Espectroscopia Óptica - Histórico, Conceitos Físicos e
Espectroscopia Óptica - Histórico, Conceitos Físicos e
Espectroscopia Óptica - Histórico, Conceitos Físicos e
DOURADOS-MS
OUTUBRO-2007
David Elprin Cipio Lopes
DOURADOS-MS
OUTUBRO-2007
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Física da Universidade
Estadual de M ato Grosso do Sul sob o título Espectroscopia óptica: histórico, conceitos físicos
Dourados, M ato Grosso do Sul, e aprovado pela banca examinadora constituída pelos
professores:
_____________________________
Profº. Dr. Sandro M arcio Lima
Orientador
_________________________
Profº. Dr. Paulo Sousa
____________________________
Profº. M sc. Nilson de Oliveira Silva
Dedico este trabalho de conclusão
de curso a minha mãe, Regina.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, e por ser a força maior nesta minha
caminhada, aos meus familiares pelo apoio nos momentos difíceis, em especial a minha mãe
Regina por todos os esforços, agradeço a todos os amigos pelo carinho e companheirismo
depositado nestes últimos anos, que serviu para um aprendizado imenso na minha vida pessoal e
profissional, amo vocês, e ao Professor orientador desse trabalho Dr. Sandro M arcio Lima como
fonte de admiração e motivação.
“E disse Deus: Haja luz; e ouve luz.”
Gênesis 1:3
SUMÁRIO
Resumo.............................................................................................. .............................................7
Referências Bibliográficas............................................................................................................36
RESUMO
INTRODUÇÃO
SURGIMENTO DA ESPECTROSCOPIA
Isaac Newton nasceu pouco depois da meia-noite do dia de Natal, em 1642, de parto
prematuro. O seu pai, um agricultor bastante próspero, morreu três meses antes do seu
nascimento, deixando à mulher, Hannah, a responsabilidade sobre as propriedades agrícolas e o
cuidado da frágil criança.
Quando tinha 3 anos sua mãe casou-se novamente, sendo o novo marido um clérigo rico,
de nome B arnabas Smith. Após o casamento, ele aconselhou-a a deixar o filho a viver com a
avó enquanto eles se mudariam para a aldeia onde ele era prior.
Quando tinha 10 anos, o padrasto morreu e a sua mãe voltou para casa onde Newton
vivia com a avó. Dois anos mais tarde, Isaac foi para uma escola situada perto da casa do tio
com quem passou a viver. Foi considerado um aluno médio pelos professores e insociável pelos
seus colegas. Ignorava o trabalho da escola e passava a maior parte do tempo a construir
modelos mecânicos de madeira, como moinhos de vento, e a fazer suas próprias experiências.
Newton começou a trabalhar na propriedade agrícola da família em 1659, mas a sua
capacidade de trabalho na lavoura não era das melhores: sempre deixava o trabalho inacabado.
Felizmente, o seu gênio já tinha sido reconhecido pelo tio, com quem vivera, e pelo diretor da
escola em que estudara. Assim, devido à persuasão destes dois homens Newton foi admitido na
Universidade de C ambridge em 1661.
A mãe de Isaac não tinha recursos suficientes para pagar todos os custos universitários,
por isso ele entrou na universidade como um bolsista especial: em vez de receber uma bolsa,
pagava a Universidade com trabalho, limpando os quartos.
Numa tarde de domingo de 1664, Isaac e John Wickins, um companheiro de quarto,
decidiram visitar uma feira de materiais ópticos. Enquanto conversava com John, o seu olhar foi
atraído por um objeto que brilhava ao sol de fim de tarde, um prisma (M argenau, 1971). Como
os prismas eram considerados brinquedos, os cientistas nunca tinham se preocupado em fazer
experiências com eles, contentando-se em maravilhar-se com o efeito observado semelhante ao
do arco-íris. Após adquirir um prisma, Newton começou a fazer diversas observações em seu
quarto. Ele deixava um raio de luz passar por uma fenda na porta e verificava que o feixe se
abria ao sair do prisma, revelando ser constituído realmante de diferentes cores dispostas na
mesma ordem em que apareciam no arco-íris (ver gravura mostrada na Fig. 1). Para que essas
cores não fossem acrescentadas pelo próprio vidro, Newton fez o feixe colorido passar por um
segundo prisma. Como resultado, as cores voltaram a se juntar, provando que sua recomposição
formava outro feixe de luz branca, igual ao inicial. Newton argumentou que a luz branca era na
verdade uma mistura de diferentes tipos de raios que eram refratados em ângulos ligeiramente
diferentes, e que cada tipo de raio diferente produzia uma cor espectral diferente (Faria, 1987).
