferente ou fazer a cerimônia no
jardim. — Disse ela. — Mamãe e papai se casaram antes de terem uma capela
em suas instalações, então não é a que eles usaram de qualquer maneira, mas
aquela em que eles se casaram não existe mais.
— Então, descobriremos outra coisa. — Minha mente já estava correndo
para descobrir como eu poderia tornar isso melhor para ela. — E a capela em
que os pais de Brett se casaram? Onde é? Poderia ser uma opção? Eu sei que
eles ainda estão por aí, mas pode ser uma boa maneira de homenageá-los
também.
— Eu não pensei sobre isso. — Ela se animou e pegou seu telefone. — Eu
vou descobrir. Não acho que Brett pensou sobre isso também. Obrigado, Pax.
— A qualquer momento. — Soltei um suspiro interno de alívio por ter
possivelmente encontrado uma solução para este problema específico. — Se não
estiver disponível ou não for uma opção, não se preocupe. Encontraremos algo
mais e ainda será significativo. Mamãe e papai adoravam jardinagem. Casar-se
no jardim de sua casa pode não ser uma coisa tão ruim.
— Estamos discutindo, mas estou preocupada com o tempo. Parece que
sempre que alguém planeja um casamento ao ar livre, eles sempre precisam
mudar seus planos de última hora.
— Isso é apenas o estresse falando. — Eu disse, apertando a mão dela. —
Muitas pessoas em todo o mundo se casam ao ar livre todos os dias. Se parecer
que vai chover, podemos alugar barracas ou algo assim?
— Vou pensar sobre isso. — Ela finalmente admitiu. — Brett também
sugeriu tendas. Vou investigar e manter isso em mente.
— Excelente. O que vem a seguir, então?
Ela retirou a mão de debaixo da minha e começou a contar nos
dedos. Enquanto fazia sua lista, entendi por que ela se preocupava que montá-
la em um mês pudesse ser uma loucura. Acontece que havia uma tonelada de
coisas que as pessoas tinham que fazer em um casamento que eu nem tinha
pensado.
Durante a hora seguinte ou mais, até que tivéssemos que sair, tentei
ajudá-la onde podia e simplesmente ouvi enquanto ela desabafava sobre coisas
nas quais eu não podia ajudá-la. Como convidar uma de suas colegas que ela
tinha certeza de que gostava de Brett ou se mais pessoas preferiam frango a
salmão.
Depois do brunch e enquanto eu estava a caminho do segundo dia da
minha sessão atual, não em couro desta vez, mas em roupas casuais, recebi uma
mensagem de Colette. O e-mail era tão longo que tive que esperar até estacionar
para poder lê-lo.
Em anexo estava uma série de brochuras e listas de preços. Ela também
me enviou links para fornecedores e um pacote de festa para noivas e noivos
para festas épicas de despedida de solteiro e solteira que começavam
separadamente e se uniam no final da noite.
Parecia perfeito para Tierra e Brett para mim. Eu já havia desenhado um
convite para as pessoas salvarem a data e o enviei para ela antes de sair para o
brunch para encontrar minha irmã. Uma vez que Colette também me deu o sinal
verde para que isso fosse feito sem fazer nenhuma alteração no meu design, tive
meu trabalho cortado para mim depois que terminei o trabalho real.
No final, tudo valeria a pena. Eu sabia. Colette e eu íamos ajudá-los a
garantir que tudo fosse tão incrível quanto poderia ser, mesmo que isso matasse
um ou ambos.

CAPÍTULO 14
COLETTE

Aqui estava uma razão pela qual eu não tinha um trabalho secundário
como planejadora de casamentos. Se alguma vez pensei que seria fácil organizar
um evento como esse em uma linha do tempo como esta, eu estava
terrivelmente errada.
Entre a minha carga de trabalho no escritório e o planejamento do
casamento, eu estava muito sobrecarregada. Fazia uma semana desde aquela
primeira noite em que Paxton tinha vindo à minha casa e, embora sempre
trabalhássemos muito, parecia que estávamos ficando para trás em tudo o que
precisava ser feito em vez de progredir.
— Porra! — Amaldiçoei quando bati meu dedão do pé enquanto empurrava
minha cadeira para trás da minha mesa.
A dor passou por mim, mas eu nem tive tempo de cuidar do meu pé ou
apenas ficar lá sentada, sentindo pena de mim mesma por um minuto. Se eu
não me mexesse, ia me atrasar para pegar April na creche.
Afligida, confusa e com o dedo do pé ainda sentindo um pouco entorpecido,
mas latejando, arrastei a bunda para o meu carro e tive que voltar quando
percebi que tinha esquecido meu telefone no escritório. Eu precisava de uma
pausa séria, mas só teria uma depois do casamento.
Caramba, eu poderia até reservar uma pequena lua de mel para mim
quando isso acabasse. Provavelmente não havia regra dizendo que ninguém
mais poderia ter uma fuga bem merecida depois de um casamento. Talvez April
e eu possamos sair da cidade por alguns dias no mês que vem.
O simples pensamento foi o suficiente para me fortalecer e me ajudar a me
recompor. Quando cheguei à creche, April praticamente saltou para o carro e
não parou de falar depois de colocar o cinto de segurança.
— Ainda vou passar a noite com o tio Brett e a tia Tierra? — Ela
perguntou. — Por favor. Por favor. Por favor. Tio Brett disse que poderíamos
continuar lendo aquele livro que começamos da última vez. Aquele com o macaco
nele.
— Você ainda vai passar a noite com eles, querida. — Eu disse, sorrindo
para ela pelo espelho retrovisor. — Eles concordaram e a mamãe precisa finalizar
algumas coisas com Paxton.
— Eu gosto dele. — Disse ela, e meu coração quase parou. Felizmente, ela
voltou ao que a esperava com Brett e Tierra, e não precisávamos mais falar sobre
ele.
Paxton tinha vindo mais algumas vezes na semana passada, e eu estive
em contato quase constante com ele. Nós nos atualizamos sobre os
desenvolvimentos várias vezes ao dia, conforme e quando eles aconteciam, e
mais de uma vez, tivemos que largar tudo e correr para reuniões no meio do dia
com fornecedores que só podiam nos ver naquele horário.
Eu sabia que April tinha gostado dele, mas eu não precisava
gostar. Felizmente, ela estava tão ocupada conversando durante todo o caminho
até a casa de Brett que não perguntou por que Paxton não estava vindo para
nossa casa de novo. Ela se divertiu muito com ele. Eles finalmente conseguiram
fazer aquela festa do chá, e ela adorava ver todas as fotos das “coisas lindas do
casamento” conosco.
Brett nos encontrou do lado de fora quando chegamos em sua casa,
explicou que Tierra estava ocupada preparando uma surpresa para April lá
dentro, e então acenou para eu ir embora sem me prender por muito mais tempo.
— Vá. — Disse ele. — Nós ficaremos bem. Não passamos muito tempo com
essa garotinha. Para ser honesto com você, nós dois estávamos realmente
ansiosos para tê-la. Tierra precisa de uma pausa, e você também. Talvez uma
noite bem dormida depois de terminar com Pax?
— Por que? Eu pareço tão mal? — Brinquei, mas Brett riu e encolheu os
ombros. Eu bati em seu ombro, mas decidi seguir seu conselho.
April me deu um grande abraço, Brett prometeu que me mandariam uma
mensagem e então eu estava de volta no meu carro depois que eles se viraram
para entrar. Paxton tinha me enviado o nome de algum outro bar da moda onde
eu deveria encontrá-lo, mas eu tive que procurar o endereço no meu telefone e
programá-lo no Google Maps antes de poder seguir meu caminho.
Fazia tanto tempo desde que eu tinha saído que não tinha ideia de onde
qualquer um dos lugares mais novos e modernos estavam. Eu também não tinha
ideia de como as pessoas deveriam estar vestidas para este lugar, mas não tive
tempo de ir para casa e me trocar.
Minha saia lápis e blusa de gola alta sem mangas teriam que servir. Pelo
menos eu estava de salto e minha maquiagem não tinha derretido
completamente. Provavelmente poderia ter dado um retoque, mas não me
incomodei com muito mais do que novas camadas de rímel e brilho labial depois
de estacionar.
Entrar no bar foi como voltar aos meus vinte e poucos anos. Exceto que
eu nunca tinha percebido como a música estava alta, quantas pessoas estavam
amontoadas ao redor de cada mesa de coquetel e em cada cabine, ou como
cheirava a hormônios aqui. Sério, o que há com essa colônia pesada e perfume,
pessoal?
Talvez eu estivesse ficando muito velha para isso, mas por outro lado,
estava aqui agora. Tinha que tentar curtir pelo menos um pouco.
Paxton já estava esperando por mim em um estande em um pátio
externo. Havia trepadeiras crescendo nas paredes pintadas de branco e, ao
contrário do vidro e do metal de dentro, era aconchegante aqui.
Luzes de fadas foram amarradas de uma parede à outra acima. A música
ainda era audível, mas não tão ensurdecedora como dentro.
Já que ele não tinha me visto entrar pela porta, roubei um momento para
verificá-lo antes de ir para a mesa. Fazia pouco mais de uma semana que ele
estava de volta na minha vida, e eu já o odiava um pouco menos do que no
início. Eu ainda queria odiá-lo. Teria sido mais fácil assim, mas simplesmente
não era verdade.
Ele tinha sido consistente e confiável, e era revigorante. Brett também me
disse que estava sendo uma rocha absoluta para Tierra, e durante tudo isso, eu
sabia que seus dias eram cheios de trabalho. Mesmo assim, ele não reclamou
nenhuma vez, nem me disse não por nos encontrar com um vendedor ou que
não conseguia falar quando eu ligava.
Eu não pude deixar de notar o quão bonito ele era quando me aproximei
dele. Seu cabelo preto estava úmido, como se tivesse tomado banho antes de vir
aqui. Sua cabeça estava enterrada na pasta que ele tinha aberto na frente dele,
mas ele não se curvou.
Ombros largos, pernas abertas sob a mesa e com um cotovelo apoiado
enquanto lia o que quer que fosse, parecia que estava posando para uma sessão
de fotos. Era injusto como parecia bonito sem esforço para ele.
A camiseta azul clara que ele vestia fez seus olhos saltarem quando eu
deslizei na cadeira em frente a ele e ele olhou para cima. Havia uma pequena
barba por fazer em seu queixo quadrado, e quando ele sorriu ao me ver, minhas
entranhas se reviraram.
— Ei! — Ele disse. — Eu espero que você não se importe. Já pedi coquetéis
para nós. Eles devem estar aqui em um minuto.
Como se a menção a eles a tivesse convocado, nossa garçonete apareceu
com quatro coquetéis na bandeja. O sorriso que ela deu a Paxton foi abertamente
sedutor, mas ele mal olhou para ela.
— Obrigado. — Disse ele antes de ajudá-la a descarregá-los e, em seguida,
sorrir para mim. — Há um especial dois por um, então pensei em dar a cada um
de nós. Eles podem nos manter ocupados por um tempo. Dessa forma, não
teremos que nos preocupar em ficar com sede enquanto estivermos
trabalhando. Pode ficar muito agitado aqui quando o resto da multidão saída do
trabalho chega.
— Oi. Eu não me importo e obrigada. — Eu até consegui dar a ele um
sorriso genuíno quando vi que me pediu um mai tai. — Dia bom?
— Foi bom. Ocupado, mas eu terminei outro trabalho, então isso é alguma
coisa. E o seu?
Meus olhos se arregalaram enquanto eu balancei minha cabeça. —
Definitivamente não está bem. Também ocupado, mas é como se até meus
pacientes mais fáceis tivessem se tornado mais exigentes.
Ele riu. — Amém para isso. Tudo parece levar mais tempo do que deveria,
quando tenho menos tempo do que nunca. E eu nem mesmo tenho um filho para
acompanhar todo o resto.
Agarrando o copo mais próximo de mim, eu balancei a cabeça e enchi
minha boca com a bebida azeda antes de engolir tudo. — É exatamente assim
que me sinto. Sobre tudo demorar mais e ter menos tempo. Não sobre
April. Sempre encontrarei uma maneira de desacelerar para ela.
— Ela está com minha irmã esta noite, certo? — Ele perguntou, pegando
uma de suas bebidas mais perto.
— Sim. Brett disse que também precisava de uma pausa nas coisas do
casamento. Eu realmente não vejo como se oferecer para babá se qualifica como
uma pausa, no entanto. April vai mantê-los bem ocupados.
— Acho que é esse o ponto. — Disse ele. — Não contaria como uma pausa
para você, mas eles não passam tanto tempo com ela quanto você, e se ela os
mantiver tão ocupados, eles não terão tempo para se preocupar com os arranjos
que poderiam passar a noite fazendo.
— Quando você se tornou tão sábio? — Eu perguntei brincando, mas suas
narinas dilataram antes de ele rir.
— Em algum lugar ao longo do caminho. — Eu fiz uma careta com a
resposta vaga, mas não forcei quando ele deslizou a pasta para mim. — Ok,
então precisamos discutir os detalhes finais para as despedidas de solteiro
primeiro.
— Certo. Eu tenho uma lista de todas as pessoas que confirmaram
presença aqui mesmo. — Tirei meu telefone da bolsa e puxei a pasta
apropriada. — Você recebeu os contratos de volta da empresa?
— Certamente eu tenho. — Ele se mexeu para puxar o próprio telefone do
bolso e abriu o anexo da lista de e-mails que trocamos com os organizadores. —
Já adicionei e salvei minha assinatura digitalmente. Você só precisa fazer o
mesmo, então podemos enviá-lo.
— Mal posso esperar até que possamos marcar outro item da nossa lista.
— Pegando o telefone dele, naveguei até o final do documento e rapidamente
rabisquei algo parecido com minha assinatura na tela antes de devolvê-lo. —
Aqui vamos nós. Mais uma coisa feita.
— Estou orgulhoso de nós por tudo o que conquistamos em uma semana.
— Disse ele, erguendo o copo e esperando que eu fizesse o mesmo. — Saúde. Por
ser o melhor homem de honra e chefe dos cavalheiros que podemos ser.
— Viva. — Nossos olhares se encontraram e se mantiveram enquanto cada
um de nós tomava seus goles, mas eu desviei o olhar depois. Não conseguia
continuar olhando para ele. Isso só serviria para me sugar ainda mais. —
Também estou exausta de toda a agitação que temos feito depois do expediente.
— Sim, eu posso ver isso. — Ele brincou. — Você deve beber isso para que
eu possa pedir a próxima rodada. Temos mais algumas coisas para conversar e
parece que você está meio dormindo.
— Não estou! — Protestei, mas também ri. — Além disso, não é como se
você pudesse falar de verdade. Você pode mesmo ter olheiras ou está arriscando
um processo se não dormir seu sono de beleza?
— Ninguém iria me processar. — Disse ele, levantando a mão para
circundar o rosto. — Você me viu? Eu sou bonito o suficiente para que eles me
considerem mesmo com as olheiras.
— Aposto que tudo o que eles querem é sua personalidade charmosa, de
qualquer maneira. — Provoquei, desejando que ele não fosse tão charmoso
quanto era.
Uma semana atrás, eu o detestava e agora estava sentada aqui, brincando
com ele e realmente gostando de sua companhia. Era ridículo, mas muito
verdadeiro.
Não era só isso. Aqueles olhos... ele olhou para mim como se me
visse. Ninguém nunca olhou para mim assim, não desde a última vez que ele
olhou. Mesmo quando ele estava contando piadas às minhas custas, eu ainda
engoli e devolvi.
Quando Paxton chamou a atenção da garçonete e pediu mais uma rodada
de coquetéis, embora eu ainda não estivesse na metade da primeira, amaldiçoei
minha falta de força de vontade. Eu não deveria querer ficar aqui com ele.
Então, por que eu não estava com pressa de discutir o resto das coisas do
casamento para que eu pudesse sair daqui o mais rápido possível?
Por quê? Uma voz enterrada bem no fundo do meu cérebro zombou de
mim. Você sabe por que, boba. Mesmo que ainda não esteja pronta para
admitir. Você ainda o deseja e, mais do que isso, ainda deseja que ele a deseje.
CAPÍTULO 15
PAXTON

Quando foi a última vez que ouvi Colette rir tão livremente?
Eu não conseguia lembrar. O fim do nosso relacionamento foi tão
tumultuado e quebrado que duvidei que ela tivesse rido no último mês em que
estivemos juntos.
Foi tudo culpa minha, claro. Depois que contei a ela sobre o exército, as
coisas simplesmente desmoronaram. Ela não tinha saído da minha caminhonete
naquele dia, para nunca mais ser vista.
Fui eu quem fugiu, mas ela não parou de lutar por nós só porque eu disse
que mudei de ideia sobre ir para a faculdade com ela.
No entanto, esse lado dela era revigorante. Me lembrou dos velhos tempos,
antes que as coisas piorassem.
Tínhamos terminado nossas tarefas da noite e agora estávamos apenas
nos divertindo. Ela estava até rindo das minhas piadas e contando algumas das
suas.
— Quantos psiquiatras são necessários para trocar uma lâmpada?
Ela riu enquanto passava os dedos por baixo dos olhos para limpar as
pequenas lágrimas de riso que tinham grudado em seus cílios.
Eu inclinei minha cabeça para ela, tentando realmente não sorrir. — Não
sei, mas parece uma armadilha.
— Oh, relaxe. Pode não haver tantas piadas sobre nós por aí quanto sobre
advogados, mas ainda há muitas. Todo mundo tem que ser capaz de rir de si
mesmo, certo?
— Ok, quantos? — Eu perguntei, mesmo que ainda estivesse me
perguntando se ela voltaria a me atacar ou me encarar a qualquer minuto.
— Um. — Disse ela, lutando para conter o riso enquanto explicava. — Mas
aquela lâmpada realmente tem que querer mudar.
Ela desatou a rir e eu também. Estava gostando muito de ver essa Colette
de novo. Aquela que fez dela uma das minhas amigas mais próximas antes de
ela se tornar muito mais.
— Essa é boa. — Eu disse uma vez que a risada diminuiu. — Você se
lembra de Kenny Killjoy? Eu me pergunto se ele acabou se tornando um
psiquiatra. Você sabe? Ele definitivamente me parecia a pessoa que realmente
conversaria com uma lâmpada se ela não quisesse funcionar.
Gemendo enquanto cobria os olhos com as mãos, ela balançou a cabeça e
ainda estava rindo quando respondeu. — Eu realmente sei. Ele tentou, mas sua
habilidade de literalmente matar qualquer alegria que encontrasse atrapalhou. A
última coisa que ouvi foi que ele estava fazendo uma tentativa de terapia. Estou
orgulhosa dele por isso, mas não o vi novamente.
— Você quer dizer que ele finalmente superou a paixão eterna por você? Eu
teria pensado que ele ainda estaria propositalmente correndo para você o tempo
todo.
— Nah, isso acabou após o primeiro mês na faculdade. — Preparando-me
para aquele interruptor virar dentro dela novamente com a menção da faculdade
que eu deveria ter frequentado também, fiquei agradavelmente surpreso quando
tudo que consegui foi um sorriso melancólico. — Nós nos encontramos numa
festa da fraternidade, e estávamos conversando quando percebi que ele não
estava me ouvindo. Ele estava olhando para uma garota parada no canto. Mara,
eu acho. Foi amor à primeira vista para ele.
— Mesmo? Como foi?
Ela encolheu os ombros. — Não tenho certeza. Eles namoraram por um
tempo, mas então ele mudou de curso, e eu realmente não o vi muito
depois. Acho que ele pode até ter se transferido eventualmente.
Depois que descobrimos algumas outras pessoas do ensino médio e o que
sabíamos sobre elas, ela começou a me contar histórias sobre sua residência. Eu
sabia que ela estava saindo com o pai de April naquela época, mas não toquei
no assunto.
Estávamos nos divertindo. Eu não queria estragar tudo. Suas mãos
balançavam animadamente enquanto ela falava, seus olhos iluminaram e suas
feições relaxaram.
— Quando April nasceu, eu estava tão perdida que nem era uma piada. —
Disse ela. — Certa manhã, cheguei ao hospital e estava atrasada, nervosa e
exausta. Um dos pacientes veio até mim, me deu uma olhada e disse: 'Doutora,
parece que é você quem precisa falar hoje. Como isso faz você se sentir?'
— Como você se sentiu? — Eu perguntei.
Ela balançou a cabeça e encolheu os ombros. — Como se eu precisasse
perguntar a ele por que queria falar sobre mim.
— O que você fez? — Ouvir sobre a vida dela depois de mim, mesmo que
não tenha sido o resultado imediato da minha partida, fez algo dentro de mim se
acalmar.
Algo que estava apertado e preocupado por tanto tempo que me fez sentir
fora do centro agora que não estava mais tão apertado. Eu nunca pensei que
ela precisava de mim, por si só, mas isso não me impediu de pensar sobre ela.
Colette, porém, conquistou uma vida boa para si mesma. Uma vida que
ela nunca teria conseguido se eu tivesse ficado por aqui. Nunca tinha realmente
me ocorrido o quanto ou com que frequência eu me perguntava se tinha cometido
um erro, mas agora eu sabia que não. Independentemente de quanto minha
decisão nos magoou, ela se saiu bem.
Ela riu de novo, um sorriso satisfeito permanecendo em seus lábios assim
que ela parou. — Eu fiz a única coisa que podia fazer. Eu o sentei, disse-lhe que
tinha um recém-nascido que estava criando sozinha e, em seguida, comecei a
descobrir por que ele queria evitar falar sobre si mesmo.
— Ele deu a você um motivo?
Suas bochechas ficaram vermelhas, e ela rolou os lábios em sua boca
antes de liberá-los lentamente. — Sim, acabou que ele foi internado por um
suposto vício em pornografia, e ele não queria falar com uma mulher sobre
isso. Mas especialmente não com uma que tinha acabado de ser mãe.
Com uma expressão séria, ela suspirou e puxou o cabelo sobre o ombro. —
Ele pensou que eu não entenderia.
— Você? Mas você sempre foi tão compreensiva. — Provoquei, mas
também estava falando sério. — Eu costumava falar com você sobre coisas como
pornografia o tempo todo.
— Sim, mas você também era meu amigo. Ele não me conhecia como você.
— É justo, mas você deveria ter dito a ele que tudo que ele precisava fazer
era assistir a um vídeo com você. Seus comentários em execução me
desanimaram por muito tempo.
— Não era realmente a mesma situação com ele, mas fico feliz se funcionou
para você. — Ela sorriu antes de se livrar da direção mais séria em que a
conversa havia tomado, redirecionando-a para tópicos mais leves. — De
qualquer forma, percebi naquele dia que precisava encontrar uma maneira de
fazer as duas coisas. Para ser a melhor mãe que poderia ser, assim como a
melhor médica.
— Você sempre assumiu a responsabilidade de fazer o impossível. — Eu
disse. — Você descobriu como ser os dois?
Ela encolheu os ombros. — Não acho que sou a melhor em nenhuma
dessas coisas, mas pelo menos encontrei um equilíbrio. Quando estou com April,
tento me concentrar apenas nela. Rimos, brincamos, abraçamos, aprendemos e
depois rimos um pouco mais.
— Eu posso imaginar isso. Só a conheço há uma semana e até me diverti
com ela.
— Ela tem um ótimo senso de humor, mas também rimos de muitas coisas
do dia a dia. — Ela pegou o telefone novamente e me mostrou uma foto que
Tierra havia enviado a ela mais cedo. — Olhe para esses sorrisos. Eles
transformaram toda a sua sala de estar em um forte de cobertor para ela, e ainda
estão sorrindo mais do que ela. Crianças são boas assim. Elas apenas o forçam
a estar no momento com eles e não se preocupar com mais nada.
— Tierra realmente precisava disso. — Eu disse enquanto estudava o rosto
de minha irmã na fotografia. Era a primeira vez, desde que ela me disse que eles
estavam noivos, que ela realmente parecia completamente relaxada. — Você tem
alguma energia residual infantil em você? Eu sinto que poderia usar um pouco
disso também.
— Sempre. — Ela começou a me contar histórias sobre April que me davam
um ponto de vista de todos os momentos.
Nossa garçonete tinha saído do turno, e nosso novo garçom era um cara
que ficava olhando para Colette sempre que ele vinha à nossa mesa. Ela parecia
não notar, mas também o encantava sempre que falava com ele.
— Houve um tempo em que comprei para ela uma bandana com uma coroa
e um tutu com um conjunto de princesa. — Ela estava dizendo. — Aquela coisa
teve que ser colocada de volta na caixa de papelão toda vez que ela terminava de
usá-la e dormia na cama com ela por uma semana.
— Uma coroa e um tutu na cama, hein? Os tutus não são realmente
ásperos? Esses não parecem o tipo de item que você gostaria de ter na cama com
você.
Ela gemeu. — Você não ouviu o pior se está preocupado com um tutu e
uma coroa. Aquilo foi brincadeira de criança em comparação com o conjunto de
trem, os blocos de construção e todos os animais de plástico que ela tem. Houve
algumas noites interessantes.
Estremeci com a ideia de, sem suspeitar, deitar em um trem, um bloco de
construção ou um rinoceronte. — Não são exatamente o tipo de brinquedos que
são divertidos de ter na cama?
O comentário simplesmente escapou de mim e, por um momento, seu
rosto caiu e mil memórias dolorosas pareciam piscar atrás de seus olhos, mas
então ela se endireitou um pouco mais e sorriu. — Sim, acho que você está certo.
Com o momento tenso passando por nós, ela apontou para mim com a
extremidade aberta de seu copo. Felizmente, estava quase vazio, e nada saiu de
dentro dele. — Pode não ser tão divertido, mas é muito mais seguro em alguns
aspectos. Por exemplo, você não corre o risco de explodir as baterias ou desligar
a energia.
Seus olhos dançaram com as memórias às quais ela estava se referindo
agora. Foi a minha vez de gemer e plantar meu rosto em minhas mãos.
— Isso aconteceu uma vez. Ok, duas vezes. Como eu poderia saber que as
baterias resgatadas do lixo que estavam expostas ao sol não eram uma boa ideia,
ou que aquela coisa estúpida do massageador faria a energia acabar?
— Bom senso para o primeiro e talvez lendo o rótulo do último? — Ela
sugeriu, tentando e falhando em abafar o riso. — Então, novamente, o bom senso
não é tão comum entre os adolescentes.
— Ei, eu tinha bom senso. Simplesmente não estava usando naquele
momento. Eu estava muito animado. — Admiti sem qualquer hesitação. — Além
disso, você não pode me dizer que não estava se divertindo com tudo isso antes
do desastre.
O calor explodiu entre nós enquanto relembrávamos sobre essa parte da
nossa história, mas então ela baixou o olhar e mexeu no copo antes de limpar a
garganta. — Tudo estava divertido até o desastre acontecer, não estava?
Sua voz estava mais suave agora do que antes, mas eu ainda a
ouvi. Sentando-me para frente, aproximei minha mão da dela na mesa, mas não
a peguei. Em vez disso, esperei que ela percebesse e olhasse para mim.
— Você está certa, mas você notou que sempre que há um desastre, uma
nova vida inevitavelmente encontra uma maneira de crescer ali mais cedo ou
mais tarde? Civilizações inteiras ressuscitaram das cinzas do que existia antes.
— Certo. Em alguns casos. Em outros, tudo o que resta até hoje são as
terras desoladas de lugares que nunca se recuperaram totalmente.
— Ainda. — Eu disse, fixando meu olhar no dela. — Eles ainda não se
recuperaram totalmente. Mas, independentemente do que todos os teóricos do
Juízo Final acreditem, ainda há tempo para eles se recuperarem. Não acaba até
que acabe.
Ela parou por um momento, então riu enquanto revirava os olhos para
mim. — Ok, Sr. Otimista Eterno. O que quer que você diga, mas acho que vamos
precisar de mais bebidas se quisermos continuar neste caminho. Às vezes, há
uma razão pela qual as coisas não se recuperam, e às vezes é ainda melhor para
eles se não o fizerem.
CAPÍTULO 16
COLETTE

— Você está tão bêbado. — Eu ri quando Paxton balançou depois de se


levantar de sua cadeira.
— E você também. — Ele me deu um sorriso torto e fez uma careta para o
telefone em sua mão antes de perceber que estava errado. — É por isso que estou
chamando um táxi.
Suspirei dramaticamente e balancei meu copo vazio para ele, minha
bochecha na palma da minha mão e minha cabeça inclinada para cima para que
eu pudesse olhar para ele sem me levantar. — Booo. Estamos nos
divertindo. Não estamos nos divertindo? Por que você quer ir embora?
— Porque eles vão nos varrer daqui com a sujeira amanhã de manhã se
não formos agora. — Disse ele, fazendo uma reverência galante e estendendo a
mão para eu pegar. — Nossa carruagem está a caminho. É tarde demais para
cancelar agora.
— Pode ser tarde demais para cancelar uma carruagem, mas não é tarde
demais para cancelar um Uber. — Eu resmunguei, mas joguei minha bolsa por
cima do ombro e peguei sua mão para deixá-lo me ajudar a levantar.
Assim que minha pele tocou a dele, essas faíscas agradáveis e familiares
me iluminaram de dentro para fora, e foi tão bom que eu poderia ter soltado um
pequeno gemido. Eu pensei que tinha engolido, mas quando seu olhar disparou
para o meu e uma carranca questionadora apareceu entre eles, eu sabia que
tinha feito o som alto.
Em vez de tentar me defender, simplesmente dei de ombros e enrolei meus
dedos nos dele. — O que?
— Você acabou de gemer? — Ele perguntou, diversão em seu tom, apesar
das perguntas em suas feições.
— Sim. — Eu disse, não oferecendo uma explicação para isso. Toda esta
noite parecia tão boa, quase como antes de as coisas terem ido tão, tão mal.
Meus pensamentos estavam uma comlpeta bagunça. Eu sabia que o álcool
estava firmemente no comando, e sabia que de manhã me arrependeria de
algumas das decisões que tomei hoje, mas parecia tãããão bom. Eu nem me
importaria se me arrependesse amanhã. Não tive tanta diversão ou sentido essa
liberdade há muito tempo.
Todo mundo merece ter uma noite de folga de vez em quando, disse a mim
mesma. Solte-se. Aproveite a vida. Esqueça quem voce deveriam odiar e por quê.
Como se sentisse que eu estava pensando nele, Paxton apertou minha mão
com mais força e me conduziu por entre a multidão até que chegamos na calçada
do lado de fora do bar. Ele verificou seu telefone antes de se animar.
— Aí está o nosso carro. — Disse ele alegremente, o menor arrastado em
suas palavras.
Eu tinha certeza de que parecia o mesmo, então me agarrei a ele e, juntos,
cambaleamos em direção a onde o sedan que ele apontou estava
estacionado. Olhando para o carro agora que estava mais perto, comecei a rir e
cutuquei Paxton com o cotovelo.
— Mesmo? Você esbanjou em um chique? Isso não é um encontro,
Pax. Você não deveria ter se incomodado.
Ele cambaleou para o lado com o leve empurrão, mas não perdeu o
equilíbrio. Seus olhos azuis encontraram os meus, turvos, mas brilhando nas
luzes de néon que alinhavam todas as entradas desta rua, e ele desceu do meio-
fio para abrir a porta.
— Eu sei que não é um encontro, mas eu queria levar você para casa com
estilo, agora que posso realmente gastar um pouco de vez em quando. — Ele
abriu a porta e me fez sinal para entrar. — Primeiro as damas.
Um soluço embaraçosamente alto saiu de mim quando eu balancei a
cabeça e deslizei para o interior luxuoso do carro, mas não me
importei. Realmente não me importava com nada agora. Era maravilhoso.
Exceto April. Eu sempre me preocupei com ela. Remexendo na minha
bolsa, encontrei meu telefone e fiz uma ligação rápida para Tierra.
Ela atendeu no segundo toque, sussurrando até ouvir um leve clique de
uma porta ao fundo. — Ei, Colette. Desculpe. Eu só precisava sair da sala. Brett
e April adormeceram no sofá do forte de cobertores.
— Ainda está tudo bem se eu for buscá-la amanhã de manhã, então? —
Eu perguntei, de repente muito ciente de como minhas orelhas estavam quentes
e do zumbido que ouvi nelas agora que tínhamos deixado o bar barulhento e a
rua para trás.
Ela riu baixinho. — Não tem problema. Como eu disse, eles estão
dormindo e parece que Paxton deu a você um bom tempo. Vá dormir e nos
veremos de manhã como planejado. Ligarei se precisarmos.
— Excelente. Obrigada. — Havia lágrimas em meus olhos quando
desliguei.
Um braço pesado pousou em volta dos meus ombros e me sobressaltei até
me lembrar que Paxton ainda estava comigo. Quando virei minha cabeça, a dele
estava a apenas alguns centímetros da minha e havia preocupação em seus
olhos brilhantes.
— Tudo certo?
— Sim. — Engoli o nó na garganta e fechei os olhos. — Desculpe. Só não
estou acostumada a passar uma noite inteira longe de April. Brett e Tierra
disseram que ela poderia dormir lá esta noite, mas eu só queria ver como ela
está.
— Aposto que ela já está dormindo, bebê. Já passa das onze. Ela vai ficar
bem, mas podemos dormir no sofá deles para que você esteja lá quando ela
acordar, se quiser?
— Não podemos dormir no sofá deles porque ela e Brett já dormiram. —
Eu disse, então acenei para ele enquanto me sentava para frente. — Está tudo
bem, realmente. Eu vou ficar bem. Apenas preciso de um momento.
Ele apertou meu ombro. — Você tem direito a um momento, mas também
precisa dar ao motorista seu endereço, a menos que queira que eu o faça?
— Não, eu posso. Eu aprecio você não apenas assumir e fazer isso por mim
de qualquer maneira. Significa muito que confie em mim, apesar do meu estado
nada ideal agora. — Eu nem sabia por que disse isso, mas as palavras já estavam
fora, e eram verdadeiras. Então, por que diabos não dizê-las?
Ele riu suavemente. — Qualquer estado em que você esteja é o estado
ideal. Agora, endereço?
— Certo. — Deslizando mais para a frente no assento, eu realmente notei
o carro pela primeira vez. Era incrivelmente chique, todo em couro e
acabamentos lisos com apenas uma luz fraca e até mesmo um vidro de
privacidade entre nós e o motorista.
Ele tinha baixado o vidro no momento, esperando um tanto impaciente
que eu lutasse para lhe dar meu endereço.
— É o número 174 do Leander, eu acho. Uma casa geminada. Ela tem um
portão preto e é cinza do lado de fora.
Paxton acenou com a cabeça.
— Sim. É esse mesmo. Estou na Aldo, número 15. A dela está um pouco
depois da minha.
O motorista inclinou a cabeça para mostrar que entendia, então
estoicamente se virou para ficar de frente para a estrada e colocou o vidro de
privacidade no lugar. Eu balancei meu nariz para ele. — Acha que cheiramos
muito mal para ele ter levantado isso?
— Possível. Estamos cheios de bebida e pouco mais. Devíamos ter pedido
os nachos. Eu disse que devíamos ter pedido os nachos.
— Você disse, mas as outras pessoas os pediram e pareciam muito
encharcados. — Eu bati meu ombro no dele, rindo de algo que nem mesmo eu
conseguia identificar. — Não há nada pior do que nachos encharcados.
— Nada? — Ele ergueu as sobrancelhas para mim e, em seguida, suas
mãos dispararam e ele estava me fazendo cócegas. — Isso não pode ser
verdade. Lembro-me claramente de você dizer muitas vezes que não há nada pior
do que receber cócegas de alguém com queem não pudesse lutar contra.
Gritando de tanto rir, percebi no fundo da minha mente que estávamos
brincando como adolescentes no banco de trás de um táxi quando não
deveríamos, mas estava muito concentrada em tentar escapar para lembrar por
quê.
— Eu menti, então. — Eu consegui balbuciar entre as gargalhadas. —
Nachos encharcados são definitivamente piores. O mesmo acontece com o apoio
de braço realmente duro cavando em suas costas.
Ele desistiu então, e antes que eu pudesse compreender completamente o
que estava acontecendo, uma de suas mãos estava no meu joelho e eu me inclinei
para ele, esperando que ele me beijasse. Eu mal tive tempo de processar o
pensamento antes que o clima entre nós mudasse e seus lábios estivessem nos
meus.
Jurei que o mundo inteiro parou de girar quando Paxton me beijou. Era
como se o passado e o presente se chocassem com tal intensidade que tudo
simplesmente parou.
Eu sabia que era uma má ideia, mas não o impedi. Na verdade, eu nunca
quis que ele parasse de me beijar novamente.
Quando sua língua varreu meus lábios, pedindo entrada, eu os separei de
boa vontade e envolvi meus braços em volta do pescoço para puxá-lo para mais
perto de mim. Tão perto que pude sentir seu coração disparado contra o meu
peito e senti sua pulsação trovejando contra a ponta dos meus dedos quando
coloquei uma mão em volta do seu pescoço.
Eu gemia em sua boca enquanto ele aprofundava nosso beijo, enredando
os dedos da minha outra mão em seu cabelo enquanto o segurava para mim. Não
houve nada em todos os meus trinta anos neste planeta que fosse como beijar
este homem.
Muito em breve, nossa sessão de amasso fumegante foi interrompida pelo
carro estacionando no complexo de apartamentos de Paxton. Afastei-me dele
para verificar se não estávamos parando apenas em um semáforo, mas não.
Esta era definitivamente sua casa. Ele suspirou quando olhou por cima do
ombro e percebeu a mesma coisa, pressionando um beijo final em meus lábios
antes de se afastar e se sentar.
— Você realmente mora aqui? — Eu perguntei quando reconheci o prédio.
— É totalmente novo. Lembro-me de ver as placas para a reforma enquanto eles
o faziam. É suposto vir com todos os atrativos.
Ele sorriu. — Fui uma das primeiras pessoas a se mudar.
— Parabéns. — Eu disse, tentando falar sobre qualquer outra coisa além
do que tínhamos acabado de fazer.
— Obrigado. — Ele abriu a porta e apertou um botão em seu telefone.
— Eu paguei o motorista. Boa noite, Colette. Obrigado pela melhor noite
que tive em anos.
Antes que eu pudesse pensar em uma resposta inteligente, ele saiu do
carro, mas não fechou a porta. Uma expressão tão contemplativa que eu não
teria pensado que seu cérebro bêbado seria capaz de processar com tanta força
agora cruzou seu rosto, e então ele se inclinou para trás e olhou para dentro do
carro.
Borboletas explodiram na minha barriga, mas externamente, eu apenas
levantei uma sobrancelha para ele. — Esqueceu algo?
— Você quer continuar a noite? — Ele perguntou em vez de responder
minha pergunta.
Mesmo sabendo que deveria dizer não, peguei a mão que ele me ofereceu
e o deixei me ajudar a sair do carro com os pés trêmulos.
— Claro. — Eu disse. — Mas é melhor você se comportar, Paxton Gould. O
que quer que você pense que estou fazendo, não é isso.
— Isso é fantástico. Eu não estava com vontade de jogar jogos de tabuleiro
e beber café de qualquer maneira. — Ele brincou, colocando minha mão na dobra
de seu cotovelo enquanto nos dirigíamos para as portas. — Existem tantas coisas
mais divertidas que podemos fazer do que isso, você não acha?
Eu pensei o mesmo, mas não admitiria. Estava muito ocupada tentando
lembrar quando foi a última vez que me senti assim e por que exatamente o
tenho evitado desde então.

