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Recurso Especial

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EXMO.(A) SR.(A) DR.(A) DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE DO EG.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ

Processo nº 0483713-11.2010.8.06.0001

TOYOTA DO BRASIL LTDA., já qualificada nos autos do processo tombado sob


o número em epígrafe, promovido por JOSÉ BESERRA DO VALE FILHO, também
qualificado, sendo litisconsorte passiva a NEWLAND VEÍCULOS LTDA., igualmente
qualificada, vem, à digna presença de V. Exa., por seus advogados subscritos, com
fulcro no art. 105, III, “a” e “c”, da CF/88 c/c o art. 1.0 29 do CPC/15 c/c os arts.
299 e 300 do RI/TJCE, interpor

RECURSO ESPECIAL

em face do v. acórdão proferido pela Eg. Segunda Câmara de Direito Privado deste
Col. Tribunal de Justiça (fls. 375-385), integrado pela r. decisão dos aclaratórios
no incidente nº 0483713-11.2010.8.06.0001/50000 (fls. 28-32), pelo que requer,
após cumpridas as formalidades legais, sejam os autos remetidos ao Col. Superior
Tribunal de Justiça com as razões anexas, para processamento e julgamento.

Em tempo, pugna pela juntada aos autos do anexo comprovante de recolhimento


do preparo recursal (Doc. 1).

Nestes termos, pede deferimento.


Fortaleza/CE, 25 de março de 2021.

RAONI SOUZA DRUMMOND RICARDO SANTOS DE ALMEIDA


OAB/BA 31.475 OAB/BA 26.312
RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

Processo: 0483713-11.2010.8.06.0001
Recorrente: TOYOTA DO BRASIL LTDA.
Recorrido: JOSÉ BESERRA DO VALE FILHO
Terceiro: NEWLAND VEÍCULOS LTDA.
Origem: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ

Colendo Superior Tribunal de Justiça,


Egrégia Turma Julgadora,
Eminentes Ministros,
01. Trata-se de recurso especial interposto com base nas alíneas “a” e “c” do
permissivo constitucional 1, contra acórdão exarado pela Eg. Segunda Câmara de
Direito Privado do Col. Tribunal de Justiça do Ceará, integrado em declaratórios,
que deu parcial provimento às apelações das litisconsortes passivas, para decretar
a nulidade da sentença, por cerceamento de defesa, e determinar “a remessa dos
autos à origem, para saneamento do feito e regular processamento, inclusive com
apreciação do pedido de produção de provas” .

02. Em que pese o acerto da decisão quanto à nulidade do procedimento, face


à ausência de saneamento e instrução, o feito padece de vício originário, em vista
da distribuição dirigida a um magistrado condenado 2, em prejuízo ao juiz natural,
e não houve a citação da Recorrente, nem poderia ter sido decretada a sua revelia,
estando o acórdão, no particular, em manifesto desalinho com a legislação federal
e a jurisprudência pátria, pelo que merece ser reformado in totum por este Eg.
Tribunal da Cidadania.

1 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)


III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar -lhes vigência; (...)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
2 https://www.migalhas.com.br/quentes/299910/desembargador -do-ceara-filho-e-advogados-sao-conden
ados-por-comercio-de-decisoes;
http://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2019 -04/stj-condena-desembargador-do-ce-perda-do-ca
rgo-e-prisao;
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto -macedo/desembargador-condenado-por-vender-liminares-
tambem-e-condenado-por-tomar-dinheiro-de-servidoras-do-gabinete/;
https://www.conjur.com.br/2019-abr-09/stj-condena-desembargador-tj-ce-venda-liminares;
STJ; APn 841/DF; Rel. Min. Herman Benjamin; Corte Especial; J. 08/04/2019; DJe 22/05/2019: https://sco
n.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201502406451&dt_publicacao=28/03/2017 .

2
1. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DE
ADMISSIBILIDADE RECURSAL .

03. A ora Recorrente foi intimada do acórdão que rejeitou os declaratórios em


03/03/2021 (fls. 34), de modo que o prazo para interposição do excepcional teve
início em 04/03/2021 e se esgotaria apenas em 26/03/2021, na conformidade dos
arts. 219, 224, 231, V, e 1.003, §5º, do CPC/15 3, c/c as Portarias TJCE 301/2020,
442/2021 e 470/2021, c/c o art. 18, P.Ú., da Constituição Estadual do Ceará (Doc.
2), sendo manifestamente tempestivo o presente recurso.

04. Lado outro, não há multa processual imposta à Recorrente, e o recolhimento


do preparo foi devidamente comprovado no momento da interposição do recurso
(Doc. 1), conforme dispõe o art. 1.007 do CPC/15 4, estando a mesma dispensada
do recolhimento do porte de remessa e retorno dos autos, a teor do disposto no
§3º do mesmo dispositivo.

05. Ademais, a Recorrente indicou os dispositivos legais violados no caso, assim


como a divergência com os precedentes desacatados, tendo si do a matéria pré-
questionada em declaratórios (fls. 1-19), nos termos do art. 1.025 do CPC/15 5,
e expressamente tratada no acórdão integrativo (fls. 28-32):

VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL


Arts. 213, 214, 251, 252 e 255 do CPC/73;
Acórdão do TRF2 na AP 2002.02.01.005817-9;
Arts. 5º, 7º, 8º, 9º 10, 213, 214, 284, 285
Acórdão do TJSC na AP 2006.000644-0;
e 288 do CPC/15;
Acórdão do TJRS na AC 70065418980.
Arts. 1º e 16 da Lei 6.729/79.

3 Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar -se-ão somente os
dias úteis. (...)
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
o dia do vencimento. (...)
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera -se dia do começo do prazo: (...)
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diár io da Justiça impresso ou eletrônico;
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta -se da data em que os advogados, a sociedade
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da
decisão. (...)
§5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder -lhes é
de 15 (quinze) dias.
4 Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
5 Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embar gante suscitou, para fins de
pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

3
06. Ressalte-se, ainda, no que se refere à divergência jurisprudencial apontada,
que a Recorrente procedeu ao respectivo cotejo analítico, donde se infere que o
acórdão recorrido contrariou o entendimento de outros Tribunais pátrios, inclusive
o desta Eg. Corte Superior, sendo cristalino, também sob esta ótica, o cabimento
do presente recurso.

07. Merece destaque, outrossim, que se faz despiciendo o revolvimento de fatos


e provas para a deliberação sobre o excepcional, visto que as questões suscitadas
são eminentemente de direito, se encontram devidamente certificadas nos autos,
e foram expressamente apreciadas pelo Eg. Tribunal de origem, inclusive em sede
de aclaratórios, não incidindo na espécie o Enunciado nº 7 da Súmula do Col. STJ.

08. Por derradeiro, tendo sido a Recorrente prejudicada pelo acórdão recorrido,
é inequívoca a sua legitimidade recursal, assim também seu interesse de recorrer,
inexistindo fatos impeditivos ou extintivos de tal faculdade.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO PROCESSUAL E
FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO .

09. O Recorrido propôs a ação alegando que o veículo seminovo adquirido por
ele teria apresentado um “defeito de fabricação”, sendo-lhe negado o reparo em
garantia, sob a justificativa de que ele instalou um “filtro de óleo” não genuíno,
que terminou por se romper, danificando o motor.

10. À revelia da Recorrente, a demanda foi julgada procedente, para condenar


ambas as Acionadas ao pagamento de (i) indenização por dano moral no valor de
R$81.000,00, e (ii) astreintes , pelo suposto descumprimento da tutela provisória,
no valor histórico de R$141.000,00 (fls. 114-122).

11. No apelo, a Recorrente arguiu a nulidade do procedimento, desde a origem,


uma vez que a distribuição do feito foi dirigida, sem nenhuma causa de prevenção ,
à 30ª Vara Cível, à época titularizada pelo magistrado Carlos Rodrigues Feitosa –
condenado à prisão por este Eg. STJ, com perda do cargo público, pela prática de
mercancia na judicatura 6 (fls. 02 e 220).

6 STJ; APn 841/DF; Rel. Min. Herman Benjamin; Corte Especial; J. 08/04/2019; DJe 22/05/2019: https://sco
n.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201502406451&dt_publicacao=28/03/2017 .

4
12. Ademais, demonstrou ela que, embora não tenha sido citada para responder
à ação, sua revelia fora decretada em sentença, sob a justificativa de que a citação
da litisconsorte seria suficiente para suprir o ato, em que pese o próprio Recorrido
tivesse indicado endereços distintos das partes (fls. 03), e o próprio Juízo de piso
tivesse determinado novamente a sua citação, por Carta Precatória, após a citação
da litisconsorte (fls. 110).

13. Por fim, quanto às nulidades, aduziu a Recorrente que o processo não fora
saneado ou instruído, nem fora anunciado o julgamento antecipado da lide , tendo
sido proferida a sentença logo após a apresentação da réplica – e antes que fosse
expedida a referida Carta Precatória (fls. 114-122).

14. Nada obstante, o acórdão recorrido afastou as arguições de violação ao juiz


natural e invalidade da citação da Recorrente, para anular o julgado e determinar
tão somente fosse realizado o saneamento e a instrução do feito (fls. 375-385),
ficando assim ementado:

APELAÇÃO CÍVEL. TEORIA DA APARÊNCIA. VALIDADE DE CITAÇÃO.


REVELIA CONFIGURADA. NÃO INCIDÊNCIA DE SEUS EFEITOS ANTE A
CONTESTAÇÃO DO OUTRO RÉU. AUSÊNCIA DE ANÚNCIO DE JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE. ERROR IN PROCEDENDO . (...) CERCEAMENTO DE
DEFESA CONFIGURADO. NULIDADE DA SENTENÇA. APELO CONHECIDO E
PROVIDO PARA DETERMINAR A CASSAÇÃO DA SENTENÇA ANTE A
AUSÊNCIA DO ANÚNCIO DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. De acordo com a teoria da aparência, considera-se válida a citação,
bem como a intimação em geral, na pessoa de quem se apresente
perante o oficial de justiça sem manifestar qualquer ressalva quanto
à inexistência de poderes para representar o citando.
2. Embora operada a revelia, o revel poderá ainda se manifestar em sede de
apelação quanto às matérias de ordem pública e às questões jurídicas
enfrentadas na sentença.
3. No caso dos autos, o que se verificou foi a prolação da sente nça
sem o anúncio do julgamento antecipado ou da apresentação de
despacho saneador.
4. Referida conduta do magistrado, nos termos da jurisprudência
consolidada em nossos tribunais, implica em nulidade do julgado, por
flagrante cerceamento de defesa.

