Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Educação Cristã A Relevância Do Ensino No Contexto Da Igreja

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 60

JULIANA HOFFMANN SCHVANZ ROGGE

EDUCAÇÃO CRISTÃ
A relevância do ensino no contexto da igreja

FACULDADE BATISTA PIONEIRA


Ijuí – Rio Grande do Sul
2009
2

JULIANA HOFFMANN SCHVANZ ROGGE

EDUCAÇÃO CRISTÃ
A relevância do ensino no contexto da igreja

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para


cumprir as exigências da disciplina de TCC II do
curso de Bacharel em Teologia, ministrada pela
professora Marivete Z. Kunz.

FACULDADE BATISTA PIONEIRA


IJUÍ/RS
2009
3

FACULDADE BATISTA PIONEIRA

EDUCAÇÃO CRISTÃ
A relevância do ensino no contexto da igreja

__________________________________________________
Autora: Juliana Hoffmann Schvanz Rogge

__________________________________________________
Orientadora de Conteúdo: Marivete Zanoni Kunz

__________________________________________________
Avaliador de Forma: Claiton André Kunz

__________________________________________________
Avaliador de Português: Luciano Gonçalves Soares

__________________________________________________
Avaliador final: Monica Pinz Alves

Média Final:

Aprovada em 30 de novembro de 2009

Ijuí
2009
4

RESUMO

A educação cristã não consiste apenas em se conhecer um corpo de doutrinas ou práticas de


certos ritos. Mas, é o processo que transforma, desenvolve, enriquece e aperfeiçoa a própria
vida da pessoa mediante sua relação com Deus em Jesus Cristo. A educação cristã tem como
propósito principal glorificar a Deus e este engloba os demais como: a evangelização, o
ensino centrado na Bíblia e a edificação da igreja de Cristo. A igreja exerce uma ação
pedagógica e política por meio de seus membros, seja na oração, na comunhão, na
administração, no aconselhamento pastoral, na proclamação da Palavra, na ação social ou no
evangelismo. Por isso, pode-se dizer que a natureza da educação cristã não está somente na
EBD, mas em todas as suas organizações. Onde os saberes são necessários, ali estarão
presentes o ensino e a aprendizagem como fatores decisivos no processo de educar. A
educação foi praticada na convivência do povo hebreu, se apresentou fortemente na vida do
Mestre Jesus, que foi o mestre por excelência, fez parte da vida da igreja primitiva dando
continuidade a todo este processo de ensino e aprendizagem e deve fazer parte da vida da
igreja atual. Porém, o cenário brasileiro de educação cristã mostra com evidência a grande e
urgente necessidade de uma transformação nesta área na igreja atual. Ela deve ser mais
valorizada e promovida de forma que se obtenham a partir dela resultados satisfatórios de
transformação de vidas. Portanto, percebe-se que é cada vez mais necessária e de suma
importância a organização de um sistema de educação cristã na igreja. Por isso, a proposta
final é de se ter na igreja uma Comissão de Educação Cristã. Um único ministério docente
da igreja que deve levá-la a ser uma comunidade de ensino com um ministério educacional
deliberado e sistemático.
5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6
I - A EDUCAÇÃO CRISTÃ ............................................................................... 7
1.1 Conceito e definição .................................................................................................. 7
1.2 Propósito .................................................................................................................. 10
1.3 Natureza ................................................................................................................... 17

II – FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ ................... 21


2.1 O Povo Hebreu ........................................................................................................ 21
2.2 Jesus.......................................................................................................................... 27
2.3 A Igreja Primitiva ................................................................................................... 33

III – SITUAÇÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ ................................. 38


3.1 Cenário ..................................................................................................................... 38
3.2 Necessidade .............................................................................................................. 41
3.3 Proposta ................................................................................................................... 45

CONCLUSÃO ................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 55
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO .................... 59

ANEXO B – RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO ........................... 60


6

INTRODUÇÃO

O mundo hoje vive uma época de diversidade de conceitos, ideologias e paradigmas, fruto de
um ambiente pluralista. Diversidade esta que se faz presente em todos os segmentos da
sociedade. Na educação não é diferente. Por isso, é desejo de todo líder cristão oferecer à sua
igreja uma educação que seja eficaz, mas também bíblica. Para não cair na armadilha das
muitas filosofias pós-modernas, é preciso que se estabeleçam alguns pressupostos para a
educação cristã.

Sendo assim, esta pesquisa abrangerá especificamente a área da educação no Antigo e no


Novo Testamento, a partir da história do povo hebreu, de Jesus e da igreja primitiva. O
trabalho culminará na igreja atual. Será abordado o conceito, o propósito e a natureza da
educação cristã, bem como as bases bíblicas e a situação na igreja atual, avaliando-se o
cenário, a necessidade e fazendo uma proposta final de mudanças para crescimento da mesma.

Este trabalho é de relevância teológica por proporcionar um estudo nas Escrituras a respeito
do assunto e por avaliar a situação atual, visando o crescimento e o aperfeiçoamento da igreja
nesta área que é de extrema importância para o reino de Deus. A educação cristã faz parte da
missão integral da igreja e, portanto, esta pesquisa poderá contribuir para que a igreja cumpra
sua missão, olhando à Palavra de Deus e à importância da educação cristã.

O que se propõe com esta pesquisa é responder a perguntas tais como: qual a relevância da
educação cristã? Qual o lugar que ela tem ocupado nos dias atuais? O que é a educação cristã?
Qual o propósito da igreja com a educação cristã? Quais os fundamentos bíblicos para o
ensino? Qual o cenário atual? Dentro destes e outros questionamentos é que serão abordados
os temas.
7

I - A EDUCAÇÃO CRISTÃ

1.1 Conceito e definição

Segundo Ferreira, educação é o “processo de desenvolvimento da capacidade física,


intelectual e moral do ser humano”.1 Youngblood defende ser a “transmissão de
conhecimento, costumes e atitudes de uma pessoa à outra e, normalmente, de uma geração à
geração seguinte”.2

Champlin define educação como o “desenvolvimento e o cultivo sistemático das capacidades


naturais por meio do ensino, do exemplo e da prática. Inclui tanto o conhecimento teórico
quanto a experiência prática no desenvolvimento de habilidades diversas”. Complementa
afirmando que no sentido bíblico, o processo da educação combina-se com os princípios
espirituais que emprestam poder e significado aos ensinos, transcendendo os meios
intelectuais normais e os meios humanos práticos.3

A educação pode ser vista sob diferentes aspectos, tais como: atividade social, econômica,
política ou religiosa, podendo ser abordada tanto no âmbito familiar, do dever dos pais para
com os filhos, quanto na abrangência eclética de uma sociedade materialista que usa
intensamente a mídia para formar uma geração de consumidores ou como iniciativa de escolas
confessionais que doutrinam seus alunos com uma visão polarizada da vida e para a vida.
“Enfim, educar, no sentido mais amplo, compreende habilitar, tornar apto para ser e fazer de
maneira eficaz, alcançando todo o seu potencial como pessoa e como elemento integrante de
uma comunidade”.4

A educação é a base do desenvolvimento do ser humano, sem a qual o homem se vê alienado


e despreparado para enfrentar o dia-a-dia, alcançar seus alvos e explorar sua potencialidade. É
através dela que a pessoa aprende a viver em sociedade, conhece suas origens, sua história,
seu universo exterior e interior e aprende também a preservar e amar o espaço onde vive.5

A educação cristã, no entanto, é um segmento da educação geral e, sendo assim, tudo o que
interage positiva ou negativamente na educação cristã interage na educação geral, pois os

1
FERREIRA, A. B. H. O minidicionário da língua portuguesa, p. 251.
2
YOUNGBLOOD, R. F. Dicionário ilustrado da Bíblia, p. 445.
3
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, v. 2. p. 268.
4
RINALDI Jr., R. Educação na perspectiva cristã, p. 5.
5
GAGLIARDI Jr., Â. Educação religiosa relevante, p. 5.
8

princípios que orientam esta devem estar presentes em quaisquer dos segmentos em que se
particulariza. Os desafios são comuns e abrangentes em todas as áreas, seja na velocidade de
sua informação, no alto custo de sua implementação, na fugacidade da informação, entre
outros. Mas, além daquilo que vale para a educação geral e, consequentemente, para a
educação cristã, há alguns desafios que são específicos para a educação cristã, como por
exemplo: a permanência de seu livro-texto; o confronto de seus ensinos com os ensinos e
práticas dos incrédulos; a espiritualidade de seu conteúdo; o local onde é praticada; e sua
centralização na pessoa de Cristo.6

A educação é a base para a vida e, sendo o aprendizado da Palavra de Deus, deve ser
incentivada por todos os que desejam viver com plenitude e sucesso.7 A relevância da
educação está no fato de que o próprio Deus foi quem a inseriu na humanidade, desde a
instrução à primeira família para que dominasse sobre a natureza, que implicava entender
como ela funcionava e transmitir tal conhecimento cumulativo de geração em geração. Da
mesma forma, Jesus, na grande comissão, enfatiza o ensino aos novos discípulos. Portanto,
educação cristã precisa ser entendida sob uma perspectiva bíblica cristã.8

A grande comissão, citada acima, registrada em Mateus 28.18-20, relata a ordem deixada por
Jesus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”.
Este versículo é frequentemente utilizado para fins evangelísticos. No entanto, a ordem de
Jesus não é apenas evangelizar, mas também ensinar. Sendo assim, educação cristã é
obediência a esta ordem de Jesus.9 Ordem esta que situa o ensino e o treinamento no centro da
missão da igreja, como parte integrante da evangelização.10 Assim, pode-se afirmar que a
Bíblia, como registro da revelação de Deus aos homens, é a fonte dos conceitos da educação
cristã. A relevância desta está diretamente relacionada à contextualidade da Palavra de Deus e
ao seu relacionamento com a experiência diária do crente, sempre tendo em vista dar-lhe
condições de alcançar a plena maturidade em Cristo.11

6
GONÇALVES Jr., A. S. Desafios da educação religiosa no 3º milênio. Educador cristão, n° 58, 3T, 2007, p. 25,
26.
7
GAGLIARDI Jr., Â. Educação religiosa relevante, p. 5.
8
RINALDI Jr., R. Educação na perspectiva cristã, p. 6.
9
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 15.
10
SMITH, C. Programa de educação religiosa, p. 12, 15.
11
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre, p. 72.
9

Segundo George, “educação cristã é um processo deliberado e intencional pelo qual Cristo é
formado nas pessoas, visando à transformação, formação e crescimento da pessoa toda e da
igreja toda em todo o tempo”. Com base em Lucas 2.52, “Jesus crescia em sabedoria, estatura
e graça, diante de Deus e dos homens”.12 A educação cristã não consiste em dar a conhecer à
criança um corpo de doutrinas ou em instruí-la na prática de certos ritos. Mas é o processo
que transforma, desenvolve, enriquece e aperfeiçoa a própria vida da pessoa mediante sua
relação com Deus em Jesus Cristo. Não é suficiente a simples aceitação abstrata das normas e
dos princípios do Evangelho, ou a mera adoção do código moral do Cristianismo, colocando
em prática os ensinos de Jesus. É necessário mais. É preciso situar Deus no centro da vida.13

Gagliardi Jr., com base no texto de 2 Tm 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”, defende que
“não há nada em Deus ou que d’Ele proceda que possa ser considerado fútil, supérfluo,
dispensável, desprezível, irrelevante ou descartável. Ele é, em sua essência e no que diz ou
faz, perfeito e infinitamente sábio. Assim, tudo o que se apresentar como procedente de Deus
deverá caracterizar-se como pertinente, próprio, adequado, necessário e fundamental”.14

A impressão de que a educação cristã implica mais do que simplesmente conhecimento e


processamento de informações bíblicas é explícita nos conceitos de ensino e aprendizagem do

Antigo e do Novo Testamento. A palavra hebraica 8aAdfy (yāda‘) “vir a conhecer”, por

exemplo, inclui a ideia de que a experiência ensina (Jó 32.7). A palavra hAfrfy (yārâ)

“mostrar, dirigir, ensinar”, tem importância prática definida, como em Sl 86.11: “Ensina-me,
Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade”, (também Sl 25.8, 12, 119.102, etc.). A

palavra damfl (lāmad) parece enfocar mais a “compreensão” (Dt 4.5,10; 11.19; 20.18;
31.19; Ed 7.10; Jr 32.3; etc.), porém, a mesma palavra expressa o desenvolvimento de
técnicas de guerra (2 Sm 22.34; Sl 18.3,4; 114.1). Já no grego,  (didasko) é usada
geralmente para instrução verbal, mas não é estranho também um significado como “Mostra-
nos a orar” (Lc 11.1; Mt 4.23; 5.2; 9.35; 13.54; 26.55; Mc 1.21; 4.1,2; 6.34; 8.31; Lc 4.15;
5.3,17; 19.47; 20.1; Jo 6.59; 7.14; 8.20,28; At 4.18; 5.25; 11.26; 18.11). Muitas vezes “fazer e
ensinar” andam juntos (Mt 5.19; At 1.1), e não é incomum encarar o culto da igreja como
12
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 16-17.
13
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 38.
14
GAGLIARDI Jr., A. Educação religiosa relevante, p. 24.
10

“instruir-se” mutuamente com “salmos, hinos e cânticos espirituais” (Cl 3.16). Outra palavra
 (paideuo) fala de educar uma criança (At 7.22, 22.3), o que também implica
disciplina e correção (1 Co 11.32; 2 Co 6.9; 1 Tm 1.20; 2 Tm 2.25; Tt 2.12).15

Richards diz que, embora ensinar possa lembrar professor e sala de aula, o conceito abrange
muito mais que isso. Limitar a educação cristã às formas tradicionais é limitar a idéia de
ensino e aprendizado que tem como significado principal descrito nas palavras de Jesus:
“Todo aquele que for bem instruído será como seu mestre” (Lc 6.40). E, para isso, é
necessário mais do que transmissão de conhecimento, como também transmissão de vida,
com seu conceito, atitudes, valores, emoções e entrega. Exige que a pessoa reparta com a
outra tudo o que for necessário para fazê-la mais semelhante a Cristo.

Jesus chamou os discípulos para estarem com Ele, porque eles precisavam ver na prática os
conceitos que Ele estava ensinando. “Estar com” e “seguir o exemplo” são conceitos de
importância vital na educação cristã. É preciso abandonar os precedentes estabelecidos pelo
sistema secular de educação, que não se preocupa com semelhanças, mas com informações, e
desenvolver um processo de educação sem igual, fundamentado sobre o conceito bíblico de
crescimento da vida.16

Conclui-se, assim, que a educação cristã não é apenas transmissão de teorias, mas o estudo da
Palavra de Deus de tal forma que produza transformação de vida no indivíduo com o intuito
que este seja um autêntico seguidor e discípulo de Cristo.

1.2 Propósito

Uma das coisas que mais ajudam no ensino são objetivos e propósitos claros e específicos.
Price afirma que muitos professores trabalham meses e meses sem objetivo definido, a não ser
o de apresentar o material que lhe foi passado. Sem um alvo certo e preciso definha-se o
ensino, isso por falta de perspectiva, de propósito e de objetividade.17

Baéz-Camargo também defende que os propósitos da educação cristã devem ser bem
definidos, pois eles proporcionam direção, unidade e significado concretos ao trabalho e ao
mesmo tempo servem como pontos de comparação ou normas para julgar os resultados.18 É

15
RICHARDS, L. O. Teologia da educação cristã, p. 26-27.
16
Ibidim, p. 28.
17
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 45.
18
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 64.
11

importante insistir em dizer que o cumprimento da missão da igreja depende do processo


educativo, pois não há nenhuma atividade da igreja: culto, evangelismo, pregação, missões,
contribuição, serviço, confraternização, que não se utilize da educação para conseguir bom
êxito.19

Conforme pesquisa de campo, relacionada no anexo B, a visão da igreja atual é que a


educação cristã deve alcançar a todos, indiferentemente de idade ou classe social, e seus
principais objetivos são:

Nota-se claramente que a edificação da igreja, como corpo de Cristo, está em primeiro plano;
em seguida, o treinamento de líderes; posteriormente, proporcionar conhecimento; e, em
último plano, o evangelismo.

