Livro de PCP
Livro de PCP
Livro de PCP
Planejamento
e Controle da
Produção
ME. MAÍLSON JOSÉ DA SILVA
Híbrido
GRADUAÇÃO
Planejamento e
Controle da
Produção
Me. Maílson José da Silva
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
Distância; SILVA, Maílson José da. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Planejamento e Controle da Produção. Maílson José da Silva.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Reimpressão 2021. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
272 p. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e
“Graduação - Híbridos”. Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanên-
1. Planejamento. 2. Controle. 3. Engenharia de produção. 4. EaD.
cia Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-156-4 Débora Leite; Diretoria de Pós-Graduação EAD Bruno
CDD - 22 ed. 658.9 do Val Jorge; Head de Metodologias Ativas Thuinie
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane
Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais
Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina
Impresso por: Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo;
Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta
Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e
Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock
13
Previsão de
Demanda
39
Planejamento
da Capacidade
75
Planejamento
Agregado e Modelos para a
Planejamento Mestre Gestão de Estoques
da Produção
97 189
135 213
Conceitos Gerais
Sistema Kanban e
da Gestão de
Teoria das Restrições
Estoques
163 243
27 Postos de trabalho
142 MRP e matérias-primas
247 Sistema Kanban
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Maílson José da Silva
Introdução ao
Planejamento e
Controle da Produção
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar a classificação dos sistemas de produção. • Dar uma visão geral das operações enxutas e compará-las
• Descrever o papel do PCP na estratégia da empresa e os com os sistemas de produção convencionais.
níveis de planejamento.
Introdução ao Planejamento
e Controle da Produção (PCP)
UNIDADE 1 15
uma metalúrgica, as de solvente em uma indústria O conceito de Planejamento e Controle da Pro-
química, a quantidade de mão de obra em uma dução ficou mais evidente junto com a Revolução
construção para acabá-la em um determinado Industrial, quando houve a possibilidade de produ-
prazo etc. Vários itens precisam ser planejados. ção para que pessoas pudessem consumir em massa
Após o planejamento, é preciso acompanhar o determinado produto. Então, no início do século XX,
andamento dos trabalhos (realizar o controle e o o assunto começou a ser estudado e aperfeiçoado.
replanejamento), pois compras planejadas e rea- Alguns dos nomes importantes sobre esse assunto
lizadas nem sempre chegam no prazo planejado. foram: Frederick Taylor, Jules Henri Fayol, Henry
Trabalhadores faltam no trabalho por diversos Gantt e Henry Ford. Já ouviu falar de algum deles?
motivos, fornecedores atrasam entregas, enfim, Conforme os anos foram se passando, a tecno-
vários eventos são imprevisíveis, porém, um bom logia também foi evoluindo. Só o cérebro huma-
planejamento, leva em conta estes eventos e toma no já não supria a necessidade de realizar tantos
ações para lidar com estes desvios. cálculos envolvidos nas atividades do PCP, então,
O controle é fundamental. O planejamento mais alguns nomes importantes se destacaram,
pode ser alterado a qualquer momento, contudo, como: Joe Orlicky, Oliver Wight e G. W. Possl.
o ato de controlar exercerá um papel fundamental Também, não podemos deixar de citar a grande
nessa situação para que o seu plano não pegue um influência japonesa com o sistema Toyota de pro-
atalho ou um desvio no seu caminho. Para que dução. Sugerimos que pesquise sobre estes nomes,
isso não aconteça, as intervenções precisarão ser descobrindo a influência de cada um deles nas ati-
realizadas, ou seja, ações devem ser implemen- vidades de planejamento e controle da produção.
tadas em um determinado momento de forma
corretiva ou de ajuste, a fim de que os objetivos
propostos sejam atendidos.
Tubino (2007) relaciona o planejamento e con-
trole da produção como ações que integram as O objetivo do nosso livro é tratar dos conceitos
informações do setor produtivo com os outros de PCP. Na prática, alguns destes conceitos são
setores e departamentos de uma empresa. Lustosa aplicados por meio de softwares de computador
et al. (2008) dizem que o PCP influencia na me- e de dispositivos móveis. Existem, por exemplo,
lhoria contínua, sendo que as empresas precisam os chamados ERP - Enterprise Resource Planning
ter como objetivo o atendimento das necessidades – que englobam módulos de planejamento e con-
do cliente. Corrêa e Corrêa (2008) alertam que trole da produção. Entendemos que compreen-
o processo de planejamento é contínuo, sendo der os conceitos é tão importante quanto saber
necessário ter noção da situação no momento usar tais softwares. Assim, considere que sua
atual, visão de situações futuras, objetivos claros jornada de estudos precisará ser complementa-
e entender como essas ações planejadas afetam as da com cursos sobre a utilização destes recursos.
decisões que precisam ser tomadas no presente.
Dada a introdução até o momento, talvez você
reflita: as atividades de PCP ocorrem sempre que Você viu até agora que o PCP atua sobre sistemas
existe um negócio para atender a uma determinada produtivos. Agora, para fins didáticos, iremos clas-
demanda de clientes. É isso mesmo! Contudo, o PCP sificar os sistemas de produção a partir de algu-
começou a ser mais “popular” de um tempo para cá. mas características.
Vamos entender como podemos enxergar tecni- É possível visualizar o grau de controle que é
camente os sistemas de produção. Como já men- exercido sobre a produção, pois, quanto maior
cionado, o sistema se constitui de uma combina- a padronização, o processo será menos flexível e
ção de elementos (recursos humanos, recursos mais confiável. A classificação por grau de padro-
materiais, recursos físicos, informações, conhe- nização é dividida em:
cimento etc.) que proporcionam a produção de • Produtos Sob Medida - o produto é
bens e serviços. Sem os sistemas de produção, elaborado e produzido conforme as es-
provavelmente, o desenvolvimento econômico pecificações e necessidades do cliente, ou
que temos hoje não seria possível; é preciso que seja, será exclusivo. Assim, o processo de
o homem organize vários sistemas de produção produção dificilmente será padronizado, a
para atender às suas necessidades ilimitadas, po- presença de automação industrial é pouca,
rém, do ponto de vista de um profissional que haverá tempo ocioso, portanto custo ele-
trabalha com os sistemas de produção, essa in- vado e produtos mais caros. Por exemplo:
finidade (indústrias químicas, alimentícias, têx- alta costura, móveis planejados, construção
teis, empresas de serviços, indústria automotiva, civil e alimentos orgânicos.
indústria de produtos da chamada “linha branca” • Produtos Padronizados - produtos
etc.) gera uma complexidade e um desafio para são feitos em larga escala. O processo de
que as funções de planejamento e controle sejam produção é mais organizado e, devido à
executadas, pois, conforme muda o sistema pro- padronização, existe um alto grau de uni-
dutivo, mudam-se as abordagens. formidade nos produtos. Também há a
Assim, para não ficarmos perdidos na varieda- redução do tempo ocioso, e a presença da
de de sistemas produtivos, buscou-se fazer a sua automação industrial é grande, havendo
classificação. De acordo com Lustosa et al. (2008), maior controle. Por exemplo: automóveis,
o sistema de produção pode ser classificado de componentes eletrônicos e alimentos in-
acordo com suas características, em cinco tipos dustrializados.
diferentes, conforme segue.
UNIDADE 1 17
Atividades
Atividades
Atividades
Atividades
Processo Fluxo
Processo Fluxo
Processo Fluxo
Processo Fluxo
Fluxo
1 2 3 final
Neste tipo de processo, podemos identificar dois tipos de operações: em massa e contínuo. As operações
em massa são aquelas que são realizadas repetitivamente para a produção de uma grande quantidade
de produtos, como é o caso da fabricação de ventiladores, aparelhos de ar condicionado, outros tipos
de eletrodomésticos, automóveis etc. As operações em fluxo contínuo são aquelas realizadas nas in-
dústrias químicas, produtoras de bebidas, reagentes químicos, solventes, no fornecimento de gás etc.
Vamos ver mais detalhes sobre esses dois tipos de operação mais adiante.
• Fluxo de processo por lote: apresenta um fluxo descontínuo, ou seja, há interrupções no
processo, por isso, há intervalos entre a produção de um lote e outro. Cada produto possui
uma sequência específica de tarefas, assim, você conseguirá observar que sempre haverá mais
de um fluxo produtivo. Existe a flexibilidade nas operações, porém o descontrole é mais fácil
de ocorrer. Veja, na Figura 2, um exemplo de fluxo de processo por lote.
Atividades
Atividades
Atividades
Atividades
Atividades
Flurod.
Flurod.
P
Prod. A
Fluxo
Prod. B
od o
Fluxo
xo C
Fluxo
.B
xo B
Pr Flux
• Fluxo de processo por projeto: apresenta como característica principal a produção de apenas
um único produto. A sequência de processos é definida de acordo com o produto. É o caso da
produção de uma casa, um navio, um produto com novas tecnologias feito para determinadas
aplicações, um tratamento dentário etc.
UNIDADE 1 19
Analisando a figura, percebemos que quando se deseja rapidez na entre-
ga de produtos, o mais recomendado é um ambiente de produção MTS.
Se a qualidade deve ser priorizada, então um ambiente RTO ou ETO
poderiam ser os melhores, por possuírem alto grau de customização;
outras análises podem ser feitas.
Tipo de operação
• Contínua: nesse tipo de operação, observa-se facilmente a uti-
lização da automação, pois a demanda do produto é alta e, con-
sequentemente, o lote de produção deve ser grande. É possível
identificar que a padronização é bem definida, os produtos são
uniformes, há sincronia entre as atividades desempenhadas, o
lead time produtivo (tempo de entrega do produto para o cliente
final) é baixo e a flexibilidade também. Por exemplo: produção
de petróleo e produtos químicos. Na área de serviços, podemos
citar: serviços fornecidos via internet (sites de busca) e sistemas
de monitoramento.
• Discreta: o tipo de operação discreta é aquela que é realizada para
cada produto. Ela se diferencia da operação contínua por produ-
zir produtos que podem ser separados. Por exemplo, aparelhos de
televisão podem ser separados um do outro, são itens distintos.
Já uma bebida produzida é considerada um único produto que é
fracionado em embalagens (portanto, é um produto da operação
contínua). A operação discreta subdivide-se em duas classes.
○ Em massa: a produção em grande escala é uma de suas ca-
racterísticas, assim como a sua padronização bem definida.
Uma das diferenças com a operação contínua é que existe a
necessidade de ter uma equipe especializada participando do
processo de transformação. O lead time produtivo também
é baixo e a demanda dos produtos é estável. Veja, na Figura 4,
um exemplo de posto de trabalho executando uma operação
discreta em massa.
A B C
Material Processos Processos Processos Produto
acabado
A B C
Matéria-prima Estoque Estoque Processo Estoque Estoque Produto
acabado
Figura 5 - Operação em lote
Fonte: o autor.
Observe que cada trabalhador possui seu posto de trabalho em que retira peças de seu estoque, as
processa e, em seguida, forma um novo estoque. Este não é de apenas um tipo de produto, como é
o caso da produção em massa. Cada posto de trabalho está apto a processar diferentes tipos de pro-
dutos. Os estoques se formam, pois os tempos de processamento de cada produto em cada posto de
trabalho são variáveis. Como exemplo desse tipo de operação, citamos: tecelagens e departamentos
de usinagem e solda. Na área de serviços, temos os restaurantes, laboratórios de análises químicas e
oficinas de reparo para automóveis.
○ Sob encomenda: as características desse tipo de operação é a baixa demanda e baixo volume
de produção, alta flexibilidade e variedade de produto. Já que é necessário a realização de
um projeto específico para atender as necessidades especiais e específicas de cada cliente,
acaba-se gerando um lead time produtivo altíssimo. Como exemplos, citamos a construção
de navio, avião e usinas hidrelétricas. Os escritórios de advocacia e agências de publicidade
são exemplos de prestadores de serviços.
Natureza do produto
Esta classificação se baseia no resultado do sistema produtivo: o produto. Esse resultado nada mais é
do que: um bem material, quando há a transformação de algo tangível, ou um serviço, quando há a
transformação de algo intangível.
UNIDADE 1 21
O PCP no Contexto
Estratégico e os Níveis
Hierárquicos de Planejamento
UNIDADE 1 23
Na elaboração da estratégia organizacional, deve-se identificar os fatores críticos de sucesso, lis-
tando as variáveis internas e externas que influenciam na competitividade. Pode-se usar a técnica
denominada SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), também chamada de FOFA (Forças,
Oportunidades, Fraquezas, Ameaças).
Como o PCP troca informações com diversos departamentos e atua como mediador de interesses,
proporcionando o atendimento das necessidades dos clientes com a melhor utilização dos recursos
(humanos, físicos e financeiros), os profissionais que atuam nesse setor, como Assistentes de PCP,
Analistas de PCP e Supervisores de PCP, precisam fazer essa integração com os outros departamentos
permitindo que a empresa seja competitiva no mercado global e local. Por meio das técnicas de pla-
nejamento e controle, o PCP apoia a empresa no alcance dos objetivos de desempenho.
Como ocorre o planejamento e controle ao longo do tempo? O PCP planeja em basicamente três
horizontes de tempo: longo prazo, médio prazo e curto prazo.
Podemos afirmar que há uma hierarquia nas atividades do PCP que irão sustentar a estratégia
produtiva da empresa. Quando nos referimos a esta hierarquia, estamos nos referindo a conjuntos de
decisões que são tomadas para diferentes espaços de tempo: decisões a longo, médio e curto prazo. O
PCP toma decisões no horizonte de longo prazo que irão impactar nas decisões de médio prazo e que,
por sua vez, irão refletir nas decisões de curto prazo. Observe isso na Figura 6 apresentada a seguir.
UNIDADE 1 25
Operações Enxutas
e Just-in-Time
Contudo, conforme observado ao longo dos A falta de sincronia entre postos de trabalho gera
anos, a necessidade por produtos diversificados e a formação de estoques. O balanceamento de
o poder do mercado de regular o preço das mer- trabalho em cada posto faz parte dos conceitos
cadorias fizeram com que a produção empurrada de balanceamento de linha que são aplicados na
não obtivesse mais resultados positivos. Assim, produção enxuta. Utilize seu leitor de QR Code
com esse problema e outros advindos da escassez para acessar a realidade aumentada e veja um
de recursos, a empresa japonesa Toyota Motor processo de trabalho sem sincronia. Observe as
Company, em meados da década de 70, começou a consequências: formação de estoques, trabalhado-
desenvolver uma filosofia de produção diferencia- res sobrecarregados e outros com sobra de tempo.
da. Era preciso produzir conforme a necessidade
do mercado, evitando estoques e modificando o
tipo de produção: de empurrada para a puxada.
A produção puxada é diferente, pois produz
somente o necessário para o momento, evitando
a formação de estoques, ou seja, o mercado puxa
o rumo da produção. Para realizar a produção
puxada, é necessário que a empresa desenvolva os
conceitos da produção enxuta. Conforme o pró-
prio nome sugere, essa produção busca trabalhar
somente com o necessário, combatendo os des-
perdícios no processo produtivo. Os desperdícios
podem ser ocultados pelos estoques.
Altos níveis de estoque com baixo giro são,
muitas vezes, consequências de problemas não re-
solvidos. Por exemplo, quando um produto passa Postos de trabalho
UNIDADE 1 27
Assim, em meados da década de 70, começou Redução dos tempos
a conceituar-se as técnicas Just-in-Time (JIT). de preparação
Esse termo significa “na hora certa”, “oportuno”.
Por meio da JIT, reduz-se estoques e elimina-se
Padronização das
os desperdícios. operações
Você pode estar se perguntando: se tal filoso-
fia proporciona bons resultados, por que todas
as empresas não a adotam? Bem, para praticar a Reorganização dos
filosofia JIT, é preciso que as empresas atendam layouts da fábrica
alguns pressupostos básicos, conforme mostra a
Figura 7.
Quando falamos na filosofia JIT e, conse- Força de trabalho
quentemente, no conceito de operações enxuta e altamente capacitada
empresa enxuta, há princípios fundamentais que
precisam ser considerados, conforme apresenta Figura 7 - Pressupostos básicos do JIT
o Quadro 2. Fonte: adaptada de Lustosa et al. (2008).
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
Priorização A empresa enxuta produz apenas para atender a necessidade do momento,
do mercado sendo que produções adicionais são consideradas desperdício.
Garantia
A falta de qualidade é um problema grave e deve ser severamente combatido.
da qualidade
Minimização Estoques tendem a ser usados como proteção das incertezas do sistema
de estoques produtivo. Eles devem ser reduzidos ou até zerados. Ao reduzirmos os esto-
ques, conseguimos identificar problemas ocultos.
Redução dos Devemos produzir lotes cada vez menores e, para isso, é preciso reduzir os
tempos de setup tempos de preparação de máquinas. Com lotes reduzidos, reduzimos os
volumes de estoque e a empresa se torna mais flexível.
Trabalhador
A mão de obra deve ser altamente capacitada para operar máquinas diversas.
multifuncional
Manutenção
Um sistema de produção é saudável quando não há paradas e atrasos.
produtiva total
Desenvolvimento É preciso eliminar incertezas na cadeia de produção, melhorando a qualidade
de fornecedores e a previsão de demanda com fornecedores mais confiáveis.
Padronização É preciso aproveitar-se dos ganhos de eficiência obtidos pela padronização
de operações de operações.
Layout do posto
É preciso minimizar os tempos de transporte e movimentos desnecessários.
de trabalho
A simplicidade do Lean
Além da produção enxuta e filosofia JIT, existem Dada a parte introdutória sobre a produção en-
outros conceitos importantes no campo da pro- xuta (Lean Production), gostaríamos de fazer um
dução e do PCP. Um deles é a chamada Indús- adendo neste subtópico: a aplicação do lean deve
tria 4.0. Este termo indica uma quarta revolução prezar pela simplicidade e constância em sua
industrial, em que sistemas inteligentes fazem o aplicação.
controle da produção e são integrados remota- Gostaria de lhe apresentar um grande entu-
mente. Várias tecnologias compõem a Indústria siasta do Lean, o estadunidense Paul Akers. Em
4.0, tais como algoritmos avançados para otimi- seu livro, Two Second Lean (AKERS, 2014), é
zação dos processos, machine learning, minera- mostrada a aplicação simples, rápida e universal
ção de dados, big data, autenticação e detecção dos conceitos da produção enxuta. Akers (2014)
de fraudes, realidade aumentada, computação mostra que uma empresa Lean é aquela que faz,
em nuvem, terminais móveis, sensores inteligen- todos os dias, pequenas melhorias (ou a melho-
tes, dentre outros. ria contínua), que são feitas pelos próprios tra-
Fonte: adaptado de Cavalcante e Almeida (2018). balhadores. A capacidade de fazer melhorias e
resolver pequenos problemas é supervalorizada
UNIDADE 1 29
na empresa Lean. Os trabalhadores são pagos não Observe que, na segunda figura, há uma certa “paz
só para executar seu trabalho, mas também para mental”! Objetos estão organizados conforme sua
redesenhar seu próprio trabalho. utilização, acondicionados em locais adequados. A
Akers (2014) mostra diversos exemplos sim- produtividade neste posto tende a ser maior, pois
ples de resolução de problemas, baseados na é mais fácil achar uma ferramenta ou qualquer
cultura lean. Adotando um estilo lean de apre- outro objeto de uso. Acidentes de trabalho tendem
sentação dos conceitos, acompanhe, nas figuras a a ser menores em um local mais organizado. Para
seguir, algumas das melhorias realizadas por uma chegar na segunda situação, foi preciso dez anos
empresa que adota a cultura lean. de melhoria contínua. Isso é o Lean, melhorar um
Na Figura 8, podemos observar um posto de pouco, todos os dias. A cultura da empresa deve
trabalho sem a aplicação do Lean e outro com a favorecer essa filosofia.
sua aplicação. Veja, agora, outra ação relacionada à cultura
de produção enxuta na Figura 9.
UNIDADE 1 31
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
32
4. Em uma barraca de sucos naturais, localizada em uma movimentada praça, o
proprietário compra laranjas à medida que os sucos são feitos. Ele armazena
uma quantidade muito pequena de laranjas que, geralmente, são consumidas
em meio dia de trabalho. Como a barraca fica perto de um sacolão de frutas,
quando o nível de laranjas chega a um determinado tamanho, o proprietário
solicita a seu empregado que compre mais laranjas, em uma quantidade limi-
tada. Pode-se afirmar que:
a) O sistema de produção é puxado.
b) O sistema de produção é empurrado.
c) O sistema de produção é do tipo por projeto.
d) O sistema de produção é do tipo personalizado.
e) O sistema de produção é do tipo ETO.
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LIVRO
Two Second Lean: como desenvolver pessoas e criar uma cultura Lean
Autor: Paul Akers
Editora: Fast Cap Press
Sinopse: essa obra foi escrita em uma linguagem simples para mostrar a apli-
cação dos conceitos Lean no trabalho e na vida pessoal. Por meio de pequenos
textos em cada capítulo e exercícios práticos, o leitor obterá conhecimentos
sobre a produção enxuta de forma rápida e entusiasmada. O livro é ricamente
ilustrado, mostrando a jornada de Paul Akers para tornar sua empresa lean.
Comentário: o livro é disponibilizado gratuitamente pelo autor no formato digital.
Acesse: https://paulakers.net/wp-content/uploads/dlm_uploads/2015/12/2SL-
-3rd-Portuguese-Brazil-20170622.pdf.
FILME
34
WEB
WEB
WEB
O canal Paul Akers (em inglês) apresenta vários vídeos curtos sobre processos
de produção, entre eles, destacam-se três: Caixas em ângulo (título “Angled
Boxes | Reversible Box Stand”), identificação de materiais (título “Box Backer) e
inventário enxuto (título “Lean Box Inventory”). Vale a pena conferir.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
O canal português The Lean Crawl traz exemplos e discussão sobre melhoria
contínua e produção enxuta, como o de análise de filas, de título “Porquê esta
fila no metro?” e como iniciar o Lean, com o vídeo “O Lean começa no “banheiro”!
A história do nosso WC Lean...”. Aprecie o canal!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
35
AKERS, P. Two Second Lean: Como desenvolver pessoas e criar uma cultura Lean. Estados Unidos da América:
Fast Cap Press, 2014.
CAVALCANTE, C. G. S.; ALMEIDA, T. D. de. Os benefícios da Indústria 4.0 no gerenciamento das empresas.
Journal of Lean Systems, v. 3, n. 1, p. 125-152, 2018.
CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.
LUSTOSA, L. et al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.
TUBINO, D. Planejamento e Controle da Produção - Teoria e Prática. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2007.
REFERÊNCIAS ONLINE
1
Em: https://dicionario.priberam.org/planejar. Acesso em: 17 jun. 2020.
2
Em: https://dicionario.priberam.org/controlar. Acesso em: 17 jun. 2020.
3
Em: https://dicionario.priberam.org/programar. Acesso em: 17 jun. 2020.
Em: https://br.historyplay.tv/hoje-na-historia/fusca-ultrapassa-o-ford-t-como-o-carro-mais-vendido-do-mundo.
4
36
1. C. Os cozinheiros podem ser considerados como recursos transformadores, ou seja, fazem parte da en-
trada do processo.
3. B. Esta decisão impacta no médio prazo (meses). A mão de obra é temporária. Não é uma decisão de longo
prazo, pois a mão de obra não ficará o ano todo.
5. C. A constância faz parte da cultura lean, pois as melhorias devem ser contínuas.
37
38
Me. Maílson José da Silva
Previsão de Demanda
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Explicar o que é um modelo de previsão de demanda. • Aplicar técnica de previsão de demanda para encontrar a
• Aplicar técnicas de previsão de demanda baseadas na sazonalidade de dados.
média. • Monitorar um modelo de previsão de demanda.
• Aplicar técnicas de previsão de demanda baseada na re-
gressão linear e correlação.
Modelos de Previsão
de Demanda
Independentes
Declínio:
estacionária
Sazonalidade
Basicamente, para a empresa, a demanda pode Assim, temos a demanda independente. Esta
ser pontual ou repetitiva. Demandas pontuais são é, geralmente, a demanda dos produtos acaba-
aquelas que ocorrem esporadicamente, por exem- dos ou das peças de reposição. Essa demanda é
plo, para uma nova vacina, haverá um período influenciada pelo ciclo de vida do produto, ou
de alta demanda pontual e, depois, a demanda seja, um produto possui um ciclo de vida em que
reduzirá drasticamente. As demandas repetitivas sua demanda se comporta de forma diferente,
ocorrem regularmente ao longo dos dias, meses e conforme sua fase, que pode ser: introdução,
anos. Podemos, ainda, visualizar essas demandas crescimento, maturidade e declínio. Observe a
repetitivas em dois grupos: as demandas depen- Figura 2, que ilustra as fases do ciclo de vida de
dentes e independentes. um produto.
Quando dizemos que uma demanda é depen-
dente significa que o seu valor depende da deman-
da de outro produto, por exemplo, se uma fábrica
de bicicletas tem uma demanda de 20 bicicletas
por dia, a demanda de pneus será de 40 unidades,
pois a demanda de pneus depende do número de
bicicletas a serem produzidas. Esta demanda será
maior caso a empresa também forneça peças de
reposição. Nesta situação, a demanda de pneus
possuirá dois componentes: uma demanda de-
pendente do total de bicicletas produzidas e uma
demanda independente, conforme necessidade do
mercado por pneus de reposição. Figura 2 - Fases do ciclo de vida de um produto
UNIDADE 2 41
No eixo vertical do gráfico, temos o total de vendas do produto
e, no eixo horizontal, temos o horizonte de tempo. Observe que,
no início, as vendas são baixas, pois o produto está na sua fase de
introdução no mercado; a demanda é consequentemente baixa. Na
fase de crescimento, temos uma demanda ascendente. Quando o
produto alcança sua maturidade, a demanda tende a ficar próxima
de um valor médio. Por fim, na fase de declínio, a demanda tende a
ser decrescente. Observe, portanto, que conhecer a fase do ciclo de
vida de um produto auxilia a determinar sua demanda no mercado.
Considerando os fatores apresentados no parágrafo anterior,
podemos concluir que prever a demanda pode ser uma atividade
complexa, porém, por meio de um modelo de previsão adequado,
podemos obter previsões que irão gerar resultados úteis.
42 Previsão de Demanda
1. Identificar o 2. Coletar dados 3. Construir gráficos
objetivo da (séries históricas e para identificar
demanda eventos) padrões
5. Gerar previsões
6. Avaliar a precisão 4. Selecionar um
para um período
com uma ou mais método adequado
determinado
medidas de erro de previsão
da série
Sim
UNIDADE 2 43
Após obter a série histórica de demanda para cada produto e/ou família de produto, devemos fazer
a análise desses dados para identificar padrões de demanda, ou seja, vamos estudar o comportamento
da demanda. Uma ferramenta visual muito útil para isso é o gráfico. Observe as Figuras a seguir.
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
no 15
ju 4
ou 5
ab 4
fe 4
m 15
de /15
ju 4
ju 5
fe 5
m 14
se 5
no 14
ou 4
ju 15
m 4
ag 4
ag 5
ab 15
15
se 4
de 14
m /15
jan 4
1
t/1
/1
/1
1
/1
1
t/1
r/1
l/1
l/1
1
t/
ai/
v/
n/
n/
v/
o/
t/
ai/
/
z/
o/
v/
z/
ar
jan
v
ar
44 Previsão de Demanda
Demanda - Tablet
120
100
80
60
40
20
0
jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15
UNIDADE 2 45
As técnicas qualitativas estão baseadas em opinião de especialistas sobre o produto. Destacamos
como técnicas qualitativas: pesquisa de mercado, método Delphi e simulação de cenários. Nosso foco
será nas técnicas quantitativas, e elas estão baseadas nas seguintes premissas:
Vamos apresentar as seguintes técnicas quantitativas de previsão: média móvel, média exponencial
móvel, previsão da tendência, correlação e previsão da sazonalidade.
