(NC01) BE18 Lisboa - Gomes Et Al (2018)
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José Gomes1 Miguel Azenha2 José Granja3 Rui Faria4 Carlos Sousa5
B. Zahabizadeh6 A. Edalat-Behbahani7 Dirk Schlicke8 Carlos Rodrigues9
RESUMO
No âmbito do projeto FCT IntegraCrete, foi desenvolvido um programa experimental com o objetivo de
estudar o fenómeno das interações supracitadas e validar simulações numéricas do comportamento de
lajes nessas condições, recorrendo a ensaios de longa duração à escala real. De forma a isolar os efeitos
das cargas aplicadas e da deformação restringida, o programa experimental conta com a simulação de
quatro situações distintas, por combinação das seguintes condições: (i) com ou sem restrição axial; (ii)
com ou sem aplicação de cargas verticais. Em paralelo, foi efetuada caracterização do betão, envolvendo
a realização de ensaios para determinação, a várias idades, de propriedades mecânicas e perfis de
humidade relativa (HR). Adicionalmente, as lajes foram instrumentadas com extensómetros e LVDT’s
para medição de extensões/deformações no aço e no betão. São também utilizados sensores de
temperatura e microscópio ótico portátil para medição da abertura de fendas.
1. INTRODUÇÃO
A fendilhação de estruturas de betão armado é um fenómeno admissível quando controlado, mas quando
a fendilhação assume proporções excessivas, constitui-se como um dos principais fatores a afetar
1
Escola de Engenharia da Universidade do Minho, ISISE, Guimarães, Portugal. jose89gomes@gmail.pt
2Escola de Engenharia da Universidade do Minho, ISISE, Guimarães, Portugal. miguel.azenha@civil.uminho.pt
3Escola de Engenharia da Universidade do Minho, ISISE, Guimarães, Portugal. granja@civil.uminho.pt
4Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Departamento de Engenharia Civil, Porto, Portugal. rfaria@fe.up.pt
5Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Departamento de Engenharia Civil, Porto, Portugal. cfsousa@fe.up.pt
6Escola de Engenharia da Universidade do Minho, ISISE, Guimarães, Portugal. b.zahabizadeh@gmail.com
7Escola de Engenharia
da Universidade do Minho, ISISE, Guimarães, Portugal. aliedalatbehbahani@gmail.com
8Graz University of Technology, Institute of Structural Concrete, Graz, Austria. dirk.schlicke@tugraz.at
9Instituto Superior
de Engenharia do Porto, Departamento de Engenharia Civil, Porto, Portugal. cfg@isep.ipp.pt
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Este artigo tem como objetivo mostrar o desenvolvimento de um sistema inovador de ensaio de retração
restringida em lajes de betão armado e o correspondente planeamento de um programa experimental
para o estudo do efeito combinado de cargas aplicadas e retração impedida neste tipo de elementos
estruturais. O artigo começa por descrever os princípios de dimensionamento e os requisitos do sistema
de restrição da laje. De seguida, é descrito o programa experimental que é dividido em duas fases. Na
primeira fase é realizado um ensaio protótipo para averiguar a adequabilidade do sistema desenvolvido
e retirar ilações sobre eventuais aperfeiçoamentos. A segunda fase corresponde à campanha
experimental alargada que envolve o ensaio de lajes em quatro situações distintas (laje restringida
axialmente com e sem aplicação de cargas verticais e lajes sem restrição à deformação, com e sem
aplicação de cargas verticais), para além dos ensaios de caracterização do betão. Dada a fase inicial em
que se encontra esta segunda parte do programa, no contexto do presente artigo apenas será feita uma
descrição do planeamento e preparação encetada.
Nesta secção propõe-se um sistema de ensaio que permite restringir axialmente, de forma controlada,
um elemento laminar horizontal, simplesmente apoiado, que pode ser simultaneamente sujeito a
carregamentos verticais, proporcionando esforços de flexão/corte. Com este sistema pretende-se simular
um trecho de uma laje carregada em situação de serviço e em condições de elevada restrição, enquanto
se monitoriza a força axial instalada, as deformações e as extensões nas armaduras.
O dimensionamento do provete de ensaio teve como base a simulação de um caso real de uma laje
contínua com funcionamento unidirecional, suportada por vigas transversais, em condições de elevada
restrição axial. Foram considerados vãos de 4.0m com cargas permanentes de 2.0kN/m2 (para além do
peso próprio) e cargas variáveis correspondentes a pavimentos de Categoria A (2.0kN/m2 acrescidos de
1.2kN/m2 relativos a divisórias amovíveis), de acordo com a EN1991-1-1 [10]. Foram considerados os
seguintes materiais: betão C20/25 e aço A400NR. A laje foi dimensionada para os estados limite últimos
e estados limites de utilização, de acordo com a EN1992-1-1 [11], sem consideração dos esforços axiais
provocados pela restrição. O dimensionamento resultou numa laje com 0.10m de espessura com
armaduras longitudinais de Φ8//0.10 (quer na face inferior, quer na face superior).