Baéz-Camargo afirma: “O mestre expressou de maneira suprema a finalidade de sua obra


quando disse: ‘Eu vim para que tenhais vida e a tenhais em abundância’. Por isso, a finalidade
suprema da educação cristã não deve ser menos que esta: promover no educando a elevação,
intensificação e abundância de vida espiritual”.20

O objetivo geral da educação cristã é levar pessoas a adquirirem uma consciência pessoal do
Deus revelado em Jesus Cristo; à relação pessoal com Ele através da fé; à obediência em
seguir Jesus no discipulado cristão; e ao crescimento contínuo até a plena maturidade cristã.21
Particularizando, pode-se dividir esse objetivo em sete alvos progressivos: a) conversão a

19
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre, p. 88.
20
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 67.
21
SMITH, C. Programa de educação religiosa, p. 23.
12

Cristo: levar a pessoa à experiência genuína da graça salvadora de Deus através de Jesus
Cristo; b) filiação à igreja: conduzir esta pessoa a tornar-se membro consciente, ativo e
dedicado de uma igreja fiel às doutrinas do Novo Testamento; c) culto cristão: ajudá-la na
compreensão de que o culto é uma parte constante e vital da sua experiência; d) conhecimento
bíblico e convicção cristã: desenvolvimento dos conhecimentos bíblicos e o alcance da
maturidade cristã; e) atitudes cristãs e consciência cristã de valor: ajudá-la a assumir atitudes e
consciência de valores nitidamente cristãos, para que a sua filosofia de vida seja uma filosofia
de vida cristã; f) vida cristã autêntica: levá-la a desenvolver hábitos e habilidades que
contribuam para o seu próprio crescimento espiritual, bem como aplicar os padrões cristãos de
conduta adequados a cada esfera da sua vida; e, g) serviço cristão: levá-la a empregar seus
talentos e habilidades no serviço cristão.22

Carvalho afirma que a missão e a razão de ser da igreja de Cristo é evangelizar e a educação
cristã é parte desta ação evangelizadora. A evangelização não se reduz à educação, mas inclui
e ultrapassa o âmbito da educação.23 Baéz-Camargo, porém, defende que a educação cristã
não somente não se opõe ao evangelismo, como ela mesma é um meio de evangelização. Diz
que a educação cristã deve ser “evangelizadora”, ou seja, procurar que o Evangelho de Cristo
se faça matéria de vida e conduta entre os alunos, e ressalta: “O mestre Supremo educava
evangelizando e evangelizava educando”. E para que isto aconteça é necessário que os
educadores sustentem os verdadeiros conceitos bíblicos de Deus, do homem, do pecado, da
obra redentora de Cristo, da índole da vida cristã, da ação do Espírito Santo, etc.24

Gangel e Hendricks afirmam que a frase “fazei discípulos” significa “fazei ou desenvolvei
aprendizes”. O próprio mandato de Cristo para o ensino cristão envolve mais do que
disseminar informações. Os mestres cristãos devem lutar com sua tarefa até que seus alunos
se tornem discípulos de Jesus Cristo.25 Embora o indivíduo possa receber instrução segundo
os conceitos e princípios da vida cristã, a educação inicia-se com a experiência da conversão e
deve continuar até o fim da existência terrena do cristão. Pois educar é ensinar, é treinar e é
orientar. É levar as pessoas ao conhecimento e aceitação de Jesus como Salvador, é conduzi-
las à prática dos conceitos cristãos como padrão de vida e é treinar para as funções da igreja e
a motivação para uma vida de serviço em nome de Cristo.26

22
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre., p. 88-93.
23
CARVALHO, A. V. de. Teologia da educação cristã, p. 39.
24
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 42-45.
25
GANGEL, K. O; HENDRICKS, H. G. Manual de ensino para o educador cristão, p. 67.
26
SMITH, C. Programa de educação religiosa, p. 12, 15.
13

Olivetti defende que o objetivo supremo da educação cristã é glorificar a Deus, e este abrange
os outros objetivos que não existiriam, ou não teriam colocação válida sem este. Um dos
demais objetivos é o testemunho, que está ligado à evangelização. Defende que Jesus Cristo
mostra a ampla abrangência do conteúdo da evangelização em Mateus 28.19-20, texto já
citado anteriormente, que praticamente em todas as suas expressões faz referência ao
conteúdo da evangelização. “Fazei discípulos” lembra que evangelizar é um processo longo
de ensino e treinamento. “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”
pressupõe instrução doutrinária sobre a igreja e a Trindade Santa. “Ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado” mostra como é rico e amplo o conteúdo da
evangelização. E “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” requer
instrução sobre a realidade da habitação de Cristo no coração dos crentes.

É certo que nenhum esforço de evangelização é desprezível, seja o mais simples, como uma
breve palavra, um folheto entregue às pressas ou um convite dito com poucas palavras são
meios que o Espírito Santo pode e tem usado para despertar corações, levá-los ao Evangelho e
produzir neles a nova vida em Cristo. Porém, estes meios não podem ser considerados obras
completas de evangelização. E por isso pode-se dizer com convicção que evangelização sem
ensino não é evangelização.27

A organização que tem maior responsabilidade no programa de educação cristã de uma igreja
é a escola bíblica dominical. Esta é a agência evangelizadora por excelência da igreja devido a
seu livro-texto, a Bíblia, seu corpo de obreiros, seus alunos e seus propósitos. Seu livro-texto
contém a mensagem, que é o poder de Deus para a salvação. Assim, uma decorrência natural
do ensino da Bíblia é a evangelização, pois a Palavra de Deus não voltará vazia. Seus obreiros
são o maior grupo de pessoas interessadas na salvação de seus alunos e seus objetivos exigem
que seja evangelística.28

Os propósitos ou finalidades da educação cristã podem ser divididos em três espécies: gerais,
específicas e imediatas. Por finalidades gerais entendem-se aquelas que se propõem ao ensino
de indivíduos e grupos de qualquer idade, em qualquer meio e em quaisquer condições. As
finalidades específicas são as que, dentro das finalidades gerais, se indicam em pormenores
para determinada idade e determinado grupo. Como cada grupo e cada idade têm problemas
específicos, necessita-se também de uma especificação das finalidades. Assim, as finalidades

27
OLIVETTI, O. Aprimorando a escola dominical, p. 72, 73, 86, 88.
28
SMITH, C. Programa de educação religiosa, p. 43, 48.
14

específicas são as aplicações das finalidades gerais a uma idade e grupo determinados. E por
fim, é preciso procurar as finalidades imediatas, aquelas que se pretendem alcançar com cada
unidade de ensino ou lição.29

Baéz-Camargo apresenta em seu livro parte de um documento conhecido como Propósitos e


Objetivos da Educação Cristã, elaborado na Conferência sobre cursos e materiais de
educação cristã em Buenos Aires, no ano de 1949, que tinha como tarefa básica redefinir a
finalidade da educação cristã. Esta importante declaração compõe-se de cinco cláusulas, cada
uma das quais se divide em dois incisos. O primeiro é uma afirmação de fé ou declaração
doutrinária. O segundo é a definição das finalidades que se derivam da declaração anterior.
Essas cláusulas são:

(1) É nossa convicção que em Jesus Cristo e em seu Evangelho temos a


suprema revelação de Deus e de seus propósitos para com todos os homens,
sem acepção de pessoas. Por Cristo temos acesso direto a Deus, sem outro
mediador, e entramos numa vida de paz e comunhão com o Pai e com todos
os nossos irmãos. Portanto, a educação cristã, confiando na iniciativa de
Deus e na obra contínua do Espírito Santo, tem por primeiro objetivo guiar o
aluno ao conhecimento e à compreensão da revelação divina, e levá-lo à
consciente aceitação de Cristo como seu Mestre, Senhor e Salvador pessoal.
Cremos que assim chegará o aluno (em formas adequadas a sua idade) ao
arrependimento, ao perdão de seus pecados, e a uma vida nova, cheia de fé,
de abnegação e de consagração ao serviço de Deus e do próximo. (2)
Cremos que a Bíblia é a Palavra escrita de Deus, a memória da sua revelação
na história, a fonte de nosso conhecimento da vida e dos ensinos de Jesus, o
fundamento indispensável do progresso espiritual e a norma suficiente de fé
e conduta cristã que contém os princípios éticos da vida humana. Por
conseguinte, a educação cristã tem por objetivo: (a) conduzir o aluno, passo
a passo, ao conhecimento cabal dos fatos e ensinos das sagradas Escrituras;
(b) guiá-lo à aplicação das suas verdades fundamentais para a redenção de
toda sua vida; (c) impulsioná-lo à prática dos princípios fundamentais nelas
encontrados para a formação de um sólido caráter cristão; e (d) inspirá-lo a
reconhecer que estas verdades e princípios servem para a solução dos
problemas morais, sociais e políticos do mundo. (3) Cremos que o Reino de
Deus é uma potência que atua mediante o Espírito Santo, se expressa no
cumprimento da vontade de Deus e se realizará plenamente como dom
divino. Reconhecemos que a igreja é comunhão dos fiéis que confessam a
Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal, e que ela apresenta os
conhecimentos e doutrinas que permitem ao cristão capacitar-se para
colaborar com Deus em seu plano de redenção da humanidade. Em vista do
que, a educação cristã tem por objetivo guiar o aluno a: (a) conhecer as
doutrinas fundamentais do cristianismo; (b) colaborar com Deus na
aproximação do reino, consagrando-se à sua extensão; (c) formar parte ativa
da igreja local; (d) cultivar a consciência da unidade espiritual entre os
crentes; (e) participar do culto divino, tanto no lar como na igreja; (f) dar
testemunho pessoal pela palavra e pela ação, e interessar-se em estender a
obra missionária da igreja; e (g) praticar a mordomia cristã da vida. (4)

29
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 67, 87, 89.
15

Afirmamos que a aceitação do Evangelho implica sua expressão na vida


pessoal e social. Por isso, a educação cristã tem como objetivo ajudar o
aluno a: (a) crescer em sua vida pessoal e em suas relações com outros; (b)
usar meios devocionais para poder conhecer o chamado de Deus e responder
com a dedicação de sua vida; (c) expressar sua fé em sua vida dentro da
família; (d) sentir sua responsabilidade para com os demais e fazer sua parte
no estabelecimento de melhor ordem social. (5) Nossa herança cristã inclui a
crença em um Deus Criador, cuja mente se revela em parte por meio da
ordem natural do ser humano. A educação cristã tem, pois, por objetivo,
guiar o aluno para que possa interpretar progressivamente seu ambiente
natural assim como toda a história humana em relação com sua experiência
cristã e formar uma filosofia cristã da vida.30

Carvalho defende que a tarefa da educação cristã é essencialmente teológica, mas necessita da
contribuição de outras áreas, tais como: da Sociologia, da Psicologia, da Filosofia, da
Literatura, da arte e de muitas outras ferramentas que a providência divina coloca nas mãos do
educador.31 Porém, o mais importante, segundo Billy Graham, é que a Palavra de Deus seja
proclamada. Quando se pregam e se ensinam as Escrituras, abre-se a porta para que o Espírito
Santo possa agir. Também é a Palavra de Deus que transforma vidas. Deus entregou sua
Palavra para “o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça; a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Tm
3.16,17). O estudo da Bíblia deve ser o centro.32

Shedd diz que o ensino (didaskalia e didache) é também essencial para o discipulado. Sem a
transmissão de conhecimento sobre quem é Jesus o Senhor e quais são suas ordens, como se
esperaria obediência? Aqueles membros da igreja que regularmente evitam as fontes de
instrução, seja a leitura e o estudo da Palavra de Deus, a escola bíblica, os cultos onde a
instrução bíblica recebe prioridade ou a leitura de livros de boa qualidade, não prometem
muito, são como filhos que, em vez de frequentar a escola, ficam abandonados pelas ruas e
não prestam serviços à sociedade.33

Richards, falando sobre o discipulado e a missão da igreja na comunicação de vida, diz: “Eu
posso ensiná-lo como saber. Mas, como vou ensiná-lo a viver?” Há várias técnicas firmes
quanto ao ensino de conhecimento, porém como edificar pessoas na vida de Cristo? Como
chegar à personalidade como um todo, libertando-a e ajudando-a no seu crescimento? Jesus
fornece o ponto de partida, escolhendo doze homens “para estarem com ele” (Mc 3.14) e suas

30
BAÉZ-CAMARGO, G. Princípios e métodos da educação cristã, p. 69-85.
31
CARVALHO, A. V. de. Teologia da educação cristã, p. 28.
32
GRAHAM, B. O poder do Espírito Santo, p. 47.
33
SHEDD, R. P. Disciplina na igreja, p. 16.
16

palavras em Lc 6.40 completam essa compreensão: “Todo aquele que for bem treinado será
como seu mestre”.

A diferença entre a educação geral e a educação cristã é que a geral se preocupa em fazer com
que as pessoas saibam o que os seus professores sabem. Já a educação cristã almeja ajudar as
pessoas a se tornarem o que seus professores são. A ênfase na vida é o ponto de partida da
educação cristã. O objetivo é a transformação. É a ajuda no processo de crescimento gradual
do crente em direção a Cristo e uma exteriorização cada vez mais adequada do Seu caráter.34

A educação cristã tem como base o fato de Deus ter se revelado como verdade infinita e que o
homem é capaz de conhecê-la em parte. Isso deve levar o ser humano a crescer na graça e no
conhecimento de Cristo, até alcançar o pleno conhecimento da verdade.35 Assim sendo, para o
ensino cristão é preciso considerar alguns componentes: (1) o ensino começa com o conteúdo,
e nesse caso é a revelação de Deus através de seu filho Jesus Cristo; (2) o ensino requer
objetivos, o professor precisa saber o alvo que deseja alcançar, pois este define as intenções
do professor e permite uma avaliação correta de seu ensino; (3) o ensino requer um processo
formal, é preciso estabelecer um plano a fim de guiá-lo durante as aulas; e (4) o ensino requer
uma avaliação, que tem o propósito de permitir o aperfeiçoamento.36

Tudo isso, no entanto, exige de uma igreja os melhores métodos educacionais, um currículo
baseado nos princípios da sã pedagogia e material didático adequado e eficiente. A
preocupação pelo bom desempenho de cada membro do corpo de Cristo, individualmente,
deve ser uma constante na organização e no programa de educação religiosa da igreja. Isso
exigirá um estudo do desenvolvimento progressivo do ser humano desde a infância, passando
pelos anos turbulentos da adolescência até chegar à plena maturidade, considerando-se as
características de cada período da vida e adaptando-se o currículo e os métodos às respectivas
necessidades.37

Assim, pode-se concluir que a educação cristã deve possuir propósitos bem definidos, sendo
que em primeiro lugar e o maior deles é glorificar a Deus. Este propósito engloba os demais
que seriam a evangelização, o ensino centrado na Bíblia, que é a Palavra de Deus, a edificação
do cristão e, consequentemente, da igreja de Cristo.

34
RICHARDS, L. O. Teologia da educação cristã, p. 25.
35
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre, p. 71.
36
MARTIN, W. Primeiros passos para professores, p. 41-43.
37
DORNAS, L. Op. Cit., p. 76.
17

1.3 Natureza

Quando, no contexto eclesiástico, se fala em educação cristã, um nome vem logo à mente:
escola bíblica dominical (EBD). No entanto, não somente na EBD, mas em todas as suas
organizações, a igreja exerce uma ação pedagógica e política por meio de seus membros. Seja
na oração, na comunhão, na administração, no aconselhamento pastoral, na proclamação da
Palavra, na ação social ou no evangelismo, etc. Onde os saberes são necessários, ali estarão
presentes o ensino e a aprendizagem como fatores decisivos no processo de educar. Assim, a
igreja de Cristo, por si, é uma instituição pedagógica. Nela estão presentes o aprender e o
ensinar. Ela é um espaço vivo de produção de conhecimentos e práticas pedagógicas capazes
de alterar e, portanto, modificar as estruturas sociais.38

Carvalho diz que a igreja local, se quiser assumir a responsabilidade docente de todos os seus
membros, deve adotar uma prática de educação cristã que envolva todas as suas unidades,
serviços e departamentos. A EBD é somente uma pequena parte do impacto educativo total de
uma igreja. Todas as atividades e reuniões constituem partes do amplo ministério docente da
igreja sobre seus membros.39 Partindo desta perspectiva, Olivetti destaca que o púlpito e a
escola dominical têm a função de pregar a Palavra de Deus. E a pregação de todo o “desígnio
de Deus” (At 20.27), inclui necessária, e inevitavelmente, o ensino. Por isso, a escola
dominical, por sua natureza e estrutura, é o principal agente da educação cristã dentre os
componentes da igreja.40

Hoje, porém, pode-se notar que a escola bíblica já não tem sido este principal agente
educador. Segundo a pesquisa de campo realizada em 2008, relacionada no anexo B, o ensino
provém hoje, em primeiro lugar do púlpito, ou seja, da pregação no culto público. Em seguida
estão a escola bíblica, o discipulado e os núcleos de estudos bíblicos, também conhecidos
como células, como ferramentas de ensino na igreja. Veja no gráfico abaixo a proporção.

