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Protocolo Aleita Materno

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PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO À SAÚDE DAS PESSOAS

PROGRAMA DE ALEITAMENTO MATERNO

PROTOCOLO E DIRETRIZES DE ATENDIMENTO EM

ALEITAMENTO MATERNO

RIBEIRÃO PRETO, 2020


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO
SECRETARIA DA SAÚDE

Gestão 2020

Prof. Dr. Sandro Scarpelini


Secretário Municipal da Saúde

Enfa. Ms. Jane Aparecida Cristina


Assistente do Secretário

Dra. Suraia Zaki Sammour Vigarani


Departamento de Atenção à Saúde das Pessoas

Enfa. Lilian Donizete Pimenta Nogueira


Coordenadora do Programa de Aleitamento Materno
ELABORAÇÃO

Programa de Aleitamento Materno da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto

Lilian Donizete Pimenta Nogueira

Grupo de trabalho: Colaboração:


Adriana Moraes Leite – EERP – USP – Tutora Ana Paula Raizaro – Coordenadora Programa
EAAB de Saúde da Família
Caroline Cândido – UNIP Andrea Domingues Ribeiro Toneto –
Daniela Vieira Pallos - PAISCA – SMS – Tutora Coordenadora do Programa de Proc. Coletivos
EAAB e Preventivos em Odontologia
Fátima Aparecida de Bonifácio Heck -PAISM – Camila Luchese Miluzzi – ESF Paulo Gomes
SMS Romeo – Tutora EAAB
Gabriela Barbosa Pegoraro – UNAERP – Tutora Janaína Boldrini França – Coordenadora do
EAAB Programa de Atenção Integral à Saúde da
Juliana Cristina dos Santos Monteiro – NALMA – Mulher
EERP – USP Lilian Sheila de Melo Pereira do Carmo –
Larissa Garcia Alves – BLH – HCFMRP – USP UNAERP
Lauren Suemi Kawata – Divisão de Enfermagem Lívia Monteiro Timoteo – graduanda – EERP -
Márcia Cristina Guerreiro dos Reis – IBFAN – USP
Tutora EAAB Maria Carolina Scozzafave - UBS Ribeirão
Vivian Isabel Ferreira Lario Barrionovo – Centro Verde – Tutora EAAB
de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Márcia Soares Freitas da Motta –
Preto – MATER Coordenadora do Programa de Atenção
Integral à Saúde da Criança e do Adolescente
Apoio: Rute Aparecida Casas Garcia – Coordenadora
Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e do Programa Doenças Crônicas Não
Saúde Pública (DEMISP) - EERP - USP Transmissíveis

Formatação: Revisão:
Andréia Heloisa Costa da Cruz – DEMISP - Mirela Módolo Martins do Val – Equipe técnica
EERP - USP DAB
Thatiane Dellatorre – Equipe técnica DAB
Suraia Zaki Sammour Vigarani – Diretora DASP
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO
Secretaria Municipal da Saúde
Departamento de Atenção à Saúde das Pessoas
Programa de Aleitamento Materno
PROTOCOLO E DIRETRIZES DE ATENDIMENTO EM ALEITAMENTO MATERNO

Sumário

Apresentação do Programa...................................................................................... 9

I Introdução .............................................................................................................. 11
I.1 Benefícios do aleitamento materno ............................................................................. 11
I.2 Promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.................................................. 12
I.3 Definições e duração do aleitamento materno ............................................................. 16
I.4 Indicadores de aleitamento materno em Ribeirão Preto .............................................. 17
I.5 Objetivos do Programa de Aleitamento Materno ......................................................... 19
I.5.1 Geral ..................................................................................................................... 19
I.5.1.1 Específicos ..................................................................................................... 19

II Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais .. 20


II.1 Comitê de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável .................. 21
II.2 Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil...................................................................... 22
II.3 Responsabilidades institucionais segundo instâncias de gestão e componentes da
Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno ..................... 25
II.4 Atribuições dos profissionais ...................................................................................... 28
II.4.1 Atribuições dos Agentes Administrativos ............................................................. 28
II.4.2 Atribuições do Agente Comunitário de Saúde (ACS) ........................................... 28
II.4.3 Atribuições da equipe médica .............................................................................. 29
II.4.4 Atribuições comuns à equipe de Enfermagem ..................................................... 30
II.4.5 Atribuições específicas de enfermeiros ................................................................ 30
II.4.6 Atribuições do cirurgião-dentista .......................................................................... 31
II.4.7 Atribuições do Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) .................................................... 32
II.4.8 Atribuições do farmacêutico ................................................................................. 32
II.4.9 Atribuição do auxiliar de farmacêutico.................................................................. 33
II.4.10 Gerente de Atenção Básica ............................................................................... 33
III Protocolos Clínicos ............................................................................................. 35
III.1 Anatomia e fisiologia do Aleitamento Materno ........................................................... 35
III.2 Composição do Leite Humano .................................................................................. 39
III.3 Habilidades de ouvir e aprender ................................................................................ 40
III.3.1 Habilidades de desenvolver confiança e apoio ................................................... 42
III.4 Proteção Legal do Aleitamento Materno .................................................................... 44
III.4.1 Código Internacional, NBCAL e IBFAN ............................................................... 44
III.4.1.1 IBFAN e Monitoramento da NBCAL em Ribeirão Preto ................................ 45
III.4.1.2 NBCAL na prática dos serviços de Saúde do município e competências ..... 45
III.4.2 Legislações que protegem o Aleitamento Materno e a Mulher ............................ 46
III.4.2.1 Divulgação da legislação nos serviços ......................................................... 48
III.5 Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias ..................... 49
III.6 Técnicas de amamentação – pega, prega, postura e posição ................................... 57
III.6.1 Como ajudar a mãe a amamentar ....................................................................... 57
III.6.1.1 Posicionamento adequado ........................................................................... 59
III.6.1.1.1 Posição deitada ..................................................................................... 60
III.6.1.1.2 Posição sentada, tradicional .................................................................. 60
III.6.1.1.3 Posição sentada com bebê na posição invertida ou “bola de futebol
americano” ............................................................................................................ 61
III.6.1.1.4 Posição descontraída de amamentação (laid-back position) .................. 62
III.6.1.1.5 Posição sentada com o bebê na posição de cavaleiro ........................... 63
III.6.1.2 Prega da mama e pega do bebê .................................................................. 63
III.6.2 Observação e avaliação da amamentação ......................................................... 68
III.6.3 Assistência no pré-natal e puerpério para incentivo e apoio ao aleitamento
materno ........................................................................................................................ 69
III.7 Ordenha, coleta, armazenamento e doação do leite materno.................................... 72
III.8 Situações especiais: gemelaridade, prematuridade, fissuras..................................... 74
III.8.1 Prematuridade .................................................................................................... 74
III.8.2 Recém-nascido com problemas neurológicos ..................................................... 76
III.8.3. Gemelaridade .................................................................................................... 77
III.8.4 Lábio leporino e fenda palatina ........................................................................... 78
III.9 Amamentação e uso de medicação materna ............................................................. 80
III.10 Situações que contraindicam a amamentação ........................................................ 83
III.10.1 Uso de drogas de abuso ou ilícitas, uso de tabaco e álcool e aleitamento
materno ........................................................................................................................ 85
III.11 Desmame ................................................................................................................ 88
III.12 Fluxograma de atendimento para a promoção do aleitamento materno na atenção
básica em saúde .............................................................................................................. 90
III.13 Fluxograma de atendimento para o manejo das intercorrências mamárias na atenção
básica em saúde .............................................................................................................. 91
III.14 Fluxograma de atendimento para os casos de anquiloglossia ................................. 91
III.15 Material Educativo ................................................................................................... 94

Referências .............................................................................................................. 97

Anexos ................................................................................................................... 101


Apresentação do Programa

Este documento busca consolidar as práticas de incentivo, promoção, proteção e


apoio ao Aleitamento Materno (AM) no município de Ribeirão Preto – SP; levando em
consideração as práticas já existentes, bem como a necessidade crescente de oferecer
subsídios aos profissionais que atuam na Rede de Atenção à Saúde. Considera também a
necessidade de estabelecer parcerias intersetoriais para fortalecer a amamentação para as
crianças exclusivamente até os seis meses de vida e de modo continuado até os 2 anos ou
mais, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (MS) e da Organização
Mundial da Saúde (OMS).
O Programa de Aleitamento Materno – PALMA está inserido dentre os Programas de
Saúde, da Secretaria Municipal da Saúde - SMS de Ribeirão Preto, tendo a sua criação na
década de 80. Historicamente, surgiu de uma parceria da SMS com o Núcleo de Aleitamento
Materno da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (NALMA
– EERP – USP), que no período de 1988 a 1996 possibilitou a realização e estruturação das
ações programáticas de Aleitamento Materno na SMS.
No ano de 1995 a parceria se estendeu ao Programa de Atenção Integral à Saúde
da Criança, por meio do Projeto Floresce Uma Vida, além de maternidades e Programa de
Atenção Integral à Saúde da Mulher da SMS. No ano seguinte, o PALMA foi oficializado e
deu-se início às atividades comemorativas da Semana Mundial do Aleitamento Materno –
SMAM no município, que possuem frequência anual e acontecem em todas as Unidades de
Saúde. O Programa conta ainda com a parceria de diversas instituições público-privadas
como maternidades, creches, universidades, dentre outras. Desde 2012, o Programa organiza
e realiza o Encontro de Aleitamento Materno, com participação expressiva dos profissionais
de todas as Unidades de Saúde de Ribeirão Preto e de municípios vizinhos.
O PALMA, desde 1999, estabeleceu parceria com o Instituto de Saúde da Secretaria
Estadual de Saúde, por meio do Projeto Amamentação e Municípios, que foi amplamente
divulgado no Estado de São Paulo e realizado em todas as capitais brasileiras. Este ocorre a
cada 10 anos para avaliar os indicadores de Aleitamento Materno - AM no Brasil.
Em 2000, o PALMA firmou parceria com maternidades públicas e com o Banco de
Leite Humano (BLH) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –
USP, participando de capacitações para os profissionais de diversas áreas e da construção
de fluxo de atendimento em amamentação.
Por meio do Programa, em 2009, houve um marco legal, publicado no Diário Oficial
do Município de 17/09/09, Decreto 181, que versa sobre a redução da jornada de trabalho das
servidoras municipais para amamentação por leite materno até 12 meses da criança.
9
Apresentação do Programa

Buscando ampliar as ações em AM no município, o PALMA iniciou, também em 2009,


a implantação da Rede Amamenta Brasil – RAB, lançada pelo Ministério da Saúde (MS).
Trata-se da construção de um novo paradigma para o ensino do aleitamento materno na
Atenção Básica. No ano seguinte, foi implantada a Estratégia Nacional para Alimentação
Complementar Saudável (ENPACS) visando fortalecer as ações de apoio e promoção à
alimentação complementar saudável para menores de 2 anos no Sistema Único de Saúde –
SUS.
Nos anos de 2011 e 2014 houve a implantação de dois Postos de Coleta de Leite
Humano, localizados na Unidade de Saúde da Família Maria Casagrande e Unidade Básica
de Saúde Parque Ribeirão; em parceria com o BLH – Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP).
Em 2012, como resultado da integração da RAB e da ENPAC, o MS lançou a
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil - EAAB, também implantada no município.
Buscando solidificar as parcerias, otimizar as ações em aleitamento materno no
município, levando em consideração a importância da assistência qualificada no processo de
amamentação, bem como articular as políticas de saúde das instituições de Ribeirão Preto,
foi criado, em 2014, o Comitê de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável
(Decreto 106 de 08/05/2014), cuja presidência é de responsabilidade da Coordenação do
PALMA.
Atualmente as ações de aleitamento materno estão implantadas em toda a Rede
Municipal de Saúde, com atividades de prevenção, promoção e estímulo ao AM, como
também no atendimento das intercorrências mamárias (ingurgitamento mamário, traumas
mamilares e mastites, por exemplo), capacitação para as equipes de saúde quanto ao manejo
do aleitamento materno, oficinas de trabalho da EAAB, monitoramento e processo de
certificação das Unidades na EAAB, construção de banco de dados de intercorrências
mamárias e de casos de mastite com internação, incluindo análise e levantamento de
estratégias para melhoria da assistência, além do suporte a todas as Unidades de Saúde
quanto aos atendimentos prestados.
O PALMA possui ainda interface com diversos setores da sociedade, a serem
apontados neste Protocolo e tem buscado, em seus mais de 30 anos, o aprimoramento das
práticas profissionais no município para que o binômio, mãe-bebê e família tenham
atendimento qualificado em toda a Rede de Atenção à Saúde, embasado nas diretrizes do
MS e OMS, para que possam usufruir de todos os benefícios do AM. Deste modo, este
documento busca potencializar as ações de apoio ao aleitamento materno e de promoção da
alimentação saudável para as crianças até os 2 anos de idade ou mais.

10
I Introdução

I.1 Benefícios do aleitamento materno

O Aleitamento Materno exclusivo tem sido apontado por diversos estudos como
prática favorável à saúde materno-infantil, com destaque para as crianças, principalmente em
países em desenvolvimento (JIMENEZ et al., 2017).
O leite materno demonstra a sua superioridade em relação ao leite de outras
espécies na alimentação até os dois anos de idade da criança, fato evidenciado por inúmeros
estudos científicos (DEL CASTANHEL; DELZIOVO; ARAÚJO, 2016). Deste modo, tratamos
de um processo de profunda interação entre mãe e filho, com repercussão física, cognitiva,
nutricional, emocional, refletindo na saúde física e psíquica materna (BRASIL, 2015).
Mediante inúmeros benefícios apontados, incluindo esforços de organismos
nacionais e internacionais visando proteger o Aleitamento Materno, ainda observa-se
prevalências deste no Brasil inferiores ao desejado; fato que fortalece a necessidade de
profissionais de saúde proativos, que estejam engajados neste movimento para o sucesso da
amamentação. Destarte, tais profissionais precisam de olhar abrangente, atento à mulher
como protagonista deste processo; figura carente de rede de apoio tanto no contexto familiar,
social, cultural, com necessidade de valorização, escuta profissional e empoderamento
(BRASIL, 2015).
Dentre as evidências apontadas pela literatura envolvendo os benefícios do
Aleitamento Materno, encontra-se que este é capaz de evitar mortes infantis, doenças
diarreicas, infecção respiratória, diminuir o risco de alergias, de hipertensão arterial, colesterol
alto e diabetes; reduzir a chance de obesidade; estabelecer melhor nutrição; promover efeito
positivo na inteligência, melhor desenvolvimento da cavidade bucal. para a mulher, o
aleitamento materno pode proteger contra câncer de mama, de ovário, e útero, com a
possibilidade de evitar nova gravidez, além de proteger contra o diabete tipo 2. No caso da
família, observa-se menores custos financeiros, promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho
e melhor qualidade de vida (BRASIL, 2015; DEL CASTANHEL; DELZIOVO; ARAÚJO, 2016).
O leite materno possui inúmeros fatores capazes de proteger contra infecções,
colaborando efetivamente com a redução da mortalidade infantil entre crianças amamentadas
(BRASIL, 2015). Informação confirmada pelo estudo de Victora et al. (2016), publicado
internacionalmente, mostra que 13% das mortes entre menores de 2 anos de idade em
aleitamento materno podem ser evitadas.

11
Introdução

Para os menores de 5 anos de idade não há comprovação de outra estratégia que


tenha tanto impacto na redução da mortalidade (BRASIL, 2015; DEL CASTANHEL;
DELZIOVO; ARAÚJO, 2016). Deste modo, quanto menor a criança, maior a proteção quanto
à mortalidade. As evidências mostram que a morte súbita infantil pode ser reduzida em um
terço por meio da amamentação, com impacto na redução dos casos de doenças diarreicas
e infecções respiratórias por meio do aleitamento materno (DEL CASTANHEL; DELZIOVO;
ARAÚJO, 2016; VICTORA et al., 2016).
Diante de tantos benefícios que também envolvem a afetividade, intimidade e
aumento dos sentimentos de autoconfiança materna e proteção e segurança na criança;
tratamos de uma prática sustentável, que favorece a sociedade e o planeta, extrapolando os
benefícios para o binômio e sua família (BRASIL, 2015; VICTORA et al., 2016).
A amamentação tem importante papel na redução das desigualdades, colaborando
com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos pela Organização
das Nações Unidas (ONU) a serem alcançados até o ano de 2030. Logo, a promoção,
proteção e apoio ao AM são essenciais (VICTORA et al., 2016).

I.2 Promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno

O processo de urbanização e industrialização trouxe uma nova dinâmica à vida da


população, modificando as rotinas e hábitos alimentares, exercendo influência entre as
mulheres e seus filhos. Neste contexto histórico identificamos o sucesso do “leite em pó”, em
meados do século XX, introduzido pela indústria moderna que o fez ganhar adeptos em virtude
da sua dita facilidade e praticidade. Naquele cenário, associaram-se aspectos socioculturais
ligados à inserção da mulher no mercado de trabalho e à falta de informação sobre os
benefícios do aleitamento materno, incluindo os famosos mitos, que culminaram com a
carência de incentivo à prática de aleitar, o que refletiu negativamente na mortalidade infantil
(ANTUNES et al., 2008).
Com o aumento mundial das taxas de mortalidade de crianças, sobretudo em países
em desenvolvimento, surgiu um movimento buscando o retorno à prática da amamentação.
Deste modo, as políticas públicas respaldaram diversas ações de incentivo ao AM como
estratégia fundamental no combate à morbimortalidade infantil (BRASIL, 2017a).
Atualmente os benefícios da amamentação são evidentes e mesmo assim a sua
prática encontra-se abaixo das recomendações em todo mundo (VICTORA et al., 2016); o
que justifica a necessidade contínua de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno.

12
Introdução

A figura a seguir ilustra, por meio de uma linha do tempo, marcos históricos de
relevância em prol da amamentação no país (BRASIL, 2017a).

Figura 1 – Linha do tempo. Ações de Promoção, Proteção e apoio ao aleitamento materno


relevantes no âmbito nacional.

13
Introdução

14
Introdução

Fonte: Brasil (2017a)

Ao analisar a figura acima e refletir sobre o contexto do Programa de Aleitamento


Materno no município de Ribeirão Preto destacamos que existem diversas ações para a
promoção, proteção e apoio ao AM no âmbito municipal.
O PALMA atua em parceria com outros programas como o Programa de Atenção
Integral à Saúde da Mulher – PAISM; Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança e do
Adolescente – PAISCA; Programa Saúde Escola – PSE, Programa de Procedimentos
Coletivos e Preventivos em Odontologia, Divisões e Departamentos. Tal articulação torna
possível a ampliação da assistência qualificada e integral à população para o incentivo, apoio
e promoção do AM.
As ações da SMAM, o EMAM (Encontro Municipal de Aleitamento Materno), no
Agosto Dourado e a participação da Campanha Nacional de Doação de Leite Humano, além
das diversas oportunidades de capacitação profissional ofertadas pelo Programa,
implementação da EAAB nas Unidades; apoio às maternidades na implantação e
implementação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) / Cuidado Amigo da Mãe e
parceria com o BLH evidenciam todo o trabalho do PALMA para a promoção do AM no
município.
O município conta com a legislação federal e municipal para a proteção do AM, com
participação do Programa tanto na divulgação como na implementação destas, como a
divulgação dos direitos da mãe trabalhadora que amamenta, ampliação da licença

15
Introdução

maternidade para 180 dias para as servidoras municipais, que também contam com o horário
para amamentação na jornada diária de trabalho até que a criança complete 12 meses de
idade. Cabe ressaltar a legislação municipal que protege a mãe que amamenta em público e
a parceria do Programa com a Vigilância Sanitária para o cumprimento da NBCAL (Norma
Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes), esta, será mais detalhada
adiante.
Outra estratégia utilizada é a implantação das Salas de Apoio à amamentação, que
ocorre com apoio técnico do PALMA e vem procurando incentivar a expansão desta ação para
o maior número de setores possível.
No quesito apoio ao AM, o Programa se destaca pela disponibilização de material
educativo a todas as Unidades, que devem oferecer à população; além disso participa de
atividades em grupo e de atendimentos individuais quando acionado pelas equipes das
Unidades de Saúde.
Por fim, o município conta com a assessoria do Comitê de Aleitamento Materno e
Alimentação Complementar Saudável como importante apoiador da implementação das
ações de promoção, proteção e apoio ao AM; este é de responsabilidade do PALMA, que
também colabora com o Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidade Materno-Infantil
visando melhorar estes indicadores em Ribeirão Preto.

I.3 Definições e duração do aleitamento materno

As definições de aleitamento materno adotadas pela OMS e reconhecidas no mundo


inteiro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007), o classificam como:
▪ Aleitamento materno exclusivo (AME) – quando a criança recebe somente leite materno,
direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou
sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral,
suplementos minerais ou medicamentos.
▪ Aleitamento materno predominante (AMP) – quando a criança recebe, além do leite
materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de
frutas e fluidos rituais. Embora a OMS não reconheça os fluidos rituais (poções, líquidos
ou misturas utilizadas em ritos místicos ou religiosos) como exceção possível inserida na
definição de aleitamento materno exclusivo, o Ministério da Saúde, considerando a
possibilidade do uso de fluidos rituais com finalidade de cura dentro de um contexto
intercultural e valorizando as diversas práticas integrativas e complementares, apoia a
inclusão de fluidos rituais na definição de aleitamento materno exclusivo, desde que
utilizados em volumes reduzidos, de forma a não concorrer com o leite materno.

