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AÇÃO POPULAR
COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR
face a ato que afronta à moralidade administrativa, perpetrado pela banca de avaliação
ao ingresso no Mestrado em Direito da Faculdade Nacional de Direito, definida pelo
Edital 718/2021, composta pelos seguintes docentes:
DA ISENÇÃO DE CUSTAS
4. Igualmente, o Art. 1º, da Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular) dispõe o seguinte:
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, (...) de
entidades autárquicas, (...) e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas pelos cofres públicos.
5. Dessa forma, legítimo o autor popular para pleitear a anulação da seleção pública
do PPGD-UFRJ e figurar no polo ativo da demanda.
8. Conforme Art. 5º, caput, da Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular), é competente
para processar e julgar a matéria ventilada na presente Ação Popular o juiz inserido no
local de origem do ato impugnado. Dessa forma, competente a Justiça Federal do Rio de
Janeiro para receber a presente demanda.
9. Nos termos que lecionam os Arts. 5º, LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e
1º, da Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular), todo cidadão é parte legítima para propor
Ação Popular que vise anular ato lesivo à moralidade administrativa.
10. Conforme Art. 2º, alíneas “b” e “c”, da mesma Lei, são nulos os atos lesivos ao
patrimônio das entidades nos casos de vício de forma e ilegalidade do objeto,
respectivamente. O parágrafo único do referido artigo de lei nos traz as seguintes
definições:
12. Dessa forma, sendo evidente a afronta à moralidade administrativa por atos do
PPGD-UFRJ, a ação popular é indiscutivelmente cabível para anular a seleção pública,
eis que eivada de vícios estruturais desde a publicação do Edital 718/2021.
RESUMO FÁTICO
13. Antes de narrar os acontecimentos, o autor popular precisa deixar este MM.
Juízo ciente de que foi aluno da FND-UFRJ, atuando por anos frente à diretoria
administrativa do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) e, não raras as vezes,
angariando diversas desavenças – que claramente foram pessoalizadas – por defender
o interesse do alunado em detrimento do interesse do corpo docente.
14. Prevendo o veto político que teria, o autor escreveu ao fim de seu memorial
apresentado ao PPGD-UFRJ o seguinte:
Para sempre alguns me condenarão pelo que fiz, pelo que falei ou pela forma
como agi, no entanto, durmo em paz por saber que assim o fazem sem
conhecer a minha verdadeira história, percalços, motivos e essência, que aqui
se resumem brevemente em gênero de tinta e papel.
15. É tão evidente o veto político que, logo após a formatura do autor, quem assumiu
a diretoria administrativa do CACO foi o sr. Gabriel Guimarães Batista, que ficou em
último lugar entre os aprovados para ingresso no PPGD-UFRJ. Ou seja, só uma
desistência ou desclassificação em massa o colocaria dentro do programa, o que não
passou de uma forma “velada” de veto político.
18. Não por outro motivo os docentes excluídos do PPGD-UFRJ, que são muitos, se
organizam e tentam implementar novas linhas de pesquisa ou até mesmo um novo
programa de pós-graduação na Faculdade Nacional de Direito.
19. A autonomia universitária não se confunde e não deve ser confundida com os
desejos e objetivos pessoais que determinados docentes possuem frente à universidade
e aos princípios que regem a Administração Pública. Notadamente, essa confusão existe
de forma bastante escancarada no PPGD-UFRJ.
22. O referido edital previa três fases de avaliação: projeto, currículo e entrevista. E
em cada uma delas iremos destrinchar seus problemas que, apesar de escandalosos,
tanto a coordenação do PPGD-UFRJ, como a banca, quedou-se inerte quanto a correção
de tais vícios.
25. E logo aqui temos o segundo problema, pois o resultado preliminar das
inscrições (ANEXO 3), de 15.10.2021, constava todos os pedidos de inscrição como
deferidos.