5
5. O anúncio do julgamento antecipado objetiva evitar uma limitação
ao direito à produção de provas, impedindo, consequentemente, que
os autos sejam enviados à segunda instância com um conjunto
probatório insuficiente à melhor resolução do conflito.
6. Ademais, no que tange ao pedido de nulidade ante o desrespeito
das regras de distribuição da demanda no Juízo de primeiro grau, o
mesmo não merece acolhimento. Com efeito, restando anulada a
sentença e a devolução dos autos para seu regular trâmite, inclusive
com observância do devido processo legal, não há qualquer prejuízo
no fato do processo tramitar perante a Vara de origem, sobretudo
diante da aposentadoria do Julgador prolator da sentença combatida,
ao qual a parte recorrente inquina de várias irregularidades. Dessa
maneira, é indiferente a devolução desta ação para aquela unidade
jurisdicional ou para qualquer outra Vara Cível desta Comarca .
7. É de bom alvitre registrar que a decisão concessiva de tutela
antecipada, ainda que proferida por Juízo incompetente, conserva
seus efeitos, nos termos do artigo 64, §4º, do Código de Processo
Civil, motivo pelo qual também haveria prejuízo à devolução deste
feito à 30ª Cível da Comarca de Fortaleza/CE: (...).
8. Recurso conhecido e parcialmente provido.

15. Para fundamentar a conivência com a transgressão ao juiz natural, afirmou


o decisum que (i) a decretação da nulidade da sentença, e a perda do cargo pelo
magistrado sentenciante, tornaria “indiferente” a devolução dos autos para o juízo
originário ou qualquer outro, e (ii) a decisão liminar exarada por ele permaneceria
hígida, por força do art. 64, §4º, do CPC/15 7, inexistindo prejuízo na remessa dos
autos ao mesmo juízo de origem.

16. Lado outro, para rechaçar a arguição de nulidade da citação da Recorrente,


a decisão aplicou a teoria da aparência, reputando válida a citação feita na pessoa
do gerente de outra empresa, que sequer integra o seu conglomerado econômico,
e com a qual mantém uma relação meramente comercial de revenda de produtos,
sob o fundamento de que este não se opôs quanto aos poderes de representação:

17. A Recorrente então opôs embargos declaratórios (incidente /50000 – fls.


1-19), a fim de que fossem sanados os vícios integrativos existentes no acórdão,
notadamente quanto ao prejuízo derivado da distribuição dirigida, e da declaração

7 Art. 64. (...)


§4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo
juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente .

6
de validade do ato citatório, em contrariedade ao disposto na “Lei Renato Ferrari”,
tendo aproveitado o ensejo também para pré-questionar a matéria a ser devolvida
a esta Eg. Corte Superior.

18. Todavia, o horizontal foi genericamente rejeitado, fazendo-se consignar na


decisão colegiada, porém, de forma expressa, que “a Lei nº 6.729/79 não relação
(sic) ora estabelecida, que é puramente consumerista” (incidente /50000 – fls.
28-32):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO


DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. PRETENDIDA REAPRECIAÇÃO
DE MATÉRIA FÁTICA E JURÍDICA. NÃO CABIMENTO. DECLARATÓRIOS
IMPROVIDOS.
1. Observa-se que não merecem prosperar os presentes declaratórios porque
pretendem, única e exclusivamente, rediscutir matéria de fato e de direito já
amplamente analisada na decisão recorrida.
2. O acórdão embargado, resultante do julgamento realizado em 26
de agosto de 2020, foi proferido de forma bastante esclarecedora e
fundamentada, atento ao conjunto probatório carreado aos autos,
analisando todos os pontos suscitados em apelação, inclusive a falta
de prejuízo às partes, ante a anulação da sentença e a aposentadoria
do Julgador prolator da mesma.
3. Ademais, no que tange a aplicação da teoria da aparência, a
alegação implica verdadeira rediscussão da matéria, tendo em vista
que a Lei nº 6.729/79 não relação ora estabelecida, que é puramente
consumerista.
4. Então, como o recurso interposto não se presta ao fim a que ele se destina,
em razão da inexistência de pressuposto que o justifique, e incidindo, destarte,
a Súmula nº 18 deste Egrégio Tribunal de Justiça, segundo a qual “são
indevidos embargos de declaração que têm por única finalidade o reexame da
controvérsia jurídica já apreciada, o tenho como impróprio.
5. Declaratórios improvidos.

19. Nesse contexto, outra alternativa não lhe restou senão interpor o presente
excepcional, a fim de que o direito seja adequadamente aplicado ao caso concreto
e, por conseguinte, seja restabelecido o devido processo legal.

3. RAZÕES PARA A REFORMA DO ACÓRDÃO


RECORRIDO. EQUÍVOCOS DE JULGAMENTO.

7
20. Ad argumentandum tantum , acaso superada a questão, no que não acredita
a Recorrente, passa-se a demonstrar os erros de julgamento do acórdão recorrido,
os quais impõem a sua reforma por esta Eg. Corte da Cidadania.

3.1. VÍCIO NA DISTRIBUIÇÃO DO FEITO.


OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL.
NULIDADE ABSOLUTA DO PROCEDIMENTO.
ATOS NULOS INSANÁVEIS. NECESSIDADE DE
REDISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO. NEGATIVA
DE VIGÊNCIA AOS ARTS. 251, 252 e 255 DO
CPC/73 E 5º, 7º, 8º, 9º, 10, 284, 285 E 288
DO CPC/15. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.

21. De início, anote-se que resta incontroverso nos autos ter sido a distribuição
do presente feito dirigida ao D. Juízo da 30ª Vara Cível de Fortaleza/CE, com base
em uma folclórica “prevenção por conexão” (fls. 02).

22. Tal circunstância, aliás, foi tratada expressamente no acórdão recorrido, e


devidamente certificada nos autos pelo próprio Serviço de Distribuição, segundo
o qual “houve um ‘equívoco no momento da distribuição’” (fls. 220), pelo que é
desnecessário revisitar fatos e provas para se constatar a ilegalidade.

23. “Curiosamente”, no entanto, tal “distribuição equivocada” direcionou o feito


justamente para o ex-magistrado Carlos Rodrigues Feitosa, condenado à prisão
por este Col. STJ, e afastado da função judicante devido à perda do cargo público,
exatamente pelo comércio de decisões em processos a ele dirigidos ilicitamente!

PENAL E PROCESSUAL PENAL. (...) CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA. VENDA


DE LIMINARES EM PLANTÕES JUDICIAIS. (...) PERDA DO CARGO PÚBLICO,
COMO EFEITO DA CONDENAÇÃO. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA COMO PENA
ADMINISTRATIVA QUE NÃO AFASTA A NECESSIDADE DE QUE A CONDENAÇÃO
PENAL DECRETE A PERDA DO CARGO PÚBLICO. EXPEDIÇÃO DE MANDADOS DE
PRISÃO. PERDA DO PRODUTO DO CRIME. MANUTENÇÃO DO AFASTAMENTO
CAUTELAR DO MAGISTRADO, ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO. (...)
1. Desembargador do Tribunal de Justiça do Ceará a quem se imputa a
venda de, pelo menos, cinco liminares identificadas a presos provisórios
e condenados, em cinco processos distintos. (...)
49. Havendo prova de que a vantagem pecuniária foi solicitada – prova
que há em demasia, consoante as mensagens trocadas e do depoimento da

8
testemunha DIEGO COLARES - e de que os atos de ofício foram praticados, o que
ocorreu, conforme se percebe da leitura das decisões proferidas pelo réu
CARLOS FEITOSA e do próprio contexto em que as proferiu - em plantões
de final de semana (...), em impetrações que poderiam e deveriam ter
ocorrido em dias normais de expediente –, é o que basta para a configuração
do tipo. (...)
52. Não se trata aqui de punir magistrado de tendência liberal, garantista ou
abolicionista. Cuida-se, sim, de punir julgador cujo filho abertamente
comercializou suas decisões, que vieram a ser editadas nos moldes das
tratativas. (...)
56. Observa-se com clareza que a negociação era real, coincidia com os
plantões do magistrado CARLOS FEITOSA e ecoam nas impetrações que
efetivamente vieram a ocorrer e a lograr resultado favorável àqueles
que se propuseram a negociar. Citam nomes, valores, situações efetivamente
ocorridas e resultados, desfechos esses que eram comemorados ao final dos
plantões. (...)
174. CONDENAR o acusado CARLOS RODRIGUES FEITOSA, nos autos
qualificado, à pena de 13 (treze) anos, 5 (cinco) meses e 2 (dois) dias
de reclusão, e multa de 69 (sessenta e nove) dias-multa, ao valor de 2
(dois) salários mínimos vigentes ao tempo dos fatos, cada , devidamente
corrigidos até o efetivo pagamento, dando-o, pois, como incurso nas sanções do
artigo 317, § 1.º, c/c artigo 71, caput, por duas vezes, e 317, § 1.º, c/c art. 71,
caput, por 3 (três) vezes, e as duas formas em concurso material entre si, na
forma do artigo 69, caput, todos do Código Penal, pena essa a ser cumprida em
regime inicial fechado, nos termos da fundamentação supra. (...)
179. Como efeito específico da condenação, inscrito no artigo 92, inciso I, alínea
"a", do Código Penal, declaro a perda do cargo público de Desembargador
de Tribunal de Justiça exercido por CARLOS RODRIGUES FEITOSA. 8

24. Data venia , E. Ministros, isso leva a crer que não houve um mero “equívoco
na forma de distribuição” do processo, mas sim o seu direcionamento doloso a um
magistrado conhecido por ter feito “do Tribunal de Justiça do Ceará autêntica casa
de comércio”, como bem disse o Ministro Herman Benjamin naquela sessão!

25. Não causa estranheza, portanto, que após a distribuição viciada aquele juiz
tenha (i) se dado por competente para julgar a ação, mesmo não sendo prevento,
(ii) deferido a tutela de urgência inaudita altera parte , com astreintes de elevada
monta, e (iii) julgado antecipadamente a lide, sem sanear ou instruir o feito, para

8 STJ; APn 841/DF; Rel. Min. Herman Benjamin; Corte Especial; J. 08/04/2019; DJe 22/05/2019: https://sco
n.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num registro=201502406451&dt_publicacao=28/03/2017

9
(iv) estabelecer uma condenação no teto do pedido autoral, e fixar honorários de
sucumbência também no máximo permitido, além de astreintes milionárias.

26. Não se trata de leviandade tal assertiva, mas de constatação de atos ilegais
ocorridos na distribuição e no processamento do feito, que redundaram em uma
condenação no mínimo “heterodoxa”, pois completamente descolada da legislação
de regência e dos mais comezinhos princípios constitucionais!

27. Ora, como certificado pelo Serviço de Distribuição (fls. 220), jamais houve
na 30ª Vara Cível qualquer outra demanda proposta pelo Recorrido, que pudesse
justificar a distribuição “por prevenção” da presente ação , sendo antes cristalina
a ilicitude da distribuição da causa àquele magistrado...

