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Aero Magazine Ed 308 - Janeiro 2020

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WWW.AEROMAGAZINE.COM.

BR
BRASIL · ANO 25 · Nº 308 · R$ 20,00 · € 4.00

GUIA DE
COMPRAS
2020
JATOS, TURBO-HÉLICES
E HELICÓPTEROS
00308

MERCADO: PERSPECTIVAS PARA A AVIAÇÃO DE NEGÓCIOS |


ISSN 0104-6233

COMPRA E VENDA: MONTE SEU TIME DE ESPECIALISTAS |


623009

TURISMO: HOSPEDE-SE EM UM AVIÃO | BOEING: QUAL O FUTURO


770104

DO 737 MAX? | POLÊMICA: A AVIAÇÃO E OS ATIVISTAS AMBIENTAIS |


DRONE MQ-9 REAPER: A MÁQUINA DE GUERRA DOS EUA
9
E D ITO R I A L

ENTRE O
PASSADO
E O FUTURO
AERO MAGAZINE
BRASIL · ANO 26 · Nº 308 · 2020

DIREÇÃO

O
Publisher
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br
ano de 2020 é o último da segunda década do terceiro Diretora de Operações
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br
milênio. Certamente o encerramento de um ciclo que será
REDAÇÃO
lembrado pelos historiadores do futuro. Para a aviação, REVISTA
Editor-chefe
tem um valor simbólico incontestável. Marca um período de Giuliano Agmont - giuliano@aeromagazine.com.br

busca por mais eficiência operacional. Os modelos remotorizados DIGITAL


Editor
desenvolvidos pelos principais fabricantes aeronáuticos do mundo Edmundo Ubiratan - edmundo@aeromagazine.com.br

refletem essa tendência. Colaboradores


André Borges Lopes, Cássio Polli, David Clark,
Um desses novos aviões, o Boeing 737 MAX, tem um significado Décio Correia, Edmundo Ubiratan, Felipe Salles,
Jorge Filipe Almeida Barros, Marcelo Migueres,
ainda mais simbólico. É um projeto dos anos 1960 que incorpora Rodrigo Duarte e Rodrigo Moura Visoni

soluções tecnológicas do século 21. Por coincidência ou não, tais ARTE


Diretor de Arte
avanços podem ter contribuído para os dois acidentes fatais que Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br

colocaram o fabricante centenário na maior crise de sua história. A Assistente de Arte


Aldeniei Flávio Gomes Santos - arte@innereditora.com.br
pergunta que fazemos nesta edição é esta: qual o futuro do MAX, e MÍDIAS DIGITAIS
das certificações aeronáuticas? Editor
Edmundo Ubiratan - edmundo@aeromagazine.com.br
A questão da eficiência é central em outro debate, o do meio PUBLICIDADE / ADVERTISING
publicidade@innereditora.com.br
ambiente. Ativistas ganharam as manchetes de grandes publicações +55 (11) 3876-8200 – ramal 11
internacionais no final de 2019 ao protagonizarem movimentos Representante Comercial Brasil e América Latina
Teresa Rebelo – teresarebelo.inner@gmail.com
“antiaéreos”. O diretor-geral e CEO da Iata, associação que reúne as
INTERNATIONAL SALES
principais companhias aéreas do mundo, respondeu. “O inimigo não Estados Unidos
Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
é o voo, mas o carbono, e estamos trabalhando para diminuir sua Marketing - marketing@innereditora.com.br

emissão”, disse Alexandre de Juniac. FINANCEIRO


financeiro@innereditora.com.br
Ainda nesta edição, nosso tradicional guia de compras com
ASSINATURAS
preços e modelos de aeronaves atualizados para 2020. São jatos, assinaturas@innereditora.com.br
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turbo-hélices e helicópteros para diferentes necessidades e condições. Distribuição Nacional pela Treelog S.A.
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Como complemento ao guia, preparamos dois artigos especiais, um
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com as perspectivas do mercado de aviação de negócios e outro com Machado Rodante Advocacia
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orientações de como montar um time de especialistas para comprar e FALE CONOSCO
vender uma aeronave. info@innereditora.com.br | + 55 (11) 3876-8200

Por fim, temos uma matéria saborosa com dicas de hotéis para IMPRESSÃO
Abril Print - Abril Gráfica
quem faz questão de se hospedar em um avião, uma reportagem DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
Total Publicações
sobre a aeronave que está por trás do recente ataque dos EUA a um
AERO Magazine é uma publicação
líder militar do Irã e um compilado com a evolução dos dirigíveis. mensal da INNER Editora Ltda.

www.aeromagazine.com.br

Bom voo, A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões,


ideias e conceitos emitidos nos textos publicados e
assinados na revista AERO Magazine, por serem de inteira
responsabilidade de seu(s) autor(es).
Giuliano Agmont e Christian Burgos
Em boas mãos, começará uma revolução.

Aviônicos
Visite-nos na HAI HELI-EXPO, estande # 4410.
Acessórios
Ligue 55 11 4186-6116 ou visite nosso site: Hidráulicos
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Instrumentos
SUMÁRIO 2

31

22 AVIAÇÃO DE NEGÓCIOS 44 TURISMO

As perspectivas positivas para os Seis destinos para quem quer


fabricantes de aeronaves privativas se hospedar em um avião

28 COMPRA E VENDA 54 INDÚSTRIA

Monte o time certo de Qual o futuro do


especialistas antes de se Boeing 737 MAX?
aventurar em uma transação

31 GUIA DE COMPRAS 2020 62 AVIAÇÃO REGULAR

Todos os jatos, turbo-hélices e Empresas aéreas reagem


helicópteros disponíveis no mercado aos movimentos ambientais
76

68 AVIAÇÃO CIVIL

O transporte aéreo SEÇÕES


brasileiro em debate
08 FIR ST C LASS

70 AVIAÇÃO MILITAR
10 CURI OSI DADES

A aeronave responsável 12 AEROAULA


pelo ataque ao líder militar do Irã
14 AERO R ESPONDE

76 HISTÓRIA
16 NA REDE
Mais leves do que o ar:
a evolução dos dirigíveis 82 AEROCLIC K
FIRST CL A SS

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8 | MAGAZINE 3 0 8
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MAGAZINE 3 0 8 | 9
27 DE JULHO DE 1955 1 DE JUNHO

TRÁGICOS >>> Vítimas: 58 DE 1943


CURIOSIDADES
O Lockheed L-149 >>> Vítimas: 17
Constellation da então recém- Durante a Segunda
criada empresa israelense El Al Guerra, um Douglas

ENGANOS
fazia o voo 402 entre Londres DC-3 da KLM fazia
e Tel Aviv, com escalas em o voo 777 da BOAC
Viena e Istambul. Por um erro, entre Lisboa e
o quadrimotor ingressou sem Bristol, quando foi
O acidente com o voo PS752 da Ukraine International Airlines autorização no espaço aéreo abatido por oito
gerou comoção mundial, em especial após o Irã assumir que seu da Bulgária, então parte do caças-bombardeiros
bloco soviético. Os pilotos Junkers Ju 88 alemães
sistema de defesa antiaérea abateu por um erro humano o Boeing
não obedeceram às ordens de enquantro sobrevoava
737-800 que decolava de Teerã, matando todos os 173 ocupantes. pousar e o avião foi abatido o Golfo de Biscaia. O
Mais uma vez, volta a ser discutida a necessidade de se definir a tiros de canhão por dois ataque foi por engano.
protocolos mais rígidos para garantir a segurança de aeronaves MiG-15.
civis que trafegam no espaço aéreo de áreas conflagradas ou em
disputa. Esse não foi o primeiro caso em que uma aeronave civil foi
destruída, por engano ou por ação deliberada de forças militares.
Somente nas cinco últimas décadas, foram ao menos oito os casos
de abate alegadamente não intencionais de aviões comerciais de
grande porte. Relembre outros episódios semelhantes.

20 DE ABRIL DE 1979
>>> Vítimas: 2
Voando à noite, um Boeing 707-300 da Korean Air Lines
fazia o último trecho do voo 902 entre Paris e Seul.
Depois de decolar da escala de reabastecimento em
Anchorage, no Alasca, o avião sobrevoou o polo norte
magnético e perdeu completamente a orientação da rota.
Cruzou a calota polar e o Mar de Barents, adentrando
o espaço aéreo soviético no extremo norte da URSS, já
próximo à fronteira com a Noruega. Interceptado por
caças Sukhoi-Su-15, a aeronave foi atingida por diversos
tiros e por um míssil ar-ar, que danificou uma das asas e a
fuselagem. Surpreendentemente, a tripulação conseguiu
fazer um pouso de emergência bem-sucedido em um lago
congelado, porém dois passageiros morreram no ataque.

4 DE OUTUBRO DE 2001
>>> Vítimas: 78
Rússia e Ucrânia realizavam exercícios militares
conjuntos no litoral da península da Criméia
quando um míssil antiaéreo S-200 – disparado
pelas forças ucranianas – engajou e destruiu
acidentalmente um tri-reator de passageiros
Tupolev Tu-154 que fazia o voo 1812 da Siberia
Airlines entre Tel Aviv e Novosibirsk, com 66
passageiros a bordo. Eram, em sua maioria,
judeus israelenses que viajavam para visitar
familiares na Rússia.

17 DE JULHO DE 2014
>>> Vítimas: 298
O voo Malaysia MH17 cumpria a rota entre Amsterdã, na 3 DE JULHO DE 1988
Holanda, e Kuala Lumpur. Ao atravessar no espaço aéreo da >>> Vítimas: 290
Ucrânia voando a 33 mil pés (10.060 metros) de altitude o Durante a guerra entre o Irã e o Iraque (1980-1988),
Boeing 777-200ER foi desintegrado em voo por um poderoso os EUA mantinham uma força naval patrulhando o
míssil antiaéreo Buk 9M de fabricação russa. Na ocasião, Golfo Pérsico. Um Airbus A300 da Iran Air havia
forças separatistas pró-Rússia enfrentavam o governo decolado de Bandar Abbas, com destino a Dubai,
ucraniano na região, mas ninguém assumiu a responsabilidade nos Emirados Árabes. A tripulação do cruzador
pela tragédia. Russos, ucranianos e os rebeldes acusaram-se norte-americano USS Vincennes, que se encontrava
mutuamente, já que os dois países dispõem desse armamento irregularmente em águas territoriais do Irã na região
e há evidências de que os separatistas tinham em seu poder do Golfo de Ormuz, detectou o avião e cometeu
ao menos uma bateria móvel com esses mísseis. Até hoje um erro catastrófico ao confundi-lo com um caça
existem versões conflitantes sobre o acontecimento. Grumman F-14 iraniano. Atingido por um míssil
superfície-ar RIM-66 SM-2, o Airbus desintegrou-se
no ar. Suas caixas pretas nunca foram encontradas.
10 | MAGAZINE 3 0 8
21 DE FEVEREIRO DE 1973
>>> Vítimas: 108 24 DE AGOSTO DE 1938
Às vésperas da Guerra do Yom Kippur, a tensão entre >>> Vítimas: 15
Egito e Israel crescia rapidamente. Um Boeing 727-200 Considerado o primeiro avião comercial
abatido por engano, um bimotor Douglas 30 DE JUNHO DE 1962
da Libyan Arab Airlines que havia decolado de Benghazi,
na Líbia, com destino ao Cairo desorientou-se e passou DC-2 de nome Kweilin – operado por >>> Vítimas: 84
a sobrevoar a Península do Sinai (na época ocupada China National Aviation Corporation e O voo 902 da Aeroflot havia
militarmente por Israel). Interceptado por dois caças Pan American Airways – foi forçado por decolado de Khabarovsk com destino
F-4 Phantom II, o Boeing não obedeceu às ordens de caças japoneses a pousar em emergência a Moscou, operado por um Tupolev
obrigá-lo a pousar. Os pilotos dos caças israelenses foram em um rio próximo a Hong Kong, durante a Tu-104 – primeiro jato comercial
autorizados a abater a tiros o avião, considerado hostil. Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937- fabricado na URSS. O avião
Com o aparelho severamente danificado, a tripulação 1945). Apesar do pouso bem-sucedido, sobrevoava a região de Beryozovsky
ainda tentou um pouso de emergência no deserto. Dos somente o piloto e dois dos passageiros com tempo nublado quando, após
113 ocupantes, apenas cinco sobreviveram, incluindo o sobreviveram. O objetivo do ataque seria emitir uma confusa mensagem de
copiloto. assassinar o filho do presidente da China, emergência, despencou rumo ao
que os japoneses supunham que estivesse solo, sem deixar sobreviventes.
no voo. Mas o Japão jamais admitiu Oficialmente, o aparelho sofreu uma
oficialmente a autoria do ataque. falha mecânica e entrou em estol.
Danos encontrados nos restos da
fuselagem sugerem que ele pegou
fogo após ser atingido por um míssil,
e sabe-se que exercícios militares
aconteciam na região. Moscou nem
nega nem reconhece o caso.

1 DE SETEMBRO DE 1983
>>> Vítimas: 269
Cinco anos mais tarde, essa sorte não se
repetiu. O voo 007 da Korean Air Lines
fazia a rota Nova York–Seul, novamente
com escala de reabastecimento em
Anchorage. Após decolar para a etapa
final, um erro de navegação levou o
Boeing 747-200 a voar com a proa
deslocada alguns graus para oeste,
afastando-se progressivamente da sua
rota original. Já durante a madrugada, o
avião atravessou inadvertidamente por
duas vezes o espaço aéreo soviético,
sendo confundido com um avião espião
dos EUA, que fora detectado dias antes
em trajetória semelhante. Quando
voava a oeste das ilhas Sacalinas, o
Jumbo foi atingido por um míssil ar-ar
disparado por um caça Sukhoi Su-15
soviético. Descontrolado, espatifou-se
minutos mais tarde no mar de Okhotsk,
sem deixar sobreviventes.

14 DE JUNHO DE 1940
>>> Vítimas: 9
O Junkers Ju-52/3m da Kaleva, a serviço
da finlandesa Aero Y/O, foi derrubado
3 DE MARÇO DE 1942 por dois bombardeiros soviéticos Ilyushin
23 DE MARÇO DE 2007 >>> Vítimas: 4 DB-3 logo após decolar da Estônia com
>>> Vítimas: 11 O Douglas DC-3 da Royal Dutch Indies destino à Finlândia. Foi o primeiro caso de
Durante a Batalha de Mogadíscio, na Somália, uma Airways foi atacado por aeronaves da uma aeronave comercial abatida à sombra
milícia islâmica teria abatido um Ilyushin Il-76 da Marinha Imperial Japonesa enquanto das batalhas da Segunda Guerra Mundial,
empresa bielorussa TransAVIAexport Airlines. Poucos sobrevoava a região de Carnot Bay, na e ocorreu durante um período de cessar
minutos após a decolagem, os pilotos solicitaram um Austrália. O avião transportava oito fogo: a três meses do fim da chamada
retorno ao Aeroporto Internacional de Mogadíscio por passageiros e aproximadamente US$ 20 “Guerra de Inverno” (Guerra Soviético-
problemas técnicos. Na final para o pouso, já em baixa milhões (valor atualizado) em diamantes, Finlandesa) e antes da invasão da Estônia
altitude, o cargueiro foi atingido na asa por um míssil que foram perdidos. Dos doze ocupantes, pela URSS. Nunca foi esclarecido o
portátil de fabricação russa 9K38 Iglas. Entre as onze oito sobreviveram, incluindo quatro motivo desse ataque.
vítimas estavam engenheiros bielorrussos, que haviam passageiros.
ido à Somália para reparar outro aparelho idêntico,
também atingido semanas antes por fogo antiaéreo.

MAGAZINE 3 0 8 | 11
O VOO
A E ROAU L A

COM O AHRS
A evolução dos instrumentos, do horizonte artificial
mecânico à chegada de equipamentos digitais
POR | NV TEC TREINA MENTOS , ESP EC I A L PA RA A E R O M AG AZI N E

U
ma das primeiras tec- A gravura abaixo mostra o DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS
nologias a revolucionar funcionamento de um horizonte Os sistemas de referência eletrô-
a pilotagem de aviões artificial mecânico. Note que um nicos se compõem basicamente
foi um pequeno apa- disco giratório é montado em de três bobinas de fibras ópticas,
relho usualmente co- balancins, de forma que seu eixo enroladas dentro de três contai-
nhecido como “horizonte artificial”. fique livre para se orientar para ners fechados. São quilômetros
Ao apresentar para os pilotos uma qualquer lado. Quando o instru- de fios translúcidos, que viajam
referência confiável da posição espa- mento sofre alguma rotação no em muitas voltas, deixando duas
cial da sua aeronave, abriu as portas eixo longitudinal ou lateral, há pontas abertas nas extremidades.
para a possibilidade do chamado uma mudança na posição relativa Na primeira há um emissor de
“voo cego”, aquele no qual a obtenção do disco giratório em relação ao luz na frequência já conhecida
de referências visuais externas fica aparelho. Um sistema mecânico do raio do laser. Na outra ponta,
comprometida pela escuridão ou por leva esses movimentos a um pai- há um leitor que analisa o quanto
condições meteorológicas adversas. nel pintado de azul (representan- essa frequência se elevou ou se re-
Tais aparelhos se baseavam no do o céu) e marrom (solo), com duziu. A variação de frequência,
uso de um efeito físico ligado ao escalas de arfagem e de rolagem. como consequência de movimen-
princípio da inércia, conhecido O sistema giroscópico mecânico tos mecânicos das bobinas define
como “rigidez giroscópica” (discos foi superimportante por décadas, quanto cada bobina girou no
ou esferas que giram rapidamente mas, devido às suas limitações, a plano em que foi instalada.
em torno de um eixo tendem a partir da era do Boeing 767, co- Esses movimentos são captados
manter inalterados os seus planos meça a perder terreno para outra por dispositivos eletrônicos que
de rotação). tecnologia, agora eletrônica. utilizam programações de software
para “entender” o que está aconte-
cendo. A inclusão de sensores de
HORIZONTE ARTIFICIAL MECÂNICO aceleração (acelerômetros) permite
ainda detectar derrapagens laterais
e mudanças na velocidade real da
aeronave. Depois de processadas,
todas essas informações seguem
para serem apresentadas de forma
organizada e intuitiva em um ins-
trumento digital, em uma tela LCD
multifunção ou até em um HUD
(Head Up Display).
A sigla AHRS (Attitude and
Heading Reference System) indica
que, além da atitude do aparelho,
o sistema monitora também as
variações na proa (“heading”) do
voo. Mas a grande superioridade
desses equipamentos digitais se
Traduzido e adaptado do manual da FAA/ Wikimedia

12 | MAGAZINE 3 0 8
Sistema AHRS

deve à sua redundância, já que as externas de subida (climb) fun-


centrais de processamento podem cionam como uma confirmação
integrar diversos tipos de sensores do movimento. Da mesma forma,
eletrônicos, mecânicos e magnéti- quando há indicação de mudança
cos, comparando as informações de proa, o magnetômetro pode
para corrigir erros ou interferên- confirmar a alteração.
cias externas – o que aumenta a Os AHRS ficam ainda melho-
precisão e a confiabilidade. Um res quando funcionam interliga-
magnetômetro externo – instalado dos a algum sistema de navegação
em uma parte da aeronave onde é por satélite. Mas eles também
menor a interferência magnética, podem ser usados para navegação
como as pontas das asas ou a cauda aérea autônoma, substituindo os
– detecta as linhas magnéticas antigos e pesados sistemas iner-
da região e fornece informações ciais. Quando começaram a ser
adicionais, que permitem aferir e desenvolvidos no início dos anos
aplicar compensações no sistema. 1960, um dos seus objetivos era
Versões mais sofisticadas justamente esse. Mas essa já é uma
(ADAHRS) incorporam ao pacote outra história.
as informações de “Air Data”: sen-
sores adicionais fornecem à central * Desde o ano 2000, a Nvtec Trei-
de processamento dados sobre a namentos ministra cursos livres ADAHRS:
velocidade do ar, pressão atmos- e presta consultoria aeronáu- um módulo
interno
férica, altitude, razão de subida ou tica em diferentes áreas, tendo produz
descida e temperatura ambiente. O coordenado a criação do curso informações
módulo eletrônico se liga às man- de aviação civil na Universidade de atitudes
gueiras que trazem a pressão do ar Anhembi Morumbi e ministrado para o
dos tubos de pitot e das tomadas curso de CNS-ATM para técnicos horizonte
estáticas. Assim, quando o giroscó- e engenheiros da Embraer, além desenhado
num PFD.
pio digital detecta que a aeronave de dar aulas sobre diferentes
elevou o nariz, as informações aeronaves da aviação geral.