38
PAIVA, F. S. A relevância do ensino no contexto da igreja. Educador cristão, n° 59, 4T 2007, p. 19-21.
39
CARVALHO, A. V. de. Teologia da educação cristã, p. 35.
40
OLIVETTI, O. Aprimorando a escola dominical, p. 13.
18

Gangel e Hendricks afirmam que as igrejas oferecem extensa oportunidade de ensino. A


grande plataforma de ensino abrange situações formais e informais. Destacam que no púlpito
o professor encontra a principal abordagem para ensinar, pois pastores ensinam as Escrituras
como parte de suas responsabilidades. Até as palavras “pastores e mestres” estão juntas no
texto bíblico de Efésios capítulo 4, para evidentemente descrever seu ofício. Também falam
sobre os seminários especiais, onde o estilo do ensino permanece tradicional, enquanto que o
conteúdo muda de seminário para seminário. Os cursos periódicos envolvem os novos
membros e os que buscam o batismo e são, geralmente, de curta duração, contando com
pessoas que já tomaram certas decisões, levando-as a compreenderem as implicações dessas
decisões. Os cursos de estudo intensivo também conhecidos como “institutos de leigos”, para
aqueles que gostariam de obter mais conhecimento bíblico, porém, não possuem a
oportunidade para um estudo formal. E ainda, o aconselhamento e conversação são situações
informais de ensino e muitos as têm menosprezado. No entanto, é importante que professores
aproveitem estas ocasiões para fazer aplicações bíblicas precisas.41

Durante muitos anos, a proposta da Convenção Batista Brasileira para a estrutura da educação
religiosa das igrejas previa a divisão de quatro escolas: Escola Bíblica Dominical; Escola de
Treinamento; Escola de Missões; e Escola de Música. No entanto, devido à dificuldade de se
padronizar um Programa de Educação Religiosa para as igrejas do Brasil e devido às
características peculiares de cada região e de cada situação, a mesma aprovou a proposta de
uma nova estrutura, mais dinâmica, mais simples e adaptável às necessidades das igrejas. Essa

41
GANGEL, K. O; HENDRICKS, H. G. Manual de ensino para o educador cristão, p. 348-349.
19

nova proposta permite às igrejas formularem sua própria estrutura e desenvolver o seu
programa conforme o seu próprio crescimento em todos os sentidos. Importa que o programa
funcione e que seja um eficaz instrumento de ação para o crescimento da igreja.42

Na antiga divisão da educação religiosa ou cristã, feita pela Convenção Batista Brasileira, há
aspectos interessantes a serem observados. A Escola Bíblica Dominical era a organização que
teria maior responsabilidade no programa de educação religiosa da igreja; neste caso, sua
tarefa era ensinar a revelação bíblica. A Escola de Treinamento era a segunda organização nas
igrejas batistas. Sua característica distintiva era o treinamento dos membros para cumprirem a
responsabilidade como partes integrantes da congregação. A Escola de Missões reunia todas
as organizações missionárias a fim de coordenar suas atividades para que estas contribuíssem
para os objetivos da igreja. Seu propósito geral era promover missões cristãs através do estudo
missionário, oração, atividades missionárias na comunidade e mordomia. Abrangia a
sociedade feminina missionária e organizações auxiliares; grupos masculinos (sociedade
cooperadora de homens, grupo de ação missionária e embaixadores do Rei). E a Escola de
Música era a organização para ensinar música, treinar os seus membros para cantar, tocar,
dirigir e participar do seu programa musical, orientar todas as organizações que precisavam da
música em suas atividades.43

Na nova estrutura aprovada, seguindo a filosofia de educação religiosa votada pela


Convenção Batista Brasileira, tem-se duas divisões: divisão de Escola Bíblica Dominical e
divisão de Crescimento Cristão. A divisão de Escola Bíblica Dominical tem como finalidade
capacitar os membros da igreja no entendimento da revelação divina, implicando a
compreensão dos fundamentos bíblicos da doutrina cristã, dos objetivos bíblicos de adoração,
da educação cristã, da evangelização e do serviço cristão. Também tem o papel de incentivá-
los a buscarem o seu crescimento pessoal nas virtudes bíblicas da santidade, da mordomia, do
amor ao próximo, para a plena consolidação e o amadurecimento da sua fé.

Na divisão de Crescimento Cristão, os membros da igreja têm a oportunidade de desenvolver


os aspectos práticos dos ensinos bíblicos no trabalho da igreja, no testemunho pessoal, na
formação de liderança, no desenvolvimento e aplicação dos dons e talentos recebidos de Deus

42
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre, p. 67.
43
SMITH, C. Programa de educação religiosa, p. 43-44, 57-58, 69, 81.
20

para a edificação do corpo de Cristo e para o cumprimento da missão da igreja na


evangelização do mundo.44

Nos últimos anos, o que se tem visto em muitas igrejas, na verdade, é uma colcha de retalhos
no que se trata de programas integrados de educação cristã. Cada setor, púlpito, música,
sociedades internas, escola dominical, tem suas próprias metas quanto ao número de
membros, ampliação de instalações, reformas e outros empreendimentos setoriais. Mas
poucas comunidades dão verdadeira prioridade ao ministério docente da igreja como um todo
interdependente, fazendo com que a igreja local se transforme numa autêntica escola da fé.45

Dornas defende, neste sentido, que, sendo um empreendimento cristão, a igreja, devido à sua
natureza e missão, deve ser educadora, pois a propagação e consolidação do cristianismo
dependem do ensino. O conhecimento da verdade é necessário antes de a pessoa aceitar a
Cristo e também depois, para que se complete nela a obra transformadora do evangelho, para
que possa guardar tudo o que Jesus ordenou.46

Gangel e Hendricks apresentam duas razões formando um argumento convincente para


defender que o ensino cristão é um decreto de Deus: a igreja precisa ensinar, e não se trata de
uma opção, mas de uma característica indispensável; e a igreja que não educa deixa de existir
como igreja do Novo Testamento, pois, para que o cristianismo seja perpetuado, precisa ser
propagado.47 A educação cristã é uma das dimensões fundamentais do ministério que Jesus
entregou à sua igreja. Esta deve se empenhar para vivenciar o Reino dos céus na terra. Isso ao
cultuar a Deus, viver em comunhão, proclamar o evangelho, ensinar a verdade revelada e
servir à humanidade no Espírito de Cristo.48

Assim, percebe-se que é cada vez mais necessário e de suma importância que se organize um
sistema de educação cristã na igreja, pois a natureza da educação cristã consiste num amplo
ministério em que diferentes unidades e departamentos estão envolvidos. O objetivo deve ser
comum, o de formar um único ministério docente da igreja que por sua vez deve ser
conhecida como uma instituição pedagógica, como citado, uma verdadeira escola da fé.

44
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre, p. 68.
45
CARVALHO, A. V. Teologia da educação cristã, p. 35.
46
DORNAS, L. A nova EBD...a EBD de sempre., p. 75.
47
GANGEL, K. O.; HENDRICKS, H. G. Manual de ensino para o educador cristão, p. 6.
48
DORNAS, L. Op. Cit., p. 72.
21

II – FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Como visto até aqui, a educação cristã é uma ferramenta útil para a igreja no cumprimento de
sua missão de proclamar o evangelho de Cristo a todas as nações. No entanto, ela não consiste
apenas de transmissão de conteúdo, mas seu objetivo é atingir a vida da pessoa como um
todo, levando-a a transformações em seu modo de vida para que possa glorificar a Deus. E
para isto, acima de tudo, o que deve ser o centro da educação cristã é a própria Palavra de
Deus. Com este propósito, este próximo capítulo visa relatar como a educação era praticada
na convivência do povo hebreu, como ela se apresenta na vida do Mestre Jesus e como a
igreja primitiva deu continuidade a todo este processo de ensino e aprendizagem.

2.1 O Povo Hebreu

Armstrong diz que seria um grande erro estudar sobre educação cristã sem antes considerar a
educação religiosa que a precedeu, ou seja, a educação dos hebreus do Antigo Testamento.49
A principal palavra hebraica que significa educar ou ensinar é Torá, que também significa
Lei. Esta deriva de um verbo que significa apontar, mostrar, portanto, orientar. Outras idéias,
no Antigo Testamento, atribuídos à educação expressam ideias de discernimento, sabedoria,
conhecimento, iluminação, visão, inspiração e nutrição.50

Carvalho diz que, ao se estudar a tradição dos judeus, verifica-se que a hrwt (Torá) era
aprendida diretamente pela instrução oral, com os discípulos sentados aos pés do rabino, e não
tanto pela leitura de livros e comentários. Por isso, era possível a um grande número de
religiosos judeus recitarem de memória a Torá completa. Somente após o aprendizado de
memória era permitido perguntar sobre o significado do texto escrito.51

Champlin explica que Torá, a palavra hebraica assim transliterada, parece ter o sentido básico
de “lançar”, ou seja, “lançar a sorte sagrada”, a prática da adivinhação oracular.
Posteriormente, com a evolução da fé dos hebreus, a palavra adquiriu uma conotação mais
ampla: oráculo, conteúdo da revelação divina, a lei divinamente outorgada, e, finalmente o
conteúdo inteiro da interminada revelação a Israel e através de Israel.52

49
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 11.
50
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 14.
51
CARVALHO, A. V. de. Teologia da educação cristã, p. 45.
52
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, v. 2. p. 457.
22

A educação nos tempos do Antigo Testamento era realizada fundamentalmente no lar,


consistia basicamente em aprender a ler e escrever, introdução às disciplinas acadêmicas e
formação de caráter. Já com sete ou oito anos a criança poderia ser levada pelos pais aos
cuidados dos levitas, onde eram discipuladas na vida do tabernáculo e em outras disciplinas.53

A abrangência da educação não era ampla. A instrução permaneceu principalmente religiosa e


ética com Pv 1.7 como seu lema: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os
loucos desprezam a sabedoria e a instrução”. A educação da menina ficava inteiramente nas
mãos da mãe e incluía funções domésticas, instrução moral e leitura. O principal método
educacional era a repetição (Dt 11.19; Is 28.10).54

A família israelita antiga era do tipo patriarcal, onde tudo se compreende do ponto de vista do
pai, que goza de total autoridade sobre a casa, sobre os irmãos e é o senhor da mulher. Em
princípio, a mulher não participava da vida pública. Nas cidades e, sobretudo, no meio de
pessoas importantes, elas só podiam aparecer cobertas com um véu. No aspecto religioso, a
mulher não era igual ao homem e estava sujeita a todas as proibições da Lei. Um homem,
sobretudo um aluno dos escribas, não devia falar em público com uma mulher. A mulher não
era obrigada a aprender a Lei, ela era dispensada desta obrigação. Aquele que ensinava a Lei à
sua filha era como se lhe ensinasse a devassidão. Morin comenta que alguns mestres julgavam
que era preferível queimar a Lei, que ensinar às mulheres. As escolas eram reservadas para os
jovens, sendo que as jovens de classe social rica aprendiam o grego. Nas sinagogas, na parte
do serviço litúrgico, as mulheres ocupavam um espaço separado, por uma barreira, do lugar
dos homens. Em nenhum caso elas tinham acesso a partes da sinagoga reservada para os
escribas.55

Daniel-Rops fala que as judias eram excelentes mães, conscienciosas e devotas. As filhas
ficavam com elas até o dia do casamento. Elas ajudavam nas atividades da casa, carregavam
água, teciam e, na zona rural, participavam do trabalho externo, respigavam após os ceifeiros
ou cuidavam das ovelhas durante o dia.56 Os filhos, depois de terem recebido uma primeira
educação materna, aprendiam, oralmente, a sabedoria do pai, assim como sua profissão e os
fundamentos da religião. A sociedade desempenhava uma função na formação, mas é
discutível a data da implantação da escola em cada vilarejo. Alguns acreditam que foi a partir

53
RINALDI Jr., R. Educação na perspectiva cristã, p. 13.
54
WILLIAMS, D. (edit). Dicionário bíblico Vida Nova, p. 98-99.
55
MORIN, É. Jesus e as estruturas de seu tempo, p. 55-57.
56
DANIEL-ROPS, H. A vida diária nos tempos de Jesus, p. 78.
23

de 63 d.C., que a instrução escolar passou a ser dada às crianças de seis e sete anos. Outros
acreditam que a escola foi generalizada cerca de 130 a.C.

Conforme a sabedoria bíblica e judaica, a criança não era considerada inocente. Pensava-se
até o contrário (Pv 22.15). Os rabinos se interessavam pelas crianças porque viam nelas o
futuro de Israel, seus futuros alunos e futuros sujeitos da Lei. Entretanto, enquanto ela fosse
menor de doze anos, pertencia a uma categoria inferior, incapaz na área religiosa. Ela era
colocada na mesma categoria dos surdos, mudos, cegos, pagãos, mulheres e escravos.57

Segundo Gower, quando o povo judeu entrou em Canaã eles não tinham um sistema
educacional organizado. Esse sistema se desenvolveu à medida que a sua civilização
progrediu, sofrendo as influências e as práticas das nações circunvizinhas. Neste período, a
educação centrava-se no lar. A grande parte da responsabilidade era da mãe em educar tanto
os filhos como as filhas durante os três primeiros anos (provavelmente devido a ser o período
do desmame). As meninas podiam ter uma profissão, talvez como parteiras e cantoras.58

Sisemore também afirma que nos tempos antigos (período bíblico), do povo hebreu, mesmo
quando não havia um sistema organizado de instrução e o lar era a única escola, sendo os pais
os únicos professores, a instrução era real, sendo que a transmissão das tradições sagradas era
a mais importante de todas as partes do ensino. Toda a comunidade judaica, adulta, tinha a
responsabilidade de ensinar, principalmente naquilo que se relacionava à fé que haviam se
comprometido a passar adiante. O texto em Deuteronômio 6 enfatiza a persistência no ensino,
o aproveitamento das oportunidades informais, o uso do lar e a responsabilidade do pai. A
comunicação da fé era tão importante que os pais foram instigados a conversar sobre o
assunto não só em casa, mas quando estavam na estrada, no fim do dia, no início, etc. Ainda
deveriam colocar símbolos em seu corpo e no portão da casa para lembrar a cada membro da
família os mandamentos de Deus.59

É possível que o povo começou a ter algum tipo de educação formal quando os santuários
começaram a fazer parte de suas vidas (mais ou menos 1050 a.C.). A escrita era quase sempre
feita à tinta, sobre pedaços de cerâmica. As penas eram feitas com bambu aguçado para
formar uma ponta (Jr 17.1) e a tinta era de fuligem, resina, óleo de oliva e água.60

57
MORIN, É. Jesus e as estruturas de seu tempo, p. 60.
58
GOWER, R. Usos e costumes dos tempos bíblicos, p. 78-79.
59
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 14-15.
60
GOWER, R. Op. Cit., p. 79-80.
24

No Antigo Testamento é encontrada uma passagem importante sobre a responsabilidade do


povo de Deus em educar, que é o Shema (Dt 6.4-9), onde Israel recebe o mandamento de
ensinar às gerações vindouras as palavras da lei de Deus.61 Armstrong concorda e diz que
todas as grandes ideias associadas com o Antigo Testamento: revelação, profecia, sacrifício,
ritos, a presença e o poder de Deus, etc., estão, de uma ou de outra forma, relacionadas com o
sistema educacional dos israelitas, o povo escolhido por Deus.62

Sisemore afirma que nos tempos dos patriarcas os objetivos da educação eram três:
transmissão da herança histórica (Êx 12.26-27; 13.7,8,14; Dt 4.9,10; 6.20,21; 7.6,19; 32.7);
instrução relativa às cerimônias religiosas; e transmissão da herança ética (Êx 20.1,17). Os
métodos didáticos empregados eram, em sua maior parte, de forma oral, onde a memorização
era fundamental. Outro método era a parábola. Parte muito importante eram os festivais
anuais, que celebravam por meio de dramatizações os atos de Deus em favor de seu povo.

Durante o período dos juízes, estes eram os líderes militares e árbitros em disputas, e não
professores. Assim, durante o período sem lei e sem domicílio certo, o povo não contava com
orientação educacional. No entanto, Samuel, o último dos juízes, foi uma exceção, sendo o
maior mestre religioso do antigo Israel, depois de Moisés. Mais tarde, o rei Salomão tornou-se
representante dos sábios. Mesmo que o clímax da doutrina dos sábios tenha se dado no
período pós-exílico, o livro de Provérbios tem sua origem em Salomão. Este livro, depois da
Torá (Lei), é o mais antigo livro hebreu de educação.