28. Concessa venia , o que o Serviço de Distribuição chamou de “equívoco”, em


verdade, representa nítida burla ao juiz natural, na medida em que a distribuição
foi feita em menoscabo ao disposto na legislação processual pátria e, sobretudo,
na Constituição Federal!

29. O acórdão guerreado, por seu turno, partindo da (falsa) premissa de que a
anulação exclusiva da sentença, aliada à “aposentadoria” do juiz prolator, seriam
suficientes para sanar as nulidades decorrentes do vício na distribuição , manteve
incólumes todos os atos praticados por ele até o efetivo julgamento – e até mesmo
a sua posterior decisão integrativa (fls. 375-385):

9. Inicialmente, da análise do contexto fático aliado ao po sicionamento


reiterado do Superior Tribunal de Justiça, mantêm-se a conclusão de fls.
176 que confirmou a revelia da segunda apelante Toyota do Brasil LTDA.
21. Ademais, no que tange ao pedido de nulidade ante o desrespeito das regras
de distribuição da demanda no Juízo de primeiro grau, o mesmo não merece
acolhimento. Com efeito, restando anulada a sentença e a devolução dos autos
para seu regular trâmite, inclusive com observância do devido processo legal,
não há qualquer prejuízo no fato do processo tramitar perante a Vara de
origem, sobretudo diante da aposentadoria do Julgador prolator da sentença
ora combatida, ao qual a parte recorrente inquina de várias irregularidades.
Dessa maneira, é indiferente a devolução desta ação para aquela unidade
jurisdicional ou para qualquer outra Vara Cível desta Comarca.
22. É de bom alvitre registrar que a decisão concessiva de tutela antecipada,
ainda que proferida por Juízo incompetente, conserva seus efeitos, nos termos

10
do artigo 64, §4º, do Código de Processo Civil, motivo pelo qual também
haveria prejuízo à devolução deste feito à 30ª Cível de Fortaleza/CE.

30. Como visto, segundo o acórdão, a Recorrente não teria prejuízo algum com
a manutenção de atos processuais reconhecidamente nulos, a exemplo da decisão
antecipatória da tutela (fls. 26-31), da revogação do despacho que determinou
sua citação por Carta Precatória (fls. 110), do capítulo da sentença que decretou
sua revelia (fls. 116), e da decisão integrativa que aplicou a teoria da aparência
e manteve a decretação (fls. 174-178)...

31. Permissa venia , nada mais equivocado!

32. A olhos vistos a Recorrente restará prejudicada acaso mantidos os referidos


atos, posto que (i) teria contra si uma tutela antecipada satisfativa e irreversível,
sem caução idônea, (ii) estariam sustados os efeitos do despacho que determinou
corretamente a sua citação, e (iii) não teria sequer a oportunidade de apresentar
sua defesa, face à decretação da revelia em plena sentença anulada (!)...

33. A título ilustrativo, vale o questionamento: como a decretação da nulidade


somente a partir do saneamento não ensejaria prejuízos à Recorrente, se nesta
hipótese ela não poderá nem mesmo oferecer contestação? Não há resposta para
tal pergunta no acórdão, permissa venia ...

34. Ao assim proceder, data venia , o acórdão terminou por negar vigência aos
arts. 251, 252 e 255 do CPC/73 9, diploma processual aplicável à época, replicados
nos arts. 284, 285 e 288 do CPC/15 10, legislação adjetiva vigente, ferindo de morte
os princípios do juiz natural, do contraditório, da ampla defesa, do devido processo

9 Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de
um juiz ou mais de um escrivão.
Art. 252. Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedec endo a rigorosa igualdade.
Art. 255. O juiz, de ofício ou a requerimento, corrigirá o erro ou a falta de distribuição, compensando-a.
10 Art. 284. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de
um juiz.
Art. 285. A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo -se rigorosa
igualdade.
Parágrafo único. A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de Ju stiça.
Art. 288. O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corr igirá o erro ou compensará a falta de
distribuição.

11
legal e da boa-fé processual, estampados nos arts. 5º, 7º, 8º, 9º e 10 do CPC/15 11,
e no art. 5º, XXXVII, LIII, LIV e LV, da CF/88 12.

35. Isto porque, de acordo com tais dispositivos, “onde houver mais de um juiz”
“a distribuição (...) será alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade”
dentre aqueles abstratamente competentes, tornando “a competência cumulativa
de todos em competência exclusiva de só um dentre todos” , como leciona a mais
abalizada doutrina 13.

36. Ora, o princípio do juiz natural é um dos pilares em que se funda o sistema
processual brasileiro e o próprio Estado Democrático de Direito, a teor do disposto
no art. 5º, XXXVII e LIII, da CF/88 14, e reza que, para cada ação, sempre haverá
um único Juízo competente, prévia e objetivamente definido por lei.

37. Consoante as lições da melhor doutrina 15, isto “significa que: 1) não haverá
juízo ou tribunal ad hoc , isto é, tribunal de exceção; 2) todos têm o direito de
submeter-se a julgamento (civil ou penal) por juiz competente, pré-constituído na
forma da lei; 3) o juiz competente tem de ser imparcial”.

38. Nesse esteio, trata-se de comando normativo constitucional que serve para
evitar a instauração de Tribunais de Exceção e impedir que o jurisdicionado possa
escolher, dentre os diversos Juízos, aquele que lhe pareça mais conveniente .

11 Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
(...)
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e fa culdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. (...)
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. (. ..)
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se tr ate de matéria sobre
a qual deva decidir de ofício.
12 Art. 5º (...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; .
13 CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Parecer inserto na Ação Rescisória tombada sob o nº 46.595 -0,
que tramitou perante o TJBA.
14 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo -se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do dire ito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
15 NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 7ª ed. São Paulo: Rev ista
dos Tribunais, 2002, p. 28.

12
39. E a garantia constitucional do juiz natural intenta, sobretudo, assegurar aos
jurisdicionados a imparcialidade das decisões, com a utilização de procedimentos
que impossibilitem o conhecimento prévio do julgador da lide pelas partes.

40. A transgressão ao juiz natural gera, portanto, uma nulidade absoluta – a


qual pode ser suscitada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição – por
constituir infringência a uma garantia constitucional, em inobservância às regras
de distribuição.

41. A doutrina esclarece que “somente se pode, em tal conjuntura, falar em


incompetência absoluta, já que o afastamento do juiz natural ou o empecilho de
acesso a ele só somente pode ser qualificado como agressão a uma garantia
constitucional” 16, pois “se tão condenável expediente é acobertado pelo julgador,
a sua decisão, por desrespeitadora da garantia, reveste-se como vulneradora de
preceito constitucional, o que o torna absolutamente incompetente, dada a matriz
constitucional do princípio” 17:

As regras de distribuição servem exatamente para fazer valer a garantia do juiz


natural: estabelecem-se critérios prévios, objetivos, gerais e aleatórios para a
identificação do juízo que será o responsável pela causa. É por isso que o
desrespeito às regras da distribuição por dependência implica
incompetência absoluta. Não se desconhecem as tentativas de “escolha”
do juiz, quer com a postulação em períodos de recesso ou em plantões,
com a ciência de qual tal juiz será o responsável pela decisão, quer com
a burla ao sistema informatizado de distribuição. (...)
Um dos requisitos para que se tenha um juiz natural é a prévia fixação de regras
para a divisão interna de funções e atribuições nos locais onde houver mais de
um juízo abstratamente previsto como competente. Concretiza-se, assim, a
competência, de forma equânime, sem que se defira às partes a
possibilidade de optar pelo órgão julgador de sua preferência.
As regras de distribuição são cogentes. São, portanto, regras de
competência absoluta. (...)
Assim, fraude à distribuição significa violação ao princípio do juiz
natural (art. 5º, LIII e LIV da CF) e às normas relativas à distribuição;
por consequência, levará à incompetência absoluta . 18

16 THEODORO JR, Humberto. Parecer inserto na Ação Rescisória tombada sob o nº 46.595 -0, que tramitou
perante o TJBA.
17 CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Parecer inserto na Ação Rescisória tombada sob o nº 46.595 -0,
que tramitou perante o TJBA.
18 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Vol. 1. 17ª ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p.
184/202-203.

13
42. O próprio Tribunal a quo já tinha entendimento consolidado nesse sentido,
como se depreende do aresto doravante transcrito, de lavra do Min. Raul Araújo,
quando ainda integrante daquela Eg. Corte Estadual:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS


MORAIS. (...). AUSÊNCIA DE CONEXÃO OU DE CONTINÊNCIA ENTRE A AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E AQUELAS AÇÕES REVISIONAL E DE BUSCA E
APREENSÃO. NÃO INCIDÊNCIA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES
CONSTANTES NO ART. 253 DO CPC. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA.
DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, LIV) E SEU CONSECTÁRIO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL (CF, ART. 5º, XXXVII E LIII). NULIDADE
ABSOLUTA, COGNOCÍVEL A QUALQUER TEMPO E GRAU DE JURISDIÇÃO.
CPC, ART. 113. FATO QUE ENSEJA O RECONHECIMENTO DE NU LIDADE
DE TODOS OS ATOS DECISÓRIOS PROFERIDOS PELO JULGADOR
INCOMPETENTE. SENTENÇA ANULADA. (...) 2. Em tal hipótese, inexiste
conexão ou continência entre as referidas demandas, na medida em que não lhes
são comuns o objeto ou a causa de pedir, nem tampouco o objeto de uma
abrange o das demais, inexistindo motivo para a reunião das ações, consoante o
disposto no art. 105 do Estatuto Processual Civil. 3. Tratando-se de
distribuição direcionada, efetuada com base em prevenção inexistente,
observa-se violação ao princípio constitucional do Devido Processo
Legal (CF, art. 5º, LIV) e seu consectário Princípio do Juiz Natural (CF,
art. 5º, inc. XXXVII e LIII), sendo que tal ofensa induz à incompetência
absoluta do d. juízo monocrático, que pode ser conhecida, de ofício, a
qualquer tempo e grau de jurisdição, nos moldes do art. 113 do Código
de Processo Civil. 4. Hipótese que enseja a nulidade de todos os atos
decisórios proferidos pelo Juízo supostamente prevento, determinando-
se a normal distribuição do feito, que deverá se dar por sorteio, nos
moldes do delimitado na Carta da República e nas normas processuais
aplicáveis. 5. Apelação conhecida e provida. 19

43. Deste modo, ao contrário do que aduziu o acórdão vergastado, encampando


tese inusitada do Juízo primevo (fls. 254), os atos perpetrados por um juiz não
natural, e absolutamente incompetente, não podem ser “convalidados”, mormente
naqueles excertos da sentença cassada e da posterior decisão integrativa, mesmo
porque se trata de vício insanável, que torna nulo o procedimento desde a sua
gênese!