O método qualitativo Delphi obtém a previsão de demanda por meio do consenso de diferentes espe-
cialistas. Estes são solicitados a emitirem sua opinião sobre a demanda do produto em estudo. Suas
opiniões são recebidas sem a interferência de opiniões alheias, ou seja, o participante tem liberdade
para expressar o que pensa sobre o problema; isso acontece em uma primeira fase. As opiniões são
dadas por meio de questionários que são enviados a cada participante. Novas perguntas podem ser
feitas para esclarecer a solução do problema. Após obter a opinião refinada de cada participante,
parte-se para a segunda fase do método, que é a obtenção de consenso entre as diferentes opiniões.
O método pode ser complementado por previsões quantitativas.
Fonte: adaptado de Fernandes e Godinho Filho (2016) e Lustosa et al. (2008).
46 Previsão de Demanda
Técnicas
de Média
UNIDADE 2 47
Em que:
• Mn: média móvel de n períodos.
• n: número de períodos.
• Di: demanda do período i.
• i: índice do período.
Ei = Di - Pi (2)
Em que:
• Ei: erro da previsão para o período i.
• Di: demanda real no período i.
• Pi: previsão da demanda para o período i.
Fonte: o autor.
48 Previsão de Demanda
Calculando a média móvel para 3 e 4 períodos, obtemos os seguintes resultados (os valores foram
calculados utilizando-se as equações (1) e (2) apresentadas):
Quadro 2 - Cálculo da média móvel
Fonte: o autor.
No Quadro 2, há três parâmetros que podemos usar para verificar a acurácia da técnica de previsão
escolhida. O primeiro é o erro acumulado; para calculá-lo, basta somar o erro da previsão para cada
período. O segundo parâmetro é o erro absoluto médio (EAM), que representa o quanto as previsões
erraram na média, em termos de valores absolutos, e é calculado pela seguinte equação:
n
Di Pi
EAM i 0 (3)
n
Em que:
• EAM: erro absoluto médio.
• Di: demanda real no período i.
• Pi: previsão da demanda para o período i.
• n: número de períodos considerados.
UNIDADE 2 49
O terceiro parâmetro é o erro percentual absoluto está adequada ou não. Depois, podemos gerar a
médio, que representa a média de erro em termos previsão da demanda para o período 13; sendo
percentuais do valor da demanda real. Ele pode assim, essas foram as etapas 6, 7 e 8 do modelo
ser calculado pela seguinte equação: de previsão. Em seguida, quando formos prever
a demanda do período 13, podemos ajustar a
n Di Pi
previsão com base em informações qualitativas
i 0 Di (4) (etapa 9).
EPAM
n
Em que:
• EPAM: erro percentual absoluto médio. Técnica da Média Exponencial
• Di: demanda real no período i. Móvel
• Pi: previsão da demanda para o período i.
• n: número de períodos considerados. A média exponencial móvel considera o valor
médio de demanda de um período anterior ao
A partir dos resultados, observamos que a média período de previsão e acrescenta a ele um valor
móvel com 3 períodos apresentou o melhor de- de correção, conforme um certo coeficiente de
sempenho, pois o erro acumulado e o erro absolu- ponderação. A média é calculada por meio da
to médio foram menores. Utilizando a técnica da seguinte equação.
média móvel, podemos prever a demanda para o
período 13. Desafio-te a fazer o cálculo! Utilize a M t � M t 1 a Dt 1 M t 1 (5)
equação (1) para calcular a previsão de demanda,
faça os cálculos utilizando média móvel com 3 e Em que:
4 períodos. • M t : previsão para o período t.
Caso seu cálculo foi feito da forma correta, • M t−1 : previsão para o período t-1.
você obteve: • α: coeficiente de ponderação.
• Dt−1 : demanda do período t-1.
12
Di 4000 3800 3500 Vamos exemplificar sua aplicação com os seguin-
M 3 i 10 3767
3 3 tes dados de demanda.
Quadro 3 - Dados de demanda para o cálculo da média
12
exponencial móvel
Di 5000 4000 3800 3500
i 9 Mês Demanda Mês Demanda
M4 4075
4 4
Jan 19919 Jul 19395
50 Previsão de Demanda
Vamos considerar o valor de α igual a 0,3. A previ-
são para os períodos 2, 3 e 4 são, respectivamente:
M 2 = 19919 (neste caso, como não temos uma pre-
visão para o período M1, consideramos a previsão
M2 como sendo igual à demanda do período M1)
M 3 19919 0, 3 23722 19919 21059, 9
UNIDADE 2 51
Previsão da Tendência
e Correlação
Previsão da Tendência
52 Previsão de Demanda
Equações não lineares exponencial, parabólica, logarítmica, dentre outras, podem ser utilizadas
para descrever o comportamento de alguns fenômenos, bem como o comportamento da demanda
de um produto em função de alguns fatores. Por exemplo, indústrias de petróleo têm crescido ex-
ponencialmente à medida que novos campos de petróleo têm sido encontrados. O crescimento de
populações de animais e plantas, sem restrições, segue também um comportamento exponencial.
As equações possuem este nome devido ao fator matemático que carregam. A equação exponencial
possui a incógnita (valor desconhecido) no expoente; a equação logarítmica possui um logaritmo.
Fonte: adaptado de Ortega e Zanghetin (2007).
Neste tópico, vamos apresentar um método para Tais cálculos podem ser feitos manualmente ou
obter uma equação linear relacionada à variável com a ajuda de softwares. Podemos utilizar, por
dependente “demanda” com a variável indepen- exemplo, o Microsoft Excel ® para calcular tais
dente “tempo”. A equação linear é da seguinte valores. A seguir, apresentamos os dados de de-
forma: manda para o produto Tablet, cujo gráfico já foi
apresentado anteriormente.
y = a + bx (6) Quadro 5 - Dados para o cálculo dos coeficientes da equa-
ção linear de tendência
Em que: PERÍODO DEMANDA
X2 XY
• y: previsão de demanda para o período x. (X) TABLET (Y)
• a: intersecção com o eixo y. 1 20 1 20
• b: coeficiente angular da reta. 2 25 4 50
• x: período para a previsão.
3 40 9 120
4 30 16 120
Para encontrarmos os valores de a e b, fazemos os
5 30 25 150
seguintes cálculos:
6 45 36 270
7 50 49 350
n( xy ) ( x)( y )
b (7) 8 70 64 560
n ( x 2 ) ( x )2 9 75 81 675
10 76 100 760
a
y b( x ) (8)
11 80 121 880
UNIDADE 2 53
Calculando os valores de a e b por meio das equações 7 e 8, obtemos:
n( xy ) ( x)( y )
b
n ( x 2 ) ( x )2
12(5155) (78)(641)
b 6, 91
12(650) (78)2
a
y b( x )
n
641 6, 91(78)
a 8, 48
12
Assim, a equação da previsão de demanda é dada por y = 8,48 +6,91x. Substituindo os valores de x
para os períodos de 1 a 12, obtemos os seguintes dados de previsão:
Quadro 6 - Previsão de demanda utilizando equação de tendência
PREVISÃO
PERÍODO (X) DEMANDA TABLET (Y) ERRO
(Y = 8,48 +6,91X)
1 20 15 5
2 25 22 3
3 40 29 11
4 30 36 -6
5 30 43 -13
6 45 50 -5
7 50 57 -7
8 70 64 6
9 75 71 4
10 76 78 -2
11 80 85 -5
12 10 91 9
Erro acumulado 0
EAM 6,91
Fonte: o autor.
A obtenção da equação de tendência gerou dados satisfatórios, tendo um baixo erro acumulado. Para
verificarmos a aderência dos dados da previsão com os dados de demanda real, podemos verificar o
valor do coeficiente de determinação r2 (seu cálculo é explicado no subtópico a seguir). Por meio da
análise de dados, por regressão, do Microsoft Excel ®, calculamos o valor de r2 e obtemos o valor de
0,92. Quanto mais próximo de 1, melhor serão os resultados do modelo de previsão.
54 Previsão de Demanda
Correlação
31,56 10,00
38,00 12,00
25,25 8,00
47,20 15,00
22,00 6,50
34,20 11,00
45,10 14,50
32,30 10,10
29,00 9,20
40,90 13,40
40,00 12,70
24,20 7,60
41,00 13,10
UNIDADE 2 55
50,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
Número de alunos matriculados (mil)
Figura 8 - Relação entre quantidade vendida por restaurante e número de alunos matriculados
Fonte: adaptada de Tubino (2000).
Observe que o cruzamento dos dois dados nos indica que há uma relação linear crescente entre eles.
Isto é, quando o número de alunos matriculados próximo ao restaurante aumenta, a demanda também
aumenta. Para confirmar, precisamos encontrar a equação da reta utilizando as equações (7) e (8)
apresentadas e também calcular o coeficiente de correção r, dado pela seguinte equação.
n XY X Y
r (9)
2 2
n X X . n Y Y
2 2
Y = 1,757 + 2,99x.
Esta pode ser usada para calcular a demanda em uma nova unidade de restaurante próximo de
uma escola. Calculando o valor de r:
O valor de r positivo mostra que existe uma correlação positiva entre as variáveis, ou seja, quando o
valor de uma aumenta, o valor da outra também aumenta. Se elevarmos o r ao quadrado, obtemos
o coeficiente de determinação. Quanto mais próximo de 1, maior é o grau de ajuste entre os valores
obtidos com a equação e os dados da demanda (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2016). Para o
nosso exemplo, o coeficiente de determinação é igual 0,98, o que indica que a equação obtida gerará
bons resultados.
56 Previsão de Demanda
Previsão da
Sazonalidade
UNIDADE 2 57
Podemos visualizar o comportamento da demanda com sazonalidade e sem tendência na figura
apresentada anteriormente sobre a demanda de sorvete. Observamos que o ciclo de sazonalidade é
de 12 períodos ou 12 meses, isso significa que, a cada 12 meses, o comportamento geral da demanda
se repete (volte na Figura 5 e confira). Para calcular o índice de sazonalidade de cada um desses 12
períodos, devemos calcular a média móvel centrada. O Quadro 9 apresenta os resultados.
Quadro 9 - Cálculo do índice de sazonalidade
Índice de Sazonalidade
Período Demanda - Sorvete (L) MMC ½ MMC IS
1 3100,00
2 3200,00
3 3100,00
4 2800,00
5 2200,00
6 1500,00
2258,33
7 800,00 2254,16 0,355
2250,00
8 1000,00 2116,67 0,472
1983,33
9 1300,00 2106,25 0,617
2229,17
10 2300,00 2222,92 1,035
2216,67
11 2800,00 2210,42 1,267
2204,17
12 3000,00 2197,92 1,365
2191,67
13 3000,00 2185,42 1,373
2179,17
14 3100,00 2172,92 1,427
2166,67
15 2950,00 2160,42 1,365
2154,17
16 2650,00 2147,92 1,234
2141,67
58 Previsão de Demanda
Índice de Sazonalidade
Período Demanda - Sorvete (L) MMC ½ MMC IS
17 2050,00 2135,42 0,960
2129,17
18 1350,00 2122,92 0,636
2116,67
19 650,00
20 850,00
21 1150,00
22 2150,00
23 2650,00
24 2850,00
Demanda média: 2169,44
Fonte: o autor.
No quadro anterior, primeiro calculamos a MMC ½, que é a média móvel centrada no meio do ciclo
de sazonalidade de 12 períodos. Para fins didáticos, podemos chamar essa média no período 6,7, ou
seja, a média de 12 períodos centrada na posição entre os períodos 6 e 7. Temos que calcular esse valor,
uma vez que o ciclo de sazonalidade é um número par (12 períodos). Para entender melhor, veja o
detalhamento do cálculo da MMC ½ entre os períodos 6 e 7 e depois entre 7 e 8.
12
3100 3200 3100 2800 2200 1500
yi 800 1000 1300 2300 2800 3000
MMC6,7 i 1 2258, 33
12 12
13
3200 3100 2800 2200 1500
yi 800 1000 1300 2300 2800 3000 3000
MMC7,8 i 2 2250
12 12
Observe que, no primeiro cálculo, fizemos a média entre i=1 até i=12, ou seja, períodos 1 a 12. No
segundo cálculo, como a média é móvel, deslocamos um período e fizemos a média entre i=2 até i=13,
ou seja, períodos 2 a 13.
UNIDADE 2 59
Para entender melhor, veja, no Quadro 10, o valor
de cada período, de 7 a 18, e sua correspondência
com o período do ciclo de sazonalidade.
Foi necessário calcular a MMC ½, pois o ciclo de Quadro 10 - Correspondência entre períodos da demanda
sazonalidade possui um número de períodos par. e períodos do ciclo de sazonalidade
Caso o ciclo apresentasse um número de perío- Correspondência no Período
Período
dos ímpar, bastaria calcular a MMC diretamente. do Ciclo de Sazonalidade
Não seria necessário calcular a MMC ½. 1 7
2 8
3 9
Após obter a MMC ½, devemos calcular a média
4 10
entre dois valores consecutivos de MMC ½ para
5 11
obter a média móvel do período. Assim, por exem-
6 12
plo, a MMC do período 7 é o valor médio entre a
MMC ½ de 2258,33 e 2250, ou seja: 7 1
8 2
2258, 33 2250 9 3
MMC7 2254, 16
2 10 4
11 5
Observe que, fazendo este cálculo, iremos ob-
12 6
ter 12 valores, entre o período 7 e 18. Observando
13 7
o gráfico da Figura 5, vemos que o período 7 cor-
14 8
responde ao mês de jul/14 e é o ponto de menor
valor de demanda no ciclo de sazonalidade, cor- 15 9
respondendo, portanto, ao primeiro período do 16 10
ciclo de sazonalidade. O gráfico inicia no período 17 11
1, que é o mês de jan/14; porém, no ciclo de sazo- 18 12
nalidade, ele não é o período 1. Observe que o ci- Fonte: o autor.
clo possui 12 períodos e o gráfico inicia no sétimo
período do ciclo de sazonalidade, assim, deve-se Para obtermos a previsão de demanda, fazemos
calcular o índice de sazonalidade considerando o seguinte cálculo:
a demanda e a média móvel de cada período do
ciclo de sazonalidade. Para calcular, utilizamos a Previsão = Demanda média * IS (11)
seguinte equação:
Em que:
D
IS = (10) • Previsão: previsão de demanda do período
MMC
considerado.
Em que: • Demanda média: demanda média dos pe-
• IS: índice de sazonalidade do período. ríodos considerados na obtenção do índice
• D: demanda do período. de sazonalidade.
• MMC: média móvel centrada do período. • IS: índice de sazonalidade do período.
60 Previsão de Demanda
O Quadro 11 apresenta os resultados.
Quadro 11 - Previsão da demanda com sazonalidade
Fonte: o autor.
Caso estivessem disponíveis mais dados históricos sobre a demanda, por exemplo, 48 períodos, poderia
se calcular o valor do IS médio. Isso porque, dentro de 48 períodos, temos 4 ciclos de sazonalidade de
12 períodos, o que irá gerar mais de um valor de IS para cada período do ciclo de sazonalidade.
UNIDADE 2 61
Monitoramento do
Modelo de Previsão
62 Previsão de Demanda
O monitoramento consiste em verificar se os erros superior iguais a -3EAM e +3EAM, respectiva-
são aceitáveis e se devemos alterar algum parâme- mente. Os erros são plotados a cada nova pre-
tro da técnica de previsão. Considerando que os visão e, caso saiam dos limites, deve-se alterar
desvios seguem uma distribuição normal e que a técnica de previsão ou fazer alguns ajustes em
a previsão não é tendenciosa, podemos afirmar seus parâmetros.
que, segundo Lustosa et al. (2008), o erro de uma A construção do gráfico de controle dos erros
nova previsão seria: absolutos médios das previsões é explicada na
• ±1 EAM em relação à média, com 60% de pílula de aprendizagem.
probabilidade.
• ±2 EAM em relação à média, com 90% de
probabilidade.
• ±3 EAM em relação à média, com 98% de Tenha sua dose extra de
probabilidade. conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
Assim, podemos identificar se os erros do modelo leitor de QR Code.
estão dentro do intervalo de ±3 EAM, o que seria
algo aceitável. Caso haja valores fora desse inter-
valo, significa que a previsão, como um processo, Chegamos ao final do nosso estudo sobre previsão
está ficando fora de controle estatístico. de demanda. Apresentamos alguns conceitos e
Ações deverão ser tomadas, tais como escolher exemplos básicos sobre as técnicas quantitativas.
outra técnica de previsão, ajustar os parâmetros Para absorver o conteúdo, recomendamos que
ou verificar a existência de causas não aleatórias faça os exercícios das atividades de estudo e bus-
de variação. Para monitorar os erros, pode-se que também resolver exercícios sobre previsão de
construir um gráfico com os limites inferior e demanda de outros materiais.
UNIDADE 2 63
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
Período Demanda
1 150
2 170
3 130
4 160
5 135
Os dados estão livres de causas não aleatórias ou especiais. Com base nos dados,
é correto afirmar:
a) O erro de previsão para o período 3, utilizando a técnica da média móvel com 2
períodos, é igual a 30.
b) O erro de previsão para o período 3, utilizando a técnica da média exponencial
móvel, com alfa igual a 0,1, é igual a 22.
c) A previsão de demanda para o período 6, utilizando a técnica da média móvel
com 2 períodos, é igual a 148 unidades.
d) A previsão de demanda para o período 6, utilizando a técnica da média móvel
com 3 períodos, é igual a 140 unidades.
e) A previsão de demanda para o período 6, utilizando a técnica da média exponencial
móvel, com alfa igual a 0,1, é igual a 148.
64
3. Considere os seguintes dados históricos sobre a demanda do produto genérico
“A”.
Período Demanda
1 130
2 140
3 148
4 163
5 170
6 190
7 205
Os dados estão livres de causas não aleatórias ou especiais. Com base nos
dados, encontre uma equação linear para a previsão da demanda em função
do tempo. Assinale a alternativa que representa corretamente essa equação.
a) Y = 114,15 + 12,39x
b) Y = 110,25 + 11,49x
c) Y = 99,11 + 5,39x
d) Y = 11,15 + 18,19x
e) Y = 120,45 + 19,1x
65
4. Considere os seguintes dados históricos sobre a demanda do produto genérico
“A”.
Período Demanda
1 20
2 150
3 80
4 25
5 155
6 95
7 28
8 162
9 99
66
LIVRO
FILME
Quebrando a banca
Ano: 2008
Sinopse: Ben Campbell (Jim Sturgess) é um jovem tímido e superdotado do
MIT que, precisando pagar a faculdade, busca a quantia necessária em jogos
de cartas. Ele é chamado para integrar um grupo de alunos que, todo fim de
semana, parte para Las Vegas com identidades falsas e o objetivo de ganhar
muito dinheiro. O grupo é liderado por Micky Rosa (Kevin Spacey), um professor
de matemática e gênio em estatística, com quem consegue montar um código
infalível. Contando cartas e usando um complexo sistema de sinais, eles conse-
guem quebrar diversos cassinos. Até que, encantado com o novo mundo que
se apresenta e também por sua colega Jill Taylor (Kate Bosworth), Ben começa
a extrapolar seus próprios limites.
67
WEB
Como recurso que pode ser usado na previsão de demanda, recomendo que
você conheça o Libre Office – pacote de aplicativos para escritório que inclui o
Calc. Ele é semelhante ao Microsoft Excel.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
68
FERNANDES, C. F. F.; GODINHO FILHO, M. Planejamento e Controle da Produção: dos fundamentos ao
essencial. São Paulo: Editora Atlas, 2016.
LUSTOSA, L. et al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008.
TUBINO, D. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2000.
69
1. C.
2. C.
70
3. A.
Cálculos:
Período Demanda X2 XY
1 130 1 130
2 140 4 280
3 148 9 444
4 163 16 652
5 170 25 850
6 190 36 1140
7 205 49 1435
Somatórios
28 1146 140 4931
n( xy ) ( x)( y )
b
n ( x 2 ) ( x )2
7(4931) (28)(1146)
b 12, 39
7(140) (28)2
a
y b( x )
n
71
4. E.
180
160
140
120
Demanda
100
80
60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Período
72
Índice de sazonalidade de cada período do ciclo de 3 períodos:
O EAM é igual a:
• 1 EAM = 16,7.
Portanto, o maior erro foi de -30, que está dentro do intervalo de ±2EAM.
73
74
Me. Maílson José da Silva
Planejamento
da Capacidade
PLANO DE ESTUDOS
Planejamento da Capacidade
com Base em Previsões de
Demanda
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Explicar como a capacidade produtiva pode ser medida. • Realizar o planejamento da capacidade com base em da-
• Realizar o planejamento da capacidade com base em da- dos de receita e custo.
dos de demanda.
Introdução ao Planejamento
da Capacidade
“
Capacidade é diferente de demanda. As unidades
“o máximo nível de atividade de valor adi- usadas para ambas podem ser as mesmas, mas
cionado em determinado período de tempo, são conceitos diferentes. Por exemplo, pode-se
que o processo pode realizar sob condições afirmar que uma planta possui capacidade de
normais de operação”. fabricar 100 unidades/mês e que sua demanda
média é de 50 unidades/mês.
Preste atenção nesta definição! Veja que, quando
são realizadas horas extras ou terceirizações para
dar conta de picos de demanda, não podemos Observe que a unidade de medida de capaci-
considerar essa produção como parte da capaci- dade está relacionada ou não ao tempo. Por exem-
dade produtiva, isso por que a planta não estará plo, a unidade “número de unidades vendidas por
operando em condições normais. mês” se refere a uma quantidade no tempo de um
Podemos medir a capacidade de duas manei- mês; já a unidade “número de vagas em uma cre-
ras: medir a capacidade dos insumos ou medir a che” não está relacionada com o tempo.
capacidade de volume de produção. O quadro Agora que você já conhece como medir a ca-
a seguir apresenta alguns exemplos de medidas pacidade produtiva, vamos explorar a seguinte
de capacidade. questão: por que precisamos planejar a capaci-
Quadro 1 - Medidas de capacidade de insumos e volume dade de um processo produtivo?
de produção
Medida de
Medida de
Operação capacidade de
capacidade Objetivos do Planejamento
insumos
de volume
de produção
da Capacidade
Número de
Fábrica de Horas-máquina unidades
O valor planejado de capacidade de produção vai
celulares disponíveis vendidas depender de cinco itens: demanda, capacidade
por mês instalada dos equipamentos, disponibilidade de
Número de
Crianças mão de obra, disponibilidade de matéria-prima
Creche educadas e disponibilidade de recursos financeiros.
vagas
por ano
A finalidade do planejamento da capacidade é
Fonte: adaptado de Slack et al. (2009).
obter os melhores resultados de eficiência e eficá-
Para todo tipo de operação, produtora de bem ou cia. Queremos ter bons resultados em termos de
de serviço, pode-se definir sua capacidade produ- eficiência para não deixar os recursos da empre-
tiva. Por exemplo, como pode ser representada a sa ociosos, obtendo, assim, melhor lucratividade
capacidade produtiva de um escritório de advoca- e menores custos. Precisamos ter eficácia para
cia? Em termos de insumos, podemos representar atender a demanda de forma satisfatória; dessa
pelo total de advogados disponíveis; em termos de forma, é preciso planejar a capacidade para evi-
volume de produção, podemos representar pelo tar basicamente duas situações: recursos ociosos
número de processos atendidos no mês. Pense em e recursos sobrecarregados, com problemas no
outros exemplos! atendimento da demanda.
UNIDADE 3 77
Eficiência é a medida que mostra o quão bem uma operação está sendo realizada. Exemplo: uma
cozinheira faz uma mesma receita de bolo gastando menos ingredientes do que uma outra cozinheira;
pode-se afirmar que a primeira cozinheira é mais eficiente.
Eficácia é a medida que mostra o atendimento a um objetivo. Por exemplo, ambas as cozinheiras
podem ter sidos eficazes, caso tenham conseguido preparar um bolo.
78 Planejamento da Capacidade
Por exemplo, uma perfiladeira (uma máquina Políticas de Capacidade
que produz perfis metálicos) pode ter uma ca-
pacidade de projeto de 50 peças/hora. Utilizando O planejamento da capacidade de produção
a capacidade de projeto, nós conseguimos cal- ocorre em três etapas: (i) definição da demanda
cular o índice de utilização, ele é calculado pela a ser atendida; (ii) levantamento das políticas de
seguinte expressão: produção disponíveis; e (iii) seleção da política
de produção a ser implantada. Ainda, vamos
Utilização = quantidade real produzida / apresentar, nos próximos tópicos, duas bases
quantidade possível de se produzir definida para planejar a capacidade: demanda e ponto
pela capacidade de projeto de equilíbrio.
Nosso foco, aqui, são as políticas de produção.
A capacidade efetiva é menor que a capa- Há, basicamente, três opções: política de capa-
cidade de projeto, isso porque ela é o resultado cidade constante; política de acompanhamento
da capacidade de projeto com os descontos das da demanda; política de atuar sobre a demanda;
paradas previstas. No nosso exemplo da per- e políticas mistas.
filadeira, podemos prever que será necessário Na política de capacidade constante, não
realizar a parada da máquina para fazer o abas- há variação da capacidade ao longo do período,
tecimento de material, troca de lotes e manuten- conforme a demanda altera. Um fabricante de
ções; assim, ela irá produzir menos que 50 peças garrafas térmicas pode manter sua capacidade ao
em uma hora. longo do ano sem fazer demissões e contratações
Utilizando a capacidade efetiva, nós conse- para atender uma demanda variável. Assim, nos
guimos calcular a eficiência, que é calculada pela períodos de baixa demanda, o fabricante aprovei-
seguinte expressão: ta a capacidade extra para formar estoques e, nos
períodos de alta demanda, ele utiliza o estoque
Eficiência = quantidade real produzida / acumulado. As vantagens dessa política é que se
quantidade possível de se produzir definida pode reduzir os custos, manter a mão de obra
pela capacidade efetiva contratada, evitar demissões, manter a qualidade
com a mão de obra fixa, desenvolver uma equipe
Com a informação de eficiência, conseguimos de trabalho fixa e melhorar o índice de utiliza-
determinar a capacidade operacional. Ela é a ção. De outro lado, há uma maior necessidade de
capacidade real de uma máquina, equipamento financiar os estoques formados nos períodos de
ou processo. No nosso exemplo da perfiladeira, a baixa demanda.
capacidade efetiva pode ser de 30 peças/hora, de- Na política de acompanhamento da de-
vido às paradas para manutenção, abastecimento manda, procura-se variar a capacidade para
de material e troca de lotes; porém a máquina não responder às variações da demanda. Para alte-
irá produzir 30 peças, visto que haverá paradas rar a capacidade de produção, é preciso alterar
para investigação de falhas de qualidade, falta as horas-máquina e horas-homem disponíveis.
de material e falta de pessoal. A produção pode Pode-se fazer: horas extras; contratação e de-
ser baixa, chegando a 15 peças. Nesse caso, apli- missão de pessoal; contratação de pessoal tem-
cando a equação da eficiência, esta seria de 50% porário; subcontratação; e investimentos em
(Eficiência = 15/30 = 0,5 ou 50%). novas instalações.
