5 Produtos Mercados
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PRODUTOS-MERCADOS
RESUMO: A formulação da estratégia empresarial deve ter sempre início numa visão
comercial, sendo primeiro determinados quais os produtos a vender e para que segmentos
de mercado. O acompanhamento da dinâmica das necessidades dos clientes e das novas
iniciativas da concorrência induz assim o lançamento de novos produtos ou a entrada em
novos mercados, de que resulta um permanente reforço da adequação estratégica da
empresa. A estratégia de produtos e mercados tem início na concepção da matriz de
produtos-mercados, onde são indicados os produtos a vender nos respectivos segmentos-
alvo. Uma vez que a generalidade das empresas comercializa mais de um produto ou
serviço, é conveniente identificar eventuais relações de complementaridade entre
diferentes produtos, para explorar os efeitos de agrupamento ou de subsidiação cruzada.
Em seguida, devem ser definidas as vantagens competitivas a adoptar em cada segmento
de actuação da empresa e, em consonância, escolher a via de diferenciação da gama de
produtos e serviços mais apropriada ao mercado. Finalmente, a gestão da matriz de
produtos-mercados deve acompanhar a evolução dos clientes e da concorrência. [1, 2]
MARÇO DE 2008/2009
ÍNDICE
ÍNDICE ......................................................................................................................................................... 2
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ 2
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................... 2
1. NATUREZA DA ESTRATÉGIA DE PRODUTOS-MERCADOS ...................................................... 3
2. PRODUTOS E MERCADOS COMPLEMENTARES ......................................................................... 4
3. VANTAGEM COMPETITIVA .............................................................................................................. 6
4. DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO .................................................................................................... 12
5. EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PRODUTOS-MERCADOS ................................................... 14
6. INOVAÇÃO ESTRATÉGICA .............................................................................................................. 21
7. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 25
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 – MODELO DE ANSOFF. [1]................................................................................................................ 4
FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS E OS EFEITOS DE COMPLEMENTARIDADE. [1] ....................... 5
FIGURA 3 – FONTES GERAIS DE VANTAGEM COMPETITIVA. [1] ........................................................................ 8
FIGURA 4 – MODELO DAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS DE PORTER. [1] ............................................................... 8
FIGURA 5 – MODELO ADAPTADO DAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS. [1] ............................................................ 10
FIGURA 6 – MODELO DOS FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO. [1].................................................................... 11
FIGURA 7 – APLICAÇÃO DO MODELO DOS FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO AO SEGMENTO DOS
DETERGENTES. [1]................................................................................................................................. 12
FIGURA 8 – SEGMENTAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO. [1] ........................................................................................ 13
FIGURA 9 – FASES DO CICLO DE VIDA DA INDÚSTRIA. [14] ............................................................................. 15
FIGURA 10 – MATRIZ ESTRATÉGICA DO BCG. [16, 19] ..................................................................................... 16
FIGURA 11 – MATRIZ BCG VS. CICLO DE VIDA DA INDÚSTRIA. [17] ............................................................... 17
FIGURA 11 – INTERPRETAÇÃO DA MATRIZ[16] ................................................................................................ 18
FIGURA 12 – MODELO DA POSIÇÃO COMPETITIVA ADL. [1] .......................................................................... 19
FIGURA 13 – CURVA ABC. [20]....................................................................................................................... 20
FIGURA 14-CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS MERCADOS E AS TECNOLOGIAS[1] ............................................... 21
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PRODUTOS COMPLEMENTARES. [1] ...................................... 5
TABELA 2 – QUATRO OPÇÕES DE DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO. [1] ............................................................. 14
TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS DAS FASES DO CICLO DE VIDA DA INDÚSTRIA. [1] ............... 15
2
1. NATUREZA DA ESTRATÉGIA DE PRODUTOS-MERCADOS
A primeira opção estratégica a tomar pela organização é garantir que esta satisfaz as
necessidades dos seus clientes melhor do que a concorrência no seu negócio. Deste
modo, a formulação estratégica de uma organização deve ter sempre início numa visão
comercial, sendo escolhidos os produtos e serviços que irá oferecer e paralelamente são
escolhidos os segmentos de mercado em que irá actuar com esses mesmos produtos e
serviços. [1, 2, 3]
3
Produto / Serviço
Actual Novo
Penetração no mercado Extensão do produto
− Aumentar a utilização; − Aumentar a gama de
Actual
Mercado
O modelo de Ansoff é usado por marketers que tem por objectivo crescer, oferecendo
assim as escolhas estratégicas necessárias. De acordo com este modelo, o
desenvolvimento estratégico da matriz de produtos-mercados pode ocorrer de quatro
maneiras distintas: [1, 4, 6, 7]
• Penetração no mercado: a organização continua a servir os mesmos clientes
com os mesmos produtos/serviços mas tenta aumentar o volume de vendas
através do aumento da quota de mercado e/ou da frequência de utilização. Porém,
o produto não é alterado e a organização não adquire nenhum cliente novo;
• Extensão/Desenvolvimento do produto: a organização desenvolve novos
produtos/serviços ou aumenta a gama dos já existentes, mas dirigida aos
mesmos segmentos de mercado servidos antes;
• Extensão/Desenvolvimento do mercado: a organização procura servir novos
segmentos de mercado, mas com os mesmos produtos/serviços que já oferecia.
