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Relatório 1 - LFQ

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências


Departamento de Engenharia Química
Curso de Química Industrial

Prática 1: Isotermas de Adsorção

Aluna: Beatriz Galdino Ribeiro


Professor: Luciano Almeida

Recife, junho de 2014


1. Introdução

A adsorção é um fenômeno que ocorre na interface entre duas substâncias, podendo ser
entre um sólido e um líquido, um sólido e um gás ou um líquido e um gás. É caracterizada pelo
aumento da concentração da substância líquida, gasosa ou em solução na superfície da fase
condensada (sólido ou líquido). A fase condensada é chamada de adsorvente, e adsorve
partículas da segunda substância ou solução em seus poros; a substância ou solução que tem suas
partículas adsorvidas na superfície da fase condensada é chamada de adsorbato.
O processo de adsorção pode ser de forma física ou química, ou, respectivamente,
fisiossorção ou quimiossorção, os quais ocorrem a partir das forças envolvidas na interação entre
o adsorbato e o adsorvente, e pelo valor da energia envolvida no fenômeno. Na fisiossorção, a
interação se dá por meio de forças intermoleculares de Van der Waals (interação de dispersão ou
dipolo induzido, também chamada de forças de London e interações dipolo-dipolo, por
exemplo). Na quimiossorção, a união ocorre por meio de ligações químicas (normalmente
covalentes), que tendem a um número de coordenação máximo com o substrato. Normalmente,
as interações presentes na adsorção física também estão presentes quando ocorre adsorção
química. Por isso, é mais adequado descrever o processo de adsorção como uma combinação
desses dois tipos de interação.Tanto a adsorção química quanto a adsorção física são processos
exotérmicos. Isto porque há uma diminuição da energia livre da superfície no processo de
adsorção. Porém, a entropia diminui, já que as partículas que são adsorvidas têm menor liberdade
quando se acomodam nos sítios de adsorção.
Estudando o fenômeno da adsorção, H. Freundlich chegou à seguinte equação
quantitativa:

Onde x é a massa da substância adsorvida, m é a massa do adsorvente sólido, c é a


concentração da solução e K e n são constantes. Quando a adsorção, medida por log (x/m), é
dada em função do logaritmo da concentração a uma temperatura fixa, tem-se uma reta
denominada isoterma de adsorção. Os modelos destas isotermas são fundamentais para descrever
como o adsorbato interage com o adsorvente, de forma que, compreendendo a natureza da
interação, seja possível realizar o melhor uso do adsorvente.
Neste relatório, será descrito o estudo da adsorção do ácido acético sobre carvão ativado
(um eficiente adsorvente), com a finalidade de traçar um gráfico da isoterma de adsorção e
determinar o valor de suas constantes, em função da concentração do ácido usando o modelo
Freundlich.

2. Materiais e metodologia experimental


2.1. Materiais

- 6 Erlenmeyers de 250 mL;


- 6 Balões volumétricos de 100 mL;
- 1 Bastão de vidro;
- 2 Pipetas (10 e 25 mL);
- 1 Bureta de 50 mL;
- 1 Béquer de 250 mL;
- 6 Funis;
- 6 papeis de filtro;
- 6 Soluções de ácido acético (CH3COOH) 0,5 M, 0,25 M, 0,1 M, 0,05 M, 0,02 M, 0,01M;
- 1 Suporte universal;
- 1 Garra metálica;
- Hidróxido de sódio (NaOH) 1 M;
- Carvão Ativado;
- Fenolftaleína.

2.2. Metodologia experimental

O preparo e padronização das soluções de ácido acético, juntamente com o processo de


adsorção por 3h, foi realizado anteriormente à prática. Após o tempo esperado, filtrou-se de
forma simples cada uma das soluções, com auxílio de um bastão vidro, recolhendo o filtrado de
cada solução em erlenmeyers devidamente identificados. Em seguida, retirou-se uma alíquota de
10 mL do filtrado da solução 1 (0,5 M) e transferiu-a para outro erlenmeyer, o qual foi
submetido posteriormente à titulação com hidróxido de sódio, utilizando-se fenolftaleína como
indicador. Logo após foi realizada a mesma titulação com as amostras 2, 3, 4 e 5, tomando
porções de 10, 25, 25, 50 e 50 mL, respectivamente. Após as titulações, cálculos foram
realizados a fim de construir a isoterma de adsorção.

