Nfpss Reta Final Dpe RJ Parte 1
Nfpss Reta Final Dpe RJ Parte 1
Nfpss Reta Final Dpe RJ Parte 1
NFPSS
NFPSS
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SUMÁRIO
DIREITO CIVIL.............................................................................................................................4
PROCESSO CIVIL.................................................................................................................... 46
DIREITO EMPRESARIAL.......................................................................................................168
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS:.........................................................................................184
DIREITO ADMINISTRATIVO...............................................................................................331
O nosso queridinho “NFPSS” é um material com #APOSTASCICLOS para a prova objetiva. A partir do prévio
estudo da banca e dos seus componentes, abordamos os temas com #ACARADOEXAMINADOR e a #CARADADE-
FENSORIA.
Apesar da mudança do estilo de cobrança em relação ao concurso passado (cobrava questões discursivas),
nessa prova objetiva da DPE-RJ apostamos em questões contextualizadas, casos práticos do dia-a-dia da De-
fensoria e muuuuita jurisprudência. Isso sem perder de vista alguns dispositivos legais, já que, de toda forma,
estamos falando de uma prova objetiva.
Tivemos o cuidado de fazer o material mais direto e conciso possível, mas, ao mesmo tempo, completo!
Vamos lá?
BANCA I
DIREITO CIVIL
PONTO I
i) Princípio da Eticidade – Trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquela que existe
no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo Código Civil de 2002, a boa-fé objetiva tem
função de interpretação dos negócios jurídicos em geral (art. 113 do CC). Serve ainda como controle das
condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito, nova modalidade de ilícito (art. 187). Por
fim, a boa-fé objetiva tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422 do CC).
(ii) Princípio da Socialidade – Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova codificação
foi o de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a palavra “eu” é substituída por
“nós”. Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a família, a
responsabilidade civil.
(iii) Princípio da Operabilidade – Esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade ou facilitação
das categorias privadas, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo tratamento diferenciado da prescrição e
da decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou concretude, o que foi buscado pelo sistema aberto
de cláusulas gerais adotado pela atual codificação material.
Direito civil constitucional: de acordo com Flávio Tartuce, trata-se de um novo caminho metodológico, que
procura analisar os institutos do direito privado a partir da Constituição. São três os princípios básicos: proteção
da dignidade da pessoa humana (valorização da pessoa humana em detrimento do patrimônio), solidariedade
social e isonomia.
#OLHAOGANCHO: eficácia horizontal dos direitos fundamentais – aplicação dos direitos fundamentais direta-
mente às relações entre particulares. Exemplo clássico: aplicação do direito de ampla defesa à associado excluído
do quadro de pessoa jurídica (RE 201.819).
#SELIGA #TUTELADOSVULNERÁVEIS
Publicização do Direito Civil: sinônimo de dirigismo contratual. É a intromissão do estado dentro de uma
relação privada para reequilibrá-la, para manter o equilíbrio ou garantir o interesse público.
No CC/16, a boa-fé estava relacionada apenas à intenção do sujeito (boa-fé subjetiva). Com o CC/02, ganhou nova
roupagem, a da boa-fé objetiva, relacionada com a conduta dos negociantes (deves anexos de conduta).
#OBS: Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres
anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa (enunciado 24, CJF/STJ).
#INOVAÇÃOLEGISLATIVA
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais dispo-
sições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momen-
to de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos
negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
2. CONTROLE: controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito, moda-
lidade de ilícito (art. 187).
3. INTEGRATIVA: função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422).
→ DIREITOS DA PERSONALIDADE
Não se transmitem por atos entre vivos ou causa mortis. Mas podem ser
INTRANSMISSIBILIDADE
protegidos os direitos da personalidade de pessoa morta.
Não podem ser objeto de renúncia ou alienação, no entanto, embora não
INALIENABILIDADE E IRRE-
possam sofrer limitação voluntária, esta é possível, se não for permanente
NUNCIABILIDADE
nem geral (Enunciado 4 do CJF).
Não estão sujeitos à prescrição os direitos da personalidade em si. Mas suas
projeções econômicas estão sujeitas a prazos prescricionais. #ATENÇÃO
IMPRESCRITIBILIDADE
Súmula 149-STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade,
mas não o é a de petição de herança.
Perduram durante toda a vida do titular e, em regra, adquirem-se desde a
VITALICIEDADE
concepção, salvo as exceções legais e decorrentes da sua própria natureza.
Não podem ser objeto de penhora ou expropriação, muito embora isso seja
EXTRAPATRIMONIALIDADE
possível quanto às consequências econômicas.
OPONIBILIDADE ERGA OM- Opõem-se à observância de todos, como predicado da proteção da digni-
NES dade da pessoa humana.
Enunciado CJF 4 O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que
não seja permanente nem geral. #SELIGUENAJURIS Estando condicionado à prévia autorização do titular e
devendo sua utilização estar de acordo com o contrato (STJ, Info 606)
Enunciado CJF 139 Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente pre-
vistas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e
aos bons costumes.
TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: O Art. 12, parágrafo único, do CC prevê regra geral, tendo
como legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau. Por outro turno, o art. 20,
parágrafo único prevê regra especial, pois só trata de determinados direitos da personalidade (imagem e direitos
morais do autor), tendo como legitimados apenas os ascendentes, descendentes e cônjuge.
A tutela jurídica dos direitos da personalidade pode ser preventiva (específica: sub-rogatória, inibitória, remoção do
ilícito) ou repressiva (reparatória: indenizatória, compensatória).
- NOME
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via admi-
nistrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo
“transgênero”. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a
expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do
interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou
privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário. RE 670422/RS,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911)
-IMAGEM
JDC 279 – Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso
de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes
e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não
restrinjam a divulgação de informações.
Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de manei-
ra flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672). #TEMAEMALTA #REVENGEPORN
#OLDBUTGOLD #DIZERODIREITO
Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária a autorização prévia do indivíduo biografado,
das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura,
não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram
DIREITO AO ESQUECIMENTO
“(...) o direito ao esquecimento é, portanto, um direito (a) exercido necessariamente por uma pessoa humana; (b)
em face de agentes públicos ou privados que tenham a aptidão fática de promover representações daquela pessoa
sobre a esfera pública (opinião social); incluindo veículos de imprensa, emissoras de TV, fornecedores de serviços de
busca na internet etc.; (c) em oposição a uma recordação opressiva dos fatos, assim entendida a recordação que se
caracteriza, a um só tempo, por ser desatual e recair sobre aspecto sensível da personalidade, comprometendo a
plena realização da identidade daquela pessoa humana, ao apresenta-la sob falsas luzes à sociedade.” (Anderson
SCHREIBER. Direito ao esquecimento e proteção de dados pessoais na Lei 13.709/2018. In: TEPEDINO, G; FRAZÃO, A;
OLIVA, M.D. Lei geral de proteção de dados pessoais e suas repercussões no direito brasileiro. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2019, p. 376).
ATENÇÃO para a recentíssima decisão do STF em sede de repercussão geral (RE 1010606): “É incompatível com a
Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da
passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de co-
municação social – analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão
e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, especialmente os
relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral, e as expressas e específicas
previsões legais nos âmbitos penal e cível”.
#AJUDAMARCINHO #INTERDISCIPLINARIDADE
Matéria jornalística que, sob o pretexto de noticiar crime histórico, expõe a intimidade do atual marido e dos
filhos da condenada, pessoas que não têm relação direta com o fato, ofende o princípio da intranscendência ou
da pessoalidade da pena, descrito no art. 5º, XLV, da CF/88 e no art. 13 do Código Penal. Isso porque, ao expor
publicamente a intimidade dos referidos familiares em razão do crime ocorrido, a reportagem compartilhou
dimensões evitáveis e indesejáveis dos efeitos da condenação então estendidas à atual família da ex-condenada.
Especificamente quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-se a Opinião Consultiva n. 17, de 28 de agosto
de 2002 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entende que o melhor interesse das crianças e dos
adolescentes é reconhecido como critério regente na aplicação de normas em todos os aspectos da vida dos
denominados “sujeitos em desenvolvimento”.
Ademais, a exposição jornalística da vida cotidiana dos infantes, relacionando-os, assim, ao ato crimino-
so, representa ofensa ao direito ao pleno desenvolvimento de forma sadia e integral, nos termos do art. 3º
do ECA e do art. 16 da Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada pelo Decreto nº 99.710/90.
STJ. 3ª Turma. REsp 1736803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670).
O CC, abraçando o posicionamento jurisprudencial, dispõe que, malgrado os direitos da personalidade tenham
sido feitos para a proteção do ser humano, sua aplicação se estende às Pessoas jurídicas, NO QUE COUBER (naqui-
lo que sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer). Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber,
a proteção dos direitos da personalidade.
O dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se configura in re ipsa, o que não obsta, contudo, que sua compro-
vação ocorra por meio da utilização de presunções e regras de experiência no julgamento da controvérsia. (REsp
1.564.955-SP). Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer
dano moral in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017 (Info 619). STJ. 4ª Turma. AgInt-AREsp 1.328.587/ DF. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 07/05/2019. STJ.
3ª Turma AgInt-AREsp 1.345.802/ MT. Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/02/2019.
Além da titularidade dos dados pessoais (atribuída à pessoa a quem se refere e não à pessoa que os coletou), a
LGPD garante o domínio e a possibilidade de monitoramento desses dados. Reconhecer os dados pessoais, inclu-
sive os dados sensíveis, como direito fundamental da personalidade é garantir ao cidadão a possibilidade de
controle, a segurança e a preservação de sua intimidade e de seus dados mais particulares.
I - o respeito à privacidade;
II - a autodeterminação informativa;
Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados pessoais e garantidos os direitos
fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei.
Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de direitos pelo titular não podem ser utilizados em seu
prejuízo.
Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos:
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou mo-
ral decorrente de sua violação;
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei;
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;
IV - não suspensão da conexão à internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização;
VI - informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com detalhamento sobre o
regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de internet, bem como sobre
práticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade;
VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de
internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei;
VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados pes-
soais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que:
c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de aplicações de internet;
IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que deverá ocorrer
de forma destacada das demais cláusulas contratuais;
XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à internet e de aplicações de in-
ternet;
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet.
Art. 8º A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão nas comunicações é condição para o
pleno exercício do direito de acesso à internet.
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que violem o disposto no caput, tais como aque-
las que:
II - em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao contratante a adoção do foro brasileiro para solução
de controvérsias decorrentes de serviços prestados no Brasil.
→ RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá
ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
SALVO se o causador do dano for DESCENDENTE seu, ABSOLUTA OU RELATIVAMENTE INCAPAZ.
ESPÉCIES DE DANO
Material ou real
Atinge o patrimônio de bens ou direitos reais ou pessoais.
Dano emergente
Prejuízo imediato; perda concreta e atual que acarreta efetiva diminuição do patrimônio.
Lucros cessantes
Frustração de um ganho certo.
Moral ou ideal
Lesão a direitos da personalidade. Fixado pelo sistema da dupla avaliação: leva em consideração a extensão
do prejuízo moral causado à vítima e também o caráter pedagógico da quantia fixada, a fim de que, a de-
pender da capacidade financeira do ofensor, não seja tão penosa a ponto de conduzir-lhe à penúria, nem tão
ínfima que não o desestimule a futuras práticas semelhantes, evitando-se enriquecimento sem causa.
Dano moral coletivo
“é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito transindividual de ordem coletiva,
valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a envolver não apenas a dor psíquica,
mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano é, na verdade, apenas a consequência da
lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa.” (Min. Mauro Campbell Marques).
#NÃOCONFUNDA
Quando se fala em dano moral coletivo a análise não envolve aqueles atributos tradicionais da pessoa humana
(dor, sofrimento ou abalo psíquico). O dano moral coletivo tutela, portanto, uma espécie autônoma e espe-
cífica de bem jurídico extrapatrimonial, não coincidente com aquela amparada pelos danos morais individuais
Estético
STJ reconheceu como categoria autônoma (ao lado dos danos material e moral), que se caracteriza como
dano indenizável em virtude da deformidade em si, independentemente dos demais gravames a outros direi-
tos da personalidade. S. 387 do STJ.
Social
São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral – principal-
mente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida.
Existencial
Lesão que atinge as perspectivas pessoais da vida humana, de forma a desconfigurar o modus vivendi, ou, em
última análise, o seu projeto de vida.
Faz com que a pessoa deixe de realizar atividades que faziam parte do seu cotidiano ou passe a ter que con-
viver com uma perspectiva alterada e não querida ou, muitas vezes, insuportável.
Reconhecido pela 1ª vez na Corte IDH no caso Loayza Tamayo x Peru.
Para que haja responsabilização civil pela teoria da perda de uma chance, o Su-
perior Tribunal de Justiça exige que o dano seja real, atual e certo, dentro de
um juízo de probabilidade e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial
do incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra não e indenizável.
(Resp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 9/6/2009). Em outros
julgados fala-se em chance perdida deve ser real e séria, que proporcione ao
lesado efetiva condições pessoais de concorrer a situação futura esperada. (AgRg
no Resp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 19/03/2011).
TEORIA DA PERDA DE
Enunciado 444, CJF: “A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita
UMA CHANCE
à categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso
concreto, a chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano
patrimonial. A chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais
apriorísticos”.
#AJUDAMARCINHO: Havendo pedido de indenização por perdas e danos em
geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da perda de uma chance sem que isso
implique em julgamento fora da pretensão autoral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.375-
SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 (Info 683).
O termo “violência obstétrica” envolve diversas esferas de direitos das mulheres que
são violadas com tais práticas. Dentre eles: os direitos sexuais e reprodutivos, o direito
a uma vida livre de violência, direito à informação sobre os procedimentos adotados,
direito a acompanhamento familiar. #FAZOGANCHO: caso Alyne da Silva Pimentel
Teixeira.
A Defensoria Pública do Rio, atenta à situação de vulnerabilidade social das mu-
lheres que sofrem violência obstétrica, celebrou acordo de cooperação com a Asso-
ciação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de promover capacita-
ção técnica, difusão de informação de qualidade sobre o ciclo gravídico-puerperal e
acompanhamento das demandas jurídicas motivadas, principalmente, por práticas de
violência obstétrica e de racismo que chegam à instituição1.
Não há uma legislação específica no Brasil que trate expressamente da violência obs-
tétrica. Assim, em tais casos, tem-se aplicado os critérios gerais da responsabilidade
civil no caso de profissionais da saúde, hospitais e Poder Público, ou seja, enqua-
drando a violência obstétrica como erro médico. Contudo, aqui é preciso fazer um
importante acréscimo: a violência obstétrica deve ser encarada como uma violência
institucional e de gênero, conforme preconizam os tratados internacionais relativos
aos direitos humanos das mulheres ratificados pelo Brasil.
#CRÍTICADP
“Ao enquadrar as situações de violência obstétrica como um erro médico minimiza-se
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA a potencialidade de uma iatrogenia que acomete muitas mulheres no ciclo gravídico
puerperal, naturalizando condutas reprováveis, descaracterizando as especificidades
dos casos e contribuindo para que as situações sejam encaradas de modo contro-
verso e isolado e não como uma violação de direitos humanos e um grave problema
institucional de saúde pública na assistência ao parto”2.
Com efeito, “as ações de responsabilidade civil em decorrência da violência obstétrica
além de serem vias institucionais de reparação de danos às vítimas mostram-se um
importante caminho para sedimentar uma jurisprudência coerente com a defesa de
Direitos Humanos das mulheres. Reduzir a responsabilização somente para os ca-
sos em que há erro médico contribui para inviabilizar a questão e não enfren-
tar o cenário epidêmico de violações vivenciadas pelas mulheres brasileiras”.
#SELIGA: o termo “violência obstétrica” envolve diversas esferas de direitos das
mulheres que são violadas com tais práticas. Dentre eles: os direitos sexuais e repro-
dutivos, o direito a uma vida livre de violência, direito à informação sobre os procedi-
mentos adotados, direito a acompanhamento familiar.
-Aplica-se aos médicos o art. 14, § 4º do CDC, que prevê a responsabilidade subje-
tiva dos profissionais liberais.
Art. 14. (...)
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.
1 https://defensoria.rj.def.br/noticia/detalhes/9388-DPRJ-lanca-cartilha-e-canal-de-denuncias-sobre-violencia-obstetrica
https://defensoria.rj.def.br/uploads/arquivos/1e6176359aae47788dc72f14f65a4a56.pdf
2 SERRA, Maiane Cibele de Mesquita. Violência obstétrica em (des)foco: uma avaliação da atuação do Judiciário sob a ótica do TJMA, STF e STJ. 2018. 227f.
Dissertação (Mestrado em Direito/CCSO) - Universidade Federal do Maranhão, São Luís. p. 185.
-Para os hospitais, clínicas, casas de saúde etc. aplica-se o caput do art. 14 do CDC,
de forma que a responsabilidade é, em princípio, objetiva:
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à presta-
ção dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
O art. 42 da Lei n° 11.709/18 (LGPD) prevê o dever de reparação civil pelos danos
patrimonial, moral, individual ou coletivo imposto aos agentes de tratamento,
controlador ou operador, quando executarem operação de tratamento de dados
em violação à legislação de proteção de dados.
Não há na lei uma definição acerca da espécie de responsabilidade civil adotada
na LGPD, com isso há um embate doutrinário travado entre posições que afir-
mam ter a lei estabelecido um sistema baseado na responsabilidade objetiva ou
subjetiva.
1ª corrente: Para Gisela Sampaio Cruz, a LGPD adotou a responsabilidade civil
SUBJETIVA.
2ª corrente: “os arts. 42 e 44 da LGPD adotam o fundamento da responsabi-
lidade civil objetiva, impondo aos agentes de tratamento a obrigação de in-
denizar os danos causados aos titulares de dados, afastando destes o dever de
comprovar a existência de conduta culposa por parte do controlador ou ope-
rador. Fundamenta esta conclusão o fato de que a atividade desenvolvida pelo
agente de tratamento é evidentemente uma atividade que impõe riscos aos
direitos dos titulares de dados, que, por sua vez, são intrínsecos, inerentes
à própria atividade e resultam em danos a direito fundamental. Ademais,
tais danos se caracterizam por serem quantitativamente elevados e qualitativa-
RESPONSABILIDADE mente graves, ao atingirem direitos difusos, o que, por si só, já justificaria a ado-
CIVIL NA LGPD ção da responsabilidade civil objetiva, tal como no caso dos danos ambientais e
dos danos causados por acidentes de consumo”3.
#OBS1: Consoante art. 45 da LGPD, quando a relação entre os agentes de trata-
mento e o titular dos dados pessoais for de consumo, a violação à legislação de
proteção de dados acarretará a aplicação dos institutos do fato do produto ou
fato do serviço, sendo a responsabilidade objetiva. Vejamos:
Via de regra, o ônus da prova acerca da existência dos elementos da responsa-
bilidade civil é do próprio titular de dados pessoais que foi lesado. Contudo, nos
termos do art. 42, §2º, o “juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova
a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a alegação, houver
hipossuficiência para fins de produção de prova ou quando a produção de prova
pelo titular resultar-lhe excessivamente onerosa.”
Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabilizados quando
provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes é atribuído;
II - que, embora tenham realizado o tratamento de dados pessoais que lhes é atri-
buído, não houve violação à legislação de proteção de dados; ou
III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos dados ou de terceiro.
3 https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/329909/a-lgpd-e-o-fundamento-da-responsabilidade-civil-dos-agentes-de-tra-
Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular, possuindo
os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.
tamento-de-dados-pessoais--culpa-ou-risco
Súmula 362-STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitra-
mento.
Súmula 43-STJ: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.
Súmula 54-STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
Súmula 491-STF: É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho re-
munerado.
Súmula 492-STF: A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por
este causados a terceiro, no uso do carro locado.
Súmula 221-STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa,
tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da
honra ou da imagem. Não é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular, indenização por
dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem (STJ REsp 1.258.389-PB, j. em 17/12/2013).
Súmula 37-STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de
pessoa com fins econômicos ou empresariais.
c) Casamento e união estável. União homoafetiva. Famílias simultâneas. Regime de bens entre cônjuges
e entre companheiras(os). Usufruto e administração dos bens de filhas(os) menores. Alimentos. Bem de
família. Dissolução da sociedade e do vínculo conjugal. Dissolução da união estável. Proteção da pessoa
das(os) filhas(os). Guarda unilateral. Guarda compartilhada. Alienação parental. Guarda de animais de
estimação.
Princípio da intervenção mínima do Direito de Família: o Estado não pode intervir indevida e coercitiva-
mente no âmbito familiar, pondo em risco a perspectiva de realização individual de seus integrantes. Em outras
palavras, o Estado não pode invadir o espaço de autonomia privada da família. Ex. planejamento familiar. EC/66
- Divórcio direto. O prazo de dois anos imposto pelo Estado era uma ingerência injustificada.
Função social da família: superado o paradigma clássico “da estabilidade do casamento a todo custo”, enten-
de-se que, em respeito à dignidade humana, a família tem o papel e a função social de propiciar o bem-estar e
permitir a busca da felicidade pelos seus integrantes.
REGIME DE A doutrina majoritária é no sentido de que a Súmula 377, STF, ainda tem aplicabilidade.
SEPARAÇÃO Nesse sentido é também a jurisprudência do STJ (“no regime de separação legal de
OBRIGATÓRIA bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”, desde que compro-
vado o esforço comum para sua aquisição. STJ. 4ª Turma. REsp 1.689.152/SC).
#ATENÇÃO: A partir desse entendimento, conclui-se que só existe um regime de se-
paração absoluta, qual seja, o regime de separação convencional. Na separação legal
não há separação absoluta, pois a Súmula n. 377 determina a comunicação dos bens.
É a hipótese em que o regime de separação de bens é escolhido livremente pelos nu-
SEPARAÇÃO
bentes. É o único regime em que existe verdadeira separação absoluta de bens. Neste
CONVENCIONAL
caso não se aplica a Súmula 377, STF.
#ATENÇÃO
Caso concreto: em um processo de divórcio litigioso, foi reconhecido que seria possível a partilha dos direitos
possessórios sobre um imóvel localizado em área irregular. Em alguns casos, a falta de regularização do imóvel
que se pretende partilhar não ocorre por má-fé ou desinteresse das partes, mas por outras razões, como a in-
capacidade do poder público de promover a formalização da propriedade ou, até mesmo, pela hipossuficiência
das pessoas para dar continuidade aos trâmites necessários para a regularização. Nessas situações, os titulares
dos direitos possessórios devem sim receber a tutela jurisdicional. A melhor solução para tais hipóteses é admitir
a possibilidade de partilha dos direitos possessórios sobre o bem edificado em loteamento irregular,
quando não for identificada má-fé dos possuidores. Essa medida faz com que resolva de forma imediata a
questão da dissolução do vínculo conjugal, relegando a um segundo momento as eventuais discussões acerca
da regularidade e da formalização da propriedade sobre o bem imóvel. STJ. 3ª Turma. REsp 1739042-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info 679)
A EC 66/2010 não revogou, expressa ou tacitamente,a legislação ordinária que trata da separação judi-
cial. STJ. 3ª Turma. REsp 1431370-SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 15/8/2017 (Info 610). STJ. 4ª
Turma. REsp 1247098-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/3/2017 (Info 604).
→ UNIÃO ESTÁVEL
INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (diferencia essa relação amorosa das demais relações
amorosas, como as de pai e filho, namoro, etc.).
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se as relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens.
O STJ já decidiu (REsp 1.459.597-SC) que é válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo
casal no qual se opta pela adoção da regulação patrimonial da futura relação como símil ao regime de comunhão
universal, ainda que não tenha sido feito por meio de escritura pública. Ou seja, a escritura pública é dispensável
para a validade do contrato de convivência.
A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de
filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. STF. Plenário. RE 898060/
SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016 (Info 840).
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as técnicas
de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição, não configurando violação ao instituto da
adoção unilateral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/05/2019
(Info 649).
→ ALIMENTOS
Alimentos são as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais da-
CONCEITO quele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Os fundamentos são os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar.
Necessidade (de quem pede) + possibilidade (de quem paga) + proporcionalidade
PRESSUPOSTOS
(doutrina moderna)
a) Direito personalíssimo
b) Reciprocidade
c) Irrenunciabilidade
d) Obrigação divisível ou solidária
CARACTERÍSTICAS e) Obrigação imprescritível
f ) Obrigação incessível e inalienável
g) Obrigação incompensável
h) Obrigação impenhorável
i) Transmissível
I. Quanto às fontes:
(a) Alimentos legais ou familiares são os alimentos decorrentes de lei,
fundamentados no Direito de Família.
(b) Alimentos convencionais são aqueles fixados por força de contrato, testamento
ou legado, ou seja, que decorrem da autonomia privada do instituidor.
(c) Alimentos indenizatórios, ressarcitórios ou indenitários são aqueles
fundamentados na responsabilidade civil (art. 948, II).
II. Quanto à extensão:
(a) Alimentos civis ou côngruos visam à manutenção do status quo antes.
PRINCIPAIS
(b) Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários visam somente ao indis-
CLASSIFICAÇÕES
pensável à sobrevivência da pessoa.
III. Quanto ao tempo:
(a) Alimentos pretéritos são aqueles que ficaram no passado e que não podem mais
ser cobrados, via de regra, eis que o princípio que rege os alimentos é o da atualidade
(ex. prescritos).
(b) Alimentos presentes são aqueles que estão sendo exigidos no momento, e que
pela atualidade da obrigação alimentar podem ser cobrados mediante ação específica.
(c) Alimentos futuros são os alimentos pendentes, como aqueles que vão vencendo
no curso da ação e que podem ser cobrados quando chegar o momento próprio, mais
uma vez diante da atualidade da obrigação alimentar.
Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configu-
rando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de crian-
ça ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar
nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros ques-
tionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.
Súmula 621-STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento retroagem à
data da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
É possível, em sede de execução de alimentos, a dedução na pensão alimentícia fixada exclusivamente em pecú-
nia das despesas pagas «in natura», com o consentimento do credor, referentes a aluguel, condomínio e IPTU do
imóvel onde residia o exequente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.501.992-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 20/03/2018 (Info 624).
#APOSTACICLOS: A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da
criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em
que se solicite a exoneração, redução ou majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação
de investigação ou negatória de paternidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1629423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 6/6/2017 (Info 606).
#APOSTACICLOS: Como ficou a prisão civil do devedor de alimentos durante a pandemia da Covid-19? Antes
da Lei nº 14.010/2020: • 4ª Turma do STJ e CNJ: entendiam que a prisão civil por dívida alimentar deveria ser
cumprida em prisão domiciliar. • 3ª Turma do STJ: afirmava que, durante a pandemia de Covid-19, deveria ser
suspensa a prisão civil dos devedores (e não assegurar a prisão domiciliar). Depois da Lei nº 14.010/2020: A Lei nº
14.010/2020 adotou a mesma solução jurídica da 4ª Turma do STJ e do CNJ e previu o seguinte: Art. 15. Até 30 de
outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia, prevista no art. 528, § 3º e seguintes da Lei nº 13.105, de 16
de março de 2015 (Código de Processo Civil), deverá ser cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar,
sem prejuízo da exigibilidade das respectivas obrigações. Desse modo, o certo é que, seja antes ou depois da
Lei nº 14.010/2020, o devedor de alimentos não poderia permanecer preso no regime fechado durante a
pandemia da Covid-19. STJ. 3ª Turma. HC 569014-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/10/2020
(Info 681).
Os alimentos devidos em razão da prática de ato ilícito possuem natureza indenizatória (arts. 948, 950 e
951 do Código Civil) e, portanto, não se aplica o rito excepcional da prisão civil como meio coercitivo para
o adimplemento. Exemplo: João cometeu homicídio contra Pedro e foi condenado a pagar pensão mensal de
3 salários mínimos aos filhos da vítima. Caso ele se torne inadimplente, o juiz não poderá decretar prisão civil
como meio coercitivo para o pagamento. STJ. 4ª Turma. HC 523357-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 01/09/2020 (Info 681).
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a satisfação da dívida alimentar dos avós,
é admissível a conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, a fim de afastar o decreto pri-
sional em desfavor dos executados. STJ. 3ª Turma.HC 416886-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/12/2017
(Info 617)
#VEMDETABELINHA #DIZERODIREITO
Fundamento:
Pais têm obrigação de prestar alimentos.
Filho até 18 anos Poder familiar
A necessidade do filho é presumida.
(art. 1.566, IV)
Filho maior de 18 e
Como regra, os pais não têm obrigação de prestar alimentos. Fundamento:
menor de 24 anos, se
estiver cursando espe- O filho poderá provar que necessita dos alimentos (ex: mo- Parentesco
cialização, mestrado ou tivo de doença). (art. 1.694)
doutorado.
GUARDA
a) Unilateral (exclusiva): Ocorre quando o pai ou a mãe fica com a guarda e a outra pessoa possuirá apenas o
direito de visitas.
b) Compartilhada (conjunta): Ocorre quando o pai e a mãe são responsáveis pela guarda do filho. A guarda é
de responsabilidade de ambos e as decisões a respeito do filho são tomadas em conjunto, baseadas no diálogo e
consenso.
c) Alternada: Ocorre quando o pai e a mãe se revezam em períodos exclusivos de guarda, cabendo ao outro
direito de visitas.
d) Aninhamento (nidação): Ocorre quando a criança permanece na mesma casa onde morava e os pais, de for-
ma alternada, se revezam na sua companhia.
#AJUDAMARCINHO
REGRA: o CC determina que, quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, o juiz
deverá aplicar a guarda compartilhada (art. 1.584, § 2º).
EXCEÇÕES:
Não será aplicada a guarda compartilhada se:
a) um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor;
b) um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar.
O § 2º do art. 1.584 afirma que “encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar”, será
aplicada a guarda compartilhada. O que significa essa expressão: “genitores aptos a exercer o poder familiar”?
Quando o genitor não estará apto a exercer o poder familiar?
A guarda compartilhada somente deixará de ser aplicada quando houver inaptidão de um dos ascendentes
para o exercício do poder familiar, fato que deverá ser declarado, prévia ou incidentalmente à ação de guarda,
por meio de decisão judicial (STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016.
Info 595).
O § 2º do art. 1.584 somente admite duas exceções em que não será aplicada a guarda compartilhada. A inter-
pretação desse dispositivo pode ser relativizada? É possível afastar a guarda compartilhada com base em pecu-
liaridades do caso concreto mesmo que não previstas no § 2º do art. 1.584 do CC?
O STJ está dividido, havendo decisões em ambos os sentidos:
1ª) NÃO. A guarda compartilhada apresenta força vinculante, devendo ser obrigatoriamente adotada, salvo se
um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar ou se um deles declarar ao magistrado que não
deseja a guarda do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1626495/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/09/2016).
2ª) SIM. As peculiaridades do caso concreto podem servir como argumento para que não seja implemen-
tada a guarda compartilhada. Ex: se houver dificuldades geográficas (pai mora em uma cidade e mãe em
outra, distante). Isso porque deve-se atentar para o princípio do melhor interesse dos menores. Assim, as
partes poderão demonstrar a existência de impedimento insuperável ao exercício da guarda compartilhada,
podendo o juiz aceitar mesmo que não expressamente previsto no art. 1.584, § 2º. A aplicação obrigatória
da guarda compartilhada pode ser mitigada se ficar constatado que ela será prejudicial ao melhor interes-
se do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1605477/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/06/2016).
STJ. 3ª Turma. REsp 1629994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016 (Info 595).
Correntes:
1ª) Animais possuem status de pessoa.
BEM DE FAMÍLIA
• Regra: o bem de família legal é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários
e nele residam (art. 1º).
EXCEÇÕES:
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou
de outra natureza, salvo se movido:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III - pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o deve-
dor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens.
#AJUDAMARCINHO
As hipóteses excepcionais nas quais o bem de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamen-
te, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses não admitem interpretação extensiva. A caução imobiliária
oferecida em contrato de locação não consta como uma situação na qual o art. 3º da Lei autorize a penhora do
bem de família. Assim, não é possível a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o
imóvel como caução em contrato de locação. STJ. 3ª Turma. REsp 1873203-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 24/11/2020 (Info 683).
O inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 afirma que é possível a penhora do bem de família caso ele tenha
“sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, in-
denização ou perdimento de bens”. Para a incidência da exceção prevista no art. 3º, VI, da Lei nº 8.009/90, é
indispensável que a sentença penal condenatória já tenha transitada em julgado, por não ser possível a
interpretação extensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1823159-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/10/2020 (Info
681). STJ. 4ª Turma. REsp 1021440/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/05/2013.
Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em outras palavras, não
é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/
SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906)
Não confundir:
#DIZERODIREITO
Segundo a redação literal da súmula 486-STJ, “é impenhorável o único imóvel RESIDENCIAL do devedor que es-
teja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia
da sua família.” A 2ª Turma do STJ, contudo, ampliou esta proteção e decidiu que também é impenhorável
o único imóvel COMERCIAL do devedor que esteja alugado quando o valor do aluguel é destinado uni-
camente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar. STJ. 2ª Turma. REsp 1616475-PE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591).
#OLHAASSÚMULAS:
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem
de família para efeito de penhora.
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que
a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.
d) Direito das obrigações. Princípios e elementos do direito contratual. Contratos em espécie. Posse.
Propriedade. Usucapião. Direitos de vizinhança. Condomínio. Direito de superfície. Direito do promitente
comprador. Adjudicação compulsória. Direitos reais de garantia. Direito de laje. Registro público
imobiliário. Legislação emergencial da pandemia do coronavírus (federal e estadual).
2ª parte do NFPSS.
e) Tutela. Curatela. Tomada de decisão apoiada. Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
Internação psiquiátrica involuntária. Direitos sucessórios. Sucessão legítima e testamentária. Ordem da
vocação hereditária. Herdeiros necessários. Direito de representação. Deserdação. Sonegação. Colação.
Anulação da partilha.
Tutela Curatela
Tomada de decisão apoiada: trata-se de instituto preferencial a curatela, previsto no art. 1.783-A do CC, acres-
centado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei n° 13.146/15). A própria pessoa com deficiência tem legitimi-
dade exclusiva para requerer o procedimento de tomada de decisão apoiada. Este instituto pressupõe um grau de
discernimento necessário que permita o exercício do livre direito de escolha e da capacidade de autodeterminação
da pessoa apoiada.
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa
exercer sua capacidade.
§ 1 o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresen-
tar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de
vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.
§ 2 o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das
pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo.
§ 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar,
após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
§ 4 o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja
inserida nos limites do apoio acordado.
§ 5 o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores contra-assi-
nem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado.
§ 6 o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões entre
a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão.
§ 7 o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá
a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz.
§ 8 o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu in-
teresse, outra pessoa para prestação de apoio.
§ 9 o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de tomada de
decisão apoiada.
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão apoiada,
sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria.
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de contas na
curatela.
#ATENÇÃO: A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igual-
dade de condições com as demais pessoas. À luz dos arts. 2º, 6º e 84 do Estatuto, a incapacidade civil no Brasil
foi reconstruída. Todos os incisos do art. 3º do CC foram revogados, sendo que, atualmente, a única hipótese de
incapacidade absoluta no ordenamento jurídico é o caso dos menores impúberes
#OLHAOGANHO
Tomando como base o espírito da Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência, agindo diferentemen-
te do elencado anteriormente nas outras leis, a Lei 13.146/15 traz o seguinte conceito, vejamos: Art. 2º Conside-
ra-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
#IMPORTANTE: O art. 2º, §1º, afirma ainda que a avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicosso-
cial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I- os impedimentos nas funções e nas
estruturas do corpo; II- os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III- a limitação no desempenho de
atividades; e IV- a restrição de participação. Assim, observa-se que atualmente, o conceito de deficiência deixa
de ser somente médico, e passa a levar em consideração, em primeiro lugar, os aspectos sociais. Dessa forma,
compreende-se que o novo conceito considera que a deficiência não está na pessoa, mas na relação entre a
pessoa (que tem impedimento sem alguma área) com o meio (barreiras), que impedem sua participação plena
na sociedade
A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostra-
rem insuficientes. É vedada a internação de pacientes com transtornos mentais em instituições com características
asilares. #FAZOGANCHO: Caso Damião Ximenes x Brasil.
De acordo com a lei n° 10.216, a internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstan-
ciado que caracterize os seus motivos. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
#OBS: é preciso fazer uma leitura da lei n° 10.216 à luz do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
#OLHAOGANCHO
A Lei nº 13.840/2019 promoveu algumas mudanças na Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006). Dentre elas, a possibi-
lidade de internação dos dependentes de drogas #FAZACRÍTICA
É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras.
São dois os tipos de internação de acordo com a lei n° 13.840/19 (só será indicada quando os recursos extra-hos-
pitalares se mostrarem insuficientes).
1) Internação VOLUNTÁRIA: É aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas. A internação
voluntária deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por este regime de
tratamento.
2) Internação INVOLUNTÁRIA: É aquela que se dá, sem o consentimento do dependente. Neste caso, será
necessário: • pedido de familiar ou do responsável legal; ou • na absoluta falta deste, será necessário pedido de
servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad. No pedido
deverão ser demonstrados motivos que justificam a medida.
A internação involuntária perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90
dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável. A família ou o representante legal poderá, a
qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento.
Todas as internações e altas deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 horas, ao Ministério Público, à De-
fensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informatizado único.
O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão observar, no que couber, o previsto na
Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
-O poder público deve garantir à pessoa com deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los
em igualdade de condições com as demais pessoas. À pessoa com deficiência será assegurado o direito de votar
e de ser votada.
-O poder público deve assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades
com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia assistiva. A fim
de garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os
membros e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Pública, nos órgãos
de segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
#ATENÇÃO: devem ser assegurados à pessoa com deficiência submetida a medida restritiva de liberdade todos os
direitos e garantias a que fazem jus os apenados sem deficiência, garantida a acessibilidade.
-A Defensoria Pública e o Ministério Público tomarão as medidas necessárias à garantia dos direitos previstos em
lei às pessoas com deficiência.
DIREITOS SUCESSÓRIOS
Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários (droit de saisine).
Herdeiro legítimo é aquele apontado pela lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado
por testamento, legado ou codicilo (art. 1.796 do CC)
Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do
REGRAS BÁSICAS tempo da abertura da sucessão.
DA SUCESSÃO
Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida aos
herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de caducida-
de ou nulidade absoluta do ato de disposição.
Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge),
o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa proteção da
legítima, que é a quota dos herdeiros necessários.
A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A he-
rança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível e
ADMINISTRAÇÃO
universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é adminis-
DA HERANÇA
trada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo administrador
provisório (art. 1.797 do CC).
A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade
de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um ato
jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de terceiros,
tendo, portanto, natureza não receptícia.
Três são as formas de aceitação da herança, a saber:
(a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumen-
ACEITAÇÃO DA to público ou particular.
HERANÇA
(b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem e começa
a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu.
(c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado
em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a
sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para nele se pronunciar
o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita.
É o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não
aceita. Duas são as modalidades de renúncia à herança:
(a) Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo
cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura. Em casos tais,
RENÚNCIA
não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante.
(b) Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de determinada
pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão, verdadeira doação,
incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante.
De acordo com o art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança, de-
PETIÇÃO DE
mandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança,
HERANÇA
ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
INDIGNIDADE
DESERDAÇÃO
SUCESSÓRIA
Matéria de su-
cessão legítima e Matéria de sucessão testamentária.
testamentária.
Alcança qualquer
classe de herdei- Somente atinge os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge).
ro.
As hipóteses de
indignidade ser-
Existem hipóteses de deserdação que não alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).
vem para a de-
serdação.
Há pedido de
terceiros interes-
sados ou do MP,
Realizada por testamento, com declaração de causa e posterior confirmação por sen-
com confirmação
tença.
com sentença
transitada em jul-
gado.
Quando a pessoa morre, seu cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens
do falecido já pertencem obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A outra metade é que
será a herança. Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à me-
COMUNHÃO tade dos bens pelo fato de ser meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra
UNIVERSAL metade em prejuízo dos descendentes; vamos excluir o cônjuge da herança para que ela
fique toda para os descendentes”.
Em regra, o cônjuge não terá direito à herança porque já terá direito à meação (metade
dos bens). Pessoal, o cônjuge só terá direito à herança quanto aos bens que o falecido
deixar referente às suas coisas particulares. Isso porque os bens particulares do falecido
não integram o conceito de “meação”. Logo, tais bens serão herdados tanto pelo cônjuge
COMUNHÃO como pelos descendentes (eles dividirão/concorrerão). Contudo, se o falecido não deixou
PARCIAL bens particulares, não há razão para o cônjuge sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a
meação sobre o total dos bens em comum do casal deixados pelo inventariado, cabendo
a outra metade somente aos descendentes deste.
REGIME DA
Houve uma falha do legislador, que não previu como fica a sucessão do cônjuge em caso
PARTICIPAÇÃO
do regime da participação final nos aquestos. Diante disso, a doutrina majoritária afirma
FINAL NOS
que deverá ser aplicada, por analogia, a mesma regra da comunhão parcial de bens.
AQUESTOS
É aquele no qual a lei impõe a sua adoção pelo fato de as pessoas estarem casando em
determinadas situações em que o legislador considerou “arriscadas” ao patrimônio de
SEPARAÇÃO um dos nubentes. Tais hipóteses estão previstas no art. 1.641 do CC. Por isso, a lei impõe
LEGAL que os patrimônios fiquem separados. Pensando nisso, o legislador entendeu que, se tais
(OBRIGATÓRIA) patrimônios deverão ficar separados quando em vida, é natural que eles também fiquem
separados quando houver a morte do cônjuge e existirem descendentes.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso
Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
IV - aos colaterais.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que
sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos
herdeiros com que concorrer.
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de con-
corrência sucessória híbrida. Concorrência sucessória híbrida ocorre quando o cônjuge/companheiro estiver
concorrendo com descendentes comuns e com descendentes exclusivos do falecido. A reserva de, no mínimo,
1/4 da herança em favor do consorte do falecido ocorrerá apenas quando concorra com seus próprios descen-
dentes (e eles superem o número de 3). STJ. 3ª Turma. REsp 1617650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 11/06/2019 (Info 651).
O art. 1.831 do CC reconhece ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, sem prejuízo da par-
ticipação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado a residência
da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar, silenciando quanto a extensão desse direito
ao companheiro sobrevivente. Embora o código civil mencione apenas o cônjuge, a doutrina e jurisprudência
são pacificas no sentido de que o direito real de habitação e extensivo também ao companheiro. Nesse sentido,
o enunciado 117 do CJF: “O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido
revogada a previsão da Lei n° 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado pelo
art. 6o, caput, da CF/88”.
O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o art. 1.831 do Código Civil, não pressupõe a
inexistência de outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente. Em outras palavras, mesmo
que o cônjuge ou companheiro sobrevivente possua outros bens, ele terá direito real de habitação. Isso
se justifica porque o objetivo da lei é permitir que o cônjuge/companheiro sobrevivente permaneça no mesmo
imóvel familiar que residia ao tempo da morte como forma, não apenas de concretizar o direito constitucional
à moradia, mas também por razões de ordem humanitária e social, já que não se pode negar a existência de
vínculo afetivo e psicológico estabelecido pelos cônjuges/companheiros com o imóvel em que, no transcurso
de sua convivência, constituíram não somente residência, mas um lar. STJ. 3ª Turma. REsp 1582178-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/09/2018 (Info 633).
No caso de a anulação de partilha acarretar a perda de imóvel já registrado em nome de herdeiro casado sob
o regime de comunhão universal de bens, a citação do cônjuge é indispensável, tratando-se de hipótese de litis-
consórcio necessário. STJ. 3ª Turma. REsp 1706999-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/02/2021
(Info 686).
PONTO II
a) Direito das obrigações. Modalidades e transmissão das obrigações. Adimplemento e extinção das
obrigações. Inadimplemento das obrigações. Contratos. Função social do contrato. Causa do contrato.
Princípios e elementos do direito contratual. Formação dos contratos. Contratos coligados. Contrato
preliminar. Equilíbrio contratual. Dever de renegociação. Teoria do adimplemento substancial. Resolução
por onerosidade excessiva. Teoria da imprevisão. Responsabilidade pré-contratual e pós-contratual.
Contratos em espécie. Direitos reais. Regime jurídico e princípios. Os direitos reais em espécie. Registro
público imobiliário. Legislação emergencial da pandemia do coronavírus (federal e estadual).
Na solidariedade ativa, cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento
da prestação por inteiro (art. 267, do CC). Em complemento, enquanto alguns dos credores solidários não
demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar (art. 268, do CC).
O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269,
do CC).
Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber
a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art.
270, do CC).
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste (permanece), para todos os efeitos, a solida-
riedade (art. 271, do CC).
#OLHAOGANCHO: De acordo com o art. 263, do CC/2002, a obrigação indivisível perde esse caráter
quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que per-
manece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem quer que seja.
O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte
que lhes caiba (art. 272, do CC).
Como novidade na atual codificação material, preceitua o art. 273 que “a um dos credores solidários não
pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. As exceções pessoais são defesas de mérito
existentes somente contra determinados sujeitos, como aquelas relacionadas com os vícios da vontade (erro,
dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral, como é o caso da falta de legitimação.
Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores diante
da sua natureza personalíssima.
Segundo o art. 274, do CC (redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015), “O julgamento contrário a um dos credo-
res solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal
que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”.
Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores conti-
nuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia da solidariedade
a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, do CC).
Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276, do CC, traz regra específica envolvendo a morte de um
dos devedores solidários. No caso de falecimento de um destes, cessa a solidariedade em relação aos suces-
sores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de seus
quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita pelo
comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos demais
devedores
Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele obtida
não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277, do CC). No máximo, caso
ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma reflexa, havendo
desconto em relação à quota paga ou perdoada.
Dispõe o art. 278, do CC, que “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes”. Por regra,
o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a situação dos
demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por aditivo negocial.
Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio firmado gera efeitos
inter partes, em regra.
Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de
pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem
pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida (art. 281
do CC). Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem di-
reito, eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão. Exem-
plificando: qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento total ou
parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do consentimento
(erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser suscitados pelo devedor que os sofreu.
O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de um
devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar à solida-
riedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade pode ser
utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do dispositivo que “Se o
credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”.
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, di-
vidindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os codevedores (art. 283, do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos
devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285, do CC).
Exceção: é permitido o consentimento tácito ape- Eficácia: Apenas para que a cessão tenha EFICÁCIA
nas no caso do adquirente de imóvel hipotecado e perante o devedor, será necessária à sua NOTIFICA-
se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias ÇÃO. Repare: não pede o consentimento, mas apenas
a transferência do débito. (art. 303). a notificação!
#OLHAOGANCHO Na cessão de crédito, a reponsabilidade é pro soluto, o cedente responde apenas pela existên-
cia do crédito, ao passo que no endosso a responsabilidade do crédito é pro solvendo
#NÃOCONFUNDA: novação é uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação
anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a extinção da dívida
primitiva.
Novação subjetiva ativa (art. 360, III, CC) Novação subjetiva passiva ativa (art. 360, II, CC)
LUGAR DO PAGAMENTO:
Exceção - salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obri-
gação ou das circunstâncias.
Tradição de imóvel ou Prestações relativas um imóvel: far-se-á no lugar onde situado o bem.
Motivo grave para mudança de lugar: poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
Usos e costumes: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamen-
te ao previsto no contrato.
OBJETO DO PAGAMENTO:
Prestações diversas da combinada: O credor não é obrigado a receber, ainda que mais valiosa.
Prestações divisíveis: Não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim
não se ajustou.
Onerosidade excessiva: Se, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da presta-
ção devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure,
quanto possível, o valor real da prestação.
TEMPO DO PAGAMENTO:
Quando o credor pode exigir o pagamento: não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor
exigi-lo imediatamente, SALVO disposição legal em contrário.
Obrigações condicionais: cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que
deste teve ciência o devedor.
#DIZERODIREITO
-Cláusula penal é uma cláusula do contrato ou um contrato acessório ao principal em que se estipula, previamente,
o valor da indenização que deverá ser paga pela parte contratante que não cumprir, culposamente, a obrigação.
Espécies:
MORATÓRIA COMPENSATÓRIA
Aplicada para o caso de inadimplemento relativo. Aplicada para o caso de inadimplemento absoluto.
Ex: em uma promessa de compra e venda de um Ex: em um contrato para que um cantor faça um
apartamento, é estipulada multa para o caso de show no réveillon, é estipulada uma multa de 100 mil
atraso na entrega. reais caso ele não se apresente.
A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra,
estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp
1498484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo) (Info 651).
Observação 2 (se não houver cláusula penal): O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indeniza-
ção por lucros cessantes durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do
promitente comprador. Os lucros cessantes serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente
comprador tinha finalidade negocial na transação. STJ. 2ª Seção. EREsp 1341138-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Incide correção monetária sobre dívida por ato A correção monetária do valor da indenização
ilícito (contratual ou extracontratual) a partir da do dano moral incide desde a data do ARBITRA-
data do efetivo PREJUÍZO (Súmula 43 do STJ) MENTO (Súmula 362 do STJ).
c) prefixar o montante das perdas e danos devidos pelo descumprimento do contrato ou pelo exercício do direito
de arrependimento, se expressamente estipulado pelas partes (caráter indenizatório).
É possível cumular arras com cláusula penal? Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível
a cumulação das arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis
in idem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613)
São previstas no contrato com o objetivo de refor- São previstas no contrato com o objetivo de permitir
çar, incentivar que as partes cumpram a obrigação que as partes possam desistir da obrigação combi-
combinada. nada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor das ar-
ras penitenciais já funcionará como sendo as perdas
e danos.
A regra são as arras confirmatórias. Assim, no silên- Ocorre quando o contrato estipula arras, mas tam-
cio do contrato, as arras são confirmatórias. bém prevê o direito de arrependimento.
• Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) • Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o
o contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as contrato (exercer seu direito de arrependimento): ela
arras, ou seja, ficar com elas para si. perderá as arras dadas.
• Se a parte que recebeu as arras não executar o con- • Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir
trato: a outra parte (inocente) poderá exigir a devolu- o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ção das arras mais o equivalente*. deverá devolver as arras mais o equivalente*.
Além das arras, a parte inocente poderá pedir:
• indenização suplementar, se provar maior prejuízo, As arras penitenciais têm função unicamente inde-
valendo as arras como taxa mínima; nizatória. Isso significa que a parte inocente ficará
apenas com o valor das arras (e do equivalente) e
• a execução do contrato, com as perdas e danos, va-
NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse
lendo as arras como o mínimo da indenização.
sentido:
#SELIGA: Se a proporção entre a quantia paga ini-
Súmula 412-STF: No compromisso de compra e ven-
cialmente e o preço total ajustado evidenciar que o
da com cláusula de arrependimento, a devolução do
pagamento inicial englobava mais do que o sinal,
sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em do-
não se pode declarar a perda integral daquela quan-
bro, por quem o recebeu, exclui indenização maior,
tia inicial como se arras confirmatórias fosse, sendo
a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios
legítima a redução equitativa do valor a ser retido.
e os encargos do processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1513259-MS, Rel. Min. João Otá-
vio de Noronha, julgado em 16/2/2016 (Info 577).
b) Pessoas naturais e jurídicas. Domicílio. Direitos da personalidade. Ausência. Pessoas jurídicas como
titulares de direitos fundamentais. Desconsideração da personalidade jurídica. Desconsideração inversa.
Bens. Fatos jurídicos. Negócios jurídicos. Defeitos e invalidade dos negócios jurídicos. Atos ilícitos.
Prescrição e decadência. Enriquecimento sem causa. Responsabilidade civil contratual e extracontratual.
Responsabilidade civil subjetiva e objetiva. Elementos da responsabilidade civil. Perda de uma chance.
Abuso de direito. Influxos da constitucionalização do direito civil sobre a responsabilidade civil.
2ª PARTE DO NFPSS.
2ª PARTE DO NFPSS.
2ª PARTE DO NFPSS.
e) Tutela. Curatela. Tomada de decisão apoiada. Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
Internação psiquiátrica involuntária. Direitos sucessórios. Sucessão legítima e testamentária.
Administração da herança. Vocação hereditária. Aceitação e renúncia da herança. Exclusão da sucessão.
Herança jacente. Petição de herança.
Já comentado acima.
PROCESSO CIVIL
PONTO I
a) Princípios do processo civil. Meios alternativos (adequados) de solução de conflitos. Jurisdição, ação e
processo. Competência. Sujeitos do processo. Litisconsórcio. Intervenção de terceiros. Atos processuais.
Nulidades processuais. Tutela provisória. Tutela inibitória. Formação, extinção e suspensão do processo.
Processo eletrônico.
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL (princípio gerais/genéricos contidos tanto na CF quanto no
Novo CPC):
- PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JUDICIAL (princípio de acesso à justiça): a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, garantindo o livre acesso ao Judiciário, tendo a parte
direito a ver apreciadas pelo juízo competente as suas razões e a ver fundamentadas as decisões que lhes negam
conhecimento. #ATENÇÃO #EXCEÇÕES:
- JUSTIÇA DESPORTIVA;
#ATENÇÃO Há limitação ao Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, no que toca às liminares con-
tra o Poder Público previstas nas leis 9.494/97 e 8.437/92 e art. 1.059 do NCPC. Observa-se que o art. 7º da lei
12.016/09 aduz que: § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tri-
butários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
#SELIGA O NCPC cita em seu artigo 3º sobre a arbitragem (artigos: 189, IV, 237, IV, 337, § 6º, 485, VII, 515, VII, 960,
§ 3º, do NCPC) e os outros meios alternativos de resolução de conflito (autotutela, autocomposição e mediação)
como exceções à jurisdição estatal (artigos: 154, VI, 381, II, 165/174, 334, 565,do NCPC)
- Princípio do devido processo legal: consagrado pelo artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal como garantia
fundamental. Subdivide-se em: devido processo legal formal (procedural due process), o qual diz respeito à tutela
processual, composto pelas garantias processuais do direito ao contraditório e à ampla defesa, a um processo com
duração razoável, ao juiz natural, à inadmissibilidade de produção de provas ilícitas, etc. Nesse caso, o principal
destinatário do devido processo legal formal seria o magistrado. E devido processo legal substancial (substantive
due process), o qual se relaciona com a autolimitação do poder estatal, não podendo o Estado editar normas que
ofendam a razoabilidade e afrontem as bases do regime democrático. O devido processo legal substancial se
dirige muito mais ao legislador, como uma forma de limitar a sua atuação. Em outras palavras, as leis não devem
se apresentar de maneira irracional ou desprovidas de razoabilidade, mas estar pautada em critérios de justiça,
racionalidade, razoabilidade e proporcionalidade. Saliente-se, ademais, que o devido processo legal não deve ser
aplicado somente no âmbito do processo judicial, mas também, em qualquer elaboração normativa.
ATENÇÃO também para a VEDAÇÃO DA DECISÃO-SURPRESA, CONTIDA NO ART. 10º, vedando que o juiz se
valha de fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes OPORTUNIDADE DE SE MANIFESTAR, ainda
que se trate de matéria cognoscível de ofício (ainda que sejam matérias de ordem pública. Ex: prescrição e deca-
dência. Obs: antes de julgar improcedente de forma liminar o pedido – art. 332, NCPC, é preciso que o autor seja
ouvido, sem que haja a necessidade, entretanto, de citação do réu.)
Nas liminares “inaudita altera parte” não há EXCEÇÃO ao contraditório – o que acontece é que este é
DIFERDIO/POSTERGADO.
Este princípio possui relevância também para o instituto da prova emprestada pois, para que a prova
produzida no bojo de um processo possa ser utilizada em outro processo, exige-se que uma das partes tenha
participado da produção da prova no processo original ou, caso contrário, que concorde com sua utilização, em
respeito ao contraditório.
#DEOLHONAJÚRIS A prova pode ser emprestada mesmo que a parte contra a qual será utilizada não tenha
participado do processo originário onde foi produzida? Ex.: no processo 1, foi produzida determinada pro-
va. Em uma ação de “A” contra “B” (processo 2), “A” deseja trazer essa prova emprestada. Ocorre que “B” não
participou do processo 1. Será possível trazer essa prova mesmo assim? SIM. É admissível, assegurado o con-
traditório, a prova emprestada vinda de processo do qual não participaram as partes do processo para
o qual a prova será trasladada. A prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem par-
tes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso.
Quando se diz que deve assegurar o contraditório, significa que a parte deve ter o direito de se insurgir con-
tra a prova trazida e de impugná-la. STJ. Corte Especial. EREsp 617428-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
4/6/2014 (Info 543).
#ATENÇÃO #LINKMENTAL #PROVAEMPRESTADA A prova que veio de outro processo entra no processo atual
como “prova documental”, independentemente da natureza que ela tinha no processo originário. Ex.1: foi colhido o
depoimento de uma testemunha no processo 1. Trata-se de prova testemunhal. Se essa inquirição for “emprestada”
(trasladada) para o processo 2, ela ingressará no feito como prova documental (e não mais como prova testemu-
nhal). Ex.2: a perícia realizada no processo 1, se for emprestada para o processo 2, ingressará como prova docu-
mental (e não mais como prova pericial).
- Duração razoável do processo – princípio dirigido ao legislador, ao administrador e aos juízes. Um dos reflexos
deste princípio é a tutela de evidência (art. 311 do NCPC), na qual será concedida independentemente da de-
monstração do perigo da demora, pois o direito é tão provável, que não se faz necessário aguardar até o final do
processo para ter o direito resguardado. Outro reflexo seria o denominado processo de resultados previsto no art.
139, inciso IV, do NCPC. Buscando a efetivação do processo, o NCPC cogita um modelo de atipicidade das medidas
executivas, de modo a compelir o devedor a pagar a quantia devida de outra forma que não apenas a penhora.
Abriu-se uma nova vertente a bem do cumprimento das obrigações de modo razoável. Como exemplo poderia ser
cogitada a suspensão da CNH, enquanto o devedor não pagasse o credor. Por obvio, há limites à busca de efeti-
vação do processo estabelecida no art. 139, inciso IV, do CPC. Assim, antes de aplicar a medida deve-se: esgotar os
meios executivos típicos, que seria a penhora; observar o contraditório; a medida deve ser proporcional e respeitar
as garantias constitucionais.
#DESDOBRAMENTOSDAISONOMIA: jurisprudência vinculantes e julgamentos repetitivos (art. 927, §4º, e art. 976,
II – fazer a leitura) e observância da ORDEM CRONOLÓGICA dos processos, em caráter PREFERENCIAL. #MAIS-
DESDOBRAMENTOSDAISONOMIA: prazos diferenciados para o MP, a Fazenda Pública e a DEFENSORIA PÚBLICA,
remessa necessária, execução contra a Fazenda Pública, prioridade na tramitação de processos que envolvem
idosos, etc.
- PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ (JUIZ NATURAL) - preconiza que a competência deve ser apurada com
base em regras previamente existentes no ordenamento jurídico as quais não poderão ser modificadas a posteriori
– veda a criação de juízo/Tribunal de Exceção. ATENÇÃO AO ART. 43 DO N CPC: PERPETUATIO JURISDICTIONIS:
momento de fixação da competência – registro ou distribuição da petição inicial, sendo IRRELEVANTES alterações
supervenientes, A NÃO SER QUE LEIS NOVAS SUPRIMAM O ÓRGÃO JURISDICIONAL OU ALTEREM A COMPETÊN-
CIA ABSOLUTA.
- PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JUSRIDIÇÃO: O duplo grau de jurisdição é um princípio que possibilita o direito
à revisão de uma decisão, que quase sempre é feita a pedido da parte vencida ou insatisfeita. Assim, através dele,
a parte que não concorda com a decisão proferida em primeiro grau, poderá interpor recurso com o objetivo de
que aquele processo tenha um novo julgamento, e que a segunda decisão lhe seja mais favorável. Não possui pre-
visão expressa na CF/88 - as Constituições seguintes a de 1824 dispuseram a respeito do duplo grau de jurisdição
apenas de forma implícita, mencionando a existência de tribunais e conferindo-lhes competência recursal.). Possui
exceções, como no caso do art. 1013, º3º, NCPC, nos casos de competência originária dos Tribunais, etc.
- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – descrito no artigo 5º, inciso LX, estabelece a possibilidade de restrição, mas não
eliminação, à informação dos atos processuais que devem ser públicos. EXCEÇÕES: art. 189, NCPC (SEGREDO DE
JUSTIÇA – publicidade restrita às partes e seus procuradores).
- Princípio da motivação das decisões judicias: também denominado livre convencimento motivado obriga ao ma-
gistrado explicitar as razões da conclusão adotada, com a adequada motivação da decisão proferida, porque se as-
sim não for ela estará com nulidade, por isso a motivação representa os elementos de convicção valorados pelo juiz
■ Art. 456 do
■ Derivado da oralidade, determina que o juiz colha
IMEDIAÇÃO CPC
diretamente a prova, sem intermediários.
■ Não há
dispositivo específico ■ O juiz que colheu prova oral em audiência fica vin-
IDENTIDADE FÍSICA DO
no CPC, mas preva- culado ao julgamento do processo, desvinculando-se
JUIZ
lece a regra do art. apenas nas hipóteses do art. 132 do CPC de 1973.
132 do CPC de 1973
COOPERAÇÃO :Há três modelos de processo: inquisitivo, dispositivo e cooperativo. O Princípio Cooperativo
baseia-se nos princípios do devido processo legal, da boa-fé processual e do contraditório. Objetivando definir o
modo de como o processo civil estrutura-se, o Princípio da Cooperação redimensiona o princípio do contraditório
e inclui o Estado-juiz como sujeito do diálogo processual e não como um espectador do litigio entre as partes.
Todos devem contribuir para um resultado mais efetivo e rápido. A ideia é de democratização do processo ou pro-
cesso dialógico, que deve prevalecer. O juiz é um órgão cooperador que tem por espoco ajudar as partes a achar
uma decisão mais justa. Assim, o Estado-juiz passa a ter no processo uma dupla função: é isonômico (simétrico)
no conduzir do processo, devendo ser conduzida conjuntamente com as partes. E será assimétrico no decidir a
demanda (manda mais). Em relação às partes também há vários deveres processuais que decorrem desse princípio,
entre eles estão os deveres de esclarecimento (art. 330 §1º, CPC/2015), lealdade (art. 80, CPC/2015) e proteção. Um
dos reflexos deste princípio encontra-se no art. 191 do NCPC (calendarização). O juiz e as partes podem fixar um
calendário para a prática dos atos processuais. O processo terá seu andamento de acordo com o calendário que
ficou estabelecido, sem necessidade de publicar nenhum ato.
#ATENÇÃO #BOA-FÉ PROCESSUAL – preserva dois valores: previsibilidade e confiança (partes/juiz).se destina a
todos os sujeitos do processo. Reflexos da boa-fé no âmbito processual: Surrectio/supressio; Venire contra factum
próprio; Duty do mitigate the loss; Adimplemento substancial #NAÕESQUECER #DEVERES DA COOPERAÇÃO:
C-E-P-A (consulta, esclarecimento, prevenção e auxílio).
Princípio DA SOLUÇÃO CONSENSUAL DOS CONFLITOS: A solução consensual dos conflitos deve ser, sempre
que possível, promovida pelo Estado, devendo a conciliação, a mediação e outras formas de solução consensual
ser estimuladas por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público. O magistrado tem o
dever de, a qualquer tempo, buscar conciliar as partes (art. 125 do CPC 1973/art. 139, V, do CPC 2015). O parágrafo
2º do artigo 3º do NCPC é uma nova norma fundamental processual, que consagra a resolução 125/10 do CNJ,
que regulamentava o tópico. O novo CPC é estruturado nesse sentido de estimular a autocomposição, tanto que
a mediação e a conciliação estão detalhadamente regradas pelo novo CPC. O primeiro ato do processo, após a
petição de inicial, em regra, é a designação de uma audiência de conciliação.
#ATENÇÃO Audiência de conciliação/mediação: passa a existir como regra uma audiência de conciliação antes da
apresentação da defesa (que será oferecida 15 dias após frustrada a tentativa de conciliação). Essa audiência pode
ser dispensada entre as partes de comum acordo ou quando não admitir composição (arts. 334 e 335). Lembrar
que não adianta o autor colocar na petição inicial o não interesse na conciliação – o réu deve estar no mesmo
sentido.
- ENUNCIADO 25, Jornada de Direito Processual Civil– As audiências de conciliação ou mediação, inclusive dos
juizados especiais, poderão ser realizadas por videoconferência, áudio, sistemas de troca de mensagens, conversa
online, conversa escrita, eletrônica, telefônica e telemática ou outros mecanismos que estejam à disposição dos
profissionais da autocomposição para estabelecer a comunicação entre as partes relevância em tempos de
pandemia!
- AUTOTUTELA X AUTOCOMPOSIÇÃO: Autotutela: Sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvida no
conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. É excepcional. Como exemplos, é possível lembrar a
legítima defesa (art. 188, I, do CC); apreensão do bem com penhor legal (art. 1.467, I, do CC); desforço imediato no
esbulho (art. 1.210, § 1.º, do CC). Insta salientar que a autotutela é a única forma de solução alternativa de conflitos
que pode ser amplamente revista pelo Poder Judiciário. Autocomposição: É a solução negocial do conflito entre as
partes. A autocomposição é um gênero, do qual são espécies a transação, a submissão e a renúncia. O artigo 3º,
parágrafo 2º, do Novo Código de Processo Civil traz o Princípio da Promoção pelo Estado da Solução de Conflitos
por Autocomposição. Espécies:
a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua
pretensão para que se atinja a solução do conflito.
b) Renúncia: O titular do pretenso direito renuncia a este, fazendo desaparecer o direito pretendido e o
conflito.
c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua
resistência.
MEDIAÇÃO X CONCILIAÇÃO
Mediação: Fundada no exercício da vontade das partes. Na mediação, o mediador facilita o diálogo entre as
pessoas para que elas mesmas proponham soluções. Para conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os
envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure, indica-se a mediação .
Conciliação: O terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode sugerir opções de
solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relacionamento duradouro
entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação.
ARBITRAGEM
É o acordo de vontades entre pessoas maiores e capazes que, preferindo não se submeter à decisão judicial,
confiam a árbitros a solução de litígios, desde que relativos a direitos patrimoniais disponíveis. A decisão do árbitro
é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes. É reconhecida como
exercício da jurisdição! Julgado que corrobora com esse entendimento:
Se a parte quiser arguir a nulidade da cláusula arbitral, deverá formular esse pedido, em primeiro lugar, ao próprio árbitro,
não sendo possível que proponha diretamente ação judicial - A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o
reconhecimento da competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as questões acerca
da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.
STJ. 3ª Turma. REsp 1550260-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 12/12/2017 (Info 622)
#ATENÇÃO Sistema Multiportas de Justiça: O modelo multi-door justice, também chamado de sistema multiportas
de justiça, constitui uma visão contemporânea que sustenta que a mediação a conciliação e a arbitragem não são
meios alternativos de solução de conflitos, mas que, na verdade, devem estar integrados à Jurisdição e, por isso,
compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de modo que as diferentes espécies de conflitos
sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. Ante a integração de mediação e da conciliação como etapas
do procedimento comum no novo Código de Processo Civil, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil
brasileira adotou um sistema multiportas de justiça. #SELIGA: O instrumento de transação, mediação ou concilia-
ção referendado pela Defensoria Pública é título executivo EXTRAJUDICIAL (art. 784 do CPC e art. 4º, §4º da LC nº
80/94)
#ATENÇÃO: possibilidade de a arbitragem ser utilizada dentro do Direito Público: Em contratos administrativos
decorrentes de licitações regidas pela Lei n. 8.666/1993, é facultado à Administração Pública propor aditivo para
alterar a cláusula de resolução de conflitos entre as partes, incluindo métodos alternativos ao Poder Judiciário como
Mediação e Arbitragem (Enunciado 10 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ); As controvérsias acerca de
equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos integram a categoria das relativas a direitos patrimo-
niais disponíveis, para cuja solução se admitem meios extrajudiciais adequados de prevenção e resolução de con-
trovérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a arbitragem (Enunciado
19 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ).
#Olha a exceção: A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de crédito inadimpli-
do e não impede a deflagração do procedimento falimentar, fundamentado no art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005 (STJ.
4ª Turma. REsp 1.733.685-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 06/11/2018 (Info 637).
JURISDIÇÃO e COMPETÊNCIA
- Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar
situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle
externo e com aptidão para a coisa julgada. O exercício da jurisdição pressupõe a imparcialidade: circunstância de
o juiz ser desinteressado.
#SELIGA: O exercício da jurisdição é monopólio do Estado? No Brasil NÃO! Existe a jurisdição arbitral, que é he-
terocompositiva e não Estatal. Mas só há essa possibilidade porque o próprio Estado autoriza. O Estado detém a
jurisdição, mas pode autorizar que entes privados a exerçam. O exercício, portanto, não é monopólio. A jurisdição
é sim monopólio do Estado.
- Características da jurisdição:
Substitutividade: o órgão julgador, quando decide, substitui a vontade das partes pela vontade dele; Impera-
tividade: a jurisdição é um ato de poder, de império;
Recorribilidade: é uma característica muito marcante da jurisdição, pois ela pode controlar ato normativo (lei) e
administrativo, mas não pode ser controlada por eles.
- Jurisdição da autoridade brasileira com exclusão de qualquer outra (art.23): além das hipóteses já previstas no
CPC/73 (imóveis e sucessão hereditária), agora compete à autoridade judiciária brasileira, “em divórcio, separação
judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional”.
- Cooperação Internacional: Disposições Gerais: Art. 26 § 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica inter-
nacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. § 2º Não se exigirá a
reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença estrangeira. § 4º O Ministério da Justiça exercerá as
funções de autoridade central na ausência de designação específica.
- Auxílio Direto: Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. Leitura dos arts. 30, 33, 34 e 36 do NCPC.
COMPETÊNCIA:
- Critérios de prevenção (art. 59): “Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo”. No
NCPC não interessa mais despacho, citação, etc.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será
proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instru-
mento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e
sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4o Citado, incumbe
ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
- Possibilidade de reunião de processos semelhantes para julgamento conjunto mesmo que não haja conexão em
sentido estrito: Art. 55, § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente mesmo sem conexão entre eles.
- Regra do Kompetenzkompetenz: todo órgão jurisdicional é juiz da sua própria competência. Trata-se de compe-
tência mínima do juiz: dizer-se competente ou incompetente para o julgamento da demanda que lhe foi apresen-
tada em juízo. O árbitro também possui essa competência mínima.
■ Ações pessoais e reais sobre ■ Foro do domicílio do réu (CPC, art. ■ Relativo.
bens móveis. 46).
Distrito Federal.
■ A Fazenda Pública Estadual não tem
foro privilegiado. Assim, quando auto-
ra, as ações serão propostas no domi-
cílio do réu, e quando ré, no domicílio
■ Ações em que a Fazenda do autor, no de ocorrência do ato ou ■ Relativo, salvo se a ação for
Pública Estadual é parte. fato, no de situação do imóvel ou no da real imobiliária.
Capital do Estado, sempre na vara pri-
vativa, onde houver. Se a ação for real
imobiliária, a competência é sempre do
foro de situação do imóvel.
■ Absoluto, por tratar-se de
■ Ações que guardam vínculo ■ A competência será do foro e do juí-
com outras anteriormente zo em que correr a ação anteriormente competência funcional.
propostas. aforada.
#DEOLHONAJÚRIS
A competência para julgar ações contra CNJ e CNMP é exclusiva do STF (STF. Plenário. ADI 4412, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 18/11/2020);
Compete ao STF julgar ação proposta por Estado contra União versando sobre imunidade tributária recíproca
STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Info 980)
Justiça comum deve julgar ação de servidor contratado depois da CF/88, sem concurso público, contra Muni-
cípio, no qual ele cobra verbas trabalhistas decorrentes desta contratação (STF. Plenário. ARE 1179455 AgR/PI, rel.
orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
O autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, mesmo que exista
Vara Federal instalada no município do interior em que ele for domiciliado STF. 1ª Turma. RE 463101 AgR-AgR, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma.ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
19/11/2019 (Info 960).
Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de danos ma-
teriais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta Uber para que possa
voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços STJ. 2ª Seção. CC 164544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
28/08/2019 (Info 655)
A competência para julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do
domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015). Contudo, essa prerrogativa de escolha do foro não
beneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos, em ação de reparação dos danos advindos de acidente de
trânsito com o envolvimento do locatário. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1366967- MG, Rel. Min. Marco Buzzi,
Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info 604).
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO: ajuste (normalmente uma cláusula do pacto) feito entre os contratantes por
meio da qual fica combinado que, se houver necessidade de uma disputa judicial envolvendo aquele contrato, esta
ação deverá ser proposta em determinado foro (comarca) escolhido previamente pelas partes.
O CPC prevê as regras sobre a competência territorial (ex: a ação deverá ser proposta no foro do domicílio do réu)
e o foro de eleição é uma forma de afastar essas regras processuais com as partes decidindo em que lugar (comar-
ca) querem litigar se isso for necessário. NCPC: Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do
valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determi-
nado negócio jurídico.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de pre-
clusão.
- Se a cláusula de eleição de foro for abusiva, o juiz poderá, de ofício, declará-la ineficaz. Repare que a lei não fala
em nulidade, mas sim em ineficácia, o que será explorado em provas objetivas. O CPC 1973 tratava o tema como
“nulidade”.
- O juiz pode, de ofício, declarar a ineficácia da cláusula abusiva. No entanto, antes de tomar essa decisão, ele
deverá obrigatoriamente ouvir o autor sobre a suposta abusividade para que ele participe do contraditório. Nesse
sentido é o importante art. 10 do novo CPC: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1, p. 229).
- No CPC 1973, a cláusula de foro de eleição somente poderia ser declarada abusiva se fosse referente a um con-
trato de adesão. No CPC 2015, a cláusula de foro de eleição pode ser declarada ineficaz, em tese, em qualquer
espécie de contrato, não se exigindo que seja contrato de adesão.
JULGAMENTO CONJUNTO devido à CONEXÃO de processos: regulado pelo art. 55 do NCPC: ocorre a cone-
xão entre duas causas ocorre quando elas, apesar de não serem idênticas, possuem um vínculo de identidade entre
si quanto a algum dos seus elementos caracterizadores. São duas (ou mais) ações diferentes, mas que mantêm um
vínculo entre si. Como consequência da conexão, quando o juiz verificar que há conexão entre duas causas, ele po-
derá ordenar, de ofício ou a requerimento, a reunião delas para julgamento em conjunto. É importante esclarecer
que é possível que ocorra conexão entre duas ações, mas, mesmo assim, elas não sejam reunidas para julgamento
em conjunto, como por exemplo quando a reunião implicar em modificação da competência absoluta. Ex: duas
causas são conexas, mas uma delas tramita na vara cível e outra na vara criminal. Não poderá haver reunião. Nesses
casos, em vez de reunir, um dos processos ficará suspenso aguardando o julgamento do outro, conforme redação
do art. 313, V, “a,”, do CPC 2015
CONEXÃO POR PREJUDICIALIDADE: EXPRESSA NO NOVO CPC - teoria materialista da conexão, que sustenta
que, em determinadas situações, é possível identificar a conexão entre duas ações não com base no pedido ou na
causa de pedir, mas sim em outros fatos que liguem uma demanda à outra - para se verificar se há ou não cone-
xão, o ideal não é analisar apenas o objeto e a causa de pedir, mas sim a relação jurídica de direito material que é
discutida em cada ação - a decisão de uma causa interferir na solução da outra, há conexão.
AÇÃO E PROCESSO
TEORIAS DA AÇÃO:
Teoria imanentista (civilista): o direito de ação é considerado o próprio direito material em movimento. Não en-
tende o direito de ação como direito autônomo.
Teoria concreta da ação: a primeira teoria que fez distinção entre direito de ação e direito material. Defende,
porém, que o direito de ação é autônomo, mas só existindo quando fosse favorável ao autor; o direito de ação
dependia do resultado do processo. Reconhece a autonomia do direito de ação, mas não a sua independência.
Teoria abstrata do direito de ação: mantém a autonomia entre esses dois direitos e vai além ao afirmar que o di-
reito de ação é independente do direito material, podendo existir o primeiro sem que exista o segundo. Segundo
essa teoria, o direito de ação é abstrato, amplo, genérico e incondicionado.
Teoria eclética: defende que a existência do direito de ação não depende da existência do direito material, mas
do preenchimento de certos requisitos formais chamados “condições da ação” (possibilidade jurídica do pedido,
legitimidade das partes e interesse de agir - lembrando que o NCPC não considera a possibilidade jurídica do
pedido como condição da ação, mas sim como causa de mérito, acarretando a improcedência do pedido -
#alertadivergência**). Para a maioria da doutrina, é a adotada pelo NCPC.
Teoria da asserção: a presença das condições da ação deve ser analisada pelo juiz com os elementos fornecidos
pelo próprio autor em sua petição inicial, sem nenhum desenvolvimento cognitivo. O que interessa, para fins
da existência das condições da ação para a teoria da asserção, é a mera alegação do autor, admitindo-se provi-
soriamente que o autor está dizendo a verdade. É aplicada pelo STJ! Segundo o Tribunal Superior, ao aplicar a
teoria da asserção, ocorrem as seguintes consequências práticas a) Sendo possível o juiz mediante uma cognição
sumária perceber a ausência de uma ou mais condições da ação: extinção do processo SEM resolução do mérito,
por carência de ação (art. 485, VI, Novo CPC) ou b) Caso o juiz precise, no caso concreto, de uma cognição mais
aprofundada para então decidir sobre a presença ou não das condições da ação, não mais haverá tais condições
da ação (que perdem essa natureza a partir do momento em que o réu é citado), passando a ser entendidas
como matéria de mérito: extinção do processo COM resolução do mérito - gera uma sentença de rejeição do
pedido do autor (art. 487, I, do NCPC). Nesse sentido, o seguinte precedente: As condições da ação, dentre
elas o interesse processual e a legitimidade ativa, definem-se da narrativa formulada inicial, não da análise do
mérito da demanda (teoria da asserção), razão pela qual não se recomenda ao julgador, na fase postulatória, se
aprofundar no exame de tais preliminares. STJ. 3ª Turma. REsp 1561498/RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
01/03/2016.
- Pressupostos processuais: conjunto de exigências para que um processo exista e existindo, seja válido através de
um desenvolvimento regular. Subdividem-se em:
1) PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
Subjetivos:
Objetivos:
2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
Subjetivos:
Objetivos:
SUJEITOS DO PROCESSO: O Código de Processo Civil, ao tratar da forma dos atos processuais, refere-se aos pra-
ticados pelas partes (arts. 200 a 202 NCPC), pelo juiz (arts. 203 a 205 NCPC), pelo escrivão ou chefe de secretaria
(arts. 206 a 211 NCPC). Demais disso, o Código trata como “sujeitos do processo” as partes, os advogados, os ter-
ceiros que intervêm no processo, o juiz e os auxiliares da justiça, o Ministério Público, a Advocacia e a Defensoria
Públicas (arts. 70 a 187 NCPC).
DEVER DE COOPERAÇÃO DIRIGIDO A TODOS (art. 6º, NCPC: “todos os sujeitos do processo devem cooperar
entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Por isso legislador adverte
que o Juiz, o Advogado Público, o Promotor de Justiça e o Defensor Público responderão civilmente quando, no
exercício de suas funções, agirem com dolo ou fraude (arts. 143, 181, 184 e 187 NCPC).
Obs: O mediador e o conciliador judicial são auxiliares da justiça (art. 149, NCPC), por isso também são considera-
dos sujeitos do processo.
- O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art. 18 do
CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem
por finalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª Turma. REsp 1628065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
- Intervenção Anômala: Art. 5º da Lei nº 9.469/1997: Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem,
como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda
que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para
esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da
matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas
partes.
ATENÇÃO para os dispositivos que tratam sobre a DPE enquanto sujeito processual: ler especialmente os arts.
77 e 78 do NCPC.
Despesas de atos processuais praticados a requerimento da Defensoria: ler arts. 91, 92, 93 e 95 do NCPC.
Intimação pela via judicial: art. 455, NCPC (ver também art. 513).
AÇÃO POSSESSÓRIA MULTITUDINÁRIA: Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra
não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupos-
tos estejam provados. § 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência
econômica, da Defensoria Pública. § 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os
ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3º O juiz deverá determinar
que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo,
para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de
outros meios.
Litígio coletivo pela posse de imóvel com mais de ano e dia: Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel,
quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30
(trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. § 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo
de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§
2º a 4º deste artigo. § 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública
será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
Transação referendada por Defensor Público é TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: Art. 784, IV, NCPC.
- Ler arts. 185 e 186, NCPC (PRAZO EM DOBRO!), além do art. 187.
A DPE ENQUANTO CURADORA ESPECIAL:Art. 72, NCPC: O juiz nomeará curador especial ao: I - incapaz, se não
tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; II - réu
preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
#AJUDAMARCINHO
O CPC prevê que, em determinadas situações, o juiz terá que nomear um curador especial que irá defender, no
processo civil, os interesses do réu.
b) Quando o réu for incapaz e tiver representante legal, mas os interesses deste (representante) colidirem com os
interesses daquele (incapaz);
d) Quando o réu tiver sido citado por edital ou com hora certa e for revel (em ambos os casos), enquanto não for
constituído advogado.
Possui os mesmos poderes processuais que uma “parte”, podendo oferecer as diversas defesas (contestação, exce-
ção, impugnação etc.), produzir provas e interpor recursos.
Obviamente, o curador especial não pode dispor do direito do réu (não pode, por exemplo, reconhecer a proce-
dência do pedido), sendo nulo qualquer ato nesse sentido.
Vale ressaltar que, ao fazer a defesa do réu, o curador especial pode apresentar uma defesa geral (“contestação por
negação geral”), não se aplicando a ele o ônus da impugnação especificada dos fatos (parágrafo único do art. 341
do CPC). Desse modo, o curador especial não tem o ônus de impugnar pontualmente (de forma individualizada)
cada fato alegado pelo autor.
Como já dito, o curador nomeado tem como função precípua defender o réu nas hipóteses legais.
Por “defesa”, deve-se entender isso de forma ampla, incluindo, portanto, também a possibilidade de propor recon-
venção.
Tal orientação é a que melhor se coaduna com o direito ao contraditório e à ampla defesa.
A doutrina vai além e afirma que o curador especial pode também propor ações autônomas de impugnação, a
exemplo do mandado de segurança contra ato judicial.
Este art. 72 é aplicável apenas ao processo (fase) de conhecimento? NÃO. O art. 72 deve ser aplicado em qualquer
processo, inclusive no caso de execução.
Súmula 196-STJ: Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado cura-
dor especial, com legitimidade para apresentação de embargos.
Com efeito, há entendimento do STJ que é dispensado à Defensoria Pública atuando como curador especial, ofe-
recer garantia ao juízo como condição de admissibilidade aos Embargos à Execução Fiscal. Nessa linha, exigir ga-
rantia nos embargos à execucão fiscal “consubstanciaria desproporcional embaraço ao exercício do que se constitui
um munus público, com nítido propósito de se garantir o direito ao contraditório e à ampla defesa” (STJ. 1ª Turma.
REsp 11.691.059-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/09/2018).
Quando o Defensor Público atua como “curador especial”, ele terá direito de receber honorários?
NÃO.
O Defensor Público não faz jus ao recebimento de honorários pelo exercício da curatela especial por estar no exer-
cício das suas funções institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única.
STJ. Corte Especial. REsp 1.201.674-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/6/2012.
Todavia, ao final do processo, se o réu se sagrar vencedor da demanda, a instituição Defensoria Pública terá direito
aos honorários sucumbenciais. Desse modo, apenas para que fique claro, o que se está dizendo é que o Defensor
Público que atua como curador especial não tem que receber honorários para atuar neste múnus público, consi-
derando que já se trata de uma de suas atribuições previstas em lei.
- Dispensa de preparo: Se o réu é revel e está sendo assistido pela Defensoria Pública, a exigência do pagamento
das custas processuais significaria, na prática, tornar impossível a interposição do recurso. A dispensa do preparo,
neste caso, é uma decorrência do princípio constitucional da ampla defesa, o qual também deve ser assegurado
na instância recursal. Desse modo, tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso in-
terposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo.
A DPE ENQUANDO CUSTUS VULNERABILIS: O STJ admite a intervenção da Defensoria Pública como custos vul-
nerabilis: Admite-se a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses
em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos.
A Defensoria Pública, nos termos do art. 134 da CF/88, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orienta-
ção jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta
Constituição Federal.
Assim, a Defensoria Pública, com fundamento no art. 134 da CF/88, e no seu intento de assegurar a promoção dos
direitos humanos e a defesa de forma integral, deve, sempre que o interesse jurídico justificar a oitiva do seu posi-
cionamento institucional, atuar nos feitos que discutem direitos e/ou interesses, tanto individuais quanto coletivos,
para que sua opinião institucional seja considerada, construindo assim uma decisão jurídica mais democrática. STJ.
2ª Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).
O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor do réu cujos interesses está defendendo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1088068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/08/2017 (Info 613).
#AJUDAMARCINHO:
Em que consiste o custos vulnerabilis? Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”).
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública
possui a função de custos vulnerabilis. Na definição de Maurílio Casas Maia, “´custos vulnerabilis’ representa uma
forma interventiva da Defensoria Pública em nome próprio e em prol de seu interesse institucional (constitucio-
nal e legal) – atuação essa subjetivamente vinculada aos interesses dos vulneráveis e objetivamente aos direitos
humanos – representando a busca democrática do progresso jurídico-social das categorias mais vulneráveis no
curso processual e no cenário jurídico-político”.
- Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis
seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular cons-
tituído. Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como
representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral.
No âmbito das execuções penais, a Defensoria Pública argumenta que, desde 2010, existe previsão expressa na Lei
nº 7.210/84 autorizando a intervenção da Instituição como custos vulnerabilis: Art. 81-A. A Defensoria Pública velará
pela regular execução da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo executivo e nos incidentes da
execução, para a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (Incluído
pela Lei nº 12.313/2010).
- No âmbito cível, especificamente no caso das ações possessórias, o art. 554, § 1º do CPC é exemplo de interven-
ção custos vulnerabilis.
- Vale ressaltar que as duas previsões acima são exemplificativas, admitindo-se a intervenção defensoral como cus-
tos vulnerabilis em outras hipóteses. A Defensoria Pública defende, inclusive, que essa intervenção pode ocorrer
mesmo em casos nos quais não há vulnerabilidade econômica, mas sim vulnerabilidade social, técnica, informacional,
jurídica. É o caso, por exemplo, dos consumidores, das crianças e adolescentes, dos idosos, dos indígenas etc. Veja
o que diz o ECA: Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
Assim, nos casos de outras espécies de vulnerabilidades, não importa se estamos tratando de pessoas economica-
mente necessitadas. As outras formas de vulnerabilidades já justificariam a intervenção do órgão na causa.
é desnecessário diante das conclusões do laudo médico? NÃO.A ausência de realização do interrogatório do interditan-
do (atual “entrevista”) acarreta a nulidade do processo de interdição. O interrogatório (entrevista) do interditando é me-
dida que garante o contraditório e a ampla defesa de pessoa que se encontra em presumido estado de vulnerabilidade.
STJ. 3ª Turma.REsp 1686161-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).
- Negócios jurídicos processuais no novo CPC: a eleição negocial do foro (artigo 47 e 63); a suspensão do processo
por convenção das partes (artigo 313, II); a desistência da ação (artigos 90 e 200); a desistência do recurso (artigo
998). Além desses, o NCPC incluiu uma cláusula geral dos negócios processuais atípicos (art. 190) e a previsão do
calendário processual contida no art. 191: O primeiro prevê a celebração dos negócios processuais, antes ou du-
rante o processo, visando mudanças no procedimento ou convencionando sobre os ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, desde que se trate de processos sobre direitos que admitam autocomposição, e desde que
as partes sejam plenamente capazes. O papel do juiz será de controlar a validade das convenções processuais,
de ofício ou a requerimento, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
ENUNCIADO 17 – A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC. ENUN-
CIADO 18 – A convenção processual pode ser celebrada em pacto antenupcial ou em contrato de convivência, nos
termos do art. 190 do CPC.
TUTELA PROVISÓRIA:A tutela antecipada no CPC/2015 é tratada no Livro V (arts. 294 a 311), que é denominado
de “Da Tutela Provisória”. Tutela provisória é aquela concedida antes da tutela definitiva, em caráter provisório, com
base em uma cognição sumária. A tutela provisória será sempre substituída por uma tutela definitiva, que a confir-
mará, revogará ou modificará. #DEOLHONATABELA
#ALERTADIVERGÊNCIA #TUTELAANTECIPADAANTECEDENTE:
Para fins de estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, como deve ser
interpretado a palavra “recurso” previsto no art. 304 do CPC?
1ª Turma do STJ 3ª Turma do STJ
#MAISDIVERGÊNCIA:
NÃO SIM
A tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC)
Apenas a interposição de agravo de instrumento
somente se torna estável se não houver nenhum
contra a decisão antecipatória dos efeitos da tutela
tipo de impugnação formulada pela parte contrária,
requerida em caráter antecedente é que se revela
de forma que a mera contestação tem força de im-
capaz de impedir a estabilização.
pedir a estabilização.
Posição que adota a interpretação literal do art. 304 Apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em
do CPC. “recurso”, a leitura que deve ser feita do dispositivo
A redação do art. 304 do CPC é muito clara ao dizer legal, tomando como base uma interpretação siste-
que “a tutela antecipada, concedida nos termos do mática e teleológica do instituto, é que a estabiliza-
art. 303, torna-se estável se da decisão que a conce- ção somente ocorrerá se não houver qualquer tipo
der não for interposto o respectivo recurso.” de impugnação pela parte contrária.
O projeto de lei do CPC usava o termo “impugnação” O caput do art. 304 do CPC disse menos do que
no art. 304 (expressão que é mais ampla e abrange- pretendia dizer, razão pela qual a interpretação ex-
ria medida impugnativa não recursal). Ocorre que tensiva mostra-se mais adequada ao instituto, no-
essa expressão foi substituída pela palavra “recurso” tadamente em virtude da finalidade buscada com a
durante a tramitação. estabilização da tutela antecipada.
Os meios de defesa possuem finalidades específicas: Essa corrente tem por objetivo também desestimular
a contestação demonstra resistência em relação à a interposição de agravos de instrumento, sobrecar-
tutela exauriente, enquanto o agravo de instrumento regando os Tribunais. Isso porque se o objetivo do
possibilita a revisão da decisão proferida em cogni- requerido é apenas dizer que pretende o prossegui-
ção sumária. São, portanto, institutos inconfundíveis. mento do feito, bastaria uma simples manifestação
A ausência de impugnação da decisão mediante a afirmando possuir interesse na sentença de mérito.
qual deferida a antecipação da tutela em caráter Além disso, mesmo que se adotasse uma interpre-
antecedente, tornará, indubitavelmente, preclusa a tação literal do caput do art. 304, essa exegese seria
possibilidade de sua revisão. “inócua”. Isso porque o requerido poderia ajuizar a
A apresentação de contestação não tem o condão ação autônoma prevista no § 2º do art. 304 do CPC:
de afastar a preclusão decorrente da não utilização Art. 304 (...) § 2º Qualquer das partes poderá de-
do instrumento processual adequado, que é o agra- mandar a outra com o intuito de rever, reformar ou
vo de instrumento (art. 1.015, I). invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos
do caput.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.797.365-RS, Rel. Min. Sérgio STJ. 3ª Turma. REsp 1.760.966-SP, Rel. Min. Marco Au-
Kukina, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado rélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639).
em 03/10/2019 (Info 658). É a posição também da doutrina majoritária.
#DEOLHONAJURIS O ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória posterior-
mente revogada por sentença que extingue o processo sem resolução de mérito, sempre que possível, deverá ser
liquidado nos próprios autos: O CPC/2015, seguindo a mesma linha do CPC/1973, adotou a teoria do risco-proveito,
ao estabelecer que o beneficiado com o deferimento da tutela provisória deverá arcar com os prejuízos causados à
parte adversa, sempre que: i) a sentença lhe for desfavorável; ii) a parte requerente não fornecer meios para a cita-
ção do requerido no prazo de 5 dias, caso a tutela seja deferida liminarmente; iii) ocorrer a cessação da eficácia da
medida em qualquer hipótese legal; ou iv) o juiz acolher a decadência ou prescrição da pretensão do autor (art. 302).
Em relação à forma de se buscar o ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória, o pará-
grafo único do art. 302 do CPC/2015 é claro ao estabelecer que “a indenização será liquidada nos autos em que a medi-
da tiver sido concedida, sempre que possível”, dispensando-se, assim, o ajuizamento de ação autônoma para esse fim.
A obrigação de indenizar a parte adversa dos prejuízos advindos com o deferimento da tute-
la provisória posteriormente revogada é decorrência ex lege da sentença de improcedência ou de ex-
tinção do feito sem resolução de mérito, como no caso, sendo dispensável, portanto, pronuncia-
mento judicial a esse respeito, devendo o respectivo valor ser liquidado nos próprios autos em que a
medida tiver sido concedida, em obediência, inclusive, aos princípios da celeridade e economia processual.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.124-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/05/2019 (Info 649).
Concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública: O art. 1º da Lei nº 9.494/97 determina, entre ou-
tras vedações, que não será cabível tutela antecipada contra o Poder Público visando obter a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos ou a concessão de aumento ou extensão de vantagens pecuniárias.
O STF declarou que esse dispositivo é constitucional (ADC 4).
Vale ressaltar, no entanto, que a decisão proferida na referida ADC 4 não impede toda e qual-
quer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública. Somente está proibida a concessão de tute-
la antecipada nas hipóteses listadas no art. 1º da Lei nº 9.494/97, que deve ser interpretado restritivamente.
No presente julgado, o STF afirmou que seria possível a concessão de tutela antecipa-
da tratando sobre férias de servidores públicos, considerando que isso não envolve a reclassifica-
ção ou equiparação de servidores públicos nem a concessão de aumento ou extensão de vantagens.
STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 6/11/2014 (Info 766).
#FIQUEDEOLHO O NCPC traz o PODER GERAL DE EFETIVAÇAO. Mas no que isso consiste? Na possibilidade de
exercício de atividade criativa pelo juiz, mesmo de ofıcio, em prol da efetividade da atividade jurisdicional. Permite
à este adotar todas as medidas efetivas para resguardar a utilidade das medidas ja requeridas e deferidas, e ́ o
comando exato previsto na decisão, e quando não possível o resultado prático equivalente. Possível o juiz no poder
geral de efetivação assegurar o resultado prático equivalente ao do adimplemento sem a parte ser ouvida? Excep-
cionalmente, é possível sem o réu ser ouvido (art. 9, II CPC), mas não em relação ao autor, sob pena de impingir a
ela um resultado prático indesejado. Poder Geral de Efetivação e o mesmo ́ que poder geral de cautela? Não. O
de cautela (CPC73 – arts.798 e 804) consistia na concessão de medidas de urgência para efetivar outra medida de
urgência (superfetação das medidas). Incluindo medidas atípicas, já o de efetivação consiste na adoção de medi-
das laterais em prol da efetivação do comando do juiz. Obs: Predomina que o poder geral de cautela persiste no
ordenamento processual. Mas, alerta: esse entendimento é doutrinário.
- Lembrar que o art. 298 CPC de 2015 impôs obrigação ao magistrado de fundamentar a decisão que concede,
nega, modifica ou revoga a tutela provisória de forma clara e precisa.
#ATENÇÃO: Qual é o recurso cabível da decisão que concede tutela provisória? Depende. 1) De urgência, seja
cautelar ou antecipada, é interlocutória (agravo de instrumento.) 2) De evidência, se pelo art. 311 será ́ decisão de
mérito, não havendo mais objeto a ser concedido, logo apelação. Se pelo art. 356 ( julgamento antecipado parcial)
será agravo de instrumento, pois haveŕ á resíduo a ser enfrentado. ́ o Caso uma tutela de urgência seja decidida
quando da sentença, qual recurso a atacará? Apelação, qualquer que seja a tutela provisória. A superveniência de
sentença de mérito acarreta a perda do objeto do agravo de instrumento interposto contra decisão anteriormente
proferida em tutela antecipada. STJ. Corte Especial. EAREsp 488188-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
7/10/2015 (Info 573).Art. 537, § 3º - A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.
- Qual é o critério de competência adotado para fim de apreciação da tutela provisória pelo juízo da causa? Com-
petência funcional horizontal, se for descumprida, haverá incompetência absoluta.
1. Pode se for incidental. Já que não inicia nova relação jurídica processual.
- Quais os requisitos para a tutela de urgência de conteúdo cautelar? Art. 300 NCPC.
1) Fumus boni iuris - que e a presença de elementos que evidenciem a probabilidade do ́ direito (verossi-
milhança) – não se exige mais prova inequívoca (cuidado com isso – adoram cobrar coisas que não existem mais),
bastando probabilidade.
2) Periculum in mora - demonstração que não pode arcar com ônus do processo - demonstrando o perigo
de dano ou risco ao resultado útil do processo (finalidade assecuratória) - não exige mais dano irreparável ou de
difícil reparação - basta perigo de dano
- O que e o periculum in mora inverso?́E a irreversibilidade do provimento - art. 300 §3º - aqueles casos em que
mesmo revogada a medida não é possível retornar ao status quo. Diz o artigo que a tutela de urgência não será
concedida caso haja perigo de irreversibilidade. ́
- O legislador prevê no art. 300 §1º caução para a concessão de tutela de urgência cautelar. No entanto, a pessoa
sem recursos econômicos está dispensada dessa exigência, com base no art. 5º, XXXV e LIV, da Constituição.
#ATENÇÃO Atualmente não subsistem procedimentos cautelares típicos ou inominados no ordenamento proces-
sual civil? FALSO, existem sim, em leis extravagantes. -> O art. 301 prevê cautelares típicas, mas sem procedimento
específico para regulamentá-las.
- Assim como no CPC de 1973 o NCPC traz a regra da responsabilidade objetiva no caso de revogação da tutela
provisória. Quais as mudanças trazidas pelo novo diploma em relação a esta? #DEOLHONALEISECA Art. 302 NCPC.
2) Manteve necessidade de liquidação, mas agora não precisa ser nos próprios autos (#atenção), só́ quando
possível. -> Se o requerido (lesionado) precisar alegar e provar fato novo poderá fazer em ́ liquidação em proce-
dimento próprio pelo rito comum.
2) Técnica de julgamento para adiantar efeitos de qualquer tipo de provimento (cautelar ou satisfativo / co-
nhecimento ou executivo);
- O que deve fazer o juiz antes de indeferir a tutela antecipada antecedente? (Art. 303 §.6) — Devera ́ antes de in-
deferir determinar a emenda a inicial (5 dias) - fase de admissibilidade prévia ao requerimento de tutela antecipada.
Deve indicar quais pontos não ficaram nítidos - decisão de emenda é agravável - se depois juiz indefere é apelável.
- Existe a possibilidade de o juiz postergar a análise da tutela antecipada. Nesse caso, deve justificar a postergação
sempre que estabelecer a necessidade de contraditório prévio. (EFPP N. 138)
- É possível a estabilidade da tutela antecipada antecedente? Art. 304 — Apesar de ser provisória é possível sua
estabilização desde que conjugados dois fatores:
1. Não aditamento;
- Estabilização da tutela antecipada antecedente e o mesmo que coisa julgada material?́ Não. A coisa jul-
gada atinge o conteúdo da decisão e a estabilidade apenas os efeitos. Entretanto a estabilidade só será afastada
havendo decisão em sentido inverso em ação própria revisional.
- Tem prazo para impugnar a estabilização da tutela antecipada antecedente? Prazo decadencial de 2 anos
(art. 304 §5º) a contar da decisão que intima as partes da extinção do processo por estabilização, mesmo depois de
2 anos não ha coisa julgada material sendo erro falar em rescisória ́ (966 CPC). Será uma mera demanda revisional,
apesar do prazo ser o mesmo.
-Tutela Cautelar Antecedente: TUTELA PROVISORIA DE URGENCIA ANTECEDENTE DE NATUREZA CAUTELAR ->
ART. 305 a 310 CPC15 — Trata-se da antiga Tutela Cautelar Preparatória.
1) Propor ação com requerimento de cautelar antecedente e após efetivação formular pedido principal em
30 dias.
- Persiste a fungibilidade da cautelar no novo CPC? Sim. Nos casos em que o autor pede a cautelar, mas o juiz
entende que é caso de tutela antecipada.
- Efetivada a cautelar o autor terá 30 dias para formular o pedido principal. Caso não o faça o processo será extinto
sem resolução do mérito? Esse era o teor da súmula 482 do STJ que dizia que o processo perdia a eficácia e seria
extinto sem resolução. No entanto, como agora há necessidade de processo autônomo, predomina que só cessara
a eficácia da medida, sem extinguir o processo.́ o Indeferida a cautelar poderá o autor ingressar novamen-
te em juízo? Não pode renovar o pedido cautelar, cessando a sua eficácia, salvo se renovar sob novo fundamento.
Ler art. 309, NCPC.
#SURRADEENUNCIADOS
LITISCONSÓRCIO: Litisconsórcio há apenas quando, no mesmo polo do processo, existe uma pluralidade de
partes ligadas por uma afinidade de interesses.
-CLASSIFICAÇÃO:
LITISCONSÓRCIO SIMPLES: possibilidade de que a decisão seja diferente para os litisconsortes no mesmo polo. LI-
TISCONSÓRCIO UNITÁRIO: obrigatoriedade de que a decisão seja a mesma para os litisconsortes no mesmo polo.
- Facultativo:
- Obrigatório:
a) por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender
da citação de todos que devam ser litisconsortes;
LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO – Ocorre quando há uma multidão ocupando o mesmo pólo do proces-
so. Por exemplo, um processo com 500 autores.
Quando o litisconsórcio multitudinário atrapalhar a ampla defesa e a rápida solução do processo, ele pode ser
desmembrado pelo juiz. Requisitos para o desmembramento: a) Litisconsórcio seja facultativo e não necessá-
rio; b) E que uma das três situações esteja presente: 1) o número seja tal que comprometa a rápida solução do
litígio; 2) que dificulte a defesa ou 3) que dificulte o cumprimento de sentença.
O § 2º do art. 113 do NCPC deixa expresso que o requerimento feito pelo réu, deferido ou não, interrompe o
prazo de resposta: mesmo não deferido, o réu receberá de volta, na íntegra, o seu prazo. Caberá ao juiz, no
caso concreto, decidir quantos litisconsortes podem ocupar os polos da ação, pois a lei não estabelece.
Contra a decisão judicial que aprecia o pedido de desmembramento, o recurso cabível será o agravo de ins-
trumento (art. 1.015, VII e VIII, do NCPC)
A) LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ou OBRIGATÓRIO – Por disposição de lei ou quando, pela natureza da re-
lação jurídica controvertida. A eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes
(art. 114)
B) LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO – Quando sua formação não é obrigatória, ou seja, as partes podem esco-
lher se querem ou não ocuparem conjuntamente o mesmo pólo processual ou se preferem ajuizar a demanda
em separado (art. 113)
Obs: o litisconsóricio necessário pode ser: SIMPLES, Por força de lei, sem que no processo se discutam relações jurí-
dicas unas e indivisíveis. Ex.: ação de usucapião ou unitário, quando há relação una, incindível e com vários titulares,
e o resultado tem de ser o mesmo para todos. Ex.: divórcio.
LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO – Quando a sentença a ser proferida deva ser idêntica para todos os litisconsortes
do mesmo polo (ART. 116). Pode ser facultativo ou necessário. Os atos de um só podem beneficiar os outros, e
não prejudicar. A caracterização do litisconsórcio unitário pressupõe a discussão de uma única relação jurídica
indivisível, por exemplo, quando dois condôminos atuam em juízo na defesa da coisa comum. Atenção para as
seguintes regras que, segundo o NCPC, caracterizam um litisconsórcio como unitário:
• Regra 1: sempre que um direito indivisível tiver co-titulares, esse litisconsórcio será unitário.
• Regra 2: sempre que houver um litisconsórcio entre o legitimado ordinário (menor) e legitimado
extraordinário (MP) haverá litisconsórcio unitário.
• Regra 3: sempre que dois legitimados extraordinários estiverem discutindo uma mesma relação jurídica
em litisconsórcio, será litisconsórcio unitário.
• Regra 4: se a obrigação solidária for indivisível o litisconsórcio será unitário. Já se a obrigação solidária for
divisível o litisconsórcio será simples.
• Regra 5: qualquer das partes poderão fazer acordo com o réu independentemente dos demais autores.
• Regra 6: sempre que surgir um litisconsórcio em razão de ações repetitivas (de massa) esse litisconsórcio
será simples, pois cada um terá sua própria relação, tendo em vista que há apenas semelhança, afinidade.
LITISCONSÓRCIO SIMPLES – Sempre que acontece litisconsórcio mas não há necessidade da identidade de
decisão para todos (ART. 117). Tem independência e autonomia.
A mera possibilidade de decisões diferentes já torna simples o litisconsórcio, como nos casos em que vários
correntistas de um banco ajuízam, em conjunto, ação de cobrança de expurgos inflacionários.
BENÉFICOS PREJUDICIAIS
Litisconsórcio Como a decisão pode ser Como a decisão pode ser diferente
LITISCONSORTES COM PROCURADORES DIFERENTES. Por fim, no caso de os litisconsortes constituírem procu-
radores diferentes, não integrantes do mesmo escritório e o processo não seja eletrônico, terão todos os prazos
processuais para se manifestar nos autos em dobro (art. 229 do NCPC), e cessará quando a demanda contar ape-
nas com dois réus e somente um deles apresentar defesa (§ 1º). Se for processo eletrônico, os litisconsortes não
terão prazo em dobro em nenhuma hipótese (§2º do art. 229 do NCPC)
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:
-Com o Novo CPC, a nomeação à autoria deixa de existir, dando lugar à técnica da correção da legitimidade pas-
siva, disciplinada nos arts. 338 e 339, ambos do NCPC, que será estudada em outra oportunidade.
- A oposição não consta mais como intervenção de terceiro típica, tornando-se um procedimento especial, previsto
no art. 682 a 686, do NCPC. A oposição em termos gerais é o instituto por intermédio do qual o terceiro reclama
o bem ou o direito disputado em processo alheio.
- Foram acrescentadas duas novas hipótese de intervenção de terceiros: o amicus curiae e a desconsideração de
personalidade jurídica.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS PROVOCADA
ESPONTÂNEA
Denunciação da lide
Assistência Chamamento ao processo
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
Amicus curiae
ASSISTÊNCIA:
-terceiro com interesse jurídico que uma das partes processuais seja a vencedora da demanda.
Simples Litisconsorcial
A parte ingressa em juízo para auxiliar uma das par-
Sempre que a sentença influir na relação jurídica en-
tes por possuir interesse jurídico no deslinde da de-
tre ele e o adversário do assistido.
manda.
Relação jurídica do terceiro assistente apenas com o Relação jurídica do terceiro assistente com ambas as
assistido. partes na ação.
O assistente é um coadjuvante no processo (ativida-
O assistente recebe tratamento de parte.
de subordinada).
DENUNCIAÇÃO DA LIDE:
- Constitui uma demanda, pois ela envolve o direito de ação. Essa demanda se caracteriza por ser:
a) incidente;
b) regressiva;
c) eventual; e
d) antecipada.
a)ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a
fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
b)àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
-Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acres-
centar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
• se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal,
em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
• se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente ofereci-
da, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
• se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir
com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
CHAMAMENTO AO PROCESSO:
- Admite-se o chamamento ao processo dos demais fiadores quando a ação for proposta apenas contra um deles.
- Admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários quando o credor ingressar contra um
deles apenas.
- CABÍVEL:
• fase de conhecimento
• cumprimento de sentença
#DEOLHONAJURIS Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidá-
ria entre Municípios, Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado-mem-
bro, não cabe o chamamento ao processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa.
STJ. 1ª Seção. REsp 1203244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/4/2014 (recurso repetitivo) (Info 539).
Obs: há dúvidas se o STJ manterá esse entendimento considerando o que decidiu o STF no RE 855178 ED/SE abaixo:
Responsabilidade pelo fornecimento do medicamento ou pela realização do tratamento de saúde
Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsá-
veis nas demandas prestacionais na área da saúde e, diante dos critérios constitucionais de descen-
tralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as re-
gras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro.
STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2019 (Info
941).
AMICUS CURIAE:
- Terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional, intervém no pro-
cesso para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da decisão.
• matéria relevante
• tema específico
- O amicus curiae poderá opor embargos de declaração e interpor recursos que julgue os incidentes de resolução
de demandas repetitivas. Outras possibilidades recursais somente serão admitidas se o juiz permitir.
- ENUNCIADO 12 DA I JORNADA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – É cabível a intervenção de amicus curiae (art.
138 do CPC) no procedimento do Mandado de Injunção (Lei n. 13.300/2016).
2ª corrente: SIM. A (Enunciado nº 249 do Fórum Permanente de Processualistas Civis). No mesmo sentido: STF.
Decisão monocrática. MS 32451, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/06/2017.
Observação: vale ressaltar que a 1ª e 2ª Turma do STJ também já se manifestaram pela impossibilidade de inter-
venção de terceiros no Mandado de Segurança em razão do rito procedimental ainda que na modalidade de as-
sistência litisconsorcial, vide:
STJ. 2ª Turma. EDcl-RMS 49.896/ RS; Rel. Min. Og Fernandes; DJE 13/12/2017;
STJ. 1ª Turma AgInt-EDcl-RMS 52.066/BA; Rel. Min. Gurgel de Faria; Julg. 03/05/2018; DJE 07/06/2018; Pág. 945
ATOS PROCESSUAIS:
- Reconhecimento da postura protagonista do advogado em termos de intimação: Art. 269. (...)§ 1º É facultado aos
advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a seguir,
cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. § 2º O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia
do despacho, da decisão ou da sentença.
- Ordem preferencial de citação no NCPC: 1) meio eletrônico (art. 270); 2) pelo órgão oficial - diários de justiça (art.
272) e 3) pessoal (art. 273).
- Nos casos de intimação/citação realizadas por correio, oficial de justiça, ou por carta de ordem, precatória ou ro-
gatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou da
juntada da carta. STJ. Corte Especial. REsp 1.632.777-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/5/2017
(recurso repetitivo) (Info 604).
- Contagem de prazos (art. 219): somente dias úteis (durante os feriados declarados por lei, aos sábados e domin-
gos, além dos dias em que não haja expediente forense, a contagem do prazo ficará suspensa). #OBS: a maioria
dos prazos é de 15 dias. Se tiver dúvida (e sentir necessidade de chutar, lembre-se que, dentro de um limite, a gente
pode deixar em branco), CHUTE 15. A exceção são os Embargos de Declaração (5 dias).
- Fim do prazo em quádruplo para Fazenda Pública. O art. 183 da Lei nº 13.105/2015 (Novo CPC) estabelece que
a Fazenda Pública goza de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais e que a contagem dos
prazos terá início a partir da intimação pessoal de seus representantes legais, sendo possível que esta intimação
ocorra por remessa dos autos, carga destes ou através de intimação por meio eletrônico (art. 183, § 1º). Este prazo
em dobro somente deixará de ser aplicado em momento em que a lei de forma expressa determinar prazo dife-
rente e próprio para a Fazenda Pública (art. 183, § 2º).
- Prazo em dobro para advogados diferentes e de escritórios distintos: Art. 229. Os litisconsortes que tiverem di-
ferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Cessa a contagem em dobro
se, havendo apenas dois réus, é oferecida a defesa por apenas um deles (art. 229, §1, CPC). Não se conta prazo
em dobro para recorrer quando apenas um dos litisconsortes haja sucumbido (Súmula 641, STF). No processo
eletrônico os litisconsortes com procuradores distintos de diferentes escritórios não têm prazo em dobro (art. 229,
§ 2, CPC).
- Não existe mais dualidade entre rito ordinário e sumário. O rito passa a ser comum, além dos especiais que con-
tinuam existindo.
- Na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido deve ser indicado. Pelo CPC acaba
a prática de deixar “à livre prudência do magistrado”, deve o autor indicar o valor que deseja de dano moral Art.
292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: (...)V - na ação indenizatória, inclusive a
fundada em dano moral, o valor pretendido. Pela leitura deste inciso, o CPC exige que a parte quantifique o dano
moral.
TUTELA INIBITÓRIA A tutela jurisdicional inibitória – que visa a prevenir a consumação do ilícito, estava prevista
no CPC-1973 (art. 461 §5º), mas não foi repetida no NCPC – ainda existe? Sim, com fulcro nos seguintes artigos:
FORMAÇÃO, EXTINÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO. #DEOLHONALSEISECA ler arts. 312 a 317, NCPC.
PROCEDIMENTO COMUM: O nosso NCPC prevê dois tipos de procedimentos: o comum e os especiais. O pro-
cedimento comum é a regra geral do sistema. Desse modo, não existe mais procedimento sumário e ordinário no
NCPC, apenas o procedimento comum e os procedimentos especiais específicos.
#ATENÇÃO: Cuidado com a regra prevista no § 1º, do art. 1.046, do NCPC, que excepciona a regra processual da
aplicação imediata para o procedimento sumário e especial: “§ 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
de 1973, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às
ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código.”
Principais aspectos:
- Citação: É o ato pelo qual se convoca a juízo o réu, o executado ou o interessado, para integrar a relação
processual (art. 238).
#NOVIDADE: Nos termos do art. 239 do NCPC, a novidade é que a citação do réu ou executado não é in-
dispensável para a validade do processo nos casos de indeferimento da petição inicial ou improcedência liminar do
pedido. Classificação da citação:
a) A citação pessoal, de regra, é realizada na própria pessoa do réu, como é o caso da citação por correio,
por oficial de justiça e por meio eletrônico, mas poderá ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador
do réu, do executado ou do interessado (art. 242).
#JURISPRUDÊNCIA: O STJ (Informativo nº 546) entende que a juntada de procuração sem poderes espe-
cíficos para o advogado receber citação não estará configurado o comparecimento espontâneo do demandado.
b) Ficta, por outro lado, é aquela que ocorre quando o citando não é encontrado pessoalmente, mas há
autorização legislativa para que se possa presumir que ele tenha ou venha a tomar ciência do ato citatório. Os
exemplos típicos de citação ficta são a “por hora certa” (arts. 252 a 254) e “por edital” (arts. 256 a 259).
-Modalidades de citação: Pelo correio; por oficial de justiça; pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando
comparecer em cartório; por edital; por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
A citação pelo correio é a regra. Somente não é admitida nas ações de estado; quando o citando for pessoa
incapaz ou de direito público; quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de corres-
pondência e quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma (art. 247). Nessas situações, a citação será
realizada por oficial de justiça. Ademais, será o oficial de justiça que fará a citação nas hipóteses em que se frustrar
a citação pelo correio (art. 249).
Em suma: não vale mais a regra segundo a qual a citação, nas ações de execução, deve necessariamente
ocorrer por intermédio de oficial de justiça. A citação válida, ainda quando ordenada por juiz incompetente, com-
pleta a estrutura tríplice da relação processual e tem efeitos de natureza processual e material. O Efeito processual
é induzir a litispendência. Os efeitos de natureza material é que a citação constitui em mora o devedor, salvo nas
hipóteses dos arts. 397 e 398 do Código Civil, e tornar a coisa litigiosa.
#DEOLHONAJURIS:
Quando há pluralidade de réus, a data da primeira citação válida é o termo inicial para contagem dos juros de
mora: Segundo o art. 240 do CPC/2015, a citação válida do réu constitui em mora o devedor, ressalvadas as hipó-
teses previstas nos arts. 397 e 398 do Código Civil.
E se houver mais de um réu (litisconsórcio) e eles foram citados em datas diferentes? Neste caso, qual será consi-
derado o momento em que eles estarão constituídos em mora: a data da primeira ou da última citação?
A data da primeira, nos termos do art. 280 do CC:
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente
contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Obs: isso vale mesmo que a obrigação não seja solidária.
Os efeitos da citação não podem ser confundidos com o início do prazo para a defesa dos litisconsortes. Por isso,
não se aplica, para a constituição em mora, a regra processual disciplinadora do termo inicial do prazo para con-
testar (art. 231, § 1º, do CPC).
STJ. 3ª Turma. REsp 1868855-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 680).
Quando o réu for pessoa jurídica, criou-se no STJ a Teoria da Aparência, de forma que não somente o repre-
sentante legal ou pessoa com poderes de gerência geral ou administração poderá assinar o recibo, mas qualquer
pessoa que aparentemente tenha poderes para representar a pessoa jurídica. (AgRg 1.037.329/RJ)
O STJ aplica o Princípio da Instrumentalidade das Formas quanto aos requisitos formais do mandado de citação,
no entanto,já decidiu que a ausência do prazo de resposta no mandado gera a nulidade da citação. (HC 106.840/
MA / REsp 807.871/PR)
A citação por edital deve ser excepcional, exigindo-se o esgotamento de todos os meios possíveis para a reali-
zação da citação por outra forma, esse é o entendimento do STJ (AgRg no REsp 1.037.558/RJ). O art. 258 do NCPC
prevê uma multa no valor de cinco vezes o salário mínimo para o autor que dolosamente alega o preenchimento
dos requisitos dessa modalidade de citação.
#DEOLHONASÚMULA
SÚMULA nº 106 do STJ: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”.
SÚMULA nº 429 do STJ: “A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de recebimento”.
-Quanto às intimações,o STJ entende que não cabe intimação por telefone, por não ser considerada forma idônea
de intimação (AgRg nos EDcl no REsp 1.427.316/SC). Mas há decisão do STJ de que se não for provado o prejuízo,
não deve anular a intimação pelo telefone, com base no Princípio da Instrumentalidade das Formas (AgRg no REsp
1.199.256/RO). O STJ tem entendimento sobre a intimação por telefone nos Juizados Especiais em razão da infor-
malidade do procedimento (RHC 11.847/SP).
