O Uso Do Dom de Linguas
O Uso Do Dom de Linguas
O Uso Do Dom de Linguas
Nosso terceiro ponto sobre o estudo do dom de línguas nos diz que ele fora
dado por Deus à igreja apostólica para ser usado publicamente, não privativamente. Por
que isso é importante? Mais uma vez, os nossos irmãos pentecostais se equivocam
quanto ao dom de línguas, dessa vez, no que diz respeito à esfera do seu uso. Sobre isso,
é importante lermos o que o apóstolo Paulo escreveu em 1 Coríntios 12.4-7: “Ora, os
dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços,
mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem
opera tudo em todos. A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um
fim proveitoso”. Logo após estas palavras, o apóstolo passa a desenvolver o argumento
de que a Igreja de Cristo é um corpo. A cada parte do corpo é dada uma função para
auxiliar o resto do corpo. Por exemplo, “o olho impede o corpo de tropeçar. A boca
fornece nutrição ao corpo. O ouvido ouve para o resto do corpo. Todos os diversos dons
capacitam os membros do corpo de Cristo a ministrar uns aos outros”.i[i] Nenhum
membro do corpo recebe uma função para usar em seu próprio benefício. Então, esse é
o primeiro entendimento que devemos possuir.
Então, no versículo 19, “Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o
meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua”,
Paulo afirma que o seu conhecimento do dom de línguas é maior que o dos coríntios, e
apesar de possuir tal conhecimento, ele não se deixa levar por isso, e na igreja, ele
entende que a instrução pública tem a prioridade. Línguas, no Novo Testamento, sempre
se destinaram ao uso público. Foi assim no dia de Pentecostes (Atos 2), na casa de
Cornélio (Atos 10), entre os novos convertidos efésios (Atos 19), e foi assim na
conturbada igreja de Corinto.
Com isso em mente, podemos perceber que as línguas contemporâneas não são
as línguas neotestamentárias. Alguém pode objetar, dizendo que hoje em dias as pessoas
falam em línguas publicamente. Mas, eu pergunto: apenas publicamente? A resposta é
não! Pois elas são estimuladas a exercitarem o dom privativamente, em suas casas, ou
“orando em línguas” baixinho durante o culto.
E que mudança seria essa? Deus estava indicando que não mais um único
idioma a um único povo. Agora, através do dom de línguas no Pentecostes, Deus indica
que pretende falar a muitos povos em muitos idiomas. Ele falará em todos os idiomas
do mundo, a todos os povos da terra. Nesse sentido, as línguas significavam juízo para
Israel. Basta lermos as palavras de Jesus para entendermos isso: “Portanto, vos digo
que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os
respectivos frutos” (Mateus 21.43).
As línguas faladas nos dias de Pentecostes eram um sinal de maldição pactual
para Israel. Deus não os teria mais como povo exclusivo. “O cristianismo não era mais
uma religião exclusivamente ‘judaica’, a despeito de suas origens claramente
judaicas”.v[v]
Além disso, o apóstolo Paulo, corrigindo abusos existentes no uso dos dons,
deu outra razão para que os coríntios não dessem grande importância ao dom de línguas:
ele cessaria! Muitas pessoas ignoram a declaração do apóstolo Paulo em 1 Coríntios
13.8-10: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência passará; porque em parte conhecemos e, em parte,
profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será
aniquilado”. Percebam, irmãos, que já naqueles dias, Paulo aguardava o período em
que as línguas cessariam. A cessação das línguas era uma certeza. O verbo “cessarão”
(pau,sontai) está no modo indicativo, o que denota a certeza absoluta do seu
cumprimento. A grande pergunta é: quando as línguas deveriam cessar? Paulo nos
responde no versículo 10: “Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em
parte será aniquilado”. Quando o “perfeito” vier, esse é o tempo da cessação das
línguas. Mas, que “perfeito” é esse?
Algumas pessoas que o termo “perfeito” aqui se aplica a Jesus em seu retorno.
Esse entendimento é defendido pelos pentecostais e por alguns que são abertos a essas
manifestações. Para eles, o dom de línguas vai continuar até chegarmos ao céu.
