Maio 9788575415092
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Maio 9788575415092
MAIO, M. C. org. Ciência, política e relações internacionais: ensaios sobre Paulo Carneiro [online].
Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ; Unesco, 2004, 339 p. ISBN: 978-85-7541-509-2. Available from:
doi: 10.7476/9788575415092. Also available in ePUB from:
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ensaios sobre Paulo Carneiro
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João Carlos Canossa P. Mendes
ensaios sobre Paulo Carneiro
ISBN: 85-7541-049-0)
oupervisão Ediotorial:
Maria Cecilia G. B Moreira
Catalogação-na-fonte
Biblioteca da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
CDID - 320
Prefácio 11
Apresentação 17
O Organizador
Raizes positivistas do reformismo
dos anos 1930: o caso Paulo Carneiro
Angela Alonso
car a pobreza, eliminando dela a miséria. (...) se aos ricos compete insti-
tuir O salario (...) importa, por outro lado, que o pobre limite as suas
pretensões” (leixeira Mendes, 1889: 9).
A legislação social era apresentada como “proteção do fraco pelo
forte”. Garantindo condições justas de trabalho, julgavam que se evita-
ria o “conflito social moderno”, a luta aberta entre o capital e o traba-
lho. A superação da sociedade de classes era impensável: a hierarquia
social sempre se reporia, de modo que cada sociedade estaria 'inevitavel-
mente' dividida em uma classe superior, outra inferior (Lemos & Teixeira
Mendes, 1888).
A proteção ao trabalho era vista também como forma de manuten-
ção da ordem politica e da paz social. A preocupação com a ordem está
na raiz do proto-Estado do bem-estar positivista. Bosi (1992: 274) chega
mesmo a afirmar que o positivismo teria um “ideal reformista de Estado-
Providência: um vasto e organizado aparelho público que ao mesmo
tempo estimula a produção e corrige as desigualdades do mercado”. O
caminho para a paz social, argumentavam, consistia em evitar que a
desigualdade econômica redundasse em conflito social e em ruptura
revolucionâria.
pela Escola Nova. Dois anos mais tarde se tornou livre-docente da Es-
cola Politécnica.
Latam dessa época suas relações com o governo Vargas, que ava-
liava com entusiasmo: “Esse período pós-revolucionário foi extrema-
mente fecundo no Brasil. Surgiram iniciativas científicas, tecnológicas
ce todos os lados” (Carneiro, 1979: 4)
Entre 1933 e 1935 Paulo Carneiro trabalhou para o governo Vargas.
deu pai, Mario Carneiro, mantinha conexões com o varguismo, tendo
chegado a ministro Interino da Agricultura. Paulo Carneiro foi eleito
diretor da Divisão de Matérias-Primas Vegetais e Animais do Instituto
Nacional de Tecnologia (Carneiro, 1979). Foi como emissário do gover-
no central que partiu para Pernambuco.
Carneiro levou na mala suas crenças na reforma social orientada pelo
positivismo. Espirito geral que também animava o ministro, como se
pode ver no fecho da carta de liberação de Carneiro: “saúde e frater-
nidade”, fórmula positivista ressuscitada da Revolução Francesa:
A 15 de abril de 1935, Carneiro foi nomeado pelo interventor de
Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti, “a fim de estudar e orientar a
reorganização dos serviços agricolas do estado, para exercer, em comissão,
o cargo de secretário de estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e
Comércio”.” A missão de Carneiro era instalar a estrutura burocrática e
tornar-se o primeiro secretário de Agricultura, Indústria e Comércio de
Pernambuco. “Fui com o objetivo essencial de dar a Pernambuco uma
dupla organização que lhe faltava: científica de um lado e social de outro”
(Carneiro, 1979: 2).
Do ângulo “cientifico”, o Paulo Carneiro da década de 1930, com trinta
anos ele também, trazia uma crença inabalável nas capacidades civili-
zatórias da ciência. Essa têmpera positivista está claramente expressa
em seu discurso de posse na Secretaria de Agricultura:
Queda
Conclusão
Notas
* Entre os quais se destacam Alceu Amoroso Lima, Gilberto Amado, Azevedo Amaral, Otávio
de Faria, Oliveira Vianna, Virgilio Santa Rosa, Afonso Arinos de Melo Franco, José Maria Belo,
Barbosa Lima Sobrinho, Martins de Almeida, Alcino Sodré, Ronald de Carvalho, Sérgio Buarque
de Holanda, Hélio Vianna, Candido Motta Filho, Paulo Prado, Capistrano de Abreu, Alcides
Gentil (Trindade, 1974).
* Com destaque para Alberto Torres, Oliveira Vianna, Azevedo Amaral.
? Para uma análise pormenorizada do esquema analítico e do projeto de reformas dos
positivistas abolicionistas durante o Império, ver Alonso, 2002: capítulo 2.
* Argumento semelhante aparece em Tocary Bastos (1965), que defende o prolongamento
da influência do positivismo até Vargas.
> A admiração de Carneiro por Teixeira Mendes se estendeu por toda a vida. Ainda em 1974,
propôs a criação de “uma cátedra destinada ao estudo de seus trabalhos, inserindo-a de modo
permanente no seu curriculum”, na Universidade do Maranhão. Discurso em homenagem a
Teixeira Mendes, 07/02/1974. Arquivo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 06.
* “Sua família tinha raízes nas elites políticas imperiais no Maranhão, Minas Gerais e Rio de
Janeiro” (Maio & 5a, 2000: 978).
* Agamenon Magalhães, então ministro do Trabalho, Comércio e Indústria, ministério ao qual
o Instituto Nacional de lecnologia (INT) era subordinado, liberou Paulo Carneiro dos serviços
federais, deixando-o “a disposição” da Interventoria Federal em Pernambuco.
º Despacho do ministro do Trabalho, Comércio e Indústria, Agamenon Magalhães, 02/02/1935.
Arquivo Familia Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 46, pasta 01.
? Despacho do Governador do Estado de Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti, 15/04/
1935. Arquivo Familia Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 46, pasta 01.
1º “O Brasil emerge, pouco a pouco, de um longo passado sem história científica para a
vanguarda dos primeiros prélios” (Carneiro, 07/09/1935: 10). Razão pela qual festejou
Manguinhos e Oswaldo Cruz, laboratórios que estariam mudando o pais.
4 Note-se que na década de 1930 estavam ativas as ligas eleitorais católicas, que se carac-
terizavam pela “defesa dos preceitos católicos” e pelo combate ao comunismo (bem, como
ao divórcio e à laicização da educação) (Franco, 1983: 474).
'* Recorte de jornal não identificado noticiando a conferência dos interventores. Arquivo
Familia Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 41.
Referências bibliográficas
FRAN CO, 5. C. Partidos e movimentos políticos no ciclo de 30. In: Simpósio sobre
a Revolução de 30. Porto Alegre: UFRGS/Erus, 1983.
LAMOUN IER, B. Formação de um pensamento político autoritário na primeira
Republica: uma interpretação. In: Fausto, B. (org.). O Brasil Republicano.
t. HI, v. 2. São Paulo: Difel, 1985.
Formação profissional
N e s s e a m b i e n t e e s t i m u l a n t e , C a r n e i r o i r i a e n c o n t r a r, n o c o r p o d o -
cente, um de seus futuros mentores e amigos: o químico holandês Carlos
Ernesto Julio Lohmann. Este aportou no Brasil em 1906, acompanhado
de esposa e filha, devido a um convite feito pelo professor e parlamentar
baiano Miguel Calmon du Pin e Almeida para estudar a cultura e O
beneficiamento do fumo no Instituto Agrícola de São Bento das Lages,
no Recôncavo Baiano. Chegou com uma bagagem científica sólida, for-
mada primeiramente na prática, quando se iniciou na profissão atuando
como assistente do Laboratório de Química Vegetal do Jardim Botânico
de Buitenzorg, em Java, onde desenvolveu estudos sobre a composição
Paulo Carneiro e o curare
Carreira científica
que um balanço geral das noções em jogo se impõe com especial urgên-
cia. Um exame crítico dos antecedentes históricos do conceito atual de in-
luxo nervoso tornará, a meu ver, irrecusável uma tal necessidade
Agradeço aos assistentes de pesquisa Vicente Saul Moreira dos Santos e Fabricio
Pereira da óliva, pelo levantamento das fontes primarias, e ao Instituto Nacional
de Tecnologia, pela atenção,
Ciência, Política e Relações Internacionais
Notas
' Informação retirada do curriculum vitae de Paulo Carneiro. Fundo Família Carneiro, DAD/
COC/Fiocruz, cx. 41.
* Os dados biográficos de Julio Lohmann foram retirados de manuscrito escrito por Paulo
Carneiro em homenagem a seu mestre, por ocasião do primeiro centenário de seu nascimen-
to. Fundo Familia Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 74.
4 Mesmo com todas as suas atividades de pesquisa, Carneiro não abandonou o magistério,
tendo sido nomeado, em 4 de abril de 1932, professor de química orgânica da Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, e, em 29 de abril daquele mesmo ano, nomeado para exercer
interinamente o cargo de professor assistente de química da Escola Secundária do Instituto
de Educação. Ver Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 46.
Paulo Carneiro e o curare
“? Ver ofício de Agamenon Magalhães. Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 46.
* Em setembro de 1935, Carneiro endereçou uma carta aos bispos de Pernambuco cha-
mando a atenção para a lastimável condição de miséria que atingia os trabalhadores urba-
nos e rurais da região. (“Igreja e Estado em pro! do trabalhador pernambucano”, 25 de
setembro de 1935).
“| Entrevista de Carneiro em 7/8/1979, no Museu da Imagem e do Som ublicada nesta
coletanea).
* Os princípios ativos do gênero Strychnos não são iguais no Velho e no Novo Mundo. Os
alcalóides contidos nas espécies que crescem na África e na Ásia são do grupo da estricnina
ou da brucina, por isso têm ação mais pronunciada quando administrados por via gástri-
ca. Ja os que crescem em nosso continente possuem alcalóides do grupo da curarina, que
agem mais intensamente ainda quando em doses mínimas injetadas na veia ou subcutane-
amente (FHoehne, 1939; Marini-Bettólo, 1959).
* McIntyre (1947) faz um detalhado apanhado sobre os naturalistas viajantes e os relatos
sobre O curare.
Segundo Hoehne (1939: 229), as Stryclnos são espécies de plantas da família das Loganiáceas
onde predominam dois alcalóides de ação diversa: a estriquinina nas espécies do Velho
Mundo e a curarina nas espécies do Novo Mundo.
6 Das discussões entre os dois pesquisadores, resultaram dois trabalhos clássicos sobre o
assunto: Rodrigues. L uriraery ou curare. Bruxelas, 1903; e Lacerda. Curare preparé au moyen
ptante de la famille des Menispermées (Anomospermum grandifolium Eichl.): Archivos do
Museu Nacional, II 1901.
7 No Brasil podemos citar tese e trabalhos de Chagas Leite (1911) e Limongi (1938). O traba-
lho deste sobre o estudo etnológico, químico e farmacodinâmico do curare fora apresentado
no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e em aula da cadeira de Farmacologia, em
maio e outubro de 1936.