CAPÍTULO 17
PAXTON

Colette e eu paramos na minha porta e precisei de algumas tentativas para


destrancá-la. Ela riu ao meu lado, encostando-se na parede enquanto me
observava lutar .
Alguns segundos depois, a fechadura fe um click e a porta se abriu. Eu
sorri para ela. — Depois de você.
— Então afinal você pode ser um cavalheiro. — Ela disse, seu lado atrevido
saindo para jogar novamente. — Primeiro me ajudando a sair do bar, depois
pegando o táxi chique e agora isso.
Caminhando na minha frente, ela piscou quando as luzes se acenderam
automaticamente quando entrou. Ela se virou, andando para trás enquanto
estendia os braços para os lados. — Uau. Isso é incrível.
Ela se virou de novo, maravilhada com o lugar enquanto eu fechava os
olhos para tentar ver através dos dela, mesmo através da névoa da
embriaguez. Embora, para ser justo, não fosse mais apenas uma névoa de
embriaguez. Claro, o álcool que consumimos ainda desempenhava seu papel,
mas minha cabeça agora também estava nadando de desejo depois daquela
sessão de amassos na parte de trás do táxi.
Nunca, em meus sonhos mais loucos, pensei que conseguiria tocá-la
daquele jeito de novo, e era seriamente inebriante de uma forma que não tinha
nada a ver com a bebida. Beijar Colette tinha sido um dos meus passatempos
favoritos uma vez, e eu definitivamente me lembrava do porquê.
Afastando os pensamentos que estavam me deixando mais duro do que
era confortável dentro do meu jeans, forcei minha atenção de volta ao meu
apartamento enquanto fechava a porta atrás de nós e a seguia para dentro.
O lugar era bom, e não seria indecente admitir. Quase gozei nas calças a
primeira vez que entrei aqui. O corretor de imóveis mal tinha me deixado entrar
quando eu estava salivando para assinar na linha pontilhada.
Era moderno, mas não frio. A cobertura se estendia por dois andares, com
uma parte inferior de conceito aberto e todos os quartos na parte superior. Havia
um banheiro e um lavabo, bem como uma suíte de hóspedes aqui também.
A parede oposta era feita inteiramente de paineis de vidro deslizantes,
abrindo as áreas de estar, jantar e cozinha para uma grande varanda que tinha
uma vista bastante decente da cidade e do oceano além. Era uma noite clara e
as estrelas refletiam na superfície cintilante da água iluminada pelas luzes da
cidade.
Minhas paredes eram pintadas de cinza claro em vez de branco, e os
enfeites eram de alumínio escovado, em oposição ao metal brilhante encontrado
em outros lugares. Um decorador de interiores foi contratado para oferecer
opções a todos os possíveis inquilinos para comprar os lugares totalmente
mobiliados e, embora Tierra tenha me ajudado a torná-los mais acolhedores, eu
escolhi um pacote que incluía cores mais quentes e tapetes da área, juntamente
com um aspecto mais antigo de mobília.
— Puta merda! — Disse Colette com admiração ressonando em seu tom
antes de abrir um sorriso malicioso. — Eu finalmente entendo por que você se
contentou com todo esse negócio de modelo de roupa íntima. Você não pode
estar se saindo muito mal.
— Em primeiro lugar, eu não modelo apenas roupas íntimas, mas sim, o
dinheiro é bom. — Eu sorri e fui ficar na frente dela antes de correr minhas mãos
para cima e para baixo nas minhas laterais. — Além disso, teria sido egoísmo da
minha parte não compartilhar tudo isso com o público.
Ela revirou os olhos, mas parecia ser mais diversão do que exasperação.
— Claro, Pax. Qual será a sua próxima linha? Que você não trabalha tão duro
em seu corpo só para você?
Eu estalei meus dedos. — Droga. Você me pegou. Isso é exatamente o que
eu ia dizer.
— Uh-huh. — Ela riu, cambaleando um pouco antes de estender a mão
para se segurar no meu braço.
Seus olhos voaram até os meus quando meu braço serpenteou para firmá-
la enquanto eu o envolvia em sua cintura. Terminamos peito com peito, olhares
travados e nossos corpos pressionados um contra o outro. Nenhum de nós se
moveu por vários longos minutos enquanto nossa respiração sincronizava e
nossos olhos mergulharam na boca do outro antes de rastrear de volta.
Sentir suas curvas suaves contra o meu corpo era o suficiente para fazer
meu pau levantar-se de volta em atenção. Ela soltou um suspiro suave quando
sentiu, deixou seus cílios tremularem, e então deu um pequeno passo para trás
quando seus olhos se abriram novamente.
— Você vai me fazer um tour? — Ela perguntou, sua voz um pouco mais
ofegante do que o normal.
Eu balancei a cabeça, respirei fundo e estendi minha mão. — Melhor se
segurar em mim. Não gostaria que você me processasse se caísse e quebrasse o
quadril na minha casa.
Ela me mostrou o dedo do meio, mas não conseguiu conter um sorriso. —
Ainda não somos tão velhos, certo? Eu duvido que meu quadril iria quebrar se
eu cair.
— Melhor prevenir do que remediar. — Pisquei e deixei minha mão
estendida pendurada entre nós. Ela olhou para baixo, mordendo o lábio inferior
antes de lentamente levar a mão para cima para encontrar a minha
Marque um ponto para o time da casa. Eu queria lançar meu punho no ar,
mas me segurei.
— Você gostaria de uma bebida enquanto estamos fazendo o tour? — Eu
perguntei, embora duvidasse que qualquer um de nós precisasse de mais álcool
em nossos sistemas.
Ela parecia concordar. — Talvez só uma água. Obrigada.
— Uma água então. — Eu a guiei para a cozinha primeiro, pegando duas
garrafas de vidro da geladeira e passando uma para ela. — Então, esta é a
cozinha. Tem bancadas de mármore, eletrodomésticos integrados e uma
cafeteira incrível.
— Eu posso ver isso. — Ela disse, seu quadril contra o balcão enquanto
ela olhava. — Eu amo ilhas centrais. Definitivamente, é um recurso que
procurarei se algum dia mudarmos.
Meus olhos dispararam para minha ilha, na qual eu não tinha pensado
muito antes. O fogão foi embutido nele, e as panelas e frigideiras penduradas
acima em trilhos limpos e escuros. — Bem, você pode pegar a minha emprestada
enquanto isso.
— Obrigada. — Ela riu um pouco mais antes de balançar a cabeça. — Eu
não acho que vou passar muito tempo aqui, no entanto. Por melhor que seja,
não parece o tipo de lugar em que você gostaria de libertar uma criança.
— Discordo. Pode não ter muito de um jardim para falar, mas não estou
preocupado com minhas coisas e não há nenhum lugar para ela realmente se
machucar. Podemos até mesmo deixar à prova de bebês, se você quiser.
Eu disse isso levianamente, mas as sobrancelhas de Colette se
ergueram. — Não estamos mudando, Pax. Caramba. Calma.
Depois de fazer uma pausa para repetir as palavras na minha cabeça, eu
ri e peguei a mão dela novamente. — Isso saiu errado, mas se você quiser se
mudar, você sabe que eu deixaria.
Uma carranca levantou sua sobrancelha, mas ela suavizou e
simplesmente optou por ignorar a declaração, enquanto me seguia para
fora. Levei-a para um passeio rápido, não a levei para o andar de cima para os
quartos, caso ela tivesse uma ideia errada, e então a levei para a varanda.
— Esta foi a peça chave para mim. — Admiti enquanto passava o braço
pelo espaço. Havia uma banheira de hidromassagem em um canto, um bar no
outro, e o vidro de privacidade ao redor bloqueava a visão das pessoas, enquanto
me oferecia uma visão desimpedida do mundo.
— Oooo, eu não entro em uma banheira de hidromassagem há anos! —
Ela disse, então me surpreendeu pra caralho quando começou a se despir.
Rindo, uma vez que ficou apenas com o sutiã e a calcinha, ela me lançou
um olhar desafiador antes de se virar e pular na água morna. Fiquei paralisado
pelo choque por apenas um segundo antes de estar com tanta pressa para tirar
minhas próprias roupas que quase tropecei quando tirei meu jeans.
Suas risadas se transformaram em gargalhadas completas, mas assim que
me juntei a ela na banheira e nossos olhos se encontraram, tudo mudou. A
risada parou abruptamente, e nos aproximamos depois que apertei o botão para
fazer as bolhas subirem.
Houve alguma hesitação em seu olhar sobre o meu quando a peguei e a
coloquei no meu colo, mas desapareceu quando ela olhou nos meus olhos. — Ei.
— Oi. — Eu disse, combinando meu tom com a suavidade dela. — Está
tudo bem?
Ela inclinou a cabeça, colocando os joelhos em cada lado do meu quadril
e sorrindo quando sentiu o que estava acontecendo sob o tecido fino da minha
cueca boxer. — Você está duro, Pax.
— Você pode me culpar? — Baixando deliberadamente meus olhos, eu
desfrutei da visão do topo de seu decote, e seus mamilos endureceram sob a
renda de seu sutiã logo abaixo da linha da água.
— Eu não pensei que fosse possível, mas você está ainda mais linda agora
do que nunca. E apenas no caso de você não ter notado, você está quase
nua. Em cima de mim. Claro que estou duro. Se eu não estivesse, esperaria que
você me marcasse uma consulta para examinar meus olhos ou meu pau.
Eu deixei minhas mãos descansarem em seus quadris e flexionei meus
dedos levemente, inclinando minha cabeça para frente para dar um beijo na pele
nua de seu ombro. — Você tem ideia de quantas noites eu sonhei em ver você
assim de novo?
Ela fez um som de descrença que saiu em algum lugar entre um bufo e
um suspiro. — Você honestamente espera que eu acredite que sonhou comigo
quando tinha sua cama cheia de modelos todas as noites?
Meus quadris balançaram para frente e um gemido estrangulado saiu de
mim quando eu apertei meu comprimento contra seu centro quente. — Parece
que estou mentindo? Não vou negar que estive com outras pessoas desde você,
ou que algumas dessas pessoas foram modelos, mas ninguém, e quero
dizer ninguém, jamais fez as coisas que você faz comigo.
Com as bochechas rosas, sua cabeça caiu ligeiramente para trás enquanto
eu continuava a balançar, mas seus olhos permaneceram nos meus. — Você não
precisa dizer todas essas palavras bonitas. Sabe disso, certo? Já estou
praticamente nua no seu colo. Como você acabou de apontar gentilmente.
Uma das minhas mãos subiu em seu cabelo, passando pelas pontas
molhadas para agarrar sua nuca. Sem nenhuma maneira de evitar, já que
nossos rostos estavam tão próximos e eu a estava segurando, eu tinha toda a
sua atenção e dei a ela a minha.
Minhas palavras saíram em um sussurro áspero, mas eu a queria tanto
que doía. Ao mesmo tempo, eu não faria porra nenhuma até que ela aceitasse
que eu não estava mentindo para ela.
— Não são apenas palavras bonitas se forem verdadeiras, Colette. — Eu
empurrei contra ela novamente, gemendo contra sua boca e pontuando minhas
próximas palavras com beijos em seu queixo e pelo pescoço. — Eu não tenho
nenhum motivo para mentir, e você está certa, eu não preciso apenas dizer coisas
bonitas considerando onde estamos. Tudo o que estou dizendo a você é a verdade
absoluta.
— Ok. — Ela admitiu com um gemido suave. — Você venceu, Paxton. Eu
acredito em você. Vai me beijar agora?
Eu me afastei dela, procurando a aceitação em seus olhos antes de apertar
meu controle sobre ela. — Pode apostar, bebê. Eu não vou parar até que você
me implore.
Com essas palavras finais, inclinei minha boca sobre a dela e cumpri
minha promessa. Nossos beijos foram frenéticos, muito mais do que no
carro. Eles eram o tipo de beijo que levava a mais. O tipo de beijo que deixaria
um homem louco se não o fizessem.
Colette me beijou de volta com a mesma quantidade de necessidade e
paixão, suas mãos em concha na minha nuca, mas movendo-se rapidamente
para percorrer meus ombros e braços. Enquanto as pontas dos dedos dela me
acariciavam e sua boca praticamente saqueava a minha, eu a deixei assumir o
controle até que tivesse certeza que ela não estava prestes a se afastar.
Quando a senti se entregando, movi minhas mãos para suas costelas e
passei meus polegares ao longo da parte inferior de seus seios. Ela estremeceu
contra mim, e isso trouxe de volta mil memórias de como costumávamos ser
juntos.
Se isso acabasse sendo como costumava ser, nós dois teríamos um passeio
selvagem. E eu não faria de outra maneira.
CAPÍTULO 18
COLETTE

Beijar Paxton na parte de trás daquele táxi não tinha sido uma boa
ideia. Tirar a roupa e pular em sua banheira de hidromassagem tinha sido pior,
mas nenhuma dessas coisas se comparava em deixá-lo me colocar em seu colo
e depois beijá-lo como se tivéssemos voltado no tempo.
Não havia mundo em que isso pudesse terminar bem, mas eu estava tão
cansada de sempre pensar demais nas coisas. Ser adulto era uma merda,
especialmente ser alguém que se levava tão a sério o tempo todo.
Vinha com o território; Eu sabia. Eu era médica e mãe, mas também era
mulher. Tinha esquecido disso em algum lugar ao longo do caminho. Na minha
vida cotidiana, Colette e o que ela queria representavam a Dr. Wynne ou a
mamãe, mas bem aqui, agora, poderia ser apenas eu.
Esta noite tinha começado com a finalização das coisas para o casamento,
mas rapidamente se tornou sobre relaxar e se divertir. Talvez fosse apenas o
álcool falando, mas foda-se tudo. Foda-se o pensamento excessivo, a
responsabilidade e os arrependimentos que já sabia que teria amanhã. Eu lidaria
com amanhã, amanhã.
Por enquanto, eu só queria sentir. Eu queria me entregar a Paxton e não
me preocupar com o que isso significava ou se ainda significava alguma coisa. E
foi o que fiz.
Quando ele sentiu que eu estava cedendo completamente, ele gemeu em
minha boca e me segurou ainda mais forte, então moveu suas mãos dos meus
quadris para minhas costelas e provocou meus seios. Fazia tanto tempo que eu
não sentia as mãos de ninguém além das minhas em meu corpo que gemi assim
que seus polegares roçaram meus mamilos.
Eles estavam tão duros que era perfeitamente possível que estivessem
prestes a cortar a renda do meu sutiã, mas, novamente, o pau de Paxton parecia
ainda mais duro onde esfregou contra mim. Rendi-me às diversas sensações das
mãos de Paxton na minha pele, à sensação mais áspera do cós da cueca no
interior das minhas coxas, à firmeza do seu beijo e à ligeira queimadura da sua
barba por fazer sempre que roçava em mim.
A água borbulhando ao nosso redor intensificava tudo, dava a sensação
de que estávamos abrigados em algum lugar que só nos pertencia quando, na
realidade, nem estávamos dentro de casa. De alguma forma, até mesmo saber
que estávamos do lado de fora só serviu para me excitar mais.
Então, novamente, tive a sensação de que tinha mais a ver com Paxton do
que qualquer outra coisa. Ele sempre teve o dom de me fazer sentir que iria
entrar em combustão espontânea sempre que estivéssemos juntos assim.
Rolando meus quadris contra a protuberância deliciosa em sua cueca, eu
gemi seu nome antes de chupar seu lábio inferior entre os dentes e dar uma
pequena mordida. Ele se sacudiu contra mim e soltou o rosnado mais sexy.
— Porra. — Ele respirou entre beijos. — Eu esqueci completamente o que
isso faz comigo.
Fingindo inocência, sorri e encolhi um pouco os ombros. — Mesmo? O que
você está falando? Isso?
Eu fiz isso de novo, saboreando a forma como seu corpo estremeceu contra
o meu. Ele praguejou um pouco mais, então esmagou seus lábios nos meus e
me lembrou exatamente o que aqueles beliscões faziam com ele. Cada vez que
tinha meia chance, mordiscava seus lóbulos das orelhas ou aquele ponto na
curva de seu pescoço.
Paxton não se limitou a sentar e me deixar levá-lo à beira do precipício. Ele
nunca foi muito mais um receptor do que um doador de oportunidades iguais e,
claramente, eu não era a única que lembrava o que deixava o outro louco.
Ele me tocou em todos os lugares, deixando suas mãos explorar
livremente, evitando as áreas onde eu mais precisava dele. Arrastando seus
lábios em todos os lugares que podia alcançar, ele colocou os beijos mais leves
na minha pele e deixou arrepios em seu rastro.
Quando nossas bocas se chocavam de novo e de novo, nossos corpos se
contorciam e nossos gemidos e suspiros enchiam o ar. Meu clitóris pulsava com
tanta necessidade que eu estava na metade do caminho, e minha calcinha ainda
não tinha sido tirada. Se o que eu estava sentindo esfregando contra mim fosse
qualquer indicação, ele não estava longe de explodir também.
— Paxton… — Eu engasguei, pressionando meu peito tão perto do dele
quanto poderia ir. — Por favor, Pax.
Um sorriso se espalhou em seus lábios, e ele deslizou uma das mãos por
baixo do elástico da minha calcinha e gemeu, deixando cair sua testa contra a
minha enquanto seus dedos deslizavam entre minha carne nua. — Porra. Você
realmente se depilou. Tudo se foi.
Mesmo que eu mal pudesse respirar por causa do quanto eu o queria,
ainda consegui dar a ele um sorriso provocador. — Tudo se foi há quase tanto
tempo quanto você. No começo, foi meio que 'foda-se' para você quando me
depilei e você nunca teve a experiência disso. Mas então percebi que realmente
preferia assim. Parecia muito mais limpo.
— Se isso te faz sentir melhor, se eu soubesse... — Ele soltou um gemido
torturado. — O 'foda-se' teria sido alto e claro. Nenhuma dúvida sobre isso.
— Bem, você está começando a experimentar agora de qualquer maneira,
então acho que não foi tão eficaz de um 'foda-se' a longo prazo. — Meus quadris
sacudiram quando seu primeiro dedo encontrou minha boceta, e seus olhos se
arregalaram antes de ficarem com as pálpebras tão pesadas que eu não tinha
certeza se ele podia ver mais.
— Deus, você está tão molhada para mim. — Ele gemeu.
— Nós estamos em uma banheira de água quente. — Eu disse com o
último pedaço de coerencia pensei que poderia reunir. — Impossível não ficar
molhada.
— Ahhh porra. — Seus dentes roçaram meu pescoço, e nós dois soltamos
gemidos altos quando seu dedo deslizou totalmente para dentro. —
Porra. Colette. Apenas... Porra.
Ele parou de empurrar para cima em mim com seus quadris depois disso,
os músculos de suas coxas tremendo. Paralisado enquanto ele se concentrava
em mim, me deu uma não tão pequena emoção saber que ele estava tão perto do
limite que mais um empurrão o faria voar por cima.
— O que é isso? — Eu perguntei. — Você nunca foi de se conter.
— Sim. — Ele disse, seus lábios roçando nos meus enquanto ele falava. —
Mas esta é você. Não tenho a ilusão de que estaríamos fazendo isso se
estivéssemos sóbrios esta noite, e não sei se vou conseguir fazer de novo, então
não estou explodindo minha carga em lugar nenhum além de você.
— Quem disse que você só precisa gozar uma vez? — Eu nem estava
brincando.
Paxton realmente nunca se conteve. Como com tudo o mais, ele ia aonde
queria quando queria, mas também sempre se recuperava rápido quando
chegava primeiro e se divertia muito enquanto esperava sua segunda rodada.
Sem trocadilhos.
Ele sorriu contra minha boca. — Eu amo a maneira como você pensa,
baby, e definitivamente está acontecendo mais de uma vez, mas a primeira vez
também será enquanto estiver enterrado bem dentro de você.
— Bem, você não terá que esperar muito tempo. — Eu murmurei,
tropeçando em minhas palavras enquanto sentia a familiar agitação de um
orgasmo se formando.
A tensão branca e quente puxou minhas entranhas, o prazer enrolando
dentro de mim. Meus dedos se curvaram, minhas sobrancelhas se juntaram e
meus dentes se afundaram em meus lábios para manter meus gemidos
abafados. O vidro de privacidade em torno de sua varanda pode estar nos
mantendo longe dos olhares indiscretos de todos que não estão em um
helicóptero, mas isso não significava que seus vizinhos fossem surdos.
Um grito ainda saiu de mim quando ele usou a palma da sua mão no meu
clitóris, e o mundo inteiro desapareceu com a força com a qual fui puxada para
baixo por aquela onda. Meus músculos travaram e tremi até que minha visão
voltou e meu corpo relaxou. Eu caí contra ele, mas seus braços eram faixas de
aço ao meu redor, me segurando e me impedindo de afundar na água.
Se ao menos ele pudesse ter sido dessa forma em outras circunstâncias,
talvez estivéssemos planejando nosso próprio casamento. Assim que o
pensamento errante me atingiu, eu sabia que estava com problemas com meu
cérebro chegando muito longe online.
Provavelmente se passaram cerca de duas horas desde que tínhamos
bebido pela última vez, e a excitação, a atividade e tudo o mais que aconteceram
fizeram o álcool parecer que estava deixando meu sistema muito mais rápido do
que eu pensava.
Felizmente, Paxton olhou no meu rosto e deve ter percebido que precisava
me distrair rápido. Sem hesitar, ele me tirou da banheira, me colocou na beirada
e rasgou minha calcinha. Eu estava prestes a protestar quando ele abriu minhas
pernas, moveu-se entre elas e colocou a boca em mim.
Decidindo apenas continuar fazendo o que estava fazendo e permanecer
no momento, coloquei uma mão ligeiramente atrás de mim e me apoiei na
palma. A outra se afundou em seu cabelo, agarrando-o tão forte como eu sabia
que ele gostava.
Sexo não tinha sido nossa ruína. Sempre fomos muito bons
juntos. Brincar e se divertir nunca foi um problema para nós também. Paxton
não tinha sido um dos meus melhores amigos sem motivo. Ele me colocou em
um nível que poucas outras pessoas fizeram, e desde o primeiro momento.
Foi como se tivéssemos trancado os olhos quando ele entrou no refeitório
naquela manhã, olhamos para a alma um do outro e pensamos: É isso. Você é
minha pessoa.
Embora tivéssemos apenas quatorze anos na época, tínhamos estado em
um plano muito diferente do que eu já estive com qualquer pessoa antes
dele. Sexo, diversão, amizade e até mesmo trabalhar juntos e apoiar um ao outro
veio naturalmente para nós. Nada disso foi o que acabou conosco.
Não, o que acabou conosco foi a incapacidade de Paxton de se
estabelecer. Não fazia sentido para mim que ele sofresse dessa aflição em
particular. Sua irmã estava se casando com um cara que conheceu e começou a
namorar há doze anos. Até onde eu sabia, seus pais também se conheceram no
colégio e nunca passaram um dia separados, até mesmo indo para o lugar de
descanso final juntos, como se algum poder superior soubesse que um não
sobreviveria sem o outro.
Por toda a lógica e razão, o cara deveria ser o tipo perfeitamente disposto
e ansioso para se casar. Mas não estava. Foi como se ele tivesse visto tudo isso
e corrido na outra direção o mais rápido que pôde.
Embora eu pudesse ter pensado que ele mudaria por mim antes, isso não
era mais um problema. Eu não penso mais assim. E mesmo sabendo que tinha
que pisar com cuidado aqui e que seria tão fácil ser sugada para o quão fáceis
as coisas poderiam ser com ele, me recusei a me preocupar com isso agora.
Não enquanto ele estava me lambendo como se eu fosse seu sorvete
favorito em um dia quente de verão, seus dedos me tocando em todos os lugares
que eu precisava ser tocada. Sua mão livre estava no meu quadril e minhas mãos
subiram descaradamente para massagear meus seios.
Dentro de minutos, eu estava caindo de volta sobre a borda, e novamente,
quando eu voltei, ele estava lá me segurando e certificando-se de que minha
bunda molhada não escorregasse da borda e caísse na banheira. Caramba. Não
me faça sentir que você se importa, Pax. Só não faça isso.
— Preciso de você. — Ele grunhiu quando viu meus olhos piscando e
abrindo novamente. — Agora, baby. Porra, agora mesmo.
Ele me puxou de volta para seu colo, e eu não sabia quando ele tinha feito
isso, mas sua cueca tinha sumido. Meu sutiã atingiu o convés em torno da
banheira de hidromassagem com um respingo de água em seguida, e então ele
me posicionou sobre ele.
Apesar dos orgasmos que já tinha me dado, eu estava desesperada para
colocá-lo dentro de mim. Mas ele ainda era Paxton, e isso significava que
precisávamos ter uma conversa rápida. Nesse tópico específico, confiei minha
vida nele.
Um de nossos amigos contraiu uma DST quando éramos mais jovens, e
isso deixou dolorosamente claro para todos nós como isso era vital. Pegando seu
rosto em minhas mãos, olhei em seus olhos.
— Você está limpo?
Ele assentiu. — Ainda estou sendo testado obsessivamente, embora a
última pessoa com quem não usei preservativo foi você.
— Estou fazendo controle de natalidade. Eu não ia arriscar outra gravidez
não planejada. — Eu disse. — Além disso, ainda fazemos o teste regularmente
em cada um daqueles dias de triagem de saúde que precisamos comparecer ao
hospital, mesmo que eu não tenha estado com ninguém nos últimos anos.
Ele me beijou forte e rápido antes que eu sentisse sua ponta deslizando
entre minhas dobras. — Você está bem com isso, então?
— Bem demais. — Esmaguei meus lábios de volta nos dele e o beijei com
a mesma força, mas muito mais devagar enquanto me abaixava sobre ele.
Enquanto ele entrava em mim, quase parei de respirar com a intensidade
do alongamento. Parecia que embora muito de mim se lembrasse muito dele,
uma parte do meu corpo precisava de tempo para se acostumar com ele
novamente.
A tensão estava clara na expressão de Paxton, mas ele não me empurrou
ou tentou apressar as coisas. Seu maxilar estava apertado, seu pomo-de-adão
se movia enquanto ele engolia e seus olhos se estreitaram, mas eu podia senti-
lo me olhando como um falcão.
Depois de levar um momento para me ajustar, eu balancei a cabeça e soltei
um gemido suave. — Foda-me, Pax. Faça. Eu preciso que você se mova como
você quiser.
E oh querido Senhor ele fez.
No momento em que eu teria me afogado pelo menos mais três vezes se
não fosse por ele e o relógio que eu podia ver através das janelas de vidro dizia
que era depois das 2h00, meu corpo estava tão saciado que eu estava mole e
praticamente delirando.
Paxton foi buscar uma garrafa de champanhe assim que se recuperou,
trazendo com ele duas taças de cristal e, em seguida, propôs um brinde enquanto
estávamos sentados lado a lado na banheira de hidromassagem, observando o
resto da cidade adormecido.
— A nós. — Ele sussurrou. — Ao nosso novo capítulo.
Meus olhos se arregalaram e eu joguei o conteúdo da minha taça na boca
de uma vez e bebi tudo. Mas não perguntei de qual capítulo ele estava falando.
Era apenas por um mês, e já vencemos uma semana. Estaríamos bem. Eu
sobreviveria, mas não havia como dormir ao lado dele. Isso era fodidamente
certo.
CAPÍTULO 19
PAXTON

Depois de um dos encontros sexuais mais intensos e intensamente


estúpidos da minha vida, Colette tentou desistir. Ela estava bem no início, mas
quando voltei com o champanhe, ela parecia nervosa.
Achei que um brinde a nós trabalhando juntos poderia lembrá-la do
quadro geral, mas ela engoliu aquela taça e outro, então afundou ainda mais sob
as bolhas como se de repente estivesse constrangida.
— Você acha que pode me pegar uma toalha? — Ela perguntou, suas
palavras ligeiramente arrastadas novamente.
Não fiquei surpreso. Champagne não era amigo de ninguém quando você
começa a beber completamente sóbrio, e isso, nós não estávamos.
— Você quer sair já? — Eu perguntei levemente, descansando minha
cabeça contra o travesseiro inflado atrás de mim. — Por quê?
— É amanhã de manhã, por exemplo. Preciso acordar em algumas horas
para pegar April e ainda preciso pegar um táxi e voltar para casa.
Provavelmente era mais do que egoísta da minha parte, mas eu não queria
que ela fosse embora. — Não vamos tornar as coisas estranhas. Você pode ficar
aqui, e eu te darei uma carona até a casa de Brett pela manhã para buscá-la.
Ela olhou para mim de onde estava encostada no travesseiro atrás dela,
segurando meus olhos com mais do que um pouco de cansaço nos dela. — Isso
não é uma boa ideia. Se eu ficar aqui, acabaremos dormindo juntos de mais
maneiras do que já dormimos. Simplesmente não é uma boa ideia.
— Eu tenho quartos de hóspedes. — Eu disse. — Inferno, se você quiser,
pode até dormir no sofá, mas precisamos tirar esse licor de nossos sistemas
antes de irmos a qualquer lugar.
— Eu nem tenho uma muda de roupa para dormir. — Ela rebateu,
levantando um único dedo debaixo d'água e apontando para mim. — Antes
mesmo de sugerir, não vou dormir nua.
Bem, lá se vai esse plano. — Eu não sonharia com isso. Vou te dar um
par do meu moletom e uma camiseta. Você pode dormir com isso.
— Seu sofá, hein? — Ela bocejou, sem se preocupar em cobrir a boca, mas
apenas virando a cabeça para longe de mim antes de suspirar. — Tudo bem,
mas não tenha ideias. A única razão pela qual estou concordando em ficar aqui
é porque você está certo sobre a necessidade de dormir.
— Entendido. — Eu também quis dizer isso. — Por mais que eu queira
você na minha cama, ou em qualquer uma das minhas camas, se você preferir
o sofá, então o sofá será.
— Sozinha! — Ela avisou. — Vou dormir sozinha no sofá. Se eu estiver em
uma cama, quem sabe se você ficará tentado a vir se aninhar ao meu lado.
— Eu não sou Cachinhos Dourados, você sabe. Não preciso testar as
camas, mas você tem um acordo. Se quer um sofá sozinha, considere-o seu. Eles
são muito confortáveis de qualquer maneira. Eu também sou um experiente em
dormir no sofá.
Ela riu, mas eu podia ver suas pálpebras fechando. Inclinando-me para
dar um beijo rápido em sua têmpora, me afastei do assento e me preparei para
sair.
— Estarei de volta com uma toalha e algumas roupas em alguns minutos,
então darei a você um minuto para se trocar enquanto pego os cobertores.
— Obrigada. — Ela bocejou novamente, e eu levei minha bunda nua para
fora da banheira de hidromassagem antes que ela desmaiasse em mim.
Quando cheguei ao meu quarto, fui direto para a janela para me certificar
de que ela ainda não tinha adormecido. Vendo seus pés chutando
preguiçosamente e seus olhos focados no céu escuro, fui ao meu banheiro e
peguei uma toalha para cada um de nós.
Depois de parar rapidamente na minha cômoda para pegar nossas roupas,
voltei para a janela para ficar de olho nela enquanto me trocava na velocidade
da luz. Essa besta protetora interior estava rugindo que eu precisava me
apressar. Era perigoso deixá-la ali sozinha em seu estado.
Ela estava exausta, bêbada, e a sonolência pós-relação sexual estava até
se arrastando em minhas pálpebras. Eu não tinha dúvidas de que ela estava
sentindo isso também.
Saí para a varanda apenas alguns minutos depois como prometido e
segurei sua toalha na minha mão. — Colette? Você está bem?
Seus olhos se fecharam em algum ponto nos segundos que levei para
descer as escadas depois de deixar meu quarto, e meu estômago apertou até que
os vi se abrindo novamente. Ela até sorriu para mim. — Você se importa de se
virar? Eu sei que parece estranho, considerando o que acabamos de fazer, mas…
— Não diga mais. — Assim que ela pegou tudo da minha mão, eu virei
minhas costas para ela, mas mantive meus ouvidos em alerta máximo para o
caso de ela cair ou algo assim.
No entanto, nada disso aconteceu. Houve apenas o suave bater da água
quando alcançou os lados da banheira quando ela se levantou. Em seguida,
houve o menor dos respingos quando ela saiu.
Só assim, ela tinha a toalha enrolada em seu corpo e veio para ficar ao
meu lado. — Roupas?
— Bem aqui. — Passei a ela a pequena pilha na outra mão e a levei até o
banheiro de hóspedes para se trocar. — Ainda deve haver alguns brindes de
avião lá se você quiser escovar os dentes ou algo assim.
— Elegante. — Disse ela, mas o fim da palavra foi dito em outro bocejo. —
Já saio.
A porta se fechou atrás dela, e eu voltei para a sala de estar para diminuir
as luzes e arrumar o sofá para ela. Me irritou que ela tivesse escolhido isso ao
invés de uma cama, especialmente porque eu teria mantido minha promessa de
deixá-la dormir sozinha, mas respeitei sua decisão.
Ela não confiava em mim totalmente, e eu não poderia culpá-la por isso
mais do que poderia culpá-la por qualquer outra coisa, o que não era nada. Eu
definitivamente teria preferido tê-la na minha cama, mas ela também estava
certa.
Se ela dormisse ao meu lado, isso significava acordar juntos também. Não
era algo que eu fazia há um tempo, acordar ao lado de alguém depois de dormir
com ela a noite toda, mas eu não teria me importado com ela. Mas não se isso
tornasse as coisas estranhas, e tornaria.
Do lado dela, pelo menos.
Do jeito que estava, eu sabia que ela ia acordar de ressaca. O que eu não
sabia era se ela se arrependeria desta noite. Eu com toda a certeza esperava que
não, e com certeza do mundo eu não iria me arrepender, mas essa era
Colette. Era diferente para ela.
Todos esses pensamentos vagavam pela minha cabeça enquanto eu
arrumava sua cama, adicionando meu próprio travesseiro como um toque
final. Era o melhor da casa, pelo que eu sabia, e eu queria que ela ficasse com
ele.
O som de passos suaves no piso laminado e então completamente
entorpecido por um tapete me fez olhar para cima. Eu quase gemi alto de novo
ao vê-la em minhas roupas, com os pés descalços e o rosto lavado, as luzes
suaves fazendo-a parecer uma invenção da minha imaginação.
Quantas vezes já me perguntei como ela seria agora, quando se preparasse
para dormir? A resposta foi muito, porque embora eu tivesse muito mais
fantasias perversas sobre ela do que puras, eu era apenas humano.
Foi minha culpa tê-la perdido, mas isso não significa que eu nunca me
perguntei como nossas vidas teriam sido se eu tivesse seguido nosso
plano. Houve muitas noites em que eu estava deitado na minha cama, olhando
para o teto, imaginando-a saindo do banheiro e subindo em nossa cama,
deitando ao meu lado.
Eles foram um pouco mais longe do que isso também. A barriga de Colette
redonda com meu filho. Ela andando por aí com nosso bebê nos braços, ou mesmo
andando pelo corredor em minha direção.
Mas quando ela me deu um sorriso suave, dando tapinhas no espaço ao
lado dela, uma vez que se sentou no sofá, ela excedeu tudo que minha
imaginação tinha conjurado.
Cada. Maldita. Coisa.
Saber que ela estava aqui na vida real era infinitamente melhor do que
qualquer coisa que eu seria capaz de inventar para mim mesmo. Eu quase não
tive que ordenar que meu corpo se movesse. Ele implesmente fez.
Assim que me sentei ao lado dela, ela deitou a cabeça no meu ombro. —
Obrigada por esta noite, Paxton.
Eu olhei para ela, percebendo que já estava quase cochilando. Por outro
lado, eram três da manhã. Depois da semana que tivemos, é claro que ela estava
praticamente sonâmbula a essa altura.
Virando minha cabeça, dei um beijo suave no topo de seu cabelo. — De
nada. Durma bem, ok?
Enquanto eu tentava reunir força de vontade para me levantar com seu
corpo pressionado contra o meu e o peso de sua cabeça em meu ombro
parecendo melhor do que deveria, ela me interrompeu com apenas algumas
palavras simples.
— Além disso, gostaria de agradecer a você por não me perguntar sobre o
pai de April. As pessoas sempre perguntam, sabe?
Tão surpreso que de repente eu estava bem acordado de novo, pelo menos
dez perguntas curiosas saltaram em minha cabeça, mas eu não fiz nenhuma
delas. — Achei que não era algo que você gostaria de falar, muito menos para
mim.
Ela encolheu os ombros, as pálpebras tão pesadas que estavam quase
fechadas. Sua voz era suave, mas não tão suave que eu não pudesse ouvi-la.
— O nome dele é Andrew. — Ela disse sonolenta. — Depois que ele foi
embora, percebi que nunca o amei de verdade. Não do jeito que eu te amava.
Meu corpo inteiro quase paralisou de choque com o que ela disse. Ela está
cansada. Está bêbada. Provavelmente nem percebe o que acabou de dizer.
Raciocinar comigo mesmo me ajudou a respirar novamente, mas meu
coração batia forte como se estivesse tentando sair do meu peito. Já fazia muito
tempo que ninguém usava a palavra com A ao se referir a mim e, mesmo então,
nunca tinha sido tão significativo quando tinha vindo dela.
E agora, ouvir de novo... Foda-se.
Enquanto isso, Colette estava felizmente inconsciente das comportas que
ela acabara de abrir em meu coração e em minha mente.
— Andrew sempre foi o tipo de cara que não deixava nada atrapalhar seu
futuro. — Explicou ela. — Ele queria tudo. As viagens, o luxo, o brilho e o
glamour. Uma criança não se encaixava em nenhum desses planos. Ele queria
ser um advogado famoso com clientes em todo o mundo e, quando descobriu
que eu estava grávida, me abandonou porque não queria lidar com a 'bagagem'
extra.
Ela ergueu as mãos para fazer aspas no ar, mas seus dedos não
funcionaram muito bem com ela. Sua cabeça no meu ombro se virou e ela piscou
para mim. — A ironia é que ele conseguiu tudo o que queria. Essa mesma
ambição que me atraiu nele em primeiro lugar lhe rendeu um emprego em um
escritório de advocacia multinacional. A última vez que soube, ele está em
alguma ilha praticando algum tipo de lei tributária e ajudando as pessoas a
desviar dinheiro legalmente para comprar terras e estilos de vida lá.
Tudo que pude fazer foi suspirar. Uma parte de mim queria caçar o cara e
dar nele uma surra, enquanto outra só queria mantê-la falando. Eu tinha
perdido muito da vida dela e realmente queria preencher todas as lacunas.
Mas isso teria que vir com o tempo. Por enquanto, eu a ajudei a se sentar
de lado, puxei o cobertor sobre ela e me ajoelhei ao seu lado. — Você e April não
mereciam isso. Nem por um segundo pense que você mereceu.
Ela sorriu, fechando os olhos e adormecendo sem dizer outra
palavra. Beijei sua testa antes de sair, olhando para ela por um minuto antes de
me levantar, apaguei as luzes e fui para o meu quarto.
Não achei que fosse dormir muito depois de tudo isso, mas também devo
estar exausto porque, no minuto em que minha cabeça bateu no travesseiro
extra, adormeci profundamente, sonhando com a garota lá embaixo.

CAPÍTULO 20
COLETTE

Senti como se meus olhos estivessem fechados com cola quando tentei
abri-los. Algo havia me acordado, mas não conseguia lembrar o que era.
Na verdade, fiquei desorientada quando acordei. O sol aquecendo minhas
costas estava vindo da direção errada, meu travesseiro não cheirava como o
meu. Cheirava a...
Ah, foda-se. Forcei meus olhos a abrirem e, embora doesse, descobri que
eu estava certa. Eu não estava em casa, na minha própria cama ou na de
April. Eu estava no sofá de Paxton.
O cheiro de café foi o que me acordou, e me sentei ereta quando percebi
que o cheiro que enchia minhas narinas realmente pertencia a ele. Algo havia
rompido um pouco quando me sentei, então olhei para baixo para ver que havia
deixado uma poça de baba em seu travesseiro.
Deus, me mate agora. Por favor, deixe que esta seja uma almofada
sobressalente que ele nunca usa.
Fazendo um balanço do meu corpo, percebi que minha cabeça latejava. Eu
gemi baixinho, tentando entender o que diabos eu estava fazendo aqui.
O que diabos aconteceu noite passada? Por que eu dormi aqui? Onde está
Paxton. Nós...?
Memórias fragmentadas começaram a rolar em seguida. O bar, os
coquetéis, rindo, saindo, o táxi chique, o escudo de privacidade.
Minha mente parou bruscamente bem ali quando me lembrei do que
tínhamos feito por trás daquele escudo de privacidade. Embora eu não tivesse
claro os detalhes, eu sabia com certeza que tínhamos nos beijado. Então nós
chegamos ao seu apartamento, e ele me convidou, e…
Porra. Porra. Porra.
A banheira de hidromassagem. Nos beijando. Seus dedos dentro de mim,
então sua boca em mim e, finalmente, aquela porra de fronteira final que me
embriagou tinha pensado que era uma ideia tão boa.
Ah não. Não não não não não.
Qualquer que seja o sangue que fez seu caminho de volta dos meus
pedaços impertinentes para o meu rosto, saiu de mim, e eu silenciosamente
amaldiçoei minha boceta por me deixar entrar nessa confusão. Então,
novamente, não foi só culpa dela. Eu decidi beber muito, com Paxton de todas
as pessoas, e então decidi vir com ele depois que ele me perguntou se eu queria
que a noite continuasse.
Infelizmente, eu não poderia culpar minha parte feminina. Ela tinha
seguido a corrente, e pela sensação das coisas esta manhã, ela adorou.
Mas agora, o meu verdadeiro eu tinha que fazer o controle de
danos. Levantando-me freneticamente do sofá o mais rápido que meu corpo de
oitenta anos permitia, percebi que estava com uma camiseta e nada
mais. Literalmente nada.
Nem mesmo calcinha.
Eu lembrava vagamente de colocar uma calça de moletom, no
entanto. Enquanto minha cabeça girava para procurá-los, ouvi uma risada
profunda e masculina atrás de mim.
Paxton. Porra.
Quando me virei e olhei para cima, meu olhar pousou bem no homem, em
pé em sua cozinha apenas com uma boxer e sorrindo para mim.
— Bom dia, raio de sol! — Disse ele, levando uma caneca de café aos lábios
e tomando um gole antes de pousá-la com cuidado. — Tem café fresco e o café
da manhã está quase pronto. Você ainda adora ovos mexidos com cebolinha e
queijo?
Eu o encarei sem piscar. O que ele pensa que é isso? Uma manhã
romântica?
— Não. De jeito nenhum. — Eu tinha que sair daqui. — A bêbada Colette
tomou várias decisões erradas ontem à noite, das quais a sóbria Colette se
arrepende profundamente.
Houve um lampejo de decepção em seus olhos, um momento em que o
sorriso descontraído desapareceu. Minha cabeça doía demais para pensar em
alguma coisa, muito menos no que Paxton poderia ou não estar sentindo.
Quando olhei de novo, ele parecia completamente normal de novo de
qualquer maneira. Devem ser meus olhos pregando peças em mim.
Parecia que eles estavam tão inchados que era totalmente plausível para
mim que eles poderiam não estar funcionando corretamente. Esticando
cuidadosamente meus membros doloridos, eu balancei minha cabeça antes de
começar a procurar minhas coisas.
— Eu não posso ficar para o café da manhã. Apesar de como agi ontem à
noite, ainda sou uma mãe e preciso ir para a casa de Brett.
Ele me observou lutar pelas minhas coisas com um ar divertido antes de
dizer. — Você não vai encontrar nada aí. Suas roupas estão na secadora e sua
bolsa está aqui.
— Você lavou minhas roupas? — Eu fiz uma careta, apoiando minhas
mãos em meus quadris enquanto comecei a fazer meu caminho em direção a
ele. — Você realmente não precisava fazer isso. Este não foi um encontro,
Paxton.
— Então você fica me lembrando…— Ele disse alegremente. Se ele sentiu
algo tão terrível quanto eu, com certeza não havia nenhum vestígio disso. —
Mesmo assim, eu sabia que tínhamos que ir cedo, então tomei a liberdade de
garantir que você não cheirasse a um bar quando aparecêssemos. Tome um café,
coma alguma coisa, então eu te dou aquela carona até o Brett, hein?
— Vou pegar um táxi. — Eu me concentrei na minha bolsa no balcão,
tropeçando até ela para chamar um táxi antes de olhar ao redor para encontrar
sua secadora.
Minhas roupas ainda estavam quentes quando as tirei e me dirigi ao
banheiro de hóspedes de que tinha uma vaga lembrança, sem deixá-lo me tentar
com sua oferta de café e comida. O cheiro da cozinha era delicioso e já havia
duas canecas fumegantes na ilha e dois pratos prontos para serem enchidos.
Depois de jogar um pouco de água no rosto, escovei os dentes com a
mesma escova de dentes que tinha usado antes de dormir e me troquei. Uma vez
feito isso, dobrei sua camisa, saí para encontrar a calça de moletom que eu tinha
usado e dobrei-a também antes de levá-la para sua lavadora. Eu os coloquei,
verifiquei meu telefone, vi que o táxi estava quase aqui e dei a ele um sorriso
tenso.
— Então, uh, obrigada por tudo. Bom trabalho ontem à noite. — Eu estava
me referindo ao trabalho que tínhamos feito sobre o casamento, mas assim que
as palavras saíram, meus ouvidos pegaram fogo e minhas bochechas
queimaram. — O, uh, o planejamento e o contrato. Todas aquelas coisas de
casamento. Não o... uh. Você sabe o que? Foda-se. Você sabe o que eu quis
dizer.
Já que eu era covarde demais para olhar diretamente para ele, eu o peguei
rindo silenciosamente em seu café na minha visão periférica. Que maneira de
piorar as coisas, gênio.
— Você realmente vai desistir da minha oferta de te dar uma carona? —
Ele perguntou quando eu pendurei minha bolsa no ombro.
Eu balancei a cabeça e dei a ele um aceno enquanto fazia um caminho
mais curto para sua porta da frente com ele ainda me chamando. — Vamos,
Colette. É apenas uma carona.
— Eu acho que aceitei muitas caronas de você. Tenha um bom dia. Vejo
você em breve. — Além de aliviada quando sua porta se abriu com a torção da
maçaneta, agradeci minhas estrelas da sorte por não ter que voltar para pedir a
ele para destrancar para mim.
Assim que me acomodei no banco de trás do táxi, fiz o possível para ficar
apresentável. Eu realmente não tinha tido tempo para olhar meu reflexo no
espelho enquanto estava em seu banheiro, e quando me vi no pequeno compacto
que tirei da bolsa, estremeci.
Jesus. Eu pareço tão horrível quanto me sinto. Meu cabelo estava uma
bagunça emaranhada por adormecer com ele molhado depois da banheira de
hidromassagem, o que restou da minha maquiagem estava borrado e meus olhos
estavam inchados pelo álcool.
Felizmente, havia uma pequena escova e um pacote de lenços na minha
bolsa também. Ambos estavam lá para limpar April, mas eles serviriam.
Enquanto tentava fazer o melhor com os suprimentos limitados que tinha,
me amaldiçoei todo o caminho por agir como se tivesse dezenove anos
novamente.
Nenhum adulto que se preze quer ter essa aparência ou se sentir assim
regularmente. Meu corpo protestou contra cada movimento que eu fazia, cada
solavanco na estrada e cada curva. Eu tinha certeza de que, se houvesse algo no
meu estômago, eu teria vomitado. Pelo menos isso não aconteceu para colocar a
cereja no que já era uma manhã de merda. Graças a Deus por pequenas
misericórdias.
Fisicamente, porém, sabia que me sentiria melhor em algumas horas. Não
era nada que um pouco de água, uma tonelada de café, algumas vitaminas e um
bom banho não ajudaria. Emocionalmente, por outro lado, estava arrasada.
Dormi com Paxton ontem à noite. Mesmo pensando nessas palavras,
parecia surreal que realmente tivesse acontecido. Como diabos passamos dos
coquetéis depois do trabalho para a sexo em sua banheira de hidromassagem?
A resposta a essa pergunta tinha três partes, mas não gostei de nenhuma
delas. Paxton + eu + licor = ideias extremamente ruins.
Mas o que foi feito foi feito. Não havia nada que eu pudesse fazer para
esquecer e, mesmo que pudesse, não sabia se o faria. O que talvez fosse mais
preocupante do que o próprio evento.
Quando a casa de Brett apareceu, coloquei todos esses pensamentos em
uma caixa na minha cabeça. Uma caixa que eu sem dúvida hesitaria em abrir
novamente em breve.
— Eu sairei em um minuto. Por favor, espere aqui. — Eu disse ao
motorista, que assentiu com a cabeça e ligou o rádio para esperar.
A porta da frente se abriu antes mesmo de eu alcançá-la, e eu peguei o
olhar de Brett quando ele percebeu minhas roupas e de Tierra quando ela deu
uma olhada em meu rosto. Brett sorriu quando me deu uma olhada deliberada.
— Parece que alguém não foi para a cama cedo, afinal. — Ele comentou,
sua voz rouca com uma risada mal reprimida. — Faz anos que não vejo você tão
mal. O que aconteceu? Ou melhor, quem aconteceu?
— Definitivamente, sim, quem aconteceu? — Disse Tierra, a curiosidade
queimando naqueles olhos azuis que eram muito parecidos com os de Paxton
para que eu pudesse olhar para eles por muito tempo agora. — Você dormiu com
alguém com certeza. Quem foi o sortudo?
— Ninguém. — Eu sibilei quando vi April correndo pelo corredor atrás
deles. Se eles não tinham ideia de que tinha sido Paxton, eu estava mantendo
assim.
— Olá bebê. — Eu sorri e me agachei para puxá-la para um grande
abraço. — Você se divertiu noite passada?
— Não tanto quanto você. — Brett disse baixinho, e eu enviei a ele um
olhar penetrante. Realmente não precisava que April pegasse isso e começasse
a me questionar.
— Onde está o seu carro? — Ela perguntou quando saiu e seu olhar
pousou no carro que esperava. — Conseguimos um novo?
— Não, querida. Esse homem vai nos levar. — Eu me endireitei e dei um
abraço em Tierra. — Obrigada novamente por recebê-la ontem à noite.
— Não foi nenhum problema. — Ela me apertou perto, sussurrando em
meu ouvido para que April não a ouvisse. — Vamos almoçar em breve, e espero
que você me conte tudo, sua mocinha atrevida.
— Mocinha atrevida? — Eu zombei antes de me afastar.
Mais como vagabunda bêbada. Mas ela não precisava saber disso.
Ela riu e eu me virei para Brett, que agora parecia mais preocupado do
que divertido. — Você está bem?
— Estou bem. — Menti e acenei minha mão com desdém. — Eu só
precisava de um pequeno lembrete sobre porque é uma má ideia agir como se
nunca houvesse amanhã.
Tierra riu. — Restam mais três semanas de alegria e depois o casamento
real. Anime-se, querida. Você vai precisar.
Se ela tivesse tido alguma ideia de como estava certa, talvez não tivesse
parecido tão animada com isso. Não havia muitas coisas das quais eu tinha
certeza agora, mas a única coisa que eu sabia, sem sombra de dúvida, era que
as próximas três semanas tinham se tornado muito mais interessantes. E muito
mais perigosas.
Você ouviu a garota, querida. É hora de se animar. Não há como recuar
agora. Suspirei e dei a eles um último aceno de cabeça para cada um. —
Obrigada novamente, pessoal. Falo com você em breve, ok?
Eles trocaram um olhar, mas eu peguei a mão de April e joguei sua mochila
no meu ombro enquanto a levava para o táxi. A última coisa que eu precisava
esta manhã era mais julgamento, e eu estaria ferrada se eles descobrissem que
tinha sido Paxton na noite passada.
Eu já estava me arrastando nas brasas. Não precisava que eles fizessem
isso também. Ou pior, deixá-los tão preocupados quanto eu sobre como Paxton
e eu deveríamos continuar trabalhando juntos depois disso.
Nós descobriríamos nós mesmos. Passarei pelas próximas três semanas,
e então eu nunca, nunca mais veria aquele homem novamente.