3. Resultados e discussão

Os valores das massas iniciais de ácido acético contidos em cada solução foram obtidos
segundo a relação: C= m/MxV- onde m= massa do soluto, M= Massa Molar do soluto, C=
concentração da solução e V= Volume da solução-, considerando-se o fator de correção da
solução inicial igual a 0,7832. Também está apresentado abaixo os valores dos volumes de
NaOH gastos na titulação correspondentes às concentrações de ácido acético que não foram
adsorvidas pelo carvão ativado:

Amostra 1: 0,3916 M → 2,3496 g → 4,2 mL


Amostra 2: 0,1958 M → 1,1748 g → 2,0 mL
Amostra 3: 0,07832 M → 0,46992 g → 1,9 mL
Amostra 4: 0,03916 M → 0,23496 g → 1,0 mL
Amostra 5: 0,015664 M → 0,093984 g → 0,25 mL
Amostra 6: 0,007832 M → 0,046992 g → 0,2 mL

A partir dos dados de volume de NaOH obtidos, foi possível encontrar os valores das
concentrações de ácido acético finais (que não foram adsorvidas pelo carvão), por meio da
relação M1xV1 = M2xV2 (onde M1 e V1 referentes à concentração molar e volume da solução
de ácido acético respectivamente e M2 e V2 referentes ao NaOH), levando-se em consideração
também o fator de correção da solução do titulante (1,0201):

Amostra 1: 0,428442M
Amostra 2: 0,20402 M
Amostra 3: 0,077528 M
Amostra 4: 0,040804 M
Amostra 5: 0,0051005 M
Amostra 6: 0,0040804 M
Com os valores das concentrações finais de ácido acético, foi possível calcular a massa
final de cada amostra a partir da relação: m= MxMMxV, onde m= massa do ácido acético, M=
molaridade da solução, MM= massa molar do ácido e V= volume da solução de ácido acético.
Encontrando-se os valores que estão contidos da tabela 1 a seguir.
Observação 1: Para ser possível a construção do gráfico, os valores de massa encontrados
foram multiplicados pelo fator de correção do ácido (0,7832), pois os valores de massa finais
encontrados estavam maiores que os valores das massa iniciais.
Com base na titulação inicial do ácido acético, das quantidades colocadas de carvão ativo
em cada frasco e dos resultados anteriores, e sabendo-se que a massa adsorvida (x) é proveniente
da subtração entre a massa inicial e final de ácido, foi possível preencher a tabela 1 abaixo,
calculando-se também o logaritmo de x/m e o log da concentração real do ácido:

Tabela 1: Dados experimentais e calculados da adsorção.


Amostra m (HAc) m (HAc) m x log (x/m) log [HAc]i
inicial final

1 2,3496 g 2,013335 g 2 0,336265 g -0,7743483 -0,4071573

2 1,1748 g 0,958730 g 2 0,21607 g -0,9664355 -0,7081873

3 0,46992 g 0,364320 g 2 0,1056 g -1,2773661 -1,1061273

4 0,23496 g 0,191746 g 2 0,043214 g -1,6654055 -1,4071573

5 0,093984 g 0,047936 g 2 0,046048 g -1,6378192 -1,8050973

6 0,46992 g 0,019175 g 2 0,027817 g -1,8567197 -2,1061273

Relacionando todos os valores experimentais, foi construído um gráfico, apresentado na


figura 1 s seguir referente à isoterma de adsorção, do log da concentração inicial de ácido acético
x log de x/m, consistindo em uma curva de concentração do soluto na fase sólida em função da
concentração do soluto na fase fluida:
Figura 1: Gráfico que representa a isoterma de Freundlich para o ácido acético e carvão ativado,
linearizada.

Como pode ser observado, o sinal dos valores das abcissas e das ordenadas foram
trocados, com o objetivo de plotar um gráfico acima do ponto de origem. Empregando-se o
método dos mínimos quadrados, foi permitido linearizar a curva do gráfico, obtendo-se uma reta
e uma equação da mesma, que passa pelos pontos experimentais do gráfico. Mediante a equação
apresentada, obteve-se os parâmetros a e b, que correspondem à log k e à constante n
respectivamente, de acordo com a equação de Freundlich:
A equação da reta obtida por meio da linearização é a seguinte: y= 0,6441x - 0,5532 (R2=
0,9406). Considerando que a linearização da isoterma de Freundlich segue o modelo abaixo:

O log K representa o coeficiente linear da reta, correspondendo experimentalmente a -


0,5532. Ou seja, o valor de k é igual a 0,2798, que é igual à constante de adsorção. Já o inverso
de n (1/n), corresponde ao coeficiente angular da reta, que está explícito neste experimento com
valor de 0,6441. Assim, n é igual a 1,55, o qual corresponde ao inverso da massa de adsorvente
utilizada (1/m). Ou seja, n= 1,55, pode significar que houve alguma perda significativa de
adsorbato ou que impurezas presentes fizeram com que parte da massa do adsorvente tenha se
perdido no decorrer do experimento.
4. Conclusão