Isto significa que o produto permanece o mesmo, mas é comercializado para
novos clientes;
• Diversificação: a organização cria novos produtos/serviços para novos
segmentos de mercado. De preferência, devem ser exploradas sinergias1
tecnológicas e/ou comerciais, para assegurar que a empresa detém competências
nas novas áreas de actuação.
1
O conceito de sinergia exprime o facto de duas actividades exercidas em comum terem uma melhor
rentabilidade do que sendo exercidas separadamente. Duas actividades com boa sinergia comportam uma
grande parte de custos partilhados. Na realidade, quanto mais estes são importantes, mais forte é a sinergia.
Do mesmo modo, essas duas actividades necessitam, em larga medida, de competências comuns. A
sinergia exprime, assim, a correlação que existe entre os factores de sucesso de ambas as actividades. [8]
4
A partir de um produto base, a organização pode optar por introduzir produtos adicionais
relacionados ou não com a oferta original. Se os novos produtos não complementarem os
anteriores, a sua gestão deve ser independente, sendo cada artigo tratado como um
produto base. Se, pelo contrário, os novos artigos complementarem o produto base,
devem ser geridos em conjunto para tirar partido dos benefícios estratégicos dos efeitos
de agrupamento ou de subsidiação cruzada (figura 2).
Efeito de
agrupamento
Linha de produtos
complementares
Efeito de subsidiação
Produtos base cruzada
Linha de produtos
não complementares
Os benefícios dos produtos complementares são por vezes contrabalançados pelos seus
inconvenientes. Consoante os produtos complementares sejam comercializados aos
actuais ou a novos clientes, as suas vantagens e desvantagens tendem a ser diferentes
(tabela 1).
5
pagamento de uma assinatura mensal e permite o acesso permanente a uma linha
telefónica gratuita para saber o saldo do cartão. Desta forma, a TMN proporciona aos
seus clientes uma solução completa de produtos e serviços que, por um preço único,
permite satisfazer todas as necessidades de telecomunicações móveis do segmento-alvo.
Mas uma mesma organização pode gerir a sua linha de produtos complementares de
forma a aproveitar ambos os efeitos de agrupamento e subsidiação cruzada. Por
exemplo, os principais competidores da banca comercial oferecem uma grande variedade
de produtos complementares, procurando satisfazer todas as necessidades financeiras dos
seus clientes particulares e empresariais. Assim, juntamente com o depósito à ordem,
pode ser disponibilizada automaticamente uma determinada verba de crédito pessoal, que
incentiva o cliente a explorar os serviços de crédito ao consumo do seu banco, num
processo típico de agrupamento. Por outro lado, quando uma empresa deseja adquirir um
imóvel em regime de leasing em condições muito favoráveis, pode ser exigida a
realização de um lucrativo seguro facultado pelo banco, num processo típico de
subsidiação cruzada.