MAGAZINE 3 0 8 | 13
COMO O SOL INTERFERE
AERO RESPONDE

EM MINHA OPERAÇÃO?
Ele pode impactar na saúde dos ocupantes, na segurança
do voo e, também, na estrutura da aeronave
do sol. Há aeronaves com teto
translúcido, com exposição
direta da luz solar sobre nossas
cabeças. No caso de pilotos
calvos, a situação é mais crítica e
pode levar a queimaduras.

OPERAÇÃO
Do ponto de vista operacional,
o sol também tem influên-
cia direta sob os pilotos. Em
pistas perfeitamente alinhadas
com o nascer ou o pôr do sol,
podemos ter problemas para
segurança. Há um famoso caso
no aeroporto de Guarulhos em
que um Airbus A340 vindo da

V
Europa pousou em uma pista
oar de dia, sem nuvens, no conheci- LENTES POLARIZADAS de táxi sentido cabeceira 27.
do “céu de brigadeiro”, é um prazer Mas atenção! Óculos com lentes Por sorte, não havia nenhuma
enorme a pilotos e passageiros. Mas o polarizadas podem não ser ideais aeronave na taxiway naquele
tempo CAVOK não nos exime de efetuar um para os pilotos que voam em momento e não houve con-
planejamento adequado para o voo no que diz aeronaves com instrumentos sequências mais graves. Ao
respeito não só à operação da aeronave, mas, digitais. É que esse tipo de lente entrevistar o piloto, a investi-
também, a saúde e bem-estar a bordo. Sim, pode ofuscar a leitura do painel gação concluiu que sua visão
o sol que ilumina nossas paisagens também de instrumentos, causando um fora ofuscada pela névoa seca
deve ser levado em consideração no planeja- problema operacional à aeronave e o pôr do sol alinhado à pista.
mento de um voo. e certamente à segurança de voo. Para quem tiver curiosidade, o
Outro fator importante a ser relatório dessa investigação está
ÓCULOS considerado em um voo diurno disponível no site do Cenipa.
O cuidado mais básico para pilotos e passagei- sob sol forte é o uso de protetor Após o voo, deixar uma
ros de pequenos, médios e grandes aviões é o solar. Em uma cabine estamos aeronave exposta aos raios solares
uso de óculos escuros. Aliás, os óculos que ve- sofrendo a influência direta dos por muito tempo, principalmente
mos em uso nos dias de hoje foram criados no mesmos raios UVA e UVB cita- quando não é possível guardá-la
início dos anos 1920 para que pilotos pudes- dos anteriormente, só que nesse sob a cobertura de um hangar,
sem se proteger do vento (voava-se em cabine caso sobre a nossa pele. Não é pode ter consequências. Além de
aberta) e, obviamente, da claridade do sol. novidade para ninguém que a aumentar a temperatura interna
O não uso desse acessório e a exposição exposição a esses raios pode cau- com risco de danos para assen-
direta aos raios solares e à claridade pode favo- sar doenças perigosas, sobretudo tos, partes plásticas e, em casos
recer diversos problemas à saúde, incluindo ca- o câncer de pele. Há casos de extremos, conexões de instrumen-
tarata, lesão na córnea, degeneração muscular pilotos que só voam com camisas tos e aviônicos (principalmente
e, em casos extremos, cegueira. ou camisetas de manga comprida os digitais), a sua pintura poderá
Lentes de bons fornecedores (não aquelas e calça comprida para evitar essa apresentar sinais de queimadura
“piratas”, compradas no camelô da esquina) exposição. pelo sol com perda do brilho,
podem possuir proteção contra os raios UVA e O boné também é um aces- mudança de tonalidade original e
UVB, sendo mais um fator importante na sua sório que pode ajudar muito a bolhas, que certamente causarão
escolha. nos proteger da incidência direta despesas futuras para seu reparo.

14 | MAGAZINE 3 0 8
2009 CESSNA CITATION SOVEREIGN
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POR | ANDRÉ BORGES LOPES, EDMUNDO UBIRATAN, GABRIEL BENEVIDES E GIULIANO AGMONT FACEBOOK.COM/AEROMAGAZINE
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NA REDE

AZUL E TWOFLEX NOVO AVIÃO LEVE


A Azul firmou um acordo para A Embraer e o Comando da
adquirir a Two Táxi Aéreo, mais Aeronáutica formalizaram a intenção
conhecida como TwoFlex, em uma de desenvolver em conjunto um
transação avaliada em 123 milhões avião leve para transporte de carga
de reais. A empresa opera uma frota PWC NO BRASIL e passageiros. Pelo memorando
de monoturboélices Cessna Caravan, de entendimento, a Força Aérea
A Pratt & Whitney Canada e a brasileira
com voos cargueiros e de passageiros, Brasileira se comprometeu a
IAS (Indústria de Aviação e Serviços)
atendendo a 39 destinos no Brasil, participar do projeto. A ideia é que a
inauguraram em Belo Horizonte (MG)
dos quais apenas três coincidem nova aeronave sirva em localidades
um novo complexo para revisão das
com os da Azul. Recentemente, a remotas com pistas curtas, estreitas
famílias de motores PT6A e PW200
TwoFlex obteve autorização para e não pavimentadas, como áreas de
– no Brasil, cerca de 1.300 aeronaves
operar em Congonhas, na capital selva. Com alcance suficiente para
civis e militares usam estes propulsores.
paulista, onde tem 14 horários diários, cruzar a América do Sul sem escalas,
Segundo o fabricante canadense, foram
na pista auxiliar. A empresa iniciou a aeronave poderia, ainda, realizar
investidos aproximadamente 24 milhões
uma inédita operação ligando a lançamento de paraquedistas, extração
de dólares no novo centro e serviços,
Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ao de pallets e transporte de enfermos.
que poderá realizar mais de cem revisões
aeroporto de Congonhas. Atualmente, O acordo prevê o desenvolvimento
por ano. “Antes era necessário enviar os
a frota da companhia é composta de um avião capaz de decolar com
motores para o Canadá, o que gerava
por 17 aeronaves Caravan, que têm carga máxima útil de ao menos três
custos com seguro, tarifas, impostos,
capacidade para nove passageiros. A mil quilos, a partir de uma pista de
entre outros, além do tempo necessário
oferta da Azul pela TwoFlex depende até mil e duzentos metros, e operar
para o transporte”, comentou Renato
de aprovações. em ambiente amazônico. A propulsão
Rafael, gerente geral da Pratt & Whitney
seria híbrida, incorporando motores
no Brasil. O centro completará a rede
turbo-hélices e elétricos.
de suporte existente no Brasil, incluindo
a unidade própria da empresa em
Sorocaba, no interior paulista, responsável
pela inspeção de seção quente (HSI) e
distribuição de peças. Atualmente, a FAB é
um dos maiores clientes globais da PWC,
contando com mais motores da série
PT6 que a própria força aérea canadense
e outras forças armadas relevantes no
mundo.

TILTROTORS
MV
V-22 OSPREY VERSÃO FINAL
MO
ODIFICADO DO AW609
A parceria entre Bell e Boeing O quarto tiltrotor AW609, já configurrado
entreegou primeira aeronave MV- em sua versão final de produção, realiizou
22 Osprey
O modificada ao Corpo com sucesso seu primeiro voo na fábrrica da
de Fuuzileiros Navais dos Estados Leonardo, na Filadélfia, EUA. A aeronave deve
Uniddos. Os norte-americanos ser certificada nos próximos meses na inédita categoria Powered
esperram trabalhar com uma frota Lift, da FAA. A Leonardo acredita que o AW609, com capacidade
mais padronizada de tiltrotors, para operar em helipontos, possa cumprir tanto missões VIP como
aumeentando a confiabilidade das de transporte aeromédico, busca e salvamento e offshore. Com dois
operações desta aeronave híbrida motores Pratt & Whitney PT6C-67A, ele cruza a 275 nós, alcança
– quee voa como helicóptero ou 700 milhas náuticas e tem teto de 25 mil pés usando controles de
turbo-hélice.
turbo voo fly-by-wire.

16 | MAGAZINE 3 0 8
INVASÃO
AUTOMOBILÍSTICA
FUGA
PORSCHE E BOEING ESPETACULAR JATOS CERTIFICADOS
As duas empresas fecharam uma
A fuga do executivo brasileiro A Bombardier obteve certificações
parceria para criar
Carlos Ghosn do Japão para das principais agências de aviação
um carro voador,
o Líbano, que pareceu enredo civil do mundo para dois de seus jatos
na categoria dos
de filme, contou com ajuda de negócios de cabine larga, Global
chamados eVTOL,
de pilotos de avião. Quatro 5500 e Global 6500, incluindo a
que são modelos
deles, aliás, foram presos na americana, a canadense e a europeia.
elétricos capazes
Turquia, segundo a imprensa As séries Global 5500 e Global
de realizar pousos e
local. Pelo que se divulgou, o 6500 complementam a família
decolagens verticais.
executivo demitido pela Nissan Global, aproveitando o sucesso dos
sob acusações de envolvimento
BER E HYUNDA em desvios financeiros deixou
antecessores Global 5000 e Global
6000, oferecendo até 700 milhas
o Japão no fim de dezembro, náuticas (1.300 quilômetros) adicionais
sem autorização judicial. no alcance, com uma economia de
Partiu em um jato fretado (do combustível na ordem de 13%.
aeroporto de Kansai, na Baía
Ambas anunciaram uma parceria de Osaka), trocou de aeronave
para desenvolvimento da plataforma em Istambul (no aeroporto de
Uber Air de transporte aéreo urbano. Atatürk) e seguiu para Beirute.
A ideia é criar o veículo já batizado
S-A1, que poderá cruzar a até 290
Ele teria tido o suporte de uma PRIMEIRO
empresa de táxi-aéreo turca
quilômetros por hora com autonomia e usado dois aviões, ambos PRAETOR 500
de 100 quilômetros, voando entre 300 da Bombardier, um Global A Embraer entregou o primeiro
e 600 metros acima do solo. Assim Express (prefixo TC-TSR) e jato executivo Praetor 500. Ele
como os demais projetos do Uber um Challenger 300 (TC-RZA). foi adquirido pela Flexjet dos
Elevate, o modelo poderá transportar
Estados Unidos. A empresa de
quatro passageiros, cada um com
gerenciamento de aviões de negócios
espaço para levar uma mochila ou
oferece um sistema de propriedade
mala de mão.
compartilhada a seus aos clientes e
se tornou uma das maiores clientes
AIRBUS dos aviões da fabricante brasileira.
E ASTON MARTIN Hoje, a frota da Flexjet conta com
A Aston Martin Lagonda e a 23 aeronaves da Embraer, incluindo
Airbus Corporate Helicopters dezessete Legacy 450, quatro Legacy
(ACH) confirmaram uma parceria 500, um Phenom 300 e um Praetor
para o desenvolvimento de 500.
uma edição especial do
ACH130. Assim
como os carros da
Aston Martin, o
novo ACH130
seguirá o perfil de
produtos feitos sob medida.
A edição especial do helicóptero virá
JANELAS LARANJAS
equipada com interior projetado Os passageiros de um voo da Qantas Airways, a
por quatro designers e opções de empresa de bandeira australiana, que voava de
acabamento exclusivas, que remetem Melbourne para Canberra, foram surpreendidos
aos carros da marca inglesa. O destaque por uma cena inusitada quando o avião cruzou
fica para as asas da Aston Martin, por uma nuvem de fumaça e fuligem provadas
estampadas nos elementos de couro por incêndios. A visibilidade restrita a zero
e posicionadas em toda a cabine. As chamou atenção pela cor laranja vivo, que tomou
entregas do ACH130 Aston Martin conta do interior da aeronave, por conta da
Edition estão previstas para começar refração da luz na nuvem de fumaça.
neste primeiro trimestre de 2020.

MAGAZINE 3 0 8 | 17
NA REDE

CASAMENTOS
DESFEITOS
LATAM
AM X IAG
A Latam Airlines
ine Gr
Group
desistiu de um acordo
d de joint
venture com a britânico IAG,
controladora da British Airways
TREINADORES LEONARDO PARA A US NAVY e Iberia. A decisão ocorreu após
a Latam anunciar a sua saída
A Marinha dos EUA anunciou que a Agusta Westland Philadelphia, do grupo
formal da aliança Oneworld,
Leonardo, venceu a concorrência para o fornecimento de helicópteros leves de
motivada pela injeção 1,9
treinamento, que vão substituir os antigos Bell TH-57B. A encomenda inicial
bilhão de dólares pela Delta na
é de 32 modelos monoturbina TH-119, que serão entregues até outubro de
empresa sul-americana – que
2021. O contrato total prevê a venda de 130 unidades até 2024.
representa 20% na participação
da companhia aérea.

O FENÔMENO
Ô A321XLR
A DELTA
TA X GOL
A recente encomenda da chilena SKY para dez Paralelamentte,, a Delta
De ta Air
aeronaves A321XLR am mplia ainda mais a carteira Lines formalizou a venda de sua
do novo modelo da Airb bus. A aeronave de alcance participação na Gol, dando fim
estendido derivada do A A321neo já acumula mais de aos vínculos societários entre as
4550 pedidos firmes, vindos empresas. Segundo trecho do
d
de companhias como IAG comunicado da Delta divulgado
Group, jetBlue, American
G pela companhia aérea brasileira,
Airlinees, United Airlines e Qantas “com exceção das ações alienadas,
Airways. O primmeiro protótipo ficará pronto a Delta não detém quaisquer
apenas em 2021. O A321XLR será capaz outros valores mobiliários ou
de transportar até 240 passageiros.
p Com ganho derivativos relacionados ou
de autonomia de 15% em m relação ao A321LR, a referenciados às ações da Gol”.
aeronave poderá voar por até 8.700 quilômetros
sem escalas
escalas.

PROTÓTIPOS

ÚLTIMO QUASE PRONTO TURBO-


VOO A Cessna concluiu a união entre as HÉLICE RUSSO
asas e a fuselagem do SkyCourier, marcando uma
INAUGURAL importante etapa no desenvolvimento da aeronave.
A Ilyushin espera voar o primeiro
protótipo do Il-114-300 antes do
A Embraer realizou o primeiro O primeiro protótipo deverá ser concluído e voar
fim do ano. O novo turbo-hélice
voo com o E175-E2, decolando nos próximos meses. O Cessna SkyCourier é um
comercial russo foi projetado para
das instalações da empresa em utilitário bimotor de asa alta que será oferecido
atender aos requisitos das principais
São José dos Campos, no interior em várias configurações, incluindo cargueiro,
empresas aéreas regionais, com
de São Paulo. Foi a última transporte de passageiro ou combi. As três versões
desempenho e características similares
cerimônia de primeiro voo de são baseadas em uma plataforma comum, com uma
aos de rivais ocidentais. O IL-114-
uma aeronave comercial da carga útil de 2.700 quilos, podendo transportar
300 substituirá o também veterano
Embraer, visto que a certificação três contêineres de carga aérea padrão (LD3) ou
An-24, podendo obter sucesso em
do modelo deve ocorrer já sob até 19 passageiros. O modelo deve apresentar uma
mercados internacionais, em especial
controle da Boeing Brasil – velocidade máxima de cruzeiro de 200 nós, com
em países com forte influência política
Commercial. alcance máximo de 900 milhas náuticas.
e econômica de Moscou.

