Texto Luciene
Texto Luciene
Texto Luciene
1
Procuradora de Justiça Criminal no Ministério Público do Estado de São Paulo
2
Definida como a discriminação decorrente de orientação sexual, dirigida à homossexualidade,
e a discriminação por identidade de gênero, dirigida às travestis e transexuais.
3
Por maioria, a Corte reconheceu a mora do Congresso Nacional para incriminar atos
atentatórios a direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. Os Ministros Celso
de Mello, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux,
Cármen Lúcia e Gilmar Mendes votaram pelo enquadramento imediato das condutas
homofóbicas e transfóbicas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade
de gênero de alguém, mediante interpretação conforme, no conceito de racismo
(compreendido este em sua dimensão social) previsto na Lei 7.716/1989 até que o Congresso
Nacional edite lei sobre a matéria. Nesse ponto, ficaram vencidos os ministros Ricardo
Lewandowski e Dias Toffoli, por entenderem que a conduta só pode ser punida mediante lei
aprovada pelo Legislativo. O ministro Marco Aurélio não reconhecia a mora.
4
Gravação disponível em
https://drive.google.com/drive/folders/1YiOOJovh8u8RIG3l0Qbc0QI1Nx4GOH4u
1- antilocução: membros de um grupo majoritário fazem comentários jocosos – “piadas”
– sobre os membros do grupo minoritário, inferiorizando-os ou ridicularizando-os;
2- esquiva: membros do grupo majoritário evitam contato com os do grupo minoritário,
levando-os ao isolamento;
3-discriminação: negação pelo grupo majoritário de oportunidades e serviços a
membros do grupo minoritário;
4-ataque físico: emprego de violência pelos membros do grupo majoritário contra os do
grupo minoritário;
5-extermínio: o grupo majoritário busca a exterminação do grupo minoritário.
5
Idem 3.
6
Disponível em
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34784&Itemid=432.
Acesso em 14 de julho de 2020.
7
Optou-se pelo uso da sigla LGBTQI+ pela sua abrangência e porque foi a utilizada no Forum Social
Mundial em 2018. A sigla é dividida em duas partes. A primeira, LGB, diz respeito à orientação sexual do
indivíduo. A segunda, TQI+, diz respeito ao gênero:
L: lésbica; é toda mulher que se identifica como mulher e tem preferências sexuais por outras mulheres.
G: gays; é todo homem que se identifica como homem e tem preferências sexuais por outros homens.
B: bissexuais; pessoas que têm preferências sexuais por dois ou mais gêneros.
T: transexuais, travestis e transgêneros; pessoas que não se identificam com os gêneros impostos pela
sociedade, masculino ou feminino, atribuídos na hora do nascimento e que têm como base os órgãos
sexuais.
Q: queer; pessoas que não se identificam com os padrões de heteronormatividade impostos pela
sociedade e transitam entre os gêneros, sem também necessariamente concordar com tais rótulos.
os chamados crimes de ódio, motivados pela intolerância e pelo preconceito, muitas
vezes em seus níveis máximos.
I: intersexuais; antigamente chamadas de hermafroditas, são pessoas que não conseguem ser definidas
de maneira distinta em masculino ou feminino.
+: engloba todas as outras letras da sigla maior LGBTT2QQIAAP, como o “A” de assexualidade e o “P” de
pansexualidade.
8
Disponível em
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas_da_violencia
_2019.pdf. Acesso em 14 de julho de 2020.
9
Disponível em https://homofobiamata.wordpress.com/estatisticas/assassinatos-2012 . Acesso em 14
de julho de 2020.
10
Disponível em https://transrespect.org/en/tmm-update-trans-day-of-remembrance-2018 . Acesso
em 14 de julho de 2020.
11
Disponível em https://transrespect.org/en/tmm-update-trans-day-of-remembrance-2018 . Acesso em
14 de julho de 2020.
idade média das vítimas dos assassinatos de pessoas trans (travestis, transexuais e não-
binários) em 2019 foi de 29,7 anos12.
12
Disponível em https://antrabrasil.files.wordpress.com/2020/01/dossic3aa-dos-assassinatos-e-da-
violc3aancia-contra-pessoas-trans-em-2019.pdf. Acesso em 14 de julho de 2020.
privadas entre pessoas do mesmo sexo – expondo indivíduos ao risco de serem detidos,
acusados e presos”13.
13
Disponível em
https://www.ohchr.org/Documents/Publications/BornFreeAndEqualLowRes_Portuguese.pdf . Acesso
em 14 de julho de 2020.