16
Introdução

▪ Aleitamento materno (AM) – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou
ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
▪ Aleitamento materno complementado (AMC) – quando a criança recebe, além do leite
materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e
não de substituí-lo.
▪ Aleitamento materno misto ou parcial (AMM) – quando a criança recebe leite materno
e outros tipos de leite.
A OMS, endossada pelo Ministério da Saúde do Brasil, recomenda que a criança seja
amamentada já na primeira hora de vida e continue por dois anos ou mais, sendo exclusivo
nos primeiros seis meses. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes
dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança.
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de
nutrientes. Estima-se que dois copos (500 ml) de leite materno no segundo ano de vida
fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína
e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças
infecciosas.

I.4 Indicadores de aleitamento materno em Ribeirão Preto

O Programa de Aleitamento Materno em parceria com o Programa de Atenção à


Saúde da Criança e do Adolescente (PAISCA) e com o Programa Floresce Uma Vida (FUV)
realiza monitoramento de consultas de puericultura e puerpério de mães e recém-nascidos
com dificuldades na condução do aleitamento materno durante internação nas maternidades
públicas de Ribeirão Preto.
A equipe do FUV, presente em todas as maternidades públicas do município,
preenche ficha de notificação, por meio do uso de formulário próprio, atualmente vinculado ao
SIS-Criança, e envia os casos mais vulneráveis relacionados ao aleitamento materno às
Unidades e Programas afins. Deste modo, o PALMA acompanha por meio do Sistema
HygiaWeb todo o seguimento na Atenção Básica.
A notificação dos casos e o monitoramento permite aproximação do Programa com
a assistência nas maternidades e especialmente na Atenção Básica, permitindo o
reconhecimento das principais queixas relacionadas ao aleitamento materno que surgem nas
Unidades de Saúde, fornecendo subsídios aos profissionais em discussão de casos e
auxiliando na condução destes.

17
Introdução

O destino destas informações é o Banco de dados do PALMA, que consolida os


indicadores de Aleitamento Materno Exclusivo – AME e Aleitamento Materno Continuado –
AMC, por meio das informações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN e
possibilita visão geral das intercorrências mamárias com os dados do FUV e dos atendimentos
registrados pela equipe no Sistema HygiaWeb.
O município de Ribeirão Preto se encontra próximo a média estadual, regional e
nacional em relação ao percentual de menores de 6 meses em AME, sendo os valores
atingidos entre os anos de 2017 e 2019 de 58,6%, 58% e 57,8%; considerados bons pela
OMS.
Em relação ao AMC, o município segue a média brasileira, da região e do estado nos
anos de 2017 e 2018, com 51,94% e 50,43%. No entanto, em 2019, distanciou-se um pouco
mais tendo percentual médio de 45,69% de crianças entre 6 e 23 meses em aleitamento
materno. Tais informações, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, por meio do SISVAN,
direcionam as políticas de promoção, proteção e apoio ao AM no âmbito municipal.
São monitorados também o estado nutricional e o consumo alimentar de menores de
5 anos e gestantes. Logo, as informações registradas pelas Unidades e consolidadas pelo
SISVAN são importante fonte para que o PALMA possa identificar a melhor estratégia de
trabalho visando a promoção, apoio e incentivo ao AM, além de ser um critério obrigatório
para a certificação da EAAB.
É importante destacar que o registro do consumo alimentar (SISVAN) deve ser
preenchido pela equipe de maneira adequada para que haja a transposição dos dados para
o e-SUS. Informações incompletas não são aceitas pelo sistema, gerando inconsistência dos
dados, além de impossibilitar a análise dos indicadores de amamentação no município, o que
prejudica o planejamento de ações.
Tais resultados são apresentados anualmente ao Comitê Municipal de Aleitamento
Materno e Alimentação Complementar Saudável, um espaço de discussão com todas as
maternidades do município, que tem a oportunidade de refletir acerca da qualidade da
assistência prestada.
Vale ressaltar que as mães que são impossibilitadas de amamentarem seus filhos
por problemas biológicos podem ser contempladas com fórmulas infantis para o primeiro ano
de vida da criança, disponibilizadas pelo Ambulatório de Nutrologia do NGA (Núcleo de
Gestão Assistencial) - Ambulatório Regional de Especialidades da SMS.
Outro importante indicador trabalhado pelo PALMA é a ocorrência de internação por
mastite puerperal, também notificada pelos profissionais do FUV nas maternidades públicas.
Tais ocorrências são registradas em banco de dados e acompanhadas durante todo o ano.
Estes indicadores permitem o planejamento de ações que vão desde a capacitação
profissional até a discussão de casos com as equipes via telefone ou in loco.
18
Introdução

I.5 Objetivos do Programa de Aleitamento Materno

I.5.1 Geral

O PALMA tem por objetivo geral incentivar, promover, proteger e apoiar a prática do
Aleitamento Materno (AM) no município de Ribeirão Preto - SP, bem como a prática da
alimentação complementar saudável para menores de 2 anos de idade, visando a redução da
morbimortalidade infantil e a qualificação da assistência à mulher, ao seu filho e à sua família
com relação ao AM.

I.5.1.1 Específicos

▪ Capacitar técnico-cientificamente os profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, com


relação ao AM e alimentação complementar saudável para menores de 2 anos de idade;
▪ Produzir e difundir conhecimentos em AM;
▪ Prevenir, identificar e tratar as intercorrências mamárias na lactação;
▪ Aumentar a prevalência do AME nos primeiros 6 meses de vida e do AM por 2 anos de
vida no município;
▪ Diminuir o desmame precoce devido às intercorrências mamárias;
▪ Incentivar e apoiar a implantação de Salas de Apoio à amamentação no município;
▪ Apoiar e informar aos profissionais e mulheres quanto ao direito da mulher de amamentar
seu filho e proteger a amamentação quanto ao marketing não ético de produtos que
competem com esta;
▪ Monitorar e apoiar as Unidades de Saúde da Atenção Básica quanto às ações voltadas
para a amamentação e alimentação complementar saudável;
▪ Divulgar a Semana Mundial do Aleitamento Materno e promover a participação dos
serviços público e privados do município e da comunidade.

19
II Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais
e intersetoriais

O trabalho intersetorial com estratégias integradas é condição relevante para que as


intervenções relacionadas à prática da amamentação sejam exitosas, uma vez que esta
envolve não somente determinantes biológicos e socioculturais, mas também um processo
de aprendizagem.
Neste contexto, o PALMA procura alinhar-se à Política Nacional de Promoção,
Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno e no âmbito da gestão e articulação política busca
proporcionar a articulação inter e intrassetorial. Assim, oferece apoio técnico, assessoria e
monitoramento das ações, avaliando os indicadores de amamentação na sua área de
abrangência; coordena as ações em âmbito municipal; fornece capacitação técnico científica
aos profissionais da rede de atenção à saúde e colabora com outros serviços neste aspecto;
busca articular os diversos setores que trabalham com amamentação, além de instituir e
coordenar o Comitê Municipal de AM.
O impacto destas atividades está diretamente relacionado ao aumento da
prevalência e duração do AM no município.
Para proporcionar maior acesso das mulheres e seus familiares a recursos que
possibilitem a prática da amamentação, o PALMA possui interfaces com diversos serviços
como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente, Programa de
Atenção Integral à Saúde da Mulher, Programa Saúde-Escola, Programa Floresce Uma Vida,
Programa de Procedimentos Coletivos e Preventivos em Odontologia, Vigilância
Epidemiológica, além de parcerias com outros setores como a Secretaria Municipal de
Educação, com atuação em creches do município, Divisão de Alimentação do Escolar,
Secretaria Municipal de Assistência Social; universidades, maternidades e Banco de Leite
Humano.
Todas as parcerias possibilitam o amplo envolvimento profissional para que o acesso
e utilização de serviços envolvendo o incentivo à prática do AM seja cada vez mais frequente
e eficaz.
O Comitê Municipal de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável
e a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil constituem importantes ferramentas de trabalho
do PALMA e ilustram boa parte da articulação do programa com a rede.

20
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Comitê de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável

II.1 Comitê de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar


Saudável

O PALMA atua em parceria com diversos setores do município, fato que aliado à
necessidade de qualificação da assistência, de aperfeiçoamento das ações de promoção, de
proteção e de apoio do AM e AC e da articulação de políticas de saúde possibilitou a criação,
em 2014, do Comitê Municipal de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável
(Diário Oficial do Município - Decreto 106 de 08/05/2014), cuja presidência é de
responsabilidade da Coordenação deste Programa.
Este Comitê é interinstitucional e multiprofissional de caráter eminentemente
educativo, ético, técnico, informativo, normativo, mobilizador e de assessoria, congregado por
instituições governamentais, privadas e da sociedade civil organizada.
As atividades desenvolvidas pelo Comitê envolvem reuniões mensais em diversos
setores do município, participação nos eventos comemorativos da SMAM, discussões técnicas
de questões relacionadas ao AM e a alimentação complementar (AC), indicadores, auxílio na
elaboração da política municipal de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar, e no
diagnóstico situacional do AM e AC no município além da proposição de estratégias e metas
para melhoria dos indicadores.
Além deste Comitê, o PALMA possui representação no Comitê de Investigação de
Mortalidade Materno-Infantil, contribuindo com as políticas de saúde direcionadas à redução
das mortes evitáveis, por meio de discussões que permitem compreender as circunstâncias de
ocorrência dos óbitos e identificação dos fatores de risco relacionados.

21
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil

II.2 Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil

A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil - EAAB consiste em instrumento


imprescindível para a qualificação do processo de trabalho dos profissionais da atenção
básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento materno e da
alimentação saudável para crianças menores de dois anos no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), tendo como base legal a Portaria n° 1.920 de 5 de setembro de 2013. Essa
iniciativa é o resultado da integração de duas ações importantes do Ministério da Saúde: a
Rede Amamenta Brasil e a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável
(ENPACS), que se uniram para formar essa nova estratégia, que tem como compromisso a
formação de recursos humanos na atenção básica.
Em 2013 deu-se início à implementação da EAAB nas Unidades de Saúde do
município, por meio do PALMA. Desde então são realizadas oficinas de trabalho nas
Unidades, capacitação de Tutores que atuam junto ao Programa para monitoramento e
implementação da EAAB nas Unidades.
A oficina da EAAB tem como princípio a educação permanente em saúde e é
desenvolvida com metodologia crítico-reflexiva, por meio de atividades teóricas e práticas,
leituras e discussões de textos, troca de experiências, dinâmicas de grupo, conhecimento da
realidade local, sínteses e planos de ação.
Entre os anos de 2013 e 2019 foram realizadas 66 oficinas de trabalho da EAAB em
todas as unidades de Atenção Básica em saúde do município, que permitiram a capacitação
de 1674 profissionais de todas as categorias que atuam na rede (gráfico 1). No entanto, é
importante ressaltar que novas oficinas têm sido programadas para garantir que, no mínimo,
85% dos profissionais de cada unidade tenha sido capacitado, o que torna-se um desafio
diante da frequente modificação das equipes em virtude das aposentadorias, transferências,
dentre outros.

22
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil

Gráfico 1 - Distribuição de frequência das oficinas de trabalho da EAAB e dos profissionais


capacitados entre os anos de 2013 e 2019, Ribeirão Preto – SP.

1674

649

325
264
202
111 89 66
1 34 3 15 11 8 24 4

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Oficinas Profissionais

Fonte: elaborado pelo autor.

As atividades realizadas pelo PALMA na EAAB envolvem a organização e realização


de Oficinas nas Unidades, Oficinas de formação de Tutores junto ao Ministério da Saúde -
MS, monitoramento das ações realizadas pelas Unidades, por meio de visita semestral e
suporte para as Unidades no contexto do AM e Alimentação Complementar.
O grupo de tutores formados no município é composto por profissionais da rede e de
instituições parceiras e possui um planejamento anual de atividades que envolve reuniões,
monitoramento das atividades da EAAB nas Unidades de Saúde, para suporte destas em
relação às ações em AM e AC, organização e realização de Oficinas de Trabalho nas
Unidades, discussão de casos para melhoria no atendimento de AM e AC.
As Unidades de Saúde que tem os profissionais capacitados por meio das Oficinas
de Trabalho recebem a visita dos tutores. Estes, por sua vez, oferecem subsídio quanto às
pactuações realizadas nas Oficinas e prosseguem ao levantamento dos critérios para
certificação da Unidade na EAAB, o que demonstra a qualificação da equipe local para o
atendimento em AM e AC.

Os critérios mínimos para certificação da unidade, de acordo com o Ministério da


Saúde, são:
▪ 85% de participação dos profissionais nas Oficinas;
▪ Fluxograma de atendimento à dupla mãe-bebê no período da amamentação;
▪ Concretização de, no mínimo, uma ação pactuada;

23
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil

▪ Monitoramento dos indicadores de Aleitamento Materno, no mínimo, 3 meses consecutivos


por meio dos dados registrados no SISVAN;
▪ Cumprimento da NBCAL.
O PALMA registra todas as informações relativas ao monitoramento em sistema do
Ministério da Saúde, coordena as atividades dos tutores para melhor organizar as atividades,
organiza a documentação do processo de certificação das Unidades, além de enviar
anualmente à Secretaria Estadual de Saúde e às chefias da Secretaria Municipal da Saúde
todo relatório de atividades desenvolvidas.
Até o início de 2020 o município conta com 13 Unidades de Saúde certificadas, a
saber:
▪ NSF 5
▪ UBS Adão do Carmo
▪ UBS Bonfim Paulista
▪ UBS São José
▪ UBS Vila Mariana
▪ USF Eugênio Lopes
▪ USF Jamil Cury
▪ USF Jardim Paiva
▪ USF Jardim Zara
▪ USF Maria Casagrande
▪ USF Paulo Gomes Romeo
▪ USF Valentina Figueiredo
▪ USF Vila Albertina
No âmbito municipal é de competência do Programa de Aleitamento Materno instituir
e coordenar a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; além de indicar tutores para fornecer
apoio técnico às Unidades de Saúde.
As Unidades de Saúde possuem a atribuição de viabilizar Oficinas de Trabalho em AM
e AC; pactuar atividades que promovam, protejam e apoiem a amamentação e AC saudável;
acolher precocemente a gestante e envolver a família e comunidade garantindo orientação
sobre benefícios da amamentação e AC saudável; organizar a atenção à criança, mãe e família
vivenciando o processo de AM e AC; preencher o sistema de informação com os indicadores
de AM e de consumo alimentar da criança (SISVAN); além de solicitar ao município a
certificação da Unidade de Saúde na EAAB.

24
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Responsabilidades institucionais

II.3 Responsabilidades institucionais segundo instâncias de gestão e


componentes da Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao
Aleitamento Materno

Tendo em vista a necessidade do atendimento integral, envolvendo o acolhimento


com escuta qualificada tanto da mulher quanto de sua família desde a visita domiciliar até as
Unidades terciárias, fica estabelecida a linha de cuidado condutora do Programa de
Aleitamento Materno em consonância com a Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio
ao Aleitamento Materno. Esta, por sua vez, estabelece as atribuições de cada esfera
institucional, destacando a necessidade do estabelecimento de articulações intersetoriais e
interinstitucionais com entidades de reconhecida experiência na área; da integração de ações
estratégicas do setor Saúde e do importante papel das Unidades de Saúde nestas ações.
Portanto, a participação da sociedade civil, grupos de mães, entidades de classes e
Universidades é de extrema relevância, uma vez que o movimento social tem a capacidade
de fiscalizar o cumprimento das leis que protegem o AM, são excelentes apoiadores das ações
além de mobilizar e empoderar as mulheres.
Neste contexto, temos o cenário de atribuições do Programa de Aleitamento Materno
e das Unidades de Saúde do município de Ribeirão Preto por componente da Política Nacional
de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno no quadro a seguir.

Quadro 1 - Responsabilidades institucionais segundo instâncias de gestão e componentes


da Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno.
ESFERA DE
COMPONENTE COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA
Municipal Realizar articulação inter e intrassetorial;
GESTÃO E ARTICULAÇÃO POLÍTICA

desenvolver planejamento estratégico articulando os


diversos componentes da política, articular com a
esfera estadual; dar apoio técnico, assessorar,
monitorar e avaliar as instâncias de gestão de sua
área de abrangência; coordenar a política no âmbito
municipal; designar integrantes de comissões
assessoras e consultivas; integrar instituições e
setores estratégicos para colaboração técnico-
científica; articular as coordenações, centros de
referências e comissões de AM no âmbito municipal;
instituir e coordenar o Comitê Municipal de AM.

Unidades de Elaborar o planejamento estratégico das atividades


Saúde a serem executadas; articular com os demais níveis
de atenção e gestão; desenvolver as atividades
relacionadas ao AM.
- continua -

25
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Responsabilidades institucionais

- continuação -
ESFERA DE
COMPONENTE COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA
PROTEÇÃO LEGAL À Municipal Propor leis relacionadas à proteção do AM; divulgar
AMAMENTAÇÃO as legislações vigentes, promover a vigilância,
aplicação e fiscalização do cumprimento das leis;
promover condições que garantam o direito da
mulher de amamentar e de manter a amamentação
após o retorno ao trabalho no âmbito do seu
território.
Unidades de Divulgar as legislações vigentes, promover a
Saúde vigilância do cumprimento das leis no âmbito do seu
território.
Municipal Instituir e coordenar Estratégia Amamenta e
Alimenta Brasil no âmbito municipal; indicar tutores
ESTRATÉGIA AMAMENTA E

para fornecer apoio técnico às Unidades de Saúde.


Unidades de Viabilizar Oficinas de Trabalho em AM e AC nas
ALIMENTA BRASIL

Saúde Unidades de Saúde; pactuar atividades que


promovam, protejam e apoiem a amamentação e AC
saudável; acolher precocemente a gestante e
envolver a família e comunidade garantindo
orientação sobre benefícios da amamentação e AC
saudável; organizar a atenção à criança, mãe e
família vivenciando o processo de AM e AC;
preencher o sistema de informação com os
indicadores de AM e os marcadores de alimentação
da criança; solicitar ao município a certificação da
Unidade de Saúde na EAAB.
Municipal Apoiar a formação dos recursos humanos e à
INICIATIVA HOSPITAL

habilitação e manutenção dos Hospitais Amigos da


AMIGO DA CRIANÇA

Criança no âmbito do seu território; colaborar com a


continuidade das ações de promoção, proteção e
apoio ao aleitamento materno dos Hospitais Amigos
da Criança localizados em seu território; e informar à
Secretaria de Saúde dos Estados os Hospitais
Amigos da Criança que não estiverem em
funcionamento.
Unidades de Divulgar os Dez Passos para o Sucesso do AM, a
Saúde NBCAL, o cuidado amigo da mulher.
Municipal Fornecer apoio técnico às Unidades.
CANGURU
MÉTODO

Unidades de Viabilizar as condições necessárias para


Saúde (Hospitais e implantação e monitoramento do Método; orientar e
Maternidades) dar suporte emocional à família em todas as etapas
do método; desenvolver atividades educativas e
recreativas com as mães.
- continua -

26
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Responsabilidades institucionais

- conclusão -
ESFERA DE
COMPONENTE COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA
Municipal Apoiar o Banco de Leite Humano e postos de coleta
BANCOS DE LEITE

do município.
Unidades de Organizar a sala de apoio à amamentação na
HUMANO

Saúde Unidade e envolver a equipe na sua


operacionalização. Captar possíveis doadoras de
leite humano e orientar para que entrem em contato
com o Banco de Leite Humano (este se
responsabiliza pelo transporte do leite doado e o
retira diretamente na casa da doadora).
Municipal Apoiar o Banco de Leite Humano e postos de coleta
BANCOS DE LEITE

do município.
Unidades de Organizar a sala de apoio à amamentação na
HUMANO

Saúde Unidade e envolver a equipe na sua


operacionalização. Captar possíveis doadoras de
leite humano e orientar para que entrem em contato
com o Banco de Leite Humano (este se
responsabiliza pelo transporte do leite doado e o
retira diretamente na casa da doadora).
Municipal Desenvolver atividades educativas e informativas de
sensibilização e qualificação dos gestores,
EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E

profissionais de saúde, educadores e população em


geral relacionados ao AM; realizar cursos para as
MOBILIZAÇÃO SOCIAL

equipes municipais e de maternidades na IHAC e


Método Canguru; coordenar e promover campanhas
de divulgação sobre o AM; produzir e distribuir material
informativo, educativo e didático; coordenar a Semana
Mundial de Aleitamento Materno e o Dia de Doação de
Leite Humano no âmbito municipal; capacitar tutores
para apoio às Unidades de Saúde na EAAB.
Unidades de Sensibilizar e capacitar profissionais na Estratégia
Saúde (Hospitais e Amamenta e Alimenta Brasil; promover campanhas
Maternidades) de divulgação sobre o AM; desenvolver atividades na
Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de
Doação de Leite Humano.
Municipal Formular, induzir, coordenar proposições municipais
relacionadas ao monitoramento, à avaliação
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

normativa e às pesquisas avaliativas relacionadas ao


tema; conduzir estudos em escala municipal;
elaborar/implementar iniciativas relacionadas a
sistemas de monitoramento e avaliação;
acompanhar e avaliar a Estratégia Amamenta e
Alimenta Brasil no âmbito municipal; monitorar
indicadores de AM no âmbito municipal; monitorar e
acompanhar a NBCAL e atividades relacionadas à
educação, à comunicação e à mobilização social em
relação ao AM no município.
Unidades de Acompanhar e avaliar a Estratégia Amamenta e
Saúde (Hospitais e Alimenta Brasil no seu âmbito de atuação; monitorar
Maternidades) indicadores de AM na sua área adscrita, incluindo o
SISVAN; monitorar a NBCAL e monitorar e avaliar as
atividades relacionadas à educação, à comunicação
e à mobilização social.
Fonte: Brasil (2017a.)

