As Sagradas Escrituras (Bíblia)
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1. “Saiba responder a quem lhe perguntar sobre a razão da sua fé”. (1Pe. 3.15);
3. Não seja condenado por não conhecer corretamente sua fé. (Os. 4.6 e Mt. 22.29);
4. Entender que a única forma de fé aceitável à Deus emana do padrão das Escrituras. (Rm. 10.17 e Hb.
11.3);
6. Saber identificar e se guardar das heresias, dos equívocos e das falsas interpretações bíblicas (Mt. 16. 6-
11/12).
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Por fim, o estudante sincero das Escrituras deve saber que a Bíblia é o próprio Deus infinito se revelando
ao homem e que tudo que podemos descobrir de Deus é o que Ele mesmo revela de si próprio (Jo. 1.1),
igualmente devemos compreender que a Bíblia é a nossa própria vida (Dt. 32.47) e que contém em si um
padrão de mandamentos, conceitos e regras a ser conhecido e obedecido (Os. 6.3 e Tg. 1.22).
1.1 INTRODUÇÃO
“Mas, para que nos reluza a verdadeira religião, é preciso considerar isto: que ela tenha a doutrina
celeste como seu ponto de partida; nem pode alguém provar sequer o mais leve gosto da reta e sã
doutrina, a não ser aquele que se faz discípulo da Escritura. Donde também provém o princípio do
verdadeiro entendimento: quando abraçamos reverentemente o que Deus quis testificar nela acerca de
si mesmo. Ora, não só a fé consumada, ou completada em todos os seus aspectos, mas ainda todo reto
conhecimento de Deus nascem da obediência à Palavra.” (CALVINO, João. Institutas. Tradução: Waldyr
Carvalho Luz. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 79).
“(…) porque a verdade se dirime de toda dúvida quando, não se apoiando em suportes alheios, por si
só ela própria é suficiente para suster-se.
Quão peculiar, porém, é esse poder à Escritura, transparece claramente disto: que dos escritos
humanos, por maior que seja a arte com que são burilados, nenhum sequer nos consegue
impressionar de igual modo. Basta ler a Demóstenes ou a Cícero; a Platão ou a Aristóteles, ou a
quaisquer outros desse plantel: em grau admirável, reconheço-o, são atraentes, deleitosos,
comoventes, arrebatadores. Contudo, se te transportares dali para esta sagrada leitura, queiras ou não,
tão vividamente te afetará, a tal ponto te penetrará o coração, de tal modo se te fixará na medula, que,
ante a força de tal emoção, aquela impressividade dos retóricos e filósofos quase que se desvanece
totalmente, de sorte que é fácil perceber que as Sagradas Escrituras, que em tão ampla escala superam
a todos os dotes e graças da indústria humana, respiram algo de divino.” (CALVINO. João. op. cit. p.
88-89).
O vocábulo Bíblia é proveniente da palavra grega biblos ou bíblion, que significa rolo, livro, livros ou coleção
de livros, esta última, a forma como atualmente é empregada, ou seja, como um conjunto de livros
divinamente inspirados, que foram agrupados, passando a ser a fonte de autoridade e regra de fé cristã.
A Bíblia foi composta em um período de aproximadamente 1.545 anos, desde seus cinco primeiros livros,
escritos por Moisés, que recebem a denominação de Pentateuco, até seu último livro, chamado
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Apocalipse, escrito pelo apóstolo João. A Bíblia contém 66 livros, divididos em Antigo e Novo
Testamentos, e foi escrita por aproximadamente 46 escritores diferentes.
Fato importante de se salientar é que apesar de a Bíblia ter sido escrita por uma variedade tão grande
de pessoas e em épocas diferentes, manteve em sua essência o mesmo ensino e doutrina, ocorrência
essa que somente soma a favor de sua qualidade como a Palavra inerrante, autêntica e inspirada de
Deus, que conduziu toda a sua escrita, através de homens que Ele mesmo separou para essa
importantíssima tarefa.