14
Idem 12.
Quanto ao primeiro passo, o documento expressamente
prevê como recomendação aos Estados a inclusão da identidade de gênero e da
orientação sexual como características protegidas por leis criminais contra o ódio,
destacando que “a violência motivada pelo ódio contra pessoas LGBT é tipicamente
perpetrada por pessoas não ligadas ao Estado – indivíduos, grupos organizados ou
organizações extremistas. Todavia, falha de autoridades do Estado em investigar e punir
este tipo de violência é uma violação da obrigação estatal de proteger os direitos à vida,
à liberdade e à segurança pessoal, como garante o artigo 3º da Declaração Universal
dos Direitos Humanos e os artigos 6º e 9º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos”15.
15
Idem 12.
16
Idem 12.
17
Disponível em http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/3534-declaracao-ministerial-
sobre-a-eliminacao-da-violencia-e-da-discriminacao-contra-individuos-em-razao-da-orientacao-sexual-
e-identidade-de-genero-nacoes-unidas-nova-york-26-de-setembro-de-2013 . Acesso em 14 de julho de
2020.
Internamente, a Constituição Federal prevê, como um dos
fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito, “a dignidade da pessoa humana”
(artigo 1º, III) e um dos seus objetivos a promoção do “bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (artigo 3º,
IV), garantindo a todos, sem distinção, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade (artigo 5º, caput).
Além disso, em seu artigo 5º, inciso XLI estipula um
mandado de criminalização expresso quando determina que “a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”.
18
STF, HC 104410, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 06/03/2012,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-062 DIVULG 26-03-2012 PUBLIC 27-03-2012.
Plenamente evidenciada a situação de mora legislativa,
justificado foi o reconhecimento da inconstitucionalidade por omissão, com a adoção
de interpretação conforme à Constituição para solução da aparente lacuna legislativa.
19
“O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro”, Ed. Saraiva, 8ª edição, 2019, pág. 53.
20
Idem 18, pág. 343.
21
Disponível em http://www.justificando.com/2019/02/14/por-que-nao-criminalizar-a-lgbtfobia .
Acesso em 14 de julho de 2020.
22
“O STF, a Homotransfobia e o seu Reconhecimento como Crime de Racismo”, Editora Pessotto, 1ª
Edição, página 138.
Neste aspecto, é relevante destacar que os altos índices de
violência contra a mulher é que justificaram a alteração de diversos dispositivos das leis
penal e processual penal para aumentar penas, modificar a legitimação ativa da ação
penal e oferecer a devida resposta estatal a tais espécies de condutas.
23
Disponível em https://www.cidh.oas.org/annualrep/2000port/12051.htm . Acesso em 14 de julho de
2020.
24
Advogado que representou o Partido Popular Socialista -PPS no polo ativo da ADO 26,
também professor e doutrinador de Direito Homoafetivo.
25
“O STF, a Homotransfobia e o seu Reconhecimento como Crime de Racismo”, Editora
Pessotto, 1ª Edição, página 139.
Portanto, a omissão do Estado brasileiro em editar lei que
puna explícita e especificamente a discriminação por motivação homotransfóbica,
desrespeitando comando expresso do artigo 5º, inciso XLI, da Constituição Federal, criou
situação de fato que legitimou o uso do mandado de injunção e da ação declaratória de
constitucionalidade por omissão, previstos constitucionalmente como instrumentos
hábeis a supri-la.
26
Disponível em http://www.justificando.com/2019/02/15/e-possivel-ser-contra-a-criminalizacao-da-
homofobia-e-a-favor-dos-direitos-lgbti/. Acesso em 14 de julho de 2020.
27
Idem 18, pág. 55
28
Disponível em https://www.conjur.com.br/2019-abr-03/monique-cheker-criminalizacao-homofobia-
stf-viola-garantismo-ferrajoli. Acesso em 14 de julho de 2020.
29
Disponível em https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/717783998/criminalizacao-da-
homofobia-pelo-stf-uma-aberracao-juridica.Acesso em 14 de julho de 2020.
30
Christiano Jorge Santos e Cristina Victor Garcia em “A Criminalização da LGBTfobia pelo Supremo
Tribunal Federal do Brasil”, em https://periodicos.ufms.br . Acesso em 14 de julho de 2020.
31
Disponível em https://www.conjur.com.br/2019-mai-24/nao-cabe-supremo-criminalizar-homofobia-
criminalista.Acesso em 14 de julho de 2020.