27
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

II.4 Atribuições dos profissionais

Para o sucesso da amamentação, o profissional de saúde atuante nos serviços da


rede municipal tem papel importante a desenvolver, atuando sobre os seguintes fatores
conjugados: a decisão de amamentar; o estabelecimento da lactação e o suporte da
amamentação (DEL CASTANHEL; DELZIOVO; ARAÚJO, 2016). Para tanto, a seguir
descrevemos as atribuições de cada categoria profissional para promoção do aleitamento
materno.

II.4.1 Atribuições dos Agentes Administrativos

▪ Acolher e direcionar o fluxo de gestantes, puérperas e famílias com dúvidas e queixas


envolvendo aleitamento materno;
▪ Acolher o bebê ou criança recém-chegado à área de abrangência e encaminhar à equipe
de enfermagem, médica ou odontológica, a qual adequará o atendimento ao período de
vida em que o bebê se encontra.

II.4.2 Atribuições do Agente Comunitário de Saúde (ACS)

▪ Orientar quanto o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e complementado até 2
anos de idade ou mais;
▪ Incentivar a alimentação complementar saudável para as crianças menores de 2 anos de
idade;
▪ Acompanhar se a gestante está indo às consultas de pré-natal;
▪ Realizar a busca ativa da gestante faltosa às consultas de pré-natal;
▪ Orientar quanto à amamentação (desde o pré-natal até o puerpério) – abordar os
benefícios e vantagens da amamentação, técnica correta, posição da mãe e do bebê,
doação de leite humano, armazenamento de leite e retorno ao trabalho; informar a gestante
e puérpera que o tipo de mamilo não impede a amamentação, pois para fazer uma boa
pega o bebê tem que abocanhar uma parte maior da mama (aréola), e não somente o
mamilo; contraindicar o uso de chupetas, bicos artificiais e mamadeiras;
▪ Envolver a família nas orientações;
▪ Estimular a mãe a amamentar o bebê, caso não haja contraindicação;
▪ Identificar mulheres com dificuldade na amamentação e encaminhar para atendimento na
Unidade de Saúde;

28
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

▪ Oferecer material educativo sobre aleitamento materno e alimentação complementar


saudável para os menores de 2 anos de idade;
▪ Desenvolver atividades de promoção do aleitamento materno e alimentação complementar
saudável por meio de visitas domiciliares e ações educativas individuais e coletivas;
▪ Realizar visita domiciliar para as mães e bebês que estiverem em dificuldades no processo
de amamentação;
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano (BRASIL, 2017b).

II.4.3 Atribuições da equipe médica

▪ Realizar a assistência à saúde das mulheres e famílias envolvendo AM e AC;


▪ Realizar consultas clínicas, atendimento de intercorrências mamárias e participar do
manejo destas, conforme os protocolos e recomendações do PALMA e do MS;
▪ Realizar atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros);
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano;
▪ Encaminhar, quando necessário - e não for possível resolver na Unidade, a mulher ou bebê
com dificuldade ou intercorrência mamária a outro serviço para continuidade da
assistência, respeitando fluxos locais;
▪ Indicar a necessidade de internação hospitalar mantendo a responsabilização pelo
acompanhamento da pessoa;
▪ Preencher o sistema de informação com indicadores de aleitamento materno;
▪ Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS em conjunto com os outros
membros da equipe; e
▪ Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua área de atuação.

29
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

II.4.4 Atribuições comuns à equipe de Enfermagem

▪ Realizar acolhimento com escuta qualificada, clínica ampliada e direcionamento de fluxo


de gestantes, puérperas e famílias com dúvidas e queixas envolvendo aleitamento
materno;
▪ Realizar pré e pós-consulta abordando o aleitamento materno a gestantes e puérperas;
▪ Participar do manejo das intercorrências mamárias, desenvolvendo ações de acordo com
a competência da categoria profissional;
▪ Realizar aconselhamento na amamentação;
▪ Participar de ações de educação em saúde (como grupos, rodas de conversa, sala de
espera, dentre outros) de gestantes, puérperas e famílias com abordagem da promoção
do aleitamento materno ou apoio às mulheres que não podem amamentar;
▪ Realizar visita domiciliar para gestantes, puérperas e famílias para orientação sobre
aleitamento materno e assistência de enfermagem;
▪ Realizar acompanhamento das puérperas com dificuldades no AM, com atendimentos
diários, semanais, até adquirirem confiança e segurança no processo de amamentação;
▪ Orientar as gestantes e familiares sobre a importância do aleitamento materno;
▪ Preencher o sistema de informação com indicadores de aleitamento materno;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano.
▪ Participar da elaboração do planejamento das atividades a serem executadas relacionadas
ao aleitamento materno; articulando com os demais níveis de atenção à saúde e gestão.

II.4.5 Atribuições específicas de enfermeiros

▪ Desenvolver consulta de enfermagem abordando aleitamento materno a gestantes,


puérperas, parceiros e famílias;
▪ Realizar avaliação das mamas conforme POP - Exame clínico das mamas gravídica e
puerperal (Anexo A);
▪ Realizar avaliação da mamada;
▪ Supervisionar auxiliares e técnicos de enfermagem;
▪ Monitorar os indicadores de aleitamento materno na população da área de abrangência da
Unidade de Saúde (SISVAN e intercorrências mamárias);
▪ Participar da viabilização de oficinas de trabalho sobre aleitamento materno e alimentação
complementar saudável (EAAB) na Unidade;

30
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

▪ Monitorar e avaliar as atividades relacionadas à educação, à comunicação e à mobilização


social sobre aleitamento materno na área de abrangência da Unidade;
▪ Participar da sensibilização e capacitação de auxiliares e técnicos de enfermagem para
ações de aleitamento materno e para Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil;

II.4.6 Atribuições do cirurgião-dentista

▪ Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de


doenças bucais, envolvendo AM e AC;
▪ Realizar atendimento dos bebês a partir dos 3 meses de idade, com enfoque na prevenção
da cárie, envolvendo as orientações de AME até o sexto mês de vida e continuado até 2
anos de idade ou mais, AC saudável e identificar possíveis intercorrências mamárias;
▪ Discutir com a equipe da Unidade as intercorrências com a amamentação identificadas e
encaminhar mulher e/ou bebê para atendimento;
▪ Orientar as gestantes em relação aos hábitos, costumes e cuidados com a própria
alimentação, higiene oral e também de seu bebê;
▪ Agendar o bebê para a primeira consulta odontológica aos três meses de idade;
▪ Compartilhar as ações e informações odontológicas junto aos profissionais da enfermagem
e medicina, a fim de agregar apoio às ações educativo-preventivas;
▪ Agendar retorno para o bebê para consultas periódicas de acordo com a classificação do
risco de cárie;
▪ Realizar atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros);
▪ Observar na primeira consulta a posição da língua e avaliar se há interferência na mamada;
nesses casos, deve-se proceder uma avaliação mais complexa juntamente com uma
equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro e cirurgião-dentista), e se apresentam um grau
importante de anquiloglossia, com dificuldades de sucção pode-se encaminhar o bebê para
o procedimento cirúrgico. Geralmente nos primeiros 6 meses de vida. (Seguir o fluxograma
da Anquiloglossia – item 15)
▪ Identificar o tipo de alimentação que está sendo oferecida ao bebê na avaliação quanto ao
risco de cárie;
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano.

31
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

II.4.7 Atribuições do Auxiliar em Saúde Bucal (ASB)

▪ Participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças


bucais, envolvendo AM e AC;
▪ Auxiliar no atendimento dos bebês a partir dos 3 meses de idade, com enfoque na
prevenção da cárie, envolvendo as orientações de AME até o sexto mês de vida e
continuado até 2 anos de idade ou mais, AC saudável e identificar possíveis intercorrências
mamárias;
▪ Encaminhar mulher e/ou bebê com dificuldades na amamentação para atendimento da
equipe da Unidade de Saúde;
▪ Orientar as gestantes em relação aos hábitos, costumes e cuidados com a própria
alimentação, higiene oral e também de seu bebê;
▪ Acolher o bebê ou criança recém-chegado à área de abrangência e encaminhado à equipe
odontológica, a qual adequará o atendimento ao período de vida em que o bebê se
encontra;
▪ Agendar o bebê para a primeira consulta odontológica aos três meses de idade;
▪ Agendar retorno para o bebê para consultas periódicas de acordo com a classificação do
risco de cárie;
▪ Realizar atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros);
▪ Identificar o tipo de alimentação que está sendo oferecida ao bebê;
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano;

II.4.8 Atribuições do farmacêutico

▪ Acolher e direcionar o fluxo de gestantes, puérperas e famílias com dúvidas e queixas


envolvendo aleitamento materno;
▪ Participar de ações de educação em saúde (como grupos, rodas de conversa, sala de
espera, dentre outros) de gestantes, puérperas e famílias com abordagem da promoção
do aleitamento materno ou apoio às mulheres que não devem amamentar;

32
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e


desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano;
▪ Participar da elaboração do planejamento das atividades a serem executadas relacionadas
ao aleitamento materno; articulando com os demais níveis de atenção e gestão;
▪ Orientar a equipe e as lactantes sobre o uso de medicamentos durante a amamentação;
▪ Orientar a equipe e as lactantes sobre utilização de medicamentos para o tratamento de
mastites;
▪ Discutir com a equipe da Unidade as intercorrências com a amamentação identificadas e
encaminhar mulher e/ou bebê para atendimento;
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB;

II.4.9 Atribuição do auxiliar de farmacêutico

▪ Acolher e direcionar o fluxo de gestantes, puérperas e famílias com dúvidas e queixas


envolvendo aleitamento materno;
▪ Orientar as lactantes sobre utilização de medicamentos para o tratamento de mastites;
▪ Participar da promoção de campanhas de divulgação sobre o aleitamento materno e
desenvolver atividades na Semana Mundial de Aleitamento Materno e Dia de Doação de
Leite Humano;
▪ Conhecer e participar da execução do plano de ação proposto durante a Oficina de
Trabalho da EAAB.

II.4.10 Gerente de Atenção Básica

▪ Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as ações de promoção, proteção,


apoio e incentivo ao AM e AC saudável para que estejam solidificadas no processo de
trabalho da Unidade;
▪ Garantir que a equipe esteja capacitada na Oficina de Trabalho da EAAB, com um número
mínimo de 85% dos profissionais;
▪ Garantir a presença de profissionais capacitados no manejo do Aleitamento Materno;
▪ Acompanhar, orientar e monitorar as ações pactuadas nas Oficinas de trabalho da EAAB,
os indicadores de AM (SISVAN), além das intercorrências mamárias;

33
Articulação do PALMA com a rede de serviços municipais e intersetoriais
Atribuições dos profissionais

▪ Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas de informação da Atenção


Básica vigente (SISVAN), por parte dos profissionais, verificando sua consistência,
estimulando a utilização para análise e planejamento das ações, e divulgando os
resultados obtidos;
▪ Viabilizar a visita do PALMA e tutores da EAAB na Unidade para o monitoramento das
ações pactuadas na Oficina da EAAB;
▪ Participar e orientar o processo de certificação da EAAB;
▪ Conhecer e garantir o cumprimento da NBCAL na Unidade de saúde;
▪ Promover, junto à equipe, atividades educativas envolvendo AM e AC;
▪ Desenvolver atividades na SMAM;
▪ Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o trabalho em equipe;
▪ Providenciar material impresso como folder e cartilhas sobre amamentação e alimentação
complementar saudável, disponíveis no almoxarifado;
▪ Propiciar a multiplicação do conhecimento adquirido nos treinamentos realizados pelos
membros da equipe;
▪ Incentivar a participação da equipe em treinamentos e capacitações envolvendo AM e AC
saudável;
▪ Disponibilizar agenda para os profissionais atenderem as intercorrências mamárias,
dificuldades em AM, AC e para as atividades de orientação envolvendo esta temática;
▪ Conhecer o protocolo do PALMA e orientar a equipe para que todos o conheçam e o
implementem.

34
III Protocolos Clínicos

III.1 Anatomia e fisiologia do Aleitamento Materno

A glândula mamária é um órgão par, situado no tórax anterior/superior, constituídas


por tecidos adiposo, conjuntivo, nervoso, linfático, vasos sanguíneos, células mioepiteliais,
alvéolos, lóbulos e lobos mamários (BRASIL, 2015). Na mulher adulta cada mama é composta
por lóbulos (15 a 25), que se encontram envolvidos por tecidos gorduroso e conjuntivo, além
de vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Em cada lóbulo estão os alvéolos, que são as
células produtoras de leite, sendo que por volta da 16ª semana de gestação começam a
produzir o colostro (ALDEN, 2012).

Figura 2 – Anatomia da mama

Aréola

Aréola
Mamilo
Mamilo

Fonte: Kenhub, 2020.

Externamente, é revestida por tecido cutâneo, sendo este hiperpigmentado na área


central, que se denomina aréola e apresenta uma saliência denominada mamilo ou papila. Na
aréola existem glândulas sudoríparas e sebáceas, que formam os tubérculos de Montgomery.
Os mamilos apresentam coloração e forma distintas e são extremamente (RIBEIRÃO PRETO;
NÚCLEO DE ALEITAMENTO MATERNO DA EERP-USP, 1998).

35
Protocolos Clínicos
Anatomia e fisiologia do Aleitamento Materno

No município de Ribeirão Preto e em outros do Brasil que foram capacitados pelo


NALMA, utiliza-se a seguinte classificação para os tipos de mamilo: protruso ou normal
(saliente, bem delimitado, protrai facilmente ao estímulo); semi-protruso ou subdesenvolvido
(pouco saliente, após estímulo não protrai facilmente); invertido ou umbilicado ou mal formado
(oposto ao protruso); pseudo invertido ou pseudo umbilicado (oposto ao protruso, protrai
discretamente após estímulo); hipertrófico (tamanho exagerado com as características do
protruso) RIBEIRÃO PRETO; NÚCLEO DE ALEITAMENTO MATERNO DA EERP-USP,
1998).

Figura 3 – Mamilo protruso e semi-protruso

Fonte: Vinha (1994).

Figura 4 – Mamilo invertido e pseudo-invertido

Fonte: Vinha (1994).


36
Protocolos Clínicos
Anatomia e fisiologia do Aleitamento Materno

Figura 5 – Mamilo hipertrófico

Fonte: Vinha (1994).

Durante a gravidez, a mama passa por processo de desenvolvimento denominado


lactogênese fase I, onde estrógeno e progesterona, são os responsáveis pela proliferação e
diferenciação dos ductos e aumento dos componentes lobulares. O lactogênio placentário
humano, a prolactina e a gonadotrofina coriônica também estão envolvidas nesse processo
de crescimento e desenvolvimento da mama (BRASIL, 2015).
Após o parto, há um declínio na liberação de estrógeno e progesterona, iniciando a
liberação de prolactina, hormônio responsável pela produção láctea, iniciando assim a
lactogênese fase II (ALDEN, 2012; BRASIL, 2015).
A produção de colostro que tem início na fase I da lactogênese, se estende até a
descida do leite (apojadura), fase II da lactogênese, por volta do terceiro ao quinto dia de pós
parto. Após esse período inicia-se a manutenção da produção de leite ou lactogênese fase III
(lactopoese) (ALDEN, 2012; BRASIL, 2015).
Por meio dos mecanorreceptores no mamilo, o estímulo de sucção do bebê chega
ao hipotálamo via nervosa aferente (figura 6). Deste modo, a hipófise anterior produz
prolactina; que tem atuação nas células secretoras de leite nos alvéolos mamários,
responsável pela produção láctea e a hipófise posterior produz a ocitocina; que chega às
células mioepiteliais dos alvéolos mamários através da corrente sanguínea, provocando a sua
contração e consequentemente a descida do leite na apojadura e a ejeção láctea (GUYTON;
HALL, 2017).
Logo, a sucção do bebê torna-se o estímulo mais importante no mecanismo de
produção e ejeção láctea, uma vez que quanto mais ele mama, maior será a produção de
leite. Daí a importância da sucção e esvaziamento das mamas (BRASIL, 2015).

37
Protocolos Clínicos
Anatomia e fisiologia do Aleitamento Materno

Figura 6 – Fisiologia da lactação

Fonte: Próprio autor, 2020.

38
Protocolos Clínicos
Composição do Leite Humano

III.2 Composição do Leite Humano

Todo leite materno é adequado, possuindo calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água
e outros nutrientes essenciais na dose certa para o crescimento e desenvolvimento adequado
das crianças (BRASIL, 2019). Além das vantagens nutricionais e imunológicas, o aleitamento
materno também possui benefícios econômicos, pois o consumidor recebe gratuitamente,
evitando gastos adicionais com compras de mamadeiras, fórmulas lácteas e não há desperdícios
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2004).
A quantidade de leite que a mulher produz depende principalmente de quanto leite está
sendo consumido pela criança e/ou sendo retirado da mama, no caso da ordenha mamária.
Portanto, quanto maior o consumo e/ou retirada de leite, mais leite a mulher irá produzir. Cabe
pontuar que, durante uma mamada apenas parte do leite está guardado no peito, sendo assim, a
maior parte é produzida enquanto a criança está sugando (BRASIL, 2019).
Em geral, do terceiro ao quinto dia após o parto costuma ocorrer a “descida do leite”, ou
apojadura, caracterizada pelo aumento das mamas e a mulher, então, passa a produzir mais leite
(BRASIL, 2019).
O leite dos primeiros dias da amamentação é chamado de colostro, especialmente
produzido para os bebês nessa fase. Sua composição é caracterizada por significativa presença
de proteínas, anticorpos e outras substâncias que ajudam a criança na proteção contra doenças
(BRASIL, 2019) e com menor presença de gorduras quando comparado ao leite maduro, ou seja,
o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto (BRASIL, 2015).
A cor e a composição do leite podem variar dependendo da dieta da mãe e, também, do
momento da mamada, porém todo leite materno é de boa qualidade, independente do seu aspecto.
Cabe pontuar que, apesar da composição do leite ser semelhante para todas as mulheres,
pequenas variações ocorrem para adaptar o leite a necessidades específicas, como no caso das
mães de crianças prematuras (BRASIL, 2019).
O primeiro leite que sai, durante a mamada, pode parecer “ralo” ou “fraco” por ser mais
transparente, porém é rico em água e anticorpos, sendo importante para hidratação e proteção
da criança, respectivamente. Em seguida, sua aparência se torna mais esbranquiçada ou
amarelada, por conter mais gordura, trazendo a sensação de saciedade à criança (BRASIL,
2019), sendo chamado de leite posterior (BRASIL, 2015). Portanto, ressalta-se a importância de
a criança mamar bastante em uma mama, antes de ser ofertada outra.

