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Meditações Da Via-Sacra Interna - São João Del-Rei

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VIA-SACRA

A cruz, da qual pende um branco lençol, é conduzida


ladeada de lanternas acesas. Logo atrás, o ministro que
preside a cerimônia e os fiéis que completam o cortejo.

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
2. V. Senhor meu Jesus Cristo, vós andastes este
caminho por minha causa; tomastes sobre vossos
ombros o enorme madeiro da cruz e fostes expirar
cravado nele para me remir; derramastes vosso sangue
para lavar as minhas iniquidades; e eu, filho ingrato,
tenho apartado de vós correndo pelo caminho da
perdição, tenho voltado as costas à cruz que me
destes, não tenho aproveitado o fruto dos sacramentos
que manaram de vosso divino lado; mas agora, Senhor,
venho a vós como ovelha perdida que busca o pastor,
como filho pródigo que busca o pai amoroso, como
enfermo que busca o médico da vida. Recebei-me,
Senhor, benignamente, como recebestes a Madalena,
penitente, ouvi-me como ouvistes o ladrão
arrependido. Convosco quero caminhar até o Calvário;
para que, unido convosco, viva e morra abraçado com
a vossa cruz e experimente os efeitos de vossa
misericórdia neste mundo e na eternidade. R. Amém.
A morrer crucificado, teu Jesus é condenado
por teus crimes, pecador. Por teus crimes, pecador.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

I ESTAÇÃO
JESUS É CONDENADO À MORTE
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como o sacrílego presidente Pilatos


proferiu contra o autor da vida sentença de morte,
depois de o ter mandado açoitar publicamente com
tanta crueldade, que chegou três vezes às agonias da
morte. Contempla o amor infinito do teu Senhor, pelo
muito que padeceu para te salvar. Pede-lhe que risque
a sentença de morte eterna que por tuas culpas tens
merecido, e assente o teu nome no livro dos
predestinados para a eterna vida.

Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.


Sob a cruz ei-lo gemendo, vai sofrendo, vai sofrendo,
vai morrer por teu amor. Vai morrer por teu amor.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

II ESTAÇÃO
JESUS CARREGA SUA CRUZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

L. Considera como os ministros da crueldade, depois


de lerem à voz de pregão a sentença de morte de nosso
Redentor, tornando-lhe a vestir a túnica, que para o
açoitarem lhe tinham despido, puseram sobre seus
delicados ombros o pesado lenho da cruz. Para o
Calvário vai, ó alma, teu inocente Senhor cercado de
algozes, cheio de opróbrios; e oprimido com o peso da
cruz a dar nela a vida, crucificado por teu amor. Propõe
firmemente segui-lo toda a vida, com a cruz que te der,
até que chegues a morrer crucificada juntamente com
ele.

Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.


Com a cruz é constrangido, cai Jesus desfalecido,
pela tua salvação. Pela tua salvação.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

III ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

L. Considera como nosso Redentor, fatigado do


caminho, aflito com o peso da cruz e obrigado da
fraqueza que padecia pelo muito sangue que de suas
chagas tinha derramado, caiu em terra. Contempla
prostrado aos pés de seus mesmo inimigos o teu Jesus
e pondera que foram as tuas soberbias que o fizeram
inclinar assim até a terra. Pede-lhe com lágrimas de
verdadeira contrição te perdoe as culpas, que foram
causas das suas quedas.

Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.


Da Mãe sua imaculada, quando a encontra desolada,
vê a imensa comoção. Vê a imensa comoção.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

IV ESTAÇÃO
JESUS SE ENCONTRA COM SUA MÃE
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como os dulcíssimos corações de Jesus


e Maria foram transpassados de dor no encontro da rua
da amargura. Oh! Que afetos tão admiráveis teriam
estes dois corações nesta ocasião? Que amores tão
ardentes! E que saudações em silêncio tão dolorosas!
Ó Mãe amorosíssima de meu Deus, fui eu que com
meus pecados dei causa a tantos sentimentos; bem sei
que não mereço o vosso patrocínio, mas espero de
vossa piedade o que desmereço por minha miséria.

Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.