27. O terceiro problema surge exatamente com a divulgação das notas dos
currículos dos candidatos (ANEXO 5 – Planila 1: feito pelo autor popular, pois o
documento original foi excluído do site oficial do PPGD), momento em que a banca,
então, disponibiliza o BAREMA (ANEXO 6) utilizado para pontuação dos currículos.
Notadamente, a banca não respeitou a norma contida no próprio Edital. Vejamos:
3.2.1. (...)
28. Ou seja, os candidatos deveriam comprovar tudo aquilo que estava disposto em
seu currículo lattes, independente de pontuação ou não no processo seletivo.
31. E não se diga que “os candidatos não fizeram nada”, pois a verdade é que o edital
expressamente vedava que os candidatos fizessem alguma coisa, pois o item 6.3 do
edital dizia claramente que “Não caberá recurso quanto a nota de currículo.”
32. Ocorre que a atitude adotada pela banca amplamente fere o edital, que permitiu
e pontuou atividades não previstas no currículo lattes de diversos candidatos.
33. Ora, tratando-se de uma seleção pública, em que o critério utilizado é a avaliação
de comprovantes enviados pelos candidatos a fim de comprovar o conteúdo constante
em um currículo público (o Lattes) como parâmetro de pontuação, todos os candidatos
deveriam ser capazes de concluir qual seria a pontuação de seus concorrentes através
da simples análise do currículo lattes ao confrontá-lo com o BAREMA publicado pela
banca. Não foi o que ocorreu.
34. A Banca, ao que parece, tentou retificar algumas notas erradas. Sem sucesso,
pois essa retificação tornou o processo seletivo ainda mais caótico, pois o aberrante
favorecimento indevido por parte de alguns candidatos se manteve. (ANEXO 7)
35. Os itens II e IV do BAREMA, com 1 (um) ponto cada, são destinados à atividade
estritamente docentes. Por óbvio, nenhum recém formado ou formando poderia
pontuar nessas categorias.
36. No entanto, alguns candidatos, até mesmo sem graduação completa, tiveram
notas acima de 8 (oito) – o que seria impossível –, o que comprova o claro
favorecimento da Banca a determinados candidatos, sendo alguns alunos da própria
Faculdade Nacional de Direito.
37. Isto posto, é certo que a admissão indevida de pessoas no programa de Mestrado
afronta à moralidade administrativa e princípios basilares como o da isonomia,
impessoalidade, publicidade e honestidade.
39. Ocorre que, conforme alegado, diversos candidatos foram pontuados sem
possuir a devida comprovação de seus títulos inclusas no currículo lattes, inclusive,
candidatos que possuem seu currículo lattes VAZIO.
40. Para que fique comprovado tudo que está sendo alegado, juntamos em anexo o
currículo lattes dos candidatos favorecidos e o BAREMA publicado pelo PPGD-UFRJ
pontuado de acordo com o que efetivamente consta no currículo desses candidatos,
mostrando os equívocos cometidos pela banca do processo seletivo, que
escancaradamente favoreceu candidatos. (ANEXO 8)
41. Alguns casos são mais estarrecedores do que outros, mas deixaremos para
explicitá-los melhor no pedido liminar, comprovando a este MM. Juízo o escárnio que
se tornou o processo seletivo do PPGD-UFRJ e as razões para o deferimento da tutela.
43. Para provar isso, o acesso às gravações das entrevistas deveria ter sido concedido
ao autor popular quando fez o requerimento por e-mail ao PPGD-UFRJ em 29.11.2021,
que sequer teve a coragem de acusar o recebimento do e-mail.
44. Portanto, o dever de isonomia que deveria ser dispensada aos candidatos do
processo seletivo restou afrontado, tendo em vista que cada candidato teve em sua
arguição um número diverso daquele disposto no edital para arguição na fase de
entrevistas.