A educação judaica não se limitava às crianças, os adultos também precisavam dela. Cabia
aos sacerdotes e aos levitas, na qualidade de guardiões da lei, instruir Israel (Lv 10.11; Dt
33.10). Também não se deve omitir a função educacional dos profetas. Homens como Elias,
Amós e Isaías não foram apenas pregadores, mas também professores. Eles eram sensíveis às
condições sociais e religiosas do povo e se esforçavam em interpretar a fé e aplicá-la em suas
próprias gerações, visando também as subsequentes.

No período pós-exílico, os escribas tomaram os lugares dos profetas como líderes religiosos.
Assim, a didática meramente transmissiva substituiu a pregação. Neste período, os
professores não eram somente os sacerdotes e os levitas, mas também os sábios e os escribas.
A partir de Esdras, os judeus tornaram-se conhecidos como “o povo do livro”, pois foi nesta
época que mais estritamente se ensinou em público o conteúdo das Escrituras. As
61
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 13.
62
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 11.
25

consequências espirituais, cerimoniais, sociais e cívicas foram marcantemente significativas e


influenciaram profundamente a futura história dos judeus.

O lar foi a escola hebraica mais antiga, e continuou a ter um lugar fundamental na educação
judaica. Mas, posteriormente, surgiu na história judaica outro tipo de instituição educacional,
as sinagogas. Nas sinagogas, assim como em casa, era fundamental a instrução do povo na
Lei. O serviço semanal era de natureza principalmente educacional; assim, todos os judeus se
tornaram estudantes da Lei.63

Gower diz que o exílio dos judeus na Assíria e na Babilônia os levou a novos avanços na
educação. Quando voltaram e sua terra tornou-se parte do império grego, houve novos
progressos. Os reis assírios colecionaram milhares de tabletes de argila numa biblioteca em
Nínive. Eles contêm todo tipo de conhecimento: botânica, geometria, química, astronomia,
medicina, matemática, leis, religião, e indicam até que ponto o sistema assírio de educação
havia progredido. Ainda ressalta que o livro de Daniel, no capítulo primeiro, conta como os
membros da hierarquia israelita foram educados na corte babilônica. Eles deviam aprender a
língua durante três anos e depois passar por um exame oral feito pelo rei (Dn 1.3-9,19, 20).

A fim de preservar sua identidade como nação, era necessário que os judeus exilados
conhecessem a fundo sua própria Lei. Professores da classe sacerdotal e profética parecem ter
cuidado desse aspecto da educação e assim continuaram ao retornarem à sua terra. Quando
voltaram do cativeiro, o imperador persa comissionou um escriba (Esdras), para que ensinasse
a Lei ao povo judeu (Ed 7.12-26). Os professores passaram a explicar a Lei andando por entre
a multidão. Como resultado, os escribas se tornaram importantes na comunidade como
professores da Lei. Esses homens eram comparados aos primeiros profetas e chamados
“homens da grande sinagoga”.64

Ausebel complementa e diz que o estudo da Torá assumiu o caráter de consagração nacional-
religiosa neste momento quando Esdras, o escriba, reuniu os judeus dentro do pátio do templo
de Jerusalém, após o retorno do cativeiro, a fim de promulgar e ensinar-lhes os mandamentos
e as leis das Escrituras. Depois desse dia, o estudo da Torá passou a ser obrigatório e
ininterrupto como forma mais elevada de culto religioso, vindo a tornar-se também
preocupação de todo o povo judeu.65

63
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 15-18.
64
GOWER, R. Usos e costumes dos tempos bíblicos, p. 80-81.
65
AUSUBEL, N. Conhecimento judaico I, p. 274.
26

Daniel-Rops explica que a sinagoga era uma organização religiosa, uma assembleia que
desempenhava um papel considerável na vida administrativa e judicial dos judeus e até
mesmo em sua educação. A sinagoga governava a vida diária de seus membros, nomeava os
magistrados locais, determinava a educação das crianças e até constituía em si mesma uma
pequena universidade para o povo. Isso porque era primariamente uma casa de oração, onde
os homens se reuniam para ouvirem Deus falar mediante as palavras da sua Lei.66

Por ser o lugar onde se ensinava a Lei, a sinagoga passou a ser conhecida como a “casa do
ensino”. O ensino era parte do culto de adoração e, por isso, acontecia no lugar de adoração.
Havia, também, um lugar separado para o propósito específico do ensino, onde as crianças
estudavam a Lei guiadas por um mestre, que ocupava um lugar de honra e respeito.67

Armstrong afirma que a ideia de ter centros, locais apropriados para o culto, o estudo da Lei e
o ensino das crianças, foi aceita não apenas pelos judeus da Diáspora, mas também pelos que
depois regressaram à Palestina. Em lugares onde havia grandes populações judaicas
(Jerusalém, Roma, Antioquia, Alexandria, etc.) existiam várias sinagogas. Provavelmente
existiam cerca de 480 sinagogas em Jerusalém no terceiro século a.C.

Um fenômeno extraordinário quanto ao ensino, entre os hebreus, foi a escola de profetas. Há


referências destas escolas nas narrativas dos ministérios de Elias, Eliseu e Samuel. Acredita-
se que estas “escolas” eram instituições organizadas com instrução programada. Mas, mesmo
sem evidências suficientes para se justificar tal pensamento, sabe-se que os profetas
desempenharam importante papel na educação do povo. Isso se deu por suas constantes
exortações e recordações concernentes ao propósito e vontade de Deus para com a nação
israelita e a necessidade de um viver justo e correto.68

Armstrong diz que a educação hebraica tinha como propósito transmitir a herança histórica,
instruir na conduta ética e assegurar a presença de Deus e sua adoração. A transmissão da
herança histórica foi um dos mais importantes propósitos. Isso porque, durante todos os anos
da vida de Israel, e, especialmente durante os anos formativos, era necessário que as gerações
futuras viessem a se nutrir das memórias históricas de tudo o que havia acontecido no
passado, a fim de que em sua mente estivesse o conhecimento dessa herança histórica do povo
de Israel como povo de Deus. Diz ainda que um segundo propósito era instruir no

66
DANIEL-ROPS, H. A vida diária nos tempos de Jesus, p. 239-240.
67
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 21.
68
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 13, 20.
27

comportamento ético (Êx 20.12). Mas, no centro da educação hebraica sempre esteve a ideia
do conhecimento de Deus, a adoração e a obediência ao Criador. Através da história, Deus
sempre foi o centro do processo educativo. O homem sempre procurou conhecer algo de sua
existência, propósito e lugar no universo. Assim, como povo escolhido por Deus, os hebreus
centralizaram seu ensino em Deus.69

A principal preocupação dos pais judeus era que seus filhos conhecessem a Deus. Em
hebraico, o verbo “conhecer” significa estar intimamente envolvido com uma pessoa. Os pais
piedosos ajudavam seus filhos a desenvolverem este tipo de conhecimento de Deus. A Bíblia
diz que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a
prudência” (Pv 9.10). Desde pequenos, os jovens aprendiam sobre a história de Israel. Na
primeira fase da infância, provavelmente a criança memorizava uma declaração de crença e a
recitava uma vez por ano, pelo menos, na oferta das primícias. O credo reduzia o relato da
história de Israel a uma forma simples e fácil de memorizar. Assim, os filhos aprendiam que a
nação de Israel havia feito uma aliança com Deus. E esta aliança impunha-lhes certas
restrições e certas responsabilidades perante o próprio Deus.70

Conclui-se, assim, que o povo hebreu recebeu de Deus a ordem de ensinar a Lei e isto era um
compromisso que tinham como famílias e como povo de Deus. Não importasse se era no lar,
como no início, ou nas sinagogas, ou até mesmo nas escolas de profetas, que surgiram
posteriormente, o povo estava empenhado em transmitir o ensino da Lei de Deus e este ensino
era real e centralizado no próprio Deus. Não deveria ser diferente nos dias atuais. A igreja,
como povo escolhido de Deus, assim como o povo hebreu, deve se comprometer com esta
tarefa diante de Deus, de ensinar sua Palavra, com um ensino autêntico e fiel ao próprio Deus.

2.2 Jesus

Armstrong diz que Jesus de Nazaré é a base bíblica e histórica personificada da educação
cristã. Foi através de Jesus que a educação judaica começou a caracterizar-se por longo
tempo, assumindo marcas identificadas como cristãs, formulando assim a educação cristã.71
Jehle complementa dizendo que já está na hora de se voltar a estudar o Filho de Deus como o
modelo primário de educador. Fazer daquele que é o Senhor ser também o herói na prática e
na teoria pedagógica. Caso contrário as pessoas continuarão, na melhor das hipóteses

69
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 13-14.
70
WHITE, W. Jr.; TENNEY, M. C.; PACKER, J. I. Vida cotidiana dos tempos bíblicos, p. 81.
71
ARMSTRONG, H. Op. Cit., p. 25.
28

inconsistentes ou, na pior delas, hipócritas. É preciso restaurar para a próxima geração a
atitude, unção e prática do maior professor que já viveu e que deixou, através dos quatro
evangelhos, narrativas de seus métodos e práticas de ensino, ou seja, Jesus.72

Ao olhar para Jesus, vê-se à luz de Sua perfeita personalidade, do Seu espírito de servir, de
Sua confiança no ensino, do Seu conhecimento das Escrituras e da humanidade, do Seu
domínio dos métodos e processos de ensino, que Ele foi o mestre melhor qualificado que o
mundo já conheceu. Ele foi de fato “o Mestre dos mestres”, ou “o Mestre magistral”. Price
ressalta que qualquer pedra à beira da estrada ou qualquer tripeça tomada por empréstimo por
Jesus, transformava-se num trono de autoridade e sabedoria universal, invejado por soberanos
e pontífices.73

Sisemore diz que tanto por meio de exemplos, como por mandamentos, Jesus enfatizava a
importância do ministério da educação. Ele mesmo era um mestre “vindo de Deus” (Jo3.2).
Durante seu ministério terreno, era chamado de “Mestre” com mais frequência que qualquer
outra designação. Nos quatro evangelhos, ele é mencionado como mestre oitenta e nove
vezes; e, como pregador, apenas doze vezes. Ressalta também que a doutrina e a pregação de
Jesus sempre se fundiam, mas sua obra didática era fundamental em tudo o que fazia. A maior
escola que já existiu consistia em Jesus como professor e nos doze apóstolos como alunos.
Isso porque seus princípios e métodos constituem o ideal, em direção do qual educadores
cristãos devem empenhar-se.74

Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do


povo em geral. Ele não se distinguiu primeiramente como orador, reformador ou chefe, mas,
como mestre. Mesmo tendo curado, operado milagres e pregado, sempre foi o mestre. Ele fez
do ensino o agente principal da redenção. Jesus ensinava em qualquer lugar e a toda hora: no
templo, nas sinagogas, nos montes, nas praias, nas estradas, junto aos poços, nas casas, em
reuniões sociais, em público e em particular. Mateus diz: “Andava Jesus por toda a Galileia,
ensinando nas sinagogas deles, proclamando as boas novas do reino e curando todas as
doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Toda a obra de Jesus estava envolta em
atmosfera didática.75

72
JEHLE, P. Ensino e aprendizagem, p. 48.
73
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 25.
74
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 19-20.
75
PRICE, J. M. Op. Cit., p. 15, 17.
29

Jesus pretendia que a sua igreja fosse uma igreja didática. A religião que fundou é uma
religião de ensino. Como já mencionado, este fato está explícito na grande comissão, que
convoca para um programa de educação e instrução. Nesse programa, o fazer discípulos é o
primeiro passo. O segundo é o batismo e o estágio final é um processo contínuo, ou seja,
ensinar os discípulos a praticar o que Jesus mandou. Isso requer um programa que envolve
todos os membros da igreja. Sisemore diz que

Outro ponto a observar é que na língua original de Mateus 28.19, a palavra


que significa “ir” é um particípio. Portanto, a tradução correta e mais literal
seria: “Indo, fazei discípulos”. Tal tradução sugeriria que, em nossa
caminhada cotidiana como crentes, enquanto executamos outras tarefas,
devemos tratar de fazer discípulos. Este conceito nos lembra o Shema, que
instruiu os hebreus, durante sua caminhada, a instruir os filhos.76

Pelo texto bíblico, não há dúvida de que Jesus foi um mestre. Seus discípulos o chamavam de
mestre; ele ensinou as multidões com êxito; Nicodemos confessou que Jesus era um mestre
vindo de Deus; e há muitas outras referências a Jesus como alguém que ensinava. A palavra
discípulo (aluno) é usada mais de duzentas vezes com referência aos seus seguidores.77

Marcos, em seu evangelho, traduz bem o que teria sido observado durante o ministério
público de Jesus. Ele enfatiza o poder de Suas palavras e Seu ensino que era novo porque
estava carregado de autoridade. É o inverso do ensinamento dos escribas que tinha apenas
uma autoridade profissional. Eles eram profissionais da Escritura, da interpretação da Lei,
repetiam apenas uma tradição. Jesus, ao contrário, falava sem títulos. Sua autoridade era
procedente do alto e não de uma qualificação profissional. Morin ressalta que

Jesus chegava, rapidamente, ao coração das coisas; que falava simplesmente


a partir de experiências diárias; que evitava as disputas de escolas, as
argumentações à base das Escrituras e que superava, assim, todas as
possibilidades comuns aos outros. Ele era, simplesmente, alguém que tinha
alguma coisa a dizer.78

Price afirma que ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para
ensinar do que Jesus, Ele foi o mestre ideal. Diz que no sentido mais profundo, Jesus foi “um
mestre vindo da parte de Deus”. Defende que muitos elementos contribuíram para prepará-lo
eficientemente para o magistério. Alguns eram meramente humanos, e outros, divinos; alguns
Lhe eram inerentes, e outros Ele os desenvolveu.79

76
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 20-21.
77
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 25.
78
MORIN, É. Jesus e as estruturas de seu tempo, p. 146.
79
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 9.
30

Champlin também afirma que Jesus foi o maior de todos os mestres espirituais, mas que seu
ensino provinha do Pai (Jo 7.16). Complementa dizendo que a inspiração e a revelação vão
além do que qualquer educação formal é capaz de suprir. Defende que Jesus, segundo João
7.15, nunca frequentou qualquer escola rabínica, mas mesmo sem a educação formal superior,
foi capaz de deixar perplexos os líderes judeus com sua sabedoria quando tinha apenas doze
anos de idade (Lc 2.47). Suas declarações mostram que ele tinha um total conhecimento das
Escrituras judaicas e de modos de interpretação, bem como a variedade de idéias resultantes
dessa atividade. Champlin ressalta ainda que “um grande mestre espiritual como foi Jesus,
não pode ser avaliado, nem pelos nossos sistemas de educação e nem pelos nossos métodos
científicos. Há um conhecimento por meio da razão, da intuição e da revelação, e esse
conhecimento não depende de cursos acadêmicos”.80

Armstrong diz ser muito provável que Jesus, quando criança, tenha estudado na sinagoga
como os demais meninos judeus. Ele demonstrava habilidades educacionais, praticava as artes
literárias, ou seja, demonstrou sua habilidade de ler na sinagoga (Lc 4.16-20), bem como
familiaridade com a arte de escrever (Jo 8.6). Suas palavras ditas na cruz (Mt 27.46) indicam
que sabia a língua aramaica e também o hebraico. Segundo o evangelista Mateus, Jesus
conhecia profundamente as Escrituras Sagradas, pois frequentemente fazia uso delas de
memória. Armstrong ainda ressalta que Jesus acreditava no ensino (Jo 13.13) e foi mestre por
excelência. Tudo isso indica que Jesus não foi analfabeto, e que aproveitava bem tudo aquilo
que a educação judaica de seu tempo lhe oferecia. Em muitos aspectos, ele não foi diferente
dos mestres seus contemporâneos, porém seu ensino apresentava um saber próprio e especial.
Ele ensinava com autoridade (Mt 7.28-29) e Ele mesmo era cem por cento aquilo que
ensinava, de modo que inspirava confiança em tudo o que dizia.81

Price também afirma que Jesus aprendeu na sinagoga, pois, nos seus dias, elas estavam
espalhadas por todos os lugares, e a frequência a ela era hábito arraigado, quando não
obrigatória. Lucas diz: “No sábado entrou Jesus na sinagoga, como era seu costume” (Lc
4.16).82 Morin afirma que certamente havia, nos tempos de Jesus, escolas primárias nas
aldeias da Palestina, onde era ensinado a ler o texto hebraico, escrito sem vogais, e a