Abaixo relacionamos alguns termos que são costumeiramente empregados em relação à Bíblia:
– Canônico à Do grego kanon, que siginifica cana, regra, medida. Faz referência aos 66 livros considerados
como autênticos, inerrantes e inspirados por Deus, que compõem a Bíblia protestante atual.
– Deuterocanônico à Do grego deutéro + kanon, que significa do outro cânon, ou daoutra regra, significando
que tais livros não foram considerados “Escrituras” pela comunidade cristã ou judia fiéis, nos tempos de
sua composição.
– Bíblia Stu gartensia (Hebraica) à Versão mais recente da Bíblia em hebraico, composta diretamente
dos Textos Massoréticos, tidos como os mais fiéis. Engloba apenas os livros do Tanakh judeu, isto é, o
Velho Testamento dos protestantes.
– Bíblia Septuaginta, LXX (Grega) à É a versão grega da Bíblia hebraica, que foi elaborada entre os
séculos III e I antes de Cristo, por 72 rabinos judeus, daí seu nome ser Septuaginta, ou “versão dos
setenta”. A Septuaginta inclui livros apócrifos, que não constam do cânon hebraico, sendo que os
protestantes excluem esses livros adicionais, contudo, os cristãos católicos mantém alguns dos livros
constantes da Septuaginta em seu cânon.
– Bíblia Vulgata (Latina) à Versão em latim de toda a Bíblia, produzida no século VI, por Jerônimo, a
pedido do papa Dâmaso I. É uma tradução do Antigo Testamento em hebraico e do Novo Testamento
em grego, diretamente para o latim vulgar, falado em todo Império Romano à época. Possui alguns
livros à mais que a Bíblia protestante, chamados de deuterocanônicos.
– Francis Bacon (lorde, diplomata e filósofo inglês, pai do moderno método científico) à “Há dois livros
que devemos sempre estudar: As Escrituras, que nos previnem do erro e revelam a vontade de Deus, e a
Criação, que expressa o Seu poder”.
– Isaac Newton (físico inglês) à “Nós encontramos mais marcas da autenticidade da Bíblia que da
história secular”.
– Louis Pasteur (microbiologista francês) à “Quanto mais conheço a Bíblia, mais minha fé aumenta”.
– Werner von Braun (engenheiro físico alemão) à “Não consigo entender como um cientista tem a
capacidade de não reconhecer a presença de uma racionalidade superior e divina por trás da existência
do universo. Seria o mesmo que um teólogo que resolvesse negar os avanços da ciência moderna”.
– Sir William Ramsey (arqueólogo inglês) à “Os grandes historiadores são os mais raros escritores…Eu
reconheço Lucas entre os historiadores de primeira classe”.
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– William Foxwell Albright (arqueólogo chileno, possuidor de mais de 30 títulos de doutorado honoris
causae) à “Não há a menor dúvida que a arqueologia confirma a historicidade substancial da tradição do
Antigo Testamento… Descoberta após descoberta tem confirmado a exatidão de inúmeros detalhes, e
feito crescer o reconhecimento da Bíblia como uma valiosa fonte histórica”.
– Victor Hugo (escritor francês) à “Alguns homens, de fato, negam o Deus infinito. Alguns, também,
negam o Sol: são os cegos”.
Um renomado instituto de pesquisas dos Estados Unidos, chamado Instituto Barna, sediado em
Greendale, Califórnia, elaborou uma pesquisa nos EUA, América Latina, África e Europa, acerca do
conhecimento bíblico dos entrevistados. Abaixo seguem os resultados assustadores.
1 – Quais pessoas normatizam seu comportamento de vida pela Bíblia ou por uma filosofia de vida não
cristã?
Resposta: 25% por uma filosofia bíblico-cristã; 24% se declararam não-cristãos; e 51% disseram não ter
nenhuma filosofia de vida.
Resposta: 93% possuíam uma ou mais Bíblias; 7% não possuíam um único exemplar da Bíblia.