Trabalhos que vinham sendo desenvolvidos por Spáthe, Leithe e Ladeck, em 1928, e King,
em 1955, levaram o último a concluir que todos os alcalóides do curare provinham do
gênero Chondrodendron, da família das Menispermáceas (Carneiro, 1945). Contudo, o alcalóide
curarizante de King ainda não tinha sido obtido da própria planta, mas
sim do curare em tubos de bambu. Somente em 1943 ele foi isolado de Chondrodendror
tomentosum (Mclntyre, 1947),
Ve r “ N o t a s d e e s t u d o ” , e m F u n d o F a m í l i a C a r n e i r o , D A D / C O C / F i o c r u z , c x . 2 .
* Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 2.
* Para maiores detalhes sobre o projeto de Carneiro para a criação do Instituto Internaci-
onal da FHileia Amazônica, ver Maio & Sá (2000).
2 Após os trabalhos realizados por Carneiro, foram descobertos inúmeros outros alcalóides
de diferentes toxidades. Hoje a d-Tubocurarina é considerada como o principal alcalóide res-
ponsavel pelo bloqueio da transmissão da acetilcolina.
“O simpósio foi aberto no auditório do Ministério da Educação e Cultura com a presença do
munistro Clóvis Salgado. As sessões técnicas se realizaram no auditório do Museu Nacional.
oram seis dias de trabalhos intensos. As sessões se dividiram em Etnografia, Alcalóides
Curarizantes, Fisio-farmacodinâmica dos Curares e das Substâncias Curarizantes e Aplicação
Clinica dos Curares. Entre os participantes estrangeiros, encontravam-se Karrer, da Suiça;
V W i e l a n d , d a A l e m a n h a ; Vo e k e l h e i d e , d e R o c h e s t e r ; d e R o m a ; W i n t e r s t e i n e r,
de New Brunswick; Fessard, de Paris; Vellard, de Lima; Arbelaez, de Bogotá. Entre os brasilei-
ros, achavam-se Vital Brasil, Luiz Emygdio de Mello Filho, Darcy Ribeiro, Ducke, Rocha e
Silva (Simpósio Internacional Sobre o Curare e Substâncias Curarizantes - Fundo Família
Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 91).
* Em 1948, Bovet e Bovet-Nitti escreveram um livro que se tornaria um clássico dos estudos
sobre atividades farmacodinâmicas dos medicamentos do sistema vegetativo nervoso.
*- Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 20.
Referências bibliográficas
MCINIYRE, A. R. Curare: its history, nature, and clinical use. Chicago: The
University of Chicago Press, 1947.
MENDES, ]. C. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro/Brasília: Instituto Nacional
do Livro/MEC, 1971.
Antecedentes
A filosofia da história pode ser sintetizada na célebre lei dos três estados,
em que ciência e espirito humano se desenvolvem por meio de três fases
distintas — inicialmente a teológica, depois a metafísica e finalmente a
positiva. Em segundo lugar, uma fundamentação e classificação das ciên-
cias baseada na filosofia positiva. E finalmente uma sociologia que per-
mitia a reforma prática das instituições, determinando a estrutura e os
processos de modificação da sociedade (Giannotti, 2000).
Comte acreditava ser a filosofia positiva um instrumento para a ele-
vação intelectual do homem e consequentemente para a reorganização
de toda a sociedade. Nesse sentido, seus anseios de moralização do ho-
mem, como o abrandamento do egoismo dos capitalistas, acabaram por
ultrapassar os limites da política e se desenvolveram no sentido da for-
mulação de uma nova religião, conhecida como a religião da humanidade.
Isso ocorreu nos últimos 15 anos de sua vida, tornando-se fundamento
para as primeiras dissensões entre seus discípulos (Giannotti, 2000).
Entre os mais fiéis seguidores de Comte, destacaram-se Emile Littré e
Pierre Laftitte: o primeiro renegou a religião da humanidade e o segun-
do aderiu principalmente a essa última fase do pensamento de Comte.
Para Laffitte e os partidários da religião, Comte tinha uma áurea quase
mitica, sendo sempre tratado como o mestre, e tudo o que lhe pertenceu
tornou-se retiquia sagrada* No contexto dessa vertente de sacralização,
Comte deixaria ordens a serem cumpridas por seus discípulos após sua
morte, visando à conservação de seu apartamento e tudo que havia nele,
incluindo mobiliário e arquivos. Para isso, nomeou Laffitte como presi-
dente e organizador da execução testamentária.
O apartamento a ser preservado por seus discípulos situava-se na
rua Monsieur-le-Prince, 10, em Paris, onde morou de 1841 até sua morte,
em 1557. Em 1895, Laffitte decidiu comprar o imóvel, que estava para
ser vendido. Para adquiri-lo e garantir sua conservação, fundou uma
sociedade civil imobiliária —- a Sociedade Imobiliária Pierre Laffitte — e,
apos a compra, declarou extinta a execução testamentária, o que pro-
vocou seu rompimento com os testamenteiros. Com a morte de Laffitte,
em janeiro de 1903, a Casa de Comte e a Sociedade Imobiliária Pierre
Laffitte passaram a ser administradas por Jeannolle. Posteriormente, a
gestão dos interesses materiais que comportavam a possessão da casa
seria transferida para François Saulnier.!
Ainda segundo Giannotti (2000: 13), o positivismo encontrou solo
fértil no Brasil na segunda metade do século XIX, devido à associação da
Ciência, Política e Relações Internacionais
Entrei naquela casa, que para mim, formado no meio positivista bra-
sieiro, tinha o valor de um santuário. Ali havia vivido um filósofo, um
Paulo Carneiro e Casa de Augusto Comte
gaçao Executiva da IPB, que não agia como representante da IPB ao fa-
zer a inscrição como sócio-guardião do apartamento e dos arquivos de
Comte junto à sociedade imobiliária.” Do mesmo modo, não agia coma
representante da Igreja ao pedir à família de Clotilde a entrega para pu-
blicação de seu manuscrito e das cartas de Comte, reafirmando lealda-
de a IPB. Diz ele:
ele sempre acreditou estar conduzindo uma missão sagrada, à qual não
podia se furtar, e à qual deveria consagrar uma parte essencial de sua
vida. Penso não estar desvalorizando-o ao dizer que no fundo sua ação na
Unesco e sua ação em prol de Comte configuravam um só e mesmo com-
bate. (4/10/2001)
Considerações finais
Notas
6 Otávio Carneiro (1875-1932) era engenheiro e tio de Paulo Carneiro. Ficou conhecido por
estimular a navegabilidade do rio São Francisco, conforme depoimento de Mario Augusto de
Berredo Carneiro a Abdala Farah Netto, em 31/7/2001. Relatório do Projeto Faperj/DAD/
COC/Fiocruz.
Carneiro, Mario Barboza. Casa de Clotilde. Rio de Janeiro, junho 1929 (folheto). Fundo Famí-
ha Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 31.
* Recorte de jornal sobre a inauguração de um novo templo positivista em Paris. Sem autoria,
S.1, 1905, Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 30. Auguste Comte et le Positivisme.
Disponivel em: <http://www.augustecomte.org>, 2002.
* Circular da Sociedade Civil Imobiliária Pierre Laffitte sobre os problemas financeiros da ins-
tituição, com pedido de novas contribuições. Paris, 5/9/1930. Fundo Família Carneiro, DAD/
COC/Fiocruz, cx. 30.
“ Castro, Cláudio José de. Mais um dissídio entre positivistas. O País, Rio de Janeiro, 15/11/
1928. Fundo Familia Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 31.
'* Carta de Carneiro à Delegação Executiva da IPB. Paris, 3/10/1928. Fundo Família Carneiro,
DAD/COC/Fiocruz, cx. 6.
!4 Carta de Carneiro à Delegação Executiva da IPB. Paris, 3/10/1928. Fundo Família Carneiro,
DAD/COC/Fiocruz, cx. 6.
Z À esse respeito, ver: Carta de Fernand Rousseau para Carneiro. Paris, 1929. Fundo Família
Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 20; Casa de Augusto Comte. Relatório de Carneiro para sua
familia, sobre seu trabalho de conservação e organização do apartamento que foi ocupado pelo
tundador do positivismo. Paris, 29/3/1931. Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 30.
Paulo Carneiro e Casa de Augusto Comte
O Curriculum vitae de Carneiro. Paris, s.d. Fundo Família Cameiro, DAD/COC Fiocruz, cx. 77.
* Identificação da Residência Mortuária de Clotilde de Vaux. Circular n. 35 da Execução Tes-
tamentária de Augusto Comte. Paris, 15/6/1933. Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz,
CX. 314.
*- Infelizmente, até o momento as cópias dos inventários elaborados por Carneiro não foram
encontradas na parcela já identificada do acervo.
* Por sua importância para os propósitos deste texto, o documento, devidamente referenciado,
esta integralmente transcrito em anexo.
** Ver Maio & Sá (2000).
º Conde, Elysio. Manuscritos de Comte foram doados à França. Jornal de Letras, Rio de Janei-
ro, maio 1981. Fundo Família Carneiro, DAD/COC Fiocruz.
** Citado por Gentil, 4/10/2001.
* Atualmente, a Casa de Augusto Comte abriga um centro de documentação e um museu
situados no primeiro andar do prédio. Os arquivos e a biblioteca são de consulta livre a pesqui-
sadores e universitários. Para maiores informações, consultar O site: http://
WWww. augustecomte.org.
Os Heróis da Humanidade e seus Respectivos Meses. Quadro sinóptico sobre o culto aos gran-
des nomes da história presentes no calendário positivista. s.l, s.d. Fundo Família Carneiro,
DAD/COC/Fiocruz, cx. 97.
29 Ver anexo.
“O Fundo Família Carneiro, DAD/COC/Fiocruz, cx. 65.
Referências bibliográficas
MAIO, M. C€. Unesco and the study of race relations in Brazil: regional or
national issue? Latin American Research Review, 36(2): 118-136, 2001.
Nos dias que correm, quando todos nos indagamos, talvez de forma
apreensiva, sobre o que os cientistas nos farão a seguir, é importante
que eles estejam ligados intimamente com as ciências humanas e sin-
tam que têm perante a humanidade a responsabilidade quanto aos resul-
tados de seu trabalho. (apud Sewell, 1975: 78-79)
Além do mais,
mesmo que seja bem evidente que qualquer política eugênica radical
sera nos próximos anos política e psicologicamente impossível, é impor-
tante que a Unesco faça com que a questão eugênica seja examinada
com o máximo de cuidado, e que a mentalidade pública seja informada
sobre o que está em questão, de forma que muito daquilo que é atual-
mente impensável possa ao menos se tornar pensável. (Huxley, 1946: 21)
A Unesco e a política de cooperação internacional...
dente,edandoorigema“legiõesdeONGsparaajudarasuaorganização
Sooptando indivíduos resolutos e de pensamento indepen.
1097
Ciência, Política e Relações Internacionais
1172
A Unesco e a política de cooperação internacional...
Por mais que eu aprecie as artes e a literatura, não posso pensar que
essas modalidades de atividade intelectual humana tenham as mes-
mas características [da ciência]; muito talento e esforço têm sido
despendidos na produção de obras que se mostraram efêmeras, ou
porque o material era perecível, como a pintura grega, ou simplesmen-
te porque os gostos ou estilos mudaram e não mais temos prazer em
contempla-las. (Auger, 1950: 9)
à Hnesco dor mais lima vez deixada de lado, apesar de sua antiga
preocupação com a energia nuclear no nível da pesquisa básica e tam.
oem quanto aos seus impactos sobre a sociedade. Na prática, seu foco
limitou-se a quatro áreas: radioisótopos, efeitos da radiação sobre a vida
em geral, treinamento de pesquisadores e difusão de conhecimentos
especializados. Além do mais, a segunda dessas metas foi terceirizado
para o ICSU.