Nessa época, o fenômeno que dava origem ao arco-íris já havia sido estudado por Thierry de
Freiberg. Ele supôs que a luz produzida num prisma era um “efeito de superfície”, uma
distorção gerada na interface ar/vidro, e não uma decomposição da luz.
Em 1672, após doar um telescópio refletor inventado por ele para a Royal Society,
Newton é eleito membro da Royal Society e apresenta um relatório sobre a teoria das cores,
revelando suas experiências sobre a decomposição da luz branca pelo prisma. Ele demonstra no
relatório que as cores primitivas ou fundamentais (amarelo, azul e vermelho) possuem caráter
especial e não são passíveis de decomposição. Este trabalho apresentado à Academia R eal de
Ciências foi em seguida lançado num opúsculo com o título "Nova teoria da luz e da cor".
Em 1703 foi eleito presidente da Royal Society, e foi re-eleito a cada ano até sua morte.
Newton publica o livro Opticks apenas em 1707 (ver capa na Fig.2.), o qual trata da nova teoria
da luz e da cor. Ele foi agraciado com o título de cavalheiro (Sir) em 1708 pela Rainha da
Inglaterra Anne pelas diversas contribuições a ciência. Com isso ele foi o primeiro cientista a
receber esta honra. Newton morreu em 31 de março de 1727 em Londres, Inglaterra.
Fraunhofer também observou, com auxilio de telescópios, linhas nos espectros das
estrelas Sírius, Castor, Pollux, Capella, Betelgeuse e Procyon. Na verdade Fraunhofer utilizava
as linhas do espectro solar para calibrar seus instrumentos (vidros e prismas), identificando
quais eram os de melhor qualidade fabricados naquela época. Como pequenas variações na
quantidade e mistura de quartzo (SiO2), cal (CaO) e soda (carbonato de sódio, Na2CO 3) no
composto que compõem o vidro (basicamente SiO 4), fazem que os prismas fabricados
desloquem o comprimento de onda em diferentes ângulos, Fraunhofer usava as linhas do
espectro solar para determinar as propriedades dos vidros. Apresentando seus resultados na
Academia de C iências da B avária, foi eleito membro e passou a ministrar aulas na Universidade
da Bavária por muitos anos, apesar de não possuir educação formal. Apesar de suas realizações
e contribuições, Fraunhofer não compreendeu a origem das linhas espectrais que observou.
Sabia apenas que era uma característica de cada astro observado (Friança et.al.,2003).
Fraunhofer faleceu em 7 de junho de 1826 e foi cremado em M unique com honras de
estado.
2.3 – Contribuições de Bunsen e Kirchhoff
δ = dsenθ = nλ (3.1)
Já as redes de difração por reflexão consistem em uma superfície metálica com inúmeras
ranhuras (Fig.11) com espaçamento d entre cada ranhura. Como nas redes por transmissão as
dimensões dessas ranhuras são muito pequenas, podendo variar também, de 600 a 2400 por mm
dependendo do monocromador. Quanto maior o número de ranhuras ou sulcos, maior a
capacidade de difração da rede. Como nas redes por transmissão acontece a interferência devido
a diferença de caminho óptico δ em que a luz sofre após ser refletida em diferentes ranhuras
(Fig. 12). Validando também a equação do caso anterior.
R R 0 1 T , (3.2)
o -1
com β positivo e variando entre 0,3 - 0,6 C , dependendo do material.
