Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

AV1-TRABALHO INDIVIDUAL - Direitos Humanos Ingryd Seixas Barroso

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 7

Direitos Humanos

Tema Do Trabalho Individual: 


Prof. Josemar Figueiredo Araújo
Aluna: Ingryd Seixas Barroso – 20181107524

Escravidão
O Estudo dos Direitos Humanos nos ajuda a compreender o quanto esta disciplina
jurídica, por vezes associada à mera defesa de pessoas vistas como criminosas, representa
algo que transcende a tradicional divisão do Direito em Direito Público e Direito Privado. É
possível afirmar que os Direitos Humanos, em boa parte, disciplinam aqueles direitos sem os
quais os demais fariam pouco sentido. O estudo dos Direitos Humanos tem como uma de suas
finalidades a compreensão dos fundamentos de uma Sociedade Inclusiva e plural, em que o
Direito Interno e o Direito Internacional formem um todo harmônico de preceitos e garantias
ao indivíduo, tanto genérica quanto historicamente considerado.
A atividade aqui proposta tem por finalidade aprofundar estes conhecimentos, assim
como permitir que o estudante possa perceber, a partir de casos reais, a importância, o
significado e o sentido de tantas medidas de proteção ao ser humano em âmbito internacional.
Ademais, trata-se ainda de uma excelente oportunidade para relembrar temas estudados e
desenvolver aptidões dissertativas, algo de extrema importância para o desempenho das
atividades jurídicas.
Um dos temas que mais preocupam a sociedade internacional, no que concerne aos
Direitos Humanos, é a ESCRAVIDÃO. A Organização Internacional do Trabalho, ainda em
1930, adotou a ‘Convenção sobre o Trabalho Forçado’, de 1930’, aprovada no Brasil pelo
Decreto Legislativo n. 24, de 29 de maio de 1956 e ratificada em 25 de abril de 1957.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, aprovado no Brasil por meio do
Decreto Legislativo no 112, de 6 de junho de 2002 e ratificado através do DECRETO Nº
4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002, define como crime contra a humanidade, entre
outros, a escravatura sexual, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou
sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque.
A escravidão em razão de critérios raciais foi outra forma de retirar a liberdade de
grupos como os negros e os Judeus, o que recebeu do Sistema Internacional de proteção aos
Direitos Humanos como resposta, entre outras, a CONVENÇÃO INTERNACIONAL
SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL
(1966).
Nossa história tem como marco o dia 13 de maio de 1888 com a “abolição da
escravidão”. Firmada pela princesa Isabel, com a Lei Áurea findando 350 anos de escravidão
vivenciados por muitos negros com sofrimento, exploração, violação de direitos deste cidadão
vindo de navios negreiros da África. Sabe-se que o Brasil foi o último país a libertar seus
negros da escravidão na América.
A abolição foi vitoriosa após muitas tentativas de conquista da liberdade e igualdade
dos negros em nosso país, passando pela Lei do Ventre Livre em 1871, Lei do Sexagenário
em 1885 e outras formas de alforrias. Infelizmente, as péssimas condições de vida do negro, a
desigualdade dentro da sociedade capitalista não deu ao negro a liberdade completa. Sem
qualquer apoio, reparação ou indenização para moradia, trabalho, alimentação viviam em
busca da sobrevivência em uma sociedade capitalista, patriarcal, racista e desigual ocorreu a
exploração do trabalho dos negros em lavouras e outras atividades, miscigenação com o
estupro e outras formas de violência após a abolição.
A criminalidade em nosso país é rotulada pelos negros e pobres com menor condições
de educação e poucas normas voltadas para garantir a mínima igualdade entre todos. Então, o
pós abolição era sim, uma falsa abolição mesmo com pequenas conquistas da classe
trabalhadora e o entendimento do racismo como crime.
A integração do negro é uma tarefa que continua sendo ineficiente dentro da sociedade
brasileira, podemos dizer, que vem caminhando, mas as classes dominantes visando manter
privilégios, exploração, enriquecimento direcionado privam que propostas importantes sejam
aprovadas como: Reforma Agrária, Reforma Política, democratização dos meios de
comunicação e outras questões que visam a igualdade social como um todo.
A ideologia de um país que o povo é tratado de forma igualitária, com povos, etnias
vivem democraticamente com direitos, deveres e desenvolvimento que gera oportunidades
para todos igualmente é uma grande ilusão.
Socialmente injusto e etnicamente desigual o Brasil tem demonstrado nos indicadores
sociais, econômicos e educacionais, sofrendo a população afrodescendente (pretos e pardos,
segundo o IBGE, em quantitativo de 90 milhões de brasileiros) uma modalidade de racismo
sutil e dissimulada, a miséria das favelas, os ambientes insalubres dos cárceres, em posição de
subalternidade. A população negra tem condições diferente da população branca e pesquisas
confirmam essas opiniões divulgada pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) baseada no PNAD/IBGE, um negro ganha, em média, metade da renda de
uma pessoa branca. E em 2010, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de uma pessoa
negra era 14,4% menor que de uma pessoa branca. O IDH está relacionado com nível de
escolaridade, expectativa de vida, renda, e outros fatores.