45. Divulgado o resultado final do processo seletivo (ANEXO 9), diversos são os
candidatos que deveriam ter sido reprovados já na fase de currículo e foram aprovados,
assim como diversos foram aprovados e muito bem colocados, com o claro
favorecimento dado pela banca às notas de currículo de alguns.
49. Isto posto, têm-se violada não só a Lei 12.527/11, como o Art. 3º, II, da Lei
9.784/99 e o Art. 5º, XIV, XXXIII, LX e 37, caput, da Constituição Federal de 1988, uma
vez que afrontado de forma dolosa o direito de acesso à informação do autor popular,
que também era candidato no processo seletivo.
53. Isto posto, fica evidente que, assim como no concurso de TGE a banca
deliberadamente ignorou o pedido de acesso à informação dos candidatos, o mesmo
ocorre com a banca do processo seletivo do Mestrado do PPGD-UFRJ. A falta de
compromisso com direitos constitucionais básicos é evidente na maior faculdade de
Direito do país, e isso envergonha, e muito.
54. Findo o processo seletivo, só resta desconstituí-lo em sua totalidade, tendo em
vista os graves vícios que afrontam à moralidade administrativa e os princípios que
deveriam reger todo e qualquer certame público minimamente sério e probo.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
56. No entanto, o autor teve seu pedido amplamente ignorado, o que está
devidamente comprovado no ANEXO 10.
57.1. Candidatos que não possuem graduação e foram pontuados no currículo com
notas acima do possível (8 – oito):
bb. NATÁLIA VON RONDOW: Pontuada com 8 pontos pela banca, possui a
comprovação de apenas 4 desses pontos.
dd. NICOLLY DA SILVA BARBOSA: Pontuada com nota 7,5 pela banca, possui
comprovação de 4,25 pontos no seu currículo lattes.
ee. STELLA MENDES DE CASTRO REIS: Pontuada com nota 8 pela banca,
possui a comprovação de 4,75 pontos no seu currículo lattes.
58. Dessa forma, conclui-se que não poderiam os candidatos acima terem atingindo
tal nota na fase de currículos, sendo que os documentos requeridos pelo edital do PPGD-
UFRJ servem exatamente para comprovar aquilo que está contido no currículo lattes.
59. Isto posto, igualmente conclui-se evidentemente que a banca de seleção ignorou
o conteúdo do lattes dos candidatos, sequer tendo se dado ao trabalho de verificar a
veracidade das informações apresentadas no ARQUIVO 2 enviado ao PPGD-UFRJ.
62. No entanto, de acordo com a nota que deveria ter sido atribuída aos candidatos,
de acordo com aquilo que possuem em seus currículos lattes e supondo que tivessem
devidamente comprovado tudo que lá constava, ao menos 24 (vinte) candidatos
deveriam ter sido eliminados na fase de currículos. (ANEXO 12 – PLANILHA 3, vide
também ANEXO 8)
64. Isto posto, tem-se caracterizado o requisito do fumus boni iuris para concessão
da medida liminar ora pleiteada.
65. Quanto ao periculum in mora, ele se opera de diversas formas no caso em tela.
66. Primeiro, porque a aprovação de candidatos que deveriam ter sido eliminados
já na fase de currículos prejudicou outros candidatos, inclusive o autor popular, de ter
obtido melhor classificação dentro do número de 21 (vinte e uma) vagas de ampla
concorrência no referido programa de pós-graduação.
69. A que preço a banca pretendia manter a sua “credibilidade” ao não admitir
tantos erros na condução do certame? Pois o que não fizeram administrativamente
quando tiveram a chance de fazer, certamente também alertados pela representação
discente do próprio PPGD-UFRJ, agora virou alvo de processo judicial público.
70. Quarto, o processo não poderia igualmente avançar sem que a banca resolvesse
a questão do BAREMA, que teve publicação extemporânea e em pleno decorrer do
processo seletivo, não só prejudicando candidatos como também agravando o
favorecimento de outros, amplamente violando a vinculação ao instrumento
convocatório, a isonomia, boa-fé e a moralidade.