Para os bolômetros construídos com semicondutores, a dependência é expressa como:
R R0 T 3 / 2 e / T . (3.3)
Existe ainda uma terceira categoria de materiais conhecidos como Termistores que são
compostos por óxidos mistos e vêm sendo utilizados na construção de bolômetros.
A operação de um bolômetro é relativamente simples, requerendo, entretanto, um
circuito de polarização e um resistor de carga. A tensão de saída do circuito deve ser através de
um capacitor para desacoplar o nível DC da polarização.
O sinal de saída para um bolômetro como o representado na fig. 15 pode ser expresso
pela equação abaixo:
V B R L Rb
VS (3.4)
Rb RL 2
3.3.3 Fotodiodo
Consiste basicamente em uma junção p-n, onde ocorre a for mação de uma zona de
transição entre uma região de material semicondutor, cuja condutividade elétrica é dominada
por portadores de carga tipo n (elétrons), e uma região cuja condutividade é dominada por
portadores de carga tipo p (buracos). A largura w (Fig. 16) e a simetria dessa região dependem
dos processos de fabricação e dos materiais envolvidos. Se a concentração de portadores,
elétrons, por exemplo, varia lentamente ao longo da distância w relativamente ampla, entre o
valor máximo do lado n e o mínimo do lado p, a junção é chamada gradual.
3.3.5– Microfones
Utilizados na técnica PAS (Photo Acustic Spetroscopy) os microfones captam um sinal
sonoro emitidos pela amostra contida na célula fotoacústica (fig. 18), a qual absorve a radiação
incidente, transformando em um sinal elétrico através de indução eletromagnética. A vantagem
dos microfones em ralação a outros detectores, Bolômetro, por exemplo, é o tempo de resposta,
além de poder receber um sinal em diversas freqüências,
3.3.6- CCD’s
Iniciais do termo em inglês Charge Coupled Device (dispositivo de carga acoplada), os
CCD’s (Fig. 18) criados inicialmente para atuarem como um chip de memória (1969) mostrando
ser um excelente sensor óptico, sendo utilizado como detector em algumas técnicas de
espectroscopia.
O funcionamento dos sensores CCD´s baseia-se no efeito fotoelétrico. Algumas substâncias têm
a propriedade de absorver fótons e libertar no processo um elétron. O silício constitui a matéria-
prima para a construção de um CCD. Um CCD típico consiste numa placa quadrada ou
retangular de silício com 125 a 500 micrômetros de espessura e alguns milímetros de
comprimento. Nesse, é implantada uma rede de eletrodos que capturam e analisam os elétrons
gerados pelo efeito fotoelétrico. Cada trio de eletrodos atua como uma ratoeira eletrostática,
acumulando em seu redor os elétrons gerados na placa de silício. O eletrodo central de cada trio
mantém uma carga positiva, enquanto que os restantes mantêm um potencial nulo. Deste modo
os elétrons, cuja carga é negativa, se acumulam em volta do eletrodo central à medida que a luz
incide no detector. Os trios de eletrodo são dispostos em colunas que cobrem a totalidade do
sensor CCD (Skoog et.al.,2002). As diferentes colunas são isoladas entre si por um material que
gera um potencial negativo permanente ao entrar em contacto com a placa de silício, o que evita
a contaminação entre colunas. As linhas de eletrodos consideradas perpendicularmente às
colunas são designadas como filas. Cada trio de eletrodos é uma peça fundamental do detector
CCD e corresponde a um elemento da imagem digital final, e é designado pixel ou elemento de
imagem. O tamanho físico do pixel é variável. Existem pixels retangulares e pixels quadrados.
As suas dimensões variam habitualmente entre 6 e 27 micrômetros .
vistas na Fig. 20. Outras inúmeras linhas não são visíveis (ou muito pouco) ao olho humano.
Para finalizar este trabalho de conclusão de curso foi realizado um experimento para a
determinação dos comprimentos de onda das linhas de emissão do hidrogênio. Os resultados
serão apresentados e comentados no final deste capítulo.