É que o reconhecimento da omissão legislativa implica na
possibilidade de que o STF profira decisões interpretativas que, segundo Barroso, “são
aquelas em que o Tribunal atribui ou afasta um significado ou uma incidência que
poderia ser extraída de seu programa normativo, tal como positivado pelo legislador,
determinando, entre as interpretações possíveis, a que melhor efetiva o disposto na
Constituição”32.
32
Idem 18, pág. 105.
33
Idem 18, pág. 106.
34
Disponível em http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em 14 de
julho de 2020.
A respeito, Paulo Iotti explica no artigo “Supremo não
legislou nem fez analogia ao equiparar homofobia ao racismo” que a decisão do STF
considera a homotransfobia como uma das espécies do gênero racismo, considerado
seu significado constitucional e a interpretação literal do termo “raça”:
35
Disponível em https://www.conjur.com.br/2019-ago-19/paulo-iotti-stf-nao-legislou-
equipararhomofobia-racismo. Acesso em 14 de julho de 2020.
36
Idem 30.
Por fim, conclui afirmando que “o reconhecimento da
homotransfobia como crime de racismo não viola o princípio da legalidade penal estrita,
por ser subsumível a tipo penal já previsto em lei (por exemplo, artigo 20 da Lei 7.716/89,
de praticar, induzir ou incitar o preconceito e a discriminação por raça), donde respeita
a legalidade penal formal (lei escrita), por se enquadrar no conceito ontológico-
constitucional de racismo, referendado por precedente histórico do STF (HC 82.424/RS)
e pela literatura negra antirracismo, de sorte que não pode ser considerado como
“intoleravelmente vago”. Inexiste violação ao princípio da taxatividade, pois este sempre
admitiu a criminalização por “conceitos valorativos” (conforme supra), donde a
interpretação do STF respeita a legalidade penal substancial, relativa aos princípios da
taxatividade e anterioridade (lei certa, estrita e prévia), pois modulados os efeitos da
decisão”37.
37
Idem 30.
38
“Crimes de ódio, uma tipificação necessária para o Brasil”, disponível em
http://www.guilhermenucci.com.br/artigo/crimes-de-odio-uma-tipificacao-necessaria-para-o-brasil.
Acesso em 14 de julho de 2020.
implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da
Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas,
que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém,
por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social,
ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08/01/1989, constituindo,
também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar
motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”) “39.
39
Disponível em http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em 19 de
setembro de 2019.
40
Disponível em http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Criminal/Boletim_Semanal. Acesso em
19 de setembro de 2019.
homofobia ou transfobia são consideradas como crimes de racismo, ao menos até que o
Poder Legislativo emita normativa específica sobre o tema, ainda inexistente”41.
41
Disponível em
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Criminal/Boletim_Semanal/boletim%20CAOCrim%20JUNH
O%203-.pdf . Acesso em 19 de junho de 2020.
registro civil, assim como a alteração de sua classificação de gênero,
independentemente de se submeterem à cirurgia para mudança de sexo. Nesse sentido,
julgamento proferido no RE 670.422, Relator o Exmo. Ministro Dias Toffolli, j.
15.08.2018, e o Tema 761 – Possibilidade de alteração de gênero no assento de registro
civil de transexual, mesmo sem a realização de procedimento cirúrgico de redesignação
de sexo.
6. Com a máxima vênia do Douto Promotor de Justiça, considerar o fato versado nos
autos injúria simples (CP, art. 140, caput) implicaria desconsiderar a pioneira decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento proferido na ADO 26 e no MI
4733. E esta Procuradoria-Geral de Justiça tem – tanto quanto possível – como
parâmetro de atuação, na formulação das políticas criminais do Ministério Público de
São Paulo, as decisões proferidas pelos Tribunais Superiores (STF e STJ).
7. Além disso, o Ministério Público é Instituição que tem como um de seus deveres
institucionais a defesa intransigente dos direitos humanos. Isso implica combater toda
forma de discriminação das pessoas, por motivos de raça, etnia, região de origem,
religião, orientação sexual, com base nos instrumentos constantes do ordenamento
jurídico vigente e também com base no precedente vinculante do Supremo Tribunal
Federal, ao invocar a aplicação da Lei n. 7.716/89 para condutas que impliquem
transfobia e outros comportamentos que violem os direitos das pessoas transgênero,
enquanto não houver norma penal em sentido estrito acerca do tema.