Resposta: 12% liam diariamente a Bíblia; 38% recorriam à ela momentaneamente, em períodos de
necessidade; e 42% não concordavam que a Bíblia é a legítima Palavra de Deus, correta em seus ensinos.
Resposta: 69% criam que “Deus ajuda quem cedo madruga” é um texto bíblico; 48% acharam que o
“Livro de Tomé” fazia parte do Novo Testamento; e 58% não souberam responder quem pregou o
“Sermão do Monte”.
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Em nova pesquisa de campo, o sociólogo norte-americano Jeffrey Haden enviou 10 mil cartas à pastores
e líderes religiosos nos EUA, contendo várias perguntas. Abaixo o resultado apurado:
– 80% Não criam que a Bíblia é um livro sagrado e inspirado por Deus; e
Não é de se espantar a razão da atual apostasia que os EUA têm experimentado e exportado para todos
os continentes da Terra, entretanto, quando da sua fundação, suas bases bíblico-cristãs eram
extremamente sólidas, tanto que sua maior universidade, chamada Harvard, foi fundada por piedosos
cristãos, como um local de ensino teológico, que possuía como lema a palavra Veritas, do latim Verdade.
Também na fundação dos EUA, um renomado diplomata e jurista francês foi enviado até lá, com o
objetivo de “descobrir qual o segredo daquela grande nação”. De volta à França, Alexis de Tocqueville
escreveu: “Os Estados Unidos da América são grandes porque são bons”.
Segundo o capítulo A Palavra Inspirada de Deus, escrito por John R. Higgins, para o livro Teologia
Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, as evidências da autenticidade tanto do Antigo quanto do Novo
Testamento podem ser divididas no apoio interno e no apoio externo, que corroboram em favor da
identidade da Bíblia como a Palavra de Deus.
É legítimo procurar a origem e o caráter de uma obra escrita por meio do exame de seu conteúdo. A
Bíblia revela unidade e consistência espantosas quanto ao seu conteúdo, levando-se em conta a grande
diversidade havida em sua composição.
O conjunto foi escrito no período de aproximadamente quinze séculos, por cerca de 46 autores
diferentes, provenientes de várias classes sociais – políticos, pescadores, agricultores, médicos, reis, etc.
Cada um deles escreveu em diferentes locais – palácios, prisões, navios, viagens, exílios, entre outros
lugares. Seus textos variavam entre relatos históricos, genealogias, legislações, poesias, profecias e cartas
epistolares.
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Cada um de seus autores possuía antecedentes únicos em sua constituição como pessoas, carregando
suas escritas com experiências, virtudes e fraquezas pessoais. Escreveram em três idiomas diferentes
(hebraico, aramaico e grego), e trataram de centenas de temas.
Ainda assim, diante de tão grande diversidade, seus escritos combinados formam entre si um todo
homogêneo e consistente, que aponta para o relacionamento entre Deus e a humanidade.
Nas palavras de Josh McDowell a Bíblia não possui “uma unidade superficial, mas profunda. Quanto
mais profundamente a estudamos, mais completa essa unidade se nos revela”.
A Bíblia é totalmente relacionada à natureza complexa do ser humano, tratando de todas as áreas
inerentes à sua vida (Sl. 119:96). Ainda que tenha sido escrita há milhares de anos atrás, a Bíblia continua
atendendo às necessidades de cada geração. As Escrituras dirigem continuamente aquele que as lê em
direção ao Deus verdadeiro, lhe possibilitando um encontro pessoal e transformador com Ele.
Cada porção das Escrituras revela um padrão ético e moral que supera em muito os padrões esperados
de homens e mulheres comuns. O foco da ética e moralidade bíblicas não se atém apenas ao que a pessoa
faz, mas ao que a pessoa é.