18 | MAGAZINE 3 0 8
NA REDE

LIBÉLULA
OU SENHORITA?
A matéria sobre o avião Demoiselle de
Aberto Santos Dumont (“O primeiro
Ultraleve”, AERO 307) gerou dois
questionamentos por parte de nossos
GAFANHOTOS leitores. O primeiro em relação ao
aparelho nº 17 do inventor brasileiro
Um inusitado encontro em pleno ar obrigou o voo ET363, da que, segundo o texto publicado, “nunca
Ethiopian Airlines, a alternar por falta de visibilidade. O Boeing saiu do papel”. O segundo contestando
737-700 da companhia etíope atravessou uma “nuvem” de gafanhotos a informação de que o nome em francês
africanos e saiu dele com sedimentos espalhados por todo seu “Demoiselle” signifique “libélula”, já que o
nariz e para-brisa, dificultando assim uma aproximação visual para correto seria “senhorita”.
o aeroporto internacional de Dire Dawa. A falta de visibilidade
obrigou os pilotos a seguir para Addis Ababa, onde pousaram por O leitor tem razão em relação ao modelo
instrumentos 34 minutos depois. A aeronave não sofreu avarias. 17, um biplano ainda maior do que o 14
bis e que seria tracionado por enorme
motor de 16 cilindros em “V”. Existem
fotos que mostram esse aparelho sendo
SENSÍVEIS AO TOQUE montado nas oficinas do inventor. Não
se sabe se o protótipo chegou a ser
A Airbus iniciou as entregas dos
inteiramente concluído: Santos Dumont
primeiros A350 equipados com
teria abandonado o projeto antes mesmo
novas telas sensíveis ao toque na
de realizar qualquer ensaio de voo. De fato,
cabine de comando, uma iniciativa
o “17” chegou a “sair do papel”, mas nunca
pioneira na aviação comercial,
foi sequer testado, ou seja, “não saiu do
embora seja uma realidade na
chão”.
aviação de negócios. A nova 52 CAÇAS
tecnologia foi certificada para o Quanto ao significado de “Demoiselle”,
Em apenas dez minutos,
A350 pela Easa. Os displays foram trata-se de uma polêmica antiga. Segundo
52 caças F-35A Lightning
desenvolvidos pela Thales para o os dicionários, a palavra francesa pode
II decolaram quase
A350. significar tanto “senhorita” (ou “donzela”)
simultaneamente da base
como – em zoologia – uma espécie de
aérea de Hill, localizada ao
libélula comum na França. Há um razoável
norte do estado de Utah,
consenso de que o apelido teria sido dado
nos Estados Unidos, durante
pela brasileira Cristina Prado, amiga do
um exercício militar. Uma
inventor, depois de conhecer uma das
imagem impressionante!
primeiras versões do modelo 19 – que
tinha asas transparentes e uma longa e
esguia cauda de bambu.
BALEIA NO AR Não temos conhecimento de que,
em algum momento, Cristina tenha
O gigante cargueiro BelugaXL entrou em serviço, oferecendo 30% esclarecido a qual dos dois significados
mais capacidade de transporte em relação à versão anterior. O modelo ela se referia quando apelidou o aparelho.
faz parte do sistema integrado industrial da Airbus, transportando Mas a associação do avião “Demoiselle”
componentes de aeronaves entre as diversas fábricas na Europa. com o inseto já aparece em textos de
Lançado há pouco mais de cinco anos, autores franceses da época, e é aceita
em novembro de 2014, o BelugaXL é por diversos pesquisadores e biógrafos
baseado na plataforma do Airbus A330 de Santos Dumont. Por uma feliz
e possui mais de 2.200 metros cúbicos coincidência, a elegância e a leveza do
de espaço interno, maior cubagem pequeno aeroplano também podiam ser
disponível em um avião. associadas às graciosas senhoritas da “belle
époque” francesa. Esse duplo significado
provavelmente explique a razão de o
apelido ter se consolidado com tanta
20 | MAGAZINE 3 0 8 facilidade.
PE R S PEC TI VA S
R U MO
ASCEN D EN T E
EM 202 0 e in v e s ti m e n to s p ri v a d o s
s n o p a ís
C o m m a is m il io n á ri o õ e s d e re a is n o s p ró x im o s
o it o b il h
p o d e n d o s u p e ra r o s a v ia ç ã o d e n e g ó c io s p ro m e te
e ir o d e
a n o s , m e rc a d o b ra s il ó s u m a d e c o la g e m s e g u ra
ap
b o a ra z ã o d e s u b id a
LLI
P O R | C Á S S IO P O
A
o longo de 2019,
a aviação de
negócios no Brasil
ainda sofreu com
fatores exter-
nos, sobretudo diante de um
movimento de acomodação
após a troca de comando no
país (pós-eleições nacionais),
mudanças na política econômi-
ca e tramitação e aprovação de
uma reforma da Previdência.
A ordem era apertar os cintos.
Assim, no balanço sobre as tran-
sações (“trading”) de aeronaves,
a frota brasileira teve uma re-
dução de 1% até junho de 2019,
segundo o Anuário Brasileiro de
Aviação Civil. Em contrapartida,
os proprietários e operadores de
aeronaves privativas, que têm na
aviação uma poderosa ferra-
menta de ganho de tempo, já
sinalizam com uma agenda bem
mais favorável para 2020.

VENTOS A FAVOR
O mercado dá sinais fortes de
uma retomada econômica nos
próximos bimestres, com mui-
tos indicativos positivos já neste
início de ano. A começar pela
balança comercial superavitá- Pode-se constatar, na práti- empresas, gigantes mundiais,
ria em 2019, o índice Bovespa ca, uma diminuição do capital dentre as quais Scania, Toyo-
acima dos 115 mil pontos em especulativo e redirecionamento ta, General Motors, Huawei,
dezembro último, o aumento de investimentos para o setor State Grid, Vale, Vivo, Grupo
no número de milionários no produtivo, impulsionando os Petrolífero Total, TIM, CPFL,
Brasil – passando de 217 mil negócios em cadeia, com expan- Klabin, Inpasa, Mercado Livre,
em 2018 para 259 mil no fim do são de redes de lojas, atacado, Suzano e Nestlé, têm previsão de
ano –, a existência no país de varejo, centros de distribui- investimentos da ordem de 800
11 startups unicórnio (que con- ção, lançamento de produtos, bilhões dólares no Brasil, alguns
seguiram ser avaliadas em um ampliação de plantas industriais iniciados em 2019, seguindo em
bilhão de dólares antes de abrir e assim por diante. Em outras 2020 até 2023.
seu capital em bolsas de valo- palavras, a “roda volta a girar” Mas qual o impacto desses
res), projeção de crescimento e setores âncora da economia, indicativos para aviação de ne-
do PIB pelo Banco Central para como construção civil, indústria gócios? Otimismo... Depois de
2020 de 2,2% e redução da taxa automobilística e agronegó- um período com baixo volume
Selic para 4,5%, menor nível cios, encabeçam o crescimen- de transações, esses demons-
histórico. to econômico. Vinte e duas trativos de crescimento já têm

24 | MAGAZINE 3 0 8
reflexo na aviação de negócios 350i, Gulfstream 550, Global FBO (base fixa de operação) do Estima-se que
do Brasil. Enquanto aguarda- 6000, Falcon 8X, Challenger mundo: o Aeroporto Executivo devem chegar
mos a publicação do relatório 350 e Phenom 300E, além dos Catarina, em São Roque, São ao Brasil
no primeiro
anual 2019 da GAMA (Ge- monoturboélices Pilatus e Paulo. Já a região Nordeste, semestre de
neral Aviation Manufacturers Daher TBM. mais especificamente na grande 2020 perto de
Association), que traz números Natal, está recebendo o Con- 60 aeronaves
atualizados de entregas de aero- AEROPORTOS EXECUTIVOS domínio Aeronáutico Costa
naves por fabricante, categoria e Na mesma vertente de apostas Esmeralda, situado na Lagoa
modelo, estima-se que em 2019 e investimentos, 2020 começa do Bonfim, voltado para avia-
foram contabilizadas aproxima- com alguns importantes ção leve e geral. No mesmo
damente 100 importações, entre projetos de infraestrutura que conceito de projeto, o estado
novos e usados, via tradings ou trarão benefícios para aviação de Santa Catarina recebe o
diretas, desde monomotores geral no Brasil. Em São Paulo, Costa Esmeralda Porto Belo
convencionais até turbo-hélices, destaque, entre outras inicia- e planos de desenvolvimento
jatos e helicópteros executivos, tivas, para o primeiro aeropor- para o Jurerê Internacional. A
com destaque para aviões King to essencialmente de negócios região Centro-Oeste não fica
Air modelos C90GTX, 250 e do país, a altura dos melhores atrás. Aparecida de Goiânia,

MAGAZINE 3 0 8 | 25
COM COMBATE AO TACA, houve um aumento no número
de pedidos e homologações de
empresários na economia
brasileira, gerando demanda no
HOUVE UM AUMENTO NO empresas de táxi-aéreo regu-
lares, o que tende a aumentar
mercado doméstico de usados,
“descendo” em efeito cascata no
NÚMERO DE PEDIDOS a segurança da operação, “trading” de aeronaves menores.
beneficiando os usuários desse
E HOMOLOGAÇÕES DE serviço. RITMO DE ACELERAÇÃO
TÁXIS-AÉREOS
Fatores externos, na maioria das
VENDAS vezes incontroláveis, relacio-
Especulava-se que, com a mu- nados a questões políticas e
dança da planta de fabricação econômicas locais e mundiais,
da Embraer para Melbourne, na impactam nas atividades que
Flórida, Estados Unidos, haveria envolvem a aviação de negócios,
uma diminuição nas vendas porém o empresariado brasileiro
em Goiás, também vai rece- de jatos de negócios da família tem mostrado otimismo e feito
ber um aeroporto executivo, Phenom no Brasil, mas, como os movimentos que resultam em
batizado Antares Aeródromo projetos já estão consolidados, um aquecimento no setor. Quan-
Executivo, com previsão para o Phenom 300, por exemplo, do se fala em empreender por
operar em 2020. já retomou as vendas por aqui, aqui, produzir, vender, exportar,
Esses são exemplos de foram sete entregas recentes e expandir sua rede, inaugurar lo-
investimentos dedicados exclu- seis reservas de marca regis- jas, lançar nova marca, produto
sivamente a novos empreen- tradas junto à Anac. O mesmo ou serviço, inovar..., traçamos
dimentos, mas cabe destacar cenário positivo se desenha com um paralelo com aviação de
também projetos de melhorias a Textron, que tem emplacado negócios, pois tudo fica mais
em aeroportos e aeródromos expressivas vendas, entregas e rápido e mais eficiente com um
já existentes em várias regiões reserva de marcas no Registro avião ou helicóptero.
do país, alguns recentemente Aeronáutico Brasileiro da Anac. Há um forte consenso
privatizados, a exemplo de Como a indústria não entre proprietários, operado-
Jundiaí, Campinas, Bragança divulga as vendas até as entregas res e profissionais do setor da
Paulista, Itanhaém e Ubatuba, acontecerem efetivamente, aviação quanto aos indicadores
sob responsabilidade do consór- em um trabalho de pesquisa e do mercado e a constatação de
cio Voa-SP. Estamos assistindo a consultas a fontes confiáveis do que já saímos do modo avião, a
modernizações nos terminais de mercado, que vão desde os pró- questão é o tempo de transição
passageiros, adoção de aproxi- prios adquirentes, operadores, para o modo acelerado, na dire-
mações por instrumento, insta- tradings, bancos, despachantes e ção certa para o crescimento da
lação de torre de controle (caso advogados, estima-se que devem aviação executiva em 2020.
de Sorocaba, em São Paulo), chegar ao Brasil no primeiro
entre outras benfeitorias. semestre de 2020 perto de 60 * Avaliador certificado pela ASA
aeronaves, entre novas e usadas, (American Society of Appraisers)
COMBATE AO TACA de várias categorias e modelos, e pela USPAP (the Uniform Stan-
Outro fator que tem redefini- incluindo aviões a pistão, turbo- dards of Professional Appraisal
do alguns padrões da aviação -hélices, jatos e helicópteros VIP. Practice - Normas de Padroni-
executiva no Brasil e contri- Cabe um destaque especial zação e Práticas de Avaliação
buído para melhoria do setor para as aquisições recentes de Profissional), Cássio Polli dirige a
é a intensificação do combate posições de aeronaves de cabine Aérie Aviação Executiva, e acu-
às operações de Táxi-Aéreo grande e ultralongo alcance, mula mais de 16 anos dedicados
Clandestino, popularmente como Falcon 8X, Global 6000 exclusivamente à atividade de
conhecido como “TACA”, por e Gulfstream G650, o que de- compra, venda, importação e ex-
parte da Anac. Como resultado, monstra a confiança dos grandes portação de aeronaves executivas.

26 | MAGAZINE 3 0 8
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o sono durante a transação de uma aeronave
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E 2 3
m 1992, durante os Jogos ADVOGADO ESPECIALISTA
Olímpicos de Barcelona, trau- AERONÁUTICO TÉCNICO
matizados com uma derrota Muitas vezes, É surpreendente
para a União Soviética quatro compradores ou quantos proprietários
anos antes, os Estados Unidos vendedores tentam enviam seus pilotos
montaram a melhor coleção de talentos do economizar dinheiro usando para supervisionar uma
mundo e ficaram com a medalha de ouro seu próprio advogado ou “um aquisição ou venda em centros
do basquete masculino depois de uma exi- cunhado” que pratica Direito de serviços no exterior. Isso não
bição de gala. Obtendo uma média de 44 como trabalho extra. Somente é bom para os pilotos, tampouco
pontos de vantagem por partida, a seleção um advogado especializa- para o comprador ou o vendedor.
norte-americana ficou conhecida como o do em Direito Aeronáutico Nada contra os pilotos – sou um
“time dos sonhos” (Dream Team) , com está atualizado em relação deles e me orgulho disso. Mas,
Michael Jordan, Magic Johnson, Larry à legislação no Brasil e no honestamente, a grande maioria
Bird e Charles Barkley. mundo voltada para a aviação. de nós simplesmente não tem
O episódio nos ensina que, se quiser- E, se ele não tiver a resposta a perícia para representar os
mos ganhar sem riscos, temos de reunir certa para uma determinada interesses do cliente durante uma
os melhores talentos em nosso time. O questão, saberá onde buscar complexa inspeção de pré-com-
mesmo é válido para as transações de a informação. Esses profis- pra. Por isso você deve ter um
m
aeronaves privadas, ou seja, na hora de sionais vivem e respiram leis especialista técnico conheced dor
comprar ou vender um avião ou um ligadas ao dia a dia do mundo do modelo em questão na su ua
helicóptero. Portanto, preocupe-se em aeronáutico. Participam de equipe. Talvez nem seu geeren-
ter a seu lado a mais brilhante equipe que conferencias, ganham créditos te de manutenção tenha essa
puder. Caso contrário, vai se arriscar. Para de formação contínua todo perícia, enfrentando barrreiras
ajudá-lo, preparamos aqui uma lista de ano, escrevem artigos, livros e culturais ou de idioma que
qu
“jogadores” essenciais para procurar antes estão em comissões especia- podem atrapalhar uma avaaliação
de se aventurar no mercado: lizadas, como a Comissão imparcial. Por isso compen nsa
de Direito Aeronáutico da contratar um especialista ttécnico
OAB-SP. O Brasil tem exce- independente para assistii-lo na
lentes advogados de aviação, venda ou na aquisição dee um

1
aproveite isso. Você nunca vai avião ou helicóptero. Qu ualquerr
CORRETOR DE AERONAVES ganhar sua medalha de ouro coisa diferente disso tend
de a see
Um excelente corretor não ape- se não tiver um advogado converter em uma receitta paraa o
nas está bem relacionado com aeronáutico no seu “time dos fracasso – e tenho visto muitoos!
centenas de contatos de quali- sonhos”. Ele é uma figura Arranje a melhor autoriidade
dade como tem ampla experiência essencial para protegê-lo. técnica no seu time ddos sonhos
hos e
em transações dessa natureza. Definitiva- nunca se arrependerá.
mente, não se trata de um amador. É um
profissional com dedicação exclusiva que
sabe como gerenciar um projeto complexo

4
com muitas variáveis. O corretor deve
trabalhar para você – e só para você! –, sem TRADING
conflitos de interesses ou tomando comis- Como se sabe, o Brasil não é um país isento de impostos, e as
sões de ambos os lados. Para evitar isso, aeronaves não são exceção. Mas, na hora de comprar um avião, é
contrate um corretor que trabalhe exclusi- possível obter uma significativa redução tributária na importação
vamente para você, sem aceitar outras con- utilizando uma trading company especializada em aviação. Não só
dições. Acredite, quando o mesmo corretor há uma grande economia de custo, mas a perícia deles pode ser essencial na
trabalha tanto para o vendedor como para o transação. As companhias de trading são obrigadas a comprar o avião com
comprador há risco de a transação terminar seus próprios fundos antes de transferir o título de propriedade ao compra-
de modo desastroso. Na hora de comprar dor, portanto, estarão seguras de fazer tudo certo. Isso, para um comprador,
ou vender um avião, a única maneira de é um grande “filtro” – porque garante que todas as leis, procedimentos, taxas
garantir a fidelidade do corretor é por meio e inspeções foram cumpridos antes de você tomar posse. E usar uma trading
de um contrato de fidelização, exclusivo company é muito fácil. No fim, você consegue uma transação sem preocupa-
para prestar aquele serviço. ções por menos dinheiro.

MAGAZINE 3 0 8 | 29
5
ESPECIALISTA EM
IMPORTAÇÃO E
EXPORTAÇÃO
Este é outro protagonis-
ta importante no seu time
6 OUTROS
Um time de transaações

ceira), a empresa admin


sua companhia segurado
e pode
p

minisstrad
a A
ora. Além
incluir, aainda, o agen
(scrow account, que ofeereece ggarantias
n s du
dora da
d aero
m dissso
a onave,
nte fiduciár
fi
urante a transação fin
ve seeu finan
o, se esttiver
nciado
er fazzendo um
io
nan-
or e
u uppgra-
dos sonhos – o especialista em de para um modelo diferentee de aviãão, vvocê p preccisaa con
c tratar umu ggrupo
importação e exportação. Há de “entrada em serviço” que irá garantir
rantir que pilo otoos e téécnicos estejam
tejam
algumas dessas empresas no Bra- totalmente cientes de como funciona o novo avvião o, nãão apenas na teoria,
sil com conhecimento bastante mas, também, na prática. Finalmente, é importante t se certificar de que o
específico para trazer e enviar um traslado da aeronave será feito por um profissional experiente, sobretu-
avião para fora do país. Certifi- do quando a missão exige muitas pernas e voos em regiões hostis.
que-se apenas de que o know-how
também vale para as transações
nos Estados Unidos. Se um avião
tiver sido introduzido nos EUA
sem ser corretamente declarado, Seu time dos sonhos está aí para Esse modelo está entre as “melhores
o vendedor ou o comprador protegê-lo, portanto, monte-o com práticas” da indústria. Ao contrário
podem estar sujeitos a milhares cuidado. Comece com um corretor dos Jogos Olímpicos em sua fase
de dólares em multas, incluindo de aeronaves profissional, que pode romântica, na aviação não há lugar
a apreensão do aparelho. Mesmo recomendar os melhores profissio- para amadorismo. Tenha profissio-
uma aeronave viajando para os nais a serem contratados nas outras nais especializados trabalhando para
EUA apenas para manutenção áreas. A prevenção é o melhor você, cada um na sua área – um
de rotina, se não for declarada antídoto contra erros da transação verdadeiro Dream Team – e durma
corretamente, pode ser multado e, embora o dinheiro possa resolver bem, sem preocupações.
caso os reparos ou as instalações a maioria dos problemas, ninguém
“agreguem valor” ao bem. É quer tê-los. Com um histórico de O consultor de aviação David
crucial ter esse especialista na mais de 60 anos em transações de Clark é diretor-geral do Integris
sua equipe. Sem o conhecimento aviação privada desde os primeiros Aviation Consultancy e especia-
dele, o risco é muito grande e modelos, hoje sabemos que ter um lizado em vendas e aquisições de
o custo para resolver eventuais time que funciona exclusivamente aeronaves no Brasil, trabalhando
problemas pode rapidamente para o comprador ou o vendedor é com algumas das maiores empresas
aumentar para dezenas, ou até a melhor maneira para se comercia- e pessoas físicas de altíssimo patri-
centenas, de milhares de dólares. lizar um avião ou um helicóptero. mônio no país.