39
Protocolos Clínicos
Habilidades de ouvir e aprender

III.3 Habilidades de ouvir e aprender

Sabemos que o processo da maternidade envolve não apenas gestar, parir, mas
principalmente cuidar do filho, além de gerar mudanças que exigem da mulher uma adaptação
a essa nova condição de vida, seja esta primípara ou não.
A amamentação é um dos fenômenos contidos nessa condição de vida, vinculado a
esse processo de adaptação que envolve várias esferas de seu mundo.
Silva (1997) revela que o ato de amamentar é um processo que se expande além da
interação mãe-filho, expande-se nas demais interações da vida materna, determinado pela
percepção que a mulher tem de si, do ato de amamentar e das implicações que este tem em
sua vida, nas relações das esferas familiar e social, nas dimensões de suas emoções e de
seu corpo.
Nesse sentido, surge a responsabilidade do profissional em procurar participar dessa
vivência, mostrando-se disponível a compartilhar das inúmeras situações que envolvem a
experiência de amamentar da mulher com o intuito de ajudá-la. Para isso, mostra-se
necessária a compreensão da nutriz em todas as suas dimensões, ou seja, nas diversas faces
de sua totalidade feminina e como ser humano.
O fato de cuidar da criança, logo após o nascimento, pode deixar a mulher ansiosa,
principalmente no que se refere a problemas com a amamentação, problemas estes, que
devem ser trabalhados por todo profissional envolvido em sua assistência e a do seu recém-
nascido.
À medida que a mulher encontra soluções para os problemas iniciais, outros podem
surgir durante o processo da amamentação, concomitante ao desenvolvimento da criança e
às novas situações vivenciadas por ela.
Além da influência da amamentação na saúde da mulher, em que esta avalia os
desconfortos causados por problemas com as mamas, ou pelo cansaço e desgaste físico e
emocionais, também avalia a amamentação quanto às suas restrições no desempenho de
suas atividades domésticas e profissionais, acarretando limitações de sua liberdade, lazer,
enfim, riscos para sua individualidade e bem estar. Muitas vezes, esses sentimentos são
encobertos, ou não revelados pela mulher e influenciam implicitamente o curso da
amamentação, já que não são expressos claramente (BRASIL, 2016).
Desta forma, é necessário que a mulher seja assistida continuamente por
profissionais que estejam dispostos a ajudá-la e apoiá-la nas mais diversas situações com as
quais ela está sujeita a deparar-se. Assim, podemos usar de habilidades desenvolvidas a
partir de conhecimentos sobre comunicação para ajudar uma pessoa que se encontra em
tensão temporária a procurar soluções para seus problemas. Para tal, é necessário entendê-

40
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

la procurando “entender seu mundo”, ou seja, procurando saber o que está além do que ela
nos possa dizer, pois nem sempre o problema real é verbalizado por ela, mas pode ser
percebido pelo profissional. Para isso é necessário que saibamos nos interagir com esta
pessoa, procurando abordá-la de forma que propiciemos um relacionamento terapêutico com
a mesma.
As “Habilidades de ouvir e aprender” contidas no curso de “Aconselhamento em
alimentação de lactentes e crianças na primeira infância” da Organização Mundial da Saúde
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2006) podem ser consideradas como técnicas de
comunicação terapêutica, pois orientam o profissional a fazer uso da comunicação verbal e
não verbal com o objetivo de identificar e compreender as situações que envolvem o processo
de amamentar da mulher.
No geral, as habilidades de ouvir e aprender são técnicas que facilitam a coleta de
dados objetivos e subjetivos em pouco tempo, além de despertar na mulher a confiança no
profissional que procura ajudá-la.
Usando essas habilidades, os profissionais podem detectar situações e problemas
que nem sempre estão explícitos no discurso da nutriz, ou por esta não conseguir percebê-
los ou mesmo por omiti-los, revelando outros problemas que, na verdade não são os que
realmente justificam seu estado emocional. Para que isso aconteça é necessário estarmos
disponíveis, ou seja, ao querermos ouvir esta mulher, devemos “ouvi-la sensivelmente”.
Nesse contexto, percebe-se a necessidade de os profissionais de saúde se tornarem
fonte de apoio e agentes na prática da atenção à mulher que amamenta, não se limitando ao
desempenho de ações prescritivas, impositivas e de supervisão (LACERDA; MAIA, 2009;
SILVA et al., 2009). O profissional de saúde deve desenvolver competência para uma
comunicação eficiente com a mãe a fim de ajudá-la na tomada de decisão, ouvi-la
demonstrando interesse, sem julgamentos ou imposições (LACERDA; MAIA, 2009;
STEFANELLI; CARVALHO, 2012), além de proporcionar informações relativas ao cuidado ao
bebê de maneira contínua, considerando as necessidades singulares de cada nutriz.
O grande desafio é a equipe de saúde estabelecer um vínculo com a mãe, sua família
e essa rede de apoio que se constitui a seu redor, e manter um canal de confiança para que
se estabeleça um relacionamento terapêutico que a auxilie no cuidado do filho e,
consequentemente, na amamentação (TOMELERI; MARCON, 2009).
Assim, podemos acreditar que se o profissional se dispuser a realmente ouvir a
mulher, usando de sensibilidade, promoverá uma relação terapêutica na qual poderá trabalhar
com ela procurando medidas para solucionar seus problemas que envolvem a amamentação.
Dessa, forma facilitará que a mulher deposite confiança em quem a assiste.

41
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

III.3.1 Habilidades de desenvolver confiança e apoio

Além de um período de adaptação no qual a mulher passa a assumir papéis que até
então não havia vivenciado anteriormente, seja ela primípara ou multípara, o puerpério
representa para ela muitas vezes, uma fase na qual ela é menos notada pelos familiares e
amigos, sentindo dessa forma que todo carinho e preocupação demonstrados por eles
durante a gestação, já não mais existe para ela e estão agora direcionados para a criança.
Enquanto gestante, todos voltam-se exclusivamente para a mulher. As pessoas que
fazem parte do seu mundo, mostram-se sempre preocupadas com ela, auxiliam-na em suas
tarefas e geralmente demonstram considerá-la como alguém muito importante que “está em
estado de Graça” e precisa ser muito bem tratada.
Após o nascimento do bebê, a atenção que até então recebia de todos, passa a ser
voltada prioritariamente à criança.
Dessa forma, além de vivenciar um novo momento, que frequentemente se
caracteriza por um estado depressivo, sua autoestima torna-se prejudicada, passando a
confiar cada vez menos em si. É nesse momento que as pessoas que convivem com a mulher
e principalmente os profissionais precisam trabalhar com ela no sentido de aumentar sua
confiança e autoestima.
Porém, não é só no puerpério que a nutriz precisa ser estimulada a desenvolver sua
autoestima. É necessário que a mesma acredite em suas capacidades durante todo o período
em que for amamentar seu filho, pois sabemos que há também elevados índices de desmame
após o terceiro mês do nascimento do bebê, pois é nessa fase que a mulher precisa criar
alternativas para que possa voltar a trabalhar, ou retomar outras atividades, resultando no
desmame. Nesse sentido, observa-se, quanto os fatores sociais envolvem as decisões da
nutriz acerca da amamentação.
O enfrentamento de dificuldades não esperadas dos conflitos e ambivalências,
acarretam sentimentos de ansiedade e culpas nas mães. A mulher exposta a estados de
ansiedade, estresse de qualquer ordem, está sujeita a interferências em sua dimensão
biológica, alterando os reflexos de produção e ejeção do leite e ao menor sinal interpretado
pela mãe, de que a criança não está sendo alimentada adequadamente, pode resultar em
avaliação negativa sobre a qualidade do leite que produz, implicando em uma reavaliação da
sua capacidade para amamentar, que gera ações para solucionar o problema identificado,
geralmente induzindo o desmame precoce (SILVA et al., 2009).

42
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

Sabemos que os profissionais de saúde que trabalham com aleitamento materno,


apesar de terem intenções em ajudar a mulher, têm o hábito de julgar e discordar de seus
comportamentos e ideias, informando-a de conceitos e atitudes que para eles são
considerados certos desde o primeiro momento em que a nutriz lhes apresenta seu problema
na amamentação.
Desenvolver medidas que evidenciem à mulher o reconhecimento de suas
capacidades e realizações, pode colaborar para o fortalecimento de sua autovalorização.
Atitudes que mostrem aceitação de suas ideias e ações, podem desenvolver a
autoconfiança da mulher resultando em aumento de sua autoestima, acreditando em sua
capacidade para superar os obstáculos em seu processo de amamentação.

43
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

III.4 Proteção Legal do Aleitamento Materno

A legislação de proteção ao aleitamento materno do Brasil é uma das mais


avançadas do mundo. É muito importante que o profissional de saúde conheça as leis e outros
instrumentos de proteção legal do aleitamento materno para que possa informar as mulheres
que estão amamentando e suas famílias sobre os seus direitos. Além de conhecer e divulgar
os instrumentos de proteção da amamentação é importante que o profissional de saúde
respeite a legislação e monitore o seu cumprimento, denunciando as irregularidades. A seguir
são apresentados algumas Normas, Códigos e direitos da mulher que direta ou indiretamente
protegem o aleitamento materno (BRASIL, 2015).

III.4.1 Código Internacional, NBCAL e IBFAN

A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recomendaram a


criação de normas éticas para a comercialização de substitutos do leite materno, o que
resultou na aprovação, em 1981, do Código Internacional de Comercialização de Substitutos
do Leite Materno pela Assembleia Mundial de Saúde (TOMA; SALVE; MULLER, 2019).
O Brasil está entre os países cujo escopo de abrangência da legislação é amplo e
bem definido, cobrindo todos os alimentos para crianças de zero a três anos, além de
mamadeiras, bicos e chupetas.
Assim como em outros países, no Brasil a proteção legal da amamentação teve seu
delineamento a partir da constatação e denúncias de profissionais de saúde sobre o marketing
não ético praticado pela indústria de alimentos infantis.
A primeira versão do código brasileiro, tendo como referência o Código Internacional,
foi criado em 1988 como uma Resolução do Conselho Nacional de Saúde – a Norma de
Comercialização de Alimentos para Lactentes (NCAL).
Após um período de monitoramento das práticas realizado pela sociedade civil
organizada e de capacitações das equipes de Vigilância Sanitária, no início dos anos 2000 foi
possível realizar a segunda revisão da legislação, tendo como resultado a publicação de três
documentos: a Portaria do Ministério da Saúde n° 2.051/2001 (regulamenta as formas de
promoção comercial dos produtos que competem com a amamentação quanto aos aspectos
relativos à produção de material educativo e técnico científico sobre alimentação infantil, à
atuação dos fabricantes junto aos serviços, profissionais de saúde e suas entidades de classe)
e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), RDC n°221/2002 (Regulamento Técnico sobre Chupetas, Bicos, Mamadeiras e
Protetores de Mamilo) e RDC n° 222/2002 (Regulamento Técnico para Promoção Comercial

44
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

dos Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância). A composição desses três
documentos é conhecida como a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras – NBCAL.
O objetivo da NBCAL é contribuir para a adequada nutrição de lactentes e crianças
de primeira infância, protegendo o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e
continuado por dois anos ou mais por meio da regulamentação da promoção comercial e
orientações de uso apropriado dos alimentos infantis, bem como o uso de bicos, chupetas e
mamadeiras.
Em janeiro de 2006 a NBCAL foi elevada ao status da Lei 11.265/06, representando
importante avanço, exigindo, porém, necessidade de uma regulamentação para a efetiva
aplicação de seus dispositivos, conforme disposto em seu artigo 2914.
As pesquisas apontam que estratégias de marketing empregadas pelos fabricantes
de alimentos destinados a bebês e crianças de primeira infância com a finalidade de ampliar
suas vendas e lucros, influenciam as decisões das famílias, com tendência à adoção de
produtos que são prejudiciais à saúde.
Nesse sentido, o Código Internacional e a NBCAL são instrumentos imprescindíveis
para a manutenção de um ambiente em que as famílias possam de fato fazer as melhores
escolhas para uma alimentação saudável das crianças desde o início da vida. A experiência
brasileira, assim como de alguns países, ilustra a relevância da sociedade civil no
enfrentamento de questões que envolvem interesses econômicos (BRASIL, 2015).

III.4.1.1 IBFAN e Monitoramento da NBCAL em Ribeirão Preto

Desde o final da década de 90 o município de Ribeirão Preto dispõe de


representantes da Rede IBFAN (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar –
International Baby Food Action Network) - Brasil, que em parceria com o PALMA e com a
Vigilância Sanitária - VISA local realizaram capacitações sobre a NBCAL no ano 2000 e
monitoramentos anuais. Os membros da IBFAN são quem realizam, anualmente, o
monitoramento da NBCAL em estabelecimentos comerciais e, repassam o relatório à VISA,
para devidas providências, conforme estabelece a Lei 11.265.

III.4.1.2 NBCAL na prática dos serviços de Saúde do município e


competências

Considerando a lei vigente, os serviços de saúde do município e equipe de


profissionais não devem:

45
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

▪ Receber patrocínios, brindes, ajuda de estabelecimentos comerciais ou indústrias que


fabricam, comercializam produtos do escopo da NBCAL para realização de cursos,
eventos, campanhas;
▪ Receber doações de produtos do escopo da NBCAL para serem distribuídos para
profissionais, pacientes, famílias;
▪ Receber amostras de produtos do escopo da NBCAL, a não ser, apenas uma amostra no
lançamento do produto, que pode ser entregue ao médico ou nutricionista do serviço;
▪ Comprar itens permitidos pela lei, acompanhados de outros produtos ou descontos.

Todos os Serviços e Unidades de Saúde e maternidades Públicas do município já


foram instruídos sobre a Lei nos cursos da IHAC e da EAAB e, tem a responsabilidade em
cumpri-la.
Para estes serviços serem certificados nestas estratégias, precisam comprovar que
cumprem a legislação.
Os profissionais que detectarem alguma ilegalidade nos estabelecimentos
comerciais, pontos de vendas dos produtos, podem denunciar, através de fotos, vídeos ou
por telefone para os fiscais da VISA Municipal, ao PALMA ou Membro da IBFAN.
Cabe à VISA Municipal a Fiscalização dos Serviços de Saúde e dos
estabelecimentos comerciais e tomar as devidas providências sob as infrações, como
determina a Lei.

III.4.2 Legislações que protegem o Aleitamento Materno e a Mulher

O conhecimento da legislação, além de alguns frutos de processos negociados no


âmbito do Sistema Único de Saúde ou fora dele e o seu cumprimento são decisivos para o
fortalecimento da política e a identificação de necessidades de aperfeiçoamento do arcabouço
legal e normativo.
O Quadro abaixo explicita a legislação relacionada à Política Nacional de Promoção,
Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno. Nele, o conjunto de leis, portarias e resoluções,
que dá o arcabouço legal, normativo e técnico-operacional da Política é apresentado
considerando o componente de Proteção legal à amamentação - Direitos das mulheres
gestantes, parturientes, puérperas e família.
Buscou-se identificar, além da legislação vigente, as anteriores, objetivando ser um
instrumento de consulta da trajetória legal deste componente da Política.

46
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

Quadro 2 - Legislação vigente e histórica relacionada à Proteção Legal à Amamentação no


âmbito da Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno.

COMPONENTE DOCUMENTO OBJETO DE INTERESSE

Convenção 103 de Garantia da licença-maternidade de no mínimo 12


1953 da OIT (ratificada semanas.
no Brasil em 1966)

Lei nº 6.202 de Regulamenta a Lei nº 1.044 de 21/10/1969 e institui o


17/4/1975 regime de exercícios domiciliares a estudantes, gestante
a partir do 8º mês e durante três meses após o parto.

Constituição Federal de Garantia de 120 dias de licença-maternidade para a


1988 gestante e de cinco dias para o pai da criança, sem
prejuízo do emprego e salário; veda a dispensa sem justa
causa da empregada gestante desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto; asseguradas às
presidiárias as condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação.

CLT (artigo 389 – As empresas com mais de 30 mulheres devem ter local
parágrafos 1º e 2º) apropriado para alojar bebês durante o período de
PROTEÇÃO LEGAL À AMAMENTAÇÃO

amamentação. Essa exigência poderá ser suprida por


meio de creches distritais mantidas diretamente ou
mediante convênios com outras entidades públicas ou
privadas.
Direitos das
(artigo 392 parágrafo 2º) Em casos excepcionais, os períodos antes e depois do
mulheres
parto poderão ser aumentados de mais duas semanas
gestantes,
cada um, mediante atestado médico na forma do art.375.
parturientes,
puérperas e (artigo 396) Pausa para amamentar o próprio filho, até que este
família complete 6 meses de idade, a mulher terá direito, durante
a jornada de trabalho, a dois descansos especiais, de
meia hora cada um, que não se confundirão com os
intervalos normais para seu repouso e alimentação.

Lei Federal nº 11.108, Altera a Lei nº 8.080, de 1990, para garantir às


de 7/4/2005 parturientes o direito à presença de acompanhante
durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato,
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Lei nº 11.770 de Estabelece a licença-maternidade de seis meses, sem


9/9/2008 prejuízo do emprego e do salário, para as funcionárias
públicas federais, ficando a critério dos estados,
municípios e empresas privadas a adoção desta Lei –
Programa Empresa Cidadã.

Lei Federal nº 13.257, Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira


de 8/3/2016 infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei
no 12.662, de 5 de junho de 2012.
- continua -

47
Protocolos Clínicos
Proteção Legal do Aleitamento Materno

- conclusão -
COMPONENTE DOCUMENTO OBJETO DE INTERESSE

Portaria Anvisa nº 193, Orienta a instalação de salas de apoio à amamentação


de 23/2/2010. NT em empresas públicas ou privadas e a fiscalização
conjunta Anvisa/MS desses ambientes pelas vigilâncias sanitárias locais.

Portaria MS nº 321 de Estabelece as normas e padrões mínimos para a


26/5/1988 construção, a instalação e o funcionamento de creches,
em todo o território, previa uma sala de amamentação,
definida como: “Elemento destinado à recepção das
mães que necessitam amamentar os filhos que se
encontram sob a proteção e cuidados da creche,
devendo contar com equipamento apropriado.”

Resolução MS nº Aprovação pelo CNS da norma para comercialização de


5/1988 alimentos para lactentes baseada no Código
Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite
– primeira legislação nacional sobre o tema.

Resolução 31 do MS de Aprovação pelo CNS de novo texto da Norma para


12/10/1992 comercialização de alimentos para lactentes.

Portaria nº 2.051 de Estabelece os novos critérios da Norma Brasileira de


9/11/2001 Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças
de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e mamadeiras.
Fonte: Brasil (2017a).

III.4.2.1 Divulgação da legislação nos serviços

A equipe de saúde, em diversos momentos de atendimento individual ou coletivo


pode orientar, informar e socializar as leis de proteção à gestante, puérpera, mulher
trabalhadora e suas famílias.
É importante realizar estas orientações desde o início do pré-natal, para que a
mulher, companheiro e familiares saibam a respeito dos seus direitos garantidos pela Lei, para
que ela tenha uma gestação, puerpério e amamentação protegidos. Estas orientações de
promoção podem ser realizadas por todos os profissionais da equipe de saúde.

48
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

III.5 Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Toda intercorrência e / ou dificuldade no Aleitamento Materno deve ser acompanhada pelos profissionais da Atenção
Básica em saúde, uma vez que possuem recursos adequados para a assistência, além de competências e habilidades necessárias
para atendimento qualificado e para a promoção da amamentação. Deste modo, elencamos a seguir as principais ocorrências e
os procedimentos adequados a serem realizados.

Quadro 3 – Manejo clínico das principais intercorrências mamárias.


Tipo De Intercorrência / Procedimentos
Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Ingurgitamento Mamário Ocorre no início da 1. Inspeção, exame das mamas; 1. Uso de compressas quentes ou
lactação ou no 2. Se RN estiver presente colocá-lo para mamar; banho quente
processo de desmame: 3. Orientar a testar a flexibilidade da aréola antes da mamada e
aumento das mamas, caso esteja tensa, proceder a massagem e a ordenha do 2. Uso de gelo
Definição:
presença de dor, complexo mamilo-areolar;
3. Uso de bomba tira leite
Retenção anormal de leite 4. Realizar e ensinar a mãe e acompanhante ordenha manual para
acompanhado de dor à
tensão na região alívio da dor (POP - Técnica de ordenha manual das mamas – 4.Outra criança /companheiro
areolar, presença de ANEXO C); mamar
palpação na mama, podendo
edema. 5. Orientar uso de sutiã com alças largas e firmes;
apresentar hipertermia e
6. Mamadas frequentes em livre demanda;
rubor discreto. Há um
7. Em situações de maior gravidade, realizar compressas com
desequilíbrio entre a oferta água fria de 2 em 2 horas. Importante: o tempo de aplicação
(produção do leite materno) e das compressas frias não deve ultrapassar 20 minutos devido
a procura (sucção pela ao efeito rebote (aumento de fluxo sanguíneo para compensar
criança). a redução da temperatura local) (BRASIL, 2015);
8. Realizar ordenha manual, a cada 2-3 h até que RN consiga
mamar ou, se RN estiver mamando, fazer ordenha de alivio
após as mamadas, se tiver presença de dor nas mamas;
9. Em caso de desmame realizar a ordenha até esvaziamento das
mamas e fazer o enfaixamento;
10. Agendar retorno.

49
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Traumas Mamilares Presença de dor e 1. Inspeção, exame das mamas; 1. Uso de pomadas, óleos e cremes
traumas (fissura, 2. Remover o fator causal; (com exceção da lanolina
escoriação, vesícula, 3. Ensinar pega e posição correta do RN na mama;
erosão, dilaceração) 4. Passar leite materno na região areolar antes e após as purificada);
Definição:
nos mamilos e mamas; mamadas; 2. Uso de casca de banana e outros
Solução de continuidade às vezes, ocorre crosta 5.Oferecer primeiro a mama com mamilo íntegro;
6.Se dor ou sangramento, suspender temporária/e a mamada e produtos;
e/ou alteração do tecido e sangramento nos
mamilar causada, traumas mamilares. realizar ordenha manual; 3. Produtos secativos (violeta
geralmente, por erro na
7.Oferecer leite ordenhado no copinho, em relactação no peito sem
lesões ou finger feeding (POP - Métodos / técnicas para genciana, mertiolate)
aplicação da força da
oferecimento de complemento lácteo ao recém-nascido – 4. Uso de bombas tira-leite;
gengiva do RN no mamilo ANEXO B)
da mãe. 8.Nos casos de fissuras grandes ou outros traumas que causem 5. Tratamento seco das lesões
muita dor e/ou sangramento, deve-se suspender a amamentação mamilares (banho de luz, banho
por 48h a 72h no mamilo traumatizado. Após a suspensão
oferecer a mama comprometida por 5 min. com aumento de sol, secador de cabelo).
gradativo a cada dia.
9.Se a puérpera sair da maternidade com prescrição de lanolina
purificada, deve fazer o uso nos mamilos após as mamadas,
limpar com o próprio leite e, o mais importante, corrigir a pega.
10. Após recuperação do trauma orientar a amamentação em livre
demanda;
11. Avaliar necessidade de analgésico,
12. Agendar retorno.