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Uma vez que o sistema de restrição foi concebido para testar uma laje simplesmente apoiada, o provete
de ensaio tem um vão livre de 2.4m correspondente à distância entre momentos fletores nulos
(aproximadamente 3/5 do vão de 4.0m). A largura do provete é de 0.5m (cinco vezes a sua espessura)
de forma a garantir um comportamento assimilável a laje.
A laje é suportada por dois varões de aço de 40mm de diâmetro, embebidos transversalmente a meia
altura nas extremidades do vão livre, e garantindo o vão livre de 2.4m entre eixos de varões de apoio.
Para além do eixo deste varão, a laje tem ainda 10cm de comprimento adicional na sua direção
longitudinal em ambas as extremidades, perfazendo comprimento total de 2.60m. Os varões transversais
de apoio são apoiados em duas longarinas metálicas longitudinais, conforme ilustrado na Fig. 1. A laje
é restringida através do controlo do esforço axial instalado, garantido por dois atuadores hidráulicos de
duplo efeito (cada um instalado no interior da longarina correspondente), que por sua vez permitem
movimentar um dos varões transversais de apoio (varão móvel identificado na Fig. 1a) relativamente às
longarinas. O outro varão transversal está fixo às longarinas. Ambos os apoios (fixo e móvel) permitem
a livre rotação da laje através dos rolamentos que ligam os varões de apoio às longarinas. Embora seja
espectável a fissuração na zona dos apoios, onde há grande concentração de tensões, a região de controlo
para restrição da retração é limitada a 1.4m centrais da laje (Fig. 1a).
Cada longarina é constituída por um perfil tubular metálico com 2.65m de comprimento, tendo secção
exterior 140x140mm2 e parede com 8mm de espessura. Cada longarina é suportada por dois perfis
tubulares metálicos de 0.15m de comprimento, com secção exterior de 80x80mm2 e parede de 4mm de
espessura. Cada longarina tem 5 furos roscados ao longo da base para permitir a fixação de ripas de
madeira que posicionam e suportam a cofragem do provete. Nas faces laterais de cada longarina existem
furos de 40mm de diâmetro que servem para passagem/apoio ao varão embebido na laje que é
considerado ‘fixo’ (i.e., que não permite deslocamento longitudinal relativamente à longarina de apoio).
No caso do apoio do varão transversal considerado ‘móvel’, as longarinas têm rasgos com 50mm de
altura e 150mm de comprimento para passagem do varão. O apoio do varão móvel em cada longarina é
feito através de um rolamento de esferas colocado entre duas pistas de rolamento cuja altura é regulada
através de um sistema de aperto com parafusos (Fig. 1b).
A aplicação da carga axial é executada por dois atuadores hidráulicos de duplo efeito, alimentados por
uma bomba manual e com capacidade de 100 kN em compressão e 50 kN em tração, ligados ao varão
móvel de apoio (parcialmente embebido na laje). O esforço axial instalado na laje é medido por duas
células de carga, com capacidade de 100kN, colocadas entre o atuador e o varão móvel (Fig. 1a).
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3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
O ensaio piloto para avaliação do efeito combinado de retração impedida e cargas aplicadas foi realizado
com dois provetes: (i) uma laje de betão armado ensaiada no sistema de restrição descrito na secção 2.2
e (ii) um provete complementar (denominado ‘dummy’) para medição da retração (Fig. 2a). Para além
desses provetes, foram betonados nove cubos (15cm de aresta) e três cilindros (15cm de diâmetro e
30cm de altura), da mesma amassadura, para caracterização do betão em idades distintas: resistência à
compressão de acordo com a norma EN12390-3 [12] e módulo de elasticidade de acordo com a
especificação LNEC E397 [13]. Adicionalmente, foram betonados 24 blocos de betão de 15 15 24cm2
para usar como carga vertical distribuída a aplicar à laje (Fig. 2b).
Figura 2. (a) Provetes de ensaio e (b) blocos para aplicação de carga vertical.