30 | MAGAZINE 3 0 8
GUIA 2020
DE COMPRAS

DADOS GER AIS PERFORMANCE


Preços de tabela: Os preços (FOB) das aeronaves são baseados no Alcance dos jatos e dos turbo-hélices:
valor básico divulgado pelos fabricantes e em referências de mercado. O alcance máximo IFR, com todos os assentos ocupados.
O valor pode variar de acordo com fatores diversos, como estado do
avião, itens a bordo e tempo para TBO. Alcance do helicóptero: O alcance máximo VFR,
com todos os assentos ocupados (todos os helicópteros).
Assentos (piloto/passageiros): O número “típico” especificado
nas colunas não é o número certificado oficialmente pela aeronave. Alcance específico: Distância que uma aeronave pode
Esses números variam de acordo com o tipo de operação da aeronave. voar com uma determinada quantidade útil de combustível.
Pesos: O peso máximo de decolagem é especificado durante Velocidade de cruzeiro: É a velocidade necessária
certificações da aeronave. A capacidade de combustível é medida para atingir alcance máximo de voo.
em galões baseados numa quantia de 6.7 libras por galão. Carga
paga com combustível cheio é o combustível útil menos o usado. Teto operacional: É a maior altitude que um avião pode atingir.
Para os helicópteros, é um certificado máximo para operação.
Fabricação (início/término): O ano da primeira entrega
de uma aeronave até o ano da última entrega.
Suporte técnico: Cássio Polli - Aérie Aviação Executiva
Vision SF50

Learjet 75

JATOS

US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção


Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
BOMBARDIER
Challenger 300 24.8 13.0 2014 8 16 38.850 3.065 476 45.000 2004 2014
Challenger 350 26.6 20.0 2016 8 16 40.600 3.200 476 45.000 2014 -
Challenger 604 27.0 6.0 2017 10 19 48.200 3.756 488 41.000 1996 2007
Challenger 605 32.0 14.8 2015 10 19 48.200 3.756 488 41.000 2007 -
Challenger 650 32.5 24.0 2010 10 19 48.200 4.000 490 41.000 1996 -
Challenger 850ER 30.1 13.0 2015 15 19 53.000 2.456 459 41.000 1996 2012
Global 5000 50.4 36.0 2015 13 19 92.500 5.200 511 51.000 2004 -
Global 5500 46.0 14 19 92.500 5.700 504 51.000 2019 -
Global 6000 63.0 44.0 2018 13 17 99.500 5.890 511 51.000 2011 -
Global 6500 56.0 13 19 99.500 6.000 487 51.000 2019 -
Global 7500 73.0 13 19 114.800 7.700 530 51.000 2019 -
Global Express 43.0 11.0 2005 13 10 95.000 5.940 505 51.000 1999 2005
Global XRS 57.5 20.0 2012 13 19 98.000 6.055 511 51.000 2005 2012
Learjet 31A 1.0 2003 6 10 17.200 1.211 462 51.000 1991 2003
Learjet 40 1.7 2007 6 7 20.350 1.573 465 51.000 2003 2009
Learjet 40XR 3.0 2013 6 7 21.000 1.778 465 51.000 2005 -
Learjet 45 2.0 2007 8 9 20.500 1.423 465 51.000 1998 2007
Learjet 45XR 4.3 2012 8 9 21.500 1.685 465 51.000 1998 2012
Learjet 60 2.0 2005 7 10 23.500 2.186 465 51.000 1993 2007
Learjet 60XR 4.2 2013 7 10 23.500 2.044 465 51.000 2007 2013
Learjet 70 11.0 4.4 2014 7 10 21.500 2.060 465 51.000 2013 -
Learjet 75 14.0 10.0 2018 8 10 21.500 2.040 465 51.000 2013 -
CIRRUS
VISION SF50 1.9 7 7 6.000 600 300 28.000 2016 -
DASSAULT
Falcon 2000 7.0 2007 8 19 35.800 2.841 475 47.000 1995 2007
Falcon 2000 DX 11.5 2010 8 19 41.000 3.378 482 47.000 2007 2011
Falcon 2000EX 11.5 2008 8 19 42.200 3.878 482 47.000 2004 2009
Falcon 2000LX 17.0 2012 8 19 42.800 3.817 482 47.000 2007 2014
Falcon 2000LXS 36.0 30.5 2018 8 19 42.200 3.817 482 47.000 2013 -
Falcon 2000S 29.0 27.0 2018 8 N/A 41.000 3.613 482 47.000 2013 -
Falcon 50EX 5.0 2007 9 19 39.700 3.223 480 49.000 1997 2007

32 | MAGAZINE 3 0 8
Financie com

Falcon 7X

Falcon 2000S

Global 5500

Falcon 900LX

MAGAZINE 3 0 8 | 33
Phenom 300


ÓP E
Falcon 8X

US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção


Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
Falcon 7X 54.0 42.0 2018 12 19 70.000 5.490 459 51.000 2007 -
Falcon 8X 60.0 55.0 2018 12 19 73.000 6.450 460 51.000 2016 -
Falcon 900B 5.0 2000 12 19 45.500 3.450 500 39.600 1986 2000
Falcon 900A 2.9 1991 12 19 45.500 3.450 466 51.000 1987 1999
Falcon 900DX 14.0 2010 12 19 46.700 4.100 482 51.000 2005 2011
Falcon 900EX 8.0 2003 12 19 48.300 4.500 420 51.000 1996 2003
Falcon 900LX 45.1 36.5 2018 12 19 49.000 4.800 482 51.000 2010 -
EMBRAER
Legacy 450 16.0 15.5 2018 7 9 35.274 2.575 467 45.000 2015 -
Legacy 500 20.0 18.5 2018 8 12 38.360 3.125 462 45.000 2014 -
Legacy 600 12.9 2015 13 19 49.604 3.090 455 41.000 2006 2013
Legacy 650 8.9 2010 13 19 53.572 3.642 459 41.000 2010 2017
Legacy 650E 25.9 22.0 2018 13 19 53.572 3.900 459 41.000 2017 -
Lineage 1000 25.0 2013 13 19 120.152 4.237 470 41.000 2008 -
Lineage 1000E 53.9 45.0 2018 13 19 120.152 4.600 472 41.000 2008 -
Phenom 100 2.1 2013 5 6 10.472 926 390 41.000 2008 -
Phenom 100E 4.6 3.7 2017 5 6 10.472 1.178 405 41.000 2013 -
Phenom 300 8.0 2017 7 9 17.968 1.692 453 41.000 2009 -
Phenom 300E 9.6 8.5 2018 7 9 17.968 1.971 453 45.000 2017 -
Praetor 500 16.9 7 9 36.949 3.250 462 45.000 2018 -
Praetor 600 21.9 8 12 42.877 3.900 466 45.000 2018 -
GULFSTREAM
GIV-SP 6.0 2002 13 19 74.600 3.880 476 45.000 1992 2002
GV 11.8 2001 13 19 90.500 6.250 508 51.000 1995 2002
G100 3.0 2006 7 9 24.650 2.550 474 45.000 2001 2006
G150 8.7 2016 7 8 26.100 2.760 470 45.000 2005 2017
G200 6.4 2011 8 10 35.450 3.130 470 45.000 1999 2011
G280 25.0 22.0 2018 8 10 36.600 3.387 482 45.000 2012 -
G300 5.0 2004 13 19 72.000 3.486 476 45.000 2003 2004
G350 12.0 2012 14 19 70.900 3.680 476 45.000 2005 2012
G400 6.0 2004 13 19 74.600 3.880 476 45.000 2003 2004
G450 24.0 2015 14 19 74.600 4.100 459 45.000 2005 2016
G500 48.5 18 19 79.600 5.200 516 45.000 2019 -
G550 61.5 44.7 2018 18 19 91.000 6.490 508 51.000 2003 -
G600 57.9 18 19 94.600 6.500 516 51.000 2019 -
G650 70.1 65.0 2018 18 19 99.600 7.000 516 51.000 2012 -

34 | MAGAZINE 3 0 8
Financie com

Praetor 600

Phenom 300

G600 Legacy 650

G500

G280

MAGAZINE 3 0 8 | 35
US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção
Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
Em
G700 75.0 13 19 107.600 7.500 516 51.000 2019
projeto
HONDA
HA-420 5.0 4.8 2018 5 6 10.600 1.223 420 43.000 2016 2018
HA-420 Elite 5.0 5 6 10.700 1.223 422 43.000 2018 -
PILATUS
PC-24 9.0 8.4 2018 4 6 17.968 2.810 440 45.000 2017 -
TEXTRON AIRCRAFT
Citation Bravo 1.8 2006 7 11 14.800 1.290 405 45.000 1997 2006
Citation CJ1 1.7 2006 5 6 10.600 775 381 41.000 2000 2005
Citation CJ1+ 1.9 2005 5 6 10.700 895 389 41.000 2005 2011
Citation CJ2 2.8 2011 6 8 12.375 1.075 413 45.000 2000 2005
Citation CJ2+ 4.4 2015 6 8 12.500 1.194 413 45.000 2005 2014
Citation CJ3 5.4 2015 6 8 13.870 1.374 417 45.000 2003 2014
Citation CJ3+ 8.3 7.3 2018 7 9 12.750 2.040 416 45.000 2014 -
Citation CJ4 9.0 8.0 2018 7 9 17.110 1.667 454 45.000 2010 -
Citation Encore 2.2 2006 7 11 16.630 1.410 430 45.000 2000 2006
Citation Encore+ 3.7 2009 7 11 16.830 1.494 430 45.000 2007 2009
Citation Excel 2.1 2004 7 12 20.000 1.449 433 45.000 1998 2004
Citation Latitude 16.6 15.1 2018 9 9 30.800 2.700 446 45.000 2015 -
Citation Longitue 25.8 9 12 39.500 3.500 476 45.000 2019 -
Citation Jet 1.2 1999 5 6 10.400 750 377 41.000 1993 1999
Citation M2 4.8 4.5 2018 5 7 10.700 1.550 404 41.000 2013 -
Citation Mustang 2.3 2017 4 5 8.645 718 340 41.000 2006 2017
Citation Sovereign 8.1 2013 9 12 30.300 2.620 459 43.000 2004 2013
Citation Sovereign+ 18.0 16.5 2018 9 12 30.755 3.000 459 45.000 2013 -
Citation Ultra 1.1 1999 7 11 16.300 1.259 400 45.000 1994 1999
Citation VII 1.0 1995 7 13 23.000 1.693 452 43.000 1992 2000
Citation X 9.0 2012 8 12 36.100 2.890 525 51.000 1996 2012
Citation X+ 19.8 2017 8 12 36.600 3.229 527 51.000 2013 2018
Citation XLS 4.1 2008 8 12 20.200 1.539 433 45.000 2004 2008
Citation XLS+ 13.1 12.0 2018 8 12 20.200 1.528 440 45.000 2008 -
Beechjet 400A 0.9 2003 7 9 16.100 1.180 458 45.000 1990 2003
Hawker 4000 4.0 2012 8 14 39.500 3.283 489 45.000 2008 2012
Hawker 400XP 2.1 2010 8 9 16.300 1.180 450 45.000 2004 2010
Hawker 400 XPR 8 9 16.300 1.243 450 45.000 1994 2006
Hawker 750 3.5 2011 8 15 27.000 2.050 447 41.000 2008 2011
Hawker 800XP 1.8 2004 8 15 28.000 2.470 449 41.000 1995 2005
Hawker 800XPi 2.0 2005 8 15 28.000 2.470 449 41.000 2005 2006
Hawker 800XPR 2.0 2005 8 15 28.000 2.733 452 41.000 1995 2005
Hawker 850XP 3.0 2009 8 15 28.000 2.525 452 41.000 2006 2009
Hawker 900XP 5.4 2012 8 15 28.000 2.733 452 41.000 2007 2012
Premier I 1.1 2005 6 7 12.500 850 461 41.000 2001 2005
Premier IA 2.3 2012 6 7 12.500 850 461 41.000 2005 2012

36 | MAGAZINE 3 0 8
HondaJet
Financie com

Pilatus PC-24 Citation X+

Citation V

Citation Sovereign

MAGAZINE 3 0 8 | 37
Kodiak 100

TURBO-HÉLICES
US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção
Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
DAHER
TBM 700C2 1.3 2006 5 6 7.394 1.000 292 31.000 2003 2006
TBM 850 2.4 2013 5 6 7.394 1.102 320 31.000 2006 2014
TBM 900 3.2 2016 5 6 7.430 1.730 330 31.000 2014 2016
TBM 910 3.7 3.5 2018 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2017 -
TBM 930 4.0 3.9 2018 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2016 -
TBM 940 4.13 3.9 2018 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2019 -
Kodiak 100 2.1 2.0 2018 5 9 7.255 524 180 25.000 2008 -
PIAGGIO
Avanti P180 1.8 2005 6 9 11.550 980 390 37.000 1990 2005
Avanti P180 II 7.1 6 9 12.100 752 402 39.000 2006 -
PILATUS
PC-12 2.9 2.6 2008 7 10 10.450 1.340 261 30.000 1995 2008
PC-12 NG 4.7 3.9 2018 7 10 10.450 1.309 280 30.000 2008 -
PIPER
M600 2.9 2.3 2008 6 6 6.000 1.658 274 30.000 2016 -
M500 2.0 2.0 2018 6 6 5092 1.000 260 30.000 2015 -
Meridian PA-46TP 2.2 1.3 2015 5 5 5.092 489 267 30.000 1999 2014
TEXTRON AIRCRAFT
208 Caravan 2.0 1.9 2018 9 13 8.000 325 186 25.000 1985 -
208B Grand Caravan 1.2 2008 9 13 8.217 529 184 25.000 1990 2013
208B Grand Caravan EX 2.5 2.0 2018 5 13 8.807 494 194 25.000 2013 -
Denali 4.8 4 11 0 1.600 285 31.000 2015
King Air 250 6.2 5.0 2018 6 15 12.500 1.259 292 35.000 2011 -
King Air 350 6.1 2.8 2009 8 15 15.000 1.440 320 35.000 1990 2013
King Air 350ER 4.7 2012 8 15 16.500 1.878 303 35.000 2005 -
King Air 350i 7.4 6.5 2018 8 15 15.000 1.440 320 35.000 2009 -
King Air 350iER 7.3 8 15 16.500 2.271 303 33.000 2010 -
King Air B200 5.4 2.1 2012 6 15 12.500 1755 260 35.000 1981 2013
King Air B200GT 5.8 2.6 2011 6 15 13.420 960 284 35.000 2007 2011
King Air C90B 2.7 1.3 2005 5 12 10.485 640 250 30.000 1992 2005
King Air C90GT 2.9 1.5 2007 5 12 10.100 981 270 30.000 2006 2007
King Air C90GTi 3.3 1.7 2009 5 15 10.485 1.321 240 30.000 2007 2010
King Air C90GTx 3.7 3.5 2018 5 12 10.485 903 240 30.000 2010 -

38 | MAGAZINE 3 0 8
Financie com

Piaggio Avanti EVO

Pilatus PC-12 TBM 900

Piper M600

KingAir 350ER

MAGAZINE 3 0 8 | 39
Airbus H135

Bell 407 Leonardo AW169

Sikorsky S76D

40 | MAGAZINE 3 0 8
Financie com

HELICÓPTEROS
US$ (milhão) Assentos Produção
Peso Alcance Vel. max
Aeronave Pax Pax
Lista Usada ano (max) lb (nm) cruzeiro (kt) Início Fim
(típico) (max)
AIRBUS HELICOPTERS
AS 332L1 Super Puma 21.7 2011 12 19 18.960 406 141 1986 2011
AS 332L1e Super Puma 24.0 12 19 18.960 406 141 2011 -
AS 332L2 Super Puma 13.9 207 9 19 20.502 392 150 1993 2007
AS 350B2 - Esquilo 2.0 2012 4 6 4.960 312 133 1990 -
AS 350B3 (2B) - Esquilo 2.0 2012 4 6 4.960 300 137 1997 2008
AS 350B3 (2B1) - Esquilo 1.9 2012 4 6 5.225 300 137 2008 2011
AS 350B3e - Esquilo 2.3 2014 4 N/A 5.225 300 137 2011 -
AS 365N2 Dauphin 2.3 2001 6 14 9.369 420 151 1990 2001
AS 365N3 Dauphin 5.4 2011 6 14 9.480 354 152 1998 2010
AS 365N3+ Dauphin 10.0 2016 6 14 9.480 341 149 2011 -
H 120B 2.0 2017 4 9 3.780 240 125 1997 -
H 130 B4 2.2 2015 5 4 5.351 280 135 2000 2012
H 130 T2 3.0 5 7 5.512 268 130 2012 -
H 135P1 2.1 2003 5 7 6.250 254 140 1997 2004
H 135P2 5.2 2015 5 7 6.250 254 140 2004 2006
H 135P2+ 4.6 2010 5 7 6.415 254 140 2006 2011
H 135P2E 5.0 5 7 6.504 278 137 2011 -
H135 T1 2.0 2003 5 7 5.984 262 141 1997 2004
H 135 T2 5.1 2015 5 7 6.250 262 140 2004 2006
H 135 T2+ 4.8 5 7 6.415 254 140 2006 2011
H 135 T2e 5.1 5 7 6.504 256 137 2011 -
H 145 5.9 2014 8 9 7.904 274 133 2001 -
H 145 T2 9.6 5.5 2015 8 9 8.047 260 134 2013 -
H 155 B1 12.7 2015 6 14 10.692 373 151 2003 -
H 175 14.8 10 N/A 16.535 N/A N/A 2012 -
H 225 24.9 12 N/A 24.250 354 152 2005 -
BELL
206B3 - Jet Ranger 2.2 2010 3 9 3.200 270 118 1977 2010
206L4 - Long Ranger 1.0 2009 5 14 4.450 353 110 1993 -
407 2.1 2012 5 7 5.250 N/A 128 1996 -
429 6.5 2016 5 14 7.000 276 155 2009 -
430 2.2 2008 5 14 9.300 N/A 140 1996 2008
LEONARDO HELICOPTER
AW109 Grand 4.1 2011 5 7 7.000 360 155 2005 2011
AW109 GrandNew 7.9 5 7 7.000 357 158 2010 -
AW109 Power 5.0 2014 5 7 6.614 260 154 1997 -
AW119 Koala 3.0 2006 5 7 5.997 N/A 140 2000 2006
AW119 KX 3.6 5 7 6.283 380 140 2013 -
AW139 11.9 8 15 14.110 460 165 2004 -
AW169 8.5 - - 4 8 10.141 440 165 2015 -
AW189 26.0 - - 17 19 18.298 617 155 2014 -
ROBINSON
R22 Beta II 0.3 1 1 1.370 161 96 1997 -
R44 Raven I 0.45 3 3 2.400 204 113 2003 -
R44 Raven II 0.45 3 3 2.500 251 117 2003 -
R66 Turbine 0.81 3 4 2.700 260 N/A 2010 -
SIKORSKY
S-300C 0.4 1 1 2.050 195 88 1970 -
S-300CBi 0.4 1 1 1.750 215 85 2005 -
S-76C++ 8.1 2012 6 13 11.700 335 155 2006 2013
S-76D 14.1 6 13 11.700 329 160 2012 -
S-92 25.0 10 24 26.500 439 155 2002 -

MAGAZINE 3 0 8 | 41
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TURISMO
HOSPEDE-SE EM UM X

