O Ceara e Os Cearenses 2001
O Ceara e Os Cearenses 2001
O Ceara e Os Cearenses 2001
E OS
CEARENSES Apoiar produções no campo
quisa e da documentação tem sido, em anos
recentes, uma atividade constante da Fun-
da pes-
CAPA
SÉRGIO LIMA
TRATAMENTO DE CÓPIA
Texro
SILVIO JESUINO
COORDENAÇÃO GRÁFICA
GERALDO JESUINO
Moacir RIBEIRO
PATROCÍNIO
MinistériIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Apoio INSTITUCIONAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
ImBRrENSA UNIVERSITÁRIA - UFC
afeto
UR
Geraldo Nobre
Do Instituto do Ceará
Com esta segunda edição, a critério da Fun-
dação Valdemar Alcântara, assegura-se o conheci-
mento de livro há muito raro, até mesmo nas bi-
bliotecas mais antigas, surgido quando o autor
estava ausente da terra natal —- o Ceará — e, ao
escrever o texto, certamente o fez como um cro-
nista saudoso, mas competente; não pretendeu
aumentar o seu renome de escritor, mas oferecer
observações de interesse para quantos nascerem
na terra cearense, mesmo sem ter à vista docu-
mentos esclarecedores do assunto abordado.
Não foi Antônio Bezerra o primeiro a preo-
cupar-se com as características de uma etnogêne-
se, a respeito da qual poderia rastrear os passos
de viajantes estrangeiros como o Conde de Suza-
net, nobre de França, ou o cientista fluminense
Freire Alemão, contribuições, no entanto, indis-
poníveis âquele tempo; fundamentou-se em ob-
servações pessoais, a título de incentivo a futuros
historiadores, sociólogos e etnólogos, detendo-se
em fatos menos conhecidos, ou lembrados, a res-
peito, principalmente, dos erradios ciganos.
Indagou das influências deles em território
cearense, fato ainda agora notado, mas desprestigia-
do pelo conhecimento histórico, consubstanciado em
um processo de exclusão social, hoje alvo de muita
atenção quanto a componentes ameríndios e de ori-
gem africana da população local, mas explicável
exatamente pelo nomadismo contumaz de um povo
cuja origem ainda agora é objeto de pesquisas.
A este respeito, Antônio Bezerra demons-
trou a sua tendência para o cientificismo de erudi-
ção, com apelo a escritores de outros países dedi-
cados ao assunto, aliás não tão numerosos, pois O
nomadismo dos ciganos, gitanos ou boêmios im-
pede-lhes a integração na sociedade; certamente,
deles há descendência brasileira, particularmente
cearense, da qual as consequências, ao longo de
cerca de meio milênio, os vestígios são quase im-
perceptíveis.
A republicação desta crônica de Antônio
Bezerra deverá incutir nos estudiosos o interesse
pela busca desse povo excluído socialmente e,
mesmo, temido, não obstante suas belas mulhe-
res, leitoras de nossas mãos, em cujas linhas pres-
sentem o futuro, feliz ou não.
ANTONIO BEZERRA
FORTALEZA O
EDITOR—-ASSIS BEZERRA
Tvpo Minerva-lina Major Pacundo, 55. 57
906.
Nótula prévia
A
Este livro, que temo pompôso titulo de— O Cea-
rá eos Cearenses—escrevi-o dia a dia em artigos
pãra o jornal Pátria, que eu dirigi na capital do
Amasonas, por designação da colônia ceurense, de
1.º de Oitubro de 1898 em diante.
Alguns dêsses artigos foram delineados na mê-
sa da redacção entre as agradaveis palestras dos
companheiros de trabalho e as exigências do tipo-
grafo que tem -presea de concluir u tarefa e de se pôr
uo fresco naquella terra da paândega eterna.
Não podia, pois, suir aquélle trabalho expurga-
"do de defeitos; e péla levêza com que foi tratado
talvêz lhe sentasse melhor a epigrafe de: — Notas so-
bre o Ceará cos ceurenses, pois que o assunto se pre-
stava fracamente a uma obra de mérito e de sub-
stância.