80
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, v. 2. p. 272.
81
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 26.
82
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 20.
31

reconhecer as primeiras transposições em aramaico. Também havia as escolas secundárias,


onde se aprendia a interpretar as Escrituras com a ajuda das tradições orais.83

Várias eram as fontes gerais das quais o Mestre retirava Seu ensino. Ele usou livremente as
Escrituras do Velho Testamento. Jesus também era um atento observador das forças da
natureza e fez constantes referências a elas. Igualmente, Ele estava sempre de olhos abertos
para as situações que surgiam na vida daqueles com quem convivia. Tudo isso mostra e
confirma que o currículo não consiste apenas de manuais ou de tarefas especiais, mas também
de outros materiais que enriqueceram o ensino.84 Jesus usava exemplos muito simples para
que as pessoas o compreendessem. Ele dirigia seu ensinamento a todos, inclusive às mulheres
e, certamente, teve que se explicar diante dos doutores, em Israel.85

O objetivo por excelência do ensino de Jesus era a mudança da vida do indivíduo, e não
apenas seu intelecto e emoções. Este propósito geral permeava todos os outros objetivos mais
específicos de seu ensino. Há cinco classificações que podem ser feitas em relação aos
objetivos do ensino de Jesus. Em primeiro lugar, Jesus procurava converter seus alunos a
Deus. Em segundo lugar, Jesus queria que seus discípulos adotassem ideais corretos (Mt
5.48), seu ensino exigia uma nova ética e uma nova interpretação das regras e normas sociais.
Em terceiro lugar, Jesus se propunha a desenvolver a harmonia entre as pessoas. A única
responsabilidade maior do que essa é a harmonia com Deus (Mc 12.28-31). Em quarto lugar,
Jesus queria aprofundar as convicções de seus alunos. Usou determinadas técnicas para ajudar
seus alunos a verificar e reforçar suas crenças e convicções (Jo 21.15,17). E, em quinto lugar,
Jesus tinha o objetivo de treinar seus discípulos para continuar o ensino depois dele.86

Jehle defende que Jesus demonstrou que a educação não era meramente transferência de
ideias e aumento de conhecimento. Era muito mais que isso. Quando Jesus ensinava, não se
tratava meramente de abraçar ideias intelectuais, mas de transferência de vida, a vida de
Cristo. A sua própria vida dava sentido, destino e senso de profundidade ao que ele dizia. E
ressalta que a diferença, para isso, era a unção. O conteúdo bíblico precisa receber poder do
Espírito Santo de Deus. É isso que deve separar os cristãos no processo ensino-aprendizagem.
É necessário mais que uma mera mudança no conteúdo ou no método, é preciso acontecer

83
MORIN, É. Jesus e as estruturas de seu tempo, p. 132.
84
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 83-89.
85
MORIN, E. Op. Cit., p. 146-147.
86
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã., p. 27-28.
32

uma mudança no espírito. Sem isto, a inspiração se perde e não há vivificação. Pode-se até
receber conhecimento, mas ele é estéril e sem a vida de Cristo.87

Armstrong ressalta que o estilo didático de Jesus incluía muitas técnicas. Jesus usava o
método de fazer perguntas; contava histórias da vida cotidiana (parábolas); usou o discurso ou
conferência; usou o método de atividades para ensinar (Lc 5.4;6.1;10.1-16;18.22); usou
recursos visuais: figura de uma árvore (Mt 21.18-22), uma moeda (Mc 12.13-17), os campos
prontos para a ceifa (Jo 4.35-39) e outros, incluindo também os milagres; e usou ainda o
método de ser ele mesmo um bom exemplo de tudo o que ensinou. Ele vivia o que ensinava.

Na sua maioria, as técnicas usadas por Jesus eram muito simples. Uma delas foi simplesmente
chamar a atenção de seus ouvintes. Isso ele conseguiu de várias maneiras: iniciando uma
conversa (Jo 4.7-9); fazendo perguntas (Mt 16.13); convidando ao companheirismo (Mc
1.17); chamando as pessoas por seu nome (Jo 1.42); e empregando palavras que chamavam a
atenção do ouvinte. Todo mestre tem seu estilo, e Jesus não foi uma exceção à regra. Seu
estilo era simples, porém profundo. Empregava muito o simbolismo, mas era também
dinâmico e direto. Ele ensinou o desconhecido através do conhecido. Empregou uma
linguagem que seus ouvintes entendiam, para lhes ensinar coisas que não compreendiam.
Ensinou conceitos espirituais abstratos em termos concretos. Um exemplo disso pode ser visto
na frase “o reino de Deus é semelhante...”.88

Há três pontos importantes que devem ser salientados com relação às pessoas a quem Jesus
ensinava. Em primeiro lugar, seus alunos não eram perfeitos. Ele teve de ensinar pessoas com
problemas pessoais, falta de compreensão, com seus pontos de vista particulares (Pedro, por
exemplo) e com muitos conceitos inadequados que dificultavam a percepção da mensagem.
Jesus não foi bom mestre porque seus alunos foram bons alunos, mas foi um bom mestre
apesar das limitações deles. O segundo ponto importante é que Jesus ensinou principalmente a
adultos, embora não exclusivamente. Pois em meio à multidão que o seguia não se pode
excluir a possibilidade da presença de crianças. E o terceiro ponto é que parece que através de
seu ministério havia um padrão geral em seu ensino. No início de seu ministério, ensinava
principalmente a indivíduos, depois passou a ensinar a multidões, e, no fim, voltou a ensinar

87
JEHLE, P. Ensino e aprendizagem, p. 70.
88
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 26-27.
33

individualmente. Um aspecto importante de seu magistério é que soube aproveitar todas as


oportunidades para ensinar.89 Jehle diz que

Os crentes têm um professor perfeito como modelo. Ele viveu aqui por trinta
e três anos e ensinou abertamente durante três anos. Apesar de Ele ser capaz
de cativar as multidões como nenhum outro indivíduo e derrotar a mais
preparada oposição de sua época em debates abertos, Ele escolheu se
concentrar no discipulado de apenas doze indivíduos (que mal poderiam ser
chamados de profissionais). Ele produziu resultados, entretanto, que
deixaram a história e a civilização mudadas no rastro de Seu ensinamento.
Sem quaisquer recursos audiovisuais além da natureza em si e confiando em
sua vida e mensagem como foco primário, Ele formou onze homens (um foi
reprovado) sem nenhum credenciamento junto às instituições “oficiais” de
seu tempo. O resultado? Onze homens foram equipados para treinar
incontáveis milhares de pessoas que discipularam incontáveis milhões de
indivíduos – tendo como resultado a firme marcha do reino de Deus através
da história.90

Jesus realmente foi o Mestre por excelência. Seu ensino era superior, pois ele era e vivia o que
ensinava. Nenhum mestre jamais teve ou terá tamanha autoridade e reconhecimento como
Jesus, pois Ele é o Mestre dos mestres. Por isso, deve ser um dos fundamentos ou pode-se
afirmar o maior e principal fundamento bíblico para a educação cristã, pois ele é a base para a
mesma. Além de ter sido o maior mestre que já existiu, também enfatizou a importância do
ensino. Seus princípios e métodos formam o ideal e sua ordem orienta a igreja a fazer
discípulos. Sem Cristo, não há educação que direcione para uma vida que glorifique a Deus.
Jesus deve ser a base, o fundamento sobre o qual a igreja deve estar alicerçada em sua função
de ensinar.

2.3 A Igreja Primitiva

A igreja primitiva levou a sério a ordem de Cristo: “fazei discípulos”. O livro de Atos, que
conta a história da igreja de 30 a 60 d.C., é um relato emocionante do crescimento da igreja
“em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). George
ressalta que, sem dúvida, essa igreja era uma igreja ensinadora.91

A igreja primitiva pregava as Boas Novas do Reino, atendia às necessidades do povo, e


também ensinava. À medida que a igreja crescia em número, os novos cristãos recebiam
instruções e “a doutrina dos apóstolos” (At 2.42). A palavra “doutrina” é a tradução da
palavra didaché (ensino). A igreja prosseguia no ensino contínuo e não vivia apenas na

89
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 28-29.
90
JEHLE, P. Ensino e aprendizagem, p. 48.
91
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 21.
34

emoção do Pentecostes.92 Foram os discípulos de Jesus que perpetuaram o seu ministério


didático. Em conformidade com a grande comissão, a igreja do Novo Testamento tornou-se
uma grande comunidade de ensino-aprendizado. Naqueles tempos os apóstolos empregavam,
sabiamente, o método combinado de evangelismo e ensinamento, pois lemos que eles “não
cessavam de ensinar, e anunciar a Jesus, o Cristo” (At 5.42). O trabalho evangelístico da
igreja apostólica era essencialmente educacional.93

Armstrong diz que a educação do primeiro século inclui a teologia, a atividade missionária e a
produção literária deste período, pois a educação foi uma tentativa de educar as pessoas para o
novo caminho. À medida que a igreja crescia e ganhava mais gentios do que judeus, essa
instrução se tornou ainda mais importante.94 A igreja primitiva crescia rapidamente, não
apenas em número, mas também em maturidade. Isso aconteceu porque a Palavra estava
sendo pregada e o ensino foi considerado algo muito importante. Os discípulos “perseveravam
na doutrina dos apóstolos” (At 2.42) e ensinavam “todos os dias, no templo e de casa em
casa” (At 5.42).95

Não se sabe muito a respeito das reuniões cristãs durante as primeiras décadas. Mas uma coisa
que se sabe é que as cerimônias de culto e de fraternidade do período eram instrutivas. Os atos
simbólicos como o batismo e a ceia do Senhor apresentavam importantes características
educacionais desde o princípio, e sua relevância educacional se intensificou à medida que a
igreja absorvia mais e mais o elemento pagão. Armstrong afirma que foi através da ceia e da
pregação que a igreja aprendeu de modo objetivo o conteúdo do evangelho. O batismo
também foi muito instrutivo, direta e indiretamente, pois foi o enfoque do catecismo que logo
se desenvolveu para ensinar e treinar os novos convertidos.96

Os cristãos primitivos adoravam juntos e estabeleceram padrões de adoração que diferiam


muito dos cultos da sinagoga. Não existe um quadro claro da adoração cristã primitiva até 150
d.C. Sabe-se, porém, que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o primeiro dia
da semana, que chamavam de “o Dia do Senhor”. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo
em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares (At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Não há provas de que
os cristãos tenham construído instalações especiais para seus cultos de adoração durante mais

92
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 67, 75.
93
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa., p. 21.
94
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 33.
95
GEORGE, S. K. Op. Cit., p. 75.
96
ARMSTRONG, H. Op. Cit., p. 34.
35

de um século após o tempo de Cristo. Os eruditos afirmam que os primeiros cristãos


adoravam nas noites de domingo e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas, em
algum ponto da história, os cristãos começaram a manter dois cultos de adoração no domingo.
Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação (At 2.14-36).97

Também era um instrumento educativo o comportamento dos primeiros cristãos. Tudo tinha a
ver com seu modo de viver, a doutrina dos apóstolos, a comunhão (Koinonia), as orações, a
observância das ordenanças, a caridade fraternal e o amor (ágape). Nada disso chegou de
modo automático aos novos convertidos; eles tiveram de aprender.98

Sisemore ressalta que os ensinamentos dos apóstolos consistiam na mensagem que haviam
recebido de Jesus juntamente com suas recordações e interpretações de Sua vida e obra e de
Sua pessoa à luz das Escrituras do Antigo Testamento. Em resumo, o que a igreja primitiva
ensinava era essencialmente o que se encontra hoje no Novo Testamento. No entanto, durante
os anos anteriores à redação destes livros, a igreja tinha como livro para o ministério
educacional as Escrituras do Antigo Testamento. Nelas, os crentes descobriam Cristo e
encontravam orientação para viver para a glória de Cristo. Foi sobre essas Escrituras que
Paulo escreveu: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16-17). Sendo assim, pode-se afirmar
que o pressuposto bíblico para um programa de educação religiosa requer a utilização tanto do
Antigo, como do Novo Testamento, como sendo o livro-texto concedido por Deus.99

Segundo Armstrong, a educação na igreja primitiva tinha duas funções principais, ou duas
áreas de maior ênfase. A primeira se relacionava com o batismo, pois, antes do novo crente
ser batizado, ele precisava de uma instrução formal acerca do que estava fazendo ao
submeter-se ao batismo. A outra função era servir como veículo para comunicar e conservar
uma nova tradição, uma tradição cristã. Essa tradição tinha a ver com as palavras, ensinos e
atos de Jesus, especialmente com respeito à sua morte e ressurreição. Essas tradições
explicavam como Jesus havia cumprido o Antigo Testamento e esboçavam a maneira de viver
para aquele que desejava ser fiel seguidor de Cristo.100

97
WHITE, W. Jr.; TENNEY, M. C.; PACKER, J. I. O mundo do Novo Testamento, p. 145-146.
98
ARMSTRONG, H. Bases da educação cristã, p. 35.
99
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 22.
100
ARMSTRONG, H. Op. Cit., p. 36.
36

Em Atos percebe-se o desenvolvimento de uma instituição modelo, comprometida com a


Palavra e com a sociedade. O ensino era, na igreja primitiva, um ministério integrado e
impulsionado pelo Espírito Santo. A igreja como instituição cumpria seu papel, atendendo às
necessidades de seus membros e da comunidade e enviando mestres a todas e quaisquer novas
comunidades. Quando Barnabé e Paulo foram enviados à nova igreja em Antioquia, sua
tarefa, entre os discípulos, era de ensiná-los. Atos 11.26 relata: “E por todo um ano se
reuniram naquela igreja, e ensinaram numerosa multidão”.

Na igreja primitiva havia um ministério distinto, o do chamado “mestre” (didáskalos). Fala-se


de “profetas e mestres” na igreja de Antioquia (At 13.1). A liderança nesse período eram os
apóstolos, os profetas e os mestres. Depois foram eleitos bispos, presbíteros e diáconos. Estes
deveriam ser “aptos para ensinar”. Todos estes líderes assumiram a função didática da igreja.
O apóstolo Paulo também se preocupou com a formação e treinamento de líderes “fiéis e
também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2.2). A primeira época da história da igreja foi
uma era de crescimento. Esta época durou aproximadamente 300 anos. Um documento do
primeiro século ou início do segundo século, que servia de instrução moral e doutrinária, era a
Didaché, que dava grande destaque à vida prática, ou seja, à ética cristã.101

White ressalta que Gamaliel, um mestre mencionado duas vezes no Novo Testamento (At
5.34; 22.3), pode ter exercido uma influência mais profunda sobre o curso do cristianismo do
que indicado nestas passagens bíblicas. Gamaliel possuía um lugar respeitado no Sinédrio.
Sua grandeza reside em sua devoção a Deus e à Lei. Certamente o grande zelo de Paulo,
primeiro pela Lei, depois por Cristo, proveio de Gamaliel. O amor de Paulo pela verdade e
seu completo entendimento das Escrituras podiam também ser atribuídos ao seu mestre. A
forma de Paulo explicar as grandes doutrinas da fé cristã foi resultado, pelo menos em parte,
de sua educação escolar “aos pés de Gamaliel”.102

Sisemore defende que Paulo, ao entrar em evidência como expoente da fé cristã, assim como
outros apóstolos, entregou-se totalmente ao ministério da educação. Em Antioquia, na Síria,
uniu-se a Barnabé e, durante um ano, ensinou a “muita gente” (At 11.26). Em Corinto, ficou
“um ano e seis meses, ensinando entre eles a Palavra de Deus” (At 18.11). Em Éfeso, ele
ensinou os discípulos “publicamente e de casa em casa” (At 20.20). A última notícia de Paulo
declarada por Lucas se refere a ele estando em Roma e “pregando o reino de Deus e

101
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 67-68, 76.
102
WHITE, W. Jr.; TENNEY, M. C.; PACKER, J. I. O mundo do Novo Testamento, p. 178.
37

ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.31). Além disso, todas as
cartas escritas por ele tinham objetivos educacionais.103 Segundo George,

A evangelização e o crescimento da Igreja são sempre acompanhados,


fundamentados e consolidados pelo ensino. A igreja primitiva experimentou
crescimento e edificação em todo sentido (At 2.47; 5.14; 6.7; 9.31; 12.24;
19.20). Esta edificação visava a uma profundidade na fé, uma firmeza apesar
das perseguições, uma ação social e um desenvolvimento da pessoa toda e da
Igreja toda. Isto aconteceu por acaso? Não, porque o livro de Atos, do
primeiro versículo até o último, fala da centralidade do ensino.104

Assim como a igreja primitiva cresceu e se desenvolveu por ensinar a verdade da Palavra de
Deus, a igreja atual para crescer e se desenvolver, necessita dar a devida importância ao
ensino e ao estudo da Palavra. Somente assim cumprirá seu papel e glorificará a Deus. A
igreja primitiva levou a sério a tarefa de “fazer discípulos”, pois além de proclamar as boas
novas de salvação, ela doutrinava os novos discípulos de Cristo, os novos cristãos.