Muitos críticos (da ala chamada alta crítica) têm procurado diminuir a credibilidade do AT, por meio da
atribuição de novas datas aos seus livros, mais recentes, no interesse de minimizar o caráter acertado das
predições proféticas. Entretanto, Peter Stoner analisou oito predições a respeito de Jesus e concluiu que
“na vida de uma só pessoa, a probabilidade de elas se coincidirem é de 1 em 100.000.000.000.000.000
(cem quatrilhões). Logo “a única explicação racional de tantas predições exatas, específicas, a longo
prazo, é que o Deus onisciente, soberano sobre a história, haja revelado tais conhecimentos aos
escritores sagrados”.
A Bíblia exerce uma influência marcante sobre toda a sociedade, e isso se comprova factualmente, pois
ela já foi impressa, no todo ou em parte, em mais de dois mil idiomas (a ONU afirma que atualmente
existem 3 mil idiomas ou dialetos falados no mundo), se tornando o livro mais difundido e lido na
história da Terra.
“Tem se dito que se a Bíblia fosse perdida, poderia ela ser reconstruída em suas partes-base a partir das
citações tiradas dos livros que se acham nas prateleiras das bibliotecas públicas”.
Os princípios revelados pelas Escrituras serviram para a formulação de todo o sistema legal das nações
modernas. Thiessen disse “a Bíblia… produziu os resultados supremos em todas as profissões existentes
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na vida humana. Tem inspirado sublimemente as artes, a arquitetura, a literatura e a música… Não há
livro que se compare a ela na sua influência benéfica sobre a raça humana”.
“A exatidão da Bíblia em todas as áreas, incluindo pessoas, locais, costumes, eventos e ciência, têm sido
demonstrada pela história e pela arqueologia. Às vezes, pensa-se que a Bíblia está historicamente errada,
mas as descobertas têm dado testemunho de sua veracidade. Por exemplo: há algum tempo, pensava-se
que a escrita não havia sido inventada senão depois de Moisés. Mas agora, sabemos que essa ciência
remonta até 3.000 a.C. Houve tempos quando os críticos negavam a existência de Belsazar. As
escavações, contudo, identificam-no com seu nome babilônico: Bel-shar-usur. Os críticos diziam que os
heteus, mencionados 22 vezes na Bíblia, nunca existiram. Agora sabemos que eles foram uma grande
potência no Oriente Médio”.
Em muitas épocas foi intentada a destruição da Bíblia (edito de Diocleciano, de 303, ordenando sua
completa destruição), ou sua leitura foi proibida à população (Idade Média), contudo, nenhuma delas
obteve êxito.
Levando-se em conta que durante muitos séculos ela foi copiada manualmente, grande era a
probabilidade dela ter desaparecido. Um célebre filósofo, chamado Voltaire predisse que “dentro de cem
anos, o Cristianismo desapareceria”. Cinquenta anos depois da sua morte, ocorrida em 1778, a Sociedade
Bíblia de Genebra estava usando o seu prelo e a sua casa para produzir grandes pilhas de Bíblias,
conforme relata Sidney Colle .
Por fim, Bruce Me ger, especialista em crítica textual, informa que, “no século III a.C., os estudiosos em
Alexandria indicavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de
fidedignidade. Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da Índia diferem
entre si numa extensão de 26.000 linhas. Isto contrasta com mais de 99,5% de exatidão para as cópias
manuscritas do Novo Testamento. Esse meio por cento de diferença consiste principalmente nos erros de
ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de
algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão.
Explicando as variantes gregas do NT o Dr. Philip Schaff, presidente do Comitê Americano de Revisores
diz:
“Esta grande quantidade de variantes do texto grego não deve desconcertar ou alarmar cristão algum.
Ela é o resultado natural da grande riqueza de nossas fontes documentais; ela é um testemunho da
imensa que o Novo Testamento tem; ela não afeta, mas, ao contrário, assegura a integridade do texto; e
ela é um estímulo útil ao estudo.
Somente cerca de 400 das 100.000 ou 150.000 variantes afetam materialmente o sentido. Destas, não mais
do que cerca de cinquenta são realmente importantes por alguma razão ou outra; e mesmo destas
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cinquenta uma sequer afeta um artigo de fé ou um preceito de dever que não seja abundantemente
mantido por outras passagens sobre as quais não há dúvida, ou pelo teor total do ensino da Escritura.