CAPÍTULO 21
PAXTON

A porta se fechou atrás de Colette, e eu cocei a parte de trás da minha


cabeça enquanto olhava para o enorme café da manhã espalhado na minha
frente. Eu tinha uma panela inteira cheia de ovos que eu sabia que ela adorava,
torradas, frutas picadas e iogurte para comer sozinho agora.
Por que diabos eu me esforcei tanto tentando ter uma boa manhã com ela?
Eu deveria saber que ela gostaria de sair correndo quando acordasse e visse onde
estava.
Foi muito estúpido da minha parte me deixar levar. Nem mesmo lá no
fundo, eu sabia que não apenas me deixaria levar. Eu também me permiti
acreditar que uma boa, embora bêbada, noite com ela significava que me
perdoou por ter ido embora anos atrás.
A reação dela esta manhã me disse tudo que eu precisava saber. Embora
ela tivesse baixado a guarda na noite anterior, tinha sido apenas por causa dos
coquetéis. Eu era o único que pensava que isso tinha mudado as coisas entre
nós.
Depois que ele foi embora, percebi que nunca o amei de verdade. Não do
jeito que eu te amei. Eu não conseguia tirar essas palavras da minha cabeça.
Doeu que ela tivesse dito no passado, mas uma parte de mim tinha se
perguntado desde que eu abri meus olhos se isso significava que seríamos
capazes de voltar para aquele lugar. Se ele era o único namorado sério que ela
teve depois de mim, e ainda não o amava do jeito que me amou, certamente isso
significava que deveria haver alguma pequena parte de seu coração que sempre
pertenceria para mim.
Obviamente, eu estava completamente errado. A única coisa que a noite
passada significou para ela foi que tinha bebido alguns drinques e tinha se
soltado um pouco. Fim da história.
Apenas algumas horas atrás, quando acordei, estava de ótimo
humor. Apesar da leve ressaca que estava sofrendo, acordei cedo, fiz exercícios
na academia da casa, tomei um banho gelado e ainda estava sentindo aquele
brilho de euforia por ter estado com ela novamente quando ela acordou.
Foi tudo ladeira abaixo a partir daí. Meu humor piorou e acabei dando
uma última olhada na comida antes de jogar tudo no lixo. A cozinha estava uma
bagunça, mas nunca fui um cozinheiro limpo.
Decidindo deixar tudo como estava, peguei meu telefone no balcão e fui
me vestir. Se eu ficasse por aqui sem fazer nada o dia todo, iria enlouquecer.
Eu bufei com o fato de que eu especificamente não coloquei roupas depois
do meu banho na esperança de tentá-la para uma segunda rodada esta manhã.
Delirante. Muito delirante.
Tive sorte de não ter que trabalhar hoje porque, sem dúvida, teria sido um
pesadelo total ter que trabalhar. Não havia muitos dias que eu não estivesse
cheio, mas meu agente tinha deixado o dia especificamente livre para eu dar
uma olhada em algumas ofertas para que pudéssemos fazer nosso planejamento
futuro.
Eu pensei, estranhamente ingênuo, que Colette e eu poderíamos passar
algum tempo juntos hoje. Ainda esta manhã, pensei que talvez tomaríamos café
da manhã seguido de pelo menos uma rapidinha, e então poderíamos pegar April
juntos. Eu sabia que ela provavelmente teria que trabalhar, mas esperava ser
capaz de convencê-la a tirar a manhã de folga.
Como nada disso iria acontecer, vesti um short de corrida e uma
camiseta. Eu daria uma olhada na merda que meu agente mandou mais
tarde. Tierra também queria me encontrar para um café, para que eu pudesse
escolher um terno para o grande dia. Aparentemente, ela encontrou alguns
alfaiates de que gostou e não quis ouvir falar de mim usando um dos ternos que
já tinha, mesmo os sob medida, supostamente, não eram bons o suficiente.
Por enquanto, eu só precisava sair daqui. Resolver parte da minha
frustração era a única maneira de me convencer a ser produtivo mais tarde.
Assim que eu estava pegando meus fones de ouvido, meu telefone
tocou. Ainda com aquele péssimo humor, não esperava sorrir logo, mas quando
vi quem estava ligando, não pude evitar. Um pequeno sorriso apareceu enquanto
me perguntava se meu dia estava prestes a mudar inesperadamente para
melhor.
— Oliver, meu caro. Como você está? — Eu perguntei muito mais
jovialmente do que eu me sentia.
Meu velho amigo do exército não ligava com frequência, mas ligava sempre
que estava na cidade e fazíamos questão de nos ver.
Assim que ouvi sua voz, o sorriso sumiu do meu rosto e fiquei
completamente imóvel na porta do meu quarto. — Eu não estou bem, Pax. Nada
bem. Tenho más notícias.
— O que aconteceu? — Eu ainda não tinha me movido novamente, mas
levantei uma mão para me apoiar contra o batente da porta enquanto baixava a
cabeça. — Quem?
Eu sabia o que aquele tom de voz significava. Só porque eu não tinha o
ouvido há muito tempo, não significava que eu nunca iria esquecer.
Ele nem tentou suavizar o golpe, mas todos nós aprendemos a ser
melhores do que isso. — Timothy. No final de semana.
Meu coração apertou no meu peito e parecia que alguém tinha aspirado
todo o ar dos meus pulmões. Tive que forçar minha pergunta, embora meus
ouvidos de repente estivessem zumbindo tanto que eu mal conseguia ouvir
minha própria voz.
— Como?
— Ele sofreu um acidente. — Disse, parecendo tão destroçado quanto
eu. — Eles fizeram tudo o que podiam, mas ele não sobreviveu.
— Porra. — O choque me manteve enraizado no local por uma era ou talvez
meros segundos, mas não havia como dizer qual era agora.
— Vou voar para lá no próximo mês. — Oliver disse enquanto eu ainda
sentia como se o tapete tivesse sido arrancado debaixo de mim. — Avisarei você
quando souber as datas, mas nos encontraremos. Beba por ele. Desculpe ser o
único a dar essa notícia a você.
Eu balancei a cabeça, só percebendo depois que ele não podia me ver. Eu
tive que limpar minha garganta várias vezes antes de conseguir dizer uma
palavra. — Certo. Sim. Vai ser bom ver você. Obrigado por ligar.
— Se cuida, mano, — ele disse. — Eu soube três horas atrás, e você é a
primeira ligação que estou fazendo. Estou chocado demais, para ser
honesto. Deixe-me saber se você precisar de mim, ok?
— Sim. Eu aviso. — Eu já sabia que não faria isso, mas também sabia que
ele esperava que eu concordasse.
Oliver era o autodenominado irmão mais velho de nossa unidade. Mesmo
que ele não fosse tecnicamente o mais velho ou o melhor classificado, sempre foi
esse cara. Ele ainda era. Eu sabia que não era o único que ele fazia esforço para
se encontrar sempre que estava por perto de quem quer que fosse.
— Você vai ficar bem? — Ele perguntou, sua voz tensa.
— Sim. É difícil acreditar que, depois de tudo o que passamos no exterior,
foi alguém ao volante que o levou. — Eu quase me engasguei com as palavras,
tentando o meu melhor para bloquear as memórias que vieram por ter que dizê-
las.
— Eu sei. — Ele suspirou profundamente. — É a vida, cara. O que você
pode fazer? Às vezes é uma merda.
— É isso mesmo. — Eu apertei meus olhos fechados, tentando lutar contra
o ataque de tantas imagens caindo em meu cérebro que eu realmente não
conseguia lidar agora. — Você vai ficar bem?
— Talvez, com certeza. Agora mesmo? Eu não sei… — Ele admitiu. — Eu
deveria voar para ver um cliente mais tarde, mas tive que cancelar. Reservei
alguns dias de férias. Eu os tinha acumulados de qualquer maneira, mas acho
que só preciso passar algum tempo com minha família.
— Boa ideia. — Eu não conseguia me imaginar passando um tempo com
ninguém agora, o que era irônico, considerando como eu passei os últimos vinte
minutos ou mais antes de sua ligação me lamentando porque Colette havia
fugido de mim.
E enquanto eu estava gozando com ela na noite passada, meu amigo estava
deitado em uma laje em um necrotério em algum lugar. A ideia era quase demais.
Eu trouxe meu punho à minha boca, mordendo meus dedos para manter
o grito querendo me rasgar. As paredes mentais que eu coloquei para bloquear
toda a merda que eu vi estavam ameaçando desmoronar a qualquer momento.
— Fique bem. — Oliver disse. — Vou checar com você novamente mais
tarde, mas eu preciso ir. Muitas ligações para fazer.
— Avise-me se precisar de ajuda com as ligações. — Eu disse
entorpecido. — Ou se houver mais alguma coisa que eu possa fazer.
— Certo. — Ele desligou depois de me lembrar novamente de ligar se eu
precisasse dele.
Por experiência anterior, eu sabia que ele largaria tudo e iria para onde
fosse necessário, mas eu nunca faria isso com ele. Ele era um gerente de
desenvolvimento de negócios agora e, embora seu empregador fosse muito bom
em deixá-lo cuidar de sua antiga unidade na maior parte do tempo, ele também
estava muito ocupado no trabalho.
Algumas vezes nos últimos anos, desde que voltamos, ele e eu acabamos
tendo que ir checar alguns de nossos amigos. Sempre que acontecia, eu sabia
que era um inferno em sua agenda tentar reorganizar tudo. Era ainda mais difícil
para ele do que para mim, e as cláusulas de cancelamento dos contratos que
assinei podiam ser um pesadelo.
Depois que a linha caiu, eu saí do meu quarto apaticamente. Eu sabia que
estava prestes a ir a algum lugar, para fazer alguma coisa, mas não conseguia
lembrar o que tinha sido.
Eu só conseguia pensar em Timothy. Lembrei-me da primeira vez que o
conheci como se fosse ontem. Cerca de uma semana depois de eu chegar, ele
apareceu. Seus olhos verdes brilhavam intensamente e ele estava tão cheio de
vida.
Como brincalhões, nós dois nos demos bem imediatamente. Eu o tinha
visto há cerca de um mês ou mais. Como é possível que nunca mais o veja?
Enquanto eu pensava no que agora seria para sempre nossa última noite
juntos, eu perdi a luta contra as outras memórias que eu tinha dele, e elas
invadiram meu cérebro. A raiva tomou conta de mim sobre o fato de que
tínhamos passado por tudo isso, evitando balas, campos minados e os ambientes
mais hostis conhecidos pelo homem, apenas para ele morrer em um maldito
acidente.
A injustiça de tudo isso me cegou, e antes mesmo de saber o que estava
acontecendo, joguei meu telefone contra a parede e destruí minha cozinha. O
vidro se estilhaçou nos pratos, potes, canecas e copos que ainda estavam no meu
balcão. Eu espalhei tudo com um único golpe de meu braço.
Havia uma poça de suco e café ao redor dos meus pés, e eu abri um buraco
na parede mais próxima de mim antes de cair contra ela de exaustão. Os sons
de combates longínquos e distantes assaltaram meus ouvidos, e cenas que eu
gostaria de nunca ter que ver novamente passaram na frente dos meus olhos
como se eu estivesse de volta à zona quente.
Um grito alto perfurou o ar, e eu sabia que devia ter vindo de mim, mas
estava estranhamente desconectado de tudo enquanto observava o passado se
desenrolar como o filme mais terrível do mundo atrás de minhas pálpebras.
Desesperado para fazer isso parar, eu afundei contra a parede e pressionei
as palmas das minhas mãos nos meus olhos. Quando finalmente passou, dei
boas-vindas à sensação calma e entorpecida de nada. Timothy se foi e me matou
não haver nada que eu pudesse fazer a respeito.
Era melhor que Colette tivesse partido. Muitas vezes eu poderia bloquear
o que era ruim, mas hoje obviamente não seria uma dessas vezes. O último
pensamento consciente que tive antes de cair no esquecimento de simplesmente
desligar foi que eu estava muito grato por não estar atrás do volante quando
recebi aquela ligação, e ainda mais grato por Colette e April não estarem em um
carro comigo.
Isso poderia ter sido um desastre completo.

CAPÍTULO 22
COLETTE

Graças a Deus, não tenho nenhum paciente agendado para a primeira


metade do dia.
Eu ainda estava me sentindo muito cansada no momento em que deslizei
para trás da minha mesa.
Eu duvidava que fosse capaz de fazer algum bem por qualquer pessoa no
estado em que me encontrava. Em vez de minha lista habitual de pacientes, eu
tinha seminários de treinamento online agendados durante toda a manhã.
Depois de preparar uma xícara de café extraforte da cafeteira atrás da
minha mesa, fiz o login e entrei na sala de espera para o primeiro seminário. Eu
acreditava firmemente em manter minhas habilidades e conhecimentos
atualizados, mas não foi tão fácil manter o foco como normalmente era.
Meu primeiro seminário foi sobre as técnicas atualizadas no tratamento
de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Na verdade, eu estava ansiosa
por isso, mas agora descobri que minha mente vagava para Paxton a cada
minuto.
Embora eu surtei depois de acordar em sua casa, tive algumas horas para
pensar em tudo depois. Beber demais obviamente foi um erro. Realmente não
havia duas maneiras de fazer isso, mas eu também me diverti muito com ele na
noite passada. Era um fato que eu não conseguia contornar.
Quanto mais eu pensava nisso, mais percebia que não conseguia me
lembrar da última vez que me diverti tanto. Claro, o álcool desempenhou um
papel definitivo nisso, mas Paxton também.
Acordar e vê-lo preparar um café da manhã completo para nós tinha me
enervado. Eu era mulher o suficiente para admitir que isso não tinha apenas me
enervado; tinha me assustado completamente. Eu não sabia o que ele pensava
que estava jogando, ou se estava tentando compensar o jeito que ele tinha saído
sendo muito doce comigo agora.
Se ele pensava que alguns ovos e café eram suficientes para se desculpar
por me abandonar quando eu mais precisava, ele estava completamente
equivocado. Mas então pensei no que ele disse na primeira noite, quando nos
reunimos para trabalhar nas coisas do casamento na minha casa. Ele fez
questão de me dizer que era apenas um menino quando estávamos juntos e como
ele cresceu desde então.
Logicamente, eu poderia entender isso. Nós dois éramos jovens. Aos
dezenove anos, sentíamos que tínhamos tudo planejado e que éramos legítimos
adultos depois de nos formarmos, mas agora eu sabia melhor.
Embora soubéssemos melhor aos dezenove do que, digamos, aos quinze,
não tínhamos nenhuma pista real sobre o mundo. Se alguém tivesse me contado
isso naquela época, eu teria rido até passar mal, mas isso não tornava a coisa
menos verdadeira.
Claro, alguns jovens de dezenove anos viram coisas que ainda fariam os
cabelos da minha nuca se arrepiarem, mas no geral? Um adolescente era um
adolescente. Eles achavam que sabiam de tudo, mas o benefício em retrospectiva
é que eu sabia muito agora que não sabia então. O suficiente para saber que não
tínhamos sido tão maduros quanto pensávamos que éramos.
Muitas vezes ao longo dos anos, eu me perguntei se realmente amava
Paxton tanto quanto pensava que amava. Houve muitas noites em que pensei
que não. Que eu estava simplesmente olhando para trás, para nosso tempo
juntos, através dos óculos rosa de memórias desbotadas.
Eu sabia que o tempo tinha uma maneira de tornar tudo melhor e, embora
não tivesse atenuado a dor ou diminuído a raiva, também aprendi a continuar
sem Pax. Que foi uma das grandes coisas que me fez pensar que eu não poderia
tê-lo amado tanto quanto pensei que amava.
Tendo agora passado algum tempo com ele novamente, eu sabia que
estava errada. Eu talvez o amasse ainda mais do que passei os últimos anos
pensando que amava. Não foi apenas um amor romântico. Essa velha amizade
entre nós ainda estava lá.
Mesmo agora, depois de todo o tempo que passou e da dor que causamos
um ao outro, aquela afinidade familiar havia despertado de volta à vida. Nesse
ritmo, eu não sabia se realmente desapareceria.
Eu me pergunto se devo ligar para ele e pedir desculpas por esta
manhã. Depois de todo o esforço que ele fez, eu realmente não deveria ter fugido
como um morcego saindo do inferno.
Ele não tinha feito nada na noite passada que eu não queria que
fizesse. Na verdade, pelo que pude lembrar, ele cuidou muito bem de mim.
Não apenas sexualmente. Isso foi um bônus com ele.
Era mais do que isso.
Foi Paxton quem decidiu que era hora de deixarmos o bar. Ele me tirou de
lá apesar dos meus protestos, pegou nosso táxi e estava pronto para dar ao
taxista meu endereço se eu não pudesse.
Depois que chegamos em sua casa, lembrei-me dele pegando água para
mim. Não foi ele quem tirou as roupas primeiro também. Pelo que me lembrei,
ele não me pressionou ou mesmo me encorajou. Isso foi tudo culpa minha.
Então, depois, ele pegou nossas toalhas, trouxe-me algumas roupas,
ofereceu-me uma escova de dentes, fez-me uma cama, ele me convenceu a não
sair às 3:00 da manhã. Obviamente, isso teria sido uma jogada incrivelmente
estúpida.
Eu estava quase convencida de que ele me deixaria dormir o máximo que
pudesse, ao mesmo tempo que se certificava de que tudo estava pronto para eu
acordar, comer e bucar April e deixa-la na creche antes de qualquer um de nós
se atrasar para o dia. Essas eram muitas coisas que o velho Paxton nunca teria
pensado em fazer. Um monte de coisas que provavam que ele agora pensava
além do que eu pensava e realmente não era mais um menino.
Foi difícil colocar minha cabeça em volta, no entanto. Enquanto o
apresentador do curso de esquizofrenia continuava falando com uma voz
extremamente monótona, eu continuei tentando reconciliar todas as pequenas
coisas que ele fez desde que voltou para minha vida com a pessoa que eu sabia
que ele era no passado.
Ele não tinha me atacado nenhuma vez, o que era algo que ele não teria
pensado duas vezes em fazer antes. Embora ele geralmente me deixasse saber
se e quando ele estivesse ocupado, ainda havia muito tempo que ele cancelou no
último minuto.
Paxton agora não fazia isso. Quando ele disse que ia fazer algo, ele
fazia. Ele também era definitivamente mais atencioso, trabalhador e realmente
parecia pensar nas coisas hoje em dia. Ele ainda era muito divertido, como
minha persistente dor de cabeça hoje estava provando mas, ao mesmo tempo,
estava muito mais maduro sobre isso em alguns aspectos. Também parecia que
colocava o trabalho à frente da diversão , algo que eu não sabia que ele fazia.
Talvez ele estivesse certo naquela época sobre a necessidade de ir para o
exercito. Eu nunca entendi muito bem por que ele continuava dizendo isso, e ele
nunca foi capaz de encontrar as palavras para me dizer sem me irritar, mas
agora me pergunto se eu deveria ter escutado. Então, novamente, eu não acho
que seria capaz de entender, independentemente do que ele dissesse.
Ele não teria sido capaz de prever como isso o mudaria e o ajudaria a
crescer, e eu não teria entendido por que ele sentia que precisava disso em
primeiro lugar. No final do dia, porém, isso tudo ficou no passado.
No presente, eu tinha que descobrir se ligar para ele para pedir desculpas
era uma boa ideia. Depois que meu seminário acabou, entrei na sala de espera
e estava fazendo mais café quando meu telefone tocou.
Tierra? Isso era estranho. Não era como se ela nunca tivesse me ligado, e
ela disse esta manhã que queria almoçar comigo, mas geralmente era de Brett
de quem eu teria notícias.
— Olá? — Eu disse, desligando o microfone do meu computador e
certificando-me de que o vídeo estava desligado quando percebi o início do
seminário.
— Colette? Oi. — Ela disse, parecendo muito menos alegre do que estava
esta manhã. — Lamento incomodá-la no trabalho.
— Não tem problema. Eu não estou em uma sessão. — Eu disse. — Está
tudo bem? Se você está ligando sobre o ajuste do terno para os caras, eu tenho
Brett e o resto deles agendados com o alfaiate que escolheram
amanhã. Certifiquei-me de que ele está muito ciente do tempo de resposta
apertado e estou planejando finalizar os detalhes com ele esta tarde.
— Ah não. Não é isso. — Ela disse, e eu ouvi uma ponta de preocupação
em sua voz. — Eu sei que você e Brett têm o material que têm que organizar bem
resolvidos em mãos. Também sei que você fará as coisas nas quais está
trabalhando sozinha a tempo.
— Algo está errado? — Eu perguntei. — É ótimo ouvir de você. É que você
e eu realmente não conversamos muito ao telefone.
— Eu sei. — Uma risada suave escapou dela, mas até mesmo isso soou
estranho. — Você falou com Paxton hoje?
— Não. — Menti apressadamente, sentindo-me péssima, mas também não
querendo dizer a ela que acordei em seu sofá. — Por quê?
— Eu não posso te dizer. Pareceria uma traição demais à sua confiança e
privacidade. — Disse ela. — Eu tenho que ir, mas você pode me ligar se tiver
notícias dele?
— Claro. — Meus dentes afundaram em meu lábio inferior antes de liberá-
lo lentamente enquanto eu pensava. — Eu entendo que você sinta a necessidade
de proteger a privacidade dele, mas há algo que eu possa fazer?
— Não. — Ela suspirou, sua voz engrossando mais com cada palavra que
dizia. — Eu não acho que haja nada que alguém possa fazer. Apenas me ligue
se tiver notícias dele, por favor?
— Eu vou. — Eu prometi. — Boa sorte com a sua tarde. Se você pensar
em algo que eu possa fazer, por favor me avise.
Ela disse que faria, mas parecia que estava à beira das lágrimas. Eu não
sabia o que estava acontecendo, mas tive a sensação de que era mais do que
apenas eu deixá-lo antes do café da manhã.
Mesmo sabendo que não deveria, passei o resto da tarde me preocupando
com ele. Continuei dizendo a mim mesma que ele não era meu para me
preocupar e que ele não queria que eu me preocupasse com o que quer que
estivesse acontecendo com ele, mas não ajudou.
Embora não fosse inédito Tierra me ligar, era realmente fora do
comum. Eu duvidava que teria ouvido falar dela se não fosse algo sério. Eu não
sabia por que ela pensaria que ele me procuraria em vez dela, mas estava me
incomodando que ela obviamente tivesse pensado isso.
Não porque eu temia que ela soubesse alguma coisa sobre a noite
passada. Se ele tivesse contado, não achei que ela teria me ligado a respeito,
especialmente não para o procurar. E ela definitivamente não teria parecido tão
preocupada que estivesse à beira das lágrimas.
Não. Era definitivamente outra coisa. Isso me assustou de novo, o quanto
eu me importava. Sobre ele.
Porque se Paxton estava com problemas, de repente eu sabia que iria até
os confins da terra para ajudá-lo. Isso não era algo que eu achei que pensaria
novamente. Mas eu nem estava pensando. Eu sentia na minha alma.
Se ele precisasse de mim, eu estaria lá. Não importa o quanto me custasse
emocionalmente me tornar uma rocha para ele novamente, eu o faria. E isso era
terrível pra caralho.

CAPÍTULO 23
PAXTON

Alguns dos caras com quem estive em missão ainda moravam na cidade,
e me levantei do chão quando recebi um telefonema de um deles. Jeffrey também
era próximo de Timothy. Assim que o vi me chamando, soube que tinha que
atender.
Eu também sabia que tinha que me recompor antes de fazer isso. Oliver
deve ter ligado para ele logo depois de me ligar, e eu pude ouvir que ele teve uma
reação semelhante à que eu tive. Sua respiração ainda estava um pouco difícil e
sua voz ainda tensa quando atendi.
— Você soube? — Ele grunhiu ao telefone.
— Sim. — Eu inclinei minha cabeça para trás contra a parede, os olhos
fechados e os joelhos puxados para o meu peito com meu braço livre envolto
frouxamente em torno deles. — Você está bem?
— Sim. — Ele repetiu para mim.
Nenhum de nós entrou em detalhes, mas eu sabia que Jeff tinha coisas
muito piores do que eu. Ele ficou para outra missão depois de mim, o que nos
deu o mesmo número de anos no total, mas ele nunca se adaptou de volta à vida
civil.
— Você quer ir tomar uma bebida? — Ele perguntou rispidamente. —
Aiden e Max vão me encontrar no Boar.
— Quando? — Provavelmente não era a melhor ideia começar a beber de
novo, não tão cedo e não depois da noite que tive, mas eu queria vê-los.
— Agora? — Ele sugeriu com uma risada sem humor. — Acabei de pegar
minhas chaves.
— Vejo você quando chegar lá. — Meu telefone havia sobrevivido ao choque
contra a parede, mas quando o afastei do ouvido depois que Jeff desligou, percebi
que havia arrancado um pedacinho do canto. Ah bem. Existem coisas piores na
vida.
Depois de voltar para o meu quarto para calçar os sapatos, peguei minha
carteira, minhas próprias chaves e coloquei meu telefone no bolso. Eu não
precisava de mais nada.
Quando entrei no bar, localizei meus velhos amigos quase
imediatamente. Eles estavam sentados em uma mesa no canto, cada um com
uma cerveja na frente dele. Uma pontada atingiu meu coração quando percebi
como eles estavam quietos.
Normalmente, quando eu chegava aqui, havia gritos de riso e eu podia
ouvir suas brincadeiras desde o momento em que entrava pela porta. Eles eram
clientes frequentes aqui, mas, novamente, muitos veteranos também.
Timothy morava a apenas cerca de uma hora de distância e estivera ali
com eles em mais de uma ocasião. Seu assento à mesa estava visivelmente vazio
hoje. Um fato do qual eu estava mais ciente do que nunca quando me aproximei
deles.
Deslizando silenciosamente uma cerveja que eles já tinham pedido para
mim na mesa, Jeff olhou para mim com os olhos vermelhos quando me sentei. —
Que bom que você conseguiu. Não tínhamos certeza se você estaria ocupado.
— Nah, hoje não. — Levantei a cerveja sem tomar um gole, deixando-a
pendurada em meus dedos sobre o centro da mesa. — Por Timothy.
— Por Timothy. — Eles disseram em uníssono enquanto suas garrafas se
chocavam contra a minha.
Depois que todos nós demos um longo gole, eu avaliei os caras ao redor da
mesa comigo. Nenhum deles vivia uma vida como a minha. Minha aparência
tinha aberto muitas portas para mim, e eu sabia disso.
Eu me preocupava com cada um desses caras, mas eles ficavam me
dizendo que não queriam minha ajuda. Independentemente de quanto eu
quisesse ajudá-los a se reerguer, respeitei suas decisões de fazer isso sozinhos.
Suas expressões estavam tão assombradas hoje quanto eu sabia que as
minhas seriam, os fantasmas das memórias que eu não duvidava que todos nós
tínhamos passado depois de receber a ligação persistente em nossos olhos. Max
olhou para mim primeiro, uma carranca entre suas sobrancelhas espessas e
escuras.
— Você falou com mais alguém? — Ele perguntou, sua voz tão rouca
quanto a de Jeff no telefone mais cedo.
Eu balancei minha cabeça. — Só Oliver quando recebi a ligação. Eu saí
dos trilhos um pouco depois disso.
Aiden revirou os olhos castanhos para mim, seu rosto magro e seu cabelo
caindo sobre as orelhas. — Você? Eu não sabia que você era capaz de sair mais
dos trilhos.
— É bom saber que ainda posso surpreendê-lo. — Eu disse, mas sabia de
onde ele estava vindo. — Você está bem?
Ele passou uma mão gigante pelo cabelo despenteado, balançando a
cabeça. — Eu não posso acreditar que o perdemos assim. É injusto pra caralho.
— Amém para isso. — Eu disse. — Ele teria ficado chateado se soubesse
que era assim que iria partir. Eu também não posso acreditar.
Os lábios de Max se contraíram. Não era bem um sorriso, mas era o mais
próximo que ele conseguia de um nos dias de hoje. — Ele definitivamente ficaria
chateado. Especialmente depois daquela explosão de bomba, ele ficou por um fio
daquela vez. Lembra daquilo?
Eu ri, embora não houvesse nada de engraçado na explosão. O relato de
Timothy, entretanto, foi hilário. Era assim que ele tinha sido. Ele sempre
conseguiu encontrar o lado positivo, o humor em uma situação, ou pelo menos,
uma maneira de tornar qualquer momento um pouco mais leve.
Os outros caras se juntaram a nós, e trocamos histórias de guerra sobre
ele que todos havíamos contado e ouvido centenas de vezes antes. Ajudou falar
sobre ele. Mesmo que a maioria de nós saia da conversa de vez em quando para
voltar ao controle.
— Como anda o trabalho? — Jeffrey me perguntou depois de termos nos
lembrado de Timothy por quase duas horas. — Esse seu rosto bonito ainda está
trazendo dinheiro?
— Pode ter certeza disso. — Eu disse, conseguindo até forçar um sorriso
malicioso. — Você sabe que eu poderia arranjar um emprego para você se você
apenas raspasse a barba de homem das cavernas, certo? Por outro lado, ouvi
dizer que barbas grandes estão na moda atualmente.
Ele passou uma das mãos pela barba estilo viking e me mostrou o dedo do
meio com a outra. — Não posso fazer, irmão. Eu não vou raspar, e eu não
gostaria de ser fotografado para viver de qualquer maneira.
Dei de ombros, tendo ouvido todas as zombarias antes. — É você que
perde. Se você ver algumas das mulheres com quem trabalho, vai me implorar
para entrar.
Max sentou-se um pouco mais reto, deslizando os cotovelos para a frente
na mesa. — Falando nisso, aquele seu amigo fotógrafo ainda está procurando
um assistente?
Minhas sobrancelhas se levantaram em surpresa. — Não sei, mas posso
perguntar a ele. Você está pronto para isso agora?
— Eu penso que sim. — Ele limpou a garganta, seus olhos indo para um
lado e depois para o outro antes de pousar nos meus.
Achei que ele nunca pararia de examinar atentamente o que nos
rodeava. Por outro lado, também não pensei que ele alguma vez considerasse
seriamente a oferta de Josh, mas parecia que sim. — Se ele ainda estiver
procurando por alguém, você me avisa? Tenho sessões privadas com Jonty, e ele
acha que estou pronto para começar um trabalho estável.
Minha cabeça se inclinou. Jonty era o líder das reuniões do grupo para
veteranos que eu sabia que todos eles ainda compareciam a cada duas
semanas. Ele organizou sessões para que os soldados mantivessem contato,
discutissem alguns de seus problemas, tivessem alguma solidariedade e
ajudassem aqueles que, como Max, sofriam de TEPS.
O cara fazia isso há anos. Ele conhecia sua merda. Se ele realmente
pensava que Max estava pronto, era um bom sinal.
— Deixe-me pergunta-lo esta noite, — Eu disse, olhando para o meu
relógio. — Pelo que eu sei, ele está em Miami durante a semana, no set o dia
todo. Ele deve estar disponível um pouco mais tarde, no entanto.
Meu amigo acenou com a cabeça. — Obrigado, cara.
— Sem problemas. — Eu sorri, estendendo a mão para dar um tapinha em
seu ombro. — Estou orgulhoso de você. É um grande passo que já deve ter dado,
falar comigo.
— Vamos ver como vai primeiro. — Ele murmurou antes de tomar outro
longo gole de sua cerveja. Quando ele o abaixou, trouxe seu olhar de volta para
o meu. — Jonty tem perguntado sobre você. Quando falei com ele mais cedo,
depois de ouvir sobre Timothy, ele perguntou se eu tinha falado com você.
— Ele fez? — Eu levantei minha bebida aos lábios, estudando atentamente
as bolhas subindo para a superfície. — Estou bem. Você pode dizer a ele que
estou bem.
Jeffrey soltou uma risada sem humor e, quando olhei para ele, ele estreitou
os olhos para meus dedos vermelhos e inchados. — Você tem certeza disso?
— Tenho certeza. — Eu disse, embora minha cozinha destruída e o buraco
na parede pudessem não concordar com essa afirmação.
— Tem certeza de que não quer voltar às reuniões? — Aiden perguntou,
também olhando para os nós dos meus dedos. — Pode ajudá-lo a processar o
que aconteceu com Timothy.
— Eu não acho que preciso de reuniões para ajudar com isso. — Eu disse,
encolhendo os ombros enquanto transferia minha cerveja para minha mão
intacta para que todos parassem de olhar para ela.
Mas era tarde demais. Todos eles já tinham visto, mas apenas riram e
balançaram a cabeça para mim. Eles deixaram por isso mesmo, não tentando
me pressionarr para voltar.
Conseguimos uma nova rodada de bebidas e jogamos um pouco de sinuca
antes de eu finalmente decidir encerrar o dia. A cerveja ia começar a subir na
minha cabeça se eu bebesse muito mais, e já era tarde. Eu ainda precisava
examinar esses contratos, e então provavelmente precisava voltar para minha
irmã.
Eu coloquei meu telefone no modo silencioso após a ligação de Jeffrey me
convidando para vir aqui, mas tinha certeza de que Tierra ficaria
preocupada. Quando ela me ligou mais cedo, eu disse a ela que recebi más
notícias sobre um dos caras da minha unidade e que precisava checar.
Ela me perguntou se eu precisava que ela viesse, mas eu realmente não
estava à altura disso. Quando saí do bar, vi que tinha dezenas de ligações
perdidas dela e até uma mensagem de Colette.
Prometendo voltar para Tierra assim que eu lesse a mensagem, toquei nela
e senti um sorriso se espalhar em meus lábios ao lê-la.
Colette: Sua irmã está tentando falar com você. Ela parecia
preocupada, me ligou e agora estou preocupada. Você está bem?
Pode ser um pouco distorcido, mas meu sorriso se alargou em um sorriso
aberto. Colette estava preocupada comigo, o que foi um desenvolvimento
inesperado depois da maneira como ela fugiu de mim esta manhã.
Mas pode significar apenas que ainda há esperança para mim.
CAPÍTULO 24
COLETTE