50
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Candidíase mamária Sinais e Sintomas: 1. Uso de compressas


1. Após as mamadas, enxaguar os mamilos, secá-los bem e
prurido, sensação de
mantê-los arejados; se possível, expô-los à luz por pelo menos
queimação e dor tipo alguns minutos por dia; 2. Uso de casca de banana e
agulhadas nos mamilos, 2. Não utilizar protetores mamilares;
Definição: Infecção fúngica outros produtos;
mamilos e aréolas podem 3. Orientar a puérpera a realizar a troca de sutiã diariamente ou
causada pela Cândida
apresentar hiperemia com mais vezes ao dia, se necessário;
Albicans. 3. Produtos secativos (violeta
descamação. Raramente 4. As chupetas e bicos, se utilizados, se não for possível eliminá-
se observa placas los, devem ser fervidos uma vez ao dia por 20 minutos; genciana, mertiolate)
esbranquiçadas. A 5. Mãe e bebê devem ser tratados simultaneamente, mesmo que
criança pode apresentar a criança não apresente sinais evidentes de candidíase;
crostas orais 6. Prescrever* para a criança: Nistatina solução oral – passar na
esbranquiçadas, que mucosa oral da criança 1 conta-gotas (1ml) ou 0,5ml em cada
devem ser distinguidas bochecha, 4 vezes ao dia por 14 dias;
das crostas de leite. 7. Prescrever* para a puérpera: uso tópico de Nistatina**,
Miconazol**, Clotrimazol ou Cetoconazol por 14 dias, após
Principais causas: cada mamada (BRASIL, 2015).
umidade excessiva, lesão 8. As mulheres podem aplicar o creme após cada mamada e ele
dos mamilos e a boca da não precisa ser removido antes da próxima mamada;
criança contaminada pelo 9. Se o tratamento tópico falhar, encaminhar para consulta
fungo (mesmo não médica.
estando aparente).

*Prescrição médica ou do enfermeiro.


**Nistatina e Miconazol – Disponíveis na farmácia da Rede Municipal de Saúde.

51
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Hipogalactia Pode estar relacionada a: 1. Orientar a mãe que a descida do leite costuma ocorrer entre o 2º e 3º dia pós parto, 1.Oferecer mamadeira,
antes disso, a mulher produz em média 40 à 160 ml de colostro nas primeiras 48hs,
- Pega incorreta. chuquinha ou qualquer
quantidade suficiente para saciar a fome do RN (CHAVES et. al. 2008);
2. Orientar que o volume de leite produzido na lactação varia de acordo com a tipo de bico artificial;
Baixa produção de leite – - Mamadas pouco demanda da criança.
ocorre pela ação dos frequentes ou curtas. 3. Observar os sinais do bebê quando há insuficiência de leite: ficar inquieto na mama, 2.Deixar de agendar
peptídeos inibidores da chorar muito, querer mamar com muita frequência e ficar muito tempo no peito nas
lactação, quando a mama - Mamadas seguindo retorno;
mamadas.
não é esvaziada horário rígido.
4. Aumentar a frequência das mamadas;
corretamente, devido a uma 5. Oferecer as duas mamas em cada mamada; 3.Oferecer complemento
- Sucção ineficiente.
série de fatores. 6. Ingerir líquidos em quantidade suficiente, principalmete quando tiver sede (líquidos lácteo sem indicação.
- Ausência de mamadas em excesso não aumentam a produção de leite, podendo até a diminuir);
noturnas. 7. Contraindicar consumo de álcool;
4. Medicamentos
8. Repousar sempre que possível, pois a prolactina tem seu pico de produção durante
- Ingurgitamento o sono profundo; se possível, acionar rede de apoio; alopáticos como
mamário. 9. Massagear a mama durante as mamadas ou ordenhar o leite residual após as metroclopamida (plasil)
mamadas;
- Uso de alimentação 10. Trocar de mama várias vezes em uma mamada, se a criança estiver sonolenta ou deve ser usado com muita
complementar (fórmulas se não sugar vigorosamente; cautela e Sulpirida
infantis) ou de chupetas 11. Evitar o uso de mamadeiras, chupetas e protetores (intermediários) de mamilos;
e protetores de mamilo 12. Consumir dieta balanceada; (equilid) é contraindicado
que podem levar ao 13. Perguntar se mãe tem alguma cirurgia de redução ou proteses na mama . Estas pelo MS.
esvaziamento práticas podem interferir na produção de leite.
inadequado das mamas. Observar:

- Fatores psicológicos – ● Ganho de peso que deve ser maior ou igual a 20g/dia;
estes podem levar a ● Número de micções: no mínimo 6 a 8 vezes ao dia;
práticas pouco eficazes ● Sinais clínicos de desidratação: turgor da pele diminuído, fontanela deprimida, RN
de aleitamento materno. muito irritado, chora muito;
● Melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando não adequados;
- Cansaço, dor e stress ● Dar tempo para o bebê esvaziar bem as mamas;
materno. ● Após a mamada, ordenhar o leite residual;
● Caso estas medidas não tenham êxito, orienta-se realizar a relactação;
● Caso estas medidas não farmacológicas não funcionem pode ser útil o uso de
galactogogos (Medicamentos fitoterápicos como chá da mamãe ou tintura de
algodoeiro; medicamentos homeopáticos como pulsatila, indicados por profissional
treinado e habilitado).
52
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Apojadura tardia A apojadura normalmente 1. Estimular a autoconfiança da mãe; 1. Oferecer mamadeira,


ocorre entre 24 a 72 horas chuquinha ou qualquer
após o parto, podendo 2. Orientar medidas de estímulo como sucção frequente do bebê e a ordenha do
estender este tempo no colostro; tipo de bico artificial;
Demora na descida do leite
parto cesárea (até 5 dias).
3. Realizar a relactação que consiste em uma sonda conectada a um recipiente (pode 2. Deixar de agendar
ser um copo ou pote) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado),
colocado entre as mamas da mãe e conectado ao mamilo (verificar POP – ANEXO retorno;
B). A criança, ao sugar, recebe o suplemento. Dessa maneira, o bebê continua a
estimular a mama e sente-se gratificado ao sugar o seio da mãe e ser saciado. 3. Manter complemento
lácteo após
4. Acompanhar puérpera e garantir o estabelecimento da amamentação, além de
rede de apoio para que a mãe consiga descansar e se hidratar mais. estabelecimento do AM.

Fenômeno de Raynaud Sinais e sintomas: os 1. Orientar o uso de compressas mornas exclusivamente no mamilo para o alívio
mamilos ficam pálidos da dor. Porém deve-se avaliar o risco em relação ao ingurgitamento mamário e
inicialmente, em seguida mastite;
podem tornar-se 2. Caso não ocorra melhora do quadro, encaminhar para consulta médica;
Definição: Trata-se de uma 3. Avaliar necessidade de analgésico;
cianóticos e posterior-
isquemia intermitente 4. Evitar uso de drogas vasoconstritoras, como cafeína e nicotina;
mente, avermelhados pelo
causada por vaso espasmo, 5. Estimular RN na mama, não deixá-lo fazer sucção ineficiente (chupetar o mamilo)
déficit de irrigação
que acomete os mamilos. ou dormir no peito;
sanguínea. A mulher refere
Em geral, ocorre em 6. Caso houver piora do quadro, encaminhar para consulta médica para ver
dor antes, durante e após a
resposta à exposição ao necessidade de medicamento conforme protocolo do MS.
mamada em “fisgadas” e
frio, à compressão anormal
em queimação, o que pode
do mamilo na boca da
ser confundido com
criança ou a trauma mamilar
candidíase ou com a ação
importante.
da a ocitocina na descida
do leite.

Principais causas: frio


excessivo, compressão
anormal do mamilo na
boca da criança ou trauma
mamilar importante;

53
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS

Bebê que não suga ou Possíveis causas: 1. Orientar a ordenha manual para estimular a mama, em média 1. Oferecer mamadeira,
tem sucção fraca 5 vezes ao dia;
chuquinha ou qualquer tipo
Presença de dor quando o bebê é 2. Suspender o uso de chupeta ou mamadeira;
posicionado para mamar em determinada 3. Estimular o bebê introduzindo o dedo mínimo na sua boca, de bico artificial;
posição (fratura de clavícula, por com a ponta tocando a junção do palato duro e mole;
exemplo); 4. Mudar a posição da mamada como por exemplo a posição 2. Deixar de agendar retorno;
Pressão na cabeça do bebê ao ser invertida, onde o bebê é apoiado no braço do mesmo lado da
apoiado; mama a ser oferecida, a mão da mãe apoia a cabeça da
criança, e o corpo da criança é mantido na lateral, abaixo da
Não conseguem pegar a aréola
axila;
adequadamente ou não conseguem
5. Se estiver sonolento, estimular enquanto está mamando,
manter a pega; fazendo massagens nos pés ou nas costas e retirando um
Não abre a boca suficientemente; pouco das roupas, para que ele tenha um ligeiro desconforto
Língua presa (anquiloglossia); que o mantenha alerta;
Alguma diferença entre as mamas 6. trocar a fralda do RN e limpar o umbigo antes da mamada,
(mamilos, fluxo de leite, ingurgitamento); para acordá-lo e estimulá-lo;
Mãe com dificuldade para posicioná-lo 7. Agendar retorno do RN na unidade para avaliar ganho de
adequadamente em um dos lados; peso.
Sonolência do bebê ou alguma doença.
Mamilos semi-protrusos, Podem dificultar o início da 1. Promover a confiança e empoderar a mãe; 1. Oferecer mamadeira,
invertidos ou amamentação, mas não necessariamente 2. Ajudar a mãe a favorecer a pega correta; chuquinha ou qualquer tipo
hipertróficos a impedem, pois grande parte dos RNs 3. Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o
fazem o “bico” com a aréola. bebê adaptam-se melhor; de bico artificial;
4. Desestimular o uso de intermediário. O RN deve aprender a
mamar no peito da mãe; 2. Desencorajar a mãe
5. Mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o
mamilo antes das mamadas, com estímulo (toque) do mamilo, quanto à amamentação em
utilização de seringa de 10 ml ou 20 ml adaptada (cortada virtude da anatomia de seus
para eliminar a saída estreita e com o êmbolo inserido na
extremidade cortada); POP – Exame clínico das mamas mamilos.
gravídica e puerperal - ANEXO A
6. Recomenda-se esta técnica antes das mamadas e nos 3. Aleitamento cruzado.
intervalos se assim a mãe o desejar;
7. O mamilo deve ser mantido em sucção por cerca de 30 a 60
segundos ou menos, se houver desconforto;
8. Fazer ordenha e oferecer leite ordenhado (no copinho, por
relactação ou finger feeding enquanto RN não mamar
diretamente no peito.

54
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Tipo De Intercorrência / Procedimentos


Quadro Clínico Procedimentos Recomendados
Dificuldade NÃO RECOMENDADOS
Matiste/ Abscesso - Mamas: presença de vermelhidão, 1.- Mastite inicial- sem presença de pus: 1.Compressas quentes
Mamário calor, dor Edema, - Amamentar normalmente; 2.Uso de gelo
hipersensibilidade aumento do - Começar a amamentação pelo lado comprometido; 3.Enfaixamento das mamas
Definição: volume, Tumor Infarta/o ganglionar - Realizar e orientar ordenha manual após mamada, para retirada 4.Uso de medicação para
Processo inflamatório e Febre alta, Taquicardia Mal estar, do leite residual; inibir a lactação
infeccioso na mama, Calafrios, Fadiga, Prostração, - Garantir flexibilidade areolo-mamilar;
produzindo sensibilidade Desconforto, Náuseas e Vômitos. - Atendimento médico no dia;
localizada, vermelhidão, - Ocorre geralmente entre a 2ª e 3ª -Prescrição de antinflamatório/ analgésico;
calor, febre, desconforto, semanas após o parto. -Se não houver desaparecimento do quadro clínico em 24 horas,
náuseas e vômitos. - Mastite inicial (não infecciosa): iniciar antibióticoterapia (cefalexina 500 mg – Via Oral – de 6 em 6
*localizado Caracterizada por dor, edema, horas).
hiperemia, calor local, drenagem de - Retorno para seguimento na Unidade
leite sem presença de pus. 2- Mastite - com eliminação de pus ou pelos poros e 3-
- Mastite com eliminação de pus ou Abscesso mamário
abscesso mamário (infecciosa): - Suspender temporariamente lactação da mama comprometida;
Além dos sinais e sintomas da mastite amamentar RN na mama sadia;
não infecciosa, ocorre drenagem de - Ordenhar com cautela;
leite com pus e febre alta (>38ºC), - Nos casos de abscessos mamários, a depender do local, não se
calafrios e mal-estar. consegue fazer ordenha ou oferecer o peito (quando for na região
- O sabor do leite materno pode ter areolar);
alteração, tornando-se mais salgado - Atendimento médico no dia;
- Se necessário, complementar as mamadas;
(BRASIL, 2015; VINHA, 1994; - Uso de antibióticos (Cefalexina 6/6 h, antiinflamatório e analgésico
CONSELHO REGIONAL DE por 7 a 10 dias com reavaliação);
ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, - Caso não melhore o quadro após uso de antibióticos orais, regular
2019) a paciente para hospital, para fazer uso de antibióticos EV ou
drenagem cirúrgica;
- Avaliar estado geral da paciente e regular para hospital para
antibioticoterapia EV
- Se ocorreu drenagem espontânea, realizar curativos diários,
manter dreno;
- Agendar retorno;
- Após a mastite (drenada ou não) a região pode apresentar fibrose,
endurecimentos e dificultar a pega. A mãe deve fazer massagem,
ordenha e oferecer o leite no copinho ou finger feeding até melhorar
o quadro;
- A unidade deve acompanhar o caso. O RN deve ficar com a mãe
no hospital. Após alta fazer curativos e acompanhamento na UBS.
(PEREIRA el al., 2012)

55
Protocolos Clínicos
Manejo Clínico das principais dificuldades e intercorrências mamárias

Os casos de maior dificuldade por parte do profissional devem ser discutidos


diretamente com o Programa de Aleitamento Materno e, quando necessário, encaminhados
à maternidade de origem, respeitando o fluxo de atendimentos dos serviços. Não proceder o
encaminhamento das intercorrências mamárias para o Banco de Leite Humano, uma vez que
este trabalha com agendamento e não possui fluxo para amplo atendimento à população;
caso seja imprescindível a atuação do BLH, o profissional deverá entrar em contato com a
equipe e discutir o caso previamente.
Os casos de mastite / abscessos mamários, NÃO devem ser encaminhados para o
Banco de Leite pois este serviço não dispõe de médico. A mãe deve ser acompanhada pela
equipe e, quando necessário o médico pode solicitar exames de imagens.

Programa de Aleitamento Materno – Secretaria


Municipal da Saúde – Ribeirão Preto - SP
Telefone: (16) 3977-9329 ou 3977-9330
E-mail: palma@saude.pmrp.com.br

56
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

III.6 Técnicas de amamentação – pega, prega, postura e posição

Amamentar é um ato complexo e nem sempre é fácil, principalmente nos primeiros


dias após o nascimento e para as primíparas. São necessários: paciência, informação e apoio
(BRASIL, 2019).
Praticamente todas as mães são biologicamente capazes de amamentar exceto
algumas portadoras de condições severamente debilitantes (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE, 2009). A quantidade de leite produzida pela mulher depende principalmente do
quanto a criança mama. Quanto mais mamadas, mais leite é produzido, consequentemente
mais saudável será a criança (BRASIL, 2019).
Para atender às necessidades do bebê, inclusive as emocionais, recomenda-se que
a criança seja amamentada desde a primeira hora de vida e sempre que quiser mamar (em
livre demanda), sem horários nem intervalos pré-determinados, durante o dia e a noite. A mãe
deve observar os sinais de que a criança deseja mamar, tais como: fazer movimentos com a
boca e as mãos, balbuciar e sugar a mão. A mãe não precisa esperar a criança chorar para
amamentar. Nos primeiros meses a criança costuma mamar várias vezes ao dia, de oito a
doze vezes, ou mais. Com o tempo, mãe e bebê estabelecem um ritmo próprio (BRASIL,
2019).
A sucção é um ato reflexo do recém-nascido; já a amamentação é uma prática mais
complexa e precisa ser ensinada e aprendida (CARVALHO; GOMES, 2017).
As técnicas de amamentação, ou seja, a maneira como mãe e bebê se posicionam
para amamentar/mamar, a prega e a pega do bebê são elementos importantes para que o
bebê consiga retirar o leite da mama de maneira eficiente e também para evitar alguns
problemas na amamentação (BRASIL, 2015).

III.6.1 Como ajudar a mãe a amamentar

A seguir estão descritos os elementos para que a mãe se prepare para amamentar
envolvendo aspectos da amamentação tais como: postura, posição, prega, e pega
adequadas:
▪ O preparo para amamentar envolve a higienização das mãos com água e sabão (VINHA,
2000). As mamas não precisam de limpeza antes ou após as mamadas. O banho diário é
suficiente (BRASIL, 2007). A boca do recém-nascido deve ser limpa desde o nascimento,
após cada mamada e/ou refeição, com gaze ou com a ponta de uma fralda de pano ou
outro tecido macio, limpo e umedecido em água filtrada e fervida (CONSELHO REGIONAL
DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, 2019).

57
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ Escolher o local que propicie conforto e tranquilidade para mãe e filho (VINHA, 2000).
▪ As roupas da mãe e do bebê devem estar adequadas, sem restringir movimentos.
Recomenda-se que as mamas estejam completamente expostas, sempre que possível, e
o bebê vestido de maneira que os braços fiquem livres (BRASIL, 2015).
▪ Antes de iniciar a amamentação, verificar se a região areolar está flexível: segurando as
bordas da aréola e fazendo movimentos para os lados, para cima e para baixo (figura 7).
O excesso de leite ao ser eliminado torna a aréola flexível e em condições de ser
abocanhada pelo bebê, dessa forma ele poderá mamar de forma eficiente (VINHA, 2000).

Figura 7 – Verificando a flexibilidade areolar antes de amamentar.

Fonte: Vinha (1994).

▪ Quando a mama está muito cheia, a região areolar pode estar tensa, endurecida, o que
dificulta a pega. Nessa situação, recomenda-se antes de oferecer o peito ao bebê, retirar
manualmente (ordenhar) um pouco de leite da aréola ingurgitada (figura 8) (BRASIL, 2015;
VINHA, 2000).

Figura 8 – Mãe ordenhando a mama.

Fonte: Brasil (2007).

58
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ O bebê deve estar calmo e alerta. Bebês sonolentos ou muito agitados e chorosos não
conseguem mamar. Assim, na hora da mamada é preciso acordá-lo se estiver dormindo
(CARVALHO; GOMES, 2017).
o Alguns estímulos podem ser necessários para que ele acorde: retirar a roupa do bebê,
deixando-o somente com a fralda; movimentar a cabeça e o tronco do bebê para frente
e para trás, mantendo cabeça e pescoço apoiados nas mãos; fazer movimentos
giratórios suaves de 180° alternando um lado, depois o outro, mantendo a cabeça e o
pescoço apoiados nas mãos; amamentar na posição a cavaleiro (bebê sentado), pois
estimula o bebê a ficar alerta; conversar com o bebê antes e durante a mamada,
massageando suas costas, seu peito, pés e axilas; caso ele durma antes de finalizar a
mamada, deve-se retirá-lo do peito e movimentá-lo; trocar ou dar um banho rápido, para
que o bebê acorde (CARVALHO; GOMES, 2017).
o Se o bebê for agitado, é necessário acalmá-lo. O bebê pode estar agitado por vários
fatores. Entre os motivos relacionados com a mãe estão: tabagismo, ingestão excessiva
de cafeína, uso de álcool, ingestão de leite de vaca, uso de medicamentos que
estimulam o sistema nervoso central ou de anticoncepcional combinado. Um fator
relacionado ao bebê é a erupção dos primeiros dentes. Para acalmar o bebê choroso e
agitado: tentar descobrir com a mãe a causa da agitação e ajudá-la a reduzir os efeitos
(por exemplo: reduzir o número de cigarros por dia). Acalentar o bebê: colocá-lo em
posição confortável, conversar com ele calmamente ou cantar canções de ninar; manter
o ambiente calmo e tranquilo; no caso de desconforto gengival, sugerir que a mãe
ofereça um mordedor; orientar a mãe a se acalmar também e caso ela esteja nervosa
com o choro do bebê, orientá-la a delegar o cuidado a outro cuidador até que ela se
acalme e possa amamentar (CARVALHO; GOMES, 2017).

III.6.1.1 Posicionamento adequado

A mãe escolhe a posição que desejar a fim de que tenha conforto e relaxamento,
pode ser deitada, sentada, recostada ou em qualquer outra posição que seja agradável,
familiar e mais adequada ao momento (BRASIL, 2019; CARVALHO; GOMES, 2017).
Todo profissional de saúde que oferece assistência a mães e bebês deve considerar
alguns itens na observação da mamada e na orientação à mãe, independentemente da
posição escolhida pela mãe (BRASIL, 2015):
▪ A mãe deve estar confortavelmente posicionada, relaxada, bem apoiada, não curvada para
trás nem para a frente. O apoio dos pés acima do nível do chão é aconselhável (uma
banqueta pode ser utilizada);

59
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ O corpo do bebê deve encontrar-se bem próximo ao da mãe, todo voltado para ela (barriga
com barriga);
▪ O corpo e a cabeça do bebê devem estar alinhados (pescoço não torcido);
▪ O braço inferior do bebê deve estar posicionado de maneira que não fique entre o corpo
do bebê e o corpo da mãe;
▪ O corpo do bebê deve estar curvado sobre a mãe, com as nádegas firmemente apoiadas;
▪ O pescoço do bebê deve estar levemente estendido (BRASIL, 2015).