19 TJCE; AP 32535-59.2008.8.06.0001/1; Rel. Raul Araújo Filho; Primeira Câmara Cível; DJ 01/03/2010.

14
44. Por óbvio, a decisão vai de encontro à jurisprudência consolidada em outros
Tribunais Federais e Estaduais quanto à interpretação dos dispositivos invocados
(arts. 251, 252 e 255 do CPC/73 ou arts. 284, 285 e 288 do CPC/15), servindo de
exemplo paradigmático os acórdãos cujos excertos seguem doravante transcritos,
em cotejo analítico, em obediência ao art. 1.029, §1º, do CPC15 c/c o art. 255,
§1º, do RI/STJ (Docs. 3 e 4):

ACÓRDÃO PARADIGMA 1
ACÓRDÃO RECORRIDO INTEGRADO
TRF2 - AP 2002.02.01.005817-9 20

APELAÇÃO CÍVEL. TEORIA DA APARÊNCIA. DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA. VEDAÇÃO.


VALIDADE DE CITAÇÃO. REVELIA RESPEITO AO INTERESSE DA ORDEM
CONFIGURADA. NÃO INCIDÊNCIA DE SEUS PÚBLICA E AO PRINCÍPIO DO JUIZ
EFEITOS ANTE A CONTESTAÇÃO DO OUTRO NATURAL. NULIDADE ABSOLUTA. ATO
RÉU. CERCEAMENTO DE DEFESA INSANÁVEL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
CONFIGURADO. NULIDADE DA SENTENÇA. DO JUÍZO. (...)
APELO CONHECIDO E PROVIDO PARA 1. Ausência de livre distribuição. Questão
DETERMINAR A CASSAÇÃO DA SENTENÇA de natureza processual civil. Possibilidade de
ANTE A AUSÊNCIA DO ANÚNCIO DO o órgão ad quem examinar de ofício as
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. questões de ordem pública, em decorrência
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE do efeito translativo dos recursos.
PROVIDO. (...) 2. Não observância dos critérios
6. Ademais, no que tange ao pedido de objetivos legais que determinam a
nulidade ante o desrespeito das regras distribuição por dependência (art. 253
de distribuição da demanda no Juízo de do CPC). Distribuição dirigida.
primeiro grau, o mesmo não merece 3. Reconhecimento de (i) ofensa direta
acolhimento. Com efeito, restando ao princípio constitucional do juiz
anulada a sentença e a devolução dos natural; (ii) desrespeito absoluto às
autos para seu regular trâmite, regras objetivas de determinação de
inclusive com observância do devido competência – que afetam, a
processo legal, não há qualquer independência e imparcialidade do órgão
prejuízo no fato do processo tramitar julgador; (iii) inadequação da via eleita;
perante a Vara de origem, sobretudo (iv) tumulto processual com inúmeras
diante da aposentadoria do Julgador irregularidades e, conseqüentemente (v)
prolator da sentença combatida, ao PREJUÍZOS EFETIVOS, com influência no
qual a parte recorrente inquina de direito material e reflexo na decisão da
várias irregularidades. Dessa maneira, causa.
é indiferente a devolução desta ação 4. Incompetência absoluta do Juízo da 7ª
para aquela unidade jurisdicional ou Vara Federal do Rio de Janeiro,
para qualquer outra Vara Cível desta reputando-se de nenhum efeito todos os
Comarca. atos por ele praticados (art. 248 primeira

20 TRF2; AP 0005817-82.2002.4.02.0000 (2002.02.01.005817-9); Rel. Guilherme Calmon; 8ª Turma; J.


16/08/2005; DJ 21/11/2005: Rep. http://www.trf2.gov.br/iteor/RJ0108810/1/13/122598.rtf ; Html:
https://www10.trf2.jus.br/consultas/?movimento=cache&q=cache:qUGTSssG -awJ:trf2nas.trf.net/iteor
/TXT/RJ0108810/1/13/122598.rtf+2002.02.01.005817-9&site=v2_jurisprudencia&client=v2_index&pro
xystylesheet=v2_index&lr=lang_pt&ie=UTF -8&output=xml_no_dtd&access=p&oe=UTF-8.

15
7. É de bom alvitre registrar que a decisão parte c/c art. 113 § 2º, ambos do CPC).
concessiva de tutela antecipada, ainda 5. Recursos de apelação prejudicados. (...)
que proferida por Juízo incompetente, 2. Primeiramente, ao se vislumbrar a ausência
conserva seus efeitos, nos termos do de livre distribuição ocorrida na presente
artigo 64, §4º, do Código de Processo demanda, necessário se perquirir acerca de
Civil, motivo pelo qual também haveria tal questão, tendo em vista que normas de
prejuízo à devolução deste feito à 30ª natureza processual civil dizem respeito a
Cível da Comarca de Fortaleza/CE: (...). uma relação jurídica de que o Estado (no
9. Inicialmente, da análise do contexto papel de Estado-juiz) necessariamente faz
fático aliado ao posicionamento reiterado do parte. Assim, a possibilidade de o órgão ad
Superior Tribunal de Justiça, mantêm-se a quem examinar de ofício as questões de
conclusão de fls. 176 que confirmou a ordem pública não é decorrência do efeito
revelia da segunda apelante Toyota do devolutivo dos recursos, é sim decorrência do
Brasil LTDA. (...) efeito translativo, que é o poder dado pela lei
21. Ademais, no que tange ao pedido de ao juiz para, na instância recursal, examinar
nulidade ante o desrespeito das regras de de ofício as questões de ordem pública [...].
distribuição da demanda no Juízo de Mesmo porque, efeito devolutivo pressupõe
primeiro grau, o mesmo não merece ato comissivo de interposição do recurso, não
acolhimento. Com efeito, restando anulada podendo ser caracterizado quando há omissão
a sentença e a devolução dos autos para da parte ou interessado sobre determinada
seu regular trâmite, inclusive com questão não referida nas razões ou contra -
observância do devido processo legal, não razões do recurso.
há qualquer prejuízo no fato do processo 3. Outrossim, do ponto de vista ético, a livre
tramitar perante a Vara de origem, distribuição mostra-se como instrumento de
sobretudo diante da aposentadoria do garantia da imparcialidade do magistrado, não
Julgador prolator da sentença ora havendo que se considerar irrelevante a
combatida, ao qual a parte recorrente análise acerca da ausência de distribuição,
inquina de várias irregularidades. Dessa ocorrida na presente demanda. A adoção de
maneira, é indiferente a devolução desta tal tese – facultando-se ao autor, em
ação para aquela unidade jurisdicional ou conseqüência, a possibilidade de se dir igir
para qualquer outra Vara Cível desta diretamente ao Juízo de sua preferência -
Comarca. importa em subordinar ao poder dispositivo da
22. É de bom alvitre registrar que a decisão parte matéria que é de ordem pública e paira
concessiva de tutela antecipada, ainda acima da própria intervenção dos juízes, que
que proferida por Juízo incompetente, não a podem modificar para atender
conserva seus efeitos, nos termos do quaisquer interesses: A distribuição, portanto,
artigo 64, §4º, do Código de Processo Civil, constitui critério de atribuição da competência
motivo pelo qual também haveria prejuízo à e de competência absoluta, tanto como é a
devolução deste feito à 30ª Cível de competência funcional . Mesmo porque,
Fortaleza/CE. segundo a lei, somente a competência
territorial e a fundada no valor da causa
(...) podem ser objeto de eleição pela parte.
8. Consubstanciados, portanto, na presente
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO demanda, vícios processuais advindos da
(...) DECLARATÓRIOS IMPROVIDOS. (...) determinação do juízo competente, necessário
2. O acórdão embargado, resultante do se perquirir se esta decorreu de critérios
julgamento realizado em 26 de agosto de objetivos fixados pela lei (art. 251 do CPC),
2020, foi proferido de forma bastante conforme exigência da Constituição Fede ral
esclarecedora e fundamentada, atento ao ao dispor, expressamente, que ninguém pode
conjunto probatório carreado aos autos,

16
analisando todos os pontos suscitados em ser privado de seu juiz legal (art. 5°, inciso
apelação, inclusive a falta de prejuízo às LIII).
partes, ante a anulação da sentença e a 9. O art. 253 do CPC dispõe que se distribui,
aposentadoria do Julgador prolator da por dependência, as causas de qualquer
mesma. natureza quando se relacionarem, por
conexão ou continência, com outra já ajuizada
(inciso I) ou quando, tendo havido desistência,
o pedido for reiterado, mesmo que em
litisconsórcio com outros autores (inciso II).
Impõe-se, pois, investigar acerca da
ocorrência ou não de conexão ou continência,
que possa justificar a distribuição por
dependência, uma vez que não se vislumbra,
nos autos, ato processual ao qual se imponha
a incidência do inciso II acima mencionado .
(...)
18. A exigência de determinadas formas dos
atos jurídicos visa a preservar interesses da
ordem pública no processo, por isso quer o
direito que o próprio juiz seja o primeiro
guardião de sua observância. Trata-se aqui,
portanto, de nulidade absoluta, que por
isso mesmo pode e deve ser decretada de
officio , independentemente de provocação da
parte interessada: Frauda-se a distribuição
por diversos motivos. Na maioria dos casos, o
fenômeno ocorre por ter o advogado da causa
conhecimento prévio do entendimento do juiz
sobre determinada matéria. Um dos meios
mais comuns de se viciar a distribuição,
escolhendo-se o juiz da causa, é indicar, no
rosto da inicial uma suposta prevenção
existente com outro processo que tramita no
cartório (Vara) do magistrado escolhido,
dirigindo a petição inicial, sem maiores
delongas, àquele Juízo. (...) A existência do
duplo grau de jurisdição não minimiza a
necessidade da burla para os que dela se
utilizam. Muitas vezes, a vitória em primeira
instância já traz por si só diversas vantagens
financeiras para a parte, sobretudo quando há
provimento liminar ou antecipatório, cuja
execução é imediata . (...)
22. Conclui-se, assim, a existência de (i)
ofensa direta ao princípio constitucional
do juiz natural; (ii) desrespeito absoluto
às regras objetivas de determinação de
competência – que afetam a
independência e imparcialidade do órgão
julgador; (iii) tumulto processual com

17
inúmeras irregularidades, e,
principalmente (iv) prejuízos efetivos
com influência no direito material e
reflexo na decisão da causa. (...)
24. Ante o exposto, julgo prejudicados os
recursos interpostos, para reconhecer a
incompetência absoluta do Juízo da 7ª
Vara Federal, daí decorrendo a nulidade
dos atos decisórios por ele praticados no
presente feito (art. 248 primeira parte c/c
art. 113 § 2°, ambos do CPC).

ACÓRDÃO PARADIGMA 2
ACÓRDÃO RECORRIDO INTEGRADO
TJSC - AP 2006.000644-0 21

APELAÇÃO CÍVEL. TEORIA DA APARÊNCIA.


APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. (...)
VALIDADE DE CITAÇÃO. REVELIA
PRELIMINAR DE NULIDADE DO FEITO EM
CONFIGURADA. NÃO INCIDÊNCIA DE SEUS
RAZÃO DA DISTRIBUIÇÃO ERRÔNEA.
EFEITOS ANTE A CONTESTAÇÃO DO OUTRO
INEXISTÊNCIA DE PREVENÇÃO. (...)
RÉU. CERCEAMENTO DE DEFESA
AFRONTA AO PRINCÍPIO DO JUIZ
CONFIGURADO. NULIDADE DA SENTENÇA.
NATURAL. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA
APELO CONHECIDO E PROVIDO PARA
QUE PODE SER RECONHECIDA A QUALQUER
DETERMINAR A CASSAÇÃO DA SENTENÇA
TEMPO E GRAU DE JURISDIÇÃO. NULIDADE
ANTE A AUSÊNCIA DO ANÚNCIO DO
EVIDENCIADA. RETORNO DOS AUTOS AO
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO PARA
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
REGULAR DISTRIBUIÇÃO. PREFACIAL
PROVIDO. (...)
ACOLHIDA. RECURSO CONHECIDO E
6. Ademais, no que tange ao pedido de
PROVIDO.
nulidade ante o desrespeito das regras
A competência do juízo, em regra, será
de distribuição da demanda no Juízo de
fixada pela distribuição aleatória da
primeiro grau, o mesmo não merece
demanda (ou na forma prevista na
acolhimento. Com efeito, restando
legislação de organização judiciária
anulada a sentença e a devolução dos
local) e, definitivamente fixada com a
autos para seu regular trâmite,
regular distribuição do feito, somente a
inclusive com observância do devido
conexão ou a continência poderá alterá-
processo legal, não há qualquer
la. (...)
prejuízo no fato do processo tramitar
A distribuição dirigida, efetuada com
perante a Vara de origem, sobretudo
base em prevenção inexistente, afronta
diante da aposentadoria do Julgador
ao princípio do juiz natural e tal ofensa
prolator da sentença combatida, ao
induz à incompetência absoluta do
qual a parte recorrente inquina de
magistrado processante para o
várias irregularidades. Dessa maneira,
julgamento das pretensões deduzidas
é indiferente a devolução desta ação
pela autora. (...)
para aquela unidade jurisdicional ou

21 TJSC; AP 2006.000644-0; Rel. Carlos Adilson Silva; 1ª Câmara; J. 02/06/2009; DJ 17/07/2009; Rep.
http://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/integra.do?rowid=AAAbmQAABAACFZDAAB&tipo=acordao ; Pub.
http://busca.tjsc.jus.br/dje -consulta/rest/diario/pagina?edicao=728&cdCaderno=5&pagina=149; Html:
http://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=&only_ementa=&frase=&id=AAAbmQAABAACFZDAA
B&categoria=acordao

18
para qualquer outra Vara Cível desta “A distribuição errônea por dependência
Comarca. ENSEJA A NULIDADE DE TODOS OS ATOS
7. É de bom alvitre registrar que a decisão PROCESSUAIS PRATICADOS.” (TJ-PE; AP.
concessiva de tutela antecipada, ainda Cív. N. 49877-9; de Recife; quarta Câmara
que proferida por Juízo incompetente, Cível; Rel. Des. Santiago reis; julg. Em 7-4-
conserva seus efeitos, nos termos do 2005; djpe 29- 4-2005). (...)
artigo 64, §4º, do Código de Processo Portanto, in casu , inexiste a conexão, que
Civil, motivo pelo qual também haveria constitui exceção na determinação da
prejuízo à devolução deste feito à 30ª competência. Logo, evidente o erro
Cível da Comarca de Fortaleza/CE: (...). procedimental cometido ao distribuir por
9. Inicialmente, da análise do contexto dependência os autos quando não há
fático aliado ao posicionamento reiterado do prevenção de juízo!
Superior Tribunal de Justiça, mantêm-se a Prezando pela igualdade jurisdicional, o
conclusão de fls. 176 que confirmou a Código de Processo Civil, em seu art. 252,
revelia da segunda apelante Toyota do determinou que "Será alternada a distribuição
Brasil LTDA. (...) entre juízes e escrivães, obedecendo a
21. Ademais, no que tange ao pedido de rigorosa igualdade."
nulidade ante o desrespeito das regras de Na prática, para correta distribuição, "devem
distribuição da demanda no Juízo de abrir, em registro adequado, diversas casas
primeiro grau, o mesmo não merece para controle, conforme a natureza dos feitos;
acolhimento. Com efeito, restando anulada e, à medida que os processos vão dando
a sentença e a devolução dos autos para entrada, vão sendo atribuídos um a
seu regular trâmite, inclusive com cada juiz, até completar o número de varas
observância do devido processo legal, não existentes e depois se reinicia com o da
há qualquer prejuízo no fato do processo primeira vara, repetindo-se sucessivamente a
tramitar perante a Vara de origem, sequência. (Júnior, Humberto Theodoro.
sobretudo diante da aposentadoria do Curso de direito Processual Civil. v.1. Ed:
Julgador prolator da sentença ora Forense, 2007, p.316.) (...)
combatida, ao qual a parte recorrente Logo, a distribuição dirigida, efetuada com
inquina de várias irregularidades. Dessa base em prevenção inexistente, afronta ao
maneira, é indiferente a devolução desta princípio do Juiz Natural e tal ofensa induz
ação para aquela unidade jurisdicional ou à incompetência absoluta do magistrado
para qualquer outra Vara Cível desta processante para o julgamento das pretensões
Comarca. deduzidas pela autora.
22. É de bom alvitre registrar que a decisão Entende-se por princípio do Juiz Natural ou
concessiva de tutela antecipada, ainda Juiz Legal, segundo acórdão da lavra do Min.
que proferida por Juízo incompetente, Vicente Cernicchiaro como "o juízo pré-
conserva seus efeitos, nos termos do constituído, ou seja, definido por lei, antes da
artigo 64, §4º, do Código de Processo Civil, prática do crime. Garantia constitucional que
motivo pelo qual também haveria prejuízo à visa impedir o Estado de direcionar o
devolução deste feito à 30ª Cível de julgamento, afetando a imparcialidade da
Fortaleza/CE. decisão." (HC n. 4.931/RJ, DJU de 20 de
outubro de 1997, pág. 53.136).
(...) Ada Pellegrini Grinover esclarece que a
garantia do Juiz natural desdobra-se em três
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO conceitos: "só são órgãos jurisdicionais os
(...) DECLARATÓRIOS IMPROVIDOS. (...) instituídos pela Constituição; ninguém pode
2. O acórdão embargado, resultante do ser julgado por órgãos constituídos após a
julgamento realizado em 26 de agosto de ocorrência do fato; entre os juízes pré-
2020, foi proferido de forma bastante constituídos vigora uma ordem taxativa de

19
esclarecedora e fundamentada, atento ao competências, que exclui qualquer alternativa
conjunto probatório carreado aos autos, deferida à discricionariedade de quem quer
analisando todos os pontos suscitados em que seja" (O Princípio do Juiz Natural e sua
apelação, inclusive a falta de prejuízo às Dupla Garantia in Revista de Processo. Ed.:
partes, ante a anulação da sentença e a RT v. 29/11-33).
aposentadoria do Julgador prolator da Com efeito, a Constituição Fede ral, em seu
mesma. art. 5º, XXXVII e LIII, revela a garantia
do Juiz Natural: (...)
Desta feita, fundamental a necessidade da
prévia distribuição, a fim de assegurar a
prevalência do princípio do Juiz natural,
garantindo a existência de autoridades
competentes, cuja competência esteja
devidamente delimitada pela legislação em
vigor. Trata-se de verdadeira garantia
constitucional de que os jurisdicionados serão
processados e julgados por alguém
legitimamente integrante do Poder Judiciário,
com base na Carta Magna e nas leis
infraconstitucionais.
De outro norte, considerar irrelevante a
ausência de distribuição “importa em
subordinar ao poder dispositivo parte matéria
que é de ordem pública e paira acima da
própria intervenção dos juízes, que não a
podem modificar para atender quaisquer
interesses. Juiz que concorda em despachar
assunto que não lhe foi previamente
distribuído estará sempre sujeito a parecer
suspeito de parcialidade aos olhos da parte
contrária e do público.” (Aragão, de Muniz.
Comentários ao CPC. Ed.: Forense, v. II, 9 ed,
nº 405).
Assim, a violação ao princípio do Juiz natural,
pela conduta ofensiva às normas de
competência absoluta, importa em romper
normas imperativas, de interesse público .
Ora, “a violação de normas imperativas, ao
contrário do que ocorre com a anulabilidade,
deve ser declarada de ofício pelo magistrado.
Verificado o erro, a qualquer tempo deverá
o juiz retratar-se, a fim de cumprir a norma
imperativa ditada pelo interesse público.
Assim, embora haja pronúncia judicial no
sentido da validade do ato, poderão ser
sempre reexaminadas questões relativas à
incompetência absoluta, à suspeição, à
litispendência (...).
Tais vícios tornam absolutamente nulo o
ato processual e a decisão interlocutória que

20
erroneamente o considerasse válido nenhuma
eficácia teria. (...)" (Lacerda, Galeano. 1953,
op. cit. Carneiro, Athos Gusmão. O
Litisconsórcio Facultativo Ativo Ulterior e os
Princípios do Juiz Natural e do Devido Processo
Legal). (...)
Destarte, in casu , imotivada a prevenção
de juízo, a distribuição por dependência
ofende gravemente a princípios de
ordem pública, como os princípios
constitucionais fundamentais do Juiz
Natural e do Devido Processo Legal, bem
como os princípios infraconstitucionais
da estabilidade da demanda e da livre
distribuição, impondo-se a declaração
de nulidade de todos os atos proferidos
pelo juízo supostamente prevento,
determinando-se a normal distribuição
do feito, que deverá se dar por sorteio.
Ante ao exposto, em razão da
incompetência absoluta do juízo,
violação dos princípios do Juiz natural e
da livre distribuição, voto pelo
provimento ao recurso para declarar a
nulidade de todos os atos processados
por Juiz erroneamente prevento,
determinando a redistribuição do
presente feito, por sorteio.

45. Por todo o exposto, pugna seja reformado o acórdão, a fim de que seja
decretada a nulidade da distribuição e de todos os atos processuais subsequentes,
face à incontroversa violação ao juiz natural e consectária incompetência absoluta
do MM. Juízo da 30ª Vara Cível de Fortaleza/CE, determinando-se a redistribuição
do feito, por sorteio, para que seja adequadamente processado, pela autoridade
competente e investida da jurisdição, nos termos dos arts. 251 e 252 do CPC/73,
ou 284 e 285 do CPC/15.