UNIDADE 3 79
Caro(a) aluno(a), horas extras podem aumen- Na política de atuar sobre a demanda, a empresa
tar a capacidade da planta industrial, porém, a efi- irá desenvolver ações para aumentar a demanda
ciência e a qualidade podem decair. A contratação nas épocas em que normalmente os recursos ficam
de novos colaboradores irá requerer um período ociosos. Por meio de promoções e campanhas de
de aprendizagem até que eles consigam produzir marketing, o consumo é aumentado nas baixas
na capacidade efetiva. temporadas. Outra forma de alterar a demanda é
Novos empregados também estão mais su- aproveitando a capacidade ociosa para produzir
jeitos a acidentes de trabalho, o que pode oca- outros produtos fora da linha normal da empresa.
sionar paradas e custos. Deve-se considerar que Por fim, muitas empresas adotam políticas mis-
incrementos na capacidade a partir de grandes tas de capacidade. É importante saber quais ob-
investimentos tomam um tempo maior até que a jetivos de desempenho a empresa deseja priorizar,
capacidade desejada seja atingida. Por outro lado, uma vez que ela terá que planejar sua capacidade
como vantagens, o acompanhamento da deman- para atender tais objetivos. Podemos classificar os
da evita a subutilização de máquinas e mão de objetivos de desempenho em três grupos: os qualifi-
obra, reduz o inventário e evita a obsolescência de cadores, os ganhadores de pedidos e os indiferentes.
produtos acabados. Ainda, nessa política, deve-se Os qualificadores são aqueles que, quando
planejar adequadamente investimentos para que atingidos, permitem que a empresa compita no
a capacidade esteja disponível no momento em mercado desejado. Os ganhadores de pedidos são
que houver a demanda. aqueles que podem ser dispensados para partici-
par do mercado, porém, quando atingidos, pro-
porcionam um ganho no número de pedidos. Os
objetivos indiferentes são aqueles que podem ser
dispensados sem prejudicar a atuação da empresa
no mercado pretendido e sem diminuir suas ven-
Ao acompanhar a demanda, o setor de PCP pre- das. Por exemplo, se o mercado em que a empresa
cisa tomar algumas ações relacionadas aos re- atua prioriza o custo, ela deve planejar e desenvol-
cursos do sistema produtivo. Por exemplo, caso ver sua capacidade visando a redução de custos,
a demanda diminua, será preciso realizar demis- criando um sistema de produção em massa. Este
sões e vendas de equipamentos. Caso a deman- seria um objetivo qualificador (é requisito míni-
da aumente, será preciso contratar e comprar mo ter preço baixo para atuar no mercado).
novos equipamentos. Em algumas situações, um Precisamos definir o melhor tipo de sistema de
novo equipamento toma um tempo significativo produção conforme a característica “demanda” em
para entrar em operação. Assim, o PCP deverá termos de quantidade e variedade. Por exemplo,
planejar, com antecedência, muitas vezes, de para a demanda em grande volume e baixa varie-
meses, a aquisição de um novo equipamento. dade, o sistema de produção contínuo/em massa é
Esta dinâmica de mudança da capacidade pro- mais eficaz que os sistemas repetitivos em lotes ou
dutiva é bem explorada no jogo LSSP PCP. Para sob encomenda. No planejamento da capacidade,
baixá-lo, acesse o link http://lssp.deps.ufsc.br// deve-se tomar decisões em algumas áreas relacio-
index_arquivos/LSSP_PCP.htm nadas à produção, que garantirão o atendimento
Fonte: adaptado de LSSP ([2019], on-line)1. aos objetivos de desempenho. O quadro a seguir
apresenta algumas dessas áreas.
80 Planejamento da Capacidade
Quadro 3 - Áreas de decisão no planejamento da capacidade
Para planejar a instalação de uma nova operação, não desperdiça nenhuma parte do seu tempo com
o que implicará na instalação de uma capacidade paradas, podemos dizer que sua eficiência é de
produtiva, será preciso responder a estas e ou- 100%. Nesta situação, caso haja uma demanda de
tras perguntas relacionadas. Observe que elas 120 formulários para serem preenchidos em uma
estão relacionadas a diversas áreas e, dentre elas, hora de trabalho, é fácil chegar à conclusão que
temos aquelas que dizem respeito aos recursos seriam necessárias duas pessoas igual a você para
de uma empresa, como máquinas e mão de obra dar conta do trabalho (cada uma preencheria 60
necessária. Uma decisão muito importante para formulários dentro de uma hora). Para fazer esse
os recursos é determinar a quantidade necessária cálculo, utilizamos a seguinte equação.
conforme os tempos de processamento de cada
produto. Para isso, utilizamos uma equação clás-
sica. Vejamos a seguir.
Em que:
Equação Clássica • M: total de unidades do recurso necessá-
para Determinação da rias, sejam máquinas ou pessoas.
Quantidade de Recursos • T: tempo de processamento de uma uni-
dade no recurso.
A quantidade necessária de um recurso (seja mão • D: demanda total de unidades a serem pro-
de obra ou equipamentos) para atender uma de- cessadas no recurso.
manda dependerá dos seguintes fatores: tempo de • E: eficiência do recurso.
processamento do produto no recurso; demanda
do produto no recurso; e eficiência do recurso. A parte que multiplica 60 por 8 significa que, no
Por exemplo, considere você como um recurso cálculo, está sendo considerada uma jornada de
que preenche formulários e que, em média, gasta trabalho de 8 horas por dia. Caso a jornada seja
1 minuto para preencher cada formulário. Con- outra, é preciso fazer um ajuste. Vamos entender
siderando que você trabalha com total afinco e a aplicação da equação com um exemplo.
UNIDADE 3 81
A Indústria Aço Duro (fictícia) produz a fa- Além de calcular a quantidade de recursos,
mília de pinos “Alfa”. Para realizar a produção, o outra atividade relacionada ao planejamento da
material é processado em três operações e em três capacidade é fazer a sua localização geográfica.
máquinas distintas. Deseja-se calcular a quanti-
dade necessária de máquinas para atender uma
demanda prevista de 3800 unidades/dia. O turno Localização da Capacidade
de trabalho é de 8 horas por dia; a eficiência das
máquinas é de 90% e os tempos de processamento A localização de uma planta industrial vai de-
são dados pelo quadro a seguir. pender de uma série de fatores, tais como preço
do terreno, custo do metro quadrado para cons-
Quadro 4 - Dados de tempo de processamento em cada
recurso trução, disponibilidade de mão de obra para tra-
balhar na nova planta, incentivos locais, proxi-
Operação Máquina Duração (min)
midade com fornecedores, proximidade com o
O1 M1 0,50
mercado consumidor etc. Assim, pode surgir a
O2 M2 1 seguinte questão: de posse de diversas alternativas
O3 M3 0,20 para localizar uma planta industrial, qual esco-
Fonte: o autor.
lher? Para responder, podemos utilizar algumas
técnicas que tentam quantificar o desempenho de
Aplicando a equação para cada máquina, temos cada alternativa. Vejamos a técnica de localização
os seguintes resultados. denominada pontuação ponderada. Ela é aplicada
em 5 passos:
Máquina 1: • 1º passo: listar localizações candidatas.
• 2º passo: encontrar critérios.
• 3º passo: definir peso para cada critério.
• 4º passo: avaliar o desempenho de cada
localização em cada critério.
Máquina 2: • 5º passo: identificar localização com maior
pontuação (considerar nota e peso do cri-
tério).
82 Planejamento da Capacidade
• (M) Custo da mão de obra local.
• (P) Proximidade de portos.
• (I) Incentivo do governo local com o terreno.
• (MP) Proximidade com a matéria-prima principal.
Cada critério possui uma importância em pontos que varia de 1 a 4, conforme segue:
• (M) Custo da mão de obra local - 3
• (P) Proximidade de portos - 2
• (I) Incentivo do governo local com o terreno - 1
• (MP) Proximidade com a matéria-prima principal - 4
Cada localização possui um desempenho nos quatro critérios que é quantificado por pontos que variam
de 0 a 100. O Quadro 5 mostra o desempenho de cada localização conforme o critério.
Quadro 5 - Desempenho de cada localização nos critérios de seleção
Fonte: o autor.
De posse destes dados, multiplicamos o valor de peso de cada critério pela respectiva nota naquele
critério, para cada localização. O Quadro 6 apresenta os resultados:
Quadro 6 - Pontuação de cada localização ponderada pelo seu peso
Fonte: o autor.
Observe que foram ponderadas as pontuações de cada localização pelo peso de cada critério; assim,
por exemplo, temos o critério (M) com peso de 3. A localização “A” tinha pontuação de 50 pontos
nesse critério. Fazendo a ponderação, temos 3 x 50 = 150, esta é a pontuação final da localização “A”
neste critério. Por fim, somamos a pontuação final de cada critério para cada localização, chegando à
pontuação total. Concluímos que a localização “B” possui a maior pontuação total, com 660 pontos;
esta seria, então, a localização escolhida, depois dela, temos a localização “A” e, em seguida, a “C”.
UNIDADE 3 83
Planejamento da
Capacidade com Base
em Previsões de Demanda
84 Planejamento da Capacidade
racional é a capacidade real de um recurso, total de três recursos, e nosso objetivo é planejar
ou seja, é o quanto uma máquina/pessoa/ a capacidade desta nova unidade de lava rápido
posto de trabalho consegue produzir em e determinar quantas unidades de cada recurso
certo período de tempo, considerando as este novo lava rápido terá. Vejamos a aplicação
paradas para manutenção, inspeção de de cada passo.
qualidade, troca de ferramentas, falta de 1º passo - Realizar a previsão de demanda: a
material etc. Neste passo, vamos calcular rede de lava rápido fez um estudo de demanda e
a necessidade de capacidade operacional, identificou que, no mês, terá uma demanda má-
em tempo (geralmente em minutos), as- xima de 2.500 veículos.
sumindo que o total de capacidade será 2º passo - Assumir que a previsão de demanda
igual ao valor da demanda. será igual à capacidade operacional necessária e
3. Estimar ou calcular a utilização (U) e converter a demanda para tempo de processa-
eficiência (E) de cada recurso. É preci- mento. Como a previsão de demanda é de 2.500
so determinar o valor destes índices, seja veículos/mês, temos que a capacidade operacio-
com base em dados históricos da empresa nal necessária será de 2.500 unidades/mês. Para
ou em estimativas de outras empresas do converter esta demanda em termos de quantidade
setor. para demanda em termos de tempo de proces-
4. Calcular a capacidade projetada. Para samento, precisamos saber quanto tempo cada
tanto, utilizamos a equação: veículo gasta para ser processado em cada recurso.
Capacidade projetada = Demanda / (U x A empresa sabe que um veículo nos recursos
E). O valor da demanda é aquele calculado LE e LI demora 10 minutos para ser processado
para a demanda em termos de tempo de e um veículo no recurso SF demora 12 minutos.
processamento e não em termos de uni- Agora, basta multiplicar a demanda pelo tempo
dades. de processamento para encontrar o valor da de-
manda convertido em tempo de processamento.
Vamos entender a aplicação desses quatro passos Fazendo os cálculos temos:
com um exemplo. • Recurso LE = 2.500 x 10 = 25.000 minutos.
Considere o caso de uma rede de lava rápido • Recurso LI = 2.500 x 10 = 25.000 minutos.
que quer instalar uma nova unidade. Sua estra- • Recurso SF = 2.500 x 12 = 30.000 minutos.
tégia é ter o serviço mais barato da cidade, de tal
forma a lavar milhares de veículos no mês. A em- 3º passo - Estimar ou calcular a utilização (U)
presa investe em propaganda, códigos de desconto e eficiência (E) de cada recurso. A rede de lava
e padronização de operações, de tal maneira que rápido sabe, por dados históricos, que cada LE
processa diversos veículos no dia. Assim, ela ne- consegue lavar 1 carro em 10 minutos em seu
cessita calcular o total de funcionários para a sua posto de trabalho; porém, em cada posto de tra-
nova unidade. Seu processo de produção é com- balho, é necessário tempo para repor materiais,
posto pelos seguintes postos de trabalho: lavador tais como os produtos químicos utilizados na
externo (LE); lavador interno (LI); e secador e lavagem e também necessita de tempo para se
finalizador (SF). preparar para o trabalho, além de paradas para
Cada posto representa um trabalhador que descanso e atendimento de necessidades fisioló-
faz a sua respectiva atividade, ou seja, temos um gicas. Dessa forma, para o posto LE, em 10 mi-
UNIDADE 3 85
nutos, considerando essas paradas, seria possível
lavar apenas 0,8 carro, ou seja, seria possível lavar
parte do veículo. Assim, a utilização deste recurso
é igual a 80%. Em relação à eficiência, como será
uma nova unidade de lava rápido com trabalha-
dores ainda inexperientes, a eficiência é estimada
em 60%. Fazendo este mesmo tipo de análise para
os demais recursos, temos os seguintes valores
de utilização e eficiência: LI: utilização = 80%
e eficiência igual a 60%; SF: utilização = 70% e
eficiência igual a 60%.
4º passo – Calcular a capacidade projetada.
Vamos calcular a capacidade projetada para cada
recurso, utilizando a equação apresentada.
• Recurso LE: Capacidade projetada = De-
manda / (U x E) = 25.000/(0,8 x 0,6) =
52.084 minutos.
• Recurso LI: Capacidade projetada = De-
manda / (U x E) = 25.000/(0,8 x 0,6) =
52.084 minutos.
• Recurso SF: Capacidade projetada = De-
manda / (U x E) = 30.000/(0,7 x 0,6) ≈
71.429 minutos.
86 Planejamento da Capacidade
Planejamento da
Capacidade com Base
na Análise do Ponto de
Equilíbrio
UNIDADE 3 87
O sucesso do negócio poderá ser medido pelo Como vimos, o ponto de equilíbrio é a situação em
lucro proporcionado. Este é igual à diferença en- que o total de receita se iguala ao custo total. Pode-
tre a receita obtida com as vendas e os custos e mos escrever esta situação em termos matemáticos
despesas totais. Observe que se o negócio possui e, a partir da equação obtida, encontrar a quantidade
mais custos e despesas do que receita, não haverá de vendas do ponto de equilíbrio. Vejamos como fica:
lucro, mas sim prejuízo; portanto, é interessante,
ao planejar a capacidade de produção, considerar Receita = Custo total
os custos totais e o mínimo de vendas que será ne- R = Qv x P = CT = CF+ (Qv x Cunit)
cessário para que o negócio comece a gerar lucro. Qv x P = CF+ (Qv x Cunit)
Veja que o total de vendas está ligado à capa- (Qv x P) – (Qv x Cunit) = CF
cidade produtiva: só se pode vender aquilo que se Qv (P – Cunit) = CF
tem capacidade para produzir. Assim, podemos Qv = CF / (P-Cunit)
fazer o planejamento da capacidade baseado no
ponto de equilíbrio, que nada mais é que a quan- Perceba que a quantidade necessária de vendas para
tidade ou o tempo necessário para que as receitas que a receita se iguale ao custo total dependerá do
superem os custos totais. custo fixo, do preço de venda e do custo unitário. Ve-
A receita é dada pela multiplicação da quanti- jamos a aplicação deste conceito com um exemplo.
dade vendida de um item pelo seu preço de venda. Um empresário deseja abrir uma fábrica de
Em termos matemáticos, temos: camisetas; foram levantados os custos fixos para
iniciar a operação:
R = Qv x P • Compra de equipamentos: R$ 8.000.
• Custo para treinar seus funcionários: R$
Em que: 200.
• R: receita. • Custo com aluguel: R$ 1.000.
• Qv: quantidade vendida.
• P: preço de venda do item em questão. O custo variável para produzir uma camiseta é
composto pelo custo com a compra do tecido, ho-
O custo total é dado pela soma entre o custo fixo ra-homem de trabalho para a produção, custo de
e o custo variável. O custo variável é dado pela embalagem, custo com tinta e demais insumos que
multiplicação entre a quantidade produzida e ven- são utilizados na camiseta. Considerando estes com-
dida e o custo unitário variável. Matematicamente, ponentes, o custo variável total é igual a R$ 8,70 por
podemos representar estes itens por: camiseta. O preço de venda de cada camiseta é de
R$ 25,00. De posse desses dados, podemos calcular
CT = CF + CV = CF + (Qv x Cunit) a quantidade a ser vendida do ponto de equilíbrio:
88 Planejamento da Capacidade
Custo fixo Custo Variável Custo total Receita
20000
18000
16000
14000
10000
8000
6000
4000
2000
0
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
300
340
420
460
520
540
580
600
620
700
320
360
380
400
440
480
500
560
640
660
680
20
40
60
80
Quantidade
Figura 1 - Evolução da receita e custo total em função da quantidade vendida
Fonte: o autor.
Observe, no gráfico, que a linha do custo fixo se da capacidade pode ser auxiliado pela teoria apli-
mantém em um valor constante à medida que a cada aos elementos do processo decisório. Veja a
quantidade vendida aumenta; já a linha do custo pílula de aprendizagem para saber mais.
variável apresenta valores crescentes, à medida
que a quantidade vendida aumenta. Em conse-
quência disso, a linha do custo total também é
crescente; a linha da receita aumenta, desde zero,
Tenha sua dose extra de
à medida que a quantidade vendida aumenta. conhecimento assistindo ao
Observe que a linha da receita cruza a linha do vídeo. Para acessar, use seu
custo total exatamente no ponto de equilíbrio que leitor de QR Code.
corresponde à quantidade de 564 unidades.
Com base nessa informação, podemos con-
cluir que a fábrica de camisetas estampadas deverá Finalizamos, aqui, nosso estudo sobre capacidade
ter, no mínimo, uma capacidade de cerca de 570 produtiva. Agora, você já está apto a descrever me-
camisetas/mês. Com base neste dado, pode-se didas de capacidade de produção, seja em termos
fazer as seguintes análises: o total investido em de unidades produzidas dentro de um período
equipamentos e mão de obra são suficientes para de tempo, horas-máquina ou horas-homem dis-
produzir uma quantidade de camisetas acima de poníveis, número de profissionais disponíveis,
570 unidades? O marketing da empresa será capaz dentre outros. Você também pode estabelecer a
de vender mais de 570 unidades? O almoxarifa- necessidade de compra de máquinas e contra-
do da empresa terá espaço para armazenar uma tação de empregados utilizando o planejamento
quantidade suficiente de matéria-prima e insu- da capacidade com base na demanda. Por meio
mos para a produção? Essas análises serão úteis do planejamento baseado no ponto de equilíbrio,
para que o empresário tenha sucesso no negócio você pode avaliar qual a quantidade que deve ser
e evite realizar um investimento sem retorno. vendida para que um negócio comece a ter lucro e,
Além das técnicas de previsão com base na consequentemente, poderá planejar a capacidade
demanda e no ponto de equilíbrio, o planejamento necessária para se obter o ponto de equilíbrio.
UNIDADE 3 89
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
2. Uma máquina pode produzir até 500 peças por hora, segundo seu fabricante.
Sobre ela, é correto afirmar:
a) 500 peças por hora é a capacidade efetiva da máquina.
b) Para saber a capacidade operacional da máquina, é preciso multiplicar 500
pela utilização da máquina.
c) Para saber a capacidade operacional da máquina, é preciso multiplicar 500 pela
utilização da máquina e pela eficiência.
d) Para saber a capacidade efetiva da máquina, é preciso multiplicar 500 pela
eficiência da máquina.
e) 500 peças por hora é a capacidade operacional da máquina.
90
3. Um empresário adquiriu uma máquina de sorvete italiano com capacidade
operacional de 100 sorvetes por dia. Foi feito o cálculo do ponto de equilíbrio
das vendas de sorvete e obteve-se o valor de 700 unidades. Caso o empresário
consiga vender todos os sorvetes que consegue produzir, quantos dias a má-
quina precisa trabalhar para pagar todos os custos?
a) 4 dias.
b) 7 dias.
c) 10 dias.
d) 12 dias.
e) 15 dias.
91
LIVRO
Administração da Produção
Autor: Nigel Slack; Alistair Brandon-Jonses; Robert Johnston
Editora: Atlas
Sinopse: estratégica e conceitual, esta obra chega à sua 8ª edição (alinhada à
edição inglesa), com o propósito de oferecer ao leitor um caminho lógico por
meio das atividades envolvidas pela administração da produção, sempre levando
em conta a importância de se obter vantagem competitiva. A administração da
produção é de suma importância, por ser responsável pela criação de todos os
produtos e serviços dos quais dependemos hoje. Por isso, o objetivo dos autores,
ao escreverem esta obra, é proporcionar um entendimento abrangente tanto
dos problemas quanto das técnicas que envolvem a área, ajudando, assim, os
leitores a terem não apenas sucesso acadêmico, mas também em sua capacita-
ção para entenderem e aplicarem a administração da produção como um todo.
Para esta nova edição, os autores incluíram diversos aspectos da sustentabilidade
e responsabilidade social corporativa, além de novos casos de “Operações na
Prática”. Houve destaque para o relacionamento entre inovação, criatividade e
projeto dentro da organização. Temas como crowdsourcing, gestão de ideias,
ecossistemas de negócios, layout de escritório, entre tantos outros, também
ganharam espaço nesta edição. Livro-texto para a disciplina Administração da
Produção dos cursos de Administração e Engenharia da Produção. Em virtude
de sua abrangência, é recomendado para as disciplinas de Planejamento e
Controle da Produção, Estratégia de Manufatura e Administração de Materiais.
Comentário: nesse livro, você encontrará exemplos de planejamento da capa-
cidade para bens e serviços.
92
WEB
WEB
93
LUSTOSA, L. et al. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2008.
REFERÊNCIA ON-LINE
94
1. E.
2. C.
95
96
Me. Maílson José da Silva
Planejamento Agregado
e Planejamento Mestre
da Produção
PLANO DE ESTUDOS
Planejamento Agregado
da Produção
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Mostrar como é feito o planejamento a médio prazo da • Realizar o planejamento agregado da produção.
produção. • Realizar o planejamento mestre da produção.
Dinâmica do Planejamento
a Médio Prazo
Dinâmica Geral do
Planejamento da Produção
- Estudo da demanda
- Localização da capa-
cidade produtiva
LONGO - Aquisição de recursos
PRAZO - Política de produção
Plano de produção
Existe Não
capacidade?
Sim
MÉDIO
PRAZO Plano Mestre da
Produção (PMP)
Existe Não
capacidade?
Sim
Programação
detalhada da
produção
Sim
Produzir e entregar
O planejamento de longo prazo é aquele que abrange alguns anos à frente, podendo cobrir de 2 a
5 anos. Nele, as principais questões estão relacionadas à aquisição/construção de novas instalações
produtivas (ou a venda de instalações existentes), mudança no mix de produtos, ampliação de espa-
ços para armazenagem, mudanças nas políticas de produção, aquisição de novas tecnologias etc. Os
UNIDADE 4 99
assuntos a longo prazo são mais estratégicos, ou lise é chamada de Rough Cut Capacity Planning
seja, pensa-se muito em como a empresa deverá (RCCP), ou Planejamento da Capacidade Bruta.
agir, considerando seu contexto de mercado, para A análise verifica o carregamento de cada re-
obter sucesso. curso. Caso o carregamento não ultrapasse o li-
Os resultados do planejamento a longo prazo mite de capacidade de cada recurso, então o PMP
serão as entradas do planejamento a médio prazo, é considerado aprovado e segue para a outra fase
também conhecido como planejamento agregado. de planejamento. Caso a capacidade existente não
Neste planejamento, será gerado o plano de pro- seja suficiente, o PMP deverá ser refeito ou, até
dução (PP), que abrange o horizonte de tempo de mesmo, o PP deverá ser reelaborado.
meses, geralmente de um ano ou de um semestre.
Ele é feito para cada mês e define as famílias de
produtos, a quantidade de cada família que será
produzida ao longo do tempo, os níveis de esto-
que, os custos (armazenagem, eventuais vendas Caso o planejamento de longo prazo tenha sido
perdidas, mão de obra), os níveis de horas extras adequadamente feito, espera-se que existirá ca-
e subcontratações. pacidade suficiente de produção. Isso significa
Após elaborado o plano de produção, este deve que os planejamentos de médio e curto prazo
ser analisado sob o ponto de vista da capacidade não terão problemas com capacidade de produ-
de produção, ou seja, deve-se analisar se o que se ção; porém, na prática, diversas variáveis podem
pretende produzir será possível de ser realizado se alterar e de forma rápida. Por exemplo, alte-
com a capacidade de produção existente, definida rações na demanda são muito comuns, assim,
no planejamento de longo prazo de capacidade de reforçamos a necessidade de replanejamento
produção. Caso não seja exequível, deve-se tomar nas atividades do PCP.
uma das duas medidas: refazer o plano de pro-
dução ou refazer o planejamento de longo prazo.
Depois da aprovação do plano de produção, Com o PMP aprovado, parte-se para o planeja-
segue-se para o planejamento tático da produção, mento de curto prazo. Este gera a programação
em que é gerado o Plano Mestre da Produção da produção que, por sua vez, detalha a produção
(PMP). Este plano irá desagregar a demanda de de cada item: o que será produzido, hora inicial
cada família, planejada no PP, e irá definir as quan- e hora final de produção, sequência na fila de
tidades de cada item que serão produzidas em produção em um recurso etc. Novamente, existe
cada período de tempo (inferior ao período de uma verificação de capacidade. Neste caso, a ve-
tempo usado no PP). Este período, geralmente, rificação é mais exata, pois considerará o tempo
é a semana. total para processamento de cada lote em cada
O PMP definirá as quantidades a serem pro- recurso e também o tempo gasto com troca de
duzidas, com base na previsão de demanda, nos ferramentas (setup). Caso a programação não seja
pedidos em carteira e nos níveis de estoque. Após exequível, possivelmente será preciso reprogra-
elaborado, o PMP passa por uma nova análise de mar alguns pedidos ou reelaborar o PMP.
capacidade de produção. Esta análise verificará, Agora que você já conhece a dinâmica do pla-
com mais exatidão, se os recursos disponíveis são nejamento da produção, vamos detalhar os dois
suficientes para atender ao planejamento. Esta aná- planejamentos que vimos: agregado e mestre.
UNIDADE 4 101
em caixa para honrar com seus compromissos e mentos, implicando em um resultado final ruim.
que o nível de empréstimos seja o menor possível, Para resolver esse problema, pode-se utilizar o
e querem que os investimentos tenham boas taxas Plano de Produção, que é um documento que
de retorno. Funcionários do setor de Compras fornece as principais informações relacionadas à
querem realizar compras com custos mais bai- produção de interesse de vários setores. Com ele,
xos, o que implica em fazer parcerias com forne- pode-se decidir qual o melhor rumo a tomar na
cedores mediante uma previsão de compras. Os produção, atendendo, da melhor forma, a todos os
gerentes de produção e líderes buscam sempre a setores interessados. O PP irá suavizar os impactos
melhor eficiência, fazendo bom uso das máquinas de mudanças demandadas por cada setor.
e pessoal disponível para o trabalho. Dada a importância do Planejamento Agrega-
Estes são apenas alguns dos setores/das áreas do e seu Plano de Produção, daremos um exemplo
presentes em um sistema de produção. Obser- para explicar como elaborá-lo.
ve que cada um deles possui objetivos que nem
sempre são compatíveis. Por exemplo, se a inten-
ção for atender todos os clientes com o mesmo Elaboração do Plano
nível de pontualidade, pode ser que haverá ne- de Produção
cessidade de contratação de funcionários. Esta
contratação poderá elevar os custos, caso a mão Nosso exemplo é de uma fábrica que produz nove
de obra seja subutilizada. Para atender pedidos produtos diferentes, no sistema Make-to-Stock
com pontualidade, talvez será preciso aumentar (MTS). O setor de PCP precisa apresentar, em
os níveis de estoques, tanto de produtos acabados uma reunião, a necessidade de mão de obra e os
como de matéria-prima. Novamente, temos uma custos relacionados à produção para o próximo
elevação nos custos. semestre, começando em janeiro. Como isso pode
Conciliar e comunicar as demandas de cada ser feito? Por meio do Plano de Produção. Assim,
setor pode ser uma tarefa difícil de ser realizada. seguindo a metodologia de elaboração do PP, os
Muitas empresas não fazem isso adequadamente, nove produtos foram agregados em três famílias
o que gera diversas ineficiências e descontenta- diferentes, denominadas famílias A, B e C.
Após o atentado de 11 de setembro, o planejamento da Walmart percebeu que a demanda por bandei-
ras dos Estados Unidos estava aumentando, isso fez com que a empresa estabelecesse contratos de
fornecimento com fabricantes de bandeiras, de tal forma a atender satisfatoriamente a nova demanda.
Passado algum tempo, o planejamento da Walmart identificou que a demanda por bandeiras estava
começando a diminuir; era hora de finalizar os contratos de fornecimento. Seus concorrentes não
identificaram isso e, então, compraram as bandeiras dos antigos fornecedores da Walmart, o que fez
com que fossem formados altos estoques de produtos que não foram vendidos. A Walmart conseguiu
esse resultado graças ao Plano de Vendas e Operações – também conhecido como Plano de Produção.
Fonte: adaptado de Implement Consulting Group (2013, on-line)1.
Família “A”
Família “B”
Família “C”
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 103
Quadro 2 - Modelo do arquivo de Plano de Produção
Observe que o modelo de PP está adaptado para a quantidade de seis períodos de planejamento, que
pode ser diminuída ou aumentada, conforme necessidade.
Vamos, agora, apresentar o preenchimento do PP para cada tipo de estratégia de produção. Utili-
zaremos os dados de entrada do PP apresentados e também a previsão de demanda apresentada no
Quadro 1.