Uma semana depois de sair furiosa da casa de Paxton em um pouco de


culpa e incerteza pós-festa, eu ainda não tinha ouvido mais uma palavra
dele. Assumi a maior parte de coisas a fazer na nossa lista, mas eu sabia que
ele manteve contato com Tierra sobre as outras coisas que estava envolvido.
Sentei-me no sofá da minha sala de estar, olhando distraidamente para
fora da janela com os dentes arranhando meu lábio inferior. April estava
silenciosamente montando um quebra-cabeça na mesa de centro, sua testa
franzida enquanto tentava encontrar os espaços para as peças.
Enquanto isso, eu tentava fazer praticamente a mesma coisa. Apenas
mentalmente, em vez de fisicamente, e as peças não estavam se encaixando tão
bem para mim quanto para ela.
A data do casamento estava correndo para nós, e as despedidas de solteiro
estavam chegando. Se a única razão de eu estar preocupada fosse porquê de
repente fui deixada sozinha com todas as nossas tarefas conjuntas, teria sido
uma coisa.
Mas não era só isso.
Por mais que eu soubesse que ele não era meu para me preocupar, não
conseguia parar de me preocupar com Paxton. Não o casamento, não a lista de
afazeres, mas Paxton.
Depois de ser vaga comigo durante aquele primeiro telefonema, Tierra me
ligou de volta no dia seguinte para me contar o que tinha acontecido com seu
velho amigo do exército. Aparentemente, ela esclareceu com ele que iria me
contar, já que eu seria a única cobrindo a folga no departamento de
planejamento.
Ela se desculpou novamente por não ter me contado de imediato o que
havia acontecido, mas eu entendi. Não tinha sido sua história para contar, e ela
queria falar com ele antes de compartilhar algo sobre sua vida pessoal comigo.
Hoje tinha sido o funeral de seu amigo e eu queria aparecer de alguma
forma. Embora eu não tivesse contato Paxton durante seu tempo no serviço, tive
muitos clientes que eram veteranos. Eu sabia uma ou duas coisas sobre o que
ele estava passando por causa daqueles clientes, mas, novamente, oferecer a ele
meus serviços profissionais não era realmente o que se tratava.
Eu odiava me importar tanto, mas me importava. Não sobre ser
abandonada com o planejamento, não sobre seu estado mental, mas sobre ele.
Mas eu me importava com ele. Muito.
Paxton estava sofrendo, e eu não queria que ele estivesse, pelo menos, eu
não queria que ele sofresse sozinho.
E aí está o problema.
Eu sabia que sua irmã estava lá para ele, e o noivo dela, que era meu
melhor amigo. Eu também sabia por experiência própria que aquelas duas
pessoas eram rochas absolutas. Eles me carregaram por alguns momentos
difíceis, e eu sabia muito bem o quão completamente capazes eles eram como
sistema de apoio.
Mas não.
Às vezes eu odiava meus professores e mentores por perfurarem a atenção
plena e a necessidade de introspecção e reflexão em nós, porque eu sabia do que
realmente se tratava esse sentimento. Queria que Paxton soubesse que eu,
Colette Wynne, ex-odiadora de tudo que diz respeito a qualquer pessoa que por
acaso tivesse o mesmo nome que ele, estava lá para apoiá-lo.
Uma vez, eu até parei de ler um livro só porque o personagem principal se
chamava Paxton. A sinopse também tinha sido boa. Eu estava ansiosa por isso
até que vi aquele nome saltando da página para mim. Eu o apaguei do meu e-
reader sem dar uma segunda olhada.
Ter passado disso para admitir que me importava e queria estar lá para
ele era incompreensível. Insondável, mas tão verdadeiro.
Durante toda a semana, houve um buraco no meu estômago. Ele nunca
estava longe da minha mente, e não importa o quanto eu tentasse, simplesmente
não conseguia tirá-lo dali. Enviar-lhe condolências mentais e força
simplesmente não era bom o suficiente.
Especialmente hoje, eu não tinha parado de pensar nele e me preocupar
se ele estava bem. Funerais sempre foram muito difíceis, mas os funerais dos
veteranos eram uma coisa completamente diferente. Mais do que algumas vezes
ao longo do dia, eu me peguei com meu telefone na mão para ligar para ele.
E cerca de uma hora atrás, eu desisti e enviei a mensagem. O que ele ainda
não tinha respondido. Tudo que eu conseguia pensar era na maneira como ele
cuidou de mim quando eu estava uma bagunça de bêbada e como eu queria
cuidar dele agora.
O maior problema, agora que eu admiti para mim mesma, era que eu
honestamente não sabia como estar lá para ele. A última vez que o vi ou falei
com ele, eu saí como uma pirralha quando ele estava apenas tentando fazer algo
legal. Como eu conserto isso?
Pensei em mandar pizza, álcool, flores ou mesmo apenas um cartão, mas
rejeitei todas essas ideias. Eles eram impessoais demais, o tipo de coisa que os
conhecidos de alguém ou mesmo um empregador ou colegas de trabalho
preocupados fariam.
Enquanto tentava inventar algo que dizia estou aqui para ajudá-lo se
precisar de mim, havia uma coisa que eu sempre voltava. A única coisa que me
animava num dia difícil era April.
Desde o momento em que veio gritando ao mundo, ela foi como um
bálsamo para minha alma até mesmo nos meus dias mais sombrios. Embora eu
soubesse que provavelmente seria tendencioso porque ela era minha, não havia
dúvidas em minha mente de que, juntas, seríamos capazes de colocar um sorriso
em seu rosto.
Poucos minutos depois, quando ainda não havia resposta dele, eu me
decidi. Se ele batesse a porta na nossa cara, então que fosse.
— Querida. — Eu disse, atraindo os grandes olhos castanhos de April para
os meus. — Você se lembra de Paxton, certo?
Ela assentiu, os olhos iluminando-se com a simples menção dele. — Faz
muito tempo que ele não vem nos visitar.
Fazia apenas um pouco mais de uma semana desde a última vez que ele
esteve aqui, mas eu sabia que poderia parecer uma eternidade para ela. Eu sorri
e me levantei, alisando minha camisa de futebol antiga e grande demais. E pelo
minha, quero dizer a dele.
Enquanto eu estava tão preocupada com ele, queria algo que me fizesse
sentir mais perto dele. Como se isso fosse ajudar meus sinais mentais para que
ele soubesse que eu estava pensando nele. Eu tinha esquecido que até tinha
essa coisa velha, mas então me lembrei de uma caixa empoeirada de lembranças
que eu havia enfiado no fundo de um armário.
Então, voilà. Sentido de nostalgia alcançado. Ele provavelmente pensaria
que era assustador se eu dissesse a ele que ainda a tinha, então planejei manter
isso em segredo para sempre e sempre, e possivelmente mais quatro dias depois
disso.
— Ele tem estado um pouco triste recentemente. — Eu disse. — Você
gostaria de vir comigo para tentar animá-lo um pouco?
— Sim! — Ela quase gritou enquanto pulava, espalhando as peças do
quebra-cabeça que estavam em seu colo por todo o carpete. Ela olhou para eles
antes de me olhar suplicante. — Podemos limpar isso mais tarde?
— Certo. — Em comparação com o que Paxton deve ter passado hoje, ter
que arrumar um quebra-cabeça mais tarde não era absolutamente nada. —
Deixe-me trocar de roupa, então podemos sair.
Não havia nenhuma maneira de ir vê-lo até colocar uma camisa
diferente. Talvez jogar esta no lixo para que ninguém descubra que eu a guardei.
Pelo menos eu poderia dizer com total certeza de que não a coloquei para
sentir o cheiro dele ou algo assim. Não sobrou nada disso. Na verdade, cheirava
a naftalina. Isso deve reduzir o possível fator de em alguns pontos.
Acenando para mim mesma antes de perceber o quão ridícula eu estava
sendo, fui para o meu quarto e peguei uma camisa limpa de um cabide. Se fosse
uma blusa com babados que fazia meu decote parecer fantástico, não tinha sido
planejado dessa forma. Eu quase bufei alto, então pendurei a camisa de volta
para tirar uma que não tentaria distraí-lo com uma parte do meu corpo que eu
sabia que ele gostava.
Ele foi ao funeral do amigo hoje, pelo amor de Deus. Se recomponha, eu
repreendi internamente enquanto colocava a gola alta sem mangas. Eu mantive
o jeans que estava usando o dia todo, mas deslizei meus pés descalços em um
par de sandálias antes de passar uma escova pelo meu cabelo.
Recusando-me a fazer mais do que me tornar apresentável,
já que certamente não era sobre isso que esta visita se tratava, saí do meu
quarto e peguei minha bolsa. April agarrou um ursinho de pelúcia quando ela
saiu do dela para me encontrar.
— Para que é isso? — Eu perguntei quando notei o urso.
Seus olhos estavam redondos quando encontraram os meus, cheios
daquela doce inocência que simplesmente não podia ser fabricada. — É para
Paxton. Você disse que ele estava triste. Bob sempre me faz sentir melhor
quando estou triste.
Ele fazia isso.
Bob foi dado a ela por Brett depois que ela caiu e ralou o joelho uma vez,
e ele se tornou um farol de conforto para ela desde então. Eu sabia o quanto ela
sentiria falta dele se tentasse dá-lo.
— Isso é muito fofo, garotinha. — Eu disse, não querendo deixar de
reconhecer o que ela estava tentando fazer. — Mamãe acha que deveríamos
comprar algo para Paxton no caminho. O que você acha? Sempre podemos
deixá-lo segurar Bob se ele precisar dele na próxima vez que vier aqui.
Ela considerou por alguns segundos antes de assentir e voltar para o
quarto. Quando ela saiu de novo, Bob havia sumido.
— Vamos dar a ele seu próprio urso, — Disse ela com decisão. — E alguns
doces.
Eu ri, estendendo a mão para bagunçar seu cabelo quando ela passou por
mim. — Jantar primeiro, depois doces.
O tempo lá fora estava ameno e agradável, embora fosse no início da
noite. April e eu encontramos uma vaga para estacionar a apenas cerca de um
quarteirão do prédio dele, depois passamos por uma floricultura a caminho da
porta.
— Aqui. — Eu disse. — Tenho certeza de que eles vão vender tudo o que
precisamos. Por que você não escolhe algumas flores para ele primeiro?
Ela assentiu com entusiasmo, precedendo-me na loja assim que abri a
porta. O perfume floral suave no interior era lindo, e nós duas inalamos
profundamente antes que ela saltasse na direção dos canteiros de flores que
revestiam a parede.
Depois que ela escolheu alguns caules de cores vivas, nós os embrulhamos
e caminhamos até uma pequena prateleira que abrigava todos os tipos de ursos
e outras bugigangas. April apontou para um urso pequeno, mas de aparência
clássica, e sorriu. — Aquele.
Eu o peguei e examinamos a seleção de pequenos pacotes de doces no
balcão enquanto éramos atendidas. Ela acabou comprando dois tipos diferentes
de doces para ele e paguei antes de partirmos novamente.
— Mamãe? — Ela olhou para mim com uma carranca perplexa franzindo
suas sobrancelhas enquanto caminhávamos pela calçada. — Por que Paxton
está triste?
Uma pontada atingiu meu coração, mas pelo menos eu já expliquei
algumas coisas para ela antes. Uma amiga dela da creche tinha uma avó que
faleceu, o que desencadeou a conversa. — Ele perdeu o amigo na semana
passada, querida. Seu coração está muito dolorido.
— Ele o perdeu como eu perdi minha Barbie? — Ela perguntou, ainda
carrancuda. — Eu encontrei minha Barbie. Talvez ele encontre seu amigo.
— Não, querida. Ele não o perdeu assim. Ele o perdeu como Tanner perdeu
sua Nana. — Eu lancei meu braço sobre seus ombros. — Você se lembra do que
dizemos quando as pessoas perdem alguém assim?
— Sim. — Disse ela, os cantos da boca virados para baixo e os olhos cheios
de lágrimas repentinas. — Eu lembro.
Quando chegamos em seu apartamento, bati em sua porta e dei um passo
para trás enquanto esperávamos que ele atendesse. Bem quando comecei a me
perguntar se ele estava mesmo aqui, a porta se abriu.
Seus olhos se arregalaram de surpresa quando ele nos viu, mas mesmo
naquele primeiro momento em que o vi, percebi que a centelha viva e brilhante
que sempre esteve naqueles lindos azuis estava faltando hoje. Uma rápida
olhada revelou que ele não tinha se barbeado, e parecia um inferno em seu
moletom e camiseta larga.
A dor que vinha dele era quase palpável, e minhas preocupações sobre ser
estranho nós aparecermos aqui depois do jeito que eu saí da última vez
desapareceu. Nada disso importava agora, não quando o sorriso que ele nos deu
era tão forçado que parecia quase doloroso.
— Ei. — Disse ele em um tom que era tão neutro quanto o olhar em seus
olhos. — E ai pessoal? O que vocês estão fazendo aqui?
— Sinto muito por sua perda. — April recitou as palavras que tínhamos
praticado para ela dizer a Tanner, oferecendo o pequeno arranjo de flores em
uma mão, o urso e doces na outra. — A mamãe diz que essa é a coisa certa a se
dizer a alguém que perdeu um amigo.
Ele se agachou, sua expressão suavizando e seu sorriso se tornando real
quando pegou as coisas dela antes de puxá-la para um abraço rápido. —
Obrigado, April. Agradeço você ter vindo aqui para me dizer isso. Você
definitivamente tornou meu dia mais brilhante. Quem é esse carinha? Ele tem
nome?
Ele ergueu o urso assim que a soltou, o sorriso suave nunca deixando seu
rosto. Meu coração disparou enquanto eu o observava com ela. Eu sabia que ela
tinha colocado um sorriso em seu rosto, e ela sorriu de volta para ele. — Meu
urso se chama Bob. O seu também poderia ser o Bob? — Ela sugeriu com
esperança iluminando seus olhos.
— Bob, então. — Ele decidiu antes de se endireitar e olhar para mim. —
Falo sério. Obrigado por vir.
— Claro, — Eu disse baixinho, passando meu olhar sobre a barba escura
que revestia sua mandíbula e a cor mais pálida do que o normal de sua pele. —
Você já comeu alguma coisa?
Ele balançou a cabeça, passando a mão pelo cabelo bagunçado enquanto
franzia os lábios. — Não estou com muito apetite.
— Vamos comer um hambúrguer. — Fiz um gesto para April. — Ainda não
jantamos e acho que nenhum de nós quer o frango e os vegetais que planejei
para esta noite.
April arregalou os olhos ao olhar para Paxton com horror absoluto. — Por
favor, venha conosco? Mamãe diz que vegetais são bons para mim, mas eu gosto
muito mais de hambúrgueres.
Apenas minha filha seria capaz de arrancar uma risada dele em um dia
como hoje, mas o som disso tomou conta de mim quando ele inclinou a cabeça
para trás antes de assentir.
— Claro, eu vou com você. Nunca a sujeitaria a vegetais se a alternativa
fosse um hambúrguer. Dê-me um minuto para me trocar e pegar minhas coisas,
ok? Você gostaria de entrar enquanto espera?
CAPÍTULO 25
PAXTON

Hoje tinha sido um dia realmente horrível. Até eu abrir minha porta para
encontrar Colette e April do outro lado, eu não pensei que nada seria capaz de
salvá-lo. Na verdade, eu estava prestes a abrir uma garrafa de uísque quando
bateram na minha porta.
O funeral foi duro pra caralho. Alguns dos outros caras saíram juntos para
beber depois, mas eu não fui capaz de me convencer a me juntar a eles. Tudo o
que eu queria era trocar o terno que estava usando, desabar no sofá sozinho e
afogar minhas mágoas até desmaiar para que o maldito dia finalmente tivesse
ficado para trás.
Tierra havia verificado comigo antes de deixar Colette saber o que estava
acontecendo, mas nunca em meus sonhos mais loucos eu esperava que ela
aparecesse na minha porta, especialmente não com April a
reboque. Sinceramente, não tinha certeza se ela algum dia me deixaria ver April
novamente. Não depois do jeito que ela saiu na semana passada.
Embora saber que ela estava preocupada comigo tivesse me animado um
pouco quando recebi aquela mensagem, meu humor rapidamente piorou
novamente. A semana inteira tinha sido um pesadelo e eu mal conseguia
arrastar minha bunda para o trabalho todas as manhãs.
Já fazia um tempo desde que eu passava todas as minhas noites me
revirando, às vezes com muito medo de fechar meus olhos por medo dos horrores
que meu subconsciente escolheria para me torturar assim que eu fizesse. Esses
foram os únicos tipos de noites que eu tive na semana passada, no entanto.
Meus olhos tinham bolsas. Eu sabia que ia ser feita muita edição nas
fotos tiradas desde que recebi a notícia, mas eu realmente não me importava. Foi
o suficiente eu ter conseguido chegar às filmagens. A maquiagem e a edição não
eram problema meu.
Quando me sentei na lanchonete com April e Colette, porém, parecia que
a semana inferno, mesmo esta manhã, estava a um milhão de quilômetros de
distância. Tínhamos terminado nossos hambúrgueres e batatas fritas, e cada
um tinha agora um milkshake.
April sorveu contente o shake de morango com os pequenos
marshmallows, usando seu canudo para misturar os granulados antes de olhar
para sua mãe. — Posso brincar de novo um pouco?
Havia um parquinho nos fundos. Ela tinha estado nele enquanto
esperávamos pela nossa comida, até que Colette a chamou à nossa mesa quando
a comida chegou. Ela olhou para o relógio e assentiu. — Temos um pouco mais
de tempo antes de voltarmos para casa. Vá brincar. Eu vou te buscar quando
for a hora. Basta ter cuidado, ok?
— Ok. — Ela prometeu com um sorriso radiante enquanto pulava de sua
cadeira em nossa cabine e saía correndo.
Colette ficou olhando para ela por um momento antes de se virar para
mim. Sua expressão estava relaxada, seus olhos castanhos brilharam até que
ela olhou nos meus. — Ela estará de volta para terminar seu shake em
instantes. Lamento muito saber de seu amigo, Pax. Você quer falar sobre isso?
— Não. — Suspirei e corri minhas mãos ao longo do meu queixo. — Sem
ofensa, mas eu realmente não quero transformar isso em uma sessão para
você. Além disso, eu literalmente prefiro falar sobre qualquer outra coisa agora.
Ela fez uma pausa antes de abaixar o queixo em um aceno de cabeça. —
Nenhuma ofensa tomada. Se você mudar de ideia, sabe onde me encontrar. Só
como amiga. Não seria uma sessão.
— Obrigado. — Eu disse e realmente quis dizer. Fiquei tentado a alcançar
a mão dela onde estava sobre a mesa, mas não o fiz. As coisas estavam
complicadas o suficiente entre nós, e eu não tinha capacidade emocional agora
para acrescentar mais nada a esse dia. Talvez mais tarde.
Direcionando a conversa de volta para um terreno mais neutro, girei o copo
largo de milk-shake entre meus dedos. — Lamento ter faltado as coisas do
casamento esta semana. Minha cabeça não está bem. Quanto terreno
perdemos?
— Nenhum. — Disse ela com um sorriso gentil antes de revirar os olhos. —
Eu realmente consegui fazer tudo o que havíamos planejado. O DJ e o fotógrafo
foram confirmados; o mesmo aconteceu com os fornecedores. O fotógrafo
também está disponível para as festas, então ele vai passar um tempo com a
gente, meninas, antes de passar para vocês. Ele também vai ficar durante a
primeira hora depois de nos encontrarmos.
Eu estremeci, arqueando uma sobrancelha para ela. — Tem certeza de que
é uma boa ideia ter evidências fotográficas de uma noite como essa?
— Sim. Ele está sob instruções estritas para não documentar nada
constrangedor, mas é sempre bom ter fotos e, dessa forma, nenhum de nós terá
que se lembrar de tirá-las.
— Justo. — Eu continuaria com o fotógrafo sobre não tirar fotos de nada
constrangedor, no entanto. — Os fornecedores têm o menu classificado?
— Sim. Enviei as escolhas finais que Tierra e Brett fizeram, e eles me
garantiram que tudo ficará perfeito.
Soltei um breve suspiro de alívio. — Então, eles têm estoque de tudo de
que precisamos e nada vai ser um problema?
— Nada vai ser um problema. — Ela me assegurou, em seguida, estendeu
os dedos para marcar os próximos itens de nossa lista. — Mandei imprimir os
cartões com os nomes da recepção, encomendei as amarras das cadeiras, a
amostra da playlist está feita e enviada ao DJ, e também confirmei tudo para a
festa. Só temos que enviar os e-convites formais com os detalhes, e então
estaremos prontos para ir em frente.
— Estou impressionado. — Eu disse finalmente, minhas sobrancelhas
quase na linha do cabelo, uma vez que ela tagarelou mais algumas coisas. —
Impressionado e agradecido. Você sempre foi boa em ficar com a bola assim, mas
eu realmente não esperava que tivesse feito tudo isso sozinha.
— Honestamente? — Ela desviou o olhar e olhou para as profundezas do
seu shake de chiclete antes de lentamente levantar os olhos de volta para os
meus. — Eu devia isso a você depois da maneira como agi na outra manhã. Foi
desnecessário, imaturo e não como resultado de qualquer coisa que você fez.
Recostei-me na cadeira, além de surpreso com o fato de que ela estava
mencionando aquele dia. Também era um pedido de desculpas tão bom quanto
eu iria receber, e eu sabia disso, então não insisti em mais.
— Você está perdoada. — Eu respondi simplesmente.
Havia tantas outras coisas que eu queria dizer, mas segurei todas. Este
não era o momento ou lugar para ameaçar com umas palmadas se ela fugisse
de mim daquele jeito novamente, nem eu poderia dizer a ela o quanto isso me
incomodou quando ela o fez.
Não, definitivamente não é hora para ameaças sensuais ou mágoas, pensei
quando April se juntou a nós de volta à mesa. Ela deslizou em sua cadeira,
tomando mais alguns goles de seu milkshake assim que Colette passou seu
telefone para mim.
— Aí está o e-convite que eu fiz. Eu sei que não é tão chamativo quanto o
seu, mas foi o melhor que pude fazer. — Disse ela enquanto April corria
novamente depois de apenas alguns goles. — Se você preferir fazer no mesmo
estilo do outro, podemos enviá-lo quando estiver pronto.
— É bom o suficiente. — Eu disse, então olhei incisivamente em direção
ao playground onde April estava subindo por uma escada de plástico. — Ela
realmente vai continuar voltando por menos de um minuto de cada vez?
— Ela adora milk-shakes. — Colette deu de ombros antes de sorrir para
mim. — Você se acostuma com isso. Ela não vai querer perder um único gole de
seu shake, mas também não quer perder um minuto no parquinho. É um pouco
complicado, então ela vai continuar correndo entre os dois.
Eu fiz uma careta. — Não te preocupa? Não estou questionando você de
forma alguma. Eu só quero dizer...
— Eu sei o que você quer dizer. — A risada iluminou seus olhos, e eles
brilharam enquanto ela apontava para a filha. — Você se lembra de quando
fomos fazer o check-in enquanto você pegava nossa mesa?
Quando eu balancei a cabeça, ela continuou. — Há uma etiqueta presa na
camisa dela com meus contatos. Se ela chegar perto das portas com ele ligado,
os alarmes vão disparar. Ela também não está mais na idade em que
simplesmente cairá e se machucará. Além disso, pode não parecer, mas sempre
estou de olho nela.
Porra. Eu soltei um suspiro. — Ser mãe é um trabalho árduo, hein?
— O mais difícil. — Ela disse, mas então ela sorriu para mim. — Mas
também é o mais gratificante. Vale cada segundo.
— Sim, imagino que sim. — Nossos olhos se encontraram do outro lado da
mesa e, por apenas um momento, também imaginei como seria fazer aquele
trabalho duro com ela.
O ar entre nós carregou com algo que eu nunca senti antes, mas o
momento desapareceu quando ela piscou e olhou para o parquinho. — Então,
os e-convites?
— Sim. — Passei minha língua em meus lábios, respirando fundo para
afastar a sensação persistente de que havia muito mais que eu gostaria de ouvi-
la dizer sobre esse assunto. Será que ela queria mais filhos?
Mas eu deixei porque ela riria na minha cara se pensasse que eu estava
pensando nisso. Isso, e a dor deve ter fodido com minha cabeça porquê de
repente eu não queria filhos agora. Queria?
Decidindo deixar essa pequena pergunta perturbadora para responder
mais tarde, eu balancei a cabeça em direção ao seu telefone. — Esse convite é
perfeito. Vamos enviar. Com as festas chegando neste fim de semana, realmente
não podemos esperar muito mais tempo.
Alguns toques em sua tela depois, ela sorriu e fez uma marca de seleção
com o dedo no ar. — Feito. Quer repassar os detalhes do itinerário desse dia?
— Na verdade não. Esta não é o minha primeira despedida de solteiro,
sabe? — Pisquei e ri quando ela jogou o invólucro de seu canudo para mim. —
Brincadeira. Vamos fazer isso. A que horas vamos buscar as strippers?
Seus olhos se estreitaram. — Você esqueceu a parte em que sua irmã disse
que se houver uma stripper naquela festa, que é melhor que a stripper caminhe
em direção a Brett pelo altar por que ela não o faria?
Eu levantei minhas mãos em sinal de rendição, mostrando a ela minhas
palmas enquanto eu ria. — Se acalme. Era só uma piada.
— Sim, eu sei, mas você sabe o que não é? — Ela me deu um sorriso
tímido. — Brett não disse nada sobre a existência de strippers na festa das
meninas.
Quando meu queixo praticamente caiu, ela piscou para mim e começou a
rir. — Você deveria ter visto seu rosto nesse momento. Vê? É por isso que
precisamos de um fotógrafo documentando essa jornada. Eu gostaria de ter uma
foto disso.
Tão fácil quanto isso, com apenas um hambúrguer, um shake e uma
simples conversa com Colette, era como se alguém tivesse aplicado um bálsamo
mágico em todas as partes que estavam doendo dentro de mim. A dor ainda
estava lá, mas a aguda pontada de dor diminuiu pela primeira vez na semana.
Ficou ainda melhor depois que saímos da lanchonete e decidimos dar um
passeio. April não se cansou de mim depois que convenci Colette a deixá-la ir no
carrossel em um dos parques por onde passamos. Ela até insistiu em que eu
acompanhasse o passeio para ficar com ela.
— Você vai me pegar se eu cair, certo? — Ela perguntou pouco antes do
passeio começar olhando para mim com olhos que quase me derreteram no local.
— Claro, querida. Eu estarei bem aqui. — Eu disse, meu coração
parecendo que crescia dez vezes a cada minuto que eu passava construindo
minha amizade com essa garotinha. — Eu nunca deixaria você cair. Eu não vou
a lugar nenhum. Não se preocupe.
Quando ela sorriu para mim, finalmente entendi por que as pessoas diziam
que a alma era curada por estar com nossos filhos. Levei um segundo para
lembrar que ela não era realmente minha, mas agora, seu sangue não parecia
importar, apenas sua alma importava, e foi definitivamente curador para mim
ver aquele sorriso direcionado a mim, sabendo que fui eu quem o colocou lá.
CAPÍTULO 26
COLETTE

— Já chega, querida. — Eu disse quando April olhou para mim da parte


de trás do cavalo de plástico com aquele olhar suplicante em seus olhos. — Você
está exausta. Nem tente negar. Uma mãe sabe. Vamos para casa.
Ela fez beicinho, mas depois olhou para Paxton e suspirou. — Estou meio
cansada.
— Sua mãe está certa. É hora de você ir para a cama. — Ele concordou,
estendendo as mãos para ajudá-la a sair do carrossel.
Vê-los juntos assim foi... desconcertante. Se eu pensei que eles iriam se
dar bem antes, não era nada parecido com o que tinha sido esta noite.
Eu sabia que April faria Paxton sorrir, mas nunca pensei que ele faria o
mesmo por ela. Foi como se os dois tivessem acabado de se ligarem tão
absolutamente que eu não tinha certeza se havia uma maneira de desfazer o
vínculo que estava se formando agora.
Sem saber como me sentir sobre isso, caminhei em silêncio enquanto eles
brincavam no nosso caminho de volta para o meu carro. Eu havia forçado Paxton
a vir conosco mais cedo, mas agora meio que me arrependi. De qualquer forma,
eu não o faria pegar um táxi depois do dia que ele teve.
Assim como eu pensei, April adormeceu em sua cadeirinha antes mesmo
de as rodas girarem corretamente. No interior mal iluminado do carro, olhei para
ela pelo espelho retrovisor e balancei a cabeça antes de voltar o olhar para a
estrada. — Ela teria adormecido naquele cavalo se não a tivéssemos tirado de lá.
— Concordo, mas obrigado por tudo desta noite de qualquer
maneira. Mesmo ficando para aqueles poucos passeios extras. — Paxton
murmurou, seus olhos sobre ela enquanto se virava na cadeira por um
momento. — Eu realmente precisava disso.
— Você está se sentindo melhor? — Eu perguntei, lembrando-me de qual
tinha sido o objetivo de vir hoje à noite.
Quando ele acenou com a cabeça e parecia estar realmente falando sério,
eu sorri. Ele estendeu a mão para apertar minha perna. Não foi um toque
íntimo. Era macio e seus dedos descansaram logo acima do meu joelho, mas
ainda enviou uma onda de desejo disparando por mim.
— Não pensei que fosse possível ser tão feliz hoje. — Disse ele, ainda
mantendo a voz baixa. — Você me salvou de uma noite miserável e de uma
ressaca épica amanhã.
April soltou um ronco suave e eu sorri novamente enquanto encolhia os
ombros mais perto dele. — Você a salvou de cenouras e brócolis, então acho que
estamos todos resolvidos.
— De alguma forma, acho que não. — Ele esfregou a mão livre no rosto
antes de inclinar a cabeça para trás e se virar em direção à janela. — Esta foi
uma semana de merda. Eu a salvaria de cenouras e brócolis todas as noites se
pudesse passar todas as noites com vocês duas assim.
Meu aperto no volante aumentou, mas eu não estava prestes a mentir para
ele. — Estou feliz que pudemos tornar as coisas um pouco melhores para você.
— Um pouco melhor? — Ele zombou, e quando arrisquei um olhar para
ele quando parei em um sinal vermelho, seus olhos estavam fechados e ele tinha
o sorriso mais suave em seu rosto. — Você não o deixou um pouco melhor. Você
deixou tudo muito melhor quando simplesmente apareceu, não importa quando
me arrastou para fora do meu apartamento.
Eu nunca admitiria isso para ninguém, nunca, mas ouvi-lo dizer isso me
aqueceu muito mais do que deveria. Eu sorri quando senti mais do que o vi
olhando para mim. — Bom ouvir isso. Eu também realmente falei sério quando
disse que estou aqui para ajudá-lo, se precisar de mim.
Seus dedos na minha perna flexionaram um pouco. — Eu sei. Obrigado,
querida.
Antes que eu pudesse falar por me chamar assim, estávamos na frente de
seu prédio e ouvi o cinto de segurança estalar depois que ele o soltou. Quando
puxei meu freio e me virei em direção a ele, o vi se aproximando de mim.
A próxima coisa que eu soube foi que ele olhou de volta para April para
verificar se ela ainda estava dormindo, e então suas mãos grandes e quentes se
estabeleceram em cada lado do meu pescoço e sua boca estava na minha. Seus
lábios eram firmes e inflexíveis, sua língua lambendo meus lábios para pedir
entrada.
Eu não queria que isso acontecesse, mas aconteceu. Não foi necessário
álcool desta vez.
Minha boca se abriu e meus braços envolveram seu pescoço, puxando-o
para mais perto de mim e segurando-o enquanto eu aprofundava o beijo. Ele
tinha gosto de milkshake de morango e Paxton, e eu simplesmente amei esses
dois sabores.
Nossas línguas dançaram juntas, nossas bocas se fundindo como se
nunca tivéssemos a intenção de nos separar novamente. O beijo foi quente,
elétrico e totalmente impróprio tendo uma criança no carro. Foi apenas esse
último pensamento que me fez me afastar dele, mas ele não me deixou ir muito
longe.
Descansando sua testa contra a minha, eu o vi intensamente focado em
mim quando abri meus olhos. Nós dois estávamos respirando um pouco mais
pesado do que o normal, mas isso não diminuiu a confiança e certeza em sua
voz, mesmo que ele ainda estivesse se mantendo baixo.
— Obrigado por aparecer por mim esta noite, Colette. — Disse ele. — Estou
realmente ansioso para a festa neste fim de semana e para o casamento, agora
que sei que você estará lá.
OK. Estranho, mas não totalmente inesperado. Acontece que ele ainda
estava se aquecendo, porque então ficou surpreendentemente vulnerável
comigo.
Ele acariciou minha pele com os polegares, a ferocidade em sua voz
brilhando em seus olhos quando se afastou apenas o suficiente para olhar nos
meus. — Estou tão feliz que Brett e Tierra nos forçaram a trabalhar juntos
assim. Isso realmente nos ajudou a colocar o passado onde ele pertence, que é
firmemente para trás.
Inclinando-se para dar um último e forte beijo em meus lábios, ele afastou
sua boca da minha e estendeu a mão atrás dele para abrir a porta. — Avise-me
quando chegar em casa em segurança, certo? Se eu não tiver notícias suas, você
vai me ver novamente em breve.
Já fazia muito tempo desde que eu tinha visto esse lado excessivamente
protetor dele, e eu senti os cantos dos meus lábios se contraírem antes de
arquear uma sobrancelha para ele. — Eu vou te avisar, mas nós estaremos
bem. Há anos que nos levo para casa em segurança, Pax. Ficaremos bem, falo
com você mais tarde.
Ele parecia querer dizer algo sobre isso, mas depois de uma longa pausa,
simplesmente acenou com a cabeça e saiu do carro. Esperando até que
estivéssemos no final da rua antes de se virar e entrar em seu prédio, ele olhou
para o carro como se estivesse pensando seriamente em correr atrás dele.
Depois que ele desapareceu de vista, minha mente disparou. O passado
pode estar no espelho retrovisor para ele agora, mas para mim ainda parecia que
tinha sido ontem.
Claro, eu percebi na semana passada que definitivamente me importava
com ele - se ainda ou novamente, eu não sabia, mas isso dificilmente
importava. O que importava era que eu também percebi que não tinha realmente
o perdoado por me deixar pelo exército como se eu não significasse nada para
ele.
Se tivesse sido tão fácil para ele se afastar de mim, não havia nenhuma
maneira de ele ter sentido tão fortemente por mim quanto eu sentia por ele. Ele
se recompôs e reiniciou sua vida com a estrutura de que precisava, com certeza,
mas eu ainda fui deixada para trás.
Tudo o que eu pensava antes permanecia, mas o que também era inegável
é que minha vida nunca mais foi a mesma depois que ele partiu. Por muito
tempo, eu não acreditei que ele realmente se foi e que não mudaria de ideia e
voltaria para mim.
Quando finalmente percebi que estávamos bem e verdadeiramente
acabados, me afundei e me perdi completamente depois de acreditar com todo o
meu coração e alma que ele seria o homem com quem eu passaria o resto da
minha vida. Essa adorável espiral terminou comigo entrando em um
relacionamento com Andrew, um homem que eu nunca amei de verdade, embora
tenha tentado com tudo dentro de mim, e depois comigo engravidando de April.
Amava minha filha mais do que o mundo inteiro, mais do que a mim
mesma e mais do que jamais amei Paxton, mas ainda desejava que Andrew não
fosse seu pai. As coisas poderiam ter sido tão diferentes se Paxton não tivesse
me deixado.
April poderia ter tido um pai que a adorasse, e eu não teria passado quase
um terço da minha vida andando por aí sentindo como se houvesse um buraco
irreparável em meu coração. A única coisa de que não podia me arrepender sobre
tudo isso era April, mas ela era minha e, embora eu soubesse que não era
biologicamente possível, com certeza sentia que sempre a teria exatamente do
mesmo jeito que está agora.
Eu nunca saberia com certeza, já que a viagem no tempo não era uma
coisa real, e eu nunca teria me arriscado de qualquer maneira, mas o ponto era
que eu precisava pisar no freio com Paxton. Com as coisas ainda sendo tão
fáceis, tão inebriantes e tão intensas entre nós, eu não poderia continuar com
ele do jeito que estava agora.
Depois de tudo que ele me disse agora, estava claro que teve a ideia
errada. O passado não ficou para trás. Eu não estava de volta à vida dele, pelo
menos não daquele jeito, e ele não tinha o direito de sair por aí fazendo exigências
sobre nossa segurança.
Este não era o mesmo tipo de reação automática que eu tive na outra
manhã. Foi simplesmente um lembrete de que eu não poderia continuar
beijando-o ou assumindo a responsabilidade por sua felicidade quando ele
estivesse deprimido. Não queria que a história se repetisse e tinha que ser ainda
mais cuidadosa agora por causa de April.
Eu os tinha visto juntos esta noite. Minha garotinha começou a se
apaixonar por ele na noite em que o conheceu, e ela já estava louca por Paxton
agora.
Por mais que eu realmente acreditasse que ele mudou, cresceu e tudo o
mais, eu também sabia no fundo do meu coração que ele iria embora
novamente. Se eu o deixasse chegar perto de mim, a única maneira de terminar
seria com ele indo embora assim que ficasse entediado.
E ele ficaria entediado. Eventualmente. Era inevitável. Muita coisa pode
ter mudado em nós dois, mas ele ainda era Paxton e eu ainda era Colette.
Ele passava as noites festejando com supermodelos, enquanto eu
geralmente estava na cama por volta das nove, o mais tardar. Minha ideia de
diversão era me inscrever e participar de um seminário que eu esperava há
algum tempo ou levar April a um parque temático com Brett. Sua ideia de
diversão envolvia beber, dançar e ser a vida de qualquer festa em que estivesse.
Éramos tão incompatíveis que faria até o casamenteiro mais duro chorar
ao tentar nos encaixar. E isso foi em um mundo onde os aplicativos estavam
dominando todo o setor.
Não. Apenas. Não.
Ele e eu não poderíamos acontecer de novo. Esta não era realmente outra
reação automática, mas quando cheguei em casa, estava decidida. Eu não
poderia deixá-lo entrar como fiz recentemente, não importa o quanto eu queira.
Porque desta vez, quando ele fosse embora, não seria apenas meu coração
que ele estaria quebrando. Seria de April também, e eu não podia permitir que
ele a machucasse como me machucou.
Eu prefiro enfiar um lápis no meu olho repetidamente do que vê-lo partir
o coração dela. Simplesmente não podia permitir. Eu não permitiria. Mesmo
que algumas daquelas antigas fissuras no meu coração se abrissem para fazer
isso, eu tive que fechar a porta para Paxton e eu.
E já era hora de eu fazer isso direito.

CAPÍTULO 27
PAXTON

— Onde está Colette? — Perguntei cerca de vinte minutos depois de me


juntar a Brett e Tierra no bar. — Não é normal que ela chegue tão tarde.
Brett estava com o braço pendurado nas costas da cadeira da minha
irmã. Ele olhou para seu telefone sobre a mesa como se estivesse checando algo,
e então olhou de volta para mim.
— Não é como ela, mas é como sua babá. Não me interpretem mal, todo
mundo adora a Verônica, mas ela nem sempre é pontual. Colette ligou para dizer
que estava atrasada porque Verônica apareceu tarde.
— Oh. Isso faz sentido. — Inclinei minha cadeira para poder ficar de olho
na porta. — Espero que ela chegue logo. Temos muito para lhe contar.
Tierra se inclinou para frente, curiosidade em seus olhos enquanto ela os
arrastava sobre cada centímetro do meu rosto como se estivesse vendo pela
primeira vez. — Falando em ter muito a nos contar, preocupe-se em começar
explicando por que você está tão feliz? A última vez que te vi, você parecia uma
merda. Mesmo antes do que aconteceu na semana passada, eu não via você
assim há muito tempo. O que mudou?
Brett ergueu sua cerveja para tomar um gole da garrafa, mas seus olhos
estavam tão firmemente plantados nos meus quanto os da minha irmã. Eu
considerei manter isso vago por um segundo, mas não tinha nenhum motivo real
para esconder isso deles.
Na verdade, eu queria contar a eles. Peguei minha cerveja, colocando as
palavras lá fora antes de tomar um longo gole.
— O que mudou é que as coisas estão realmente indo muito bem entre
mim e Colette. — Eu disse, então observei suas expressões mudando enquanto
processavam aquela pequena bomba. Eu engoli a cerveja, mantendo um olhar
cuidadoso em suas reações.
Já que Brett provavelmente a conhecia melhor do que ninguém, eu o
observei mais de perto do que fiz com Tierra. Seus olhos se arregalaram um
pouco e ele piscou rapidamente; então franziu a testa e me lançou um olhar
longo e questionador. Quando eu não disse mais nada, ele continuou estudando
meus olhos até que, finalmente, quase impossivelmente, um sorriso começou a
se espalhar em seus lábios.
Minha irmã não demorou tanto para ir da surpresa ao sorriso. Seus lábios
formaram um pequeno o, sua cabeça inclinada, e então ela abriu um largo
sorriso.
— Eu não posso dizer que vi isso chegando. — Brett disse cautelosamente,
seu olhar ainda no meu. — Como isso aconteceu?
Dei de ombros, embora não estivesse me sentindo tão indiferente quanto
o gesto parecia. Meu coração bateu forte o dia todo desde que descobri que a
veria esta noite, meu cérebro estava fixado em lembrar a maneira como ela
parecia na outra noite em seu carro depois que eu a beijei. Eu estava mais do
que ansioso para ver onde esta noite nos levaria.
— Temos conversado muito, obviamente, mas não apenas sobre o
casamento. Também estamos nos conhecendo novamente. Nós até conversamos
sobre o que aconteceu entre nós antes. Acho que podemos finalmente estar em
um lugar onde o passado está no passado e ela entende por que eu fiz isso.
As sobrancelhas de Brett saltaram quando eu disse a última frase, a
dúvida rastejando em seus olhos. — Você acha, ou tem certeza? Eu não vou
mentir para você, cara. Eu não a vejo apenas perdoando você em questão de
semanas, depois de ela ter segurado o que aconteceu por tanto tempo.
— Eu sei. — Eu disse. — Eu entendo por que você pensa isso. Não estou
dizendo que seremos os próximos no corredor, obviamente, mas realmente
estamos nos conectando de novo e...
Eu me cortei quando ela entrou pela porta. Ela fez uma pausa dentro do
bar elegante e tranquilo que eles escolheram para o nosso encontro esta noite, e
eu jurei que meu coração quase parou com o ve-la.
Mais uma vez.
Eu não acho que ela pararia de ter esse tipo de efeito em mim e,
honestamente, eu não queria que ela parasse. Não mais.
Vestida com um vestido preto simples e profissional que batia logo acima
dos joelhos, saltos pretos baixos e um cinto vermelho brilhante amarrado na
cintura, ela era a visão mais espetacular da cidade, para mim. Eu sabia que
havia todas as chances de ela estar vestida assim para o trabalho hoje, mas para
mim ela parecia boa o suficiente para entrar em qualquer passarela do mundo.
Seu cabelo loiro brilhava com as luzes azuis frias brilhando do teto, solto
e pronto para eu mergulhar minhas mãos nele. Enquanto ela não costumava
usar muita maquiagem, seus olhos tinham uma aparência mais esfumada do
que eu estava acostumado a ver.
Ela parecia muito sexy. Tão sexy que estava ficando duro só de olhar para
ela. Tão sexy que demorei alguns segundos para perceber que aqueles olhos
esfumados dela não olharam para mim nenhuma vez quando começou a
caminhar em direção à nossa mesa.
Nós abandonamos o assunto do que estava acontecendo entre nós quando
ela se aproximou, mas eu senti os olhos de Brett se movendo entre nós dois,
procurando por quaisquer sinais de que o que eu disse sobre deixarmos o
passado no passado estava correto.
Quando ela finalmente nos alcançou, se sentou na cadeira vazia ao meu
lado, mas ela também a afastou o mais longe possível da minha. Ela sorriu para
eles, mas ficou estranha quando olhou em minha direção por apenas um
segundo antes de voltar para Brett.
— Desculpe pelo atraso. Para piorar a situação, fiquei presa no trânsito
atrás de um acidente no caminho para cá. — Disse ela, sem olhar para mim
novamente. — Todos os envolvidos parecem estar bem, mas eles estavam
gritando um com o outro no meio da estrada. O que eu perdi?
Tierra pigarreou, mas eu vi as perguntas que brilharam brevemente em
seus olhos quando ela olhou para mim. — Você não perdeu nada. Ainda não
chegamos ao casamento. Paxton estava ocupado nos contando sobre outras
coisas.
Os lábios de Colette se pressionaram em uma linha, seu peito subindo em
uma respiração profunda antes que ela se virasse rigidamente para me
encarar. — Bem, devemos começar então?
Eu balancei a cabeça, inclinando enquanto olhava em seus olhos. Havia
um frescor ali que eu achei que não veria novamente, mas estava definitivamente
presente agora.
Quando eu não disse nada, ela se afastou de mim e começou a repassar
todos os detalhes de tudo o que havíamos planejado. Ela recitou todas as coisas
que me disse que tinha concluído na outra noite, em seguida, acrescentou
algumas outras coisas que tínhamos feito desde então.
Em conversas de e-mail muito curtas, pensei sobre isso. Eu achei que ela
só tinha estado ocupada, mas estava definitivamente diferente comigo esta noite
do que ela tinha sido desde a primeira depois de termos sido jogados juntos.
— Brett tem seu dia de ajuste final depois de amanhã. Todos os homens
terão. Paxton e o pai de Brett também, então eles irão de lá para o ponto de
partida para a despedida de solteiro. — Ela estava tagarelando. — A prova final
para meu vestido é na mesma hora, na mesma loja, mas obviamente na seção
feminina. Vou procurá-los quando terminar.
Ela olhou para seu telefone, onde vi a lista que ela estava lendo aberta em
sua tela. — Das outras coisas que você me pediu para verificar, tudo parece
bom. A florista nos encontrará no local antes do jantar de ensaio. Precisamos
dar a eles o gráfico final de assentos na próxima semana, e eles farão a
configuração necessária.
Mais alguns itens vieram depois disso, e ela sorriu para o casal feliz
enquanto se recostava. — Eu mandei tudo por e-mail para vocês dois
também. Afinal de contas, talvez possamos puxar esse baile juntos a tempo.
Tierra piscou para ela antes de pular da cadeira e envolver Colette em um
abraço, seus olhos brilhando com lágrimas. — Obrigada. Não tenho ideia de
como vocês fizeram isso, mas vocês estão certos. Podemos apenas ter uma
chance de conseguir o impossível.
Minha irmã se virou para mim assim que soltou Colette, me abraçando e
me agradecendo também, sussurrando em meu ouvido enquanto o fazia. — Você
está realmente me ajudando, Pax. Devo-lhe uma. Grande mesmo.
— Então, nenhum vestido para mim, então? Sem mimos ou unhas? — Eu
perguntei esperançosamente, e ela me deu um tapa no braço enquanto se
afastava, enxugando as lágrimas que haviam caído.
— Claro que não, seu grande idiota. — Ela voltou para seu assento
enquanto Brett abraçava Colette também.
Os dois trocaram algumas palavras em vozes muito baixas para eu
ouvir. Eu a vi dando a ele um aceno de cabeça apertado e um sorriso muito falso
antes de se sentar novamente. Brett ergueu as sobrancelhas para ela, mas ela
murmurou: — Agora não. — Ele deu a ela um longo olhar antes de estender a
mão para apertar a minha.
Assim que todos nos acomodamos, a garçonete entregou uma garrafa de
champanhe e serviu o espumante em uma taça para cada um de
nós. Levantamos nossos copos como um só, brindamos e tomamos nossos goles
antes de Brett esfregar as mãos.
— Conte-nos mais sobre essas despedidas de solteiro. — Disse ele,
balançando as sobrancelhas para nós. — Vocês planejaram travessuras e caos?
— Com certeza. — Eu assegurei a ele.
Ao mesmo tempo, Colette zombou e balançou a cabeça rapidamente. — De
jeito nenhum.
Tierra bufou enquanto seu olhar se movia do meu para o de Colette e vice-
versa. — Vocês precisam de um minuto para coordenar suas respostas?
Colette endireitou o corpo, mais uma vez evitando cuidadosamente meus
olhos. — Haverá muita diversão, mas sem travessuras e definitivamente sem
confusão.
Eu levantei minha mão, movendo meu polegar e indicador até que
estivessem a cerca de uma polegada de distância. — Talvez um pouco dos dois.
Brett e Tierra riram, mas Colette não. Começou uma tendência com ela
que continuou pelo resto da noite. Ela não riu de nenhuma das minhas piadas,
não se envolveu diretamente comigo, continuou evitando o contato visual e foi
muito mais fria comigo do que da última vez que estivemos juntos.
Bebemos e conversamos sobre as festas, sobre o quanto nos divertiríamos
e compartilhamos os detalhes que eles precisavam saber. Brett continuou
tentando saber mais, mas Colette finalmente suspirou antes de sorrir para ele.
— A única razão pela qual estamos contando algo é porque vocês
insistiram que precisavam saber algumas coisas para fins práticos, já que é tão
curto prazo. Não estamos revelando a surpresa inteiramente.
Eu aplaudi e fui cutucá-la com o cotovelo, mas ela se esquivou sem nem
mesmo olhar para mim. Bem, isso resolve tudo.
Minha irmã me lançou um olhar preocupado quando percebeu, mas eu
encolhi os ombros e comecei a contar uma história sobre a última despedida de
solteiro que estive. Isso aliviou o clima em torno da mesa, mas não a
compreensão que me afundava de que algo estava acontecendo com Colette.
Eu não sabia o que era, mas algo estava claramente errado. O que diabos
eu fiz dessa vez?