AVIÃO
Uma seleção de seis hotéis de diferentes
padrões para quem deseja curtir sua estadia
a bordo de uma aeronave clássica
P O R | M A R CE LO M I G UE R E S F OTO S | D IV ULG AÇÃO

T
ente se imaginar dentro de um avião por uma
semana. Dormindo e acordando a bordo um
dia após o outro, tomando banho e escovando
os dentes! Não diga, certamente pensou em
um luxuoso jato de negócios durante uma
viagem ao redor do mundo. Errou... acredite, é ainda
melhor, sobretudo para quem tem querosene circulando
pelas veias. Existem em diferentes localidades hotéis cuja
hospedagem acontece no interior de variadas aeronaves,
todas com histórias de bons serviços prestados, cada uma
com sua característica peculiar. São cargueiros e aviões
comerciais, turbo-hélices e jatos. Tem até um helicóp-
tero. Alternativas para diferentes gostos e bolsos, desde
um prático e econômico hostel a estabelecimentos cinco
estrelas. Veja as opções e programe-se.
NOVA ZELÂNDIA
BRISTOL FREIGHTER 170
WOODLYN PARK, WAICACO

NA TERRA DA AVENTURA, conhecido como wayfarer


a Nova Zelândia, próximo às (viajante), realizando voos no
cavernas Waitomo, na região de Canal da Mancha entre Lympne,
Waicaco, está o Woodlyn Park. na Inglaterra, e Le Touquet, na
Pense em um lugar remoto, onde França. O sucesso foi tão grande
as unidades de hospedagem que, em menos de seis meses,
são recicladas e perfeitamente foram transportados mais de
integradas à natureza. Em meio a dez mil passageiros entre as duas
um barco de patrulha aposentado cidades. Ali a empresa Silver City
da marinha neozelandesa e um Airways utilizou com sucesso o
vagão da época dos trens a vapor Freighter 170 para levar passa-
– todos adaptados para unidades geiros e seus carros, criando o
de hospedagem – está o pouco termo “air ferry” em alusão aos
conhecido Bristol Freighter 170, ferryboats. Na aviação militar, o
um avião de transporte aéreo 170 foi usado por várias Forças
britânico desenhado e construído Aéreas, dentre as quais Argenti-
pela Bristol Aeroplane Company, na, Austrália, Canadá, Paquistão
BRISTOL FREIGHTER 170
entre 1945 e 1958. e, claro, Nova Zelândia.
Durante esse intervalo de Na aeronave do Woodlyn 2 Bristol Hercules
Motores
14 anos, foram produzidas Park, há dois confortáveis 734 (radiais)
Comprimento 20,83 m
apenas 214 unidades do robusto quartos, um na parte dianteira Envergadura 32,92 m
turbo-hélice bimotor, uma das do Bristol Freighter, incluindo Altura 6,56 m
primeiras aeronaves comerciais a cabine de comando, e outro Peso vazio 12.247 kg (27.000 lb)
a voar na Grã-Bretanha após na traseira do avião. Um caso Peso máximo de decolagem 19.958 kg (44.000 lb)
o final da Segunda Guerra de harmonia entre homem, Velocidade 361 km/h a 10.000 ft
Mundial. O Bristol se tornou máquina e natureza. Autonomia 1.320 km

46 | MAGAZINE 3 0 8
SUÉCIA
BOEING 747-200B – JUMBO STAY HOSTEL, ESTOCOLMO

QUANDO SE PENSA EM tama-


nho para um hotel-avião, a uni-
dade localizada no aeroporto de
Arlanda, em Estocolmo, na Suécia,
revela-se insuperável. A aeronave
é um icônico 747-200B Jumbo
Jet, originalmente construído em
1976 para a Singapore Airlines,
que terminou seus dias na sueca
Transjet em 2002, depois de voar
para várias companhias aéreas,
incluindo a lendária Pan Am. A
ideia de transformar o maior avião
de passageiros do mundo (título
que manteve por 37 anos) foi do
empresário Oscar Diös, que em precisava havia muito tempo, de avião de passageiros: “Se você
2006 resolveu adquirir a sucata mas também uma experiência construir, eu compro”. E a resposta
de 174 toneladas praticamente diferente para os hóspedes”, diz o não poderia ser mais direta: “Se
abandonada no pátio do terminal proprietário do inusitado empre- você comprar, eu construo”.
sueco. Após quase três anos de endimento. “Tínhamos algumas A fama do novo 747 não se
reformas completas, que incluíram pessoas entrando, só para dar uma deu apenas por conta de suas ino-
a retirada de 450 assentos, limpeza olhada. Eles deveriam estar hospe- vações tecnológicas, mas, também,
profunda, isolamento térmico e dados em um hotel próximo, mas, por seu glamour. Com um lounge
pintura, finalmente, em janeiro de assim que viram o que tínhamos a onde se serviam coquetéis, o avião
2009, o Jumbo Stay recebeu seus oferecer, imediatamente cancela- prometia uma experiência de
primeiros hóspedes. ram suas reservas e ficaram aqui”, viagem elegante e descontraída. As
São 33 quartos e 76 camas no diz Sebastian Sandler, gerente de medidas do Jumbo eram (e ainda
total, com destaque para a suíte serviço do Jumbo Stay. são) superlativas: com mais de 70
cockpit, instalada na cabine de co- Criado na década de 1960 para metros de comprimento e uma
mando da aeronave com acesso ao substituir o Boeing 707, motivado envergadura de quase 60 metros,
painel de instrumentos e coman- pela crescente demanda de passagei- a aeronave comportava entre 366
dos da aeronave originais, tudo ros na aviação comercial, a “rainha e 550 passageiros, dependendo da
em excelente estado. Há também dos céus”, como ficou conhecido disposição dos assentos.
os quartos instalados nas turbinas, o 747, veio para revolucionar o
sob as asas do 747, que, de tão mercado, sobretudo pelo número de
apertadas, mais parecem câme- passageiros que poderia transportar BOEING 747-200B
ras para exames de ressonância – quase o triplo de seu antecessor. Motores 4 Pratt & Whitney JT9D-7
magnética. Nesta opção, claro, não O então presidente da Boeing, Bill Comprimento 70,60m
Envergadura 59,60 m
há espaço para mais nada além da Allen, e o CEO da empresa aérea Altura 19,30 m
cama. Quando perguntado sobre americana Pan Am, Juan Trippe, Peso vazio 174.000 kg (383.604 lb)
o seu modelo de negócio, Oscar eram amigos de longa data. Durante Peso máximo de decolagem 377.842 kg (833.000 lb)
Diös é taxativo: “Essa é a alterna- uma pescaria, Trippe teria indagado Velocidade 893 km/h a 33.000 ft
tiva de baixo custo que Arlanda Allen sobre os planos para um gran- Autonomia 12.690 km

MAGAZINE 3 0 8 | 47
COSTA RICA
BOEING 727 – SUITE FUSELAGE, QUEPOS

À PRIMEIRA VISTA, PARECE


um avião acidentado na selva cos-
tarriquenha. E esta foi justamente
a ideia dos proprietários do Hotel
Costa Verde quando adquiriram
um Boeing 727, fabricado em
1965: criar a suíte de hotel mais
exclusiva da Costa Rica no meio
da mata. A aeronave havia servido
à South Africa Air e à empresa
colombiana de aviação Avian-
ca antes de ser abandonada no
aeroporto de San Jose. De lá, o 727
foi cuidadosamente transportado,
desmontado e levado em cinco
caminhões de grande porte para
as selvas de Manuel Antonio, onde
foi remontado na configuração
aerosuíte exclusiva de hotel.
Tal qual uma imensa maquete,
o clássico avião está sustentado
por um pedestal de 15 metros e
a altura favorece a contemplação opção mais segura –, a Eastern de 2019, o Boeing 727 realizou o
da linda vista do Parque Nacional Airlines, que operava diversas rotas seu último voo comercial de pas-
Manuel Antonio e do oceano Pací- para América Central e Caribe, sageiros. Operado pela Iran Ase-
fico. O interior do avião é todo propôs um modelo intermediá- man Airlines, o voo EP851 partiu
revestido em madeira e os móveis rio, com três motores, que daria de Zahedan, no Irã, com destino
foram esculpidos à mão, vindos confiabilidade elevada à aeronave, a Teerã, capital daquele país,
diretamente da Indonésia. O 727 permitindo voos sem as restrições encerrando a trajetória de um dos
possui dois quartos climatizados, ETOPS (Extended Twin Engine representantes mais importantes
completamente equipados com Operations), limitando o voo a uma da aviação comercial em todos
tudo o que uma hospedagem distância máxima em tempo de um os tempos. Porém, ainda hoje, o
padrão cinco estrelas deve possuir, aeroporto alternativo, que naquela 727 é muito utilizado na versão
cada um com seu banheiro priva- época era de 60 minutos. Também cargueira, já que pode transportar
tivo. Um terraço com vista para o o posicionamento dos motores na até 25 toneladas e operar em pistas
mar dá a ideia ao hóspede de que cauda permitiu ao fabricante explo- curtas, sendo homologado até
ele está voando. rar o máximo das asas do Boeing para terrenos não pavimentados.
O Boeing 727 começou a surgir 727, com slats e flaps configuráveis
quando, em junho de 1956, o em um grande número de posições
fabricante norte-americano iniciou e deflexão, garantindo à aeronave BOEING 727
os estudos para uma aeronave uma boa manobrabilidade em 3 Pratt & Whitney
Motores
destinada a operar rotas de curta baixa velocidade. JT8D-17R
e média distâncias, em aeroportos Sucesso de vendas durante os Comprimento 46,69 m
Envergadura 32,92 m
de pistas reduzidas (mínimo de 23 anos durante os quais perma- Altura 10,36 m
1.500 metros), com custo opera- neceu em linha de montagem (de Peso vazio 44.330 kg (97.700 lb)
cional competitivo por assento. 1962 a 1984), o modelo teve mais Peso máximo de decolagem 78.100 kg (172.000 lb)
Ao consultar o mercado – que de 1.800 unidades cruzando os Velocidade 952 km/h a 42.000 ft
ainda via nos quadrirreatores uma céus do mundo inteiro. Em janeiro Autonomia 4.509 km

48 | MAGAZINE 3 0 8
PARA COMER E BEBER
Um Fairchild C-123 serviu de plataforma para a
construção do bar e restaurante El Avión no hotel
O complexo hoteleiro costarriquenho abandonado
conta com um descolado restaurante no Aeroporto
e bar instalado dentro de um histórico Internacional
avião de carga C-123 Fairchild Provider. de San José por
Trata-se do El Avión, que tem história. muito tempo, e
Em outubro de 1986, a CIA (agência de depois comprado
inteligência americana), sob o comando por apenas três
de Oliver North, atuava diretamente mil dólares. Este
contra as ditaduras na América Central, cargueiro, que
contando com duas aeronaves C-123 no foi desmontado
aeroporto de San Salvador, capital de em sete peças,
El Salvador. Um deles partiu em missão, transportado por barco para Quepos, também serviu à Guarda Costeira dos
carregado com 70 fuzis AK-47 e 100 na Costa Rica, e cuidadosamente Estados Unidos e forças aéreas de
mil cartuchos de munição, granadas remontado, agora abriga um pub e outros 12 países.
de foguetes e outros suprimentos restaurante de dois pavimentos onde,
para abastecer os oposicionistas. Ele a julgar pelos relatos dos hóspedes,
FAIRCHILD C-123
voou ao longo do litoral, entrou no os coquetéis são ótimos e o pôr do
espaço aéreo da Nicarágua e, perto sol, de tirar o fôlego. Concebido Motores 2 J85 GE-17
Comprimento 23,92 m
da fronteira com a Costa Rica, foi exclusivamente para utilização militar,
Envergadura 33,53 m
derrubado por um soldado pró-governo o C-123 foi utilizado largamente pela Altura 10,36 m
sandinista. Os destroços do Fairchild USAF durante a Guerra do Vietnã para Peso vazio 16.042 kg (35.366 lb)
que foi abatido permanecem na floresta o transporte de tropas, lançamento Peso máximo de decolagem 27.000 kg (59.500 lb)
tropical nicaraguense até hoje e o outro de paraquedistas e pulverização do Velocidade 367 km/h a 10.000 ft
modelo idêntico ao C-123 foi deixado polêmico agente laranja. A aeronave Autonomia 5.252 km

MAGAZINE 3 0 8 | 49
HOLANDA
ILYUSHIN IL-18 – AIRPLANE SUITE, TEUGE

O AEROPORTO DE TEUGE,
na Holanda, está situado no
centro do triângulo formado pelas
cidades de Deventer, Apeldoorn
e Zutphen. Famoso por oferecer
atividades aerodesportivas, onde
é possível realizar voos panorâmi-
cos, acrobáticos ou saltos de pa-
raquedas, o aeródromo holandês
possui em seu pátio, em destaque,
um item clássico da época da
Guerra Fria: o Ilyushin Il-18, que
está prestes a completar 60 anos.
Nos primeiros anos, a aerona-
ve serviu ao governo da Alemanha
Oriental. Depois, de 1964 a 1986, minibar, três TVs de tela plana, de todas as versões haviam sido
a Interflug, uma companhia aérea forno de micro-ondas, cafeteira, construídas – principalmente para
da Alemanha Oriental, a usou internet Wi-Fi e ar condicionado, as companhias aéreas da União
em voos para países como Cuba, dentre outros detalhes. Não são Soviética, Europa Oriental, Ásia,
Rússia, China e Vietnã. O quadri- aceitas crianças. África, Oriente Médio e Caribe.
motor turbo-hélice de fabricação O Ilyushin Il-18 é um grande Hoje, praticamente desapareceu
soviética, em sua configuração avião turbo-hélice quadrimotor do serviço de passageiros, mas
tradicional, recebia até 120 passa- que, visualmente, lembra muito o ainda é usado na Rússia e nos
geiros e uma tripulação de quatro Lockheed Electra e o Vickers Van- Emirados Árabes Unidos como
pessoas na cabine. Após a unifi- guard. A aeronave desempenhou cargueiro.
cação alemã, em 1990, a aeronave um papel significativo no desen-
prefixo DDR-STD, que pertenceu volvimento dos serviços aéreos da
à Interflug, serviu de restaurante então União Soviética nas décadas ILYUSHIN IL-18
por 15 anos até ser adquirido por de 1960 e 1970, e também foi ado- 4 Iychenko AI-20M
Motores
um grupo hoteleiro holandês. tado na versão militar, seja para (Il-18D)*
O avião inteiro foi reformado transporte ou patrulha marítima. Comprimento 35,90 m
e convertido em uma única suíte A ideia era atender à demanda da Envergadura 37,40 m
de luxo, cinco estrelas, para dois Altura 10,17 m
Aeroflot para um avião econômico
Peso vazio 35.000 kg (77.162 lb)
hóspedes, normalmente casais de 75 a 100 assentos, juntamente Peso máximo de decolagem 64.000 kg (141.096 lb)
apaixonados (não só pela aviação). com os Antonov An-10 nos mer- Velocidade 625 km/h a 26.000 ft
As suas instalações incluem cados doméstico e internacional. Autonomia 6.500 km
banheira de hidromassagem, Quando a produção terminou, em *com hélices AV-68I, de 4 pás,
chuveiro, sauna de infravermelho, 1969, mais de 800 aeronaves Il-18 velocidade constante, reversível e embandeirável

50 | MAGAZINE 3 0 8
ESTADOS UNIDOS
SIKORSKY HH3F – WINVIAN RESORT, CONNECTICUT

EM MEIO A 45 HECTARES experiência. Aqui as dependências


(equivalente a 45 campos de de quarto e banheiro ficam do
futebol) de uma tradicional lado de fora da aeronave.
propriedade da Nova Inglaterra, O HH-3F foi fabricado pela Si-
no estado americano de Connec- korsky Aircraft, divisão da United
ticut, está o Winvian Resort. Em Aircraft Corporation, Stratford,
1948, a família Smith comprou a Connecticut, equipado com um
histórica propriedade que data de único rotor principal, motores
1775 e a nomeou Win-Vian, uma duplos com potência nominal
combinação dos primeiros nomes de 1.500 cavalos de força por
de Winthrop Smith e sua esposa eixo (shp) cada, trem de pouso
Vivian. Quando Win morreu, Vi- em triciclo totalmente retrátil, O HH-3F tinha uma velocidade
vian se casou com Charles McVay, recursos anfíbios e uma rampa de máxima de 142 nós, com uma
capitão da Guarda Costeira. Mais ré operada hidraulicamente, que velocidade normal de cruzeiro de
tarde, a propriedade se transfor- podia ser aberta em voo, no solo 130 nós e um alcance de 650 mi-
mou em um hotel com a adição ou na água. O HH-3F também foi lhas náuticas. A Guarda Costeira
de dezoito chalés de luxo, cada um adequado para proteção ambien- comprou 40 HH-3F e o último foi
deles com temática distinta. tal marinha, apoio logístico e de entregue em 1973.
Um deles disponibiliza um he- reconhecimento, aplicação de leis
licóptero Sikorsky HH3F de 1968 e tratados, prontidão para defesa e
com sete toneladas dentro de uma interdição de drogas. SIKORSKY HH3F
casa de campo, dando ao local a Em novembro de 1967, 2 General Electric
Motores
aparência de um hangar. Meti- a Guarda Costeira dos EUA T58-GE-10*
culosamente restaurado, o “Sea adquiriu o primeiro dos HH-3F Comprimento 22,00 m
Envergadura 19,00 m
King Pelican”, que serviu à Guarda Pelican. Este helicóptero anfíbio Altura 5,51 m
Costeira americana, abriga as de turbina dupla e médio alcance, Peso vazio 6.051 kg (13.341 lb)
instalações de uma sala de TV e para qualquer clima, estendeu as Peso máximo de decolagem 10.000 kg (22.050 lb)
bar, possibilitando aos hóspedes capacidades de busca e salvamen- Velocidade 265 km/h a 19.000 ft
desfrutar de uma confortável to offshore da Guarda Costeira. Autonomia 1.443 km