Entretanto, como diz Samuel R. Davidson, o termo “perfeito” (te,leion) “naqueles
versículos, expressa claramente o sentido daquilo que é ‘completo’, sem faltar
nada”.viii[viii] Outra coisa que devemos entender é a referência que Paulo faz à visão
“face a face” (v. 12). Novamente, alguns pensam que temos uma referência à volta de
Jesus. No entanto, devemos entender que “face a face” está contrastando com o termo
“espelho”. Essa palavra tem um “sentido figurativo, e significa que quando ele escreveu
havia muitas coisas concernentes ao plano de Deus e à Igreja que ainda não tinham sido
claramente reveladas”.ix[ix] Além disso, os espelhos da época de Paulo não eram como
os nossos. “Devemos entender que um espelho no tempo de Paulo era um pedaço de
metal polido que muitas vezes era colocado deitado sobre uma mesa”.x[x]
Conseqüentemente, a imagem refletida não era perfeita. Assim sendo, com “face a
face”, Paulo está falando de um tempo quando chegaria uma revelação completa e exata
sobre a vontade de Deus para a sua Igreja.
Que revelação perfeita é essa, meus amados irmãos? Que revelação divina é
perfeita e completa? Que revelação divina é suficiente para guiar a Igreja do Senhor em
todas as coisas? A resposta é uma só: a perfeita, completa e suficiente Palavra de Deus,
a Bíblia Sagrada, o Cânon completo das Escrituras.
· CONCLUSÃO
Concluímos nosso estudo sobre o dom de línguas. Pudemos verificar que o que
as Escrituras ensinam sobre esse dom é bem diferente, mas bem diferente mesmo, do
que é ensinado pelo pentecostalismo:
PENTECOSTALISMO ESCRITURAS
As línguas são um idioma celestial As línguas são dialetos ou idiomas
ou angelical. estrangeiros.
As línguas são uma forma de As línguas são uma forma de
comunicação com Deus: oração. comunicação de Deus: revelação.
As línguas devem ser usadas As línguas devem ser usadas
privativamente. publicamente.
As línguas não são um sinal de As línguas são um sinal de
maldição para Israel. maldição do Pacto.
As línguas ainda continuarão até o As línguas cessaram com o
retorno de Jesus Cristo. fechamento do Cânon bíblico.
As diferenças são perceptíveis, meus amados irmãos. O pentecostalismo e a
Bíblia não estão “falando a mesma língua”. Um dos dois tem de estar errado. Eu
acredito piamente que esse alguém não é a Bíblia, a perfeita e inerrante Palavra de
Deus. Pois bem, se não é a Bíblia a outra parte deve estar errada. Com certeza!
A grande pergunta é: DE QUE LADO VOCÊ VAI SE POSICIONAR? VAI
FICAR EM CIMA DO MURO? Não existe meia-verdade. Existe verdade completa e
mentira completa.
Que Deus nos abençoe!
Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima
SDG!
Poderá também gostar de:
QUEM É A PEDRA?
Linkwithin
· INTRODUÇÃO
Meus amados irmãos, na semana passada estudamos o que o Novo Testamento
ensina a respeito do Batismo com o Espírito Santo. Naquela oportunidade pudemos
concluir que o que nos é apresentado pela revelação apostólica do Novo Testamento é
diametralmente oposto àquilo que é afirmado pela teoria Pentecostal.
Vimos que os pentecostais se firmam, basicamente sobre quatro premissas: 1) o
batismo com o Espírito Santo é uma segunda experiência, um revestimento de poder
que o indivíduo recebe algum tempo depois da conversão; 2) nem todos os crentes são
batizados com o Espírito Santo; 3) para que o indivíduo receba esse batismo, ele deve
buscar, se esvaziar, orar incessantemente; e 4) a evidência inicial do batismo pentecostal
é o falar em línguas, ou seja, só é batizado com o Espírito Santo aquele que fala em
outras línguas.
Em seguida, através de um exame detalhado do que o Novo Testamento nos
diz, vimos que a teoria pentecostal carece de fundamento bíblico. Vimos que o agente
ou executor desse batismo é o próprio Senhor Jesus Cristo, o Espírito Santo é o
instrumento do batismo efetuado pelo Senhor Jesus Cristo. Além disso, o pensamento
de que o indivíduo deve buscar o batismo é antibíblico, pois o batismo com o Espírito
Santo teve o seu cumprimento histórico inaugural por ocasião de Pentecostes, como
pudemos observar. Por fim, vimos que o batismo com o Espírito não é algo reservado
apenas para um grupo especial dentro da Igreja de Cristo. Pelo contrário, todos os
crentes, por ocasião da sua regeneração, justificação e conversão recebem o batismo
com o Espírito Santo. A idéia de que existe um grupo dentro da igreja que é detentor
dessa bênção traz danos enormes para a obra, visto que a mentalidade de dois grupos
(nós-eles) pode levar ao ciúme, orgulho e divisão. Fica no ar a noção de certa
superioridade espiritual experimentada apenas por um grupo de privilegiados.