72. Para qualquer dos casos, o Art. 5º, § 4º, da Lei 4.717/65 autoriza a concessão da
medida liminar pleiteada, suspendendo o ato lesivo à moralidade administrativa e,
por consequência, impedindo que novos atos sejam praticados. Vejamos:
73. Dessa forma, se vale o autor popular do requerimento de medida liminar para:
74. Cientes dos erros das notas, os membros da banca decidiram manter o processo
seletivo tal como estava, “consertando” algumas notas (para mais errado ainda) e,
conforme relatado, categoricamente favorecendo determinados candidatos. Dessa
forma, tem-se que a conduta relatada constitui afronta ao Art. 11, IV e V, da Lei
8.429/92, incorrendo em improbidade administrativa. Vejamos:
75. Muito embora não seja objeto da Ação Popular a verificação de improbidade
administrativa dos réus, necessário se faz a existência de tal capítulo, principalmente
para que o Ministério Público Federal deflagre a investigação que determinar cabível,
tendo em vista o disposto no Art. 7º e 22, da Lei 8.429/92:
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade que conhecer
dos fatos representará ao Ministério Público competente, para as
providências necessárias.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público,
de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante
representação formulada de acordo com o disposto no art. 14 desta Lei,
poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado
e requisitar a instauração de inquérito policial.
76. Ainda, devido os indícios de improbidade ora ventilados, a presente ação popular
apresenta objetivamente todas as datas de cada ato lesivo à moralidade administrativa
e aos princípios da administração pública cometidos pelo PPGD-UFRJ no processo
seletivo referente ao Edital 718/2021.
77. De igual forma, serve-se para resguardar o direito que possui o Parquet em
promover a investigação que determinar cabível, com o maior prazo possível, tendo em
vista alguns obstáculos colocados pela nova lei, como a suspensão do prazo prescricional
a 180 (cento e oitenta) dias corridos, o que evidentemente pode vir a prejudicar a devida
apuração dos fatos, caso haja complexidades maiores no decorrer da investigação.
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve
em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência.
78. Inclusive, tal como ocorreu no processo seletivo do Mestrado (Edital 718/2021),
o autor não duvida que o mesmo tenha ocorrido no processo seletivo do doutorado
(Edital 604/2021).
79. Isto posto, o autor popular informa ao Ministério Público Federal acerca de tais
indícios de improbidade administrativa, a fim de resguardar melhor investigação dos fatos
que acredita ter ocorrido de forma dolosa por determinados membros do PPGD-UFRJ.
DOS PEDIDOS
80. Que seja concedida a medida liminar requerida de forma inaudita altera parte,
nos termos do Art. 300 ou 311, do Código de Processo Civil e do Art. 5º, § 4º, da Lei
4.717/65 (Lei da Ação Popular), conforme melhor apuração deste MM. Juízo, para
determinar:
83. Tendo em vista que o autor não possui a qualificação completa dos servidores
arrolados no processo, na forma do Art. 319, § 1º, do Código de Processo Civil, requer o
que este MM. Juízo determine que a própria UFRJ forneça os dados completos de seus
servidores ou qualquer outro meio que entender ser menos oneroso para obtenção
desses dados;
84. A citação e intimação dos servidores por meio dos seus respectivos e-mails
institucionais, conforme autoriza o Art. 246, do Código de Processo Civil;
86. A intimação do Ministério Público Federal, para que atue como fiscal da lei e da
ordem jurídica no presente feito e, tendo ciência do conteúdo alegado nesta ação,
deflagre o procedimento preparatório para investigar aquilo que achar cabível quanto à
improbidade administrativa.
90. Que todas intimações, publicações e demais atos processuais referentes ao autor
popular sejam realizados exclusivamente em nome de MATEUS SANTOS DA SILVA,
OAB-ES 34.099, sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2021.
____________________________
MATEUS SANTOS DA SILVA
OAB 34.099/ES