4.2. VÍCIO NA CITAÇÃO DA RECORRENTE.


NULIDADE ABSOLUTA DO ATO CITATÓRIO E
DOS ATOS PROCESSUAIS SUBSEQUENTES.
AUSÊNCIA DE TRIANGULARIZAÇÃO DA LIDE.
EQUÍVOCO NA DECRETAÇÃO DA REVELIA.
MANDADO SUBSCRITO POR PREPOSTO DE
OUTRA EMPRESA. RELAÇÃO MERAMENTE

21
COMERCIAL ENTRE EMPRESAS QUE NÃO
INTEGRAM O MESMO GRUPO ECONÔMICO.
INEXISTÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO EX VI
LEGIS . INAPLICABILIDADE DA TEORIA DA
APARÊNCIA. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO
ART. 16, I, DA LEI RENATO FERRARI E AOS
ARTS. 213 E 214 DO CPC/73 OU 238 E 239
DO CPC/15. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.

46. Ad argumentandum tantum , acaso superadas as razões acima, no que não


acredita a Recorrente, passa-se a demonstrar outro error in judicando do acórdão
recorrido, que igualmente impõe a sua reforma por esta Col. Corte da Cidadania.

47. Com efeito, resta incontroverso nos fólios que a Recorrente teve decretada
a sua revelia, por ter supostamente deixado de contestar a ação, após sua citação
ter sido levada a efeito perante preposto da litisconsorte passiva .

48. A decisão impingida reputou válida esta citação, sob o fundamento de que
(i) o gerente não teria aposto “qualquer ressalva quanto à inexistência de poderes
para representar o citando” , e (ii) por consequência, a teoria da aparência seria
aplicável em favor do Oficial de Justiça (fls. 375-385):

4. Sustenta ainda a nulidade de sua citação e, por conseguinte, o afastamento


de sua condição de revel decretada pelo juízo de piso. Informa que não
obstante o autor tenha indicado na exordial o endereço correto para se
proceder com a devida citação, esta fora feita junto ao en dereço da outra
recorrente, uma concessionária que comercializa os produtos daquela . Aduz
tratar-se de pessoas jurídicas distintas e independentes, inexistindo inclusive
preposição entre ambas, sendo inaplicável a teoria da aparência .
9. Inicialmente, da análise do contexto fático aliado ao posicionamento
reiterado do Superior Tribunal de Justiça, mantêm-se a conclusão de fls.
176 que confirmou a revelia da segunda apelante Toyota do Brasil
Ltda. Isso porque, de acordo com a teoria da aparência, considera-se válida
a citação, bem como a intimação em geral, na pessoa de quem se apresente
perante o oficial de justiça sem manifestar qualquer ressalva quanto à
inexistência de poderes para representar o citando .
10. Na hipótese em exame, o funcionário da concessionária, primeira
apelante, recebeu o mandado de citação sem qualquer objeção quanto a poder
representar a própria fabricante, segunda recorrente (fls. 34), tendo esta
inclusive ingressado no feito posteriormente. (...)

22
12. Esclareça-se, por oportuno, que a empresa Newland Veículos Ltda é a
concessionária representante da Toyota do Brasil Ltda em Fortaleza/CE,
sendo, pois, suficiente para a regularidade do ato citatório desta, em
observância a Teoria da Aparência, amplamente aplicada em querelas que
envolvem Direito do Consumidor. (...)
14. Deste modo, tem-se que a citação impugnada foi válida (fls. 34) e, ante
a inércia da segunda recorrente em contestar tempestivamente o feito, correta
a decisão que decretou sua revelia sem fazer incidir seus efeitos, até porque o
outro demandado apresentou sua contestação, art. 345, I, do CPC (fls. 53/70).

49. Concessa venia , não é possível!

50. Por certo, o equívoco na interpretação e aplicação do direito ao caso se deu


por ter sido estabelecida uma premissa descolada do ordenamento jurídico, data
venia , sem que se atentasse para as particularidades do caso...

51. Primeiro porque, como cediço, e ao contrário do que consignou o acórdão,


tratam-se de pessoas jurídicas distintas e independentes, que sequer integram o
mesmo grupo econômico, e que mantêm entre si uma relação puramente comercial
de revenda de produtos, obrigatoriamente feita mediante concessão da marca, ex
vi legis (Lei Renato Ferrari):

Art. 1º A distribuição de veículos automotores, de via terrestre, efetivar -se-á


através de concessão comercial entre produtores e distribuidores disciplinada por
esta Lei e, no que não a contrariem, pelas convenções nela previstas e disposições
contratuais.

52. De acordo com a legislação de regência, inclusive, fica vedada a ingerência


das montadoras sobre as atividades das Concessionárias, assim como a existência
de subordinação entre elas, a teor do disposto no art. 16, I, da Lei 6.729/79:

Art. 16. A concessão compreende ainda o resguardo de integridade da marca e


dos interesses coletivos do concedente e da rede de distribuição, ficando
vedadas:
I - prática de atos pelos quais o concedente vincule o concessionário a
condições de subordinação econômica, jurídica ou administrativa ou
estabeleça interferência na gestão de seus negócios.

53. Curial destacar, neste ponto, que tal vedação impossibilita a ocorrência de
preposição entre estas empresas ou seus funcionários, sendo inaplicável a teoria
da aparência em casos tais, conforme entendimento já consolidado neste Eg. STJ:

23
(...) VEÍCULOS AUTOMOTORES. (...) FORNECEDOR (FIAT). RESPONSABILIZAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. (...)
A questão central da demanda cinge-se em definir se há responsabilidade da
montadora pelos atos praticados pela concessionária, que faz uso, em suas
atividades comerciais, da marca e garantia da concedente. A tese jurídica
esposada pelo voto do eminente relator, em linhas gerais, é de que (...) “sob a
ótica do consumidor, a concessionária, em qualquer negócio jurídico por ela
celebrado, ao estampar determinada marca, apresenta -se sempre como uma
parceira da fabricante, esta sim, em quem o usuário deposita sua confiança em
razão da marca consolidada no mercado automobilístico”. (...)
De pronto, afasta-se a existência de preposição, eis que esta, como
cediço, tem por essência a subordinação, o exercício da atividade sob a
direção de outrem, qualidade incompatível com a atividade da
concessionária, uma vez que, nos termos do art. 16, I, da Lei 6.729/79 ,
é vedada a “prática de atos pelos quais o concedente vincule o concessionário a
condições de subordinação econômica, jurídica ou administrativa ou estabeleça
interferência na gestão de seus negócios".
No que concerne à representação autônoma, também não se amolda à relação
estabelecida no âmbito da concessão comercial para distribuição de veículos
automotores. (...)
Eventual elastério do termo em análise, se cabível, deve ser procedido “cum
granum salis”, apenas para abarcar figuras análogas ao representante comercial
autônomo, tais como, em rol exemplificativo apresentado por CLAUDIA LIMA
MARQUES, "mandatários de outras pessoas jurídicas do mesmo grupo bancário,
corretores de seguros, agentes de telemarketing, vendedores etc" (Comentários
ao Código de Defesa do Consumidor. 2ª ed. São Paulo: RT, 1995, p. 511).
Não é o caso, todavia, da revendedora de v eículos, a qual, nos termos
da já transcrita legislação de regência, atua sem subordinação
econômica, jurídica ou administrativa, gerindo seus negócios de
maneira independente.
DE OUTRO LADO, NÃO HÁ ESPAÇO, IN CASU, PARA A APLICAÇÃO DA
TEORIA DA APARÊNCIA, CUJO ESCOPO É A PRESERVAÇÃO DA BOA-FÉ
NAS RELAÇÕES NEGOCIAIS, AFASTANDO-SE O ÓBICE DE PACTUAÇÃO
COM TERCEIRO. (...)
NÃO HÁ QUE SE FALAR, NESTE CONTEXTO, EM TUTELA DA APARÊNCIA
PELO SIMPLES FATO DA UTILIZAÇÃO, NOS CONTRATOS CELEBRADOS,
DA MARCA DA RECORRIDA, PRAXE COMERCIAL AMPLAMENTE
DIFUNDIDA E INCAPAZ DE, POR SI SÓ, OCASIONAR CONFUSÃO AO
CONSUMIDOR. 22

22 STJ; RESP 566.735/PR; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Rel. Ac. Min. Fernando Gonçalves; Quarta Turma;
DJ 01/03/2010.

24
54. Tanto por isso, contrariando a premissa estabelecida na decisão, o preposto
da litisconsorte não precisaria fazer qualquer ressalva ou “objeção” a respeito dos
poderes para receber a citação em nome da Recorrente, já que ele está proibido
por lei de praticar atos em seu nome, inclusive este...

55. Digno de nota que, ao deferir a tutela provisória, o D. Juízo de piso ordenou
fossem as demandadas citadas nos endereços apontados na exordial e, embora o
Recorrido tivesse discriminado o endereço exato das partes, requerendo inclusive
sua citação em domicílios diferentes, a Serventia da 30ª Vara Cível confeccionou
um único mandado para a citação de ambas (fls. 33), o que também se encontra
devidamente certificado nos autos (fls. 164).

56. Assim, munido do mandado que lhe fora entregue pela Serventia, o Oficial
de Justiça foi ao endereço da litisconsorte NEWLAND e certificou – erroneamente
– haver citado e intimado ambas as partes na pessoa do Gerente de Controladoria
daquela, quando a rigor ele subscreveu a contrafé apenas em seu nome (fls. 34).

57. Sucede que, como reconhecido na própria decisão guerreada, a Recorrente


não possui matriz ou filial no Estado do Ceará, e tampouco mantém no endereço
da concessionária nenhum preposto seu, por expressa vedação legal – art. 16,
I, da Lei 6.729/79.

58. Ao revés do que presumiu a decisão, portanto, o gerente da NEWLAND apôs


sua ciência no mandado exclusivamente em nome desta, e não da fabricante, pela
simples razão que não pode ter com a TOYOTA, por expressa proibição de lei,
qualquer relação jurídica!

59. Assim, também não encontra amparo nos autos, ex vi legis , a assertiva do
acórdão, de que “na hipótese em exame, o funcionário da concessionária, primeira
apelante, recebeu o mandado de citação sem qualquer objeção quanto a poder
representar a própria fabricante, segunda recorrente (fls. 34)” , uma vez que (i)
o referido gerente não é – jamais foi, e nem poderia ser – preposto da Recorrente,
(ii) ele não subscreveu a contrafé em nome da TOYOTA, sendo claro o carimbo
com a razão social exclusiva da NEWLAND, e (iii) o endereço onde foi entregue o
mandado não coincide com aquele descrito pelo Recorrido no petitório inaugural.