A elaboração do PP será feita por meio de planilhas. É importante que você tenha conhecimentos
básicos no uso de planilhas para entender os cálculos. Cada cálculo pode ser visualizado pelas
fórmulas das planilhas. Disponibilizamos, no link a seguir, as planilhas utilizadas na elaboração do
PP para cada estratégia. https://docs.google.com/spreadsheets/d/1WgHrE2RDakGxbmZVTii4tCmj-
VX7aYPZXN8bVSihGnFM/edit?usp=sharing.
O princípio desta estratégia é o de produzir apenas o que vai ser demandado. Para tanto, deve-se fazer
contratações, demissões, utilização de horas extras e subcontratar conforme necessidade. Ao final de
cada mês, a ideia é deixar o estoque zerado, porém, sem permitir falta de itens para atender a demanda.
Neste exemplo, vamos tomar a seguinte decisão: apenas contratar e demitir, quando necessário, até obter
o número suficiente de trabalhadores para atender a demanda do mês. Veja o PP obtido no Quadro 3.
Quadro 3 - PP baseado na contratação e demissão de funcionários para atender a demanda do período sem formação de estoques
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 105
Vamos explicar o cálculo feito para os dois primei- os custos de contratação (12.000), demissão (0),
ros meses, acompanhe a explicação utilizando o mão de obra (51300), armazenagem (0) e faltas (0),
Quadro 3. No mês de janeiro, existem 20 dias úteis o custo total no mês de fevereiro será de R$ 63.300.
de trabalho; como a produtividade de cada tra- Esta lógica é seguida para os demais períodos,
balhador é de 50 unidades/dia, é totalizado 1.000 resultando em um custo total, para o primeiro
unidades/trabalhador/mês (50*20=1000). A de- semestre, de R$ 371.400. Este PP pode ser apresen-
manda do mês é de 15.000 unidades, porém, con- tado em reunião com representantes de diferentes
forme informado, existem em estoque 5.000 uni- setores, para verificar se ele é vantajoso. Observe
dades e, portanto, a necessidade de produção do que a prática de contratar e demitir funcionários
mês é de 10.000 unidades (15.000-5.000=10.000). constantemente pode ser prejudicial, tendo em
Para atender essa demanda, serão necessários vista que isso desmotiva e amedronta os traba-
10 trabalhadores (10.000/1.000=10). No começo lhadores, dentre outros prejuízos.
do planejamento, conforme informado, existem 20
trabalhadores, portanto, é preciso demitir 10 com
um custo total de R$ 30.0000 (10x3.000=30.000).
Serão utilizados 10 trabalhadores para produ-
zir as 10.000 unidades demandadas, o que re- Outras formas de elaborar o PP utilizando a es-
sulta em custo de R$ 30.000 com mão de obra tratégia apresentada são possíveis, desde que
(10x150x20=30.000). Como tudo que será produ- mantenha o princípio de acompanhar a demanda
zido vai ser consumido pela demanda, o custo com sem a formação de estoques. Poderia, por exem-
armazenagem será sempre igual a zero. Somando plo, ser elaborado um PP sem fazer demissões e,
os custos de contratação (0), demissão (30.000), quando necessário, subcontratando a produção
mão de obra (30.000), armazenagem (0) e faltas (0), ou realizando horas extras nos períodos de au-
o custo total no mês de janeiro será de R$ 60.000. mento de demanda.
Para o mês seguinte, fevereiro, existem 19 dias de
trabalho. Como a produtividade de cada trabalha-
dor é de 50 unidades/dia, é totalizado 950 unidades/ Estratégia 2: PP elaborado
trabalhador/mês (50*19=950). A demanda do mês para manter força de trabalho
é de 17.000 unidades. Para atender essa demanda, constante
serão necessários 18 trabalhadores (17.000/950=18,
arredondando para o próximo número inteiro). O princípio desta estratégia é o de calcular a melhor
No começo de fevereiro, existem 10 traba- quantidade de mão de obra para atender à deman-
lhadores, pois o período anterior finaliza com da do período e manter esta quantidade durante
esse número. Portanto, é preciso contratar 8 tra- todo o período de planejamento; para tanto, de-
balhadores com um custo total de R$ 12.0000. ve-se fazer contratações ou demissões, apenas no
(8x1500=12000). Serão utilizados 18 trabalhadores início. Ao final de cada mês, a ideia é deixar estoque
para produzir as 17.000 unidades necessárias, o que para atender os períodos de alta demanda e, caso
resulta em custo de R$ 51.300 com mão de obra ocorram, permitir faltas, ou seja, não entregar tudo
(18x150x19=51300). Como tudo que será produ- o que for demandado. Para calcular a quantidade de
zido vai ser consumido pela demanda, o custo com trabalhadores necessárias para atender à demanda,
armazenagem será sempre igual a zero. Somando como sugestão, pode-se utilizar a seguinte equação:
Para o nosso exemplo, o somatório da demanda é igual a 106.000 e o somatório da produção por
trabalhador entre os meses de janeiro e junho é igual a 6.200. Portanto, temos:
Com base nessa quantidade de trabalhadores fixos, vamos determinar o PP. Veja o resultado
obtido no Quadro 4. Observe que a quantidade produzida em cada mês não foi, necessariamente,
igual à capacidade máxima de produção de cada mês. Em alguns meses, foram produzidas menos
quantidades do que a capacidade máxima, para evitar a formação de grandes estoques.
Quadro 4 - PP baseado na manutenção da mão de obra constante permitindo faltas
UNIDADE 4 107
Família: A Períodos de planejamento
Períodos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Total
Estoque final 0 500 1.300 1.100 0 3.000 5.900
Custo de R$ R$ R$ R$ R$
R$ 0,00 R$ 0,00
armazenagem 2.500,00 6.500,00 5.500,00 15.000,00 29.500,00
Custo de falta R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Custo total
60.000,00 53.800,00 65.900,00 64.900,00 56.700,00 69.000,00 370.300,00
Fonte: o autor.
No mês de janeiro, existem 20 dias úteis de tra- meiro semestre, de R$ 370.300. Observe que
balho. Como a produtividade de cada traba- esta estratégia formou estoques nos meses de
lhador é de 50 unidades/dia, é totalizado 1.000 fevereiro e março, que foram sendo consumidos
unidades/trabalhador/mês (50*20=1000). A nos meses de abril e junho.
demanda do mês é de 15.000 unidades. Cal-
culamos, anteriormente, que serão necessários
18 trabalhadores durante todo o período de
planejamento. No começo do planejamento,
conforme informado, existem 20 trabalhadores, Outras formas de elaborar o PP utilizando a es-
portanto, é preciso demitir dois com um custo tratégia apresentada são possíveis, desde que se
total de R$ 6.000. (2x3000=6000). mantenha o princípio de manter a quantidade
Estes 18 trabalhadores teriam capacidade de de mão de obra constante. Poderia, por exem-
produzir 18.000 unidades (18x1.000=18.000), plo, utilizar 15 trabalhadores no lugar de 18. O
porém, como a demanda é de 15.000 e inicia- planejador deve determinar em que meses se-
-se o mês com um estoque de 5.000, optamos rão formados estoques e em que meses serão
por produzir apenas a quantidade necessá- aceitas faltas.
ria para atender à demanda do mês, ou seja,
10.000 unidades. Estes trabalhadores represen-
tam um custo de R$ 54.000 com mão de obra
(18x150x20=54.000). O estoque final do mês Estratégia 3: PP elaborado para
de janeiro será igual à quantidade produzida utilizar horas extras
(10.000), mais a quantidade inicial em estoque
(5.000), menos o consumo da demanda (15.000), O princípio desta estratégia é o de manter a me-
resultando em 0 unidades. Este estoque terá um nor quantidade de trabalhadores constante ao
custo igual a 0. Somando os custos de contrata- longo do período de planejamento. Nos meses
ção (0), demissão (6.000), mão de obra (54.000), em que a demanda for maior que a capacidade
armazenagem (0) e faltas (0), o custo total no de produção, realiza-se horas extras. No item
mês de janeiro será de R$ 60.000. anterior, trabalhamos com um número de 18
Esta lógica é seguida para os demais perío- trabalhadores. Vamos reduzir, aqui, para 16. Veja
dos, resultando em um custo total, para o pri- o resultado obtido no Quadro 5.
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 109
Observe que surgiram duas novas linhas referentes à quantidade de unidades produzidas em horas
extras e o seu custo. A produção de itens utilizando horas extras é feita no mês de maio. Até este mês,
o estoque formado no mês de janeiro é consumido aos poucos. Observe que, em todos os meses, a
produção foi igual à capacidade de cada mês. Nessa estratégia, o custo total, para o primeiro semestre,
foi de R$ 454.400,00.
Outras formas de elaborar o PP utilizando a estratégia apresentada são possíveis, desde que se
mantenha o princípio de manter a quantidade de mão de obra constante, de preferência a menor
quantidade, e utilizar horas extras para cobrir a demanda em meses em que a capacidade com mão
de obra em horas normais não cobriria a demanda.
UNIDADE 4 111
Análise da Capacidade Produtiva
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
Podemos verificar, por exemplo, que o item 2 da família “A” possui uma demanda que representa 40%
do total da demanda da família “A”. Com estes dados, podemos calcular o FGUR para cada família de
cada recurso. O cálculo é feito multiplicando-se o tempo de processamento de cada item pelo seu peso
e somando-se os resultados para cada recurso. Veja o resumo dos cálculos no Quadro 9.
Quadro 9 - Cálculo dos fatores globais de utilização de recursos para as famílias “A”, “B” e “C”.
Fonte: o autor.
Vamos detalhar o cálculo que foi feito para o fator da família A no recurso X:
UNIDADE 4 113
Agora, com o FGUR de cada família para cada recurso, podemos calcular o número de horas ne-
cessárias em cada recurso ou centro de trabalho. Basta multiplicar os valores do plano agregado de
cada família pelo FGUR de cada recurso. Veja os resultados no Quadro 10.
Quadro 10 - Cálculo do número de horas necessárias em cada centro de trabalho
Centro de trabalho Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Horas necessárias
X 24.900 26.375 25.604 25.614 24.347 23.960
Y 42.800 41.025 39.898 37.638 36.439 36.160
Z 29.250 32.475 32.262 32.112 30.591 29.970
Fonte: o autor.
Vamos detalhar o cálculo das horas necessárias no centro de trabalho X para o mês de janeiro. Ele é dado
pelo somatório do produto entre o plano de produção de cada família pelo seu FGUR. Temos, portanto:
Agora, temos dados suficientes para calcular a utilização de cada recurso. Sabemos que existem
40.800 horas de trabalho disponíveis em cada um deles; basta dividir o total de horas necessárias em
cada mês por 40.800 para encontrar a utilização. O Quadro 11 apresenta os resultados.
Quadro 11 - Cálculo da utilização em cada centro de trabalho
Centro de trabalho Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Horas necessárias
X 61,03% 64,64% 62,75% 62,78% 59,67% 58,73%
Y 104,90% 100,55% 97,79% 92,25% 89,31% 88,63%
Z 71,69% 79,60% 79,07% 78,71% 74,98% 73,46%
Fonte: o autor.
Podemos verificar que a utilização para o recurso seguir adiante com o planejamento da próxima
X não apresenta sobrecarga em nenhum mês de etapa, que é o planejamento mestre da produção.
planejamento; já para o recurso Y, há sobrecarga
nos meses de janeiro e fevereiro. A partir dessa
análise, pode-se tomar algumas decisões, como
terceirizar a produção nos meses de janeiro e
fevereiro, aceitar faltas ou aumentar o número Conforme ilustramos no começo da unidade, a
de turnos. Caso a sobrecarga fosse no final do dinâmica do planejamento é a de fazer um plano
período de planejamento, poder-se-ia pensar em e avaliar a capacidade produtiva para atendê-
adquirir mais equipamentos, aumentando a quan- -lo. Caso necessário, faz-se um replanejamento.
tidade de horas disponíveis no recurso Y. Enfim, Você precisa se acostumar com esta dinâmica
diversas medidas poderiam ser tomadas. Por isso, dentro do PCP.
é importante fazer esta análise de capacidade para
UNIDADE 4 115
Quadro 12 - Exemplo de arquivo do Plano Mestre de Produção
Item: Períodos
0 1 2 3 4 5 6
Previsão de demanda independente
Pedidos em carteira
Demanda
Estoque final sem PMP
Estoque atual/projetado com PMP
Disponível para promessa (ATP)
PMP
Liberação PMP
Fonte: o autor.
Observe que este arquivo é feito para cada item PMP e quando se deve fazer a liberação da pro-
que vai ser produzido, isto é, trabalha-se com a dução, considerando o lead time ou tempo de
demanda desagregada e não mais agregada por entrega do item. Por exemplo, caso se planeje
família. Veja que o arquivo apresenta o plane- 200 unidades para o período 3 e o lead time do
jamento para seis unidades de tempo, no caso, item é de uma semana, deve-se liberar o PMP
seis semanas adiante. Temos uma linha corres- no período 2.
pondente à previsão de demanda independente,
que é aquela que vem do processo de previsão de
demanda. Contudo, aqui, trabalha-se com a de-
manda desagregada por item, também temos uma
linha correspondente aos pedidos em carteira, ou Lote econômico de produção é o lote que mi-
seja, o quanto do item já foi pedido pelos clientes nimiza os custos com preparação de máquinas
para entrega em cada semana. e armazenagem. Isso por que, ao se produzir
A seguir, temos a linha da demanda. Esta será lotes em grandes tamanhos, aumenta-se o cus-
igual ao maior valor entre previsão e pedidos em to com a armazenagem, porém, o custo com a
carteira, também temos duas linhas referentes ao preparação de máquina é menor (faz-se me-
estoque: uma considera a posição do estoque sem nos preparações de máquina). Por outro lado,
a produção planejada no PMP e a outra considera produzir pequenos lotes diminui o custo com
a produção do PMP. Outra linha é a de disponível a armazenagem e, em contrapartida, aumenta
para promessa “ATP” (abreviatura para Available o custo com a preparação de máquinas. As-
to Promise, ou Disponível Para Promessa). Esta é sim, o lote econômico é dimensionado de tal
a quantidade que pode ser prometida para entrega maneira que a soma dos dois custos citados é
aos clientes. minimizada. Veremos, em outra unidade, como
As duas últimas linhas se referem à produ- calcular este lote.
ção do PMP, ou seja, quanto será produzido no
Essa maneira de elaborar o PMP utiliza os dados do PP para programar a produção semanal. Vol-
tando ao Quadro 7, que mostra o plano de produção para três famílias de produtos, vemos que o
plano de produção da família “A” para o mês de janeiro é de 10.000 unidades, para a família “B” é de
15.000 unidades e para a família “C” é de 40.000 unidades. Sabemos que cada família é composta
por três itens diferentes.
UNIDADE 4 117
Vamos fazer o PMP do item 1 da família A. O lote de produção deste item possui um lead time
de uma semana de produção. A política da empresa é produzir este item em lote econômico de 600
unidades. A empresa deseja manter um estoque de segurança de 250 unidades para cobrir eventuais
mudanças na demanda. Sabemos, ainda, que o item 1 tem um peso de 20% sobre a demanda total da
família A (2.000 unidades). O estoque inicial do item 1 da família A é de 1.000 unidades. O quadro a
seguir mostra o PMP elaborado.
Quadro 13 - PMP para o item 1 da família A elaborado via plano de produção desagregado
Fonte: o autor.
No PMP elaborado, a demanda total de 2.000 unidades mensais foi prevista para ser atendida nas
semanas 2 e 3. Nestas semanas, há pedidos em carteira, nas quantidades de 500 e 100 unidades, respec-
tivamente. O valor da demanda considerada é o maior valor entre a previsão e os pedidos em carteira.
Observe como foi feito o cálculo do estoque final sem o PMP para as duas primeiras semanas:
• Semana 1: 1.000 (estoque inicial) – 250 (estoque de segurança) = 750.
• Semana 2: 1.000 (estoque inicial) – 1.000 (demanda) - 250 (estoque de segurança) = -250.
Nas semanas em que este estoque for negativo, há a necessidade de produção via PMP. Esta quantidade
aparece na linha “PMP”. Observamos que, na semana 2, há o recebimento de um PMP de 600 unidades
(que é o tamanho do lote de produção) e na semana 3 um PMP de 1.200 unidades. Estes valores foram
calculados da seguinte maneira:
• Necessidade de PMP da semana 2: o estoque final da semana 2 sem o PMP é de -250 unidades,
ou seja, há uma falta de 250 unidades para suprir todas as necessidades de demanda e estoque
de segurança. Assim, deve-se produzir, no mínimo, um lote de produção que tem tamanho de
600 unidades.
• Necessidade de PMP da semana 3: o estoque final da semana 3 sem o PMP é de -650 unidades,
ou seja, há uma falta de 650 unidades para suprir todas as necessidades de demanda e estoque
de segurança. Assim, deve-se produzir, no mínimo, dois lotes de produção que tem tamanho
de 600 unidades, totalizando um PMP de 1.200 unidades.
UNIDADE 4 119
deve ser nivelado para cada semana. Este modo de se elaborar o PMP é aplicável preferencialmente
para o caso em que o lote de produção é dimensionado de acordo com a necessidade e não de acordo
com um valor múltiplo. Para calcular a quantidade constante a ser produzida em cada período, utili-
za-se a seguinte fórmula:
Este valor de XT é calculado para cada semana e, então, utiliza-se o maior valor calculado para
determinar o tamanho do PMP. Considere os seguintes dados de demanda apresentados no Quadro
14. Para o cálculo, foi considerado um estoque de segurança igual a 100 unidades e estoque inicial
igual a 200 unidades.
Quadro 14 - Cálculo de XT
Período
1 2 3 4 5
Demanda acumulada até o período 200 320 400 440 500
XT 100 110 100 85 80
Fonte: o autor.
Observa-se que o maior valor é o da semana 2 de 110 unidades. Assim, este valor é o adotado no PMP.
O Quadro 15 mostra os resultados obtidos.
Quadro 15 - PMP elaborado para nivelar a produção
Item Períodos
0 1 2 3 4 5
Previsão de demanda independente 100 120 50 40 60
Pedidos em carteira 200 0 80 0 0
Demanda 200 120 80 40 60
Estoque final sem PMP -100 -110 -80 -10 40
Estoque atual/projetado com PMP 200 110 100 130 200 250
Disponível para promessa (ATP) 110 110 30 110 110
PMP 110 110 110 110 110
Liberação PMP 110 110 110 110 110 0
Fonte: o autor.
Observe que em todas as semanas haverá uma produção de 110 unidades. Os cálculos de estoque final
sem PMP, estoque atual/projetado com PMP e ATP seguiram a mesma lógica do exemplo anterior.
Nesta forma de elaboração de PMP, considera-se como demanda apenas o total de pedidos em carteira.
Esta forma é muito comum nos sistemas ETO, RTO, MTO e ATO, pois, nesses sistemas, a produção é
feita com base na demanda dos clientes e utiliza-se pouco as previsões. Por exemplo, considere o caso de
um fabricante de painéis metálicos que utiliza como base o item “Estrutura metálica” para a construção
dos painéis de todos os seus clientes. Pode-se elaborar um PMP para este item, considerando apenas os
pedidos em carteira. Neste caso, a produção é lote a lote com um estoque de segurança de 1 estrutura
metálica. O lead time de entrega é de 2 semanas e o estoque inicial é de 1 unidade. Os resultados do
PMP são apresentados no Quadro 16.
Quadro 16 - PMP elaborado considerando apenas a carteira de pedidos
Item Períodos
0 1 2 3 4 5
Previsão de demanda independente
Pedidos em carteira 0 0 5 4 4
Demanda 0 0 5 4 4
Estoque final sem PMP 0 0 -5 -4 -4
Estoque atual/projetado com PMP 1 1 1 1 1 1
Disponível para promessa (ATP)
PMP 0 0 5 4 4
Liberação PMP 0 5 4 4
Fonte: o autor.
UNIDADE 4 121
Veja que começam a existir pedidos em carteira na semana 3, que gera a necessidade de um PMP de
5 unidades. Como o lead time é de 2 semanas, a produção inicia-se na semana 1. Durante as sema-
nas é mantido um estoque de segurança de 1 unidade. Este estoque pode cobrir eventuais pedidos
emergenciais ou falta de matéria-prima, dentre outros problemas que podem surgir. Veja que não foi
calculado o ATP, pois tudo que é produzido é para atender à carteira de pedidos. Caso novos pedidos
entrem na carteira, é preciso refazer o arquivo de PMP e verificar se é possível atender à nova demanda,
considerando que existe um lead time de 2 semanas para a produção.
A partir do PMP elaborado, deve ser feita a verificação de sua exequibilidade em termos de capacidade
produtiva. Como o PMP já define a quantidade de cada item, podemos prever, com maior exatidão,
a necessidade de capacidade de produção nos recursos críticos ou gargalo. O planejamento da capa-
cidade de médio prazo (RCCP) pode ser feito por meio da técnica de perfis de recursos. A partir do
lead time produtivo e do tempo de produção unitário do item para cada recurso, determina-se o perfil
dos recursos para cada produto.
Considere a fabricação de camisetas que passam por três centros de trabalho: corte, costura e aca-
bamento. O Quadro 17 mostra o perfil de recursos para os produtos A e B desse sistema produtivo.
Quadro 17 - Perfil de recursos para os produtos A e B
Fonte: o autor.
Vemos no quadro, por exemplo, que os produtos A e B passam por três centros de trabalho. O produto
B consome 0,01 hora no centro Corte; 0,07 hora no centro Costura; e 0,04 hora no centro Acabamento.
A produção do item B no Corte deve iniciar com duas semanas de antecedência da semana de entrega;
já nos centros de trabalho Costura e Acabamento, a antecedência é de uma semana.
Horas necessárias
Semanas
Centro de trabalho 1 2 3 4 5 6
Corte 9,3 9,2 9 9 0 0
Costura 50,5 49,1 48,4 47 47 0
Acabamento 30 29,2 28,8 28 28 0
Fonte: o autor.
O cálculo de horas para cada semana foi feito multiplicando-se o perfil de carga de cada centro de
trabalho pela demanda do item, conforme a antecedência e semanas. Por exemplo, a carga de trabalho
na semana 1, no centro de trabalho Corte, provém da demanda dos produtos A e B na semana 3, pois
tanto o produto A como o produto B possuem uma antecedência de duas semanas. Isto é, para entregar
os produtos na semana 3, deve-se iniciar a produção na semana 1. Assim, o cálculo para a semana 1 fica:
• Centro de trabalho Corte: (demanda produto A na semana 3 x tempo de produção unitário
no Corte do produto A) + (demanda produto B na semana 3 x tempo de produção unitário no
Corte do produto B) = (800 x 0,01) + (130 x 0,01) = 9,3 horas.
• Centro de trabalho Costura: (demanda produto A na semana 2 x tempo de produção unitário
na Costura do produto A) + (demanda produto B na semana 2 x tempo de produção unitário
na Costura do produto B) = (800 x 0,05) + (150 x 0,07) = 50,5 horas.
• Centro de trabalho Acabamento: (demanda produto A na semana 2 x tempo de produção uni-
tário no Acabamento do produto A) + (demanda produto B na semana 2 x tempo de produção
unitário no Acabamento do produto B) = (800 x 0,03) + (150 x 0,04) = 30 horas.
UNIDADE 4 123
Estes cálculos são repetidos para as demais semanas. Pode-se, ainda, calcular a utilização de cada centro
de trabalho para cada semana. Considerando que há um total de 48 horas por semana disponíveis para
trabalho em cada centro, basta dividir o total de horas necessárias por 48, em cada semana. O Quadro
20 apresenta os resultados.
Quadro 20 - Utilização de capacidade em cada centro de trabalho
Horas necessárias
Semanas
Centro de trabalho 1 2 3 4 5 6
Corte 19,38% 19,17% 18,75% 18,75% 0,00% 0,00%
Costura 105,21% 102,29% 100,83% 97,92% 97,92% 0,00%
Acabamento 62,50% 60,83% 60,00% 58,33% 58,33% 0,00%
Fonte: o autor.
Observe que apenas o centro de trabalho Cos- Finalizamos, aqui, o conteúdo da Unidade 4.
tura ficará sobrecarregado, nas semanas 1, 2 e 3. Vimos que o planejamento a médio prazo é feito
A partir disso, deve-se tomar algumas medidas. com base em previsões de demanda, planejamento
Por exemplo, subcontratar parte da produção da produção para famílias e, depois, o planejamen-
nestas semanas ou utilizar horas extras. Caso to da produção individual para cada item. A capa-
o planejamento agregado tenha sido bem ela- cidade de produção é constantemente reavaliada
borado, espera-se que haverá sobrecarga em para verificar se o plano obtido é exequível. Esta
poucas semanas e a níveis baixos. Isso porque dinâmica permite que decisões sejam tomadas
toda a capacidade de produção já foi prevista antes da ocorrência da produção, permitindo uma
anteriormente. melhor resposta diante de eventos inesperados.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I, II e III apenas.
e) II, III e IV apenas.
125
2. Preencha os dados faltantes do PP apresentado a seguir. A estratégia de pro-
dução adotada foi a de contratar e demitir trabalhadores conforme a demanda,
sem formação de estoque no final do período.
Os custos são:
• Com demissão: R$ 3.000/trabalhador.
• Com contratação: R$ 1.500/trabalhador.
126
3. Preencha os dados faltantes no PMP a seguir. O estoque de segurança é de 20
unidades e o tamanho do lote de produção é de 40 unidades. O lead time de
entrega é de 1 semana.
127
LIVRO
128
WEB
WEB
Outra sugestão é o vídeo sobre Plano mestre da produção, que também explora-
mos na unidade. Neste exemplo você também notará que alguns procedimentos
são um pouco diferentes, porém, adequados.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
129
FERNANDES, F. C. F.; GODINHO FILHO, M. Planejamento e controle da produção: dos fundamentos ao
essencial. São Paulo: Atlas, 2016.
REFERÊNCIA ON-LINE
130
1. C.
2. Preencha os dados faltantes do PP apresentado a seguir. A estratégia de produção adotada foi a de contratar
e demitir trabalhadores conforme a demanda, sem formação de estoque no final do período.
Os custos são:
131
3. Preencha os dados faltantes no PMP a seguir. O estoque de segurança é de 20 unidades e o tamanho do
lote de produção é de 40 unidades. O lead time de entrega é de 1 semana.
132
133
134
Me. Maílson José da Silva
Planejamento das
Necessidades de
Materiais
PLANO DE ESTUDOS
Cálculo do MRP
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Recentemente, o conceito de MRP foi expandido para planejamento dos recursos de manufatura
(manufacturing resources planning), com a adoção da sigla MRP II e, mais adiante, para planejamen-
to dos recursos da empresa, enterprise resources planning ou ERP. O MRP II trata da manufatura
(produção) como um todo e não apenas dos materiais necessários à produção. O MRP II funciona
a partir do plano mestre que define os estoques de materiais (envolvendo estoques de componen-
tes de dependentes), a lista de materiais, a disponibilidade de mão de obra, a disponibilidade de
equipamentos para, então, gerar as necessidades de compras ou as ordens de compras (para itens
fornecidos por terceiros) e as ordens de produção (para os itens de fabricação própria). Tudo isso
ocorre por meio de um planejamento das prioridades, tendo como base o plano mestre.
Fonte: Chiavenato (2008, p. 45).
UNIDADE 5 137
O MRP trabalha na lógica do planejamento para Vantagens e Desvantagens
trás ou, em inglês, backwardscheduling. Mas o do MRP
que é isso professor? É algo bem simples. Talvez
você faça o planejamento para trás frequente- Por meio do MRP, supõe-se que existirá um maior
mente. Por exemplo, você já precisou viajar para controle das operações fabris. Afinal, vamos pla-
outro país? Neste caso, digamos que você marque nejar em detalhes quando iniciará a produção/
sua viagem para o dia 02/04, porém, para viajar, reposição tanto do produto acabado como de seus
você precisa estar com seus documentos em dia componentes.
e precisa ter roupas adequadas para o local, bem O MRP é elaborado via sistema computacio-
como um itinerário da viagem. Se não tiver car- nal, seja ele um ERP ou planilhas eletrônicas. Po-
tão de crédito internacional, talvez se interesse demos utilizar o sistema para simular diferentes
em fazer um. planos mestre de produção, verificando sua exe-
Cada uma destas necessidades demanda um quibilidade.
tempo. Assim, por exemplo, se para obter toda a Em relação aos prazos, o MRP irá determinar
documentação necessária for preciso passar por quando um item será reposto. Isso pode melho-
um trâmite de cinco dias, seria prudente você rar a visibilidade dos prazos, o que facilita dar
iniciar a entrada dos documentos com, pelo me- respostas mais assertivas aos clientes quando eles
nos, cinco dias de antecedência em relação à data questionam sobre a entrega de seus pedidos.