Um auxílio lhe é imposto; já sem força, em sangue o
rosto, não recusa o Cireneu. Não recusa o Cireneu.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

V ESTAÇÃO
SIMÃO AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como os judeus temendo que acabasse a


vida antes que chegasse ao Calvário o nosso
clementíssimo Jesus, obrigaram Simão Cireneu a que
o ajudasse a levar a cruz com o maligno intento de o
crucificarem ainda vivo. Ó amorosíssimo Senhor, quem
me dera se resolvessem meus olhos em lágrimas para
chorar dignamente as culpas que vos ocasionaram
tantas penas! E vos ajudasse eu a levar a cruz, que até
agora tenho fugido.

Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.


Eis a face ensanguentada por Verônica enxugada,
que no pano apareceu. Que no pano apareceu.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

VI ESTAÇÃO
VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como uma devota mulher chamada


Verônica, vendo o rosto sagrado de Jesus coberto de
sangue, e eclipsado com as asquerosas imundícies que
lhe tinham lançado os judeus, rompeu por meio deles e
o limpou com uma toalha em que o Senhor lhe deixou
estampado o seu retrato. Dulcíssimo Jesus, eu vos
ofereço o meu coração, para que estampeis nele o
retrato de vossa divina presença; e, se o têm manchado
as inumeráveis culpas que cometi, peço-vos que o
aceiteis lavado em lágrimas de verdadeira contrição.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Novamente desmaiando, no caminho tropeçando,
cai por terra o Salvador. Cai por terra o Salvador.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

VII ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como o amantíssimo Salvador, atropelado


dos empurrões que lhe davam para que saísse quanto
antes da cidade, caiu segunda vez em terra. Ó pobre
alma! E quantas vezes tens tu com a mesma violência
lançado de teu coração pela porta da culpa a teu Deus
e Senhor? Quando cometestes os pecados que outra
coisa foi senão dar-lhe empurrões para que saísse
mais depressa da tua alma? Prostra-te agora a seus
divinos pés, pede-lhe perdão de tuas culpas e propõe
nunca mais ofendê-lo.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Das matronas que choravam, que a gemer o
acompanhavam, consolar busca ele a dor. Consolar
busca ele a dor.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

VIII ESTAÇÃO
JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALÉM
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como nosso Redentor disse às filhas de


Jerusalém que o seguiam, chorando: “Não choreis por
mim, chorai por vós; não choreis as minhas penas,
chorai a causa delas, que são as vossas culpas e as de
vossos filhos.” Ó misericordiosíssimo Senhor, que a
troco de que os pecadores chorem as suas culpas, não
quereis que se compadeçam das vossas penas! Quem
me dera se arrasassem meus olhos em lágrimas para
chorar por mim e por vós! Por mim o muito que vos
tenho ofendido; por vós o muito que vos vejo padecer
por amor de mim.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Cai exausto vez terceira, sob a carga tão grosseira,
dos pecados e da cruz. Dos pecados e da cruz.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

IX ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como, junto do monte Calvário, caiu nosso


amantíssimo Jesus terceira vez com tanta mágoa, que
chegou a tocar a terra com a sua santíssima boca. Ó
dulcíssimo Jesus, quem tivera bastante corações, para
alcatifar com eles a aspereza desse caminho, com que
se fizessem as vossas quedas menos sensíveis! Mas ai
de mim, que um único coração que tenho é mais duro
que as mesmas pedras! Ó alma ingrata, acaba agora de
conhecer que as reincidências nas tuas culpas são
quedas em teu Redentor que o obrigaram a beijar a
terra. Resolve-te a emendar de vida, para que não lhe
repitas tantas penas.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Já do algoz as mãos agrestes, as sangrentas, pobres
vestes, vão tirar do bom Jesus. Vão tirar do bom Jesus.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

X ESTAÇÃO
JESUS É DESPOJADO DE SUAS VESTES
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como depois de darem ao nosso


amantíssimo Salvador o vinho misturado com fel, o
despojaram com sacrílega irreverência da túnica
inconsútil, que estava pegada ao chagado corpo, com
que se renovaram todas as chagas e começaram de
novo a derramar copioso sangue. Ó clementíssimo
Senhor, que para me restituirdes a veste nupcial da
graça, consentis que vos dispam à vista de inumeráveis
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Sois por mim à cruz pregado, duramente torturado,
Com cegueira e com furor. Com cegueira, com furor
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