1272
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17243
Ciência, Política e Relações Internacionais
1724
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Conclusão
Notas
, Artigo originalmente * publicado no livro: Petitjean, Patrick (org.). Les Sciences Coloniales: figu-
es er institutions. Paris: Orstom Editions, 1996. Traduzido do original em inglês por José Augusto
Urummond e revisado por Amir Geiger e Priscila Vizeu Moncuso.
. o termo “bernalistas” refere-se às idéias do físico britânico John Desmond Bernal (1901-
PAZ). Bernal era marxista e escreveu extensamente sobre a função social da ciência e a orga-
nização da pesquisa científica.
* Mais tarde, Needham mudou a sua terminologia, referindo-se à “zona que ainda não é muito
luminosa”.
“Em 1955, Bertrand Russell e Albert Einstein elaboraram um manifesto — assinado por Max
born, Percy Br idgman, Leopold Infeld, Frederic Joliot-Curie, Herman Muller, Linus Pauling,
Cecil Powell, Joseph Rotblat e Hideki Yukawa — conclamando cientistas de todas as tendências
políticas a se reunirem para discutir a ameaça posta para a civilização com o advento das ar-
mas termonucleares. Os encontros estimulados por esse manifesto foram originalmente pa-
trocinados pelo filantropo norte-americano Cyrus Eaton e até hoje se realizam na cidade natal
de Eaton, Pugwash, no Canadá. Até o fim de 2002, haviam sido realizadas mais de 275 confe-
rências, simpósios e workshops, reunindo mais de dez mil pessoas.
Para melhor entender a filosofia de René Maheu, ver seu livro de 1966, sugestivo já no
titulo: A Civilização do Universal: inventário do futuro (no original, La Civilisation del “Universel:
inventaire de Vavenir).
o Durante a Guerra da Coréia, a Unesco foi mobilizada para “educar” as pessoas com a visão
de mundo dos EUA e do Ocidente. Sobre a emergência da Guerra Fria, ver Wittner (1974), à
doutrina de Zhdanov sobre os dois campos é apresentada no seu discurso no encontro do
Cominform, em 1947 (Proceedings Cominform 1947).
Ciência, Política e Relações Internacionais
dé Para um esquema da estrutura e dos tópicos propostos para os três relatórios, ver: Apêndice
ao relatório da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).
e “O “Grupo dos 77' (G 77) - que atualmente é integrado por 126 países — não é de maneira
alguma um grupo homogêneo. No que toca à avaliação científica, existe obviamente uma ten-
dência naturala focalizar problemas particulares que eles consideram importantes” (Bolin, 1993).
Referências bibliográficas
HULTBERG, J. 4 Tale of Iwo Cultures: the image of science ofC. P Snow. Univer-
sidade de Gothenburg, Departamento de Teoria da Ciência, 1991. (Report
n. 169).
HUXLEY, J. Unesco: its purpose and philosophy. Washington D.C.: Public Affairs
Press, 1947/1946].
HUXLEY, J. New Bottles for New Wine. Londres: Chatto & Windus, 1957.
MULKAY, M. Science and the Sociology of Knowledge. Londres: Allen & Unwin, 1979,
WELLS, €. fhe UN, Unesco and the Politics of Knowledge. Londres: MacMillan,
1987.
1592
Demandas globais, respostas locais
Iquitos, que deveria ser assinada por, pelo menos, cinco paises envolvi-
dos diretamente com a proposta. Esse fato gerou um enorme impacto
no parlamento brasileiro, bem como na opinião pública, mobilizando
militares, cientistas, jornalistas, intelectuais e entidades da sociedade civil.
Radicalizaram-se as posições entre aqueles que defendiam a importân-
cia da cooperação internacional para a Amazônia e os que concebiam o
projeto ILHA, sob a liderança do ex-presidente Arthur Bernardes, como
a expressão dos interesses imperialistas sobre a região. Artigos e dispo-
sitivos da Convenção de Iquitos foram encarados como uma ameaça à
soberania nacional, seja em função do grau de autonomia do IHIHA em
relação aos Estados-membros, seja porque minimizavam o peso político
do Brasil no projeto. Houve até a assinatura de um protocolo adicional
ao texto original, com o aval das Forças Armadas, para dirimir quais-
quer dúvidas em face das supostas ameaças à segurança nacional. No
entanto, no início da década de 1950, a polarização política inviabilizou
a criação do IHA (Crampton, 19/2).
A politização do projeto da Hiléia em solo brasileiro ocorreu no mo-
mento em que a Unesco já havia reduzido significativamente seus 1n-
vestimentos no plano. Estava longe de representar a “cobiça internacio-
nal”. Ademais, verificava-se um processo de redefinição das relações
entre ciência, sociedade e Estado no Brasil, em função dos desdobra-
mentos da Segunda Guerra Mundial. À emergência da questão nuclear,
da defesa do petróleo e dos recursos minerais estratégicos como funda-
mento de um ambicioso projeto de superação do subdesenvolvimento e
de afirmação do Brasil, por meio da ciência, como nação moderna, so-
mou-se o debate em torno da criação de agências de fomento à pesquisa
e o surgimento de novas associações científicas. Esse contexto gerou um
efeito não previsto, ou seja, a criação do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia, sob a chancela do CNPg, em 1952.
São Paulo e Salvador são tão diferentes em tantos aspectos que o fato
de serem ambas cidades de grande porte me parece quase irrelevante
neste caso. Acredito que seria muito importante estudarem-se as rela-
ções raciais sob um certo número de condições distintas e, nesse caso, é
imprescindivel que, mais uma vez, o estudo não fique restrito à situação
na Bahia e à sua volta. (Klineberg, 1950: 4)
Conclusão
Notas
evogicacomoprojetoILHA,osnorte-americanostinhamsobsuaresponsabildadequase
ano ce 1088, Ea cifra passou a ser de 41,88%. Ou seja, nos anos em que a Unesco esteve raio
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Work, em REG 330.19 (8) A 0 HA, Parte 31 dez, 1947 (Caixa 166
pasta t, Arquivo Unesco).
o A d o p t e d b y ! t h e G e n e r a l C o n f e r e n c e d u r i n g i t s S e c o n d S e s s i o n . M é x i c o , n o v. -
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Wagley, 27 jul. 1950, p2. REG 323.1. Part oi up to31 jul. 1950 (Caixa 145, Arquivo Unesco)
Ciência, Política e Relações Internacionais
“* Carta de Luiz de Aguiar Costa Pinto a Alfred Métraux, 31 jul. 1950, p.1. REG file 323.12 A
102. Part | (Caixa 146, Arquivo Unesco).
o Carta de Roger Bastide a Alfred Métraux, 13 maio 1950; carta de Alfred Métraux a Roger
Dastide, 18 ago. 1950; carta de Roger Bastide a Alfred Métraux, 9 set. 1950. REG 323 1. Part TI
up to 31 Jul. 1950 (Caixa 145, Arquivo Unesco).
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O particularismo na ciência
O universalismo na política
volvimento (Maio, 1997). Essa visão era certamente idealista, como mos-
trou Cooper ao criticar a Conferência de Genebra:
Para Franco Ferrarotti (1983), por exemplo, cada vida pode ser vis-
ta como sendo, ao mesmo tempo, singular e universal, expressão da
história pessoal e social, representativa de seu tempo, seu lugar, seu
grupo, sintese da tensão entre liberdade individual e o condiciona-
mento dos contextos estruturais. (apud Goldemberg, 2001)
Noções de ciência internacional e nacional
Não sei quando, mas certamente bem no começo de meu trabalho e que
surgiu esse tipo de orientação, que cada vez mais se enraíza em mim, de
que nos países subdesenvolvidos devemos usar as técnicas mais avança-
das em modelos autóctones (...).
Conclusão
Notas
º Nos eventos considerados como rituais, algumas instâncias paradigmáticas estão sempre
presentes: o sentido de ordem e as regras de procedimento, uma ação comum intencional, a
limitação do tempo e do espaço, a repetição e a alternância, a disputa por um resultado, seu
caráter de representação e a percepção de que são distintos dos eventos cotidianos. Para
lambiah, ritual e um sistema de comunicação simbólica, socialmente construído, ou seja, seu
conteúdo cultural estã fundado em determinados construtos cosmológicos ou ideológicos, e a
combinação entre forma e conteúdo é essencial para o caráter performativo e para a eficácia
do ritual.
* Julian Sorell Huxley nasceu em fevereiro de 1887 e morreu a 14 de fevereiro de 1945. Foi o
primeiro diretor geral da Unesco, onde tentou adotar um programa cosmopolita, centrado na
relação ciência/educação e cultura. Para uma visão de sua trajetória, ver <http://www.rice.edu/
tondren/woodson/mss/ms50/index.htmltbio>.
º De fato, a análise das trajetórias pessoais nos permite agregar às abstrações sociológicas uma
compreensão mais próxima de nosso cotidiano, permeada de afetos e dúvidas, que revelam
aparentes inconsistências, mesmo quando pautadas por um projeto (Velho, 1981).
? A descrição da trajetória de Chagas baseia-se no material bibliográfico e nas fontes que
serviram de base à pesquisa de Paulo de Góes Filho para sua dissertação de mestrado (Góes
Filho,1996).
Noções de ciência internacional e nacional
Referências bibliográficas
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Noções de ciência internacional e nacional
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1963.
1993
Paulo Carneiro: um cientista brasileiro na
diplomacia da Unesco (1946-1950)
Heloisa Maria Bertol Domingues
Patrick Petitjean
sua primeira reunião, em janeiro de 1946, foi criar a Comissão das Na-
ções Unidas para a Energia Atômica (UNA EC). Essa comissão tinha como
objetivo organizar as questões dos segredos em matéria de pesquisa
nuclear para fins pacíficos. Rejeitava a construção de armamentos atô-
micos. Porém, a Guerra Fria bloqueou o funcionamento da UNAEC e
vários países passaram a trabalhar para a construção da bomba atômica.
O Brasil tinha assento na UNAÉC e seu representante era o almirante
Álvaro Alberto, que veio a ser, em 1951, o primeiro presidente do Con-
selho Nacional de Pesquisas (CNPq).
O Conselho Econômico e Social da ONU criou, em 1948, a Comissão
Econômica para a América Latina (Cepal), por sugestão dos membros
do Conselho Interamericano Econômico e Social.
À Unesco, como foi dito, incluiu um “s” em sua sigla e criou setores
específicos para as ciências naturais e para as ciências sociais. Desde a
sua origem, instituiu a Divisão de Ciencias Exatas e Naturais, tendo
Joseph Needham como diretor. Do mesmo modo que as demais priori-
dades da Unesco (cultura, educação, reconstrução), a organização inter-
nacional das ciências se beneficiou de meios e de um reconhecimento
sem igual à época, por parte da Sociedade das Nações. Sua criação
marcou uma linha de ruptura entre o laisser-faire de antes da guerra e
uma política voluntarista concebida de um ponto de vista internacional.
A Divisão de Ciências foi a primeira a desenvolver projetos operacionais
e pôde beneficiar-se de uma das partes mais importantes do orçamento
da Unesco nos primeiros anos. O Conselho Internacional das Uniões
Científicas (ICSU) foi um dos principais beneficiários (Petitjean &
LVomingues, 2000).