Com a realização do experimento foi possível compreender na prática que o fenômeno de


adsorção depende fortemente da concentração do adsorbato e da quantidade de adsorvente
presente, e pode ser compreendida a partir das variáveis que envolve, através das isotermas de
adsorção, que servem para descrever o mecanismo do processo. Infelizmente, foi necessária a
manipulação do resultado das concentrações finais de ácido acético, uma vez que estas
apresentaram valores superiores aos dados iniciais, tornando o resultado improvável. O possível
erro pode ter sido proveniente do preparo e padronização do ácido acético, ocasionando uma
diferença significativa no resultado final e no gráfico. Ademais, por meio do estudo do modelo
da isoterma obtida, observou-se que estas são fundamentais para a compreensão da natureza da
interação dos componentes, ou seja, como o adsorbato interage com o adsorvente, de forma que
seja viável assim realizar o melhor uso deste. Portanto, verificou-se que este experimento foi de
extrema importância, afinal, foi possível perceber na prática o fenômeno da adsorção que antes
era apenas estudado de forma teórica. Desta forma, concluiu-se que o experimento foi bem
sucedido do ponto de vista da aprendizagem adquirida.
5. Respostas às questões
5.1. Discuta o valor de n e K calculados.
Respondida na seção 3.0 (Resultados e discussão).
5.2. Qual a importância do conhecimento da Isoterma da adsorção.
A partir do seu estudo entende-se como o adsorbato interage com o adsorvente, de forma
que, compreendendo a natureza da interação, seja possível realizar o melhor uso do adsorvente,
relacionando a concentração de adsorvato e de adsorvente utilizada por meio da curva obtida. Ela
também informa a quantidade máxima de adsorção a partir do adsorvente usado, sob uma
determinada temperatura.

5.3. Explique o mecanismo responsável pela adsorção.


A adsorção é um fenômeno de adesão ou atração de uma ou mais camadas iônicas ou
moleculares na superfície do adsorvente, a qual ocorre em misturas de duas fases, e que na
interface dessas há variação da concentração de soluto (que induz a migração dos componentes
de uma fase para outra). Esse fenômeno pode ser físico ou químico, o qual o primeiro foi o
responsável para a adsorção do ácido acético por meio das forças de Van der Waals, atraindo as
partículas do soluto para a superfície do carvão ativado até que não houvesse mais transferência
de massa.

5.4. Quais os fatores que poderiam influenciar a adsorção?


Concentração e tipo do adsorvente e adsorbato, área de contato do adsorvente, condições
de temperatura e pressão e pH.
5.5. Discuta algumas aplicações gerais da adsorção.
Usada para tratamento de água e produção de alimentos (para retirar cor, odor e mau
gosto), purificação de ar (removendo contaminantes nocivos e produtos indesejáveis), reciclagem
de águas industriais, bem como na remoção de substâncias presentes (naftalenos,
dodecilbenzeno, sulfonato, benzeno e fenol, entre outros), redução da toxicidade de substâncias
orgânicas nocivas não biodegradáveis, etc.
5.6. A adsorção do ácido acético em carvão ativado é uma adsorção química ou física? Por
que? Segundo sua resposta, foi válida usar a isoterma de Freundlich neste experimento?
Adsorção física, pois foi possível observar que houve apenas mudança de concentração
do ácido, ou seja, ocorreu apenas migração de parte do adsorbato para o adsorvente, não havendo
mudança química e restando parte do ácido na solução, que foi titulada com NaOH com o
objetivo de se obter quantitativamente a quantidade de adsorbato que permaneceu sem ser
adsorvido. Neste experimento foi válida a utilização da isoterma de Freundlich, pois o interesse
era apenas conhecer a concentração máxima de ácido que pode ser adsorvida, relacionando as
concentrações de carvão ativado e de ácido acético.
6. Referências

[1] MIMURA, A. M. S.; SALES, J. R. C.; PINHEIRO, P. C.; Atividades Experimentais Simples
Envolvendo Adsorção sobre Carvão; Química Nova na Escola, v. 32, n. 1, p. 53-56, 2010.

[2] GUILARDUCI, V. V. S.; MESQUITA, J. P.; MARTELLI, P. B.; GORGULHO, H. F.;


Adsorção de fenol sobre carvão ativado em meio alcalino; Química Nova, v. 29, n. 6, p. 1226-
1232, 2005.

[3] DEBRASSI, A. , TONELLI, M. C. L.; RODRIGUES, C. A.; Adsorção do corante vermelho


congo por derivados da o-carboximetilquitosana hidrofobicamente modificados; Química Nova,
v. 34, n. 5, p. 764-770, 2011.

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