3. VANTAGEM COMPETITIVA
6
A vantagem competitiva é um conceito desenvolvido por Michael E. Porter e que
procura mostrar que a forma como a estratégia é escolhida e seguida pela organização
pode determinar e sustentar o seu sucesso competitivo. [10]
Uma organização possui uma vantagem competitiva quando esta confere uma
rentabilidade operacional superior à média da indústria num dado mercado ou
segmento de mercado. A avaliação do nível de vantagem competitiva dos vários
concorrentes deve ser baseada na respectiva rentabilidade operacional, calculada em
função das vendas ou dos activos afectos à actividade regular da organização. [1, 9]
Uma vez que a vantagem competitiva é função do diferencial dos resultados de uma
organização em relação à média do sector, a competitividade relativa de cada
concorrente pode ser simplesmente deduzida da sua capacidade de:
• Praticar preços de venda acima da média com custos equivalentes aos
competidores;
• Ter custos operacionais abaixo da média com preços de venda equivalentes aos
dos competidores; ou
• Praticar preços de venda acima da média e ter custos operacionais abaixo da
média dos competidores.
Para poder cobrar um preço acima da média, a organização têm de possuir uma
diferenciação acrescida dos seus produtos ou serviços, oferecendo deste modo mais
valor aos seus clientes do que os seus competidores.
Por outro lado, para usufruir de menores custos operacionais, a organização de explorar
os seus recursos e potencial sinérgico de uma forma mais produtiva.
7
Superioridade na
qualidade
Superioridade na
inovação
amplo
Mercado Focalização
restrito (Foco com custos baixos) (Foco com diferenciação)
De acordo com o modelo das estratégias genéricas, a organização deve fazer duas
opções-chave na sua estratégia de produtos-mercados:
• Âmbito competitivo: servir a globalidade do mercado ou apenas um conjunto
restrito de segmentos.
• Vantagem competitiva: superiorizar-se à concorrência na área dos custos ou da
diferenciação. [1]
A liderança de custos é uma estratégia que procura tornar uma organização mais
competitiva através da produção de produtos mais baratos do que os dos seus
8
concorrentes. A lógica desta estratégia é a de que, produzindo produtos mais baratos do
que os dos concorrentes, a empresa pode oferecer aos seus consumidores produtos a
menor preço e aumentar a sua participação na indústria. Por essa razão, muitas empresas
automatizam os seus sistemas de produção para aumentar a produtividade e obter
liderança de custo, oferecendo produtos mais baratos. Por exemplo, a empresa de retalho
norte-americana Wal-Mart optou pelo rápido crescimento nas zonas rurais, onde a
competição é menos intensa, e a pela constante introdução de novas tecnologias para
aumentar a eficiência operacional, permitindo assim ascender em poucas décadas à
posição cimeira no sector da distribuição à escala mundial. A superioridade nas
economias de escala, na gestão da informação e no controlo dos gastos administrativos
resultaram assim na minimização dos custos unitários e concederam à empresa uma
vantagem competitiva difícil de igualar. [1, 6, 11]
A diferenciação, por sua vez, é uma estratégia que procura tornar uma organização mais
competitiva através do desenvolvimento de um produto que o cliente perceba como
diferente dos produtos oferecidos pelos concorrentes. Os produtos podem ser oferecidos
aos consumidores como diferentes porque são únicos em termos de qualidade do
produto, desenho ou nível de serviço pós-venda. Esta estratégia permite à organização
praticar um preço superior ou obter uma maior lealdade dos consumidores. Por exemplo,
a empresa norte-americana de informática IBM em todos os segmentos que concorre
procura sempre oferecer produtos e soluções distintos dos da concorrência, cobrando
também um preço superior pelo valor adicional proporcionado. Assim, desde os
mainframes aos computadores pessoais, passando pelo software proprietário e acessórios,
a principal preocupação da IBM é estar sempre um passo à frente da concorrência na
comercialização de produtos tecnologicamente avançados que satisfaçam melhor as
necessidades dos clientes.
Por fim, a focalização é uma estratégia que procura tornar uma organização mais
competitiva concentrando-se num consumidor particular e específico. Editores de
revistas geralmente utilizam uma estratégia focalizadora para oferecer os seus produtos a
clientes específicos. Os produtos diet ou light focalizam o consumidor preocupado com a
saúde e a estética. A estratégia de focalização, por sua vez, divide-se em:
• Foco com custos baixos: quando a organização procura uma vantagem de custo
no seu segmento alvo. Por exemplo, a agência de viagens portuguesa Tagus serve
apenas os segmentos dos jovens e estudantes, procurando oferecer as tarifas mais
económicas no leque restrito de destinos turísticos solicitados pelos seus clientes.