III.6.1.1.1 Posição deitada

▪ Mãe deitada de lado, com a cabeça apoiada em travesseiros (figura 9) (CARVALHO;


GOMES, 2017);
▪ A mãe pode também ficar virada de lado, com a cabeça apoiada em um travesseiro e, se
necessário, travesseiros apoiando as costas, promovendo conforto (CARVALHO; GOMES,
2017);
▪ Apoiar a cabeça do bebê: é necessário que a cabeça do bebê esteja ligeiramente elevada,
para evitar possíveis infecções de ouvido médio do bebê (CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 9 – Mãe na posição deitada.

Fonte: Brasil (2019).

III.6.1.1.2 Posição sentada, tradicional

▪ Mãe sentada em uma cadeira, poltrona ou mesmo na cama (figura 10) (CARVALHO;
GOMES, 2017);
▪ Apoiar as costas seja no encosto da poltrona ou da cadeira, em travesseiros ou almofadas
(CARVALHO; GOMES, 2017);
▪ Mãe não ficar curvada para frente nem para trás (CARVALHO; GOMES, 2017);

60
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ Os pés também devem estar apoiados em banqueta ou pufe preferencialmente acima do


nível do chão, para facilitar o retorno venoso e evitar a formação de edema (CARVALHO;
GOMES, 2017).

Figura 10 – Mãe na posição sentada, tradicional.

Fonte: Brasil (2019).

III.6.1.1.3 Posição sentada com bebê na posição invertida ou


“bola de futebol americano”

A posição invertida, é também denominada “bola de futebol americano” (figura 11)


(CARVALHO; GOMES, 2017):
▪ mãe sentada confortavelmente e com uma almofada ou travesseiro para apoiar o bebê;
▪ bebê fica na posição inversa, debaixo do braço da mãe, com as pernas voltadas para trás
do corpo da mãe e o abdome do bebê encostado em suas costelas, pela lateral;
▪ a cabeça fica apoiada na mão da mãe, que tem mobilidade para levá-la ao peito
(CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 11 – Mãe na posição sentada, com bebê na sua lateral, na posição invertida.

Fonte: Brasil (2019).

61
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

III.6.1.1.4 Posição descontraída de amamentação (laid-back


position)

A posição descontraída de amamentação (laid-back position) (figura 12) facilita


comportamentos instintivos na mãe e na criança, maior interação mãe-bebê com
comportamento mais ativo na amamentação (CARVALHO; GOMES, 2017):
▪ mãe em posição semideitada, levemente reclinada, relaxada, com ombros, cabeça e
pescoço bem apoiados;
▪ bebê fica em cima da mãe, em posição longitudinal ou oblíqua, não havendo necessidade
de apoiá-lo, mantendo-se fixado à mãe pela força da gravidade;
▪ as mãos da mãe podem ficar livres ou tocar o bebê;
▪ o bebê utiliza seus reflexos inatos tais como: rastejo, acomodação, preensão palmar e
plantar, flexão das mãos, dos pés e dos dedos, mãos na boca, lambida, sucção e
deglutição;
▪ o bebê rasteja, acomoda-se e, frequentemente, pega sozinho a mama utilizando seus
reflexos inatos, inclusive os reflexos antigravidade que auxiliam a pega (CARVALHO;
GOMES, 2017).

Figura 12 – Posição descontraída de amamentação (laid-back position).

Legenda: As mãos da mãe podem ficar livres (A) ou podem tocar o bebê (B).
Fonte: Carvalho e Gomes (2017).

62
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

III.6.1.1.5 Posição sentada com o bebê na posição de cavaleiro

Essa posição pode ser utilizada para crianças com refluxo gastroesofágico ou com
fissura labial e/ou fenda palatina (CARVALHO; GOMES, 2017):
▪ a mãe fica relaxada e levemente inclinada para frente;
▪ o bebê fica sentado no colo da mãe com as pernas abertas, posicionadas uma de cada
lado da coxa materna;
▪ com uma das mãos a mãe sustenta a cabeça, o pescoço e o tronco do bebê e, com a outra,
apoia a mama com a palma da mão e com os dedos médio, anular e mínimo, pressionando-
a e comprimindo-a para dentro da boca do bebê (CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 13 – Posição sentada com o bebê na posição a cavaleiro.

Fonte: Brasil (2019).

III.6.1.2 Prega da mama e pega do bebê

Para conseguir uma boa pega do bebê, deve-se orientar a mãe a segurar a mama
com uma das mãos, posicionando o polegar bem acima da aréola, e os outros dedos e toda
a palma da mão na região inferior da mama, formando a letra “C” com o polegar e os outros
dedos (figura 14) (CARVALHO; GOMES, 2017). Não se recomenda que a mãe coloque os
dedos em forma de tesoura, pois podem se constituir em obstáculo entre a boca do bebê e a
aréola (BRASIL, 2015).

63
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

Figura 14 – Mão em formato de “C” apoiando a mama e não em forma de tesoura.

Fonte: Brasil (2019).

A cabeça do bebê deve estar no mesmo nível da mama, com o nariz na altura do
mamilo (BRASIL, 2015).
É importante que a mãe espere o bebê abrir bem a boca e abaixar a língua antes de
colocá-lo no peito (BRASIL, 2015).
Nesse sentido, existem alguns sinais que indicam que o posicionamento da dupla
mãe-bebê está adequado: rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do
mamilo; corpo do bebê próximo ao da mãe; bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço
não torcido) e; bebê bem apoiado (BRASIL, 2015).
Independentemente da posição, o importante é a pega estar adequada (figura 15). A
pega é o encaixe da boca da criança ao peito da mãe para poder iniciar a amamentação
(BRASIL, 2019). Quando o bebê consegue abocanhar a mama de maneira adequada: com
ampla abertura da boca e abocanhando o mamilo e o máximo possível de aréola
(aproximadamente 2 cm além do mamilo), ocorre a formação de vácuo, indispensável para
que o mamilo e aréola permaneçam dentro da boca do bebê, de forma a proteger o mamilo
da fricção e compressão, prevenindo, assim, lesões mamilares. O bebê retira o leite
comprimindo os ductos lactíferos com as gengivas e a língua (BRASIL, 2009; BRASIL, 2015;
CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 15 – Pega adequada.

Fonte: Brasil (2019).


64
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

A língua deve envolver o mamilo, fazendo um canolamento (elevação de suas bordas


laterais e a formação de um sulco na região central, em forma de “concha”), conduzindo o
leite até a faringe posterior e ao esôfago, o que ativa o reflexo de deglutição (figura 16)
(BRASIL, 2015; CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 16 – Pega adequada

Fonte: Brasil (2015).

A mandíbula também se movimenta para baixo, na abertura ampla da boca, para


cima, para comprimir suavemente o mamilo, e para trás, para acompanhar a língua nesse
processo de extração do leite. Estes movimentos da mandíbula proporcionam crescimento e
desenvolvimento adequados da face do bebê enquanto ele suga o leite (CARVALHO;
GOMES, 2017).
Existem alguns sinais que indicam uma pega adequada: mais aréola visível acima da
boca do bebê, boca bem aberta, lábio inferior virado para fora e queixo tocando a mama
(BRASIL, 2019).
A pega inadequada (figura 17) dificulta a retirada do leite pelo bebê e traumatiza os
mamilos (CARVALHO; GOMES, 2017).

Figura 17 – Pega inadequada

Fonte: Brasil (2015).

65
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ As narinas do bebê devem permanecer livres (BRASIL, 2015).


▪ O bebê deve manter a boca bem aberta encaixada na mama, sem apertar os
lábios (BRASIL, 2015).
▪ Os lábios do bebê devem estar curvados para fora, formando um lacre. Para
visualizar o lábio inferior do bebê, muitas vezes é necessário pressionar a mama com as mãos
(BRASIL, 2015).
▪ A língua do bebê deve encontrar-se acima da gengiva inferior. Algumas vezes a
língua é visível; no entanto, na maioria das vezes, é necessário abaixar suavemente o lábio
inferior para visualizar a língua (BRASIL, 2015).
▪ A língua do bebê deve estar curvada para cima nas bordas laterais (BRASIL,
2015).
▪ O bebê deve manter-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo
(BRASIL, 2015).
▪ As mandíbulas do bebê devem estar se movimentando (BRASIL, 2015).
▪ A deglutição deve ser visível e/ou audível (BRASIL, 2015).
▪ É importante lembrar a mãe de que é o bebê que vai à mama e não a mama que
vai ao bebê. Para isso, a mãe pode, em um movimento rápido, levar o bebê ao peito quando
ambos estiverem prontos (BRASIL, 2015).

Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação


(BRASIL, 2015):
▪ Bochechas do bebê encovadas quando realiza a sucção;
▪ Ruídos da língua;
▪ Mama esticada ou deformada durante a mamada;
▪ Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê
solta a mama (BRASIL, 2015);
▪ Dor na amamentação: se a mãe sente dor ao amamentar deve-se observar se a criança
está realizando a pega adequadamente. A dor pode ser um sinal de que a pega pode ser
melhorada. Neste caso, tire o bebê do peito com cuidado: introduza o dedo indicador ou o
dedo mínimo no canto de sua boca, fazendo com que ele largue o peito sem machucar o
mamilo (figura 18). Depois, coloque-o de novo com a boca bem aberta (BRASIL, 2019).

66
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

Figura 18 – Interrupção da mamada

Fonte: Brasil (2007).

Também é preciso ter atenção no período da “descida do leite” ou apojadura, que


geralmente acontece em torno do terceiro ao quinto dia pós-parto, mas ela pode ocorrer antes
ou depois. Na apojadura a produção de leite aumenta e, geralmente, a mãe produz mais leite
do que a criança consegue mamar. Quando isso ocorre, a mãe fica com as mamas túrgidas,
pesadas e desconfortáveis e o bebê pode apresentar dificuldade em fazer a pega adequada
e retirar o leite. Nessa situação, a mãe deve retirar um pouco de leite até que a mama fique
mais macia e o bebê consiga mamar mais facilmente (BRASIL, 2019).
O tempo que o bebê permanece mamando no peito varia de criança para criança. É
importante que a mãe respeite o ritmo da criança e dê tempo para ela sugar bastante leite de
uma mama, até que ela fique bem macia, antes de oferecer a outra mama. Assim, a criança
consegue ingerir o leite com suas diferentes composições, já que ele se modifica ao longo de
uma mesma mamada. Às vezes a criança pode ficar satisfeita mamando apenas em uma das
mamas. A criança deve mamar até ficar satisfeita, ou seja, até que pare de sugar, solte a
mama ou adormeça. Se, mesmo após a amamentação a mãe sentir desconforto porque a
mama está túrgida, ela pode retirar o excesso de leite. Esse leite pode ser guardado para ser
oferecido à criança em outro momento de necessidade ou pode ser doado a um banco de
leite humano. Recomenda-se que a mãe inicie a mamada pela mama oferecida por último –
caso tenha ofertado as duas – ou pela mama que não tenha sido dada na mamada anterior
(BRASIL, 2019).
Para o bebê arrotar (figura 19), a mãe, o pai ou outro cuidador deve levantar o bebê
e apoiar a cabeça em seu ombro e fazer uma suave massagem nas costas. É importante a
participação da família neste momento. Outra posição para arrotar é posicionar o bebê
sentado no colo da mãe, inclinando-o para frente, apoiado com o braço da mãe, voltado para
frente com as pernas flexionadas (BRASIL, 2007).

67
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

Figura 19 – Posições para arrotar

Fonte: Brasil (2007).

III.6.2 Observação e avaliação da amamentação

Para que os profissionais de saúde possam ajudar a mãe a amamentar, um


formulário de observação da mamada foi criado pela OMS e UNICEF e está descrito a seguir:

Quadro 4 – Formulário de observação de mamadas.


Nome da mãe Nome do bebê
Situação marital: Idade gestacional:
Número de consultadas de pré-natal: Peso ao nascimento:
Data do parto: Apgar 1º e 5º minuto de vida:
Tipo de parto: Data de observação:
Sinais favoráveis à amamentação Sinais de possível dificuldade
Seção A
Observação geral da mãe
( ) mãe parece saudável ( ) mãe parece doente ou deprimida
( ) mãe relaxada e confortável ( ) mãe parece tensa e desconfortável
( ) mamas parecem saudáveis ( ) mamas avermelhadas, inchadas e/ou
doloridas
( ) mama bem apoiada com dedos fora da aréola ( ) mama segurada com dedos no aréola
Observação geral do bebê
( ) bebê parece saudável ( ) bebê parece sonolento ou doente
( ) bebê calmo e relaxado ( ) bebê inquieto ou choroso
( ) sinais de vínculo entre a mãe e o bebê ( ) mãe e bebê sem contato visual
( ) bebê busca e alcança a mama se está com fome ( ) bebê não busca nem alcança a mama
Seção B
Posição do bebê
( ) a cabeça e o corpo do bebê estão alinhados ( ) pescoço e a cabeça do bebê estão girados
ao mamar
( ) bebê seguro próximo ao corpo da mãe ( ) bebê não é seguro próximo ao corpo da
mãe
( ) bebê de frente para a mama, nariz para o mamilo ( ) queixo e lábio inferior do bebê opostos ao
mamilo
( ) bebê apoiado ( ) bebê não está apoiado
- continua -
68
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

- conclusão –
Seção C
Pega
( ) visualiza-se mais aréola acima do lábio superior ( ) visualiza-se mais aréola abaixo do lábio
do bebê inferior do bebê
( ) a boca do bebê está bem aberta ( ) a boca do bebê não está bem aberta
( ) o lábio inferior está virado para fora ( ) lábios voltados para a frente ou virados
para dentro
( ) o queixo do bebê toca a mama ( ) o queixo do bebê não toca a mama
Seção D
Sucção
( ) sucções lentas e profundas com pausas ( ) sucções rápidas e superficiais
( ) bebê solta a mama quando termina ( ) mãe tira o bebê da mama
( ) mãe percebe sinais do reflexo da ocitocina ( ) não se percebem sinais do reflexo da
ocitocina
( ) mamas parecem mais leves após a mamada ( ) mamas parecem duras e brilhantes
Fonte: World Health Organization (2004).

Neste formulário é possível avaliar sinais favoráveis à amamentação e sinais


sugestivos de dificuldades, de modo a observar a posição corporal da mãe e do bebê, pega
e sucção, entre outros aspectos, que podem auxiliar o profissional da saúde na identificação
de problemas, no planejamento do cuidado e direcionamento de intervenções.

III.6.3 Assistência no pré-natal e puerpério para incentivo e apoio ao


aleitamento materno

“A promoção da amamentação na gestação tem impacto positivo nas prevalências


de aleitamento materno, em especial entre as primíparas” (BRASIL, 2015, p. 41). O
acompanhamento pré-natal é uma excelente oportunidade para motivar as mulheres a
amamentarem. É importante que pessoas significativas para a gestante, como companheiro
e mãe, sejam incluídas no aconselhamento.
Durante o acompanhamento pré-natal, quer seja em grupo, quer seja no atendimento
Individual, nas pré e pós consultas, é importante dialogar com as mulheres. De acordo com o
Ministério da Saúde (BRASIL, 2015, p. 41-42), neste período, é importante abordar os
seguintes aspectos:
▪ Planos da gestante com relação à alimentação da criança;
▪ Experiências prévias, mitos, crenças, medos, preocupações e fantasias relacionados com
o aleitamento materno;
▪ Importância do aleitamento materno;
▪ Vantagens e desvantagens do uso de leite não humano;

69
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

▪ Importância da amamentação logo após o parto, do alojamento conjunto e da técnica


(posicionamento e pega) adequada na prevenção de complicações relacionadas à
amamentação;
▪ Possíveis dificuldades na amamentação e meios de preveni-las. Muitas mulheres
“idealizam” a amamentação e se frustram ao se depararem com a realidade;
▪ Comportamento normal de um recém-nascido;
▪ Desvantagens do uso de chupeta.

A assistência à puérpera para promoção e apoio do aleitamento materno tem como


objetivos:
▪ contribuir para redução da morbidade e mortalidade materna e neonatal;
▪ avaliar e manejar intercorrências com relação ao aleitamento materno;
▪ incentivar e fortalecer as competências familiares para incentivo e apoio ao aleitamento
materno;
▪ oferecer melhores condições para que a puérpera e familiares recebam instruções sobre
os cuidados do binômio para sucesso do aleitamento materno;
▪ identificar e manejar riscos e vulnerabilidades que envolvam a puérpera com dificuldade e
intercorrências no aleitamento materno;
▪ avaliar interação entre puérpera, recém-nascido, família e rede de apoio para aleitamento
materno;
▪ incentivar, estimular e apoiar aleitamento materno, se não houver contraindicações;

Na consulta de pré-natal e de puerpério, além de abordar os aspectos relativos ao


aleitamento materno preconizados pelo Ministério da Saúde, tanto o médico quanto o
enfermeiro devem realizar o exame clínico das mamas, conforme procedimento operacional
padrão “Exame clínico das mamas gravídica e puerperal” (ANEXO A), descrito no Manual de
Procedimentos Operacional Padrão da Secretaria Municipal de Ribeirão Preto (RIBEIRÃO
PRETO, 2020). No referido Manual também estão descritos os procedimentos “Métodos /
técnicas para oferecimento de complemento lácteo ao recém-nascido” (ANEXO B) e “Técnica
Ordenha Manual das mamas” (ANEXO C) que podem ser utilizados no atendimento para
promoção do aleitamento materno.
O exame das mamas no pré-natal é fundamental, pois por meio dele é possível
detectar situações que poderão exigir uma maior assistência à mulher logo após o nascimento
do bebê, como, por exemplo, a presença de mamilos semi-protrusos ou invertidos e cicatriz
de cirurgia de redução de mamas.
A “preparação” das mamas para a amamentação, tão difundida no passado, não tem
sido recomendada de rotina. A gravidez se encarrega disso. Manobras para aumentar e
70
Protocolos Clínicos
Técnicas de amamentação

fortalecer os mamilos durante a gravidez, como esticar os mamilos com os dedos, esfregá-los
com buchas ou toalhas ásperas, tomar sol na região mamilo-areolar e uso de óleos ou cremes,
não são recomendadas, pois na maioria das vezes não funcionam e podem ser prejudiciais,
podendo inclusive induzir o trabalho de parto ou deixar a pele mais sensível e fina (BRASIL,
2015).
O uso de conchas ou sutiãs com um orifício central para alongar os mamilos também
não são eficazes. A maioria dos mamilos curtos apresenta melhora com o avançar da
gravidez, sem nenhum tratamento. Os mamilos costumam ganhar elasticidade durante a
gravidez e o grau de inversão dos mamilos invertidos tende a diminuir em gravidezes
subsequentes. Em mulheres com mamilos semi-protrusos ou invertidos, a intervenção logo
após o nascimento do bebê é mais importante e efetiva que intervenções no período pré-natal.
O uso de sutiã adequado ajuda na sustentação das mamas, pois na gestação elas apresentam
o primeiro aumento de volume. Se ao longo da gravidez a mulher não notou aumento nas
suas mamas, é importante fazer acompanhamento rigoroso do ganho de peso da criança após
o nascimento, pois é possível tratar-se de insuficiência de tecido mamário (BRASIL, 2015).
É papel de toda equipe da unidade de saúde preparar a mulher para o processo de
AM, estabelecer vínculo com ela e familiares para apoiá-la na amamentação no pós parto
imediato. Deve ocorrer a entrega de materiais educativos relacionados ao AM, fazer leitura
gradativa com explicações ou explanações com bonecos, mamas de tecido e outros materiais
didáticos durante o pré-natal.
No puerpério o cuidado deve ser singularizado de acordo com as necessidades da
mulher, de modo que o profissional de saúde possa exercer uma escuta acolhedora, num
ambiente livre de julgamentos e preconceitos. Neste contexto, ressaltamos que a prática do
aleitamento é complexa e multifatorial, uma vez que sofre influência de fatores socioculturais,
econômicos e emocionais além de fatores biológicos (BRASIL, 2016).

71
Protocolos Clínicos
Ordenha, coleta, armazenamento e doação do leite materno

III.7 Ordenha, coleta, armazenamento e doação do leite materno

A ordenha manual das mamas auxilia no alívio do desconforto decorrente de uma


mama ingurgitada; pode estimular a produção de leite materno ou manter a produção láctea
quando o bebê não está mamando; alivia a região areolar, garante a flexibilidade do complexo
mamilo-areolar para que o bebê consiga fazer a pega corretamente e mamar (Bebê sente o
cheiro e gosto do leite, facilita a pega); auxilia no manejo de intercorrências mamárias
(Ingurgitamento mamário, bloqueio de ductos, traumas mamilares e mastite), e possibilita que
o leite seja retirado para ser oferecido posteriormente ao RN ou para doação a um banco de
leite (ALMEIDA et al., 1998).
A técnica adequada de ordenha e coleta de leite materno está descrita no
Procedimento Operacional Padrão da Divisão de Enfermagem, descrito nos anexos A, B e C
deste Protocolo.
Em relação à conservação do leite ordenhado cru (não pasteurizado) a literatura
brasileira recomenda que pode ser conservado em geladeira por 12 horas, no freezer ou
congelador por 15 dias (BRASIL, 2019).
O processo de descongelamento deste leite para ser oferecido ao bebê deve ocorrer
por meio de banho-maria, fora do fogo, lembrando que o frasco deve ser movimentado para
homogeneizar a gordura (ALMEIDA; NOVAK, 1999).
Para oferecer o leite ao bebê o profissional deve evitar o uso de mamadeiras e
chuquinhas, seguindo o Procedimento Operacional Padrão (Métodos / técnicas para
oferecimento de complemento lácteo ao recém-nascido) – ANEXO B.
No caso da doação de leite humano, a captação da possível doadora pode ocorrer
nas maternidades; unidades de saúde, visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), ambulatórios, através de campanhas de divulgação nos meios de comunicação,
ressaltando sempre a importância de ser proveniente de uma doadora sadia. A partir da
seleção da doadora devem ser implantadas e seguidas normas e rotinas de eficácia
comprovada. Esse conjunto de Normas e Rotinas é denominado “Manual de Boas Práticas
Operacionais para Bancos de Leite Humano” (BRASIL, 2019).
As doadoras são por definição, mulheres sadias, que apresentam secreção láctea
superior às exigências de seus filhos e que se dispõem a doar o excedente por livre e
espontânea vontade.
Portanto, é realizada anamnese e exame físico da doadora para levantar os aspectos
clínicos relevantes. Serão inaptas para a doação, a critério médico, as nutrizes que sejam
portadoras de moléstias infectocontagiosas ou que se encontrem em risco nutricional.