8. Ante o exposto, considerando que o caso dos autos encerra, em tese, delito a ser
perquirido nos termos da Lei n. 7.716/89, designa-se outro Promotor de Justiça para
funcionar nestes autos e para diligenciar, visando reunir mais provas para
instrumentalizar eventual propositura de ação penal, cumprindo-lhe, ao depois, atuar
com independência funcional em face dos elementos de convencimento reunidos nos
autos” (Autos nº 1507426-38.2020.8.26.0050).
42
Disponível em http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em 19 de
setembro de 2019.
Afinal, expressa, nesse sentido, é a redação do artigo 102,
parágrafo segundo, da Constituição Federal43, bem como a do parágrafo único do artigo
28 da Lei nº 9.868/9944, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade.
43
“As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgão do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal”.
44
“A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação
conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto,
têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública federal, estadual e municipal”.
45
Idem 18, pág. 352.
46
“EMENTA: RECLAMAÇÃO - ALEGAÇÃO DE DESRESPEITO A ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL RESULTANTE DE JULGAMENTO PROFERIDO EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO
ABSTRATO - INOBSERVÂNCIA, POR ÓRGÃO DE JURISDIÇÃO INFERIOR, DO EFEITO VINCULANTE
DERIVADO DESSE JULGAMENTO PLENÁRIO - HIPÓTESE LEGITIMADORA DO USO DA
RECLAMAÇÃO (CF, ART. 102, I, "L") - SEQÜESTRO DE RENDAS PÚBLICAS - POSSIBILIDADE
EXCEPCIONAL, DESDE QUE OCORRENTE SITUAÇÃO QUE SE AJUSTE ÀS HIPÓTESES PREVISTAS, EM
CARÁTER TAXATIVO, PELA CONSTITUIÇÃO - MEDIDA CONSTRITIVA, QUE, EFETIVADA NA ESPÉCIE,
IMPORTOU EM DESRESPEITO À AUTORIDADE DECISÓRIA DO JULGAMENTO FINAL PROFERIDO,
POR ESTA SUPREMA CORTE, NA ADI 1.662/SP - RECLAMAÇÃO PROCEDENTE”.
(Rcl 2223, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 02/10/2003, DJ 15-09-
2006 PP-00034 EMENT VOL-02247-01 PP-00009 LEXSTF v. 28, n. 335, 2006, p. 212-226).
Oportuno, portanto, mais uma vez destacar as palavras de
Tereza Cristina Maldonado Katurchi Exner, então Corregedora Geral do Ministério
Público, no já mencionado evento promovido pelo CAO-Crim, quando, analisando o
efeito vinculante da decisão proferida na ADO 26, pontuou: “não há dúvida nenhuma,
dentro da própria leitura da Constituição, daquilo que a própria Constituição explicita,
que isto se aplica de forma geral, a todos, de forma vinculante. E de acordo com o
referido artigo a decisão com efeito vinculante obriga aos demais órgãos do Poder
Judiciária e da Administração Pública direta ou indireta, nas esferas federal, estadual,
municipal, cabendo lembrar que, em relação aos órgãos do Poder Judiciário, eventual
desrespeito à decisão do Supremo legitima a propositura da Reclamação”47.
47
Gravação disponível em
https://drive.google.com/drive/folders/1YiOOJovh8u8RIG3l0Qbc0QI1Nx4GOH4u
48
Idem 40.
49
Idem 40.
50
“CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOTRANSFOBIA E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA” em
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Criminal/Boletim_Semanal/boletim
%20CAOCrim%20%20100.pdf
justa demanda social, conferindo a necessária eficácia normativa aos textos da
Constituição Federal e suprindo a mora legislativa do Congresso Nacional, de forma a
remediar a proteção insatisfatória com a população LGBTQ+, submetida a
manifestações de ódio, intolerância e discriminação. A decisão do Pretório Excelso, em
uma sociedade em mudança, determina mais um avanço à fixação de novos conceitos e
protecionismo da diversidade. Toda pessoa, independente de sua orientação sexual ou
de sua identidade de gênero, deve ser protegida contra atos que atinjam sua dignidade.
Em uma sociedade que se quer justa, equânime e solidária, não há espaço para aceitação
de qualquer tipo de preconceito. O direito à felicidade e a liberdade de sair na rua
abraçado(a) ou de mãos dadas com seu companheiro ou companheira não pode ser algo
potencialmente fatal a quem quer que seja”.