MAGAZINE 3 0 8 | 51
BR ASIL
EMB 120 BRASÍLIA – SUÍTE AERO FLYER, MINAS GERAIS

A BUCÓLICA CIDADE DE ria, construção da torre de contro- até um trolley original de quando a
Monte Verde, no distrito de Ca- le e reforma do interior e exterior aeronave estava em atividade. Para
manducaia, no sul de Minas Ge- do Brasília foram consumidos manter o clima, o recepcionista da
rais, a 160 quilômetros da cidade dois anos de trabalho e perto de suíte, vestido a caráter, espera os
de São Paulo, também possui sua 500 mil reais em investimento. “A hóspedes da Aero Fyer na porta de
versão “aeropousada”, a única do logística para colocá-lo onde está entrada da “aeronave”.
gênero no país. A suíte Viviê Aero foi uma verdadeira operação de Apaixonado por aviação, Mar-
Flyer é a principal atração da hos- guerra e não economizamos para cel conta que acaba de adquirir
pedagem, que aposta em luxo e que a suíte contasse com todos um Cessna 182, mas garante: “Este
sofisticação para seduzir os aman- os itens de requinte e confor- não será usado como hospeda-
tes de aeronaves em um modelo to”, acrescenta o empresário. O gem. Está em perfeito estado!
EMB-120 Brasília acoplado a uma público-alvo da Aero Flyer são Quero me brevetar o mais rápido
torre de controle. “A ideia de cons- casais e entusiastas pela aviação. possível e voar com ele por muitos
truir um chalé dentro de um avião Embalados pelo clima romântico, anos”, diz o empresário, que sem-
surgiu quando eu assistia a um alguns pedidos de casamento já pre sonhou em ser piloto.
programa de tevê que mostrava foram feitos a bordo. O EMB 120 Brasília deveria
um americano que resolveu morar As instalações realmente im- ser batizado como Araguaia. Sim,
numa velha aeronave. Se pode pressionam. O acesso à aeronave o nome Brasília era a segunda
servir de casa, por que não pode é feito por uma escada diantei- opção deste modelo da Embraer
servir de hospedagem?”, questiona ra. Na cabine, os instrumentos que ganhou os céus pela primeira
Marcel Oliveira, proprietário da estão totalmente preservados vez em julho de 1983. Criado para
pousada Viviê, apaixonado por e há um computador de bordo atender ao segmento da aviação
aviação desde criança. com simulador de voo, controles regional para até 30 lugares, o
O avião produzido pela da aeronave e bancos de couro EMB-120 foi importantíssimo
Embraer entre 1983 e 2001 foi personalizados. O interior é de- para a Embraer, uma vez que o
adquirido em um leilão em São corado com luzes LED, poltronas modelo marcou a participação
Paulo, em abril de 2014. Entre giratórias, mesa retrátil executiva, do país no mercado americano.
preparação do local que o recebe- sofá, lavabo, guarda-malas, tevê e Segundo modelo da família EMB-

52 | MAGAZINE 3 0 8
-12X, que teve o Xingu como e utilizado por várias companhias
primeiro representante, em que regionais nos Estados Unidos,
pese ser um modelo bastante di- sendo a empresa ASA a primeira a
ferente, foi utilizada a experiência utilizá-lo no trecho entre Gaines-
de pressurização e cauda em “T” ville e Atlanta.
daquele avião. A pintura em metal polido uti-
Os motores utilizados são lizada por vários operadores deu
os Pratt & Whitney PW 118A e ao Brasília o apelido Silver Bullet
PW 118B, com 1.800 cavalos de (bala de prata). No Brasil, o mode-
potência por eixo cada um. Por ter lo foi adquirido pela Força Aérea EMB 120 BRASÍLIA
hélices quadripás de material com- Brasileira, mas comercialmente só 2 Pratt & Whitney
Motores
posto, localizadas nas asas pró- em 1988 teve o primeiro modelo PW118
ximas ao solo, o avião não pode encomendado pela Rio Sul Linhas Comprimento 20,00 m
Envergadura 19,80 m
operar em pistas não preparadas. Aéreas. Nos anos 1990, “caiu nas Altura 6,35 m
O Brasília pousa e decola tranqui- graças” da aviação regional do Peso vazio 7.100 kg (15.652 lb)
lamente em pistas com mais de Brasil. No total, foram produzidas Peso máximo de decolagem 11.980 kg (26.411 lb)
1.500 metros de comprimento. Ele pela Embraer 359 unidades entre Velocidade 552 km/h a 19.000 ft
foi homologado pela FAA em 1985 1983 e 2001. Autonomia 1.750 km

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O FUTURO
INDÚSTRIA

DO 737
Crise envolvendo o jato mais popular de todos os tempos
obriga a Boeing a considerar novas estratégias, inclusive
a de lançar um substituto antes do previsto
PO R | E D M UND O UB I RATA N
A
decisão da Boeing aviões novos prontos para entrega PROCESSOS
de suspender a pro- aos clientes, gerou uma série de A falha no projeto de uma aerona-
dução do 737 MAX dúvidas em relação ao futuro ve é algo bastante grave. Mas isso
aconteceu porque do jato. Não apenas em relação já aconteceu e não despertou tanta
seria inviável para a a seu desempenho comercial, atenção nem gerou a controvérsia
empresa manter ativa a linha de mas, sobretudo, à capacidade que envolve o caso 737 MAX. O
montagem do novo jato sem um da Boeing de honrar todos os que houve? Os problemas parecem
prazo definido de retomada dos pedidos. Especialistas nos Estados ter ido além de um erro de enge-
voos comerciais do modelo. Ainda Unidos acreditam que o fabricante nharia. A forma como a antiga
assim, trata-se de um fato inédito norte-americano poderá abreviar direção da Boeing encaminhou
na história da indústria aeronáu- a vida da versão MAX, passando a o processo pode ter sido decisiva
tica. Um recordista de vendas, trabalhar muito antes do esperado para o atual quadro, que se tornou
queridinho de empresas aéreas, em um substituto. tão grave quanto incontrolável. E o
pilotos e muitos passageiros, perde A expectativa era que a família impensável aconteceu.
a aura de avião impecável para se 737 MAX pudesse ser comercializa- Quando o acidente com o voo
torna um pesadelo sem-fim. Mas da por mais 15 ou 20 anos, quando da Lion Air completava um ano, em
o que isso significa? Será o fim se justificaria sua aposentadoria em outubro de 2019, o então CEO da
do legendário 737, o avião mais definitivo. A questão é que, após os Boeing, Dennis Muilenburg, acabou
popular de todos os tempos? dois acidentes, a FAA (Federal Avia- convocado para uma audiência no
tion Administration) vem realizando Senado nos Estados Unidos. Com
SUBSTITUTO um escrutínio sem paralelo no pro- mais consequências políticas do que
A pausa na produção do 737 jeto do 737, incluindo no da família jurídicas, ao menos de forma direta,
MAX, que acumula mais de 4.500 NG, e os planos da Boeing podem o comitê criou um impasse para a
pedidos, com pelo menos 400 mudar – se é que já não mudaram. empresa. Além de comprometer

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pian Airlines, considerada uma das
mais seguras empresas aéreas do
mundo, mergulhou sem controle
após decolar e se envolveu em mais
um acidente sem sobreviventes. O
MCAS voltou ao debate, mas, desta
vez, com fortes evidencias de que
havia algo errado no sistema. Nova-
mente, a Boeing procurou se eximir
de qualquer responsabilidade.
“Talvez esse tenha sido seu maior
erro em 100 anos de existência”,
avalia William Clark, analista de
uma seguradora especializada no
setor aeronáutico. “Ao esconder deli-
beradamente que conhecia as falhas
do MCAS, os executivos minaram
toda a confiança da comunidade
aeronáutica na Boeing e no processo
de certificação”.

MENSAGENS INTERNAS
Durante a audiência no Comitê de
Comércio do Senado, o tema foi
debatido de forma enfática pelos
senadores, que acusaram a Boeing
o futuro comercial do programa, borando de forma proativa com as de omitir informações. Entre os
os danos à imagem do 737 MAX investigações, e tomando decisões temas tratados na audiência estava o
criaram oportunidades para advo- pragmáticas. teor de mensagens internas trocadas
gados em todo o mundo moverem entre os funcionários da Boeing.
processos indenizatórios contra a ERRO HISTÓRICO Elas sugeriam que os problemas
Boeing, uma avalanche deles. Em 2018, logo após o acidente com o MCAS eram de conhecimen-
A crise levou à queda de com o voo da Lion Air, ainda no to da engenharia e de grande parte
Muilenburg, substituído por David calor do momento, o fabricante da cadeia de comando da empresa.
L. Calhoun depois de uma gestão norte-americano se mostrou um Além disso, davam a entender que
temporária de Greg Smith. “O tanto arredio na forma como lidou a FAA não possuía informações
Conselho de Administração decidiu com a situação. Nos dias seguintes completas sobre o sistema.
que era necessária uma mudança de à catástrofe, já havia uma descon- Durante a abertura do comitê,
liderança para restabelecer a con- fiança em relação ao sensor de a senadora Maria Cantwell, de
fiança na companhia, que trabalha ângulo de ataque (AoA) e alguma Washington, caracterizou o
para reparar o relacionamento com suspeita sobre a atuação do MCAS processo como uma queda nos
reguladores, clientes e todas as de- em alguns casos. Na época, no en- padrões de segurança e destacou
mais pessoas interessadas”, afirmou tanto, a Boeing chegou a afirmar a necessidade de reavaliar como
a Boeing em comunicado. No dia que o acidente havia sido causado, sistemas automatizados são certifi-
do anúncio da troca de comando, as possivelmente, por um erro de pi- cados, podendo envolver até uma
ações da Boeing operaram em alta e, lotagem, sem ligação direta com o auditoria realizada por terceiros.
nas semanas seguintes, o otimismo AoA, o MCAS ou qualquer outra Já o senador Roger Wicker, do
do mercado se confirmou. A nova falha técnica. Mississippi, que presidia o comitê,
gestão se mostrou mais atenta à A situação começou a mudar questionou como se deu o processo
transparência no processo, cola- quando um 737 MAX 8 da Ethio- de certificação do 737 MAX e por

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COM A ESCALADA DA ser questionado sobre a troca de
mensagens internas, Muilenburg
a sinais errôneos de um sensor
que mede o ângulo de ataque do
CRISE ENVOLVENDO OS afirmou acreditar que elas haviam
sido enviadas antes do segundo
avião”, admitiu o executivo.
Ao ser questionado por que,
SISTEMAS DO 737 MAX, acidente.
“A Boeing veio ao meu escri-
mesmo após o primeiro aciden-
te, ninguém da Boeing levantou
A FAA FOI ACUSADA DE tório logo após esses acidentes e preocupações para impedir o
disse que foram o resultado de um segundo desastre, Muilenburg
OMISSÃO NO PROCESSO erro do piloto”, revelou o senador afirmou que se soubesse tudo o

DE CERTIFICAÇÃO
Richard Blumenthal, de Connec- que sabia no momento da audiên-
ticut, enquanto questionava Mui- cia, “teria tomado uma decisão
lenburg sobre processos internos diferente”.
da Boeing. “Esses pilotos nunca
tiveram chance. Esses entes que- OS PILOTOS
ridos nunca tiveram chance. Eles O funcionamento do MCAS foi
que a Boeing não considerou as estavam em caixões voadores como questionado por diversas vezes na
mensagens internas, formalizadas resultado da decisão da Boeing de audiência, assim como o fato de a
por e-mail, sugerindo uma falha esconder o MCAS dos pilotos”. Boeing ter omitido seu funcio-
grave no MCAS. Em uma das “Não culpamos os pilotos. Essa namento, e sua existência, dos
conversas internas, Mark Fork- não é a posição da nossa empresa e pilotos. “O conceito original para
ner, o principal piloto de testes do nunca será”, respondeu o executivo. o desenvolvimento do MCAS
programa 737 MAX, descreveu Todavia, em declarações anterio- era uma extensão do sistema de
problemas encontrados por ele na res, Muilenburg havia dito que as ajuste de velocidade no 737 NG”,
ativação do MCAS em uma série de ações dos pilotos seriam um fator comentou Muilenburg. “Mais
voos em simulador. O piloto ainda contribuinte dos acidentes. informações nos manuais de trei-
afirmou que, com base no que havia Ao questionar Muilenburg por namento não são necessariamen-
observado anteriormente, enganou que a direção da Boeing não havia te mais seguros”. De acordo com
“sem saber” a FAA. feito nada mesmo após um e-mail o senador Blumenthal, o MCAS
“A afirmação de que a engenha- interno levantar preocupações é citado apenas uma vez nos
ria ‘enganou’ o órgão regulador é sobre o funcionamento do MCAS, manuais do 737 MAX, apenas
tudo o que um fabricante não gos- Blumenthal afirmou, em tom fir- no glossário. “Nossa abordagem
taria que ocorresse”, avalia Clark. me, que “o acidente não era apenas é treinar pilotos sobre os efeitos
“Enganar, conscientemente ou não, evitável, mas foi o resultado de um de uma falha. É isso que está no
é algo muito forte e criminoso. padrão de ocultação deliberada”. manual de treinamento. Treina-
Pior, a mensagem no e-mail leva a “Sabemos que cometemos mos os pilotos para responder
crer que, mesmo após ser avisada erros e entendemos algumas coi- aos efeitos da falha, não para
dos problemas, a Boeing optou por sas”, respondeu Muilenburg. “Nós diagnosticar a causa”, explicou
não avisar a FAA e seus clientes”. estamos consertando isso”. Em Muilenburg.
seguida, o executivo admitiu que, A abordagem da Boeing
MCAS após o segundo acidente, na Etió- é questionada até por pilotos
Durante o comitê, Wicker disse pia, a empresa soube da relação veteranos, que consideram que
que as mensagens divulgadas entre o funcionamento do MCAS o sistema possui falhas graves de
refletiam um nível perturbador com as fatalidades. “Quando o desenvolvimento e no alerta aos
de casualidade e insensatez e, por acidente da Ethiopian Airlines pilotos. “Todo avião deve ter re-
isso, pareciam corroborar as críti- estava ainda sob investigação pelas dundâncias para um sistema que
cas à Boeing e à FAA. Segundo ela, autoridades da Etiópia, soubemos atua na superfície de comando,
as mensagens sugerem que o fa- que os dois acidentes envolveram algo que o 737 MAX não tem”,
bricante tinha informações de que a ativação repetida de uma função aponta Rafael, comandante de
havia ao menos “ressalvas” sobre de software de controle de voo, o 737, que preferiu não divulgar seu
o funcionamento do MCAS. Ao chamado MCAS, que respondeu sobrenome. “É necessário ter uma

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contingência para cada provável
falha e treinar os pilotos para que
possam identificar e reagir de
acordo com o problema”.

737NG E ANAC
O comandante sustenta ainda que
a identificação poderia ser por
meio de anúncio, feito por um
alarme ou sinalização. Para ele, a
ausência de qualquer alerta tornou
mais difícil aos pilotos reagirem
quando o MCAS inadvertidamen-
te passou a atuar. “No caso dessa
pane não havia anúncio, o que
tornou a reação mais demorada e
fatal”, diz o piloto. O sistema ba-
seado no software existente no 737
NG, onde os Runaway Stabilizer
Memory Items cobririam a pane
no MCAS, é considerada falha por
diversos pilotos.
A identificação da falha no
caso do 737 NG ocorre pela
electric trim, que passa a atuar outros países. Ao questionar os na qual o fabricante assume que
initerruptamente, o que faz o motivos de FAA e Boeing não atendeu a todas as regras existentes.
piloto associar a identificação da terem levado em consideração a Ainda assim, havia no caso da FAA
pane à trimagem constante. No posição da Anac, Muilenburg res- uma participação ativa em diversos
caso do MCAS, os dados apontam pondeu: “É assim que o processo processos e análises de projeto, cer-
que a trimagem ocorria de forma deve funcionar”. tificação e atendimento a normas.
intercalada, por apenas alguns A mudança nas regras patrocinada
segundos, dificultando a iden- CERTIFICAÇÃO FAA pela Boeing permitiu aos fabrican-
tificação imediata do problema. Com a escalada da crise envol- tes assumir mais responsabilidades
“Quando um piloto demora para vendo os sistemas do 737 MAX, no processo, reduzindo a buro-
identificar a causa de uma falha, a FAA foi acusada de omissão no cracia e os custos. Mas também
em uma situação de elevada carga processo de certificação e mesmo permitiu à indústria desafiar uma
de trabalho, por exemplo, na deco- de regulação. A diretoria foi série de regras, especialmente de
lagem – como nos dois acidentes substituída e o processo de análise segurança, ao tornar o fabricante
–, ela é potencialmente catastrófi- das mudanças no projeto do avião responsável por seus atos. Na prá-
ca”, considera Fernando Oliveira, sofreu diversos atrasos. Além tica, se uma empresa afirmasse que
piloto de 737. disso, documentos publicados na cumpriu determinada regra, mas
O senador Jacky Rosen, de imprensa norte-americana dão a FAA a considerasse insuficiente,
Nevada, lembrou que a Anac conta de que a Boeing havia con- bastava a engenharia dizer que
havia considerado o MCAS uma seguido mudar, após forte pressão, se responsabilizava por eventuais
mudança grande o suficiente para a maneira como a agência atua no problemas futuros.
estar destacada nos manuais de processo de certificação. Uma matéria do jornal The
treinamento dos pilotos brasileiros Tradicionalmente, as autorida- New York Times, após entrevis-
e criticou o fato de essas informa- des dos Estados Unidos entregam tar reguladores, executivos do
ções não terem sido repassadas ao responsável por um projeto setor, funcionários do congresso
pela Boeing para operadores de uma documentação simplificada, e lobistas, afirma que a Boeing

MAGAZINE 3 0 8 | 59
A EXPECTATIVA DE para as superfícies de controle no
estabilizador muito próximos, o
so com a transparência no processo
de recertificação do 737 MAX.
DIVERSOS OPERADORES que, em caso de sobrecarga, pode
gerar um curto-circuito. A FAA RECERTIFICAÇÃO
É PODER RETOMAR OS exigiu testes completos para avaliar
o risco de incêndio, que, caso se
Analistas avaliam que a FAA reali-
zará uma completa reavaliação de
SERVIÇOS COMERCIAIS mostre positivo, obrigará a Boeing todos os sistemas, processos e cons-
trução do 737 MAX. “Existe o risco
COM O 737 MAX
a rever a fiação nos quase 800
aviões 737 MAX já construídos. de agora a FAA reverter as normas

ATÉ AGOSTO Outro problema recente foi


um defeito nos trilhos dos slats,
de certificação, passando a exigir
do projeto do 737 níveis e padrões
que afetou (até o fechamento desta de segurança atuais, diferentes
edição) 178 conjuntos de trilhos, daqueles dos anos 1960, quando o
instalados no 737 MAX e outros 737 foi construído”, sugere Clark.
133 sistemas que voam no 737 NG. O temor é que tal medida torne
ajudou a elaborar a atual legislação, Em comunicado, a FAA informou ainda mais demorada a recertifica-
moldando a linguagem da lei e su- ter encontrado o problema em 311 ção, visto que, desde a série -200,
perando as críticas dos reguladores conjuntos da família 737 e que, a Boeing basicamente homologou
de acordo com suas necessidades. diante de uma quebra potencial, as séries Classic, Next Generation
Na época da mudança na normal, a podem afetar a segurança de voo. e MAX baseada em uma atualiza-
FAA afirmou que o processo “não A agência ressaltou que deverá ção e não como um novo projeto.
seria de interesse da segurança” e aplicar uma multa à Boeing, pois “Era algo corriqueiro, já que eram
que, no fim do processo, a agência o fabricante informou que as mudanças pontuais a cada projeto
se tornaria apenas um avalista, ca- aeronaves envolvidas estavam em e não um novo design. Agora, de-
rimbando o que fosse entregue sem perfeitas condições de voo. Mais pendendo de como as autoridades
poder de vetar diversos pontos. um agravante, segundo a FAA, é de todo mundo vão considerar o
O poder de intervenção ocorreria que a Boeing não assegurou que as MAX, um novo projeto deve seguir
apenas após um acidente. O proce- peças entregues por seus fornece- padrões atuais ou uma atualização
dimento fez com que os congressis- dores atendiam a critérios técnicos de projeto de 1968”.
tas norte-americanos descobrissem exigidos. A multa aplicada para o As autoridades ainda devem
que a FAA nunca analisou por MAX foi de US$ 5,4 milhões e à do exigir um treinamento adicio-
completo o MCAS. NG chegou a US$ 3,9 milhões. nal, em simulador, para todos os
Um terceiro caso grave foi pilotos do 737 MAX, o que deverá
NOVOS PROBLEMAS anunciado pela própria Boeing, onerar ainda mais o programa e
“O problema é que a Boeing tem que disponibilizou ao Congresso ampliar o cronograma para retor-
agora dois acidentes na conta e a dos Estados Unidos, mensagens de no das operações.
FAA, poder para vetar tudo que texto de seus funcionários critican- A expectativa de diversos
considerar incorreto”, considera o do o processo de certificação do operadores é poder retomar os
analista Willian Clark. “Foi aberta 737 MAX conduzida pela Boeing serviços comerciais em meados de
a caças às bruxas”. Desde a proibi- e chancelada pela FAA. Os pilotos junho ou julho deste ano de 2020,
ção dos voos, a FAA iniciou uma se referem a falhas nos simuladores caso a FAA e demais agências de
minuciosa revisão do projeto do de voo. “Este avião [o 737 MAX] aviação emitam o certificado de
737 MAX, estendendo a avaliação é desenhado por palhaços, que, tipo antes de março. Até lá, o futu-
para a série Next Generation. por sua vez, são supervisionados ro do 737 MAX continua incerto,
Durante a auditoria no proces- por macacos”, diz uma mensagem ao mesmo tempo em que a Boeing
so de recertificação do 737 MAX, interna trocada por funcionários em poderá levantar até US$ 5 bilhões
a Boeing encontrou problemas 2017, um ano antes do acidente com em dívidas adicionais, para ajudar
na fiação da aeronave. O projeto o voo da Lion Air. A Boeing, na oca- a cobrir as despesas que devem
original colocou dois chicotes da sião, afirmou ter divulgado a íntegra atingir, no primeiro semestre, a
cablagem do sistema de controle das mensagens por seu compromis- marca de US$ 15 bilhões.