#ALERTANOVIDADE: O NCPC, art. 269, § 1º e 2º, possibilita ou faculta ao advogado realizar a intimação do advo-
gado da parte contrária. #NOVIDADE: Nos termos do § 6º do art. 272, do NCPC, a retirada dos autos do cartório
ou da secretaria em carga implicará intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pen-
dente de publicação.
→ PETIÇÃO INICIAL: Com relação à petição inicial, o CPC/15 deixou de listar como requisito o requerimento de
citação do réu. Ainda, deve constar a opção do autor pela realização ou não da audiência de conciliação/mediação;
e prazo de 15 dias para emendar a inicial.
#NÃOCONFUNDA! O autor poderá aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir? Pessoal, fiquem atentos ao Art.
329!!!
→ AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO Pessoal, LEMBRAR que no procedimento comum, passa a existir
como regra uma audiência de conciliação antes da apresentação da defesa (que será oferecida 15 dias após
frustrada a tentativa de conciliação). Essa audiência pode ser dispensada entre as partes de comum acordo ou
quando não admitir composição (arts. 334 e 335).
→ CONTESTAÇÃO: atenção para o instituto da exceção, pois a palavra exceção está para o réu como a palavra
ação está para o autor. A exceção pode aparecer como sinônimo de direito de defesa, o que implica dizer que
representa um direito fundamental, o direito de reagir. A exceção pode ser sinônimo de defesa, ou seja, qualquer
defesa é uma exceção. Exercício concreto do direito de defesa. Existe um terceiro sentido da palavra exceção que é
a de “exceção/fenômeno substancial”. É um sentido do direito material. A exceção substancial é um tipo específico
de direito que alguém pode ter. Que direito é esse? A exceção substancial é um direito que se exercita contra o
exercício de outro direito (contradireito). Se é um direito contra outro direito, significa que a exceção substancial
pressupõe o outro direito que ela ataca. A exceção substancial não nega o outro direito. Quer extingui-lo ou neu-
tralizá-lo. Ex.: exceção de contrato não cumprido (não nega o direito, o paralisa); direito de retenção; prescrição;
benefício de ordem do fiador. Não nega o direito; o supõe para neutralizá-lo. Em regra, o juiz não pode conhecer
de ofício, por ser um direito do réu, salvo prescrição. A decadência, usucapião e pagamento não são exceções
substanciais porque negam o direito do autor.
concentrará quase todas as defesas, tendo em vista que as seguintes exceções passaram a ser preliminares da
contestação: a exceção de incompetência relativa (art. 337, II); impugnação ao valor da causa (art. 337, III); Impug-
nação ao benefício da justiça gratuita (art. 337, XIII); Reconvenção (art. 343); Denunciação da lide passiva (art. 126);
chamamento ao processo (art. 131); demais preliminares (art. 337); impugnação específica (art. 341), etc:
ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao
defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
→ RECONVENÇÃO: Consiste em demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que ele está sendo
demandado, o que significa dizer que reconvenção não é defesa do réu, é demanda. A reconvenção não gera
processo novo; é demanda nova em processo já existente - acrescenta ao processo um pedido novo. Tanto é o
mesmo processo que da decisão que indeferir a petição inicial da reconvenção caberá agravo de instrumento. Na
reconvenção, o réu é o reconvinte e o autor o reconvindo. A ação principal e a Reconvenção são ações autônomas,
de modo que uma não depende da outra. A Reconvenção admite qualquer natureza: constitutiva, condenatória ou
declaratória. Além do mais, pode ampliar sobremaneira os fatos controvertidos da ação principal. Não há, portan-
to, restrições cognitivas na Reconvenção. O autor será réu na reconvenção. Será, portanto, intimado na pessoa do
seu advogado para contestar a reconvenção.
- Surgem aí duas perguntas: O autor pode ser revel na reconvenção? Pode. A revelia aí é de alguém que está no
processo, devendo haver intimação nos atos. Além disso, é alguém que já falou nos autos, o que faz com que a
presunção de veracidade dessa revelia seja enfraquecida. Se os fatos já tiverem sido debatidos na inicial, não ha-
verá presunção de veracidade. Qual a diferença entre Reconvenção e Pedido Contraposto? Ambas são ações do
réu contra o autor da ação principal. São, portanto, espécies do mesmo gênero. O Pedido contraposto, todavia,
não tolera a ampliação dos fatos, ou seja, há restrição cognitiva (demanda mais simples). Por esta razão, o Pedido
contraposto só é admitido em hipóteses específicas (ex.: Juizados Especiais e Ações possessórias), diferentemente
da Reconvenção, que é hipótese genérica.
A Reconvenção deve ser apresentada no mesmo prazo e na mesma peça da Contestação, caso queira o réu con-
testar e reconvir, sob pena de preclusão consumativa. Se não, pode apresentar ou a Reconvenção ou a Contesta-
ção. Se ele apresenta a Reconvenção, mas não contesta, ele é revel (é aquele que não apresenta contestação). Mas,
nesse caso, é um revel que está nos autos e tem direito de ser intimado.
→ REVELIA:É a não apresentação da contestação no prazo a ela designado. É um fato jurídico, motivo pelo qual
não se deve utilizar a expressão “sob pena de revelia”. Não se deve confundir o instituto da revelia com os seus
efeitos. Isto porque pode haver revelia sem efeitos da revelia.
-Efeito material da revelia: Presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor – ler art. 344 e 345, NCPC.
- Efeito preclusivo: Preclusão da possibilidade de alegar algumas defesas. Se o sujeito não apresenta contes-
tação no prazo, há uma preclusão quanto a determinadas defesas;
- Efeito mediato ou indireto: A revelia que gera a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor
(material) permite o julgamento antecipado da lide. Depende do efeito material;
- Efeito processual: Desenvolvimento do processo sem intimação do réu revel – ler art. 346, NCPC.
Teoria Dinâmica do Ônus da prova: Tradicionalmente, a distribuição do ônus da prova no processo era feita de
modo estático. Cuidado com assertivas que dizem que a prova não cabe mais a quem alega. Essa ainda é a regra
(art. 373, inc. I e II). Assim, a regra é a distribuição estática no ônus da prova.
- É Possível a convenção das partes sobre distribuição diversa dos ônus probatório? Perfeitamente - O negócio
processual pode ocorrer antes ou durante o processo. Percebe-se assim, que o novo diploma legislativo está em
consonância com os ditames do atual momento vivido pelo processo, onde há a valorização da colaboração e da
boa-fé no processo, sendo vedada a decisão-surpresa que surpreende as partes com a inversão do ônus da prova
na sentença, sem conferir a oportunidade prévia de comprovar antes da prolação da decisão.
- Atenção: A inversão do ônus da prova NÃO deve ser feita em sentença, porque assim o réu não teria como se
desincumbir do novo ônus imposto (SALVO se a inversão for ope legis, isto é, operada mediante disposição legal já
pré-definida). A decisão que inverte o ônus da prova pode ser atacada por AGRAVO DE INSTRUMENTO.
I - notórios;
#DEOLHONAJURIS A inversão do ônus probatório leva consigo o custeio da carga invertida, não como dever,
mas como simples faculdade, sujeita as consequências processuais advindas da não produção da prova: Quanto à
inversão do ônus da prova, o art. 373, § 1º, do Código de Processo Civil, em perfeita sintonia com a Constituição
de 1988, reproduz, na relação processual, a transição da isonomia formal para a isonomia material. Não se trata
de prerrogativa judicial irrestrita, pois depende ora de previsão legal (direta ou indireta, p. ex., como consectário
do princípio da precaução), ora, na sua falta, de peculiaridades da causa, associadas quer à impossibilidade ou a
excessivo custo ou complexidade de cumprimento do encargo probante, quer à maior capacidade de obtenção da
prova pela parte contrária. Naquela hipótese, em reação à natureza espinhosa da produção probatória, a inversão
foca em dificuldade do beneficiário da inversão; nesta, prestigia a maior facilidade, para tanto, do detentor da prova
do fato contrário. Qualquer elemento probatório, pontualmente - ou todos eles conjuntamente -, pode ser objeto
da decretação de inversão, desde que haja adequada fundamentação judicial. A alteração ope legis ou ope judicis
da sistemática probatória ordinária leva consigo o custeio da carga invertida, não como dever, mas como simples
faculdade. Logo, não equivale a compelir a parte gravada a pagar ou a antecipar pagamento pelo que remanescer
de ônus do beneficiário. Modificada a atribuição, desaparece a necessidade de a parte favorecida provar aquilo
que, daí em diante, integrar o âmbito da inversão. Ilógico e supérfluo requisitar que produza o réu prova de seu
exclusivo interesse disponível, já que a omissão em nada prejudicará o favorecido ou o andamento processual. Ou
seja, a inversão não implica transferência ao réu de custas de perícia requerida pelo autor da demanda, pois de
duas, uma: ou tal prova continua com o autor e somente a ele incumbe, ou a ele comumente cabia e foi deslocada
para o réu, titular da opção de, por sua conta e risco, cumpri-la ou não. Claro, se o sujeito titular do ônus inverti-
do preferir não antecipar honorários periciais referentes a seu encargo probatório, presumir-se-ão verdadeiras as
alegações da outra parte. STJ. 2ª Turma. REsp 1807831-RO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/11/2019 (Info
679).
#ATENÇÃO: Para o STJ a inversão do ônus probatório gera a inversão do custeio dos honorários - Se o sujeito
titular do ônus invertido preferir não antecipar honorários periciais referentes a seu encargo probatório, presumir-
-se-ão verdadeiras as alegações da outra parte.
Obs: PROVA DIABÓLICA: Prova diabólica é aquela impossível ou excessivamente difícil de ser produzida.
Ex: o autor alega, na petição inicial, que o réu nunca lhe enviou a notificação extrajudicial. O autor não tem como
comprovar isso. Seria exigir uma prova diabólica. Outro bom exemplo “é a do autor da ação de usucapião especial,
que teria de fazer prova do fato de não ser proprietário de nenhum outro imóvel (pressuposto para essa espécie
de usucapião). É prova impossível de ser feita, pois o autor teria de juntar certidões negativas de todos os cartórios
de registro de imóvel do mundo.” (DIDIER)
Neste caso, o juiz poderá inverter o ônus, determi- Neste caso, não haverá inversão do ônus por conta
nando que a prova seja produzida pela outra parte da prova diabólica.
que não tinha inicialmente o ônus de juntá-la. Isso Não se pode simplesmente transferir a prova diabó-
está previsto no § 1º do art. 373. lica de uma parte para a outra.
PROVA EMPRESTADA: O NCPC prevê expressamente a possibilidade de prova emprestada: Art. 372. O juiz po-
derá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
observado o contraditório.
#DEOLHONAJURIS: o STJ já admitiu que para haver prova emprestada não há necessidade de as partes serem
idênticas no processo de onde deriva a prova emprestada, bem como admissível a oriunda do processo criminal
mesmo sem o trânsito em julgado desta. Quanto à forma, a prova emprestada é sempre documental.
#ATENÇÃO #FIQUELIGADO: inadmissibilidade da utilização da prova ilícita por derivação - a norma (a mens legis)
contida no art. 573, §1º do CPP também pode ser aplicada aqui no processo civil, em razão do princípio da causa-
lidade previsto no art. 281 do CPC, que compõe a teoria das nulidades do processo civil.
Produção antecipada de provas: NÃO PREVINE a competência do juízo; O juiz a homologa por sentença; Os
autos vão para a parte (não ficam arquivados no juízo). Hipóteses de cabimento: Art. 381.
Se o juiz, de ofício, determinar a realização de perícia, a antecipação da remuneração do perito será ra-
teada por ambas as partes, ou seja, as duas partes irão dividir os custos do valor que será pago ao perito.
Assim, as despesas com a realização da perícia devem ser rateadas por ambas as partes quan-
do for determinada de ofício pelo magistrado, consoante disposição expressa do art. 95 do CPC/2015.
Não se aplica, neste caso, o § 1º do art. 82: “Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz deter-
minar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica.”
STJ. 3ª Turma. REsp 1680167/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/02/2019.
É admissível a juntada de documentos novos, inclusive na fase recursal, desde que não se trate de documento
indispensável à propositura da ação, inexista má-fé na sua ocultação e seja observado o princípio do contraditório
(art. 435 do CPC/2015). Caso concreto: o juízo e o TJ não reconheceram a condição de bem de família do imóvel
pertencente à parte. Diante disso, ela apresentou embargos de declaração no TJ juntando prova de que moraria no
imóvel e que, portanto, ele seria bem de família. O TJ não aceitou o documento e STJ afirmou que a decisão foi cor-
reta. Isso porque tal prova somente poderia ser juntada no recurso se fosse relacionada com fato superveniente. A
apresentação de novas provas é possível em qualquer momento processual, mas desde que não verse sobre algum
conteúdo que já era conhecido pela parte. Em outras palavras, é preciso haver um fato novo após o ajuizamento
da ação ou que foi conhecido pela parte somente em momento posterior. O recorrente buscou fazer prova nova
sobre fato antigo em embargos de declaração, o que é manifestamente inadmissível. A prova apresentada em juízo
apenas nos embargos de declaração poderia ter sido juntada no início do processo. A utilização de prova surpresa
é vedada no sistema pátrio (arts. 10 e 933 do CPC/2015) por permitir burla ou incentivar a fraude processual. STJ. 3ª
Turma. REsp 1721700/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/05/2018.
SENTENÇA: O que o NCPC entende por sentença? É o pronunciamento por meio do qual o juiz, com funda-
mento nos arts. 485 (não resolvendo o mérito) e 487 (resolvendo), põe fim à fase cognitiva do procedimento co-
mum, bem como extingue a execução. E o que seria uma decisão interlocutória? Todo pronunciamento judicial de
natureza decisória que não se enquadre no conceito de sentença. Questões incidentais podem sofrer a qualidade
da coisa julgada? Sim, mesmo que não requerida pela parte. Mas para isso devem ser expressamente enfrentadas,
sendo necessário o contraditório real (efetivo), não tendo essa aptidão quando o processo correr em revelia.
#ATENÇÃO!! - Embora já constasse na Constituição (art. 93, X), o dever de fundamentação foi também reforçado
pelo novo CPC. O inc. IV do §1º do art. 489 do NCPC diz que não se considerará fundamentada sentença que não
enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de infirmar conclusão adotada pelo julgador. O
STJ entendeu que esse dispositivo não impôs o dever de o juiz ter que enfrentar todos os argumentos afetos, mas
somente aqueles que possam “infirmar” a decisão. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões
suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o
dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorri-
da. STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região),
julgado em 8/6/2016. (Info 585)
#COLARNARETINA o art. 489, §1º, cujo rol demonstra situações em que não se considera fundamentada a decisão
judicial, gerando, portanto, vício de nulidade.
#CUIDADO! O autor somente pode requerer a desistência da ação até a sentença. Entretanto em relação ao MS O
Supremo Tribunal Federal ao julgar RE 669367/RJ, o Plenário decidiu que a desistência do MS é uma prerrogativa
de quem o propõe e pode ocorrer a qualquer tempo, sem anuência da parte contrária e independentemente de
já ter havido decisão de mérito, ainda que favorável ao autor da ação. Seria uma ação conferida em benefício do
cidadão contra o Estado e, portanto, não gera direito à autoridade pública coatora de ver o mérito da questão
resolvido. Entretanto em outro julgado posterior o Supremo entendeu pela impossibilidade, mas esse caso teve
peculiaridades, que pelo caso concreto entendeu que não poderia haver desistência após o julgamento por mani-
festo abuso de direito.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de
valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações
de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autar-
quias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-
-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal
superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
mento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
#SELIGA: O CPC/2015 prevê a possibilidade de coisa julgada sobre questões principais – neste ponto não há ino-
vação – mas também prevê a coisa julgada de prejudiciais incidentais – a grande novidade – sem necessidade de
instaurar uma ação declaratória incidental para tanto.
§1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no pro-
cesso, se:
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
São devidos os honorários de sucumbência ao procurador que não participou de acordo firmado entre as partes,
realizado e homologado antes do trânsito em julgado da sentença que fixou tal verba.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.851.329-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 681).
O fato de estar caracterizada a sucumbência recíproca não afasta a condenação das partes litigantes ao paga-
mento de honorários de sucumbência. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.495.369-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 01/09/2020 (Info 681).
#Alertadivergência: O art. 85, § 11 do CPC trata sobre a possibilidade, na fase de recurso, haver a majoração dos
honorários advocatícios. É cabível a majoração dos honorários advocatícios com base no § 11 do art. 85 do CPC
mesmo que na sentença tenha sido reconhecida a sucumbência recíproca?
É assegurada a quem foi concedido os benefícios da gratuidade de justiça a suspensão da exigibilidade dos
honorários e custas processuais, conforme o art. 98, § 3º, do CPC/2015.
STJ.1ª Turma. AgInt no REsp 1835957/RJ, Rel. Ministro Sérgio Kukina, julgado em 15/06/2020.
STJ.4ª Turma. AgInt no AREsp 1310070/MS, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 04/05/2020.
STJ.2ª Turma. REsp 1738136/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 21/06/2018
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: Cumprimento de sentença é a fase do processo civil que satisfaz o título de
execução judicial. É o procedimento que concretiza a decisão do juiz feita ao fim do processo de conhecimento.
O cumprimento de sentença está fundamentado entre os artigos 513 e 538 do Novo Código de Processo Civil
(CPC/2015). o processo de Cumprimento de Sentença é desenvolvido nos mesmos autos do processo, pois se
configura como uma mera “continuação” do processo judicial, que teve início na fase de conhecimento. Dessa for-
ma, não há necessidade de promover uma nova citação do executado, pois ele já faz parte do processo.
#deolhonaleiseca Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se,
no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a re-
querimento do exequente.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a
intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço
constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
- Pessoal, não deixem de rever o rol dos principais títulos executivos judiciais, ok? Para que haja o cumprimento de
sentença, é preciso que haja um título executivo judicial + obrigação certa, líquida e exigível (trânsito em julgado
do título executivo judicial). Não deixar de ler os arts. 515, 523 e 524, NCPC.
#FIQUEDEOLHO: O início da fase de cumprimento da sentença pode ser feito de ofício pelo juiz?
NÃO. O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, só pode ser
feito a requerimento do exequente (art. 513, § 1º do CPC/2015). Cabe ao credor o exercício de atos para o regular
cumprimento da decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê ciência ao devedor sobre o mon-
tante apurado, consoante demonstrativo discriminado e atualizado do crédito (art. 524 do CPC/2015). Em outras
palavras, o início da fase de cumprimento da sentença exige um requerimento do credor: Art. 523. No caso de
condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pa-
gar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
#OLHAOGANCHO: Impugnação ao cumprimento de sentença e garantia do juízo: O Novo CPC modificou o tra-
tamento da impugnação ao cumprimento de sentença, permitindo que seja ofertada, em qualquer caso, mesmo
sem a garantia do juízo.
#DEOLHONAJURIS O prazo para impugnação se inicia após 15 dias da intimação para pagar o débito, ain-
da que o executado realize o depósito para garantia do juízo no prazo para pagamento voluntário, inde-
pendentemente de nova intimação: Exemplo: o credor iniciou o cumprimento da sentença. Em 19/4/2016, o
devedor foi intimado para que, em 15 dias, efetuasse o pagamento. Em 09/05/2016, o devedor depositou em
juízo o valor da condenação apenas para fins de garantia do juízo e para obter efeito suspensivo na impug-
nação que ainda iria apresentar. Em 03/06/2016, o devedor apresentou a impugnação. O exequente alegou
que a impugnação foi apresentada fora do prazo. Isso porque o prazo de 15 dias para a impugnação deve-
ria ser contado da data em que foi feito o depósito judicial (09/05/2016). O STJ não concordou e disse que o
prazo de 15 dias para a impugnação começa a contar após terminar o prazo de 15 dias para o pagamento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1761068-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/12/2020 (Info 684).
- Galera, não se esqueçam que o NCPC prevê hipótese de execução invertida: Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser
intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender
devido, apresentando memória discriminada do cálculo.
Ordem preferencial da penhora: Art. 835. (...) § 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz,
nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
#CUIDADO para quem decorou a Súm. 417 do STJ que dizia que na execução civil, a penhora em dinheiro na
ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto. Essa foi SUPERADA – Dinheiro tem prioridade na
penhora.
#ATENÇÃO #SANGUEVERDE: Se o devedor é assistido da Defensoria Pública, o prazo para cumprimento voluntá-
rio da sentença deve ser contado em dobro, conforme informativo nº 594 do STJ.
- #OLHAOGANCHO: Execução Fiscal e necessidade de garantia do juízo por parte do beneficiário de assistência
gratuita e assistido da Defensoria. Em caso de execução fiscal, o STJ entende, com base no princípio da especia-
lidade, que mesmo o beneficiário da assistência gratuita deve oferecer garantia do juízo como pressuposto de
conhecimento dos embargos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.437.078-RS, Info 538. No entanto, matérias de ordem pública
e que não exijam dilação probatória, antigamente arguidas por meio de exceção de pré-executividade, podem ser
arguidas sem garantia, por simples petição nos autos de execução.
#NAÕESQUECER: ENUNCIADO 91 – Interpreta-se o art. 524 do CPC e seus parágrafos no sentido de permitir que
a parte patrocinada pela Defensoria Pública continue a valer-se da contadoria judicial para elaborar cálculos para
execução ou cumprimento de sentença.
PROCESSO DE EXECUÇÃO: Já na hipótese do Processo de Execução, o conflito já está resolvido, uma vez que
não há necessidade de termos a fase de conhecimento. Dizemos, então, que o credor (aquele que tem o direito
de cobrança sobre outro) porta um título extrajudicial. O título extrajudicial é aquele que foi produzido fora do
processo. Temos, então, um processo novo, pois o título extrajudicial não advém de um processo judicial anterior.
Ou seja, como o título é concebido fora do processo, são necessários novos autos (um novo processo) para que
ocorra a ação de execução (cobrança) da dívida. Como há o surgimento de um novo processo, o executado deve
ser citado, ou seja, chamado para ingressar na relação processual. Aqui temos uma diferença em relação ao pro-
cesso de Cumprimento de Sentença, no qual não há a necessidade de citação, pois não há um novo processo e,
portanto, o executado já integra a relação processual.
#nãoesquecer: O NCPC traz, expressamente, uma nova possibilidade de compelir o devedor ao adimplemento
da obrigação fixada na sentença, qual seja a de protestar a decisão judicial transitada em julgado, após prazo de
15 dias para pagamento voluntário, junto a um cartório, conforme art. 517 do NCPC. Além do protesto, o § 3º do
art. 782 do NCPC permite ao juiz negativar o nome do executado (aplica-se à execução definitiva), inserindo-o
em cadastros de inadimplentes até que ele pague o valor devido, garanta o cumprimento da sentença ou que o
processo seja julgado extinto por qualquer outro motivo.
- Caso o devedor não efetue o pagamento em 03 dias, o oficial deverá voltar ao endereço do executado e realizar a
penhora e avaliação dos bens, mediante a 2ª via do mandado, ou , por outro lado, poderá o executado embargar a
execução no prazo de 15 dias e, nesse mesmo prazo, poderá realizar o pagamento de forma parcelada, nos termos
do art. 916 do NCPC (30%, acrescido de custas e honorários, e o restante em até 06 parcelas). #PEGADINHA: Esse
parcelamento não cabe na impugnação ao cumprimento de sentença.
#DEOLHONAJURIS: Juiz não pode se recusar a determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes (art. 782, § 3º, do CPC/2015) sob o fundamento de que o exequente teria condições de fazer
isso diretamente: Caso concreto: uma empresa exequente pediu ao juiz a inclusão do nome da executada nos
cadastros de inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º do CPC. O requerimento foi indeferido pelo magistra-
do sob o argumento de que a exequente possui condições de pedir diretamente a inscrição.
O STJ não concordou com a recusa.
O requerimento da inclusão do nome da executada em cadastros de inadimplentes (art. 782, § 3º, do
CPC/2015) não pode ser indeferido pelo juiz tão somente sob o fundamento de que as exequentes possuem
meios técnicos e a expertise necessária para promover, por si mesmas, a inscrição direta junto aos órgãos de
proteção ao crédito.
O art. 782, § 3º, do CPC/2015 prevê que, a requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome
do executado em cadastros de inadimplentes.
O dispositivo legal que autoriza a inclusão do nome do devedor nos cadastros de inadimplentes exige, neces-
sariamente, o requerimento da parte, não podendo o juízo promovê-lo de ofício.
Ademais, depreende-se da redação do referido dispositivo legal que, havendo o requerimento, não há a obri-
gação legal de o Juiz determinar a negativação do nome do devedor, tratando-se de mera discricionariedade.
A medida, então, deverá ser analisada casuisticamente, de acordo com as particularidades do caso concreto.
Não cabe, contudo, ao julgador criar restrições que a própria lei não criou, limitando o seu alcance, por exem-
plo, à comprovação da hipossuficiência da parte. Tal atitude vai de encontro ao próprio espírito da efetividade
da tutela jurisdicional, norteador de todo o sistema processual.
STJ. 3ª Turma. REsp 1887712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2020 (Info 682).
d) Dos processos nos Tribunais. Ações originárias dos Tribunais. Teoria geral dos recursos. Recursos em
espécie. Teoria dos precedentes judiciais. Distinção e superação de precedentes. Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas. Incidente de Assunção de Competência. Súmulas vinculantes. Julgamento de
recursos excepcionais repetitivos. e) Procedimentos especiais no Código de Processo Civil. Procedimentos
especiais em legislação extravagante. Ações locatícias. Ação de alimentos. Ação de alimentos gravídicos.
Ações relativas à filiação. Ações no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis e Juizados Especiais da Fazenda
Pública.
MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS: lembrar que existem outras formas, que não o recurso, para
impugnar decisões judiciais, como a ação autônoma ou por via de sucedâneo recursal.
- Ação Autônoma - Exemplos de ações autônomas: Mandado de Segurança (Lei no 12.016/09); Reclamação (Arts.
988 e seguintes do NCPC); Ação rescisória (art. 966 e seguintes do NCPC).
- Sucedâneos Recursais - não é recurso, mas acaba tendo o mesmo efeito prático. Por exemplo: pedido de recon-
sideração, esse instrumento - não terá os efeitos próprios de um recurso (como por exemplo, impedir que aquela
decisão passe a produzir efeitos imediatamente – que é próprio do efeito suspensivo), mas pode servir como
“recurso”, porque o magistrado pode reconsiderar a decisão anteriormente proferida. Outro exemplo é o pedido
de suspensão da segurança (lei do MS). Por fim, podemos elencar como mais um exemplo o instituto da remessa
necessária.
RECURSOS: para o professor José Carlos Barbosa Moreira, recurso “é o remédio voluntário idôneo a ensejar,
dentro de um mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que
ora se impugna”. Dessa definição, decorrem os seguintes princípios norteadores da tutela recursal no processo
civil: VOLUNTARIEDADE, TAXATIVIDADE, SINGULARIDADE ou unirrecorribilidade, FUNGIBILIDADE e VEDAÇÃO DA
REFORMA PARA PIOR.
c. TRANSLATIVO: efeito devolutivo na profundidade, para que o tribunal ad quem conheça de matérias de ordem
pública (arguíveis de ofício).
Art. 995. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata
produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplica-
ção do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pre-
tensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
#NOVIDADES: O NCPC extirpou do ordenamento jurídico a figura dos embargos infringentes e do agravo retido.
Ademais, criou o agravo em recurso especial e extraordinário, além de trazer expressa e específica ordenação
acerca do agravo interno.
- JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: A regra geral é a de que tanto o juízo de admissibilidade quanto o juízo de mérito
do recurso são realizados pelo órgão ad quem. #ATENÇÃO: AS EXCEÇÕES SÃO: RECURSO ESPECIAL E RECURSO
EXTRAORDINÁRIO!
- JUÍZO DE RETRATAÇÃO: O NCPC enumera diversas hipóteses em que é possível o juízo de retratação:
- Apelação em desfavor da sentença que indefere a petição inicial;
- Apelação contra sentença de improcedência liminar do pedido;
- Apelação contra sentença que extingue o processo sem julgamento de mérito;
- Nos casos de agravo de instrumento;
- Agravo interno;
- E Recurso especial e Extraordinário Repetitivos.
- PREPARO RECURSAL: No ato da interposição do recurso, se a parte não comprova o recolhimento do preparo,
inclusive porte de remessa e retorno, lhe é oportunizada mais uma chance, sendo intimado a recolher o valor
devido, porém, em dobro. Assim, se, devidamente intimado, cumprir a determinação, não haverá deserção. Outra
novidade legislativa é o fato de que não se considera imediata deserção qualquer equívoco observado no preen-
chimento da guia de custas. Dessa forma, surgindo dúvida quanto ao recolhimento, o recorrente será intimado
para, no prazo de 05 (cinco) dias, sanar o vício. Também foi dispensado o recolhimento do porte de remessa e
retorno no processo em autos eletrônicos.
#FIQUEDEOLHO: Recurso principal X Recurso ADESIVO: O recurso principal se funda em uma manifestação recur-
sal imediata. Exemplo: Para recorrer de uma sentença, o recurso será, imediatamente, a apelação. Esse recurso será
principal. Agora veja, também se pode postecipar isso, pois dependendo da espécie recursal, no caso de sucum-
bência recíproca, pode-se utilizar de uma manifestação recursal diferida no tempo. Exemplo: Acontece quando, ao
invés de interpor uma apelação, o indivíduo espera para analisar se é o caso de efetuar uma manifestação recursal
diferida no tempo, superveniente. Isso acontece se a parte está esperando que a outra também tenha ficado in-
satisfeita (existência de sucumbência recíproca). Se a outra parte não recorrer, eu não recorro. Se esse recorrer eu
faço um recurso adesivo. Nesse exemplo, a apelação é o recurso principal, mas pode ser ou ter uma apelação como
recurso adesivo (pois recurso adesivo não é nova espécie de recurso). Nesse no art. 997, § 2o, II do NCPC, estão
estabelecidas quais as espécies recursais que admitem a interposição na modalidade adesiva – não deixar de ler.
- Portanto, as três espécies recursos que admitem a interposição por recurso adesivo são: a apelação, o recurso
extraordinário e o recurso especial. Não há mais os embargos infringentes.
APELAÇÃO
- Diante da extinção do agravo retido pelo CPC 2015, as questões resolvidas na fase de conhecimento, caso não
sejam recorríveis por agravo de instrumento, não ficam prejudicadas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação ou nas contrarrazões. O Capítulo da sentença que confirma, concede ou denega a tutela
provisória é impugnável por apelação. A apelação interposta em desfavor da sentença que decreta a interdição
somente é recebida no efeito devolutivo.
- Após as contrarrazões, os autos seguem para o tribunal. O juízo de primeiro grau NÃO FAZ MAIS JUÍZO DE AD-
MISSIBILIDADE.
#ATENÇÃO: A teoria da causa madura consiste na possibilidade de o tribunal avançar para decidir o mérito, ainda
que o juiz de primeiro grau não tenha realizado tal exame. Ou seja, consiste na possibilidade de julgamento direto
pelo tribunal em apelação. O NCPC alargou o rol de hipóteses em que é possível que o tribunal decida diretamente
a lide – art. 1013.
#SELIGA: Ampliação do colegiado no NCPC: nos termos do artigo 941, §2º, em regra, no julgamento de apela-
ção e de agravo de instrumento, a decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de três juízes. Entretanto,
como o NCPC extinguiu a figura dos Embargos Infringentes, será aplicada a técnica de ampliação do colegiado
em caso de votação não unânime em julgamento de apelação cível e de agravo de instrumento. Trata-se de
novidade legislativa.
RECURSO ORDINÁRIO
#SELIGA:
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
- Serve para uniformizar a jurisprudência de tribunal superior. No STF, é julgado pelo Pleno.
- O recorrente tem o dever de comprovar a divergência (com o inteiro teor das decisões), através do que a doutrina
chama de confronto analítico (apresentando as fundamentações dos votos).
AGRAVO DE INSTRUMENTO
- Diferentemente do CPC/73, antes de inadmitir o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recor-
rente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível, independentemente de se tratar de
peças essenciais ou não essenciais à formação do instrumento. Conclui-se, portanto, que o novo código permite
o saneamento em fase recursal.
- Inicialmente, devemos destacar que, segundo a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, o rol de possi-
bilidades previstas no art. 1.015/CPC possui TAXATIVIDADE MITIGADA, admitindo o manejo do recurso em situa-
ções de urgência. Em outras palavras, admitem-se hipóteses não previstas no dispositivo legal. Qual foi, então,
o critério adotado pelo STJ? O STJ construiu a ideia de que o rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade
mitigada. Tese fixada pelo STJ: Como o tema foi apreciado pela Corte Especial em sede de recurso repetitivo, o
STJ fixou a seguinte tese: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição
de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no
recurso de apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018
(recurso repetitivo) (Info 639).
#DEOLHONAJURIS: Segundo o inciso VII do art. 1.015, do CPC/2015: “cabe agravo de instrumento contra as deci-
sões interlocutórias que versarem sobre exclusão de litisconsorte”. Essa previsão abrange somente a decisão que
exclui o litisconsorte. Assim, cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que exclui o litisconsorte.
Por outro lado, não cabe agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de exclusão de litiscon-
sorte (decisão que mantém o litisconsorte). STJ. 3ª Turma. REsp 1724453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
19/03/2019 (Info 644).
“O conceito de “decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória” previsto no art. 1.015, I, do CPC/2015,
abrange as decisões que digam respeito à:
1) à presença ou não dos pressupostos que justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da
tutela provisória (é o chamado núcleo essencial);
4) à necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela provisória. STJ. 3ª
Turma. REsp 1752049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019 (Info 644).”
“Não cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que impõe ao beneficiário o dever de arcar
com as despesas da estadia do bem móvel objeto da busca e apreensão em pátio de terceiro. Tal situação não
pode ser enquadrada no art. 1.015, I, do CPC/2015 porque essa decisão não se relaciona, de forma indissociável,
com a tutela provisória. Trata-se, na verdade, de decisão que diz respeito a aspectos externos relacionados com a
executoriedade, operacionalização ou implementação fática da busca e apreensão (e não com a tutela provisória
em si). STJ. 3ª Turma. REsp 1752049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019 (Info 644).
A decisão interlocutória que afasta (rejeita) a alegação de prescrição é recorrível, de imediato, por meio de
agravo de instrumento com fundamento no art. 1.015, II, do CPC/2015. Isso porque se trata de decisão de mérito.
Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da decadência possam ser apreciadas somente na sentença, não
há óbice para que essas questões sejam examinadas por intermédio de decisões interlocutórias, hipótese em que
caberá agravo de instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/2015, sob pena de formação de coisa julgada ma-
terial sobre a questão. STJ. 3ª Turma. REsp 1738756-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/02/2019 (Info 643).”
“É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em processo falimentar e
recuperacional, ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei nº 11.101/2005 (LREF). Fundamento: in-
terpretação extensiva do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ. 4ª Turma. REsp 1.722.866-MT, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 25/09/2018 (Info 635).”
“É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de competência, a
despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015. Apesar de não previsto expressamente
no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência de-
safia recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso
III do art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para
a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda. STJ. 4ª Turma. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018.
#obs: Efeito Suspensivo Ativo: na verdade, trata-se de uma antecipação dos efeitos da tutela pretendida ou ainda
a concessão de uma medida liminar, em regra pelo relator de um agravo de instrumento.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
- Além de serem usados para contradição, omissão ou obscuridade, passa a existir previsão expressa para a corre-
ção de erro material.
- O prazo de 5 dias permanece, mas a sua contagem deve ser em dias úteis.
- Não é preciso preparo e passam a ter o efeito de interromper o prazo em TODAS as hipóteses (inclusive no Jui-
zado Especial).
- Princípio da complementariedade: Art. 1024: ler. Diante do advento do §5º do art. 1024, o Enunciado de Súmula
418 do STJ não deve ser mais aplicado: §5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a
conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos
embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.
- Ampliação da multa para embargos protelatórios (2% do valor atualizado da causa), sendo possível a majoração
até 10%: Art. 1026. (...) § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem
sido considerados protelatórios.
- Passam a gerar prequestionamento ficto para fins de especial e extraordinário (art. 1025).
#DEOLHONASÚMULA: Súmula 311 STJ: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e
pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional.
- Ambos são dotados de efeito devolutivo, apenas. O efeito suspensivo deve ser requerido pela parte.
- REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
a. Exaurimento das vias recursais ordinárias: embora a remessa necessária não seja um recurso, vale para fins de
exaurimento;
b. Tempestividade;
c. Preparo;
d. Prequestionamento;
e. Repercussão Geral (só para o RE): o tribunal a quo apenas verifica se está presente, mas não enfrenta o mérito.
Necessário 8 ministros do STF para negá-la (quórum de 2/3);
f. Violação direta à Constituição Federal (só para RE): se o STF precisar analisar lei infraconstitucional para decidir, a
violação é apenas reflexa.
Súmula 636 STF: Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade,
quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão re-
corrida.
PRECEDENTES: Valorização dos precedentes: Fredie Didier apresenta o seguinte conceito para precedente: “é a
decisão judicial à luz de um caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento pos-
terior de casos análogos”. De acordo com a doutrina de Leonardo Carneiro da Cunha, precedente “é uma decisão
judicial, que tem relação de anterioridade a outras, servindo-lhes de premissa”. Conforme afirma José Rogério Cruz
e Tucci, “todo precedente é composto de duas partes: a) circunstâncias de fato que embasam a controvérsia; b) a
tese ou princípio jurídico assentado na motivação do provimento decisório”.
#DEOLHONANOMENCLATURA: Este último elemento que consiste na tese ou princípio jurídico expresso no funda-
mento da decisão é o que chama de ratio decidendi. Trata-se da concreta expressão do resultado a que se chegou
o juiz com a interpretação e a aplicação da norma jurídica ao caso que lhe foi posto a julgamento. O conceito de
obiter dictum é o alcançado por exclusão: é tudo aquilo que não compõe a ratio decidendi da decisão. Ele não faz
parte da atividade hermenêutica inerente ao caso concreto; constitui, portanto, uma mera afirmação estranha à
interpretação e aplicação da norma jurídica.
- Os precedentes geralmente são vinculados aos países de tradição common law. Ocorre, contudo, que eles estão
presentes nos países de tradição civil law. Assim, a prática de seguir precedentes é comum à tradição jurídica oci-
dental como um todo (civil law e common law). Todavia, o que é peculiar à tradição de common law é a doutrina
dos precedentes vinculantes (doctrine of binding precedents). Na sua concepção mais rígida, o stare decisis indica
a obrigação do juiz, ao solucionar os casos, de não se desviar da solução empregada em precedente ensejado por
decisão de um caso análogo, ainda que o próprio juiz do caso presente considere a solução inadequada ou injusta.
- As distinções (distinguishing) são a principal forma de operar com precedentes. Consistem na atividade dos ju-
ristas de fazer diferenciações entre um caso e outro. Ela pode ser realizada por todo e qualquer órgão julgador,
ou seja, tanto pelo tribunal do qual se emanou o precedente como pelos juízes e tribunais inferiores, vinculados à
norma do precedente. Comparando quaisquer dois casos, diferenças existirão, mas em sentido técnico só se pode
falar em distinção jurídica quando esta se der entre os fatos substanciais.
- As mudanças no contexto social, econômico, político ou mesmo jurídico podem tornar imprescindível a mudança
de determinada norma jurídica, caso contrário injustiças serão cometidas. Nesse cenário, a doutrina aponta o over-
ruling e o overriding como técnicas para a superação dos precedentes. Segundo Didier Jr., overrruling “é a técnica
através da qual um precedente perde a sua força vinculante e é substituído (overruled) por um outro precedente”.
É semelhante à revogação de uma lei por outra; overriding “quando o tribunal apenas limita o âmbito de incidência
de um precedente, em função da superveniência de uma regra ou um princípio legal”. Aqui, não existe a superação
total do precedente, mas apenas uma superação parcial. É uma espécie de derrogação.
#IMPORTANTE: O artigo 489 do NCPC, em seu §1º, trouxe inovações nos parâmetros para que se tenha uma
fundamentação adequada. Entre as diretrizes apontadas, os precedentes são mencionados nos incisos V e VI. No
primeiro, há nítida intenção de se destacar a necessidade de se observar as circunstâncias fáticas e jurídicas que
formam o precedente e compará-lo com aquelas apresentadas com o caso concreto: não se considera funda-
mentada qualquer decisão judicial que se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos.
Na sequência, o inciso VI tem a cautela de apontar as 2 hipóteses de não aplicação de precedentes: distinguish e
overruling. Assim, não se considera fundamentada qualquer decisão se deixar de seguir enunciado de súmula, ju-
risprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento.
#DEOLHONANOMENCLATURA Distinção (ou distinguishing): atividade dos juristas de fazer diferenciações entre
um caso e outro; Overruling: técnica através da qual um precedente perde a sua força vinculante e é substituído
por um outro precedente.
- Tais dispositivos estão em perfeita consonância com disposto no artigo 926: os tribunais devem uniformizar sua
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. Aliás, o §2º do referido artigo determina que: o Ao editar
enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua
criação. Portanto, a análise das circunstâncias fáticas é primordial para que a norma geral a ser extraída do prece-
dente possa ser aplicada nos casos futuros.
- Publicidade dos precedentes: O § 5º do artigo 927 dispõe que os tribunais darão publicidade a seus precedentes,
organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computa-
dores. o Além de reforçar o princípio da publicidade das decisões (art. 93, IX, da CF/88), é preciso destacar que
para seguir os precedentes, é preciso ter amplo conhecimento das decisões, para que se possa cobrar a coerência
e a estabilidades dos posicionamentos judiciais. o O Novo Código de Processo Civil previa maiores elementos para
controle da eficácia vinculante dos precedentes, como o Agravo em Recurso Especial e Extraordinário e a Recla-
mação, no entanto a Lei 13.256/2016, sob muitas críticas doutrinárias, suprimiram essas hipóteses antes mesmo da
vigência do código (vide artigos 988 e 1.042). #ATENÇÃO, se a banca falar no cabimento dessas hipóteses, haverá
equívoco.
Microssistema de demandas repetitivas: Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de ca-
sos repetitivos a decisão proferida em: I - incidente de resolução de demandas repetitivas; II - recursos especial e
extraordinário repetitivos. Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito
material ou processual.
Incidente de resolução de demandas repetitivas: Tradicionalmente, o processo civil se caracterizou por sofrer
forte influência liberal, possuindo, assim, perfil individualista. Tal realidade demonstrou-se insuficiente para solu-
cionar os conflitos de uma sociedade de massa em tempo hábil. Assim, nas últimas décadas, o legislador buscou
criar instrumentos processuais aptos para as demandas em massa como a ação civil pública (Lei nº 7.374/1985)
e ações que envolvem os direitos do consumidor (Lei 8.078/1990). Por outro lado, o legislador também procurou
sistematizar demandas individuais repetitivas. Inicialmente, através da exigência de repercussão geral nos Recursos
Extraordinários (EC nº 45/2004 e Lei 11.418/2006) e posteriormente aplicando a técnica de julgamento de Recursos
Especiais repetitivos (Lei nº 11.672/2008). o Nesse contexto, o novo CPC (Lei 13.105/2015) se inspirou no “musterver-
fahren do direito alemão”, bem como em outros institutos do direito inglês e norte-americano para criar o incidente
de resolução de demandas repetitivas.
- Trata-se de instrumento cabível quando houver, simultaneamente, a efetiva repetição de processos com contro-
vérsia sobre a mesma questão unicamente de direito e haja risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
- Através dele, busca-se a isonomia, evitando-se o tratamento diferenciado para casos iguais, formando-se uma
jurisprudência firme já na segunda instância.
- De acordo com o artigo 977 do novo CPC, o pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de
tribunal: Pelo juiz ou relator; Pelas partes; Pelo Ministério Público; ou Pela Defensoria Pública.
- O procedimento determina que o relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e
entidades com interesse na controvérsia, que poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências
necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida. Além disso, prevê a possibilidade de realização
de audiências públicas e participação de amicus curiae.
- Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre
idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tra-
mitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; bem como aos casos futuros que versem idêntica
questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal.
- Após o julgamento do incidente e a fixação da tese jurídica, o órgão colegiado julgará igualmente o recurso, a
remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente. Trata-se de decisão
vinculante, assim, caso não seja observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.
- Depois de firmada a tese do repetitivo, as novas demandas propostas em desacordo com o entendimento firma-
do serão liminarmente julgadas improcedentes. Porém, se a nova demanda estiver de acordo, o juiz deverá con-
ceder a tutela de evidência, sendo, nesse caso, dispensada a prestação de caução para executar provisoriamente.
Ademais, caso o julgador não aplique o precedente e não faça a distinção ou a superação do precedente, não será
considerada fundamentada a decisão judicial.
- Não é admissível reclamação: proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada e proposta para garantir
a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido
em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
- Prazo? Art. 980, NCPC: O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais
feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus . Parágrafo único. Superado o prazo
previsto no caput , cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982 , salvo decisão fundamentada do relator
em sentido contrário.
a) Existência de recurso, remessa necessária ou processo de competência originária em tribunal. Não é ENTRE tri-
bunais, mas sim entre ORGÃO do mesmo tribunal.
b) É preciso que exista uma relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a
composição da divergência entre órgãos do tribunal.
d) É preciso haver a ausência de repetição em processos múltiplos, pois não é microssistema de casos repetitivos.
- PROCEDIMENTO:
b) O órgão colegiado competente para conhecer do processo, envia os autos ao órgão que o regimento indicar.
c) O órgão indicado pelo regimento, reconhecendo o interesse na assunção da competência, julga o processo em
concreto.
- A tese fixada no julgamento da assunção de competência vinculará todos os juízes subordinados ao tribunal e o
próprio tribunal, salvo revisão de tese (salvo distinção ou superação). Logo, o incidente de assunção de competên-
cia firma um precedente obrigatório.
- LEGITIMIDADE: Art. 947, §1º - ler todo o artigo! O relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Mi-
nistério Público ou da Defensoria Pública.
RECURSOS REPETITIVOS: mecanismo jurídico processual que visa conter e diminuir o fluxo dos recursos de na-
tureza extraordinária em sentido amplo, a saber os recursos extraordinário e especial, junto aos tribunais superiores
(STF e STJ), com o objetivo de se obter decisão com eficácia vinculativa e repercussão geral no direito brasileiro. A
finalidade do Recurso Repetitivo é a efetividade e celeridade do processo justo, baseado na dignidade da pessoa
humana. Com isso, podemos afirmar que a aplicação desse mecanismo evita que os tribunais superiores fiquem
ameaçados pela supre lotação de demandas repetitivas ferindo a celeridade do processo. Ademais, esse mecanis-
mo garante que as decisões, em múltiplas demandas de mesma matéria de direito, tenham decisões distintas, que
podem casar insegurança jurídica, violando a efetividade do processo justo.
→ EMBARGOS DE TERCEIRO: Possui natureza de processo de conhecimento, que vai ter como premissa funda-
mental a ideia da constrição judicial sobre bem de terceiro ou de parte a ele equiparada.
→ AÇÕES POSSESSÓRIAS: Conhecidas como INTERDITOS POSSESSÓRIOS, são uma forma de tutela do possuidor
contra um fato que ofenda sua posse.
#ATENÇÃO: Apesar de o CPC prever essas três espécies de ações, há aplicação entre elas do princípio da fungibi-
lidade. Ou seja, o juiz pode conceder uma tutela possessória diferente da que foi pedida, pelos seguintes motivos:
-Possibilidade de fácil modificação fática – essas ações possessórias envolvem situações fáticas que mudam toda
hora (o que hoje é uma ameaça, amanhã já pode ser uma agressão possessória, mudando o tipo de ação);
-Dificuldade de definição da espécie de ofensa à posse – esses conceitos de turbação, esbulho e ameaça não res-
pondem, muitas vezes, às exigências das situações fáticas.
- Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido
e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. #FUNGIBILIDADE § 1º
No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pes-
soal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a
intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria
Pública.
#ATENÇÃO § 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos
respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação
de cartazes na região do conflito e de outros meios.
#ATENÇÃO: REINTEGRAÇÃO DE POSSE. Não se exige a prévia notificação extrajudicial dos invasores para que se
proponha reintegração de posse. A notificação prévia dos ocupantes não é documento essencial à propositura da
ação possessória. STJ. 4ª Turma. REsp 1.263.164-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).
- LEGITIMIDADE ATIVA: o possuidor. Mas tanto o possuidor indireto como o possuidor direto têm legitimidade ativa
para a ação possessória. Não tem legitimidade ativa: o mero detentor. Ainda que nem sempre seja fácil distinguir o
possuidor do mero detentor, este não tem legitimidade ativa para essas ações.
#ATENÇÃO: a nomeação à autoria não existe mais, mas continua sendo possível ao réu, como preliminar de con-
testação, alegar a ilegitimidade passiva e indicar o terceiro legitimado.
- Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Não obsta à manutenção ou à reintegra-
ção de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
- PROCEDIMENTO: envolve a distinção entre posse nova e posse velha. Deve ser feito, aqui, um cálculo entre a
data da agressão e a data da propositura da ação. Se o período entre essas datas for menor que 1 ano e um dia,
há posse nova. Se esse tempo for maior que 1 ano, há posse velha (é a que conta com pelo menos um ano e um
dia, ou seja, com um ano e um dia ou mais).
LITÍGIO COLETIVO PELA POSSE DE IMÓVEL #OLHONANOVIDADE: Mais de ano e dia – litígio coletivo pela posse
de imóvel – ler art. 565.
- Na pendência de ação possessória as partes não podem ingressar com a ação petitória.
- SÚMULA 487 STF: Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela dis-
putada.
→ AÇÃO MONITÓRIA #ATENÇÃO: as hipóteses de cabimento foram ampliadas (pagamento e quantia em dinheiro,
a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel e o adimplemento de obrigação de fazer ou
de não fazer). Ler arts. 700 a 702.
PONTO II
a) Procedimento comum. Princípios do processo civil. Justiça multiportas. Conciliação, mediação e arbitragem.
Direito colaborativo.
b) Petição inicial. Demanda. Improcedência liminar do pedido. Tutela provisória. Posturas do réu diante da
demanda.
c) Providências preliminares. Julgamento conforme o estado do processo. Julgamento antecipado do mérito.
Audiência de conciliação e mediação. Saneamento. Audiência de instrução e julgamento. Recursos.
d) Teoria geral da prova. Provas em espécie. Ônus da prova. Ônus da prova nas relações de consumo. Ações
locatícias. Procedimentos especiais no Código de Processo Civil. Ações nos Juizados Especiais Cíveis e Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
JUIZADOS ESPECIAIS: Os Juizados Especiais Cíveis são órgãos do Poder Judiciário, criados pela Lei 9.099/95.
A Lei dos Juizados Especiais têm como objetivo o acesso à justiça, direito de ordem fundamental, seja efetivado
também em favor daqueles considerados financeiramente hipossuficientes. #ATENÇÃO: Os Juizados são fruto da
chamada “terceira onda renovatória de acesso à justiça”, os Juizados Especiais Cíveis são órgãos que visam mais
que desafogar o Poder Judiciário.
Quando falamos em “sistema dos Juizados Especiais”, podemos identificar a existência de três microssistemas,
cada um deles destinado a julgar determinados tipos de causas, possuindo regras específicas de procedimento.
#DEOLHONATABELA
#FIQUEDEOLHO: É admitida a intervenção de terceiros nos Juizados Especiais? REGRA: “Lei, 9.099/1995. Art.
10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
litisconsórcio.» EXCEÇÃO: admite-se desconsideração da personalidade jurídica que, conforme novo CPC, é
intervenção de terceiros. ENUNCIADO 60 do FONAJE – É cabível a aplicação da desconsideração da personalidade
jurídica, inclusive na fase de execução. (Art. 1.062/CPC. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica
aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais.
- ENUNCIADO 25 – As audiências de conciliação ou mediação, inclusive dos juizados especiais, poderão ser reali-
zadas por videoconferência, áudio, sistemas de troca de mensagens, conversa online, conversa escrita, eletrônica,
telefônica e telemática ou outros mecanismos que estejam à disposição dos profissionais da autocomposição para
estabelecer a comunicação entre as partes.
#DEOLHONAJURIS:
- O Juizado Especial Cível é competente para o processamento e o julgamento de ação proposta por associação
de moradores visando à cobrança de taxas de manutenção de loteamento em face de morador não associado.
STJ. 3ª Turma.RMS 53602-AL, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
- No âmbito estadual, o autor pode escolher se deseja ajuizar a ação no Juizado Especial ou na Justiça Comum, sen-
do essa uma decisão da parte. STJ. 2ª Turma. RMS 53.227/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/06/2017.
a) embargos de declaração;
b) recurso inominado.
Contra os acórdãos prolatados pela Turma Recursal somente podem ser interpostos:
- embargos de declaração;
- recurso extraordinário.
No âmbito do sistema dos Juizados Especiais Federais, é possível, ainda, o pedido de uniformização de interpre-
tação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por
Turmas Recursais na interpretação da lei (art. 14 da Lei nº 10.259/2001).
É cabível a interposição de Recurso Especial? NÃO. Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
- Decisão proferida por Turma Recursal que viole entendimento do STJ: #ADEOLHONATABELA
e) Sentença, coisa julgada e outras estabilidades das decisões judiciais. Teoria da decisão judicial. Sucumbência. Ho-
norários. Liquidação da sentença. Execução. Teoria dos precedentes judiciais. Precedentes obrigatórios. Distinção e
superação de precedentes. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. Incidente de Assunção de Compe-
tência. Súmulas vinculantes. Julgamento de recursos excepcionais repetitivos.
- Pontos já tratados.
PONTO III
c) Cumprimento de sentença e execução da obrigação de fazer, não fazer e entregar. Meios executivos.
Cumprimento de sentença e execução contra a Fazenda Pública. Cumprimento de sentença e execução
de obrigação alimentar. Execução fiscal. Princípios do processo civil.
d) Formas de defesa do executado. Impugnação ao cumprimento de sentença. Embargos à execução.
Objeção de pré-executividade. Defesas heterotópicas. Embargos de terceiro.
e) Tutela provisória. Tutela inibitória. Procedimento comum. Competência. Petição inicial. Resposta do
réu. Teoria geral da prova. Elementos do direito probatório. Provas em espécie. Audiências no processo
civil. Ações de família. Ações possessórias. Ação reivindicatória. Ações nos Juizados Especiais Cíveis e
Juizados Especiais da Fazenda Pública.
PONTO IV.
a) Princípios do processo civil. Meios alternativos (adequados) de solução de conflitos. Jurisdição, ação e
processo. Competência. Sujeitos do processo. Litisconsórcio. Intervenção de terceiros. Atos processuais.
Nulidades processuais. Tutela provisória. Tutela inibitória. Formação, extinção e suspensão do processo.
Processo eletrônico.
b) Processo de conhecimento. Procedimento comum. Teoria geral da prova. Elementos do direito
probatório. Provas em espécie. Audiências no procedimento comum. Sentença e coisa julgada.
Sucumbência.
Honorários.
c) Execução e cumprimento de sentença. Princípios da execução cível. Partes. Competência.
Responsabilidade patrimonial. Liquidação de sentença. Ritos executivos. Execução e cumprimento de
sentença por quantia certa. Execução e cumprimento de sentença de obrigação de fazer, não fazer e
entrega de coisa. Execução e cumprimento de sentença de alimentos. Execução fiscal. Execução e
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública. Defesa do executado.
d) Dos processos nos Tribunais. Ações originárias dos Tribunais. Teoria geral dos recursos. Recursos em
espécie. Teoria dos precedentes judiciais. Distinção e superação de precedentes. Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas. Incidente de Assunção de Competência. Súmulas vinculantes. Julgamento de
recursos excepcionais repetitivos.
e) Procedimentos especiais no Código de Processo Civil. Procedimentos especiais em legislação
extravagante. Ações locatícias. Ação de alimentos. Ação de alimentos gravídicos. Ações relativas à
filiação. Ações no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis e Juizados Especiais da Fazenda Pública
PONTO V
a) Dos processos nos Tribunais. Ações originárias dos Tribunais. Teoria geral dos recursos. Recursos em
espécie. Teoria dos precedentes judiciais. Distinção e superação de precedentes. Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas. Incidente de Assunção de Competência. Súmulas vinculantes. Julgamento de
recursos excepcionais repetitivos.
b) Execução e cumprimento de sentença. Princípios da execução cível. Partes. Competência.
Responsabilidade patrimonial. Liquidação de sentença. Ritos executivos. Execução e cumprimento de
sentença por quantia certa. Execução e cumprimento de sentença de obrigação de fazer, não fazer e
entrega de coisa. Execução e cumprimento de sentença de alimentos. Execução fiscal. Execução e
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública. Defesa do executado.
c) Procedimento comum. Competência. Petição inicial. Demanda. Julgamento antecipado de mérito.
Atos processuais. Nulidades processuais. Resposta do réu. Teoria geral da prova. Elementos do direito
probatório. Provas em espécie.
d) Tutela provisória. Tutela inibitória. Sentença. Coisa julgada. Sucumbência. Honorários. Ações
possessórias. Ações reivindicatória. Ações de família. Ações locatícias. Ações no âmbito dos Juizados
Especiais Cíveis e Juizados Especiais da Fazenda Pública.
e) Princípios do processo civil. Meios alternativos (adequados) de solução de conflitos. Jurisdição, ação e
processo. Sujeitos do processo. Litisconsórcio. Intervenção de terceiros. Formação, extinção e suspensão
do processo. Processo eletrônico
TUTELA COLETIVA
PONTO I
a) Evolução histórica (Brasil e mundo). Ordem constitucional.
A partir de meados do século XIX, observou-se que o modelo jurídico criado para sustentar a nova rea-
lidade político-econômica, produzida pela conjugação dos ideais da Revolução Francesa em meio ao contexto
da Revolução Industrial (luta operário x empregador), era insuficiente para a pacificação dos conflitos sociais (su-
peração do panorama de direitos meramente individuais – de primeira dimensão). SOCIEDADE DE MASSA (REV.
INDUSTRIAL): numa sociedade cada vez mais complexa, em que as relações jurídicas foram massificadas, eventual
falha em alguma de suas engrenagens tem potencial para lesar ou ameaçar de lesão interesses de centenas, mi-
lhares ou milhões de pessoas, quando não de toda a humanidade. Fez-se campo fértil para os conflitos de massa
(antecedentes do processo coletivo – Masson).
Insuficiência da igualdade meramente formal e dos direitos civis e políticos nascimento do Estado Social
ou do Bem-Estar Social (voltado não apenas à garantia de um mínimo de liberdade, mas também para a efetiva
promoção social), e, com ele, os direitos humanos de segunda geração (ou de segunda dimensão - liberdades
reais, concretas, materiais, ou públicas positivas: foco na correção das desigualdades, clamada pelos corpos inter-
mediários – início do reconhecimento da existência de direitos de dimensão coletiva).
Processo individuais: insuficientes para reparar lesões coletivas, com o risco de decisões conflitantes, com
o problemas acerca da legitimidade, com a morosidade do Judiciário e com a pouca efetividade/abrangência das
decisões. Necessidade de novo modelo processual que se adequasse à sociedade de conflitos em massa.