CAPÍTULO 28
COLETTE

—Você realmente não precisa me acompanhar. — Eu disse a Paxton no


final da noite. — Sou perfeitamente capaz de chegar ao meu carro sozinha.
Tendo aprendido minha lição por ter bebido muito na última reunião de
planejamento, eu continuei segurando minha única taça de champanhe e bebi
principalmente água para o resto da noite. Colette responsável e no controle
estava firmemente de volta ao banco do motorista.
Na festa deste fim de semana, eu poderia me soltar novamente apenas um
pouco depois que todas as obrigações oficiais estivessem feitas, mas eu faria isso
com cuidado. Por enquanto, estava fazendo o que precisava ser feito e mantendo
distância ao mesmo tempo.
À distância, parecia que Paxton não era muito fã disso. Ele caminhou ao
meu lado, embora eu tivesse dito repetidamente que ele não precisava me
acompanhar até o meu carro. Eu praticamente podia sentir seus olhos abrindo
buracos na lateral da minha cabeça.
— O que? — Eu rebati quando o silêncio ficou muito pesado.
Ele deslizou os dedos nos bolsos da calça jeans e, para qualquer outra
pessoa, ele pode ter parecido completamente casual e relaxado. Ele não parecia
nem um pouco assim para mim, sua postura rígida e sua mandíbula apertada.
Quando olhei para ele, senti uma pontada de culpa perfurando meu
estômago. Ele não tinha feito nada para merecer este tratamento, ainda, mas eu
tive que me manter firme. Pela April.
— O que está acontecendo aqui, Colette? — Ele perguntou, apontando
entre nós dois. — Eu fiz algo que você não gostou?
— Não. — Eu não dei uma explicação a ele porque não havia nada além
disso. Ele não tinha feito nada para me aborrecer. Eu simplesmente dei a ele a
impressão errada, e agora tinha que consertar antes que corações começassem
a se partir em todo o maldito lugar.
— Besteira. — Disse ele, e a palavra saiu em algo como um rosnado. —
Obviamente há algo acontecendo. Você mal olhou para mim a noite toda.
— Talvez você devesse entender a dica e recuar. — Eu retruquei. — Eu
disse que não queria que você me acompanhasse, e falei sério. Apenas me deixe
em paz.
— Jesus. — Ele gemeu e passou as mãos pelos cabelos enquanto me
acompanhava. — O que há com você?
Ele agarrou sua nuca e deixou sua cabeça cair para trás, olhando para o
céu escuro antes de trazer seu olhar de volta para o meu. Se eu tentasse um
movimento assim, meu calcanhar provavelmente ficaria preso em alguma coisa
e terminaria em uma pilha na calçada.
Não o Paxton.
Com toda a justiça, ele não estava de salto, mas nunca iria cair. Era como
se sua força de vontade fosse tão forte que até a calçada permanecia lisa quando
ele precisava andar sem olhar para onde estava indo.
Eu soltei uma respiração lenta pelas minhas narinas. — Não há
nada comigo, Paxton. Exceto talvez pela inclinação de fazer escolhas erradas
onde você está envolvido.
— O que você está falando? — Ele franziu a testa profundamente enquanto
olhava para mim, e mesmo com seu rosto nas sombras das luzes da rua acima,
eu podia ver a dor gravada em suas feições. — Que decisões ruins?
— Eu não quero brigar com você, mas se você continuar pressionando,
temo que vou explodir. — Eu disse o mais calmamente que pude.
— Então exploda, porra. — Ele acelerou o passo para se mover ao meu
redor, então me fez olhar para cima quando parou na minha frente quando
chegamos ao estacionamento. — Porque eu não vou parar de pressionar. Isso é
uma besteira total. Você continua soprando quente e frio comigo, e estou de saco
cheio. Dormimos juntos e você sai no dia seguinte. Nós nos beijamos, e você me
dá um tratamento silencioso na próxima vez que me vê. Eu entendo que você
estava chateada comigo, mas pensei que tínhamos superado isso.
Uma fúria gelada espalhou-se por mim e fechei os olhos antes de erguer o
queixo. Meu coração estava batendo como um colibri batendo as asas dentro do
meu peito, bombeando aquela fúria em cada fibra do meu ser.
Quando abri meus olhos novamente, eu podia praticamente senti-los
brilhando enquanto me concentrei nele. Eu mantive minha posição, no
entanto. Mesmo quando ele encontrou meu olhar desafiador com um dos
seus. Ele cruzou os braços sobre o peito coberto pela camiseta como se estivesse
se preparando para se defender contra os golpes verbais que sabia que viriam.
— Nós não superamos nada. — Eu murmurei, minha respiração pesada e
minha voz quebrada. — Não quero fazer isso com você, Paxton. Eu cometi um
erro quando dormi com você e, obviamente, isso lhe deu uma ideia errada.
— Mas…
Eu levantei minha mão, inclinando minha cabeça enquanto respirava
através da dor do que estava prestes a dizer. — Eu só apareci na outra noite
porque estava preocupada com você. Eu sei o quão próximos vocês, militares,
são de seus amigos que serviram juntos. Eu sou apenas humana, então me
preocupei. Eu não apareci porque estava tentando começar algo com você.
— Bem, isso dói. — Ele disse, um tom tão frio quanto seus olhos quando
eles olharam para mim. — Especialmente porque você parece pensar que o fato
de eu ter fodido você me deu uma ideia errada. Que ideia é essa, Colette?
— Você e eu não estamos juntos novamente. Não podemos continuar nos
beijando e agindo como se tivéssemos outra chance disso. Agora que o
planejamento está feito, precisamos acertar tudo num curto espaço de tempo.
As narinas dilatadas de Paxton foram a única reação externa às minhas
palavras. Ele me encarou por um longo tempo, respirando com dificuldade e
parecendo que estava tentando se segurar para não dizer algo de que se
arrependeria.
— Afinal, o que isso quer dizer? — Ele perguntou eventualmente, seus
olhos se estreitando enquanto disparavam de um para o outro. — Você pode ao
menos responder a essa pergunta? Ou você vai se desculpar por seu
comportamento esta noite na próxima vez que me ver, e então começaremos este
ciclo tudo de novo?
— Tudo aconteceu uma vez, Paxton! — Eu cuspi. — Não finja que estamos
em algum tipo de ciclo. Nós transamos porque eu estava bêbada. Eu me
arrependi, mas ainda deveria ter lidado com isso melhor. Foi por isso que me
desculpei, porque não deveria ter feito parecer que você fez algo errado. Mas é
isso. Ao contrário de você, sou uma maldita adulta. Se eu me comportar mal,
vou pedir desculpas por isso.
Ele abriu a boca para responder, mas eu não terminei ainda. — Quanto à
outra noite, você me beijou, lembra? Você estava vomitando toda aquela
merda sobre o passado ter ficado para trás. Eu não. Não coloque tudo isso em
mim. Assuma a porra da responsabilidade pelo menos uma vez na vida.
Não conseguia me lembrar da última vez em que xinguei tanto em uma
conversa, mas às vezes, uma pessoa precisava da palavra foda-se para passar o
assunto de forma adequada. Por favor simplesmente não tinha o mesmo efeito.
— Para responder à sua pergunta, eu sei o que isso significa. — Eu
disse. — Isso significa que antes do casamento, só nos veremos na festa neste
fim de semana. Vamos dar grandes sorrisos para a noiva e o noivo, e vamos fingir
que está tudo bem.
— Eu realmente pensei que estava tudo bem. — Ele murmurou, e então
sua voz se fortaleceu novamente, suas palavras voando enquanto seus olhos
brilharam de volta para mim. — Por que você finge o contrário, afinal? Por que
me enganar? Se você ainda está com raiva de mim, por que não disse?
Por que eu simplesmente não disse isso?
Chocada e sem palavras por um momento, eu só pude olhar para ele. Ele
interpretou isso como uma deixa para colocar as mãos nos meus ombros e
dobrou os joelhos para olhar nos meus olhos.
— Por que você não me deixou compensar você? — Ele perguntou, sua voz
rouca, mas seu tom feroz. — Eu teria tentado fazer as pazes com você se eu
soubesse.
— Por que eu não deixei você me compensar? — Eu repeti em um sussurro
enquanto balançava minha cabeça, e então minhas próximas palavras se
soltaram como um grito histérico no limite bem ali em um estacionamento
público. — Você não pode me compensar, Paxton. Você me abandonou como se
eu não fosse nada para você quando você era o meu mundo inteiro.
Sua cabeça recuou, mas antes que ele pudesse dizer uma palavra, eu
estava cutucando seu peito e despejando cada emoção reprimida em cima
dele. — Eu te amei, você não entende isso? Eu estava planejando passar o resto
da minha vida com você, e você se virou e foi embora para pegar a estrutura de
que precisava sem pensar duas vezes em mim.
Lágrimas queimaram meus olhos, mas engoli com minha garganta
apertada. — Agora você tem a audácia de perguntar por que eu te enganei? Eu
fiquei com você. Eu não te enganei. Eu cedi porque você estava de volta, e você
estava lá, e você era você.
Eu sufoquei um soluço, mas nem mesmo deixei isso me deter. —
Enquanto isso, você também foi a pessoa que me abandonou. Você deixou bem
claro que cada beijo, cada eu te amo, cada momento que passamos juntos não
significava nada para você. Eu me enganei acreditando que isso significava algo
para você, que eu significava algo para você, mas não posso me deixar ser
sugada de novo quando sei que não é verdade.
— Colette…
— Não, Paxton. — Engoli em seco, precisando que ele me ouvisse e
entendesse que todos os bons momentos das últimas semanas não foram nada
além de um erro estúpido. — Falo sério. Precisamos ficar longe um do outro. Não
vou deixar você atrapalhar minha vida de novo e, mais importante, não vou
deixar você fazer isso com April.
Seus lábios formaram o nome dela enquanto suas sobrancelhas se
juntaram. Na luz fraca que cercava o estacionamento, vi a confusão escrita em
seus olhos, e então vi sua expressão endurecer.
Mas, novamente, eu não dei a ele a chance de dizer nada em sua
defesa. Ele não precisava me dizer que não a machucou, e eu não devia a ele
uma explicação de por que a coloquei nisso tudo.
— Eu te odeio por como você me deixou, e isso nunca vai mudar. — Eu
disse, minha voz mais suave novamente agora que a raiva tinha quase se
apagado. — Fique longe de mim, Paxton. E fique longe da minha filha.
Girando enquanto eu virava minhas costas para ele e marchei os últimos
metros até o meu carro sozinha, eu deixei as lágrimas rolarem enquanto entrei
e fui embora. Foi apenas quando eu estava virando a esquina que eu parei e
pressionei as palmas das minhas mãos nos meus olhos, ofegando enquanto
lutava para recuperar o controle.
Porra. Por que isso ainda doía tanto? Contar para ele deveria ter sido bom,
mas não foi.
Tudo o que senti foi a agonia excruciante de saber que nunca amaria
ninguém do jeito que o amava e que ele nunca me amaria da mesma forma. O
amor não correspondido era realmente uma merda, mas o que tornava tudo pior
era que não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer a respeito.

CAPÍTULO 29
PAXTON

Brett parecia ridículo. Os meninos o vestiram com um mankini1 verde-


limão e um tutu roxo com luzes de fada entre as camadas, e seu rosto estava
cheio de purpurina.

1
Tinha sido uma tarde louca até agora e estávamos apenas
começando. Embora eu fosse o homem de honra de Tierra, eu ia à despedida de
solteiro com os meninos, e Colette ia à despedida de solteira com as meninas.
Discutimos isso com eles e eles concordaram que funcionava melhor
assim. Especialmente porque iríamos nos encontrar na última parte da noite, de
qualquer maneira.
Foi tão bom. Tomar drinks com os caras, rir enquanto Brett executava
uma jogada ousada e jogar paintball parecia uma maneira muito melhor de
manter minha mente longe de Colette do que ficar sentado fofocando com um
bando de mulheres.
Ok, então eu sabia que não era isso que elas estavam fazendo. Afinal,
planejei a porra da festa. Mas ainda. Isso era o que eu precisava agora, não o dia
de spa que elas estavam tendo.
Assim que terminamos o paintball e o local que havíamos contratado
parecia o resultado de uma festa do colégio de um filme, deixamos os copos e as
garrafas para trás. Graças a Deus eu insisti em pegar o pacote que incluía a
limpeza, em vez de termos que fazer isso.
Colette havia pensado que era um desperdício de dinheiro que poderíamos
nos limpar enquanto caminhávamos, mas foda-se. Foda-se ela, por falar nisso.
— Ok, pessoal! — Gritei quando entramos no vestiário, levando minhas
mãos à boca para amplificar minha voz. — Vamos tomar banho aqui, então
vamos para o nosso próximo local. Vinte minutos parece bom?
Gritos de concordância surgiram e eu balancei a cabeça antes de pular do
banco em que subi para fazer o anúncio. Brett estava esperando por mim no
armário que estávamos compartilhando para esta parte das festividades.
Seus olhos verdes perfuraram os meus, ligeiramente turvos, mas pelo
menos parecia que ele ainda conseguia se concentrar. — Você está bem?
— Eu? — Apontei o polegar para o meu peito, sorrindo enquanto dava um
soco brincalhão em seu ombro. — Não sou eu que estou vestido como uma
princesa que deu errado. Estou bem. Como você está?
Ele semicerrou os olhos para mim, então ergueu a mão e balançou-a de
um lado para o outro. — Vou precisar de um pouco de água quando chegarmos
aonde quer que vamos.
Inclinei-me. — Tem mais bebida na limusine. Se dependesse de mim, eu
teria dito não à água. Você só vai ter uma despedida de solteiro,
mas alguém insistiu que deixássemos água e refrigerante na limusine também.
Ele fez uma cara de simpatia, o que era um pouco cômico, já que era ele
quem balançava levemente em seus pés. — As coisas não estão indo tão bem
entre você e Colette, afinal, hein?
— As coisas estão bem. Estamos bem. Devíamos tomar banho. — Peguei
minhas roupas do armário e empurrei a bolsa que minha irmã tinha embalado
para ele em seu peito. Quando ele cambaleou um pouco para trás quando o
acertou, eu parei. — Você vai precisar de ajuda para entrar no chuveiro? Minha
irmã vai me matar se você cair e acabar com um olho roxo ou um braço
quebrado.
Ele riu, mas felizmente me dispensou. — Eu consigo. Não preciso do meu
cunhado lavando minhas partes para mim.
Estremeci com o pensamento. — Bom homem. Assim que entrarmos na
limusine, verifique o refrigerador logo na frente. Colette embalou algumas
bebidas esportivas lá para você com água.
— Deus, eu a amo. — Ele suspirou e, em seguida, voltou seu olhar bêbado
de volta para o meu enquanto íamos em direção ao box do chuveiro. — Você não
vai machucá-la de novo, certo? Ela é como uma irmã para mim. Se você a
machucar de novo, vou te foder, Pax. Cunhado ou não, vou dar uma surra em
você. Você a destruiu da última vez. Eu não posso vê-la passando por isso de
novo.
Eu levantei minhas mãos quando um frisson de aborrecimento passou por
mim. — Você não tem nada com o que se preocupar. Como eu disse, estamos
bem. Eu não acho que tenho o poder de despedaçá-la novamente, e mesmo se
tivesse, eu não faria.
Já que estávamos falando sobre partir coisas e ele não mencionou a outra
noite, eu estava assumindo que ela não tinha contado a ele como ela me
quebrou. Por outro lado, eu já sabia que ela não teria contado a ele.
Vamos fingir que está tudo bem.
Fechei os olhos com força quando sua voz passou pela minha mente pelo
que parecia ser a milionésima vez naquele dia. Brett e eu nos separamos quando
chegamos aos chuveiros, cada um agarrando um dos cubículos disponíveis e
desviando de nossos amigos que já tinham acabado.
A brincadeira no vestiário me animou um pouco no momento em que
saímos para a limusine. Era uma enorme monstruosidade negra que tinha luzes
estroboscópicas e uma bola de discoteca dentro. Colette achou que era
espalhafatoso. Eu achei incrível.
Quando nos sentamos, notei Brett avançando para o refrigerador que eu
havia falado para ele. O mankini e o tutu eram apenas para o paintball, e ele
agora estava de calça e camisa de botão como todos nós.
Ele virou um pouco a cabeça para engolir uma garrafa d'água sem ser pego
pelo resto dos rapazes. Enquanto eu tinha vontade de lhe passar uma cerveja,
me segurei. Eu não era uma idiota total, e se ele não queria levar um porre na
própria festa, então que fosse. Eu, no entanto, não tive escrúpulos em me
embebedar esta noite. Mas também não tinha uma noiva para quem voltar.
Eu só tinha uma ex irritante na minha cabeça, e eu não conseguia me
livrar da voz dela ali. O que estava contribuindo para minha disposição de
simplesmente encerrar tudo. Eu não ficaria tão bêbado desde que estava
tecnicamente de plantão, mas um pouco de álcool ia ficar bem.
O resto de nós pegou nossas bebidas, e as brincadeiras amigáveis e as
risadas continuaram enquanto éramos levados a uma sala de charutos chique
que Colette reservara. Havia coquetéis com nomes sujos em uma mesa quando
entramos na sala privada, e até eu sufoquei uma risada de alguns dos nomes
impressos nos cartões na frente de cada linha.
Ela deve ter escolhido aqueles naquela semana em que estive fora, porque
eu nunca tinha visto um menu de coquetéis com nomes como esses. Havia uma
fileira de cada - Suck, Bang, 'n Blow, Sex on my Face, Bend Over, Shirley e
até Adios, Motherfucker.
Quando soube que os coquetéis em uma sala de charutos fazia parte de
seu plano, revirei um pouco os olhos, mas com nomes como esses, os coquetéis
acabaram sendo um sucesso. Mais de um de nós decidiu tentar nossas mãos no
Adios, Motherfucker, e eu saboreei a queimadura e a dormência subsequente
enquanto o álcool se espalhava por mim.
Isso me ajudou a bloquear os gritos de Colette tanto quanto o paintball e
a coordenar a diversão depois. Relaxando nas conversas que acontecem ao meu
redor, eu me envolvi com alguns velhos amigos e até me deixei ser arrastado
para uma corrida de shots.
Eu estava me sentindo lânguido e feliz quando a mensagem de Colette
chegou, e soltei uma série de palavrões por sua vontade de controlar tudo. Mas
então revirei os olhos e dei uma resposta que sabia que a deixaria com tesão ou
furiosa, possivelmente as duas coisas.
Colette: Na hora de dois dedos.
Eu: Já? Achei que você gostasse de ser provocada um pouco mais
antes de fazer isso.

Sufocar uma risada pode ter sido um pouco imaturo, mas sério, foda-
se. Depois da maneira como ela subiu em mim, não me senti mal com isso.
Enrolei meus dedos em volta da minha boca depois de ficar de pé, mas não
tive que gritar tão alto desta vez. — Escutem, senhores. Pelo resto da noite,
vamos jogar um joguinho contínuo de bebida.
Todos os olhos na sala se fixaram em mim. Esperei até saber que tinha a
atenção deles antes de explicar as regras. — É bem simples, mas não acaba,
então você sempre tem que estar pronto. Já que somos bebedores de
oportunidades iguais, as mulheres estão começando o mesmo jogo agora, e todos
nós ainda jogaremos mais tarde.
Como eu esperava, quando disse qual era o nome do jogo, recebi mais
alguns comentários tão imaturos quanto o que acabara de enviar para
Colette. Isso me fez sorrir.
— Chama-se Dois Dedos. — Fiz uma pausa até que os comentários e
risadas tivessem passado. — A qualquer momento da noite, se você souber o
nome da banda ou da música que está tocando, você pode nomear qualquer
outra pessoa para tomar um gole de sua bebida que deve fazer cair pelo menos
dois dedos.
Eu apontei para Brett. — Para demonstrar, esta se chama ‘I’m Sexy and I
Know it’. Vamos ver o resto daquela cerveja desaparecer, cara. Não pode haver
mais do que dois dedos de cerveja ali dentro. Alguém pegue uma nova para ele.
Um de seus colegas pulou e tinha um coquetel na mão desta vez, em vez
de apenas outra cerveja antes mesmo de tomar sua bebida. Ele me ignorou, mas
imediatamente pegou o jogo e conseguiu ser o primeiro a chamar todas as
músicas desde o momento em que começamos a tocar até que saímos.
Da sala de charutos, fomos a uma festa sensacional, que fora uma das
minhas escolhas para a noite entre os pacotes que a empresa tinha à
disposição. Chegamos a um armazém vazio e recebemos marretas no caminho,
depois arregaçamos as mangas antes de sermos escoltados para uma grande
área que havia sido seccionada perto dos fundos.
Estava cheio de móveis, louças, drywall e um monte de outras coisas para
quebrarmos. Ninguém perdeu um minuto, avançando para foder alguma merda
assim que a proteção deslizou sobre nossos olhos.
Os caras se divertiram muito, e eu também. Tudo em que conseguia pensar
enquanto passava por tudo que encontrava era Colette gritando comigo outro
dia. Eu martelei minha frustração. BANG. Minha descrença. BANG. Minha
dor. BANG BANG.
Antes que eu percebesse, uma mão pousou em meu braço e me virei para
encontrar Ben, um amigo nosso da escola, franzindo a testa para mim. —
Cara? Você está bem? A campainha tocou, tipo, cinco minutos atrás.
Eu o afastei, levando um segundo para colocar minha cabeça de volta no
jogo. Só então percebi que a maioria dos outros caras já havia devolvido o
equipamento e estava saindo.
— Estou bem. — Tirei meus óculos de segurança e sorri para ele. —
Apenas queimando um pouco do álcool para ficar pronto para mais. Você está
pronto para isso?
— Encontrar Tierra e suas garotas em um clube? — Ele ergueu uma
sobrancelha para mim e me deu um tapinha no ombro. — Estou pronto para
isso, mano. Desde que você enviou o convite. Vamos.
— Vamos. — Concordei, seguindo-o para fora e para a limusine, onde me
amontoei com todos os outros.
Quando partimos, eu realmente estava feliz por ter queimado um pouco
do álcool e muitas das emoções conflitantes que toda a sua gritaria havia
chutado em mim. Não via Colette desde o estacionamento, mas estava prestes a
ver.
E eu não tinha a porra da ideia de como iria lidar com isso. Eu sabia que
teria que tentar, no entanto. Por Tierra. Por Brett. Até por mim.
Precisávamos manter as coisas civis. Em outra semana, tudo estaria
acabado, e ela deixou perfeitamente claro que não nos veríamos depois disso.
Foda-se se eu sei por que esse pensamento dói tanto, mas tenho dez minutos
para resolvê-lo.
Outra parte mais realista do meu cérebro zombou de mim. Sim, como se
isso fosse acontecer.
— Dan! — Eu gritei por cima da música para o cara sentado perto da
bebida. — Seja um amor e me passe outra cerveja, está bem? Eu preciso ter meu
zumbido de volta depois disso.
Mais gritos estridentes subiram. Dan serviu um punhado de cervejas e as
distribuiu, e eu afundei na cadeira e esvaziei a minha de uma vez. Entre no jogo,
Pax. É só uma festa. Porra, aja assim.
CAPÍTULO 30
COLETTE

Não havia nada como um dia de spa com as meninas. Fomos mimadas da
cabeça aos pés, massageadas e lambuzadas com todos os tipos de cremes e óleos
de cheiro celestial. Foi divino, e sentar na banheira de hidromassagem depois de
bebericar champanhe foi tão bom quanto.
Todos as melhores e mais próximas amigas de Tierra conseguiram
comparecer apesar do curto prazo, o que foi ótimo, e todas estavam se
divertindo. Algumas das meninas eram amigas dela da faculdade e outras do
trabalho, então eu não as conhecia muito bem, mas havia algumas delas que
conheci ao longo do caminho e outras que também conhecia há algum tempo.
— Jantar e mais champanhe a seguir, certo? — Tasha perguntou, a
expressão em seu rosto quando ela se inclinou com a cabeça na borda da
banheira de hidromassagem tão feliz e serena como eu tinha certeza que a minha
estava.
Ela era alguns anos mais nova do que eu, uma amiga de Tierra do colégio,
mas sempre parecíamos acabar procurando um ao outro em suas reuniões.
— Sim. — Eu respondi enquanto sinalizava para o garçom que esperava
trazer outro prato de lanches. — Há muito mais para comer aqui, no
entanto. Não temos pressa.
Do lado de fora da sala com paredes de janela em que estávamos, o sol
estava se pondo, e eu sabia que os caras estariam terminando na casa de
paintball agora mesmo. Eu me perguntei como estava indo com eles, mas não
queria interferir muito.
Eu tinha visto Brett esta manhã em sua prova de terno e minha prova de
vestido. Tivemos um grande e gorduroso brunch juntos para alinhar seu
estômago depois, e estoquei itens especiais para o dia que me certifiquei de que
Paxton se lembrasse de carregar no refrigerador da limusine.
Meus dedos coçaram para checá-lo novamente, mas não fiz. Sempre que
eu mandava uma mensagem para ele, ele voltava com uma resposta que
conseguia me irritar de uma forma ou de outra. Eu mal podia esperar para
acabar com o trabalho conjunto, mas, ao mesmo tempo, não tinha superado a
dor que senti na outra noite após a briga.
Eu não sabia se superaria isso. Minhas emoções eram uma bagunça que
nem eu sabia como me sentia em determinado momento.
Um prato de queijo e frutas passou, mas eu balancei minha cabeça. — Eu
estou bem, obrigada.
— O que foi? — Tasha perguntou, sentando-se ereta agora com um
pequeno prato equilibrado na lateral da banheira. — Você adora pratos de
queijo. Desembuche, garota. O que está acontecendo?
— Não é nada. — Suspirei suavemente e consegui abrir um sorriso para
ela. — Foram apenas algumas semanas muito longas.
Um brilho de conhecimento entrou em seus olhos quando ela acenou com
a mão ao redor da sala. — Eu posso imaginar. Você fez um ótimo trabalho com
isso, no entanto. Tem sido um dia perfeito até agora. Como estão os pés de Brett?
— Eles estão bem quentinhos. — Eu ri, pegando um pedaço de queijo de
seu prato e a ignorando quando ela revirou os olhos para mim. — O que? Eu
mudei de ideia.
— Uh-huh. — Ela moveu o prato para que ficasse entre nós, então me deu
um olhar de soslaio. — Você estava com uma expressão muito distante no rosto
quando ela apareceu com aquele prato. Teve alguma coisa a ver com ter que
trabalhar com um certo ex nas últimas semanas?
Eu gemi. — Podemos não falar sobre Aquele que Não Deve Ser
Nomeado? Já foi ruim o suficiente ter que falar com ele quase todos os dias. Eu
realmente não quero falar sobre ele também.
— Você pode não querer, mas parece que é só você. — Ela inclinou a
cabeça em direção ao grupo de garotas sentadas em torno de Tierra, do outro
lado da banheira de hidromassagem, e bateu um dedo em sua orelha.
Eu na maioria das vezes desliguei todas as conversas ao meu redor hoje
enquanto me concentrava em fazer o que precisava ser feito, mas eu as
concentrei agora.
— Seu irmão vai estar lá esta noite? — uma das garotas que eu realmente
não conhecia perguntou. — Por favor diga sim.
— Claro que estará! — Tierra respondeu com uma nota de provocação em
sua voz. — Ele é meu irmão e meu homem de honra. Se não estiver lá, ele vai
acordar amanhã de manhã faltando algumas partes que eu sei que ele gosta
muito.
As meninas riram, mas meu peito apertou. Elas continuaram falando
sobre ele até a hora de deixar o spa, e então, quando chegamos ao restaurante
boutique que tínhamos alugado para a noite, começou de novo.
Havia uma grande variedade de aperitivos para o jantar e o champanhe
estava fluindo, mas as mesmas garotas de antes não pareciam interessadas em
nada além de Paxton. — Ele está saindo com alguém no momento?
A garota que perguntou tinha feito faculdade com Tierra, e eu sabia que
ela provavelmente passava mais tempo com ele do que o resto. Exceto talvez por
Tasha, mas ela grudou ao meu lado como cola e não desgrudou mais.
A maneira como sua cabeça estava inclinada me disse que ela estava
ouvindo também, e ela me lançou um olhar antes de revirar os olhos
exageradamente.
Tierra olhou para mim por algum motivo, mas por qualquer que seja a
expressão em meu rosto, ela balançou a cabeça e se concentrou em sua amiga
novamente. — Não. Não acho que ele esteja envolvido no momento.
Houve vários gritos de empolgação, o que me fez beber toda a taça de
champanhe na minha frente. A primeira garota que perguntou deslizou para
frente em sua cadeira, seus olhos brilhando nos de Tierra.
— Então, ele definitivamente vai estar lá, e ele está definitivamente
solteiro? — Ela perguntou antes de piscar os cílios e tocar a mão no peito. —
Você sabe, eu posso finalmente dar uma olhada nele esta noite.
Outra garota quase se dobrou de tanto rir. — Finalmente? Você corre para
ele toda vez que o vê, mas ele continua dando foras em você. Que tal você se
afastar esta noite e deixar uma de nós mostrar como deve ser feito?
— Nah, eu não acho que vou. — Ela disse rispidamente. Tierra riu antes
de levantar as mãos.
— Meninas, meninas. — Disse ela. — Vamos deixar meu irmão inteiro,
ok? Eu ainda preciso que ele fique comigo no próximo fim de semana, e isso não
será possível se vocês rasgarem membro por membro enquanto lutam por ele.
— Confie em mim, não pretendo rasgá-lo membro por membro. — A
primeira garota piscou. — Apenas dando a ele um treino adequado algumas
vezes seguidas.
Quando a mesa caiu na gargalhada, tive que me obrigar a ficar
parada. Tudo que eu queria fazer era pular e fugir de ouvir outras mulheres
falando sobre ele assim. Eu estava acostumada com isso uma vez, mas se o
ciúme e a possessividade me queimando de dentro para fora eram qualquer
indicação, eu definitivamente não estava mais acostumada.
Pensando bem, eu não queria apenas fugir delas. Queria correr para ele e
usar meu corpo como um escudo para protegê-lo desses abutres. Tendo todas
elas penduradas nele a noite toda seria uma merda.
A amargura vil que trouxe esses pensamentos rastejou sobre mim,
aparentemente do nada. Fiquei ressentida imediatamente, mas não consegui
mudar a maneira como me sentia.
Era uma loucura, realmente.
Por um lado, eu queria gritar com ele em um estacionamento e virar as
costas para ele, mas, por outro lado, eu não queria que ele ficasse com mais
ninguém. Foi terrivelmente injusto e infantil da minha parte, e eu sabia disso,
mas era o que sentia mesmo assim.
Eu estou uma bagunça.
Tasha parecia sentir minha necessidade de comida reconfortante. Ela
empilhou um prato de cada um dos melhores aperitivos e o empurrou para mim.
— Para distrair você, coma. Do jeito que você está consumindo aquele
champanhe, você vai precisar dele.
O que eu precisava era endireitar minha cabeça, possivelmente limpar o
ar com Brett, e deixar Paxton atrás de mim para sempre, mas eu supus que
alguns dos aperitivos decadentes eram um lugar tão bom quanto qualquer outro
para começar.
Eu dei a ela um sorriso agradecido enquanto espetava um garfo em um
cubo de camembert frito embrulhado em bacon. — Obrigada. Você tem razão. As
bolhas já estão subindo para minha cabeça.
Ela riu. — Não são as bolhas subindo para sua cabeça. É no álcool que
você está tentando afogar seus pensamentos sobre ele.
Dei de ombros. — Bobagem. Vamos encerrar esse tópico por
enquanto. Como você está? Você terminou a escola de enfermagem, certo?
Ela acenou com a cabeça, um largo sorriso assumindo seu rosto. —
Certo. Vou deixar você me usar para te distrair de todas aquelas garotas
babando na bunda firme do seu ex. Terminei e adorei. Está me tratando muito
melhor do que o mundo das finanças jamais fez. Estou tão feliz por ter feito a
mudança quando o fiz.
Trocamos algumas histórias sobre pessoas no hospital que ambas
conhecíamos, e ela conseguiu evitar que eu ouvisse mais da conversa sobre
Paxton. Um alarme no meu telefone me lembrou de mandar uma mensagem para
ele um pouco mais tarde. Era hora de continuar com o único jogo que jogaríamos
a noite toda. Quando li sobre isso, o artigo disse que servia como um excelente
e contínuo quebra-gelo.
Houve alguns outros jogos no spa e alguns logo depois de chegarmos aqui,
mas Paxton e eu decidimos não fazer os jogos muito bregas, muito extravagantes
ou muito perigosos. Levamos algum tempo para escolher um que fosse discreto
e pudesse ser jogado durante uma noite inteira, mas o nome dele era lamentável.
Tasha leu sua resposta ao meu texto por cima do meu ombro. Quase cuspi
champanhe na mesa depois de ler, mas ela começou a rir. — Você tem que dar
crédito a ele, ele tem a habilidade de fazer uma piada suja de qualquer coisa.
— Não é como se fosse difícil fazer uma piada suja disso, no
entanto. Prevejo que vamos ouvir algumas das meninas quando eu explicar o
jogo para elas em um minuto.
Tasha deu de ombros, concordando, e nós duas estávamos certas. Depois
que os drinques e o jantar chegaram mais tarde na noite, fomos para a boate. Era
como um sonho febril intenso aqui. Quase assim que entramos, fomos engolidos
por música alta e luzes piscando.
No curto tempo que levei para mandar uma mensagem para Veronica para
checar ela e April, as outras mulheres espiaram Paxton. Enquanto eu deslizava
meu telefone de volta na minha bolsa, eu o vi recostado no bar, conversando um
pouco com uma garota bonita de cabelo curto.
Tudo dentro de mim congelou ao vê-lo com outra mulher, mas então me
lembrei que tínhamos acabado. Ele poderia falar com quem quisesse.
Puxando meus ombros para trás, levantei meu queixo e marchei direto
para o outro lado dele. O barman chamou minha atenção e me inclinei sobre o
balcão antes de gritar com ele. — Vamos tomar uma rodada de doses de tequila,
por favor, e continue mandando.
Com o canto do olho, peguei Paxton sorrindo e balançando a cabeça para
mim, mas eu o ignorei. Se ele ia se divertir com outras pessoas esta noite, então
eu também iria. Dane-se ele.
Esta era a despedida de solteiro do meu melhor amigo. Eu esperei por doze
anos e estava determinada a aproveitar, especialmente agora que estávamos
todos juntos. Era uma grande noite para Brett, e assim que o barman colocou a
bandeja cheia de doses na minha frente, eu a peguei e fui em busca do único
homem por quem eu estava realmente aqui.
Brett.
E depois de passar algum tempo com ele, veria se conseguia encontrar um
parceiro de dança. Seria divertido sacudir um pouco a minha bunda, e a partir
desse momento, eu estava me divertindo. Paxton tinha roubado o suficiente da
alegria do casamento do meu melhor amigo para longe de mim. Eu não o deixaria
roubar o resto da noite também.
CAPÍTULO 31
PAXTON

As pessoas pularam para cima e para baixo na pista de dança, agitando


os braços no ar e gritando junto com a música. O DJ que havíamos contratado
para a noite estava lendo a multidão como um livro aberto, e ele manteve os
sucessos chegando.
Depois de colocar minha agitação de volta na limusine e me livrar de
alguns dos sentimentos reprimidos na Festa Esmagadora eu consegui tirar a voz
de Colette da minha cabeça. Na verdade, eu estava me divertindo de novo.
Mais do que me divertir, realmente. Fazia muito tempo que eu não
festejava com minha irmã, e vê-la tão feliz fez todo o resto ficar para trás. Muitos
dos garotos e garotas com quem saímos esta noite eram pessoas que eu conhecia
há muito tempo, e eu estava me divertindo muito com todos eles.
Mesmo tendo Colette aqui de alguma forma adicionava ao efeito geral. Eu
pensei que sua presença iria me derrubar, mas não o fez. Independentemente
de como ela se sentia por mim, me fez sentir melhor ser capaz de ficar de olho
nela.
Ela não tinha falado comigo, mas isso também significava que ela não
tinha gritado comigo. Surpreendentemente, até parecia ter puxado o pau da
bunda novamente. Parecia que estava se divertindo muito.
Pode ter sido as várias doses de tequila que eu a vi engolir, mas a garota
tensa que eu tinha visto em algumas ocasiões agora não estava em lugar
nenhum esta noite. Ela era parte de Brett e um grupo de seus outros amigos que
não tinham deixado a pista de dança em pelo menos uma hora.
Ao menos um dos festeiros se lembrava do jogo toda vez que a música
mudava e alguém sempre gritava o nome ou o nome da banda. Todos
participavam e pegavam suas bebidas sempre que eram indicados. Foi quando
eu estava virando minha cerveja para tomar minha próxima bebida que meu
olhar pousou em Colette novamente.
A maneira como seus quadris estavam balançando estava chamando a
atenção de vários homens em sua vizinhança, e assim que os notei olhando para
ela, senti aquele interruptor possessivo girando em meu cérebro. Eu sabia que
não iria acabar bem se eu fosse até lá e a reivindicasse como minha quando ela
não era, mas eu também não poderia simplesmente deixar isso em paz.
Ela estava muito linda esta noite. Eu não os culpei por desejá-
la. Especialmente porque com as mãos no ar, os olhos fechados e a cabeça
ligeiramente inclinada para trás, a camisa que ela vestia tinha subido um pouco,
expondo uma pequena amostra de pele em seus quadris de vez em quando
enquanto ela se movia.
Sua saia era mais curta do que as que normalmente usava, mas isso
acentuava as curvas de sua bunda e coxas. Depois de seu dia de mimos, sua
pele estava brilhando, mas não oleosa, e seu cabelo solto roçava suas costas
quando sua cabeça estava inclinada para trás do jeito que estava.
Eu duvidava que ela percebesse o quão sexy parecia, mas eu também
duvidava que eu fosse o único ostentando uma semi ereção só de observá-la.
E tudo bem, imaginando ela se movendo assim em cima de mim.
Não ajudou que eu não estivesse apenas imaginando. Eu também estava
me lembrando disso, porque eu provavelmente era o único idiota nesta sala com
sorte o suficiente para realmente ter experimentado. O pensamento trouxe um
sorriso aos meus lábios e, com isso em mente, fui até o bar para pegar água para
ela.
Seus olhos ainda estavam fechados quando me movi atrás dela. Eu lancei
olhares para cada idiota que era estúpido o suficiente para continuar olhando
maliciosamente para ela enquanto eu estava lá. Quando ela sentiu minha frente
tocando suas costas e minha mão pousando levemente em seu quadril, seus
olhos se arregalaram.
Ela se virou para me encarar, mas não afastou minha mão
imediatamente. Nossos olhares se encontraram, e meu corpo começou a se
mover com o dela por conta própria. Assim que isso aconteceu, ela deu um passo
para trás e quebrou a conexão entre nós.
— Eu pensei ter dito para você ficar longe de mim. — Ela disse, mas não
havia um tom de raiva real em sua voz. Ela também manteve baixo o suficiente
para que Brett não pudesse ouvi-la. Oh sim. Eu esqueci por um segundo que
estávamos fingindo que estava tudo bem entre nós.
Sorrindo para ela enquanto segurava a garrafa de água, movi minha
cabeça para baixo para que ela pudesse ouvir minha resposta alta e clara sobre
o baixo forte da música. — Você precisa se hidratar.
— Você não pode me dizer o que eu preciso. — Ela respondeu, mas
novamente, faltou qualquer tipo de veemência em seu tom.
— Não tente recusar água só porque você ainda está chateada comigo. —
Eu disse, tão perto que meus lábios roçaram seu cabelo enquanto eu falava. —
Você esteve o dia todo com as meninas, assim como eu estive com os
meninos. Deve haver mais álcool do que sangue em seu sistema agora.
Ela resistiu novamente, olhando para a água como se tivesse feito algo
para ofendê-la antes de levantar seu olhar de volta para o meu. Havia tantas
emoções cintilando atrás de seus olhos que eu não pude começar a ler todas,
mas eu vi sua resolução começando a desmoronar.
— Pegue a água, Colette. — Eu disse o mais gentilmente que pude,
enquanto ainda me certificava de que ela pudesse me ouvir acima da música. —
Ainda temos responsabilidades, lembra? Somos o homem de honra e a chefe dos
cavaleiros. Precisamos ter certeza de que esta é um boa noite para eles, não para
nós. Não há como fazermos isso por eles se estivermos bêbados.
Eu vi seu peito subir e descer com um suspiro pesado quando ela percebeu
que eu estava certo, e então pegou a água. — Obrigada. Você precisa de ajuda
com alguma coisa agora?
— Não. Acabei de verificar com o barman. Eles estão trazendo o lanche da
meia-noite por volta das onze. Vamos ter um pouco do licor no estômago de todos
absorvidos antes de termos que voltar para as limusines.
— OK. — Ela acenou com a cabeça e até me deu um pequeno sorriso. —
Apenas me diga se precisar da minha ajuda com qualquer coisa.
Parecia que ela queria dizer algo mais, mas foi interrompida quando fui
cercado por um bando de mulheres que apareceu de repente. Ou, pelo menos,
parecia que elas tinham aparecido de repente para mim, mas eu estava tão
focado em Colette que poderia ter perdido o maldito apocalipse.
Eu conhecia as garotas ao meu redor há muito tempo, desde que eram
amigas da minha irmã, mas o rosto de Colette caiu quando sorri para a mais
próxima de mim. Não conseguia lembrar o nome dela e não sabia por que Colette
se virou abruptamente e voltou dançando para Brett. Nós tínhamos nos
separado dele de alguma forma, mas permiti que as meninas me puxassem para
longe em vez de ir atrás dela. Que seja. Ela quer que eu a deixe em paz, certo?
— Estou tão feliz que você finalmente se juntou a nós na pista de dança.
— Uma das garotas gritou em meu ouvido, e eu estremeci.
E é por isso que sempre saio quando essas aparecem. Elas são tão
escandalosas. Mas quando Tierra veio se juntar ao círculo que elas formaram ao
meu redor, decidi não encontrar uma maneira de me esquivar daquela que
gritava ou mesmo daquela que sempre parecia ficar um pouco tátil quando bebia
alguns drinques.
Esta noite era para garantir que minha irmã se divertisse, então engoli
meu orgulho e até deixei Handsy me apalpar enquanto ela me usava como um
poste de dança. Parando, fiz algumas danças idiotas com Tierra que deixaram
as garotas ao meu redor em pontos quando Handsy recuou novamente. Até fingi
andar na passarela quando uma música sobre isso começou.
Houve gritos e aplausos, e levei meus dedos ao rosto enquanto mantinha
minhas feições sérias. Eu realmente não fazia desfiles e shows, mas me divertia
fingindo que exibia minhas coisas. Tierra rindo enquanto assistia era bom o
suficiente para mim, então eu mantive as palhaçadas e me concentrei em fazer
minha irmã rir.
Funcionou por um longo tempo, e então Brett passou os braços em volta
de Tierra por trás e arrastou-a para dançar com eles. Colette ainda estava lá com
seu grupo. Ela também ainda estava rindo e dançando. Eu realmente tentei não
ficar olhando para ela, mas ainda me vi olhando em sua direção com mais
frequência do que gostaria de admitir.
Pelo menos ela nunca pareceu dançar com um cara por mais de uma única
música antes de se libertar e voltar para nossos amigos. Ela e Brett também
brincaram com uma ou duas canções de sua infância, e foi a vez deles fazerem
Tierra estremecer de tanto rir.
A primeira vez que a peguei olhando para mim quando olhei para ela,
Handsy estava de volta. Jurei que parecia que Colette ia vomitar quando viu os
dedos de Handsy enquanto eles se moviam para cima e para baixo em meus
braços. Mal tendo percebido ela me tocando antes, fiz me arqueei um pouco para
dançar ao redor dela, a fim de mostrar a Colette que não a queria perto de mim,
mas quando olhei de novo, ela estava firmemente focada em Brett mais uma vez.
Que porra foi essa?
Mais algumas vezes durante a noite, conversamos por não mais do que
um ou dois minutos. Quando os salgadinhos saíram, houve quase uma correria
para os sliders 2 , fatias de pizza, palitos de mussarela e pilhas de batatas
fritas. Eu peguei seu olhar e pisquei, e ela realmente riu um pouco antes de se
virar novamente.
Fizemos uma aposta quando decidimos organizar os lanches sobre quem
encheria a mesa mais rápido, os homens ou as mulheres. Nesse ponto, eu não
sabia qual de nós havia ganhado aquela aposta, mas era justo dizer que
tínhamos feito uma boa aposta para fornecer mais comida, embora houvesse
algo disponível para comer o dia todo.
Decidindo graciosamente que assumiria a perda, pedi o Cha Cha Slide3 do
DJ, como eram os termos da aposta, e arqueei uma sobrancelha para ela quando
tomei meu lugar no centro da pista de dança.
Isso puxou outra risada dela, e ela balançou a cabeça quando o bando de
garotas de antes se juntou a mim quando os primeiros compassos da música
começaram a tocar. Eu não as deixei me incomodar, porém, mantendo meu
olhar em Colette até que ela desapareceu conforme mais e mais pessoas se
juntaram à dança.
Estava se aproximando da hora que combinamos para que as limusines
nos pegassem novamente quando nossos olhos se encontraram do outro lado da
pista de dança. Ela estava segurando Brett, que parecia estar tendo problemas
para se manter de pé, mas ela cortou tudo o que estava dizendo quando seu
olhar pousou no meu.

2 Slider é uma receita de burger americana, é a perfeita combinação feita com apenas quatro
ingredientes.
3 https://www.youtube.com/watch?v=wZv62ShoStY
Havia algo tão melancólico em seu rosto que doía só de olhar para ela, mas
eu também não conseguia desviar os olhos. Havia saudade na maneira como ela
olhava para mim também. Se ela realmente não quisesse nada comigo, me
olharia assim?
Eu não tinha certeza, mas definitivamente não achava.