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CLIMA
AV I AÇ ÃO R EG U L A R

INSTÁVEL
Iata ensaia resposta a movimentos antiaéreos liderados
por ativistas ambientais enquanto espera fechar a
década com todos os anos no azul na média mundial
POR | GIU L IA NO AGMO NT, D E GE NEB RA

A
Associação Interna- O evento aconteceu em CARBONO
cional do Transporte um momento delicado para Apesar de as teses em torno
Aéreo (Iata, na sigla o transporte aéreo mundial, das mudanças climáticas ainda
em inglês) completa não só pela crise envolvendo dividirem opiniões, o lobby
75 anos de existência o Boeing 737 MAX, mas, tam- do movimento ambiental já se
em 2020, mais precisamente no bém, e principalmente, porque mostrou poderoso o suficiente
mês de abril. Fundada em Havana, a alguns quilômetros dali, em para interferir nos negócios,
capital de Cuba, a entidade surgiu Madri, na Espanha, ocorria a sobretudo nos de uma indústria
na esteira da Convenção de Chica- Conferência das Nações Unidas com atuação global como é o caso
go, o tratado global que estabele- sobre Mudanças Climáticas, da aviação. O diretor-geral e CEO
ceu as bases da aviação civil como a COP 25, com a presença da da Iata, o francês Alexandre de
a conhecemos hoje. Sem cerimô- ativista sueca Greta Thunberg, Juniac, sabe disso. Representante
nia, a Iata lembrou da data durante que estava na capa da revista de 290 empresas que respondem
a reunião que promove todo fim Time como personalidade do por 82% do tráfego aéreo mun-
de ano com jornalistas do mundo ano e havia cruzado o oceano dial, ele dedicou grande parte de
inteiro em sua sede de Genebra, na Atlântico em um barco a vela seu discurso de abertura para a
Suíça, para apresentar balanços e para protestar justamente con- questão ambiental. “O carbono é
perspectivas da indústria. tra as viagens aéreas. o inimigo, não o voo”, enfatizou

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O diretor-
geral e CEO
Alexandre de
Juniac: “O voo
não é o inimigo”

É a quantidade de passageiros
que viaja hoje em 18 horas”,
compara o CEO da entidade.

BIOCOMBUSTÍVEL
Na última década, apesar do
crescimento, a aviação regular
superou a meta de aumento de
eficiência no consumo de com-
bustível, registrando uma me-
lhora anual de 2,3% desde 2009,
ante o objetivo fixado de 1,5%
ao ano. Com o investimento de
cerca de um trilhão de dólares
que determinaram a chegada
ao mercado de modelos como o
Boeing 787 e o Airbus A350 e a
entrada em serviço dos remo-
torizados A220, família neo e
Embraer E-Jet E2, a substituição
de aeronaves antigas por novas
se tornou inevitável, contribuin-
do bastante para esse resultado.
O próximo passo é inves-
tir em uma ampla transição
energética para os chamados
combustíveis sustentáveis da
aviação (SAF, na sigla em in-
o executivo, em resposta aos mo- de carbono com os biocombustí- glês). A intenção é que, até 2025,
vimentos antiaéreos. “E estamos veis”, acredita Juniac. “Criar taxas os biocombustíveis representem
fazendo nossa parte, temos uma ambientais, que encarecem o voo, pelo menos 2% do consumo dos
meta de reduzir nossas emissões não é a solução”. grandes jatos e se tornem viáveis
de carbono até 2050 para um Atualmente, o transporte economicamente. A Iata aposta
nível equivalente à metade do aéreo é responsável por cerca de ainda em melhorias nos sistemas
que emitimos em 2005”. 2% das emissões de carbono na de controle de tráfego aéreo,
A aposta da Iata é em um atmosfera, segundo estimativas. adotando rotas mais diretas e
programa que batizou de Corsia Por ano, transporta mais de 4,5 melhorando a coordenação dos
(Esquema de Redução e Com- bilhões de passageiros e 61 tone- voos em terminais críticas.
pensação das Emissões de Car- ladas de carga entre pelo menos Pensando no longo prazo, as
bono da Aviação Internacional), 22 mil cidades ao redor do mun- empresas aéreas discutem o uso
que entre em vigor neste ano, e do. É o dobro de movimento de de eletricidade para impulsionar
também em soluções tecnológi- duas décadas atrás, no final dos os motores aeronáuticos. O pro-
cas capazes de tornar a aviação anos 1990. “Quando a Iata surgiu, blema é que o armazenamento de
mais sustentável. “Podemos em 1945, os aviões transportavam energia elétrica cria um impasse
cortar mais de 80% das emissões nove milhões de pessoas por ano. para os projetistas. Para obter

MAGAZINE 3 0 8 | 63
O economista-chefe
Brian Pierce: “A
economia depende
de eficiência em
conectividade”

no Brasil e no México e quedas


menos acentuadas na Argentina
e Venezuela. “Isso representa um
balanço positivo de 500 milhões
de dólares”, diz a entidade.
Para Peter Cerdá, vice-presi-
dente regional da Iata, responsável
pelas Américas, o tráfego aéreo
deve dobrar na região nos próxi-
mos 20 anos. “Alguns países como
o Panamá, que tem um governo
pró-aviação, um hub forte como
Tocumen e uma empresa aérea
robusta como a Copa, deve ter um
crescimento médio de 5,5% ao ano
em duas décadas”, diz o executivo.
Para o Brasil, a expectativa é de
acréscimo de 105 milhões de novos
potência, eles precisam de baterias guerras comerciais e instabilida- passageiros até 2038. “O Brasil
NÚMEROS maiores e mais pesadas, o que des políticas. O preço médio do também tem potencial consideran-
PARA 2020 interfere no voo. Por isso, a meta é barril de petróleo ficou em 65 dó- do que o número de viagens per
criar projetos com alcance suficien- lares (Brent) em 2019 e deve cair capita no país é de apenas 0,5 por
23.162 CIDADES
te para cumprir boa parte das rotas em 2020 para 63 dólares por bar- habitante. Na Espanha são 4,4 e no
com conexões diretas
hoje operadas por grandes jatos. ril, pelo menos em uma estimati- Canadá, 2,6. O Chile tem 1,2 e o
atendidas pelas
companhias aéreas va anterior à crise entre Estados Panamá, 1,3”.
NO AZUL Unidos e Irã. Já o querosene de
US$ 908 BILHÕES No âmbito econômico, o econo- aviação deve ter uma leve queda, DESAFIOS
de gastos de mista-chefe da Iata, Brian Pierce, para 75,6 dólares por barril. “O Para a Iata, o crescimento da
consumidores e anunciou uma revisão para baixo gasto do setor com combustível América Latina depende de cinco
empresas com da expectativa de lucro global do deve ser de 182 bilhões de dólares fatores: melhor infraestrutura
transporte aéreo setor aéreo em 2019, caindo de 28 e representará 22,1% das despe- aeroportuária e de controle de
bilhões de dólares para 25 bilhões sas”, informa a Iata. tráfego aéreo, menos tarifas, taxas
US$ 7,1 TRILHÕES de dólares. Para 2020, a estima- e impostos, normas mais inteli-
transportados pelo tiva é de lucro de 29,3 bilhões. AMÉRICA LATINA gentes, incremento de segurança
comércio Se se confirmar o resultado, a A Iata apresentou números que e redução de fraudes. A questão
década de 2010 terminará com mostram que o desempenho da infraestrutura é especialmente
US$ 968 BILHÕES todos os anos fora do vermelho econômico de uma região tem crítica em relação aos ambien-
gasto com turismo
para a aviação. A previsão de relação com sua malha aérea. “A tes de tráfego aéreo de próxima
associado a viagens
receita para o ano que vem é economia depende de eficiência geração (Next Gen). Segundo a
aéreas
de 872 bilhões de dólares, um em conectividade”, disse Brian Iata, a região está bem atrasada
US$ 136 bilhões aumento de 34 bilhões em relação Pierce. Um recado para regiões nesse quesito. Já o problema das
para os cofres a 2019, atingindo 7,72 bilhões de menos desenvolvidas como a taxas recai sobretudo no preço do
dos governos em passageiros. As empresas aéreas América Latina, que ficou no combustível, especialmente no
impostos e taxas empregam quase 30 milhões de vermelho em 2019, com déficit Brasil. Um fenômeno novo que
pessoas em todo o mundo. de 400 milhões de dólares. Para chama a atenção da entidade diz
Segundo a Iata, o PIB global 2020, a Iata espera que as com- respeito às leis e à “judicialização”.
deve ser de 2,7% neste ano, com panhias aéreas se beneficiem da “Nesse quesito, o Brasil é o pior
crescimento do comércio de 3,3% recuperação de 1,8% prevista pelo lugar do mundo para se operar.
e menos tensões geradas por FMI, com crescimento mais forte Muitas vezes as empresas têm de

64 | MAGAZINE 3 0 8
PINGUE-PONGUE
Peter Cerdá, vice-presidente
regional da Iata para as Américas

As low costs vão entrar


no mercado doméstico do Brasil?
O Brasil precisa eliminar barreiras
em termos de custos e regulamentos
para atrair essas novas empresas.
Quando fizer isso, vai crescer. Veja o
que aconteceu com Peru, Colômbia,
Chile e Argentina. A ‘judicialização’
e a falta de alinhamento a normas
internacionais afugentam as low
costs, porque o custo aumenta muito.
O mesmo vale para impostos, taxas
e tarifas. Isso prejudica o sistema e
penaliza o passageiro, pela falta de
competitividade e preços elevados.

pagar por danos 737 MAX Por favor, explique.


morais sob os quais Na conferência sobre seguran- O Brasil tem plenas condições de se tornar
não têm controle, ça de voo, o tema principal foi um líder global. São 200 milhões de
como falhas do o caso do Boeing 737 MAX. O pessoas fazendo milhares de voos. Só que
sistema de controle vice-presidente sênior Gilberto os canadenses voam três vezes mais do
de tráfego”, critica López Meyer, responsável pela que os brasileiros. Para crescer, a aviação
Cerdá. Por fim, há a área de Segurança e Operação brasileira precisa de custos competitivos,
questão das fraudes na compra e de Voo da Iata, disse que voou regulação global e o governo trabalhando
Gilberto López reserva de passagens, que custam o simulador do novo jato e está próximo da indústria. Há oportunidades
Meyer: “A de surgimento de novos hubs, além de
cerca de 1,4 bilhão de dólares por convencido de que a situação
confiança no 737 São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso de
ano para a indústria. tende a se resolver da melhor
MAX será decisiva Fortaleza, Recife, Natal e outros. Há
O CEO da Iata também forma possível. “A ocorrência oportunidades no futuro. Mas é preciso
para que o avião
volte a voar” falou sobre o Brasil. Comentou de dois acidentes com o mes- parar de discutir temas como bagagens
a falência da Avianca Brasil. mo modelo de avião em um ou novas restrições. Tem de pensar no
“Falências acontecem no mundo intervalo tão curto de tempo é passageiro e crescer. Se os preços dos
todo. Somos uma indústria muito algo realmente muito raro”, re- bilhetes caem, o número de voos sobe e as
frágil. As pessoas têm dificuldade conheceu López. “A confiança conexões também.
de entender isso, especialmente no avião será decisiva para
os políticos. Não temos muito que volte a voar. Até porque Qual o impacto da
dinheiro. Temos muito receita, o processo de certificação é saída da Avianca Brasil?
mas poucas margens, pouco lu- crítico, e não só para o Boeing O mercado brasileiro já assimilou a
cro”, diz Juniac. “No Brasil, há um 737 MAX, mas para todas as saída da Avianca e está estável. Deve
agravante. O custo de operação é futuras aeronaves”. A iata tam- crescer 4% em 2020.
muito alto. A começar pelo custo bém destacou a preocupação
E quanto ao 737 MAX?
do combustível. Temos também com o transporte de baterias
A expectativa é que volte a voar e as
tarifas elevadas, especialmente as de lítio e a vulnerabilidade
companhias possam expandir serviços,
aeroportuárias. Além disso, é um cibernética do sistema com mais conexões. Hoje, estão
país grande. Não é fácil”. de aviação. limitadas porque não têm a aeronave,
como é o caso da Gol.

66 | MAGAZINE 3 0 8
O primeiro clube de
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do Brasil

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O TRANSPORTE
AV I AÇ ÃO C I V I L

AÉREO BRASILEIRO
O retrato de uma indústria responsável pela
operação de mais de 20 mil aeronaves no país
PO R | D ÉCI O COR R ÊA* , E SP EC I A L PA RA A E R O M AG AZ I NE

É
inquestionável o Destaque-se que estas aeronaves A formação aeronáutica é um
fato de que o siste- compõem mais de um terço de dos segmentos em que o desco-
ma de aviação civil uma frota de 21 mil aeronaves da nhecimento das autoridades e a
brasileiro atravessa nossa aviação geral. falta de uma política voltada para
mais um período O segmento de táxis-aéreos o setor é devastador. O número de
de suas crises crônicas. Das também foi severamente atingido, aeroclubes que vem encerrando
14 empresas de linhas aéreas amargando o encerramento de suas atividades impressiona e o
regionais que contávamos há atividades de mais de uma cente- envelhecimento da frota de aero-
pouco mais de 10 anos, restou na de empresas, reduzidas hoje a naves para a instrução prática faz
apenas a Passaredo. pouco mais de 120 ativas. Apenas prever um futuro sombrio para a
Nesse mesmo período, 11 dos como exemplo, entre outros, o formação de pilotos e mão de obra
nossos fabricantes e montadores estado do Rio Grande do Sul, pra- especializada para o setor.
de aeronaves leves encerraram ticamente não tem mais ligações Na aviação geral de peque-
suas atividades, restando penas de linhas aéreas regionais e tam- no porte – que inclui a opera-
quatro prestando serviços de ma- bém esta restrito a uma “meia- ção e manutenção de aviões e
nutenção para uma frota de quase -dúzia” de taxis-aéreos, em sua helicópteros voltados para missões
oito mil aeronaves fabricadas ou maioria transportando valores e de negócios, transportando carga
montadas por essas empresas. serviços aeromédicos. e passageiros – e na infraestrutura

68 | MAGAZINE 3 0 8
O MERCADO
EM 9 SALAS
Os debates no Fórum
Brasileiro de Transporte Aéreo
aconteceram respeitando a
seguinte divisão:

Linhas Aéreas
Regulares e
Carga Aérea;

Linhas Aéreas
Regionais;

Aviação Geral
e Indústria
Aeronáutica Leve;
aeroportuária os problemas são crática discussão com todos aque-
igualmente severos. les que, de alguma forma, fazem Aviação de Negócios
No segmento de linhas aéreas parte do sistema de aviação civil, e Asas Rotativas;
regulares, grandes empresas sejam eles empresários, entida-
como a Gol, a Azul e a Latam des representativas e autoridades Manutenção
são a face mais visível. Problemas responsáveis. Pode dar muito Aeronáutica;
com a dolarização nos preços trabalho, mas, seguramente, é o
dos combustíveis, diferencial de melhor caminho. Táxi-Aéreo;
alíquota do ICMS sobre combustí-
veis, deficiências na infraestrutura * O comandante Décio Corrêa é Infraestrutura
aeroportuária, falta de uma aviação o idealizador do Fórum Brasileiro Aeroportuária;
regional que promova o trans- do Transporte Aéreo, realizado nos
porte aéreo em cidades de menor dias 5 e 6 de novembro, no WTC Seguros
densidade de tráfego e, por fim, um Events Center em São Paulo, que Aeronáuticos;
novo fenômeno no setor, que é a reuniu integrantes das diversas
“judicialização” sobre a atividade. áreas da aviação civil em nove Combustíveis.
Atraso, cancelamento de voo, salas de discussão e produziu um
extravio de bagagem ou outro documento enviado às principais
problema de qualquer natureza, autoridades de aviação do país.
relacionado ao voo, a empresa
passa a receber uma avalanche de
processos na Justiça. O problema é
tão sério que, apenas a Latam, re-
cebe em média 500 ações por mês. ROTAS SUB-REGIONAIS
É realmente um fenômeno novo e, Um novo modelo de transporte aéreo aproxima aviação privada e regular
para se ter uma ideia de sua gravi-
dade, a American Airlines recebe O uso de aeronaves como o Caravan na aviação sub-regional – Two Flex e
Astra operam o monoturboélice da Cessna – aproxima as fronteiras entre a
no Brasil, mais ações na justiça do
aviação privada e o transporte aéreo regular. No Fórum, falou-se que estas
que em todo o resto do mundo.
companhias sub-regionais demandam pouca infraestrutura e podem se revelar
A quebra da Avianca Brasil
um vetor de crescimento, já que não precisam de sala de embarque e outras
em 2018, num mercado onde “mordomias” para levar seus passageiros. Na maioria das vezes, uma pintura da
operavam apenas quatro empresas pista e a colocação de cercas no aeródromo são suficientes para se operar nessa
aéreas regulares, foi uma forte nova fronteira. Segundo a Infraero de Congonhas, que já recebe esses voos
sinalização de que algo vai muito sub-regionais, o desafio é receber uma aeronave que sai de um aeroporto sem
mal no transporte aéreo brasileiro. infraestrutura para um com e, portanto, com padrões diferentes de operação. 
Os atuais problemas do setor
demandam uma ampla e demo-

