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Pilha de Daniel

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A montagem e o funcionamento da pilha de Daniell

Retomemos as seguintes equações:


Zn0 " CuSO4 ZnSO4 " Cu0
ou
Zn0 " Cu2" Zn2" " Cu0
2e#

Se pudermos fazer com que o Zn0 ceda elétrons ao Cu2" através de um fio externo, teremos
construído uma pilha — a chamada pilha de Daniell.
E como é feito isso?
A montagem esquemática da pilha de Daniell é a seguinte:
Voltímetro Interruptor

– –
e e

Chapa de zinco Chapa de cobre


metálico (eletrodo metálico (eletrodo
negativo ou anodo) – + positivo ou catodo)

Zn0 Cu0
Solução
aquosa
de CuSO4
Solução
aquosa Zn2
+
Cu2
+

de ZnSO4

2– 2–
SO4 SO4
MEIA-CÉLULA MEIA-CÉLULA
DO ZINCO DO COBRE
Porcelana porosa
Pilha de Daniell.

Veja que existem dois compartimentos, chamados meias-células, separados por uma porcelana
porosa. Fechando-se o interruptor, estará fechado um circuito elétrico, no qual teremos:
• no compartimento da esquerda (chamado meia-célula do zinco), a reação
Zn0 Zn2" " 2e# (chamada semi-reação do zinco), que fornece os elétrons que irão
transitar pelo fio externo em direção à chapa de cobre;
• no compartimento da direita (chamado meia-célula do cobre), a reação
Cu2" " 2e# Cu0 (chamada semi-reação do cobre), que captura os elétrons que es-
tão chegando pelo fio externo.
Desse modo, teremos um fluxo de elétrons escoando, pelo fio exter- JAVIER JAIME / CID

no, da chapa de zinco (pólo negativo ou anodo) para a chapa de cobre


(pólo positivo ou catodo). A voltagem dessa corrente elétrica é lida em
um voltímetro, como o que aparece na foto ao lado.
Ainda na figura, notamos a presença de uma “parede” de porcelana
porosa cuja finalidade é impedir a mistura das duas soluções, permitindo,
porém, a passagem de íons que estão sendo atraídos por forças elétricas. De
fato, na solução à esquerda (meia-célula do zinco), começa a haver excesso
de íons positivos Zn2", produzidos pela reação Zn0 Zn2" " 2e#;
e, na solução à direita (meia-célula do cobre), começa a haver excesso de
íons negativos SO 42# , provenientes da descarga dos íons Cu 2"
(Cu2" " 2e# Cu0) do CuSO4. Em conseqüência, para estabele-
cer o indispensável equilíbrio elétrico, começa o trânsito de íons Zn2" para a
direita e de íons SO42# para a esquerda, através da porcelana porosa; esse
movimento de íons representa a “corrente elétrica” dentro da solução.
Com isso, fecha-se o circuito elétrico, tendo-se:
• elétrons circulando através do fio externo e dos eletrodos;
• e íons circulando através das soluções.
Evidentemente, se a qualquer instante abrirmos o interruptor, todo o processo descrito pára
imediatamente.
Após certo tempo de funcionamento da pilha, teremos:
A voltagem diminui

e– e–

Anodo Catodo
Porcelana
– porosa +

Zn0 Cu0
A chapa de A massa da
zinco está chapa de
corroída cobre
aumentou

2–
SO4 Zn2+
2–
A solução de
SO4 Cu2+ CuSO4 ficou
A solução de mais diluída
ZnSO4 ficou mais
concentrada

A esta altura, notamos que:


• a chapa de zinco foi corroída;
• a solução de CuSO4 ficou mais diluída;
• a solução de ZnSO4 ficou mais concentrada;
• a massa do eletrodo de cobre aumentou.
Ora, tudo isso é uma simples conseqüência da reação global de funcionamento da pilha:
Zn0 " CuSO4 ZnSO4 " Cu0

O zinco vai A concentração da O ZnSO4 formado pela reação O Cu depositou-se sobre a


sendo gasto solução de CuSO4 vai aumentou a concentração da chapa de cobre, aumentando
(corroído). diminuindo. solução de ZnSO4. sua massa.

Em princípio, essa reação deveria processar-se (isto é, a pilha iria funcionar) até que se acabasse um
dos reagentes — ou a chapa de zinco (Zn0), ou o CuSO4 da solução.
Entretanto, com o passar do tempo, notamos que a voltagem da pilha vai diminuindo, o que indica
que a reação é reversível:
Zn0 " CuSO4 ZnSO4 " Cu0
Como toda reação reversível, ela atingirá um equilíbrio, que será então indicado pela voltagem
zero da pilha.
Convencionou-se representar a pilha de Daniell (e todas as demais pilhas), esquematicamente, da
seguinte maneira:
Indicação da parede porosa ou outro dispositivo para separar as soluções

Zn0 (s) Zn2" (1 mol/L) Cu2" (1 mol/L) Cu0 (s) (25 °C)

Do lado esquerdo, represen- Do lado direito, representa-


tamos o anodo (eletrodo mos o catodo (eletrodo
negativo), em que há positivo), em que há
oxidação. redução.

Veja que devem ser indicados os metais que formam os eletrodos, as soluções com as respectivas
concentrações e a temperatura de funcionamento da pilha.
Outras montagens da pilha de Daniell
A pilha de Daniell (assim como as demais pilhas) pode ser montada segundo outros esquemas.
Duas formas comuns são:
1a) Em um copo de vidro é colocada uma chapa de zinco e uma solução de ZnSO4; em outro, uma
chapa de cobre e uma solução de CuSO4. As duas chapas são ligadas por um fio e as duas soluções
são ligadas por uma ponte salina, que é um simples tubo de vidro recurvado, como vemos na
figura, totalmente cheio com solução de um sal (KCl), tendo, nas duas extremidades, um pouco
de algodão para impedir o escoamento da solução salina. A função da ponte salina é permitir a
movimentação de íons de um copo para outro (nos dois sentidos).

Ponte salina

Zn Cu

Algodão Algodão

+
K
ZnSO4 Zn2+ 2– CuSO4

SO4
Cl

2a) Corte uma vela de filtro de água de modo a formar um recipien-


te fechado na parte inferior. Dentro, coloque uma chapa de co-
bre e uma solução de CuSO4. Mergulhe essa vela e uma chapa
de zinco em uma solução de ZnSO4, como mostra a figura. Na
falta de um voltímetro, monte um circuito com uma lâmpada de
lanterna (de 1,5 V) e dois fios; cada fio deve ter um terminal
Zn Cu
(“jacaré”) para ligá-lo à respectiva chapa metálica; a voltagem é
de cerca de 1 V, de modo que o voltímetro ou a lâmpada devem
ser escolhidos adequadamente.

Podemos também imaginar dezenas de pilhas semelhantes à de


Daniell. Basta usar os esquemas de montagem dados acima, substi-
tuindo o zinco e o cobre por outros metais, mergulhados em solu-
ZnSO4 CuSO4
ções de seus próprios sais (e até em eletrólitos diferentes, como vere-
mos mais adiante).
Finalizando, podemos dizer que, de modo geral, pilha ou célula eletroquímica é um dispositivo
que transforma energia química em energia elétrica. Isso acontece por meio de uma reação de oxi-
redução, com o oxidante e o redutor separados em compartimentos diferentes, de modo que o redutor
transfira elétrons ao oxidante através de um circuito externo (fio).
FRANK & ERNEST ® by Bob Thaves
/
AL
2004

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