O Textus Receptus de Stephens, Beza e Ezevir, e das versões inglesas, ensina exatamente o mesmo
cristianismo que o texto uncial dos manuscritos Sinaítico e Vaticano, as versões mais antigas, e a revisão
Anglo-Americana”. (SCHAFF, Philip. Companion to the New Testment apud CHAFER, Lewis Sperry.
Teologia sistemática. Vol. 1. São Paulo: Hagnos, 2003. p. 122).
O estudo da revelação, inspiração e iluminação ensina ao homem como a verdade de Deus pôde ser
transmitida sem erro, por homens falíveis, e de como o Deus eterno “abre” (iluminação) o entendimento
para que os homens compreendam àquela verdade.
A inspiração é a influência divina direta que assegura uma transferência correta da verdade numa
linguagem que outros possam entender.
A inspiração bíblica é:
1. Verbal: que significa que o Espírito Santo guiou a escolha das próprias palavras que estão na Bíblia, em
meio às palavras conhecidas pelos autores; e
2. Plenária: que significa que toda a Bíblia é infalível e final, em todas as suas porções.
A iluminação é a tarefa efetuada pelo Espírito Santo para possibilitar ao homem, com uma relação
correta com Deus, a entender as Escrituras (Lc. 24.44-45, 1 Jo. 2.27).
A revelação, inspiração e iluminação podem ser vistas claramente na passagem de 1Co. 2.9-13 (v. 10,
revelação; v. 11-12, iluminação e v. 13, inspiração).
“Estabelecer o cânon da Bíblia não foi, porém, a decisão dos escritores, nem dos líderes religiosos,
nem de um concílio eclesiástico. Pelo contrário: o processo da aceitação desses livros como Escritura
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deu-se mediante a influência providencial do Espírito Santo sobre o povo de Deus. O Cânon foi
formado por um consenso, e não por um decreto. A Igreja não resolveu quais livros deveriam estar no
cânon sagrado, mas limitou-se a confirmar aqueles que o povo de Deus já reconhecia como a sua
Palavra. Fica claro que a Igreja não era a autoridade; mas percebia a autoridade na Palavra inspirada.”
(HIGGINS, John R. A palavra inspirada de Deus. In. HORTON, Stanley M. Teologia sistemática. Rio de
Janeiro: CPAD, 1996, p. 114-115).
“É importante observar que a determinação do cânon, ou lista dos livros da Escritura Sagrada, não é
obra da Igreja como entidade organizada. Nós os recebemos, como os Pais e os Concílios os
receberam, pois temos evidência de que eles são os escritos dos homens, das classes de homens, cujos
nomes eles detêm, merecem crédito, e são inspirados.” (STRONG, Augustus Hopkins. Teologia
sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 265).
“A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do
testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o
seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.
Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura
Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a
harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena
revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências
incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela
a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina
autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica
em nossos corações.” (INGLATERRA. Confissão de fé de Westminster. Da escritura sagrada. Londres, 1647).
O Antigo Testamento constitui a parte inicial da Bíblia cristã e a totalidade da Bíblia hebraica, chamada
de Tanakh. Segundo a tradição judaica, o AT pode ser divido em Torah ou livros da Lei, que contém a lei
mosaica, Nevi’im ou livros dos profetas e Ketuvim ou escritos (formando o acrônimo Tanakh). A tradição
cristã divide o AT em Pentateuco (os cinco livros da Lei e Deus), Livros Históricos, Livros Poéticos e
Sapienciais e Livros Proféticos, somando um total de 39 livros.
1 – O Novo Testamento faz citação ou alusão a todos os livros do Antigo Testamento como genuínos,
exceto seis deles, que são: Juízes, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Ester, Esdras e Neemias, entretanto,
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apesar destes livros não serem citados diretamente no Novo Testamento, eles não trazem nenhum ensino
ou doutrina que anule qualquer outra porção das Escrituras.