- EVOLUÇÃO DA TUTELA DOS DIREITOS COLETIVOS NO BRASIL: #SELIGA As ações coletivas iniciaram sua
história moderna no sistema processual brasileiro com a promulgação da Lei da Ação Popular (Lei n° 4.717/65).
Nesse momento, duas foram as grandes alterações ocorridas em âmbito processual: a legitimação ativa e a coisa
julgada. Outra lei importante no tocante às ações coletivas foi a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n°
6.938/91), prevendo a responsabilidade civil para os agentes poluidores do meio ambiente, e atribuindo ao MP a le-
gitimidade para postular ação em defesa da natureza. - Todavia, foi com o surgimento da Lei da Ação Civil Público –
LACP (Lei n° 7.347/85), que a tutela dos direitos coletivos passou a ser difundida e ter sua importância reconhecida.
- A ACP só veio a ser ampliada com a CF/88, determinando, definitivamente, um direito fundamental ao processo
coletivo. Com efeito, o art. 129, III, da CF previu a possibilidade da ACP para proteção “de outros interesses difusos e
coletivos”. Não bastasse, previu uma série de ações constitucionais para a tutela dos direitos fundamentais coletivos
materiais, tais como o mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção e a ação popular. - Finalmente, a
promulgação do CDC, em 1990, trouxe regras específicas e inovadoras para a tramitação dos processos coletivos.
#SISTEMATIZANDO:
Fase da absoluta predominância individualista da tutela jurídica Marco legal: CC/1916, que relegou o direito de
ação apenas àqueles com interesse próprio ou de sua família, deixando questões atinentes a coletividades ao
direito penal e ao direito administrativo.
Fase da proteção fragmentária dos direitos transindividuais ou proteção taxativa dos direitos massificados Mar-
cos legais: Lei de Ação Popular (Lei 4.717/65), Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). Passaram
a ser tuteladas algumas espécies de direitos coletivos, predominando a dimensão individualista dos direitos, de
sua tutela e do processo civil, como regra. Ex. tutela do patrimônio público.
Fase da tutela jurídica integral, irrestrita, ampla, holística Marco legal: Constituição de 1988, Lei de Ação Civil
Pública (Lei 7.347/85), Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). Garantia de tutela de outros direitos
difusos e coletivos (art. 129, III), superando a visão taxativa de direitos.
b) Tutela coletiva de direitos e tutela de direitos coletivos. Classificação dos direitos coletivos. Princípios.
COLETIVOS
DIFUSOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
(em sentido estrito)
Ex: determinado lote de um re-
Ex: direito ao meio ambiente eco- Ex: reajuste abusivo das mensali-
médio causou lesão a alguns con-
logicamente equilibrado. dades escolares.
sumidores.
São classificados como direitos
ACIDENTALMENTE COLETIVOS
São classificados como direitos São classificados como direitos
(isso porque são direitos individu-
ESSENCIALMENTE COLETIVOS. ESSENCIALMENTE COLETIVOS.
ais, mas tratados como se fossem
coletivos).
Há uma transindividualida-
de
São transindividuais São transindividuais
ARTIFICIAL, formal ou relativa (são
(há uma transindividualidade real (há uma transindividualidade real
direitos individuais que, no entan-
ou material). ou material).
to, recebem tratamento legal de
direitos transindividuais).
#ATENÇÃO: A doutrina costuma dividir os interesses transindividuais em dois grandes grupos: 1) Interesses es-
sencialmente coletivos: abrange os direitos difusos e os direitos coletivos – caracterizados pela indivisibilidade do
objeto, todos ganham ou todos perdem. 2) Interesses acidentalmente coletivos: abrange os direitos individuais
homogêneos – caracterizados pela divisibilidade. Derivam de uma origem comum; a relação entre as partes
surge após a lesão. Trata-se de adaptação das class actions americanas, criada por conta da molecularização dos
conflitos, para possibilitar uma economia processual, para evitar decisões conflitantes e para ampliar o acesso à
justiça. Nesse sentido, a doutrina aponta 02 requisitos para a tutela dos direitos individuais homogêneos: A pre-
dominância das questões comuns sobre as individuais e a utilidade da tutela coletiva no caso concreto.
PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Possibilidade do juiz, com base no princípio do kompetz kompetz, recusar
determinadas demandas sob o argumento de que o foro escolhido pela
ADEQUADA parte não é o mais adequado.
CONCEITO: O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC) é um acordo celebrado entre as partes inte-
ressadas com o objetivo de proteger direitos de caráter transindividual. Trata-se de um título executivo extra-
judicial que contém pelo menos uma obrigação de fazer ou de não fazer e a correspondente cominação para
o caso de seu descumprimento.
NATUREZA: TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
PREVISÃO NORMATIVA: O TAC foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pelo art. 211 da Lei 8.069/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente), tendo sua atuação limitada às questões relativas à infância e à juven-
tude. Em seguida, o art. 113 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) ampliou sua aplicação a todos
os direitos difusos e coletivos, ao acrescentar o § 6º ao art. 5º da LACP, determinando que os órgãos públicos
legitimados à propositura da Ação Civil Pública – ACP poderão celebrar TAC. Somente a partir daí o instrumento
passou a ser utilizado amplamente para a resolução de conflitos em matéria de direitos difusos e coletivos, pois
anteriormente a isso somente era possível fazer recomendações e propor a ACP. Em matéria de moralidade
administrativa, após as alterações trazidas pela Lei 13.964/2019, a Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Adminis-
trativa), passou finalmente a permitir a celebração de acordo, já que antes a lei vedava expressamente qualquer
negociação nesse sentido. O assunto foi objeto de regulamentação da Resolução 179/2017 do Conselho Nacio-
nal do Ministério Público – CNMP, de maneira que não existem mais dúvidas quanto a essa possibilidade (Farias).
LEGITIMIDADE: art. 5º, §6º, da Lei 7.347/85 (LACP): “Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos in-
teressados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá
eficácia de título executivo extrajudicial”. Letra da lei: apenas ÓRGÃOS PÚBLICOS. Doutrina: Cléber Masson e a
maioria dos autores considera que por órgãos públicos devemos entender como legitimados ativos para propor
o TAC os “entes públicos”, ou seja, instituições como MP e autarquias possuem legitimidade, desde que dentro
de sua área de atuação/fins institucionais.
IMPORTÂNCIA: MEIO DE RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS, desoneração do Judiciário e de outros
órgãos de regulação administrativa, celeridade da resolução das controvérsias.
EXECUÇÃO: a maioria da doutrina aponta que, por versar sobre interesses de âmbito coletivo, a execução das
obrigações estabelecidas no TAC, para o caso de descumprimento de seus termos, poderá ser feita por qualquer
legitimado, independentemente de ter sido ele ou não o responsável pelo compromisso estabelecido.
Obs: Para assumir a condição de título executivo, não é necessário que o termo de compromisso seja assinado
por duas testemunhas, uma vez que não se trata de documento particular, e tal formalidade tampouco é exigida
na LACP ou no ECA. Também é prescindível, para a exequibilidade do título, que o compromissário reconheça
ser causador do dano ou da ameaça.
#ATENÇÃO: Como o tomador do compromisso não é titular do interesse em questão, não pode abdicar, ainda
que parcialmente, do seu conteúdo - Sendo assim, o compromisso deve ser formulado de maneira a fixar ape-
nas o modo, o lugar e o tempo no qual o dano ao interesse transindividual deve ser reparado, ou a ameaça ser
afastada, na sua integralidade
#DEOLHONAJURIS
A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de
ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias pe-
nal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
O cumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta deve ser regido pelo Código Florestal vigen-
te à época da celebração do acordo - Caso concreto: o Termo de Ajustamento de Conduta foi celebrado
sob a égide da Lei nº 4.771/65 (antigo Código Florestal). Ocorre que entrou em vigor o novo Código Flo-
restal (Lei nº 12.651/2012) com regras diferentes daquelas que haviam sido ajustas no TAC. Será possível
aplicar as regras do novo Código Florestal? Não. O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir
o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada.Uma vez celebrado, e cumpri-
das as formalidades legais, o Termo de Ajustamento de Conduta - TAC constitui ato jurídico perfei-
to, imunizado contra alterações legislativas posteriores que enfraqueçam as obrigações ambientais
nele estabelecidas. Deve, assim, ser cabal e fielmente implementado, vedado ao juiz recusar sua execu-
ção, pois do contrário desrespeitaria a garantia da irretroatividade da lei nova, prevista no art. 6º da LINDB
STJ. 2ª Turma. REsp 1802754-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/10/2019 (Info 679).
#OLDBUTGOLD O CNMP não tem competência para examinar a decisão do Conselho Superior do Minis-
tério Público Estadual que homologa ou não Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), considerando que
essa discussão envolve a atividade-fim do órgão, aspecto que não deve ser submetido à fiscalização do CNMP.
STF. 2ª Turma. MS 28028/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2012 (Info 686).
d) Processo estrutural.
#ALERTAINOVAÇÃO PROCESSO ESTRUTURAL: trata-se de inovação trazida pela Lei n. 13.655/2018 à Lei de In-
trodução às Normas do Direito Brasileiro (art 21), visando a implementação de técnicas processuais de tutela com
características estruturais nos litígios complexos que envolvam o controle da Administração Pública. Surgiu da
necessidade de aplicar aos litígios complexos, com impacto multidimensional, uma estrutura de tutela processual
mais plástica. Dessa forma, nas palavras de Fernando Menegat, constitui uma nova formatação para a tutela exe-
cutiva da sentença condenatória e/ou mandamental na qual o juiz, ao invés de unilateralmente impor obrigações
de cumprimento imediato, nos rígidos prazos fixados pela norma processual, planeja e dimensiona no tempo, com
a cooperação das partes, um cronograma ótimo para a implementação das obrigações impostas pela sentença,
atento aos impactos e repercussões extra- processuais da ordem judicial.
LEGITIMIDADE DA DP NAS AÇÕES COLETIVAS: No julgamento da ADI 3943 o STF afirmou que a Defen-
soria Pública é legitimada para a propositura de ACP desde o advento da CR∕88, quando foi criada. Isto
porque, o artigo 5° da Lei 7.347∕85, já previa a legitimidade da União, dos Estados e do Distrito Federal, de maneira
que, sendo a Defensoria Pública órgão pertencente a estes entes, restava demonstrada sua legitimidade. Ocorre
que, com o advento da Lei 11.448∕07, a instituição foi incluída expressamente no rol de legitimados (artigo
5°, II, da Lei 7,347∕85), restando incontroversa possibilidade de atuação.
#MARCOSLEGISLATIVOS #MARCOSJURISPRUDENCIAIS:
#ATENÇÃO: dentro do tema legitimidade da Defensoria Pública na ACP (e nas demais ações coletivas) - conhecer
as funções típicas e atípicas da Defensoria Pública (aspecto subjetivo) e os direitos que podem ser tutelados (aspec-
to objetivo). JURISPRUDÊNCIA: A Lei n° 11.448/07 incluiu no rol de legitimados a Defensoria Pública. A instituição
será legitimada sempre que houver interesses de necessitados, em sentido amplo, não se limitando aos necessita-
dos econômicos, conforme definido pelo STF e STJ. A DPE será legitimada para a tutela dos direitos difusos, cole-
tivos em sentido estrito e individuais homogêneos. A existência de pessoas não necessitadas no grupo não elide a
legitimação da defensoria, mas a ausência de interesses de necessitados é causa de ausência de legitimação.
PONTO II
a) A integração normativa (Constituição Federal, Lei da Ação Civil Pública, Código de Defesa do Consumidor,
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei do Mandado de Segurança, Lei da Ação Popular, Estatuto da
Pessoa
com Deficiência e outras leis especiais). Competência.
- Pontos importantes presentes nos diversos diplomas normativos que compõem o microssistema da tutela cole-
tiva:
a) Intervenção móvel ou multifacetária das pessoas jurídicas (despolarização da demanda): tem previsão
tanto na Lei da Ação Popular, como na Lei de Improbidade Administrativa (arts. 6º, §3º da LAP e 17, §3º da LIA).
É a possibilidade, por parte da pessoa jurídica nas demandas coletivas, a juízo de seu representante legal e com
a finalidade de atender ao interesse público, optar por atuar ao lado do autor, contestar a ação como ré ou não
contestar.
b) Legitimidade conglobante: é a legitimidade que decorre do ordenamento jurídico, ou seja, não apenas da
lei. Segundo Diddier, é a legitimidade decorrente do ordenamento jurídico, somada à representatividade ade-
quada para a defesa em juízo dos direitos afirmados.
c) Legitimidade bifronte: é sinônimo de intervenção móvel/litisconsórcio pendular/intervenção multifacetária,
consistindo no fenômeno processual em que, decidindo a pessoa jurídica demandada atuar ao lado do autor da
ação popular, assumirá posição similar à do assistente litisconsorcial ( já explicitado na letra “a”)
d) Legitimidade híbrida: é muito comum nas ações de improbidade, em que a pessoa jurídica defende interes-
se próprio (legitimidade ordinária) e interesse da coletividade (legitimidade extraordinária).
e) Ação coletiva híbrida: é aquela que busca defender, ao mesmo tempo, todas as espécies de direitos coleti-
vos: direitos individuais homogêneos, direitos coletivos stricto sensu e direitos difusos. O STJ acolhe essa possi-
bilidade (REsp 129.3606)
- Dada a característica da legitimidade no processo coletivo, que é extraordinária (por substituição processual),
concorrente e disjuntiva, torna-se possível a coligação de vários colegitimados para a propositura da ação coletiva,
ou mesmo sua coligação no pólo passivo.
- Doutrina: trata-se sempre de litisconsórcio unitário, pois que a decisão a ser proferida deverá ser exatamente a
mesma para todos os litisconsortes. Isso porque a decisão da ação coletiva não é prolatada em razão da parte
processual (substituto), mas em razão da coletividade substituída.
-Intervenção móvel ou multifacetária da LAP (art. 6º, parágrafo 3º, LAP): litisconsórcio facultativo.
-Art. 94, CDC: intervenção individual em ações acidentalmente coletivas. É uma espécie de assistente litisconsorcial.
#Atenção: Litígio possessório coletivo (art. 565, caput e parágrafo 2º, NCPC): não é caso de ação coletiva, mas
de litisconsórcio multitudinário. Se envolver hipossuficientes, deve haver a intimação da Defensoria Pública. É um
exemplo de ação coletiva passiva.
#OLHAOGANCHO: #AÇÃO COLETIVA PASSIVA: é aquela em que a coletividade é ré, figurando, pois, no pólo
passivo. A primeira posição estabelece que não existe no direito brasileiro ação coletiva passiva (Dinamarco), eles
sustentam que além de não haver previsão legal na lei, não haveria quem pudesse representar a coletividade ré. A
segunda posição (Ada Pellegrini) diz que existe sim ação coletiva passiva e que ela é inspirada na “class action” do
direito americano. Nesse sentido, ainda sustenta que não é o fato de não ter previsão legal que impede o reconhe-
cimento do instituto no sistema uma vez que sua admissão decorre da interpretação de todo o sistema.
#ATENÇÃO: Litisconsórcio da assistência de não colegitimados no polo ativo de ações civis públicas (Masson):
Ação civil pública para defesa Litisconsórcio e assistência litisconsorcial de não colegitimados no
de: polo ativo
Regra: impossíveis, pois: 1) a lei só previu litisconsórcio no caso de cole-
gitimados (LACP, art. 5.º, § 2.º) ou de interesses individuais homogêneos
(CDC, art. 94); 2) haveria risco de tumulto processual, pelo grande afluxo
Interesses difusos de novos sujeitos processuais.
Exceção doutrinária: possível o litisconsórcio somente ao cidadão, nos ca-
sos em que também lhe for possível ajuizar ação popular com idêntico
objeto ou conexa.
Impossíveis, pois: 1) a lei só previu litisconsórcio no caso de colegitimados
(LACP, art. 5.º, § 2.º) ou de interesses individuais homogêneos (CDC, art.
94); 2) haveria risco de tumulto processual, pelo grande afluxo de novos
Interesses coletivos sujeitos processuais.
Obs.: a exceção doutrinária dos cidadãos aqui não se aplica, pois eles não
poderiam defender direitos coletivos nem mesmo em ações populares.
Possível para os indivíduos lesados (CDC, art. 94). À letra da lei, tratar-se-ia
Interesses individuais de litisconsórcio ulterior.
homogêneos Pensamos, porém, que a hipótese se aproxima mais de uma assistência
litisconsorcial.
#DEOLHONAJÚRIS: Em ação civil pública, a formação de litisconsórcio ativo facultativo entre o Ministério Público
Estadual e o Federal depende da demonstração de alguma razão específica que justifique a presença de ambos na
lide. STJ. 3ª Turma. REsp 1254428-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 2/6/2016 (Info 585).
O STJ já decidiu que a ACP pode controlar a constitucionalidade de leis e atos normativos, porém, apenas de ma-
neira incidental, sem declaração erga omnes da inconstitucionalidade (REsp 728.406-DF). A 2ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça reafirmou o entendimento de que é cabível a ação civil pública como instrumento de controle
difuso de constitucionalidade quando a alegação de inconstitucionalidade integra a causa de pedir, e não o pedido.
Ou seja, haverá eficácia só no caso concreto.
#ATENÇÃO: não há que se falar em utilização da ACP como forma de controle concentrado abstrato de constitu-
cionalidade. Isso porque se utilizada dessa forma, estar-se-ia empregando-a como sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade (ADI), o que, aí sim, é vedado pelo Supremo.
Desse modo, é totalmente possível conviver uma ACP em 1ª Instância e uma ADI (ou uma ADC) no STF, tendo em
vista que os pedidos são diferentes (enquanto na ACP pede-se uma providência concreta, na ADI ou ADC pede-se
declaração de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade).
Dano Moral nos Direitos Individuais Homogenêos: É totalmente pacífica na doutrina e na jurisprudência a pos-
sibilidade de dano moral por ofensa aos direitos individuais homogêneos. Os destinatários das indenizações, por
evidente, são as vítimas e sucessores que tiveram direito da personalidade ofendido pelo evento.
Dano Moral nos Direitos Difusos e Coletivos Stricto Sensu: Nos direitos difusos e coletivos a jurisprudência é
conflitante.
Parcela do STJ entende que não existe dano moral nos direitos difusos e coletivos:
→ REsp 971.844-RS: O STJ entendeu que não cabe dano moral difuso no caso de má prestação de serviço de te-
lefonia. Argumentou o STJ que a coletividade não tem personalidade, não tem dignidade, e não tendo dignidade
não se fala em dano moral.
→ REsp 1.003.126-PB: O STJ entendeu não haver dano moral difuso no caso de fraude em processo licitatório.
→ REsp 1.035.977: O STJ entendeu que não haveria dano moral difuso em caso de dano ao meio ambiente.
Noutro turno, em vários outros julgados, o STJ defendeu que existe dano moral difuso e coletivo, asseverando que
o dano moral nesses casos assume um caráter punitivo e com o objetivo de evitar a reiteração da prática (punitive
damages). Conclusão: A diferença clássica aqui reside no fato de que a 1ª posição liga o dano moral exclusivamen-
te à personalidade, e para haver personalidade é preciso identificar as pessoas atingidas o que se torna inviável no
caso. Já para a 2ª posição o dano moral é ligado muito mais ao caráter punitivo, com o viés de se evitar a repetição
da prática.
→ REsp 1.221.756-RJ: O STJ entendeu que o banco que não permite acessibilidade a idosos e deficientes, além de
reparar o dano material (que é tão somente fazer o acesso para os idosos e deficientes), deve pagar indenização
por danos morais difusos. Esse banco havia colocado o atendimento para idosos e deficientes no 2º andar e não
havia elevador na agência. O STJ concluiu que apenas determinar ao banco que retornasse o atendimento para o
1º andar não era suficiente, sendo necessário sancionar a instituição financeira para evitar que ele voltasse a repetir.
→ REsp 1.203.573-RS: O STJ entendeu que a sociedade empresarial que havia cobrado indevidamente pacote de
serviços, além de devolver o valor para todas as vítimas, deveria pagar indenização por dano moral difuso por
violar o princípio da confiança.
→ REsp 1.328.753-MS: O STJ entendeu que haveria dano moral difuso no caso de dano ambiental.
O destinatário das indenizações dos danos morais difusos e coletivos é o fundo de reparação de bens lesados (art.
13 da LACP).
Dano Social: Atualmente se fala, como vanguarda, em dano social. Conceito: são lesões à sociedade, no seu ní-
vel de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto
por diminuição na qualidade de vida. Os danos sociais são causa, pois, de indenização punitiva por dolo ou culpa
grave, especialmente, repetimos, se atos que reduzem as condições coletivas de segurança, e de indenização
dissuasória, se atos em geral da pessoa jurídica, que trazem uma diminuição do índice de qualidade de vida da
população (Junqueira).
A admissão do dano social no âmbito do processo coletivo resolveria a dúvida jurisprudencial a respeito. Isso por-
que o dano social tem como objetivo típico a punição daquele que pratica um comportamento exemplarmente
negativo. Estabelece uma FUNÇÃO SOCIAL da responsabilidade civil.
#ATENÇÃO: O DANO SOCIAL É DIFERENTE DO DANO MORAL. O dano moral tem dupla função (reparar e punir).
O dano social tem o único objetivo de punir. O dano social é, portanto, uma nova espécie de dano reparável,
que não se confunde com os danos materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente
reprováveis, que diminuem o nível social de tranquilidade.
#ATENÇÃO: O valor da indenização é destinado à coletividade (e não à “vítima” imediata) - Conforme explica Flávio
Tartuce, os danos sociais são difusos e a sua indenização deve ser destinada não para a vítima, mas sim para um
fundo de proteção ao consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo para uma instituição de caridade, a critério
do juiz.
- Enunciado 455, da CJF, reconheceu expressamente a existência de danos sociais: A expressão “dano” no art. 944
abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e
individuais homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.
#ATENÇÃO: NECESSIDADE DE PEDIDO EXPRESSO: Para que haja condenação por dano social, é indispensável que
haja pedido expresso, sob pena de violar os princípios da demanda, da inércia e, fundamentalmente, da adstrição/
congruência, o qual exige a correlação entre o pedido e o provimento judicial a ser exarado pelo Poder Judiciário.
No caso concreto, em uma ação individual houve condenação do réu ao pagamento de indenização por danos
sociais em favor de terceiro estranho à lide, sem que houvesse pedido nesse sentido ou sem que essa questão fosse
levada a juízo por qualquer das partes.
Nessa medida, a decisão condenatória extrapolou os limites objetivos e subjetivos da demanda, uma vez que con-
feriu provimento jurisdicional diverso daquele requerido na petição inicial, beneficiando terceiro alheio à relação
jurídica processual posta em juízo.
STJ. 2ª Seção. Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 12/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 552).
#ATENÇÃO #SÓCABEEMAÇÕESCOLETIVAS Na visão do STJ, a condenação por danos sociais somente pode ocor-
rer em demandas coletivas e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam
pleitear danos sociais. Em suma, não é possível discutir danos sociais em ação individual.
Exemplo de aplicação da indenização por danos sociais: caso de uma fraude ocorrida em um sistema de loterias,
no Rio Grande do Sul, chamado de “Toto Bola”. Ficou constatado que a loteria seria fraudulenta, retirando do con-
sumidor as chances de vencer. Nesse episódio, o TJ/RS, no Recurso Cível 71001281054, DJ 18/07/2007, determinou
indenização a título de dano social para o Fundo de Proteção aos Consumidores.
-Súmula 329 – STJ: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio
público.”
-Pedido: possibilidade de cumulação de pedidos dos danos materiais e morais (individuais e coletivos).
-Sucumbência: na ACP proposta deve haver pedido de condenação em honorários sucumbenciais. Não há adian-
tamento de custas.
#DEOLHONATABELA: Tabela-resumo da legitimidade para a defesa dos interesses transindividuais versados por leis
específicas (Masson):
Lei de proteção
dos titulares de Lei dos Estatuto da
Portadores de Estatuto do
DIPLOMA valores mobiliários Criança e do Lei Maria da Penha
Idoso
e investidores no Deficiência Adolescente
NORMATIVO
mercado
Sim (art. 7.º Sim (art. 210 Sim (art. 93 Não previsto ex-
Duas posições
faz remissão faz remissão à faz remissão à pressamente na
na doutrina, por
à aplicação aplicação da aplicação da lei, embora seja
DEFENSORIA não estar previs-
da LACP, no LACP no que LACP, no que possível inter-
PÚBLICA to na lei. Ressal-
que couber). couber). Res- couber). Res- pretação exten-
ve-se, ainda, a
Ressalve-se salve-se salve-se siva.
Duas posições
na doutrina, por
não estar previs- Depende
Não previsto ex-
ta na lei específi- da posição
pressamente na
ca. Ressalve-se, adotada Sim (previsão
lei, embora seja
quanto à Não expressa no
OAB ainda, a diver- possível inter-
exigibilidade art. 81, III).
gência quanto à pretação exten-
de pertinên-
necessidade de siva.
cia temática.
pertinência te-
mática.
Sim (embora,
se não houver
Duas posições autorização
na doutrina, por Sim (expressa-
ASSOCIA- não estarem Sim Sim a s s e m b l e a r, mente previsto
ÇÕES PRIVA- previstas na lei deva haver na lei).
DAS específica. prévia autori-
zação estatu-
tária).
COMPETÊNCIA
- A regra geral para a definição da competência de foro nas ações coletivas é ditada pela conjugação do art. 2.º,
caput, da LACP, com o art. 93 do CDC. Eles tratam da competência territorial, pois levam em conta o local onde
o dano ocorreu ou poderá ocorrer. Vejamos o art. 2.º, caput, da LACP:
Art. 2.º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá compe-
tência funcional para processar e julgar a causa.
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I– no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II– no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplican-
do-se as regras doCódigo de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
- Nesse sentido, para a definição da competência para processo e julgamento da ação coletiva, precisamos ter em
mente (Masson):
#ATENÇÃO #REGRASESPECÍFICAS:
ECA: local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão: Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absolu-
ta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais
superiores.
ESTATUTO DO IDOSO: DOMICÍLIO DO IDOSO: Art. 80: As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro
do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências
da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.
Regra geral: em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha
ocorrido em outro local. Isso porque como a ação popular representa um direito político fundamental, deve-se
facilitar o seu exercício.
Exceção: o STJ entendeu que o caso concreto envolvendo Brumadinho era excepcional com inegáveis peculia-
ridades que impõem a adoção de uma solução diferente para evitar tumulto processual em uma situação de
enorme magnitude social, econômica e ambiental. Assim, para o STJ é necessário superar, excepcionalmente, a
regra geral. Entendeu-se que seria necessário adotar uma saída pragmática para permitir uma resposta do Poder
Judiciário aos que sofrem os efeitos desta grande tragédia.
A regra geral do STJ deve ser usada quando a ação popular for isolada. Contudo, no caso de Brumadinho havia
uma ação popular em Campinas (SP) competindo e concorrendo com várias outras ações populares e ações civis
públicas, bem como com centenas, talvez milhares, de ações individuais tramitando em MG, razão pela qual, em
se tratando de competência concorrente, deve ser eleito o foro do local do fato.
Em face da magnitude econômica, social e ambiental do caso concreto, é possível a fixação do juízo do local do
fato para o julgamento de ação popular que concorre com diversas outras ações individuais, populares e civis
públicas decorrentes do mesmo dano ambiental.
STJ. 1ª Seção. CC 164362-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019 (Info 662).
#Atenção: Nas causas relacionadas ao direito indígena, não é o fato de ter índio no processo que fixa a competên-
cia da Justiça Federal, mas a causa de pedir “direito dos povos indígenas”.
b) Tutela coletiva de direitos e tutela de direitos coletivos. Classificação dos direitos coletivos. Princípios.
Tema já tratado.
A representatividade possui presunção ope legis (art. 5.º, da LACP), ou seja, é a lei que estabelece os legiti-
mados e indica os requisitos para a atuação judicial em processo coletivo.
#umpoucodededoutrina O nosso sistema é diferente do das class actions estadunidense, onde existe a possibili-
dade de aferição pelo magistrado acerca da adequação da representação do ente legitimado, como forma de ga-
rantir um processo que efetivamente tutele os interesses coletivos. Como requisito de desenvolvimento processual
válido, é preciso que o Juiz se convença que o autor possa defender adequadamente os interesses coletivos que
estão em jogo no processo. A isso se dá o nome de representação adequada, cuja principal consequência é tornar
a legitimidade nas ações coletivas em ope iudicis (no nosso sistema, por conta da presunção ope legis, resta tão
somente a verificação de requisitos objetivos - constituição há pelo menos um ano e finalidade institucional da de-
fesa dos interesses coletivos - para se propiciar o seguimento do processo coletivo, não cabendo essa “valoração
aberta” pelo magistrado).
#ATENÇÃO #EXCEPCIONALIDADE Atenção para o caso julgado pelo Ministro Luis Felipe Salomão (relator do
REsp n. 1213614-RJ), em que o Ministro destacou ser “plenamente possível que, excepcionalmente, de modo de-
vidamente fundamentado, o magistrado exerça, mesmo que de ofício, o controle de idoneidade (adequação da
representação) para aferir/afastar a legitimação ad causam de associação” – esse entendimento foi proferido em
situação excepcional, não significando que tenha introduzido no direito pátrio instituto parecido com a “representa-
ção adequada” do direito norte-americano, em que o Juiz faz uma avaliação prévia, casuisticamente, das condições
da pessoa autora da ação coletiva. Para a maior parte da doutrina, estudando-se as peculiaridades do caso, vê-se
que o Ministro não pretendeu que, em cada caso, o Juiz faça uma avaliação prévia das condições da entidade au-
tora de uma ação coletiva, sob os aspectos da capacidade técnica ou econômica. Com efeito, o Ministro foi buscar
fundamento no art. 125, III, do CPC, que diz que o Juiz deve reprimir “ato atentatório à dignidade da Justiça”, para
no caso concreto negar legitimidade à associação autora. É que o caso envolvia circunstância gravíssima, onde a
entidade autora não era propriamente uma “associação”, mas apenas uma pessoa jurídica criada formalmente sob
essa moldura, que na verdade poderia servir como artifício de atuação para interesse de um único advogado, sem
qualquer atividade associativa aparente. O Ministro destacou dado revelador apurado na corte de origem, de que
todos os associados da entidade proponente tinham domicílio em um único local, circunstância que “já mostra in-
dícios de algo que deve ser apurado” - associação apenas formal, chamada “associação de gaveta”, sem qualquer
atividade conhecida ou registrada, em que os sócios apenas emprestaram seus nomes para sua constituição, tanto
que têm um único domicílio. O Ministro considerou, assim, que permitir uma “associação” com esse nível de apa-
rência artificiosa possa movimentar a máquina judiciária, com isenção de custas e outros benefícios, atenta contra
a dignidade da Justiça.
#CONCLUSÃO a verificação da representação adequada pode ocorrer em casos extremos – STF: contanto
que não seja exercido de modo a ferir a necessária imparcialidade inerente à magistratura, e sem que
decorra de análise eminentemente subjetiva do juiz, ou mesmo de óbice meramente procedimental”.
Continua, portanto, valendo a regra da presunção ope legis (com exceção de casos extremos, em que o magis-
trado pode fazer o controle da representatividade adequada para evitar flagrantes abusos). Também nesse sen-
tido: Embora a finalidade da associação, prevista no estatuto, possa ser razoavelmente genérica, não pode ser,
entretanto, desarrazoada, sob pena de admitirmos a criação de uma associação civil para a defesa de qualquer
interesse, o que desnaturaria a exigência de representatividade adequada do grupo lesado (Info 572 – STJ). Ainda
nesse sentido: Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade
para o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do segu-
ro DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1091756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/12/2017 (Info 618).
Neste sentido, o seguinte julgado: Como regra, para que uma associação possa propor ACP, ela deverá estar
constituída há pelo menos 1 ano. Exceção. Este requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
bem jurídico a ser protegido (§ 4º do art. 5º da Lei nº 7.347/85). Neste caso, a ACP, mesmo tendo sido proposta
por uma associação com menos de 1 ano, poderá ser conhecida e julgada. Como exemplo da situação descrita
no § 4º do art. 5º, o STJ decidiu que: É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para
associação ajuizar ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações ao consumidor
sobre a existência de glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp 1600172-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
15/9/2016 (Info 591).
Ainda no mesmo sentido, de possibilidade de flexibilização da presunção de legitimidade ope legis tendo em vis-
ta o caso concreto: É possível ao juízo, de ofício, reconhecer a inidoneidade de associação regularmente constituída
para propositura de ação coletiva? SIM. Quando houver sintomas de que a legitimação coletiva vem sendo utili-
zada de forma indevida ou abusiva, o magistrado poderá, de ofício, afastar a presunção legal de legitimação de
associação regularmente constituída para propositura de ação coletiva. A legitimidade de uma associação para a
propositura de ACP pode ser afastada pelo fato de o estatuto da associação ser exageradamente genérico? SIM. O
argumento de que o estatuto da associação é desmesuradamente genérico tem respaldo na jurisprudência do STJ.
Embora a finalidade da associação, prevista no estatuto, possa ser razoavelmente genérica, não pode ser, entretan-
to, desarrazoada, sob pena de admitirmos a criação de uma associação civil para a defesa de qualquer interesse, o
que desnaturaria a exigência de representatividade adequada do grupo lesado. STJ. 4ª Turma. REsp 1213614-RJ, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1º/10/2015 (Info 572).
Atenção para a legitimidade das ASSOCIAÇÕES para a interposição de ações coletivas – existem muitos julgados
parecidos que tratam do tema, mas que possuem pequenas diferenças, que a gente não pode deixar de revisar:
- As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou individuais homo-
gêneos, independentemente de autorização expressa dos associados. STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 28/03/2019.
As associações de classe atuam como representantes processuais, sendo obrigatória a autorização individual ou
assemblear dos associados - STF, RE 573.232. Esse entendimento, todavia, não se aplica na hipótese de a asso-
ciação buscar em juízo a tutela de interesses ou direitos difusos - art. 82, IV, do CDC. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp
1335681/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/02/2019.
Por se tratar do regime de substituição processual, a autorização para a defesa do interesse coletivo em sentido
amplo é estabelecida na definição dos objetivos institucionais, no próprio ato de criação da associação, sendo
desnecessária nova autorização ou deliberação assemblear. As teses de repercussão geral resultadas do julga-
mento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC tem seu alcance expressamente restringido às ações coletivas de
rito ordinário, as quais tratam de interesses meramente individuais, sem índole coletiva, pois, nessas situações, o
autor se limita a representar os titulares do direito controvertido, atuando na defesa de interesses alheios e em
nome alheio. STJ. 3ª Turma. REsp 1649087/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/10/2018. STJ. 3ª Turma.
AgInt no REsp 1719820/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/04/2019.
Não confundir. As associações precisam de autorização específica dos associados para ajuizar ação coletiva?
Depende:
1) Ação coletiva de rito ordinário proposta pela associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM. O
disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando pre-
visão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. As balizas subjetivas
do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo de
conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial. STF. Plenário.
RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014
(repercussão geral) (Info 746).
2) Ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos):
NÃO. As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou individuais
homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados. STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2019.
- Para o STF, a autorização estatutária genérica conferida à associação não é suficiente para legitimar a sua
atuação em juízo na defesa de direitos de seus filiados. Assim, para cada ação a ser proposta, é indispensável
que os filiados a autorizem de forma expressa e específica. A regra acima exposta apresenta alguma exceção?
A associação precisará da autorização expressa para toda e qualquer ação a ser proposta? Sim, no caso de
impetração de mandado de segurança coletivo a associação não precisa de autorização específica dos filiados,
tendo em vista que atua, neste caso, como substituto processual, diante da previsão legal expressa no artigo 5,
LXX, “b”, da CR/88.
#IMPORTANTE #SAINDODOFORNO Ao julgar o Tema 499, o STF fixou a seguinte tese: A eficácia subjetiva da
coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador,
que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica
juntada à inicial do processo de conhecimento (STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 10/5/2017). Essa tese do STF se aplica exclusivamente para ações coletivas ajuizadas sob o rito ordinário por
associação quando atua como representante processual dos associados. Isso significa que tal entendimento não
se aplica para mandado de segurança coletivo impetrado por associação. O mandado de segurança coletivo
configura hipótese de substituição processual, por meio da qual o impetrante, no caso a associação, atua em
nome próprio defendendo direito alheio, pertencente aos associados ou parte deles, sendo desnecessária, para
a impetração do mandamus, apresentação de autorização dos substituídos ou mesmo lista nominal. Por tal
razão, os efeitos da decisão proferida em mandado de segurança coletivo beneficiam todos os associados, ou
parte deles cuja situação jurídica seja idêntica àquela tratada no decisum, sendo irrelevante se a filiação ocorreu
após a impetração do writ. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1841604-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 22/04/2020 (Info 670). C
ONCLUSÃO: No caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a associação não precisa de autori-
zação específica dos filiados. Vejamos o que diz a CF/88: Art. 5º (...) LXX - o mandado de segurança coletivo
pode ser impetrado por: b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;Há, inclusive,
uma súmula tratando a respeito:
Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associa-
dos independe da autorização destes.
#MAIS EXCEÇÕES #ATENÇÃO No caso de impetração de mandado de injunção coletivo, a associação também
não precisa de autorização específica dos filiados. Veja o que diz a Lei nº 13.300/2016: Art. 12. O mandado de
injunção coletivo pode ser promovido: (...) III - por organização sindical, entidade de classe ou associação le-
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
#SISTEMATIZANDO #AJUDAMARCINHO: AS ASSOCIAÇÕES PRECISAM DE AUTORIZAÇÃO ESPECÍFICA DE SEUS
FILIADOS PARA O AJUIZAMENTO DE AÇÕES EM DEFESA DESTES?
EXCEÇÃO 1: MS coletivo
EXCEÇÃO 2: MI coletivo
Fundamento: o inciso LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige
autorização expressa. Fundamento: o art. 12, III, da Lei nº 13.300/2016
afirma expressamente que o mandado de in-
O LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige autorização ex- junção coletivo pode ser promovido pela as-
pressa.Trata-se de hipótese de legitimação extraordinária sociação, dispensada, para tanto, autorização
(substituição processual), ou seja, a associação defende, especial.
em nome próprio, direito dos filiados.
- Precisamos saber, ainda, a diferença entre a legitimidade das associações e dos sindicatos para propor ações
coletivas:
Ação coletiva proposta por ASSOCIAÇÃO Ação coletiva proposta por ENTIDADES SINDICAIS
A associação atua como representante processu- O sindicato atua como substituto processual (em nome
al (atua em nome dos associados). próprio defendendo direito alheio).
A associação precisa da autorização dos asso- O sindicato não precisa da autorização dos membros da
ciados para propor a ação coletiva na defesa de categoria (trabalhadores) para propor a ação coletiva na
seus interesses. defesa de seus interesses.
A associação é obrigada a apresentar a relação no- O sindicato não precisa apresentar a relação nominal
minal dos associados que autorizaram a demanda dos substituídos juntamente com a petição inicial da
juntamente com a petição inicial da ação proposta. ação proposta.
#ATENÇÃO: A associação não tem legitimidade ativa para defender os interesses dos associados que vierem a se
agregar somente após o ajuizamento da ação de conhecimento - (Info 579 - STJ) #ATENÇÃO #SITUAÇÃODIVERSA:
Ao julgar o Tema 499, o STF fixou a seguinte tese: A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os
filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data
da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento (STF.
Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017). Essa tese do STF se aplica exclusivamente
para ações coletivas ajuizadas sob o rito ordinário por associação quando atua como representante processual dos
associados. Isso significa que tal entendimento não se aplica para mandado de segurança coletivo impetrado por
associação. O mandado de segurança coletivo configura hipótese de substituição processual, por meio da qual o
impetrante, no caso a associação, atua em nome próprio defendendo direito alheio, pertencente aos associados
ou parte deles, sendo desnecessária, para a impetração do mandamus, apresentação de autorização dos substi-
tuídos ou mesmo lista nominal. Por tal razão, os efeitos da decisão proferida em mandado de segurança coletivo
beneficiam todos os associados, ou parte deles cuja situação jurídica seja idêntica àquela tratada no decisum, sendo
irrelevante se a filiação ocorreu após a impetração do writ. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1841604-RJ, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 22/04/2020 (Info 670)
#CONCLUSÕES
#ATENÇÃO Possibilidade de a associação que ajuizou a ACP ser substituída por outra associação no polo ativo
da demanda: Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pública, é possível sua substituição no
polo ativo por outra associação. O microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o aproveitamento
do processo coletivo, possibilitando a sucessão da parte autora pelo Ministério Público ou por algum outro co-
legitimado (ex: associação), mormente em decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas
coletivas. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1405697/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/09/2019.
- Mais um entendimento #SAINDODOFORNO que estará na nossa prova: Segundo o STJ, a associação pode
assumir ação coletiva iniciada por outra mesmo sem autorização expressa dos associados. STJ: é plenamente
possível, haja vista que o microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o aproveitamento do processo
coletivo, possibilitando a sucessão da parte autora pelo Ministério Público ou por algum outro colegitimado,
mormente em decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas coletivas».
O relator ressaltou que esse entendimento tem como base o parágrafo 3º do artigo 5º da Lei da Ação Civil Pú-
blica e o artigo 9º da Lei da Ação Popular (RE 612.043)
ATENÇÃO PARA O QUE DIZ A LETRA DA LEI E A JURISPRUDÊNCIA SOBRE A EFICÁCIA TERRITORIAL DA SEN-
TENÇA NO PROCESSO COLETIVO:
O art. 16 da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) estabelece o seguinte: A sentença civil fará coisa julgada
erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improce-
dente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494/97)
O que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação civil pública não produz efeitos no Brasil todo.
Ela irá produzir efeitos apenas na comarca (se for Justiça Estadual) ou na seção ou subseção judiciária (se for
Justiça Federal) do juiz prolator.
Para o STJ, o art. 16 da LACP é válido? A decisão do juiz na ação civil pública fica restrita apenas à comarca ou à
seção (ou subseção) judiciária do juiz prolator? NÃO. A posição que prevalece atualmente é a seguinte: A eficácia
das decisões proferidas em ações civis públicas coletivas NÃO deve ficar limitada ao território da competência do
órgão jurisdicional que prolatou a decisão. (STJ. Corte Especial. EREsp 1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 24/10/2016).
Os efeitos da sentença proferida em ação civil pública versando direitos individuais homogêneos em relação
consumerista operam-se erga omnes para além dos limites da competência territorial do órgão julgador, isto
é, abrangem todo o território nacional, beneficiando todas as vítimas e seus sucessores, já que o art. 16 da Lei
nº 7.347/85 deve ser interpretado de forma harmônica com as demais normas que regem a tutela coletiva de
direitos. STJ. 3ª Turma. REsp 1594024/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/11/2018.
#MAISJULGADOSSOBRELEGITIMIDADE:
- Cancelada a súmula 470, do STJ: “O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pú-
blica, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado” O MP tem legitimidade para ingres-
sar com ação coletiva por direito individual homogêneo dos beneficiários do DPVAT. #OLHAOGANCHO Uma
associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o ajuiza-
mento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro DP-
VAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1091756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/12/2017 (Info 618).
- O Ministério Público Federal possui legitimidade para propor ação civil pública a fim de debater a cobrança de
encargos bancários supostamente abusivos praticados por instituições financeiras privadas. Ex: ação civil pública
ajuizada pelo MPF contra diversos bancos privados pedindo para que seja declarada abusiva (STJ. 3ª Turma. REsp
1573723-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/12/2019 (Info 662).
- O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais
relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850) (Info 955). ATENÇÃO AQUI: Na nossa prova,
precisamos estar atentos ao enunciado - se for cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma prova
objetiva, provavelmente, esta será a alternativa correta: art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85: Art. 1º (...) Pa-
rágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional
cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001).
- O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo de apo-
sentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
- Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas
questionando a cobrança de tarifas bancárias.
- Em relação ao Ministério Público e aos entes políticos, que têm como finalidades institucionais a proteção de
valores fundamentais, como a defesa coletiva dos consumidores, não se exige pertinência temática e representa-
tividade adequada. STJ. 3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).
#DEOLHONASÚMULA Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de
serviço público. STJ. Corte Especial. Aprovada em 07/02/2018, DJe 14/02/2018.
- A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais homo-
gêneos de consumidores idosos que tiveram plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária,
ainda que os titulares não sejam carentes de recursos econômicos. A atuação primordial da Defensoria Pública,
sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas
atividades em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A expres-
são “necessitados” prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a atuação da Defensoria Pública,
deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto
em favor dos carentes de recursos financeiros como também em prol do necessitado organizacional (que são os
“hipervulneráveis”). STJ. Corte Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573)
Litispendência e conexão:
a) Conexão, continência e litispendência entre ações coletivas: É possível a litispendência entre ações civis
públicas, ou entre elas e outras ações coletivas. Uma ação civil pública pode ter o mesmo objeto e a
mesma causa de pedir que um mandado de segurança coletivo ou que uma ação popular. No tocante
ao polo ativo, sua identidade é desnecessária para configurar a litispendência nas ações coletivas,
valendo o que foi dito em relação à continência. Com efeito, nas ações coletivas em geral qualquer
dos colegitimados, em nome próprio, defende interesses transindividuais de um grupo, classe, ou
categoria de pessoas, que poderão ser atingidos pela sentença independentemente de quem haja
proposto a ação. Sendo assim, basta a identidade de réus, das causas de pedir e dos pedidos, para que
a identidade de ações (e, portanto, a litispendência) se verifique. Prescreve o art. 267, V, do CPC/1973
(art. 485, V, do novo CPC) que a litispendência é causa de extinção do processo, sem resolução do mérito. A
finalidade é evitar conflito prático de julgados. O processo a ser extinto é aquele onde houve a citação válida
mais tardia, visto que a litispendência é induzida pela citação válida (CPC/1973, art. 219, caput; novo CPC, art.
240). O mesmo deve ocorrer na litispendência entre uma ação civil pública e outra ação coletiva (mandado
de segurança coletivo ou ação popular – segundo Cleber Masson). Sem embargo, no último caso, e desde
que as ações tenham sido propostas por autores diferentes, parte da doutrina sustenta ser melhor, em aten-
ção ao ideal de efetividade do processo e à garantia do acesso à justiça, a reunião dos processos, mesmo
porque a extinção de algum deles não impediria que seu autor interviesse no processo remanescente, como
assistente litisconsorcial.
b) Conexão, continência e litispendência entre ações civis públicas e ações individuais: Como explica Masson,
em alguns casos, um mesmo fato pode dar origem a pretensões para reparação, de um lado, de direitos
difusos e/ou coletivos, e, de outro, de direitos individuais homogêneos. Imagine-se, por exemplo, que um
vazamento industrial, ao promover a poluição de um rio, inviabilizasse a agricultura nas suas margens. Daí
surgiria uma pretensão de direito difuso, emergente do dano ao meio ambiente, e várias pretensões de di-
reitos individuais, advindas dos danos individualmente sofridos pelos agricultores. O direito difuso seria pas-
sível de tutela via ação civil pública. Já os direitos individuais homogêneos poderiam ser defendidos via ação
civil pública, ou, ainda, por meio de ações individualmente ajuizadas por cada vítima. Em casos como o da
última hipótese (concomitância de uma ação civil pública e ações individuais), certamente haveria conexão
(identidade, ao menos parcial, da causa de pedir nas ações coletivas e nas individuais), e, para alguns autores,
dependendo do caso, continência (as ações individuais poderiam estar contidas nas ações coletivas que ver-
sassem interesses individuais homogêneos, ou, até mesmo, coletivos), abrindo espaço para discussão sobre
a possibilidade de reunião das individuais e coletivas, seja para evitar decisões logicamente conflitantes, seja
para aproveitar a prova de uma em prol das demais. A competência de foro da ação civil pública, de natu-
reza absoluta, não pode ser alterada pela prevenção do juízo onde tramita a ação individual. Logo, as ações
deverão ser reunidas no juízo da ação civil pública, a menos que ambos os juízos (da ação civil pública e da
ação individual) possuam a mesma competência territorial, caso em que, sendo prevento o juízo da ação
individual, atrairá para si a coletiva. A reunião entre ações coletivas e individuais, porém, frequentemente será
impossível ou inoportuna, quando: causar prorrogação de competência absoluta, (p. ex., remessa de ação in-
dividual de competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal, cuja competência absoluta é restrita às hi-
póteses do art. 109 da CF); dificultar o acesso do lesado à Justiça, retirando sua ação individual do foro de seu
domicílio (CDC, art. 101, I); os processos estiverem em estágios muito distantes; importar a reunião de cente-
nas ou milhares de ações em um mesmo órgão judiciário, o que inviabilizaria tanto a tutela individua como
a coletiva. Não sendo possível ou conveniente a reunião das ações individuais à coletiva, e, caso os lesados
não suspendam suas ações individuais, seria possível ao Magistrado, suspendê-las de ofício, até o julgamento
da ação coletiva? A resposta é negativa. Por força do art. 104 do CDC, caso o processo individual não seja
suspenso por iniciativa do próprio autor, a sentença do processo coletivo não poderá afetar o seu mérito (não
lhe será prejudicial). Sem embargo, vem predominando no STJ o entendimento de que o Judiciário pode, por
outras razões, suspender, de ofício, as ações individuais conexas a uma coletiva. Invoca-se a necessidade de
impedir que a profusão de lides individuais obste uma efetiva e adequada prestação jurisdicional. Afirma-se
que não há negativa ao acesso individual do lesado ao Judiciário (CDC, art. 81), já que lhe é assegurado o
ajuizamento das ações individuais: elas tão somente ficam suspensas até o julgamento da macrolide coletiva.
Aponta-se que essa deve ser a tendência da interpretação judicial contemporânea. Sobre a litispendência:
o o art. 104 do CDC, em sua primeira parte, dispõe que “as ações coletivas, previstas nos incisos I e II do
parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais”. Note-se, ainda, que em tal
passagem o art. 104 prescreve não haver litispendência entre ações individuais e ações coletivas fundadas
nos incisos I (interesses difusos) e II (interesses coletivos) do parágrafo único do art. 81, silenciando sobre o
inciso III deste artigo (interesses individuais homogêneos), o que poderia abrir ensejo a uma interpretação
precipitada, no sentido de que, a contrario sensu, seria possível a litispendência entre ações coletivas sobre
interesses individuais homogêneos (inciso III do art. 81) e ações individuais. Não obstante, trata-se de simples
equívoco do legislador, que se esqueceu de citar o inciso III do art. 81. De todo modo, tal lapso é inofensivo,
pois, pelas razões já suscitadas, o preceituado na primeira parte do art. 104 era perfeitamente prescindível.
Ainda sobre litispendência e conexão, importante sabermos que o STJ vem decidindo no sentido de que tratan-
do-se de ações coletivas, para efeito de aferição de litispendência, a identidade de partes deverá ser apreciada sob
a ótica dos beneficiários dos efeitos da sentença, e não pelo simples exame das partes que figuram no polo ativo
da demanda. Ou seja, o STJ reconhece litispendência entre ações coletivas com partes distintas (REsp 1.726.147 de
2019).
Prescrição:
-A LACP e o CDC não criaram um prazo prescricional especial para as ações civis públicas, nem para o cumprimen-
to, coletivo ou individual, de suas sentenças.
-LEI DA AÇÃO POPULAR: Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.
#STJ #TEMAPOLÊMICO: O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações
coletivas de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648).
Obs: há inúmeros julgados em sentido contrário: Inexistindo a previsão de prazo prescricional específico na Lei
nº 7.347/85, aplica-se à Ação Civil Pública, por analogia, a prescrição quinquenal instituída pelo art. 21 da Lei nº
4.717/65. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 814391/RN, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/05/2019.
STJ. 2ª Turma. REsp 1660385/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/10/2017. STJ. 3ª Turma. REsp 1473846/
SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/02/2017.
-#ATENÇÃO: Prazo prescricional para o ajuizamento de ação civil pública: O art. 21 da Lei de Ação Popular (Lei nº
4.717/65) Prevê prazo de 5 anos, como visto acima. A Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP), por sua vez, não previu um
prazo prescricional para o ajuizamento da ação civil pública. Diante disso, qual prazo deverá ser aplicado?
A posição tradicional do STJ é a de que deveria ser aplicado, por analogia, o prazo de 5 anos previsto no art. 21 da
Lei de Ação Popular: Inexistindo a previsão de prazo prescricional específico na Lei nº 7.347/85, aplica-se à Ação
Civil Pública, por analogia, a prescrição quinquenal instituída pelo art. 21 da Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Turma. AgInt no
AREsp 814391/RN, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/05/2019. STJ. 2ª Turma. REsp 1660385/RJ,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/10/2017. STJ. 3ª Turma. REsp 1473846/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 21/02/2017.
Ocorre que no 1º semestre de 2019 foi proferido julgado que propôs uma mudança do entendimento acima expli-
cado. Decidiu a 3ª Turma do STJ que: O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica
às ações coletivas de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019
(Info 648). Para a Min. Nancy Andrighi: “ainda que a ação popular e a ação coletiva de consumo componham o
microssistema de defesa de interesses coletivos em sentido amplo, substancial a disparidade existente entre os
objetos e causas de pedir de cada uma dessas ações, o que demonstra a impossibilidade do emprego da analogia
(...) É, assim, necessária a superação (overruling) da atual orientação jurisprudencial desta Corte, pois não há razão
para se limitar o uso da ação coletiva ou desse especial procedimento coletivo de enfrentamento de interesses
individuais homogêneos, coletivos em sentido estrito e difusos, sobretudo porque o escopo desse instrumento
processual é o tratamento isonômico e concentrado de lides de massa relacionadas a questões de direito material
que afetem uma coletividade de consumidores, tendo como resultado imediato beneficiar a economia processual”.
1) Ação civil pública pedindo a reparação de danos ambientais: É imprescritível a pretensão reparatória de danos
ambientais, na esteira de reiterada jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça. STJ. 2ª Turma. REsp 1559396/
MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/11/2016.
2) Ação civil pública pedindo o ressarcimento ao erário pelos danos causados por ato de improbidade praticado
dolosamente: São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado
na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para
acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910).
#SAINDODOFORNO Não há prazo determinado para ajuizamento de ação coletiva de consumo, decide
Terceira Turma A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a ação coletiva
de consumo não se sujeita ao prazo prescricional de cinco anos fixado na Lei 4.717/1965. Para o colegiado, não
há prazo para o exercício do direito subjetivo público e abstrato de agir relacionado ao ajuizamento desse tipo de
ação, o que afasta a aplicação analógica do artigo 21 da Lei da Ação Popular. Nancy Andrighi explicou que, em-
bora a jurisprudência do STJ aplique por analogia o prazo de cinco anos do artigo 21 da Lei da Ação Popular para
a ação coletiva de consumo, por não existir na Lei da Ação Civil Pública prazo expresso para o exercício dessa
modalidade de direito subjetivo público, o emprego da analogia é indevido, em razão da disparidade de
objetos e causas de pedir de cada uma dessas ações.
Para Nancy Andrighi, a Lei 4.717/1965 dispõe expressamente em seu artigo 1º que o objetivo da ação popular é a
anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público em sentido amplo, constatado
a partir dos vícios enumerados no artigo 2º.
Já as ações coletivas de consumo atendem a um espectro de prestações de direito material muito mais amplo,
podendo não só anular ou declarar a nulidade de atos, como também determinar outras providências capazes de
propiciar a adequada tutela dos consumidores, nos termos do artigo 83 do Código de Defesa do Consumidor.
#CONCEITOS-CHAVE:
RIGHT TO OPT IN e RIGHT TO OPT OUT: Se interessado já houver ajuizado uma ação individual, somente poderá
ser beneficiado pelos efeitos de futura sentença em uma ação civil pública que verse sobre direitos individuais ho-
mogêneos, caso, no prazo de 30 dias depois de ter ciência da existência dessa ação coletiva, requeira a suspensão
de sua ação individual (CDC, art. 104). Pode-se dizer, nessa hipótese (guardadas as devidas diferenças em relação
ao sistema norte-americano), que se previu um mecanismo assemelhado a um direito de opt-in. Por sua vez, se o
interessado permanecer inerte, estar-se-ia valendo de seu direito de opt-out, de modo que não será beneficiado
pela futura sentença. Como dissemos anteriormente, os aspectos da coisa julgada nas ações civis públicas serão
tratados mais profundamente no item
Nas sentenças coletivas, é sempre preferível a tutela específica da obrigação, quando não preventivamente, ao
menos para a reconstituição do bem lesado. Não sendo possível a tutela específica, pode-se conceder aquela que
produza resultado prático equivalente. Por último, não sendo viável nenhuma das espécies anteriores, resta valer-se
da condenação em indenização. Mas o que é tutela específica? É aquela que: a) mantém intacta a esfera jurídica
do autor (tutela preventiva); ou b) a restitui com exatidão à situação existente antes do dano ou do ilícito (tutela re-
pressiva), ou provê exatamente a prestação contemplada no contrato (tutela específica da obrigação inadimplida).
A sentença coletiva poderá condenar o réu em obrigação de pagar, fazer ou não fazer. No caso da obrigação
de pagar:
No caso de direitos difusos e direitos coletivos, a sentença fixará a destinação do produto da condenação,
bem como, sempre que possível (ou seja, quando não for necessária a liquidação posterior), determinará o valor
da condenação. Logo, teremos uma sentença condenatória específica. Especificamente no que toca aos direitos
difusos surge um grande problema: seus titulares são indetermináveis. A quem destinar, então, o valor da inde-
nização? Nesse caso, a sentença determinará que os valores em dinheiro sejam recolhidos a um fundo federal
ou estadual de reconstituição dos direitos difusos lesados (LACP, art. 13). Uma exceção à solução do parágrafo
anterior é a reparação de danos ao erário. Nesse caso, os valores não devem ser destinados a um fundo, mas
sim ao patrimônio da respectiva Fazenda Pública (Masson)
Já no caso de direitos individuais homogêneos a sentença é condenatória genérica (CDC, art. 95):fixa a res-
ponsabilidade do réu pelos danos causados, mas não especifica qual o montante devido, nem individualiza as ví-
timas a serem ressarcidas. A identificação das vítimas e o cálculo dos valores a que elas têm direito são realizados
posteriormente à sentença, na liquidação. Além disso, apenas residualmente algum valor poderá ser revertido a
um fundo (federal ou estadual) de defesa dos direitos difusos, na forma de reparação de danos conhecida como
fluid recovery.
Recursos das sentenças coletivas: aplicação subsidiária do NCPC. Assim, aplicam-se à ação civil pública as regras
do CPC no que toca ao prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público recorrerem. #ATENÇÃO:
Também se aplica subsidiariamente às ações civis públicas a regra do prazo processual em dobro para os defenso-
res e quem exerça cargo equivalente, já que se trata de norma genérica (Lei 1.060/1950, art. 5.º, § 5.º) e o micros-
sistema LACP + CDC é omisso no tema. Ademais, a LACP reza, em seu art. 14, que “o juiz poderá conferir efeito
suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte” - nas ações civis públicas, a regra é o recebimento
dos recursos apenas no efeito devolutivo, ressalvada a possibilidade de dano irreparável à parte, que imporá o
recebimento no duplo efeito.