02/04. Para planejar o itinerário, você também vai O MRP irá gerar uma lista de necessidades
precisar de tempo, necessitará de uns dois dias de materiais em função da demanda de vários
para fazer o planejamento, portanto, precisa se produtos acabados. Essa lista pode ser utilizada
programar para que tudo fique pronto para o dia, pelo setor de compras para planejar as compras,
para que você viaje com tranquilidade; isso nada obtendo preços melhores e/ou firmando parcerias
mais é que o planejamento para trás: é estabele- com os fornecedores.
cida uma data final e, a partir dela, há o “disparo” Ainda, o MRP proporciona uma melhor
de diversas outras ações. previsibilidade em relação a possíveis falhas
No MRP, planejamos a data final de entrega de na cadeia de suprimento. Isso por que o MRP
um produto acabado e, a partir dela, é disparada a gerará as necessidades de materiais e, caso seja
necessidade de materiais para atender à produção constatado que os fornecedores (internos ou ex-
do item final. Assim, se um material que compõe ternos) não possuem capacidade para entregar
o produto final é entregue pelo fornecedor em os materiais no prazo necessário, o planejador
cinco dias, será preciso retroceder em cinco dias poderá informar os setores interessados sobre
no tempo, em relação à data de entrega do produto os possíveis atrasos.
acabado. Entendeu a lógica? Como o MRP planeja a necessidade de dife-
O MRP, a princípio, deveria resolver muitos rentes materiais que são fornecidos por diferentes
problemas de gestão de materiais; porém, na prá- fornecedores, pode-se verificar o desempenho
tica, ele possui, além de vantagens, algumas des- de cada um deles, visando escolher os melhores
vantagens. Vejamos algumas delas. fornecedores para se fazer parcerias.
UNIDADE 5 139
Dados de Entrada e Parâmetros do MRP
Este subtópico poderá servir como um glossário tempo. Também iremos calcular um estoque pro-
que você irá consultar sempre que o termo apresen- jetado sem considerar a liberação planejada de
tado aparecer no nosso texto. Vejamos a definição ordens (LPO).
dos dados de entrada e parâmetros usados no MRP.
Não se espante com os termos. Resolvemos dividi-
-los para serem apresentados de forma didática. No Bill of Materials (BOM)
final, você verá que são termos para coisas que você
provavelmente já ouviu falar ou conhece na prática. A BOM, ou Lista de Materiais, nada mais é que a
lista de ingredientes, componentes, semiacabados,
peças etc. que compõe o produto final. Nesta lista,
MPS temos a relação dos componentes e a quantidade
de componentes que é necessária para produzir
O MPS é o Plano Mestre de Produção que estu- uma unidade do produto acabado.
damos em unidade anterior. Ele mostra o quanto Além da BOM, existe a estrutura de produtos,
vai ser produzido de cada item em cada período ela é a forma gráfica da lista de materiais e repre-
de planejamento. Este dado é inserido no arqui- senta todos os componentes do produto na forma
vo do MRP para determinar a demanda do item de uma árvore com diversos ramos, denominados
acabado, o qual irá gerar a necessidade dos demais níveis do produto. A Figura 1 ilustra uma estru-
materiais que compõem o item. tura de produto genérica.
Produto Y
Demandas extras
1 2 3 Nível 1
Além da demanda do MPS, podem existir outras
demandas. Alguns componentes podem ser fabri-
cados e/ou comprados para atender à necessidade 4 5 6 7 8 9 10 Nível 2
UNIDADE 5 141
Offsetting Liberação Planejada de Ordens
(LPO)
É mais um procedimento do MRP. Consiste em
determinar o período em que as ordens de pro- A aplicação dos procedimentos de netting e off-
dução ou compras devem ser liberadas para que o setting irá gerar a liberação de ordens planejadas
item desejado chegue no prazo em que realmente (LPO). Uma LPO é um valor contendo a quan-
é necessário. Assim, por exemplo, se um item pos- tidade a ser produzida/comprada de um item.
sui um LT de 2 semanas, por meio do offsetting, Este valor é usado para que a produção inicie a
o MRP irá liberar ordens de produção/compras fabricação do item ou para que o setor de compras
com 2 semanas de antecedência. inicie a compra do item.
Recebimentos programados
Arquivo do MRP
UNIDADE 5 143
1 caneta azul
1 caneta preta
UNIDADE 5 145
Determinar o MPS
Os MPS dos produtos caneta azul e caneta preta são apresentados pelas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1 - Determinação do MPS para o produto caneta azul
Período 1 2 3 4 5 6 7
MPS 40.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000
Fonte: o autor.
Período 1 2 3 4 5 6 7
MPS 30.000 37.500 37.500 22.500 22.500 22.500 22.500
Fonte: o autor.
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta
Recebimentos programados
Estoque inicial do item
Estoque sem LPO
Netting
Estoque final o item
Offsetting
LPO
Tamanho do lote
Estoque de segurança
Lead time
Fonte: o autor.
Observando a estrutura de produto das canetas, chegamos à conclusão que serão necessários doze ar-
quivos MRP, sendo eles para os seguintes itens: 1) caneta azul; 2) tampa azul; 3) carga azul; 4) tampinha
azul; 5) plástico azul; 6) caneta preta; 7) tampa preta; 8) carga preta; 9) tampinha preta; 10) plástico
preto; 11) corpo translúcido; 12) plástico translúcido.
Vamos realizar os cálculos para os itens apenas da caneta azul.
Para fins de simplificação dos cálculos, vamos • Offsetting = valor do Netting de n períodos
considerar que todos os itens possuem estoque adiante, sendo n = lead time.
inicial igual a zero. Vamos considerar que apenas • LPO = valor do offsetting do período.
o item acabado necessita de estoque de segurança
no valor de 3.000 unidades. As fórmulas que va- Utilizando as fórmulas propostas, vamos iniciar
mos utilizar para calcular cada linha do arquivo os cálculos do arquivo MRP para a produção
do MRP são: da caneta azul. Este item é produzido em lote
• Necessidade bruta = valor do MPS, quando múltiplo de 5.000 unidades, conforme consta em
o item for um produto acabado + demanda sua estrutura de produto. A necessidade bruta
extra ou Necessidade bruta = (valor da ne- da caneta será igual ao valor do MPS para cada
cessidade bruta do item de nível superior x período.
proporção do item em relação ao produto Para o período um, a demanda bruta é de
acabado) + demanda extra. 40.000 unidades. Não temos nenhum recebimen-
• Recebimentos programados = valor de to programado e o estoque inicial é igual a zero.
LPO programado anteriormente. Desejamos manter um estoque de segurança deste
• Estoque inicial do item = estoque final do item de 3.000 unidades. O estoque sem a LPO
item no período anterior ou estoque inicial para o período zero será:
do item no começo do planejamento.
• Estoque sem LPO = estoque inicial do item Estoque sem LPO = Estoque inicial do item
+ recebimentos programados – necessida- + recebimentos programados – necessidade
de bruta – estoque de segurança. bruta – estoque de segurança = 0+0-40.000-
• Netting = se o estoque sem LPO ≤ 0, será 3.000 = - 43.000
igual ao menor múltiplo do lote que seja
maior ou igual ao estoque sem LPO em O valor de netting será:
módulo. Isto é, primeiro deve ser verificado
o valor do “estoque sem LPO”. Se este valor Netting = se o estoque sem LPO ≤ 0, será igual
for negativo, o valor do Netting será um ao menor múltiplo do lote que seja maior ou
valor tal que seja, no mínimo, o valor do igual ao estoque sem LPO em módulo = 45.000
próprio “estoque sem LPO”. Por exemplo,
se um item é produzido em lotes de 20 uni- Observe que será necessária a produção de
dades e o valor calculado de “estoque sem 45.000 unidades, no mínimo, para cobrir o valor
LPO” for igual a 75 unidades, qual será o negativo de -43.000 unidades, pois o lote múltiplo
valor de Netting? Ele deve ser um valor que é de 5.000 unidades. O estoque final do item no
cubra, no mínimo, o valor do “estoque sem período um, considerando o netting, será de:
LPO”. Como o item é fabricado em múl-
tiplos de 20 unidades, o valor do Netting Estoque final do item = Netting – necessidade
será de 80 unidades (4x20). bruta + estoque inicial = 45.000 – 40.000+0 =
• Estoque final do item = Netting – necessi- 5.000 unidades
dade bruta + estoque inicial.
UNIDADE 5 147
O offsetting da quantidade necessária a produzir do período 1 deve ser feito com um período de
antecedência, pois o lead time de entrega é de 1 período. Assim, vemos que teremos um problema para
atender à demanda do período 1, pois a produção já deveria iniciar um período antes.
Vamos fazer, agora, o cálculo para o período 2:
• Necessidade bruta = valor do MPS = 50.000.
• Recebimentos programados = 0.
• Estoque inicial do item = estoque final do item no período anterior = 5.000.
• Estoque sem LPO = Estoque inicial do item = recebimentos programados – necessidade bruta
– estoque de segurança = 5.000+0-50.000-3.000 = - 48.000.
• Netting = se estoque sem LPO ≤ 0, será igual ao menor múltiplo do lote que seja maior ou igual
ao estoque sem LPO em módulo = 50.000.
• Estoque final do item = Netting – necessidade bruta + estoque inicial = 50.000 – 50.000+5.000
= 5.000
Agora, podemos calcular o offsetting e o LPO para o período 1, pois ele será igual ao netting do período 2:
• Offsetting = Valor do Netting de 1 período adiante = 50.000
• LPO = Valor do offsetting do período 1 = 50.000
A sistemática dos cálculos deve ser repetida para todos os demais períodos. No final, iremos obter o
resultado mostrado na Tabela 3.
Tabela 3 - Arquivo MRP para a caneta azul
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 40.000 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Estoque sem LPO -43.000 -48.000 -48.000 -28.000 -28.000 -28.000 -28.000
Netting 45.000 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000
Estoque final o item 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000
Offsetting 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
LPO 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Tamanho do lote: 5.000
Estoque de segurança: 3.000
Lead time: 1
Fonte: o autor.
Agora, temos que fazer o arquivo de MRP para os demais componentes da caneta azul. No procedi-
mento de explosão, a LPO da caneta azul irá gerar necessidade bruta dos demais itens: tampa azul,
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 50.000 50000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 0 0 0 0 0 0
Estoque sem LPO -50.000 -50.000 -30.000 -30.000 -30.000 -30.000 0
Netting 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Estoque final o item 0 0 0 0 0 0 0
Offsetting 30.000 30.000 30.000 30.000 0 0 0
LPO 30.000 30.000 30.000 30.000 0 0 0
Tamanho do lote: 10.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 2
Fonte: o autor.
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 0 0 0 0 0 0
Estoque sem LPO -50.000 -50.000 -30.000 -30.000 -30.000 -30.000 0
Netting 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Estoque final o item 0 0 0 0 0 0 0
Offsetting 30.000 30.000 30.000 30.000 0 0 0
LPO 30.000 30.000 30.000 30.000 0 0 0
Tamanho do lote: 5.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 2
Fonte: o autor.
UNIDADE 5 149
Tabela 6 - Arquivo MRP para a carga azul
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 0 0 0 0 0 0
Estoque sem LPO -50.000 -50.000 -30.000 -30.000 -30.000 -30.000 0
Netting 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Estoque final o item 0 0 0 0 0 0 0
Offsetting 30.000 30.000 0 0 0 0 0
LPO 30.000 30.000 0 0 0 0 0
Tamanho do lote: 10.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 4
Fonte: o autor.
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 50.000 50.000 30.000 30.000 30.000 30.000 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 10.000 0 10.000 0 10.000 0
Estoque sem LPO -50.000 -40.000 -30.000 -20.000 -30.000 -20.000 0
Netting 60.000 40.000 40.000 20.000 40.000 20.000 0
Estoque final o item 10.000 0 10.000 0 10.000 0 0
Offsetting 40.000 20.000 40.000 20.000 0 0 0
LPO 40.000 20.000 40.000 20.000 0 0 0
Tamanho do lote: 20.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 2
Fonte: o autor.
Observe que a necessidade bruta de cada item para cada período é igual ao LPO da caneta azul (que
é o produto acabado) em cada período. Os cálculos de cada linha do arquivo MRP foram feitos da
mesma maneira que os cálculos dos períodos 1 e 2 apresentados anteriormente em detalhes. Observe
que o que muda é a necessidade bruta, tamanho do lote, estoque de segurança (que para todos os itens
é igual a zero) e o lead time.
Necessidade bruta = (valor da necessidade bruta do item de nível superior x proporção do item em
relação ao produto acabado) = (30.000x2)+(40.000x1)=100.0000
A necessidade bruta do plástico translúcido será igual ao produto do LPO do corpo translúcido
pelo valor de 5. Isto é, por exemplo, para o período 1:
Necessidade bruta = (valor da necessidade bruta do item de nível superior x proporção do item em
relação ao produto acabado) = (30.000x5)=150.000
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 100.000 80.000 100.000 80.000 0 0 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 0 20.000 20.000 40.000 40.000 40.000
Estoque sem LPO -100.000 -80.000 -80.000 -60.000 40.000 40.000 40.000
Netting 100.000 100.000 100.000 100.000 0 0 0
Estoque final o item 0 20.000 20.000 40.000 40.000 40.000 40.000
Offsetting 0 0 0 0 0 0 0
LPO 0 0 0 0 0 0 0
Tamanho do lote: 100.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 4
Fonte: o autor.
UNIDADE 5 151
Tabela 9 - Arquivo MRP para o plástico translúcido
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 150.000 150.000 150.000 150.000 0 0 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 50.000 0 50.000 0 0 0
Estoque sem LPO -150.000 -100.000 -150.000 -100.000 0 0 0
Netting 200.000 100.000 200.000 100.000 0 0 0
Estoque final o item 50.000 0 50.000 0 0 0 0
Offsetting 0 0 0 0 0 0 0
LPO 0 0 0 0 0 0 0
Tamanho do lote: 100.000
Estoque de segurança: 0
Lead time: 4
Fonte: o autor.
Como o lead time dos plásticos é de 4 períodos, do. Em seguida, devemos retroceder no tempo,
observe que não teremos tempo hábil para aten- conforme o lead time, para determinar quando
der à demanda, ou seja, o offsetting do plástico a ordem, seja de produção ou de compra, deverá
translúcido do período 4 (que teria que ser de ser liberada.
100.000 g) deveria acontecer um período antes Parece que, com o MRP, podemos resolver vá-
do período 1 (período zero). No tópico a seguir, rios problemas na produção, pois trabalharemos
discutiremos esta questão. com o planejamento que obedece às regras de lote,
Contudo, por enquanto, foque sua atenção lead time, demandas dos clientes e, ainda, pode
nos cálculos dos arquivos MRP. Observe como ser configurado para trabalhar com um estoque
eles estão relacionados: a necessidade bruta de de segurança. Entretanto, algumas considerações
um item de nível inferior (chamado de item-fi- precisam ser feitas.
lho) depende da liberação planejada de ordens
(LPO) do item de nível superior (item-pai). Além
disso, devemos saber a quantidade necessária de
cada componente que compõe uma unidade do Tenha sua dose extra de
produto acabado. conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
Precisamos calcular os estoques inicial e final,
leitor de QR Code.
bem como o valor do netting, que nada mais é
que o valor a ser produzido/comprado no perío-
UNIDADE 5 153
A atualização serve para corrigir os saldos em manda pelos itens, ocasionando uma necessidade
estoque. Estas atualizações se dividem em dois de capacidade de produção maior que a dispo-
tipos: regeneração e net change (FERNANDES; nível. Assim, um módulo extra de verificação de
GODINHO FILHO, 2016). capacidade deve ser utilizado.
Uma atualização do tipo regeneração é aquela Como vimos nos cálculos do MRP do tópi-
que faz uma atualização completa de todos os co anterior, dependendo do lead time do item, o
itens do MRP. Ela exige um esforço computacio- offsetting (antecipação) deverá ser feito em um
nal muito grande e, portanto, é feita com menor período de tempo que, na verdade, já passou. Por
frequência (duas a três vezes no mês). exemplo, se um lote de um item tem um lead time
A atualização net change é aquela que faz uma de quatro dias, isso significa que se deve planejar
atualização parcial dos itens do MRP, atualizando a produção deste item, no mínimo, quatro dias
os dados apenas do item que realmente alterou. antes do prazo desejado de entrega.
Por exigir menor esforço computacional, é feita Se esperarmos para planejar com três dias de
com uma maior frequência. antecedência, haverá atrasos! Portanto, ao se traba-
O MRP pode ser aplicado apenas para alguns lhar com o MRP, é preciso considerar os lead times
itens fabricados. Por exemplo, uma grande fábrica e procurar atualizar o MRP com base no maior va-
de móveis que produz itens mais caros e com baixa lor de lead time. Outra opção seria manter estoques
demanda pode utilizar o MRP para gerenciar os de segurança maiores, para atender reprograma-
estoques destes itens. Para os itens com alta de- ções, mesmo que não haja tempo hábil devido ao
manda e com custo relativamente menor, pode alto lead time. Isso poderá criar altos estoques; cabe,
ser utilizado outro sistema de controle de estoque, portanto, uma análise do planejador, verificando a
como o de revisão contínua ou ponto de pedido. possibilidade de se manter altos estoques.
Existem, ainda, outros sistemas de controle, como Esta situação me faz lembrar de uma maté-
o sistema Kanban. Estudaremos estes sistemas de ria-prima importada que era utilizada em uma
controle de estoque em outra unidade. Entretanto, indústria em que trabalhei. Devido ao seu longo
o que queremos enfatizar é que nem sempre o lead time (cerca de três meses), mantínhamos
MRP deve ser aplicado. Cabe ao responsável estoque deste item para atender pedidos do cliente
pela gestão de materiais verificar a praticidade que tinham um lead time bem menor que três
e benefícios de uso do MRP para a sua situação. meses. Se não fizéssemos isso, seria impossível
Outra consideração importante sobre o MRP, atender ao cliente, a não ser que ele aceitasse es-
como já comentamos, é que ele é um sistema ba- perar três meses pela entrega de seu produto.
seado na programação infinita. Ele não considera Muito bem, finalizamos, aqui, nosso estudo so-
as limitações dos fornecedores e da própria planta bre MRP. Entendemos quais são as vantagens e des-
industrial. É claro que o MRP é gerado com base vantagens desse sistema. Vimos como os cálculos
no MPS que, por sua vez, passou por uma ava- do MRP são realizados. Por fim, fizemos algumas
liação de capacidade (conforme já estudamos). ponderações sobre o uso do MRP. Caso você utilize
Contudo, o sistema pode gerar ordens de pro- este sistema, possivelmente irá usar um software
dução/compras além da capacidade de produção, que possui um módulo de MRP ou, então, irá uti-
pois trabalhamos com estoques de segurança, lo- lizar um sistema de planilhas. Independentemente
tes múltiplos e demandas de peças de reposição, do sistema utilizado, os conceitos por trás deles
que podem aumentar significativamente a de- estão baseados no que estudamos nesta unidade.
155
FILME
Operação Fronteira
Ano: 2019
Sinopse: Tom Davis (Ben Affleck), Santiago Garcia (Oscar Isaac), Francisco Morales
(Pedro Pascal), William Miller (Charlie Hunnam) e Ben Miller (Garrett Hedlund)
são cinco ex-soldados das Forças Especiais dos Estados Unidos que decidem se
reunir para executar um plano arriscado: roubar um poderoso senhor do crime
na fronteira que separa o Brasil da Colômbia e do Peru. No entanto, quando o
esquema dá errado, os antigos companheiros de batalha se verão forçados a
embarcar em uma épica luta por suas vidas.
Comentário: nesse filme, é possível perceber como um plano não executado
em detalhes pode comprometer uma operação. Tom Davis (Bem Affleck) é con-
siderado o “cérebro” da operação, por determinar os detalhes de como o roubo
seria feito. No entanto, seu plano não é executado dentro do tempo previsto.
Este é um dos motivos que desestabiliza a operação. No MRP, algo parecido
pode acontecer. Se o plano não é feito em detalhes ou se ele não é executado
corretamente, diversas falhas podem acontecer. Os tempos de entrega (lead
times) devem condizer com a realidade e serem cumpridos.
WEB
O link a seguir mostra um modelo de planilha que pode ser utilizada nos cálculos
do MRP.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
156
CHIAVENATO, I. Planejamento e controle da produção. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.
REFERÊNCIA ON-LINE
157
1. O MRP seria recomendado para a segunda linha, pois esta possui itens de alto valor agregado e com deman-
da não repetitiva. O MRP permite controlar e prever melhor os níveis de estoque, trabalhando de acordo
com a demanda do produto final. Os produtos da segunda linha teriam uma previsibilidade maior quanto
aos prazos de entrega, e o estoque das matérias-primas poderia ser planejado conforme a demanda dos
itens finais da segunda linha. Possíveis atrasos na entrega seriam visualizados por meio do MRP. Enfim,
utilizando o MRP para a segunda linha, poderia ser dada uma atenção maior aos produtos desta linha.
Por outro lado, o MRP não seria recomendado para os produtos da primeira linha, pois eles possuem uma
demanda repetitiva. Neste caso, poderia haver um nervosismo muito grande do sistema, devido constantes
alterações. É preciso analisar o caso com mais detalhes, mas, a princípio, seria recomendado o uso de outro
sistema que permita a formação de estoques e a reposição de forma mais rápida e simples.
Período 1 2 3 4 5 6 7
MPS 30000 37500 37500 22500 22500 22500 22500
É com base nele que montamos o MRP da caneta preta e da tampa preta. Os dados do MPS serão a neces-
sidade bruta do item “caneta preta”. A tabela a seguir mostra os resultados dos cálculos.
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 30.000 37.500 37.500 22.500 22.500 22.500 22.500
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 5.000 2.500 5.000 2.500 5.000 2.500
Estoque sem LPO -31.000 -33.500 -18.500 -21.000 -12.000 -18.500 -21.000
Netting 35.000 35.000 40.000 20.000 25.000 20.000 25.000
Estoque final o item 5.000 2.500 5.000 2.500 5.000 2.500 5.000
Offsetting 35.000 40.000 20.000 25.000 20.000 25.000 0
LPO 35.000 40.000 20.000 25.000 20.000 25.000 0
Tamanho do lote: 5000
Estoque de segurança: 1.000
Lead time: 1
158
O valor de LPO da caneta preta será a necessidade bruta do item “tampa preta”, na proporção de um
para um, ou seja, para cada “caneta preta” será necessária uma “tampa preta”. A tabela a seguir mostra
os resultados dos cálculos.
PERÍODOS: 1 2 3 4 5 6 7
Necessidade bruta 35.000 40.000 20.000 25.000 20.000 25.000 0
Recebimentos programados 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial do item 0 5.000 5.000 5.000 10.000 10.000 5.000
Estoque sem LPO -37.000 -37.000 -17.000 -22.000 -12.000 -17.000 3.000
Netting 40.000 40.000 20.000 30.000 20.000 20.000 0
Estoque final o item 5.000 5.000 5.000 10.000 10.000 5.000 5.000
Offsetting 20.000 30.000 20.000 20.000 0 0 0
LPO 20.000 30.000 20.000 20.000 0 0 0
Tamanho do lote: 10.000
Estoque de segurança:
2.000
Lead time: 2
3. Neste caso, precisamos ficar atentos ao período mínimo para reprogramar o MRP. Como o maior lead
time é de quinze dias, se trabalharmos com estoque de segurança igual a zero para este item, chegamos
à conclusão que deverá ser estabelecida a regra que o replanejamento deve ser feito com, no mínimo,
quinze dias de antecedência em relação à data desejada de entrega do item.
Uma outra medida, caso seja desejado trabalhar com um prazo mais curto de replanejamento, seria for-
mar estoques de segurança, ou do produto final ou da matéria-prima “Painel Controlador”. Neste caso,
deverá ser feito um estudo dos custos decorrentes destes estoques e determinar o melhor tamanho de
lote de segurança.
159
160
161
162
Me. Maílson José da Silva
Conceitos Gerais
da Gestão de Estoques
PLANO DE ESTUDOS
Classificação de Estoques
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar conceitos gerais sobre gestão de materiais em • Classificar os estoques segundo critérios de interesse para
almoxarifados e depósitos. sua gestão.
• Introduzir o conceito de inventário de estoques.
A Gestão
de Materiais
UNIDADE 6 165
Exportação
Autosserviço
Atacado
Fornecedor
Canais
Observe que para um produto chegar até a “casa” do os elementos da cadeia de abastecimento para
consumidor, ele passa por diversos lugares. O pro- que o fluxo de materiais possa ser constante e
duto sai de um fornecedor que fornece para outro sem interrupções.
fornecedor, que irá fornecer o produto processado É isto que queremos despertar em você: en-
para uma indústria; esta irá produzir e enviar o pro- quanto gestor de materiais, você terá como missão
duto para um centro de distribuição (CD). Dali, o suprir seus clientes sempre que necessitarem do
produto poderá ser exportado ou ser enviado para material; estes clientes podem ser os consumidores
uma transportadora, que entregará o produto aca- do produto como também as máquinas e postos
bado em uma loja de atacado do tipo autosserviço de materiais que necessitam das matérias-primas
ou em lojas de varejo. O cliente irá, então, até estes para trabalhar. Além disso, você deve pensar na
lugares para adquirir o produto acabado. sua rede de fornecedores, pois eles possuem uma
Saber se o volume de estoque em cada ele- capacidade finita de atendimento e necessitam de
mento da cadeia de abastecimento está adequa- prazo para trabalhar. Atuar em conjunto com for-
do é uma tarefa do gestor de materiais. Ele deve necedores, derrubando o “muro” que pode existir
garantir volumes adequados e procurar fazer a entre a empresa e seus fornecedores, é uma prática
integração dos elementos da cadeia. O que é esta louvável e desejada em cadeias de abastecimento
integração? É trabalhar em conjunto com todos eficazes e eficientes.
Em cada elemento da cadeia de abastecimento haverá um volume de estoque. Pense: este volume
está adequado?
UNIDADE 6 167
de materiais possui um papel importante. Por • Componentes: é um material que não so-
meio da administração dos materiais, é possível fre transformação física ou química, mas
quantificar as incertezas que os envolvem, per- que é agregado ao produto final. Pode ser,
mitindo um atendimento adequado ao cliente. por exemplo, uma peça que é instalada no
Vamos ver agora os tipos de materiais que po- produto final. Não é incomum trocarmos
dem ser administrados. Cada material é também os termos matéria-prima e componentes
denominado de SKU (stock keeping unit). para se referir a um item.
• Ingredientes: são usados, geralmente, na
formulação de uma receita, na indústria
química ou de alimentos. Podem ser co-
mercializados a granel (sem embalagem e
A sigla SKU, em português, significa “unidade de em grandes quantidades).
manutenção de estoque”. Ela se refere a um có- • Material auxiliar: são os materiais usados
digo único que é atribuído a um item. Assim, se no processo produtivo, por exemplo, graxa,
dissermos que uma empresa possui mil SKUs, lixa, produto de limpeza etc.
significa que ela possui mil itens diferentes em es- • Semiacabados: são os materiais que pas-
toque. Cada item pode se diferenciar por peque- saram por alguma operação no processo
nas alterações, assim, por exemplo, podemos ter produtivo, mas que ainda não se tornaram
uma SKU para um tênis tamanho 40 e outra SKU um produto acabado. Para um veículo, por
para o mesmo modelo de tênis de tamanho 42. exemplo, existem semiacabados de portas,
chassis, dentre outros. Utilizamos o termo
work-in-process (WIP) para designar o es-
toque de semiacabados.