Juízes – Não se sabe, ao certo, quem seja o autor desse livro de transição, que liga o período de conquista
de Canaã por Josué, até os dias da monarquia hebraica. O Talmude aponta Samuel como seu provável
autor. Além de não conter nenhuma inscrição que contrarie qualquer ponto bíblico-doutrinário, o livro
de Juízes apresenta uma verdade perene por toda a Bíblia: Deus usa somente pessoas cheias do Espírito
Santo para sua obra (cf. 3:10, 6:34, 14:6 e At. 1:8, 4:33).
Eclesiastes – Sua autoria, pelo estilo, majestade e tema, é atribuída ao rei Salomão. Apesar de não
possuir menções específicas no Novo Testemunho, o livro contem verdades espirituais que se coadunam
perfeitamente às doutrinas neotestamentárias (cf. 9:9-10 – Hb. 9:27 / 11:9, 12:14 – Mt. 16:27, Rm. 2:6-8 /
5:15 – I Tm. 6:7).
Cantares de Salomão – É um livro, que pela tradição judaica, foi escrito durante a juventude do rei
Salomão, para descrever seu amor pela bela Sulamita. É o livro bíblico que mais trata do relacionamento
pré e pós-nupcial, que coloca em relevo a grandeza da vida afetiva entre o homem e a mulher. Apesar de
não haver nenhuma referência explícita em outros livros da Bíblia, seu tema foi utilizado pelo autor de
Hebreus para exaltar a nobreza de um casamento santo (13:4), e ainda tem sido utilizado como uma
alegoria ao amor entre Cristo e a Igreja (cf. Ef. 5:22-23, Ap. 21:1-2, 9-10).
Ester – Seu autor permanece desconhecido até os dias atuais, contudo as evidências literárias intrínsecas
apontam para um autor judeu, ou de profundo conhecimento dos costumes hebraicos. O tema desse
livro (que não menciona nenhuma vez o nome de Deus) revela uma íntima ligação com o ódio e raiva
que desfrutam aqueles que são escolhidos como “povo de Deus”. Trata-se de uma clara alusão ao
sofrimento suportado por aqueles que vivem em uma terra alheia, governada por líderes demoníacos,
contudo, são livrados sempre pela mão poderosa do Deus ao qual servem.
Esdras – É um livro escrito por um sacerdote e escriba (que empresta seu nome ao livro), com o
propósito de relatar os eventos históricos e genealógicos de seu tempo, bem como a volta do povo judeu
do exílio babilônico. Contém um dos princípios mais patentes de oração fervorosa e arrependida do AT
(cap. 9), onde seu autor é tomado de quebrantamento pelo pecado da nação israelita, princípio esse
encontrado, mais vividamente, nos profetas Daniel, Jeremias, Joel e em Neemias.
Neemias – Este livro foi escrito pelo governador Neemias, auxiliado pelo sacerdote Esdras. Sua
historicidade foi comprovada no começo do séc. XX, através dos Papiros de Elefantina, que fazem
referência à personagens constantes do livro (Sambalate e Joanã), e também à substituição de Neemias
como governador em 410. A.C. Este livro se amolda perfeitamente ao restante das Escrituras Sagradas,
apesar de não ser mencionado em outro livro bíblico, pois apresenta a figura de um governador piedoso
e dirigido por Deus, constantemente em oração, em semelhança ao rei Davi, e ao Rei dos Reis Jesus.
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2 – Por meio do testemunho das autoridades judias antigas e modernas que declaram que somente os
livros constantes do atual cânon são sagrados.