Depois de muitas décadas, pela primeira vez, os negros se mostram presentes no


ensino superior público brasileiro, mas um pequeno percentual está em posições de liderança
no mercado de trabalho e entre os representantes políticos no Legislativo e poucos na
magistratura brasileira. As vítimas de homicídio chegam a cerca de 60% da população
carcerária do país, são pouco representados na cultura e minoria em premiações de cinema e
outros eventos públicos.
Julgando as pessoas que praticam delitos específicos e não países o Tribunal Penal
Internacional é responsável pelos crimes mais graves internacionais contra a humanidade,
crimes de guerra, agressão e genocídio.
“Crime contra a humanidade, que consiste em, com o intuito de destruir total ou
parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos
atos seguintes: matar membros seus, causar-lhes graves lesão à integridade física ou mental;
submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em parte;
adotar medidas que visem a evitar nascimentos no seio do grupo; realizar a transferência
forçada de crianças num grupo para outro” (ART. 6º DO ESTATUTO DE ROMA).
Já no art. 7º do Estatuto de Roma temos os crimes contra a humanidade estes crimes citados,
como:
 Homicídio
 Extermínio
 Escravidão
 Deportação ou transferência forçada de uma população
 Prisão ou outra forma de privação de liberdade física grave, em violação das normas
fundamentais de direito internacional;
 Tortura
 Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização
forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável;
 Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos
políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido
no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como
inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste
parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;
 Desaparecimento forçado de pessoas;
 Crime de apartheid

Os crimes de guerra com:


 Homicídio doloso;
 Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas;
 O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física
ou à saúde;
 Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas por
quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária;
 O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir nas
forças armadas de uma potência inimiga;
 Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob proteção do seu
direito a um julgamento justo e imparcial;
 Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade;
 Tomada de reféns;
Entende- se que os crimes de guerra se assemelham com os crimes contra a
humanidade.
Considerando a Carta das Nações Unidas que considera os princípios de dignidade e
igualdade inerentes a todos os seres humanos, que todos os Estados Membros
comprometeram-se a agir, separada ou conjuntamente, para alcançar um dos propósitos que é
promover e encorajar o respeito universal e efetivo pelos direitos humanos e liberdades
fundamentais para todos, sem discriminação de raça, sexo, idioma ou religião, afirmando que
todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e que cada indivíduo pode
valer-se de todos os direitos nela estabelecidos, se distinção de qualquer espécie,
principalmente pela raça, cor ou origem nacional. Sendo todos iguais perante a lei e têm o
direito igual de proteção contra qualquer discriminação e contra todo o incitamento à
discriminação.
A necessidade de se eliminar rapidamente todas as manifestações de discriminação
racial através do mundo e assegurar a compreensão e respeito à dignidade da pessoa humana é
citada na Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, de 20 de novembro de 1963. Entende-se que às relações entre as
nações preservadas de forma amigável e pacífica se tornam vulneráveis quando existe a
discriminação entre os seres humanos por motivos de raça, cor, origem étnica e religião o que
pode resultar na perturbação da paz, segurança, direito entre os povos das nações. Sabendo-se
que existem países que geram manifestações de discriminações raciais e religiosas pelo
mundo e com políticas governamentais baseadas em impor o ódio racial para manter políticas
de segregação e separação.
A CIEFDR, de 1965, foi a primeira grande Convenção das Nações Unidas na área dos
direitos humanos. Teve por base legislativa o artigo 1°, parágrafo 3°, da Carta de São
Francisco, que define o propósito de promover os direitos humanos de todos "sem distinção
de raça, sexo, língua ou religião" e o Artigo 2° da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o qual afirma terem todas as pessoas capacidade para gozar dos direitos e
liberdades nela consagrados "sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza (... )".
A busca de resolver tais questões conflitantes, visa a adotar as medidas necessárias
para eliminar todas as brechas e formas de manifestações de cunho racial, religioso e prevenir,
combater as doutrinas e práticas racistas com o objetivo de manter o entendimento entre as
raças dentro da comunidade internacional livre de formas negativas de segregação e
discriminação racial.
O Brasil não pode hesitar na busca de manter e dar continuidade sendo signatário da
Convenção Internacional pela Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial – fonte
deste instrumento de realização de igualdade, as desigualdades raciais estendem em solo
nacional devendo cumprir com o seu dever acordado em torno da Organização das Nações
Unidas.
A Convenção é ação afirmativa e a sua aplicação pelo Brasil não pode ser
obstaculizada por setores conservadores que articulam a manutenção do status que propicia a
exclusão de numeroso contingente populacional afrodescendente. Exsurge o dever assumido
perante a comunidade internacional de cumprir na íntegra as normas internacionais de direitos
humanos, razão pela qual, torna-se imperativo para a própria consagração fática do Estado
Democrático de Direito que o Estado Brasileiro realize as medidas especiais e concretas
ínsitas na Convenção a inclusão da população afrodescendente em todos os planos sociais,
propiciando a proteção, o monitoramento e a fruição da plenitude dos direitos humanos.
A Comissão dos Direitos Humanos tem mecanismos de controles para aplicação de
relatórios temáticos, com grupos de trabalhos com funções de monitor em todo mundo que
consistem em examinar e vigiar situações dos direitos humanos nos países e as situações de
violação a nível mundial e publicar a respeito destes casos. Os Procedimentos especiais da
Comissão de Direitos Humanos têm o objetivo de melhorar a eficácia das normas
internacionais de direitos humanos buscando melhor entendimento e diálogos entre governos
para compreender os casos concretos e visando soluções para garantir o respeito dos direitos
humanos.

Referências:
Felipe Antunes Yonemoto https://jus.com.br/artigos/86398/sobre-a-competencia-
do-tribunal-penal-internacional Publicado em 2020 Acesso em 20 de outubro de 2021.
BRASIL DE FATO https://www.brasildefato.com.br/2017/05/13/artigo-a-abolicao-
veio-e-nao-libertou Acesso em 10 de outubro de 2021.
NATHÁLIA AFONSO https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-
negra-numeros-brasil/ Acesso em 11 de outubro de 2021.

https://www.brasildefato.com.br/2017/05/13/artigo-a-abolicao-veio-e-nao-libertou
Acesso em 20 de outubro de 2021.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. A Proteção Internacional dos Direitos
Humanos e o Brasil. Brasília: Universidade de Brasília, 1998.
SOUZA NETTO, Flávia Emanuelle de. A Convenção Internacional Sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial e o Ordenamento Jurídico Brasileiro. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/6488/a-convencao-internacional-sobre-a-eliminacao-de-todas-
as-formas-de-discriminacao-racial-e-o-ordenamento-juridico-brasileiro. Acesso em 23 de
outubro de 2021

Você também pode gostar