CAPÍTULO 32
COLETTE
— Tiro meu chapéu, foi uma festa épica. — Tierra deu uma risadinha
quando caiu contra o lado de Brett na parte de trás da limusine. Seus olhos
vidrados encontraram os meus e então se moveram para os de Paxton. —
Obrigada, pessoal. Foi incrível.
— De nada. — Eu disse e senti Paxton balançando a cabeça ao meu lado.
Era fim da noite e as limusines estavam levando todos de volta para a casa
de Tierra e Brett, que estava servindo de marco zero para a festa. Os táxis nos
encontrariam lá para buscar as pessoas, embora alguns tivessem optado por ir
direto para casa do clube, e alguns outros decidiram ficar por mais algum tempo.
Nós nos espalhamos na parte de trás da limusine em que estávamos, e eu
passei as águas para qualquer um que levantasse a mão para pegar. Ainda havia
alguma conversa, mas a maioria de nós estava quieta e exausta depois de um
dia infernal.
Acabou sendo uma festa incrível, assim como Tierra havia dito cerca de
vinte vezes até agora. Claro, houve partes ruins, como ter que ouvir aquelas
garotas falando sobre Paxton e pior, ter que vê-lo dançar com elas mais tarde,
mas ele não mordeu a isca que elas estavam lançando.
Para minha surpresa total, ele não havia tocado em nenhuma delas. Ele
riu, dançou e se divertiu, até mesmo as deixou tocá-lo, mas pelo que eu vi, ele
nem tinha realmente olhado para elas. A maneira como ele reagiu por ser o
centro da atenção de tantas garotas parecia mais quando estávamos namorando
do que quando ele era solteiro.
Eu realmente pensei que veria coisas esta noite que me faria querer
arrancar meus próprios olhos, mas honestamente não tinha visto. Na verdade,
a única garota que eu realmente o peguei olhando foi eu.
Meus pensamentos foram interrompidos quando paramos na frente da
casa de Brett, os táxis que tínhamos arranjado já estavam esperando. Tierra e
Brett estavam um pouco embriagados quando a limusine parou. Paxton e eu os
ajudamos antes de apoiá-los enquanto acenavam para seus amigos.
Muito em breve, o último dos táxis partiu e tentamos levar os noivos para
dentro. Nenhum deles bebia muito regularmente, e era hilário vê-los tentando ir
para a cama.
— Brett, querido. — Sussurrou Tierra enquanto tentava colocar a chave
na fechadura. Não achei que ela se lembrasse de que estávamos com eles. — Eu
não acho que esta é a nossa casa. Nossa chave não quer funcionar.
Ele olhou para cima, franzindo a testa antes de balançar a cabeça. — É
definitivamente nossa casa. Talvez você tenha as chaves erradas.
A seguir, as chaves do carro saíram de sua bolsa e ela tentou encaixá-las
nas ripas da campainha. — Não, há algo muito suspeito acontecendo aqui.
— Deixe-me tentar. — Brett disse, balançando quando estendeu suas
mãos. — Você acha que eles mudaram a fechadura como uma brincadeira?
Ambos estavam resmungando, mas ainda era fácil de entender o que
diziam. Paxton e eu ficamos atrás deles, separados, mas perto o suficiente para
que eu pudesse senti-lo vibrar de tanto rir ao meu lado.
Eu olhei para ele, silenciosamente perguntando o que queria
fazer. Embora já fizesse muito tempo que não tínhamos uma conversa assim,
parecia que ele ainda conseguia me ler.
Bastou um pequeno encolher de ombros e um aceno de cabeça para que
eu soubesse o que ele queria. Depende de você, mas talvez dê mais um minuto.
Enquanto isso, eles estavam com as cabeças inclinadas juntas, e a mão de
Brett estava sobre a de Tierra enquanto eles tentavam guiar a chave para a
fechadura juntos. Paxton deu uma risadinha enquanto os observava e deu um
passo à frente.
— Aqui, deixe-me tentar ajudá-los. — Ele disse suavemente.
Tierra piscou como se estivesse surpresa em vê-lo, jogando os braços ao
redor de seu pescoço no segundo seguinte para agradecê-lo novamente. — Foi
uma festa perfeita. Você é o melhor, Pax. Mesmo.
— Sim, eu sei. — Ele sorriu enquanto gentilmente arrancava as chaves de
suas mãos e destrancava a porta para eles.
Brett sorriu para ele. — Você tem algumas habilidades. Eu estava
começando a me perguntar se estávamos na casa certa.
Tierra entrou atrás dele. — Eu sei, certo? Isso é exatamente o que eu
pensei. É como se compartilhássemos o mesmo cérebro às vezes, baby.
Ele colocou o braço em volta dos ombros dela e, juntos, cambalearam e
tropeçaram até o quarto. Paxton e eu ficamos logo atrás, com os braços abertos
para pegar qualquer um que parecesse cair.
Sorrindo triunfantemente quando fizeram o seu caminho para a cama, eles
mal esperaram que eu tirasse a coberta antes de ambos desabarem nela. Brett
rolou para o lado para puxar Tierra mais perto, resmungando para ela mesmo
quando seus olhos começaram a fechar.
— Eu não me importo se você tiver hálito matinal amanhã, baby. Não tente
escovar os dentes, ok? Eu não posso te ajudar, e eu não quero que você se
machuque.
— Eu posso ajudar. — Paxton ofereceu, mas sua irmã acenou para ele e
trouxe seu olhar desfocado para o meu. — Lencinho para maquiagem?
— Eu ajudo você. — Eu disse, ligando o interruptor em seu banheiro para
pegar os lenços para ela. Eles estavam à direita no balcão, então eu não tive que
cavar. Eu peguei alguns e a ajudei a se limpar.
Brett desmaiou no minuto ou assim que levou, mas a voz de Tierra soou
na escuridão depois que desligamos as luzes principais. — Vocês são mais do
que bem-vindos para ficar aqui esta noite. Se quiser, pode ficar com nosso quarto
de hóspedes. O mínimo que podemos fazer depois de tudo hoje é oferecer um
lugar para dormirem.
Antes que qualquer um de nós pudesse responder, os futuros recém-
casados estavam ambos dormindo. Paxton deu à irmã um sorriso suave e doce
antes de fechar a porta atrás de nós. Ele se virou para mim uma vez que
estávamos no corredor.
— O que você acha? Devemos aceitar a oferta deles ou sair?
Eu o encarei. Ele parecia tão lindo esta noite em sua calça cinza e camisa
preta de botão. A combinação preto e cinza sempre funcionou tão bem com sua
coloração. Cinza acentuava aqueles olhos, e o preto combinava com seu cabelo
e pele eternamente bronzeada. Eu vagamente me perguntei se ele juntou aqueles
dois porque eu pedi a ele para usar aquelas cores no baile, mas então descartei
o pensamento.
Por mais lindo que parecesse, eu sabia que deveria ter dito que ele poderia
decidir o que queria fazer, mas que eu iria para casa. Se nós dois ficássemos
aqui, eu não estaria fazendo um bom trabalho em ficar longe dele.
Mas April não estava aqui. Eu estava honestamente derrotada depois do
dia que tivemos. Já passava da meia-noite e não havia mais nenhum táxi lá fora,
mesmo quando entramos. Se eu tivesse que chamar um para vir aqui agora...
— Vou ficar. — Decidi em voz alta. — Eu cuidarei deles se você quiser ir
embora, mas não estou com vontade de ir para casa.
Seus olhos azuis dançaram nas arandelas escurecidas do corredor. Ele
estendeu a mão para afrouxar os primeiros botões de sua camisa e expirou como
se estivesse aliviado.
— O mesmo aqui. — Disse ele, gesticulando para que eu o precedesse em
direção à cozinha. — Mas se nós dois ficarmos, podemos pedir um cessar-fogo
apenas por esta noite? Não tenho energia para lutar com você.
O alívio encheu cada partícula do meu corpo quando concordei. — Cessar-
fogo.
Eu o ouvi cantarolar um pequeno som de satisfação antes de mudar de
marcha. De repente, ele parecia tão amigável que era como se nunca tivéssemos
tido aquela briga. — Você conseguiu comer algum desses lanches antes de
desaparecerem?
— Não — Eu admiti. — Todos eles já tinham ido embora quando terminei
de rir de você e acertar nossa conta final da comida com o gerente. Você?
— Nah. Estava muito ocupado perdendo nossa aposta. O 'Cha Cha Slide'
foi realmente divertido. Eu não faço isso há anos. A comida entrou dentro do
orçamento que demos a ele?
Eu balancei a cabeça enquanto estendia a mão para a luz da cozinha e
virei o interruptor para ligá-la. — Eles se saíram muito bem com o
orçamento. Acabamos recebendo mais batatas fritas e mais fatias de pizza do
que pensávamos. O gerente até mesmo cobriu uma parte do orçamento de
alimentação do bar compartilhado.
— Impressionante. — Disse ele, indo direto para a geladeira quando
entramos na cozinha de tamanho modesto. Virando-se para me olhar por cima
do ombro, ele abriu a porta. — Quer atacar a geladeira? Eu não sei sobre você,
mas estou morrendo de fome.
— Meu estômago está vazio. — Eu concordei. — Vou verificar os armários
se você pegar a geladeira. Ela disse que eles nos deviam.
Ele riu, o som baixo e estrondoso. — Eu até dei a ela o único sanduiche
que consegui colocar em minhas mãos. Eu roubei de Ben, mas ofereci a ela
quando ela olhou.
— É um grande irmão e homem de honra. — Eu disse. — Mas posso fazer
melhor para você. Consegui fazer com que a cozinha trouxesse fatias extras de
pizza para Brett.
Entre tirar as coisas da geladeira e colocá-las na mesa, ele se curvou em
uma pequena reverência boba e acenou com as mãos para cima e para baixo na
frente dele. — Você é uma rainha. Não sei o que você faz com o pessoal da
cozinha, mas eles sempre parecem fazer milagres se você pedir.
— Se você está falando sobre o bufê do Baile da Primavera naquele ano,
tudo o que eu tive que fazer foi prometer dar a ela o seu número para a filha
dela.
Ele arregalou os olhos para mim, o azul aceso com humor. — Você não
faria. Sério? Você fez?
— Eu fiz. — Eu sorri antes de deixar escapar uma risadinha suave. — Você
disse para fazer o que fosse necessário para conseguir mais daquele bolo,
lembra? Eu consegui mais do bolo para você.
Sua cabeça balançou de um lado para o outro, então ele encolheu os
ombros. — Se minha memória daquele bolo está correta, valeu muito a
pena. Não era o Baile da Primavera que eu estava pensando de qualquer
maneira. Era o décimo oitavo aniversário de Ashley.
Sentamos juntos no chão da cozinha com bolachas, queijo, alguns frios,
batatas fritas, passas e água à nossa frente. Eu ri com a lembrança daquela festa
de aniversário. — Há algo que eu tenho que te dizer.
Ele puxou a cabeça para trás, uma carranca semisséria se formando em
sua testa e seu olhar fixo no meu. — O que?
— Aniversário de dezoito anos da Ashley? Foi Brett quem nos trouxe
aqueles hambúrgueres extras. Eu não. — Eu escondi meu rosto em minhas
mãos como se estivesse com vergonha, mas também estava rindo.
— Você não pode estar falando sério. — Ele gemeu. — Eu realmente não
perdi nossa aposta? Eu pulei na piscina de boxers, nada menos que no meio do
inverno, e eu nem era o perdedor?
Eu dei de ombros, ainda rindo baixinho enquanto espiava por entre meus
dedos quando assenti. — Eu não queria ser sua escrava por um dia se perdesse,
então pedi a ele para me ajudar.
— Trapaceira. — Disse ele, mas também estava rindo agora. — Além disso,
se você soubesse os planos que eu tinha para você naquele dia, você gostaria de
perder.
— Você disse que me faria lavar sua banheira. — Eu fiz uma careta. — Eu
vi como era sua banheira era naquela época. Não, obrigada.
— E se eu dissesse que ia fazer você lavar a banheira comigo dentro? —
Ele balançou as sobrancelhas para mim. — Isso teria mudado sua mente?
Eu coloquei meus dedos em meus lábios enquanto fingia pensar sobre
isso, então balancei minha cabeça.
— Não. Eu não faria todas as suas tarefas para você novamente. Uma vez
foi o suficiente para mim.
— Ei, eu fiz todas as suas tarefas uma tonelada de vezes. — Ele protestou,
um sorriso puxando os cantos de seus lábios enquanto ele inclinava a cabeça
para trás contra um armário. — Você quer saber a verdade?
— Claro. — Respondi, colocando algumas passas na boca. — Espere, sobre
o quê?
— Sobre porque eu costumava me oferecer para ajudá-la o tempo todo. —
Seu perfil estava relaxado, o sorriso ainda em seu rosto quando ele virou a
cabeça em minha direção. — Era porque, mesmo quando fazíamos tarefas
juntos, eu sempre queria ficar perto de você por mais alguns minutos.
— Mas você começou quando tínhamos quatorze anos. — Eu disse, e
minhas sobrancelhas saltaram quando ele acenou com a cabeça. — Desde
então?
— Desde então. — Ainda havia um sorriso provocador em seu rosto, mas
havia uma verdade em seus olhos que eu não podia negar.
Relembrar assim não era uma boa ideia, mas as coisas com ele ainda
pareciam tão fáceis quando éramos apenas nós dois. Como se nada tivesse
mudado entre nós.
Meu cérebro ainda estava confuso por causa do álcool, mas estava tonta
na melhor das hipóteses agora. Estava pensando com clareza.
Se ainda era possível que as coisas fossem tão fáceis entre nós, então
por que elas mudaram? Como tudo desmoronou tão completamente quando
tantos anos depois, ele ainda era a única pessoa além de Brett com quem eu
poderia ser eu mesma?
Sem pensar em nada, a pergunta escapou de meus lábios antes que eu
pudesse entendê-la. — Ei, Pax? Por que foi tão fácil para você simplesmente me
deixar?
Foi apenas no silêncio atordoado que se seguiu que me lembrei de que
havíamos chamado um cessar-fogo, mas também não estava procurando
começar uma briga com a minha pergunta. Eu realmente queria saber como ele
foi capaz de ir embora.
Porque eu nunca iria.
Disso eu estava absolutamente, cem por cento certa.

CAPÍTULO 33
PAXTON

Sua pergunta me pegou de surpresa, e não apenas porque eu pensei que


tínhamos chamado um cessar-fogo. Por outro lado, não havia fogo em seus olhos
quando eles encontraram os meus e nenhuma raiva em sua voz quando ela
perguntou isso.
A julgar pela forma como suas narinas dilataram e ela arrastou o lábio
superior entre os dentes, não achei que pretendesse perguntar em voz alta. Mas
estava lá fora agora. De tudo o que ela já acreditou sobre mim, eu não conseguia
acreditar que ela realmente pensava que tinha sido fácil para mim ir embora.
— Não foi fácil para mim. — Eu disse, sacudindo minha cabeça quando
pensei naquela época de nossas vidas. — É realmente isso que você tem pensado
todo esse tempo? Que não foi difícil para mim, mas tão fácil?
A surpresa cintilou em seus olhos, mas ela assentiu. — Bem, sim. Você foi
embora e nunca mais olhou para trás, então sim. Parecia que era muito fácil
para você.
Eu rio, mas não havia humor no som. Era tudo descrença.
Colette parecia muito com sua jovem versão, sentada no chão da cozinha
comigo, sua expressão aberta e séria. Acendemos as luzes quando entramos,
mas estávamos parcialmente escondidos embaixo de um dos contadores, então
não estava muito claro aqui.
Assim como não havia mais nenhuma briga em mim sobre isso, de repente
parecia que ela também não tinha mais.
Na verdade, ela olhou para mim do jeito que tinha feito pela última vez
antes mesmo de eu contar a ela sobre o exército. Também não parecia que ela
estava soprando quente e frio novamente. Realmente era mais como se tivesse
acabado de... lutar.
Talvez, se eu respondesse suas perguntas honestamente, chegaríamos a
um ponto em que ela faria o mesmo por mim. Eu não tinha esperado tanto tempo
por respostas, mas realmente queria saber o que aconteceu entre a noite em que
nos beijamos e a noite no estacionamento.
Eu tinha muito mais a responder do que ela, então achei que fosse justo
que eu começasse. Segurando seu olhar, estendi a mão para tocar a dela. Nossos
dedinhos se enrolaram quase que instintivamente, e eu a apertei do jeito que
costumava fazer sob tantas mesas quando estávamos oferecendo um ao outro
apenas um pouco de apoio.
— Não foi nada fácil para mim. — Repeti. — Você está certa de que pode
ter parecido que foi, mas realmente não foi. Provavelmente foi uma das coisas
mais difíceis que já tive que fazer.
— Por que você fez isso, então? — Ela perguntou baixinho. — De verdade
desta vez. Por que você foi embora?
Hesitei por um longo tempo, mas esta era a resposta que ela sempre
mereceu. Mesmo naquela época, era o que eu deveria ter dado a ela. A verdade.
Meu orgulho ficou entre ela e essa verdade por muito tempo. — Eu fui
embora porque minha vida estava em ruínas. A única parte perfeita era que eu
tinha você.
Ela estremeceu, mas eu segurei sua mão e continuei. Com sorte, veria que
era isso que ela estava me pedindo por tanto tempo.
— Pense nisso. — Eu disse. — Tudo fará sentido para você se realmente
pensar sobre isso. Você conhece todas as diferentes partes da história. Só nunca
as coloquei juntas para você antes porque estava envergonhado. Você sempre foi
tão motivada e determinada, mas eu...
Eu respirei fundo. — Minhas notas eram muito ruins no último ano. Você
sabia que elas eram ruins, mas eu nunca disse a você o quão ruins tinham
ficado. Vamos apenas dizer que ir para a faculdade juntos deixou de ser uma
opção real para mim. Eu não teria sido aceito em qualquer lugar que você
quisesse, mesmo se eu tivesse me inscrito.
Sua sobrancelha franziu, mas ela não me interrompeu. — A situação em
nossa casa não era a ideal. Eu amava meus pais, obviamente, mas meu pai
sempre quis um filho melhor do que o que ele teve. Quando as rejeições de todas
as diferentes faculdades começaram a chegar, as coisas entre nós pioraram
ainda mais.
— Você costumava dizer que vocês brigavam o tempo todo. — Ela respirou,
seus olhos se movendo de um para o outro. — Por que você não me disse que
não tinha entrado, ou que era por isso que suas brigas com ele realmente eram?
Eu levantei meus ombros, balançando minha cabeça lentamente. — Eu
não tinha um plano de jogo. Não havia nada que eu quisesse para o meu futuro
além de você, mas também não poderia deixar você se contentar comigo. Não
quando estava sendo aceita em todos os programas em que se inscreveu, e eu
corria o risco de ser reprovado.
Quando suas sobrancelhas saltaram e ela abriu a boca para protestar,
coloquei meu dedo suavemente sobre seus lábios para silenciá-la. Ela queria
essas respostas e eu precisava dá-las.
Todas elas.
Agora mesmo.
— Eu precisava subir de nível e precisava deixar você para fazer isso, —
Confessei, removendo mais uma camada da teia de mentiras que havia contado
a todos, inclusive a mim por todos esses anos. — Olha, eu vou ser honesto. A
essa altura, eu me odiava quase tanto quanto amava você. Eu pensei que se eu
chegasse lá, tivesse aquela estrutura e alguma experiência de vida, eu poderia
acabar me tornando bom o suficiente para ser o cara com quem você se
comprometeria.
A umidade brotou de seus olhos, mas eu a enxuguei com meus polegares
sempre que transbordava. — Eu queria que você esperasse por mim, mas eu
sabia que não seria justo perguntar. Eu também acreditava sinceramente que
você conheceria alguém melhor e seguiria em frente. Nunca pensei que você
ainda acabaria me odiando por tentar melhorar a mim mesmo por tantos anos
na estrada.
Ela suspirou, fechando os olhos com força para conter o fluxo leve, mas
constante de lágrimas. — Eu não te odeio. Eu quero, porque seria muito mais
fácil ficar longe de você se eu realmente fizesse, mas eu não te odeio.
Quando ela abriu os olhos, eles estavam cheios de arrependimento quando
ela os trouxe para os meus. — Eu odeio como você me deixou. Eu odeio que você
não tenha sido honesto comigo sobre todas essas coisas, mas eu não te
odeio. Acredite em mim, eu tentei.
Foi a vez dela soltar uma risada sem humor, e então puxou os joelhos até
o peito. Mesmo que fosse realmente fácil conseguir uma visão com ela ainda com
aquela saia, o pensamento nem passou pela minha cabeça.
Ela enrolou os braços em volta dos joelhos, em seguida, descansou a
cabeça neles com o rosto voltado para o meu. — Você me fez acreditar que
simplesmente não me queria mais e que fui estúpida por ter acreditado que você
realmente queria.
Meu estômago embrulhou quando ela disse essas palavras, mas eu podia
ouvir pela agonia daquelas memórias de longa data em sua voz que ela estava
sendo tão verdadeira quanto eu. Operando sob algum comando que eu nem
sabia que tinha dado, meu corpo se aproximou do dela e envolvi meu braço ao
redor de sua forma curvada.
— Eu sinto muito, Colette. Eu sei que já disse isso antes, mas acho que é
hora de me desculpar da maneira adequada. — Eu respirei fundo
deliberadamente, usando os poucos segundos que isso me trouxe para colocar
meus limites mentais em uma linha. — Você me disse outra noite que era hora
de assumir a porra de alguma responsabilidade pelo menos uma vez na minha
vida, e você estava certa.
Eu deslizei minha mão em seu rosto, segurando sua bochecha antes de
bater um dedo embaixo de seu queixo. Eu não levantaria sua cabeça por ela,
mas eu queria que ela olhasse nos meus olhos quando eu dissesse isso. Seria
mais fácil se ela não o fizesse, mas eu não precisava me esconder. Não mereço
nenhum lugar para se esconder.
Sentando-se lentamente, ela se virou para mim com os joelhos ainda
dobrados perto do peito. Uma mecha de cabelo caiu sobre sua testa com o
movimento, e eu a afastei antes de me afastar para olhar para ela.
— Sou eu assumindo total responsabilidade pelo que aconteceu entre nós.
— Eu disse, minha voz baixa, mas segura. — Foi minha culpa. Eu deveria ter
dito a você onde minha cabeça estava. Não é uma desculpa, mas eu era muito
jovem. Eu até romantizei tudo em minha mente.
Soltei um suspiro trêmulo quando pensei sobre o quão errado eu estava
sobre essa noção em particular. — Eu precisava da estrutura e da possibilidade
de futuro que o exército poderia oferecer, mas também pensei que ser um
soldado seria legal. Definitivamente mais legal do que qualquer um dos empregos
que eu teria conseguido na época. Eu pensei que era tudo sobre ser um durão
que lutou pelo meu país. Garotas gostam de durões, sabe?
Um leve sorriso apareceu em seus lábios. — Sim, eu sei. Mas você sempre
foi fodão o suficiente para mim.
— Sim. — Eu respondi baixinho. — Eu sei, mas também sei agora de
tudo. Se quiser que eu converse com você sobre isso, eu falarei, mas não
agora. O que quero dizer agora é que eu nunca deveria ter feito você se sentir
como eu.
— Eu gostaria que pudéssemos ter tido essa conversa há dez anos, — ela
disse com um sorriso triste.
— Eu também. Deveríamos ter feito isso há dez anos, mas não posso voltar
no tempo. Tudo o que posso fazer é tentar compensar você agora e fazer tudo ao
meu alcance para ter certeza de que você sabe que a maneira como eu te fiz
sentir não foi a mesma que eu me sentia. Realmente não era como eu pretendia
fazer você se sentir também.
Ela suspirou, puxando o cabelo por cima do ombro e passando os dedos
por ele enquanto me olhava tão atentamente que parecia que estava tentando
ver meu cérebro. — Eu aprecio você me dizer agora. Definitivamente, ajuda as
coisas a fazerem sentido e pode me ajudar a aceitar de verdade o que aconteceu.
Foi um choque perceber que ela não estava naquele lugar ainda,
especialmente porque parecia ter tudo tão... junto. Mas eu não discuti. Eu não
pude. Se ela não estava lá ainda, não estava lá ainda.
— Você se importa que eu pergunte uma coisa agora? — Ela pareceu
levemente surpresa, mas quando balançou a cabeça, fiz minha pergunta. — O
que aconteceu outro dia? Quando nos beijamos, você gostou. Eu sei que gostou,
mas então, da próxima vez que nos vimos, você mal conseguia olhar para mim.
A compreensão surgiu como uma luz suave em seus olhos. — Podiamos
ser crianças quando isso aconteceu, mas ainda assim me machucou muito. Me
machucou de uma maneira que mudou o curso da minha vida a partir de
então. Quando você começou a falar sobre o passado como se tivesse acabado e
como se estivéssemos nos tornando algo de novo, isso me assustou.
Eu fiz uma careta, mas ela inalou pelo nariz e respondeu à minha pergunta
não dita. — Se fosse só por mim que eu estivesse tomando decisões, teria sido
uma coisa. Meu coração é frágil, mas posso apostar com ele. De April, no
entanto, não. Ela é minha filha e preciso protegê-la a todo custo. Mesmo contra
mim mesma e, francamente, até contra você.
Minha carranca se aprofundou. — April? Eu nunca a machucaria. Nunca.
Um sorriso triste se formou em seus lábios e as pontas dos dedos roçaram
minha bochecha. — Não intencionalmente. Eu sei disso, mas sem querer? Ela
já te adora. Se você e eu continuarmos nos aproximando e você sumir de novo,
eu não serei a única destruída.
Eu pausei. Esse não era o tipo de afirmação que eu poderia responder sem
realmente pensar sobre isso. Ela parecia entender, agarrando um saco de
batatas fritas e abrindo-o para colocar uma na boca enquanto me deixava refletir
sobre o assunto.
— Eu não sei o que o futuro reserva. — Eu disse eventualmente. — Não
posso prometer nada sobre nós, mas gostaria de tentar ser seu amigo de novo,
se isso significar que posso continuar passando um tempo com você e com
April. Não vou embora de novo, Colette. Minha vida está bem aqui, nesta cidade,
onde você também está.
— Eu sei, mas... — Ela passou as mãos pelos cabelos e soltou um suspiro
profundo. — Eu não sei se posso confiar em você para ficar por perto para nós
quando você não o fez antes. Eu sabia que algo estava acontecendo naquela
época, mas pensei que você viria para mim quando estivesse pronto.
A verdade dói.
Não foi divertido ouvir que ela não confiava em mim, mas não foi nenhum
tipo de surpresa. — Por que não damos um passo para trás? Não somos nós que
vamos nos casar na próxima semana. Passou-se menos de um mês desde que
nos reconectamos e, obviamente, ainda temos muito o que conversar. Por que
simplesmente não terminamos o casamento e partimos daí?
— Eu posso concordar com isso. — Ela disse depois de hesitar por um
momento. — Você não vai fazer nenhuma promessa a April quando a vir que não
possa cumprir?
Eu concordei. — Se, além desta semana, continuarmos a estar na vida um
do outro de qualquer forma ou motivo, você também tem minha palavra de que
conversarei com você se surgir alguma coisa que possa afetá-la.
Um longo olhar depois, ela acenou com a cabeça. — Vou trabalhar para
confiar nessa sua palavra. Se continuarmos na vida um do outro além desta
semana.
Eu ri baixinho, então estendi meu dedo mindinho para ela novamente. Ela
riu antes de envolver o dela. Nós nos sacudimos, e então ela relaxou contra o
armário, suas pernas finalmente baixando de volta para o chão.
— Tierra vai me matar por não fazê-la escovar os dentes. — Eu disse.
Ela riu. — Brett também. Provavelmente deveríamos levar um pouco de
água e analgésicos antes de ir para a cama.
— Sim. Boa ideia. — O silêncio caiu entre nós por um momento, mas foi
amigável. Mesmo confortável. Bebemos nossas águas e comemos mais alguns
petiscos enquanto minha mente repassava a conversa que finalmente havíamos
tido.
Sem sua postura defensiva, eu provavelmente deveria ter deixado do jeito
que já havia sido dito, mas não consegui. Havia uma última coisa que eu
precisava elaborar.
— Eu realmente não queria te machucar tanto. — Eu disse. — Você
deveria encontrar um cara que pudesse te dar tudo que eu não pude. Mesmo se
eu realmente não quisesse que você o encontrasse, era o que eu acreditava que
aconteceria. Que você encontraria um cara que poderia lhe oferecer tudo o que
você queria em uma bandeja de prata.
— Tudo que eu queria era você. — Ela respondeu, e então seus olhos se
arregalaram como se realmente não tivesse querido dizer isso em voz alta.
Eu soltei uma gragalhada, e estendi a mão para enrolar um pouco de seu
cabelo em meus dedos. — Talvez, mas eu pensei que você superaria isso. Só para
constar, ainda acho que você merece alguém melhor do que eu.
Ela sorriu e ergueu uma sobrancelha, virando-se para me encarar
completamente novamente. — Eu concordo, você é um modelo de roupa íntima,
pelo amor de Deus. Eu mereço pelo menos um modelo de calças.
A tensão no ar se dissipou enquanto nós dois começamos a rir. Ela gritou
quando eu abaixei minha mão de seu cabelo para cutucá-la. — Para que você
saiba, não sou apenas modelo de roupas íntimas. Eu faço jeans e até camisetas
às vezes. Eu até fiz ternos.
Ela riu mais alto quando eu balancei minhas sobrancelhas para ela, e o
som disso me aqueceu de uma forma que não tinha acontecido comigo desde a
última vez que tinha sido causado por ela. Foi como se infundisse minhas veias
e assumisse tudo por dentro, até mesmo a porra do meu batimento cardíaco.
Rindo com ela e sentindo aquele calor familiar infiltrando-se em mim, não
pude evitar. Inclinei-me e pressionei meus lábios nos dela. Então eu gemi
quando ela não se afastou. Talvez tudo não tenha voltado a ser como costumava
ser entre nós, e talvez nunca fosse, mas isso? Bem aqui? Por enquanto, isso era
tudo.

CAPÍTULO 34
COLETTE

Os lábios de Paxton estavam firmes contra os meus. Firmes, mas não


exigentes. Era como se ele estivesse me deixando saber que queria me beijar,
mas estava deixando a escolha final para mim.
Os pensamentos correram pela minha cabeça. Havia tantos motivos pelos
quais isso era uma má ideia, e minha mente estava clara o suficiente para me
lembrar de todos eles.
Beijá-lo sempre iria me catapultar para alturas que ninguém mais poderia
me levar, mas a Colette bêbada ou mesmo bêbada de luxúria não estava no
comando agora. O beijo não me pegou de surpresa como na outra noite no meu
carro e, claro, April não estava aqui, então eu não precisava ter medo de que ela
pudesse abrir os olhos a qualquer momento e ver o que estava acontecendo.
Isso era tudo por minha conta.
Cabia a mim decidir se queria beijá-lo de volta, e eu o fiz. Eu esperei muito
tempo que ele me contasse a verdade, e agora que disse, era como se eu pudesse
olhar para trás e finalmente ver as coisas com clareza.
Para ser honesta, agora que ele ligou os pontos para mim, percebi que eles
sempre estiveram lá. Eu estava perdendo alguns pedaços pertinentes do fio que
conectava todos eles. Ironicamente, essas peças eram como tudo o fazia se
sentir.
Eu quase ri quando esse pensamento clicou, me perguntando se meu
treinamento deveria ter me feitio perceber mais cedo e se ele teria me contado se
eu tivesse feito a ele a mesma pergunta que fiz em quase todas as sessões que
já tive.
Paxton não era um paciente, no entanto. Eu não acho que ele teria contado
se eu perguntasse, e eu sabia que ele não tinha me contado na minha capacidade
profissional. Tinha sido apenas ele, finalmente dando o salto e esclarecendo
tudo.
Isso libertou pedaços de mim que eu nem tinha percebido que ainda estava
como refém. Peças que ficaram presas no passado. Peças que estavam
constantemente focadas no e o que poderia ter sido.
Parecia que finalmente, finalmente, tinha todo o meu ser de volta. Era uma
sensação muito boa, e não havia uma única parte de mim que não quisesse
compartilhar com ele. Pode parecer estúpido, considerando que ele mantém essas
peças como reféns.
Embora fosse verdade que eu precisava proteger April e embora ela sempre
fosse minha principal prioridade, Paxton estava certo. Não eramos nós que
andaríamos pelo corredor na próxima semana. Não tínhamos que resolver o
resto de nossas vidas, nem nada além do casamento.
Bem aqui e agora, éramos apenas nós dois. Não éramos mais tão jovens,
e não estávamos mais tão apaixonados também, mas ainda podíamos sobreviver
a esta noite e fazer o que quiséssemos, não é? Não havia razão para não o fazer.
Só porque tínhamos um passado, não significava que não poderíamos
simplesmente estar. Estar aqui. Estar presente. Estar juntos. Qualquer
relacionamento começou assim, mesmo aqueles que acabaram durando apenas
uma noite.
— Eu posso praticamente ouvir você pensando. — Ele sussurrou contra
minha boca, sua mão deslizando para cima para que seu dedo pudesse tocar
minha têmpora enquanto ele se afastava apenas o suficiente para encontrar
meus olhos. — O que está acontecendo nessa sua cabeça, hein?
— Só que preciso parar de pensar demais nas coisas. — Admiti. Esta
definitivamente não era a hora de parar o canal aberto de comunicação que só
abrimos esta noite. — Eu quero te beijar. Eu quero fazer mais do que apenas
beijar você, na verdade. Não quero me conter apenas por causa do que aconteceu
no passado e do que pode acontecer no futuro.
Um sorriso lento tomou conta de seu rosto. — Então, apenas esteja no
presente comigo. Eu posso te ajudar com isso.
— Sim?
Ele acenou com a cabeça e se inclinou para frente novamente, falando
apenas uma palavra antes de trazer sua boca de volta para a minha. — Sim.
Desta vez, seu beijo foi definitivamente exigente. Acendeu um fogo no meu
âmago e queimou todas as reservas que eu poderia estar segurando no chão.
Passei meus braços em volta do pescoço e empurrei minhas mãos em seu
cabelo preto curto, despenteando a parte superior mais longa dele com meus
dedos. Ele estremeceu um pouco contra mim quando eu fiz isso, e eu ri, mas
não interrompi nosso beijo.
Com o nosso passado não mais entre nós como um carrasco esperando
para trazer o martelo das emoções não resolvidas sobre nossas cabeças a
qualquer momento, esse beijo foi diferente de qualquer outro que
compartilhamos nas últimas semanas. Não parecia um momento roubado ou
mesmo fora de controle. Foi intencional, certo e tão inebriante que senti como se
tivesse tomado outra dose de tequila.
Não tínhamos prometido um ao outro um feliz para sempre, mas era
melhor assim. Isso significava que poderíamos simplesmente deixar ir e ser sem
quaisquer pressões desnecessárias adicionais.
Os dedos de Paxton beliscando meu mamilo sobre minhas roupas me
fizeram gritar, e ele riu enquanto continuava me beijando. — Eu ainda posso
ouvir você pensando, querida.
— Estou parando. — Eu sussurrei, levando minhas mãos ao seu peito e
passando-as ao longo das duras saliências debaixo de sua camisa. — Eu
prometo que vou parar agora.
Isso me surpreendeu tanto quanto eu tinha certeza que o surpreendeu por
ter conseguido manter essa promessa. Eu desliguei meu cérebro e deixei meu
corpo liderar o caminho.
Meus dedos dançaram ao longo de seu abdômen até alcançarem os discos
rígidos que eram seus botões. Eu não me atrapalhei com eles, puxando sua
camisa o resto do caminho para fora da calça antes de começar a desfazê-la. Um
por um, deslizei cada botão pelo buraco e, em seguida, empurrei a camisa de
seus ombros quando terminei.
Enquanto minhas mãos estavam trabalhando para despi-lo, as dele
estavam fazendo o mesmo comigo. Se eu não tivesse visto em primeira mão como
Brett e Tierra estavam, eu nunca o teria deixado tirar minha camisa pela cabeça
ali mesmo no chão da cozinha, mas eu os tinha visto. Eles não iriam se levantar
tão cedo.
Então eu levantei meus braços e até o ajudei a puxá-la totalmente. Meus
mamilos estavam duros sob meu sutiã, doendo para ele tocá-los, mas ele deixou
os bojos no lugar por enquanto.
Uma parte de mim queria protestar, mas quando senti suas mãos
acariciando a pele macia de minhas coxas, engoli minhas objeções. Tê-lo me
tocando como fazia já estava funcionando para mim também.
Funcionou tão bem para mim que molhei minha calcinha enquanto ele
provocava seu caminho antes de se retirar novamente. Nossas bocas nunca se
separaram por mais do que uma fração de segundo que levou para eles se unirem
novamente, nossas línguas alternando entre carícias generosas e beijos
brincalhões e provocadores.
Meu clitóris estava tão inchado e sensível que até mesmo a renda da minha
calcinha contra ele estava enviando arrepios de prazer através de mim toda vez
que eu revirava meus quadris, mas quando eu tentei arquear para ver se
conseguiria alguma fricção apropriada lá, Paxton rosnou na minha boca boca.
— Não. — Disse ele. — Deixe-me. Você confia em mim pelo menos com
isso, certo?
Eu não perdi o ritmo. — Se eu confio em você com meu corpo? Sim, mas
não me provoque, Pax. Não essa noite.
— Sim, senhora. — Eu senti mais do que vi seus dedos voando para sua
testa em uma saudação potente, mas então sua boca reivindicou a minha, e
minha réplica morreu na minha língua.
As costas de seus dedos roçaram minhas dobras escorregadias enquanto
ele movia minha calcinha de lado, sua mão se movendo sob a bainha da minha
saia. Eu gemia no beijo quando seu polegar começou a esfregar círculos lentos
ao redor do meu clitóris e um dedo descansou na minha entrada.
Acompanhando o que eu pedi a ele, só que por enquanto eu tinha certeza,
ele não me provocaria. Paxton tocou-me com dedos experientes. Eu estava
ofegante, o que só aconteceu alguns minutos depois.
O prazer se acumulou em meu núcleo, e quando sua mão livre beliscou
meu mamilo com a pressão perfeita, pressionando-me ao mesmo tempo, explodi
em milhões de pedaços enquanto me contraía em torno dele. Sua boca na minha
abafou meus gritos, mas assim que meu orgasmo diminuiu, ele se levantou e me
puxou para cima, juntando nossas roupas descartadas no processo.
— Onde estamos indo? — Sussurrei, minha voz tão trêmula quanto
minhas pernas.
— Quarto. — Ele retrucou, a expressão em seu rosto quase com raiva. —
O amanhecer não está tão longe, e se eles acordarem, eu realmente não quero
nenhum deles vendo você assim. Isso é tudo meu.
Minhas sobrancelhas arquearam, mas não argumentei. Calor da paixão e
tudo. Ele sabia que eu não era realmente dele. Além disso, quem se importa?
Era a minha vez de me divertir um pouco com ele e mal podia esperar. O
corredor ainda estava escuro quando ele me puxou para baixo, mas eu vi o que
quis dizer sobre o amanhecer. Pelas janelas, já pude ver que a parte mais escura
da noite havia acabado. Sinais reveladores do amanhecer já eram visíveis. As
copas das árvores eram silhuetas contra o céu, em vez de invisíveis, e as estrelas
não eram tão brilhantes.
Nada disso importou quando a porta do quarto de hóspedes bateu atrás
de nós e a boca de Paxton encontrou a minha. Ele nos acompanhou de volta até
que batemos na cama, então nos rolou para que eu ficasse em cima dele assim
que caíssemos no colchão.
Estava muito escuro no quarto para distinguir cada detalhe, mas senti seu
coração martelando contra a minha palma quando coloquei minhas mãos em
seu peito. Na luz ambiente filtrada da rua lá fora, vi que sua mandíbula estava
rígida e podia sentir seu corpo tremendo ligeiramente sob o meu.
Eu nem sequer parei por tempo suficiente para saborear aquela onda de
poder feminino que o ver assim sempre me deu. Embora ele não tenha me pedido
para não o provocar, se ele estava tão nervoso que estava realmente tremendo,
meio que nem precisava dizer.
Sem dizer uma palavra ou esperar que ele dissesse, eu desfiz sua calça,
em seguida, puxei-a e sua cueca com cuidado sobre a protuberância dura como
pedra por baixo. Quando sua ereção saltou com segurança livre, eu deslizei para
trás em suas pernas e trouxe a última de suas roupas comigo. Assim que
alcançou seus tornozelos, eu estava no final da cama.
Desci rapidamente, tirei seus sapatos e meias e, em seguida, tirei a calça
e a cueca dele. Com ele nu na cama na minha frente, tirei minha saia e calcinha
e desabotoei meu sutiã antes de deixá-lo cair no chão.
Uma batida se passou onde nós apenas nos olhamos, bebendo um do
outro. Mesmo que eu só pudesse ver o contorno de seu pau longo e grosso
curvando-se até o umbigo, minha boca ainda encheu de água por isso.
— Colette. — Ele gemeu como se pudesse ler meus pensamentos, mas a
necessidade em sua voz me fez voltar à ação. Eu rastejei de volta sobre ele,
deixando meus mamilos tocarem contra o cabelo áspero em suas pernas antes
de me estabelecer entre suas pernas.
Antes que eu pudesse levá-lo em minha boca, ele me levantou para que eu
estivesse montada nele. — Isso não. Agora não.
— Você está dizendo não para um boquete? — Sussurrei, sorrindo e
trazendo minha cabeça para baixo para que ele sentisse contra seus lábios.
Sua mão bateu na minha bunda, deixando para trás uma picada não
muito desagradável que ele imediatamente esfregou. — Eu não posso acreditar
que estou prestes a dizer isso, mas sim. Eu estou. Eu só preciso estar dentro de
você agora.
Imitando sua ação anterior, eu estalei meus dedos na minha testa em uma
saudação e me levantei sobre ele. — Sim, senhor.
— Eu acho que gosto do som disso. — Ele gemeu, mas então pareceu
perder a habilidade de formar palavras compreensíveis enquanto eu afundava
nele.
Não demorou muito para que ele se desfizesse embaixo de mim, seus
quadris sacudindo e seu pau se contorcendo bem no fundo. Quando eu senti
isso, me fez despencar do precipício junto com ele. Meus braços cederam quando
o prazer me alcançou e eu desabei em seu peito largo.
Eu não sabia quanto tempo ficamos ali assim, com ele lentamente
amolecendo dentro de mim enquanto recuperávamos o fôlego. Eventualmente,
ele gentilmente me moveu para o seu lado e rolou para sair da cama.
Estava mais claro lá fora agora, e eu podia ver o sorriso em seu rosto, bem
como o brilho de seus olhos quando olhou para mim. — Eu volto já. Só vou
buscar água e algo para você se limpar. Você sabe onde eles guardam os
analgésicos? Vou levar para o quarto deles. Não se levante.
— Tem um pouco na minha bolsa. — Eu disse, esticando preguiçosamente
meus membros.
— Tive a sensação de que todos precisaríamos deles esta manhã, então os
coloquei lá para Brett apenas no caso de ele precisar deles mais cedo.
— Você é uma chefe de padrinhos muito boa, querida. — Ele sorriu e
vasculhou o chão em busca de sua cueca antes de vesti-la. — Eu voltarei.
— Você soa como o Exterminador do Futuro. — Eu gemi, mas tive que
reprimir uma risadinha. — Hasta la vista, então, baby. Avise-me se precisar de
ajuda.
O som suave de sua risada o seguiu para fora do quarto, e eu me enfiei
debaixo das cobertas antes de me aconchegar de volta na cama. Devo ter
cochilado, porque a próxima coisa que eu sabia, ele estava de volta e deslizando
no colchão atrás de mim.
Com um braço forte em volta da minha cintura, ele me puxou de volta para
seu peito antes de dar um beijo entre meus ombros. — Boa noite, Colette. Estou
muito feliz que finalmente conversamos.
Eu bocejei, mas consegui concordar com a cabeça antes de fechar os olhos
novamente e adormecer quase imediatamente. Quando acordei algumas horas
depois, ainda estava em seus braços.
Na dura luz do dia, eu nem mesmo senti a menor pontada de
arrependimento sobre o que tínhamos dito ou feito na noite anterior. Na verdade,
eu sorri antes de deslizar para baixo das cobertas para acordá-lo da melhor
maneira que eu sabia. Ele disse “agora não” na noite passada, mas eu tinha a
sensação de que ele aceitaria tudo esta manhã. E no final das contas, eu não
estava errada.
CAPÍTULO 35
PAXTON