#PECULIARIDADES:
-REEXAME NECESSÁRIO: No que se refere ao reexame necessário, no âmbito das ações civis públicas apenas a
Lei 7.853/1989 (portadores de deficiência) traz norma específica, determinando que “a sentença que concluir pela
carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão de-
pois de confirmada pelo tribunal” (art. 4.º, § 1.º). Aos demais casos aplica-se, subsidiariamente, a disciplina do CDC
-ECA: O ECA tem peculiaridades recursais que destoam das regras aplicáveis às demais ações civis públicas:
a.Seus recursos independem de preparo (art. 198, I). Isso significa que o preparo é inexigível, seja do autor, seja do
réu. Nas demais ações civis públicas, distintamente, o que se dispensa, em caráter absoluto, é apenas o adianta-
mento do preparo (que é espécie das custas), não o seu pagamento. Este, eventualmente, poderá ser devido ao
final do processo(LACP, arts. 17 e 18).
b.O prazo para interpor e responder a apelação é de dez dias (art. 198, II), contrariamente à regra do NCPC, apli-
cável às demais ações civis públicas, que é de 15.
c.Os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor (art. 198, III). Atente-se, porém, que os idosos
também têm prioridade no trâmite nos seus processos judiciais, conforme prescreve o art. 71 do Estatuto do Idoso;
d.O juiz pode exercer o juízo de retratação não apenas nos agravos, como também em qualquer apelação (art.
198, VII).
OBS: Na sistemática do processo coletivo, existe um incidente denominado pedido de suspensão da execução da
sentença não transitada em julgado. Segundo Masson, trata-se de incidente processual conhecido como “suspen-
são de segurança”, admitido por força do § 1.º do art. 4.º da Lei 8.437/1992, para obstar a execução de sentenças
não transitadas em julgado proferidas contra o Poder Público ou seus agentes em ações civis públicas. Não visa à
reforma do mérito da sentença, mas, simplesmente, a evitar sua execução provisória.
COISA JULGADA: matéria cheia de particularidades. Conforme ensina a doutrina, O processo coletivo veio rom-
per o limite da coisa julgada às partes do processo. E essa quebra veio, inicialmente, com a LAP (art. 18), e, mais
tarde, com a LACP (art. 16). Ambas trouxeram a coisa julgada erga omnes. Com o CDC, aprofundou-se a disciplina
da coisa julgada erga omnes, e inclui-se a da coisa julgada ultra partes (art. 103). Tais expressões (erga omnes e ultra
partes) foram empregadas para frisar a diferença em relação ao processo civil tradicional, de cunho individualista,
em que a coisa julgada era adstrita às partes do processo.
#ATENÇÃO #LEISECA O regime da coisa julgada nas ações civis públicas (coisa julgada coletiva) é atualmente
ditado pelos arts. 103 e 104 do CDC, e pelos polêmicos arts. 16 da LACP (na redação dada pela Lei 9.494/1997) e
2.º-A da Lei 9.494/1997 – LER!!
#TABELADOSUCESSO #COISAJULGADANOPROCESSOCOLETIVO:
Sentença de procedência: nesse caso, haverá coisa julgada material (erga omnes, no caso
de direitos difusos; ultra partes, no caso de direitos coletivos). Isso implica que a matéria
decidida na sentença não poderá ser rediscutida, pelo réu, contra qualquer colegitimado,
ainda que ele não tenha feito parte do processo. Desse modo, qualquer dos colegitimados
poderá executar o título judicial. Trata-se de verdadeira coisa julgada material.
Sentença de improcedência por insuficiência de provas: se a sentença for de improce-
Coisa julgada dência por não haverem sido produzi todas as provas necessárias a um juízo de certeza,
nas ações co- não haverá coisa julgada material. Qualquer legitimado – inclusive o que ajuizara a ação
letivas sobre malograda488 – poderá propor outra, com o mesmo objeto litigioso (fundamento + pe-
interesses di- dido), valendo-se de nova prova. Para Grinover, a possibilidade de propositura de uma
fusos e coleti- nova ação no caso de improcedência por debilidade probatória pode ser traduzida como
vos excepcional hipótese – no direito moderno – de non liquet, ou seja, “uma autorização legal
ao juiz no sentido de não julgar a causa em face da insuficiência de provas produzidas
pelo autor coletivo”.489 iii. Sentença de improcedência por pretensão infundada: se, em
um processo no qual foram produzidas todas as provas necessárias à análise do mérito, a
sentença for de improcedência (pretensão infundada), haverá coisa julgada material (erga
omnes ou ultra partes, conforme se trate de direito difuso ou coletivo). A implicação prática
é que, nessa hipótese, nenhum legitimado – ainda que não tenha participado do processo
– poderá propor outra ação civil pública com o mesmo objeto litigioso.
No caso de procedência, haverá coisa julgada material erga omnes. Isso significa, a
exemplo do que se dá em relação às açõ em prol de interesses difusos e coletivos, que a
matéria decidida na sentença não poderá ser rediscutida, pelo réu, contra qualquer dos
colegitimados, ainda contra aqueles que não tenham feito parte do processo. Ademais,
como a matéria discutida nos autos eram os direitos individuais homogêneos, o conceito
erga omnes aqui abrange todos os titulares desses direitos, que também serão atingidos
favoravelmente pela coisa julgada.490 Conforme veremos mais adiante, eles apenas neces-
Coisa julgada sitarão provar, na liquidação da sentença, que estão na situação fática nela reconhecida, e
nas ações co- qual o montante de seu prejuízo, para, posteriormente, executá-la.
letivas sobre
interesses in- No caso de improcedência, seja qual for o fundamento, haverá coisa julgada, mas ela
dividuais ho- não será erga omnes. De fato, a coisa julgada impedirá a propositura de uma nova ação
mogêneos civil pública (defesa molecularizada) com o mesmo objeto litigioso, mas não obstará a que
os interesses individuais homogêneos que ela visava a defender sejam tutelados fragmen-
tadamente, por meio de ações individuais propostas por cada lesado (defesa atomizada),
ou que as ações individuais já ajuizadas tenham prosseguimento. Mas atenção: se o lesado
valeu-se da faculdade do art. 94 do CDC, e interveio na ação civil pública como litiscon-
sorte (assistente litisconsorcial), será, nos termos do § 2.º do art. 103 do mesmo estatuto,
prejudicado pela coisa julgada (mesmo porque foi parte no processo coletivo), e estará
impedido de propor ação indenizatória individual.
#DEOLHONATABELA
Interesses individuais
Interesses difusos Interesses coletivos
homogêneos
Procedência Coisa julgada erga omnes Coisa julgada ultra partes Coisa julgada erga omnes
Há coisa julgada
Improcedência por (em relação aos
Coisa julgada erga omnes Coisa julgada ultra partes
pretensão infundada colegitimados), mas
não é erga omnes (não
impede que as vítimas
#sómaisumatabela #AJUDAMARCINHO
INDIVIDUAIS
SENTENÇA DIFUSOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
Nas ações civis públicas em defesa de qualquer espécie de interesse transindividual, a existência de coisa julgada
erga omnes ou ultra parte depende de ser a sentença favorável (de procedência) ou desfavorável (de improce-
dência) ao autor. Por tal razão, afirma-se que a coisa julgada material se dá secundum eventum litis.
Além disso, exclusivamente nas ações civis públicas em prol de interesses difusos e/ou coletivos, a coisa julgada
material, nas sentenças de improcedência, depende do seu fundamento: ela só existirá se a improcedência se
der em um contexto probatório robusto, suficiente, em que haja juízo de certeza (cognição exauriente). Por tal
motivo, diz-se que, nelas, a coisa julgada material é secundum eventum probationis.
-A regra da coisa julgada secundum eventum probationis e secundum eventum litis é inspirada no art. 18 da Lei da
Ação Popular (Lei 4.717/1965).
- Perceba-se, ainda, que nas ações civis públicas em prol de interesses individuais homogêneos a coisa julgada
material é secundum eventum litis, mas não é secundum eventum probationis, pois mesmo a improcedência por
pretensão infundada (ou seja, quando foram produzidas todas as provas necessárias ao exame do mérito) não
afeta o direito de as vítimas buscarem sua tutela em ações individuais, ou seja, qualquer que seja o fundamento,
não há coisa julgada erga omnes.
TRANSPORTE IN UTILIBUS DA COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO: Art. 103, §3º, CDC: LER!
Visando facilitar o acesso à Justiça e ampliar sua efetividade, em uma sociedade na qual grassam os danos de
massa, o § 3.º do art. 103 do CDC inovou em relação ao modelo da coisa julgada do CPC. Com efeito, tal dispositivo
se refere aos efeitos da coisa julgada de que cuidam os arts. 16 e 13 da LACP. Lembre-se de que a LACP, à época
da promulgação do CDC, cuidava tão somente da ações voltadas à defesa dos interesses difusos e coletivos, visto
que a disciplina da defesa coletiva dos individuais homogêneos foi inovação do CDC. Logo, o § 3.º alude às ações
propostas exclusivamente para a defesa de direitos difusos ou coletivos. Note-se, ainda, que o § 3.º, em sua parte
final prescreve que os efeitos da coisa julgada daquelas ações beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que pode-
rão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. Já os arts. 97 a 99 regulamentam a liquidação
nas ações coletivas sobre interesses individuais homogêneos.
Portanto, ao fazer menção aos arts. 13 e 16 da LACP, e aos arts. 97 e 99 do CDC, o citado § 3.º pretende que, ainda
que a ação tenha sido proposta apenas em face de direitos difusos e coletivos, sua coisa julgada possa ser apro-
veitada, quando favorável, pelas vítimas (ou por seus sucessores) que tiveram seus interesses individuais ofendidos
pelos mesmos fatos que lesaram ou ameaçaram os direitos difusos e/ou coletivos (p. ex., lesão ao direito difuso =
contaminação da água do rio causada pela conduta poluidora de uma indústria; lesão da vítima = prejuízo por não
poder usar a água poluída na irrigação da lavoura). Haverá, na hipótese, um transporte (ou extensão) in utilibus da
coisa julgada, porquanto, sem o § 3.º em análise, valeria o modelo do CPC, e a coisa julgada não beneficiaria os
titulares dos interesses individuais.
a) DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS: Tratando-se de ação civil pública em prol de direitos difusos e coletivos,
seu autor poderá promover a execução da respectiva sentença condenatória ou homologatória de acordo
judicial. Se o autor for o Ministério Público, que é regido pelo princípio da obrigatoriedade, ele não apenas
poderá, como deverá executá-la.
De outro lado, se o autor da ação não for o Ministério Público, e não executar a respectiva sentença
condenatória no prazo de 60 dias a contar do seu trânsito em julgado, haverá duas possibilidades: a)
qualquer colegitimado poderá promovê-la; b) o Ministério Público deverá promovê-la. É o que reza o
art. 15 da LACP:
Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associa-
ção autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos
demais legitimados.
Embora o dispositivo faça menção apenas à hipótese de inércia da “associação” autora, é ele aplicável,
na verdade, aos casos em que qualquer colegitimado que tenha proposto a ação permaneça imóvel.
Em relação ao Ministério Público, o artigo é corolário do princípio da obrigatoriedade, sendo mani-
festação, mais especificamente, do princípio da obrigatoriedade da execução coletiva pelo Ministério
Público.
Por analogia, a regra do art. 15 da LACP aplica-se não apenas às sentenças condenatórias, como tam-
bém às homologatórias de acordos judiciais. (Masson)
b) DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: CDC, arts. 97 a 100. Masson – REGRA: as lesões a essa espécie de
direitos serão reparadas por meio de pagamento em pecúnia. Isso não quer dizer que não seja possível exe-
cutar sentenças que imponham, em prol desses interesses, obrigações de fazer, de não fazer ou de entregar
coisa. Ressalve-se que, à diferença do que se dá nas execuções de obrigações de fazer ou não fazer em
prol de direitos difusos, eventuais multas diárias incidentes nas execuções individuais não revertem ao fundo
de direitos difusos, mas sim às próprias vítimas. Importante frisar que o regime de cumprimento da sentença
previsto nos arts. 97 a 100 do CDC é aplicável, segundo doutrina majoritária, não apenas às sentenças que
expressamente condenem à indenização dos direitos individuais homogêneos (das vítimas e sucessores),
como também, por força do § 3.º do art. 103 do CDC, às sentenças que condenem à reparação dos interesses
difusos e coletivos, quando as lesões aos direitos individuais homogêneos houverem se originado dos mesmos
fatos que fundamentaram a ação coletiva e a respectiva sentença. Neste caso, fala-se na extensão in utilibus,
aos interesses individuais homogêneos, da coisa julgada dos interesses difusos e coletivos. Recorde-se, ainda,
que a sentença condenatória nas ações coletivas em prol de interesses individuais homogêneos tem seu âm-
bito cognitivo restrito ao “núcleo de homogeneidade desses direitos”. Em outras palavras, ela somente define
a situação fático-jurídica que é comum a todos os lesados, o “denominador comum” a todas as vítimas, a
saber: a existência do evento lesivo, o responsável por tal evento e a obrigação de ele indenizar as vítimas
do evento. Sem embargo, a sentença não adentra nas situações individuais dos lesados: não os identifica,
tampouco quantifica o prejuízo sofrido por cada um. Por tal razão, trata-se de uma sentença condenatória
genérica, cujo conteúdo precisa ser complementado via liquidação, antes de ser executado.
Mas atenção: nas sentenças condenatórias genéricas do processo tradicional, cumpre ao interessado, na fase de
liquidação, demonstrar simplesmente o quantum debeatur, ou seja, qual o valor a ser posteriormente executado
(liquidez do título). O dever de o réu ressarcir especificamente aquele interessado já estava definido na sentença
condenatória (certeza do título). Por sua vez, na liquidação de sentenças coletivas (ou mesmo das sentenças penais
condenatórias de crimes contra coletividades abstratas) que geram a obrigação de indenizar os titulares de direi-
tos individuais homogêneos lesados, os interessados (vítimas ou sucessores) não precisam comprovar apenas o
quantum debeatur, mas a própria condição de vítima do evento reconhecido na sentença (ou de sucessor de uma
vítima), uma vez que a sentença condenatória não identifica cada uma das vítimas do evento. Em razão disso, a
liquidação dessas sentenças coletivas é denominada por Dinamarco como liquidação imprópria
Pode-se afirmar, ainda, que o título precisa ser completado até mesmo quanto à certeza (não da existência da
obrigação genérica de indenizar as vítimas, mas de determinada pessoa integrar o universo daquelas vítimas), em
razão de ser subjetivamente ilíquido.
Ao contrário do que se dá em relação às sentenças condenatórias em dinheiro por lesões a interesses difusos ou
coletivos, a indenização, nas sentenças condenatórias de reparação aos interesses individuais homogêneos, será
destinada, preferencialmente, às vítimas ou seus sucessores. De fato, aqui tratamos de direitos subjetivos que, ape-
sar de tutelados coletivamente, são, em essência, individuais e divisíveis, de modo que a destinação da indenização
aos seus titulares não encontra os mesmos entraves existentes em relação aos interesses essencialmente coletivos.
Portanto, a liquidação deverá demonstrar, inicialmente, quem foi vítima do evento comprovado na ação coletiva, e
qual a extensão do seu prejuízo individual.
Na prática, pode ser muito difícil aos entes legitimados para as ações civis públicas fazer prova individualizadora da
situação concreta de cada uma das vítimas. Por isso, o CDC outorgou, preferencialmente, a cada um dos lesados
(ou seus sucessores) a legitimidade para deduzir a liquidação e execução da sentença no que diga respeito ao seu
crédito:
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como
pelos legitimados de que trata o art. 82.
Logo, em face do que dispõe o art. 97, diferentemente do que ocorre na liquidação e execução de sentenças de
direitos difusos e coletivos, que tramitam como meras fases do mesmo processo deflagrado pela ação civil pública,
a liquidação e a execução individual das sentenças em prol de direitos individuais homogêneos dar-se-ão em novos
processos, cada qual deflagrado pela respectiva ação individual.
Para complementar o conteúdo da sentença condenatória (liquidá-la), o interessado deverá demonstrar: a) que é
vítima do evento comprovado na ação coletiva (ou seja, a existência de “nexo causal entre o dano genericamente
experimentado e os prejuízos concretamente suportados”);528 e b) qual o montante do seu prejuízo.
Como a demonstração de tais condições, em regra, demanda prova de fatos novos (em relação aos que foram
objeto de prova na ação condenatória), a liquidação, normalmente, faz-se por artigos. Nos termos do CPC/2015,
essa liquidação faz-se pelo procedimento comum (arts. 509, II, e 511).
Diferentemente do que se dá no cumprimento coletivo das sentenças (direitos difusos e coletivos), a execução dos
créditos individuais não está atrelada ao juízo que processou a ação condenatória (princípio da vinculação). Primei-
ro, porque o afluxo de milhares de novas ações a um só juízo emperraria seu funcionamento. De outro lado, haveria
grande dificuldade no acesso à justiça para as vítimas que residissem muito longe do foro da ação condenatória.
Portanto, em suma, para as ações individuais de liquidação e de cumprimento (execução), a vítima poderá optar
pelo juízo da condenação ou propô-la no foro de sua residência.
OBS: EXECUÇÃO COLETIVA DE AÇÕES COLETIVAS QUE VERSEM SOBRE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS?
Masson: Como acabamos de ver, a liquidação e a execução da sentença em prol de interesses individuais homogê-
neos serão promovidas, preferencialmente, pelas próprias vítimas ou seus sucessores. Não obstante, é possível que
a liquidação e a execução sejam realizadas por um dos entes colegitimados, conforme vimos nos arts. 97 e 98 do
CDC. Nesse caso, a exemplo do que se dá em relação aos direitos difusos e coletivos, o cumprimento será coletivo
(liquidação coletiva e/ou execução coletiva). Não haverá um novo processo: a liquidação e a execução serão fases
do processo coletivo originário.
Finda a fase da liquidação coletiva, se as vítimas ou seus sucessores não promoverem suas execuções individual-
mente, poder-se-á seguir a execução coletiva, tratada no art. 98 do CDC, que, em seu § 2.º, II, fixa como compe-
tente para processá-la o mesmo juízo da condenação.
De outro lado, seu § 1.º estipula que tal execução far-se-á com base em certidão da sentença de liquidação, da qual
deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
OBS2: O QUE É FLUID RECOVERY? Seja no caso de liquidações e execuções individuais, seja no cumprimento cole-
tivo, para que todo o prejuízo seja individualmente ressarcido será necessária, em regra, a iniciativa ou contribuição
de todas as vítimas ou sucessores, seja propondo a liquidação e/ou a execução individualmente, seja municiando o
colegitimado para que ele tenha condições de identificar cada uma das vítimas e seus prejuízos individuais. (Mas-
son).
Não é difícil concluir, portanto, que dificilmente o volume dos créditos individuais levados à liquidação e execução
corresponderá ao prejuízo globalmente sofrido.
A hipótese é comum no campo das relações de consumo, quando se trate de danos insignificantes em sua indi-
vidualidade, mas ponderáveis no conjunto: imagine-se, por exemplo, o caso de venda de produto cujo peso ou
quantidade não corresponda aos equivalentes ao preço cobrado. O dano globalmente causado pode ser conside-
rável, mas de pouca ou nenhuma importância o prejuízo sofrido por cada consumidor lesado.
Quando, por tais razões, nem todos os créditos individuais chegam a ser executados, não ocorre a “habilitação de
interessados em número compatível com a gravidade do dano”. Nessa hipótese, haverá um resíduo, resultante da
diferença entre o somatório global dos prejuízos individuais causados pelo réu e o somatório dos créditos indivi-
duais efetivamente executados.
Nessa hipótese, a despeito da inércia das vítimas, o causador do dano será obrigado a pagar por tal resíduo (ou,
até mesmo, pela globalidade do prejuízo, caso nenhuma vítima se habilite). Em vez de ser destinado aos lesados,
tal valor reverterá ao fundo de reconstituição dos direitos difusos, criado pela LACP. Por tal razão, diz-se que essa
forma de reparação é fluida (fluid recovery),no sentido de que não se reverte concreta e individualizadamente às
vítimas, favorecendo-as fluida e difusamente, pela geração de um benefício a um bem conexo aos seus interesses
individuais lesados (p. ex., se os prejuízos individuais resultarem de poluição ambiental, a fluid recovery dar-se-á
pela destinação da indenização residual ao fundo, e, dele, para alguma ação em prol do meio ambiente). O art.
100 do CDC prevê o instituto – ler!
#SAINDODOFORNO Não é possível ajuizar cumprimento de sentença no Juizado Especial da Fazenda Pública
para executar individualmente título judicial oriundo de ação coletiva, ainda que o valor individual cobrado seja
inferior a 60 Salários Mínimos: Caso concreto: uma ação coletiva que envolveu milhares de servidores públicos
de Santa Catarina tramitou na vara da Fazenda Pública e foi julgada procedente. Um dos servidores formulou
pedido de cumprimento individual da sentença. Ocorre que esse pedido de execução foi feito no juizado especial
da Fazenda Pública (e não na vara da Fazenda Pública). O argumento do autor foi o de que o valor da execução
individual era inferior a 60 salários mínimos.
O STJ afirmou que essa execução individual da sentença coletiva não poderia tramitar no Juizado.
Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a execução de título executivo formado em
ação coletiva que tramitou sob o rito ordinário, assim como impor o rito sumaríssimo da Lei nº 12.153/2009 ao
juízo comum da execução.
O art. 2º, § 1º, I, da Lei nº 12.153/2009 afirma que não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda
Pública as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos, o que é argumento suficiente para excluir a
competência executória de sentenças exaradas em ações coletivas.
A Lei nº 12.153/2009 e as respectivas normas de aplicação subsidiária determinam que os Juizados Especiais da
Fazenda Pública têm competência para apreciar apenas as execuções de seus próprios julgados ou de títulos ex-
trajudiciais.
STJ. 1ª Seção. REsp 1804186-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema
1029) (Info 679)
#ATENÇÃO Prazo prescricional para ajuizamento da execução individual de sentença proferida em ACP: O
prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o prazo da ação popular,
considerando que as duas ações fazem parte do mesmo microssistema de tutela dos direitos difusos.É também
de 5 anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual em pedido de cumprimento de sentença
proferida em ACP. STJ. 2ª Seção. REsp 1.273.643-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. em 27/2/2013 (recurso repetitivo) (Info
515). JULGADO ESPECÍFICO em relação às ações coletivas de consumo( já tratado acima): O prazo de 5 (cinco) anos
para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091-PE,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648).
#COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DE SENTENÇA COLETIVA: Não compete ao STF julgar execução individual de
sentença coletiva mesmo que tenha julgado a lide que originou o cumprimento de sentença - Não compete origi-
nariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças genéricas de perfil coletivo, inclusive aque-
las proferidas em sede mandamental. Tal atribuição cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância.
STF. 2ª Turmá. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Diás Toffoli, julgádo em 25/4/2017 (Info 862).
e) Processo estrutural.
- Pontos já tratados.
PONTO III
a) Tutela coletiva de direitos e tutela de direitos coletivos. Classificação dos direitos coletivos. Meios
alternativos (adequados) de composição dos conflitos coletivos.
#DEOLHONAJÚRIS transação em ações coletivas: A associação privada autora de uma ação civil pública pode
fazer transação com o réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos
nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta
a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz
respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado
fazer tudo que a lei não proíbe.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 89
A participação do amicus curiae e a audiência pública no processo coletivo significam maior acesso à
justiça: meios de fomentar a utilização dos processos coletivos, que pode significar a forma mais razoável, econô-
mica, célere e racional de solucionar litígios que dizem respeito a muitos cidadãos, que desta forma podem mais
facilmente obter acesso à jurisdição, com o incremento da possibilidade de intervenção a fim de propiciar a máxima
participação e real acesso à justiça. Conforme Donaldo Armelin não se trata de uma simples garantia emanada
do ordenamento, mas de uma necessidade concreta e real da sociedade. Dessa forma, considera-se necessária a
participação do amicus curiae e a designação de audiências públicas, para que o magistrado ao analisar uma ques-
tão coletiva não seja seduzido por parte da realidade transportada aos autos, mas possa considerar as questões
postas ouvindo um maior número de opiniões de pessoas que também serão alcançadas pela decisão no processo
coletivo.
- Nas palavras do Min. Cezar Peluzo (STF), sobre amicus curiae:, “abre-se um canal valioso para a participação de
membros do corpo social interessados no processo de tomada de decisão da Corte, em reforço da legitimidade e
do caráter plural e democrático da atividade exercida pelo julgador”. #ATENÇÃO #TRIPÉAMICUSCURIAE Para que
seja legítima a intervenção do amicus curiae (não é parte no processo!) é preciso que haja a possibilidade real de
contribuição processual, o flagrante interesse processual e a capacidade de ser representante desse interesse (ler
art. 138 do NCPC – amicus curiae como espécia de intervenção de terceiros, admitindo-se que seja PESSOA FÍSICA
OU JURÍDICA).
- Esses instrumentos de participação popular no processo possuem grande relevância no CPC/2015 na busca por
um processo mais democrático, mais acessível e sensível às manifestações sociais no cumprimento das garan-
tias constitucionais. São muito importantes para a SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS (ALERTA PREFERÊNCIA
DO EXAMINADOR) uma vez que as partes disporão de maiores elementos para subsidiar uma autocomposição,
por meio da conciliação e da mediação, em prestígio ao paradigma jurídico do discurso deliberativo dialético.
Recentemente a Defensoria do Rio foi admitida como amicus curiae em ação e defenderá o fim da revista ve-
xatória nos presídios (#alôexecuçãopenal #alôdireitoshumanos #alertalink revista vexatória nos presídios precisa
ser um tema lido tanto no estudo da execução penal quanto em direitos humanos – as regras internacionais de
tratamento de presos precisam estar na ponta da língua. O pedido foi feito pelo Núcleo de Defesa dos Direitos
Humanos (Nudedh) da DPE/RJ, por isso quando estudarmos humanos vamos ficar atentos #sómaisumpouco Nas
palavras da DPE/RJ:A decisão é o reconhecimento de que a Defensoria Pública é instituição que representa ade-
quadamente os interesses de visitantes e visitados no sistema penitenciário, um grupo socialmente vulnerável, in-
clusive em sede de controle de constitucionalidade. Diante da atribuição institucional de proteção dos direitos
humanos e a relevância da causa, a intervenção da Defensoria vem contribuir na defesa da constitucionalidade da
lei estadual que aboliu a revista vexatória );
A DPE/RJ ( junto com outras Defensorias Estaduais) requereu ingresso como amicus curiae em ação que ques-
tiona decreto recente do governo federal que retrocede na política que previa a permanência e aprendizado de
crianças e adolescentes com deficiência nas escolas e o atendimento educacional especializado preferencialmente
na rede regular de ensino (#alertalink #direitodaspessoascomdeficiência). Segundo as Defensorias (incluindo a do
RJ), o teor do decreto Decreto 10.502, de 30 de setembro último, que institui a “Política Nacional de Educação
Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida”, tem o poder de influenciar inclusive com-
portamentos discriminatórios em outros ambientes que não o escolar, podendo repercutir “nas atitudes a serem
adotadas pela comunidade jurídica e pela população em geral com relação à inclusão das pessoas com deficiên-
cia em todos os aspectos da vida em comunidade”. Como “amigo da corte”, NAS PALAVRAS DA DPE/RJ (através
do Núcleo de Atendimento à Pessoa com Deficiência da Defensoria Pública do RJ) a Defensoria Pública poderá
levar ao conhecimento do STF dados sobre sua atuação diária no combate à violação sistemática aos direitos das
pessoas com deficiência, em especial do direito à educação e da não discriminação em razão da deficiência, a fim
de dar subsídios para uma melhor decisão do Supremo #llinkmental #papeldadefensoria na defesa coletiva dos
direitos humanos!
A Defensoria Pública do Rio já foi admitida como Amicus Curiae pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em ação
proposta pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para a declaração de constitucionalidade do artigo 283 do Código
de Processo Penal (no ano de 2016, mas é importante a gente perceber o quanto o instrumento é utilizado pela
DPE como órgão de defesa dos direitos fundamentais). A norma que prevê o cumprimento da pena de prisão
somente após o esgotamento de todos os recursos cabíveis foi posta em discussão diante de decisão da corte,
em caso concreto, que determinou a privação de liberdade do réu já depois de julgada a apelação, o primeiro dos
recursos na hierarquia processual. Admitida como interessada na causa, inclusive para fins de sustentação oral, a
DPE/RJ concorda com o postulado na Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) e observa que o Brasil possui a
terceira maior população prisional no cenário mundial e as quintas maiores taxas de superlotação e também de
presos provisórios do mundo. #maisposiçãoinstitucional segundo sustentação oral da DPE/RJ, a prisão em segunda
instância viola o princípio da presunção de inocência e com mais intensidade atinge a população vulnerável por
todo o país – além do fato de que a antecipação do cumprimento da pena tem grande impacto para os usuários da
Defensoria (em sua maioria, pessoas pobres e negras residentes em favelas e periferias). #SANGUEVERDEPIRA #DI-
REITOSHUMANOS #EXECUÇÃOPENAL #PROCESSOPENAL #CASOMARIELLE ainda nessa sustentação oral como
amicus curiae, a DPE/RJ falou sobre busca e apreensão coletiva. Disse que, na prática, é demarcado o território
“como num campo de concentração” e, pela questão racial e de moradia periférica, acontece a antecipação, no
mesmo ato, “do inquérito, da acusação, do processo, da condenação e da execução da pena” – Essa presunção vai
além e às vezes antecipa situações de forma dolorosa, como a que aconteceu absurdamente com Marielle. Tam-
bém faz com que Ágathas fiquem no meio do caminho. Há uma antecipação do caso Marielle na menina Ágatha.
Há uma antecipação dessa presunção nos morros #sangueverde!!!! #orgulho.
(#alertalinkmental Nossa examinadora de Execução Penal participa de projeto que luta pelo desafogamento da
população carcerária diante do cenário de estado de coisas inconstitucional que se encontram os presídios brasi-
leiros, por isso essa atuação como amicus curiae é de importante estudo também na matéria de execução penal e
representa a posição da DPE/RJ quanto ao cumprimento provisório da pena. #atenção – precisamos saber, para a
nossa prova, o posicionamento do STF e do STJ quanto ao tema, mas é importante também que saibamos qual a
posição institucional, por conta do perfil da nossa prova);
A figura do amicus curiae constitui um instrumento processual que se destina à ampliação do espaço de
discussão em ações constitucionais, permitindo que órgãos, entidades e especialistas contribuam com
argumentos de fato e de direito na construção da solução jurídica a ser feita pela Corte.
ÎÎATENÇÃO #CORONAVÍRUS A Defensoria Pública do Rio de Janeiro ingressou na ação parte interessada
(amicus curiae), auxiliando nas etapas processuais que garantiram o acesso à saúde pública em ação com o
objetivo de autorizar o município de Petrópolis a REAVER RESPIRADORES.
- Pontos já tratados.
INQUÉRITO CIVIL: é espécie de procedimento administrativo, com natureza inquisitiva, através do qual são bus-
cados os elementos de convicção para ajuizamento da ACP ou para a formulação de TAC (alô preferência do
examinador!). O inquérito civil poderá ser arquivado se ao final das investigações o MP entender que não há
razão para o ajuizamento da ação. A Res. 23 do CNMP regulamento o IC e os procedimentos administrativos:
TITULARIDADE - Restrita ao MP. OBJETIVO - Angariar provas e elementos de convicção para o exercício da ação
coletiva, da ACP ou celebração de TAC. NATUREZA JURÍDICA - Procedimento administrativo informal de caráter
inquisitivo. OBRIGATORIEDADE – Facultativo.
#SANGUEVERDE Embora a lei atribua com exclusividade a instauração do inquérito civil ao Ministério Público,
é importante ressaltar a tese institucional, no sentido de permitir a utilização do instrumento pela Defensoria
Pública.
- Temas já abordados.
PONTO IV
a) Legitimidade. Defensoria Pública e ações coletivas. Coisa julgada coletiva. Aplicação subsidiária do
CPC.
b) Habilitação. Litisconsórcio. Deslocamento do legitimado passivo para o polo ativo. Desistência da
demanda e assunção da titularidade ativa.
Pontos já abordados.
TUTELAS LIMINARES (Masson): é possível obter tutela cautelar via ação civil pública cautelar, para a defesa de
quaisquer interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Seus pressupostos e procedimento são os pre-
vistos no CPC. Tais ações podem ser preparatórias ou incidentais a uma ação civil pública de conhecimento ou de
execução, e a concessão da cautela é condicionada à presença de fumus boni iuris e periculum in mora –
Por força dos arts. 12 da LACP e 84, § 3.º, do CDC, a liminar, seja cautelar, seja antecipatória, poderá ser deferida
inaudita altera pars, quando o réu, citado, puder torná-la ineficaz, ou, então, se a urgência não permitir a dilação
temporal que demandaria sua prévia oitiva. Ausentes tais circunstâncias, o réu deverá ser previamente ouvido. Sen-
do necessários maiores esclarecimentos sobre os fatos narrados na inicial, o magistrado poderá, antes de decidir
o requerimento de liminar, designar audiência de justificação prévia, para a qual o réu poderá ser citado, a menos
que sua ciência possa comprometer a eficácia da futura liminar. Para tal audiência, apenas o autor pode arrolar
testemunhas, embora o réu, caso dela participe, também possa fazer reperguntas.
Ônus da prova no processo coletivo: (Masson) O direito à inversão do ônus da prova, previsto no art. 6.º, VIII,
do Código de Defesa do Consumidor, é instrumento relevante, que assegura a proteção privilegiada dos interesses
do consumidor, devendo ser reconhecido tanto no plano da tutela individual quanto no plano da tutela coletiva, já
que a própria legislação consumerista não faz distinção entre consumidor individual e coletividade (art. 81 do CDC).
Com efeito, o termo “consumidor” não pode ser entendido simplesmente como parte processual, mas sim como
parte jurídica extraprocessual, ou seja, como o destinatário do propósito de proteção da norma. Essa é a única in-
terpretação da norma que se compatibiliza com o mandamento constitucional de efetiva defesa dos interesses do
consumidor (art. 5.º, XXXII, da CF). Trilhando esse entendimento, a jurisprudência pacífica do STJ tem reconhecido
na inversão do ônus da prova um direito da coletividade de consumidores, e não do autor da ação.
A título de exemplo, anote-se: “Não há óbice a que seja invertido o ônus da prova em ação coletiva – providência
que, em realidade, beneficia a coletividade consumidora –, ainda que se cuide de ação civil pública ajuizada pelo
Ministério Público. Deveras, a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas – a qual deverá sem-
pre ser facilitada, por exemplo, com a inversão do ônus da prova – poderá ser exercida em juízo individualmente,
ou a título coletivo” (art. 81 do CDC). -STJ.
Por outro lado, parte da doutrina e jurisprudência já vem preconizando a possibilidade de inverter o ônus da prova
não apenas nas ações coletivas voltadas à defesa das relações de consumo, mas também nas que busquem res-
guardar outros tipos de direitos ou interesses transindividuais.
Como fundamento, alega-se que, quando o art. 21 da Lei 7.347/1985 determina a aplicação das regras do títu-
lo III do CDC às ações civis públicas, não se deve interpretá-lo gramatical ou formalmente. Considerando que o
título III do CDC trata da defesa do consumidor em juízo, é evidente que o propósito do art. 21 da LACP foi que
incidissem sobre as ações civis públicas todas as normas processuais aplicáveis à defesa do consumidor. Sendo
assim, a despeito de o art. 6.º, VIII, do CDC estar topograficamente fora do título III, é inegável que se trata de
norma voltada à defesa do consumidor em juízo, e, portanto, que é aplicável às ações civis públicas, por força do
princípio da integração. Tal posição vem sendo adotada pela 1.ª e pela 2.ª Turmas do STJ, que, em casos de ações
civis públicas ambientais, vem reforçada pela invocação do princípio ambiental da precaução. A título de exemplo,
destaca-se: Processual civil e ambiental. Ação civil pública. Dano ambiental. Adiantamento de honorários periciais
pelo Parquet. Matéria prejudicada. Inversão do ônus da prova. Art. 6.º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei
7.347/1985. Princípio da precaução. 1.Fica prejudicado o recurso especial fundado na violação do art. 18 da Lei
7.347/1985 (adiantamento de honorários periciais),em razão de o juízo de 1.º grau ter tornado sem efeito a decisão
que determinou a perícia. 2.O ônus probatório não se confunde com o dever de o Ministério Público arcar com
os honorários periciais nas provas por ele requeridas, em ação civil pública. São questões distintas e juridicamente
independentes. 3.Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade poten-
cialmente perigosa o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento, a partir da interpretação do art. 6.º,
VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985, conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução. 4.Recurso
especial parcialmente provido.
Ressalte-se, porém, que o mesmo tribunal não admite a inversão do ônus da prova em ações de improbidade
administrativa.
e) Sistema de isenção de encargos processuais. Fundo de reparação aos bens lesados. Recursos.
Liquidação e execução coletiva.
- FUNDO DE REPARAÇÃO AOS BENS LESADOS: (Masson) quando houver dano irreversível ao objeto de um
direito difuso, e não for possível prover aos seus titulares o resultado prático equivalente, a reparação terá de se dar
na forma de uma obrigação de pagar. Nessa hipótese, ante a indivisibilidade do objeto lesado e a indeterminabi-
lidade de seus titulares, como dito acima, não será possível reparar o dano na forma de indenizações individuais.
Que fazer, então, com o valor da condenação? Visando a superar tal dificuldade, a LACP determinou a destinação
do dinheiro proveniente dessas condenações para um fundo federal ou fundos estaduais:
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e repre-
sentantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
PONTO V
SUCUMBÊNCIA - a LACP (art. 18) e o CDC (art. 87) prescrevem não ser cabível a condenação da associação
autora em honorários advocatícios, custas e despesas processuais, salvo comprovada má-fé.
OBS: Segundo a regra geral do art. 19 do CPC/1973 (art. 82 do CPC/2015), as partes devem antecipar as despesas
dos atos processuais que requereram ou realizaram, até a sentença final. O mesmo vale nas ações civis públicas
em relação aos réus.551 Para seus autores, porém, a regra é outra: não haverá adiantamento de custas, emolu-
mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas processuais553 (LACP, art. 18; CDC, art. 87).
Atenção para as seguintes exceções às regras do sistema LACP/CDC:
1) Nas ações fundadas no ECA, ainda que o autor tenha agido de má-fé, somente será condenado ao pagamen-
to de honorários advocatícios se o juiz reconhecer que a pretensão era manifestamente infundada, hipótese em
que eles serão fixados conforme o CPC.
2) Nas ações fundadas no Estatuto do Idoso, ainda que o autor não tenha agido de má-fé, estará sujeito aos
ônus da sucumbência, com exceção do Ministério Público (EI, art. 88, parágrafo único).
MS COLETIVO: O Mandado de Segurança Coletivo visa assegurar direito coletivo, que é o que pertence a uma
coletividade ou categoria, representada por Partido Político, Organização Sindical ou Entidade de Classe, bem
como Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, na forma da Constituição
Federal (art. 5º, LXX, “a” e “b” da Constituição Federal). Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança
coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.
AÇÃO POPULAR: Ação popular é o meio direto para exercer o controle político, que pode ser utilizado por qual-
quer cidadão, por via judiciária, para questionar atos que considere lesivos ao patrimônio público, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Estatui o art 5º da CF, LXXIII:
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesiva ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. #DEO-
LHONAJURIS A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa
está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira
parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65.
STJ. 1ª Seção.EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607).
AÇÃO DE USUCAPIÃO COLETIVA: - Ação de usucapião coletiva (fundamento nos artigos 182 e 183 da Cons-
tituição Federal) :
1) pode ser URBANA (art. 10, Estatuto das Cidades): Requisitos:
a) existência de um núcleo urbano informal;
b) esse núcleo deve viver em um imóvel cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
250m2;
c) esse núcleo deve estar na posse do imóvel há mais de 5 anos, sem oposição;
d) os possuidores não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Neste caso, poderá haver uma usucapião coletiva da área.
Observações:
• O possuidor pode, para o fim de contar o prazo de 5 anos, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto
que ambas sejam contínuas.
• A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de
título para registro no cartório de registro de imóveis.
• Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão
do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações
ideais diferenciadas.
• O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável
tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à consti-
tuição do condomínio.
• As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos
condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
#ATENÇÃO A destinação de parte do imóvel para fins comerciais não impede o reconhecimento da usucapião
especial urbana sobre a totalidade da área.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.777.404-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
2) A ação de usucapião coletiva poderá, ainda, ser rural (art. 1.228, §§ e 4º e 5º do CC) O proprietário pode ser
privado da coisa se:
- um considerável número de pessoas
- estiver por mais de 5 anos
- na posse ininterrupta e de boa-fé
- de extensa área
- e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de inte-
resse social e econômico relevante.
Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título
para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Alguns doutrinadores, especialmente civilistas, afirmam que esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”.
Outros autores, no entanto, sustentam que se trata de uma hipótese de “desapropriação”, considerando a po-
sição topográfica (o § 3º do art. 1.228 está tratando sobre desapropriação) e o fato de se exigir pagamento de
indenização.
#ATENÇÃO – USUCAPIÃO INDÍGENA 7INDÍGENA (art. 33 do
Estatuto do Índio) Requisitos:
a) posse da terra por índio (integrado ou não)
b) por 10 anos consecutivos
c) devendo ocupar como se fosse próprio trecho de terra inferior a 50 hectares.
Não é possível a usucapião indígena de:
Apesar de não constar expressamente no nosso edital, na matéria de difusos e coletivos, importante a gente
mencionar a importância do HC COLETIVO, pois com certeza estará na nossa prova:
#IMPORTÂNCIA DO HC COLETIVO:
#AJUDAMARCINHO
É cabível a impetração de habeas corpus coletivo? SIM. A ação coletiva é um dos únicos instrumentos capazes de
garantir o acesso à justiça dos grupos mais vulneráveis socioeconomicamente. Nesse sentido, o STF tem admitido
com maior amplitude a utilização da ADPF e do mandado de injunção coletivo. O habeas corpus, por sua vez, se
presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de
um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou
coletivo. Para o STF, apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos
legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art.
580, ambos do CPP. O art. 654, § 2ºestabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus
de ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja
estendida para todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem
estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente
em favor de uma pessoa. Pode-se aplicar, por analogia, a regra do mandado de segurança coletivo A CF/88 prevê
que o mandado de segurança é cabível quando não for o caso de habeas corpus (art. 5º, LXIX). Existe, portanto,
uma equivalência entre esses dois remédios constitucionais. A Constituição prevê a existência do mandado de se-
gurança coletivo (art. 5º, LXX). Por dedução, pode-se reconhecer a possibilidade do habeas corpus coletivo. Mas
o pedido formulado neste habeas corpus coletivo poderia ser obtido, por exemplo, com uma ADPF... É verdade. O
pedido formulado no presente habeas corpus coletivo até poderia, em tese, ser conseguido com uma decisão em
ADPF. No entanto, o rol de legitimados da ADPF é mais restrito. Assim, a existência de outras ferramentas disponí-
veis para suscitar a defesa coletiva de direitos não deve obstar o conhecimento desta ação. Como o acesso à justiça,
sobretudo de mulheres presas e pobres, é muito difícil em virtude de sua notória deficiência, o Poder Judiciário
não pode negar que os vários segmentos da sociedade civil façam a sua defesa com os mecanismos que dispõem.
Refutou o argumento de que as beneficiárias são indeterminadas Um dos argumentos contrários à impetração do
habeas corpus coletivo era o de que ele beneficiaria um universo de mulheres indeterminadas ou indetermináveis.
Esse argumento foi refutado pelo STF em virtude do fato de que os autores da ação apresentaram listas contendo
nomes e demais dados de inúmeras mulheres presas preventivamente e que se encontram nesta situação (grávidas
ou com filhos de até 12 anos). Desse modo, fica superada a alegação de que as pacientes (beneficiárias do HC)
seriam indeterminadas ou indetermináveis. Em face dessa listagem, ainda que provisória, de mulheres presas, sub-
metidas a um sistemático descaso pelo Estado responsável por sua custódia, não se está mais diante de um grupo
de pessoas indeterminadas e indetermináveis, mas em face de uma situação em que é possível discernir direitos
individuais homogêneos (art. 81, parágrafo único, III, do CDC). Vale ressaltar, por fim, que o fato de a ordem do HC,
se concedida, ser estendida a outras mulheres em idêntica situação não representa novidade, ao contrário, constitui
uma das consequências normais do HC, conforme se viu no art. 580 do CPP. Experiência da Corte Suprema argen-
tina O Ministro Ricardo Lewandowski citou processo julgado pela Corte Suprema argentina que, em caso envol-
vendo pessoas presas em situação insalubre, reconheceu o cabimento de habeas corpus coletivo (“caso Verbitsky”).
Naquele país, assim como no Brasil, inexiste previsão constitucional expressa de habeas corpus coletivo, mas essa
omissão legislativa não impediu o conhecimento desse tipo de writ pela Corte da nação vizinha. No julgamento em
questão, o habeas corpus coletivo foi considerado, pela maioria dos membros do Supremo Tribunal, como sendo
o remédio mais compatível com a natureza dos direitos a serem tutelados, os quais, tal como na presente hipótese,
diziam respeito ao direito de pessoas presas em condições insalubres. E por que o STF é competente para julgar
este HC coletivo? Porque muitas das decisões que não concederam a prisão domiciliar para as gestantes e mães de
filhos de até 12 anos foram proferidas pelo STJ e a competência para julgar habeas corpus contra acórdãos do STJ
é do STF, nos termos do art. 102, I, “i”, da CF/88: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) i) o habeas corpus, quando o
coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em
uma única instância; Além disso, era fundamental uma decisão de âmbito nacional do STF para garantir maior
isonomia às partes envolvidas, para permitir que lesões a direitos potenciais ou atuais sejam sanadas com mais
celeridade e para descongestionar o acervo de processos em trâmite no país. Essas razões, somadas ao reconhe-
cimento do estado de coisas inconstitucional do sistema prisional, bem assim à existência de decisões dissonantes
sobre o alcance da redação do art. 318, IV e V, do CPP, impõem o reconhecimento da competência do STF para
o julgamento do writ, sobretudo tendo em conta a relevância constitucional da matéria. Quem é legitimado para
impetrar habeas corpus coletivo? Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar,
por analogia, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção
coletivo. Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério Público; 2) o partido
político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública Posicionamento em
sentido contrário do STJ Vale ressaltar que, apesar de já ter admitido no passado, o entendimento atual do STJ era
no sentido da impossibilidade de habeas corpus coletivo. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 41.675/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/10/2017. Vejamos como o STJ vai se portar depois desta decisão do STF. Para
fins de concurso, deve-se adotar o entendimento do STF de que é cabível habeas corpus coletivo.
- A DRE/RJ atua de forma brilhante através da via do HC coletivo. Vamos aos exemplos:
A medida vale apenas para aqueles cumprindo regime semiaberto e beneficiários da visita periódica ao lar e me-
dida de segurança com saída terapêutica. A preocupação é que esses indivíduos possam transmitir o vírus para
dentro das unidades ao retornarem.
#MAISCORONAVÍRUS Defensoria Pública/RJ impetrou no Superior Tribunal de Justiça Habeas Corpus coletivo
pela soltura de todos os presos provisórios idosos no estado. O pedido foi feito levando em consideração a pande-
mia do novo coronavírus, já que as pessoas com mais de 60 anos são consideradas grupo de risco.
DIREITO EMPRESARIAL
PONTO I
EMPRESÁRIO
Quem é Empresário para o Código Civil? Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não
se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
3) Empresário individual: Pessoa natural; Tem CNPJ: o empresário individual tem CNPJ para ter o mesmo trata-
mento tributário que a sociedade (pessoa jurídica), mas não é pessoa jurídica.
#ATENÇÃO: cabe desconsideração da sua personalidade jurídica? NÃO! Pois não tem personalidade jurídica. Sua
personalidade surge com o seu nascimento ( já que é pessoa natural) e não com o registro!
4) Excluídos do conceito de empresário (art. 966, §único): profissão intelectual (profissional liberal), científica,
literária, artística. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cien-
tífica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa. #SELIGANAEXCEÇÃO
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de ativida-
de própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
antes do início de sua atividade.
-No caso do empresário rural, o registro é facultativo. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua
principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado,
para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
-Qual a natureza do registro do empresário? Natureza declaratória para o empresário comum. É mera condição
de regularidade e não de sua caracterização. #NÃOCONFUNDA: Para o empresário rural, a inscrição tem natu-
reza constitutiva (por que o registro é facultativo).
#SELIGA: Incapaz não pode iniciar atividade empresarial como empresário individual. O CC apenas admite que
dê continuidade a atividade já existente, nos termos do art. 974. Quando o incapaz poderá ser empresário in-
dividual? O incapaz não pode, tão somente, iniciar a atividade. O Código Civil autoriza o incapaz a continuar
com a atividade já existente. a) incapacidade superveniente b) sucessão: continuar empresa antes exercida por
seus pais ou pelo autor da herança.
Requisitos: São três os requisitos para que o incapaz possa continuar com a empresa: a) ser assistido/representado,
ou gerentes, nos casos legais; b) autorização judicial (art. 974, §1º, do CC); c) averbação na junta comercial (art. 976,
do CC).
#NÃOCONFUNDA com os requisitos exigidos pelo art. 974, §3º, do CC para que o incapaz seja sócio.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no
regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
ESTABELECIMENTO
O estabelecimento comercial é “todo o conjunto de bens, materiais e imateriais, que o empresário utiliza no
exercício de sua atividade”. Dessa forma, integram o estabelecimento empresarial não apenas os bens corpóreos
(maquinários, bens móveis e etc.), como também os bens imateriais (marcas, nome empresarial e etc.), desde que
utilizados para o exercício da atividade empresarial.
O art. 1.144 do Código Civil impõe como condição de eficácia do contrato de trespasse perante terceiros, depois de
averbado na Junta Comercial. Veja-se que o dispositivo faz menção a condição de eficácia do contrato de trepasse.
Desse modo, o contrato, ainda que não averbado na Junta Comercial, é plenamente válido, porém ineficaz contra
terceiros.
Outro requisito importante diz respeito à notificação dos credores. Segundo o art. 1.145 do Código Civil, além da
averbação do contrato de trespasse perante a Junta Comercial, a eficácia do contrato depende, se não restarem
bens suficientes à satisfação do passivo, da existência de dois requisitos alternativos:
b) o consentimento de todos os credores, o qual pode ser expresso ou tácito, manifestado em 30 dias da
notificação.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao ad-
quirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto
do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
O dispositivo acima (art. 1.147) consagra o que a doutrina chama de cláusula de não-restabelecimento, ou seja,
a impossibilidade de o alienante, em obediência ao princípio da boa-fé objetiva, efetuar concorrência com o ad-
quirente. Isso ocorre porque, na venda de um estabelecimento comercial, o adquirente deseja não apenas adquirir
o estabelecimento, mas, principalmente, obter os lucros decorrentes dessa atividade. Desse modo, caso o alienante
efetuasse concorrência com o adquirente, isso poderia inviabilizar o próprio exercício da atividade empresarial pelo
adquirente. Veja-se, todavia, que é perfeitamente possível que o adquirente, no contrato de trespasse, renuncie à
cláusula de não-restabelecimento. Na omissão, todavia, a cláusula considera-se inscrita no contrato.
O registro consiste em obrigação legal imposta a todo empresário, antes do início de suas atividades, conforme
previsão do art. 967 do Código Civil brasileiro. Assim sendo, seria o registro um requisito essencial para a
caracterização do empresário? NÃO. Trata-se apenas de condição de REGULARIDADE da atividade empre-
sarial. O registro possui, como regra, natureza DECLARATÓRIA, não sendo essencial para que o exercente de
atividade empresária seja caracterizado como empresário, nem para a sua consequente submissão ao regime
jurídico empresarial. A exceção fica por conta daqueles que exercem atividade rural, para os quais o registro
possui natureza constitutiva, nos termos do art. 971 do CC.
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público
de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação
comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em
contrário. Principais efeitos decorrentes da ausência de registro:
a) não possuir legitimidade ativa para pedido de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial;
#PITADASDEDOUTRINA #OLHAOGANCHO
SOCIEDADE EM COMUM: Para a doutrina majoritária, é a sociedade que não foi levada a registro (art. 986 do
CC). Tanto faz se a sociedade é irregular (possui contrato, mas não foi inscrito na Junta Comercial) ou se é so-
ciedade de fato (não possui sequer instrumento escrito de constituição). Art. 986. Enquanto não inscritos os atos
constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas,
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
Enunciado n° 383 do CJF: A falta de registro do contrato social (irregularidade originária - art. 998) ou de alteração
contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente - art. 999, parágrafo único)
conduz à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986).
-Ação renovatória tem por finalidade a renovação compulsória, obrigatória, do contrato de locação empresarial
(Lei nº 8.245/91).
Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito à renovação do contrato, por igual prazo,
desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos cumulativos (art. 51): I - o contrato de locação a ser renovado
deve ter sido celebrado por escrito; II - o contrato de locação a ser renovado deve ter sido celebrado por prazo de-
terminado; III - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos
deve ser de cinco anos; IV - o locatário deve estar explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo
e ininterrupto de três anos.
-Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis me-
ses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
-Dispensa de renovação (art. 52) - O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: I - por determinação
do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer
modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; II - o imóvel vier a ser utilizado por
ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do
capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
#OLHAOGANCHO
Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em outras palavras,
não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE
605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906).
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
c) Contratos bancários. Operações ativas e passivas dos bancos. Contrato de cartão de crédito. Juros
moratórios e remuneratórios. Alienação fiduciária em garantia. Arrendamento mercantil. Factoring.
Contratos bancários são aqueles firmados no exercício da atividade bancária, ou seja, com a finalidade de coletar,
intermediar ou aplicar recursos junto aos agentes econômicos.
#SELIGA: de acordo com André Santa Cruz, nos contratos bancários sempre estará presente um banco, mas isso
não significa que todo contrato firmado por um banco mereça a qualificação de contrato bancário. Só receberão
essa qualificação os contratos: a) firmados por bancos; e b) que se insiram no conceito de atividade bancária.
-Mesmo submetidos ao CDC, as cláusulas dos contratos bancários não podem ser consideradas abusivas de ofício
pelo juiz. Nesse sentido:
Súmula 381 do STJ: nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
#FAZACRÍTICA
Súmula 382-STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade
Segundo entende o STJ, os juros pactuados em limite superior a 12% ao ano somente serão considerados abu-
sivos quando ficar comprovado que são discrepantes em relação à taxa de mercado, após vencida a obrigação.
Se ficar provado que os juros remuneratórios praticados são abusivos, o Poder Judiciário poderá reduzi-los para
adequá-los a taxa média do mercado (REsp 1.112.879/PR). Aplica-se o CDC aos contratos bancários, mas, no
que tange à taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras, as regras não são as do CDC e sim as da Lei nº
4.595/64 e da Súmula 596 do STF.
Súmula 283-STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.
Súmula 30-STJ: A comissão de permanência e a correção monetária são inacumuláveis. • Aprovada em 09/10/1991,
DJ 18/10/1991. • Superada. #ATENÇÃO: com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a possibilidade de
cobrança da comissão de permanência.
Súmula 541-STJ: A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é su-
ficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.
a) Capitalização ANUAL de juros: é permitida, podendo ser cobrada mesmo por quem não for instituição finan-
ceira (art. 591 do CC).
b) Capitalização com periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização MENSAL de juros):
Regra: é proibida pelo art. 4º do Decreto 22.626/33 (Lei de Usura).
Exceção: as instituições financeiras podem exigir a capitalização de juros com periodicidade inferior a 1 ano (ex:
capitalização mensal de juros). Isso foi autorizado pela MP n.º 1.963-17/2000.
Súmula 539-STJ: É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados
com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada
como MP 2.170-36/01), desde que expressamente pactuada.
Súmula 380-STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do
autor.
Se o contrato, ao tratar sobre os encargos, menciona a taxa de juros mensal e anual, mas não prevê qual é a
taxa diária dos juros, há abusividade. Viola o dever de informação, o contrato que somente prevê uma cláusula
genérica de capitalização diária, sem informar a taxa diária de juros remuneratórios. A informação acerca da
capitalização diária, sem indicação da respectiva taxa diária, subtrai do consumidor a possibilidade de estimar
previamente a evolução da dívida, e de aferir a equivalência entre a taxa diária e as taxas efetivas mensal e anual.
A falta de previsão da taxa diária, portanto, dificulta a compreensão do consumidor acerca do alcance da capi-
talização diária, o que configura descumprimento do dever de informação trazido pelo art. 46 do CDC. STJ. 2ª
Seção. REsp 1826463-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info 682).
Súmula 530-STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contra-
tada — por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos —, aplica-se a taxa média
de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais
vantajosa para o devedor.
O art. 39, IV, do CDC é inaplicável às instituições financeiras quando do encerramento unilateral de conta bancá-
ria, afastando-se a obrigatoriedade de manutenção do contrato de conta-corrente. Isto porque, o encerramento
do contrato de conta corrente consiste em um direito subjetivo exercitável por qualquer das partes contratantes,
desde que observada a prévia e regular notificação. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1473795/RJ, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, julgado em 29/06/2020
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da despesa com o registro do pré-gra-
vame, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Resolução CMN 3.954/2011,
sendo válida a cláusula pactuada no período anterior a essa resolução, ressalvado o controle da onerosidade
excessiva. STJ. 2ª Seção. REsp 1639259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a ins-
tituição financeira ou com seguradora por ela indicada. STJ. 2ª Seção. REsp 1639259-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639).
A cláusula-mandato, nos contratos de cartão de crédito, é válida? 1) Cláusula-mandato que autoriza a ad-
ministradora a contrair empréstimos para saldar a dívida do contratante: é válida. A cláusula-mandato que,
no bojo do contrato de cartão de crédito, permite que a administradora do cartão de crédito tome recursos
perante instituições financeiras em nome do contratante para saldar sua dívida é válida. STJ. 4ª Turma. AgRg no
REsp 1256866/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/02/2015. 2)
Cláusula-mandato que autoriza a administradora a emitir título cambial contra o contratante: é abusiva. Nos
contratos de cartão de crédito, é abusiva a previsão de cláusula-mandato que permita à operadora emitir título
cambial contra o usuário do cartão. STJ. 2ª Seção. REsp 1084640-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/9/2015
(Info 570).
#NÃOCONFUNDA #AJUDAMARCINHO
Súmula 300-STJ: O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, cons-
titui título executivo extrajudicial.
-Alienação fiduciária em garantia: “A alienação fiduciária em garantia é um contrato instrumental em que uma
das partes, em confiança, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, ficando esta parte (uma instituição
financeira, em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada a ocorrência de
determinado fato.” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2012,
p. 565).