O International Committee of Scientific Unions (ICSU) reconstituiu,
logo após a guerra, o seu Comitê de Ciências e Relações Sociais e lançou,
junto aos cientistas, uma pesquisa de opinião sobre a importância das
ciências e da cooperação científica para a paz. Responderam setenta
cientistas próximos das instituições internacionais e o resultado, de certo
modo, refletiu tal posição. As respostas davam a entender que o trabalho
cientifico favorecia o internacionalismo e que a ciência poderia contro-
lar o aumento da população ou poderia desenvolver os recursos natu-
rais e, ao mesmo tempo, o progresso deveria ser acessivel a todos os
povos. À fim de facilitar o acesso às ciências, a Unesco criou, na Reu-
rnião Geral realizada no México, em 1947, o Comitê para a Popularização
da Ciência e suas Implicações Sociais, presidido por Joseph Needham.
Ciência, Potítica e Relações internacionais
página com uma matéria sobre a quarta sessão do ECOSOC, que se re-
alizava em Lake Success (EUA), com o título: “O Brasil na ONU: suges-
tões sobre o melhor aproveitamento das riquezas naturais dos países”.
A matéria trazia como palavra de ordem o desenvolvimento e dizia que,
se este deveria ser iniciativa de cada governo, ao ECOSOC caberia
apresentar um plano completo de desenvolvimento a cada um deles e
sendo assim, guardaria para si autonomia para executar as primeiras
práticas desses planos. A representação brasileira, concorde com os obje-
tivos do ECOSOC, afirmou que o papel do mesmo seria o de integrar o
projeto de desenvolvimento nacional na engrenagem internacional. Com
Isso, estaria alerta aos sinais de desequilíbrio na produção de matérias-
primas e gêneros alimentícios, pois seus planos abrangeriam ainda o
desenvolvimento de novos produtos, novos gêneros, novas matérias-
primas, fontes de energia, transportes ou novas indústrias. O Conselho
Econômico da ONU integraria, no plano internacional, os projetos econô-
micos e sociais das demais instituições atuantes no país, uma vez que o
objetivo era o “desenvolvimento geral do mundo”, conforme afirmara
para aquele jornal o representante do Brasil nesse órgão da ONU.
Foi também em agosto de 1947 que se realizou a Conferência do Rio
de Janeiro (Petrópolis), uma iniciativa da União Pan-Americana que con-
tou com a presença do presidente americano, Truman. Essa conferência
tinha a finalidade de firmar as forças que comporiam o bloco americano
de “segurança regional”, especialmente para fazer frente à Europa Oci-
dental. + O pan-americanismo instalava-se formando um elo que integrava
Os paises da América que, como o Brasil, eram vistos como significativos
de tal epiteto. Isso, sem dúvida, empanava o internacionalismo das de-
mais instituições, da ONU ou da Unesco, que lutavam exatamente contra
a bipolarização. Uns e outros, no entanto, vendo essas nações como sub-
desenvolvidas, esbarravam nos nacionalismos. Paulo Carneiro emergiu
nesse contexto usando toda a sua diplomacia.
Conclusão
Notas
* Relatórios do Presidente do IBECC, Boletim do IBECC, n. 1 (1947), p.155 en. 2 (1948), p.7-17
(Biblioteca do IBECC, Rio de Janeiro).
“ Ata de Reunião do IBECC - maio 1947. Nessa reunião, o projeto do IIHA foi apresentado a
um grupo de intelectuais brasileiros, numa iniciativa do presidente do IBECC, Lévi Carneiro.
2 Iornal do Commercio, 30/07/1947.
2 Ofício de Paulo Carneiro ao ministro Raul Fernandes, Paris, 26/01/1949 (Unesco/97, Arquivo
Itamaraty).
é Ofício de Paulo Carneiro ao ministro Raul Fernandes, Paris, 26/01/1949 (Unesco/97, Arquivo
Itamaraty).
“” Uma criação à qual os Estados Unidos, com apoio do representante brasileiro na União
Pan-Americana se opôs, preferindo conservar a preeminência da União Pan-Americana so-
bre a Unesco (Correspondência-Arquivos do State Department, RG 59, Decimal Files 1945-
1949, 501.PA, cartões 2.259 a 2.263). O centro regional da Unesco em Havana foi finalmente
inaugurado em fevereiro de 1950 (Arquivo Nacional dos Estados Unidos, College Park [MD)).
'8 Ofício de Paulo Carneiro ao ministro Raul Fernandes, Paris, 26/01/1949 (Unesco/97, Ar-
quivo itamaraty).
2 Conferência de Expertos Científicos da América Latina, Montevidéu, Unesco (LACDOS/
Latin America Conference for the Development and Organization of Science). Atas da 1º Ses-
são. Unesco/DEÓO/CO. 21-6/9/1948 (Arquivo Unesco, Paris).
Paulo Carneiro: um cientista brasileiro.
Referências bibliográficas
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1981. Northwood: Sciences Reviews, 1981.
À internacionalização de Chacaltaya
A formação e os contatos dos pesquisadores do CBPF com institui-
ções estrangeiras precederam a sua fundação, incitando os físicos do
Rio de Janeiro a reproduzirem na cidade o modelo adotado em universi-
dades estrangeiras e na USP. Estabelecido sob a forma jurídica de sociedade
Ciência, Política e Relações Internacionais
Os grupos de pesquisa
O período da montagem do Laboratório de Chacaltaya é caracterizado
pela construção da infra-estrutura para a pesquisa e pela presença de
cinco grupos de pesquisa. Os interesses se mesclavam: Cesar Lattes
interagia com os diversos grupos de pesquisa e Ismael Escobar se dedi-
cava sobremaneira às articulações com as autoridades bolivianas, subs-
tituindo os aliados do governo destituído para garantir as contrapartidas
previstas no convênio UMSA/CBPF.
O grupo de Ismael Escobar incluía Juan Hersil e os estudantes Oscar
Troncoso, Rafael Vidaurre e David Tejada. Todavia, Escobar quase não
subia para Chacaltaya, por cuidar da gerência administrativa do labora-
tório em La Paz. O grupo desenvolvia um projeto de pesquisa sugerido
por Bruno Rossi e dava suporte ao grupo do CBPF na montagem da
infra-estrutura. Era o CBPF que arcava com as despesas com pessoal e
custeio deste grupo.”
O grupo do MIT era integrado por Frank Harris e George Clark,
orientandos de Bruno Rossi, com a colaboração de Juan Hersil. O projeto
sobre os chuveiros atmosféricos extensos, de Rossi e Clark, foi o experi-
mento pioneiro do laboratório. Harris publicou com Escobar os resulta-
dos dos experimentos sobre a intensidade dos mésons na atmosfera e da
assimetria leste-oeste da mesma partícula no equador geomagnético.*
Identificou-se a presença de um terceiro grupo de físicos americanos
— Gottleb e Hertzler, ambos da Universidade de Chicago —, que utiliza-
vam uma pequena câmara de Wilson para medir o caminho livre médio
Os raios cósmicos entre a ciência
Cesar Lattes foi apoiado por Jaime Tiomno, Luis Márquez e José Leite
Lopes; Ismael Escobar se opôs e Francisco de Oliveira Castro advertiu
que a medida teria negativa repercussão política. O Conselho Técnico-
Científico (CTC) aprovou a proposta de Lattes, com a garantia de Escobar
permanecer vinculado ao CBPF por mais um ano.
A Universidad Mayor de San Andrés foi notificada pelo CBPF, mas a
pressão partiu do Itamaraty e da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN). O presidente da CNEN, almirante Octacílio Cunha, pediu o
reexame da questão, informou que o órgão financiaria a Divisão de Rai-
os Cósmicos do CBPF e procurou o seu presidente, general Edmundo de
Macedo Soares. Este, por sua vez, foi contatado pelo ministro das Rela-
ções Exteriores, assim como Edmundo Barbosa da Silva (chefe da Divi-
são Econômica e da Divisão Política do Itamaraty e conselheiro do CNPq)
Os raios cósmicos entre a ciência...
Fara o CBPF, 1959 foi um ano trágico. Além do incêndio que destruiu
a biblioteca e a Divisão de Emulsões Nucleares, a questão de Chacaltaya
incomodava cada vez mais os pesquisadores titulares diante da impos-
sibilidade de controlar a qualidade das atividades científicas realizadas
na Bolivia, ainda com o aval do CBPF, O problema foi reencaminhado
por Lattes ao CTC, que aprovou a extinção do Departamento de
Ciência, Política e Relações Internacionais
Conclusão
*Perguimentotemporário,comasubstiuiçãodeprogramasdecoope-
pelo contraste entre os anos iniciais de intensa atividade, crises e
raçãointernacional.Pode-seadiantarque,aolongodequarentaanosas
possibilidades de sucesso das atividades científicas realizadas no monta
de Chacaltaya estiveram estreitamente relacionadas E avanço de
*ecnologias para a pesquisa em raios cósmicos e contaram com &
intermediação de Cesar Lattes. Como se viu, a criação do Laboratório x
hacaliava está associada ao fato de Lattes ter o domínio do uso das
nucleares e de ter sido capaz de transferir recursos do Brasil
Cro é montagem de infra-estrutura de pesquisa na Bolívia e atrair am
Pos de cientistas de outras nacionalidades, que, com equipamentos fabri.
em seus laboratórios de origem, produziram novos conheci.
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mentos. Nao bastava a natureza privilegiada ea instalação de detectores
Notas
' Recorreu-se a Aguirre (1996), que utiliza fontes primárias de acervos bolivianos. O ambi-
ente do laboratório, as características da sociedade e o cotidiano dos cientistas brasileiros
na Bolivia foram construídos com base em entrevistas com Barros, S. (2003); Barros, F.
(2005); Lattes (1996, 2003); Salmeron (1998) e Marques (2003).
* Refugiado político da Guerra Civil Espanhola na Bolívia: funcionário do Comité Fiscal de
Fomento Agricola y Regadio, onde criou o Servicio Meteorológico Boliviano (1942); profes-
sor de cosmografia e meteorologia da Escuela de Ayudantes Técnicos da UMSA. Laites
(2003) não o considera um cientista.
* Graduado pela USP (1943), onde também foi professor (1944-49; 1960-67); pesquisador da
Universidade de Bristol (1946-47), do Radiation Laboratory of Berkeley (1948-49), do Institute
for Nuclear Studies Enrico Fermi da Universidade de Chicago (1955-56) e da Universidade de
Minesota (1956-57); fundador e diretor científico do CBPF (1949-1955); conselheiro do CNPq
(1951-55) e professor da Universidade do Brasil (1949-67) e da Unicamp (1967-84).
“O grupo de Bristol fazia parte do H. H. Wills Laboratory da Universidade de Bristol. Era
integrado por C. Powell (líder), G. Occhialini e Lattes — co-descobridores do méson-p - e
Ugo Camerini. Ver Andrade (1999).
? CBPF. Ata da 35º Sessão da Diretoria, 29 nov. 1951 (Arquivo CBPF).
* Unesco - Organisation des Nations Unies pour !' Éducation, la Science et la Culture. Rapport
au Directeur Général sur VActivité de "Organisation d'avril 1951 a jul. 1952. Présenté à la Conference
Générale lors de sa 7º" session, Paris, nov.-dez. 1952, p.153 (Arquivo Unesco).