Para a verificação das linhas de emissão do Hidrogênio foi utilizado um espect rômetro
modelo SP-9268A da PASCO Científic (Fig. 21) juntamente com uma fonte e lâmpada de
Hidrogênio modelo SE-9461, também fabricada pela PASCO Científic. Além disso, foram
utilizadas duas redes de difração, uma de 300 e outra de 600 ranhuras por milímet ro, cujo
funcionamento já foi detalhado no capítulo anterior [3]. Esta verificação foi realizada no
laboratório de Física M oderna da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
Após posicionar a lâmpada alinhada com o colimador e o telescópio do
espectrofotômetro, movimentou-se o telescópio para localizar o máximo central das
interferências visualizado pelo telescópio, e na escala “Vernier” contida no espectrômetro, foi
coletado o valor do ângulo do alinhamento zero, θ0, o qual marcava 359º05’.
Fig. 21 - Espectrômetro utilizado para realizar verificação.
A seguir estão apresentados nas Tabelas 4.1., 4.2., 4.3. e 4.4. os valores dos ângulos
coletados para as três linhas observadas, definido ns positivos para a difração da direita e ns
negativos para difração da esquerda.
asen 0
, n = ±1, ±2. (4.1)
n
Cuja diferença com respeito à equação mostrada no Capítulo 3 é a inclusão do termo 0 para
corrigir com o ângulo inicial de medida que não é zero no experimento.
Os valores calculados para os comprimentos de onda das respectivas cores, tanto para ns
positivos quanto negativos estão apresentados nas Tabelas 4.5., 4.6., 4.7. e 4.8..
Tabela 4.5. Comprimentos de onda calculados para n = ± 1, com rede de 300 ranhuras por mm.
Cor λ: n=1 (direita) ± 0,05 nm λ: n=-1 (esquerda) ± 0,05 nm
Vermelho 650,30 648,70
Verde 478,31 481,19
Violeta 424,51 426,43
Tabela 4.6. Comprimentos de onda calculados para n = ± 2, com rede de 300 ranhuras por mm.
Cor λ: n=2 (direita) ± 0,05 nm λ: n=-2 (esquerda) ± 0,05 nm
Vermelho 649,88 646,31
Verde 480,33 478,01
Violeta 430,90 428,09
Tabela 4.7. Comprimentos de onda calculados para n = ± 1, com rede de 600 ranhuras por mm.
Cor λ: n=1 (direita) ± 0,05 nm λ: n=-1 (esquerda) ± 0,05 nm
Vermelho 660,13 654,91
Verde 485,90 487,29
Violeta 433,71 436,05
Tabela 4.8. Comprimentos de onda calculados para n = ± 2, com rede de 600 ranhuras por mm.
Cor λ: n=2 (direita) ± 0,05 nm λ: n=-2 (esquerda) ± 0,05 nm
Vermelho 667,57 652.02
Verde 491,31 484,31
Violeta 438,31 434,14
Depois de calculado os comprimentos de onda das raias observadas, fez -se os cálculos
da média aritmética para cada cor, cujos valores estão comparados com os valores atuais aceitos
pela literatura e que estão mostrados na Tabela 4.9.
Tabela 4.9 – Comparativo entre as médias calculadas e os valores atuais aceitos na literatura.
Cor calculado, nm λ aceito na literatura, nm Erro percentual
Vermelho 653,73 656,26 0,39 %
Verde 483,33 486,13 0,56 %
Violeta 431,52 410,17 4,95 %
Os valores calculados foram bem próximos dos valores encontrados na literatura, com
uma pequena exceção para o comprimento de onda da cor violeta. Como para o átomo de
Hidrogênio a emissão do violeta compreende diversas raias, em algumas das observações pode
ter sido coletado valores de uma linha que não fosse necessariamente a mais incidente, pois para
o valor teórico, o comprimento de onda apresentado é para a linha mais incidente.
Capítulo V
CONSIDERAÇÕ ES FI NAIS
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Janeiro, RJ, 1971.
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th
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