Tipos de Materiais • Material de embalagem: o próprio nome
já o descreve bem, ou seja, são materiais
Em uma empresa, existem diversos materiais. Se como embalagens plásticas, madeira para
ela for uma produtora de bens, haverá um valor construção de caixas, papelão etc. usados
investido em matérias-primas e semiacabados re- para proteger e acondicionar os produtos
lativamente alto; se a empresa for um revendedor em seu transporte e armazenamento.
de produtos, haverá um valor investido em mate-
riais de prateleira. Podemos dividir os materiais
em diferentes tipos. Vejamos alguns: Dilema do Gestor de Materiais
• Produto acabado: é a designação dada ao
material produzido por um processo produti- Ao longo desta unidade, referimo-nos várias vezes
vo. O produto acabado pode ser formado por ao gestor de materiais. Como você provavelmente
matéria-prima, componentes e semiacabados. deve ter imaginado, o gestor de materiais é o pro-
• Matéria-prima: é o material adquirido de um fissional responsável por gerir os materiais de uma
fornecedor externo e sofre alterações – físicas empresa, ele pode fazer parte do setor de PCP, irá
ou químicas –, formando o produto final. De- coordenar as ordens de compras e/ou de produção,
pois dos produtos acabados, geralmente, é o talvez trabalhe em conjunto com mais profissionais
material com valor financeiro mais alto. envolvidos na gestão de materiais, dependendo do
Nível de serviço significa o quanto as solicitações de clientes foram completamente atendidas no prazo
em relação ao total de solicitações recebidas no mesmo período. Pode ser calculado pela fórmula:
Por exemplo, se em uma semana dez itens estavam previstos para serem entregues e a empresa
conseguiu entregar apenas seis itens, o nível de serviço será:
6
Nível de serviço = = 60%
10
UNIDADE 6 169
Ao tentar atender todos os pedidos dentro do estoque de um certo tipo de material e falta esto-
prazo, será necessário empregar mais capital nos que dos itens que estão sendo demandados no
materiais, o que irá diminuir o capital de giro momento. Assim, um bom gestor de materiais é
da empresa. Pense o seguinte: para alcançar um aquele que consegue fazer o balanceamento entre
nível de serviço de cem por cento, será preciso o nível de serviço e o capital de giro, investindo
ter estoque de diversos itens e em um grande os recursos da empresa nos itens que realmente
volume; porém, o gestor de materiais deve fazer serão demandados. É preciso ser eficaz (atender
bom uso dos recursos financeiros, possibilitando aos pedidos dos clientes) e eficiente (fazer bom
um maior capital de giro para a empresa, ou seja, uso dos recursos financeiros).
se for utilizado o capital de giro para comprar Ao longo desta unidade, bem como ao longo
materiais, ele irá diminuir, o que será algo ruim deste livro, apresentamos conceitos e técnicas que
para a empresa. apoiam o objetivo do gestor de materiais de ser
Assim, o gestor de materiais se depara com o seu eficaz e eficiente. Vamos ver, no próximo tópico,
grande dilema: ele precisa proporcionar um bom como os materiais podem ser segmentados para
nível de serviço, porém precisa reduzir os custos que uma atenção especial seja dada a alguns tipos
com materiais em estoque. Ao melhorar o nível de de materiais.
serviço, o custo com materiais em estoque aumen- Além dos aspectos gerais da gestão de mate-
ta; ao diminuir o custo, o nível de serviço piora. riais, existem conceitos e técnicas específicas de
Gestores de materiais se deparam com a si- armazenamento e estocagem. Conheça alguns
tuação em que existe uma grande quantidade em deles na pílula de aprendizagem.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 6 171
Classificação ABC
Esta classificação divide os itens conforme sua importância econômica. Para encontrar a importância
de cada item, podemos multiplicar o total demandado do item dentro de um período de tempo pelo
seu custo/preço médio. Itens que apresentarem o maior valor serão itens classe A; itens de valor inter-
mediário serão itens classe B; e itens de valor menor serão itens classe C.
Para fazer a classificação, você precisa levantar os seguintes dados: nome dos itens; demanda dos
itens dentro de certo período; custo ou preço médio do item dentro do período; valor total do item,
dado pela multiplicação da demanda pelo custo ou preço médio; e, representatividade, do item em
relação ao total de itens, em termos percentuais.
Para entender melhor, veja a Tabela 1 que mostra os dados de dez itens.
Tabela 1 – Lista de itens para fazer classificação ABC
Código do Demanda anual Custo médio Valor anual dos itens % da soma dos
item (unidades) (R$/unidade) demandados (R$/ano) valores dos 10 itens
1 2.000 11 22.000 44%
2 1.000 8 8.000 16%
3 1.000 1 1.000 2%
4 1.500 1 1.500 3%
5 1.000 10 10.000 20%
6 300 3 900 2%
7 1.700 1,2 2.040 4%
8 150 10 1.500 3%
9 220 3 660 1%
10 5.000 0,5 2.500 5%
Total 50.100
Fonte: o autor.
Observe que o período considerado foi um ano. O valor anual dos itens foi obtido pela multiplicação
do valor da segunda coluna (demanda anual) pelo valor da terceira coluna (custo médio). Por exemplo,
para o item 1, o valor anual foi:
Fonte: o autor.
Agora, precisamos determinar quais itens são classe A, B e C. Para isso, devemos estabelecer pontos
de corte. Estes pontos determinam até qual porcentagem, do valor total de itens, uma classe abrange.
Vamos utilizar os seguintes pontos de corte (que você pode usar como um modelo de pontos de corte):
• Até 80% do total acumulado, os itens são classe A.
• Entre 80% e 90% do total acumulado, os itens são classe B.
• Acima de 90% do total acumulado, os itens são classe C.
Assim, para classificar nossos itens, vamos acrescentar mais uma coluna na Tabela 2: porcentagem acumu-
lada e classe. Em seguida, vamos determinar a classe dos itens. Os resultados são mostrados na Tabela 3.
Tabela 3 – Itens segundo a classificação ABC
Fonte: o autor.
UNIDADE 6 173
Por meio dessa classificação, podemos priorizar os Esta classificação é feita, item a item, de forma
itens 1, 5 e 2, pois são itens classe A, ou seja, são itens subjetiva pelo gestor de materiais e sua equipe, ou
que representam até 80% do valor total investido seja, é preciso avaliar cada item e determinar seu
em estoque. São itens que merecem, por exemplo, nível de criticidade para o processo.
ter um inventário mais frequente, ter uma previsão
de demanda mais precisa, menores volumes de es-
toque, maiores giros, lotes menores de compra e de Classificação 123
produção, dentre outras atenções especiais.
Esta classificação divide os itens conforme a com-
plexidade de fornecimento:
• Itens classe 1 são aqueles de fornecimento
complexo. São itens que demandam mui-
A classificação ABC é baseada no Princípio de Pa- to tempo para serem repostos, como é o
reto. Este princípio afirma que cerca de 80% dos caso de alguns itens importados ou que
efeitos são gerados por cerca de 20% das causas, apresentam várias dificuldades, como
ou seja, ser for necessário priorizar a eliminação fornecimento por um único fornecedor e
de algumas causas, é interessante escolher pou- problemas de qualidade constantes.
cas delas que estão ligadas à maioria dos efeitos • Itens classe 2 são aqueles de fornecimento
não desejados. O Princípio de Pareto é aplicado difícil. São itens que apresentam alguma
na gestão de materiais, na economia, na enge- dificuldade de fornecimento, como lon-
nharia, dentre outras áreas. gos lead times ou que são fornecidos por
poucos fornecedores.
• Itens classe 3 são aqueles de fornecimento
fácil. São itens com baixos lead times e/ou
Classificação XYZ que são disponibilizados por vários forne-
cedores. São itens com pouca ou nenhuma
Esta classificação divide os itens conforme o cri- dificuldade de fornecimento.
tério de criticidade para o processo:
• Itens classe X são aqueles que, se faltarem Esta classificação também é feita de forma sub-
em estoque, irão afetar o processo produti- jetiva, mas podem ser utilizados dados históricos
vo, porém poderão ser substituídos por ou- de entrega para avaliar melhor a dificuldade de
tros itens. O processo produtivo não para. fornecimento de cada item.
• Itens classe Y são aqueles que, se faltarem
em estoque, irão reter os itens acabados,
impedindo o seu faturamento. O processo Classificação PQR
produtivo continua, mas não será possível
entregar o produto acabado. Esta classificação divide os itens conforme sua
• Itens classe Z são aqueles que, se faltarem popularidade. Um item popular é aquele que é
em estoque, irão parar todo o processo frequentemente requisitado no almoxarifado ou
produtivo e as entregas. São itens extre- que é frequentemente reposto. O significado de
mamente críticos. cada classe é:
Por exemplo, considere o caso de um item que saiu do estoque (foi despachado) 95 vezes no ano. Isto
é, existiram 95 requisições deste item durante o ano, cada requisição solicita uma quantidade variável
do item, porém, o que nos interessa é o número de vezes no ano que o item foi despachado. Para este
caso, temos o seguinte valor de TMEA:
Isto é, a cada 3,8 dias este item foi requisitado no estoque. Isso equivale a 0,26 (1/3,8) movimentações
por dia ou cerca de 7,9 (30/3,8) movimentações no mês; portanto, este item é classe Q.
UNIDADE 6 175
Classificação GUS os itens classes 1 e 2 que devem ser acompanhados
de perto quanto ao seu ressuprimento, devido às
Esta classificação divide os itens conforme o local dificuldades envolvidas. Se seu objetivo for redu-
ou produto em que é usado. zir os tempos de manuseio de materiais, desde o
• Os itens classe G são aqueles que são usa- almoxarifado até o ponto de consumo, seria inte-
dos de forma geral, em diversos pontos de ressante utilizar a classificação PQR para determi-
consumo e em vários produtos. nar quais itens são os mais populares. Estes itens
• Os itens classe U são aqueles que são usa- podem ser estocados mais próximo do ponto de
dos em um único ponto de consumo, po- consumo, reduzindo o tempo de manuseio.
rém é usado em diversos produtos. Usamos as classificações para determinar
• Os itens classe S são aqueles que são usados como cada item vai ser reposto. Por exemplo, se
de forma específica em um único produto. um item for das seguintes classes, que estratégia
de reposição você adotaria?
Esta classificação deve ser feita item a item, sem a • Classe C.
realização de cálculos. Ela auxilia o gestor a veri- • Classe Z.
ficar se há oportunidades de centralizar estoques. • Classe 2.
Por exemplo, itens que são classe G podem ser • Classe Q.
armazenados em um único centro de distribuição
próximo dos pontos de consumo. Vejamos: o item é classe C e, portanto, possui um
baixo valor econômico. Um alto estoque do item
não representaria muito em termos de valores fi-
O que Fazer após Classificar nanceiros. Ele é classe Z, o que indica que sua falta
os Itens iria parar todo o processo de produção. É classe
2 quanto à dificuldade de fornecimento, ou seja,
Como explicamos no início do tópico, fazemos as não é fácil fazer sua reposição. E é um item de po-
classificações para priorizar a gestão de materiais. pularidade média (classe Q), portanto, podemos
Nem sempre você irá classificar os itens de acordo chegar à conclusão que a melhor estratégia seria
com todos os tipos de classificações que apresenta- manter um alto nível de estoque do item, utilizan-
mos. Assim, dependendo do seu objetivo, você usa- do um modelo de controle de estoque por ponto
rá uma ou algumas das classificações. A escolha de de reposição (vamos apresentar este modelo na
qual classificação usar dependerá do seu objetivo. próxima unidade).
Se você estiver sofrendo com a falta constante Para finalizar os conceitos gerais da gestão de
de materiais em estoque, seria recomendado fazer estoques, vamos falar sobre uma importante ca-
uma classificação 123 para verificar as complexi- racterística dos sistemas de gestão de estoques:
dades de fornecimento e, a partir daí, determinar acuracidade de saldos.
UNIDADE 6 177
Há algumas consequências piores, por exemplo, se a empresa utiliza esse item para produzir produtos
acabados e recebe um grande pedido de um importante cliente, o pedido poderá atrasar, chegando ao
ponto de causar um descontentamento do cliente que o faça desistir de fazer negócios com a empresa.
Isso por que o setor de PCP irá planejar a produção acreditando que o item existe em estoque. No
momento da produção, o setor que irá utilizar o material irá constatar a sua falta e a produção ficará
interrompida até a reposição do item. Você consegue citar outras consequências?
Assim, a acuracidade de saldos é muito importante, tanto para o planejamento e controle da produ-
ção como para o setor de contabilidade da empresa. Para alcançar a acuracidade de saldos, será preciso
investir tempo nas atividades que visam o registro e controle dos itens em estoque. Este investimento traz
benefícios para diversas áreas, como para a área contábil, área de vendas, logística e setor de produção.
Algo acurado é algo feito com esmero, caprichado (MICHAELIS, [2019], on-line)2. A acuracidade
pode ser aplicada tanto aos saldos em estoque como em outros elementos de um sistema produtivo:
acuracidade da estrutura de produtos, acuracidade de roteiros de produção, acuracidade dos lead
times, acuracidade dos custos, acuracidade dos endereços de localização dos materiais etc.
A acuracidade pode ser definida matematicamente pela seguinte equação (GASNIER, 2002):
Assim, por exemplo, se uma empresa possui em estoque 500 itens diferentes e faz um inventário (con-
tagem de material no sistema físico e comparação da quantidade contada com o valor registrado no
sistema virtual), constatando que 450 itens não apresentam divergência de saldos, a acuracidade será:
450
Acuricidade
= = 90%
500
A acuracidade de saldos evita a divergência. Esta pode ser medida pela diferença entre a quantidade
medida no sistema físico e a quantidade constante no sistema. Por exemplo, se um item possui, no
sistema, 200 unidades em estoque e é contado no sistema físico a quantidade de 100 unidades, a di-
vergência será:
100 200
Divergência 50%
200
Observamos, na figura, que quando não existe um sistema muito bem estruturado, caracterizando
uma situação de desorganização, a acuracidade tende a ser baixa (30%). Ao se realizar um inventário
periódico ou rotativo, a acuracidade aumenta. Com um sistema automatizado, a acuracidade aumenta
mais ainda para quase cem por cento.
Para melhorar e verificar a acuracidade dos saldos, são realizadas as contagens dos itens em estoque
e comparação com os valores registrados em sistema. Este procedimento é conhecido como inventário,
que podem ser feitos de diversas maneiras, dentre elas (GASNIER, 2002):
• Inventário geral: é feito a portas fechadas e abrange todos os itens.
• Inventário permanente: é feito de forma periódica, abrangendo todos os itens.
• Inventário rotativo: é feito de forma contínua
e cíclica, conforme a importância do item. É
parecido com o inventário permanente, po-
rém a contagem é feita com mais frequência,
conforme o item.
• Inventário gratuito: é realizado sempre que
existe uma oportunidade de fazer a contagem
do item.
• Inventário por grupo de itens: é uma conta-
gem feita com muito mais frequência para
um grupo específico de itens, devido à ne-
cessidade de se ter um controle rigoroso de
quantidades.
UNIDADE 6 179
Planejamento de um Inventário
Após decidir qual tipo de inventário será feito, todas as SKUs são inventariadas em todos os seus
é preciso definir quem o fará. Ele pode ser feito ciclos. Em seguida, devemos determinar o ciclo
pelos próprios empregados da empresa que estará de contagem de cada item ou grupo de itens. Um
sendo inventariada ou por terceiros especializa- ciclo é o número de vezes em que um item é con-
dos em inventários. tado dentro do período do inventário.
Deve-se fazer uma preparação para o inventá- Para ficar mais claro, veja o seguinte exemplo.
rio. Esta envolve o levantamento dos códigos e no- Uma empresa possui 5.000 SKU em estoque. Cada
mes de todos os itens que serão inventariados, bem SKU foi classificada, conforme classificação ABC,
como sua localização. É feito uma comunicação e obteve-se o seguinte resultado.
geral sobre a existência do inventário, informan- Tabela 4 - Quantidade de itens por classe ABC
do, por exemplo, o(s) dia(s) em que o inventário
Classe Quantidade de itens (SKUs)
ocorrerá e quais itens serão inventariados.
As pessoas são elementos fundamentais para A 100
Vamos interpretar este plano. Para os itens classe Quantas pessoas serão necessárias para fazer
A, cada item será contado seis vezes ao longo de a contagem dos itens de cada semana? Ora, pela
24 semanas. Como há um total de 100 itens classe Figura 3, observamos que, em cada semana, haverá
A, haverá um total de 600 contagens ao longo das um total de 475 contagens (25+125+325). Conside-
24 semanas. rando uma semana de cinco dias úteis, o número
Na primeira semana, conta-se 25 itens; na se- médio de contagens por dia será de 475/5=95.
gunda semana mais 25; na terceira semana mais Como uma pessoa pode fazer 40 contagens por
25; e na quarta semana conta-se 25 itens, totali- dia, chegamos à conclusão que serão necessárias
zando os 100 itens da classe A. Fecha-se o primei- cerca de três pessoas por dia para fazer a contagem.
ro ciclo de contagem dos itens classe A. Na quinta Estas pessoas devem ser treinadas e possuir, por dia,
semana, inicia-se novamente a contagem dos itens a lista dos itens que serão inventariados.
classe A e assim por diante. Este procedimento é É importante destacar que durante o inventário
aplicado, também, para os demais itens das classes rotativo, mesmo sendo feita a comunicação sobre
B e C, porém, observamos que os itens classe B o inventário, os processos produtivos continuarão
serão contados três vezes (três ciclos) e os itens a funcionar. Se algum setor requisitar o material
classe C serão contados duas vezes (dois ciclos). no momento do inventário, ou se for feito alguma
A partir do plano de contagens, pode-se veri- entrega de material, uma das três ações deve ser
ficar a necessidade de contadores. Considerando tomada:
como valor de referência que uma pessoa pode • Parar o inventário e priorizar o atendimen-
fazer quarenta contagens por dia, ou seja: to do setor requisitante/fornecedor.
• Não interromper o inventário e orientar
40 contagens o setor que requisite/forneça o material
Produtividade de contagem
dia pessoa novamente após a realização do inventário.
UNIDADE 6 181
• Atender a requisição do setor e fazer o belecida. A título de exemplo, listamos algumas
inventário. Neste caso, deve-se fazer um das possíveis causas de divergências (GASNIER,
registro da transação e fazer o inventário, 2002):
conciliando com a transação. • Causas relacionadas ao material: perda
ocorrida nos processos de produção; va-
Basicamente, estes são os procedimentos de um zamento do produto pela embalagem; de-
inventário rotativo. Ao se estabelecer o plano de terioração do material.
contagens e o número de pessoas necessárias para • Causas relacionadas à mão de obra: conta-
executá-lo, o gestor de materiais pode estimar o dores erram na contagem; caligrafia ilegí-
custo e o tempo do inventário. vel em registro; falta de treinamento; pressa
Ao se identificar uma divergência de estoque, decorrente da sobrecarga de trabalho.
deve-se fazer a sua correção. No entanto, além • Causas relacionadas ao método: o almo-
de oferecer saldos acurados, o inventário possui xarifado entrega um produto diferente do
outro objetivo. Ele visa a obtenção de informações produto da requisição; falta de conferên-
para melhorar o processo de manter itens com cia do material; improvisações; erros de
saldos atualizados em estoque. comunicação.
• Causas relacionadas à máquina: erro de
processamento; erros durante a conversão
Aprendendo com o Inventário de unidades no sistema.
• Causas relacionadas a medidas ou indica-
Se você e sua equipe fazem um inventário e dores: erro na estrutura de produto; erros
encontram altas divergências, fica a dica: não de documentação.
desanimem. Manter um estoque atualizado não • Causas relacionadas ao meio ambiente:
é fácil, ele depende do nível de organização da erro no fornecedor; furto; evaporação do
empresa, mas, aos poucos, as coisas podem me- material.
lhorar. Em alguns casos, no entanto, algumas
medidas “extremas” devem ser tomadas, como a Nesta unidade, estudamos o que é a gestão de ma-
realização de inventários diários, auditores per- teriais, como os itens em estoque podem ser admi-
manentes para verificar o estoque em pontos nistrados conforme sua classe e vimos um exem-
estratégicos etc. plo de inventário rotativo. A gestão de materiais
Além das medidas extremas em algumas si- é aplicada nas organizações que produzem e nas
tuações, medidas de ordem preventiva e corre- organizações que somente revendem materiais.
tiva devem ser tomadas após um inventário. É Saber classificar os itens que são administrados
preciso identificar o que causou a divergência no estoque permite que o gestor priorize itens
no estoque. O objetivo do inventário rotativo é que necessitam de maior atenção e tempo na sua
“identificar furos nos processos e ferramentas, administração. Realizar um inventário rotativo
para que possamos corrigi-los. É preciso atuar promove a acuracidade de saldos, impactando po-
nas causas, para que não se repitam” (GASNIER, sitivamente nas demais operações da empresa que
2002, p. 123). As causas devem ser investigadas dependem de informação correta, como é o caso
se a divergência for maior que a tolerância esta- do uso do MRP estudado na unidade anterior.
Gestor de materiais: — Tudo bem, estimado patrão. Para resolver este problema,
devemos aumentar nosso estoque.
2. Você trabalha para a empresa Experta S/A. Um item denominado “item Alfa”
é fornecido por 20 empresas diferentes, que se localizam em um raio de até 4
km em relação à Experta S/A. O item denominado “item Beta” é importado de
um fornecedor do Japão. O item é extremamente delicado, necessitando de
transporte e armazenagem refrigerados. Seu fornecimento é feito com um prazo
mínimo de 40 dias úteis após o pedido. Já o “item Gama” é fornecido por três
fornecedores diferentes localizados no mesmo Estado da empresa Experta S/A.
183
LIVRO
FILME
WEB
184
GASNIER, D. G. A dinâmica dos estoques: guia prático para planejamento, gestão de materiais e logística.
São Paulo: Imam, 2002.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https: https://michaelis.uol.com.br/palavra/MjvM/gest%C3%A3o/. Acesso em: 17 jun. 2020.
185
1. Talvez o gestor esteja correto. É preciso avaliar o quanto será aumentado de estoque de cada item. Ele
precisa se lembrar do grande dilema: devemos ter um nível de serviço alto, porém os recursos financeiros
devem ser gastos de forma controlada, possibilitando um capital de giro adequado.
2. Pode-se utilizar a classificação 123, pois ela visa classificar os itens conforme as dificuldades de fornecimen-
to, que é uma característica importante para a gestão dos itens em questão. O “item Alfa” seria um item
classe 3, pois possui poucas dificuldades de fornecimento; o “item Beta” seria um item classe 1, pois seu
fornecimento é muito complexo; e o “item Gama” seria um item classe 2, pois possui algumas dificuldades
de fornecimento, ou seja, uma média complexidade de fornecimento.
3. Como o período do inventário rotativo é de semanas e dentro deste período haverá ciclos, chegamos à
conclusão que cada ciclo terá uma duração de semanas. Assim, no mínimo, em um ciclo de semanas, todos
os itens classe A estarão contados por uma vez.
186
187
188
Me. Maílson José da Silva
PLANO DE ESTUDOS
Reposição Periódica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 7 191
• Custo com o armazenamento do item: é o em que Q* é o tamanho do lote que minimiza
custo gasto com o aluguel do prédio para os custos totais. Este lote é conhecido, também,
armazenar o produto, custo de manuten- como Lote Econômico de Compra (LEC).
ção do prédio, custo financeiro do dinheiro
que não está sendo usado para outros in-
vestimentos e sim para manter o item em
estoque etc. Este custo pode ser represen-
tado por uma taxa de encargos financeiros Nem sempre utilizamos o valor exato do Lote
sobre os estoques ou, então, por um valor Econômico de Compra, mas sim valores próxi-
em moeda. É um valor calculado consi- mos a ele. Existe, portanto, uma Faixa Econômica
derando um período anual. Para o nosso de tamanhos de lotes que proporcionam baixos
exemplo, o custo com armazenamento é custos de reposição.
dado por uma taxa de 78% ao ano, o que
equivale a um custo de R$ 29,64.
Considerando nosso exemplo da serralheria, se
Com base nesses custos, podemos afirmar que o a demanda anual for de 2100 tubos, qual seria o
custo total com a reposição de um item, dentro tamanho de lote ideal? Bem, já sabemos os custos:
de um ano de exercício, será de: R$ 38,00 ( Cunit ), R$ 150,00 ( C pedido ), R$ 29,64
(Carmazenagem ). Assim, aplicando os valores, temos:
D Q
CT=Danual .Cunit anual .C pedido .Carmazenagem
Q 2 2 C pedido Danual
Q*= 2 150 2100 146
Carmazenagem 29, 64
Em que:
• CT : Custo total com a reposição do item Isto é, o tamanho de lote de reposição de 80 uni-
no ano. dades, atualmente usado pelo gestor de materiais,
• Danual : Demanda anual do item. não é o ideal. O ideal seria um lote com 146 uni-
• Cunit : Custo unitário de compra do item. dades ou algo próximo desse valor.
• Q : Tamanho do lote de reposição. Sabemos, então, como determinar o tamanho
• C pedido : Custo com o pedido. ideal do lote de reposição. Agora, precisamos
• Carmazenagem : Custo com o armazenamen- saber como garantir que durante o período de
to do item. reposição não faltará material em estoque. Esta
falta pode decorrer da alteração da demanda
Com base nessa equação, podemos encontrar o durante o período de reposição ou atraso de
tamanho do lote que minimiza o valor de CT . Isso entrega por parte do fornecedor. Um estoque
é feito matematicamente, derivando-se a equação calculado com base na demanda média durante
em relação ao valor de Q . Como resultado, iremos o período de reposição pode não ser suficiente
obter a seguinte equação: para cobrir a necessidade de materiais. Será, por-
tanto, necessário um estoque extra, denominado
2 ⋅ C pedido ⋅ Danual de estoque de segurança. Vejamos como ele
Q*=
Carmazenagem pode ser dimensionado.
UNIDADE 7 193
Por exemplo, se for desejado um nível de serviço
de 99,97%, o valor da variável Z será de 3,40.
Quanto maior o nível de serviço desejado, maior
será o número de desvios padrão usados, o que Você precisa avaliar o que possui variação: a de-
aumentará o tamanho do estoque de segurança. manda ou o lead time. A partir dessa avaliação,
Uma outra equação usada para o cálculo do você pode escolher qual equação será usada
ES é a que considera que a demanda durante o para dimensionar o estoque de segurança.
período de ressuprimento é relativamente cons-
tante, porém o lead time de entrega é variável.
Neste caso, utilizamos a seguinte equação:
Veja como calcular o estoque de segurança
ES Z d LT s LT quando a demanda e o lead time possuem va-
riação.
Em que:
• ES : tamanho do estoque de segurança.
• Z : número de desvios padrão.
• d LT : demanda média durante o período Tenha sua dose extra de
de ressuprimento. conhecimento assistindo ao
• s LT : desvio padrão do lead time de en- vídeo. Para acessar, use seu
trega durante o período de ressuprimento. leitor de QR Code.
120
100
Volume de estoque
80
60
40
PR
20
ES
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Dia
PR dTOTAL ES
Em que:
• dTOTAL : demanda total durante o período de ressuprimento.