/ Paz Estensoro governou a Bolívia entre 1952-56, 1960-64 e 1985-89.
* Há uma profusão de pequenas publicações sobre os movimentos camponeses nos An-
des e a respeito da inversão estrangeira na América Latina: as obras clássicas de André
G u n d e r F r a n k , C e l s o F u r t a d o e o u t r o s a u t o r e s d a C e p a l , e a n á l i s e s m a i s r e c e n t e s . Ve r :
Quijano, 197-?; Semanario Pulso, 18 out. 2002; Bigio, Isaac. 50 aniversario de la revolutión
boliviana. Disponível em: http://www.altopilar.com/ISA ACBIGIO, acesso em abril de 2003:
Lista de discussão: auge de los partidos campesinos. Disponível em: http://aymara.org/
a c e s s o e m a b r i l d e 2 0 0 3 .
!3 Alvaro Difini era professor da Universidade do Rio Grande do Sul. Ver: Andrade, 1999a:
116; Anais da 136º Sessão do Conselho Deliberativo do CNPa, 29 tan. 1953, p.31; Anais da 157º
Sessão do Conselho Deliberativo, 30 jan. 1953 (Arquivo CNPq); Oficio do CNPq ao Itamaraty, 4
fev. 1953. Livro de Ofícios das Associações Científicas para o Itamaraty, 1952-53. Cod. 111/4/
10; Ofício do Ministério das Relações Exteriores ao CBPF, 3 jan. 1953; Ofício de Álvaro Alberto
ao Ministério das Relações Exteriores, 4 fev. 1953. Livro de Ofícios das Associações Cientificas
para o Itamaraty, 1952-53. Cod. 111/4/10 (Arquivo Histórico do Itamaraty).
!4 Sobre a política externa brasileira nos anos 50, ver: Bandeira, 1989: 27-47, 73-100; Moura,
1991: 23-43: Cervo & Bueno, 2002: 269-30/7.
> No 3º Congresso Científico Latino-Americano (Rio de Janeiro, 1905), a ciência foi utilizada
como propaganda politica pelo Itamaraty. Ver: Andrade, 2002.
16 Documentos referentes ao Convênio de Intercâmbio Cultural, assinado em 1939, entre Bo-
lívia e Brasil. Lata 1091, maços temáticos 20.775 e 20.776 (Arquivo Histórico do Itamaraty).
7 Carta de Paulo Carneiro ao diretor geral da Unesco, T. Bodet, 16nov. 1951.53 (81) A 031 TA
115 AMS — CBPE; Fellowships 1946-1956. 376(81) “56” Ribenboim/TA; Idem. Salmeron/TA
(Arquivo Unesco); Ribenboim (2002); Salmeron (1998). Em 1959, Carneiro conseguiu bônus
para a reconstrução do acervo da biblioteca destruido por um incêndio. Ver: Unesco. Conseil
Exécutif. Résolutions et Décisions Adoptées par le Conseil Exécutif en sa 54º"º Session. Paris, 1-12
jun, 1959. Résolution 94/8.8; lelegrama de Cesar Lattes a Paulo Carneiro em 1959; Idem. Te-
legrama de Cesar Lattes ao diretor geral Unesco, Rene Maheu, 23 jun. 1959. 53 (61) AOSI TA
115 AMS — CBPF (Arquivo Unesco).
'8 Carta de Paulo Carneiro ao diretor geral da Unesco, T. Bodet, 31 jan. 1951.53 (81) A 031 TA
115 AMS-— CBPF; Unesco. Kapport du Directeur Gêneral sur V Activité de [ Organisation pendant
Année 1953. Présenté aux ÉEtats Membres et à la Conference Générale lors de sa 8ºMe session.
Montevidéu, nov.-déc. 1954, p.190 (Arquivo Unesco); Oficio de Paulo Berredo Carneiro ao
ministro das Relações Exteriores do Brasil, 20 abr. 1951. Livro de Ofícios da Unesco 1949-54.
Cod. 80/4/2 (Arquivo Histórico do Itamaraty).
9 Unesco. Rapport du Directeur Général sur |" Activité de |" Organisation lors de sa 4º"º Session.
Paris, sept.-oct. 1949, p.43 (Arquivo Unesco).
20 Unesco — Organisation des Nations Unies pour I' Education, la Science et la Culture. Rapport
du Directeur Gênéral sur [' Activité de "Organisation d'avril 1951 a jul. 1952. Présenté a la Conference
Générale lors de sa 7º" session. Paris, nov.-dez. 1952, p.46 (Arquivo Unesco).
“1 Hervásio de Carvalho (1994) dirigiu a atividade no Peru, Equador e Cuba. No final da
década de 1950, a Unesco se empenhou na divulgação e utilização da energia nuclear. Ver:
Unesco. Rapport du Directeur Général sur "' Activité de ' Organisation lors de sa 5" Session. Paris,
mai-juin 1950, p.44-45; Idem. Comité Consultatif International de la recherche dans le
programme des sciences exactes et naturelles de Unesco. Rapport sur la 2ºme Session. Itália,
20-21 avr. 1955; Idem. Comité Consultatif International de la recherche dans le programme
des sciences exactes etnaturelles de 1 Unesco. Rapport sur la 3º" Session du Comité Consultatif.
Paris, 9-6 avr. 1956.
** A reunião foi presidida por Maurício Rocha e Silva. Unesco. Rapport du Directeur Général sur
[" Activité de Organisation d'avril 1950 à mars 1951. Presente a la Conference Generale lors de
sa 6ºMe session. Paris, juin-juil.1951, p.47, 48, 53, 59, 114; Unesco. Rapport Complémentaire du
Directeur Général. Paris, 8 juin 1951, p.45 (Arquivo Unesco).
“Itália (1907-1993). Graduado em física pela Universidade de Florença (1929); pesquisador
do Laboratório de Arcetri (1930-37) e bolsista no Cavendish Laboratory (1931-34), onde cola-
borou com P. Blackett; professor da USP (1937-44); pesquisador da Universidade de Bristol
(1945-47); professor da Universidade Livre de Bruxelas (1948-49); diretor do Instituto de Fisi-
Ciência, Política e Relações Internacionais
* Consideração de]. Costa Ribeiro. CNPq. Anais da 136º Sessão do Conselho Deliberativo, 29 jan.
1905 (Arquivo CNPq); Andrade, 1999a: 100.
*º Carta de Paulo Carneiro ao diretor geral da Unesco, T. Bodet, 16 nov. 1951. 53 (81) A 031
TÃ 115 AMS- CBPF (Arquivo Unesco).
A Andrade, 1999a: 25, 135-137; Costa Ribeiro, 1994: 211-12; Unesco — Organisation des
Nations Unies pour VÉducation, la Science et la Culture. Rapport du Directeur Général sur
de "Organisation d'avril 1951 a jul. 1952. Présentéâla Conference Générale lors de sa 7êrm:
session. Paris, nov.-dez. 1952, p.62; LASCO - Symposium “Modern Research Techniques in
Physics”, Rio de Janeiro 1952 — org. by Lasco. 53 A 064 (81) “52”: e o relatório de Charles
Ehresmann sobre o evento em 378.4 (81) TA/A 187 (Arquivo Unesco).
8 CBPF. Ata da 33º Sessão da Diretoria, 6 set. 1951 (Arquivo CBPF).
* Cf. CBPF. Ata da 42º Sessão da Diretoria, 28 out. 1952; Processos n. 148/ 1953, n. 163/1953 n.
164/ 1953, n. 1747 1953, n. 193/ 1953 apud CBPF. Ata da 45º Sessão da Diretoria, 8 jan. 1953;
idem, Ata da 49º Sessão da Diretoria, 20 maio 1953 (Arquivo CBPE).
= Os resultados foram publicados nas Notas de Física, preprint do CBPF, e em periódico inter-
nacional. Ver: Escobar, IV. Harris, F. B. East-West asymmetry of positive and negative mesons
at the geomagnetic equator. Notas de Física, v. 2, n. 10, 1955; Escobar, LV. Harris, EB. Directional
Intensities of positive and negative mesons in the atmosphere. Notas de Física, v.3,n.5, 1956;
Physical Review, v. 104, n. 2, 15 out. 1956; G. Schwachheim, G. Clark & J. Hersil. Polarization of
cosmic ray u-meson: experiment. Notas de Física, v. 3, n. 25, 1957.
“E Físico teórico da Universidade de Princeton, veio para o Brasil porque era vítima do
macarthismo. F aziam parte de seu grupo Ralph Schiller e Mario Bunge. Ver: CNPq. Anais da
par Sessão do Conselho Deliberativo do CNPq, 21 mar. 1951; CNPq. Anais da 97º Sessão do Conse-
Ho Deliberativo do CNPg, 30 maio 1952; Processos CNPq: 567-51 e 572-52 (Arquivo CNPq/
Acervo MAST); Freire Jr. (2003) e Pessoa Jr. (2000).
o Físico experimental, foi aluno de Guido Beck na Universidade de Praga, em 1934. Veio da
Universidade de Siracuse (EUA) com bolsa do CNPq. Ver: CNPq. Anais da 164º Sessão do Con-
selho Deliberativo, 30 jul. 1953; Processo n. 243/53 (Arquivo CNPq/Acervo MAST); Barros, S.
(2003); Havas (1995).
3 Físico experimental brasileiro e professor da USP. Ver: CNPq. Processo n. 578/51, corres-
pondência anexa de 29 jan. 1951 (Arquivo CNPq); CBPF. Ata da 45º Sessão da Diretoria, 8jan.
1953 (Arquivo CBPF).
di Depois Souza Barros, foi aluna de Guido Beck na Universidade de Buenos Aires e inte-
grou o grupo de Sitte por influência de Bohm e Bunge. Ver: Barros, S. (2003).
? Conhecido por Jean Meyer, colaborou na construção de duas câmaras de Wilson para O
laboratório do Pic du Midi e na pesquisa sobre os mésons V. Tinha bolsa da Unesco na École
Polytechnique de Paris. CNPq. Processo 1964 anexado ao Processo 578/51 (Arquivo CNPq/
Acervo MAST); Fellowships 1946-1956. 376(81) “56” Meyer/TA (Arquivo Unesco).
(Os ralos cósmicos entre a ciência...
“8 George Schwachheim se transferiu da USP para o CBPF em 1953. CNPg. Processo n. 578/
91, correspondência anexa de 50 set. 1952, 1 out. 1952, 3 ago. 1953 (Arquivo CNPq/ Acervo
MAST).
7 K. Sitte, S. S. Barros, A. Hendel, A. Wataghin. Nuevo Cimento, v. 8, 1958.
8 Alfredo Hendel era da UMSA e contratado do CBPF para a gestão administrativa do
projeto. Ver: CBPF. Ata da 40º Sessão da Diretoria, 7 ago. 1952 (Arquivo CBPF).
“2 Físico experimental da Universidade de Chicago, membro do grupo de raios cósmicos
tiiderado por Marcel Schein. Impressionou os colegas brasileiros por ser um hábil físico
experimental e ter se integrado totalmente à cultura dos aimarás. CBPF. Ata da 23º Sessão
do CTC, 22 mar. 1954 (Arquivo CBPF); Barros, F. (2003); Barros, S. (2003).
CBPF. Ata 40º Sessão da Diretoria, 7 ago. 1952; Processos n. 101/1952 en. 111/1952 (Arqui-
vo CBPE); Marques (2003); Barros, 5. (2003).