Desta forma, consegue proporcionar elevados volumes de tráfego às empresas de
transporte ou albergues de juventude, e obtém em retorno condições mais
vantajosas nas reservas.
• Foco com diferenciação: quando a organização procura a diferenciação no seu
segmento alvo. Por exemplo, o construtor automóvel Rolls-Royce ao especializar-
se apenas em modelos de luxo, serve uma gama muito restrita de clientes que
estão dispostos a pagar verbas consideráveis para usufruir da imagem de distinção
dos seus veículos. A reputação da marca Rolls-Royce é pois o seu principal
elemento diferenciador.
A questão base desta estratégia é a selecção de segmentos específicos de mercado onde a
concorrência tenha dificuldade em satisfazer eficazmente as necessidades dos
consumidores. [1, 6, 10, 11]
9
As organizações que possuam uma destas estratégias terão em geral uma boa
performance. Aquela que desempenhar melhor a estratégia será a que terá maiores
benefícios, pois não ter uma estratégia bem definida poderá levar aos piores
desempenhos. [12]
Diferenciação com
Elevada Pura diferenciação
liderança de custos
10
marca de qualidade que lhe permite diferenciar-se dos concorrentes menos
conhecidos ou menos conceituados.
Ao contrário do modelo original das estratégias genéricas, que assume uma posição
neutral em relação a qualquer das opções apresentadas, o modelo adaptado recomenda
a adopção, a prazo, da estratégia de diferenciação com a liderança de custos, por ser
aquela que confere uma maior competitividade sustentada a qualquer organização.
Deste modo, a aplicação do modelo adaptado das estratégias genéricas deve ser
complementada pela análise do modelo dos factores críticos de sucesso, onde os
diferentes competidores de cada segmento de mercado são posicionados de acordo com o
seu desempenho nas variáveis relevantes para o sucesso no negócio (figura 6). Como os
factores críticos de sucesso são distintos para cada segmento de mercado, este modelo
permite identificar a competitividade relativa de cada concorrente num determinado
sector, como também as variáveis estratégicas que têm de ser melhoradas. Constituem,
por isso, os elementos que determinam o maior ou menor sucesso das empresas no
mercado. Sempre que determinada organização apresente como ponto forte um
determinado factor crítico de sucesso, diz-se que apresenta uma vantagem competitiva.
[1, 13]
Bom
de sucesso A
Mau
Posição indesejável Posição intermédia
desempenho
11
onde a concorrente está mais próxima, e manter a distância nos restantes factores. Por
seu lado, a Procter&Gamble tem de expandir a sua carteira de produtos e reforçar as
competências na distribuição, inovação e comunicação, para alcançar eventualmente a
liderança do segmento. [1]
Figura 7 – Aplicação do Modelo dos Factores Críticos de Sucesso ao Segmento dos Detergentes. [1]
Distribuição
Mau desempenho Bom desempenho
Comunicação
Bom
Procter&Gamble Lever
desempenho
Mau
desempenho
Inovação
Mau desempenho Bom desempenho
Variedade da
Bom
Lever
produtos
gama de
desempenho
Mau
Procter&Gamble
desempenho
4. DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO
12
Figura 8 – Segmentação e Diferenciação. [1]
13
Tabela 2 – Quatro Opções de Diferenciação do Produto. [1]
Grau de confiança do cliente na compra do produto
Reduzida confiança Elevada confiança
Diferenciação simbólica Diferenciação técnica
O cliente procura reduzir o risco
O cliente procura obter
da compra através de garantias,
informação junto de pessoas ou
da verificação da reputação e
Elevada entidades credíveis, compara
Percepção do risco inerente ao mau
A natureza da vantagem competitiva a explorar pela organização não deve ser estática,
sob risco de deixar de se adequar às necessidades dos clientes e às iniciativas dos
concorrentes. Por isso, é importante ajustar a estratégia de produtos-mercados da
organização à evolução do ciclo de vida da indústria e à variação das características
do negócio.