#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO
Em alienação fiduciária de bem imóvel (Lei nº 9.514/1997), é nula a intimação do devedor para oportunizar a
purgação de mora realizada por meio de carta com aviso de recebimento quando esta for recebida por pes-
soa desconhecida e alheia à relação jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp 1531144-PB, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado
em 15/3/2016 (Info 580). ATUALIZAÇÃO IMPORTANTE: Após o julgado acima explicado, foi editada a Lei nº
13.465/2017 que incluiu dois parágrafos ao art. 26. O primeiro parágrafo prevê a possibilidade de o registrador
fazer a intimação por hora certa: § 3º-A. Quando, por duas vezes, o oficial de registro de imóveis ou de registro
de títulos e documentos ou o serventuário por eles credenciado houver procurado o intimando em seu domi-
cílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita motivada de ocultação, intimar qualquer pessoa
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, retornará ao imóvel, a fim de efetuar
a intimação, na hora que designar, aplicando-se subsidiariamente o disposto nos arts. 252, 253 e 254 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.465/2017). O segundo pará-
grafo inserido estabelece que, se a pessoa a ser intimada morar em condomínio residencial, será possível que a
intimação seja assinada pelo porteiro responsável pelo recebimento das correspondências. Confira: § 3º-B. Nos
condomínios edilícios ou outras espécies de conjuntos imobiliários com controle de acesso, a intimação de que
trata o § 3º-A poderá ser feita ao funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
(Incluído pela Lei nº 13.465/2017). Desse modo, o REsp 1531144-PB é parcialmente superado pelo novo § 3º-B do
art. 26, inserido pela Lei nº 13.465/2017.
Se, passados 15 dias da intimação, o fiduciante não pagar a dívida (purgar a mora), o art. 26 da Lei nº 9.514/97
afirma que ocorre a consolidação da propriedade em nome do fiduciário. Após a consolidação da propriedade, a
Lei impõe ao fiduciário a obrigação de tentar alienar o imóvel por meio de leilão público (art. 27). É possível que
o devedor fiduciante faça a purgação da mora após a consolidação da propriedade em nome do fiduciário? a)
antes da entrada em vigor da Lei nº 13.465/2017: SIM. Mesmo que já consolidada a propriedade do imóvel dado
em garantia em nome do credor fiduciário, era possível a purgação da mora. A purgação era admitida até a as-
sinatura do auto de arrematação. b) a partir da entrada em vigor da Lei nº 13.465/2017: NÃO. Nos contratos de
mútuo imobiliário com pacto adjeto de alienação fiduciária, com a entrada em vigor da Lei nº 13.465/2017, não
se admite a purgação da mora após a consolidação da propriedade em favor do credor fiduciário, sendo asse-
gurado ao devedor fiduciante tão somente o exercício do direito de preferência. STJ. 3ª Turma. REsp 1649595-RS,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/10/2020 (Info 681).
Em caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o cre-
dor poderá optar por uma das seguintes medidas para a satisfação do seu crédito: • ação de busca e apreensão
do bem (art. 3º do DL 911/1969); ou • ação de execução (arts. 4º e 5º). Imagine que houve a mora do devedor
fiduciário (que havia comprado um carro mediante alienação fiduciária) e que o banco (credor fiduciante) ingres-
sou com ação de busca e apreensão. Apreendido o bem, deverá ser feita a venda extrajudicial da coisa. Efetivada
a venda, podem ocorrer duas situações: • o valor arrecadado com a venda do bem foi maior que as dívidas. Nes-
te caso, o banco credor deverá entregar essa sobra ao devedor. • o valor arrecadado foi menor que as dívidas.
Significa que continua havendo um saldo devedor e o adquirente fiduciante continua sendo responsável pelo
seu pagamento. O devedor fiduciante pode pleitear a prestação de contas relativa à venda extrajudicial do bem
alienado fiduciariamente no bojo da própria ação de busca e apreensão? Não. Será necessário o ajuizamento
de ação autônoma para esse objetivo. O devedor fiduciário tem direito à prestação de contas relacionada com
a venda extrajudicial do bem, porém tal pretensão deve ser buscada pela via adequada, qual seja, a ação de
exigir/prestar contas. As questões concernentes à venda extrajudicial do bem, imputação do valor alcançado no
pagamento do débito e apuração acerca de eventual saldo remanescente em favor do devedor não podem ser
discutidas, incidentalmente, no bojo da ação de busca e apreensão. O processo de busca e apreensão tem por
objetivo tão somente a consolidação da propriedade do bem no patrimônio do credor fiduciário. STJ. 3ª Turma.
REsp 1866230-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 680).
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos
pelo Decreto-Lei 911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1622555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).
d) Títulos de crédito. Princípios do direito cambiário. Aval, fiança e outras garantias. Endosso. Protesto.
Ação cambial. Prescrição.
Cartularidade
Literalidade
PRINCÍPIOS
INFORMADORES Abstração
Autonomia Inoponibilidade das exceções pessoais aos
terceiros de boa-fé
• É título de resgate;
• É título de circulação
a) Ao portador: circula pela mera tradição; identificação do credor não é feita de forma
expressa, possuidor é considerado titular do crédito (cheque até R$ 100,00);
a) Modelo livre: não se sujeita a formalidade específica (letra de câmbio e nota promis-
sória);
QUANTO AO
MODELO
b) Modelo vinculado: se submete a padronização fixada em lei, só produzindo efeitos se
preenchidas as formalidades legais (cheque e duplicata).
a) Ordem de pagamento: letra de câmbio, cheque e duplicata;
QUANTO À
ESTRUTURA
b) Promessa de pagamento: nota promissória
a) Título causal: somente pode ser emitido nas hipóteses em que a lei autoriza essa emis-
QUANTO ÀS são (duplicata);
HIPÓTESES DE
EMISSÃO b) Título abstrato: emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabelecida em
lei (cheque e nota promissória)
ENDOSSO-CAUÇÃO
(ENDOSSO-GARANTIA Endossante transmite o título como forma de garantia da dívida. Se o endossante
OU ENDOSSO- paga a dívida, resgata o título. Caso contrário, o endossatário passa a ter titulari-
PIGNORATÍCIO) dade plena do crédito.
#OLHAOTERMO
AVAL EM Não identifica o avalizado, presume-se que foi dado em favor de alguém (na letra de
BRANCO câmbio, em favor do sacador; demais títulos, do emitente ou subscritor)
#OBS: dispõe o art. 897, §único, do CC que “é vedado o aval parcial”. No entanto, o art. 30 da Lei Uniforme de
Genebra dispõe que “o pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval”, deixan-
do clara a possibilidade de aval parcial. Assim, a vedação ao aval parcial aplica-se tão somente aos títulos de
crédito que não possuam regulamentação por lei especial que disponha de forma distinta – títulos atípicos ou
inominados. Enunciado 39, da I Jornada de Direito Comercial: “Não se aplica a vedação do art. 897, parágrafo
único, do Código Civil, aos títulos de crédito regulados por lei especial, nos termos do seu art. 903, sendo, portanto,
admitido o aval parcial nos títulos de crédito regulados em lei especial”.
AVAL x FIANÇA
Aval e fiança possuem diferenças relevantes, decorrentes, sobretudo, do regime jurídico ao qual se submetem:
enquanto o aval é garantia cambial, submetida aos princípios do regime jurídico cambial, a fiança é garantia
civil, regida pelas regras desse regime jurídico. Três diferenças básicas entre aval e fiança:
a) O aval se submete ao princípio da autonomia, inerente aos títulos de crédito. Com efeito, o aval, por ser um
instituto do regime jurídico cambial, constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo ava-
lizado. Assim, se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por algum vício, este não se transmite
para a obrigação do avalista. Na fiança o mesmo não ocorre: ela, como obrigação acessória, leva a mesma sorte
da obrigação principal a que está relacionada.
b) O aval não admite o benefício de ordem, razão pela qual o avalista pode ser acionado juntamente com o
avalizado. Na fiança, todavia, o benefício de ordem assegura ao fiador a prerrogativa de somente ser acionado
após o afiançado. A responsabilidade do fiador é, portanto, subsidiária.
c) O aval deve ser prestado no próprio título, em obediência ao princípio da literalidade; já a fiança pode ser
prestada em instrumento separado.
Se uma pessoa vai dar o seu aval, ela precisará da concordância do seu cônjuge? Exige-se outorga uxória
ou marital (concordância do cônjuge) para que a pessoa seja avalista?
• Código Civil: SIM. Exige-se autorização do cônjuge, nos termos do art. 1.647, III:
O art. 1.647, III, do Código Civil somente se aplica para os títulos de crédito inominados (atípicos). No
caso de títulos de crédito nominados (típicos), é desnecessária a outorga uxória ou marital, não se apli-
cando a regra do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 16/3/2017 (Info 604).
PROTESTO: é o ato público, formal e solene, realizado pelo tabelião de protesto, com a finalidade de provar: a) a
inadimplência do devedor; b) o descumprimento de obrigação constante de título de crédito; ou c) qualquer outro
ato importante relacionado com o título (ex: falta de aceite).
A Fazenda Pública possui interesse e pode efetivar o protesto da CDA, documento de dívida, na forma
do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997, com a redação dada pela Lei nº 12.767/2012. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.686.659-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 643).
Súmula 504 STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Súmula 503 STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva
é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
CHEQUE
É de 6 meses o prazo prescricional para a execução do cheque, contados do fim do prazo de apresentação do
cheque. Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o prazo de apresentação, e não
da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Com o fim do prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais
executar o cheque. Diz-se que o cheque perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário
poderá cobrar o valor desse cheque por outros meios, quais sejam:
1) Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61 da Lei do Cheque (Lei nº
7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação exe-
cutiva.
2) Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de 5 anos, nos termos do
art. 206, § 5º, I, CC.
3) Ação monitória (Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula).
-Ação de locupletamento envolvendo NOTA PROMISSÓRIA (art. 48 do Decreto nº 2.044/1908): prazo
prescricional de 3 anos.
-Ação de locupletamento envolvendo CHEQUE (art. 62 da Lei n.º 7.357/85): prazo prescricional de 2
anos.
Súmula 503 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força execu-
tiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Súmula 531 do STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
Súmula 504 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
2ª parte do NFPSS.
PONTO II
a) Teoria geral da empresa. As pessoas que podem e as que são impedidas de exercer atividade
empresarial. Formalidades e registros relativos às empresas.
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
legalmente impedidos.
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas
obrigações contraídas.
§ 1 o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede,
ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno,
concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa
da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da
condenação.
2ª parte do NFPSS.
c) Títulos de crédito. Princípios do direito cambiário. Aval, fiança e outras garantias. Endosso. Protesto.
Ação cambial. Prescrição.
Já abordado acima.
d) A ordem econômica. Concorrência e livre iniciativa. Contratos mercantis. Venda com reserva de
domínio. Leasing. Alienação fiduciária.
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS:
PONTO I
a) Evolução da Defensoria Pública no âmbito estadual e nacional. A Defensoria Pública como expressão
e instrumento do regime democrático. Os objetivos da Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e
independência funcional.
b) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de Direito contemporâneo. A
essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as consequentes limitações impostas ao poder
constituinte derivado. A autonomia institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A
Defensoria Pública e o acesso à justiça.
Como antecedente mais remoto, Franklin Roger considera AS ORDENAÇÕES FILIPINAS, sancionadas em
1595, as quais, embora não tratassem da questão da gratuidade de maneira sistemática, previam o direito à
isenção de custas para a impetração de agravo, livravam os PRESOS POBRES do pagamento dos feitos em que
fossem condenados e garantiam que ADVOGADO PATROCINASSE GRATUITAMENTE OS MISERÁVEIS E OS IN-
DEFESOS, revelando, assim, os primeiros traços da assistência judiciária no país
Outras leis foram sendo editadas nesses sentido, como a Lei nº 261 (do ano de 1841) dispondo acerca da
isenção do pagamento de custas pelo réu pobre, que sucumbisse em demanda contra ele ajuizada.
No ano de 1870, o então presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, deu um grande passo na cami-
nhada histórica da assistência jurídica aos necessitados, sugerindo que a entidade assumisse o papel de prestar
consultoria jurídica e de oferecer defesa às pessoas pobres em juízo.
Percebendo-se a necessidade de sistematização da legislação que dispunha sobre a gratuidade da justiça,
foi editado o Decreto nº 1.030 (de 1890), tendo por objeto a organização da justiça do Distrito Federal pós-pro-
clamação da República. De acordo com o decreto, o Ministro da Justiça encontrava-se “autorizado a organizar
uma comissão de patrocínio gratuito dos pobres no crime e cível”.
Posteriormente, foi editado o Decreto nº 2.457 (de 1897), estruturando a Assistência Judiciária do Distrito
Federal, com o intuito de promover o “patrocínio gratuito dos pobres” que fossem “litigantes no cível ou no cri-
me, como autores ou réos, ou em qualquer outra qualidade”. De acordo com a referida norma, considerava-se
juridicamente pobre, para fins de concessão do direito à assistência gratuita, toda pessoa que estivesse “impos-
sibilitada de pagar ou adeantar as custas e despezas do processo sem privar-se de recursos pecuniarios indis-
pensaveis para as necessidades ordinarias da propria manutenção ou da familia”– primeiro modelo legalmente
organizado de prestação de assistência judiciária aos necessitados, de forma que o referido diploma traçou as
primeiras linhas delineadoras da gratuidade de justiça, definindo quem seriam seus beneficiários, a forma de
postulação e as isenções abrangidas pelo benefício (Franklin Roger)
Diante dos avanços observados no DF, diversos Estados da Federação começaram a implementar e regu-
lamentar a assistência judiciária aos necessitados em âmbito estadual, como RS/SP/PE/MG. Nesse estágio ainda
não havia órgãos permanentes/carreiras organizadas para a assistência legal dos pobres.
#IMPORTANTE CONSTITUIÇÃO DE 1934: DEU STATUS CONSTITUCIONAL À ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, E AO
DIREITO à GRATUIDADE DE JUSTIÇA E PREVIU A CRIAÇÃO DE ÓRGÃOS ESPECIALIZADOS PARA TANTO: art. 113,
nº 32 - União e os Estados deveriam conceder “aos necessitados assistência judiciária, criando, para esse efeito,
órgãos especiais assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”. CUIDOU DA ASSISTÊNCIA JU-
DICIÁRIA E DA JUSTIÇA GRATUITA – GUARDEM ESSA INFORMAÇÃO!
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1937: RETROCESSO - não previu qualquer direito no que tange a assistência
judiciária (a matéria voltou a ser unicamente regulada pela legislação infraconstitucional).
CPC DE 1939: AMPLIOU PARA TODO O PAÍS REGRAS PREVISTAS APENAS EM DIPLOMAS ESTADUAIS ATÉ
ENTÃO – NORMAS RELATIVAS AO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA VÁLIDAS EM ÂMBITO NACIONAL. Apesar
desse avanços, o Estado, sob a égide da Constituição de 1937, não assumiu qualquer comprometimento efetivo
com a criação de um serviço de assistência judiciária integral, gratuito e público (AINDA ERA PRESTADA POR
PROFISSIONAIS LIBERAIS).
CÓDIGO PENAL DE 1941: caso fosse constatada a pobreza do acusado ou querelante, seria pelo magistrado
indicado profissional liberal para a atuação pro bono na causa penal.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946 - devolveu à assistência judiciária sua anterior estatura constitucional.
Porém ao contrário da de 1934, deixou de indicar de que forma viabilizaria esse direito (não previu criação de
órgão especializado, por isso o Estado continuou em posição de inércia).
#ATENÇÃO #DPERJ Dentro desse quadro de omissão estatal em organizar a prestação da assistência ju-
diciária, O RIO DE JANEIRO CRIOU ÓRGÃO ESPECÍFICO PARA A DEFESA LEGAL DOS NECESSITADOS! (avanço
significativo em relação a outros Estados da Federação que continuavam apenas credenciando advogados para
fazê-lo).
Lei nº 1.060/1950 – marco importante que definiu os requisitos para a concessão da gratuidade de justiça
as isenções abrangidas pelo benefício, a forma de postulação e como a assistência judiciária seria prestada aos
litigantes necessitados. “Todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família” (art. 2º, parágrafo único – vigente até
os dias atuais).
Lei nº 4.215 de 1963: instituiu como dever profissional dos advogados a prestação da assistência judiciária
aos necessitados.
CONSTITUIÇÃO DE 1967: previu a assistência jurídica aos necessitados através de órgão especializado para
este fim, porém como norma NÃO AUTOAPLICÁVEL, dependendo, para sua concretização, de regulamentação
infraconstitucional.
Previa que a União e os Estados deveriam conceder assistência judiciária aos ne-
cessitados, através da criação de órgãos especiais, assegurando ainda a isenção
CONSTITUIÇÃO DE 1934 de custas.
A assistência judiciária era considerada um direito fundamental!
Omitiu-se em estatuir o benefício da assistência judiciária, sendo que esta não
CONSTITUIÇÃO DE 1937 era mais considerada um direito fundamental.
A matéria passou a ser disciplinada então pela legislação ordinária.
Foi mais concisa que a CF de 1937, pois estabeleceu que o Poder Público, na for-
ma que a lei estabelecer, deveria conceder assistência judiciária aos necessitados.
CONSTITUIÇÃO DE 1946 Daí surge a Lei 1.060/1950.
Ao contrário da CF de 1934 não previu órgãos especiais para esse fim.
CONSTITUIÇÃO DE
Não houve mudanças significativas
1967/69
AUTONOMIA DA DPE
Autonomia funcionalé a prerrogativa assegurada aos Defensores Públicos de, no exercício de suas funções,
não estarem subordinados tecnicamente a ninguém, devendo atuar de acordo com seu convencimento técnico-
-jurídico e sempre no interesse do assistido, respeitando, obviamente, as leis e a Constituição Federal.
- Autonomia administrativaconsiste na garantia conferida à Defensoria Pública de que ela própria é quem irá
se governar, tomando as decisões administrativas, sem necessidade de autorização prévia ou ratificação poste-
rior por parte de outros órgãos ou entidades.
Autonomia financeiraé a própria Defensoria Pública quem, dentro dos limites estabelecidos na LDO, decide
qual será a proposta de seu orçamento que será encaminhada ao Parlamento para lá ser votada
EC nº 45/2004 Garantiu autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de proposta orçamentá-
ria às Defensorias Públicas Estaduais
EC nº 69/2012 Garantiu autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de proposta orçamentária
à Defensoria Pública do Distrito Federal de maneira implícita
EC nº 74/2013 Garantiu expressamente autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de pro-
posta orçamentária à Defensoria Pública da União e à do Distrito Federal
EC nº 80/2014 Trouxe um grande avanço para a Defensoria Pública. Alterou o caput do art. 134, da CF, tor-
nando a redação idêntica ao art. 1º da LC 80/94, com redação dada pela LC 132/2009 #ATENÇÃO #DEFENSO-
RIANACONSTITUIÇÃODE88 - As Defensorias Públicas, nos moldes do Poder Judiciário e do Ministério Público,
passaram, com a edição da EC 80/2104, a ostentar autonomia plena, fator este essencial para o desempenho de
seu mister constitucional.
UNIDADE (ou unicidade, como consta na Constituição carioca): A DP deve ser vista como uma INSTITUIÇÃO
ÚNICA – SEUS MEMBROS COMPÓEM UM CORPO UNITÁRIO, sob o comando do Defensor Público Geral. Em
virtude da unidade da Instituição, os atos praticados pelo Defensor Público no exercício de suas funções não
devem ser creditados ao agente, mas atribuídos à própria Defensoria Pública a qual integra (Franklin Roger).
INDIVISIBILIDADE (ou impessoalidade, como consta na legislação constitucional carioca): existência de uma Ins-
tituição incindível, não podendo ser desagregada ou fracionada. Por isso, é possível afirmar que o princípio
da indivisibilidade carrega uma função de contenção, impedindo qualquer mitigação ao princípio da unidade
(Franklin Roger). É por conta desse princípio que os Defensores podem se substituir entre si, garantindo que a
assistência aos mais necessitados seja contínua e ininterrupta – é o que a doutrina chama de FUNGIBILIDADE
DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA.
# ATENÇÃO: o princípio da indivisibilidade não implica em vinculação de opiniões, não sendo o Defensor Público
substituto obrigado a adotar a mesma linha de pensamento seguida pelo substituído (em respeito à indepen-
dência funcional.
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: Vejamos um trecho da obra do prof. Franklin acerca do tema #COLANARETINA
A independência funcional (art. 3º da LC nº 80/1994 e art. 179, § 2º, da CE/RJ) garante ao Defensor Público a ne-
cessária autonomia de convicção no exercício de suas funções institucionais, evitando que interferências políticas
ou fatores exógenos estranhos ao mérito da causa interfiram na adequada defesa da ordem jurídico democrá-
tica do país . Em outras palavras, o princípio da independência funcional confere ao Defensor Público escudo
invulnerável, que protege sua atuação profissional contra interesses escusos e contra os poderosos inimigos que,
pertencentes às fileiras dos opressores e antidemocráticos, pretendem conservar o estado social desigualitário
presente. Em virtude de sua independência funcional, os Defensores Públicos podem atuar livremente no exer-
cício de suas funções institucionais, rendendo obediência apenas à lei e à sua própria consciência. Isso significa
que, além estarem livres de interferências externas, os Defensores Públicos funcionalmente não se encontram
submetidos a qualquer poder hierárquico interno, não estando vinculados às recomendações exaradas pelo
escalão superior da Defensoria Pública. Por essa razão, não pode o Defensor ser penalizado pelos atos probos
praticados no estrito exercício de suas funções, mesmo que tal conduta contrarie orientação expedida pela chefia
institucional da Defensoria Pública. Na verdade, por conta do princípio da independência funcional, a hierarquia
interna existente na Instituição deve restringir-se às questões de ordem administrativa, nunca de caráter funcional
ou técnico. Com isso, embora a chefia institucional da Defensoria Pública esteja autorizada a proferir as ordens
e as diretrizes que entender necessárias, tais comandos devem permanecer restritos às questões administrativas.
Não possui o Defensor Público Geral ou a administração superior atribuição para controlar o mérito dos pro-
nunciamentos dos Defensores Públicos, sendo vedada a prolação de qualquer comando que invada ou viole a
esfera funcional de atuação do membro da Instituição.
#ATENÇÃO: Independência funcional – não é absoluta, no sentido de que o Defensor Público, como qualquer
agente público, deve pautar sua atuação na legalidade, impessoalidade e probidade, sendo sempre norteada
pela finalidade institucionais de assistência jurídica aos necessitados.
#ATENÇÃO: INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL É DIFERENTE DE AUTONOMIA FUNCIONAL – esta última diz respei-
to a Defensoria de forma geral, englobando a DPU e as DPES, de forma que a Defensoria como um todo está
isenta de qualquer ingerência externa em sua atuação – é uma garantia INSTITUCIONAL da DEFENSORIA. Já a
independência funcional, como já explicitado, é uma garantia voltada para o Defensor Público, garantindo que
este atue conforme sua liberdade de convicção.
PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA (leitura integral do art. 128 da LC 80/94.
#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO
É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função para
Defensores Públicos e Procuradores do Estado.
Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a autoridades diversas daquelas
arroladas na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508 Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 Ref-MC/AL,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020 (Info 1000).
O Governador do Estado é obrigado a efetuar o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20
de cada mês, da integralidade dos recursos orçamentários destinados à Defensoria Pública esta-
dual pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício financeiro, inclusive quanto às par-
celas já vencidas, assim também em relação a eventuais créditos adicionais destinados à instituição.
STF. Plenário. ADPF 384 Ref-MC/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2020 (Info 985).
-Incumbida da orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados (art. 5º, LXXIV).
-LC organiza a Defensoria Pública da União e Territórios e estabelece normas gerais para as Defensorias
Públicas dos Estados e do Distrito Federal.
-Garantia da inamovibilidade.
-Vedação da advocacia fora das atribuições institucionais. – Autonomia funcional e administrativa e ini-
ciativa de sua proposta orçamentária para todas as Defensorias Públicas, devendo seus recursos ser re-
passados até o dia 20 de cada mês em duodécimos.
c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita. Deliberação CS/
DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ
nº 943/2018 (arrecadação de honorários). Os modelos teóricos de assistência jurídica dos Estados
contemporâneos. O modelo brasileiro de assistência jurídica estatal gratuita.
d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Garantias e prerrogativas dos membros da Defensoria
Pública. Direitos dos assistidos.
e) Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de Processo Civil e na legislação
estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial. Curadoria Especial.
#DEOLHONATABELA
Gratuidade de justiça dispensa provisória da antecipação do pagamento das despesas judiciais ou extraju-
diciais. Será sempre inicialmente provisória, pois a dispensa do pagamento só perderá sua provisoriedade após
esgotado o prazo quinquenal (98, §5º, CPC). Nesse meio tempo, a dispensa do pagamento subsistirá apenas e
tão somente enquanto durar o estado de hipossuficiência econômica do beneficiário. Significa isenção do pa-
gamento. Engloba todas as despesas judiciais necessárias ao regular desenvolvimento do processo e à efetiva
participação do hipossuficiente na relação jurídico processual (ex.: custas em sentido estrito, taxa judiciária, hono-
rários periciais) e também todos os atos extrajudiciais (ex.: emolumentos relativos à autenticação de documento,
à averbação de divórcio, ao registro de imóvel. CPC, Artigos 82, 95, 98, 99, 169, 565, 968, 1015, 1021, 1026).
Assistência judiciária apenas em juízo. Estritamente no campo judicial. É a atividade técnica de patrocinar
causas e defender interesses em juízo.
Assistência jurídica judicial ou extrajudicial; atividade de apoio jurídico dentro ou fora de uma relação jurídi-
co-processual. É a mais ampla. Engloba a assistência judiciária e também a atividade assistencial pré-judiciária e
extrajudiciária (ex.: esclarecimento de dúvidas, contratos, orientação jurídica preventiva, conclusão de negócios,
composição extrajudicial de conflitos, conscientização da população sobre seus direitos.
Não há a prestação de um serviço, nem desempe- Assistência jurídica estatal gratuita: é o serviço públi-
nho de qualquer atividade, identifica-se apenas a as- co de orientação e atuação jurídica, organizado, no
sunção de uma postura passiva/negativa por parte Brasil, pela Defensoria Pública, via avaliação e con-
do Estado (basta se abster de exigir o pagamento cessão de forma administrativa. Cabe exclusivamen-
antecipado de todas as despesas judiciais ou extraju- te ao Defensor Público o reconhecimento; trata-se
diciais). Natureza dúplice: tributária (dispensa custas, da prestação não onerosa de serviço de orientação
taxa judiciária e emolumentos extrajudiciais) e pro- legal e de defesa dos direitos do necessitado econô-
cessual (dispensa despesas processuais e honorários mico, em juízo ou fora dele. Natureza administrativa.
sucumbenciais). Se ocorrer numa relação jurídico- Gera uma prestação positiva do Estado, afinal para
-processual, cabe ao juiz o reconhecimento, se numa cumprir com a promessa constitucional da assistên-
relação extrajudicial (ex.: cartório) cabe ao delega- cia jurídica integral e gratuita deve o Estado estru-
tário do serviço notarial com supervisão do juiz o turar-se adequadamente, a fim de poder prestar o
reconhecimento extrajudicial. serviço, exige uma postura ativa do Estado.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.
-A Defensoria Pública não detém a exclusividade da prestação de assistência jurídica gratuita na defesa daqueles
que não têm meios financeiros para contratar advogado, assim como não existe direito subjetivo de o acusado de
ser defendido pela Defensoria Pública;
- Não se presume a hipossuficiência econômica para concessão da gratuidade da justiça pelo simples fato de a
parte ser representada pela Defensoria Pública, sendo necessário o preenchimento dos requisitos previstos em lei;
- Em se tratando de ação penal pública, compete ao Juízo da Execução Penal a análise do estado de miserabilidade
jurídica do condenado, visando à concessão do benefício de gratuidade da justiça;
- A concessão do benefício de gratuidade da justiça não exclui a possibilidade de condenação do acusado ao pa-
gamento de custas processuais, mas tão somente a suspensão de sua exigibilidade pelo prazo de cinco anos (art.
804 do Código de Processo Penal - CPP);
- O beneficiário da justiça gratuita não faz jus à isenção das custas e dos honorários advocatícios, cuja exigibilidade
ficará suspensa, nos termos do art. 98, §§ 2° e 3°, do CPC;
- O fato de a parte ser beneficiária da gratuidade da justiça não impede a fixação de honorários, no entanto sua
exigibilidade ficará suspensa na forma do art. 98, § 3º, do CPC;
- Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossi-
bilidade de arcar com os encargos processuais. (Súmula n. 481/STJ);
- O direito à gratuidade da justiça da pessoa jurídica em regime de liquidação extrajudicial ou de falência depende
da demonstração de sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais;
- O beneficiário da assistência judiciária gratuita tem direito à elaboração de cálculos pela Contadoria Judicial, in-
dependentemente de sua complexidade;
- O art. 12, §2º, da Lei n. 10.257/2001, que assegura aos autores da ação de usucapião especial urbana os benefícios
da assistência judiciária gratuita, incluindo as despesas de registro imobiliário, deve ser interpretado em harmonia
com o Código de Processo Civil.
1ª ONDA RENOVATÓRIA: ASSISTÊNCIA JURÍDICA AOS POBRES A primeira onda renovatória guarda
referência com a assistência jurídica aos pobres, revelando a necessidade de órgãos encarregados de prestar
assistência aos menos afortunados, patrocinando os direitos desta parcela humilde da população. Se relaciona
com obstáculos econômicos
(A PARTIR DESSA ONDA SÃO CONCEITOS TRAZIDOS PELA DOUTRINA MAIS MODERNA) 4ª ONDA RENO-
VATÓRIA: A DIMENSÃO ÉTICA E POLÍTICA DO DIREITO Tendo como base a sensação comum na sociedade
moderna de estar-se rodeado de injustiça, ao mesmo tempo em que não se sabe onde a justiça está, o pro-
fessor KIM ECONOMIDES preconiza a existência de uma quarta onda de acesso à justiça, expondo a dimensão
ética e política da administração da justiça. De acordo com o professor, “a essência do problema não está mais
limitada ao acesso dos cidadãos à justiça, mas inclui também o acesso dos próprios advogados à justiça”. Isso
porque “o acesso dos cidadãos à justiça é inútil sem o acesso dos operadores do direito à justiça”. A constru-
ção teórica de ECONOMIDES retira o foco do acesso e passa a focar na justiça, realizando a análise crítica das
carreiras jurídicas e da estruturação interna corporis do sistema de justiça. Se relaciona com “valor justiça”,
ou seja, como os operadores do direito interpretam o ordenamento jurídico em prol de ideais éticos e de uma
democracia social.
- A doutrina moderna fala, ainda, em SEXTA ONDA, relacionando-a com o conceito de vulnerabilidade digital
VULNERABILIDADE ECONÔMICA: necessidade econômica. Não deve ser um critério puramente matemá-
tico a constatação da hipossuficiência econômica depende da avaliação de dos fatores pessoais ou endógenos
(rendimentos e despesas do núcleo familiar do postulante) e dos fatores jurisdicionais ou exógenos (despesas
processuais e honorários advocatícios). É a vulnerabilidade clássica, em que prevalece uma assistência jurídica
aos assistidos, de forma individual, em virtude de não possuírem recursos financeiros para arcar com as despesas
do processo. Trata-se de uma vulnerabilidade econômica, relacionada aos aspectos financeiros.
VULNERABILIDADE ORGANIZACIONAL: DIRETAMENTE LIGADA AO PROCESSO COLETIVO. Viés social.
Fala-se em vulnerabilidade organizacional quando o grupo de pessoas não consegue se organizar, por diversas
razões (por exemplo, de índole geográfica), para defender seus direitos em juízo de forma plena. Conceito subs-
tancial de democracia - não somente a vontade da maioria deve ser respeitada, como também a dignidade e
os direitos fundamentais dos grupos vulneráveis. O neoconstitucionalismo da ensejo a segunda dimensão das
#HIPERVULNERABILIDADE? O termo foi empregado pela Ministra Laurita Vaz no REsp 1.192.577-RS, julgado em
21/10/2015 – Info. 573 STJ, para definir a hipossuficiência técnica ou organizacional de determinados grupos social-
mente estigmatizados ou excluídos, como idosos, crianças, consumidores, gerações futuras, etc., o que, de pronto,
atrairia a legitimidade da Defensoria para atuar em sua defesa. A decisão, da Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça, unifica entendimento até então divergente no tribunal, que no mesmo caso, quando julgado pela 4ª Turma,
havia afastado a Legitimidade da Defensoria.
- CUSTUS VULNERABILIS E DEFENSORIA A Defensoria atua em nome próprio em razão de missão institucio-
nal de promoção dos Direitos papel extremamente relevante que já foi aceito pelo STJ: Admite-se a intervenção da
Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes
em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos. STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 25/09/2019 (Info 657).
- CURADORIA ESPECIAL E DEFENSORIA A curadoria especial, pois, é instituto de Direito Processual de caráter
eminentemente protetivo. Destina-se a garantir a tutela dos interesses de pessoas cuja situação de vulnerabilidade
possa impedi-los de ter plena ciência acerca da existência e do teor do processo ou de exercer adequadamente a
defesa de seus direitos em juízo Suas principais hipóteses estão previstas no artigo 9º, CPC/1973, correspondente
ao artigo 72, CPC/2015, quais sejam: i) incapaz sem representante legal; ii) incapaz quando os interesses deste co-
lidirem com os do representante legal; iii) réu revel preso; iv) réu revel citado por edital ou com hora certa.
- ATUAÇÃO EXTRAJUDICIAL DA DPE O artigo 4º, II da Lei Complementar 80/1994 dispõe ser função institu-
cional da Defensoria Pública promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à composição
entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de
composição e administração de conflitos. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de
conflitos, aliás, “deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Pú-
blico” (conforme artigo 3º, parágrafo 3º do CPC).
- A previsão de atuação extrajudicial da Defensoria Pública passou a constar expressamente no texto da Constitui-
ção Federal com o advento da Emenda Constitucional 80 de 2014 – não deixar de ler o art. 134!
- Defensoria tem perfil para ser ombudsman na solução extrajudicial de conflitos? SIM! É instituição pública
dotada de autonomia, cuja finalidade principal é proteger os direitos humanos dos cidadãos frente à Administração
Pública do país respectivo (definição aceita universalmente)
- LEGITIMIDADE PARA AÇÕES COLETIVAS: em havendo qualquer tipo de hipossuficiência no caso concreto,
independentemente da situação econômica dos interessados, imperioso o reconhecimento da legitimidade da
Defensoria Pública para o ajuizamento da ação coletiva.
PONTO II
a) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de Direito contemporâneo. A
essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as consequentes limitações impostas ao poder
constituinte derivado. A autonomia institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A
Defensoria Pública e o acesso à justiça.
b) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático. Os objetivos da Defensoria
Pública. Unidade, indivisibilidade e independência funcional. A Defensoria Pública e a repartição
constitucional de competências legislativas. A sistematização normativa da Defensoria Pública do Estado
do Rio de Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.
c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita. Deliberação CS/
DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº
943/2018 (arrecadação de honorários). Curadoria Especial.
d) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a) público(a). A relação
jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública. Gratuidade de justiça e Defensoria Pública.
A gratuidade no Código de Processo Civil e na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.
- Pontos já tratados.
PONTO III
a) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de Direito contemporâneo. A
essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as consequentes limitações impostas ao poder
constituinte derivado. A autonomia institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A
Defensoria Pública e o acesso à justiça.
b) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita. Os modelos teóricos
de assistência jurídica dos Estados contemporâneos. O modelo brasileiro de assistência jurídica estatal
gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica).
Resolução DPGE/RJ nº 943/2018 (arrecadação de honorários).
c) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a) público(a). A relação
jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública. Gratuidade de justiça e Defensoria Pública.
A gratuidade no Código de Processo Civil e na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.
d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Custos vulnerabilis. Garantias e prerrogativas dos
membros da Defensoria Pública. Proibições dos membros da Defensoria Pública. Direitos dos assistidos.
e) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático. Os objetivos da Defensoria
Pública. Unidade, indivisibilidade e independência funcional. Estrutura e organização administrativa da
Defensoria Pública. A carreira de defensor(a) público(a) do Estado do Rio de Janeiro. Curadoria Especial.
- Pontos já tratados.
PONTO IV
a) Evolução da Defensoria Pública no âmbito estadual e nacional. A Defensoria Pública como expressão
e instrumento do regime democrático. Os objetivos da Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e
independência funcional.
b) A Defensoria Pública e a repartição constitucional de competências legislativas. A sistematização
normativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.
c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita. Deliberação CS/
DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº
943/2018 (arrecadação de honorários). Curadoria Especial.
d) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a) público(a). A relação
jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública. Gratuidade de justiça e Defensoria Pública.
A gratuidade no Código de Processo Civil e na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.
#FIQUEDEOLHO – STJ: as tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB
não vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo que
atua no processo penal; servem como referência para o estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o labor
despendido pelo advogado. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade,
julgado em 23/10/2019, DJe 04/11/2019 (Tema 984) x são vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos
praticados por defensor dativo, as tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública
e a seccional da OAB. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado
em 23/10/2019, DJe 04/11/2019 (Tema 984).
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO: Segundo Franklin Roger, a regra do art. 145, §1º do NCPC se aplica ao regime
jurídico da instituição (...) sustentamos que a disciplina do impedimento e da suspeição previstas no CPP e no CPC
aplicam-se à Defensoria Pública, por força dos arts. 47, VII; 92, VII; e 131, VII, todos da LC n. 80/94. Diante do silên-
cio da LC n. 80/94 a respeito da disciplina da suspeição, é possível a incidência do NCPC e da legislação estadual,
especificamente no que toca à suspeito por motivo de foro íntimo e a desnecessidade de indicação do motivo.
- No Rio de Janeiro, o art. 136 da LC n. 06/77 exige a indicação das razões em expediente reservado ("o membro da
Defensoria Pública comunicará ao Defensor Público Geral, em expediente reservado, o motivo de sua suspeição.")
- #LEITURAOBRIGATÓRIA DA LC 06/77! Nesse ponto, especialmente os arts. 131 a 136.
-Da organização interna da Defensoria Pública do RJ – eleição do Defensor-Geral, das Ouvidorias, dos Conselhos,
mandatos – comparar a LC 06/77 com a LC 80/94.
PONTO V
a) A essencialidade constitucional da Defensoria Pública. A autonomia institucional da Defensoria
Pública na Constituição da República. A Defensoria Pública e o acesso à justiça. A Defensoria Pública
e a repartição constitucional de competências legislativas. A sistematização normativa da Defensoria
Pública do Estado do Rio de Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.
b) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita. Deliberação CS/
DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº
943/2018 (arrecadação de honorários). Curadoria Especial.
c) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a) público(a). A relação
jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública. Gratuidade de justiça e Defensoria Pública.
A gratuidade no Código de Processo Civil e na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.
d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Custos vulnerabilis. Garantias e prerrogativas dos
membros da Defensoria Pública. Deveres dos membros da Defensoria Pública. Direitos dos assistidos.
e) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático. Os objetivos da Defensoria
Pública. Unidade, indivisibilidade e independência funcional. Estrutura e organização administrativa da
Defensoria Pública. A carreira de defensor(a) público(a) do Estado do Rio de Janeiro.
- Repartição de competência legislativas: #SELIGA É proibida a edição de medida provisória sobre De-
fensoria Pública, pois se trata de matéria reservada à Lei Complementar, conforme a CF/88. #ATENÇÃO: embora a
Constituição Federal reserve ao Presidente da República a iniciativa de leis que disponham sobre a organização da
Defensoria Pública da União e normas gerais para a organização da Defensoria dos estados e do Distrito Federal,
isso não exclui a iniciativa privativa dos defensores públicos gerais para leis que disponham sobre organi-
zação e atribuição da DP.
BANCA II
EXECUÇÃO PENAL
PONTO I
a) Princípios do Direito de Execução Penal. Objetivos da Execução Penal. Natureza da Execução Penal.
Fontes Positivas do Direito de Execução Penal.
LEP, Art. 2º. A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o
Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta
Princípio da Legalidade:
Lei e do Código de Processo Penal.
LEP, Art. 3º. Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei.
Princípio LEP, Art. 3º, parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, so-
cial, religiosa ou política.
Igualdade:
Na execução da pena, não serão concedidas restrições ou privilégios de modo in-
discriminado, por origem social, política, de raça, cor, sexto.
CRFB/88, art. 5º, XLVI: “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes”.
Princípio LEP, Art. 5º. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e
Individualização da personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
pena: A pena será individualizada conforme a personalidade e antecedentes do agente,
bem como o tipo de delito por ele praticado (item 26 da Exposição de Motivos da
LEP).
Art. 5º, inciso XLV – “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido” (princípio da intranscendência da pena);
Art. 5º, XLVII – “não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de
caráter perpétuo;
de trabalhos forçados;
de banimento;
cruéis”;
Outros dispositivos
Art. 5º, XLVIII — “a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo
constitucionais com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado”;
importantes
Art. 5º, XLIX – “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”;
Art. 5º, L — “às presidiárias serão asseguradas condições para que possam perma-
necer com seus filhos durante o período de amamentação”.
- princípio da humanidade;
- princípio da não marginalização (ou não discriminação) das pessoas presas ou
internadas (denominação do professor Roig, relacionando com o princípio da less
eligibility – não se pode sustentar a idéia de que as condições de trabalho e de vida
das pessoas presas têm que ser piores que as da classe trabalhadora livre);
- princípio da celeridade ou da razoável duração do processo de execução penal
(Roig sustenta que se aplica ao processo de execução, e não apenas ao processo
OUTROS PRINCÍPIOS de conhecimento - não apenas em virtude da extensiva aplicabilidade das garantias
IMPORTANTES constitucionais fundamentais, mas também porque não houve na Constituição da
República qualquer tipo de restrição quanto à natureza do processo);
- princípio do numerus clausus ((número fechado ou capacidade prisional taxativa)
como o princípio ou sistema organizacional por meio do qual cada nova entrada
de uma pessoa no âmbito do sistema carcerário deve necessariamente correspon-
der ao menos a uma saída, de forma que a proporção presos-vagas se mantenha
sempre em estabilidade ou tendencialmente em redução
Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo
e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira “falha es-
trutural” que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação.
Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o proble-
ma e monitorar os resultados alcançados.
Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar determinando que:
• juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de custódia;
• a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utiliza-
ção na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos.
Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida cautelar STF. Ple-
nário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798)
Resumindo: O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um “Estado de Coisas Inconstitucional”,
com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas
para execução nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas.Vale ressaltar que a responsabilidade por
essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Es-
tados-Membros e do Distrito Federal.A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes
representa uma verdadeira “falha estrutural” que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do
agravamento da situação.Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais Poderes da inércia, coordenar ações
visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados.Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu par-
cialmente medida cautelar determinando que:• juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo
de 90 dias, a audiência de custódia;• a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo
Penitenciário Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos con-
tingenciamentos.Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida
cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).
OLHAOGANCHO #DIREITONAPANDEMIA #COVID19 Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Es-
tado de Coisas Inconstitucional dos presídios, determinar medidas para proteger os presos do Covid-19: A decisão do
Ministro Relator que, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional no sistema prisional, deter-
mina medidas para proteger os presos do Covid-19 amplia indevidamente o objeto da ação. É certo que no controle
abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta. No entanto, o pedido é específico. Nenhum dos pedidos
da ADPF 347 está relacionado com as questões inerentes à prevenção do Covid-19 nos presídios. Não é possível,
portanto, a ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormente. A Corte está limitada ao pedido. Aceitar a sua
ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade constitucional para propositura da ação. Ademais, em
que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida cautelar, ao conclamar os juízes
de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de megaoperação para analisar detalhadamente, em
um único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, como recomenda o Conselho Nacional de Justiça.
O STF entendeu que, neste momento, o Poder Judiciário deve seguir as recomendações sobre a questão emi-
tidas pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ e por portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça.
Para evitar a disseminação do novo coronavírus nas prisões, o CNJ recomendou a análise de situações de risco caso
a caso. A Recomendação 62/2020 do CNJ traz orientações aos Tribunais e aos magistrados quanto à adoção de
medidas preventivas contra a propagação do Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo.
STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/3/2020 (Info 970)
ATENÇÃO para mais alguns julgados que decorrem da violação dos princípios que norteiam a execução penal
#DEOLHONAJÚRIS
Estado deve indenizar preso que se encontre em situação degradante Considerando que é dever do Esta-
do, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos
no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação
de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki,
red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).
#APROFUNDANDO: Estado é responsável guarda e segurança dos presos: O Estado é responsável pela guarda e
segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto ali permanecerem detidas. Assim, é dever do Po-
der Público mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem
como, se for o caso, ressarcir os danos que daí decorrerem. A jurisprudência do STF entende que o Estado possui
responsabilidade objetiva pela integridade física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia. “A negligência
estatal no cumprimento do dever de guarda e vigilância dos detentos configura ato omissivo a dar ensejo à respon-
sabilidade objetiva do Estado, uma vez que, na condição de garante, tem o dever de zelar pela integridade física
dos custodiados” (trecho do voto do Min. Gilmar Mendes no ARE 662563 AgR, julgado em 20/03/2012).
Dever imposto pelo ordenamento nacional e internacional: O dever do Estado de garantir a segurança pessoal,
física e psíquica dos detentos é imposto não apenas no ordenamento nacional, mas também por compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil. Vejamos o fundamento constitucional, legal e convencional:
· Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88;
· Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7; 10; e 14;
· Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas – Resolução 01/08,
aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos;
· Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984;
e
· Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros – adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas para a Pre-
venção ao Crime e Tratamento de Delinquentes, de 1955.
Péssimas condições do sistema prisional: Como é do conhecimento de todos, o sistema prisional brasileiro vive uma
grande crise. São observados inúmeros problemas, como a superlotação e a falta de condições mínimas de saúde
e de higiene.
O STF, inclusive, já reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um “Estado de Coisas Inconstitucional”,
com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas
nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira “falha es-
trutural” que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Nesse sen-
tido: STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).
Responsabilidade civil do Estado: A Constituição Federal determina que cabe ao Estado responder pelos danos
causados por ação ou omissão de seus agentes, em face da autoaplicabilidade do art. 37, § 6º:
Art. 37 (...)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
O Estado possui o dever de manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordena-
mento jurídico. Se esse dever é descumprido, surge para o Poder Público a responsabilidade de ressarcir os danos,
inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições
legais de encarceramento.
Assim, ocorrido o dano e estabelecido o seu nexo causal com a atuação da Administração ou dos seus agentes,
nasce a responsabilidade civil do Estado.
Não aplicação do princípio da reserva do possível: Não há como acolher o argumento que invoca o “princípio da
reserva do possível”.
Segundo este princípio, os recursos públicos são limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há con-
dições financeiras de o Estado atender a todas as demandas sociais.
Ocorre que só faz sentido considerar este princípio em ações judiciais nas quais está sendo pedida a implemen-
tação de direitos fundamentais a prestações, especialmente direitos de natureza social (ex: saúde, educação etc.).
Em tais casos, discute-se se é possível conceder o direito pleiteado mesmo que não haja, em tese, capacidade
financeira do Estado.
Aqui, contudo, a situação é diferente. Neste caso, a matéria jurídica se situa no âmbito da responsabilidade civil do
Estado de responder pelos danos causados por ação ou omissão de seus agentes, nos termos previstos no art. 37, §
6º, da CF/88. Trata-se de dispositivo autoaplicável (de eficácia plena), que não depende de lei ou de qualquer outra
providência administrativa. Ocorrendo o dano e estabelecido o seu nexo causal com a atuação da Administração
ou dos seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado.
A criação de subterfúgios teóricos, tais como a separação dos Poderes, a reserva do possível e a natureza coletiva
dos danos sofridos, para afastar a responsabilidade estatal pelas calamitosas condições da carceragem afronta
não apenas o sentido do art. 37, § 6º, da CF, como também gera o esvaziamento dos dispositivos constitucionais,
convencionais e legais que impõem ao Estado o dever do Estado de garantir a integridade física e psíquica dos
detentos.
Negar a indenização aos detentos significaria violar o princípio da jurisdição: Negar aos detentos o direito à inde-
nização pela violação de sua integridade física e moral não é compatível com o sentido e o alcance do princípio
da jurisdição.
Não pode a decisão judicial desfavorecer sistematicamente a um determinado grupo de sujeitos, sob pena de
comprometer a sua própria legitimidade.
Recusar aos detentos os mecanismos de reparação judicial dos danos sofridos faz com que eles fiquem desampa-
rados de qualquer proteção estatal, em condição de vulnerabilidade juridicamente desastrosa. Seria dupla negativa:
do direito e da jurisdição.
Quem deverá pagar esta indenização? O Estado-membro responsável pela unidade prisional.
Se as péssimas condições forem verificadas em presídio federal (o que não se tem verificado na prática), neste caso
a indenização seria paga pela União.
Como é o pagamento desta indenização? Pode ser de outra forma que não seja dinheiro? NÃO. Durante os deba-
tes do julgamento, o Min. Roberto Barroso propôs que a indenização não fosse em dinheiro, mas sim por meio de
remição da pena. Dessa forma, em vez de receber uma reparação pecuniária, os presos que sofrem danos morais
por cumprirem pena em presídios com condições degradantes teriam direito ao “abatimento” de dias da pena.
Vale ressaltar que esta solução do Ministro Barroso não tem previsão na lei e seria feita por meio da aplicação, por
analogia, do art. 126 da LEP:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por
estudo, parte do tempo de execução da pena.
Pela proposta do Ministro, os danos morais causados a presos por superlotação ou condições degradantes deve-
riam ser reparados, preferencialmente, pela remição de parte do tempo da pena – à razão de um dia de remição
para cada 3 a 7 dias cumpridos sob essas condições adversas, a critério do juiz da Vara de Execuções Penais com-
petente. Barroso argumentou que, com a solução, ganha o preso, que reduz o tempo de prisão, e ganha o Estado,
que se desobriga de despender recursos com indenizações, dinheiro que pode ser, inclusive, usado na melhoria
do sistema.
O voto do Min. Barroso foi acompanhado por Luiz Fux e Celso de Mello, sendo, portanto, minoritário (vencido).
Assim, a maioria do STF decidiu que a indenização deve ser mesmo em pecúnia.
Valor da condenação: A título de curiosidade, no caso concreto, o Estado do Mato Grosso do Sul foi condenado
a indenizar o preso em R$ 2 mil.
O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam cumprindo
prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós-parto. Além disso,
não havia berçários e creches para seus filhos. Também se reconheceu a existência, no Poder Judiciário, de uma
“cultura do encarceramento”, que significa a imposição exagerada e irrazoável de prisões provisórias a mulheres
pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei penal e processual penal,
mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico
vigente.
A Corte admitiu que o Estado brasileiro não tem condições de garantir cuidados mínimos relativos à maternida-
de, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional.
Diversos documentos internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. É o caso,
por exemplo, das Regras de Bangkok.
Os cuidados com a mulher presa não se direcionam apenas a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais so-
frem injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor
determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos das crianças e adolescentes.
Diante da existência desse quadro, deve-se dar estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância (Lei
13.257/2016), em especial da nova redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do CPP, que prevê:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
Os critérios para a substituição de que tratam esses incisos devem ser os seguintes:
REGRA. Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam
- gestantes
- puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
- mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou
- mães de pessoas com deficiência.
EXCEÇÕES:
Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que
denegarem o benefício.
Obs1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que tenham praticado atos infracionais.
Obs2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a reincidente. O simples fato de que a mulher
ser reincidente não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar.
STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Observação:
A Lei nº 13.769/2018 positivou no CPP o entendimento manifestado pelo STF no julgamento acima explicado (HC
143641). A principal diferença foi que o legislador não incluiu a exceção número 3.
Além disso, na exceção 2 não falou em descendentes, mas sim em filho ou dependente.
Veja o artigo incluído pela Lei nº 13.769/2018 no CPP:
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pes-
soas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Objetivos da Execução Penal: Art. 1º da LEP: Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições
de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado. Segundo a LEP, a execução penal tem como objetivos concretizar as finalidades da prevenção especial
e retribuição. Prevenção especial (positiva): ressocialização - reintegração do condenado ao convívio social. O art.
11 da LEP prevê alguns instrumentos de ressocialização do preso, que também se estendem ao egresso.
2ªCORRENTE – a execução penal possui caráter eminentemente jurisdicional. Igualmente, não prevalece.
3ªCORRENTE – a execução penal possui caráter misto (administrativo + jurisdicional). Esse é o entendimento que
prevalece. Ada Pellegrini:“a execução penal é atividade complexa, que se desenvolve, entrosadamente, nos planos
jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa atividade participam dois Poderes estatais: o Judiciário
e o Executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos jurisdicionais e dos estabelecimentos penais”.
b) Aplicação da Lei Penal no Tempo. Lei 13.964/2019: Lei Anticrime. Extinção de Punibilidade. Execução
da Pena Privativa de Liberdade. Recursos. Ações Autônomas de Impugnação.
#ATENÇÃO:
Temos, hoje, duas situações que permitem a coleta de material genético (Sanches):
- A identificação genética determinada antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, seguindo as dis-
posições previstas na Lei n. 12.037/09 (também alterada pelo Pacote Anticrime, agora prevê que a exclusão do
perfil genético do banco de dados deve ocorrer em caso de absolvição ou, caso haja condenação, mediante re-
querimento depois de 20 anos do cumprimento da pena) #SELIGA Outra novidade foi a criação de um BANCO
NACIONAL MULTIBIOMÉTRICO E DE IMPRESSÕES DIGITAIS, o qual prevê a coleta não só de material genético, mas
também de registros biométricos, impressões digitais, de íris, face e voz de presos provisórios e definitivos, bem
como de investigados #ATENÇÃO #TESEINSTITUCIONAL Pessoal, se a questão trouxer um viés mais institucional,
de crítica à coleta de material genético, à sua perpetuidade e à uma antecipação da punibilidade caso um inves-
tigado tenha registro no banco nacional, bem como à obrigatoriedade de produção de prova contra si mesmo, a
gente deve ativar o #MODOSANGUEVERDE e criticar também. Mas atenção ao enunciado!!!
- A coleta de material genético dos presos com condenação definitiva por crime doloso com violência grave contra
a pessoa ou por crime hediondo, concretizada quando do condenado na unidade prisional. O condenado pelos
crimes previstos no caput do art. 9-A que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião
do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento de pena
(§4º)
CRIMES HEDIONDOS OU
PRIMÁRIO 40% = 2/5 Reincidente 60% = 3/5
EQUIPARADOS
CRIMES HEDIONDOS OU
EQUIPARADOS COM RESULTA- PRIMÁRIO 50% Reincidente 70%
DO MORTE
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
ESTRUTURADA PARA PRÁTI-
50% 50%
CA DE CRIME HEDIONDO OU
EQUIPARADO
Extinção de Punibilidade na LEP: O art. 66, II, da Lei de Execuções Penais, estabelece que compete ao
juiz da execução declarar extinta a punibilidade Se já estiver operado o trânsito em julgado da condenação, a
competência para extinguir a punibilidade será do juízo de execução, nos termos do artigo 66, II, da Lei de Execu-
ção Penal; do artigo 13 da Lei de Introdução ao CPP; da Súmula 611 do STF. Tal declaração se refere à extinção da
punibilidade decorrente da satisfação da sanção penal restritiva de liberdade ou de direitos imposta ao condenado.
SIM. Assim, o STJ, que tinha outro entendimento, teve que se adequar à posição manifestada pelo STF. #posi-
çãoinstitucional #sangueverde pessoal, se a questão nos pedir a atuação enquanto defensores, precisamos com-
bater esse entendimento! #contramajoritários – mas apenas na prova discursiva ou na oral – na objetiva somente
se for expresso na questão que o examinador quer a crítica, e não o entendimento! #cuidado
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, consi-
dera-se extinta a pena privativa de liberdade.
LIVRAMENTO CONDICIONAL: Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se
extinta a pena privativa de liberdade.
#ATENÇÃO: Preso com condenação definitiva: Aplica-se a LEP; Preso com condenação provisória: Aplica-se a LEP.
Preso provisório sem condenação: Aplica-se a LEP , no que couber. (Ex.: aplicam-se os direitos e deveres do preso).
Condenado provisório solto: Não se aplica a LEP.
A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no qual o réu estava preso unica-
mente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter confirmado a sua condenação em 1ª instância, não tendo ha-
vido, contudo, ainda, o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade de execução provi-
sória da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento de todos os recursos.
STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019 (Info 961).
#NOMESMOSENTIDO O art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o
cumprimento da pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto
no art. 5º, LVII, da CF/88.
Assim, é proibida a chamada “execução provisória da pena”.
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos
os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial individualmente funda-
mentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos
no art. 312 do CPP.
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e
não como execução provisória da pena.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (Info 958).
#AJUDAMARCINHO
Se um indivíduo é condenado por um crime e contra esta decisão não cabe mais nenhum recurso, dizemos que a
decisão transitou em julgado. Logo, a condenação é definitiva.
Se o indivíduo é condenado definitivamente a uma pena e passa a cumprir essa pena, dizemos que está havendo
a execução da pena.
Condenação provisória
Se um indivíduo é condenado por um crime e contra esta decisão ainda cabem recursos, dizemos que a decisão
não transitou em julgado. Logo, a condenação é provisória.
Imagine que um indivíduo está condenado, mas ainda falta julgar algum recurso que ele interpôs.
Se esse indivíduo inicia o cumprimento da pena imposta, dizemos que está havendo aí uma execução provisória
da pena. Isso porque a condenação ainda é provisória.
Desse modo execução provisória da pena significa o réu cumprir a pena imposta na decisão condenatória mesmo
sendo ainda uma decisão provisória (ainda sujeita a recursos).
Execução provisória da pena é, portanto, o início do cumprimento da pena imposta, mesmo que a decisão conde-
natória ainda não tenha transitado em julgado.
O principal argumento daqueles que são contrários à execução provisória da pena é a alegação de que ela violaria
o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88 e que diz:
Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem efeito
suspensivo? É possível a execução provisória da pena?
Se não houve ainda trânsito em julgado, não se pode determinar que o réu inicie o cumprimento provisório da
pena. Não importa que os recursos pendentes possuam efeito meramente devolutivo (sem efeito suspensivo). Não
existe cumprimento provisório da pena no Brasil porque ninguém pode ser considerado culpado antes do trânsito
em julgado (art. 5º, LVII, da CF/88).
O art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da pena, é
constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (Info 958)
Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem efeito
suspensivo (ex: só falta julgar Resp ou RE)? É possível a execução provisória da pena?
1ª Período
Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível a execução provisória
Até fev/2009: da pena.
SIM Assim, se o réu estivesse condenado e interpusesse recurso especial ou recurso
extraordinário, teria que iniciar o cumprimento provisório da pena enquanto
É possível a execução
aguardava o julgamento.
provisória da pena
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou
de posição e passou a entender que não era possível a execução provisória da
pena.
Obs: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE pre-
so, mas desde que estivessem previstos os pressupostos necessários para a
prisão preventiva (art. 312 do CPP).
2ª Período
Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente), e
De fev/2009 a fev/2016:
não como execução provisória da pena.