72
Protocolos Clínicos
Ordenha, coleta, armazenamento e doação do leite materno

Os exames do pré-natal são verificados e caso não tenham sido realizados, deve ser
coletada amostra de sangue para sua realização. A unidade de saúde pode passar o telefone
para a possível candidata a doação de LH e, esta entra em contato com BLH para receber as
orientações.
É importante ressaltar que o BLH oferece o material para a coleta do leite humano
no caso de doação e é o responsável pelo transporte deste da residência da doadora até o
BLH. O frasco de leite congelado deve ficar no máximo por 10 dias no congelador do domicílio
até ser encaminhado ao Banco de Leite.
O leite pasteurizado congelado tem validade de 6 meses no congelador e, após
degelo, deve ser conservado na geladeira e utilizado em até 24 horas (ALMEIDA, 1998).
No caso de Leite Humano Ordenhado - LHO “cru”, não pasteurizado, da mãe para
seu filho internado, somente deverá ser oferecido quando for coletado no Banco de Leite, sala
de ordenha, ou ordenha beira leito sob supervisão de profissionais no hospital (ALMEIDA,
1998).
O leite que for coletado no domicílio deverá passar obrigatoriamente pelo processo
de pasteurização e controle de qualidade, antes de ser distribuído aos bebês internados.
As mães devem ser orientadas quanto a estes procedimentos e devem receber
material educativo referente à continuidade do aleitamento materno.

Banco de Leite Humano de Ribeirão Preto - Hospital


das Clínicas FMRP USP
Endereço: Av. Santa Luzia, 387 - Jardim Sumaré
Telefone: (16) 3610-8686

73
Protocolos Clínicos
Situações especiais

III.8 Situações especiais: gemelaridade, prematuridade, fissuras

Recém-nascidos (RN) com necessidades especiais como prematuridade, distúrbios


neurológicos, lábio leporino/fenda palatina precisam do leite materno quanto bebês saudáveis.
Porém, contam com algumas limitações a depender do seu estado geral de saúde. Com isso,
a amamentação precisa de avaliação prévia antes de ser iniciada, mas o bebê poderá receber
o leite materno por outras formas que não a sucção.
Com isso o tipo de alimentação dependerá do bebê e de sua condição. De modo
geral, os cuidados podem ser divididos em categorias segundo a condição do RN:
▪ Não pode ser alimentado por via oral;
▪ Pode ser alimentado por via oral, mas não consegue sugar;
▪ Consegue sugar, mas não durante uma mamada inteira;
▪ Consegue sugar adequadamente;
▪ Não pode receber leite materno devido a uma condição própria ou materna.

III.8.1 Prematuridade

Os recém-nascidos pré-termos (RNPT) (aqueles nascidos antes de completar 37


semanas de gestação) apresentam diferentes padrões e demandas nutricionais que um RN a
termo. Devido ao fato de nascerem antes do tempo determinado apresentam algumas
características especiais, como por exemplo: alta necessidade nutricional, imaturidade
metabólica e imunológica, apresentam frequentes regurgitações e apnéia, motilidade e
esvaziamento gástrico lento e os órgãos estão ainda em fase de desenvolvimento, como por
exemplo, o cérebro (BRASIL, 2017c).
Sobre a amamentação, o RNPT apresenta um padrão de sucção ainda em
desenvolvimento, pois a coordenação da sucção-respiração-deglutição começa a partir da 32ª
semana de vida, porém, é necessária uma avaliação minuciosa e individualizada de cada
bebê. Com isso, a sua alimentação pode inicialmente ser através da sonda nasogástrica ou
orogástrica, se o mesmo não conseguir manter a coordenação entre sucção-respiração-
deglutição adequada, passando também pelo copo e, depois, o AM.
Enquanto o prematuro estiver sendo alimentado por sonda, a equipe de saúde tem o
importante papel de acolher e a orientar a mãe quanto a como manter a lactação e avaliação
contínua para iniciar o AM o mais precoce possível, observando individualmente cada bebê.

74
Protocolos Clínicos
Situações especiais

Como fazer:
▪ Acolher todas as dúvidas, angústias que os pais expressarem e apresentar o cenário da
unidade a eles;
▪ Logo após o parto, ajudar/orientar a mãe a realizar ordenha de estímulo se o bebê não
puder mamar e após passar a apojadura, que geralmente ocorre entre o 3º e 4º dia pós-
parto, orientar a mãe a retirar o leite para ser oferecido pela sonda para o RN, é importante
que essa ordenha seja realizada beira-leito;
▪ Colocar o RN em Método Canguru, que consiste em colocar o bebê apenas de fralda em
posição vertical no colo da mãe e cobrir com a camisola o neonato, o mais rápido possível,
pois o contato pele a pele auxilia na termorregulação, nas normalidades do padrão
respiratório, além de ajudar no seu desenvolvimento e também favorece o aumento da
produção de leite;
▪ Incentivar os pais a visitarem, tocarem e realizarem pequenos cuidados com o RN, assim
que possível, e garantir que a mãe tenha um local adequado para ficar perto do bebê;
▪ Quando a mãe fica com o seu RN na unidade de tratamento intensivo neonatal, seu corpo
pode começar a produzir fatores protetores contra muitos dos vírus aos quais o seu bebê
é exposto na unidade e produz anticorpos que são passados para o mesmo pelo
aleitamento materno;
▪ Se o RN está sendo alimentado por sonda, estimular a mãe a realizar a ordenha beira leito
e oferecer seu leite pela sonda para o seu bebê;
▪ Colocar o bebê em Método Canguru enquanto recebe alimentação por sonda para associar
a sensação de saciedade com a mama;
▪ Descrever que serão momentos de aproximação com a mama/amamentação, explicando
que é esperado que o bebê não faça mamadas inteira.
IMPORTANTE: O peso e idade gestacional não é uma medida precisa para avaliar a
capacidade de sucção-deglutição-respiração. A maturidade é um fator mais importante e
avaliação individualizada de cada RN para início do AM. Até que o bebê consiga mamar
no peito, ele pode receber leite materno por sonda ou copo.

Explicar às mães o que esperar durante a mamada:


▪ A amamentação irá durar um longo tempo devido às pausas frequentes que o RN faz para
descansar durante a mamada. Planeje mamadas silenciosas, tranquilas e um pouco longas
(cerca de uma hora para cada mamada);
▪ Pode haver engasgos, pois o tônus muscular do bebê está em adaptação e sua sucção
não é totalmente coordenada;
▪ Acalmar o RN se estiver muito agitado e esperar ele se reorganizar fisiologicamente para
iniciar a mamada;
75
Protocolos Clínicos
Situações especiais

▪ Evitar barulho, luzes intensas, balanço ou conversas altas durante as tentativas de


amamentação, tentando realizar as mamadas o mais tranquilamente possível;
▪ Quando o RN está internado para ganhar peso, podemos realizar antes da mamada a
ordenha na mãe e oferecer a mama com o leite posterior.
▪ Realizar a amamentação na posição de cavaleiro.

III.8.2 Recém-nascido com problemas neurológicos

RN com Síndrome de Down ou outras comorbidades neurológicas, geralmente


apresentam dificuldades na coordenação motora-oral, na deglutição e na sucção, na
coordenação de ambas com a respiração. Os bebês com Síndrome de Down apresentam
tônus diminuído e a base da língua mais grossa, fatores estes que podem dificultar a mamada.
O profissional de saúde deve avaliar a sucção, colocando o dedo mínimo enluvado, na posição
em que a parte mole do dedo toque o palato e a parte da unha fique na língua, para avaliar o
padrão de sucção desse bebê e se ele pode ser amamentado (SEGRE et al., 2015). Se o
bebê não conseguir mamar no peito, ele pode receber o leite materno através da ordenha e
do oferecimento no copo.

Algumas orientações:
▪ Acolher todos os sentimentos, angústias e medos dos pais, sendo uma rede de apoio para
os mesmos;
▪ Encorajar o contato desde cedo e o início precoce da alimentação, avaliando o padrão de
sucção e realizar amamentação assistida do binômio;
▪ Observar o estado de sono e vigília do bebê, que precisa estar acordado para mamadas
frequentes/efetivas e ser estimulado para permanecer alerta durante as mamadas;
▪ Ajudar com o posicionamento e a pega da mama pelo bebê.
▪ Orientar a mãe, a colocar o neonato na posição de cavaleiro a apoiar sua mama com a
mão e segurar o queixo do bebê com o polegar e o indicador formando a letra “c” para
estabilizar a mandíbula do bebê e a outra mão segurando na base da cabeça do RN
(posição de Dancer).

76
Protocolos Clínicos
Situações especiais

Figura 20 - Posição de Dancer

A – Posição da mão da mãe. B – Posição do bebê no peito com apoio.


Fonte: Lawrence e Lawrence (2016).

Em casos de RN sonolento demais para mamar, orientar à mãe:


▪ Retirar mantas e roupas, deixando o bebê apenas de fralda (observar temperatura do
ambiente);
▪ Amamentar com o bebê na posição de “Cavaleiro”;
▪ Massagear com carinho o corpo do bebê e conversar com ele;
▪ Esperar meia hora e tentar novamente;
▪ Evitar machucar o bebê com petelecos ou batidas na bochecha ou nos pés (FUNDO DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2009).

III.8.3. Gemelaridade

A produção láctea de uma mãe que amamenta exclusivamente gemelares é suficiente


para as necessidades nutricionais de ambos os filhos. Os fatores primordiais para o sucesso
dessa amamentação será o tempo que essa mãe irá ter para amamentar, o apoio e incentivo
por parte dos profissionais de saúde e da família. O mais importante é que haja uma rede de
apoio para ajudar essa mãe na amamentação e com as tarefas domésticas.

Orientar a mãe sobre a amamentação:


▪ No começo da amamentação, orientar que cada bebê seja amamentado separadamente
para poder se concentrar no posicionamento e na pega da mama pelo bebê, para conhecer
as dificuldades e facilidades de cada RN;

77
Protocolos Clínicos
Situações especiais

▪ Quando os bebês conseguirem pegar a mama corretamente, a mãe pode alimentá-los ao


mesmo tempo, se quiser, para reduzir o tempo de amamentação;
▪ A mãe deve realizar o rodízio das mamas nas mamadas, ou seja, se o gemelar A sugou a
mama esquerda e o gemelar B a direita, na próxima mamada é aconselhável que inverta
as mamas, sendo assim o gemelar A irá sugar a mama direita pois se que um dos bebês
apresentar uma sucção mais efetiva e o outro for menos ativo e sugar menos eficiente,
com o revezamento a mãe garantir a produção láctea igual nas mamas.

Figura 21 - Posições de amamentação para gemelar

Fonte: Del Castanhel, Delziovo e Araújo (2016).

III.8.4 Lábio leporino e fenda palatina

Quando ocorre uma formação inadequada da cavidade oral, podem surgir algumas
más formações como o lábio leporino e a fenda palatina.
O lábio leporino pode ser simples ou completo, uni ou bilateral. A forma simples
compromete apenas a parte mole dos lábios, sob forma de fenda, que eventualmente avança
até a narina. Já nas formas completas, todo o palato é comprometido, o nariz é deformado e
os dentes serão anormais. As formas bilaterais podem ser simples ou totais (DEL
CASTANHEL; DELZIOVO; ARAÚJO, 2016).

78
Protocolos Clínicos
Situações especiais

A fissura palatina pode abranger o palato mole e/ou duro. Há ainda formas intermediárias
podendo a anomalia estar ou não associada ao lábio leporino (DEL CASTANHEL; DELZIOVO;
ARAÚJO, 2016).
Essas condições podem acarretar problemas para a criança, tais como: dificuldade
na amamentação, infecções frequentes de vias aéreas superiores, problemas na dentição e
na fonação. No entanto, o aleitamento materno é possível nestes casos, porém precisa ser
avaliado por uma equipe multidisciplinar para liberação da amamentação.
A época ideal para o tratamento cirúrgico do lábio leporino é após o primeiro mês de
vida e a fissura palatina em torno do 18º mês, associando tratamento com fonoaudiólogo e
ortodontista.

Orientações na amamentação:
▪ Orientar/reforçar a importância do AM para bebês com fendas, devido ao maior risco de
apresentar otite média e infecções do trato respiratório superior;
▪ Se o RN estiver usando sonda orogástrica, estimular a ordenha e oferecimento do leite da
mãe para o bebê;
▪ Orientar a mãe a oferecer o copo com o próprio leite ordenhado;
▪ Segure o bebê de modo que seu nariz e garganta estejam acima da mama. Isso evitará
que o leite vaze para a cavidade nasal, que dificultaria a respiração do bebê durante a
mamada. O tecido da mama ou o dedo da mãe podem tapar a fenda no lábio para ajudar
o bebê a manter a sucção.

79
Protocolos Clínicos
Amamentação e uso de medicação materna

III.9 Amamentação e uso de medicação materna

A maioria dos medicamentos é compatível com a amamentação; poucos são os


fármacos formalmente contraindicados e alguns requerem cautela devido aos riscos de efeitos
adversos nos lactentes e/ou na lactação. No entanto, com frequência os profissionais de saúde
recomendam equivocadamente a interrupção do aleitamento materno quando as mães são
medicadas, muitas vezes por falta de conhecimento. Essa interrupção não se justifica na maioria
das vezes, e impede desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos inúmeros e
inquestionáveis benefícios do aleitamento materno. A indicação criteriosa do tratamento
materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação
continue sem interrupção e com segurança.
A maioria das drogas passa para o leite materno, mas em pequenas quantidades e
mesmo quando presentes no leite, as drogas poderão ou não ser absorvidas no trato
gastrointestinal do lactente.
Por isso, cabe ao profissional de saúde, antes de tomar qualquer decisão, buscar
informações atualizadas para avaliar adequadamente os riscos e os benefícios do uso de uma
determinada droga em uma mulher que está amamentando.
O Manual “Amamentação e Uso de Medicamentos e Outras Substâncias” do Ministério
da Saúde (BRASIL, 2014) classifica as drogas em 3 grupos segundo a categoria de risco, que
são:
1. Uso compatível com a amamentação: Desta categoria fazem parte os fármacos cujo uso
é potencialmente seguro durante a lactação, haja vista não haver relatos de efeitos
farmacológicos significativos para o lactente.
2. Uso criterioso durante a amamentação: Nesta categoria estão os medicamentos cujo uso
no período da lactação depende da avaliação do risco/benefício. Quando utilizados, exigem
monitorização clínica e/ou laboratorial do lactente, devendo ser utilizados durante o menor
tempo e na menor dose possível. Novos medicamentos cuja segurança durante a
amamentação ainda não foi devidamente documentada encontram-se nesta categoria.
3. Uso contraindicado durante a amamentação: Esta categoria compreende as drogas que
exigem a interrupção da amamentação, pelas evidências ou risco significativo de efeitos
colaterais importantes no lactente.
A excreção de drogas para o leite humano e a sua absorção pelo lactente são
influenciadas por fatores da nutriz, do lactente e/ou da droga.
Os fatores maternos têm relação com as condições fisiológicas e de saúde da mulher
e com as características do seu leite. Nutrizes com doenças hepáticas ou renais por exemplo,
tendem a apresentar e manter por mais tempo níveis elevados dos fármacos na circulação

80
Protocolos Clínicos
Amamentação e uso de medicação materna

sanguínea. A variação na composição lipídica do leite (leite anterior, leite posterior) influi na
quantidade da droga nele contida. O epitélio alveolar mamário representa uma barreira lipídica,
mais permeável na fase de colostro. O volume e a composição do leite, que são variáveis,
podem afetar os níveis de drogas excretadas. O leite de mães de recém-nascidos pré-termo
tem baixo teor de gordura e alto teor de proteína, o que pode implicar em diferentes
concentrações da droga (BRASIL, 2014).
Dentre os fatores relacionados com o lactente, a grande maioria dos efeitos adversos
é descrita em recém-nascidos, lactentes jovens e prematuros que ainda não atingiram 40
semanas de idade corrigida. A relação entre idade do lactente e risco de efeito adverso sofre
influência do tipo de aleitamento praticado, se exclusivo ou não, da taxa de absorção das drogas
pelo trato digestório do lactente, do grau de maturidade dos principais sistemas de eliminação
de fármacos, e da presença de complicações como hipóxia, acidose metabólica, sepses e
outras doenças, que podem interferir no metabolismo e excreção das drogas pela criança
(BRASIL, 2014).
Os fatores relacionados com a droga estão associados às características
farmacológicas e às vias de administração. Assim, o conhecimento farmacológico pode auxiliar
o profissional no momento da prescrição, devendo-se optar por fármacos com baixa excreção
do plasma para o leite. Drogas de uso prolongado em geral oferecem um maior risco para o
lactente pelos níveis que podem atingir no leite materno. Outro aspecto importante é o pico
sérico da droga no leite materno, que usualmente coincide com o pico da corrente sanguínea
da mãe. Portanto, conhecer o pico sérico de um medicamento é útil para adequar os horários
de administração da droga e de amamentação da criança (BRASIL, 2014).
A interação entre fármacos utilizados pela nutriz também deve ser avaliada, pois o risco
de efeitos tóxicos de um fármaco pode ser potencializado pela ação de outro.
Apesar dos vários métodos para avaliar a segurança do uso de fármacos na
amamentação, ainda não existe um que seja confiável e eficaz. Por isso, devem ser
considerados também outros fatores tais como potencial tóxico, dose, duração do tratamento,
idade do lactente, volume de leite consumido, segurança para o lactente, biodisponibilidade
tanto para a mãe quanto para o lactente e risco de redução do volume de leite secretado
(BRASIL, 2014).
O princípio fundamental da prescrição de medicamentos para nutrizes baseia-se,
sobretudo, no risco versus benefício, a amamentação somente deverá ser interrompida ou
desencorajada, se existirem evidências de que a droga usada pela nutriz é nociva para o
lactente, ou quando não existirem informações a respeito e a droga não puder ser substituída
por outra que seja compatível com a amamentação (BRASIL, 2014).

81
Protocolos Clínicos
Amamentação e uso de medicação materna

Os seguintes aspectos práticos descritos no manual podem auxiliar na tomada de


decisões quanto ao uso de fármacos na mulher que está amamentando (BRASIL, 2014):
▪ Avaliar a necessidade da terapia medicamentosa. Neste caso, a consulta entre o pediatra e
o obstetra ou clínico é muito útil. A droga prescrita deve ter um benefício reconhecido na
condição para a qual está sendo indicada.
▪ Preferir uma droga já estudada e sabidamente segura para a criança, que seja pouco
excretada no leite materno.
▪ Preferir drogas que já são liberadas para o uso em recém-nascidos e lactentes.
▪ Preferir a terapia tópica ou local, em vez de oral e parenteral, quando possível e indicado.
▪ Programar o horário de administração da droga à mãe, evitando que o pico do medicamento
no sangue e no leite materno coincida com o horário das mamadas.
▪ Optar, quando possível, por preparações contendo apenas um fármaco.
▪ Considerar a possibilidade de dosar a droga na corrente sanguínea do lactente quando
houver risco para a criança, como nos tratamentos maternos prolongados, a exemplo do uso
de anticonvulsivantes.
▪ Orientar a mãe para observar a criança com relação aos possíveis efeitos colaterais, tais
como alteração do padrão alimentar, hábitos de sono, agitação, tônus muscular e distúrbios
gastrintestinais.
▪ Evitar drogas de ação prolongada por causa da maior dificuldade de serem excretadas pelo
lactente.
▪ Escolher medicamentos pouco excretados para o leite materno.
▪ Orientar a mãe para retirar o seu leite com antecedência e estocar em congelador para
alimentar o bebê no caso de interrupção temporária da amamentação, conforme as
recomendações. Ensinar e encorajar ordenhas frequentes e regulares para manter a
lactação.
▪ Informar os pais sobre a ausência de informações sobre o fármaco prescrito para uso durante
a amamentação ou os riscos de possíveis efeitos adversos sobre o lactente, principalmente
em medicamentos de uso crônico.
Como regra geral devemos reconhecer que os riscos do desmame precoce podem ser
muito mais graves do que o medicamento em si, portanto na presença de dúvidas sobre a
segurança ou não de uma medicação para nutriz e lactante, consultar o manual “Amamentação
e uso de medicamentos e outras substâncias” que contém informações básicas sobre o uso de
drogas durante o período da lactação

82
Protocolos Clínicos
Situações que contraindicam a amamentação

III.10 Situações que contraindicam a amamentação

São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição
parcial ou total do leite materno. Nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser
recomendado:
▪ Mães infectadas pelo HIV;
▪ Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2;
▪ Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são
considerados contraindicados absolutos ou relativos ao aleitamento materno, como por
exemplo, os antineoplásicos e radio fármacos. Como essas informações sofrem frequentes
atualizações, recomenda-se que previamente a prescrição de medicações às nutrizes o
profissional de saúde consulte o manual “Amamentação e uso de medicamentos e outras
substâncias” (BRASIL, 2014); disponível no site do MS e um exemplar impresso em todas
unidades de saúde do município;
▪ Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano
ou qualquer outro que contenha lactose.

Nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da


amamentação:
▪ Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação
deve ser mantida na mama sadia;
▪ Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias
após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de
crosta. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz),
disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES) (BRASIL,
2006), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais
precocemente possível;
▪ Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar
evidente;
▪ Em todos esses casos, deve-se estimular a produção do leite com ordenhas regulares e
frequentes, até que a mãe possa amamentar o seu filho.

Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser


contraindicado:
▪ Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (duas primeiras
semanas após início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o

83
Protocolos Clínicos
Situações que contraindicam a amamentação

contato próximo com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas
do trato respiratório. Nesse caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10
mg/kg/dia por três meses. Após esse período, deve-se fazer teste tuberculínico (PPD): se
reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente em relação ao acometimento
pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada; em caso
contrário, deve-se manter isoniazida por mais três meses; e, se o teste tuberculínico for não
reator, pode-se suspender a medicação, e a criança deve receber a vacina BCG;
▪ Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da
criança com a mãe sem tratamento, e considerando que a primeira dose de rifampicina é
suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar
tratamento da mãe;
▪ Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o
nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite
materno;
▪ Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante,
uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a
transmissão da doença;
▪ Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães que contraem dengue, pois há
no leite materno um fator antidengue que protege a criança;
▪ COVID-19: Até o presente momento não há evidências científicas sobre a transmissão do
novo coronavírus por meio da amamentação, logo, o Ministério da Saúde considera os
benefícios do aleitamento materno. Em caso de infecção pela SARS-CoV-2, desde que a
mãe deseje amamentar e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo, a
amamentação deverá ser mantida (BRASIL, 2020). Caso a mulher não se sinta segura em
amamentar enquanto estiver com coronavírus, deve ser encorajada a retirar seu leite e
ofertar à criança.

A mãe deverá ser orientada para observar as medidas apresentadas a seguir, com o
propósito de reduzir o risco de transmissão do vírus através de gotículas respiratórias durante
o contato com a criança, incluindo a amamentação (BRASIL, 2020):
1. Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos antes de tocar o bebê ou antes de retirar o
leite materno (extração manual ou na bomba extratora);
2. Usar máscara cirúrgica (cobrindo completamente nariz e boca) durante as mamadas e
evitar falar ou tossir durante a amamentação; deverá ser imediatamente trocada em caso de
tosse ou espirro ou a cada nova mamada;

84
Protocolos Clínicos
Situações que contraindicam a amamentação

3. Em caso de opção pela extração do leite, devem ser observadas as orientações disponíveis
no Procedimento Operacional Padrão - Técnica de ordenha manual das mamas e as
informações contidas no impresso “Amamentação nas creches” (Orientações para a
continuidade do aleitamento materno);
4. Seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das bombas de extração de leite
após cada uso;
5. Deve-se considerar a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para
oferecer o leite materno em copinho, xícara ou colher ao bebê. É necessário que a pessoa
que vá oferecer ao bebê aprenda a fazer isso com a ajuda de um profissional de saúde.
Toda a equipe de profissionais de saúde da atenção básica pode em menor ou maior
grau, a depender da situação, fazer orientações relativas a esta temática.
OBS. Todas unidades de saúde dispõe do manual de amamentação e uso de
medicamentos ou outras substâncias do MS. (forma impressa e online).

III.10.1 Uso de drogas de abuso ou ilícitas, uso de tabaco e álcool e aleitamento


materno

O uso de drogas de abuso deve ser desencorajado tanto durante a gestação quanto
no puerpério e em toda a lactação, uma vez que podem ocorrer danos à saúde da criança
relacionado à toxicidade, além de prejudicar o julgamento da mãe e interferir no cuidado com
seu filho (BRASIL, 2014; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
Há carência de publicações com orientações sobre o tempo necessário de
suspensão da amamentação após uso de drogas de abuso. No entanto, alguns autores já
recomendaram determinados períodos de interrupção. Ainda assim, recomenda-se que as
nutrizes não utilizem tais substâncias. Se usadas, deve-se avaliar o risco da droga versus o
benefício da amamentação para orientar sobre o desmame ou a manutenção da
amamentação. Consulte o manual “Amamentação e uso de medicamentos e outras
substâncias” (BRASIL, 2014).
A Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP traz as recomendações sobre tempo de
interrupção da amamentação após uso de droga de abuso pela nutriz, conforme quadro
abaixo:

85
Protocolos Clínicos
Situações que contraindicam a amamentação

Quadro 5 – Recomendações sobre o tempo de interrupção da amamentação após o uso de


droga de abuso pela nutriz.

DROGAS Período de interrupção da Amamentação

ÁLCOOL 2 Horas para cada drink* consumido

ANFETAMINA E ECSTASY 24 A 36H

COCAÍNA E CRACK 24H

HEROÍNA E MORFINA 24H

LSD 48H

MACONHA 24H

* Um drink corresponde a 340 ml de cerveja, 141,7 ml de vinho, 42,5 ml de bebidas destiladas.


Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2017).

Ressaltamos que a nutriz deve ser desencorajada quanto ao uso de drogas de abuso.
Caso manifeste desejo de cessar o uso e de receber tratamento, os profissionais da equipe
devem discutir e considerar a possibilidade de encaminhamento para serviço de referência do
município, como o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – CAPS – AD.
Os casos em que a mãe mantém o consumo de drogas de abuso devem ser
discutidos com equipe multiprofissional e intersetorial, considerando não somente os fatores
ligados à lactação, mas também a exposição da criança a outros riscos. Cabe ressaltar a
importância da condução destes casos desde o pré-natal.
O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria apontam a importância
do desestímulo do consumo de bebidas alcoólicas, uma vez que a ingestão de 0,3 g/kg de
álcool (conteúdo presente em uma lata de cerveja com 350 ml) pode reduzir em até 23% a
ingestão de leite pela criança; além da possibilidade de alteração do odor e do sabor do leite
materno após uso de bebidas alcoólicas, podendo levar à recusa do leite pelo lactente
(BRASIL, 2014; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
O tabaco, droga considerada lícita, também deve ser evitado tanto na gravidez quanto
na lactação. Este tem sido associado à redução da produção láctea, menor tempo de
aleitamento materno e risco de síndrome de morte súbita do lactente. Porém, os benefícios
do leite materno superam os possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno.
Há evidência de que os efeitos negativos da exposição intrauterina ao tabaco no desempenho
cognitivo das crianças aos 9 anos de idade são limitados às crianças que não foram
amamentadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).

86
Protocolos Clínicos
Situações que contraindicam a amamentação

Neste contexto, acredita-se que o tabagismo materno durante a lactação é menos


prejudicial à criança que o uso de fórmulas infantis (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA, 2017). Logo, o profissional de saúde deve realizar abordagem cognitiva
comportamental básica, que dura em média de três a cinco minutos e que consiste em
perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e acompanhar a mãe fumante (BRASIL, 2014).
No aconselhamento, o profissional deve alertar sobre os possíveis efeitos deletérios
do cigarro para o desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da produção e da
ejeção do leite. Para minimizar os efeitos do cigarro para a criança, as mulheres que não
conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo possível o número
de cigarros (se não possível a cessação do tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e
a não fumarem no ambiente em que a criança se encontra.
No caso das mulheres que desejam parar de fumar, os profissionais devem estar
informados quanto aos locais para o atendimento ao fumante, assim como a rotina de
agendamento nos serviços que oferecem esta assistência no município, estes estão
disponíveis no link: https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/saude/programa-atencao-
pessoas-com-doencas-cronicas.

87
Protocolos Clínicos
Desmame

III.11 Desmame

O desmame representa muitas vezes, uma decisão difícil para a mulher.


Determinantes de diversas naturezas podem impossibilitar a mulher amamentar. Os de ordem
biológica são, por exemplo: perda do RN, morte fetal, uso de medicações incompatíveis com
o aleitamento materno, mães portadoras do vírus HIV ou com AIDS manifestada. Situações
de ordem socioeconômicas também determinam a interrupção da amamentação, como por
exemplo, nos casos de necessidade de a mulher não ter convívio familiar, situações que levam
a mulher ao estresse, insegurança, depressão, dentre outras. Seja qual for o motivo da
decisão do desmame, tem sido possível apreender o quanto isso mobiliza sentimentos na
mãe, o que pode acarretar algum sofrimento a esse período.
Mediante a isto, é importante que os profissionais que estejam no atendimento à
mulher frente ao desmame reflitam sobre o quanto essa decisão pode ser revestida de
dificuldade. Assim, a atuação profissional precisa ir além dos procedimentos técnicos.
Precisamos ouvir, dar oportunidade às mulheres para falarem sobre suas angústias,
ansiedades e ajudá-las durante esse processo.
O desmame não é um evento e sim um processo que faz parte da evolução da mulher
como mãe e do desenvolvimento da criança. Nessa lógica, o desmame deveria ocorrer
naturalmente, na medida em que a criança vai amadurecendo.
No desmame natural, a criança se auto desmama, o que pode ocorrer em diferentes
idades, em média entre dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser
gradual, mas às vezes pode ser súbito, como, por exemplo, em uma nova gravidez da mãe (a
criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que diminui). A mãe
participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para
aceitá-los e impondo limites adequados à idade.
Entre os sinais indicativos de que a criança está madura para o desmame, constam:
Idade maior que um ano; menos interesse nas mamadas; aceita variedade de outros
alimentos; é segura na sua relação com a mãe; mãe estar segura de que quer (ou deve)
desmamar; entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto
maior quanto menos pronta estiver a criança; flexibilidade, pois o curso do processo é
imprevisível; paciência (dar tempo à criança) e compreensão; suporte e atenção adicionais à
criança – mãe deve evitar afastar-se nesse período; ausência de outras mudanças, por
exemplo, controle dos esfíncteres, separações, mudanças de residência, entre outras; sempre
que possível, fazer o desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1–2 semanas.
Recomendamos que se retire primeiramente a mamada do meio período da manhã, depois a

88
Protocolos Clínicos
Desmame

do meio da tarde, deixando por último a mamada da noite e da manhã respectivamente, já


que no período de sono, há um aumento na produção de leite.
Nas situações em que o processo de lactação deva ser interrompido bruscamente,
recomendamos:
1) Avaliação e prescrição médica de medicamentos (Ex. Cabergolina - ver protocolo da
farmácia SMS), se necessário;
2) Proceder ao esvaziamento das mamas, através da expressão manual, com o uso de EPI
(luva, óculos e avental de manga);
3) Após o esvaziamento (o máximo que conseguir retirar), proceder ao enfaixamento das
mamas, utilizando faixa crepe, de 15 a 20cm de largura, de forma a comprimir a mama e
os alvéolos, para reduzir o espaço interalveolar, contribuindo para a redução da produção
láctea;
4) Orientar a puérpera a manter o uso do soutien sobre a faixa;
5) Orientar a puérpera a permanecer com a faixa, o dia inteiro, trocando somente após o
banho;
6) Esclarecer à puérpera que a faixa só deverá ser removida caso ela apresente dor nas
mamas. Nesse caso, ela deve retirar a faixa, proceder a expressão manual, retirando o
leite até o momento em que sentir que dor desapareceu, enfaixando novamente;
7) O enfaixamento, geralmente, permanece por volta de 2 a 3 dias, até que a puérpera refira
ausência de dor e diminuição da produção de leite; e manter o soutien ou “top” mais
apertado;
8) Orientar a puérpera a não retirar leite, caso não sinta dor espontânea ou à palpação nas
mamas.
9) Observar aparecimento de áreas com hiperemia, dor, nódulos, presença de febre pois,
neste processo pode aparecer sinais e sintomas de mastite. Caso isto ocorra, são
necessários os procedimentos de tratamento da mastite.
As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o
desmame pode desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso
e sentimentos diversos como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e luto pela perda da
amamentação ou por mudanças hormonais.
Cabe a cada dupla mãe/bebê e sua família a decisão de manter a amamentação, até
que a criança a abandone espontaneamente, ou interrompê-la em um determinado momento.
Muitos são os fatores envolvidos nessa decisão: circunstanciais, sociais, econômicos e
culturais. Cabe ao profissional de saúde ouvir a mãe e ajudá-la a tomar uma decisão, pesando
os prós e os contras. A decisão da mãe deve ser respeitada e apoiada

89
Protocolos Clínicos
Fluxograma de atendimento

III.12 Fluxograma de atendimento para a promoção do aleitamento materno na atenção básica em saúde

• Planos da gestante com

Ações
Gestantes e puérperas

Temas a serem abordados


relação à alimentação da
criança;
• Experiências prévias
Acolhimento durante pré- Orientações Individuais relacionada ao aleitamento
natal e puerpério por toda materno;
Sala de espera
equipe de saúde • Importância do aleitamento
Grupos materno;
Trabalhar as ações em todos • Vantagens e desvantagens do
os espaços da Unidade uso de leite não humano;
Distribuir material educativo • Importância da amamentação
impresso logo após o parto, do
alojamento conjunto e da
técnica (posicionamento e pega)
adequada na prevenção de
complicações relacionadas à
amamentação;
• Possíveis dificuldades na
amamentação e meios de
preveni-las.
• Comportamento normal de um
recém-nascido;
• Desvantagens do uso de
chupeta.

Fonte: Próprio autor, 2020.

90
Protocolos Clínicos
Fluxograma de atendimento

III.13 Fluxograma de atendimento para o manejo das intercorrências mamárias na atenção básica em saúde

Desfecho
Identificação da

Ações
intercorência mamária
• Acolhimento realizado por • Acolhimento com escuta • Agendar retornos até
membro da equipe de saúde qualificada resolução da intercorrência e
(Recepção, ACS, Enfermeiro, • Atendimento individual estabelecimento do AM
Auxiliar de enfermagem, (estimular presença de • Discutir com o PALMA os
médico, dentista, ASB, acompanhante e do bebê) casos em que houver maior
farmacêutico, dentre outros) • Avaliação e identificação dificuldade no atendimento
da(s) intercorrência(s) • Procurar resolver a
• Paciente é encaminhada • Conduta de acordo com o demanda na AB, evitando a
para atendimento por protocolo peregrinação das puérperas
profissional treinado da em outros serviços
equipe (Enfermeiro, Auxiliar • Se houver necessidade de
de Enfermagem, Médico, atendimento aos finais de
Dentista) semana e feriados, verificar o
fluxo de atendimento da
maternidade de origem*
• Atentar-se para a
continuidade da assistência

* Atendimento de intercorrências mamárias aos finais de semana e feriados de acordo com o serviço:
Mater, Unaerp e Santa Casa – atendem demanda espontânea
HC – Criança – discutir caso durante a semana com o Banco de Leite Humano
Maternidades privadas – atendimento de demanda espontânea via Pronto Atendimento privado
Fonte: Próprio autor, 2020.

91
Protocolos Clínicos
Fluxograma de atendimento

III.14 Fluxogramas de atendimento para os casos de anquiloglossia

Avaliação do frênulo lingual na Maternidade com 24h a 48h de vida do recém-nascido

Escore 4 – 5 (Protocolo de Bristol) - Escore 0 – 3 (Protocolo de Bristol) -


Suspeita de anquiloglossia Suspeita de anquiloglossia GRAVE

Avaliação da amamentação pela equipe da Maternidade

Com dificuldade na Sem dificuldade na Com dificuldade na Sem dificuldade na


amamentação amamentação amamentação amamentação

Equipe do Programa Floresce


Equipe do programa Floresce uma Equipe da Maternidade pode realizar a Equipe do programa Floresce uma
uma Vida da Maternidade
Vida na Maternidade agenda frenectomia ou a equipe do Programa Vida na Maternidade agenda consulta
agenda consulta para a criança
consulta para a criança na Floresce uma Vida agendará consulta para a criança na Unidade de Saúde
na Unidade de Saúde para que
Unidade de Saúde relatando a na UBS e deverá enviar e-mail para relatando a avaliação do frênulo
sejam reavaliados o frênulo
avaliação do frênulo lingual no complexo regulador lingual no Sistema Hygia (anotações
lingual e a amamentação.
Sistema Hygia (anotações do (crodaca@saude.pmrp.com.br) para do prontuário).
prontuário). agendamento de Odontopediatria e
este informará data do agendamento à
Persistindo a dificuldade na UBS de referência por e-mail. A equipe da Unidade de Saúde
amamentação, a equipe da A equipe da Unidade de Saúde reavalia a amamentação, e se for
Unidade de Saúde pode reavalia a amamentação, e se for necessário, encaminha a criança
encaminhar a criança para a necessário, encaminha a criança A equipe da Unidade de Saúde para a Especialidade
Especialidade Odontopediatria, para a Especialidade reavalia a amamentação e registra no Odontopediatria, on-line, no Sistema
on-line, no Sistema Hygia para Odontopediatria, on-line, no Hygia. A equipe de Odontopediatria Hygia para que seja avaliada a
que seja avaliada a Sistema Hygia para que seja reavalia o frênulo lingual e a necessidade de realização da
necessidade de realização da avaliada a necessidade de necessidade de realizar frenectomia, frenectomia.
frenectomia. realização da frenectomia. de acordo com a situação da
amamentação.

Fonte: Ribeirão Preto (2019).

92
Protocolos Clínicos
Fluxograma de atendimento

Avaliação do frênulo lingual na Unidade de Saúde de RNs provenientes de maternidades particulares


ou de outros municípios

Escore 4 – 5 (Protocolo de Bristol) - Escore 0 – 3 (Protocolo de Bristol)


Suspeita de anquiloglossia
Suspeita de anquiloglossia GRAVE

Com dificuldade na Sem dificuldade na Com dificuldade na Sem dificuldade na


amamentação amamentação amamentação amamentação

Equipe da Unidade de Saúde Equipe da Unidade de Saúde Equipe da Unidade de Saúde Equipe da Unidade de Saúde mantém
realiza intervenção na técnica mantém acompanhamento na realiza intervenção na técnica de acompanhamento na rotina de puericultura
de amamentação, reavalia e rotina de puericultura e registra amamentação, reavalia e e registra no Hygia.
registra no Hygia. no Hygia. registra no Hygia.
Se for necessário, encaminha a criança
Se for necessário, encaminha a para a Especialidade Odontopediatria, on-
criança para a Especialidade line, no Sistema Hygia para que seja
Odontopediatria, on-line, no avaliada a necessidade de realização da
Persistindo a dificuldade na Persistindo a dificuldade na
Sistema Hygia para que seja frenectomia.
amamentação, a equipe da amamentação, a equipe da
avaliada a necessidade de Unidade de Saúde pode
Unidade de Saúde pode Avaliação do frênulo lingual na Unidade de
realização da frenectomia. encaminhar a criança para a
encaminhar a criança para a Saúde
Especialidade Odontopediatria, Especialidade Odontopediatria,
on-line, no Sistema Hygia para on-line, no Sistema Hygia para Em crianças não amamentadas, com
que seja avaliada a que seja avaliada a necessidade dificuldade na alimentação ou na fala,
necessidade de realização da de realização da frenectomia, de avaliadas na UBS pela enfermagem,
frenectomia. acordo com a situação da pediatra, MSF ou dentista, deverão ser
amamentação. encaminhadas para a Especialidade
Odontopediatria, on-line, no Sistema Hygia
para que seja avaliada a necessidade de
Fonte: Ribeirão Preto (2019).
realização da frenectomia.

93
Protocolos Clínicos
Material Educativo

III.15 Material Educativo

As Unidades de Saúde possuem o aparato dos materiais impressos para as


atividades envolvendo AM e AC, estes devem ser solicitados diretamente ao almoxarifado
central da SMS na rotina do serviço.
Abaixo, estão elencados os materiais disponíveis e os referidos códigos para
solicitação.

▪ Cartilha: Como cuidar dos peitos após o parto - Código: 027.004.008.000005 5

▪ Cartilha: Amamentação - Código: 027.004.008.000006

94
Protocolos Clínicos
Material Educativo
▪ Folder: Aleitamento Materno - Código: 027.004.003.000008

▪ Folder: Amamentação nas creches - Código: 027.004.003.000019

▪ Folder: Legislação e Aleitamento materno - Código: 027.004.003.000009

95
Protocolos Clínicos
Material Educativo

▪ Cartilha: 10 Passos da alimentação saudável para crianças menores de 2 anos – Código:


027.004.008.000009

96
Referências

Referências

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Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2. ed.
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100
Anexos

Anexos
Anexo A – POP Exame clínico das mamas gravídica e puerperal

101
Anexos

102
Anexos

103
Anexos

104
Anexos

105
Anexos

Anexo B – POP Métodos / técnicas para oferecimento de complemento lácteo ao


recém-nascido

106
Anexos

107
Anexos

108
Anexos

109
Anexos

110
Anexos

Anexo C – POP Técnica de ordenha manual das mamas

111
Anexos

112
Anexos

113
Anexos

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Anexos

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