* A bolsa Unesco de Occhialini foi de um ano. CBPF. Ata da 40º Sessão da Diretoria, 7 ago.
1952 (Arquivo CBPF).
“A Unesco acompanhou o convênio através de minuciosos relatórios. Ver: Unesco —
Organisation des Nations Unies pour Education, la Science et la Culture. Rapport du Directeur
Gêneral sur Activite de [Organisation d'avril 1951 a jul. 1952. Présenté à la Conference Générale
Jors de sa 7º" session. Paris, nov.-dez. 1952, p.154-155; Unesco. Rapport du Directeur Général sur
[' Activité de [Organisation pendant Année 1953. Présenté aux États Membres et à la Conference
Générale lors de sa 8º session. Montevidéu, nov.-déc. 1954; e dossiê 53 (8DAO3ITA 115
AMS (Arquivo Unesco).
** Aguirre (1996); Contrato Unesco/UMSA, 537.59. A 072 (84) “55” LASCO (Arquivo Unesco).
* O papel do CBPF e da Unesco na manutenção das atividades em Chacaltaya é enfatizado em
relatório de 14 dez. 1956. 523.16 (84) AMS Bolívia-Cosmic Rays (Arquivo Unesco).
*º Carta de I. Escobar a M. Adiseshiah, diretor geral da Unesco, 4 jan. de 1954. 523.16 (84)
AMS Bolivia-Cosmic Rays (Arquivo Unesco).
6 CBPF. Anuário 1955-1956. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1957, p.10 (Arquivo CBPF);
Barros, 5. (2003).
* Dossiê Cosmic Rays Congress, México. Rays Cosmic Meeting 1955. 523.16 A 06 72 “55”;
Carta de Pierre Auger a Ismael Escobar em 26 maio de 1955 e Carta de Cesar Lattes a Pierre
Auger, 9 ago. de 1955.537.59 AQO72 (84) “55” LASCO (Arquivo Unesco). Sobre Pierre Auger,
ver também Elzinga (1996).
** Carta de I. Escobar a P. Auger, diretor do Departamento de Ciências Exatas e Naturais, em
29 jun. 1955. 523.16 (84) AMS Bolivia-Cosmic Rays (Arquivo Unesco). Ver também: Conseil
Exécutif. Résolutions et Décisions. Bolivie. 65/8.4 (Arquivo Unesco).
*? Carta do ministro da Educação da Bolívia ao diretor geral da Unesco, 10 fev. 1955. 523.16
(84) AMS Bolívia-Cosmic Rays (Arquivo Unesco).
UP CBPF. Ata da 54º Sessão do Conselho Técnico-Científico, 1 dez. 1956: CBPF. Ata da 1102
Sessão do Conselho Tecnico-Cientifico, 21 set. 1956; CBPF. Ata da 120º Sessão do Conselho
Técnico-Cientifico, 24 jan. 1957 (Arquivo CBPF).
* Os desenvolvimentistas de orientação nacionalista (ou estatizantes) se contrapunham
aos desenvolvimentistas adeptos da inversão de capital estrangeiro no governo JK. Ver:
lanni (109-138) e a classificação de Bielschowsky (1988).
2 O Acordo de Roboré pode ser examinado na perspectiva dessas duas correntes, respec-
tivamente, em Passos (1959) e Campos (1994, v. 1).
Ciência, Política e Relações Internacionais
** CBPF. Ata da 138º Sessão do Conselho Técnico-Científico, 6 jan. 1958 (Arquivo CBPF).
É CBPF. Ata da 127º Sessão da Diretoria, 4 fev. 1958; CBPF. 128º Sessão da Diretoria, 11 fev
1958; (Arquivo CBPF). Ofício do ministro José Carlos de Macedo Soares à Embaixada Brasilei.
ra em La Paz, 22 jan. 1958. Livro de Despachos do Itamaraty — La Paz 1950-58, Cod. 23/5/3:
Ofício do CBPF ao chefe da Divisão Cultural do MRE, 22 jan. 1957. Livro de Ofícios recebidos
das associações científicas 1958-59. Cod. 111/4/13 (Arquivo Histórico do Itamaraty).
2 CNPq. Processo n. 2415/58. Minuta do acordo entre o CNPg, a CNEN e o CBPF para a
manutenção do Departamento do Laboratório de Chacaltaya (Arquivo CNPq- Acervo MAST).
é CBPF. Ata da 139º Sessão do Conselho Técnico-Científico, 20 mar. 1958: CBPF. Ata da 142%
o do Conselho Técnico-Científico, 5 maio 1958 (Arquivo CBPF). Sobre o organograma
do Centro de Física, consulte: CBPF, Anuários 1954-1958 (Arquivo CBPF).
* CBPF. Ata da 160º Sessão do Conselho Técnico-Científico, 12 e 18 mar. 1959 (Arquivo CBPF).
* CBPF. Ata da 171º Sessão da Diretoria, 5 jan. 1960; CBPF. Ata da 177º Sessão do Conselho
técnico-Científico, 27 ago. 1959; CBPF. Ata da 176º Sessão da Diretoria, 5 abr. 1960 (Arquivo
COPE).
Referências bibliográficas
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his lasting strugele for a new interpretation of Quantum Mechanics. Tra-
balho apresentado no Workshop Migrant Scientists in the Twentieth
Century. Milão, jun. 2003.
HAVAS, Peter. The life and work of Guido Beck: the European years 1903-
1954. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 67, supl. 1: 11-36, 1995.
PESSUA JR, O. (org.). Fundamentos da Física 1: Simpósio David Bohm. São Pau-
lo: Livraria da Física, 2000.
[Projeção do filme!
emocionantes, mas num imóvel que mais tarde descobrimos não ser
bom (tinhamos nos enganado, aquele era um imóvel para desenvolver
o culto, que não era no número 10 ou 12, pouco importa). A personalida-
de de Paulo Carneiro, encontrada assim através do positivismo, des-
pertava em mim muito interesse. Suas convicções eram extraordinaria-
mente fortes. Ele nos contava, a mim e a cada um de nós, as guerras de
travesseiros travadas na infância com seus primos, uns gritando “Viva
Maria!” ou “Viva Jesus!”, os outros respondendo “viva o pai Auguste!
e viva tia Clotilde!”
Bruno Gentil: Fico feliz que o professor Alain Touraine tenha se referido
à Casa de Auguste Comte e tenha também lembrado sua atualidade. É
na condição de presidente da Associação Casa de Auguste Comte, fun-
dada em 1953 por Paulo Carneiro, que fui convidado a evocar seu traba-
lho de 50 anos na salvaguarda do patrimônio do filósofo. Pretendo então
rememorar aqui as atividades de Paulo Cameiro ao longo desse traba-
lho, para em seguida comentar o espírito com o qual ele as desenvolveu.
Por não ter convivido com Paulo Carneiro, recorri ao testemunho
de membros ativos da associação que o conheciam bem, sejam os seus
familiares, sejam os amigos de sempre. Entre outros, cito o senhor Michel
Duchein, aqui presente, atual vice-presidente da associação, de cuja
aventura velo a participar a convite de Paulo Carneiro; senhora Charles
Morazê, a quem visitei levando em conta o importante papel desempe-
Paulo Carneiro, um brasileiro universal
deu ultimo ato foi tratar de sua sucessão como presidente da associ-
ação e como guardião do patrimônio. Sentindo-se atingido pela doen-
ça que o levará embora, faz eleger, em 19 de fevereiro de 1981, a seu
irmão Irajano como seu sucessor na presidência da associação. Nessa
assembleia (da qual alguns dos presentes participaram), Paulo Carneiro
declara: “Meu irmão é o melhor dos homens. Sempre se mostrou muito
dedicado a Comte, e é hoje o responsável pela Associação Brasileira dos
Amigos de Augusto Comte, que herdou de nosso pai”. Para Paulo Car-
neiro, era importante que seu sucessor fosse um brasileiro capaz de
aglutinar os esforços dos positivistas do mundo inteiro. Sou, portanto,
com muita honra, o primeiro presidente não-brasileiro da associação.
Talvez não seja fácil avaliar hoje o que representou essa ação obsti-
nada de Paulo Carneiro ao longo de 50 anos. Pode parecer irrisória para
alguns. Para avaliá-la corretamente, porém, devemos lembrar o clima
reinante na decada de 30, marcado por dissensões e querelas infindáveis
Ciência, Potítica e Relações Internacionais
Jose Israel Vargas: Muito obrigado. O professor Morazé não pôde estar
conosco esta noite, mas sua esposa veio representá-lo, e eu gostaria de
lhe agradecer, antes de passar a palavra ao professor Luís Hildebrando
Pereira da Silva.
Jose Israel Vargas: Muito obrigado, senhor Alencastro. Last but not least,
tenho o prazer de passar a palavra ao senhor Jean d'Ormesson, que dis-
pensa apresentações, sobretudo aos brasileiros.
mente como uma força protetora e tutelar. Depois dele e antes de Vossa
Excelência, senhor embaixador, houve um outro grande brasileiro em
Paris: Carlos Chagas Filho, e estou certo de que esta casa deve muito tam-
bém a Chagas. Em todo caso, quem reinava na época era Paulo Carneiro.
Naquela epoca, e sobretudo durante a Guerra Fria, havia muita gente nesta
casa. Conheci aqui soviéticos maravilhosos, americanos inesquecíveis,
ingleses por quem eu era louco, africanos que sabiam tudo, que me reci-
tavam a liada, a Odisséia e os poetas franceses, enquanto eu era incapaz de
fazê-lo. Era um deslumbramento permanente. Paulo Carneiro era o Brasil
em Yaris, e era ao mesmo tempo o mais parisiense dos parisienses. Se eu
tivesse mais tempo (mas não tenho), lhes explicaria como um brasileiro
se transformou num parisiense e como este parisiense se tornou universal.
Ele era positivista. Eu supunha conhecer um pouco de filosofia, e nada
sabia do positivismo, do qual não vou falar depois das considerações tão
eloquentes do meu amigo louraine. Lembro apenas que Paulo Carneiro
me arrastava para toda a parte e me explicava o positivismo. E direi ape-
nas duas coisas. Uma é anedótica, mas de uma anedota tão profunda que
se poderiam escrever romances inteiros em torno dela. Ele me parecia
como um historiador, um filósofo, quase como um homem político ou um
escritor. Descobri com espanto que ele chegara em Paris como químico e
biólogo. E ele me contava que, bem jovem, fora encarregado de uma
missão, a Casa de Auguste Comte. Estupefato, eu via aquele homem se
transformar em arquivista, agente imobiliário, jurista, caminhoneiro.
Transportava papéis consigo e lançava mão de uma energia espantosa.
Eu pensava comigo: “Eis ai uma carreira e uma vida inteiramente guia-
das por uma idéia trazida da infância”. Outro aspecto deve ser salientado:
eu o vijunto de muitos marxistas, muçulmanos, budistas, cristãos. Ele acre-
ditava profundamente no positivismo, mas era incrivelmente aberto a tudo
o que não era positivista. Foi ele quem me ensinou que talvez seja preciso
acreditar muito profundamente em algo para aceitar que outros acredi-
tem em outras coisas. Vez por outra, eu me dizia: “Ele não é positivista!”.
Engano meu, ele era positivista. Mas era tão forte que compreendia tudo o
que não era positivista.