NÃO
Principais argumentos:
NÃO é possível a execu-
• A prisão antes do trânsito em julgado da condenação somente pode ser
ção provisória da pena
decretada a título cautelar.
• A execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa
restrição do direito de defesa.
• A antecipação da execução penal é incompatível com o texto da Constituição.
Esse entendimento durou até fevereiro de 2016.
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. Min. Teori Zavascki), retor-
nou para a sua primeira posição e voltou a dizer que era possível a execução
provisória da pena.
Principais argumentos:
• É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de
3º Período: acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional
da presunção da inocência.
De fev/2016 a nov/2019:
• O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspen-
SIM sivo (art. 637 do CPP). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto
É possível a execução algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo,
provisória da pena é possível a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o
julgamento do recurso.
• Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se
presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio
da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo
grau ao STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas ma-
téria de direito.
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Au-
rélio), retornou para a sua segunda posição e afirmou que o cumprimento da
pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos.
Assim, é proibida a execução provisória da pena.
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado
(antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é neces-
sário que seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada na
qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão
preventiva previstos no art. 312 do CPP.
4º Período: Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas
cautelarmente (preventivamente), e não como execução provisória da pena.
Principais argumentos:
Entendimento atual:
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, prevê que
NÃO “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sen-
tença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
NÃO é possível a execu- processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”. Esse artigo é
ção provisória da pena plenamente compatível com a Constituição em vigor.
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, não deixa
margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação.
• É infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de
inocência pode obstruir as atividades investigatórias e persecutórias do Estado.
A repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir a ordem jurídica e os
direitos e garantias fundamentais dos investigados.
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos
nem o Poder Judiciário embasar suas decisões no clamor público.
Segundo o entendimento que vigorou de A prisão, neste caso, não é mais automática.
fev/2016 a nov/2019: SIM. O TJ ou TRF deverá decidir, de forma individualizada, so-
A prisão, neste caso, era automática. bre a liberdade do réu, podendo até decretar a prisão,
desde que demonstre que isso é indispensável para a ga-
Passados eventuais embargos de declaração rantia da ordem pública ou econômica, para a conveni-
contra o acórdão, TJ ou TRF determinava a pri- ência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação
são do condenado com uma simples decisão da lei penal.
invocando a execução provisória da pena.
Se a prisão não for imprescindível para assegurar esses
valores, ele deverá aguardar em liberdade.
Não se analisava a necessidade da prisão por- É indispensável que seja analisada a necessidade ou não
que esta decorria do cumprimento provisório da prisão.
da condenação. Aqui, era prisão-pena. Trata-se de prisão cautelar (não é prisão-pena).
#ATENÇÃO: Os réus que estavam presos por força da execução provisória da pena deverão ser soltos com essa
nova decisão?
Se eles estavam presos unicamente por força da execução provisória da pena, é provável que sejam soltos.
Se eles estavam presos porque presentes os requisitos da prisão cautelar (art. 312 do CPP), a decisão do STF não
altera a sua situação.
#A nova decisão do STF é vinculante? SIM. A decisão do STF foi proferida em ADC, que declarou a constituciona-
lidade do art. 283 do CPP:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da auto-
ridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da
investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
Apesar de haver certa divergência doutrinária, prevalece que as decisões proferidas pelo STF em ação declaratória
de constitucionalidade possuem efeitos vinculantes e erga omnes.
prisão do réu, não fez a análise da presença ou não dos requisitos da prisão preventiva do art. 312 do CPP ou das
medidas cautelares diversas do art. 319 do CPP. Isso porque, naquela época, vigora a possibilidade de execução
provisória da pena. Logo, era desnecessário examinar os requisitos do art. 312 do CPP ou a possibilidade de con-
ceder medidas cautelares diversas (art. 319 do CPP). Como isso mudou, agora o Tribunal deverá analisar, de forma
particularizada, a necessidade ou não de prisão cautelar. Portanto, é necessário que o Tribunal de Justiça, a partir
do novo entendimento do STF, analise se é caso ou não de decretação de prisão preventiva ou de concessão de
outras medidas cautelares.
Se o Tribunal de 2ª instância determinou a execução provisória da pena, mas o juiz já havia negado o
direito do condenado de recorrer em liberdade, não cabe a soltura do réu com base no novo entendimento do
STF de que é proibida a execução provisória da pena: Juiz condenou o réu e negou a ele o direito de recorrer em
liberdade por estarem presentes os requisitos da prisão preventiva. Em apelação, o Tribunal de Justiça manteve a
condenação. Contra esse acórdão, o réu interpôs, simultaneamente, recurso especial e extraordinário. A decisão
do TJ foi proferida na época em que o entendimento do STF era no sentido de ser cabível a execução provisória da
pena. Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos especial e extraordinário, determinou que o condenado
iniciasse imediatamente o cumprimento da pena. Ocorre que logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a
proibir a execução provisória da pena (ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019). A defesa do réu impetrou habeas corpus
pedindo a liberdade imediata do condenado. A 1ª Turma do STF afirmou o seguinte: realmente, atualmente, não
cabe execução provisória da pena. No entanto, no caso concreto, o juiz de 1ª instância decretou a prisão preventiva
do acusado e, depois, vedou-lhe o direito de recorrer em liberdade. Além disso, o Tribunal de Justiça, apesar de
ordenar a execução provisória, repetiu a necessidade de garantia da ordem pública. Logo, a manutenção da prisão
não foi apenas por conta da execução provisória da pena. Desse modo, não se pode dizer que a decisão do Tribu-
nal de Justiça tenha sido teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência
do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 176723/MG, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).
Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que nega
liminar mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória da pena em caso de condenação pelo Tri-
bunal do Júri: Tribunal do Júri condenou o réu. Juiz-Presidente concedeu a ele o direito de recorrer em liberdade.
Em apelação, o Tribunal de Justiça manteve a condenação. Contra esse acórdão, o réu interpôs, simultaneamente,
recurso especial e extraordinário. A decisão do TJ foi proferida na época em que o entendimento do STF era no
sentido de ser cabível a execução provisória da pena. Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos espe-
cial e extraordinário, determinou que o condenado iniciasse imediatamente o cumprimento da pena. Ocorre que
logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a proibir a execução provisória da pena (ADC 43/DF, julgada em
7/11/2019). A defesa do réu impetrou habeas corpus no STJ pedindo a liberdade imediata do condenado. O Ministro
Relator do STJ, monocraticamente, negou o pedido de liminar. A defesa impetrou, então habeas corpus para o STF
contra essa decisão do Ministro do STJ. Cabe habeas corpus neste caso? Não. Em regra, não cabe habeas corpus
para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ. Aplica-se o raciocínio da súmula 691 do STF. Exceções:
a regra acima exposta pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratoló-
gica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o
STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. No caso concreto, o STF entendeu que havia alguma situação
excepcional que poderia justificar a concessão do habeas corpus de ofício? Não. A 1ª Turma do STF afirmou o se-
guinte: realmente, atualmente, não cabe execução provisória da pena. Isso foi decidido na ADC 43/DF, julgada em
7/11/2019). No entanto, o caso concreto envolve uma condenação pelo Tribunal do Júri. Existem alguns Ministros
do STF que entendem que seria possível a execução provisória da pena nas condenações do Tribunal do Júri. Isso
porque, em razão da soberania dos vereditos, o Tribunal não pode reexaminar os fatos decididos pelos jurados. A
discussão sobre a possibilidade ou não de execução provisória das condenações do Tribunal do Júri será definida
pelo STF no Recurso Extraordinário 1235340, cujo relator é o Ministro Luís Roberto Barroso e que está previsto para
ser julgado ainda no ano de 2020. Logo, como existe essa possibilidade de o STF adotar a execução provisória nas
condenações envolvendo o Júri, não se pode dizer que a decisão do Tribunal de Justiça tenha sido teratológica,
flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF po-
deria conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 175808/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (Info 964). #OBS: Neste julgado acima explicado, o STF não disse
que é possível a execução provisória em casos de condenação pelo Tribunal do Júri. O Tribunal simplesmente não
conheceu do habeas corpus (porque ele havia sido impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ) e
afirmou que não se poderia conceder a ordem de ofício. Não houve, portanto, uma posição do Tribunal quanto
ao mérito do tema.
Ainda neste sentido: Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações
pelo Tribunal do Júri.
STF. 2ª Turma.HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/11/2019 (Info 960).
#Obs: existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de réu condenado por
decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso, não viola o princípio constitucional da presunção de ino-
cência ou não-culpabilidade.” (STF. 1ª Turma. HC 118770, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
07/03/2017).Vale ressaltar, contudo, que essa decisão da 1ª Turma foi tomada antes do resultado das ADC 43/DF,
ADC 44/DF e ADC 54/DF, julgadas em 7/11/2019.
#ATENÇÃO #PACOTEANTICRIME Em sentido diverso, a Lei nº 13.964/2019 Alterou o art. 492 do CPP para dizer
que, se o réu for condenado, pelo Tribunal do Júri, a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão, será possível
a execução provisória da pena. Em outras palavras, se o réu for condenado no Tribunal do Júri a uma pena igual
ou superior a 15 anos de reclusão, ele terá que iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade, mesmo que
ele tenha interposto apelação contra essa sentença, ou seja, mesmo antes do trânsito em julgado da condenação:
#AJUDAMARCINHO
Art. 492. (...)
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de que trata a
alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual com-
petir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
#Se a condenação do Júri for igual ou superior a 15 anos, a apelação interposta terá, em regra, efeito meramente
devolutivo
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quin-
ze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo,
quando verificado cumulativamente que o recurso:
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou
redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de
petição em separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões
da apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da
controvérsia. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
Julgado anterior à mudança de entendimento pelo STF (pela impossibilidade de cumprimento provisório da
pena) mas que pode cair na nossa prova: É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execu-
ção provisória da pena, para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (STJ. 5ª Turma. HC 487763-SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647).
Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em julgado e ela não preencher
os requisitos do art. 117 da LEP. STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info
967).
O juiz pode determinar que a pessoa fique usando O juiz pode determinar que a pessoa fique usando
uma monitoração eletrônica. uma monitoração eletrônica.
Recursos: AGRAVO EM EXECUÇÃO – art. 197, LEP: Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de
agravo, sem efeito suspensivo. EXCEÇÃO: Existe um ÚNICO caso onde o agravo tem efeito suspensivo: art. 179
da LEP. Art. 179: Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ORDEM para a desinternação ou a liberação.
Somente quando TRANSITADA em julgado a sentença é que ocorrerá a desinternação do paciente. Ou seja, o
eventual AGRAVO interposto pelo MP contra a decisão do juiz de desinternar terá efeito suspensivo. Ademais, há
a possibilidade de juízo de retratação e segue o rito do RESE (no silêncio da LEP).
#DEOLHONASÚMULA #PRAZO: STF SÚMULA Nº 700. É DE CINCO DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE
AGRAVO CONTRA DECISÃO DO JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença conde- Art. 51. Transitada em julgado a sentença conde-
natória, a multa será considerada dívida de valor, natória, a multa será executada perante o juiz da
aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa execução penal e será considerada dívida de valor,
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
concerne às causas interruptivas e suspensivas da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
prescrição. interruptivas e suspensivas da prescrição.
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimado: a Fazenda Pública irá execu-
tar, na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80.
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).
STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).
Obs: a Súmula 521-STJ fica superada e deverá ser cancelada. Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal
de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública.
PACOTE ANTICRIME
No juízo da execução penal. O art. 51 do Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:
CÓDIGO PENAL
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes
as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas
e suspensivas da prescrição.
ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e
será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que
concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Se você observar a redação anterior do art. 51 verá que ele não falava em legitimidade prioritária do Ministério
Público e subsidiária da Fazenda Pública. Também não havia na lei esse prazo de 90 dias. Igualmente, não havia
essa distinção de dois foros competentes. Isso tudo foi uma criação do STF sem previsão na lei.
Assim, não se pode afirmar que a alteração legislativa promovida pelo Pacote Anticrime modificou o entendi-
mento do STF porque ele não estava expressamente baseado na lei. Por isso, a gente precisa prestar atenção na
questão, se o examinador quer saber a letra da lei ou a decisão do STF.
#ATENÇÃO #MODULAÇÃO DOS EFEITOS: O STF, em embargos de declaração, decidiu modular os efeitos do en-
tendimento acima e afirmou que existe competência concorrente da Procuradoria da Fazenda Pública quanto às
execuções findas ou iniciadas até a data do trânsito em julgado da presente ação direta de inconstitucionalidade
(STF. Plenário. ADI 3150 ED, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020)
PENA DE MULTA NO CP: Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julga-
do a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento
se realize em parcelas mensais. § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento
ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de
direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena. § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indis-
pensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
O art. 168, I, da LEP dispõe que o limite máximo de desconto será o de ¼ e o mínimo de 1/10 da remuneração
auferida pelo condenado.
É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental – art. 52 do CP.
Prescrição: art. 114, CP: A prescrição da pena de multa ocorrerá: I – em dois anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada; II – no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando
a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
Execução da Medida de Segurança: Medida de segurança é a modalidade de sanção penal com finalidade exclu-
sivamente preventiva, e de caráter terapêutico, destinada a tratar inimputáveis e semi-imputáveis portadores de
periculosidade, com o escopo de evitar a prática de futuras infrações penais (Masson).
Espécies
Detentiva Restritiva
STF. 2ª Turma. HC 151523, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/11/2018 (Info 925).
DURAÇÃO: #AJUDAMARCINHO Prazo de duração da medida de segurança: O Código Penal afirma que a me-
dida de segurança será aplicada por tempo indeterminado e que deverá ser mantida enquanto o indivíduo for
considerado perigoso:
Art. 97 (...)
§ 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averi-
guada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Desse modo, pela redação literal do CP, a medida de segurança poderia durar por toda a vida do individuo já que,
enquanto não ficasse provado que cessou a periculosidade, ele ainda teria que permanecer internado ou em tra-
tamento ambulatorial.
Essa leitura do § 1º do art. 97 do CP é compatível com a CF/88? O prazo de cumprimento da medida de segurança
é ilimitado?
NÃO. O prazo de cumprimento da medida de segurança não pode ser ilimitado. Isso porque, conforme vimos
acima, a medida de segurança é uma espécie de sanção penal e a CF/88 afirmou expressamente que, em nosso
ordenamento jurídico não pode haver “penas de caráter perpétuo” (art. 5º, XLVII). Quando a Constituição fala em
“penas de caráter perpétuo”, deve-se interpretar a expressão em sentido amplo, ou seja, são proibidas sanções
penais de caráter perpétuo, incluindo, assim, tanto as penas como as medidas de segurança.
Desse modo, atualmente, tanto o STJ como o STF afirmam que existe sim prazo máximo de duração das medidas
de segurança porque estas possuem caráter punitivo.
A pergunta que surge, então, é a seguinte: qual é o prazo máximo de duração das medidas de segurança?
Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de
segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
O STF possui julgados afirmando que a medida de pena abstratamente cominada ao delito praticado.
segurança deverá obedecer a um prazo máximo de
40 anos, fazendo uma analogia ao art. 75 do CP, e
considerando que a CF/88 veda as penas de caráter Ex: João, inimputável, pratica fato previsto como fur-
perpétuo. to simples (art. 155, caput, do CP); o juiz aplica a ele
medida de segurança de internação; após 4 anos
cumprindo medida de segurança, o magistrado de-
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas priva- verá determinar a desinternação de João, conside-
tivas de liberdade não pode ser superior a 40 (qua- rando que foi atingido o máximo da pena abstra-
renta) anos. tamente cominada para o furto (“reclusão, de um a
quatro anos, e multa”).
(...) Esta Corte já firmou entendimento no sentido
de que o prazo máximo de duração da medida de A conclusão do STJ é baseada nos princípios da iso-
segurança é o previsto no art. 75 do CP (...) nomia e proporcionalidade (proibição de excesso).
Não se pode tratar de forma mais gravosa o infrator
STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel. Min. Ricardo Lewan-
inimputável quando comparado ao imputável. Ora,
dowski, julgado em 24/05/2011.
se o imputável somente poderia ficar cumprindo a
pena até o máximo previsto na lei para aquele tipo
penal, é justo que essa mesma regra seja aplicada
àquele que recebeu medida de segurança.
#MAISJURIS Se o réu estava cumprindo pena privativa de liberdade pelo crime 1 e, em outra ação pe-
nal, recebeu medida de segurança de internação pela prática do crime 2, isso não significa que a pena
privativa de liberdade que estava sendo executada deva ser convertida em medida de segurança.
Neste caso, após terminar de cumprir a medida de internação, não há óbi-
ce que seja determinado o cumprimento da pena privativa da liberdade remanescente.
Isso não viola o sistema vicariante, considerando que este somente proíbe a imposição cumulativa ou sucessiva
de pena e medida de segurança referente a um mesmo fato. No caso concreto, eram dois fatos distintos. STJ. 6ª
Turma. HC 275635-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016 (Info 579). APROFUNDANDO: Inimputabi-
lidade deve ser examinada em cada processo: A inimputabilidade não pode ser presumida e estendida a outras
infrações penais. Ela é analisada e declarada, caso a caso, ou seja, em relação a cada crime, em cada processo a
que responde o réu. Quanto ao primeiro delito, entendeu-se que o réu não era inimputável e, por essa razão, foi
imposta pena privativa de liberdade. No que tange ao segundo fato típico, o juiz reputou que o agente era inim-
putável, aplicando, por consequência, apenas uma medida de segurança. Em cada infração penal sopesou-se o
estado psíquico do réu e se não foi declarada sua semi-imputabilidade ou inimputabilidade naquele momento, não
se pode declará-la agora, de forma genérica. Ademais, Não houve violação ao sistema vicariante nem retorno ao
duplo binário: O sistema vicariante, adotado na Reforma do CP de 1984, proibiu a imposição cumulativa ou suces-
siva de pena e medida de segurança. O legislador tomou essa decisão porque percebeu que a aplicação conjunta
de pena mais medida de segurança por um único fato significava violação ao princípio do ne bis in idem, já que o
indivíduo suportaria duas consequências negativas em razão do mesmo fato. No entanto, o sistema vicariante não
proíbe que haja imposição sucessiva de medida de segurança por fatos diversos. No caso acima relatado, houve
imposição de pena pelo fato 1 e de medida de segurança pelo fato 2. Logo, a medida de internação foi cumprida
apenas quanto ao fato 2. Por fim, a situação não se enquadrou no art. 183 da LEP: não ficou provado que ocorreu
superveniência de doença mental no curso da execução da pena, situação em que poderia ser aplicado o disposto
no art. 183 da LEP, o qual determina a substituição da reprimenda privativa de liberdade resgatada pelo reeducando
por medida de segurança:
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação
da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.
Isso porque o réu não se tornou doente mental durante a execução da pena. Apenas ficou comprovado que, no
momento da prática do fato 2, ele era totalmente incapaz (inimputável) de entender o caráter ilícito de sua conduta
e de se autodeterminar segundo tal entendimento.
- a anistia, a graça e o indulto são concedidos pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo Poder Executivo
(nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão judicial;
#DEOLHONATABELA
GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
Concedidos por Decreto do Presidente da República.
É um benefício concedido pelo Congresso
Nacional, com a sanção do Presidente da
Apagam o efeito executório da condenação.
República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do
qual se “perdoa” a prática de um fato crimi-
noso.
A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Normalmente, incide sobre crimes políticos,
• Procurador Geral da República;
mas também pode abranger outras espécies
de delito. • Advogado Geral da União;
• Ministros de Estado.
É concedida por meio de uma lei federal
Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só
Pode ser concedida: podem ser concedidos após o trânsito em julgado da con-
• antes do trânsito em julgado(anistia própria); denação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia
mais superado, considerando que o indulto natalino, por
• depois do trânsito em julgado(anistia impró- exemplo, permite que seja concedido o benefício desde
pria). que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação
ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena
imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes
da condenação. Classificação
b) Impropriamente dita: quando concedida a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
após a condenação.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente to- (comutação).
dos os autores do fato punível.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do
b) Condicionado: quando impõe condição para sua con-
autor do fato punível. Ex.: exige primariedade.
cessão.
a) Incondicionada: não se exige condição para
a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige
a sua concessão.
primariedade.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do
concessão. Ex.: reparação do dano.
agente.
a) Comum: atinge crimes comuns.
b) Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e secun- Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
dários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem ín- Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
tegros. permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se come- O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indul-
ter novo crime, não será reincidente. to, se cometer novo crime, será reincidente.
É um benefício individual É um benefício coletivo
É um benefício coletivo que, por referir-se (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
somente a fatos, atinge apenas os que o
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).
#DEOLHONAJURIS Para a análise do pedido de indulto ou comutação de penas, o magistrado deve restringir-se
ao exame do preenchimento dos requisitos previstos no decreto presidencial, uma vez que os pressupostos para
a concessão da benesse são da competência privativa do Presidente da República. Dessa forma, qualquer outra
exigência caracteriza constrangimento ilegal. O Decreto nº 7.873/2012 prevê que apenas falta disciplinar de natu-
reza grave prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos 12 meses anteriores à data de publicação do decreto,
pode obstar a concessão do indulto. O descumprimento das condições do livramento condicional não encontra
previsão no art. 50 da Lei de Execuções Penais, o qual elenca de forma taxativa quais são as faltas graves. Assim,
eventual descumprimento de condições impostas não pode ser invocado a título de infração disciplinar grave a
fim de impedir a concessão do indulto. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 537.982-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
13/04/2020 (Info 670).
#SÓMAISUM Magistrado não pode negar indulto com base em pressupostos não previstos no decretoO Presi-
dente da República editou um Decreto Presidencial concedendo o “indulto natalino”.
O juiz negou a concessão do indulto, afirmando que o condenado praticou falta grave em 2011.
Ocorre que o Decreto previu que o condenado teria que cumprir todos os requisitos (inclusive não ter cometido
falta grave) até o final de 2010.
Desse modo, o STJ entendeu que não poderia ser negado o benefício ao condenado.
Para o Tribunal, na hipótese em que o Decreto Presidencial de comutação de pena estabeleceu, como requisito
para a concessão desta, o não cometimento de falta grave durante determinado período, a prática de falta grave
pelo apenado em momento diverso não constituirá, por si só, motivo apto a justificar a negativa de concessão do
referido benefício pelo juízo da execução.
STJ. 6ª Turma. RHC 36925-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2013 (Info 527).
STJ. 5ª Turma. HC 266280-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/8/2013 (Info 528).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 409.588/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/12/2017.
Exemplos de situações que não serão afetadas mesmo tendo havido o indulto:
• a condenação que foi objeto de indulto continua tendo força para gerar reincidência (a reincidência não é afas-
tada com a concessão do indulto);
• se o indivíduo havia sido condenado a perder bens e valores, o indulto não irá alterar isso;
#DEOLHONATABELA #NÃOCONFUNDIR
#MAISEMAISJURIS O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado parcelou
este valor para ter direito à progressão de regime: O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de
multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado.
O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser rigorosamente cumprido sob pena de descum-
primento de decisão judicial, violação ao princípio da isonomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário. EP 11 IndCom-
-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/11/2017 (Info 884).
- Leitura integral da LEP no que tange aos deveres, direitos e disciplina dos presos. #ALERTALEISECADisci-
plina:O condenado que está cumprindo pena, bem como o preso provisório, possuem o dever de cumprir deter-
minadas normas disciplinares. A LEP trata sobre o tema nos arts. 44 a 60 Faltas disciplinares: Caso o indivíduo
descumpra alguma das normas de disciplina impostas, dizemos que ele praticou uma falta disciplinar. As faltas
disciplinares classificam-se em: leves, médias e graves Faltas leves e médias:
São definidas pela legislação local (estadual), que deverá prever ainda as punições aplicáveis (POR ISSO A
IMPORTÂNCIA DA LEITURA DO DECRETO ESTADUAL N. 8.897/1986). Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a
52 da LEP (O pacote anticrime - Lei nº 13.964/2019 - também acrescentou uma nova falta grave no § 8º do art.
9º-A, da LEP, que já foi mencionada no nosso material).
Vale lembrar que a competência para legislar sobre direito penitenciário é concorrente, conforme determina
o art. 24, I, da CF/88.
- Sanções disciplinares Se ficar realmente comprovado que o reeducando praticou uma falta, ele receberá
uma sanção disciplinar. Como vimos, no caso de faltas leves e médias, as sanções disciplinares devem ser definidas
pela lei estadual. Na hipótese de faltas graves, a própria LEP é quem as prevê.
#DEOLHONASSÚMULAS
Súmula 441 do STJ: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
Súmula 535 do STJ: “A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.
Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é im-
prescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o
direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
• Superada, em parte, ou, nas palavras do STJ, o enunciado foi “relativizado”. Veja a tese fixada pelo STF: A
oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação realizada na presença do defensor
e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como
supre eventual ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave
durante o cumprimento da pena. Assim sendo, a apuração da prática de falta grave perante o juízo da Execução
Penal é compatível com os princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da CF). STF. Plenário. RE
972598, Rel. Roberto Barroso, julgado em 04/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 941). Diante disso, o próprio STJ
tem se curvado ao entendimento do Supremo. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 581.854/PR, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 04/08/2020.
Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo
penal instaurado para apuração do fato.
EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
#AJUDAMARCINHO #PACOTEANTICRIME Lei nº 13.964/2019 alterou o inciso III do art. 83 do Código Penal, que
trata sobre os requisitos para a concessão do livramento condicional. Veja:
CÓDIGO PENAL
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condi- Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condi-
cional ao condenado a pena privativa de liberdade cional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
(...) (...)
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da
pena;
III - comprovado comportamento satisfatório duran-
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12
te a execução da pena, bom desempenho no tra-
(doze) meses;
balho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à
própria subsistência mediante trabalho honesto; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribu-
ído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência me-
diante trabalho honesto;
Desse modo, com essa alteração operada pela Lei nº 13.964/2019, a falta grave passou a interromper o prazo
para obtenção do livramento condicional? A Lei nº 13.964/2019 fez com que o entendimento da súmula 441 do STJ
fique superado? NÃO. A súmula 441 do STJ continua válida. Praticada a falta grave, o apenado terá que aguardar 12
meses para poder gozar do livramento condicional. O prazo do art. 83, I, do CP, contudo, não é interrompido (não
é “zerado”). Essa é a lição de Rogério Sanches: “A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora
o cometimento de falta grave interrompa o prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para
fins de concessão de livramento condicional, pois não há previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula
nº 441 do STJ, cujo conteúdo não é incompatível com a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não
possa obter o livramento se houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o prazo do
benefício não volta a correr do começo quando cometida a infração. Praticada a falta grave, nos 12 meses seguintes
o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade antecipada, mesmo que cumpra seu requisito temporal.
O prazo de 12 meses, aliás, coincide com o prazo da reabilitação da falta grave, hoje previsto na maioria dos regi-
mentos internos das unidades prisionais dos vários estados brasileiros.” (Pacote anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador:
Juspodivm, 2020, p. 32).
ATENÇÃO para mais uma mudança importante operada pelo Pacote Anticrime: MUDANÇAS NAS REGRAS
DE PROGRESSÃO DE REGIME (ART. 112 DA LEP) Falta grave e interrupção (art. 112, § 6º, da LEP) § 6º O
cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção
da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá
como base a pena remanescente.
A prática de falta grave pode ensejar a regressão cautelar do regime prisional sem a prévia oitiva do
condenado, que somente é exigida na regressão definitiva: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar,
em regra, será necessária a oitiva prévia do condenado em processo administrativo (Súmula 533 STJ), salvo se
houver audiência judicial de justificação.
No entanto, é possível que seja determinada a regressão cautelar do reeducando que praticou falta grave mesmo
sem a sua prévia oitiva.
Assim, para fins de regressão cautelar não é necessária a prévia instauração ou conclusão do procedimento ad-
ministrativo - PAD e a oitiva do sentenciado em juízo. Tais providências são exigíveis apenas no caso de regressão
definitiva.
É imprescindível a realização de audiência de justificação apenas quando o Juízo da execução penal proceder à
regressão definitiva do apenado a regime mais gravoso, de modo que a regressão cautelar prescinde de prévia
oitiva judicial.
STJ. 5ª Turma. RHC 81.352/MA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/04/2017.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 423.979/RS, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 06/03/2018.
O cometimento de falta grave enseja a regressão para regime de cumprimento de pena mais gravoso:
o art. 118, da LEP estabelece que a prática de falta grave acarreta a regressão de regime: Art. 118. A execução da
pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; A redação do referido
dispositivo é clara ao prever a regressão de regime uma vez homologada a falta grave. STJ. 5ª Turma. HC 405531/
RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 06/02/2018.
Se o condenado estava preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser conside-
rada como termo inicial para fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execu-
ção penal, desde que não ocorra condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave.
STF. 1ª Turma. RHC 142463/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).
Após a vigência da Lei nº 11.466/2007, constitui falta grave a posse de aparelho celular ou de seus com-
ponentes, tendo em vista que a ratio essendi da norma é proibir a comunicação entre os presos ou destes com
o meio externo: A Lei nº 11.466/2007, que entrou em vigor no dia 29/03/2007, acrescentou o inciso VII ao art. 50
da Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) prevendo que comete falta grave o condenado à pena privativa de
liberdade que “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a co-
municação com outros presos ou com o ambiente externo”.
Desse modo, a posse de aparelho celular, bem como de seus componentes essenciais, tais como “chip”, carrega-
dor ou bateria, isoladamente, constitui falta disciplinar de natureza grave após o advento da Lei nº 11.466/2007.
Não é necessária, para a configuração da falta grave, a realização de perícia no aparelho telefônico ou nos com-
ponentes essenciais, dentre os quais o “chip”, a fim de demonstrar o funcionamento.
Vale ressaltar que, antes da Lei nº 11.466/2007, essa conduta não podia ser considerada como falta grave porque
não constava do rol taxativo previsto no art. 50 da LEP (princípio da legalidade e da irretroatividade da lei penal
mais rigorosa).
STJ. 5ª Turma. HC 155372/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 02/08/2012.
STJ. 5ª Turma. HC 395878/PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/06/2017.
#ATENÇÃO #VAICAIR #APOSTACICLOS Comete falta grave o apenado que viola a zona de monitoramento ele-
trônico? Apenado que está em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, e viola o perímetro (zona)
do monitoramento: esta conduta configura falta grave, nos termos do art. 50, V, da LEP. STJ. 6ª Turma. HC 481.699/
RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/03/2019.
De acordo com o art. 50, VI, da LEP, comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que inobservar
as ordens recebidas (art. 39, V, da LEP), como é a hipótese de violação da zona de monitoramento. STJ. 5ª Turma.
AgRg no REsp 1798047/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/05/2019.
Apenado está gozando o benefício da saída temporária e sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele des-
cumpre o perímetro de inclusão declarado para o período noturno, ou seja, não permanece no endereço que
deveria ficar durante a noite e o monitoramento eletrônico detecta essa inobservância:
• a conduta não configura falta grave porque não se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 50 da LEP, cujo rol
é taxativo;
• por outro lado, representa descumprimento de condição obrigatória, que autoriza sanção disciplinar, nos termos
do art. 146-C, parágrafo único da LEP. STJ. 6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 10/11/2016 (Info 595).
#MAISEMAISJURIS Condenado que pratica falta grave nos 12 meses antes da publicação do decreto de indulto
natalino não terá direito ao benefício mesmo que a homologação ocorra após o decreto art. 5º do Decreto
8.380/2014 prevê que a pessoa não pode ser beneficiada com o indulto natalino se tiver recebido sanção disciplinar
grave no período de 24/12/2013 até 24/12/2014: “Art. 5º A declaração do indulto e da comutação de penas pre-
vistos neste Decreto fica condicionada à inexistência de aplicação de sanção, reconhecida pelo juízo competente,
em audiência de justificação, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, por falta disciplinar de natureza
grave, prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativa-
mente à data de publicação deste Decreto.” Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da
publicação do decreto de indulto natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial
desta sanção disciplinar tenha ocorrido em data posterior à publicação do decreto. Dessa forma, a falta disciplinar
é que tem que ter ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja
posterior. STF. 2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/8/2016 (Info 837). STF. 2ª Turma. RHC
133443/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
Reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 do tempo remido (art. 127 da LEP) pode alcançar dias de trabalho
(ou de estudo) anteriores à infração disciplinar e que ainda não tenham sido declarados pelo juízo da execução no
cômputo da remição. Por outro lado, a perda dos dias remidos não pode alcançar os dias trabalhados (ou de es-
tudo) após o cometimento da falta grave. STJ. 6ª Turma. REsp 1517936-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 1º/10/2015 (Info 571).
Recusa injustificada ao trabalho configura falta grave: A Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) prevê que o
condenado à pena privativa de liberdade é obrigado a trabalhar (art. 31 e art. 39, V). Caso o preso se recuse, in-
justificadamente, a realizar o trabalho obrigatório, ele comete falta grave (art. 50, VI), podendo ser punido. Obs: o
dever de trabalho imposto pela LEP ao apenado não é considerado como pena de trabalho forçado, não sendo
incompatível com o art. 5º, XLVII, “c”, da CF/88. STJ. 6ª Turma. HC 264989-SP, Rel. Min. Ericson Maranho, julgado em
4/8/2015 (Info 567).
#SÓMAISUMAJÚRIS Uma das punições impostas em caso de falta grave é a perda de parte dos dias remidos,
conforme previsto no art. 127 da LEP: Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do
tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
Quando o art. 127 fala que o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, isso significa que o magistrado tem a
possibilidade de, mesmo tendo sido praticada uma falta grave, deixar de revogar o tempo remido? NÃO. A prática
de falta grave impõe a decretação da perda de até 1/3 dos dias remidos, devendo a expressão “poderá”, contida
no art. 127 da LEP, ser interpretada como verdadeiro PODER-DEVER do magistrado, ficando no juízo de discricio-
nariedade do julgador apenas a fração da perda, que terá como limite máximo 1/3 dos dias remidos. STJ. 5ª Turma.
AgRg no REsp 1430097-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 19/3/2015 (Info 559).
ÎÎDecreto Estadual n. 8.897/1986: Regulamento do Sistema Penal do RJ: leitura integral em: https://www.patri-
ciamagno.com.br/wp-content/uploads/2015/09/Regulamento-do-SIPEN-RJ.pdf
PONTO II
a) Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal. Destinatários da Lei de Execução Penal. O Condenado
e o Internado. Classificação. Preso Estrangeiro. Lei 13.445/17: Lei de Migração.
Trata-se de um exame
- feito no condenado
- por um profissional
A doutrina afirma que se trata de um exame de cunho biopsicossocial do criminoso a fim de formar um diagnóstico
de sua personalidade e, assim, obter um prognóstico criminal.
Desse modo, tem por objetivo detalhar a personalidade do delinquente, sua imputabilidade ou não, o teor de sua
periculosidade, a sensibilidade à pena e a probabilidade de sua correção (PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Ma-
nual esquemático de criminologia. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012).
A partir disso, o exame criminológico fornece subsídios para o magistrado decidir se deve ou não conceder a pro-
gressão de regime.
SIM. O art. 112 da Lei de Execuções Penais, em sua redação original, exigia, como condição para a progressão
de regime e concessão de livramento condicional, que o condenado se submetesse a exame criminológico. Em
outras palavras, o exame criminológico era obrigatório.
A Lei nº 10.792/2003 alterou esse art. 112 e deixou de exigir a submissão do reeducando ao referido exame cri-
minológico. No entanto, o exame criminológico ainda poderá ser realizado se o juiz, de forma fundamentada e
excepcional, entender que a perícia é absolutamente necessária para a formação de seu convencimento.
Em suma, a Lei nº 10.792/2003 não dispensou, mas apenas tornou facultativa a realização do exame criminoló-
gico, que ainda poderá ser feito para a aferição da personalidade e do grau de periculosidade do sentenciado.
Súmula 439-STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão moti-
vada.
Há também uma súmula do STF que indica a possibilidade da realização do exame criminológico:
Súmula vinculante 26-STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo,
ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho
de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do bene-
fício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Assim, é possível que o juiz negue a progressão de regime com base no exame criminológico: Mesmo que ine-
xigível, uma vez realizado o exame criminológico, nada obsta sua utilização pelo magistrado como fundamento
válido para o indeferimento do pedido de progressão de regime. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 451.804/MS, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/09/2018.
O exame criminológico apresentou prognóstico de ressocialização favorável ao apenado. É certo que o magis-
trado não está adstrito às conclusões do Laudo de Exame Criminológico, contudo é um elemento seguro à aná-
lise do requisito subjetivo. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 465.773/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/10/2018.
#obs: Exame de classificação x Exame criminológico: o exame de classificação é mais amplo e genérico. Envolve
aspectos relacionados à personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capacidade
laborativa, circunstâncias que orientam o modo de cumprimento da pena. Já o exame criminológico é mais espe-
cífico. Envolve a parte psicológica e psiquiátrica do reeducando, atestando a sua maturidade, sua disciplina, sua
capacidade de suportar frustrações, visando construir um prognóstico de periculosidade.
Preso estrangeiro – Lei 13.445/17 traz hipóteses de transferência de execução da pena e de transferência
de pessoa condenada. Vejamos:
Seção II
Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradição executória, a autoridade competente poderá
solicitar ou autorizar a transferência de execução da pena, desde que observado o princípio do non bis in idem .
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe-
nal) , a transferência de execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes requisitos:
I - o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil;
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data
de apresentação do pedido ao Estado da condenação;
IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as partes; e
Art. 101. O pedido de transferência de execução da pena de Estado estrangeiro será requerido por via diplo-
mática ou por via de autoridades centrais.
§ 1º O pedido será recebido pelo órgão competente do Poder Executivo e, após exame da presença dos
pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado ao Superior Tribunal de
Justiça para decisão quanto à homologação.
§ 2º Não preenchidos os pressupostos referidos no § 1º, o pedido será arquivado mediante decisão funda-
mentada, sem prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o
óbice apontado.
Art. 102. A forma do pedido de transferência de execução da pena e seu processamento serão definidos em
regulamento.
Parágrafo único. Nos casos previstos nesta Seção, a execução penal será de competência da Justiça Federal.
Seção III
Art. 103. A transferência de pessoa condenada poderá ser concedida quando o pedido se fundamentar em
tratado ou houver promessa de reciprocidade.
§ 1º O condenado no território nacional poderá ser transferido para seu país de nacionalidade ou país em
que tiver residência habitual ou vínculo pessoal, desde que expresse interesse nesse sentido, a fim de cumprir pena
a ele imposta pelo Estado brasileiro por sentença transitada em julgado.
§ 2º A transferência de pessoa condenada no Brasil pode ser concedida juntamente com a aplicação de me-
dida de impedimento de reingresso em território nacional, na forma de regulamento.
Art. 104. A transferência de pessoa condenada será possível quando preenchidos os seguintes requisitos:
I - o condenado no território de uma das partes for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal
no território da outra parte que justifique a transferência;
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data
de apresentação do pedido ao Estado da condenação;
IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambos os Estados;
V - houver manifestação de vontade do condenado ou, quando for o caso, de seu representante; e
Art. 105. A forma do pedido de transferência de pessoa condenada e seu processamento serão definidos em
regulamento.
§ 1º Nos casos previstos nesta Seção, a execução penal será de competência da Justiça Federal.
§ 3º (VETADO).
b) Aplicação da Lei Penal no Tempo. Lei 13.964/2019: Lei Anticrime. Extinção de Punibilidade. Execução
da Pena Privativa de Liberdade. Recursos. Ações Autônomas de Impugnação.
- Pontos já tratados.
c) Execução da Pena Restritiva de Direitos. Suspensão Condicional da Pena. Execução da Pena de Multa.
Espécies:
a) Simples: art. 78, § 1º do CP. Preenchidos os requisitos, o condenado ficará sujeito ao cumprimento de prestação
de serviços à comunidade ou de limitação de fim de semana, sendo condição legal obrigatória no primeiro ano
de prazo.
b) Especial: art. 78, § 2º do CP. Consiste na aplicação de outras condições previstas no CP. É mais brando que o
sursis simples. Assim sendo, só serão aplicadas as disposição do sursis simples se as condições pessoais do réu
ou as circunstâncias do crime indicarem tal necessidade.
c) Etário: é concedido ao maior de 70 anos que tenha sido condenado a uma PPL que não exceda 4 anos. Aqui,
a pena podia ser suspensa por 4 a 6 anos.
d) Humanitário: criado pela Lei nº 9.714/98. O condenado, por razões de saúde e independentemente de idade,
tem direito ao sursis, desde que sua pena não seja superior a 4 anos.
Requisitos:
Objetivos:
a) Tem relação à quantidade da pena e à sua natureza. Primeiramente, a aplicação da PPL não pode ser superior a
dois anos. Isto significa dizer que o condenado à pena superior a 2 anos de prisão não tem direito ao sursis.
b) Em segundo lugar, o condenado não pode ser reincidente em crime doloso. Assim, o que se observa é que nada
impede que a um reincidente em crime culposo seja concedida a suspensão condicional da pena. Há apenas uma
exceção: se o condenado for reincidente por crime doloso, porém a pena imposta pelo cometimento do primeiro
crime for a de multa, permite-se a concessão do sursis, conforme art. 77, parágrafo primeiro do CP. Isto ocorre,
porque a pena de multa é vista como branda, aduzindo-se, consequentemente, que o crime cometido também foi
de menor relevância.
Subjetivos: Relaciona-se à culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstâncias que
levaram ao cometimento do crime. Levando-se em consideração esses requisitos o juiz poderá fundamentar ser
cabível ou não a concessão de sursis em cada caso concreto.
Objetivo – Subjetivo: Diz respeito à impossibilidade de se substituir pena restritiva de direito por sursis. Isto porque
esta modalidade de pena é considerável mais favorável ao acusado.
- Pontos já tratados.
#REGRAS DE TÓQUIO: As Regras de Tóquio surgiram como uma alternativa penal, da necessidade de se en-
contrar uma alternativa ao cárcere. Percebendo-se que a prisão não regenera, que a prisão estigmatiza e que a
prisão humilha, buscou-se encontrar uma solução mais humanitária. Direito Penal Humanitário, buscando penas
não privativas de liberdade, penas alternativas
#REGRASDEBANGKOK: As Regras de Bangkok são as Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres
presas, bem como medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras.
Segundo o Ministro Ricardo Lewandowski: “Essas Regras propõem olhar diferenciado para as especificidades
de gênero no encarceramento feminino, tanto no campo da execução penal, como também na priorização de
medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a entrada de mulheres no sistema carcerário. Embora
se reconheça a necessidade de impulsionar a criação de políticas públicas de alternativas à aplicação de penas de
prisão às mulheres, é estratégico abordar o problema primeiramente sob o viés da redução do encarceramento
feminino provisório. De acordo com as Regras de Bangkok, deve ser priorizada solução judicial que facilite a
utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não haja
decisão condenatória transitada em julgado.” Reflexos no Brasil – Ex: Decreto 8.858/2016 regulamentou o
uso de algemas, nos termos do art. 199 da LEP, trazendo em seu art. 3º a vedação da utilização de algemas em
mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional, nas seguintes situações: a) Durante o
trabalho de parto, b) No trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e c) Após o parto,
durante o período em que se encontrar hospitalizada.
#REGRAS DE BEIJING (PEQUIM): São, em suma, as Regras de Mandela tendo como foco adolescentes infratores.
Vejamos as observações feitas pelo Ministro Ricardo Lewandowski, “inspeções realizadas pelo CNJ, em centros
de internação e de cumprimento de medidas socioeducativas, nos últimos anos, constataram uma realidade bas-
tante diversa daquela idealizada pelo legislador. Crianças e adolescentes foram encontrados cumprindo medidas
socioeducativas em estabelecimentos superlotados, expostos a estruturas precárias e sujas, sem acesso à edu-
cação, profissionalização ou plano de atendimento pedagógico, com segurança efetivada por policiais militares.
Pior: notouse, ainda, que agressões físicas ou psicológicas eram práticas constantes em várias dessas unidades
inspecionadas.” (Ricardo Lewandowski). As Regras de Pequim são inseridas no contexto da humanização do
cumprimento de medidas socioeducativas.
#DIRETRIZES (REGRAS) DE RIAD: São diretrizes fixadas para a prevenção da delinquência juvenil. As regras de
Riad focam na prevenção aos atos infracionais, enquanto as regras de Beijing trazem normas para o tratamento
mais humanizado do adolescente que está cumprindo medida socioeducativa
PONTO III
a) Aplicação da Lei Penal no Tempo. Lei 13.964/2019: Lei Anticrime. Extinção de Punibilidade. Execução
da Pena Privativa de Liberdade. Recursos. Ações Autônomas de Impugnação.
Identificação do Perfil Genético. Lei 14.069/2020: Cadastro Nacional de Pessoas Condenadas por Estupro.
PONTO IV
#ALERTALEISECA
II - o Juízo da Execução;
IV - o Conselho Penitenciário;
V - os Departamentos Penitenciários;
VI - o Patronato;
A defensoria pública ganhou um capítulo próprio na LEP (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010):
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida de segurança, oficiando,
no processo executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em todos os graus e instân-
cias, de forma individual e coletiva.
I - requerer:
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
d) a unificação de penas;
g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de
segurança;
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento condi-
cional, a comutação de pena e o indulto;
III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, regis-
trando a sua presença em livro próprio
TÍTULO VII
CAPÍTULO I
Das Conversões
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de
direitos, desde que:
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma
do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao
estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz
ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a», «d» e «e» do parágrafo anterior.
Art. 182. A pena de multa será convertida em detenção, na forma prevista pelo artigo 51 do Código Pe-
nal. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
§ 1º Na conversão, a cada dia-multa corresponderá 1 (um) dia de detenção, cujo tempo de duração não
poderá ser superior a 1 (um) ano. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
§ 2º A conversão tornar-se-á sem efeito se, a qualquer tempo, for paga a multa. (Revogado pela Lei
nº 9.268, de 1996)
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou per-
turbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou da autoridade administrativa,
poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou per-
turbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da
autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação
dada pela Lei nº 12.313, de 2010).
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibili-
dade com a medida.
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano.
CAPÍTULO II
Do Excesso ou Desvio
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados
na sentença, em normas legais ou regulamentares.
I - o Ministério Público;
II - o Conselho Penitenciário;
III - o sentenciado;
PONTO V
a) Execução da Pena Restritiva de Direitos. Suspensão Condicional da Pena. Execução da Pena de Multa.
b) Aplicação da Lei Penal no Tempo. Lei 13.964/2019: Lei Anticrime. Extinção de Punibilidade. Execução
da Pena Privativa de Liberdade. Recursos. Ações Autônomas de Impugnação.
c) Deveres, Direitos e Disciplina. Faltas Disciplinares. Decreto Estadual n. 8.897/1986: Regulamento do
Sistema Penal do RJ.
d) Anistia, Graça, Indulto e Comutação de Pena. Incidentes. Excesso e Desvio de Execução. Conversões.
Reabilitação.
e) Instrumentos internacionais de proteção às pessoas presas: Regras Mínimas para o Tratamento de
Reclusos da ONU (1955). Conjunto de Princípios para a proteção de todas as pessoas submetidas a qualquer
forma de detenção ou prisão (1988). Princípios básicos para o tratamento dos reclusos (Resolução da
ONU nº 45/111, de 1990). Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas
não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok - 2010). Regras Mínimas das
Nações Unidas para o Tratamento de Presos (Regras de Mandela - 2015).
- PONTOS JÁ TRATADOS.
Aguardem!
BANCA III
DIREITO CONSTITUCIONAL
PONTO I
2ª parte do NFPSS.
- O controle de constitucionalidade é relacional (porque compara) e vertical (porque pressupõe uma relação
hierárquica).
CONTROLE CONCENTRADO
(a) Processo objetivo: não há partes;
(b) Causa de pedir aberta: o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade em face
de artigo diverso do apontado pelo autor da ação. Apesar da causa de pedir ser
aberta, o pedido deve ser fechado.
Noções gerais
(c) Competência: STF ou TJ (no caso de controle estadual).
(d) Legitimados: art. 103, CF.
ADI
(i) Atos regulamentares; (ii) Normas constitucionais originárias; (iii) normas anteriores
à CF/88 (nesse caso, a análise será da RECEPÇÃO da norma); (iv) leis revogadas; (v)
Não cabe contra súmulas; (vi) projeto de lei ainda não promulgado.
ADC
Cautelar Suspensão dos processos nos quais se discute o tema pelo prazo de 180 dias.
ADPF
ADO
Autoridade ou órgão responsável pela medida para tornar efetiva a norma consti-
Legitimidade passiva
tucional.
#ATENÇÃO
A Constituição Estadual do Rio de Janeiro prevê a legitimidade do Defensor Público Geral do Estado para ajuizar
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais.
ÎÎSIMULTANEIDADE ENTRE ADI FEDERAL E ADI ESTADUAL: caso o processo perante o Tribunal de Justiça
esteja em curso quando uma ADI é ajuizada no STF, o processo em âmbito estadual será suspenso até a
decisão final do STF. Nesse caso, haverá possibilidades distintas, a depender da natureza da norma:
CONTROLE DIFUSO
A cláusula de reserva de plenário (art. 97 CF) é pressuposto de validade do julgamento, através da qual ocorre
a cisão funcional da competência em plano horizontal.
É dispensada nas seguintes hipóteses:
- declaração de constitucionalidade da norma;
- decisão anterior do plenário do tribunal;
- decisão anterior do plenário do STF;
- em RE no STF (o encaminhamento de RE ao plenário do STF é procedimento que depende da apreciação, pela
Turma, da existência das hipóteses regimentais);
- em Juizados (porque não são órgãos do Poder Judiciário, mas compõem a organização judiciária).
- juízo de recepção de lei anterior à CF (não se trata de declaração de inconstitucionalidade).
Súmula vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
O Min. Gilmar Mendes afirmou que é preciso fazer uma releitura do art. 52, X, da CF/88. Essa nova interpretação
deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão
já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa
Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. Mutação constitucional
#DEOLHONAJURIS
Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se
o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).
É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, desde que fique
demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta solução
por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou
legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utili-
zando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução
obrigatória pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).
O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de controle con-
centrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo Governador. A legitimida-
de para recorrer, nestes casos, é do próprio Governador (previsto como legitimado pelo art. 103 da CF/88).
Os Estados-membros não se incluem no rol dos legitimados a agir como sujeitos processuais em sede
de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 05/04/2018
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de decreto
regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto autônomo. Mas sendo
um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de procuração
com poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que será impugnado na
ação. Essa exigência constitui vício sanável e que é possível a sua regularização antes que seja reconhe-
cida a carência da ação. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info
905).
A pessoa física não tem representatividade adequada para intervir na qualidade de amigo da Corte em
ação direta. STF. Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985).
Não há, nos processos de fiscalização normativa abstrata, a prerrogativa processual dos prazos em do-
bro. STF. Plenário. ARE 830727/SC, Rel. para acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/02/2019.
O aditamento à petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade para que sejam incluídos novos dispositi-
vos legais somente é possível nas hipóteses em que a inclusão da nova impugnação: a) dispense a requisição de
novas informações e manifestações; e b) não prejudique o cerne da ação. Assim, por exemplo, se o autor, depois
que o processo já está em curso, pede a inclusão no objeto da ADI de novos dispositivos legais que ampliam o
escopo da ação, esse aditamento deve ser indeferido porque isso exigiria que novos pedidos de informações à
Assembleia Legislativa ou ao Congresso Nacional, bem como novas manifestações da Advocacia-Geral da União
e da Procuradoria-Geral da República, o que violaria os princípios da economia e da celeridade processuais.
Ademais, a inclusão dos dispositivos prejudicaria o objeto da ação direta, na medida em que ampliaria o seu
escopo. STF. Plenário. ADI 1926, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020.
A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui legitimidade ativa
para ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 6465 AgR/
DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).
A decisão do Ministro Relator que, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional no
sistema prisional, determina medidas para proteger os presos do Covid-19 amplia indevidamente o objeto da
ação. É certo que no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta. No entanto, o pedido
é específico. Nenhum dos pedidos da ADPF 347 está relacionado com as questões inerentes à prevenção do
Covid-19 nos presídios. Não é possível, portanto, a ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormente.
A Corte está limitada ao pedido. Aceitar a sua ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade
constitucional para propositura da ação.
Ademais, em que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida cautelar, ao
conclamar os juízes de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de megaoperação para ana-
lisar detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, como recomenda
o Conselho Nacional de Justiça.
O STF entendeu que, neste momento, o Poder Judiciário deve seguir as recomendações sobre a questão emiti-
das pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ e por portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça.
Para evitar a disseminação do novo coronavírus nas prisões, o CNJ recomendou a análise de situações de risco
caso a caso.
A Recomendação 62/2020 do CNJ traz orientações aos Tribunais e aos magistrados quanto à adoção de medi-
das preventivas contra a propagação do Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo.
STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/3/2020 (Info 970).
INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
MÉTODO JURÍRIDO Considera que a Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser interpreta-
(hermenêutico da usando as regras da Hermenêutica tradicional, ou seja, os elementos literal (textu-
clássico) al), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético.
Criado por Theodor Viehweg, neste método, há prevalência do problema sobre a
norma, ou seja, busca-se solucionar determinado problema por meio da interpreta-
MÉTODO TÓPICO- ção de norma constitucional. Este método parte das premissas seguintes: a interpre-
PROBLEMÁTICO tação constitucional tem caráter prático, pois busca resolver problemas concretos e
a norma constitucional é aberta, de significado indeterminado (por isso, deve-se dar
preferência à discussão do problema).
Criado por Konrad Hesse, segundo o qual a leitura da Constituição inicia-se pela
pré-compreensão do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe aplicar a norma para
a resolução de uma situação concreta. Valoriza a atividade interpretativa e as circuns-
MÉTODO
tâncias nas quais esta se desenvolve, promovendo uma relação entre texto e contexto,
HERMENÊUTICO-
transformando a interpretação em “movimento de ir e vir” (círculo hermenêutico). O
CONCRETIZADOS
método hermenêutico-concretizador diferencia-se do método tópico-problemático
porque enquanto este pressupõe a primazia do problema sobre a norma, aquele se
baseia na prevalência do texto constitucional sobre o problema.
MÉTODO
Preconizado por Rudolf Smend, a interpretação da Constituição deve considerar a or-
INTEGRATIVO
dem ou o sistema de valores subjacentes ao texto constitucional. A Constituição deve
OU CIENTÍFICO-
ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado.
ESPIRITUAL
Considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: esta é mais ampla que
MÉTODO aquele, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da jurisdicional e
NORMATIVO- da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto seu texto
ESTRUTURANTE quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto). A nor-
ma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: processo informal de alteração da Constituição, sem atingir diretamente o seu
texto, em razão de modificações ocorridas no quadro fático ou em razão de modificações ocorridas no quadro de
valores compartilhados pela sociedade. Pressupõe uma dissociação entre norma e texto. #SELIGA A mutação
constitucional é tida como manifestação do Poder Constituinte Difuso.
Limites da mutação constitucional: porque devem ser preservadas a força normativa da Constituição e a sua
rigidez, a mutação deve respeitar o próprio texto constitucional (não pode haver alterações que contradigam o
texto, devendo ser pinçadas as possibilidades interpretativas que estão dentro de uma moldura conferida pelo pró-
prio texto). #ATENÇÃO A alteração do TEXTO se dá mediante a edição de emendas, com todo o processo formal
que vocês já conhecem. Além disso, a mutação deve respeitar também o sistema constitucional como um todo,
observando as escolhas fundamentais feitas pelo constituinte (não pode, por exemplo, resultar em um desrespeito
ao sentido mínimo das cláusulas pétreas).
c) Meio-Ambiente na Constituição Federal. Lei Federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000. Decreto Federal
nº 4.340 de 22 de agosto de 2002.
#ATENÇÃO #SELIGANOTERMO
Efeito Backlash: a EC nº 96/2017, que incluiu o parágrafo 7º no art. 225, é um exemplo do que a doutrina cons-
titucionalista denomina de “efeito backlash”. George Marmelstein resume a lógica do efeito backlash ao ativismo
judicial:
“(1) Em uma matéria que divide a opinião pública, o Judiciário profere uma decisão liberal, assumindo uma posi-
ção de vanguarda na defesa dos direitos fundamentais. (2) Como a consciência social ainda não está bem con-
solidada, a decisão judicial é bombardeada com discursos conservadores inflamados, recheados de falácias com
forte apelo emocional. (3) A crítica massiva e politicamente orquestrada à decisão judicial acarreta uma mudança
na opinião pública, capaz de influenciar as escolhas eleitorais de grande parcela da população. (4) Com isso,
os candidatos que aderem ao discurso conservador costumam conquistar maior espaço político, sendo, muitas
vezes, campeões de votos. (5) Ao vencer as eleições e assumir o controle do poder político, o grupo conservador
consegue aprovar leis e outras medidas que correspondam à sua visão de mundo. (6) Como o poder político
também influencia a composição do Judiciário, já que os membros dos órgãos de cúpula são indicados politi-
camente, abre-se um espaço para mudança de entendimento dentro do próprio poder judicial. (7) Ao fim e ao
cabo, pode haver um retrocesso jurídico capaz de criar uma situação normativa ainda pior do que a que havia
antes da decisão judicial, prejudicando os grupos que, supostamente, seriam beneficiados com aquela decisão.”
Lei estadual que estabeleça que a Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador do Estado é
inconstitucional por violar a autonomia da Instituição (art. 134, § 2o da CF/88). Plenário. ADI 3965/MG, rel.
Min. Cármen Lúcia, 7.3.2012, (info 657).
É inconstitucional lei estadual que atribui ao chefe do Poder Executivo estadual competências administrativas no
âmbito da Defensoria Pública. Assim, viola o art. 134, § 2º da CF/88 a lei estadual que preveja que compete ao
Governador: a) a nomeação do Subdefensor Público-Geral, do Corregedor-Geral, dos Defensores Chefes e do
Ouvidor da Defensoria Pública estadual; b) autorizar o afastamento de Defensores Públicos para estudos ou
missão; c) propor, por meio de lei de sua iniciativa, o subsídio dos membros da Defensoria Pública. Obs.: tais
competências pertencem ao Defensor Público-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 5286/AP, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 18/5/2016 (Info 826).
Os Defensores Públicos NÃO precisam de inscrição na OAB para exerceram suas atribuições. O art. 3º, §
1º, da Lei 8.906/94 deve receber interpretação conforme à Constituição de modo a se concluir que não se pode
exigir inscrição na OAB dos membros das carreiras da Defensoria Pública. O art. 4º, § 6º, da LC 80/94 afirma
que a capacidade postulatória dos Defensores Públicos decorre exclusivamente de sua nomeação e
posse no cargo público, devendo esse dispositivo prevalecer em relação ao Estatuto da OAB por se tra-
tar de previsão posterior e específica. Vale ressaltar que é válida a exigência de inscrição na OAB para os
candidatos ao concurso da Defensoria Pública porque tal previsão ainda permanece na Lei. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.710.155-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/03/2018 (Info 630).
É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função para De-
fensores Públicos e Procuradores do Estado. Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de
função a autoridades diversas daquelas arroladas na Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA,
ADI 6508 Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 Ref-MC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
20/11/2020 (Info 1000).