De acordo com a teoria do ciclo de vida, as vendas de um sector atravessam quatro fases
ao longo do tempo: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Por conseguinte,
a estratégia de produtos-mercados deve progredir em sintonia com a dinâmica
competitiva de cada fase (figura 9 e tabela 3).
Em síntese, na fase de introdução, a prioridade deve ser colocada no lançamento de
produtos ou serviços base inovadores, que possam, na fase posterior de crescimento, ser
geridos de forma a conquistar quota de mercado. Mais tarde, na fase de maturidade, o
imperativo da segmentação induz o lançamento de produtos e serviços complementares
14
que diferenciam a oferta, enquanto na fase de declínio a redução selectiva da gama de
produtos é crítica. [1]
15
A principal utilidade da teoria do ciclo de vida da indústria reside pois na chamada de
atenção para a importância do acompanhamento e, se possível, antecipação, dos
pontos de viragem na evolução do mercado. O imperativo de adequação da estratégia
de produtos-mercados às diferentes fases do ciclo de vida deve estar sempre presente no
pensamento estratégico dos gestores. [1]
Assim, foram desenvolvidos modelos clássicos, onde aqui serão apenas abordados as
matrizes estratégicas concebidas por dois dos principais gabinetes de consultores de
gestão norte-americanos: o Boston Consulting Group (BCG) e Arthur D. Little (ADL).
Consoante os valores obtidos para cada uma dessas duas variáveis, o negócio é
classificado em quatro tipos diferentes (dilemas, estrelas, vacas leiteiras e pesos
mortos) sendo, para cada um deles, efectuadas recomendações genéricas sobre as
estratégias a adaptar (figura 10).
16
elevado crescimento da indústria obriga à realização de investimentos avultados. A
recomendação é abandonar a actividade ou aumentar a quota de mercado.
As vacas leiteiras dizem respeito aos negócios com baixo crescimento e em que a
empresa tem elevada quota de mercado. Geralmente geram fluxos financeiros muito
significativos pois, o avanço na curva de experiência proporciona elevados retornos e o
baixo crescimento do sector não obriga à realização de investimentos avultados. A
recomendação é rentabilizar o negócio de forma a sustentar o crescimento dos negócios
estrelas e dilemas.
Os pesos mortos (ou cães rafeiros) correspondem a negócios com baixo crescimento e
em que a empresa tem baixa quota de mercado. Geralmente geram fluxos financeiros
pouco significativos pois o atraso na curva da experiência não permite retornos elevados
mas, por outro lado, o baixo crescimento do sector também não obriga à realização de
investimentos avultados. A recomendação é abandonar ou reformular o negócio. [8, 15, 16]
Assim, pode-se verificar que este modelo em tudo se assemelha ao ciclo de vida da
indústria (figura 11).
17
Figura 12 – Interpretação da matriz[16]
2
DAE- Domínios de actividades estratégicas
18
Portanto, a partir destes três exemplos, vimos claramente a regra geral que o BCG
aconselha em máteria de estratégia de portfolio e que se pode reconhecer do seguinte
modo:
A empresa deve procurar sempre manter uma carteira de domínios equilibrada e em
crescimento. Para tal, deve dispor de “vacas leiteiras” para financiar “dilemas” e
assegurar a transformação destes em “estrelas”.
A estratégia global consiste em gerir um equilíbrio de liquidez.[16]
Apesar de algumas das limitações da teoria do ciclo de vida, o modelo ADL é mais
realista por considerar que diferentes competidores num mesmo negócio tendem a
adoptar orientações estratégicas distintas. Assim, consoante a capacidade concorrencial
relativa e a fase do ciclo de vida, as empresas devem optar entre investir na expansão da
matriz de produtos-mercados para ganhar quota de mercado, especializar-se em
segmentos restritos ou simplesmente reduzir selectivamente a matriz de produtos-
mercados (figura 12). A posição competitiva tem cinco categorias principais:
dominante, forte, favorável, sustentável e fraca.
19
A posição forte é uma posição onde as organizações têm muita liberdade desde que
sejam comparativamente poderosas.