Ele era um sedutor. Não descerei às anedotas, poderia lhes contar
tantas... Havia uma verdadeira Internacional de amigos e amigas de
Paulo Carneiro, que encontrei na China, em Pequim, no Vaticano, em
Nova Iorque e nas regiões mais remotas da África, da América Latina e
da Ásia. Ele arrastava atrás de si todos os corações. Muitas mulheres o
Paulo Carneiro, um brasileiro universal
Os primeiros tempos
Nasci no seio de uma familia positivista, muito ligada ao movimento
comteano no Brasil. Meu pai [Mario Barbosa Carneiro] foi um dos pri
meiros adeptos do positivismo, sob a direção de Miguel Lemos, leixeira
Mendes, Benjamim Constant, por ocasião da Abolição da Escravatura e
da Proclamação da República. Surgi de um casamento que se realizou
no Templo da Humanidade, à Rua Benjamim Constant, em 1900. Essa
circunstância predestinou um pouco o rumo que teve a minha educação.
Nunca fui a um colégio. Recebi toda a minha instrução primária e se-
cundária em casa, de modo que não sofri um embate da infância con-
temporânea. Fui um menino muito protegido nas suas primeiras idades,
nas suas primeiras expansões, até que nos exames secundários entrei
em contato com os professores de Matemática, Física, Quimica, Bio-
logia, e realizei no Colégio Pedro Il, como era então hábito, os exames de
admissão ao ensino superior. Aí é que tive o primeiro contato realmente
com o meio exterior. Até então eu tinha vivido naquele casulo que era o
meio positivista da Rua Benjamim Constant.
Mas, ao mesmo tempo em que fazia minha formação interna ouvindo
grandes homens do meu tempo ligados aquele movimento, a influência
maior que recebi foi de Teixeira Mendes. Teixeira Mendes era matemático
de formação e tinha um conhecimento científico realmente universal,
com o espirito mais enciclopédico que encontrei até hoje. Ele nos pregava
uma tese. Essa tese, como todas as outras que fiz, versava sobre proble-
mas brasileiros. Estudei a planta do guaraná, então completamente des-
conhecida. Usava-se guaraná sem saber absolutamente o que ele conti-
nha — não o guaraná das garrafas, que não contém nada senão produtos
artificiais, mas o guaraná indígena, o pó raspado na língua de pirarucu.
E» consegui, graças a meu pai, que era diretor do Ministério da Agricul-
tura, raiz, caule, flor, folha, fruto dessas lianas do Amazonas, de onde os
indigenas extraem o guaraná.
Depois de um estudo relativamente rápido — durou dois anos -, veri-
fiquei que toda a planta do guaraná (Paulinia cupana), classificada pot
Martius e Bonpland em mil oitocentos e pouco, era constituída de cafe-
ina e teobromina em doses extremamente grandes, era a planta mais
rica em cafeína. Em geral eu via o guaraná sendo usado como uma subs-
tância não-tóxica e que se podia consumir abundantemente. Realmente
e extremamente útil como estimulante e tem a vantagem de não sofrer,
como o cafe, um fenômeno de torrefação em que se formam substâncias,
essas realmente tóxicas, que não são a cafeína, são derivados dos ácidos
gordos e dão origem a uma porção de substâncias muito mais nocivas
do que a cafeina.
De volta de Paris, fiz um concurso em 1933 para a Escola Politécnica
do Rio, como livre-docente da cadeira de Química Geral, com a qual
estava endividado, porque toda a minha formação científica, durante o
meu curso, havia sido patrocinada, dirigida, estimulada, nutrida por
um grande professor, que foi o maior dos mestres que tive no Brasil:
Carlos Ernesto Júlio Lohman, holandês que se havia dedicado a pesquisas
de Biologia e Química Tropical em Java. Miguel Calmon, fazendo uma
viagem pelo Oriente, descobriu esse cientista, que tinha então uns trinta
anos, e o convidou a vir fundar na Bahia uma estação experimental de
cana-de-açucar. Tentado pela miragem do Brasil, Lohman veio e, ao che-
gar à Bahia, verificou que não havia nem laboratório, nem pessoal, e de
início ficou perdido, sem saber que destino dar à sua vida científica.
Depois de uns seis meses de agonia, veio para o Rio de Janeiro, contratado
pelo Museu Nacional, por Roquette-Pinto. Fez um concurso para a Es-
cola Politécnica e se tornou um professor extraordinário, o grande reno-
vador do ensino da Química no Brasil, porque trazia a experiência da
Universidade de lena, na qual tinha feito seu doutorado, e trazia tam-
bém toda uma experiência de pesquisa. De modo que Carlos Ernesto
Júlio Lohman, depois de meu curso na França, tomou-me como assis-
Ciência, Política e Relações Internacionais
tente e quis fazer de mim o seu herdeiro e sucessor na cátedra. Por isso e
para isso fiz o concurso para livre-docente, no qual fui aprovado em 1933.
com ele, mas nada tinha a ver comigo. Assistiu à experiência e eu disse a
ela: “Venha ver este resultado aqui, tome...”. Ela assistiu e ficou espantada.
Fuíi-me embora. Na manhã seguinte, indo eu muito cedo para o meu
l a b o r a t ó r i o n o I n s t i t u t o P a s t e u r, e n c o n t r e i a m o ç a e m q u e s t ã o , m e s u r -
preendi! Ela me disse: “Vim pedir-lhe que em hipótese alguma mencione
o meu nome a propósito da sua experiência, porque não quero que me
atribuam qualquer participação. Isso pode custar a minha carreira. Re-
cebo uma bolsa que é dada pelo Lapicque”. Eu lhe respondi: “Mas, minha
FF
senhora, não há o menor motivo....”.
À s s e x t a s - f e i r a s , n o fi m d a t a r d e , d e p o i s d e e n c e r r a d o o m e u t r a b a -
lho de laboratório, eu ia para lã; e passava o sábado inteiro remexendo
nos papéis, com uma grande unção. Sempre me lembro das palavras de
um dos biógrafos de Dante: “Com que emoção nos poríamos de joelhos
se encontrássemos um manuscrito de Dante, do qual não se tem ne-
nhum”. Comecei a tocar aqueles manuscritos com essa emoção, de quem
esta diante de um tesouro espiritual, de um patrimônio. Então iniciei,
pouco a pouco, a grande renovação desse espólio que se estava guar-
dando mas sem conservação adequada. Obtive recursos de casa, da fa-
milia, de meu pai, de meus tios, para mandar encadernar todos os ma-
nuscritos do Comte, ou seja, dezessete obras integralmente manuscritas,
em estado perfeito. Creio que é um exemplo único na História de uma
grande obra que está conservada em manuscrito em perfeito estado.
Mas o apartamento tinha sido pouco a pouco desvirtuado: morria
um positivista aqui, punha-se um retrato dele, morria um outro acolá,
punha-se outro retrato. Havia perdido a autenticidade que o Comte pe-
dira no seu testamento aos que o quisessem conservar. Mas como tirar
tudo aquilo, com que critério, o que seria contemporâneo do Comte e
posterior a ele? Achei um pequeno papel em que se falava num inventário
judiciário que havia sido feito dias depois da morte dele. Onde estaria
esse inventário? Levei dois anos para achar. Estava num notário francês
arquivado, esquecido. De posse disso, pude então reconstituir o apar-
tamento do Comte tal como ele estava no dia 5 de setembro de 1857, quando
o Comte morreu. Ai então o apartamento adquiriu o sentido histórico
perfeito. Mas para isso era preciso achar um lugar para guardar aquilo
tudo. Consegui recursos também daqui, também da minha família, para
expelir um locatário de todo o andar térreo e adaptá-lo a receber esse
material todo, que, embora espúrio, era importante para a história do
movimento positivista.
Assim fui ficando, até que a guerra chegou e o gerente, prevendo a
gravidade dos acontecimentos, instituiu-me seu sucessor. Passei então a
ser O responsável por aquele patrimônio, sem gue até hoje ninguém te-
nha tomado conhecimento juridicamente do que tenho nas mãos, do
qual eu poderia dispor arbitrariamente se me acontecesse amanhã um
transvio qualquer de loucura. Mas, prevendo o futuro, em 1957 trans-
Ciência, Política e Relações Internacionais
formei aquela sociedade muito vaga que existia até então — e que era
proprietária do imóvel, não só do apartamento, mas do imóvel todo -
em uma associação internacional: “Casa de Auguste Comte”, registrada
e que se compõe hoje de umas 38 a 40 pessoas que fui recrutando entre
os historiadores que se ocupavam de Comte, membros da Academia de
Ciências Morais e Políticas, membros da Academia Francesa. Lá estão
hoje o Henri Gullier, o principal biógrafo de Comte, o professor Bastide,
que é um dos grandes historiadores do pensamento educacional de
Comte, o jovem membro da Academia Francesa D'Ormeson — digo jo-
vem porque é o mais moço de todos na Academia Francesa —, que é
também um amigo pessoal. (...)
Uma vez os arquivos todos inventariados e dispondo de inúmeros
inéditos, passei a publicar uma coleção que tem o título de Arquivos
Positivistas, em francês. Os primeiros volumes foram publicados em 1939
com o título Novas Cartas Inéditas. Depois disso, fui reunindo material
para uma obra de maior vulto, que é a correspondência integral do
Comte, em ordem cronológica. O Conselho Federal de Cultura tem rece-
bido volume após volume. Já foram publicados três volumes e o quarto
está no prelo. Preciso viver ainda uns cinco anos para chegar ao oitavo
volume, que completará a coleção de umas três mil cartas, ilustradas,
comentadas, com uma introdução grande minha e notas de um colega
meu, Pierre Arnaud, professor da Universidade de Grenoble e também
comteano. Dessa edição, a difusão é grande sobretudo nos Estados Uni-
dos, porque, contrariamente ao que se pensa no Brasil e alhures, há hoje
um movimento muito interessante de teses de Ciências Sociais em torno
de Comte, sobretudo nos Estados Unidos. Talvez porque a mina Comte
não tenha sido suficientemente explorada. Os jovens que querem matéria
para teses vão procurar onde encontram possibilidades. Uma estatística
que li registra umas cinquenta teses por ano feitas nos Estados Unidos
em torno de temas extraídos aqui e ali das obras de Comte.
No ano atrasado [1978], realizamos um colóquio que teve uma parti-
cipação muito grande de universitários franceses, em torno da “Lei dos
lrês Estados”, que é a peça-mestra da obra de Comte. No ano passado
fizemos um novo colóquio, na Unesco, em torno do Conselho Internaci-
onal de Filosofia e Ciências Humanas, sobre a concepção de poder espi-
ritual do futuro na obra de Comte. No ano que vem vamos fazer um
grande colóquio comemorando os 150 anos do Curso de Filosofia Positiva.
Ve modo que, em torno da casa de Comte, que é hoje visitada por um
Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro, cientista...