MAGAZINE 3 0 8 | 69
AV I AÇ ÃO M I L ITA R
O ATAQUE AO LÍDER
MILITAR DO IRÃ
Os detalhes da ofensiva norte-americana em Bagdá usando esta
genuína máquina de guerra assimétrica, o drone MQ-9 Reaper
P O R | FE L I PE S A LL E S
O MQ-1 Predator deu início à família
de drones da General Atomics

N
a madrugada da
primeira sexta-
-feira de 2020, dia
3 de janeiro, dois
mísseis Hellfire
lançados por um drone MQ-9
Reaper da Força Aérea dos Estados
Unidos acertaram veículos de um
comboio que deixava o aeroporto
internacional de Bagdá, no Iraque. duas décadas, incluindo interven- ao modelo anterior. Sua capacidade Sob o nariz do
O ataque matou o major-general ções em locais como Golfo Pérsico, de levar armamento e sensores drone fica a
Qasem Soleimani, o militar mais Síria, Iraque, Líbano e Iêmen. aumentou dez vezes. Já a altitu- torreta eletro-
importante do Irã, além de outras de máxima operacional dobrou, óptica e, em
cima, a antena
figuras importantes das milícias A AERONAVE passando de 25 mil para 50 mil pés. de comunicação
xiitas iraquianas. Apesar de seu A plataforma aérea do MQ-9 Rea- A autonomia foi o único parâmetro de dados via
título, Soleimani não pertencia per é a evolução direta e substancial que permaneceu idêntico: 24 horas satélite
ao exército ou às demais forças do pioneiro MQ-1 Predator, que até o combustível se esgotar.
militares da República Islâmica do entrou em serviço em 1994. O voo
Irã. Ele ocupava o posto mais alto inaugural do primeiro protótipo do A OPERAÇÃO
da hierarquia da poderosa Força MQ-9 ocorreu em 2 de fevereiro de Multimissão por natureza, além
Quds do Exército dos Guardiães 2001. Enquanto o Predator é um de marcar seus próprios alvos com
da Revolução Islâmica – uma or- aparelho relativamente pequeno, o laser da torreta ótica, o Reaper
ganização paramilitar subordinada do tamanho aproximado de um pode receber, via datalinks, dados
diretamente ao Líder Supremo do Cessna 172, seu herdeiro tem prati- de designação de alvos transmitidos
Irã, o aiatolá Ali Khamenei. A For- camente a mesma dimensão de um por equipes em solo para orientar
ça Quds é a organização responsá- Embraer A-29 Super Tucano, ou suas armas. Alternativamente, ele
vel pelas operações no exterior do seja, quase 50% mais longo – e uma também pode ser empregado para
Irã e Soleimani, velho conhecido envergadura bem maior. identificar, com a torreta laser, alvos
dos americanos, foi o mentor de A adoção de um motor turbo- para bombas GBU transportadas
diversas iniciativas militares e de -hélice Honeywell no MQ-9 dobrou por outras aeronaves, incluindo
inteligência iranianas nas últimas a velocidade de patrulha em relação caças e bombardeiros B-1B.

72 | MAGAZINE 3 0 8
TAMANHOS COMPARADOS

Drones como o Reaper são piloto humano do LCE, localiza-


normalmente conhecidos pela sigla do na sua base temporária – no
MALE, indicando seu longo alcan- Oriente Médio ou onde quer que
ce e operação em médias altitudes. esteja ocorrendo a operação. Alçado
As asas longas e estreitas, como as o voo, o controle é transferido
de um planador, permitem voos de para um piloto e um operador de
longo alcance vitais para esse tipo sensores instalados no MCE, a mais
de missão. Sob a raiz das asas o de 12 mil quilômetros de distância.
MQ-9 tem quatro robustos pilones, Sim, o piloto que matou o líder
dando-lhes a capacidade de carre- militar iraniano comandava o drone
gar e lançar duas bombas JDAM, da base aérea de Creech, no estado
de até 500 quilos cada, guiadas por americano de Nevada, por meio de
sinal GPS, além de quatro misseis datalinks via fibra ótica e satélites.
Hellfire em cabides duplos. A grande distância existente entre de disparar o míssil e voltar à sua
operador e aeronave, cada um de base, a autonomia extremamente
O CONTROLE um lado do oceano Atlântico, gera longa dos Reaper permite que seus
O sistema de controle dos Reaper se um atraso de dois segundos entre os “tripulantes” observem por semanas
divide em dois ambientes separados, comandos dados e o efeito desejado ou meses seu alvo enquanto executa
o Launch and Recovery Element na aeronave. suas tarefas do dia a dia, antes que a
(LCE) e o Mission Control Element Diferente dos pilotos de caças ordem de tiro seja finalmente dada.
(MCE). A aeronave sempre decola tradicionais, que só identificam seus Um comandante sênior da unidade
e pousa sob o radiocontrole de um alvos por alguns segundos antes de Reaper confirmou o peso deste

MAGAZINE 3 0 8 | 73
O motor Honeywell
TPE331-10GD
fica na cauda, em
configuração pusher

O UAV MQ-9 REAPER


O General Atomics MQ-9 Reaper é uma aeronave
não tripulada capaz de ser pilotada remotamente ou
de ser operada de forma autônoma. O modelo foi
projetado para atender a requisitos operacionais da
USAF, a Força Aérea norte-americana.
fardo moral ao declarar que, na – ironicamente foram estes drones
verdade, o impacto dessas operações um dos primeiros equipamentos
General Atomics
é “muito maior do que jamais foi em da USAF enviados para a Ásia Fabricante
Aeronautical Systems, Inc.
uma cabine tripulada”. Central após o 11 de setembro.
Custo unitário US$ 16 milhões (2013)
O HISTÓRICO GUERRA AO TERROR Início das
Foi na Guerra da Bósnia, em Drones vêm sendo usados pelos 1º maio de 2007
operações
1999, que a Força Aérea Ameri- americanos para assassinar
Localizar, marcar a
cana começou a usar drones Pre- “terroristas” desde o início da
Função primária posição com precisão e
dator para monitorar atividades e chamada Guerra ao Terror. abater alvos
movimentações de seus inimi- A partir do ataque de 11 de
gos. Inicialmente, em missões setembro de 2001, o presidente Turbo-hélice Honeywell
Propulsão
classificadas como Inteligência, George W. Bush e seus sucessores TPE331-10GD 
Monitoramento e Reconhecimen- Barack Obama e Donald Trump Potência 900 shp
to (ISR). Cada time de MQ-1 era adotaram a prática de targeted Velocidade
composto de quatro aeronaves e killing contra líderes terroristas 482 km/h
máxima
cerca de 60 militares. no exterior, matando membros
Velocidade
A primeira grande evolução da al-Qaeda e de outros grupos 169 nós (313 km/h)
de cruzeiro
deste sistema veio com a instala- semelhantes em países remotos,
ção de um par de mísseis antitan- como Paquistão, Somália, Iêmen Envergadura 20 m
que nos drones. O primeiro tiro e agora Iraque. Comprimento 11 m
do Hellfire em voo ocorreu em 16 O modelo de ofensiva se revelou
Altura 3,8 m
de fevereiro de 2001. O AGM-114 um paradigma de tempos de guerra
Hellfire havia sido originalmente assimétrica, em que os conflitos não Peso vazio 2.223 kg
criado para armar helicópteros envolvem duas nações. Contro- Peso máximo de
4.760 kg
que deveriam se contrapor às versos, esses ataques são realizados decolagem
ondas de blindados soviéticos nas previamente a “qualquer ato claro e Capacidade de
planícies da Europa Central. A evidente dos alvos” e, principalmen- 1.800 kg (2.279 litros)
combustível
variante AGM-114P do Hellfire te, sem que eles possam ser julgados
Carga útil 1,7 ton
foi especificamente projetada para e condenados pelo legislativo ame-
emprego em drones que voam em ricano, suprimindo sumariamente Velocidade de
370 nós (685 km/h)
altitudes de 15 mil pés, um nível o que um dia foi o direito legal à cruzeiro
muito superior aos dois mil pés defesa. Por meio de uma “decapita- Alcance 1.000 nm (1.852 km)
usuais nos helicópteros. ção”, como ficou conhecida, espera-
Teto operacional 50.000 ft (15.240 m)
A despeito de uma análise ne- -se que a estrutura militar inimiga
gativa em 2001 pelo escritório de (ou igualmente as organizações Mísseis AGM-114 Hellfire,
testes operacionais e de avaliação paramilitares) perca sua capacidade GBU-12 Paveway II e
Armamento
do Pentágono – alegando que “o de combater adequadamente ao se GBU-38 Joint Direct
sistema Predator não era opera- ver privada de seus líderes máximos Attack Munitions (JDAM) 
cionalmente efetivo ou adequado” (suas “cabeças”). Tripulação 1 piloto e 1 operador de
(remota) sensores  

74 | MAGAZINE 3 0 8
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DOS DIRIGÍVEIS
São quatro tipos com histórias e estruturas diferentes,
cada um com vantagens e desvantagens
POR | RODRIGO MOURA VISONI
O Lébaudy em Os dirigíveis se dividem em de metal garante o formato da possuía 33 metros de compri-
pleno voo sobre quatro tipos, de acordo com aeronave, mesmo quando vazia mento, 6 metros de diâmetro e
Paris, pilotado o método de manutenção do de gás. A ordem de aparecimen- 622 metros de cubagem.
por Georges formato do invólucro: flexí- to desses dirigíveis é justamente Em 19 de outubro de 1901,
Juchmès e veis (também chamados “não esta, apresentada. em uma prova supervisionada
Antoine Rey
(1903) rígidos” ou “blimpes”), semir- por uma comissão científica do
rígidos, metálicos e rígidos (ou OS BLIMPES Aeroclube da França, Santos
“zepelins”). Nos dirigíveis flexí- Foi Henri Giffard (1825-1882) Dumont contornou a Torre
veis, a pressão do gás encerrado quem, em 1852, criou e pilotou Eiffel com o aparelho e provou
no envelope é suficiente para o primeiro dirigível sem “rigi- poder enfrentar o vento. Pela fa-
manter a forma do revestimen- dificação” da história, movido çanha, ele foi declarado, no dia
to. Nos semirrígidos, uma viga a vapor. Ele, porém, não é consi- 4 do mês seguinte, o ganhador
interna de metal ou madeira, derado o inventor desse tipo de do Prêmio Deutsch, de cem mil
unindo a popa à proa, ajuda aeronave porque o veículo era francos, destinado àquele que
a pressão interior a assegurar lento e não conseguir avan- realizasse um voo dirigido de 11
os contornos do balão. Nos çar contra brisas. O primeiro quilômetros no tempo máximo
metálicos, é empregado, como blimpe verdadeiro surgido foi de meia hora, cumprindo traje-
envoltório, um balão formado o No 6, do brasileiro Alberto to preestabelecido.
por placas de metal muito finas Santos Dumont (1873-1932), Nos blimpes, a forma do
e herméticas. E, nos rígidos, dotado de um motor a gasolina invólucro pode ser assegurada
todo um arcabouço interno de 20 cavalos-vapor. O aparelho só pela pressão do gás interior,

78 | MAGAZINE 3 0 8
Esquema em corte
do Pax, por Poyet,
publicado na edição
de 24 de maio de
1902 da revista
francesa La Nature

mas também por um dispositivo


especial, um balonete inflá-
vel disposto dentro do balão
maior, existente igualmente nos
dirigíveis semirrígidos e nos
de revestimento metálico. Esse
balonete, ao ser inflado com ar
por um ventilador, expande-se
e comprime o gás adjacente nas
paredes internas do envoltório,
garantindo desse modo a forma
do balão.

OS SEMIRRÍGIDOS
Augusto Severo de Albuquerque
Maranhão (1864-1902) foi o
criador dos dois primeiros diri-
gíveis semirrígidos do mundo:
o Bartholomeu de Gusmão, de
1894, e o Pax, de 1902 – ambos
providos de uma quilha trape-
zoidal feita majoritariamente de
bambu. Tampouco ele, porém,
é considerado o inventor desse
tipo de aeronave, pois nenhum
dos dois veículos chegou a reali-
zar um voo completo. Foi o fran-
cês Henri Julliot (1855-1923),
patrocinado pelos irmãos Paul
(1859-1937) e Pierre Lébaudy
(1865-1929), dois prósperos fa-
bricantes de açúcar, o verdadeiro
inventor do semirrígido. OS METÁLICOS morrera em janeiro –, o balão
O dirigível Lébaudy, projeta- Deve-se ao croata David Schwarz deixou vazar tanto gás nas juntas O primeiro dirigível
de revestimento
do por Julliot e testado poucos (1852-1897) o surgimento do di- das placas que caiu a poucos
metálico do mundo,
meses depois do Pax, tinha 56,5 rigível de revestimento metálico. quilômetros do ponto de partida. do croata David
metros de comprimento, 9,8 Construído em 1897, o aparelho O segundo aeróstato desse Schwarz, observado
metros de diâmetro e 2.284 me- possuía 41 metros de compri- tipo, contudo, foi um sucesso: por uma multidão
tros de cubagem, e era provido mento e 3.250 metros de cuba- chamava-se ZMC-2 e foi proje- em Tempelhof, na
de um motor de 40 cavalos- gem, sendo dotado de um motor tado pela Aircraft Development Alemanha, no dia 3 de
-vapor. A aeronave levantou voo de 16 cavalos-vapor. O envoltório Corporation, dos Estados Unidos. novembro de 1897
quatro vezes em 13 de novem- era feito de placas de alumínio Terminado em 1929, esteve em
bro de 1902, demonstrando com 0,2 milímetro de espessura. operação até 1941. Possuía 5.667
possuir excelente manobra- Durante o primeiro e único voo, metros cúbicos, 45,4 metros de
bilidade, e quebrou diversos realizado por Jagels Platz no dia 3 comprimento, dois motores de
recordes no ano seguinte. de novembro de 1897 – Schwarz 450 cavalos-vapor cada um e

MAGAZINE 3 0 8 | 79
Construção do
O dirigível militar atingia velocidades de até 110 Graf Zeppelin
norte-americano quilômetros por hora. na fábrica
ZMC-2, aterrissando Zeppelin em
no hangar de uma
Os dirigíveis metálicos
possuem características tanto Friedrichshafen,
estação aeronaval 1928. Fotografia
em Lakehurst, Nova dos flexíveis como dos rígidos: de E. O. Hoppe
Jérsei (Estados à semelhança dos flexíveis, de-
Unidos), na década pendem da pressão interna para
de 1930 manter o envoltório tensionado
e evitar o colapso durante o
voo, mas o envelope, feito de balões comuns, mantidos numa regulares. As funções da quilha,
placas leves de metal, não pode tela metálica de alumínio. Dois na parte inferior da aeronave,
ser desinflado e dobrado como motores Daimler de 15 cavalos- são, um, permitir a existência
um tecido. As desvantagens -vapor cada um, movidos a de uma passagem atravessan-
desse tipo de dirigível são a petróleo, conferiam-lhe uma do o dirigível de uma ponta à
inacessibilidade da estrutura velocidade de 8 metros por outra, servindo como corredor
dentro do espaço destinado segundo. Uma massa de 25 permanente de comunicação
ao gás e a dependência ainda quilos podia se mover ao longo interna; dois, fornecer espaço
maior da pressão em relação aos de um trilho de deslizamento de armazenagem; e, três, servir
dirigíveis convencionais. Uma longitudinal, permitindo, então, de estrutura para transportar
pequena perda de pressão faz ao deslocar-se, a ascensão ou a o combustível, lastro, bombas,
com que o envelope se enrugue descida do dirigível numa linha carga, dependências da tripula-
sem que, com isso, danifique-se, oblíqua, graças à alteração do ção etc. Nos primeiros zepelins,
mas uma perda mais acentuada centro de gravidade. Algumas a quilha ficava externa ao casco;
pode causar rasgões graves, experiências bem-sucedidas posteriormente, foi inserida
quando não a destruição total. foram feitas com esse sistema, na parte interna, seguindo a
mas apenas em 1906, com o prática da Schütte-Lanz Com-
OS ZEPELINS LZ-3, o tipo foi considerado pany, com grande melhoria das
Em 1900, o engenheiro militar prático. características aerodinâmicas e
alemão Ferdinand Adolf Hein- O casco do dirigível rígido economia no peso estrutural.
rich August Graf von Zeppelin é formado por uma carcaça de Em geral, os dirigíveis
(1838-1917) criou o primeiro longarinas treliçadas que se es- semirrígidos podem atingir
dirigível rígido do mundo, o tendem no sentido longitudinal alturas, distâncias e velocidades
LZ-1, que sobrevoou o Lago e transversal. Essas longarinas maiores do que as dos blimpes,
Constança. Esse aeróstato geralmente apresentam espaça- sendo superados apenas pelos
cubava 11.300 metros, tinha mento igualado para criar um zepelins. Isso não quer dizer
128 metros de comprimento arcabouço no qual as seções que os zepelins sejam aeronaves
e era composto de dezessete intercruzadas sejam polígonos melhores que os semirrígidos e

80 | MAGAZINE 3 0 8
os semirrígidos melhores que da forma, independentemente rígido adequado para alta veloci- A primeira
os blimpes. Tudo depende do da pressão interna; a subdivisão dade e ancoragem em mastros; a ascensão da
uso destinado ao navio aéreo. do espaço de gás de modo que baixa taxa de perda de gás pelos aeronave LZ-1, do
É consenso que os zepelins não uma ou mais células possam ser orifícios no tecido, em função Conde Zepelim,
sobre o Lago de
são eficientes para tamanhos totalmente desinfladas sem detri- da baixa pressão; problemas Constança, na
inferiores a 28 mil metros cú- mento da aeronavegabilidade do mínimos com o superaquecimen- Alemanha, em
bicos. Para tamanhos menores, balão; a acessibilidade, durante to em função da circulação de 2 de julho de 1900
é necessário algum tipo de o voo, à estrutura e às células de ar entre a cobertura externa e as
dirigível a pressão. gás; a facilidade com que as célu- células de gás. Em contrapartida,
As vantagens dos zepelins las de gás podem ser removidas as desvantagens são: alto custo e
em relação aos outros tipos de e recolocadas; a forte estrutura impossibilidade de desmontagem
dirigível são: a manutenção da gôndola, que torna o dirigível para transporte.

MAGAZINE 3 0 8 | 81
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