Nessa esteira estão, segundo A.H. Strong, o historiador Flávio Josefo que “enumera esses livros ‘que,
com justiça, desfrutam crédito’”; Filo, que “nunca cita um apócrifo, apesar de que ele cita quase todos os
livros do AT”; George Adam Smith, que ensina que “os fatos não apóiam a teoria que atribui o cânon do
AT a uma simples decisão da igreja judia nos dias da sua inspiração. O desenvolvimento do cânon do AT
foi gradual”, ou seja, ele foi sendo firmado pelo tempo, através de Esdras e Neemias e, finalmente, nas
decisões do concílio de rabinos em Jâmnia, entre 90 e 118 d.C. Nesse concílio foi decidido acerca da
inclusão de Cantares de Salomão e de Eclesiastes, encerrando assim o cânon do AT.
3 – Através da descoberta do “livro da Lei” no templo (621 a.C), no reinado do rei Josias (II Re. 22:8). Foi
justamente nessa data que a Lei, ou Torah, começava a ser observada como a “lei da terra” em Israel
(semelhante à força da legislação nacional nos países atuais). Tal descoberta comprova a já existência de
porções do AT em formas escritas, juntamente com as passagens de Os. 8:12 (743 – 737 a.C.) e Am. 2:4
(759 – 745 a.C.).
2 – A vida e as palavras de Jesus Cristo e, em conseqüência a necessidade de criar uma nova autoridade
além da autoridade do AT;
3 – A nova religião cristã, que criou a necessidade de mais Escrituras além das Escrituras judaicas, para
formar a base da nova revelação;
4 – Os apóstolos, primeiros grandes líderes da nova religião revelada, os quais, com seus livros e
epístolas, forneceram a base das novas Escrituras;
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5 – Os pais apostólicos, que criaram os cânones primitivos e uma nova autoridade na igreja cristã
primitiva;
Foram adotados na elaboração do cânon do NT, basicamente, sete princípios orientadores, para que os
livros fossem considerados como de inspiração divina e, portanto, obrigatórios de constarem no NT, são
eles:
1. Circulação Universal – Alguns livros jamais foram aceitos por falta de circulação, enquanto outros
foram aceitos tardiamente por falta de circulação na igreja universal, pois circulavam somente em certos
setores da igreja.
2. Autoria dos Apóstolos – Ou dos discípulos dos apóstolos. Dentre os apóstolos temos as epístolas de
Paulo e de Pedro, e os evangelhos de Mateus e João. Dentre os discípulos temos os evangelhos de Marcos
e de Lucas, o livro de Atos, a epístola aos Hebreus, etc.
3. Livros Segundo a Tradição – E a doutrina dos apóstolos: Lucas, Atos, Hebreus, Apocalipse e II Pedro.
4. Rejeição – Houveram livros rejeitados mais tarde, após o tempo dos apóstolos. Isso explica a rejeição
final das epístolas de Clemente e outras.
5. Rejeição de Escritos Notadamente Falsos – Também foram rejeitados escritos ridículos ou fabulosos.
Entre esses podemos enumerar a maior parte dos livros apócrifos, o evangelho de Tomé e de André, os
Atos de Paulo, o Apocalipse de Pedro, entre outros.
6. Rejeição de Livros Heréticos – A literatura que visava propagar heresias, como o evangelho de Tomé
e diversos outros livros apócrifos.
7. Uso Universal – Por parte da igreja universal. Alguns livros foram aceitos apenas por determinados
setores da igreja, ou somente por alguns indivíduos. Finalmente, os vinte e sete atuais livros do NT
foram aceitos e passaram a ser universalmente usados na igreja cristã.
O cânon oriental foi fixado, de forma quase universal, no Concílio de Alexandria, em 325, por Atanásio
de Alexandria. Esse cânon continha os vinte e sete livros que temos hoje no NT.
O cânon ocidental foi realizado através dos seguintes concílios: Concílio de Laodicéia, em 363, que
proibiu o uso dos livros não-canônicos, esse concílio somente excluiu o livro de Apocalipse; Concílio de
Nicéia, em 325, que aceitou o cânon de Atanásio de Alexandria; Concílio de Hipona, em 393, que
aceitou os vinte e sete livros atuais; Concílio de Cartago I, em 397, aprovou os atuais vinte e sete livros;
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