Ão mesmo tempo em que essa Paris viva sofria altos e baixos, mo-
mentos de triunfo e momentos de revés, foram surgindo forças novas. A
primeira grande força foi o general De Gaulle. Eu estava em Bordeaux,
depois de um grande bombardeio, em junho de 1940, quando se ouviu
inesperadamente a famosa declaração dele pelo rádio, vinda de Lon-
dres, foi um sobressalto extraordinário. Depois veio o período difícil da
ocupação, em que, contrariamente ao que se diz, a maioria da população
francesa se portou com muita dignidade, as mulheres sobretudo. As
mulheres são a meu ver a melhor parte da França, são a melhor parte do
mundo, mas especialmente da França. Tenho sempre a impressão de
que o homem não tem aquele valor moral, de devoção, de resistência
Ciência, Política e Relações Internacionais
Esse museu previsto para Assuã reuniria tudo que foi descoberto de
Importante nessas escavações e tudo que de algum modo se relacione
com esses templos. O Egito é um museu em si mesmo, e o Museu do
Cairo foi criado em 1900 também por uma iniciativa internacional. O
prédio atual foi construído por subvenção internacional, em 1900. Hoje
é um depósito poeirento, inteiramente indigno das riquezas que hospe-
da. Propusemos então que, uma vez terminada essa campanha, uma vez
concluido o Museu de Assuã, que se empreendesse um plano de cons-
trução de um novo Museu Faraônico, exclusivamente faraônico, num
outro lugar do Cairo, que já está mais ou menos escolhido, numa grande
ha no centro do Nilo. Ele servirá para albergar o que há de mais impor-
tante no velho museu, e o que possa provir dessas descobertas novas e
que, de preferência, se situe no grande Museu do Cairo, ficando o anti-
so, que estã sendo também reconstituído materialmente, como um cen-
tro de formação de especialistas, arqueólogos, egiptólogos, no sentido
jato da palavra, deixando ao novo museu a função de mostruário, de
exibição, de exposição permanente.
(...) À medida que o programa de salvação dos monumentos da Núbia
se tornava conhecido, a Unesco passou a receber solicitações Inúmeras.
Ha hoje talvez uns trinta projetos de proteção e salvação de monumen-
tos naturais ou monumentos históricos em paises dos mais diversos do
mundo. No momento, estamos trabalhando na Indonésia, com o grande
templo budista de Borobudu, que é o maior templo, materialmente de
grande beleza, e que estava extremamente comprometido pela ação do
tempo, da umidade, de ligeiros tremores de terra. Mas não é só lá! Toda
a bacia do Mediterrâneo Oriental está sendo também objeto de recons-
truções. Na lunisia, na Argélia e na Síria. Para a América Latina, os pri-
meiros socorros da Unesco foram feitos no Peru, em Cuzco. Depois, quan-
do houve uns tremores de terra naquela área, a Unesco também deu um
auxilio muito grande.
A situação do Brasil é boa, embora o país tenha custado muito a rati-
ficar a convenção de Proteção Internacional dos Monumentos. Afinal
Isso Ocorreu, e os primeiros pedidos que recebi, há muitos anos, quando
chefiava a delegação do Brasil na Unesco, vieram do Museu Nacional,
por intermédio de D. Heloisa Alberto Torres, que se interessou pessoal-
mente por um auxilio de especialistas que vieram colaborar em vários
projetos pequenos, mas importantes, do museu. Depois veio o proble-
ma da Bahia, com o Pelourinho. Neste caso a ação da Unesco foi muito
Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro, cientista...
Ora, não creio que isso se possa fazer daqui ao ano 2000. Vejo as difi-
culdades imensas e vejo que a nossa sobrevivência — enquanto não se
encara o problema sob esse aspecto de revolução coletiva, psicológica,
biológica, econômica, concordante, convergente, enquanto não se faz
esse estudo e um planejamento racional — está acontecendo por acaso.
Tenho a impressão de que estamos viajando num navio que pode en-
contrar um iceberg a qualquer momento, sem meios de proteção. Creio
sinceramente que esse problema da paz ficara em suspenso enquanto
não se der ao problema a sua fundamentação sociológica real.
Ciência, Política e Relações Internacionais
F u i m u i t o m a l r e c e b i d o p o r m o n s e n h o r Ta r d i n e , c o m o e l e p r e v i a :
“Vocês são todos uns hereges”. E fui muito bem recebido por monsenhor
Montine, que depois se tornou Paulo VI e ficou sendo muito meu amigo.
Uma conversa encantadora em que lhe disse: “Não vejo solução jurídica
à rigor, mas vejo uma solução política. Sou presidente do conselho; ao
voltar a Paris, convoco o conselho e faço uma declaração escrita que
figurara nas atas do conselho e que ninguém tocará, em que digo: “O
presidente do conselho, a convite de sua santidade Pio XII foi em visita
à Santa Sé e, de acordo com o santo padre, designa como representante
da Santa Sé junto à Unesco o monsenhor Roncalli””. Tudo isso era arbi-
trário do ponto de vista rigorosamente constitucional da Unesco. O con-
Sselho não iria se opor a essa fórmula de transação. Torres Bodet era o
cliretor geral da Unesco, tão herege quanto eu e por isso tão amigo da
vanta Sé quanto eu, não temos o menor preconceito. Achamos, ao con-
trario, que devemos prestigiar essas organizações. E assim foi feito até
hoje, de modo que fiquei muito bem-visto na Santa Sé, especialmente
por monsenhor Roncalli, que se tornou João XXIII, depois por Montine.
A tal ponto que, quando estava fervendo aqui o conflito sobre o Ins-
tituto da Hiléia Amazônica e eu estava ameaçado de todos os lados, o
cardeal de São Paulo [cardeal Mota], forte amigo pessoal do presidente
Dernardes, tinha anunciado que iria fazer uma pastoral acusando-me de
estar faltando aos meus deveres em relação ao Brasil junto à Unesco no
tocante a esse projeto. Eu ignorava tudo, mas vim ao Brasil e então fi-
quei sabendo que a pastoral estava redigida, mas que aconteceu uma
coisa inesperada.
Nesse interim, monsenhor Montine, que era então só secretário de Es-
tado, mandou uma carta ao cardeal do Rio de Janeiro em que dizia: “Cha-
mo a atenção para essa figura admirável que é o representante da Unesco
no Brasil, com a qual a Igreja brasileira deve colaborar, que nos prestou
um grande serviço resolvendo esse problema que era dificílimo, do nosso
observador junto à Unesco”. Aconteceu então outra coisa inesperada. Era
bispo adjunto Dom Helder Câmara, que eu nunca tinha visto, mas que
estava muito bem informado sobre o que se projetava em São Paulo, e por
respeito à carta que ele acabava de receber do monsenhor Montine, ba-
teu-se para São Paulo e disse ao cardeal: “Olhe que é o homem contra o
qual o senhor está promovendo esta campanha difamatória”. Tudo se
desarmou. Cito esse exemplo para mostrar como os acontecimentos se
entrelaçam inexplicavelmente, inesperadamente na vida de um homem.
Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro, cientista...
Um cidadão do mundo
1099
Ciência, Política e Relações Internacionais
Publicações
Tese de doutorado
Artigos em livros
Preface. In: Histoire du Développement Culturel et Scientifique de L'Humanité,
v. 1. Faris: Unesco, 1967, p.10-14.
Por uma história intelectual das criações. In: Cológuio sobre Criatividade.
Conselho Estadual de Cultura Guanabara. Rio de Janeiro: Americana,
19/4, p.20-25.
O exemplo e a lição de Eugênio Gudin: traços de sua personalidade. In:
Eugênio Gudin Visto por seus Contemporâneos. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1979, p.1-18.
Une expérience politique d'inspiration comtienne au Brésil: la premiere
Constitution de de Rio Grande do Sul (1891-1923). In: Meélanges
en de Charles Morazé: culture, science et développement -
contribution à une histoire de Vhomme. Toulouse: Privat, s. d., p.503-511.
Francisco Venâncio Filho: homem de ciência e educador (1894-1946). In:
VENÂNCIO FILHO, Alberto (org.). Francisco Venâncio Filho: um edu-
cador brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p.97-112.
LIVIOS
Obras organizadas
Augusto Comte: nouvelles lettres inédites. Paris, Maison d' Auguste Comte,
1959, 274 p. (Collection Archives Positivistes). Introdução de Paulo
Carneiro, p. v-xii.
Auguste Comte: systême de philosophie positive - préliminaires généraux et
conciusions, precedes dextraits de lettres de 1818 à 1857). Paris: Maison
d'Auguste Comte, 1942. 1 v. (Collection Archives Positivistes).
Auguste Comte: écrits de jeunesse, 1816-1828 - suivis du mémoire sur la
cosmogonie de Laplace de 1835. Co-organizada por Pierre Arnaud.
Faris: La Haye, 1970, 608 p. 1 v. (Collection Archives Positivistes).
Augusto Comte: correspondance générale et confessions, t. 1, 1814-1840. Co-
organizada por Pierre Arnaud. Paris: Mouton-La Havye, École Prati-
que des Hautes Etudes, 1973, 437 p. (Collection Archives
Positivistes). Introdução de Paulo Carneiro, p. vii-xxxi.
Augusto Comte: correspondance générale et confessions, t. IL avr. 1841- mars
Co-organizada por Pierre Arnaud. Paris: Mouton-La Haye,
cole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, 1975, 461 p.
(Collection Archives Positivistes). Introdução de Paulo Carneiro, p
VHM-XXXVI,
Livretos
Artigos na Imprensa
4727
Foto 6 — Paulo Carneiro, Maurice
Wolff, Benoit Azinieres, Paulo Lopes
Filho na biblioteca da Casa de
Augusto Comte. Paris, cerca de 1927.
HFoto: Henri Manuel
(Arquivo Mário Carneiro).
Foto 20 — A partir da
esquerda, em pé: Trajano
Carneiro (1º), Plinio
Sussekind Rocha (2º),
Francisco Venâncio Filho (3º),
Rubem Descartes de Garcia
Paula (penúltimo). Sentados:
Corina Carneiro, Paulo
Carneiro, Dina Venâncio,
Mario Barbosa Carneiro,
provavelmente decada de
1930.
(Arquivo Mário Carneiro).
Foto 21 — Paulo Carneiro aos
OEdada 41 anos em Monte Cario,
64 de setembro de 1942.
(Arquivo Mário Carneiro).
Foto 22 — Paulo Carneiro, de volta
da Alemanha, onde esteve preso
durante a Segunda Guerra Mundial,
cumprimenta o presidente Getúlio
Vargas no Palácio Itamarati.
Rio de Janeiro, 1944.
Foto: Agência Nacional.
(Arquivo Mário Carneiro).
3435
Foto 32 — Paulo Carneiro
durante aimoço em sua
homenagem e em homenagem
a Richard Feynman e Marcel
Schein, do Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas, no
restaurante do aeroporto
Santos Dumont. Presentes, da
direita para a esquerda, na
segunda fila, Paulo de Goes
(1º), Ugo Camerini (2º), Cesar
Lattes (3%, Paulo Carneiro
(4º), Joaquim Costa Ribeiro
(5º), Nelson Lins de Barros
(6º), Helmut Schartz (7º) e
Gerard Hepp (8º). Na
primeira fila, Gabriel Fialho
(2º), Richard Feynman
(3º), Marcel Schein (4º), Jose
Leite Lopes (5º), Hervásio de
Carvalho (6º), Leopoldo
Nachbin (7º) e Mauricio
Mattos Peixoto (8º), cerca de
1953.
(Arquivo Mário Carneiro).
Foto 39 — Cerimonia de
lançamento da pedra
fundamental do Museu de
Antiguidades da Núbia, no
Jardim Joyau du Nil.
Presente, Paulo Carneiro,
presidente do comitê
executivo para a
salvaguarda dos
monumentos da Núbia,
região situada ao sul do
Egito, 11 de março de 1980.
Foto: Unesco.
(Acervo Iconográfico da Casa de
Oswaldo Cruz),