Hoje a igreja precisa ter esta preocupação, o crescimento dos novos que chegam ao evangelho
e o amadurecimento espiritual de todos os cristãos. E além do ensino teórico, o que contou
para resultados impressionantes foi a diferença de vida no cotidiano de cada cristão. A vida, o
testemunho era uma forma de ensinar. Ao olhar para o quadro atual, pode-se afirmar que a
igreja precisa se preocupar mais com uma vida autêntica que ensine no dia-a-dia e não
somente com palavras e vãs filosofias.

103
SISEMORE, J. T. Os fundamentos da educação religiosa, p. 21-22.
104
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 67.
38

III – SITUAÇÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Depois de conceituar a educação cristã, esclarecer seus objetivos e falar de sua natureza, o
próximo passo foi verificar os fundamentos bíblicos da mesma. E notou-se então, claramente,
que o povo hebreu foi fiel à função do ensino, que Jesus é a base de toda a educação cristã e
que a igreja primitiva levou a sério o seu papel e o compromisso com seu Senhor de ser
proclamadora de Seu reino. Mas, e a igreja atual? Como ela está agindo diante desta
responsabilidade? Para se verificar sobre isto, segue-se este capítulo que abordará o cenário
atual da educação nas igrejas, a necessidade que há na obra da educação cristã e, por fim, uma
breve proposta para um melhor desempenho desta missão.

3.1 Cenário

Existem hoje, em média, 40,4 milhões de evangélicos no Brasil, conforme pesquisa realizada
pelo Datafolha em 2007. Se a população brasileira já chegou a quase 184 milhões, conforme o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), então conclui-se que 22% dos
brasileiros são evangélicos. Mas desses 22%, poucos se interessam em estudar a Bíblia. O Pr.
Marcos Tuler, pedagogo, pós-graduado em docência superior, escritor-chefe do setor de
Educação Cristã da CPAD, comenta que “há algumas décadas, na maioria das igrejas
tradicionais, era comum o número de matriculados na escola dominical ultrapassar ao de
membros da igreja. Entretanto, o que se pode dizer das escolas dominicais atualmente?
Enquanto as igrejas tradicionais estão repensando a EBD, grande parte das igrejas
pentecostais somente começaram a pensar na relevância do ensino bíblico sistemático de
algumas décadas para cá”.105

Dornas diz que a escola bíblica dominical já foi a grande mola propulsora do crescimento das
igrejas evangélicas em nosso país. Ressalta também a questão de, que, décadas atrás, era
comum encontrar igrejas na qual o número de alunos matriculados na EBD era maior que o
número de membros da própria igreja. E, destaca que hoje a realidade é bem diferente, de
forma que raramente se encontra uma igreja evangélica com 80% ou 90 % de seus membros
matriculados e frequentadores da EBD.106

Olivetti aponta três lacunas que considera verdadeiramente clamorosas na educação cristã:
fixação, frutificação e crescimento. Por fixação define a retenção do conteúdo básico das

105
ALENCAR, C. B. Qual caminho da escola bíblica. Eclésia, n° 130, 2009, p. 31.
106
DORNAS, L. A nova EBD... a EBD de sempre, p. 19.
39

lições ou cursos ministrados. Frutificação refere-se aos resultados práticos dos ensinamentos
ministrados, resultados que deveriam aparecer, concretamente, no comportamento dos alunos,
em serviços prestados e no desenvolvimento e aplicação de seus dons e habilidades.
Crescimento refere-se ao constante progresso dos alunos; progresso no conhecimento que
influi no aperfeiçoamento do caráter e dos serviços prestados ou por prestar.107 George diz
que “talvez uma das razões por que a educação cristã não tenha sido valorizada e promovida
com seriedade e compromisso maiores no Brasil seja que o conceito que prevalece sobre ela é
muito vago ou limitado”.108 Segundo Hendricks,

A prática da educação cristã hoje em dia tem sido por demais passiva. E isso
é uma incongruência, pois o cristianismo é a mais revolucionária força do
planeta; ele transforma vidas. E, no entanto, ao trabalhar com essa força
revolucionária, nós a colocamos numa forma, em concreto. As próprias
igrejas muitas vezes opõem certa resistência às muralhas que elas mesmas
deveriam promover.109

Alencar escreve sobre “Qual o caminho da Escola Bíblica?”, ressaltando que as famílias do
primeiro século se reuniam em suas casas para orar e estudar a Palavra de Deus, e hoje em
dia, o cenário é completamente diferente. As famílias mal conseguem se reunir para a hora da
refeição. Em função disso, de a Bíblia perder seu lugar no seio da família, a igreja ficou com a
grande responsabilidade de providenciar a educação cristã. Todo o impacto desta
responsabilidade caiu, praticamente, sobre a EBD e seus oficiais. Diz, ainda, que além de
aproximar pais e filhos na comunhão do corpo de Cristo, a EBD também introduz crianças,
adolescentes, jovens e adultos no conhecimento bíblico, afastando-os da ociosidade e das más
companhias.

Nessa abordagem cita a experiência de uma professora de escola bíblica, Eunides Perez, da
Assembléia de Deus em Santo André-SP, que afirma que em uma igreja como a sua, que tem
em média mil membros, não chega a 200 os matriculados e frequentadores da escola bíblica.
“É uma média de apenas 20% que está realmente interessada em conhecer a fundo as
Escrituras Sagradas”, conclui.110 Hemphill relata que, feito um estudo com cem batistas do
Sul e lhes perguntado por que iam à escola dominical, 98,9% responderam que era para

107
OLIVETTI, O. Aprimorando a escola dominical, p. 55.
108
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 16.
109
HENDRICKS, H. Ensinando para transformar vidas, p. 57.
110
ALENCAR, C. B. Qual caminho da escola bíblica. Eclésia, n° 130, 2009, p. 31.
40

aprender mais sobre a Bíblia. E quando perguntados sobre a razão de participarem de


determinada classe, 93,5% disseram que era porque o professor conhecia a Bíblia.111

O Pr. Gilberto Celeti, superintendente Nacional da APEC (Aliança pró-evangelização de


crianças) no Brasil, diz que se percebe uma tendência cada vez mais acentuada de
esvaziamento da escola dominical e que há muitas igrejas que não têm nenhuma preocupação
quanto ao que seus alunos recebem de educação bíblica e cristã. Ressalta como grande
problema a falta de visão de transformar as histórias em lições que os aprendizes possam
aplicar em sua vida diária. Assim, é preciso investir na formação de líderes e professores que
saibam usar a criatividade e o lúdico com conteúdo transformador.112

Todo este cenário descrito demonstra a falta de resultados eficazes através da educação cristã
na igreja. A falta de interesse da própria igreja no que diz respeito à educação, realizando um
trabalho mal elaborado e sem objetivos claros. Como especificado na pesquisa de campo,
entre os resultados que hoje se têm alcançado está:

Assim, ao se avaliar todo o cenário brasileiro de educação cristã, pode-se dizer que a igreja
precisa se voltar à educação com mais empenho e compromisso, tendo uma visão mais sólida
e objetivos mais claros, a fim de proporcionar resultados concretos e práticos na vida do
indivíduo. Há muito que pode ser feito, tanto para despertar o interesse nas pessoas quanto
para o estudo e o ensino da Palavra, e até para se ampliar a visão da igreja local em relação à

111
HEMPHILL, K. Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo, p. 256.
112
CELETI, G. O ministério com crianças precisa ser bem planejado. O evangelista de crianças, n° 214. 1Bim
2009, p. 11.
41

sua missão de ser uma igreja ensinadora. Porém, é preciso que a igreja se disponha a fazer a
vontade de Deus através da educação cristã.

3.2 Necessidade

Olivetti diz que muito se poderia dizer sobre a urgente e tremenda necessidade da obra de
educação cristã. Quantos pastores, quantas igrejas, quantas escolas dominicais têm
conseguido frutos realmente satisfatórios do seu trabalho de educação cristã? Quantos
membros de igreja se tornaram bons discípulos de Cristo, missionários, preparadores de
discípulos?113 Hendricks afirma: “O ensino que realmente causa impacto em quem o recebe
não é o que passa de uma mente para outra, mas de um coração para outro”.114

George diz que a vocação fundamental da educação cristã é compartilhar, anunciar e viver o
Reino de Deus. É preciso que a igreja hoje com urgência dê ênfase total ao ensino e
significado do que é o evangelho do Reino de Deus. Só assim haverá igrejas fortes,
edificadas, servindo e atuando no mundo com autenticidade. Ressalta que “quando se faz a
educação cristã com uma visão de Reino, ela se torna de inestimável importância e urgência, e
evita-se uma série de problemas”.115

Gonçalves Júnior escreve um artigo para a Revista do Educador Cristão relatando as


principais necessidades educacionais para uma igreja oferecer uma educação cristã
equilibrada e efetiva. Ressalta que o funcionamento da educação deve estar inserido no
planejamento global e estratégico da igreja. E, além disso, deve ter seu próprio planejamento
para que nele possam constar os objetivos a serem alcançados, metas, estratégias, cronograma
e processo de avaliação.116 É necessário que as igrejas estabeleçam claramente seus objetivos
quanto à mordomia, ao evangelismo, a missões e às outras atividades que serão desenvolvidas
durante o ano pela igreja. Pois, assim como a igreja encontra unidade de espírito em Cristo,
definindo seus alvos, ela encontrará unidade de ação.117

Uma grande necessidade dentro da educação cristã é ter em mente que esta deve andar junto
com a evangelização. O que se tem aprendido é que a missão fundamental da igreja é
evangelizar. E esta grande ênfase dada à evangelização tem feito com que ela seja vista como

113
OLIVETTI, O. Aprimorando a escola dominical, p. 14.
114
HENDRICKS, H. Ensinando para transformar vidas, p. 91.
115
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 41-42.
116
GONÇALVES Jr., A. S. Diretrizes para o plano diretor da educação religiosa batista no Brasil. Educador, n°
59, 4T 2007, p. 12.
117
DORNAS, L. A nova EBD…a EBD de sempre, p. 107.
42

a única e indispensável responsabilidade da igreja. Assim, outros aspectos, como a adoração,


a comunhão, a ação social e o ensino são vistos como de menor importância. A ideia de um
crescimento da igreja através da evangelização, sem que esta caminhe lado a lado com a
educação cristã, é nociva. Pois ambas precisam ser vistas como parte de um mesmo ministério
educacional.118

Uma igreja que valoriza a atividade pedagógica como meio relevante na construção do
conhecimento, estará construindo crentes sólidos, críticos, comprometidos com sua fé e,
assim, conscientes. A igreja precisa ser uma instituição que tenha em suas bases a
aprendizagem como elemento transformador. O campo é o mundo (Mt 13.38) e este ensina
mentiras passageiras como se fossem verdades. A igreja, pelo contrário, deve ensinar as
verdades eternas como verdades eternas e não como mentiras. Disso dependerá a sua
permanência e seu valor institucional.119

Outra necessidade, uma das mais desafiadoras no ministério cristão, é a revisão e o


aprimoramento do próprio trabalho. Como líderes cristãos, é preciso olhar criticamente o
ministério, pois o que funciona hoje pode não funcionar amanhã, o que é bom de uma maneira
agora poderá não ser depois.120 Mas, não é o que se tem visto atualmente, pois, segundo a
pesquisa de campo, 70 % das igrejas entrevistadas não possuem um sistema de avaliação em
relação à educação cristã por ela realizada. Isso demonstra falta de compromisso e de
preocupação quanto ao trabalho da própria igreja.

Paiva afirma que o ensino só se torna relevante para a igreja de Cristo quando esta cria
condições de se auto avaliar, modificando suas ações para dar uniformidade ao corpo. Quando
uma igreja, como corpo, e não como templo, mantém sua existência durante gerações, é,
também, hora de refletir se sua ausência seria sentida no meio em que está inserida. Uma
igreja que é capaz de se fazer presente externamente é naturalmente capaz de vencer suas
barreiras internas, principais dificuldades a serem contornadas na vida de uma instituição.
Transformar uma igreja existente em uma igreja atuante, democrática e ativa, que apresente a
Palavra de Deus como fonte de mudanças e de novidade de vida; que também se faça
constante, evidenciando a esperança do evangelho como resposta única. Eis então a relevância
do ensino que ela ministra e da educação que nela se consolida.121 Dornas diz que

118
GONÇALVES Jr., A. S. Administrando a educação religiosa da igreja. Educador, n° 57, 2T 2207, p. 1-2.
119
PAIVA, F. S. A relevância do ensino no contexto da igreja. Educador, n º 59, 4T 2007, p. 22-23.
120
DORNAS, L. Vencendo os inimigos da escola dominical, p. 95-96.
121
PAIVA, F. S. Op. Cit., p. 23.
43

Viver no tempo em que vivemos e não ser aberto às mudanças pode parecer
absurdo, mas a verdade é que há muita resistência ao novo ainda hoje. As
pessoas têm a tendência de cristalizar condutas, estruturas e ideias. Resistem
o quanto podem sempre que uma mudança se aproxima. Este
comportamento arredio diante das mudanças nega, pela raiz, a obra
educacional. Em educação as coisas são muito dinâmicas, tudo merece e
precisa ser experimentado, nada é sacralizado ou dogmatizado. Experimenta-
se hoje, avalia-se e, sendo necessário, muda-se.122

Também necessário e de extrema importância dentro da educação está a visão do líder


espiritual da igreja. Qualquer projeto, para dar certo, precisa ser aprovado pelo pastor da
igreja. Ele é a pessoa chave para o sucesso de todo empreendimento na vida da igreja. Na
educação cristã não é diferente, pois uma escola dominical nunca será forte e produtiva se o
pastor não possuir uma visão educacional. Da mesma forma, os líderes e ministros da igreja,
em geral, podem ser adversários da escola dominical se não apresentarem uma visão
educacional.123

George diz que “o pastor é um mestre indispensável na educação cristã (Ef 4.11). Quando o
pastor tem uma visão educadora, ele ensina formalmente no púlpito e nas aulas, e
informalmente na sua vida diária e no seu contato pessoal com o rebanho. A chave do
programa educacional é a visão docente do pastor”. O pastor, tendo esta visão, ele a
transmitirá a homens e mulheres fiéis e também idôneos para instruir a outros (2 Tm 2.2). É
preciso que o pastor ensine e prepare outros para assumirem responsabilidades no ministério
total da igreja. É preciso, portanto, que o próprio pastor, a liderança e cada crente cresça
espiritualmente e desenvolva os seus dons entendendo a função de mestres da igreja.124

Tratando-se especificamente da escola bíblica dominical, Hemphill diz que a experiência de


participar dela deve ser agradável e proveitosa, a fim de os participantes sentirem o desejo de
freqüentá-la regularmente e de levar seus amigos. E, para isso, cada classe deve manter um
equilíbrio entre ensinar, cuidar, evangelizar e se confraternizar. E quem assegura este
equilíbrio é o professor. O professor deve compreender que seu papel vai além da transmissão
de um estudo bíblico a cada semana. Ele é o líder da classe, e como tal, deve se tornar
catalisador que faz a estratégia da grande comissão e a classe operarem como uma única
unidade.

122
DORNAS, L. Vencendo os inimigos da escola dominical, p. 92, 94.
123
Ibidim, p. 15.
124
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 94-95.
44

Alvos e diretrizes claros ajudarão o professor a executar as tarefas necessárias para que a
classe da escola dominical cumpra o seu propósito com sucesso. O primeiro alvo deve ser o
de ensinar a Bíblia com convicção e entusiasmo. E para isso, ele deve ser primeiramente um
estudioso da Bíblia. Os aprendizes são sempre os melhores professores. O professor não deve
esquecer que seu alvo é a mudança no estilo de vida do aluno, mediante a compreensão da
Palavra de Deus.