Resta-nos tratarmos do famigerado dom de línguas. Ele ainda existe? Qual a
sua função? De que natureza é o dom de línguas? São línguas dos anjos, como afirmam
os pentecostais? Devemos desejar falar em línguas? E o que dizer daquelas pessoas que
afirmam falar em línguas? Isso é importante, meus queridos irmãos, dado o fato de que
a teoria pentecostal considera este como um dos dons mais importantes, dando-lhe
muita ênfase. Por exemplo, a Constituição do Conselho Geral das Assembléias de Deus
afirma o seguinte: “O batismo dos crentes no Espírito Santo é atestado pelo sinal físico
inicial do falar em outras línguas conquanto o Espírito de Deus lhes forneça
expressão”.xi[i]
· TEMA: O DOM DE LÍNGUAS NA IGREJA APOSTÓLICA E HOJE
I – A NATUREZA DO DOM DE LÍNGUAS
1.1. AS LÍNGUAS NO NOVO TESTAMENTO ERAM IDIOMAS
ESTRANGEIROS
A primeira coisa que precisamos considerar é a natureza do dom de línguas.
Que línguas eram essas? Os pentecostais insistem que as línguas se referem a um tipo
de idioma celestial, ou a língua dos anjos. Eles baseiam sua teoria na passagem de 1
Coríntios 13.1: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver
amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”. Existem dois
problemas com a fundamentação pentecostal: 1) Paulo não está afirmando que fala as
línguas dos homens e dos anjos. Tanto em português como em grego o modo subjuntivo
expressa incerteza e dúvida. O apóstolo está apenas fazendo uso de uma conjetura ou
suposição. Simon Kistemaker afirma que, “não sabemos que linguagem sobrenatural os
anjos falam”.xii[ii] De opinião semelhante é o Dr. Sinclair Ferguson, quando afirma
que, “é possível que ‘línguas dos anjos’ expresse uma pretensão dos coríntios, e não um
conceito apostólico”xiii[iii], ou seja, os coríntios agiam de forma irrefletida como os
pentecostais a respeito do dom em questão. John MacArthur Jr., por sua vez, diz que
Paulo “estava usando uma hipérbole – um exagero – a fim de ressaltar um fato”xiv[iv];
e 2) em toda a Bíblia, sempre que os anjos aparecem falando, eles se comunicam com as
pessoas em termos humanos (Gênesis 16.9-11; Números 22.32, 35; 1 Reis 13.18; 19.5,
7; Isaías 6.3; Zacarias 1.12-19; Mateus 1.20; 2.13, 19-20; 28.5; Lucas 1.11-13; Atos
1.10, 11). Percebam, que a fundamentação pentecostal é insustentável. Então, nossa
primeira obrigação é tirarmos de nossa cabeça a possibilidade de que o “moderno dom
de línguas” seja a elocução de idiomas angelicais.
Feito isso, precisamos observar, com base apenas na Bíblia, qual a verdadeira
natureza do dom apostólico de línguas.
i[i] O. Palmer Robertson, A Palavra Final: Resposta Bíblica à Questão das Línguas e
Profecias Hoje, 43.
iii[iii] Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, (São Paulo: Os Puritanos, 2000), 293.
iv[iv] John F. MacArthur Jr., Os Carismáticos, (São José dos Campos: Fiel, 2000), 156.
v[v] Harold K. Moulton, Léxico Grego Analítico, (São Paulo: Cultura Cristã, 2008), 86.
vi[vi] Simon Kistemaker, Comentário do Novo Testamento: Atos, Vol. 1, (São Paulo:
Cultura Cristã, 2006), 111.
vii[vii] O. Palmer Robertson, A Palavra Final: Resposta Bíblica à Questão das Línguas
e Profecias Hoje, 54.
xi[i] Ibid.
xxxix[i] Citado em Brian Schwertley, Os Carismáticos e as Novas Revelações do
Espírito, (São Paulo: Os Puritanos, 2000), 23.