Foram assinalados os pontos onde o valor cumulativo das vendas atinge 95% e 80% da
facturação total, indicando respectivamente os produtos ou segmentos das classes A e B,
que contribuem desproporcionalmente para o sucesso da organização. Pelo contrário, os
20
produtos ou segmentos de mercado da classe C têm geralmente uma contribuição
reduzida para as receitas e resultados, pelo que devem ser eliminados a prazo. Contudo,
na escolha dos produtos ou segmentos da classe C a retirar da matriz de produtos-
mercados é necessário salvaguardar eventuais relações de complementaridade com
elementos da classe A e B, sob risco de afectar negativamente a competitividade global
da organização. Assim, em sintonia com a evolução do meio envolvente, a empresa deve
ajustar regularmente a configuração da sua matriz de produtos-mercados e a natureza
das suas vantagens. [1]
6. INOVAÇÃO ESTRATÉGICA
Necessidades Produtos e
Serviços
Sucesso competitivo
21
a) Redução do ciclo dos produtos. Por exemplo, a empresa de software informático
introduz uma nova geração do pacote de programas Office de dois em dois anos.
b) Redução do crescimento dos mercados. Por exemplo, para fazer face à estagnação
das vendas e ao resultante excesso de capacidade instalada no sector cerâmico em
Portugal, a Fábrica de Porcelanas da Batalha desenvolveu um processo
operacional inovador que lhe permite produzir lotes de menor dimensão e
responder assim com flexibilidade e rapidez às mais variadas oportunidades
comerciais no mercado nacional.
c) Micro-segmentação dos consumidores. Por exemplo, com o apoio do seu
avançado sistema de informação, o BCP (Banco Comercial Português) está em
condições de caracterizar de uma forma muito precisa cerca de duas dezenas de
segmentos específicos de clientes e de adequar a sua actuação às respectivas
necessidades.
d) Aumento de rapidez de resposta dos concorrentes. Por exemplo, as empresas de
calçado desportivo Nike e Reebok seguem de perto as iniciativas umas da outra e
procuram reagir depressa a cada novo produto introduzido, através da assimilação
das novas tecnologias do rival.
e) Acréscimo de sofisticação dos clientes. Por exemplo, para corresponder aos
crescentes requisitos técnicos dos utilizadores de computadores, o fabricante de
equipamento de memória Iomega introduziu uma nova linha de suportes de
gravação digital que pode armazenar até 1000 megabytes de informação numa
disquete bastante similar às de 1,44 megabytes.[1]
22
− Beneficio das vantagens da iniciativa: se a empresa puder usufruir das vantagens
de ser a primeira a inovar, deve procurar liderar a inovação. Por exemplo, a
reputação e vendas da empresa de electrónica de consumo Sony beneficiam
bastante da originalidade de muitos dos seus produtos, como a câmara de vídeo
Handycam e o leitor de cassetes portátil Walkman.
− Defesa das desvantagens da iniciativa: se a empresa não ficar prejudicada por ser
a primeira a inovar, deve procurar liderar a inovação. Por exemplo, a empresa de
aeronáutica civil De Havilland foi a primeira a lançar um avião a jacto no
mercado, mas foi a rival Boing que melhor soube explorar esta nova tecnologia.[1]
23
fuga de informação para o exterior e atrasar a difusão das suas inovações junto
dos concorrentes.
A capacidade tecnológica afecta a posição competitiva da empresa no mercado, mas,
por outro lado, é também afectada pelas suas restantes decisões estratégicas e
operacionais. [1]
A empresa que decide tomar a iniciativa de inovar numa dada actividade ou tecnologia
pode beneficiar das seguintes vantagens potenciais:
a) Imagem: o estabelecimento de uma reputação de liderança na inovação contribui
para fidelizar os clientes. Por exemplo, as pastilhas de chocolate M&M da
empresa Effem notabilizaram-se pelo facto de não derreterem nas mãos, ao
contrário dos produtos concorrentes, pelo que depressa conquistaram a
preferência dos consumidores.
b) Barreiras à entrada: a empresa inovadora pode impor barreiras à entrada de novos
concorrentes, através de custos de mudança ou da contratação dos melhores
fornecedores ou distribuidores. Por exemplo, como as fotocopiadoras de grande
porte da Xerox incorporam geralmente as tecnologias mais avançadas do sector,
não é fácil a um novo competidor convencer os clientes a mudar para outro tipo
de equipamento.