UNIDADE 7 195
O primeiro exemplo é referente à serralheria item está no fornecedor que demora cinco dias
que comentamos no início do tópico. Como vi- para entregar o material, mas que possui alta va-
mos, o lote econômico de reposição para certo riabilidade, tendo um desvio padrão de 2,83 dias.
tubo é de 146 unidades. É preciso calcular o esto- É desejado um nível de serviço de 99,97%. Qual
que de segurança e a demanda durante o lead time será o estoque de segurança e o ponto de ressu-
de ressuprimento. No caso do tubo em questão, primento para este caso?
iremos considerar que o lead time é relativamente Como a demanda é relativamente estável e o
constante ao longo do tempo e tem uma duração lead time é variável, iremos utilizar a equação:
de cinco dias. A demanda média diária pelo tubo
e o seu desvio padrão durante o período de ressu- ES Z d LT s LT
primento são de, respectivamente, 8,4 tubos/dia e
1,87 tubos/dia. É desejável um nível de serviço de Para o nível de serviço desejado, o valor da
99,97%. Nestas condições, qual é o tamanho do variável Z será de 3,40 (vide Tabela 1). Aplicando
estoque de segurança e qual é o ponto de ressu- os dados na equação, temos:
primento? Como a variação existe na demanda,
vamos utilizar a equação do estoque de segurança ES 3, 40 5 2, 83 48 tubos.
para o caso de demanda variável:
A demanda total durante os cinco dias do lead
ES=Z × LT × s D time é dada pela multiplicação do lead time pela
demanda média diária durante o período de res-
O valor da variável Z, para o nível de serviço suprimento:
desejado, conforme Tabela 1, é de 3,40. Substituin-
dTOTAL 5 5 25 tubos
do os valores na equação, temos:
Assim, o PR é igual a:
ES=3,40 5 1, 87 14 tubos
PR dTOTAL ES 25 48 73 tubos
A demanda total durante os cinco dias do lead
time é dada pela multiplicação do lead time pela Em ambos os exemplos, observe que o estoque
demanda média diária durante o período de res- de segurança é cada vez maior na medida em que
suprimento: a demanda média é maior. O estoque de segu-
rança também é maior na medida em que o lead
dTOTAL 5 8, 4 42 tubos time é maior. A variabilidade na demanda ou no
tempo de ressuprimento também influencia no
Assim, o PR é igual a: tamanho do estoque, bem como o nível de servi-
ço aumenta o tamanho do estoque de segurança.
PR dTOTAL ES 42 14 56 tubos Portanto, para ter estoques de segurança menores,
seria necessário atuar nestes fatores, reduzindo,
Agora, para o segundo exemplo, vamos con- por exemplo, o lead time de entrega.
siderar que existe um tubo comprado pela serra- Vamos falar, agora, do outro modelo de gestão
lheria que possui uma demanda estável de cinco de estoques em que a revisão não é contínua e
tubos por dia. O problema de fornecimento deste sim periódica.
UNIDADE 7 197
160 Nível máximo
Observe que, no dia 4, é feito
140
um pedido para completar o
120
estoque máximo de 150 unida-
Volume de estoque
100
des. Como o lead time ( LT ) é
80 de dois dias, o pedido chega no
60 dia 6. O tempo da revisão ( T )
LT
40 é de quatro dias, ou seja, a cada
20 T quatro dias verifica-se o estoque
0 e é realizado um pedido para
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 completar até o nível máximo.
Dia
Portanto, depois do dia 4, o pró-
Figura 2 – Evolução do nível de estoque no sistema de revisão periódica ximo pedido acontece no dia 8.
Fonte: o autor. Esta lógica de reposição se es-
tende para os demais períodos.
Vamos aprender a calcular os seguintes parâmetros do modelo de revisão periódica: estoque de
segurança e nível de estoque máximo.
O modelo de reposição funcionará da seguinte maneira: a cada 15 dias, o gestor de materiais verifica
o nível de estoque de arroz. Ele compara o nível de estoque atual com o nível máximo de estoque e faz
um pedido para completar o estoque até o nível máximo. Este pedido irá ser entregue dentro de quatro
dias. Caso haja alteração na demanda, o estoque não ficará vazio, pois existe o estoque de segurança
para absorver as variações. Por exemplo, caso seja feito uma revisão do estoque e o nível atual seja de
1.500 unidades, o pedido será igual a:
Observa-se, assim, que o tamanho do lote de reposição irá variar em cada reposição.
UNIDADE 7 199
Embora o lote de reposição no modelo de revisão
periódica tenha tamanho variável, em algumas
situações é possível calcular o período de revi-
são econômico. Este período é determinado com
base na equação do lote econômico. A partir do
valor do lote econômico de reposição, é calculado
o intervalo entre revisões.
UNIDADE 7 201
700
600
500
400
Consumo
300
200
100
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
Semana
Item 1 Item 2
Observamos na figura que o item 1 possui um item 2, como a demanda é irregular, um modelo
consumo menor durante as oito primeiras sema- de revisão periódica talvez não seria o mais reco-
nas, e nas semanas seguintes o consumo aumenta mendado, tendo em vista que a qualquer momen-
significativamente, voltando a ser menor na sema- to pode existir consumo do item e, dependendo
na dezessete. Esse padrão se repete, ou seja, a cada do tempo entre as revisões, não haverá tempo
oito semanas há uma mudança significativa no hábil para suprir um alto consumo. O modelo de
consumo. Podemos afirmar que existe um padrão revisão contínua poderia apresentar um resultado
de sazonalidade com um ciclo de oito semanas. Já melhor, sem necessitar de altos níveis de estoque.
o item 2 não possui consumo em todas semanas. Saber extrair os dados de consumo e demais
Observa-se que, em algumas semanas, o consumo informações relacionadas aos materiais é fun-
é igual a zero. O padrão de demanda do item 2 é damental para o gestor de materiais. Ele precisa
do tipo irregular, ou seja, não há regularidade no saber como é o consumo dos itens para fazer seu
consumo do item. ressuprimento de maneira adequada. Neste sen-
Montar os gráficos de demanda de cada item tido, é conveniente conhecer a demanda média e
nos ajuda a identificar a melhor estratégia para o seu desvio padrão. A média pode ser calculada
administrar o item. Por exemplo, o item 1 pode ser para diferentes períodos. Existe a média de con-
controlado pelos modelos de revisão periódica ou sumo mensal e a média de consumo diário. Esta
revisão contínua, desde que se considere o fator de última pode fornecer valores mais precisos do que
sazonalidade, ou seja, em alguns períodos do ano a média mensal. O gestor precisa verificar qual de-
será conveniente aumentar o nível do estoque de las é o melhor indicador de consumo para realizar
segurança, pois o valor médio da demanda varia o planejamento da reposição dos itens. Vamos ver
significativamente a cada oito semanas. Já para o agora alguns indicadores de desempenho.
Podemos ver que o item Chateau C tem um giro anual maior que o item Chateau B, embora ambos
tenham a mesma demanda anual. O item Chateau C é renovado com mais frequência no estoque,
indicando que ele possui um menor valor investido em estoque para atender uma mesma quantidade
de demanda do item Chateau B.
UNIDADE 7 203
Cobertura de Estoque
Este indicador mostra a capacidade do estoque de cobrir a demanda ao longo do tempo. Quanto maior
o valor da cobertura, maior é a capacidade de o estoque cobrir a demanda futura. Ele é calculado pela
equação:
Considerando o exemplo do pequeno vendedor de vinhos, suponha que ele possua em estoque as
seguintes quantidades dos itens:
• Chateau A: 150 unidades.
• Chateau B: 150 unidades.
• Chateau C: 50 unidades.
Considerando um ano com 50 semanas, a demanda média semanal será dada pela divisão entre a
demanda anual e o total de semanas no ano:
2000
=
Demanda semanalChateau A = 40 unidades/semana
50
1000
=
Demanda semanalChateau B = 20 unidades/semana
50
1000
=
Demanda semanalChateau C = 20 unidades/semana
50
Podemos observar que, embora os itens Chateau A e Chateau B possuam a mesma quantidade em
estoque, a cobertura de estoques é diferente, pois a demanda média dos itens é diferente. O indicador
nos dá uma estimativa de até quanto tempo teremos um item em estoque.
O coeficiente de variabilidade (CV) relaciona a média da demanda de um item com o valor do seu
desvio padrão. Podemos utilizar seu valor para descrever o padrão de demanda de certo item. O coe-
ficiente é calculado por:
Desvio padrão
CV =
Média aritmética
Considere o exemplo de dois itens genéricos A e B. O item A possui demanda média de 30 unidades
por dia com um desvio padrão de 2,5 unidades. O item B possui demanda média de 30 unidades por
dia com desvio padrão de 15 unidades. Os coeficientes de variabilidade dos itens são:
Desvio padrão 2 , 5
CVA = = 0, 08
Média aritmética 30
Desvio padrão 15
CVB = = = 0, 5
Média aritmética 30
Observe que, embora ambos os itens possuam a mesma média, eles possuem coeficientes de variabili-
dade diferentes, sendo que o item B possui o maior coeficiente. Isso significa que o item B possui uma
demanda menos repetitiva que o item A.
Este indicador mostra o quanto certo item man- • Item A=40.000-20.000=R$ 20.000
tido em estoque está proporcionando de retorno. • Item B=30.000-15.000=R$ 15.000
Ele compara a margem de contribuição do item
com o seu saldo médio. É calculado pela equação: O retorno sobre investimento em estoque dos
dois itens foi de:
Margem de contribuição [R$]
RSI E =
Saldo médio do item [R$] 20.000
RSI
= E, A = 500%
Considere o exemplo dos itens A e B que possuí- 4.000
ram um estoque médio anual, em reais (R$), de R$
15.000
4.000,00 cada um. No mesmo ano, foi vendido um RSI
= E ,B = 375%
4.000
total de R$ 40.000,00 do item A e R$ 30.000,00 do
item B. O custo da mercadoria vendida do item A Podemos afirmar que o item A teve um retorno
foi de R$ 20.000,00 e do item B foi de R$15.000,00. sobre o investimento maior que o item B, sendo,
Portanto, a margem de contribuição dos itens A portanto, melhor investir no item A.
e B foi de:
UNIDADE 7 205
Payback do Estoque
365 dias/ano
PaybackE = [dias ]
RSI E
Supondo um item que possui RSI E = 2 , temos que seu payback
será de
207
LIVRO
WEB
A logística empresarial pode ser melhor entendida por meio de jogos. O jogo
“Beer Game” dá aos participantes uma visão mais clara do que acontece em
uma cadeia de suprimentos composta por diferentes elos: fábrica, distribuidor,
revendedor, varejo, consumidor final etc. A falta de sincronização nestes elos
pode causar rupturas de estoque.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
208
GASNIER, D. G. A dinâmica dos estoques: guia prático para planejamento, gestão de materiais e logística.
São Paulo: Imam, 2002.
209
1. O modelo de revisão contínua seria o mais recomendado, pois o estoque do ponto de ressuprimento é
dimensionado em função da demanda durante o período de ressuprimento somada do estoque de se-
gurança. O estoque mantido por este modelo é menor que o estoque mantido pelo modelo de revisão
periódica, pois o estoque é dimensionado para atender à demanda apenas do período de reposição e não
do intervalo entre revisões. O modelo de revisão contínua dispara compras apenas quando necessário e
não para manter certo nível máximo de estoque, como acontece no modelo de revisão periódica.
2. O modelo de revisão periódica é o modelo mais recomendado para este objetivo. Isso por que as reposi-
ções são sempre feitas em intervalos regulares de tempo. Assim, por exemplo, para certa família de itens,
pode-se determinar um mesmo intervalo de revisão de maneira que sempre na mesma data os itens
daquela família serão solicitados de forma conjunta.
3. O gestor pode utilizar os indicadores de Payback e Retorno Sobre o Investimento (RSI). Os itens com os
melhores valores para estes indicadores serão os itens mais recomendados para serem escolhidos como
opção de investimento.
4. a) Aplicando a equação do estoque de segurança para o caso da demanda variável e tempo de ressupri-
mento fixo, temos:
ES=Z LT s D 3, 4 6 2, 2 19 unidades
Consideramos, aqui, o valor de Z=3,4, para um nível de serviço de 99,97%, conforme Tabela 1.
c) O sistema funcionará da seguinte forma: o vendedor irá verificar continuamente o nível de estoque do
item “X”, seja manualmente ou por meio de um sistema eletrônico. Quando o nível de estoque chegar a
109 unidades, o vendedor irá disparar um pedido de 200 unidades. Adicionalmente, existirá um estoque
de segurança de 19 unidades para cobrir alguma variação da demanda.
210
211
212
Me. Maílson José da Silva
Programação Detalhada
da Produção
PLANO DE ESTUDOS
Programação da Produção
em Lotes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
conjunto de instruções, expressões ou da-
dos registrados num suporte e necessários
para a execução de uma série de determi-
nadas operações [...] (PRIBERAM, [2019],
on-line)1.
Alguns itens disponíveis no mercado são produ- como no verão, a demanda por alguns itens tende
zidos em alto volume, apesar de serem itens re- a aumentar – por exemplo a demanda por venti-
lativamente complexos, que exigem uma série de ladores e condicionadores de ar.
montagens. Um bom exemplo deste tipo de item Devido ao volume e repetitividade das opera-
são os eletrodomésticos. Muitos deles possuem ções, estes itens de produção em série são fabricados
circuitos eletrônicos e estruturas em plástico e/ou de forma mais eficiente com o sistema produtivo
metálicas. Para se obter o item final, é necessária organizado em linhas de montagem. Em uma linha
uma série de operações que envolvem, por exem- existem diversos postos de trabalho; cada posto irá
plo, colocar placas eletrônicas, parafusar, colocar executar uma ou mais operações no material e o en-
cabos, encaixar peças plásticas, realizar testes, em- caminhará para o posto seguinte. O material segue
balar etc. Os eletrodomésticos são itens básicos até o final da linha, quando é considerado pronto
de uma residência e, portanto, são demandados para ser expedido ao cliente final. A Figura 1 mostra
em grandes volumes. Em algumas épocas do ano, um exemplo didático de uma linha de produção.
COMPONENTES
MP PA
TC = TD/D
Observamos, na Figura 1, que existe a entrada de matéria-prima (MP) na linha. A matéria-prima passa por
cada posto de trabalho, representado por uma mesa com uma pessoa trabalhando. Cada posto possui uma
rotina de operações-padrão (ROP), que é o conjunto de operações que ela deve executar sobre a matéria-
-prima. Esta ROP é executada dentro de certo tempo, denominado tempo de ciclo (TC). Paralelamente,
existe a entrada de componentes que são agregados ao material que está sendo processado na linha. No
final da linha, o material processado sai como produto acabado (PA).
UNIDADE 8 215
O PCP atua na produção em série responden- Para facilitar o entendimento, vamos explicar cada
do à seguinte questão central: quais atividades (ou item utilizando um exemplo.
operações) deverão ser atribuídas a cada posto de
trabalho de tal maneira que o sistema produtivo
seja eficaz e eficiente? Balanceamento de Linha
Ser eficaz está relacionado a atingir um ob-
jetivo. Um objetivo em uma linha de produção Nosso exemplo é de um fabricante de carrinhos de
é conseguir fabricar a quantidade planejada de bebê. Para fins didáticos, apresentamos as opera-
produção diária. Assim, o PCP precisa programar ções necessárias para a fabricação de um carrinho
uma linha de produção para que ela consiga pro- na Tabela 1.
duzir a quantidade demandada no dia. Tabela 1 - Operações necessárias para a montagem de um
Ser eficiente está relacionado a usar os recursos carrinho de bebê
disponíveis, evitando desperdícios. A programa- Operação Tempo (min) Dependência
ção dos itens em série deve distribuir as operações
A - Montagem
entre cada posto de trabalho de tal modo a não so- 1,5 -
da almofada
brecarregar um posto e deixar outro com menos B - Acoplagem
0,5 A
carga de trabalho (ocioso). Em outras palavras, a da almofada
atividade fundamental da programação dos itens C - Montagem
1,0 -
em série é balancear a linha de produção. das rodinhas
D - Verificação
0,5 C
de segurança
E - Calibragem
1,0 B, D
do carrinho
TP
TC =
D
Em que:
• TC: tempo de ciclo.
• TP: tempo disponível para produção.
• D: demanda diária.
Consegue interpretar o significado do valor cal- Este termo vem do alemão “Takt”, que significa
culado? Ele significa que a cada 1,71 minutos uma “compasso”, e “zeit”, que significa período (MEIRE,
unidade de carrinho de bebê deve ser processada 2013, on-line)2.
em um posto de trabalho para que em um dia Após determinar o tempo de ciclo da linha,
de trabalho de 480 minutos a demanda de 280 precisamos definir quantos postos de trabalho
unidades seja atendida. Observe que estamos de- serão necessários para executar as operações. Sa-
terminando ou “ditando” o ritmo da produção. Por bemos que cada posto deve gastar, no máximo,
isso, quando se determina o tempo de ciclo para 1,71 minutos para processar uma unidade de car-
atender a uma determinada demanda, podemos rinho. Calculamos o número mínimo de postos
afirmar que estamos calculando o “takt time”. por meio da equação:
N mínimo
t
TC
Em que:
• N mínimo : número mínimo de postos de trabalho.
• t : somatório do tempo das operações.
UNIDADE 8 217
Tabela 2 - Distribuição de operações nos postos de trabalho
O número de postos de trabalho
deve ser um número inteiro e, Posto de Operações realizadas Tempo
rabalho no posto total
portanto, serão necessários, no
mínimo, três postos de trabalho. Posto 1 A 1,5 min
O próximo passo para ba-
lancear a linha é determinar Posto 2 BeC 1,5 min
quais operações serão realiza-
das em cada posto de trabalho. Posto 3 DeE 1,5 min
Outras combinações podem ser realizadas; o balanceamento não é único. Desde que ele atenda
ao tempo de ciclo e respeite a dependência entre as atividades, é teoricamente exequível; porém,
outras complexidades em termos físicos podem interferir no balanceamento, como a necessidade
de mudar o layout da linha para que um posto execute mais de uma operação.
O posto 2 executa a operação B, que depende da realização da operação A, que, neste caso, já estará
realizada pelo posto 1. O posto 3 executa as operações D e E que dependem das operações B, C e D
que já estarão realizadas pelos postos 1 e 2.
Após fazer a distribuição das operações nos postos de trabalho, devemos verificar a eficiência do ba-
lanceamento. Ela é calculada por meio da seguinte equação:
I eficiência =1-
tempo livre
N.TC
Em que:
• I eficiência : índice de eficiência do balanceamento de linha.
• tempo livre : somatório do tempo livre em cada posto de trabalho.
Portanto, no balanceamento realizado, as cinco operações serão divididas entre três postos de trabalho,
sendo que o posto 1 executa a operação A, com duração de 1,5 min; o posto 2 executa as operações
B e C, com duração total de 1,5 min; e o posto 3 executa as operações D e E com duração total de 1,5
min. Em média, os postos de trabalho ficarão ociosos durante 12% do tempo de trabalho ou ocupados
durante 88% do tempo de trabalho.
Além do formato tradicional linear de uma linha de produção, outras configurações são possíveis.
Existem os formatos em “L”, “U” ou em serpentina. Por meio destas configurações, é possível com-
binar operações independentes, melhorando a eficiência do balanceamento. Uma pessoa pode
realizar mais de uma operação. Isso irá demandar uma maior polivalência e ajuda mútua entre os
trabalhadores da linha.
Fonte: adaptado em Tubino (2007).
UNIDADE 8 219
Programação da Produção
em Lotes
UNIDADE 8 221
Uma regra de sequenciamento é uma instrução Os métodos heurísticos surgem como um meio
de como será dada prioridade à cada ordem de eficiente para alcançar soluções aceitáveis sem
produção. A regra define o que é importante: tem- grandes esforços computacionais. Estes méto-
po de processamento, data de entrega, ordem dos podem ser comparáveis ou superiores aos
de chegada etc. A regra pode combinar diversos métodos determinísticos, quando incertezas de
fatores, como o tempo de processamento e a data tempo de processamento estão presentes.
de entrega. Fonte: adaptado de Montevechi et al. (2002).
A seguir, apresentaremos algumas regras simples de sequenciamento. Elas serão aplicadas para as
ordens de produção da Tabela 3.
Tabela 3 - Ordens de produção a serem sequenciadas
Fonte: o autor.
Esta regra prioriza as ordens de produção que entraram primeiro no sistema produtivo. Ela é muito
utilizada nos sistemas em que o cliente está presente e deseja ser atendido conforme sua ordem de
chegada. Uma desvantagem dessa regra é que caso alguma ordem de produção tenha um tempo de
processamento muito alto, ela irá retardar as demais ordens, deixando os recursos produtivos ociosos.
Com base nos dados da Tabela 3, considerando que a ordem que primeiro entrou no sistema é a
OP1, o sequenciamento será:
• OP1-OP2-OP3-OP4-OP5
Esta regra irá priorizar as ordens de produção que apresentam o menor tempo total de processamento,
ou seja, ela prioriza as ordens que são mais rápidas de serem processadas. Como consequência, esta
regra tende a gerar um menor lead time do sequenciamento e reduzir o estoque em processo. Ela pode
atender melhor os clientes. Como desvantagem, a regra sempre irá postergar as ordens de produção
com longos tempos de processamento.
Com base nos dados da Tabela 3, o sequenciamento será:
• OP5-OP4-OP2-OP3-OP1
Observe que consideramos o tempo total de processamento nas duas máquinas (A e B).
Esta regra irá priorizar as ordens de produção com a data de entrega mais próxima da data atual do
sequenciamento. Assim, por exemplo, se uma ordem de produção estiver atrasada, ela será a ordem
priorizada. Esta regra é adequada para sistemas produtivos sob encomenda, para evitar atrasos. No
entanto, a regra não considera o tempo de processamento das ordens.
Com base nos dados da Tabela 3, o sequenciamento será:
• OP3-OP1-OP2-OP4-OP5
Esta regra atribui um índice para cada ordem de produção baseado nos seguintes dados: data prome-
tida de entrega da ordem; data atual; e tempo de processamento da ordem. O índice é calculado pela
seguinte equação:
data de entrega- data atual
ICR=
tempo de processamento
UNIDADE 8 223
As ordens são priorizadas conforme o menor valor de índice crítico.
Utilizando os dados da Tabela 3 e considerando a data atual como sendo a data zero, os índices de
cada ordem são:
data de entrega- data atual 7- 0
ICROP1 = = = 1, 75
tempo de processamento 4
Podemos concluir que a OP1 é a ordem mais crítica, pois possui uma data de entrega curta e um tempo
de processamento alto. Observe que a regra ICR considera não somente a data de entrega, mas também
o tempo de processamento, sendo mais abrangente que a ordem MDE.
Com base nos índices calculados, o sequenciamento será:
• OP1-OP3-OP2-OP4-OP5
Agora que você já conhece algumas regras de sequenciamento, surge Outras características podem
a pergunta: qual delas deverá ser utilizada? Para responder a essa ser usadas, mas as que apre-
pergunta, precisamos avaliar o desempenho de cada sequencia- sentamos são, normalmente, as
mento elaborado. A avaliação considera as seguintes características: mais importantes dentro de um
sistema produtivo. Para encon-
• Lead time total. trar o desempenho de cada re-
• Lead time médio. gra, vamos construir um gráfico
• Atraso médio. de Gantt, que é utilizado para
• Tempo de espera médio das ordens de produção para serem mostrar o tempo em que cada
processadas. ordem será processada.
Para avaliar qual regra de sequenciamento atende melhor às necessidades de programação da produção,
vamos primeiro montar o gráfico de Gantt de cada regra utilizando os sequenciamentos realizados. O
gráfico apresenta, no eixo horizontal, a escala de tempo e, no eixo vertical, os recursos (no nosso caso,
temos as máquinas A e B). As ordens são representadas por barras.
Para a regra PEPS, temos o sequenciamento: OP1-OP2-OP3-OP4-OP5. Considerando a sequência
e os tempos de processamento de cada ordem, o gráfico obtido é mostrado na Figura 2.
Máquina A
OP1 OP2 OP3 OP4 OP5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 horas
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 horas
UNIDADE 8 225
Observamos, no gráfico, que a máquina B ficará ociosa por uma hora, após processar a OP4. Isso ocorre
porque a OP2, que seria a próxima ordem a ser processada depois da OP4, está sendo processada na
máquina A por três horas.
As Figuras 4 e 5 apresentam o gráfico de Gantt para as regras MDE e ICR.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 horas
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 horas
Utilizando os dados dos gráficos e as datas de entrega prometidas das ordens de produção, apresenta-
mos, na Tabela 4, as características de desempenho de cada regra.
OP1de sequenciamento
Tabela 4 - Desempenho das regras
Tempo de espera
Regra Lead time total (h) Lead time médio (h) Atraso médio (h)
médio (h)
PEPS 9 9/5 = 1,8 (0+0+1+0+0)/5=0,2 (0+0+0+1+1)/5=0,4
MTP 9 9/5 = 1,8 (0+0+0+1+2)/5=0,6 (0+0+0+0+0)/5=0
MDE 8 8/5 = 1,6 (0+0+0+0+0)/5=0 (0+0+0+0+0)/5=0
ICR 9 9/5 = 1,8 (0+0+0+0+0)/5=0 (0+1+1+1+1)/5=0,8
Fonte: o autor.
UNIDADE 8 227
Programação da Produção
em Projetos
A - 5
B A 8 Estabelecimento de Eventos
e Atividades da Rede
C B 4
UNIDADE 8 229
B
2 4 2: 5 dias. Em seguida, entre os eventos 2 e 4, temos
8 C
A
5 4 a atividade B com duração de 8 dias. Somando-se
D
1
9
5 esse tempo com o cedo do evento 2, obtém-se o
valor de 13, que é o cedo do evento 4. Posterior-
E F
3 2
mente, temos a atividade C entre os eventos 4 e
5; esta atividade possui duração de 4 dias que,
3
somados com o cedo do evento 4, resulta em 17
Figura 6 - Visão preliminar da rede PERT/CPM ( 13 + 4 ), que seria o cedo do evento 5. Contudo,
Fonte: o autor. como as atividades D e F também terminam no
evento 5, ainda não podemos afirmar que o cedo
Na rede, identificamos cinco eventos, delimitados deste evento é o valor de 17. Quando mais de uma
pelos círculos. A numeração dos eventos ocorre atividade termina em um evento, é preciso calcu-
da esquerda para direita e de cima para baixo. lar todos os possíveis cedos e selecionar o maior
Eles são ligados por setas, que são as atividades. valor como sendo o cedo daquele evento.
O nome da atividade é representado na parte de Entre os eventos 1 e 5, temos a atividade D com
cima das setas, com a sua duração na parte de duração de 9 dias; este valor somado ao cedo do
baixo. Compare a relação de dependência entre evento 1 resulta em 9, que seria o cedo do evento 5.
as atividades dada pela Tabela 5 e a dependência Entretanto, este valor é menor que 17, que foi o outro
de atividades da rede da figura. Veja que pode- valor que calculamos para o cedo do evento 5. Assim,
mos identificar graficamente que a atividade B não iremos adotar este valor, pois ele é menor que 17.
depende da atividade A e a atividade C depende Entre os eventos 1 e 3 existe a atividade E, com
da atividade B. As atividades A, D e E podem ser duração de 3 dias. Este valor somado ao cedo do
realizadas de forma independente, inclusive, po- evento 1 resulta em 3, que é o cedo do evento 3.
dem iniciar simultaneamente. Entre os eventos 3 e 5 existe a atividade F com
Para completar a rede, falta determinar as datas duração de 2 dias. Somando este valor com o cedo
de início e término de cada atividade. Existem dois do evento 3, obtemos o valor de 5, que seria o cedo
tipos de datas para o início e término das ativi- do evento 5; porém, este valor é menor que 17, que
dades: datas cedo e tarde. Isso mesmo, para cada foi calculado anteriormente. Portanto, o cedo do
atividade, iremos determinar a data mais cedo e a evento 5 será o valor de 17. Estes resultados são
data mais tarde que ela pode iniciar; iremos deter- apresentados pela Figura 7.
minar também a data mais cedo e a data mais tarde
5 13
que a atividade pode terminar. Estes tempos são B
2 4
representados por dois números escritos na forma 0 A
8 C 17
de uma fração, sendo que o numerador representa 5 D
4
1 5
a data “cedo” e o denominador a data “tarde”. 9
UNIDADE 8 231
Para a atividade E do nosso exemplo, temos:
Portanto, a atividade E pode sofrer um atraso de até 12 dias sem atrasar o projeto.
Além da folga total existem as folgas livres, dependente e independente. A folga livre corresponde
ao atraso máximo que uma atividade pode sofrer sem alterar o início cedo do seu evento final. A
folga dependente corresponde ao tempo disponível para realizar a atividade com início no tarde do
evento inicial, sem ultrapassar o tarde do evento final. E a folga independente é o período de tempo
para realizar a atividade com início no tarde do evento inicial e término sem ultrapassar o cedo do
evento final.
Fonte: Tubino (2007, p. 174).
Fonte: o autor.