Afirma ainda que, com certeza, nada é mais poderoso que uma lição objetiva que acompanha
a lição ensinada. A lição objetiva deve ser a vida transformada do professor. O que não
significa que este precisa ser perfeito para poder ensinar, pois todos estão numa peregrinação
espiritual para serem conformes à imagem de Cristo. Mas, o professor deve dar um claro
testemunho de um relacionamento pessoal com Cristo e ser alguém que compartilhe sua fé. E
para isso é necessário buscar a capacitação de Deus. Quando a igreja ou o indivíduo enfoca a
capacitação sobrenatural de Deus, dispõe-se a agir. Se Deus chama para fazer algo, Ele
habilita para o cumprimento desta tarefa, pois,

Quem quer que tenha ensinado a Bíblia irá facilmente admitir que nada pode
ser feito sem a capacitação do Espírito Santo. É igualmente interessante
notar que o Espírito Santo usa mais eficazmente os instrumentos mais bem
preparados para o serviço. A obra do Espírito Santo não exclui a necessidade
de preparação.125

George observa que quem sente o chamado de Deus para o ministério docente da igreja deve
também receber o preparo e o treinamento necessário para cumprir sua responsabilidade como
professor. A igreja precisa preparar estas pessoas assim como Jesus preparou os doze antes de
lhes enviar. Quem é responsável pelo preparo, treinamento e apoio aos professores é a
liderança da igreja. É importante que os professores se sintam como parte de uma equipe que
contribui para o ministério total da igreja. Nessa equipe educacional todos devem ter a mesma
visão e os mesmos objetivos. Todos devem estar crescendo e ajudando outros a crescerem.
Todos precisam de maturidade espiritual e de constante reciclagem pedagógica.126

Porém, olhando para a pesquisa de campo realizada, relacionada no anexo B, somente 65 %


das igrejas proporcionam algum tipo de treinamento para seus líderes e professores. Além de
serem, na sua maioria, professores leigos, não possuindo cursos de Teologia, nem mesmo
possuem cursos ministrados pela própria igreja.

125
HEMPHILL, K. Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo, p. 96, 253-257, 265.
126
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 97.
45

Price destaca que, ao lado do conhecimento das Escrituras, é igualmente importante a


compreensão da natureza humana. Esta é uma qualificação muito importante e necessária ao
professor, porque não se pode aplicar a Bíblia à vida a não ser que se compreenda bem o
aluno e suas necessidades.127 No processo de educação cristã é preciso levar em conta cada
faixa etária. É preciso conhecer as diferentes características de cada grupo para que se possa
desenvolver um trabalho mais dinâmico com o objetivo de se alcançar cada membro do grupo
de modo mais eficiente.128

Em resumo, pode-se afirmar que grandes são as necessidades dentro da educação cristã. Há a
necessidade de se obter maiores resultados e de se dar maior ênfase ao ensino e à atividade
pedagógica dentro das igrejas. As igrejas precisam ter uma visão de Reino sobre a educação,
incluindo dentro de seu planejamento a obra educadora. A educação cristã necessita ter alvos
estabelecidos, caminhar junto com a missão geral da igreja, se auto avaliando e tendo uma
pré-disposição quanto a mudanças.

Igualmente, de extrema importância e necessidade, é a visão correta do líder da igreja, ou seja,


do pastor, bem como de todos os outros líderes, inclusive dos professores. Assim, através de
todas as informações acima, conclui-se que a grande necessidade da educação cristã hoje é
mudar sua realidade. Deve ser valorizada e promovida de forma que se obtenham resultados
satisfatórios de transformação de vidas. Pois esta transformação irá levar ao crescimento, ao
amadurecimento e a uma busca maior pelo próprio conhecimento de Deus.

3.3 Proposta

A educação cristã se insere no contexto eclesial como a espinha dorsal, onde está atrelada
toda a estrutura funcional e departamental da igreja. Suas interfaces se mesclam com os
departamentos, passando pelas programações específicas.129 George destaca a igreja como
sendo uma comunidade ensinadora. Assim, a educação cristã é uma tarefa da igreja toda, que
integra o programa educacional na vida da igreja. Portanto, é imprescindível que a igreja
tenha um ministério educacional deliberado e sistemático. O programa educacional deve ser
elaborado e planejado como um todo.130 Neste sentido a resposta da pesquisa de campo,

127
PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência, p. 21.
128
SÁ, E. C. O adulto e o nosso processo educacional. Educador, n° 11, 1991, p. 22.
129
GONÇALVES Jr., A. S. Administrando a educação religiosa da igreja. Educador, n° 57, 2T 2007, p. 1.
130
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 147.
46

anexo B, mostra que 60 % dos líderes consideram a educação cristã como um ministério
específico.

Dornas ressalta que tudo o que a igreja deve realizar passa por uma vertente educacional:
evangelização e missões, adoração, ação social, administração eclesiástica, etc. Muito líderes
justificam a falta de apoio e atenção à escola dominical com sua preocupação com o
evangelismo. Isso é miopia educacional e teológica, pois, de acordo com as Escrituras, a obra
evangelizadora da igreja orbita em torno de sua tarefa educacional. Outro equívoco que
muitos cometem é tentar dissociar adoração de ensino, acreditando que, por estarem
envolvidos com o ministério da música, não precisam aproveitar as oportunidades para o
aprendizado da Palavra de Deus. É a miopia se manifestando novamente, pois a música e a
adoração também são facetas do ministério cristão a orbitarem em torno do ensino da Palavra
de Deus. Em relação à ação social, o centro desta é o amor ao próximo e a Palavra de Deus
está repleta de ensinamentos que impulsionam a igreja na direção dos pobres e necessitados,
especialmente aos domésticos da fé. Se, porém, a igreja se posicionar distante das Escrituras,
sua visão social enfraquecerá. Em relação à administração eclesiástica, qualquer programa de
administração da igreja deve ser fundamentado no conceito bíblico de mordomia cristã se o
alvo é ser eficiente.131

George enfatiza que a educação cristã deve se desenvolver por meio de dois tipos de ensino: o
ensino informal e o ensino formal ou intencional. Talvez não se saiba da importância do
ensino informal dentro e fora da sala de aula e da igreja. Mas esse tipo de ensino pode ocorrer
em qualquer lugar, através de palavras ou de exemplos. Já o ensino formal envolve esforços
“deliberados, sistemáticos e sustentados”. Isso implica instituições, estruturas, processos,
planejamento e metodologia. Há, dentro e fora da igreja, aulas, cursos e recursos pedagógicos
para o estudo formal individual e em grupos.

Todos os cristãos estão envolvidos no processo de crescimento espiritual. Cada membro da


igreja, incluindo o pastor e a liderança, assume o papel de aluno no processo educacional,
tendo sempre algo para aprender e aplicar à sua vida. A educação cristã envolve pessoas e
objetiva seu desenvolvimento na vida prática e ministerial. Sua finalidade é a formação
integral e o preparo de cristãos, professores e pais, que irão instruir e formar outros. Cada
aluno na igreja, seja qual for sua idade, recebe apoio e suporte e, no seio da igreja, desenvolve

131
DORNAS, L. Vencendo os inimigos da escola dominical, p. 15-21.
47

seu ministério prático. Professores e alunos estudam a Bíblia e a teologia juntos. Procuram
soluções para problemas e orientações para a vida e ministério.

O ser humano, criado à imagem de Deus é o centro, o objeto e o sujeito da aprendizagem. No


entanto, o ser humano é incompleto, é pecador. Mas, assim como Cristo usa processos
naturais e sobrenaturais para recuperar este pecador, assim os educadores comprometidos com
o desenvolvimento integral de seus alunos estudam estes processos. Uma pessoa se
desenvolve física, mental, emocional e espiritualmente do nascimento até a morte. Por isso, a
educação cristã acompanha e promove este processo de desenvolvimento da personalidade,
que segue muitas fases, e cada uma possui características próprias.132

Dornas, falando sobre os diferentes métodos de crescimento da igreja que chegam de


diferentes lugares do mundo, ressalta que cada um deles é importante e contribui de alguma
forma para o crescimento da igreja, caso contrário não teria credibilidade nenhuma. Por isso,
ele fez uma pequena pesquisa sobre os métodos que de fato deveriam ser incorporados na
estrutura e no funcionamento da EBD, reunindo, num só sistema, o que há de forte e de
relevante em vários outros.

Destes métodos, foi destacado o discipulado, que, por ser uma estratégia de crescimento de
igreja e não um método, é estritamente bíblico e consiste na ideia de capacitar pessoas para
fazerem discípulos e estes a fazerem outros, numa cadeia interminável de multiplicação.
Nesse ponto entra a EBD, que tem a estrutura ideal para a formação de discipuladores e o
ambiente correto para se fazer novos discípulos. A EBD unindo-se ao discipulado, torna-se
uma ferramenta poderosa para ganhar vidas para Cristo e alavancar o crescimento da igreja.

A igreja em célula também é um destaque. Ela é a divisão da igreja em pequenos grupos ou


células. Das práticas desse método pode-se incorporar a ideia de formação de liderança, a
visão de se utilizar todos os dias da semana e a estruturação da própria igreja a partir da EBD.

Outro destaque é o multiministério, que consiste na organização de pequenos grupos para


cursos diversos nas dependências da igreja. Isso significa que a igreja está abrindo as portas
para a comunidade, oferecendo-lhe algo além do ensino religioso e da pregação da Palavra.
Estes cursos consistem em cursos de cabeleireira, corte e costura, manicure, culinária,
bordado, alfabetização de adultos, música, etc. O multiministério, além da ênfase na

132
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 109, 113, 124.
48

evangelização dos pequenos grupos, trouxe também a ideia da evangelização através de


grupos de afinidade e de abrir a igreja para o benefício da comunidade.

A rede ministerial é mais uma destas estruturas que têm como alvo alcançar as pessoas certas,
nos lugares certos, pelas razões certas. Os líderes devem ser escolhidos levando-se em conta a
paixão, os dons espirituais e o estilo pessoal dos crentes. A paixão vai lhe indicar onde no
corpo de Cristo ele deve servir; os dons espirituais lhe mostrarão o que deve fazer naquela
área do corpo; e o estilo pessoal lhe indicará como ele deve servir.

E, ainda a estrutura da igreja dirigida por propósitos, a qual tem a visão de funcionar a partir
dos propósitos para ela estabelecidos na Bíblia. Também tem a visão dos níveis de
compromisso e a flexibilidade para o surgimento de ministérios novos de inestimável valor.133

Hemphill defende que a “Escola Dominical designada para cumprir a grande comissão deve
trabalhar na evangelização antes de qualquer outra coisa. A igreja deve acreditar que a
prioridade evangelística é inegociável”.134

Segundo Dornas, alguns objetivos devem nortear a EBD, entre eles estão: (1) dinamizar a
solidariedade, comunhão e cooperação. Os alunos precisam, a partir do estudo da Palavra de
Deus, desenvolver um espírito de solidariedade e de cooperação mútua; (2) estimular o
surgimento de novos líderes na igreja. A classe deve deixar de ser apenas um ambiente de
ensino da Bíblia, para ser uma família; também precisa formar líderes ao longo do ano; (3)
promover o ensino da Palavra de Deus. O ensino da Bíblia deve ser realizado de forma a
capacitar os alunos a aplicarem em suas vidas os princípios aprendidos nas aulas. Mas, o
ensino da Bíblia não deve ser um fim em si mesmo, antes deve ser uma ponte entre o mundo
da Bíblia e o mundo atual; (4) evangelizar os alunos não crentes, alcançar pessoas para Cristo;
(5) integrar novos convertidos. A EBD deve usar sua estrutura para integrar aqueles que se
convertem a Cristo através das visitas evangelísticas, nos pequenos grupos e nos cultos
públicos da igreja; (6) mobilizar os alunos a atuarem na ajuda aos necessitados. É preciso
colocar em prática os ensinos bíblicos sobre misericórdia e ajuda aos necessitados; e, (7)
mobilizar os alunos a se envolverem com a obra missionária. Seja no levantamento de ofertas,
em oração ou sustento missionário, a EBD deve levar suas classes a se envolverem com
missões.135

133
DORNAS, L. A nova EBD... a EBD de sempre, p. 24-31.
134
HEMPHILL, K. Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo, p. 181.
135
DORNAS, L. Op. Cit., p. 35-36.
49

Uma igreja que deseja ser uma verdadeira igreja de Cristo não pode deixar de cultuar a Deus,
de anunciar as boas novas, de educar e de ministrar. E ressalta que

É de responsabilidade da congregação determinar, de modo claro, quais são


os objetivos da igreja para que esta não desperdice energias e recursos com
atividades que não sejam essenciais à sua natureza. Com os seus propósitos
bem definidos, a igreja estará em condições de resolver sobre quais serão as
atividades que poderão contribuir de maneira mais eficaz para o seu
progresso e para que os seus objetivos sejam alcançados.136

Para que a igreja possa alcançar seus objetivos, também é indispensável que ela tenha uma
liderança segura. Líderes que tenham a responsabilidade de conduzir e de orientar o trabalho.
Sendo assim, a escolha desses líderes é de grande responsabilidade e importância para a
igreja, pois cada pessoa escolhida para uma função de liderança deve estar ciente de que está
servindo a Cristo através de sua igreja. A atitude errada de muitos que pensam que qualquer
pessoa serve para determinado trabalho revela descaso pela obra e contraria a doutrina do
Novo Testamento, a qual ensina que no corpo de Cristo as mãos não são os pés, o que
significa que um líder não é igual a outro líder e nem todos os cargos exigem a mesma
personalidade ou aptidão para serem bem exercidos. A escolha de líderes deve ser encarada
pela igreja como uma tarefa santa. Foi assim que a igreja em Antioquia considerou, ao separar
Paulo e Barnabé para o trabalho da igreja entre os gentios.

Além disso, para a realização de qualquer trabalho é necessário recursos e na igreja não é
diferente. Entre os recursos que uma igreja necessita para que realize seu trabalho estão
incluídos a dependência do Espírito Santo, os talentos e os dons dos seus membros e os bens
materiais. Deus concede o auxílio do Espírito Santo e a congregação terá que promover os
outros meios, recrutando, dentre seus membros, os recursos humanos, estruturais e materiais
necessários para a realização de sua tarefa.137

Paulo fala, em Ef 4.11, Rm 12.6-8 e 1 Co 12.28, da diversidade dos dons e ministérios. Cada
crente tem algum dom (ou dons) e algum ministério. No caso dos professores, estes são
pessoas que têm o dom de ensino e o desenvolvem para usar no ministério de ensino. Deus
chama os professores que Ele tem equipado com o dom de ensino para ensinarem na igreja.
As duas qualificações mais importantes para os professores da escola dominical, ou de
qualquer curso ou estudo, ou grupo, são o dom de ensino e o chamado de Deus.138

136
DORNAS, L. A nova EBD… a EBD de sempre., p. 105.
137
Ibidim., p. 108-110.
138
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 96.
50

A proposta final deste trabalho está baseada na feita por George de que a igreja precisa ter
uma Comissão de Educação Cristã, uma equipe educacional com representantes da
liderança (conselhos, juntas, diretoria, etc.), especialistas na área e representantes de todos os
segmentos da igreja. As tarefas desta comissão seriam a sondagem das necessidades das
pessoas e das realidades do contexto da comunidade, planejamento e avaliação, elaboração de
metas, objetivos e prioridades educacionais, organização e coordenação do programa
educacional total, seleção de currículos e seleção e treinamento dos professores.139 Segundo
Jaziel G. Martins, o departamento de educação cristã na igreja

...tem a função de estruturar todo o programa de educação religiosa da igreja.