c) Custos: a empresa inovadora pode alcançar economias de escala e de experiencia
mais depressa que a concorrência. Por exemplo, a empresa de electrónica
Motorola lidera o mercado mundial de aparelhos de telefone móveis,
beneficiando das suas constantes inovações para conquistar novos clientes e
avançar mais depressa na curva de aprendizagem, com efeitos favoráveis para os
seus custos unitários.
d) Standards: a empresa líder na inovação tem mais poder negocial para impor
novos standards técnicos no mercado. Por exemplo, o fabricante de electrónica de
consumo Philips domina as tecnologias de meios ópticos, estando por isso em
condições de impor as suas inovações em produtos derivados dos discos
compactos, como os CD-I (Compact Disc-Interactive: disco compacto-
interactivo) e os CD-ROM (Compact Disc-Read Only Memory:disco compacto-
memória só de leitura).
Uma empresa pode explorar os pontos de descontinuidade tecnológica para tomar a
iniciativa de inovar. O competidor que explorar primeiro uma nova abordagem da
inovação pode:
− Anular a vantagem dos líderes. Por exemplo, o fabricante de relógios Swatch
conseguiu criar uma descontinuidade tecnológica no seu negócio ao lançar um
tipo de relógio de pulso completamente distinto dos modelos desenvolvidos pelos
rivais japoneses.
− Induzir a alteração dos factores críticos de sucesso. Por exemplo, através da
adopção do sistema de entregas Just-in-Time, o construtor automóvel Toyota
conseguiu não só introduzir no mercado uma maior gama de carros com custos
reduzidos, como induziu também a alteração dos factores de sucesso da sua
indústria. [1]
24
a) Custos de entrada: a empresa inovadora tem de investir recursos na educação dos
consumidores, na obtenção de aprovação legal para os seus produtos ou no
desenvolvimento do novo mercado.
b) Incerteza da procura: investimentos realizados na perspectiva de crescimento da
procura podem nunca vir a tornar-se rentáveis.
c) Imitação por seguidores mais fortes: concorrentes com mais recursos que a
empresa podem imitar a inovação, lançando produtos mais baratos ou de maior
qualidade e passando mesmo de seguidores a lideres de mercado.
A empresa deve pois seleccionar as áreas tecnológicas onde pode sustentar, a médio e
longo prazo, a introdução de produtos ou serviços inovadores na matriz de produtos-
mercados. A longo prazo, a competitividade da empresa pode depender da sua
capacidade de gestão da inovação. [1]
7. BIBLIOGRAFIA
[1] FREIRE, A., Estratégia – Sucesso em Portugal, Verbo, Lisboa, 2003, 9ª Ed., pp. 211-
249.
[3] http://www.mercal.pt/publicacoes/Guia_de_Apoio_ao_Planeamento_Estrategico.pdf,
descarregado a 15-03-2009
[7] http://www.fep.up.pt/disciplinas/ce708/trabalhos0304/Logoplaste-Analise.pdf,
descarregado 15-03-2009
[8] Barros, L., Strategor – Política Global da Empresa, Publicações Dom Quixote,
Lisboa, 1993, 1ª Ed., pp. 94-95; 100-102; 415.
[9] http://www.notapositiva.com/dicionario_gestao/matriz_prod_mercad.htm,
descarregado a 15-03-2009
[10] http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/vantagemcompetitiva.htm,
descarregado a 15-03-2009
25
[11] http://pme.aeportugal.pt/Aplicacoes/Documentos/Uploads/2004-10-15_16-25-
11_AEP-Gestao-Estrategica.pdf, descarregado a 15-03-2209
[13] http://www.notapositiva.com/dicionario_gestao/factores_criticos_sucesso.htm,
descarregado em 15-03-2009
[16] Martinet, A.C., Estratégia, Edições Sílabo, Lda., Lisboa, 1989, 1ª Ed., pp. 93.
[17]
http://aaul.fam.ulusiada.pt/aldfe/disciplinas/OGE/AulasOGE/Modelos_de_analise_estrat
egica.pdf, descarregado em 15-03-2009
[19] http://www.strategia.com.br/Estrategia/estrategia_corpo_capitulos_historia1.htm,
descarregado em 15-03-2009
[20]
http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=11&canallocal=41&canalsub2
=132&id=180, descarregado em 15-03-2009
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