Para a realização deste ensaio foi encomendado um betão com classe de resistência C20/25, dimensão
máxima de agregado de 12.5mm e classe de consistência S3. Embora apenas fossem necessários 0.55m3
de betão no âmbito deste ensaio piloto, foram encomendados 3m3 de forma a evitar erros significativos
de pesagem na central de betão. No Quadro 1 a composição teórica é comparada com a composição real
do betão, tendo-se verificado ainda assim um desvio significativo na quantidade de brita 2/8mm.
Apesar do dimensionamento da armadura da laje abordado na secção 2.1 prever uma solução com varões
de 8mm espaçados 100mm, neste ensaio piloto ambas as armaduras (superior e inferior) foram
materializadas em varões de 8mm espaçados de 125mm (devido a um erro de colocação que foi
considerado aceitável no contexto dum ensaio piloto) com um recobrimento de 22mm. A armadura
transversal, correspondente a 20% da armadura principal tal como recomendado pela norma EN1992-
1-1 [11], foi materializada com varões de diâmetro 6mm, espaçados de 300mm, com recobrimento de
30 mm. O provete complementar para medição da retração livre (‘dummy’) tem a mesma secção
transversal da laje (0.5 0.1m2) e 0.5m de comprimento, ficando simplesmente pousado na vertical,
próximo da laje.
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A betonagem e ensaio decorreram na nave do laboratório do IB-S (Instituto de Ciência e Inovação para
a Bio-Sustentabilidade) num espaço sem controlo específico de temperatura ou humidade relativa,
tendo-se registado variações de temperatura entre 20 e 28°C e variações de humidade relativa entre os
30 e 65% durante o período de ensaio aqui reportado. A secagem do betão foi impedida até ao dia de
desmoldagem da laje e provete complementar (7 dias) através da colocação de filme plástico na
superfície não moldada. A partir do sétimo dia, a laje ficou sujeita a secagem em todas as faces.
As deformações do dummy foram monitorizadas com extensómetro de cordas vibrantes Gage Technique
TES/55/T, com comprimento de sensor de 14cm, resolução de 1με e campo de medição de 3000με,
posicionado no centro do provete com direção perpendicular à base. Na laje restringida, a extensão no
aço a meio vão (varão superior e inferior) é medida através de dois extensómetros elétricos de 120Ω de
resistência tipo BFLA-5-3 da TML, com comprimento de sensor de 5mm, em esquema de ligação de
quarto de ponte de Wheatstone. A deformação vertical da laje a meio vão é medida com LVDT
GT2500RA da RDP, com campo de medição de +/- 2.5mm. A temperatura ambiente e no interior da
laje são registadas com dois sensores de temperatura PT100, com 100Ω de resistência. A abertura das
fendas é determinada com recurso a um microscópio USB Veho VMS-004, com ampliação 20x e 400x
e resolução de 2MPx.
Para medição da deformação longitudinal da laje na região de controlo, foram embutidas duas
cantoneiras espaçadas 1.4m, em cada lado da laje, e um LVDT GT1000RA da RDP (campo de medição
de +/- 1mm) é fixado numa delas através de uma abraçadeira metálica. A deformação da laje na região
central é determinada através de um cabo de aço, em tensão, fixado entre uma das cantoneiras e uma
chapa metálica em contacto com o LVDT, estando esta chapa ligada ao suporte do LVDT através de 2
molas (Fig. 3). Com este sistema de molas pretendia-se medir a extensão longitudinal da laje durante a
aplicação de carga axial.
Os valores médios de resistência à compressão (fcm) e módulo de elasticidade (Ecm), obtidos a partir dos
ensaios de caracterização em cubos e cilindros, são apresentados no Quadro 2.
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Após desmoldagem da laje e do dummy aos 7 dias (~174h) foi aplicada uma carga axial de
aproximadamente 16kN (proporcionando que na secção de meio vão – face inferior da laje- ficasse
instalada uma tensão de tração calculada em cerca de 1.3MPa) de forma a observar o efeito da restrição
axial em regime elástico. O diagrama da força e da deformação da laje em função do tempo, para a
vizinhança desse instante, está representado na Fig. 4. A extensão longitudinal de 10-15με, lida pelo
sistema de molas descrito na secção anterior, é consistente com o valor calculado considerando a
geometria da laje e o módulo de elasticidade do betão e do aço [14] (200 GPa e 26.3GPa, respetivamente):
~12με. Após a correção de um problema inicial com o sistema hidráulico, que impedia o fecho das
válvulas do sistema da bomba após carregamento, levando consequentemente a níveis indesejavelmente
elevados de perda de pressão após carregamento, foi possível aplicar uma carga axial constante ao longo
do tempo, tendo-se observado, no entanto, uma variação com um comportamento sinusoidal provocada
pela variação da temperatura ambiente no laboratório, como se pode observar na Fig. 4b.