25
60. Veja-se, a propósito, que para afastar a incidência da referida legislação, o
acórdão integrativo apenas mencionou que a lide envolve o direito consumeirista,
como se isso – por si só – fosse capaz de derrogar a legislação federal de regência
da relação entre as litisconsortes passivas (incidente /50000 – fls. 28-32):

3. Ademais, no que tange a aplicação da teoria da aparência, a alegação


implica verdadeira rediscussão da matéria, tendo em vista que a Lei nº
6.729/79 não relação [sic] ora estabelecida, que é puramente
consumerista.

61. Ora Excelências, o fato de a relação jurídica travada entre o autor da ação
e as demandadas ser de consumo, como todas as licenças, nada tem a ver com a
legislação que cuida da relação havida entre estas, a qual impede a aplicação da
teoria da aparência na hipótese, por imperativo lógico e jurídico!

62. Efetivamente, ao manter o capítulo de uma sentença nula, bem como a sua
decisão integrativa, apenas para preservar a decretação da revelia da Recorrente,
com base na teoria da aparência, o acórdão recorrido terminou por suprimir o seu
sagrado direito de defesa, já que não poderá ela sequer apresentar contestação
a tempo e modo!

63. Trata-se de incontestável ofensa aos princípios constitucionais relacionados


à existência e validade do processo, notadamente os princípios do contraditório,
da ampla defesa e do devido processo legal, estampados no art. 5º, LIV e LV, da
CF/88 23.

64. Nesse sentido, é nítida a nulidade absoluta do processo, que não chegou
sequer a ser formado antes da prolação da sentença recorrida, pela ausência de
citação válida e triangularização da lide, a teor do disposto nos arts. 238 e 239 do
CPC/15 24 (ou 213 e 214 do CPC/73 25).

23 Art. 5º (...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
24 Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a
relação processual.
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as
hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
25 Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a j uízo o réu ou o interessado a fim de se defender.
Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.

26
65. Trata-se, inegavelmente, de vício insanável, não sujeito sequer ao prazo
de rescisão, haja vista a “inexistência” da própria decisão e do consectário trânsito
em julgado, como ensina a doutrina especializada:

A grande maioria dos doutrinadores menciona uma série de requisitos, que, se


inexistentes, impedem a formação do processo. O processo tem pressupostos de
existência (jurídica, é claro). O que ocorre, no mundo dos fatos, quando estes
pressupostos não são preenchidos, é um “simulacro” de processo “aparente”. Os
requisitos para que se considere um processo como sendo juridicamente
existente são correlatos à definição clássica de processo, que
praticamente o identifica com a relação jurídica que se estabelece entre
o autor, juiz e réu. Portanto, sem que haja um pedido, formulado diante
de um juiz, em face de um réu (potencialmente presente, ou seja,
citado) não há, sob o ângulo jurídico, propriamente um processo. Claro
que uma sentença de mérito proferida nestas condições e neste
contexto é, por “contaminação”, juridicamente inexistente, que jamais
transita em julgado. 26

A sentença inexistente é aquela que traz um vício que jamais se


convalida. Suas raízes podem ser encontradas nas querelas nulitatis
insanabilis , a sentença inexistente jamais transita em julgado, ainda
que produza efeitos esses efeitos não são jurídicos, daí porque este vício
jamais prescreve podendo ser declarada a sua inexistência a qualquer
momento. É o caso de falta de pressupostos processuais de existência da
relação jurídica processual e/ou condições da ação. 27

66. Assim como ocorreu com a arguição de nulidade da distribuição, o acórdão


recorrido também precisou se afastar dos precedentes da própria Corte cearense ,
como se infere de recentíssimo acórdão assim ementado:

APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. (...) CITAÇÃO ENDEREÇO ERRADO.


PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL. ACOLHIMENTO. SENTENÇA
CASSADA. I - Nos termos do art. 214, do CPC de 1973 (art. 239, do
NCPC), a citação é ato indispensável ao processo, de modo que a sua
ausência constitui nulidade insanável, a qual pode ser alega da a
qualquer tempo e grau de jurisdição, inclusive ser reconhecida de ofício .

26 WAMBIER, Tereza Arruda Alvim; MEDINA, José Gabriel. O Dogma da Coisa Julgada. São Paulo: RT,
2003, p. 29.
27 PEREIRA, Rosalina Pinto da Costa Rodrigues. O art. 485, V, do Código de Processo Civil. RePro nº 86.
Ano 22. Abr-Jun 1997. São Paulo: RT, p. 120.

27
II - É nula a citação feita em endereço estranho ao do réu, tornando
nulos todos os atos a ela subsequentes. III - Recurso conhecido e provido. 28

67. Os outros Tribunais brasileiros, como não poderia deixar de ser, perfilham
do mesmo entendimento:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.


(...). MANDADO DE CITAÇÃO ENCAMINHADO A ENDEREÇO DIVERSO DO
APONTADO PELA PARTE AUTORA NA INICIAL, ONDE A PARTE RÉ NÃO
POSSUI ENDEREÇO COMERCIAL. Ausência de citação é caso de nulidade
absoluta do processo, por se tratar de pressuposto de existência da
relação processual. Ausência de citação válida do réu. Declaração de
nulidade da sentença e demais atos processua is praticados após a
citação irregular. Determinação de prosseguimento do feito com a
designação de nova data para audiência e intimação do réu para
apresentar defesa no prazo legal. 29

COMPRA E VENDA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C.C.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. (...) RÉ REVEL. Interposição de exceção de
pré-executividade por parte da ré, em fase de cumprimento de sentença,
alegando a nulidade do processo por ausência de citação válida. Determinação,
por parte do Magistrado a quo , de suspensão da execução e ciência deste
Tribunal de Justiça quanto à aparente nulidade da citação. Matéria de ordem
pública, que deve ser conhecida e apreciada de ofício. Citação da ré
realizada em endereço diverso do local onde está estabelecida . (...)
Nulidade da citação que se impõe. Determinação de retorno dos autos à
vara de origem, para que a ré apresente sua defesa, no prazo de quinze
dias, a contar da intimação a ser determinada em primeiro grau, pelo
DJE. Sentença anulada de ofício. 30

68. Que o juiz primevo – aquele citado alhures – tenha preferido ignorar o teor
dos dispositivos legais atinente ao tema ou, mesmo conhecendo-os, tenha optado
por lhes negar vigência, para considerar válida uma “citação” feita ao seu arrepio ,
pode-se até tentar compreender...

69. Mas o acórdão vergastado, proferido já após a depuração daquela Col. Corte
de Justiça por obra republicana deste Eg. Tribunal Superior, seguramente foi fruto

28 TJCE; AP 00354346020148060117; Rel. Francisco Bezerra Cavalcante; 4ª Câmara Direito Privado; J.


05/11/2019; DJ 06/11/2019.
29 TJRJ; AP 00162542120158190001; Rel. Sônia de Fátima Dias; 23ª Câmara Cível e Consumidor; J.
14/03/2018; DJ 16/03/2018.
30 TJSP; APL 10355305420148260100; Rel. Des. Carlos Dias Motta; Vigésima Sétima Câmara Extraordinária
de Direito Privado; J. 12/04/2017; DJ 04/05/2017.

28
da indução em erro do Colegiado pelas próprias decisões provenientes da primeira
instância!

70. A título exemplificativo, o juízo de primeiro grau chegou a asseverar que “é


possível observar do exarado as fls. 36/43, onde repousa os Atos Constitutivos da
promovida Newland, que a mesma é verdadeira preposta da Toyota do Brasil Ltda,
tanto que até mesmo em seu Contrato Social aponta em destaque sua logomarca
unida a da Embargante, circunstância que com clareza de doer nos olhos evidencia
o vínculo de preposição, revelando que as mesmas protagonizam relação jurídica
ensejadora do vínculo de subordinação daquela” (fls. 174-178), e certamente
assim ludibriou a instância revisora no tocante à análise jurídica da matéria, tanto
que esse excerto da decisão foi expressamente conservado pelo acórdão, mesmo
após a anulação da sentença!

71. E decerto por isso, também, os precedentes mencionados no decisum não


guardam relação com os fatos debatidos nos autos, pois não cuidam de relações
havidas entre fabricantes e revendedoras automotivas .

72. A Recorrente, por outro lado, desde a sua apelação (fls. 259-307), e nos
declaratórios (fls. 28-32), colacionou um farto acervo jurisprudencial em sentido
contrário, declinando da aplicação da teoria da aparência em casos análogos, que
envolvem justamente montadoras e concessionárias.

73. De toda sorte, por imperativo legal e regimental, passa-se então ao cotejo
analítico do entendimento manifestado no acórdão recorrido com precedente do
Eg. TJRS (Doc. 5), que deu interpretação divergente às normas legais invocadas
(arts. 16, I, da Lei 6.729/79; 238 e 239 do CPC/15, ou 213 e 214 do CPC/73):

ACÓRDÃO PARADIGMA
ACÓRDÃO RECORRIDO INTEGRADO
TJRS – AC 70065418980 31

(...) TEORIA DA APARÊNCIA. VALIDADE APELAÇÕES CÍVEIS. (...) LITISCONSÓRCIO


DE CITAÇÃO. REVELIA CONFIGURADA. PASSIVO. CITAÇÃO. TEORIA DA
NÃO INCIDÊNCIA DE SEUS EFEITOS ANTE A APARÊNCIA. INAPLICABILIDADE NO
CONTESTAÇÃO DO OUTRO RÉU. CASO CONCRETO. TRATANDO-SE DE

31 TJRS; AC 70065418980 (0227276-90.2015.8.21.7000); Rel. Glênio José Wasserstein Hekman; 20ª


Câmara Cível; J. 27/04/2016; DJe 05/05/2016: Rep. https://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/downl
oad/exibe_documento_att.php?numero_processo=70065418980&ano=201 6&codigo=624481; Pub. http
s://www.tjrs.jus.br/servicos/diario_justica/dj_principal.php?tp=5&ed=5786&pag=75 ; Html: https://
www.tjrs.jus.br/buscas/jurisprudencia/exibe_html.php .