XI ESTAÇÃO
JESUS É PREGADO NA CRUZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como mandaram imperiosamente aqueles


algozes a nosso pacientíssimo Jesus que se
estendesse sobre a cruz; e obedecendo o Senhor com
prontidão, pregaram em suas mãos e pés agudos
cravos com gravíssima dor; e, não satisfeitos com esta
crueldade, lhe tornaram a penetrar a sagrada cabeça
com as pontas da coroa de espinhos que lhe tinham
arrancado quando lhe despira, a túnica. Contempla, ó
alma, como vendo-se o teu Redentor cravado na cruz,
levantaria os olhos ao seu Eterno Pai oferecendo-lhe
as suas dores, para remédio de tuas culpas, entretanto
que tu continuas a desprezá-lo e ofendê-lo.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Por meus crimes padecestes, meu Jesus por mim
morrestes, quanta angústia, quanta dor! Quanta
angústia, quanta dor.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

XII ESTAÇÃO
JESUS MORRE NA CRUZ

V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.


R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como, depois de três horas de agonia


sobre a cruz, exala Jesus o último suspiro. Logo o céu
se vestiu de luto, o sol se eclipsou totalmente, a lua
negou suas influências, tremeu a terra, partiram-se os
rochedos, abriram-se as sepulturas, rasgou-se de alto
a baixo o véu do templo, confundiram-se os elementos
e toda a ordem da natureza se alterou, enchendo-se o
mundo todo de pavoroso assombro. Ó alma remida com
o sangue de teu Deus, se as criaturas insensíveis se
confundem e se assombram na morte do seu Criador,
que esperas tu, que não choras e te arrependes depois
de ter sido a causa de sua morte?!
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
Já da cruz vos despregaram e a Maria vos deixaram
que terrível aflição! Que terrível aflição!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

XIII ESTAÇÃO
JESUS É DESCIDO DA CRUZ
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como o sagrado corpo de nosso Redentor


foi despregado da cruz e posto nos amorosos braços
de sua angustiada Mãe e Senhora nossa. Ó minha alma,
se esperas a felicidade eterna por intercessão de Maria
Santíssima, imita a esta Senhora nos admiráveis afetos
que nesta ocasião sentiu, vendo seu amado Filho todo
desfigurado, chagado e ensanguentado, que nisto lhe
fará a tua devoção fervorosa o maior obséquio. Ó Mãe
amorosíssima de meu Deus, pelas dores e angústias
que neste doloroso passo tivestes, vos peço me
alcanceis graças para aliviar as vossas dores por meio
de uma verdadeira contrição de minhas culpas.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.
No sepulcro vos puseram, mas os homens tudo
esperam,
que os salvou vossa paixão. Que os salvou vossa
paixão.
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-nos, meu Jesus. Perdoai-nos, meu Jesus.

XIV ESTAÇÃO
JESUS É SEPULTADO
V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

V. Considera como o corpo de nosso Redentor foi


depositado no sepulcro por Maria Santíssima e outros
fiéis, que a acompanharam no piedoso enterro de seu
divino Filho e nosso amabilíssimo Jesus. Pondera como
vendo-se finalmente a saudosa Mãe no silêncio da
noite, ausente de seu amado Filho, arrasados os olhos
em lágrimas, cercada o coração de angústias, se deixou
possuir toda da amargura de sua dor. Ó alma insensível
que sem te compadeceres das dores de tua lastimada
Senhora, acrescentas com tua ingratidão novos
tormentos à sua soledade! Prostra-te hoje arrependida
a seus pés; pede-lhe perdão de tuas culpas, para que
seja tua protetora junto ao trono de seu divino Filho e
te receba em seus braços na hora da morte.
Pausa. – PAI-NOSSO, AVE-MARIA E GLÓRIA.

Meu Jesus por vossos passos, recebei em vossos


braços, a mim, pobre pecador! A mim, pobre pecador!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa,
perdoai-me, meu Jesus. Perdoai-me, meu Jesus.

V. Adoramos-vos, Cristo, e vos bendizemos.


R. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

ORAÇÃO FINAL
V. Senhor Jesus Cristo, que, na sexta hora, para a
redenção do mundo, subistes o patíbulo da cruz e
derramastes vosso preciosíssimo sangue para a
remissão dos pecados, rogamos-vos humildemente
que depois de nossa morte, nos concedais, passar,
cheios de alegria as portas do paraíso. Vós que viveis
e reinais pelos séculos dos séculos.
R. Amém.

V. O auxílio divino permaneça sempre conosco.


R. Amém.

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