O grande dia finalmente havia chegado. Tudo estava indo de acordo com
o planejado até agora, e até Colette conseguiu relaxar. Ela estava com Brett
enquanto ele se arrumava enquanto eu estava com minha irmã, mas como eles
estavam se preparando no local, eu sabia que ela tinha verificado as coisas
durante toda a manhã.
Ela me mandou uma mensagem com atualizações regulares, que eu
retransmiti para minha irmã, que estava quase pronta para entrar no altar. Suas
mãos tremiam quando ela saiu de trás da tela, onde estava colocando seu
vestido.
Minha boca se abriu quando eu olhei para cima do meu telefone quando
notei o movimento com o canto do meu olho, mas a atualização mais recente
nunca saiu. Em vez disso, meu queixo caiu e minha respiração ficou presa na
garganta.
— Você está deslumbrante, irmã. — Eu nunca admitiria isso para
ninguém, nunca, mas vê-la parada ali em seu vestido de noiva branco puro e
brilhante trouxe lágrimas aos meus olhos.
Pisquei para afastá-los enquanto me levantei lentamente da cadeira que
peguei no canto do quarto do hotel. O cabelo preto de Tierra tinha sido penteado
por um par de cabeleireiras extremamente enérgicas antes. Seus olhos azuis
estavam contornados de carvão, mas o pessoal da maquiagem teve o cuidado de
deixá-la com uma aparência o mais natural possível.
Cruzando a sala em direção a ela em algumas passadas largas, tirei uma
das poucas mechas soltas de cabelo que haviam deixado de seu rosto. Ela deu
um tapa na minha mão com um sorriso nos lábios quando deu um passo para
trás.
— Se você estragar meu cabelo, Barbie e Maddy saberão. Elas vão voltar
aqui e chutar sua bunda por atrapalhar seu trabalho duro.
— Eu nunca. — Coloquei minha mão sobre meu peito como se estivesse
profundamente ofendido, mas então pisquei para ela. — Aquelas duas
apareceriam em uma nuvem de spray de cabelo. Eu nem teria a chance de me
defender. Eu não sou tão estúpido, sabe?
A risada e a provocação desapareceram de seus olhos, deixando apenas
uma suavidade agridoce para trás. — Você não é nada estúpido, Pax. Você sabe
disso, certo?
— Ei, agora… — Eu disse em uma tentativa de neutralizar o quão sério ela
ficou de repente. — Não fique com os olhos marejados por mim. Eu não gostaria
de mexer com aqueles maquiadores também. Acredite em mim, eu tentei explicar
a maquiagem estragada para eles antes, e eles podem ficar realmente maldosos.
Ela riu e revirou os olhos para mim. — Verdade. Não vou nem perguntar
por que você teve que explicar a maquiagem estragada antes, mas estou
interessada em saber tudo sobre como você arruinou a de Colette no último fim
de semana.
— Não. Hoje é tudo sobre você. — Eu sorri quando peguei sua mão e levei-
a até minha boca para dar um beijo em seus dedos. — Estou nas nuvens por
você, mana. Mesmo. Espero que hoje seja tudo o que você sempre quis ou
sonhou, e espero que Brett sempre a mantenha tão feliz quanto está hoje.
— Se você não quer que o sistema hidráulico comece, é melhor parar de
falar assim. — Ela disse, mas sua voz já estava vacilante. Ela lançou um olhar
furioso para o teto, mantendo os olhos abertos e acenando com as mãos na frente
do rosto. — Seu idiota. Rapido. Conserte ou vou chorar. Fale-me sobre você e
Colette. Isso vai me distrair porque vou ficar com náuseas só de imaginar.
— O que você quer que eu diga sobre ela? — Eu ri e fui até a
cômoda. Aparentemente, parte do meu trabalho era ajudá-la com as joias. Não
que eu soubesse por que ela precisava de ajuda com isso; ela só estava fazendo
isso por…
— Um passarinho me disse que vocês dois brincaram em nossa cozinha
na semana passada. — Disse ela, interrompendo meus pensamentos sobre suas
joias e me fazendo congelar no local.
— Eu não sei do que esse passarinho estava falando. Talvez também tenha
bebido muito naquele dia.
Ela olhou fixamente para mim, suas sobrancelhas subindo quando eu não
cedi. — Ouvimos vocês, Paxton. Você deve ter muita resistência também. Brett
acordou um pouco antes do nascer do sol para nos buscar um pouco de água,
mas acabamos bebendo da torneira porque não queríamos interromper.
Eu estremeci. — Ops. Desculpe. Posso te contar tudo sobre minha
resistência, se você quiser.
— Por favor, não. — Ela fingiu lamentar, segurando as mãos na frente do
rosto sem tocá-lo. Separando os dedos quando me ouviu rir, ela sorriu antes de
deixar cair os braços novamente.
— Nós conversamos por muito tempo antes de qualquer coisa acontecer,
eu vou te contar isso. — Eu disse. — Muitas coisas sobre as quais deveríamos
ter conversado anos atrás finalmente foram reveladas.
— A sério? — Seu sorriso se alargou. — Estou feliz por vocês e feliz que
vocês finalmente voltaram. Tenho esperado uma eternidade que você finalmente
aceite o que aconteceu, siga em frente e tente novamente.
Eu balancei meus calcanhares e balancei minha cabeça. — Não estamos
juntos novamente. Foi apenas uma coisa de uma noite. Um prazer divertido para
terminar uma noite divertida.
— Por quê? — Tierra pegou um brinco, mas parou com ele a meio caminho
de sua orelha enquanto franzia a testa para mim. — Vocês dois são perfeitos um
para o outro em todos os sentidos.
— Ela não confia em mim. — Eu disse. — É difícil ser perfeito para alguém
que nem quer você perto de sua garotinha.
Os olhos azuis de Tierra eram calorosos nos meus. — Ela não confia no
menino que você costumava ser. Para ser honesta, eu também não confiava
naquele cara. Mas o homem em que você se transformou, Pax? Esse homem é
confiável. Você apenas tem que mostrar isso a ela.
Meu coração apertou. — Eu nem sei como começar a mostrar isso a ela,
ou como fazer ela acreditar em mim.
— Você não precisa fazer com que ela acredite em você. — Ela fez aspas
com os dedos em torno da última parte de sua frase. — Tudo o que você precisa
fazer é aparecer para ela e para April do jeito que você tem aparecido para mim
todos esses anos.
— Você é quem paga meus impostos, mana. — Eu provoquei, embora
soubesse que não iria impedi-la de continuar essa conversa, não importa o que
eu tentasse. — É você me ajudando, não o contrário. Você está aparecendo para
mim em vez do IR.
Ela bufou de volta uma risada antes de balançar a cabeça. — Não é disso
que estou falando, e você sabe.
Seus olhos ficaram nublados e ela respirou longa e profundamente para
mantê-los controlados. — Você me ajudou a terminar meus estudos sem ter que
solicitar nenhum empréstimo estudantil. Você co-assinou meu primeiro
contrato, e não ache que eu não sei, você usou aquela chave reserva que você
insistiu em guardar para reabastecer minhas compras todas as semanas.
Ela pegou minhas duas mãos nas dela, dando-lhes um aperto leve, mas
significativo. — Eu também sei que a roupa corporativa com a qual você
apareceu antes de eu começar meu trabalho não foi dada a você depois de uma
limpeza de figurino em uma sessão de fotos. Aquele laptop que você me deu
quando comecei meu primeiro estágio? Eu sei que aquele não era apenas um
velho que você tinha por aí. Ele ainda tinha todo o software de que eu precisava
pré-instalado.
Sua voz falhou, mas ela empurrou as lágrimas iminentes e manteve seu
olhar aguado no meu. — Antes de mamãe e papai morrerem, você era um
imprevisível. Eu sei disso. Eu estava lá.
— Um imprevisível? — Eu zombei, mas ela me deu um chute brincalhão
na canela e me calou.
— Imprevisível. Um rebelde sem causa. — Ela encolheu os ombros. —
Chame do que quiser, mas é verdade. Isso mudou depois que eles se foram,
Pax. Você deu um passo à frente, cresceu, apareceu e tem feito isso desde
então. Colette viu esse lado seu no mês passado. Se você continuar mostrando
isso a ela, ela aprenderá a confiar no homem que você se tornou. Assim como
eu.
— E quanto a April? — Eu perguntei, realmente querendo ouvir sua
opinião. — Mesmo se eu fosse capaz de mostrar a Colette que valia a pena tentar
novamente, ela tem medo de que eu machuque April.
Tierra inclinou a cabeça, estudando-me com os lábios franzidos enquanto
soltava minhas mãos e voltava para a cômoda. — Você vai machucá-la?
— Eu não quero. — Eu disse, querendo dizer isso até as partes mais
profundas da minha alma.
— Então não faça isso. — Disse ela simplesmente. — Faz um pouco mais
de um mês que você mostrou a ela que você cresceu. Ela já sabe que, embora
tenha medo de confiar em você novamente, ela não confiaria no mesmo cara que
tinha antes.
— Eu não tinha pensado dessa forma, mas acho que você está certa. —
Eu disse. — Quem sabe? Talvez ela tenha tido algum tempo para pensar sobre
o que eu disse a ela no fim de semana passado durante esta semana. Eu nunca
sei com ela.
— Apenas aja com inteligência sobre isso, ok? — Ela colocou um brinco
na orelha. — Se você ama Colette como eu suspeito que ama, é melhor não deixá-
la escapar por entre os dedos.
O outro brinco entrou enquanto seu olhar se fixou no meu. — Este
casamento era a única coisa que os mantinha juntos agora. Depois desta noite,
não haverá nenhuma desculpa para vocês se verem novamente. Você realmente
quer deixá-la ir?
— Porra. — Eu também não tinha pensado nisso. — Você acha que ela
simplesmente desapareceria?
Ela deixou escapar um zumbido incerto. — Não sei, Pax. Acho que
depende se você vai deixá-la.
O colar fino de ouro com o pingente de diamante na ponta que costumava
pertencer a nossa mãe chamou sua atenção, e ela respirou fundo antes de olhar
para mim. — Chega de falar sobre você. Você tem muito em que pensar e não
muito tempo para fazer isso, mas você acha que poderia me ajudar com isso?
— Claro. — Aproximei-me dela e, como se o fotógrafo estivesse esperando
do lado de fora da porta pelo momento certo, ela se abriu e ele entrou na suíte
nupcial.
— Segure assim. — Ele estalou e ergueu a câmera.
Durante a hora seguinte ou assim, Tierra e eu passamos pelos movimentos
de posar para quaisquer fotos que o fotógrafo quisesse tirar de nós. Eu estava
acostumado a seguir essas instruções, mas nunca fiquei tão emocionado ao fazer
isso.
Finalmente comecei a perceber que minha irmã mais nova realmente se
casaria hoje. Tentei brincar um pouco para manter o sorriso genuíno em seu
rosto, mas nunca levei um ensaio mais a sério do que este.
Saímos para os jardins do hotel para ele tirar fotos de Tierra sozinha e
depois voltamos para a suíte nupcial para os retoques finais antes da hora de
partir. Toda a equipe de beleza estava de volta de onde estavam cuidando da mãe
de Colette e Brett no local, e cuidaram de minha irmã enquanto eu ficava fora
do caminho.
O hotel fazia fronteira com o local do casamento, e também era onde Brett
e Tierra passariam a noite. Uma vez que as bolas energéticas de glitter e produtos
para o cabelo estavam prontas, era hora de irmos para o casamento.
Colette estava em minha mente o tempo todo até que os sons suaves de
violinos tocando chegaram aos meus ouvidos. Tierra estava segurando meu
braço e se virou para me encarar quando chegamos à esquina em que ficaríamos
até o início da marcha nupcial.
— Eu não posso acreditar que estou prestes a levar você até o altar. — Eu
disse suavemente, aquelas malditas lágrimas de antes voltaram a queimar meus
olhos enquanto eu olhava para ela. — Merda, mana. É isso, hein?
— É isso. — Ela fungou, lutando contra as próprias lágrimas. — Obrigada
por tudo, Paxton.
Eu a cutuquei. — Você ainda vai me ver de novo.
— Sim, eu sei. — Sua voz vacilou e ela pigarreou. — Eu só queria dizer
isso de qualquer maneira. Quando lhe pedi para substituir papai hoje, sabia que
você não queria fazer isso. Mas aqui está você.
— Ambos ficariam muito orgulhosos de você. — Eu tive que limpar minha
própria garganta para pronunciar as palavras uniformemente. — Não sei o que
devo dizer antes de entregá-la, mas se há uma coisa que sei com certeza é que
sempre estarei aqui para ajudá-la. Estou te entregando, mas nunca vou
embora. Você sabe disso, certo?
Ela tocou meu coração com a mão, mal impedindo suas lágrimas de
derramarem. — E isso aí? Essa foi a coisa perfeita a se dizer. É também como
eu sei que você estará lá para April, Paxton. Colette pode não saber ainda, mas
eu sei. Você vai ser um ótimo pai. Nunca duvide disso.
Antes que eu pudesse começar a processar essa afirmação, os fios
familiares da marcha nupcial começaram a tocar. — Essa é a nossa deixa. — Eu
disse enquanto enxugava as lágrimas contra as quais ela havia perdido a batalha
de suas bochechas. — Vamos, mana. Espero que você esteja pronta para isso.
Eu com certeza não sabia se estava, mas quando meu olhar pousou em
Colette, onde ela estava ao lado de Brett no topo do corredor, foi como se meu
mundo se inclinasse em seu eixo. De repente, não havia nada de que eu tivesse
mais certeza do que a certeza absoluta de que poderia ser aquele cara que ela
merecia. E eu não iria parar até que ela soubesse também.
CAPÍTULO 36
COLETTE

Brett estava praticamente vibrando de nervosismo e emoção enquanto


esperávamos o aparecimento de Tierra. Eu disse a ele durante toda a manhã que
Paxton tinha me garantido que ela iria aparecer, que ela estava se preparando e
que nada iria dar errado.
Ter um homem como melhor amigo, e que estava se casando pela primeira
vez, significava que eu não sabia como as noivas realmente ficavam antes de
seus casamentos. Nunca fui amiga de uma noiva o suficiente para ser convidada
para ser dama de honra. Tudo que eu sabia era o que tinha visto nos filmes, e
poderia dizer com certeza que os filmes não haviam captado o comportamento
do noivo antes da hora. Brett estava um pouco destruído. Não querendo
abandonar o casamento, mas às vezes absolutamente certo de que Tierra o faria.
Foi como se ele relaxasse completamente quando a marcha nupcial
começou e Paxton conduziu Tierra ao virar da esquina. Eu dei uma espiada no
rosto de Brett e peguei aquele momento mágico quando o noivo vê sua noiva pela
primeira vez.
Lágrimas encheram meus olhos quando vi a alegria mais pura que já vi
dele iluminando-o de dentro para fora. Levei um segundo para tirar uma foto
mental dele naquele momento e esperava que o fotógrafo tivesse captado uma de
verdade, então voltei minha atenção para a noiva e seu irmão.
O olhar de Tierra estava preso no de Brett, lágrimas silenciosas escorrendo
por seu rosto enquanto desciam o tapete vermelho. Eu sabia que hoje era difícil
e também alegre para ela. Sem seus pais aqui, havia partes do dia que estavam
fadadas a ser dolorosas em um nível que poucos seriam capazes de entender. Eu
sabia que com certeza não conseguia entender.
Estávamos todos aqui por ela, mas simplesmente não era a mesma
coisa. Mesmo se ela tivesse tentado chegar o mais perto deles possível,
escolhendo este local. Foi lindo também. A cerimônia estava sendo realizada do
lado de fora, em um tipo de jardim onde eu não ficaria surpresa se houvesse
fadas nos observando.
A vegetação era exuberante e as flores abundantes. Um doce perfume
pairava no ar, e uma brisa suave garantia que ninguém seria uma bola de suor
antes mesmo de o serviço terminar. Nem mesmo Brett e Pax em seus ternos de
cinco peças.
April era a florista, e ela precedeu com Tierra no corredor com o vestidinho
mais adorável. Embora ela geralmente fosse mais reservada, ela me afastou mais
cedo e estava ansiosa para fazer sua parte. Ela jogou as pétalas com gosto agora,
sorrindo para qualquer um que olhasse para ela.
No início, quando eu disse a ela que teria que deixá-la com o coordenador
do local por apenas alguns minutos antes que ela caminhasse pelo corredor até
nós, ela não estava muito interessada nisso. Foi só depois que eu disse a ela que
Paxton estaria andando bem atrás dela que ela gostou da ideia. Poucos minutos
atrás, depois que ele me disse que eles estavam vindo, ela sorriu para mim e
disse: — Vá, mamãe. Eu vou ficar bem. Paxton vai me manter segura.
Falando em Paxton... eu o peguei me observando enquanto conduzia sua
irmã pelo corredor. Um sorriso sedutor apareceu em meus lábios, apesar do fato
de que eu realmente não queria que acontecesse, mas mentalmente encolhi os
ombros.
Pela primeira vez em muito tempo, ele e eu estávamos em um bom
lugar. Tínhamos mandado mensagens de texto durante toda a semana, falado
ao telefone quase todos os dias e, apesar do fato de que sempre ficávamos sem
detalhes do casamento para discutir relativamente no início de cada troca, nunca
paramos de falar imediatamente depois.
Com a compreensão finalmente clareando minha mente, havia muitas
coisas que percebi sobre ele nas quais não me permitira pensar muito
antes. Uma delas era que, embora ele definitivamente ainda fosse brincalhão e
tranquilo, havia uma seriedade subjacente que não existia antes. Ou talvez
tivesse estado lá, mas não tinha sido bem desenvolvido.
Mas estava agora. Quanto mais falávamos sobre os eventos da última
década sem que nossa própria história obscurecesse minha opinião sobre cada
palavra que ele dizia, mais eu entendia o porquê. Ele passou por mais coisas do
que eu percebi, embora eu conhecesse os destaques, ou melhor, os pontos baixos
de tudo. Isso o transformou na versão mais estável e madura do cara que eu
conhecia.
Ele estava mais seguro agora do que nunca, mas era daquele jeito mais
silencioso que os homens às vezes ficavam. A forma como esse traço em
particular era perceptível nele sabendo quem ele era e estar feliz com aquela
pessoa em vez de ser arrogante apenas porque ele sabia que era gostoso.
O oficiante acenou com a cabeça para Paxton quando eles pararam na
nossa frente, e ele sorriu para Tierra antes de colocar a mão dela na de Brett. A
menos que eu estivesse delirando com toda a adrenalina do dia, havia até traços
de lágrimas em seus olhos.
Seu sorriso suave foi transferido para mim enquanto ele passava para
chegar ao seu lugar ao lado de onde Tierra ficaria em um momento, e havia um
brilho feroz em seus olhos que eu não entendi. Mas ficou lá durante toda a
cerimônia, ou pelo menos esteve presente toda vez que ele olhava para mim. O
que acontecia com muita frequência.
A cerimônia foi linda e sentimental, e quando Paxton e eu fomos chamados
para apresentar os anéis, eu era um desastre emocional. Seu olhar veio para o
meu mais uma vez quando ele deu um passo à frente ao mesmo tempo que
eu. Nós entregamos os anéis, mas não paramos de nos encarar.
— Eu agora os declaro marido e mulher. — Disse o oficiante, e eu desviei
meu olhar de Paxton bem a tempo de ver Brett mergulhando Tierra em um beijo
verdadeiramente digno de um filme.
Bati palmas e gritei com o resto dos convidados, até assobiando quando
ele pegou suas mãos entrelaçadas e as empurrou para o ar quando se
endireitaram novamente. Brett e eu passamos o dia todo juntos, mas eu ainda
fui a primeira pessoa a quem ele se voltou quando a cerimônia acabou.
— Parabéns. — Eu sussurrei para os dois quando eles passaram os braços
em volta de mim, abraçando-os de volta. April e Paxton se juntaram ao abraço
em grupo, mas então era hora de cumprimentar todos os outros convidados.
Paxton ficou para trás conosco enquanto o casal se afastava, ficando tão
perto que sua mão roçou nas minhas costas. Isso trouxe um sorriso secreto aos
meus lábios. Eu não me incomodei em tentar suprimir quando olhei para ele.
— Você ainda está bem limpo, Gould. — Ele riu, batendo seu quadril
levemente no meu. — De volta para você, Winny. O que você diz? Vamos
encurralar todas essas pessoas para alimentá-las e dar-lhes água enquanto os
noivos vão sorrir para a câmera?
— Nós devemos. — Eu estendi minha mão e ele a enfiou na dobra do
cotovelo sem hesitar. Ele ofereceu o outro cotovelo para April, mas como ela não
conseguia alcançá-lo, ele me soltou por um momento para colocá-la em seus
ombros.
Partimos assim, provavelmente parecendo muito mais com uma família do
que deveríamos, mas eu realmente não me importava com o que qualquer uma
dessas pessoas pensava. Paxton e eu acabamos nos separando enquanto
mandávamos todos para uma segunda área onde aperitivos e bebidas eram
distribuídos. April ficou com ele e o seguia por todo o lugar, mesmo quando ela
não estava mais em seus ombros.
Quando tivemos um minuto para recuperar o fôlego, nos afastamos e
Paxton ergueu a mão para um high five. — Conseguimos! Conseguimos mesmo.
— Isso nós fizemos. — Eu dei um tapa na palma da mão dele primeiro, e
então nós dois nós viramos para April e batemos palmas com ela também.
Tudo estava funcionando perfeitamente, e quando eu fiz o check-in com
os diferentes fornecedores, todos estavam onde deveriam estar. Ele sorriu para
mim. — Agora a melhor parte está à nossa frente, a recepção.
— Não é esta a festa onde celebramos as promessas que acabaram de
fazer? — April perguntou, e ele olhou para mim antes de responder.
Apenas uma vez que assenti com a cabeça, ele a pegou novamente. Ela se
sentou em seu quadril enquanto ele apontava para onde os convidados estavam
se misturando. — Todas essas pessoas estavam aqui para vê-los fazer essas
promessas. Todos são chamados de testemunhas, e nós também somos
testemunhas. Estamos fazendo uma pausa agora para que tio Brett e Tierra
possam tirar fotos e passar algum tempo sozinhos, mas depois disso, a recepção
vai começar.
Ela franziu o cenho para ele. — Mas já tem bolo. Por que tem bolo se não
é a festa?
— Você tem razão. — Ele tocou a ponta do nariz dela. — Se tem bolo, a
festa já deve ter começado. Mas esses são apenas pequenos pedaços de bolo para
as pessoas que querem algo doce por enquanto. Eles fazem parte dos
aperitivos. Vamos comer muito bolo mais tarde. Grandes pedaços dele. Enorme.
Seus olhos brilharam. — Vai haver mais bolo?
— Sim. — Ele sorriu. — Muito mais, e acontece que tenho autoridade para
dizer que sua mãe é ótima com o pessoal da cozinha. Ela pode até conseguir
mais para você. Você pode levar um pouco para casa e comer no café da manhã
amanhã.
Revirei meus olhos para ele, mas quando ela virou a cabeça em minha
direção, eu balancei a cabeça. — Claro, bebê. Podemos tentar conseguir alguns
para levar para casa.
Paxton ergueu a mão para outro high five, um estranho tipo de felicidade
praticamente irradiando dele. Eles bateram palmas, e eu esperava que ele a
colocasse de volta no chão, mas não o fez.
Colocando-a mais alto em seu quadril, ele estendeu o braço para mim
novamente. — Antes de decidirmos se queremos um pouco de bolo mais tarde,
acho que precisamos experimentar o bolo que está sendo servido agora. Se não
for bom, podemos precisar falar com o fornecedor para obter um lote especial
para mais tarde.
— Uh-huh. — Seus olhos castanhos estavam arregalados e animados com
os dele. — Você realmente acha que eles farão um lote especial só para nós?
Ele baixou a cabeça para o lado, fingindo pensar antes de estalar os
dedos. — Se não o fizerem, você e eu podemos assar nosso próprio bolo em
breve. O que acha disso?
— Amanhã? — Ela perguntou esperançosa, e meu coração praticamente
parou.
Paxton não vacilou. — Claro. Se você e a mamãe estiverem disponíveis
amanhã e ela concordar, podemos fazer isso. Por enquanto, vamos provar todo
aquele bolo, então podemos decidir se precisamos assar o nosso próprio.
Ela assentiu com entusiasmo. Ele colocou minha mão de volta em seu
braço e nos levou para a mesa do bufê, onde os aperitivos foram servidos. Eles
escolheram uma grande variedade para experimentarmos juntos, não apenas
bolo, mas um pouco de tudo o mais também, e ele acabou fazendo com que ela
experimentasse algumas coisas que eu nunca fui capaz de fazer.
Começamos a comer patê de salmão, azeitonas, tortas em miniatura e todo
tipo de coisa antes que o assistente do fotógrafo aparecesse ao lado de nossa
mesa. — Eles estão prontos para você agora.
Quando nós três nos levantamos para sermos levados para tirar algumas
fotos com a noiva e o noivo, Paxton pegou April novamente e colocou o braço
livre sobre meu ombro. Eu não sabia o que estava acontecendo com ele hoje,
mas parecia determinado a ficar conosco.
Eu não tinha perdido as mulheres tentando chamar sua atenção ou os
homens tentando chamá-lo, e eu acho que ele também não, mas ele parecia
perfeitamente contente em apenas estar conosco. Havia algo em seu
comportamento que estava me confundindo. Algo na maneira como ele estava
agindo que parecia que estava tentando mostrar em vez de nos dizer o que estava
pensando.
Quando Brett e Tierra acenaram para nós da sombra de uma bela árvore
velha onde estavam sentados com uma cesta de piquenique, percebi como o rosto
de Tierra se suavizou e iluminou ao ver nós três nos movendo juntos em direção
a eles.
Posso não ter perdido as pessoas tentando chamar sua atenção ou aquele
olhar em seu rosto, mas tive a sensação de que havia algo que estava
faltando. Resolvendo falar com ele sobre isso mais tarde, sorri e empurrei o
desconforto automático que a sensação trazia junto.
Embora eu não soubesse o que estava acontecendo, recusei-me a julgar
Paxton como era hoje com base no que ele tinha feito no passado. Ele mudou. Eu
sabia agora. Eu não confiava muito nele ainda, obviamente, mas confiava nele o
suficiente para deixar isso acontecer.
Por hoje, pelo menos. Eu estava dando esse salto de fé. Eu só tinha que
torcer para não pular e me espatifar do outro lado se ele não estivesse lá para
me pegar.
Mas de alguma forma, apesar da minha falta de fé absoluta nele, eu não
acho que ele me deixaria explodir. Tudo o que aprendi sobre ele durante todo o
mês passado, sobre quem ele era agora, me dizia que não o faria.
Talvez aquela coisa que ele disse algumas semanas atrás sobre um novo
crescimento ser possível depois de um desastre fosse verdade afinal. Com certeza
parecia que era possível para nós.
CAPÍTULO 37
PAXTON

A recepção estava em andamento. O jantar estava servido e íamos começar


os discursos. Meu discurso foi o primeiro, e quando me movi de minha cadeira
ao lado de Colette na mesa principal, fiquei maravilhado novamente com o fato
de que este era o casamento da minha irmãzinha. Também fiquei maravilhado
com o fato de que tudo isso foi montado em um mês.
Também havia o fato de que, há cerca de trinta e dois anos e alguns meses
mais ou menos, meus pais estavam celebrando suas núpcias neste mesmo
salão. Eu estava tentando não me concentrar muito nesse último fato.
Do jeito que estava, eu tive que desviar a atenção de Tierra deles. A última
coisa que eu queria era me prender a isso eu mesmo.
Os tetos aqui eram altos, revestidos de material branco com cordas de
luzes brancas aconchegantes enfiadas entre as dobras. Amplas janelas
panorâmicas revestiam as paredes, permitindo a entrada de muita luz natural
do pôr do sol lá fora. Uma pista de dança dominava o centro da sala, enquanto
mesas redondas foram colocadas estrategicamente ao redor dela.
Era um lugar bonito. Tão lindo que não fiquei surpreso que minha irmã
quisesse mover céus e terras para fazer seu casamento aqui. E isso teria
acontecido mesmo que não tivesse o valor sentimental que tinha.
Ouvi assobios e uivos de lobo quando tomei meu lugar atrás do pódio
simples que havia sido montado do outro lado da mesa principal. Eu sorri
enquanto levantei a mão para fazer os caras se acalmarem.
— É bom saber que vocês estão tão animados em me ver. — Eu brinquei
enquanto ajustava o microfone para a minha altura. — É porque vocês estão
animados em me ver? Ou é porque vocês sabem que não importa o quão elegante
e bonito seja tudo isso, eu não vou estragar a chance de tirar sarro da minha
irmãzinha na frente de todos os seus amigos e familiares?
O riso cresceu na multidão, e várias pessoas gritaram suas respostas às
minhas perguntas. Não consegui entender quem disse o quê, mas ri junto com
eles.
— Ok, ok. — Eu disse depois de um minuto. — Vamos apenas considerar
isso como um empate, então.
Meu olhar pousou no de Colette, mas tinha se desviado para ela a tarde
toda, então não foi uma grande surpresa encontrá-lo de volta lá. O sorriso muito
real e largo que ela atirou de volta para mim veio como uma surpresa, no entanto.
Já que aquele sorriso era o tipo em que eu me perderia se continuasse
olhando para ele, afastei meus olhos dela para me concentrar em minha irmã e
seu marido. Brett tinha o braço pendurado nas costas da cadeira, um sorriso de
antecipação em seu rosto, mesmo quando Tierra estreitou os olhos em
advertência.
Encolhi os ombros para ela antes de voltar para a multidão que
esperava. Uma das minhas mãos deslizou para o bolso enquanto eu descansei o
outro braço no pódio, fazendo contato visual com quantas pessoas eu poderia
enquanto falava.
— No primeiro dia de ensino médio de Tierra, um rosto familiar a apontou
na direção certa quando ela não conseguiu encontrar sua sala de aula. —
Comecei. — O rosto era familiar porque era do Brett. Para aqueles de vocês que
não sabem, ele foi meu amigo primeiro. Ela o roubou de mim.
Minha irmã mostrou a língua para mim, então balançou os ombros em
uma pequena dança da vitória. Risos aumentaram da multidão, e as poucas
pessoas que nos conheciam naquela época riram alto. Eu a deixei ter seu
momento antes de seguir em frente.
— Eu deveria reformular isso. Ela não o roubou. Eu a deixei ficar com ele
porque ela teve uma queda por ele por tanto tempo que eu não aguentava mais.
— Quando ela percebeu onde eu queria chegar com isso, ela arrastou o polegar
pela garganta, mas eu dei de ombros novamente e levantei minhas sobrancelhas
para ela. — O que? Você me pediu para fazer este discurso.
— Eu deveria saber que você ia trazer essas coisas à tona. — Ela gemeu
alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la.
— Sim, você deveria. — Pisquei antes de olhar para seus convidados
novamente. — De qualquer maneira, então Brett foi sua primeira paixão. Ela
costumava escrever seu nome junto com o sobrenome dele repetidamente. Acho
que ela escreveu o suficiente para que seu desejo se tornasse realidade, porque
aqui estamos.
O DJ inseriu um efeito sonoro de percussão Sting enquanto algumas
pessoas gritavam e outras riam. Tierra até entrou na conversa. — Ele já sabia
disso.
— Sim, mas ele sabe sobre a foto dele no futebol que você colou no espelho
antes de começar a namorar? — Eu perguntei, e ela me mostrou o dedo do meio.
De sua parte, Brett apenas apertou seu ombro e se inclinou para sussurrar
algo em seu ouvido. Sorri quando percebi que sempre seria assim para eles. Eu
poderia ser o irmão mais velho, tirar sarro dela e ele estaria lá para rir com ela e
apoiá-la.
— A primeira vez que Tierra me disse que ia se casar com Brett foi antes
de ele vir buscá-la para o primeiro encontro. — A memória estava tão fresca que
era difícil acreditar que tinha sido há tantos anos. — Eu estava brincando com
ela sobre não ser capaz de encontrar um namorado entre seus amigos e então
ela estava vindo atrás do meu. Vocês a conhecem, no entanto. Ela é um
dínamo. Ela apenas olhou bem nos meus olhos e disse: “Ele pode ser seu amigo,
mas vai ser meu marido. Marido supera amigo.”
O peito de Brett inchou um pouco. — Essa é minha garota.
Eu ri. — Não Mano. Essa é sua esposa agora.
Mais pessoas riram e eu sorri para Brett enquanto esperava que eles se
acomodassem. — Naquela época, eu nunca pensei que diria isso, mas estou feliz
que ela estava certa. Você é oficialmente parte da família agora, então boa sorte
com isso.
Eu respirei enquanto me preparava para chegar às partes substanciais do
discurso. Enquanto pensava no que iria dizer, descartei muitas coisas porque
queria mantê-lo o mais leve possível.
Havia muitas coisas que eu não queria abordar porque não queria deixá-
la muito emocionada, mas, como estava fazendo um discurso sobre minha irmã,
também não queria apenas zombar dela. Ao mesmo tempo, tive que tomar
cuidado para manter o tom geral leve.
— Tierra é apenas uma dessas pessoas, no entanto. Você sabe? — Eu disse
coloquialmente no microfone. — Se ela está de olho em algo, você pode muito
bem considerar isso feito. É uma característica que serviu muito bem a nós dois
ao longo dos anos, considerando que uma parte do que ela sempre teve como
foco foi me proteger.
Retirando as coisas emocionais por um momento, eu arqueei uma
sobrancelha para ela quando nossos olhos se encontraram. — Claro, a proteção
dela sempre tinha um preço. Se eu quisesse que ela me protegesse com nossos
pais, ela sempre faria isso, mas nunca sem receber algo em troca. Normalmente
o que ela queria tinha algo a ver com Brett. Tempo sozinhos. Uma carona até a
casa dele e, uma vez, ajudei a escolher um presente de Dia dos Namorados.
A cor sumiu de suas bochechas e ela balançou a cabeça, mas eu
simplesmente encolhi os ombros para ela novamente. — Minhas escolhas não
eram aquelas que nenhum irmão gostaria de ver no contexto de ajudar sua
irmãzinha, mas ela me disse para eu superar sozinho. Éramos um pouco mais
velhos a essa altura, e ela queria saber se deveria ter lingerie, aulas de pole
dancing ou esta revista em quadrinhos de edição limitada que ele estava
procurando.
Revirei os olhos, mas também tive que suprimir um sorriso. —
Obviamente, eu disse a ela para ir para a história em quadrinhos.
Ela fez uma careta para mim, mas seja o que for que Brett sussurrou em
seu ouvido desta vez a fez corar antes que suas feições relaxassem. E nessa
nota...
— Irmã, você está absolutamente deslumbrante hoje. — Eu disse. — Eu
sei que disse isso antes, mas vou continuar dizendo por que é tão verdadeiro. Por
dentro e por fora, você é uma das pessoas mais lindas que já tive o prazer de
conhecer. Não há muitas irmãzinhas que colocariam o irmão mais velho no lugar
como você sempre fez comigo, mas sinto que nosso relacionamento está mais
forte por causa disso. Melhor.
— Nós passamos por muita coisa juntos, e durante tudo isso, você tem
estado firme ao meu lado. Brett é um filho da mãe sortudo pra c...
Eu me cortei quando Colette arregalou os olhos para mim e olhou para
April, e então limpei a garganta. — Caramba. Ele é um sortudo filho da mãe por
ter conseguido uma esposa como você.
— As coisas entre nós sempre foram ilimitadas e espero que continuem
assim. — Eu disse sinceramente. — Não sei quantas pessoas podem dizer isso
sobre suas irmãs, mas você sempre foi uma das minhas melhores amigas. Estou
feliz que você aturou meus erros e nunca desistiu. Estou feliz que você foi atrás
do que queria e não deu a mínima para o que as pessoas pensavam sobre
isso. Fico feliz que, até hoje, você me chateie com minhas mer…
Os olhos de Colette se arregalaram novamente, e eu dei a ela um pequeno
aceno de cabeça quando percebi que já havia deixado uma palavra com M
deslizar. — Minhas coisas. Você chama minha atenção, você me pressiona para
ser melhor e me força a viver fora da minha zona de conforto às vezes. Como
ajudar minha irmãzinha a escolher entre histórias em quadrinhos e poledance.
Eu levantei meu copo, decidindo parar enquanto estava na frente. — Para
Tierra e Brett. Que vocês sempre fiquem bem comigo tirando sarro de vocês e
apoiando uns aos outros nos bons e maus momentos.
Houve um murmúrio baixo e tilintar de copos ao redor da sala. Colette foi
a próxima, e depois que ela tomou seu gole, caminhou confiantemente em
direção ao pódio em seu vestido azul claro e saltos matadores. Ela parecia
incrível e se movia como se soubesse disso. Eu gostei.
Ela sorriu para mim enquanto se aproximava de mim, mantendo a voz
baixa para que o microfone não captasse suas palavras. — Isso foi muito bom,
Paxton. Não sei como você conseguiu acentuar os melhores pontos dela
enquanto zombava e mantinha as coisas leves, mas muito bem. Eu deveria saber
que você tiraria um coelho da cartola, mesmo em um dia altamente emocional.
Eu sorri para ela. — Apenas fazendo o meu trabalho.
Resistindo à vontade de dar um beijo em sua bochecha, voltei para o meu
assento e estava deslizando nele quando ela começou. Seus olhos estavam
brilhantes e felizes, sua voz suave, mas uniforme.
— Eu não vim preparada com alguns dos momentos mais embaraçosos de
Brett sobre Tierra. — Ela disse com um sorriso. — Posso assegurar-lhe que havia
muitos, no entanto.
Seu discurso foi sincero e genuíno. Ela fez algumas piadas, mas ela era
muito mais elegante do que eu sobre isso.
— Brett não é meu irmão, mas nós sempre fomos tão íntimos que ele
poderia muito bem ter sido. Eu estava lá a primeira vez que ele viu a garota que
é sua linda noiva hoje. Em algum nível, acho que já sabia que ela era a pessoa
certa para ele. A maneira como eles se olharam...
Ela soltou um suspiro de satisfação, deixando a frase vagar por um
momento. — O olhar em seu rosto era diferente de tudo que eu tinha visto dele
antes. A única vez que vi uma expressão semelhante nele foi esta tarde. Estou
pasma pelo fato de que tantos anos depois, ele ainda olha para ela como se nunca
tivesse visto alguém melhor. Alguém mais bonita.
— Enquanto Tierra aparentemente dizia a Paxton que Brett seria seu
marido um dia, ele estava na minha casa se preparando para o encontro. Vamos
apenas dizer que ele não estava tão confiante quanto ela sobre isso.
Ela piscou. — Na verdade, se não me falha a memória, ele estava meio
convencido de que Paxton iria colocá-lo para fora assim que ele chegasse lá.
Risos aumentaram da multidão, mas novamente, mais especialmente das
pessoas que haviam estudado conosco. — Depois que eu o tranquilizei
quinhentas vezes que Paxton teria batido nele quando descobrisse sobre o
encontro se ele fosse, e eu juro, ele usava tanto perfume que a casa dos meus
pais ainda cheira como ele. Mas quando falei com ele mais tarde naquela noite,
ele parecia diferente. Parecia um homem apaixonado e nunca parou de soar
assim.
Ela continuou a puxar o coração das pessoas com palavras bem
elaboradas sobre Brett, sua amizade e a evolução de seu relacionamento com
Tierra. Quando ela voltou a se sentar, levantei minha bebida para ela enquanto
o resto da sala aplaudia.
Feitas as falas, foi a vez da primeira dança. Tierra estava nervosa por ter
tantos olhos neles enquanto dançavam, mas Brett a varreu pelo chão com uma
facilidade treinada, e eu vi o momento em que ela se esqueceu de todos os
observando. Ela se derreteu em seu marido, seus olhares se encontraram.
Colette os observou com ar sonhador. Lembrei-me de como ela costumava
querer muito se casar e, embora eu não soubesse como ela se sentia em relação
à instituição agora, a expressão em seu rosto era uma indicação clara de que ela
ainda queria.
Ela costumava me contar tudo sobre seus planos de casamento, e eu sabia
que ela ainda iria querer tudo se ainda quisesse se casar. O vestido grande, a
decoração chique, os petiscos, a iluminação romântica, as peças centrais caras.
Um dia, eu queria que ela tivesse todas essas coisas, se isso fosse o que
ela queria. Ela merecia.
Quando outros casais foram convidados para a pista de dança, virei-me
para convidá-la para dançar, mas fui derrotado. April apareceu na minha frente,
estendendo a mão.
— Você quer dançar comigo? — Ela perguntou timidamente.
Jurei que nunca sorri tão abertamente em minha vida como quando peguei
sua mão. — Eu adoraria.
Pegando sua mão, eu a levei para a pista de dança e a ajudei a pisar em
cima dos meus pés. Seu rosto inteiro se iluminou quando comecei a girá-la, e
nós dois estávamos rindo loucamente em poucos segundos enquanto
tentávamos nos equilibrar e fazer funcionar.
Por mais que eu quisesse dançar com Colette, me ocorreu enquanto olhava
para os olhos sorridentes de April que eu gostava de estar aqui com ela tanto
quanto. Era uma sensação muito diferente dançar com ela, obviamente, mas era
divertido de uma forma que era pura e que despertou instintos que eu nem sabia
que tinha.
Mas eu não poderia dizer que me importava com esses instintos se
tornando conhecidos. Eu simplesmente não tinha ideia do que fazer com eles.
CAPÍTULO 38
COLETTE