Mas vá là como o escrevi.
Voltando agui três annos depois, o Ex.mº Barão
de Studart fê-lo publicar na Revista da Academia,
tomo V, anno de 19.0, e apesar do acolhimento que
lhe deu o ilustre patrono, não teve leitóres e ficou
no arquivo pãra pasto da traça e do cupim. Muito
poucos são os que o conhecem.
Agora o proprietário da emprêsa Typ. Minerva,
sr. Assis Bezerra, pretende cdita-lo em: volume, c
eu accedendo de coração ao seu pedido fiz umas al-
terações, c acrescentei algumas linhas ao artigo—
Cearense Libertadora, a associação que realizou o
mais glorióso acto da vida desta Nação, e que em
tudo se porton com abnegação e patriotismo tais,
mma
Iv
Antonio Pegerra.
OXxO
O Ceara c o Cegrendes
Graças a Deus !
Esteve pomposa e deslumbrante a festa que à
Mô
sociedade Cearense Libertadôra realizou no dia 25 de
Março.
Jamais em seus commettimentos teve o Ceará
uma adhesão tão solemne,
Excedeu mesmo toda a espectativa o acto que
n'um momento chamou a si todas attenções c capti-
vou todas às sympathias,
Esboçamol-o ao correr da penna.
%e
* +
CORO
Para sempre se apague da face
Da formosa auri-verde bandeira,
Esse negro borrão que nos mancha
E que avilta a nação brasileira
PR ..
Repete-se o hymno.
Entraram para o concerto as acclamações das
turbas populares,
O presidente vai ao som da ruidosa harmonia
entregando uma a uma as 35 cartas de liberdade.
Recebendo o precioso chirographo os libertandos
lhe imprimiam o osculo de seu amor, ec depunham
aos pés do sr. João Cordeiro um lindo bouquet de
Hores
Victimas de impetuosa sensação de alegria e
de felicidade, alguns libertindos pareciam desmaiar
no contacto deslumbrante da liberdade.
Foi pretiso ampara-los: ou duvidavam de sua
felicidade, ou ella matava-os de contentamento inet-
favel.
E quando o estandarte da Sociedade Cearense
Libertadora tremulava às brizas do mar, tambem es-
praiava-se no espaço à ultima estrophe do hytinno.
Glória ao Brasil
Quando bá bem poucu a Pátria ent êxtase sublime
pedia a extirpação do mais horrivel crime,
que lei caduca ampara é chama escravidão,
o evo de sou brado atravessundo vs niares.
vibrou da zona ardente às rogives polares,
a despertar mais údio à nogra instituição.
25 de Março de 1584,
oh do Março de 1484.
Hm. Sur.
Antonio ibeserra.
Origem do nome Coari
AIVAY! AWAY!
Byron.
Motivo é de esperanças
a vossa presença aqui,
pois onde paira a virtude
& liberdade sorri;
ainda com sacrifícios
são grandes os benefícios,
qu'espande a vossa missão,
por isso é jnsto que agora
bradeis conósco nest'hora
— Abaixo com a escravidão —
PAG. 105, L. 5.
pâra contê-las ou antes Lêa-se: pára os contêr
pãra extermina-lo ou pára os exterminar
PAG. 108, L. 24.
quê sê ficava vêndo Léa-se: que se ficava
vendo
NE o
Impressão e Acabamento Imprensa Universitária da
Universidade Federal do Ceará - UFC
Av. da Universidade, 2932 - Benfica - Caixa Postal 2600
Fone/Fax: Oxx (85) 281.3721 - Fortaleza - Ceará - Brasil
ANTÔNIO BEZERRA DE MENEZES -
Nasceu em Quixeramobim, a 16 de fe-.
vereiro de 1841. Abolicionista, jorna-
lista, cronista, estudioso das ciências na-'
turais, historiador e poeta. Pertenceu a
Padaria Espiritual, ao Centro Literário,
ao Instituto do Ceará e a Academia de
Letras.