Observando os dados da tabela, você consegue uma dessas atividades implicará no atraso de um
identificar quais atividades podem sofrer atrasos dia no projeto. As atividades críticas devem ser
sem prejudicar a entrega do projeto? São as ativi- bem gerenciadas, e as atividades não críticas, caso
dades D, E e F. As atividades A, B e C não podem atrasem mais que a folga total, tornar-se-ão críticas.
sofrer atrasos, pois possuem folga total igual a zero. Outra informação importante obtida com a
Essas atividades formam o chamado caminho crí- rede PERT/CPM são os dados de custo para ace-
tico do projeto. O atraso de um dia em qualquer lerar um projeto.
Algumas atividades podem ser executadas de for- A tabela mostra que algumas atividades podem ser
ma mais rápida se mais recursos forem emprega- executadas em um tempo menor. Por exemplo, a
dos na sua realização. Por exemplo, considere a atividade A pode ser acelerada em uma unidade
atividade de pintura de uma casa. O tempo para de tempo; a atividade B pode ser acelerada em
realizar a pintura pode ser reduzido caso se con- duas unidades de tempo. Observe que nem todas
trate vários pintores (neste caso, será aumentada as atividades podem ser executadas em um tempo
a quantidade de recursos humanos). acelerado. A aceleração de cada atividade implica-
Qual a vantagem de se executar atividades em rá em um custo extra, por unidade de tempo ace-
um tempo menor? Bem, a primeira delas é que o lerado. Considerando estes dados, qual(is) ativi-
projeto poderá ser entregue em um prazo menor. dade(s) você escolheria para ser(em) acelerada(s)?
Isso pode melhorar a imagem da empresa que está Observe que, conforme vimos, existem ativida-
fazendo a gestão do projeto, perante seus clientes, des que não podem sofrer atraso, pois implicará no
e os recursos serão liberados mais cedo para po- atraso do projeto. Portanto, estas atividades devem
derem ser utilizados em outros projetos. ser escolhidas, preferencialmente, para serem acele-
No entanto, é preciso avaliar quanto custará radas, pois a aceleração em uma unidade de tempo
a redução do tempo de cada atividade. Para en- implicará no adiantamento do projeto em uma uni-
tender melhor, considere os dados da Tabela 7, dade de tempo. Assim, as atividades D e E podem
referentes às atividades do nosso projeto exemplo. ser aceleradas resultando na redução do prazo de
Tabela 7 - Tempos e custos de aceleração entrega do projeto. Como a atividade D pode ser
reduzida em até 2 unidades e possui um custo menor
Custo por de redução em relação à atividade E, recomenda-se
Tempo Tempo unidade
Atividade realizar a redução destas duas unidades inicialmente,
normal acelerado de tempo
reduzida caso haja uma limitação nos recursos financeiros.
A 5 4 R$ 100 Finalizamos, aqui, nosso estudo sobre progra-
B 8 6 R$ 200 mação da produção. Ela faz parte do planejamen-
C 4 4 - to em um nível mais detalhado. Observe que é na
programação da produção que os tempos de início
D 9 7 R$ 500
e fim das atividades são estabelecidos. Na próxima
E 3 2 R$ 700
unidade, estudaremos um sistema de programação
F 2 2 - mais dinâmico que é operacionalizado pela própria
Fonte: o autor. fábrica – o sistema Kanban. Também, veremos al-
guns princípios da Teoria das Restrições que é utili-
zada para eliminar gargalos nos sistemas produtivos.
A montagem da rede PERT/CPM pode ser feita
Tenha sua dose extra de utilizando tempos probabilísticos, apresentando
conhecimento assistindo ao mais de um tempo para a realização de uma ativi-
vídeo. Para acessar, use seu
dade. Veja na pílula de aprendizagem a montagem
leitor de QR Code.
da rede utilizando tempos probabilísticos.
UNIDADE 8 233
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. A produção do item X deverá ser feita em uma linha de produção que executa
as operações apresentadas na tabela a seguir.
Considerando que a demanda diária é de 200 unidades por dia e que o tempo
disponível para trabalho é de 480 minutos, responda: qual deveria ser o tempo
de ciclo para atender à demanda? Qual é a produção máxima que pode ser
atingida por esta linha?
Tempo de Tempo de
Ordem processamento – processamento – Entrega (horas)
Máquina A (h) Máquina B (h)
OP 1 2 1 4
OP 2 1 1 5
OP 3 3 4 6
OP 4 2 3 6
OP 5 2 5 7
234
4. Determine o atraso médio para a regra ICR do exercício 3.
5.
5 13
5 B 13
2 4
8 C 17
0 A
0 17
5 4
D
1 5
9
E F
3 2
3 3
15
a) Se a atividade D for executada em 3 dias, o prazo final do projeto será dia 11.
b) Se a atividade F for executada em 3 dias, o prazo final do projeto será dia 18.
c) Se a atividade B for executada em 7 dias, o prazo final do projeto será dia 16.
d) Se a atividade A for executada em 4 dias, o prazo final do projeto será dia 11.
e) Se a atividade C for executada em 5 dias, o prazo final do projeto será dia 19.
235
LIVRO
WEB
WEB
236
MONTEVECHI, J. A. et al. Análise comparativa entre regras heurísticas de sequenciamento da programação
aplicada em job shop. Produto & Produção, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 12-18, jun. 2002. Disponível em: https://
seer.ufrgs.br/ProdutoProducao/article/view/1438/383. Acesso em: 15 jul. 2019.
TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
VIANNA, F. R. P. M. Balanceamento de linha. Curitiba: UTFPR, 2015. 36 slides, color. Disponível em: http://
paginapessoal.utfpr.edu.br/fernandovianna/ge70l-gestao-da-producao/material-aulas/balanceamento-de-linha/
BALANCEAMENTO%20DE%20LINHA.pptx/at_download/file. Acesso em: 15 jul. 2019.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https://dicionario.priberam.org/programa. Acesso em: 15 jul. 2019.
2
Em: https://blogdaqualidade.com.br/takt-time/. Acesso em: 15 jul. 2019.
237
1. Em primeiro lugar, vamos calcular o tempo de ciclo:
TP 480
TC
= = = 2, 4 min/ unidade
D 200
No entanto, observamos que a operação D possui um tempo de 4 minutos que é maior que o tempo de
ciclo. Portanto, não será possível atender à demanda de 200 unidades. A capacidade máxima de produção
é aquela dada pela divisão entre o tempo disponível e o tempo da maior operação (4 minutos):
TP 480
=CPmáxima = = 120 unidades
Tmaior tempo de operação 4
2. Como calculado no exercício 1, o tempo de ciclo para atender à demanda deve ser de 2,4 min/unidade. O
número mínimo de postos é dado por:
N mínimo
t 1 1, 7 2, 3 2,1 1 4 postos
TC 2, 4
Assim, pode-se distribuir as operações nos postos da seguinte forma:
• Posto 1: operações A e E (total de 2 minutos).
• Posto 2: operação B (total de 1,7 minutos).
• Posto 3: operação C (total de 2,3 minutos).
• Posto 4: operação D (total de 2,1 minutos).
O layout da linha deve proporcionar ao posto 1 que execute as operações A e E. Uma solução seria usar
uma linha em formato de U.
238
4. O gráfico de Gantt é apresentado a seguir.
ICR
Máquina B OP3 OP5 OP4 OP1 OP2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 horas
OP1=16-4 = 12 dias
OP2=17-5 = 12 dias
OP3=7-6 = 1 dia
OP4=15-6 = 9 dias
OP5=12-7 = 5 dias
(12 12 1 9 5)
7, 8 dias
5
5. C.
A redução de uma unidade de tempo em uma atividade crítica irá reduzir o prazo de conclusão do projeto
em uma unidade.
239
240
241
242
Me. Maílson José da Silva
Sistema Kanban e
Teoria das Restrições
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender os conceitos de programação puxada da pro- • Conhecer os cinco passos essenciais da Teoria das Res-
dução. trições.
• Compreender os princípios gerais da Teoria das Restrições. • Identificar os princípios da Manufatura Sincronizada.
• Analisar os indicadores de desempenho da Teoria das
Restrições.
Programação Puxada
da Produção
UNIDADE 9 245
Você já identificou algum destes tipos de desper- existentes em um sistema produtivo. Por exemplo,
dício em um sistema produtivo? Possivelmente, quando existe estoque entre duas máquinas, que
você já foi até um local médico, seja um hospital atuam em sequência, problemas na primeira má-
ou uma clínica, para ser consultado e, ao chegar quina não irão refletir imediatamente no desem-
lá, passou por uma fila de espera. Neste caso, você penho da segunda máquina, pois o estoque entre
observou os desperdícios de “espera” e “estoque”, elas irá manter abastecida a segunda máquina.
uma vez que existem vários pacientes a serem Neste caso, a produção não para. Contudo, se o
atendidos, formando-se um estoque de “pacientes” estoque entre as máquinas é eliminado, qualquer
a serem processados pelos recursos (médicos e de- problema na primeira máquina irá refletir na se-
mais profissionais da saúde). Você já tentou ligar gunda máquina, pois ela ficará parada devido à
em uma central de telemarketing e foi transferido parada da primeira máquina. Quanto menor o ní-
para diversos setores até chegar ao setor que aten- vel de estoque no sistema produtivo, mais evidente
deu sua demanda. Neste caso, você observou os ficarão os problemas e desperdícios existentes,
desperdícios de “espera” e “transporte”. Consegue exigindo que o sistema produtivo como um todo
pensar em outros exemplos? atue para eliminar desperdícios e melhorar seu
Considerando que os desperdícios não repre- desempenho continuamente.
sentam algo positivo tanto para uma organização Para se trabalhar com um nível de estoque bai-
como para as pessoas que atuam e que necessitam xo, utiliza-se a ferramenta denominada de Kanban.
dela, é lógico concluir que todos os desperdícios Este termo designa cartões ou demais sinais visuais
devem ser combatidos. Como podemos fazer utilizados para gerenciar o estoque em um sistema
isso? A gerência da Toyota trouxe uma com- produtivo. Por meio do Kanban, o fornecimento
preensão excelente sobre o papel dos estoques na dentro e fora do sistema produtivo se torna um for-
geração de desperdícios. Ficou evidente, a partir necimento Just-in-Time (JIT) ou um fornecimento
do Sistema Toyota de Produção (ou Produção “apenas no tempo necessário”. Isto é, a produção é
Enxuta), que à medida que se reduz o estoque feita apenas quando realmente é requisitada pelo
(seja intermediário, entre estações de trabalho, cliente e na quantidade realmente necessária.
seja de matéria-prima ou produto acabado) em Observe que para este tipo de fornecimento, os
um sistema produtivo, os trabalhadores (seja do produtos precisam ter qualidade, caso contrário, a
chão de fábrica ou da gerência) precisam trabalhar produção poderá parar momentaneamente devido
para reduzir os desperdícios. ao fornecimento de um item defeituoso.
Isso ocorre porque os estoques servem como Para operar o sistema Kanban, são necessários
uma “maquiagem” para disfarçar os desperdícios alguns elementos básicos:
Nº do item Nº prateleira
estocagem
Nome do item
Sistema Kanban
UNIDADE 9 247
2. Contenedor padrão: a produção é feita Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4 Peça n
em lotes de tamanho fixo, definidos pelo
contenedor padrão. Este é um recipiente
usado para armazenar os itens. Um conte-
nedor pode conter apenas uma ou, então,
várias unidades, e pode ter características
diferentes conforme as características do
produto. Por exemplo, em uma indústria
de autopeças, o contenedor pode ser uma
caixa plástica que armazena parafusos, re-
trovisores, pedais, dentre outras peças; em Figura 3 – Exemplo de Porta Kanban
uma indústria de confecção ele pode ser Fonte: o autor.
um cabide que suporta uma camisa que Perceba que o quadro Kanban é dividido
está sendo produzida. por cores. Elas significam a urgência de
3. Centro de trabalho: é o local em que reposição de cada peça. Quando existirem
ocorrem as operações de produção. Os cartões Kanban nas áreas vermelhas, signi-
trabalhadores do centro produzem os fica que o ressuprimento do item referente
itens e os estocam nos contenedores. à área é urgente; quando existirem cartões
4. Painel de Kanban ou Porta Kanban: nas áreas amarelas, significa que o ressu-
é um painel usado para armazenar os primento é prioritário; e quando existirem
cartões Kanban. É para este painel que os cartões nas áreas verdes, significa que o res-
trabalhadores olham a fim de verificar se suprimento é necessário, porém não urgen-
existe algum cartão autorizando a pro- te. A quantidade de áreas verde, amarela e
dução. Os trabalhadores colocam cartões vermelha dependerá do dimensionamento
Kanban no painel à medida que seus es- feito para cada peça, que é determinado
toques de componentes ou matéria-prima pela demanda, pelo estoque de segurança
são consumidos, indicando a necessidade desejado, dentre outros fatores. Os cartões
de reposição. A Figura 3 mostra um exem- são colocados de baixo para cima e são reti-
plo de Porta Kanban. rados de cima para baixo. Veja que o quadro
Kanban permite que o próprio trabalhador
do posto de trabalho decida a prioridade
do momento, agilizando a programação
da produção.
5. Áreas de entrada e de saída: podem ficar
próximas ou distantes do centro de traba-
lho e definem espaços para armazenar os
contenedores, tanto de peças produzidas
pelo centro de trabalho como de peças con-
sideradas insumos do centro de trabalho.
Quadro Kanban
UNIDADE 9 249
Princípios Gerais da Teoria
das Restrições (TOC)
Para você, o que é um gargalo? Segundo o dicioná- Neste caso, mesmo que os demais setores con-
rio Priberam ([2019], on-line)1, gargalo é “1. Parte sigam produzir grandes quantidades de painéis
superior e estreita da garrafa, frasco, etc. 2. [Fi- por dia, se o setor de expedição não conseguir
gurado] Entrada estreita. 3. [Jocoso] Garganta, despachar as unidades produzidas, todo fluxo
pescoço”. Isto é, gargalo é a parte mais estreita produtivo ficará restringido. Ainda, pode exis-
de uma garrafa que restringe o fluxo de líquido. tir gargalos externos, como, por exemplo, o se-
Em um sistema produtivo, de forma similar, um tor produtivo possuir capacidade para produzir
gargalo é um recurso produtivo que restringe o várias unidades no dia, porém o setor de vendas
fluxo de produção no sistema, ou seja, as unida- não consegue vender todos os itens que a fábrica
des produzidas tendem a ficar retidas no gargalo, poderia fabricar. Neste caso, o gargalo se encontra
devido ao baixo fluxo produtivo proporcionado no setor de vendas.
por ele. Contudo, o gargalo pode também estar
na parte externa do sistema produtivo. Vejamos
alguns exemplos.
Imagine uma indústria que fabrica painéis de
metal usados em fachadas de lojas. A produção Gargalo: estágio que representa a restrição de
é composta pela retirada de materiais do almo- capacidade em um processo; controla a produ-
xarifado, corte de tubos e chapas, solda de peças ção de todo o processo.
e posterior montagem de letreiros e iluminação. Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2018,
Após a finalização dos produtos, é preciso carre- p. 787).
gá-los em um veículo para levar até o cliente final
onde será feita a montagem dos painéis. Um gar-
galo interno pode se encontrar em um dos setores Você pode identificar alguns sinais de que um
de fabricação. Por exemplo, o setor de Expedição recurso é gargalo, observando o fluxo produtivo
dessa indústria pode ter grandes dificuldades em em um sistema, por exemplo, grandes quantida-
embalar e acomodar as peças nos caminhões que des de materiais ao lado de uma máquina para
irão levar os painéis até os clientes. Isso por que serem processados; algumas máquinas traba-
o setor pode não dispor de recursos adequados lhando de forma integral, durante a jornada de
para o trabalho com peças de grandes volumes, trabalho, enquanto outras permanecem inati-
como pontes rolantes ou talhas. O espaço no pá- vas por um tempo relativamente alto; e clientes
tio também pode estar limitado, dificultando a demandando mais produtos do que a empresa
movimentação de materiais e pessoas. consegue produzir.
UNIDADE 9 251
A restrição do fluxo de produção nem sempre é causada por um recurso gargalo. É preciso fazer a
diferenciação entre gargalos e recursos com capacidade restrita. O gargalo existe de forma estrutural,
ou seja, é mais difícil de ser eliminado e restringe o fluxo de forma mais consistente, independen-
temente da conjuntura da empresa. O recurso com capacidade restrita impede o fluxo desejado da
produção conforme a variabilidade nos sistemas de produção.
Em uma empresa, os recursos gargalo existem curso gargalo. Estoque entre os dois recursos
juntamente com os demais recursos. Vejamos, de será formado.
forma gráfica, alguns tipos de relacionamento de O tipo 3 acontece quando recursos gargalo e
recursos gargalo. não gargalo abastecem uma linha de montagem.
Neste caso, mesmo que a montagem receba diver-
sa peças do item não gargalo, sua produção ficará
Gargalo Não-gargalo Não-gargalo Gargalo
limitada à capacidade do recurso gargalo.
Tipo 1 Tipo 2
E no tipo 4 temos a situação em que os recur-
Montagem sos atuam de forma independente. No entanto, a
demanda final que a empresa pode atender pode
ficar restringida pelo recurso gargalo.
Gargalo Não-gargalo Não-gargalo Gargalo
Quais são as consequências de um gargalo?
Tipo 3 Tipo 4
Podemos citar três, que são baseadas nos objetivos
Figura 5 - Tipos de relacionamentos entre gargalos e não de melhoria da TOC:
gargalos 1. Um gargalo impede a empresa de ganhar
Fonte: adaptada de Tubino (2000).
dinheiro hoje e no futuro.
2. Um gargalo impede a empresa de satisfa-
O tipo 1 mostra um gargalo que produz itens e zer os empregados hoje e no futuro.
entrega para um recurso não gargalo. Consegue 3. Um gargalo impede a empresa de satisfa-
deduzir o que pode acontecer nessa configura- zer seus clientes hoje e no futuro.
ção? O recurso gargalo não irá conseguir produ-
zir itens em quantidade suficiente para manter A filosofia, as técnicas e os métodos de trabalho
o outro recurso em utilização pelo maior tempo propostos pela TOC visam evitar estas três conse-
possível na jornada de trabalho. O recurso não quências. Iremos apresentar os cinco passos para
gargalo ficará ocioso. aplicação da TOC e os princípios de manufatura
O tipo 2 mostra a situação inversa do tipo 1. sincronizada, mas, antes, é importante que você
O recurso não gargalo irá produzir uma quan- entenda que a TOC se baseia em três princípios
tidade alta de itens que não serão processados básicos (MACKNESS; RODRIGUES, 1994 apud
adequadamente, ao longo do tempo, pelo re- ANTUNES et al., 2008):
“
1. Relativo a Sócrates ou à sua doutrina. 2. Diz-se do
método pedagógico de perguntas e respostas e que leva
o discípulo ao conhecimento do próprio erro, para, a
seguir, o conduzir ao descobrimento da verdade.
UNIDADE 9 253
Indicadores de
Desempenho da TOC
UNIDADE 9 255
Os Cinco Passos
da TOC
Estação 1 Estação 2
50 pçs/hora 20 pçs/hora
Estação 3 Vendas
60 pçs/hora 40 pçs/hora
UNIDADE 9 257
terceiro passo é evitar a produção em excesso nos
recursos que não são o gargalo para evitar despesas e
investimentos desnecessários. Aumentar a produção
nos recursos não gargalo não irá aumentar o ganho
da empresa.
Após a aplicação do terceiro passo, espera-se que
os indicadores de desempenho de ganho, lucro lí-
quido, retorno sobre o investimento e fluxo de caixa
apresentem resultados melhores. Contudo, uma nova
melhoria ainda pode ser feita aplicando-se o quarto
passo que consiste em elevar a capacidade da
restrição. Isso significa dizer, para o nosso exemplo,
que a taxa de produção da estação 2 será aumentada
para um valor superior a 20 peças/hora. O quarto
passo envolve o investimento em melhorias mais
caras, como a compra de mais equipamentos para
a estação 2, a contratação de mais funcionários, a
terceirização da operação realizada pela estação 2,
a automatização do processo, dentre outras. Para o
caso em que a restrição se encontra em outras áreas,
as melhorias podem envolver, por exemplo, a seg-
mentação de mercado (quando a restrição está no
setor de vendas), a contratação de uma empresa de
publicidade, desenvolvimento de novas tecnologias,
dentre outras. O objetivo é elevar a taxa de produção
da restrição. Ao aplicar este passo, o sistema produ-
tivo aumentará seu fluxo produtivo como um todo
e surgirá um novo gargalo no sistema. Por exemplo,
ao elevar a taxa da estação 2 de 20 peças/hora para
50 peças/hora, a nova restrição poderá ser o setor de
vendas, que possui uma taxa de 40 peças/hora. Neste
momento, deve-se aplicar o passo cinco.
O quinto passo consiste em voltar ao passo 1
e encontrar a nova restrição do sistema. Quando
uma restrição é eliminada irá surgir uma nova restri-
ção. Dessa forma, a TOC pode ser aplicada em vários
ciclos com o objetivo de melhorar o fluxo produtivo.
Para finalizar o assunto principal do nosso ca-
pítulo, que é a melhoria do desempenho de sis-
temas produtivos, vamos ver alguns princípios
básicos de manufatura sincronizada.
Faça o balanceamento do
fluxo e não da capacidade
UNIDADE 9 259
O tempo ganho em um recurso gargalo é o tempo ganho para o
sistema global
Uma das justificativas do princípio anterior que afirma que é preciso balancear o fluxo e não a capacida-
de é que é preciso trazer o foco para o recurso gargalo do sistema, pois ele irá influenciar grandemente
no fluxo produtivo. O gargalo restringe o fluxo, e se ele tiver sua capacidade aumentada, consequen-
temente o fluxo produtivo do sistema irá aumentar. Melhorias devem ser feitas no gargalo e não nos
demais recursos. A capacidade da fábrica fica restringida à capacidade do gargalo e qualquer tempo
ganho nele irá refletir em um melhor desempenho do indicador de ganho.
Esse princípio reforça o anterior destacando que melhorias em recursos não gargalo apenas darão a
ideia de que haverá uma melhoria em todo o sistema. Se aumentar a capacidade de um recurso não
gargalo, a produção extra de peças não seguirá um fluxo contínuo ao longo do sistema, pois, ao che-
garem no recurso gargalo, o fluxo será restringido.
O recurso gargalo dita o ritmo de produção, pois os demais recursos não podem processar uma quantidade
de peças que não existe devido à baixa produção do recurso gargalo. Portanto, os demais recursos não gargalo
irão operar em função do recurso gargalo. Se um recurso gargalo opera antes de uma restrição priorizar altas
taxas de utilização irá apenas gerar peças extras, que se acumularão no gargalo. Isso aumentará o investi-
mento em materiais e as despesas operacionais para manter os itens no sistema. Assim, o princípio afirma
que a utilização de um recurso não deve ser determinada pela disponibilidade do recurso (aquilo que ele
poderia produzir), mas deve ser controlada pelas restrições do sistema. O recurso não deve ser ativado a
todo o momento se isso não for gerar um aumento real no indicador de ganho.
Utilizar um recurso significa usar o recurso para gerar um aumento no indicador de ganho. Ativar um
recurso significa usar o recurso independentemente se haverá ou não um aumento no indicador de
ganho. Neste sentido, por exemplo, caso você veja uma máquina parada em um sistema produtivo nem
sempre isso é ruim. Ativar a máquina para produzir itens que não gerarão ganho à empresa é prejudicial,
Um lote de transferência é o lote que é transferido de um recurso para outro. Um lote de processa-
mento é o lote que é processado em um recurso. Por exemplo, em uma indústria do vestuário, um
posto de trabalho (constituído por uma máquina de costura e uma costureira) recebe um lote para
ser processado com 50 peças. Este é o lote de processamento. À medida que as peças são processadas
na máquina, pode-se tomar uma das seguintes decisões: (a) é feito o processamento das 50 peças e
depois é feita a sua transferência para o próximo posto de trabalho; (b) é feito o processamento de um
certo número de peças e, ao finalizá-las, já é feita a transferência para o próximo posto de trabalho.
Por exemplo, a costureira pode processar 10 peças e já transferi-las para o próximo posto. Neste caso,
o lote de transferência será de 10 peças. Ao fazer isso, o fluxo produtivo tende a ser mais constante,
evitando o desabastecimento de peças nos demais postos, mantendo a produção mais sincronizada.
O uso deste princípio gera outros benefícios, como a identificação mais rápida de peças com defeito
e a diminuição do tempo de atravessamento do produto no sistema produtivo.
Estabelecer um tamanho único de lote de processamento irá desconsiderar a dinâmica que existe em
um sistema produtivo. Existem flutuações estatísticas na capacidade de produção de cada recurso, e
o tamanho único de lote nem sempre vai gerar um fluxo constante na produção. É preciso variar o
tamanho do lote conforme as circunstâncias, priorizando o fluxo.
Este princípio é acrescentado por Corrêa H. e Corrêa C. (2008). Como o recurso gargalo limita o fluxo
produtivo e uma hora perdida nele será uma hora perdida em todo o sistema, é preciso mantê-lo cons-
tantemente abastecido. Neste sentido, o recurso gargalo determina o estoque que deverá ser mantido
para que não haja interrupção no fluxo produtivo.
UNIDADE 9 261
A programação das atividades e a capacidade de produção
devem ser consideradas simultâneas e não sequenciais
O sequenciamento de ordens de produção em um recurso influencia na sua capacidade, uma vez que
o sequenciamento determina o tempo de fila de cada ordem de produção. Do ponto de vista da manu-
fatura sincronizada, a capacidade de produção poderá variar conforme a programação das atividades
e, portanto, a capacidade e a programação devem ser consideradas de forma simultânea.
Por meio da TOC e da Produção Enxuta é possível melhorar o fluxo produtivo, reduzir o estoque
de itens desnecessários e, consequentemente, reduzir o custo envolvido na manutenção dos estoques.
O Quadro 1 apresenta uma comparação das duas abordagens para melhoria do sistema produtivo.
Quadro 1 - Características da Teoria das Restrições e Produção Enxuta
Observe que a diferença entre as duas abordagens é que a TOC busca encontrar a restrição de um sis-
tema e melhorar o fluxo produtivo e a Produção Enxuta visa à eliminação de desperdícios, agregando
mais valor ao cliente.
Finalizamos, aqui, nosso estudo sobre dois conceitos importantes relacionados à melhoria de sistemas
produtivos. A sua aplicação demandará um esforço em equipe e apoio da alta administração. A aplica-
ção da Produção Enxuta e da Teoria das Restrições pode gerar uma grande diferença no desempenho
geral de um sistema produtivo. Fique atento e aproveite as oportunidades para aplicar os conceitos
apresentados nesta unidade e neste livro. Desejamos, a você, sucesso na sua carreira profissional!
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II apenas.
e) II e III apenas.
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LIVRO
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WEB
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WEB
O site “Planet Lean” apresenta diversos artigos atuais sobre produção enxuta.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
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ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta.
Porto Alegre: Bookman, 2008.
CORRÊA, H.; CORRÊA, C. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
TUBINO, D. F. Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2000.
TUBINO, D. F. Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.
REFERÊNCIAS ON-LINE
266
1. Alguns desperdícios possíveis são:
• Produtos defeituosos: um atraso grande de chegada em uma parada de ônibus pode ser considerado
um gerador de produto defeituoso, uma vez que o cliente espera que seu transporte chegue no horário
programado. Atrasos podem gerar descontentamento dos passageiros, pois poderão se atrasar para
os demais compromissos.
• Espera: passageiros esperando nas paradas de ônibus além do tempo previsto para chegada de um
veículo.
• Superprodução: se a gerência da empresa de ônibus colocar mais veículos do que o necessário para
transporte de passageiros, fazendo uma subutilização dos veículos, pode-se considerar que haverá um
desperdício de superprodução.
2. B.
A TOC não utiliza, necessariamente, cálculos para sua aplicação e não visa ao aumento do número de
recursos gargalos e sim à sua diminuição.
3. O retorno sobre o investimento é calculado pela divisão entre o lucro líquido e o valor de investimento:
1500000
Retorno sobre investimento= =3
500000
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CONCLUSÃO
ISBN: 978-65-5615-156-4
0 251090 020205
RADUAÇÃO
OÃÇAUDARG
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