Figura 4. Deformação da laje após aplicação de carga axial (a); evolução do esforço axial nos
primeiros dias (b).
Aos 59 dias foi aplicada uma carga composta por 14 blocos de betão (Fig. 5), devidamente espaçados
de forma a evitar contacto mútuo (que conduziria a efeito de arco), e simular uma combinação de carga
quase-permanente (pcqp).
Os blocos foram colocados sequencialmente do meio vão para os apoios, resultando na formação de
uma única fenda a meio vão com uma abertura de aproximadamente 0.2mm (Fig. 5). Tal como seria
expectável, a abertura de fenda medida foi superior à prevista pela aplicação da formulação da EN1992-
1-1 [11] (~0.07mm), num processo que ignorou o efeito da retração restringida para o cálculo da
abertura de fenda.
Figura 5. Aplicação da carga vertical (a); fenda a meio vão após carregamento (b).
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A campanha experimental de longo prazo para o estudo do efeito combinado de cargas aplicadas e
retração impedida em lajes de betão envolve a simulação de quatro situações distintas que são
materializadas nos ensaios de duas lajes no sistema de restrição descrito em 2.2, com e sem aplicação
de cargas verticais (L1 e L2, respectivamente), uma laje simplesmente apoiada com aplicação de cargas
verticais (L3) e dois provetes ‘dummy’ (DM1 e DM2) que simulam uma laje apenas sujeita a retração
livre. Esta campanha conta ainda com uma extensa caracterização de betão das lajes em várias idades,
cujos resultados serão fundamentais na simulação numérica do comportamento das lajes em estudo.
Nesse sentido foram betonados 12 cubos (15cm de aresta) para ensaios de resistência à compressão, 15
cilindros (15cm de diâmetro e 30cm de comprimento), dos quais 3 são para ensaios de módulo de
elasticidade, 6 para ensaios de compressão diametral, 2 para simulação de retração livre e 4 para ensaios
de fluência por compressão (efeito combinado de fluência básica e de secagem), 6 prismas
15 15 60cm3 para ensaio de flexão de 3 pontos, bem como 2 prismas com 10 10 40cm3 e 2 com
15 15 60cm3 para medição dos perfis de HR em diferentes profundidades: 2cm, 4cm, 5cm e 7.5cm e
dois provetes para medição do módulo de elasticidade nas primeiras idades através da técnica EMM-
ARM (Elasticity Modulus Monitoring through Ambient Response Method) [15].
As lajes ensaiadas no âmbito da campanha experimental a longo prazo têm a mesma geometria da laje
do ensaio piloto e são materializadas em betão de classe C20/25, tendo-se encomendado à mesma central
de betão, a mesma quantidade (3m3) e composição solicitada no ensaio piloto. No Quadro 3 é
apresentada a comparação da composição real do betão com a composição teórica e composição real do
ensaio piloto, verificando-se novamente uma variação significativa, particularmente na Brita 2/8mm.
A armadura longitudinal (superior e inferior) é constituída por varões A400NR de 8mm espaçados
100mm e a armadura transversal, é constituída por varões de 6mm espaçados 250mm. Todos os ensaios
decorreram numa camara climática com temperatura e humidade relativa constantes. Devido às
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dimensões exigidas, construiu-se uma sala específica na nave do IB-S/UM, em painéis de madeira com
isolamento em XPS (5cm), e com área útil de 3.6 4.9m2. Na Fig. 6 são apresentadas as condições
higrotérmicas dentro da camara nos primeiros 30 dias após a betonagem, podendo-se observar que, após
a descofragem aos 7 dias, foi possível obter uma temperatura relativamente estável de 20.5 +/-0.5°C e
uma HR de 60 +/-5%, com exceção de um período mais instável aos 12 dias provocado por um corte de
energia de pequena duração e consequente procura de novo equilíbrio de temperatura e HR.