Desmaiar era uma coisa engraçada. Era uma palavra que eu havia lido
tantas vezes, mas não algo que muitas vezes me sentia. Enquanto observava
Paxton dançando com minha filha, no entanto, desmaiei.
O que ele estava fazendo, quem ele estava sendo, era exatamente o que eu
sempre quis que ela tivesse em sua vida. Um homem que realmente queria
passar esses minutos preciosos com ela assim, antes que eles escapassem. Um
homem que sabia como fazê-la rir e que a fazia se sentir segura e amada. Um
homem que visse como ela era especial.
Nunca, nunca pensei que aquele homem seria Paxton Gould, mas
era. Ficou claro como o dia em suas feições quando se olharam. Havia uma foto
minha dançando com meu pai em um casamento quando eu era um pouco mais
velha do que April e, olhando para os dois agora, não pude deixar de pensar que
eles tinham a mesma aparência que nós. Um pai e uma filha loucos um pelo outro.
Meus pais foram convidados para o casamento, mas tinha sido muito
repentino para que pudessem cancelar seus planos de viagem reservados e
pagos. Os pais de Brett haviam prometido a eles toneladas de fotos, e eu vi sua
mãe balançando o telefone para mim de vez em quando para me avisar que ela
havia enviado outra para minha mãe.
Felizmente, meus pais já sabiam que Paxton e eu éramos amigos
novamente. Eu tive uma longa conversa com eles sobre isso no início da
semana. Eles sabiam que poderíamos estar consertando as coisas, o que era
uma coisa boa, já que eu tinha certeza de que meu pai teria tido um ataque
cardíaco se, de outra forma, visse uma foto de Pax dançando com sua neta.
Ambos ficaram chocados ao saber que as coisas estavam bem entre nós,
mas depois que eu expliquei seu lado da história, eles foram
surpreendentemente positivos sobre isso. Eles se lembravam de muitas coisas
daquela época de maneira diferente de como eu, mas esta foi a primeira vez que
falaram comigo sobre isso abertamente.
Mamãe disse que viu Paxton encolher diante de seus olhos quanto mais
nos aproximávamos da formatura. Ela não apenas disse que ele parecia quase
esquelético no final, o que eu não me lembrava, mas também disse que a
personalidade dele havia praticamente desaparecido.
Enquanto papai resmungou um pouco sobre eu deixá-lo voltar à minha
vida, ele concordou com minha mãe quando ela o cutucou sobre isso. Ele
também disse que o pai de Paxton ligou para ele algumas vezes naquela época,
outra coisa que eu não sabia, perguntando sobre as faculdades para as quais
me inscrevi e martelando-o para obter informações sobre se eu tinha entrado.
Papai disse que as conversas ficaram muito aquecicas e estranhas por isso parou
de responder às suas ligações.
Depois de me avisar para ter cuidado, eles me disseram mais algumas
coisas que eu não sabia. Por exemplo, como eles ouviram muitas coisas em
nosso antigo bairro sobre ele estava em serviço e também depois que
voltou. Mamãe disse que as pessoas do supermercado acabaram começando a
pintá-lo de uma maneira totalmente diferente, mas ela não queria me aborrecer,
então ficou quieta.
Como se minha mãe tivesse percebido que eu estava pensando neles, meu
telefone tocou na mesa com uma mensagem dela.
Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi que ela havia tirado a
mesma foto de meu pai e de mim na qual eu estava pensando e a colocou lado a
lado com uma de April e Paxton agora. A mãe de Brett deve ter tirado, porque
ela piscou na direção deles quando encontrei seu olhar. Minha mãe guardou
todas as nossas fotos antigas na nuvem, mas ela deve ter ficado tão animada
quando os viu juntos que pulou para fazer isso.
O que significa que ela não estava mentindo sobre acreditar nas fofocas do
supermercado. Ela realmente acha que ele mudou. Se até a mamãe acreditava,
eu sabia que não estava errada sobre ele agora.
Uma mão quente pousou em meu ombro quando enxuguei as lágrimas, e
Tierra se deixou cair na cadeira vazia ao meu lado. — O que há de errado? O que
ele fez agora?
— O que? — Pisquei e segui seu olhar para Paxton antes de balançar a
cabeça. — Nada. Ele não fez nada de errado. As coisas estão realmente
certas. Mais certas do que há muito tempo.
Ela olhou para trás, para onde seu irmão ainda estava dançando com April
e sorriu com conhecimento de causa. — Acho que é a sua vez de dançar.
Antes que eu tivesse a chance de impedi-la, ela se aproximou e estendeu
a mão para April para convidá-la para dançar. Minha filhinha ficou mais do que
emocionada em dançar com a noiva, que ela dizia a todos que a ouviam que
parecia uma princesa de verdade, e ansiosamente deixou que ela a levasse
embora.
Deixando Paxton livre como um pássaro.
Uma pequena carranca puxou suas sobrancelhas até que Tierra lançou a
ele um olhar penetrante por cima do ombro. Virando-se lentamente em minha
direção, ele me chamou para a pista de dança com uma inclinação de cabeça e
um sorriso caloroso deslizando em seus lábios.
Eu nem tentei resistir, me levantando e saindo para me juntar a ele onde
ele esperava na beira do tablado. Ele estendeu as mãos para mim e, quando o
alcancei, passou um braço em volta das minhas costas para me abraçar
enquanto a música aumentava.
— Eu não acho que a noite poderia ter sido melhor. — Ele murmurou,
seus lábios se movendo contra meu cabelo. — Tierra está mais feliz do que
nunca.
Olhei para o meu melhor amigo por cima do ombro de Paxton, vendo-o
afetuosamente observando sua noiva dançando com April. — Brett também.
— Eu também. — Acrescentou ele depois de uma pausa de apenas um
momento, em seguida, puxou a cabeça para trás para olhar nos meus olhos. —
Falo sério, Colette. Sei que não conversamos exatamente sobre o futuro e vou
entender se você não quiser, mas você deve saber que sim.
Meu batimento cardíaco acelerou, jogando-se contra minhas costelas
enquanto eu olhava para aqueles olhos azuis. Seu cabelo estava penteado para
trás para mantê-lo longe do rosto, sua pele bem barbeada e o azul parecendo
mais suave do que eu já tinha visto.
— O que você quer dizer? — Eu perguntei alto o suficiente para ele me
ouvir acima da música. — Você vai ter que soletrar para mim.
Seus lábios perfeitamente em forma de arco se curvaram nas bordas, mas
ele não sorriu. — O que quero dizer é que não quero que esta noite seja a última
vez que vejo ou falo com você. O casamento deveria ser a data final para sermos
civilizados um com o outro, mas não quero voltar a não ter você na minha vida.
— Então você quer que continuemos sendo civilizados? — Eu perguntei
com uma pitada de provocação em meu tom.
Ele me puxou para mais perto dele, me pressionando contra sua forma
dura e muscular enquanto sorria para mim. — Você está realmente me
provocando agora, Dra. Wynne?
— Eu acredito que sim. — Eu sorri, mal conseguindo me impedir de cair
nas poças de seus olhos quando ele me olhou daquele jeito. — O que você estava
dizendo sobre ser civilizado um com o outro?
Ele trouxe sua cabeça para mais perto da minha e deu um beijo suave em
minha têmpora. Quando ele voltou a ser sério, isso me surpreendeu. — Eu
estava dizendo que não quero que esta noite seja o fim. Eu também realmente
quero fazer muito mais com você do que apenas ser civilizado.
— O que você quer? — Meus lábios traçaram o começo quase imperceptível
da barba por fazer em sua mandíbula quando eu falei, o leve cheiro masculino
de sua loção pós-barba me envolvendo.
Fechei os olhos para saborear o momento, mas quando suas próximas
palavras saíram, elas se abriram novamente. — Eu quero uma segunda chance.
— O que? — Meu coração parecia ter aprendido a fazer ginástica no último
segundo ou assim, saltando descontroladamente enquanto eu esperava por sua
resposta.
Por mais que estivéssemos pressionados um contra o outro, tinha certeza
de que ele seria capaz de sentir. Especialmente porque eu senti a batida firme e
segura dele contra meu peito.
— Deixe-me começar dizendo que você está preocupada com April. Eu
também sei que está preocupada que eu vá machucá-la, mas você precisa saber
que em tão pouco tempo quanto eu a conheço, ela não é a única que caiu.
Eu o senti respirar fundo e soprar lentamente, mas não o apressei. Suas
palavras estavam fazendo minha cabeça girar de qualquer maneira. Alguns
segundos para processar definitivamente não eram indesejáveis.
— Não posso explicar exatamente e sei que ela não é tecnicamente minha,
mas sinto que estou conectado a ela de qualquer maneira. — Disse ele, soando
como se ele mesmo não pudesse acreditar. — Sempre que estou com ela, sinto
coisas que não sabia que uma pessoa podia sentir antes de ter seus “próprios”
filhos. Não quero nada mais do que fazê-la sorrir e vê-la feliz. Quero compartilhar
cada momento com ela, não perder nenhum dos grandes momentos de sua
formação. Eu quero estar lá quando ela abrir suas asas e voar, mas também
quero protegê-la do grande mundo mau lá fora.
Borboletas explodiram dentro de mim. Não apenas em meu estômago, mas
em todos os lugares. Meu coração foi substituído por uma britadeira, e o sangue
martelou em meus ouvidos, quase o batendo, mas não bloqueando o que ele
estava dizendo.
— Você não tem nenhuma razão para acreditar que o que estou dizendo é
verdade, mas estou disposto a fazer o que for preciso para provar. — Disse ele,
decidido a fortalecer sua voz. — Tudo que estou pedindo é uma chance. Só mais
uma chance.
— Paxton, eu... — Eu não sabia o que dizer. — Isto é real? Isso está
realmente acontecendo agora? Tenho que dizer que tive muitos sonhos em que
ouvi você dizer coisas assim, e sempre acordei deles.
Dedos deslizando para a minha bunda, ele me beliscou forte o suficiente
para que eu pulasse para longe dele um pouco. Quando olhei para cima, sua
expressão era terna e sincera, mas havia chamas diabólicas piscando atrás de
seus olhos.
— Satisfeita por não estar sonhando?
Eu olhei para ele, mas apenas por um segundo até que eu voltei para
ele. — Sim, estou, na verdade. Você pode ficar surpreso em saber que você fez
isso algumas vezes em alguns dos meus sonhos também, e foi sempre então
quando eu acordei.
— Você realmente sonhou comigo dizendo todas essas coisas? — Ele
perguntou após uma breve pausa, as pontas de seus dedos roçando minha
bochecha antes que ele colocasse a menor quantidade de pressão sob meu
queixo.
Sabendo que isso significava que ele queria que eu olhasse para ele,
levantei meus olhos lentamente até que estivessem de volta nos dele. Eles
estavam mais escuros agora do que apenas um minuto atrás, as chamas
apagadas para deixar apenas remorso para trás.
— Sim, Paxton. Sonhei. Sonhei com você me pedindo uma segunda
chance. — Eu admiti, um flash de dor queimando por mim quando me lembrei
da profundidade da decepção que sentia sempre que acordava para perceber que
não tinha sido real.
Ele estremeceu, como se tivesse visto a dor em minhas feições ou como se
a admissão o tivesse feito sentir sua própria dor. Possivelmente ambos.
Ele parecia que estava prestes a se desculpar novamente quando eu
balancei minha cabeça. — Não diga isso. Você já fez isso e eu já aceitei. Não
estou lhe contando sobre isso porque estou procurando outro pedido de
desculpas. Estou apenas respondendo à sua pergunta honestamente. Nos
primeiros dias, antes de aceitar que você se foi para sempre, eu costumava
sonhar com você rastejando de volta o tempo todo.
Seus dedos flexionaram onde me seguraram. — Eu também pensei em
fazer isso, se isso ajuda. Até eu te ver novamente e perceber que você prosperou
sem mim, não se passou um mês sem que eu me perguntasse se tinha cometido
um erro.
— A sério? — Eu fiz uma careta. — Todo mês?
— Pelo menos. — Ele riu baixinho, trazendo sua testa para baixo para
tocar a minha. — Você não foi a única que ficou com cicatrizes de batalha,
querida. Eu sei que fui eu quem partiu, mas quebrei meu próprio coração
quando fiz isso junto com o seu. Mas eu não rastejei de volta porque ainda não
acreditava que merecia você.
— Você acredita nisso agora? — Eu perguntei com cautela. — Porque se
você não fizer isso, então vamos apenas esquecer que essa conversa
aconteceu. Se você está duvidando…
— Eu não estou duvidando de uma merda. — Ele disse, aquela
determinação inabalável de volta em seu tom. — Se ainda não sou o homem que
merece você, vou ser egoísta e pedir essa chance de qualquer maneira. Nunca
vou parar de trabalhar para ser esse homem, e nunca vou parar de trabalhar
para ser o tipo de homem e pai que April pode admirar.
Meu queixo caiu. Na verdade, caiu literalmente. Paxton Gould apenas se
refere a si mesmo como pai. Ou uma figura paterna, pelo menos. Vida da festa,
o festeiro Paxton quer ser pai? Para April? Minha April?
Antes que eu pudesse dizer isso para ele, ele deixou bem claro que
entendia o que acabara de dizer. Que não tinha simplesmente escapado.
— Quero você de volta, Colette. — Disse ele. — Eu quero você de volta mais
do que eu já quis qualquer coisa em toda a minha vida. Traga sua bagagem e
suas cicatrizes de batalha. Meus ombros são largos o suficiente para ajudá-la a
carregar os dois. Inferno, eu ainda tenho espaço de armazenamento extra em
minha casa para você.
Incredulidade
Incredulidade. Total. Do caralho
E ele nem tinha terminado ainda.
— Eu quero que você seja minha e April também. Não sei nada sobre o que
é preciso para ser um bom pai para uma criança de três anos, mas quero
aprender. Quero ser o melhor pai para ela que alguém já viu e juro que me
tornarei ele. Eu nunca vou machucá-la, está me ouvindo? Nunca.
Enquanto eu estava lá, boquiaberta para ele no meio da pista de dança,
ele colocou as mãos levemente em cada lado do meu queixo, me segurando como
se eu fosse algo precioso para ele. — Eu estraguei tudo uma vez e nunca
mais vou fazer isso. Deixe-me provar que deixei o garoto que te machucou para
trás. Deixe-me mostrar a você que o homem que sou agora pode fazer
melhor. Apenas diga que você vai me dar outra chance. Uma segunda
chance. Uma última chance.
Tudo dependia da minha resposta a essa pergunta, e eu sabia disso. Eu
não conseguia nem descrever o que estava acontecendo com meu coração, e meu
cérebro não estava muito melhor. No final do dia, porém, dependeria se eu queria
outra chance com Paxton. Se eu acreditava que merecíamos uma segunda
chance.
Quando pensei sobre isso dessa forma, só havia realmente uma resposta
possível para dar a ele. Bem ali, no meio da pista de dança, na frente de todos,
envolvi a mão em sua nuca e o puxei para um beijo tão apaixonado que quebrou
meu mundo.
E então juntou tudo de novo. Mais forte do que antes. Melhor. As
possibilidades deste mundo são infinitas, e cada uma delas cheia de tanta alegria
que eu mal pude suportar.
Talvez eu pudesse ter focado no passado novamente. A dor que eu sabia
que ele poderia infligir e a facilidade com que eu sabia que ele poderia mudar de
ideia.
Mas não me concentrei nisso.
Porque tudo estava realmente acabado.
O perdão pode não significar esquecimento, mas significava não
desenterrá-lo em todas as oportunidades. Significava finalmente se abrir e
confiar que a pessoa que mereceu não repetirá os mesmos erros.
Eu o perdoei.
Totalmente. Finalmente. Livre.
— Por que foi isso? — Ele respirou quando finalmente nos separamos uma
era mais tarde. — Isso é um sim?
Eu sorri. — Você me deixa louca, Paxton. Mas você também é a única
pessoa por quem estive perdidamente apaixonada.
Com isso, ele me beijou novamente, com mais força desta vez. Literalmente
me varrendo do chão. Eu senti o sorriso se espalhar em seus lábios antes de nos
separarmos.
Seus olhos brilhavam como joias brilhantes e cintilantes quando ele
descansou sua testa contra a minha. — Eu também te amo, Colette. Sempre
amei. Sempre amarei.
CAPÍTULO 39
PAXTON

Quando cheguei ao hotel esta manhã, estava solteiro e não estava


pensando seriamente em mudar de status. Sinceramente, nem pensei que havia
uma chance de sair da recepção como outra coisa senão solteiro.
No entanto, aqui estava eu, dançando com a mulher que acabara de
concordar em me dar outra chance. Tenho certeza de que isso significa que estou
oficialmente fora do mercado.
Eu a segurei mais apertado contra mim, descansando minha cabeça em
cima da dela e sorrindo como um louco para qualquer um que encontrasse meu
olhar. Fazer parte de um casal nunca foi fácil para mim depois dela, e foi por
isso que eu nunca tentei ficar em um de novo, mas nada no mundo parecia tão
certo para mim como ela parecia neste momento.
A conversa de Tierra e minhas reações ao que ela disse mudaram tudo. Me
fez perceber que eu não queria apenas uma segunda chance com Colette; eu
precisava disso.
Também não havia como deixá-la sair da minha vida quando finalmente
tínhamos resolvido tudo. O que Tierra disse sobre eu amar Colette do jeito que
ela suspeitava que eu amava era verdade.
Todos os caminhos que eu poderia tomar sempre me levariam de volta a
Colette. Um futuro com ela era o que eu sempre quis, embora houvesse mais
dias em que acreditei que era impossível do que aqueles em que pensei que
poderia simplesmente acontecer.
Era como as marés e a lua. Por mais estranho que fosse olhar para o
oceano e a bola de luz pairando a tantos quilômetros de distância e saber que
eles estavam conectados, era uma verdade inegável. Colette e eu éramos iguais.
Poderíamos ter anos ou milhas entre nós, mas sempre seríamos puxados
um para o outro. Sempre afetaremos um ao outro de maneiras que podem
parecer estranhas ou absurdas para quem está de fora, mas não para nós. Para
mim, éramos tão inegáveis quanto a lua e as marés. Tão inextricavelmente
ligados e tão atemporais.
Isso bem aqui? Isso era para sempre. Aposte nisso.
Colette olhou para mim, seus dedos entrelaçados nos meus apertando
enquanto ela sorria. — Isso sempre iria acontecer, não ia?
Eu pressionei um beijo em cada uma de suas pálpebras antes de sorrir. —
Eu gostaria de pensar assim, sim.
— O que sempre iria acontecer? — A voz inquisitiva de Tierra soou perto
de nós e, quando virei a cabeça, vi que ela e seu novo marido dançaram até
nós. Seu olhar varreu de mim para Colette e de volta antes de ela lançar a Brett
um sorriso maroto. — Eu acho que sei, e eu disse a você que isso iria acontecer.
Ele revirou os olhos para ela, mas não havia como esconder o amor que
irradiava de qualquer um deles. — Eu não discordei de você. Só disse que eu
não acho que tinha acontecido ainda. Tenho certeza de que aconteceu agora.
Colette riu, então encontrou seu olhar preocupado. — Aconteceu e estou
bem. Mais do que bem, na verdade.
Brett a observou por um momento; então seu rosto se abriu em um sorriso
largo e ele gritou. — Porra, finalmente. Achei que vocês nunca iriam ficar juntos.
— Eu também. — Ela admitiu.— Mas, no fundo, sempre soube que seria
ele ou ninguém.
— Eu, pelo menos, estou feliz por ser eu. — Disse antes de beijar sua testa
e acariciar meu polegar sobre a pele exposta na parte inferior de suas costas. —
Antes de continuarmos, onde está April? Achei que ela estava com você.
Minha irmã deu uma risadinha e trocou um olhar com Colette. — Você
ainda precisa desenvolver o olho que tudo vê dos pais, mas ela está com a mãe
de Brett. Ela me viu entregando-a um minuto atrás.
Colette acenou com a cabeça antes de sorrir para mim e imitar minha ação
em suas costas na minha nuca. — Ela está bem com Maeve. Elas comeram um
pouco de bolo, mas eu deveria ir pegar as coisas dela. Veronica estará aqui a
qualquer minuto para buscá-la.
— Você estava acompanhando tudo isso enquanto tomava a decisão mais
importante da minha vida? — Eu fingi ficar boquiaberto com ela, mas a verdade
é que eu estava absolutamente pasmo por ela.
Ela riu e deu de ombros timidamente antes de me deixar ir. — Se você
estava falando sério sobre o que acabou de dizer, descobrirá como isso acontece
mais cedo ou mais tarde. Eu voltarei.
Eu circulei meus dedos em torno de seu pulso quando ela fez menção de
sair e os deslizei entre os dela. — Você não vai a lugar nenhum sem mim
agora. Eu estava falando sério, então me considere oficialmente “em
treinamento”. Você está certa, eu preciso descobrir. Começando agora.
Seus olhos castanhos eram calorosos, mas brilhando com humor quando
ela os trouxe de volta para os meus. Ela mudou sua mão no meu aperto para
pressionar nossas palmas também, então me deu um puxão.
— Tudo bem então, estagiário. Vamos. Temos uma sacola para fazer, uma
criança pequena para ajudá-la a fazer suas rondas para dizer boa noite e uma
cadeirinha para tirar do meu carro para por no de Verônica. Você está pronto
para tudo isso?
— Pode vir. — Eu pisquei para Tierra. — Quem pensou que eu teria aulas
de paternidade antes de você?
— Cara, todo mundo pensava assim. — Brett riu. — Sempre que vocês
dois se aproximavam, havia uma chance de Colette engravidar apenas pela
maneira como vocês se olhavam.
Minha irmã sorriu e ergueu o punho para bater contra o do marido. —
Bem dito. Ele provavelmente foi o único que nem mesmo percebeu isso, no
entanto. Vá com calma com ele. Paxton pode ser um pouco cego quando se trata
de amor.
— Um pouco? — Brett repetiu, rindo novamente quando Colette se juntou
a ele.
Desviei todos, mas deixei que ela me afastasse da noiva e do noivo, que de
repente pensaram que sabiam tudo sobre o amor. Tierra nos chamou. —
Estamos emocionados por você, sabe!
Colette deu um beijo na parte de baixo da minha mandíbula quando
caminhei ao lado dela, e então ela sorriu para mim. — Pode ter levado um pouco
mais do que o esperado para chegarmos aqui, mas nós estamos aqui
agora. Ignore-os. Eles estão delirando de felicidade.
Eu serpenteei meus braços em volta de sua cintura e a segurei perto de
mim, deixando cair mais um beijo no topo de sua cabeça. — Eu também. Nunca
pensei que diria isso a você de novo, mas, já que posso, amo você.
— Eu também te amo. — Ela descansou a cabeça no meu ombro por meio
segundo antes de chegarmos a Maeve e April. — É hora de ir, menina. Veronica
estará aqui em um minuto.
A menina ergueu os olhos suplicantes para a mãe, depois os lançou para
mim quando Colette apenas sorriu. — Não posso ficar mais cinco minutos?
Eu teria dado a ela o mundo quando olhou para mim assim, que dirá
apenas mais cinco minutos, mas Colette se manteve firme enquanto bagunçava
o cabelo de April. — Você vai ter mais cinco minutos enquanto nos despedimos,
mas é hora de dormir.
Maeve foi a primeira a se despedir de April, então sorriu amplamente para
nós enquanto nos observava. — Parabéns, vocês dois. Paxton, não seja estúpido
com ela de novo, certo, meu amor?
— Nunca. — Eu prometi, levantando April em meus braços enquanto nos
afastávamos da mãe de Brett. Pegamos todos os brinquedos de April de trás da
mesa, empacotamos junto com suas outras coisas em sua bolsa, em seguida,
saímos em direção ao carro da babá.
Fiz um curso intensivo sobre todas as coisas sobre assentos de
automóveis, mas consegui passar de um para o outro e, antes que percebesse,
estava recebendo um abraço tão grande quanto Colette. April se agarrou a mim
por alguns momentos antes de deixar sua mãe prendê-la no cinto, e então
acenamos um adeus enquanto Verônica a levava para casa.
Com meus braços em volta de Colette, de costas para a minha frente,
voltamos para o local no momento em que Tierra estava prestes a lançar seu
buquê. Ela parecia estar esperando por nós, pois sorriu assim que nos viu
entrando.
Como chefe dos cavalheiros, Colette correu para vendar os olhos de Brett
com a gravata, depois juntou-se às fileiras das garotas que esperavam que as
flores as atingissem na cabeça. Handsy piscou para mim, mas quando eu
arqueei uma sobrancelha e inclinei minha cabeça na direção de Colette, ela
murchou e sussurrou algo para Screechy.
As duas garotas olharam para Colette, mas rapidamente voltaram seus
olhos para o prêmio. Um prêmio que acabou voando logo após a ponta de seus
dedos estendidos e caiu bem nas mãos de Colette.
Tierra gritou e então se emocionou de empolgação quando se virou para
ver seu buquê nas mãos de Colette, e quando peguei a liga mais tarde, jurei que
vi os corações de desenho animado acima da cabeça de minha irmã.
Mais tarde, eu estava do lado de fora fumando um charuto com alguns dos
meninos. Muitos dos convidados mais velhos tinham ido para casa e a festa
estava terminando.
Dan soltou uma nuvem de fumaça antes de olhar para a liga no meu
bolso. — Então, você e Colette de novo, hein?
— Sim. — Eu sorri. Eu não conseguia parar de fazer isso. — Já não era
sem tempo, porra.
Ele franziu a testa. — Você está coberto de modelos há anos e não está
pirando com a ideia de ela pegar o buquê e você pegar a liga? Você sabe que não
pode pegar suas colegas de trabalho agora, certo?
— Aqueles dias acabaram no segundo em que a vi novamente, e não tenho
nenhum desejo de recuperá-los. — Eu disse honestamente enquanto colocava a
mão em seu ombro. — Além disso, eu nunca quis realmente ninguém de
qualquer maneira. Se fosse qualquer outra pessoa que pegasse aquele buquê
comigo, tudo que você teria visto de mim seriam minhas costas enquanto corria
para as colinas. Com ela, não. Eu não estou pirando com isso.
Havia uma estranha paz dentro de mim, como se o universo tivesse selado
nossa decisão com uma promessa própria. Dan e eu conversamos um pouco, ele
apagou o charuto. Um par de braços me envolveu por trás, e eu enrijeci antes de
perceber que era ela.
— Há um depósito ali com uma porta que tranca. — Ela murmurou depois
que Dan nos deu um aceno e se afastou. — Quer se esgueirar um pouco?
Engasguei com a última tragada que dei e joguei o charuto no cinzeiro
enquanto me abaixava para agarrar as mãos dela. — Leve-me para o seu
depósito, oh sorrateira.
A risada borbulhou dela enquanto me conduzia a um anexo não muito
longe de onde estávamos. Estávamos tão tontos como adolescentes quando
entramos no quarto escuro e trancamos a porta atrás de nós.
Assim que ouvi o barulho da fechadura, virei-a e empurrei-a contra a
porta. Não havia janelas aqui, e embora eles provavelmente tivessem luzes, eu
não iria perder tempo procurando por uma.
Além disso, a escuridão tornava as coisas muito mais
emocionantes. Supremamente consciente dos sons que ela fez enquanto eu
capturava seus lábios com os meus, corri minhas mãos por toda ela naquele
vestido que esteve me deixando louco o dia todo.
Eu ouvi cada dificuldade em sua respiração e cada gemido que se seguiu
quando eu a toquei em algum lugar que ela desejava, e isso me excitou. Os sons
do final da festa pareciam distantes com todas as paredes nos separando, mas
também me garantiram que ninguém iria nos ouvir.
Entre as paredes, a música e as risadas vindo de fora, decidi que era
seguro me divertir um pouco. Depois de dar a ela um beijo final e forte, caí de
joelhos e não dei a mínima se isso deixasse evidências do que tínhamos feito no
meu terno.
O cheiro de sua excitação me atingiu assim que enrolei a bainha de seu
vestido em volta da cintura. Portanto, é verdade o que dizem sobre outros sentidos
sendo intensificados se você perder um deles. Interessante.
Sabendo que nunca encontraríamos sua calcinha novamente se eu a
removesse e não querendo deixá-la para trás para alguém que não fosse eu para
pegá-la mais tarde, eu simplesmente a empurrei de lado antes de colocar minha
boca nela. Ela rebolou e se contorceu contra mim, mas eu segurei firme e dei a
ela exatamente o que ela precisava o mais rápido que eu podia.
Se ficássemos longe por muito tempo, seria óbvio para onde havíamos
ido. Eu realmente não me importava se alguém descobrisse, mas fazia parte da
emoção das coisas me perguntar se eles descobririam.
Os gemidos de Colette mal diminuíram quando senti suas mãos em meus
braços. Ela me puxou de volta, colocou as mãos em volta do meu pescoço para
trazer minha cabeça para baixo, então me beijou profundamente enquanto
pegava meu cinto.
Ela o desfez, desabotoou e abriu o zíper, liberando meu pau dolorido em
menos de dez segundos. Quando ela envolveu seus dedos em volta do meu pau,
eu assobiei e quase a mordi enquanto o prazer me percorria.
Meus quadris balançaram em seu punho três vezes antes de eu rosnar e
empurrá-la de volta contra a porta. Envolvendo suas pernas em volta dos meus
quadris, eu a levantei e guiei minha ponta para sua entrada. Assim que senti
seu calor escorregadio, eu era um caso perdido.
Me afundei nela com um impulso forte, então dedilhei seu clitóris com
meus dedos quando a senti se contrair em torno de mim. Foi rápido, apaixonado,
e duvidei que qualquer um de nós algum dia seria capaz de usar essas roupas
novamente, mas foi o melhor sexo que eu já tive.
E eu já não podia esperar para fazer isso de novo. Pelo resto da minha
maldita vida.
EPÍLOGO
COLETTE

Três meses depois

Estava um dia lindo e ensolarado, e Paxton estava fazendo um churrasco


de hambúrgueres em sua varanda, enquanto April e eu preparávamos uma
salada juntas na cozinha. Ela estava em um banquinho ao meu lado, ajudando-
me adicionando tomates cereja que eu já tinha cortado pela metade.
Nos três meses desde que Brett e Tierra se casaram, tanta coisa mudou
que minha cabeça girava sempre que eu pensava nisso. Para começar, Paxton,
April e eu passamos praticamente todos os minutos livres que tínhamos juntos.
Não era oficial, mas poderíamos muito bem ter ido morar com ele
agora. Havíamos conversado sobre como torná-lo oficial e eu planejava dizer a
ele mais tarde que estava pronta para dar esse salto. Ele não tinha me deixado
cair com nenhum dos outros saltos que eu dei por ele desde que voltou para a
minha vida, e considerando o quanto ele queria isso, eu sabia que não iria deixar
a bola cair sobre isso também.
Sua luxuosa cobertura de arranha-céus rapidamente se encheu de itens
infantis após o casamento. Na verdade, o banquinho em que ela estava apareceu
com o nome dela na primeira vez que viemos jantar.
Depois do primeiro mês, Paxton decidiu que era bobagem ficar carregando
coisas da minha casa para a dele, e saiu e comprou o dobro de tudo que ela
precisava. Não só isso, mas também comprou o que parecia ser uma loja de
brinquedos inteira e equipou um de seus quartos de hóspedes como uma sala
de jogos.
Isso teria sido mais do que um sinal claro de que ele estava levando essa
coisa entre nós muito mais a sério do que eu poderia imaginar antes do
casamento. Mas não parou por aí.
A próxima vez que viemos para sua casa, ele transformou sua academia
em um quarto para April, para que ela tivesse seu próprio quarto quando
ficássemos aqui. Ele me disse que achava que era muito melhor do que a
academia em casa, mas eu não acreditei nele até ver com meus próprios olhos o
quanto ele gostava de tê-la em seu espaço.
Às vezes, April até vinha e ficava aqui quando eu tinha que trabalhar até
tarde. Os dois se divertiram muito juntos, e ele passou a chamar de hora da
filha. Ele tinha ido tão longe a ponto de marcar pelo menos uma noite por mês
para o tempo da filha no calendário compartilhado que agora mantínhamos
online.
Ao mesmo tempo que ele decorou seu quarto para ela, também limpou
metade de seu closet para mim. A coisa era grande o suficiente para abrigar as
roupas de pelo menos quatro pessoas, mas ele ainda se esforçou para limpar
muito mais do que apenas uma gaveta para mim.
Ele me deu o lado “dela” de seu banheiro e imprimiu fotos de todos nós
juntos para colocá-las nas paredes. Honestamente, em três meses, ele fez sua
casa parecer mais um lar para nós do que nossa casa na cidade jamais foi. E eu
ainda amava nossa pequena casa.
Paxton até me levou às compras para escolher novos lençóis, cortinas,
roupas de cama e bugigangas para nosso quarto. Na semana após o casamento,
ele me convidou para uma queima cerimoniosa de sua cama anterior. Ele disse
que estava limpando o lugar antes de passarmos nossa primeira noite lá.
Meus pais haviam retornado da viagem e April passou o dia com eles
enquanto íamos comprar lençóis novos e conversávamos sobre para onde
queríamos ir a partir daqui. Foi fofo que ele queimou sua cama como seu adiós
final ao solteiro, mas eu insisti em uma conversa apropriada em vez de apenas
um grande gesto.
Embora, eu não pudesse dizer que me importava em saber com certeza
que eu era a única mulher com quem ele compartilhou esta cama e seus
lençóis. Às vezes, ficava um pouco insegura quando via suas campanhas e as
mulheres com quem ele trabalhava, mas sempre que visitávamos suas sessões
de fotos que ele insistia em fazer muitas vezes depois de perceber como April
ficava curiosa, ele me apresentava a todos.
Ele nem mesmo me apresentava como sua namorada. Ele me chamava de
sua futura esposa. Depois que eu deixei passar uma vez, ele me disse que iria
continuar fazendo isso. Aparentemente, era parte do trabalho que ele decidiu
fazer para provar seu amor por mim e April.
Não havia um único sinal de que ele estava envergonhado por eu não
parecer uma das modelos com quem ele trabalhava. Ele também regularmente
fazia questão de dizer, e depois me mostrar, o quão sexy ele pensava que eu era.
Eu não acho que minha autoestima já esteve mais alta, e isso era algo para
uma garota curvilínea que estava namorando um modelo masculino. Sério, ele
tinha a constituição de um deus, mas era eu que o colocava
de joelhos. Literalmente na maioria das noites.
Quando concordei em dar a ele aquela segunda chance, não pensei que
seria possível me apaixonar ainda mais por ele do que antes, mas provaram que
estava errada. Eu estava muito mais apaixonada por ele do que nunca, e esse
sentimento continuava crescendo a cada dia.
Uma grande parte disso foi por causa do quão bom ele era com April. Ele
a amava como se ela fosse sua e sem medo, abertamente mostrava isso todos os
dias. Uma noite, ele até mencionou a adoção formal dela.
Seria um processo, mas foi um que eu disse a ele que consideraria quando
chegasse a hora certa. Desde então, Paxton tinha a missão de provar para mim
que o momento certo chegaria e que ele iria durar muito.
Embora nunca tenha pensado assim, também percebi que Paxton me
deixando e ingressar no exército para se encontrar foi a melhor coisa que poderia
ter acontecido comigo. Sem ele partindo, eu nunca teria tido April, e essa
simplesmente não era uma vida que eu queria viver.
Tudo aconteceu por uma razão, e tudo valeu a pena agora que eu tinha os
dois em minha vida. A jornada para chegar aqui foi longa e dolorosa, mas
sabendo agora onde isso nos levaria, eu voltaria e faria tudo de novo.
Eu sorri quando April pulou de seu banquinho depois que todos os
tomates foram adicionados à salada. Ela correu para Paxton, que parecia ter
desenvolvido olhos na parte de trás da cabeça, afinal. Ele se abaixou para pegá-
la sem nem mesmo se virar para olhar e sem perder o ritmo dos hambúrgueres
que estava virando. Eu assobiava e torcia por ele, e ele me lançou um sorriso
malicioso e uma piscadela por cima do ombro.
April disse algo para ele, e ambas as cabeças caíram para trás enquanto
riam do que quer que fosse. Em tempos como esses, acho difícil parar de olhar
para os dois.
Distraidamente montando a salada, mantive meus olhos principalmente
nas minhas duas pessoas favoritas. Poucos minutos depois, mais duas de
minhas pessoas favoritas chegaram.
Passei pela mesa da sala de jantar que tinha posto antes e abri a porta
para Brett e Tierra. — Olhe para vocês dois! — Exclamei. — Vocês parecem belas
estátuas bronzeadas. Bem-vindos de volta.
— Obrigada. — Disse Tierra, jogando os braços em volta do meu pescoço
para me abraçar antes de contornar para caçar seu irmão.
Brett sorriu e abriu os braços, e eu entrei neles sem hesitação. Suspirei
quando ele me puxou contra seu peito. — Deus, eu senti sua falta. Você nunca
tem permissão para ir embora por tanto tempo novamente.
Sua risada de resposta retumbou em seu peito, vibrando contra meu
ouvido. — Não finja que você esteve ocupada ansiando por mim quando
finalmente tem o amor da sua vida de volta.
— Eu não diria lamentando. — Eu admiti enquanto dava outro aperto nele
antes de recuar. — Eu definitivamente senti sua falta, no entanto. Como foi sua
viagem?
— Foi incrível. — Disse ele enquanto me seguia para dentro e fechava a
porta atrás de nós.
— Eu diria que foi. — Eu dei a ele um olhar por cima do ombro, revirando
os olhos ao ver o olhar dele. — Você saiu em lua de mel por dez
semanas. Obviamente, foi incrível.
— Sim. Eu sei que só voltamos há duas semanas, mas estou totalmente
pronto para partir novamente. — Ele suspirou sonhadoramente. — Eu queria
que você pudesse ter estado lá. Alguns dos lugares que visitamos eram
incríveis. Tenho tantas fotos para você.
— Você gostaria que tivéssemos ido na lua de mel com você? — Eu ri,
piscando para ele antes de saímos para a varanda. — Duvido que seja verdade.
— Você duvida do que é verdade? — Paxton perguntou, aproximando-se
para apertar a mão de Brett com April ainda em seu quadril.
Ela gritou quando o viu, mas foi uma prova de quão perto ela chegou de
Paxton que ela não tentou se esquivar de seus braços para chegar a Brett. Em
vez disso, ela o abraçou de seu poleiro em Paxton.
— Brett estava dizendo que gostaria que nós estivéssemos com eles. — Eu
disse.
Paxton bufou ao passar o braço por cima do meu ombro. — Okay,
certo. Você só está dizendo isso agora. Se tivéssemos aparecido, você teria se
mudado para um destino diferente em sua super lua de mel. Sério, pessoal. Dez
semanas?
— Nós dois seremos parceiros júnior. — Disse Tierra enquanto batia em
seu ombro. — Vai demorar muito antes de podermos viajar novamente, e temos
economizado nossos dias de férias praticamente desde que começamos a
trabalhar.
— Bem, nós dois estávamos indo para parceria júnior. — Brett disse,
olhando para Tierra com estrelas em seus olhos quando ela se aproximou
dele. — Não temos certeza do que vai acontecer agora.
— Por que não? — Eu perguntei, observando enquanto Paxton voltava para
a grelha para colocar os hambúrgueres na bandeja que trouxera para ele.
— Vamos colocar tudo em dia em um minuto. — Disse ele. — Vamos pegar
estes enquanto estão quentes e sentar. Vocês querem alguma coisa para beber?
Tierra optou por uma água enquanto Brett pegou uma cerveja. Sentamos
ao redor da mesa da sala de jantar, e ela olhou em volta com os olhos demorados
em todas as evidências de April e eu no apartamento. — Uau. Vocês estão
morando juntos?
— Não. — Paxton deu um longo suspiro de sofrimento. — Colette se recusa
a dizer sim oficialmente, mas como você pode ver, elas praticamente se
mudaram.
Eu dei-lhe um tapa de brincadeira no ombro e ri. — Diz aquele que saiu e
comprou o dobro de quase tudo.
— Gosto de me enganar pensando que você está realmente morando aqui.
— Disse ele, os olhos brilhando de humor quando encontraram os meus. Sua
grande mão se fechou sobre minha coxa sob a mesa e ele apertou com força. —
Além disso, você sabe que não há pressão. Só gosto de sentir que você está aqui.
— Posso contar a ele, mamãe? — April perguntou, saltando em seu assento
com entusiasmo. — Por favor, por favor, por favor?
— Claro querida. Vá em frente. — Eu tinha planejado fazer isso mais tarde,
mas estava tudo bem. Eram notícias tanto dela quanto minhas.
— Nós vamos morar com você! — Ela gritou, e Paxton ficou tão imóvel que
pensei que alguém tivesse encontrado seu botão de pausa.
No minuto seguinte, ele girou tão rápido que quase turvou e me puxou
para seus braços. April se juntou ao nosso abraço enquanto Brett e Tierra
ficaram para trás até que nos separamos para nos dar os parabéns.
— Lamentamos não termos tido tempo para recuperar o atraso antes de
hoje. — Disse Tierra, uma vez que todos nós terminamos. — Tem sido agitado
desde que voltamos.
— Isso é o que acontece quando você fica fora por quase três meses. —
Brincou Paxton, mas seu braço permaneceu em volta de mim o tempo todo, seu
hambúrguer na mão livre.
— Bem… — Ela compartilhou um olhar com Brett enquanto pausava,
então trouxe seu olhar de volta para Paxton. — É um pouco mais do que
isso. Nós meio que fizemos algo louco enquanto estávamos fora.
Paxton e eu nos inclinamos. O mesmo aconteceu com April.
Ele franziu a testa para sua irmã. — O que você fez?
A excitação brilhou em seus olhos antes de Tierra estourar em um sorriso
largo. — Nós estamos grávidos.
— Eu vou ter um primo? — April gritou, de alguma forma a primeira a
dizer alguma coisa. Ela se jogou em seus braços, e eles riram enquanto a
seguravam com força.
Meu coração gaguejou, então se encheu de alegria absoluta quando pulei
para me juntar ao abraço deles. Paxton foi o último a se mexer, mas sem dúvida
também o mais feliz com este anúncio.
Nosso almoço foi preenchido com conversas animadas a partir daí, e
depois que limpei a mesa, roubei um momento na cozinha para processar. Mais
uma vez, fiquei impressionada com o quanto todas as nossas vidas haviam
mudado nos últimos três meses e fiquei tão grata que acabei derramando
algumas lágrimas.
Eu não o ouvi entrar, mas Paxton se esgueirou por trás de mim e passou
os braços em volta da minha cintura. Seu queixo descansou no meu ombro e eu
coloquei minha cabeça para trás contra a dele.
— O que há de errado? — Ele perguntou, beijando uma das minhas
bochechas salgadas antes de me virar no círculo de seus braços para enxugar
minhas lágrimas. A preocupação nublou seu belo azul, e suas sobrancelhas
estavam franzidas. — Você está bem? O que aconteceu?
Eu sorri em meio às lágrimas e balancei minha cabeça. — Não há nada de
errado, querido. Eu prometo. Tudo está exatamente certo. É disso que se
trata. Estou incrivelmente grata por onde estamos todos agora.
Ele olhou para mim por um momento enquanto seus olhos clareavam, e
então ele inclinou a cabeça em direção a Tierra e Brett. Eles ainda estavam rindo
e brincando com April na mesa. — Você acha que algum dia seremos nós? — Ele
perguntou.
Foi a minha vez de franzir a testa. — O que você quer dizer?
Os lábios de Paxton formaram um sorriso quando uma risada baixa saiu
dele. — Você acha que algum dia faremos um irmão para April?
Eu não conseguia me ver, mas podia sentir meu rosto ficando rosa
brilhante. — Sempre quis ter outro filho na hora certa, mas não vou pressioná-
lo a nada.
Ele pressionou o beijo mais doce na minha boca, sussurrando sua
resposta contra ele. — Eu posso sentir em meus ossos que a hora está
chegando. Estou animado para essa aventura com você, amor. Você não pode
me pressionar a fazer algo quando eu quero mais do que você.
Cutucando-o nas laterais onde eu sabia que ele tinha cócegas, esperei até
que ele risse e me soltasse. Quando fez isso, eu atirei-lhe um sorriso e levantei
minha mão esquerda. — Aliança primeiro, meu amor. Depois o grande
casamento, depois o bebê. Você nunca ouviu a rima? Primeiro vem o amor,
depois o casamento. Você sabe qual.
Ele se lançou para mim, me puxando para seus braços enquanto começava
a me fazer cócegas de volta. — Oh, você acha isso engraçado, não é? Veremos
quem é o verdadeiro engraçado mais tarde, quando April dormir.
— Nós vamos? — Eu consegui falar entre gargalhadas enquanto lutava
contra o aperto de ferro que ele tinha em mim. — Como assim?
Ele me puxou de volta contra ele, ainda tão brincalhão como sempre,
mesmo quando as palavras que ele sussurrou em seguida me derrubaram
completamente. — Se é um anel que você queria, você deveria ter dito antes,
bebê. Eu tenho um em uma gaveta lá em cima com o seu nome.
Eu afundei em seu peito, olhando para aqueles olhos brilhantes enquanto
tentava encontrar a verdade neles. — Espere um segundo. Você está falando
sério?
Ele balançou as sobrancelhas para mim, os cantos de sua boca se
contraindo. — Foda-se esperar até que eles saiam e April durma. Se você está
tão ansiosa para descobrir, vamos subir correndo. O primeiro pode pedir ao
outro em casamento.
Eu não tive a menor chance, mas descobri que ele nunca quis que eu
fizesse isso. Quando voltei para o nosso quarto, encontrei-o transformado da
forma como o deixei apenas esta manhã. Não totalmente transformado, mas a
cama estava feita, pelo menos, e havia pétalas de flores espalhadas por toda
parte.
Depois de me vencer por apenas alguns segundos, Paxton já estava lá
quando entrei no quarto aos tropeções, sem fôlego. Ele estava ajoelhado no
centro de um coração feito de flores, uma caixa de anel aberta na palma da mão.
— O que você diz, Dra. Colette Wynne? Você finalmente será minha
esposa? — Ele perguntou, e assim como antes, só havia realmente uma resposta
que eu queria dar a ele.
— Sim.
Havíamos esperado muito tempo pelo nosso feliz para sempre, mas ele
finalmente chegou, e eu não perderia outro momento disso. — Sim. Claro que
eu vou. Sim para tudo, Paxton. Contanto que seja com você, eu quero tudo.

FIM

Você também pode gostar