Procura não apenas atingir seus membros, mas também toda a coletividade.
Todo o planejamento de educação religiosa deve ser elaborado a partir das
necessidades de seus membros, levando-se em conta todas as possibilidades
da igreja em termos de espaço físico, tempo, liderança e objetivos a serem
alcançados. É muito comum os programas de educação religiosa se tornarem
um fim em si mesmo. Isso deturpa a própria educação cristã, pois o objetivo
dos mais variados programas que existem é o alcance das pessoas, dos
crentes, suas necessidades e seu crescimento cristão. Por isso os diversos
programas são apenas um meio para se atingir o objetivo que é preparar e
fortalecer o povo de Deus. Os líderes desse departamento devem ser pessoas
ligadas à área de educação e com larga experiência na área pedagógica, tais
como: professores, supervisores e orientadores educacionais, educadores
religiosos, seminaristas e estudantes de teologia.140

George afirma que o ministério docente da igreja é realizado através de várias agências e
atividades educacionais. Todas essas agências e atividades devem fazer parte do programa
educacional e devem ser relacionadas e integradas. A agência que tem o papel principal é a
escola dominical. Mas, obviamente, uma ou duas horas no domingo não são suficientes para o
ensino cristão e, por isso, toda a igreja deve planejar alguma atividade educacional durante a
semana. Algumas ideias são: grupos familiares nos lares, escola bíblica de férias, conferências
com ensinos bíblicos, ou diversos cursos, tanto de treinamento como de reciclagem para
professores e líderes, de atualização teológica ou doutrinária, com enfoques éticos, políticos
ou sociais, ou cursos abordando temas de interesse, acampamentos ou retiros, discipulado,
que inclui uma convivência e um acompanhamento pessoal e também a organização de uma
boa biblioteca com livros e outros materiais disponíveis para atender às necessidades dos
membros. “Com criatividade e sensibilidade, a Comissão de Educação Cristã irá descobrir e
inovar outras atividades educacionais”.141

139
GEORGE, S. K. Igreja ensinadora, p. 149-151.
140
MARTINS, J. G. Manual do pastor e da igreja, p. 298-299.
141
GEORGE, S. K.Op. Cit., p. 149-151.
51

Conclui-se, assim, que esta proposta final, de se ter na igreja uma Comissão de Educação
Cristã, tem o objetivo de levar a igreja a se tornar uma comunidade ensinadora, tendo um
ministério educacional deliberado e sistemático. Essa comissão seria composta de líderes da
igreja e teria como função o planejamento, a estruturação de toda a área da educação cristã da
igreja. Incluindo desde a organização de todas as atividades, o acompanhamento e
treinamento dos professores até a tarefa de levar a igreja a ter uma visão educadora fazendo
com que o ensino seja relevante, levando a igreja a cumprir sua grande missão de proclamar o
Reino de Deus na terra através do ensino da própria Palavra de Deus.
52

CONCLUSÃO

A educação cristã é de suma importância para a formação do caráter cristão e para a fixação
da consciência espiritual. A educação cristã promove o conhecimento de Deus e seu amor
presente em Cristo. Ela dá condições de preparo e desenvolvimento de seus membros para
desempenharem o seu serviço do Reino. Portanto, o investimento no setor educacional da
igreja é, sobretudo, investimento na formação do caráter cristão; é o empenho no sentido de
formar discípulos conscientes acerca de seu papel no Reino de Deus.

A educação cristã não é apenas transmissão de teorias, mas o estudo da Palavra de Deus de tal
forma que irá produzir transformação de vida. O objetivo é que a pessoa tenha tal
conhecimento de Deus e de sua Palavra que seja um autêntico seguidor e discípulo de Cristo.
Ela possui propósitos bem definidos, onde o primeiro e maior deles é glorificar a Deus. Este
propósito engloba os demais, que seriam a evangelização, o ensino centrado na Bíblia e a
edificação da igreja de Cristo.

A natureza da educação cristã consiste num amplo ministério, onde diferentes unidades e
departamentos estão envolvidos. Por difícil que seja, é preciso admitir que, muitas vezes até
mesmo em nome de ênfases importantes, a igreja vem tentando crescer e cumprir seu papel
sem encarar o desafio educacional com a seriedade que precisaria para assegurar um
desenvolvimento sadio, consistente e sustentável. Mas, o problema é que a práxis cristã
evangélica precisa fundamentar-se em princípios teológicos sólidos, que só emergem a partir
de uma ação educacional correta e efetiva. Tentar chegar a uma prática correta sem os valores
corretos pode cair no erro da religiosidade ou até mesmo para uma reedição hoje do
farisaísmo do primeiro século.

O povo hebreu recebeu de Deus a ordem de ensinar a Lei e isto era um compromisso que
tinham como famílias e como povo de Deus. Não importasse se era no lar, como no início, ou
nas sinagogas, ou até mesmo nas escolas de profetas que surgiram posteriormente, o povo
estava empenhado em transmitir o ensino da Lei de Deus e este ensino era real e centralizado
no próprio Deus.

Jesus é a prova disso, pois realmente foi o Mestre por excelência. Ele é a base para a educação
cristã, pois além de ter sido o maior mestre que já existiu, também enfatizou a importância do
ensino. Seus princípios e métodos formam o ideal e sua ordem orienta a igreja a fazer
discípulos. O ensino de Jesus era superior, pois Ele era e vivia o que ensinava. Nenhum
53

mestre jamais teve ou terá tamanha autoridade e reconhecimento como Jesus, pois Ele é o
Mestre dos mestres.

A igreja primitiva também faz parte dos fundamentos da educação cristã, pois cresceu e se
desenvolveu por ensinar a verdade da Palavra de Deus. Ela assumiu sua responsabilidade
assumida diante do mestre Jesus de ir e pregar o evangelho, ensinando a guardar tudo o que o
Senhor Jesus mesmo lhes havia ensinado quando presente em forma humana na terra.

Através das informações levantadas, conclui-se que a educação cristã tem sido realizada nas
igrejas atuais, mas apresentando lacunas e necessidades, tais como: uma visão mais sólida de
um programa de educação cristã na igreja, objetivos mais claros, etc. Há, no entanto, muito
que pode ser feito, tanto para despertar o interesse nas pessoas em relação ao estudo e ao
ensino da Palavra, quanto para se ampliar a visão da igreja local em relação à sua missão de
ser uma igreja que verdadeiramente ensina.

Há a necessidade de se obter maiores resultados, de se dar maior ênfase no ensino e à


atividade pedagógica dentro das igrejas. As igrejas precisam ter uma visão de Reino sobre a
educação incluindo dentro de seu planejamento a obra educadora. A educação cristã necessita
ter alvos estabelecidos, caminhar junto com a missão geral da igreja, se auto avaliando e tendo
uma pré-disposição quanto a mudanças. Além da necessidade de uma visão correta dos líderes
da igreja, incluindo principalmente o pastor e os professores.

Dornas diz que, na verdade, já se têm contabilizado muitos prejuízos para a igreja no Brasil.
Basta olhar as estatísticas. O programa de educação religiosa executado pelas igrejas batistas
no Brasil alcança um percentual ainda irrisório do universo batista brasileiro. Assim, se
estabelece um enorme desafio de conquistar, para o programa de educação cristã da igreja, a
maioria de seus membros. É nos cultos que a grande maioria dos membros das igrejas se faz
presente, não mais nas classes de EBD ou nas organizações de treinamento e missões.142
Nascimento afirma que

Se quisermos que os cristãos sejam conscientes e comprometidos com a


principal finalidade do Reino de Deus, é melhor investirmos em educação.
Se quisermos que os membros da igreja tenham pleno envolvimento acerca
do seu papel em meio à sociedade secular, é melhor investirmos em
educação. Se quisermos que a igreja saia dos casulos templários e cause o
impacto do evangelho na sociedade, é melhor investirmos em educação. Se
quisermos que a alienação espiritual de muitos crentes dê lugar à

142
DORNAS, L. Mutilaram a grande comissão. O Jornal Batista, n° 17, 2009, p. 16.
54

compreensão da salvação da alma, é melhor investirmos em educação. Se


quisermos ser vistos como sal da terra e luz do mundo, é melhor investirmos
em educação. Por outro lado... Se quisermos que os cristãos sejam alienados,
inconscientes, apagados, descomprometidos, sem propósitos, igrejistas,
resignados, indiferentes e desvirtuados, é simples: não invista em educação.
Esqueça o ensino.143

Portanto, percebe-se que é cada vez mais necessária e de suma importância a organização de
um sistema de educação cristã na igreja. Por isso a proposta final é de se ter na igreja uma
Comissão de Educação Cristã. Esta comissão é a formação de um único ministério docente
da igreja, que, por sua vez, deve ser conhecida como uma instituição pedagógica. Ela deve ter
o objetivo de levar a igreja a ser uma comunidade de ensino, tendo um ministério educacional
deliberado e sistemático. É sua missão levar a igreja a ter uma visão educadora, fazendo com
que o ensino seja relevante, direcionando, assim, a igreja a cumprir sua grande missão de
proclamar o Reino de Deus através do ensino. Este é o momento das igrejas assumirem e
revitalizarem a prática da educação cristã e nela investirem com seriedade, conseqüência e
efetividade. O Senhor Jesus deixou claro o dever da igreja de ensinar. Que ela possa fazer isso
com dedicação!

143
NASCIMENTO, V. Igreja que ama educa! O Batista Pioneiro, n°4, 2009, p. 4.
55

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Cristina Beloni. Qual o caminho da escola bíblica. Eclésia. São Paulo, vol. 12,
n°130, 82 p, 2009.

ARMSTRONG, Hayward. Bases da educação cristã. 2.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1994. 176
p.

AUSUBEL, Nathan. Conhecimento judaico I. Rio de Janeiro: Koogan, 1964. 274 p.

BAÉZ-CAMARGO, Gonzalo. Princípios e métodos da educação cristã. Trad. Luíz A. Caruso.


Rio de Janeiro: CEB, 1961. 368 p.

CARVALHO, Antônio Vieira de. Teologia da educação cristã. São Paulo: ECLESIA, 2000.
137 p.

CELETI, Gilberto. O ministério com crianças precisa ser bem planejado. O evangelista de
crianças. São Paulo, vol. 55, n° 214, 56 p, 2009.

CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de Bíblia, teologia e


filosofia. 3.ed. São Paulo: Candeia, 1995. Vol. 6. 850 p.

DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. Trad. Neyd Siqueira. 2.ed. São
Paulo: Vida Nova, 1986. 322 p.

DORNAS, Lécio. A nova EBD...a EBD de sempre. Rio de Janeiro: JUERP, 2001. 223 p.

______________. Mutilaram a grande comissão. O Jornal Batista. Rio de Janeiro, vol. 109, n°
17, 16 p, 2009.

______________. Vencendo os inimigos da escola dominical. 4.ed. São Paulo: Hagnos, 2002.
101 p.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI escolar: o minidicionário


da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 790 p.

GAGLIARDI Jr., Angelo. Educação religiosa relevante. 3.ed. Rio de Janeiro: Vinde, 1997. 67
p.

GANGEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G. Manual de ensino para o educador cristão.
Rio de Janeiro: CPAD, 1999. 408 p.

GEORGE, Sherron K. Igreja ensinadora: fundamentos bíblico-teológicos e pedagógicos da


educação cristã. Campinas: Luz para o Caminho, 1993. 160 p.

GONÇALVES Jr., Almir dos Santos. Administrando a educação religiosa da igreja.


Educador. Rio de Janeiro, vol. 15, n° 57, 32 p, 2007.

_______________. Diretrizes para o plano diretor da educação religiosa batista no Brasil.


Educador. Rio de Janeiro, vol. 15, n° 59, 32 p, 2007.
56

__________________. Desafios da educação religiosa no 3º milênio. Educador. Rio de


Janeiro, vol. 14, n° 58, 32 p, 2007.

GOWER, Ralph. Usos e costumes dos tempos bíblicos. Trad. Neyd Siqueira. Rio de Janeiro:
CPAD, 2002. 393 p.

GRAHAM, Billy. O poder do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 2000. 220 p.

HEMPHIL, Ken. Redescobrindo as alegrias das manhãs de domingo. Trad. Neyd Siqueira.
2.ed. São Paulo: Eclésia, 1997. 330 p.

HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Trad. Myriam Talitha Lins. Venda
Nova: Betânia, 1991. 143 p.

JEHLE, Paul. Ensino e aprendizagem: conceitos fundamentais da educação por princípios.


Trad. Fernando Gaurany Jr. Minas Gerais: AECEP, 2007. 91 p.

MARTIN, William. Primeiros passos para professores: introdução ao ensino da escola


dominical. São Paulo: Imprensa da Fé, 1987. 106 p.

MARTINS, Jaziel Guerreiro. Manual do pastor e da igreja. Curitiba: A.D.Santos, 2005. 373 p.

MORIN, Émile. Jesus e as estruturas de seu tempo. Trad. Myriam Talitha Lins. Venda Nova:
Betânia, 1991. 143 p.

NASCIMENTO, Valmir. Igreja que ama, educa! O Batista Pioneiro. Curitiba, vol. 83, n° 4,
16 p, 2009.

OLIVETTI, Odayr. Aprimorando a escola dominical. São Paulo: Presbiteriana, 1986. 214 p.

PAIVA, Fernando de Souza. A relevância do ensino no contexto da igreja. Educador. Rio de


Janeiro, vol. 15, n° 59, 32 p, 2007.

PRICE, J. M. Jesus, o mestre por excelência. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1959.
168 p.

RICHARDS, Lawrence O. Teologia da educação cristã. Trad. Hans Udo Fuchs. 3.ed. São
Paulo: Vida Nova, 1996. 270 p.

RINALDI Jr., Roberto. Educação na perspectiva cristã. Belo Horizonte: AECEP, 2006. 29 p.

SÁ, Elias Carvalho. O adulto e o nosso processo educacional. Educador. Rio de Janeiro, vol.
1, n° 11, 56 p, 1991.

SHEDD, Russel. Disciplina na igreja. São Paulo: Vida Nova, 1983. 72 p.

SISEMORE, John T. Os fundamentos da educação religiosa. Trad. Jussara Marindir Pinto


Simões Arias. Rio de Janeiro: JUERP, 1990. 65 p.

SMITH, Cathryn. Programa de educação religiosa. 2.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1968. 108p.
57

WHITE Jr., William; TENNEY, Merril C.; PACKER, J. I. O mundo do Novo Testamento.
São Paulo: Vida, 1996. 181 p.

WHITE Jr., William; TENNEY, Merril C.; PACKER, J. I. Vida cotidiana dos tempos
bíblicos. São Paulo: Vida, 2001. 191 p.

WILLIAMS, Derek. (edit). Dicionário bíblico Vida Nova. Trad. Lucy Yamakami, Norio
Yamakami, Gordon Chown e Robinson Malkomes. São Paulo: Vida Nova, 2000. 400 p.

YOUNGBLOOD, Ronald F. (edit). Dicionário ilustrado da Bíblia. Trad. Lucília Marques


Pereira da Silva, Sônia Freire Lula Almeida, Bruno G. Destefani, Hander Heim, Marisa de
Siqueira Lopes e Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2004. 1475 p.
58

ANEXOS
59

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

Pesquisa de campo realizada em outubro de 2008 com pastores e líderes de igrejas da


Convenção Batista Pioneira. Seguem as questões pedidas para que respondessem.
1) Onde tem acontecido a educação cristã em sua igreja?
( ) EBD ( ) Núcleos de estudo bíblico (células) ( ) Pregação ( )Discipulado
( ) outros:

2) Quem precisa da educação cristã?


( ) Crianças ( ) Adolescentes ( )Jovens ( ) Adultos ( ) Líderes
Opcional: Justifique:

3) Quais os principais ou o principal objetivo da educação cristã?


( ) Evangelizar ( ) Proporcionar conhecimento ( ) Proporcionar edificação do corpo
( ) Treinar líderes ( ) Outros:

4) Quais os resultados que se tem alcançado com a educação cristã em sua igreja?
( ) Evangelismo ( ) Conhecimento ( ) Edificação do corpo ( ) Crescimento espiritual
( ) Outros:

5) A educação religiosa deve ser considerada um ministério específico?


( ) Sim ( ) Não Resposta Opcional: Por que?

6) Na sua igreja o ministro/educador cristão possui:


( ) Curso universitário ( ) Teologia ( ) Cursos de teologia à distância
( ) Cursos ministrados na própria igreja ( ) Outros:

7) Sua igreja proporciona treinamento para líderes e professores da educação cristã?


( ) Sim ( ) Não Resposta Opcional: A cada quanto tempo e como?

8) Há algum sistema de avaliação da educação cristã na sua igreja?


( ) Sim ( ) Não Resposta Opcional: Qual?

9) Você daria alguma sugestão para inovar ou aperfeiçoar a educação cristã nas igrejas?
60

ANEXO B – RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO

Respostas da pesquisa de campo relacionada no anexo A.


1) Onde tem acontecido a educação cristã em sua igreja?
Núcleos de estudo bíblico (células): 20 %
Discipulado: 22 %
EBD: 28 %
Pregação: 30 %
2) Quem precisa da educação cristã?
100 % das respostas foram em favor de que todas as faixa etárias precisam da educação cristã.
3) Quais os principais ou o principal objetivo da educação cristã?
Evangelizar: 14,3 %
Proporcionar conhecimento: 16,7 %
Treinar líderes: 23,8 %
Proporcionar edificação do corpo: 45,2 %
4) Quais os resultados que se tem alcançado com a educação cristã em sua igreja?
Evangelismo: 9,8 %
Conhecimento: 22 %
Edificação do corpo: 31,7 %
Crescimento espiritual: 36,6 %
5) A educação religiosa deve ser considerada um ministério específico?
Sim 60 %
Não: 40 %
6) Na sua igreja o ministro/educador cristão possui:
Curso universitário: 22,7 %
Teologia: 27,3 %
Cursos de teologia à distância: 4,5 %
Cursos ministrados na própria igreja: 18,2 %
7) Sua igreja proporciona treinamento para líderes e professores da educação cristã?
Sim 65 %
Não: 35 %
8) Há algum sistema de avaliação da educação cristã na sua igreja?
Não: 70 %
Sim: 30 %

Você também pode gostar