A secagem do betão é impedida até ao dia de desmoldagem das lajes e dummys (7 dias) através da
colocação de filme plástico nas superfícies não moldadas. A partir do sétimo dia, as lajes são descofradas
e ficam sujeitas a secagem em todas as faces. A instrumentação das lajes e dummys é idêntica à realizada
no ensaio piloto, com três diferenças principais que se enumeram de seguida. (i) A deformação vertical
da laje L1 é medida com dois LVDTs a meio vão (RDP GT1000RA e AML/EU10, com campos de
medição de +/-1mm e +/-5mm, respetivamente) e um em cada extremidade da região de controlo
(AML/EU10). Nas lajes L2 e L3 a deformação vertical é medida com 1 (RDP GT1000RA) e 2 (RDP
GT2500RA e AML/EU10, ambos com campo de medição de +/-2.5mm) LVDTs a meio vão,
respetivamente. (ii) Para além dos extensómetros elétricos usados para medir a extensão do aço, foram
instalados, em cada laje, 10 sensores de Bragg da Sylex com 5mm de comprimento, espaçados 25mm,
e com comprimentos de onda entre 1530 e 1557nm, de forma a determinar a extensão do aço em vários
pontos ao longo do seu comprimento. Estes sensores foram instalados a meia altura do varão inferior
central, ficando o primeiro sensor instalado a meio vão e os restantes sensores numa das metades da laje
ao longo de 22.5cm. (iii) A medição da deformação longitudinal das lajes na zona de controlo é
realizada com os LVDTs da RDP D5/200W (campo de medição de +/- 5mm) para as lajes L1 e L2 e
RDP D5/100W (campo de medição de +/-2.5mm) na laje L3.
No ensaio protótipo observou-se a necessidade de desenvolver um sistema mais robusto para medição
da deformação longitudinal da laje. Para a instalação do novo sistema de medição foi necessário embeber,
em cada face lateral interna das cofragens da laje, duas porcas sextavadas (diâmetro da rosca de 6mm)
a meia altura da laje e espaçadas 1.4m na região central. Após betonagem da laje, foram roscados varões
de 6mm de diâmetro com uma abraçadeira metálica numa extremidade e com comprimento suficiente
para montar o sistema de medição no interior da longarina. O cabo de aço foi substituído por um tubo
de aço de 12mm de diâmetro que é fixado à laje numa das extremidades e apoiado num rolete na outra.
A extremidade do tubo que apoia no rolete está em contacto com um LVDT também fixado à laje (Fig.
7). Na laje L3 (sem restrição) foi aplicado um sistema semelhante com as devidas adaptações face à
ausência das longarinas longitudinais.
Após a descofragem das lajes aos 7 dias (~183h) foram instalados os sistemas de medição da deformação
longitudinal (LVDT externos), tendo-se observado nos dias seguintes que a deformação medida diferia
significativamente entre os dois lados da mesma laje e apresentava várias variações súbitas de forma
inesperada (Fig. 7). Por falta de confiança nestes resultados, procedeu-se a nova alteração do sistema de
medição, tendo-se reduzido a distância entre a laje e o sistema de medição, ficando este entre a laje e a
longarina. Após a alteração do sistema, observou-se uma deformação longitudinal contínua e mais
coerente entre os dois lados da mesma laje (Fig. 8).
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Figura 7. LVDT no interior da longarina (a), fixação do varão na laje L3 (b), resultados nos
primeiros dias (c), planta .do sistema de medição no interior da longarina (d)
Figura 8. Sistema de medição após alteração: LVDT (a), apoio do varão (b), resultados (c) planta
do sistema de medição (d).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho é proposto um método experimental para o estudo do efeito combinado de cargas
aplicadas e retração impedida em lajes de betão armado. São apresentados os resultados mais relevantes
do ensaio piloto e é feita uma breve descrição da campanha experimental a longo prazo e da preparação
da mesma, com destaque para os principais desafios e aperfeiçoamentos.
O sistema de restrição proposto demonstrou capacidade para impor e controlar o esforço axial aplicado
à laje e o dimensionamento desta mostrou ser adequado para o estudo a que se destina. Os dispositivos
de monitorização apresentaram resultados satisfatórios, destacando-se o refinamento do sistema de
medição da deformação longitudinal das lajes, em relação ao utilizado no ensaio protótipo, de forma a
ser possível medir deformações ao longo do tempo sem influência significativa da curvatura nos
resultados obtidos.
De forma geral, os trabalhos descritos neste artigo revelaram-se bem-sucedidos, na medida em que o
ensaio protótipo demonstrou adequabilidade do método proposto e os aperfeiçoamentos realizados no
âmbito da preparação da campanha experimental a longo prazo confirmam a viabilidade de um estudo
desta natureza. O ensaio de longo prazo encontra-se em curso desde abril de 2018, esperando-se que o
mesmo seja mantido por um período superior a 12 meses.
AGRADECIMENTOS
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(POCI), e por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Agradece-se
ainda à FCT e FEDER (COMPETE2020) o financiamento do projeto IntegraCrete PTDC/ECM-
EST/1056/2014 (POCI-01-0145-FEDER-016841). Agradece-se também o apoio da ação COST
TU1404 pelas oportunidades de criação e manutenção da rede científica entre os colegas das instituições
Portuguesas e o colega da Universidade de Graz.
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