29
CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA AJUIZADA
NULIDADE DA SENTENÇA. APELO CONTRA PESSOAS JURÍDICAS
CONHECIDO E PROVIDO PARA DETERMINAR DISTINTAS – CONCESSIONÁRIA E
A CASSAÇÃO DA SENTENÇA ANTE A FABRICANTE DE VEÍCULOS –, AS
AUSÊNCIA DO ANÚNCIO DO JULGAMENTO CITAÇÕES DEVEM SER
ANTECIPADO DA LIDE. RECURSO INDIVIDUALIZADAS. CASO EM QUE A
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. CITAÇÃO DE AMBAS AS RÉS SE DEU
(...) APENAS JUNTO À CONCESSIONÁRIA.
1. De acordo com a teoria da aparência, FABRICANTE QUE, AO TOMAR
considera-se válida a citação, bem CONHECIMENTO DA DEMANDA, VEIO A
como a intimação em geral, na pessoa APRESENTAR DEFESA NO DECORRER DO
de quem se apresente perante o oficial PROCESSO. APELAÇÃO QUE DEVE SER
de justiça sem manifestar qualquer DECLARADA TEMPESTIVA. VERIFICADA
ressalva quanto à inexistência de IRREGULARIDADE EM ATO
poderes para representar o citando. INDISPENSÁVEL À FORMAÇÃO DA
2. Embora operada a revelia, o revel poderá RELAÇÃO PROCESSUAL, QUAL SEJA, A
ainda se manifestar em sede de apelação CITAÇÃO, DEVE A SENTENÇA SER
quanto às matérias de ordem pública e às DESCONSTITUÍDA, PARA REGULAR
questões jurídicas enfrentadas na sentença. PROCESSAMENTO DO FEITO NA FORMA
(...) DA LEI. PREFACIAL DE NULIDADE DA
4. Sustenta ainda a nulidade de sua citação SENTENÇA ACOLHIDA. PREJUDICADO O
e, por conseguinte, o afastamento de sua EXAME DOS DEMAIS PEDIDOS E DOS DEMAIS
condição de revel decretada pelo juízo de APELOS. (...)
piso. Informa que não obstante o autor A ré Renault Veículos apelou, sustentando, em
tenha indicado na exordial o endereço suas razões (fls. 160/167), em suma , da
correto para se proceder com a devida tempestividade do recurso, eis que não foi
citação, esta fora feita junto ao endereço da citada, entrando na lide somente agora. (...)
outra recorrente, uma concessionária que Preliminarmente, defende a nulidade absoluta
comercializa os produtos daquela . Aduz do processo, por ausência de citação, já que
tratar-se de pessoas jurídicas distintas e a Carta de Citação com AR (fl. 39) foi
independentes, inexistindo inclusive endereçada para a primeira ré
preposição entre ambas, sendo inaplicável (Concessionária Sulbra). Assim, não
a teoria da aparência. pode ser considerado válido o ato
9. Inicialmente, da análise do contexto citatório. Embora parceiras comerciais,
fático aliado ao posicionamento reiterado do são pessoas jurídicas distintas, não
Superior Tribunal de Justiça, mantêm-se a havendo qualquer poder de gerência ou
conclusão de fls. 176 que confirmou a administração entre elas, afastando a
revelia da segunda apelante Toyota do aplicação da “teoria da aparência”. (...)
Brasil LTDA. Isso porque, de acordo com Analiso, por primeiro, o recurso da ré Renault
a teoria da aparência, considera-se válida Veículos em razão da sua prejudicialidade.
a citação, bem como a intimação em geral, Tratando-se de citação feita pelo Correio, o
na pessoa de quem se apresente perante o prazo para a defesa começa a fluir a partir da
oficial de justiça sem manifestar qualquer data da juntada do AR aos autos, nos termos
ressalva quanto à inexistência de poderes do disposto no inciso I, do artigo 241, do CPC.
para representar o citando. A Carta de Citação com AR da ré Renault
10. Na hipótese em exame, o funcionário Veículos foi expedida para o endereço Rodovia
da concessionária, primeira apelante, BR 116, n. 495, Rio Branco, Novo Hamburgo/
recebeu o mandado de citação sem RS, o qual foi informado pelo autor na inicial.
qualquer objeção quanto a poder No recibo, consta rubrica e RG do recebedor,
tendo sido entregue em 28/06/2012 (fl. 39).

30
representar a própria fabricante, Nos termos do art. 7º, parágrafo único, e art.
segunda recorrente (fls. 34) (...). 25, § 1º, ambos do CDC, nas relações de
12. Esclareça-se, por oportuno, que a consumo, é possível a indicação na inicial,
empresa Newland Veículos Ltda é a para a formação do polo passivo, de todos ou
concessionária representante a Toyota de cada um dos participantes da cadeia de
do Brasil Ltda em Fortaleza/CE, sendo, consumo. Ocorre que, na inicial, o autor
pois, suficiente para a regularidade do informa que tanto a concessionária quanto a
ato citatório desta, em observância a fábrica possuem o mesmo endereço (fl. 02).
Teoria da Aparência, amplamente Nessas circunstâncias, não é possível
aplicada em querelas que envolvem aplicar a “teoria da aparência”, posto
Direito do Consumidor. que as citações devem ser
individualizadas, em se tratando de
(...) pessoas jurídicas distintas. Nesse sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO INDENIZATÓRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO.
(...) DECLARATÓRIOS IMPROVIDOS. (...) CITAÇÃO. TEORIA DA APARÊNCIA.
3. Ademais, no que tange a aplicação da INAPLICABILIDADE NO CASO CONCRETO.
teoria da aparência, a alegação implica Tratando-se de ação indenizatória ajuizada
verdadeira rediscussão da matéria, tendo contra pessoas jurídicas distintas -
em vista que a Lei nº 6.729/79 não concessionária e fabricante de veículos -, as
relação (sic) ora estabelecida, que é citações devem ser individualizadas. Caso em
puramente consumerista. que a citação de ambas as rés se deu apenas
2. O acórdão embargado, resultante do junto à concessionária. Fabricante que, ao
julgamento realizado em 26 de agosto de tomar conhecimento da demanda, veio a
2020, foi proferido de forma bastante apresentar defesa no decorrer do processo.
esclarecedora e fundamentada, atento ao Contestação que deve ser declarada
conjunto probatório carreado aos autos, tempestiva, havendo de se afastar os efeit os
analisando todos os pontos suscitados em da revelia. Precedentes. AGRAVO PROVIDO
apelação, inclusive a falta de prejuízo às LIMINARMENTE. ART. 557, § 1º-A, DO CPC.
partes, ante a anulação da sentença e a (Agravo de Instrumento Nº 70056407539,
aposentadoria do Julgador prolator da Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de
mesma. Justiça do RS, Relator: José Aquino Flôres de
Camargo, Julgado em 18/09/2013).
Veja-se que no caso dos autos, o magistrado
a quo nem reconheceu a revelia. E, no
relatório da sentença, constou que:
“Realizadas as citações por AR (fls. 27 e 39),
somente a Sulbra Veículos Ltda. ofereceu
contestação (fls. 40/58).” No entanto, a
sentença condenou ambas as rés ao
pagamento da quantia de R$ 2.900,00,
corrigida pelo IGP-M, desde o seu desembolso
pelo autor, e acrescida de juros a partir da
citação (fl. 102).
DE FATO, INEQUIVOCAMENTE, AS
DEMANDADAS SÃO PESSOAS JURÍDICAS
DISTINTAS: uma, a concessionária Sulbra
Veículos Ltda.; a outra, a fabricante Renault
Veículos do Brasil Ltda.

31
NÃO É OUTRA A RAZÃO, ALIÁS, DE
HAVER LEGISLAÇÃO REGULAMENTANDO
A CONCESSÃO COMERCIAL ENTRE
PRODUTORES E DISTRIBUIDORES DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES DE VIA
TERRESTRE (LEI Nº 6.729/79). DAÍ POR
QUE NÃO SE APLICA, AQUI, A TEORIA DA
APARÊNCIA; notadamente tendo em
vista que a obtenção do endereço da
fabricante demandada não seria medida
onerosa ou complexa ao consumidor.
Não obstante, o autor indicou, na inicial, o
endereço da Renault como sendo o mesmo da
concessionária Sulbra. em virtude disso, a
carta de citação (ar) foi encaminhada
para o endereço da concessionária e lá
foi recebida. NESSE CONTEXTO, É DE SER
RECONHECIDA A NULIDADE DA CITAÇÃO
EFETIVADA EM NOME DA REQUERIDA
RENAULT VEÍCULOS DO BRASIL LTDA.
JUNTO À CORRÉ, CONCESSIONÁRIA
SULBRA VEÍCULOS LTDA., JÁ QUE
CONSTITUEM PESSOAS JURÍDICAS
DISTINTAS. (...)
VERIFICADA A IRREGULARIDADE DE
ATO ESSENCIAL COMO A CITAÇÃO, NÃO
É POSSÍVEL EMPRESTAR VALIDADE AOS
ATOS POSTERIORES, PORQUE
SIGNIFICARIA EVIDENTE CERCEAMENTO
DE DEFESA. Em suma, há de se reconhecer
como tempestiva a apelação interposta pela
recorrente Renault e ACOLHER A
PRELIMINAR DE NULIDADE DA
SENTENÇA SUSCITADA, PARA
DESCONSTITUÍ-LA E DETERMINAR QUE
OS AUTOS RETORNEM À ORIGEM E SE
PROCEDA A REGULAR CITAÇÃO DA
CORRÉ, ALÉM DA PRÁTICA DOS DEMAIS
ATOS SUBSEQUENTES, COM VISTAS À
GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL.

74. Pelo exposto, sendo inaplicável a teoria da aparência in casu , em razão das
disposições especiais da Lei Renato Ferrari, requer seja reformado o acórdão,
a fim de que seja decretada a nulidade do ato citatório e de todos os demais atos
processuais subsequentes, devolvendo-se o prazo de contestação da Recorrente,
em obediência às regras de citação e às garantias fundamentais do contraditório,

32
da ampla defesa e do devido processo legal, nos termos do art. 5º, LIV e LV, da
CF/88 c/c o art. 214 do CPC/73, ou 239 do CPC/15.

5. CONCLUSÃO.

75. Ex positis , requer a Recorrente seja conhecido e provido o presente


recurso especial, a fim de que, sucessivamente, seja reformado o acórdão, para
que (i) seja decretada a nulidade da distribuição e de todos os atos subsequentes,
face à violação ao juiz natural e à incompetência absoluta do MM. Juízo de piso
prolator das decisões impugnadas, determinando-se a redistribuição do feito, por
sorteio, nos termos dos arts. 284 e 285 do CPC/15 (arts. 251 e 252 do CPC/73),
ou (ii) seja decretada a nulidade do ato citatório e de todos os atos subsequentes,
devolvendo-se o prazo de contestação da Recorrente, em homenagem às regras
de citação e às garantias fundamentais do contraditório, da ampla defesa e do
devido processo legal, na conformidade dos arts. 238 e 239 do CPC/15 (arts. 213
e 214 do CPC/73).

76. Por derradeiro, pugna sejam as intimações dos atos processuais doravante
dirigidas exclusivamente ao Bel. Ricardo Santos de Almeida – OAB/BA 26.312, sob
pena de nulidade, a teor do disposto no art. 272, §5º, do CPC/15 32.

Pelo Provimento!
Fortaleza/CE, 25 de março de 2021.

RAONI SOUZA DRUMMOND RICARDO SANTOS DE ALMEIDA


OAB/BA 31.475 OAB/BA 26.312

32 Art. 272. (...)


§5º Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas
em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade .

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