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”). Enquanto o Ministério Público
atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de cus-
tos vulnerabilis. Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses
dos vulneráveis seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não
advogado particular constituído. Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua partici-
pação processual ocorre não como representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos
necessitados em geral. O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União
no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vul-
neráveis e dos direitos humanos. STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1712163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
25/09/2019 (Info 657).
#ATENÇÃO: o rito sumário NÃO pode ser aplicado para os projetos de Códigos (ex.: Código Civil, Código Penal).
ÎÎMEDIDAS PROVISÓRIAS
- Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
• relativa a: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; direito penal, pro-
cessual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
• que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
• já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Pre-
sidente da República.
- Em regra, perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.
- Não editado o decreto legislativo até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória,
as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela
regidas.
- Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará
em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando so-
brestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
#DEOLHONAJURIS
O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do
Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas
da Casa em que estiver tramitando”. Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais deliberações”, o STF,
ao interpretar esse § 6º, não adotou uma exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas (paralisadas)
apenas as votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre temas que possam ser tratados por
medida provisória. Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisória trancando a pauta pelo fato de
não ter sido apreciada no prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou o Senado poderão votar
normalmente propostas de emenda constitucional, projetos de lei complementar, projetos de resolução, projetos
de decreto legislativo e até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre um dos assuntos do art. 62, § 1º,
da CF/88. Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntos próprios de lei ordinária e desde que não incida
em nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
29/6/2017 (Info 870).
Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder Judiciário no
controle dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo. STF. Plenário. ADI
5599/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996).
- É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha
perdido sua eficácia por decurso de prazo.
EMENDA CONSTITUCIONAL
- Poder ser emendada por iniciativa: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
- Limitação circunstancial: § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
-Limitação formal: § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
-Limitação material (cláusulas pétreas): § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os
direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
#SELIGA: Será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nú-
mero de ordem (e não pelo Presidente da República).
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com
o respectivo número de ordem.
-A CERJ (Constituição Estadual do Rio de Janeiro) prevê a possibilidade de iniciativa popular para emenda desde
que subscrita por, no mínimo, 1% do eleitorado estadual, distribuído, pelo menos, em 1/10 dos municípios existentes
no Estado, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. O STF, na ADI 825 entendeu ser constitucional
tal previsão no âmbito das Constituições Estaduais:
#DEOLHONAJURIS
É possível que a Constituição do Estado preveja iniciativa popular para a propositura de emenda à Cons-
tituição Estadual. Embora a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao
próprio texto, mas apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições
Estaduais prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário.
ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).
2ª parte do NFPSS.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (art. 150 da CF, inciso I): mais ligado ao aspecto formal, no sentido de que precisa de
uma lei em sentido formal (tirando as exceções legais) para que haja instituição ou aumento de tributos.
PRINCÍPIO DA ISONOMIA (art. 150, II): Trata-se da vedação ao tratamento desigual entre contribuintes que estão
em situação equivalente.
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (art. 150, III): a nova lei não pode alcançar fatos ocorridos no passado, antes
da sua entrada em vigor. O princípio da irretroatividade se aplica para a instituição ou majoração de tributos, não
havendo exceção.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: protege fatos futuros. É um princípio que se fundamenta no valor segurança
jurídica.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO: “utilizar tributo com efeito de confisco” seria usar a tributação para se
apropriar do patrimônio do particular sem a respectiva indenização. O confisco é permitido pela legislação brasi-
leira em algumas hipóteses. Todavia, em todos os casos, são sanções por atos ilícitos.
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE LIMITAÇÃO DE TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS (art. 150, V) : O objeto é coibir
tributos que contenham como hipótese de incidência a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal.
É importante rememorar que algumas das limitações se aplicam apenas no âmbito da União, outras nos
Estados e Municípios, ao passo em que outras se aplicam a todos os entes.
2ª parte do NFPSS.
PREVISÃO LEGAL Art. 136, caput. Art. 137, I. Art. 137, II.
1. Ordem pública
ou paz social 1. Comoção nacional
1. Declaração de guerra
ameaçada 2. Ineficácia do Estado
HIPÓTESES 2. Resposta à agressão
de
2. I n s t a b i l i d a d e
armada estrangeira
institucional Defesa
3. Calamidade natural
Presidente da República Presidente da República
ATRIBUIÇÃO PARA Presidente da República
(art. (art.
DECRETAÇÃO (art. 84, IX, CR/88)
84, IX, CR/88) 84, IX, CR/88)
Posterior. Decretado
o Estado de Defesa
ou sua prorrogação, o
Presidente da Repúbli- Prévio. O controle do
ca, dentro de 24 horas, Congresso Nacional é
submeterá o ato com prévio, vez que há ne-
CONTROLE POLÍTICO a respectiva justificativa cessidade de autoriza- IDEM AO ESTADO DE
SOBRE A DECRETAÇÃO ao Congresso Nacional, ção SÍTIO ANTERIOR.
que somente aprovará a
decretação por maioria para que o Presidente o
absoluta de ambas as decrete.
Casas Legislativas edi-
tando o respectivo De-
creto Legislativo.
A mesa do Congresso
Nacional, ouvidos os
líderes partidários, de-
signará Comissão com-
FISCALIZAÇÃO posta de cinco de seus
POLÍTICA SOBRE AS membros para acom- IDEM IDEM
MEDIDAS panhar e fiscalizar a
execução das medidas
referentes ao Estado de
Defesa e ao Estado de
Sítio.
Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que estão
previstos no art. 144 da CF/88. Os Estados-membros e o Distrito Federal devem seguir o modelo federal. O
art. 144 da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública, sendo esse rol taxa-
tivo. Assim, a Constituição Estadual não pode prever a criação de Polícia Científica como órgão integrante da
segurança pública. Vale ressaltar que nada impede que a Polícia Científica, criada pelo Estado-membro para ser
o órgão responsável pelas perícias, continue a existir e a desempenhar suas funções, sem estar, necessariamente,
vinculada à Polícia Civil. No entanto, deve-se afastar qualquer interpretação que lhe outorgue caráter de órgão
de segurança pública. STF. Plenário. ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/6/2020 (Info 983).
Já abordado acima.
DA SAÚDE
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada
esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo
dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo di-
retrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas
e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País,
salvo nos casos previstos em lei.
(...)
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
DA EDUCAÇÃO
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III
- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV
- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos,
aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal. IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e
gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a
ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educa-
ção infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regu-
lar, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na edu-
cação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas
idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É cons-
titucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao Ministério da
Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909).
Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito de cumprimento, pela fa-
mília, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino domiciliar. A CF/88,
apesar de não o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não
pode ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos e as regras aplicáveis
a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado no Brasil após uma
regulamentação por meio de lei na qual sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa
lei respeitar os mandamentos constitucionais que tratam sobre educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig.
Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral)
(Info 915) #TEMAEMALTA
A associação “Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e seis partidos políticos ajuizaram arguição de
descumprimento de preceito fundamental alegando que o Poder Público estava falhando na proteção dos
povos indígenas com relação à pandemia da Covid-19. Os autores apontaram uma série de atos comissivos e
omissivos do Poder Público que, segundo eles, estavam causando alto risco de contágio e de extermínio dos
povos indígenas. Os requerentes apontaram que tais atos violam a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da
CF/88), o direito à vida (art. 5º, caput) e o direito à saúde (arts. 6º e 196), além do direito de tais povos a viverem
em seu território, de acordo com suas culturas e tradições (art. 231). Na ação, os autores pedem a realização
de diversas medidas necessárias para a proteção dos povos indígenas. O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu
parcialmente a medida cautelar para que a União implemente, em resumo, as seguintes providências: Quanto
aos povos indígenas em isolamento ou povos indígenas de recente contato: 1. Criação de barreiras sanitárias,
que impeçam o ingresso de terceiros em seus territórios; 2. Criação de Sala de Situação, para gestão
de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato Recente.
Quanto aos povos indígenas em geral: 1. Inclusão de medida emergencial de contenção e isolamento dos
invasores em relação às comunidades indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o contato. 2.
Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena de Saúde. 3. Elaboração e monitoramento de
um Plano de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União. O Plenário do
STF referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985).
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
A federação corresponde a uma pluralidade de Estados dentro da unidade que é o Estado Federal. As caracterís-
ticas comuns das federações são: Pacto entre unidades autônomas; Impossibilidade de secessão; Extrai sua força
da Constituição; Descentralização político-administrativa; Participação dos Estados no Poder Legislativo Federal;
Órgão representativo dos Estados-membros; Repartição de competências entre os entes federados; Possibilidade
de intervenção federal; Formação de Estados-membros; Previsão de um órgão de cúpula do Poder Judiciário.
PONTO III
Já abordado acima.
-REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS:
- Modelo horizontal: não há relação de subordinação entre os entes que legislam. Predomina no BRASIL.
- Modelo vertical: há divisão na competência. É o que ocorre no Brasil com a competência CONCORRENTE, na
qual as normas gerais são de atribuição da União, cabendo aos Estados apenas a regulamentação específica.
COMPETÊNCIAS
Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as demais, SEM possibilidade
EXCLUSIVAS
de delegação.
Da União (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para legislarem
PRIVATIVAS
sobre determinada matéria, por meio de Lei Complementar.
É constitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias façam o corte do fornecimento de água
e luz por falta de pagamento, em determinados dias. Ex: lei do Estado do Paraná proíbe concessionárias de ser-
viços públicos de água e luz de cortarem o fornecimento residencial de seus serviços por falta de pagamento de
contas às sextas-feiras, sábados, domingos, feriados e no último dia útil anterior a feriado. Também estabelece
que o consumidor que tiver suspenso o fornecimento nesses dias passa a ter o direito de acionar juridicamen-
te a concessionária por perdas e danos, além de ficar desobrigado do pagamento do débito que originou o
corte. STF. Plenário. ADI 5961/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em
19/12/2018 (Info 928).
#ATENÇÃO #TEMAEMALTA
É inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das mensalidades da rede
privada de ensino durante a vigência das medidas restritivas para o enfrentamento da emergência de
saúde pública decorrente do novo Coronavírus. Essa lei viola a competência privativa da União para legis-
lar sobre Direito Civil (art. 22, I, da CF/88). Ao estabelecer uma redução geral dos preços fixados nos contratos
para os serviços educacionais, a leis alterou, de forma geral e abstrata, o conteúdo dos negócios jurídicos, o
que as caracteriza como norma de Direito Civil. Os efeitos da pandemia sobre os negócios jurídicos privados,
inclusive decorrentes de relações de consumo, foram tratados pela Lei federal nº 14.010/2020. Ao estabelecer o
Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) para o período, a nor-
ma reduziu o espaço de competência complementar dos estados para legislar e não contém previsão geral de
modificação dos contratos de prestação de serviços educacionais. STF. ADI 6575, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 18/12/2020 (Info 1003).
ATENÇÃO: o julgado acima se refere a lei do Estado da Bahia. Contudo, a título de informação, vale destacar a
atuação extrajudicial da Defensoria Pública do Rio de Janeiro na Assembleia Legislativa do Estado para aprovar
projeto de lei que previa a redução das mensalidades das universidades privadas durante a pandemia do CO-
VID-19 (lei estadual n° 8864/20). A legislação carioca também se encontra suspensa por decisão judicial (Proces-
so 0120089-49.2020.8.19.0001).
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
Intervenção (art. 34 e seguintes): é o afastamento temporário e excepcional da entidade federativa com fins
de restabelecer a normalidade institucional e constitucional. É um mecanismo de estabilização constitu-
cional. Possui natureza jurídica de procedimento político-administrativo (por isso, não cabe Recurso Extraordi-
nário, súmula 637 STF).
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO
FACULTATIVA OBRIGATÓRIA
provocada por
SOLICITAÇÃO (pode
ser feito) provocada por REQUISIÇÃO (deve ser feito)
#OLHAOGANCHO
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
PONTO IV
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
2ª parte do NFPSS.
d) Meio-Ambiente na Constituição Federal. Lei 9.985 de 18 de julho de 2000. Decreto Federal nº 4.340
de 22 de agosto de 2002.
Já abordado acima.
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
g) Da Seguridade Social.
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da socieda-
de, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
OBJETIVOS
A universalidade objetiva fica condicionada à seletividade, que permite ao legislador escolher quais as contin-
gências sociais que serão cobertas pelo sistema de proteção social em face de suas possibilidades financeiras. A
universalidade subjetiva, por sua vez, é limitada pela ideia de distributividade. A lei irá dispor para quais pessoas
os benefícios e serviços serão estendidos.
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as
receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo
da previdência social; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
social, e tem por objetivos:
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comu-
nitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
dispuser a lei. #ATENÇÃO!!!
PONTO V
Já abordado acima.
Já abordado acima.
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
Já abordado acima.
Já abordado acima.
a) Violências de Gênero. Violência doméstica. Lei Maria da Penha. Convenção de Belém do Pará.
Jurisprudência do Sistema Interamericano. Caso González e Outras vs. México.
2ª parte do NFPSS.
2ª parte do NFPSS.
c) Pessoas com Deficiência. Normativa Internacional. Convenção Internacional de Pessoas com deficiência.
Sistema Interamericano. Caso Ximenes Lopes vs. Brasil.
Flávia Piovesan resume bem as quatro fases na história da construção dos direitos humanos das pessoas com
deficiência:
1ª fase: foi uma época de intolerância em relação às pessoas com deficiência. A deficiência simbolizava impureza,
pecado ou, mesmo, castigo divino;
3ª fase: baseada em uma ótica assistencialista, pautada na perspectiva médica e biológica de que a deficiência era
uma “doença a ser curada”, sendo o foco centrado no indivíduo “portador da enfermidade”;
4ª fase: orientada pelo paradigma dos direitos humanos, em que emergem os direitos à inclusão social, com ên-
fase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela se insere, bem como na necessidade de eliminar
obstáculos e barreiras superáveis, sejam elas culturais, físicas ou sociais, que impeçam o pleno exercício de direitos
humanos. Isto é, nesta quarta fase, o problema passa a ser a relação do indivíduo e do meio, este assumido como
uma construção coletiva. Nesse sentido, esta mudança paradigmática aponta aos deveres do Estado para remo-
ver e eliminar os obstáculos que impeçam o pleno exercício de direito das pessoas com deficiência, viabilizando
o desenvolvimento de suas potencialidades, com autonomia e participação. (PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos
humanos. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p.483)
-A Lei 13.146/15 foi influenciada pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Houve a substituição do modelo médico de abordagem da situação
das pessoas com deficiência pelo modelo de direitos humanos (ou social), que vê a pessoa com deficiência como
ser humano, utilizando o dado médico apenas para definir as suas necessidades.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e inter-
disciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais,
psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação.
Princípios da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (art. 3º): a) Respeito pela dignidade inerente
a todas as pessoas com deficiência; b) Autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas; c)
A independência das pessoas; d) A não-discriminação; e) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
f ) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e
da humanidade; g) Acessibilidade; h) Igualdade entre a mulher e o homem; i) Respeito pelo desenvolvimento das
capacidades das crianças.
A Convenção tutela questões específicas das pessoas com deficiência, tais como: •Conscientização em relação à
situação dessas pessoas (art. 8); •Acessibilidade (art. 9); •Vida independente e inclusão na comunidade (art. 19);
•Mobilidade pessoal (art.20); •Habilitação e reabilitação (art. 26); •Educação, saúde, trabalho etc.
#OLDBUTGOLD
Foi promulgada pelo Decreto nº 6.949/2009 a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, dotada do propósito de promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos
os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, promovendo o respeito
pela sua inerente dignidade (art. 1º). A edição do decreto seguiu o procedimento previsto no art. 5º, § 3º, da
Constituição da República, o que lhe confere status equivalente ao de emenda constitucional, reforçando o
compromisso internacional da República com a defesa dos direitos humanos e compondo o bloco de constitu-
cionalidade que funda o ordenamento jurídico pátrio (STF, ADI 5357 MC, decisão monocrática, Rel. Min. Edson
Fachin, j. 18/11/2015).
#APROFUNDANDO
Segundo entendimento de Sassaki4, a acessibilidade é dotada de seis diferentes dimensões: a dimensão ar-
quitetônica, pela qual devem ser eliminadas as barreiras ambientais físicas em quaisquer espaços, sejam eles
meios de transporte coletivo ou individual, residências e edifícios, equipamentos; a dimensão comunicacional,
referente às barreiras existentes na comunicação entre pessoas com deficiência de maneira escrita, face-a-face
ou virtual; a dimensão metodológica, que requer que não existam barreiras nos métodos de ensino, trabalho,
educação e ações comunitárias; a dimensão instrumental, que visa extinguir as barreiras em instrumentos,
ferramentas e utensílios de estudo, trabalho, lazer e recreação; dimensão programática, que impõe a cessação
das barreiras em políticas públicas, leis, normas e regulamentos; e, por fim, a dimensão atitudinal, que é refe-
rente às próprias atitudes humanas, as quais envolvem o sistema de estigmas, discriminação e estereótipos que
devem ser superados.
#OLHAOGANCHO
#SAINDODOFORNO: a Lei nº 14.126/2021 classifica a visão monocular como deficiência sensorial, do tipo
visual. Esse já era o entendimento da jurisprudência. Art. 1º Fica a visão monocular classificada como deficiência
sensorial, do tipo visual, para todos os efeitos legais. Parágrafo único. O previsto no § 2º do art. 2º da Lei nº 13.146,
de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), aplica-se à visão monocular, conforme o disposto no
caput deste artigo.
Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas
reservadas aos deficientes.
-Caso Ximenes Lopes vs. Brasil: primeiro caso envolvendo o Brasil na CorteIDH, tendo sido condenado tam-
bém a indenizar a família de Damião Ximenes Lopes e garantir a eficácia do processo judicial interno relativo
ao caso e a desenvolver um programa de formação e capacitação para o pessoal vinculado ao atendimento de
saúde mental.
A Corte entende que a “sujeição”, ou seja, qualquer ação que interfira na capacidade de um paciente tomar
decisões ou que restrinja sua liberdade de movimento, é uma das medidas mais agressivas a que se pode sub-
meter um paciente em tratamento psiquiátrico, diante do que só pode ser empregada como último recurso e
unicamente para proteger o paciente, o médico ou terceiros
-Caso Poblete Vilches e outros vs. Chile: após o processamento do caso, a Corte concluiu que o Estado
chileno não garantiu ao senhor Poblete Vilches seu direito à saúde sem discriminação, mediante serviços ne-
cessários e urgentes em relação à sua situação especial de vulnerabilidade como pessoa idosa. Portanto,
a Corte declarou que o Estado violou o direito à saúde (#SELIGA: tema de interesse da examinadora Thaisa
Guerreiro!), em conformidade com o art. 26 da CADH, em relação com o art. 1.1 também da Convenção. A Corte
IDH também reconheceu que o Chile violou outros direitos humanos do senhor Poblete Vilches, como os direi-
tos à vida e à integridade pessoal (artigos 4º e 5º da CADH). Finalmente a Corte IDH fixou diversas medidas de
reparação a serem cumpridas pelo Estado chileno, tais como a realização de um ato público de reconhecimento
de responsabilidade, a implementação de programas permanentes de educação em direitos humanos, a criação
de uma política geral de proteção integral às pessoas idosas etc.”(Fonte: Jurisprudência Internacional de Direitos
Humanos, CAIO PAIVA e THIMOTIE ARAGONHEEMAN)
#SELIGA na atuação da DPE-RJ: Recomendação da DPE/RJ garante campanha para pessoas com defi-
ciência
“Por recomendação da Defensoria Pública, o Estado do Rio e o Município do Rio estão adaptando a campanha contra a
covid-19 e garantindo acessibilidade do conteúdo às especificidades das pessoas com deficiência, especialmente as surdas e
as com deficiência auditiva e/ou visual. Já estão no ar, nas mídias sociais e nos sites oficiais da secretaria estadual de Saúde,
por exemplo, peças com tradução em libras e vídeos legendados e com audiodescrição”. https://www.anadep.org.br/wtk/
pagina/materia?id=43934
d) Direito das Pessoas Moradoras de Favelas. Direito das Vítimas de Violência de Estado. Jurisprudência
do Sistema Interamericano. Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil. ADPF 635.
Caso Cosme Rosa Genoveva e outros vs. Brasil (“Caso Favela Nova Brasília”): O caso trata de diversas execu-
ções extrajudiciais realizadas por agentes da polícia civil na Favela Nova Brasília no Rio de Janeiro, situada dentro
do Complexo do Alemão. Algumas das vítimas eram adolescentes que teriam sido submetidos a atos sexuais e
tortura antes de serem assassinados.
CADEIA DE CUSTÓDIA: a devida diligência numa investigação médico-legal de uma morte exige a manutenção
da cadeia de custódia de todo elemento de prova forense. Isso consiste em levar um registro escrito preciso,
complementado, segundo corresponda, por fotografias e demais elementos gráficos para documentar a história
do elemento de prova na medida que passa pelas mãos de diversos investigadores encarregados do caso.
Dentre as imposições da CorteIDH ao Estado brasileiro, encontra-se o repúdio aos “autos de resistência à pri-
são” e a necessidade de sua extinção. Restou assentado, de acordo com as informações prestadas pela Defen-
soria Pública do Estado de São Paulo, que no Brasil tornou-se uma prática habitual em que os relatórios sobre
mortes ocasionadas pela polícia se registrem como “resistência seguida de morte”, e que no Rio de Janeiro se
use a expressão “auto de resistência” para referir-se ao mesmo fato. De acordo com a Defensoria Pública, esse
é o cenário ideal para os agentes que pretendem dar aspecto de legalidade às execuções sumárias que
praticam.
#SELIGA: a declaração especial de aceitação da competência contenciosa da Corte, segundo a Convenção Ame-
ricana, e em conformidade com o artigo 62 do mesmo instrumento, permite que o Tribunal conheça tanto de
violações da Convenção como de outros instrumentos interamericanos que a ele atribuam competência.
No caso Favela Nova Brasília, a Corte reitera sua jurisprudência no sentido de que é competente para interpretar
e aplicar a Convenção contra a Tortura e avaliar a responsabilidade de um Estado que tenha dado seu consenti-
mento para se obrigar por essa Convenção, e tenha aceitado, além disso, a competência da Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
#DEOLHONANOTÍCIA #SAINDODOFORNO
A PGR, em atendimento à sentença da CorteIDH, propôs IDC, requerendo que os processos referentes às chaci-
nas ocorridas em 1994 e 1995, na comunidade de Nova Brasília, na capital do Rio de Janeiro, sejam transferidos
para a competência da Justiça Federal.
A Defensoria Pública da União (DPU), por meio do defensor nacional de Direitos Humanos, e o Centro Pela Jus-
tiça e o Direito Internacional (CEJIL) requereram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), habilitação para atuar como
amigos da corte (amici curiae) no pedido de Incidente de Deslocamento de Competência (IDC)5.
5 https://www.anadef.org.br/noticias/ultimas-noticias/item/nova-brasilia-dpu-quer-processo-da-chacina-de-1995-na-justica-federal.html
A ADPF 635, também conhecida como “ADPF das Favelas pela Vida”, é ação ajuizada em novembro de 2019
no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de contestar as intervenções policiais nas favelas no Rio
de Janeiro e, assim, contribuir para a diminuição da violência policial nesses territórios. A ADPF, protocolada
pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), tem como contexto os altos índices de letalidade policial no Brasil,
especialmente nas regiões periféricas do Rio de Janeiro e, por ser uma ação que visa o controle de constitu-
cionalidade, considera o uso desproporcional da força, por parte dos policiais e contra a população das favelas,
um desrespeito à Constituição brasileira.
Em medida liminar, o STF determinou, por unanimidade, a proibição do uso de helicópteros blindados (os
caveirões aéreos) como plataforma de tiros em operações policiais. Essa máquina de guerra coloca em risco
a integridade física e a saúde mental dos moradores de favelas e periferias, que vivem sob constante tensão e
terror. Foram proibidas também as operações em perímetros escolares e hospitalares e a utilização des-
ses equipamentos como base operacional das polícias civil e militar.
Os ministros determinaram, ainda, que sejam preservados os vestígios da cena de crime praticados por
policiais e que sejam evitadas as remoções indevidas de corpos, sob o pretexto de suposta prestação de so-
corro. Os órgãos de polícia técnico-científica do Estado devem documentar as provas periciais, laudos e exames
de necropsia com o objetivo de assegurar a possibilidade de revisão independente. As investigações deverão
atender as exigências do Protocolo de Minnesota, devendo ser rápidas, eficazes e completas, bem como
independentes, imparciais e transparentes. O STF pede, ainda, que sejam priorizados casos que tenham
crianças como vítimas.
Outra medida importante foi a suspensão da eficácia do artigo que excluiu os homicídios decorrentes de inter-
venção policial do Índice de Letalidade Violenta do Estado, cuja meta de redução serve como base para o cálculo
das gratificações dos integrantes de batalhões e delegacias. Ou seja, a redução de homicídios cometidos pelos
policiais volta a valer como critério de gratificação.
Para saber mais, acesse: https://www.justificando.com/2020/09/10/
os-alvos-da-violencia-policial-e-a-adpf-635/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20ADPF,da%20viol%-
C3%AAncia%20policial%20nesses%20territ%C3%B3rios. https://www.adpfdasfavelas.org/
e) Sistema Interamericano. Obrigações dos Estados de Prover os Recursos Internos. Corte Interamericana:
Caso Velásquez Rodrigues vs Honduras.
- A Convenção Americana de Direitos Humanos consagrou um procedimento bifásico de promoção dos direitos
protegidos: há uma etapa indispensável perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos(Comissão IDH) e
uma eventual segunda etapa perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH).
É sediado em Washington, capital dos EUA. É sediada em São José, Costa Rica.
REQUISITOS: REQUISITOS:
• Esgotamento dos recursos internos, salvo • Aceitação da competência;
ineficácia ou inércia; • Prévia avaliação pela Comissão;
• Petição apresentada dentro do prazo de 6 • Quórum para deliberação: 5 juízes.
(seis) meses após a notificação da decisão
interna definitiva; A sentença é obrigatória e INAPELÁVEL. Todavia, no
• Matéria não pendente em outro órgão caso de divergência, cabe pedido de esclarecimento,
internacional. DENTRO DO PRAZO DE 90 DIAS.
-O art. 5º, §1º, da Constituição estabelece que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata”, dentre elas as convenções internacionais de direitos humanos a que tenha aderido o Brasil.
Nesse sentido, os arts. 1º e 2º da CADH estabelecem o dever dos Estados-partes de respeitar os direitos humanos
de todas as pessoas sujeitas a sua jurisdição, bem como de adotar disposições de direito interno para efetivar tais
direitos.
-Normas internacionais de direitos humanos assumem o status de prevalência, devendo ser aplicadas antes de
qualquer outra, limitando a própria soberania nacional, passando a ser incluída dentre os preceitos de jus cogens.
E quanto às decisões de órgãos internacionais de direitos humanos com base nos tratados internacionais?
Ao comentar sobre a recente recomendação do Comitê de Direitos Humanos do PIDCP sobre o caso Lula vs.
Brasil, aduz Vladimir Aras:
Por ora, pode-se dizer que são vinculantes as manifestações e pronunciamentos de órgãos internacionais
judiciais, como os proferidos por tribunais como o Tribunal Penal Internacional (TPI) e a Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos (Corte IDH). O Brasil reconhece a jurisdição obrigatória dessas duas cortes
supranacionais, em função do Estatuto de Roma de 1998 (Decreto 4.388/2002) e da declaração de 10 de dezem-
bro de 1998 (Decreto 4.463/2002).
Quanto aos órgãos quase-judiciais — como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o
Comitê de Direitos Humanos (CDH) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) — é que
os internacionalistas divergem.
[...]
A falta de coercibilidade de pronunciamentos de órgãos como a CIDH e o Comitê do PIDCP é notória,
mas isso, segundo parte da doutrina especializada, não desfaz a natureza do ato, que é vinculante. Se um
Estado soberano ingressou voluntariamente no espaço jurídico de um tratado, tem de cumpri-lo.
Segundo o entendimento do próprio Comitê de Direitos Humanos do PIDCP, suas decisões, inclusive as caute-
lares, são obrigatórias, diante do princípio pacta sunt servanda, que encontra reforço normativo no art. 26 da
Convenção de Viena de 1969.
Se afastarmos a divergência doutrinária e considerarmos que tais decisões são vinculantes para os Estados Partes
do Protocolo Facultativo, qual seria a consequência prática dessa violação no direito internacional? Escassa, qua-
se nenhuma, já que não há um órgão internacional capaz de saná-la e de obrigar o Estado membro a cumprir
sua obrigação (dever) internacional.
No entanto, insisto, a decisão não deixaria de ser “obrigatória” por isso. O problema fundamental, enfim, está
na falta de coercibilidade, não na inexistência de obrigatoriedade, ainda que indireta.
#APRODUNDANDO
Referido autor conclui ainda que, mesmo em casos julgados pela CorteIDH, uma interpretação nacionalista
dos direitos humanos, em que a soberania nacional prevalece, acaba deixando inefetivas decisões tomadas por
órgãos de direitos humanos. Nesse sentido, o TJ/PR negou o desarquivamento do inquérito policial sobre o as-
sassinato de Sétimo Garibaldi, medida ordenada pela CorteIDH. O acórdão do TJ/PR foi confirmado pelo STJ no
REsp 1.351.177, j. 13/03/2016, descumprindo-se decisão vinculante e obrigatória da CorteIDH.
Como se pode ver, é necessário que haja respeito pelos órgãos nacionais brasileiros das decisões dos órgãos in-
ternacionais. Daí a importância da teoria do duplo controle de convencionalidade, de André de Carvalho Ramos.
#ATENÇÃO:
Para a Corte IDH, o art. 63.1 da CADH exige, sempre que for possível, a plena restituição (restitutio in integrum)
da vítima à situação anterior à violação de direitos humanos, sendo que, diante da impossibilidade, outras me-
didas de reparação devem ser adotadas. São consideradas medidas de reparação, no geral, são classificadas
da seguinte forma: a) restituição; b) indenização; c) reabilitação; d) satisfação (exemplos: obrigação de
investigar e punir, busca de pessoas desaparecidas, desculpa pública, homenagem e demais medidas
simbólicas); e e) garantias de não repetição (exemplos: educação em matéria de direitos humanos, capacita-
ção de agentes de Estado, revisão e alteração de leis etc.). No Caso Favela Nova Brasília, o BR foi condenado
a não mais adotar os denominados “autos de resistência à prisão”.
Caso Velásquez Rodrigues vs Honduras: desaparecimentos forçados de pessoas por agentes da ditadura
militar de Honduras na década de 80.
O desaparecimento forçado constitui uma violação múltipla e continuada de vários direitos reconhecidos na
Convenção e que os Estados Partes estão obrigados a respeitar e garantir. O sequestro da pessoa é um caso de
privação arbitrária de liberdade que viola, ademais, o direito do detido a ser levado sem demora perante
um juiz (audiência de custódia) e a interpor os recursos adequados para controlar a legalidade de sua prisão, o
que viola o artigo 7 da Convenção, que reconhece o direito à liberdade pessoal.
São elementos do desaparecimento forçado: Privação da liberdade; Intervenção direta de agentes estatais (ou
aquiescência destes); Negativa de reconhecer a detenção e de revelar o paradeiro da pessoa interessada.
f) Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas. Convenção 169 OIT. Programa
Brasil Quilombola. Política Nacional de saúde da População Negra. Decreto nº 6.040 de 7 de fevereiro
de 2007.
Conceito de comunidades tradicionais trazido pelo Decreto nº 6.040/07, que instituiu a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais: “grupos culturalmente diferenciados e que
se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios
e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizan-
do conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;”.
Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins do Decreto nº 4.887/03, os grupos
étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territo-
riais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
As terras quilombolas serão PRIVADAS e de propriedade coletiva, mas, ainda assim, com um regime jurídico
especial, pois não são livres e desembaraçadas, já que nesse último caso, restaria perdido o ideal de preservação
da comunidade.
#OLHAATABELINHA #NÃOCONFUNDA
QUILOMBOLA INDÍGENA
Propriedade (art. 68, ADCT) Posse/usufruto (art. 231, § 2º, CF)
Propriedade coletiva-privada (mas inalienável,
Propriedade da União (art. 20, XI)
impenhorável e imprescritível)
Isenção do ITR (Lei n. 13.043/14) Imunidade tributária recíproca (art. 150, IV, a)
Advento da CF/88 (ou abolição da escravatura) não Advento da CF/88 constitui marco para
constitui marco para seu reconhecimento. reconhecimento de suas áreas (ocupação).
O Estado brasileiro incorporou, ao seu direito interno, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho –
OIT sobre Povos Indígenas e Tribais (Decreto nº 5.051/2004). Esta Convenção consagrou a “consciência da própria
identidade” como critério para determinar os grupos tradicionais (indígenas ou tribais). Além disso, determinou
que nenhum Estado tem o direito de negar a identidade de um povo indígena ou tribal que se reconheça como tal.
Constatada a situação de fato – ocupação tradicional das terras por remanescentes dos quilombos –, a própria
Constituição confere-lhes o título de propriedade. Contudo, isso não invalida os títulos de propriedade eventual-
mente existentes, de modo que, para que haja a regularização do registro em favor das comunidades quilombolas,
exige-se a realização do procedimento de desapropriação.
#SELIGA: o STF não acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aquelas que
estivessem sendo ocupadas por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras
palavras, mesmo que na data da promulgação da CF/88 a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas
comunidades quilombolas, é possível, em tese, que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT.
#OLHAOGANCHO
COMUNIDADES AFRODESCENDENTES DESLOCADAS DA BACIA DO RIO CACARICA Vs. COLÔMBIA
(“Operação Gênesis”): Primeira vez que a CIDH utilizou o termo “comunidade afrodescendente”, pois antes
falava em “comunidade tribal” (gênero “comunidades tradicionais”). Antes, os direitos especiais do povo indígena
eram estendido ao povo “tribal” de forma indireta (interpretação teleológica e sistemática). Agora, aplicou dire-
tamente os termos da Convenção 169 da OIT. Foi também destacado o direito de igualdade, de serem consul-
tados, de respeito às peculiaridades culturais, de propriedade/posse às terras que tradicionalmente ocupem, de
não serem trasladados compulsoriamente das terras que ocupam (salvo casos excepcionais), e de programas de
reforma agrária.
Vejam bem... a abolição da escravatura se deu em 1888, mas até hoje os problemas continuam! É extremamente
importante a atuação contramajoritária da Defensoria Pública. Vejamos trecho retirado de obra publicada pela
DPE-RJ “direitos humanos, saúde mental e racismo: diálogos à luz do pensamento de Frantz Fanon
“o direito atua implacavelmente para reforçar os processos de morte em vida desencadeados pela descontinuidade
das comunidades negras, decorrente dos assassinatos provocados por agentes de Estado, pelo encarceramento em
massa e demais processos violentos de institucionalização. Pelas desterritorializações de comunidades tradi-
cionais, quilombolas, indígenas e ocupações urbanas apresentadas pelo nome técnico de “reintegração de posse”;
pelo sucateamento dos direitos sociais que nos priva de experimentar a vida com saúde, segurança alimentar e
através do desenvolvimento pleno de nossas capacidades; para citar apenas alguns exemplos da (re)produção de
justificativas públicas em latim para nosso extermínio”.
#AJUDAMARCINHO
O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando
suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.” Em 2003,
foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação, reconhe-
cimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos. O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão
somente o de regular o comportamento do Estado na implementação do comando constitucional previsto no
art. 68 do ADCT. Houve o mero exercício do poder regulamentar da Administração, nos limites estabelecidos
pelo art. 84, VI, da Constituição. O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério
utilizado pelo Poder Público para a identificação dos quilombolas. O critério escolhido foi o da autoatribuição
(autodefinição). O STF entendeu que a escolha do critério desse critério não foi arbitrária, não sendo contrária
à Constituição.
O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na identificação, medição e demarcação das terras dos quilom-
bolas devem ser levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das co-
munidades dos quilombos. O STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o Decreto está
garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas, não significando que a demarcação será
feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas.
O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação de determinadas
áreas caso os territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em
locais pertencentes a particulares. O STF reputou válida essa previsão tendo em vista que, em nenhum momento
a Constituição afirma que são nulos ou extintos os títulos eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas por
#DEOLHONAJURIS
O STF determinou que a União elaborasse plano de combate à Covid-19 para população quilombola, com a
participação de representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Qui-
lombolas – Conaq. Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, notadamente
ações possessórias, reivindicatórias de propriedade, imissões na posse, anulatórias de processos ad-
ministrativos de titulação, bem como os recursos vinculados a essas ações, sem prejuízo dos direitos
territoriais das comunidades quilombolas até o término da pandemia. STF. Plenário. ADPF 742/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2021 (Info 1006).
Deve ser suspensa a tramitação de demandas judiciais e recursos vinculados envolvendo direitos territoriais das
comunidades quilombolas, tais como ações possessórias, reivindicatórias de propriedade, imissões na posse e
anulatórias de demarcação até o término da pandemia.
O direito material demanda a salvaguarda de comunidades quilombolas do risco sanitário exacerbado pela execu-
ção de medidas constritivas em seus territórios e a preservação de sua condição de acesso igualitário à justiça, ao
devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa sem comprometer à especial necessidade de isolamento
social decorrente da sua grave condição de vulnerabilidade, reconhecida em lei.
Incide, no caso, o princípio da precaução (art. 225, da CF/88) que exige do Poder Público um atuar na direção
da mitigação dos riscos socioambientais, em defesa da manutenção da vida e da saúde.
Apesar de os povos quilombolas terem sido incluídos na fase prioritária do Plano Nacional de Operacio-
nalização da Vacinação elaborado pelo governo federal, essa inclusão formal não é suficiente se desacom-
panhada de planejamento conducente à eficácia da medida.
Isso porque o governo limitou-se a fazer indicação genérica, deixando de prever protocolos sanitários voltados
à efetividade da medida e de articular ações programáticas a fim de evitar descompasso nas unidades da Fede-
ração.
Em suma, o STF, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido para determinar, à União, que:
i) formule, no prazo de 30 dias, plano nacional de enfrentamento da pandemia Covid-19 no que concerne à po-
pulação quilombola, prevendo providências e protocolos sanitários voltados a assegurar a eficácia da vacinação
na fase prioritária, com a participação de representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comuni-
dades Negras Rurais Quilombolas – Conaq;
ii) constitua, em até 72 horas, grupo de trabalho interdisciplinar e paritário, com a finalidade de debater, aprovar
e monitorar a execução do Plano, dele participando integrantes, pelo menos, do Ministério da Saúde, Minis-
tério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Fundação Cultural Palmares, Defensoria Pública da União,
Ministério Público Federal, Conselho Nacional de Direitos Humanos, Associação Brasileira de Saúde Coletiva e
representantes das comunidades quilombolas a serem indicadas pela Coordenação Nacional de Articulação das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas;
iii) providencie, no máximo em 72 horas, a inclusão, no registro dos casos de Covid-19, do quesito raça/cor/etnia,
asseguradas a notificação compulsória dos confirmados e ampla e periódica publicidade; (iv) restabeleça, no
prazo de 72 horas, o conteúdo das plataformas públicas de acesso à informação http://monitoramento.seppir.
gov.br/ e https://www.gov.br/mdh/pt-br/comunidadestradicionais/programabrasil-quilombola, abstendo-se de
proceder à exclusão de dados públicos relativos à população.
g) Povos Originários. Terra e Território. Movimento Constitucional da América Latina. Justiça Ordinária vs
Justiça Indígena. Jurisprudência do SIDH. Caso Povo Indigena Xucuru vs. Brasil. Lei 11.645/2008.
“O Estado Plurinacional é considerado com um modelo de organização política para descolonizar nações e
povos indígenas originários, recuperar sua autonomia territorial, garantir o exercício pleno de todos os seus
direitos como povos e exercer suas próprias formas de autogoverno. Um dos elementos fundamentais para a
concretização do Estado Plurinacional é o direito à terra, ao território e aos recursos naturais. Do mesmo modo,
para as organizações do Pacto, o Estado Plurinacional implica que os poderes públicos tenham represen-
tação direta dos povos e nações indígenas, originários e camponeses de acordo com suas normas e
procedimentos próprios” 6
#SELIGA #CONCEITO “A Constituição Boliviana, promulgada em 2009, cria o Estado plurinacional e inter-
cultural e afirma direitos específicos à população de origem indígena e campesina, as quais passam a ter um
maior domínio sobre uma determinada jurisdição. Foi criada uma justiça comunitária, em que autoridades
escolhidas pelos próprios movimentos decidem de forma definitiva e soberana, sem interferência da ju-
risdição ordinária, os conflitos oriundos das comunidades indígenas, assumindo uma proposta de diversidade
cultural e étnica. (...)
A inclusão de ideias como educação para descolonização, Interculturalidade, formas de democracia comu-
nitária, autonomias indígenas, pluralismo jurídico, Estado plurinacional, a presença dos idiomas indígenas
e cosmovisões como suma qamanã (viver bem), teko kavi (vida boa), a simplificação linguística das terminologias
de origem romana, como exemplo da ação e liberdade (ao invés de habeas corpus), são representativas de
novas formas de organização do Estado com a exigibilidade e prestígio dos valores, costumes e modo de ser
autênticos da heterogeneidade que conforma o país.” 7
Segundo o § 1º do art. 231 da CF/88 são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios:
• e as necessárias a sua reprodução física e cultural (segundo seus usos, costumes e tradições).
De acordo com a CF, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88).
No entanto, essas terras destinam-se à posse permanente dos índios, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das rique-
zas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. #FAZACRÍTICA
Segundo critério construído pelo STF, somente são consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”
aquelas que eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco temporal) e, complementarmente, se houver
a efetiva relação dos índios com a terra (marco da tradicionalidade da ocupação). No famoso caso “Raposa do Sol”
(PET3388), o STF adotou a teoria do fato indígena.
A utilização do fato indígena é duramente criticada pela doutrina indigenista e pelos órgãos de atuação de defesa
dessas minorias, conforme visto na Disciplina de Humanos. Estabelecer um marco temporal em prejuízo às comu-
nidades é um retrocesso na concessão de seus direitos, uma vez que historicamente, houve opressão e violência
que por diversas vezes obrigaram as comunidades a se deslocarem de suas terras tradicionais - em especial, nos
anos mais recentes, durante a redemocratização pós ditadura.
#FAZOCONTRAPONTO
Teoria do indigenato: foi desenvolvida por João Mendes Júnior no início do século XX considera o direito dos
índios sobre as terras tradicionalmente ocupadas como um direito inato, congênito, sendo anterior à própria
criação do Estado brasileiro, a quem caberia tão somente demarcar e declarar os limites territoriais. Utiliza o
conceito de posse permanente, sendo declaratória.
Comunidades Indígenas da Bacia do Rio Xingú vs Brasil - “Caso Belo Monte”: Trata da situação em que
a construção de uma usina hidrelétrica ocasionou vasto impacto ambiental e afetou grande quantidade de co-
munidades indígenas. O Brasil foi denunciado à CIDH em 2010, em razão da omissão da jurisdição interna em
proteger as comunidades indígenas da Bacia do Xingú. A CIDH outorgou medida cautelar para suspender ime-
diatamente o processo de licenciamento do projeto da usina e impedir a realização de qualquer obra no local até
que fosse possível garantir condições para resguardar o mínimo existencial das comunidades indígenas afetadas,
garantindo também o direito de consulta a essas comunidades. Infelizmente, o Brasil descumpriu a medida cau-
telar imposta pela Comissão e não respeitou o direito de consulta e consentimento das comunidades indígenas.
Povo Indígena Xucuru e seus membros vs Brasil: a CorteIDH condenou o Brasil pela violação do direito à
garantia judicial de prazo razoável, à proteção judicial e à propriedade coletiva do Povo Indígena Xucuru, no
Estado de Pernambuco. Restou reconhecido que no Brasil existe uma morosidade por parte do aparelhamento
estatal em demarcar e reconhecer as terras dos povos indígenas
#OLHAOGANCHO
Lei nº 11.635
O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório
o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o
negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.”
(NR)
PONTO II
a) Diversidade Sexual. Direito das Pessoas LGBT. SIDH. Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Opinião Consultiva nº 24 de 2017. STF ADI nº 4275.
Figura de uma mulher que tem preferência sexual por ou mantém relação afetiva e
Lésbica
ou sexual com outra mulher.
É a pessoa que, por se sentir pertencente ao outro gênero, pode manifestar o desejo
de fazer uma cirurgia no seu corpo para mudar de sexo, o que não acontece com as
Transexual travestis. Muitas travestis modificam seus corpos com ajuda de hormônios, terapias,
implantes de silicone e cirurgia plásticas, mas ainda desejam manter o órgão sexual
de origem.
É uma pessoa que não se identifica com o gênero biológico e se veste e se comporta
como pessoas de outro sexo. É um homem que se veste como mulher, se comporta
Travesti
como mulher e se sente mulher ou o contrário, uma mulher que se veste, comporta
e age como se fosse um homem.
8 Existem muitos outros termos dentro da gramática LGBTI. Sugerimos a consulta a este manual, elaborado pela ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais: http://www.oabms.org.br/Upload/Biblioteca/2014/10/00119866.pdf.
É uma condição de nascença em que os órgãos sexuais e/ou reprodutivos não cor-
respondem ao que a sociedade espera para o sexo masculino ou feminino. Esta
Intersexo situação pode se expressar na dúvida sobre o sexo da criança ou, em adolescentes
criadas como meninas, na ausência de útero, ovário ou presença de testículo na
região do abdome.
Princípios de Yogyakarta
-Em razão de os direitos da comunidade LGBTI não serem plenamente respeitados, bem como as questões de
cunho moral, político e religioso, ainda não existe nenhum tratado internacional de direitos humanos tratando
expressamente dos direitos dessa minoria, mas há jurisprudência nos sistemas universal e regionais de direitos
humanos em favor dela.
-O documento de Soft Law mais importante, porém, sobre a população LGBTI são os Princípios de Yogyakarta so-
bre a Aplicação da Legislação Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de
Gênero, elaborados em 2007 na Indonésia e, segundo Valério Mazzuoli:
[...] constituem um evoluído mosaico de 29 princípios que sistematizam os objetivos que os Estados devem perseguir
para proteger os direitos das pessoas pertencentes à comunidade LGBTI. Tais Princípios indicam aos Estados a ma-
neira pela qual devem aplicar as normas internacionais de proteção dos direitos humanos às questões de orientação
sexual e identidade de gênero, compreendendo que ambas são essenciais à dignidade de cada ser humano, e que
por isso, não podem ser objeto de qualquer discriminação9.
PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA
Natureza Soft law, podendo ser utilizado como guia de interpretação do direito à igualdade e combate à
jurídica discriminação (deveres internacionais).
• igualdade e não discriminação, reforçando terem todos os indivíduos direito de desfrutar de to-
dos os direitos, livres de preconceito por suas escolhas sexuais ou de gênero
• proíbe-se, especificamente, a imposição de pena de morte por motivo de orientação sexual ou
identidade de gênero, bem como estabelece-se o direito de todos, sem preconceito sexual ou de
gênero, à segurança pessoal e proteção do Estado contra qualquer forma de violência
Direitos • direito ao tratamento com dignidade durante a detenção e ao respeito ao devido processo legal,
em sem discriminação por orientação sexual. O direito de buscar asilo para escapar de situações de
espécie risco e perseguição, por sua vez, inclui a proibição de expulsão ou extradição de pessoas para
locais onde possam sofrer tortura, perseguição ou tratamento desumano em razão da sua orien-
tação sexual ou identidade de gênero
• o direito à família inclui a sua constituição nas mais diversas formas, independentemente de
orientação sexual ou identidade de gênero. A participação na vida pública abarca o direito de
concorrer a cargos eletivos e o acesso a serviços públicos (incluindo a polícia e a força militar), sem
discriminação por motivo de sexo ou gênero.
9 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direitos humanos. 5ª ed. São Paulo: Método, 2018, p. 383.
#APROFUNDANDO #SELIGANOSTERMOS
Indo além da mera diferenciação de igualdade formal e material, a doutrina tem desenvolvido novas abordagens
da igualdade em favor de grupos vulneráveis: como distribuição e como reconhecimento. A igualdade como
distribuição tem a ver com a seara econômica, em razão de uma partilha não equitativa das riquezas e recursos
na sociedade, o que pode vir a causar certa estigmatização nos integrantes dessas minorias. Já a igualdade como
retribuição é ligada “a questões precipuamente culturais, uma vez que retratam o modo como determinados
grupos vulneráveis são enxergados no contexto social”. Conclui Heemann que o caso da população LGBTI é de
lutar pela igualdade como reconhecimento, pois “os membros do grupo em estudo não estão em busca de
questões econômicas ou patrimoniais, mas sim do fortalecimento da autoestima da população LGBTI através do
reconhecimento de direitos não concebidos pela sociedade majoritária” 10.
A mudança de nome, a adequação da imagem, assim como a retificação à menção do sexo ou gênero, nos
registros e nos documentos de identidade, para que estes estejam de acordo com a identidade de gênero au-
topercebida, é um direito protegido pelos arts. 18, 3º, 7.1 e 11.2, todos da CADH. Consequentemente, em con-
formidade com a obrigação de respeitar e garantir os direitos sem discriminação (artigos 1.1 e 24 da CADH), e
com o dever de adotar as disposições de direito interno (artigo 2º da Convenção), os Estados estão obrigados
a reconhecer, regular e estabelecer os procedimentos adequados para esse fim, seja administrativa, seja judicial-
mente. Também devem ser protegidos todos os direitos patrimoniais que derivam do vínculo familiar protegido
entre pessoas do mesmo sexo, garantindo-se o acesso a todas as figuras já existentes nos ordenamentos jurídi-
cos internos, para assegurar a proteção de todos os direitos das famílias conformadas por casais do mesmo sexo.
Tudo a ver com as recentes decisões de STF e STJ quanto à comunidade LGBT:
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização
de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo)
diretamente no registro civil. STF, Info 892/2018. ADI 4275/DF
ATENÇÃO: vocês devem conhecer os fundamentos dessa decisão!!
10 HEEMANN, Thimotie Aragon. A concretização de direitos humanos da população LGBTI no Estado Brasileiro a partir de um diálogo com a jurispru-
dência internacional. Revista Jurídica do Ministério Público do Estado do Paraná, Curitiba, v. 6, n. 10, p.223-255, jun. 2019. Disponível em: <https://apps.mppr.
mp.br/openjournal/index.php/revistamppr/issue/view/11/Revista%20Jur%C3%ADdica%20do%20MP-PR%20%E2%80%93%2010%C2%AA%20Edi%C3%A7%-
C3%A3o>. Acesso em: 29 jun. 2018.
#SELIGA
O STF decidiu criminalizar a homofobia como forma de racismo. Ao finalizar o julgamento, em sede de ação
direta de inconstitucionalidade por omissão, a Corte declarou a omissão do Congresso em aprovar a matéria
e determinou que casos de agressões contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis)
sejam enquadrados como o crime de racismo até que uma norma específica seja aprovada pelo Congresso
Nacional. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
em 13/6/2019(Info 944).
#DIÁLOGODASCORTES: Caso Atala Riffo e filhas vs. Chile: Karen Atala Riffo mantinha um casamento hete-
rossexual do qual nasceram três FILHAS. Em 2002, o casamento acabou, com a guarda das filhas tendo ficado
com a mãe e o pai tendo direito à visita. Ocorre que Atala iniciou relação homoafetiva logo depois, tendo o novo
casal passado a morar na casa de Atala. O ex-marido não aceitou tal situação, tendo buscado retomar a guarda
integral, alegando que o lesbianismo materno era prejudicial ao desenvolvimento das crianças. A Justiça Chilena
concedeu a custódia ao pai. O caso chegou a ser julgado pela Suprema Corte Chilena, que decidiu que a orien-
tação sexual materna poderia expor as filhas à discriminação e lhes causar confusão psicológica. O caso chegou
à Corte IDH, que afirmou que a decisão chilena violou os princípios da igualdade e da não discriminação
previstos no artigo 1.1 do Pacto de São José da Costa Rica, cujo ambito de proteção abrigaria a orienta-
ção sexual e a identidade de gênero. “Nessa senda, a corte internacional assentou que a presunção de tra-
tamento social discriminatório não poderia ser utilizada como fundamento para a restrição de direitos.
Se a sociedade é intolerante, não cabe ao Estado sê-lo, razão por que só lhe resta adotar medidas para
combater o preconceito em razão da orientação sexual”. “Na conclusão da sentença, a Corte Interamericana
não agiu como quarta instância a fim de reformar a decisão da justiça chilena. A sentença foi puramente repa-
ratória, estabelecendo um conjunto de obrigações a serem cumpridas pelo Chile: i) prestar assistência médica
e acesso psicológico ou psiquiátrico e imediata, adequada e eficaz, através de suas instituições especializadas
públicas de saúde às vítimas que o solicitem; ii) publicar o resumo do julgamento, por uma vez, no Diário Oficial
e em jornal de circulação nacional, divulgando o inteiro teor no site oficial; iii) realizar ato público de reconheci-
mento de responsabilidade internacional para os fatos do presente caso.
O Min. Roberto Barroso, reconhecendo a vulnerabilidade das presas transexuais femininas em presídios
masculinos, decidiu por sua transferência para estabelecimentos prisionais femininos, nos seguintes termos:
-Destaca-se a Relatoria Especial para Liberdade de Expressão (vamos usar a sigla RELE). Segundo André de
Carvalho Ramos, tem caráter permanente, independência funcional e estrutura própria (com financiamento
externo, inclusive). Tem por objetivo incentivar a plena liberdade de expressão e informação nas Américas, direito
essencial para o enraizamento da democracia em Estados de passado ditatorial recente.
11 Disponível em: https://www.migalhas.com.br/arquivos/2019/6/art20190627-02.pdf. Vide comentários ao julgado, feitos pelo Portal Migalhas: https://
www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI305236,61044-Barroso+determina+que+transexuais+presas+sejam+transferidas+para.
O principal documento originado de seu trabalho é a Declaração de Princípios sobre a Liberdade de Expressão,
aprovada em CIDH em 200012.
Caso Fontececchia e outros vs. Argentina: O caso se relaciona com a alegada violação do direito à liber-
dade de expressão dos senhores Jorge Fontevecchia e Héctor D’Amico, que eram, respectivamente, diretor e
editor da revista Notícias. A suposta violação teria ocorrido em virtude da condenação civil que lhes foi imposta
por meio de sentenças proferidas por tribunais argentinos por responsabilidade ulterior em relação à publicação
de dois artigos na mencionada revista, em novembro de 1995. Estas publicações se referiam à existência de um
filho não reconhecido do senhor Carlos Saúl Menem, então Presidente da Nação, com uma deputada, a relação
entre o ex-Presidente e a deputada e a relação entre o primeiro mandatário e seu filho.
A respeito do conteúdo da liberdade de pensamento e de expressão, a jurisprudência da CorteIDH tem sido
constante em indicar que quem está sob a proteção da CADH tem o direito de buscar, receber e difundir ideias
e informações de toda natureza, bem como de receber e conhecer as informações e ideias difundidas pelos
demais.
Entretanto, a liberdade de expressão não é um direito absoluto. O artigo 13.2 da Convenção, que proíbe a
censura prévia, também prevê a possibilidade de exigir responsabilidades ulteriores pelo exercício abusivo deste
direito. Estas restrições têm caráter excepcional e não devem limitar, além do estritamente necessário, o pleno
exercício da liberdade de expressão e converter-se em um mecanismo direto ou indireto de censura prévia.
É preciso encontrar um equilíbrio entre a vida privada e a liberdade de expressão que, sem serem absolutos,
são dois direitos fundamentais garantidos na Convenção Americana e da maior importância em uma sociedade
democrática. A CorteIDH recorda que o exercício de cada direito fundamental tem de ser feito com respeito e
salvaguarda aos demais direitos fundamentais. Nesse processo de harmonização cabe um papel medular ao
Estado buscando estabelecer as responsabilidades e sanções que sejam necessárias para obter tal propósito.
c) Pessoas com deficiência. Padrões Internacionais de Proteção. Lei 10.216 de 6 de Abril de 2001.
Jurisprudência do Sistema Interamericano. Caso Poblete Vilches e Outros vs. Chile
Já comentado acima.
d) Racismo. Racismo Institucional. Programa Brasil Quilombola. Política Nacional de saúde da População
Negra. Decreto nº 6.040 de 7 de fevereiro de 2007.
Já comentado acima.
Elemento subjetivo: dolo. A tortura culposa não é Elemento subjetivo: dolo. A tortura culposa não é
punível. punível
#OBS: vale lembrar que entre as principais causas de tortura registradas pela Comissão de Direitos Humanos
e Minorias da Câmara dos Deputados figuram os castigos empregados em presos e suspeitos de crimes (38%),
e a obtenção de confissão ou informação (33%), que ocorre, em geral, no âmbito das investigações policiais e
durante o policiamento ostensivo13.
Caso Bayarri vs. Argentina: o caso se refere a responsabilidade internacional do Estado pela detenção ilegal e
arbitrária de Carlos Bayarri por parte dos agentes policiais, assim como pelos maus tratos sofridos durante sua
prisão preventiva.
Para a CorteIDH, “o controle judicial imediato é uma medida tendente a evitar a arbitrariedade ou ilegalidade das
detenções, tomando em conta que num Estado de Direito corresponde ao julgador garantir os direitos do de-
tido, autorizar a adoção de medidas cautelares ou de coerção, quando seja estritamente necessário, e procurar,
em geral, que se trate o investigado de maneira coerente com a presunção de inocência”.
No parágrafo 76 da sentença, a CorteIDH afirmou que o juiz não tem de esperar até o momento de proferir a
sentença absolutória para que uma pessoa detida recupere a liberdade, mas deve avaliar periodicamente se
as causas, a necessidade e a proporcionalidade da medida se mantêm, e se o prazo da detenção ultrapassou os
limites que impõem a lei e a razão.
13 https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/31/Documentos/ESTUDO%20SOBRE%20A%20OBRIGATORIEDADE%20DE%20APRE-
SENTA%C3%87%C3%83O%20DO%20PRESO%20AO%20JUIZ.pdf
#SELIGA: proibição absoluta da tortura (norma de juscogens). Importância da audiência de custódia para prote-
ção do direito à integridade física do cidadão.
A Corte entende que se está diante de um ato constitutivo de tortura quando os maus-tratos sejam: a) intencionais;
b) causem severos sofrimentos físicos ou mentais; e c) sejam cometidos com qualquer fim ou propósito, entre eles,
a investigação de delitos (parágrafo 81).
De acordo com o artigo 1.1 da Convenção Americana, a obrigação de garantir os direitos reconhecidos nos artigos
5.1 e 5.2 da Convenção Americana implica o dever do Estado de investigar possíveis atos de tortura ou outros tra-
tamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Nos casos em que existam indícios de sua ocorrência, o Estado deverá iniciar de ofício e de imediato uma investi-
gação imparcial, independente e minuciosa que permita determinar a natureza e a origem das lesões observadas,
identificar os responsáveis e processá-los. É indispensável que o Estado atue com diligência para evitar as práticas
de tortura, levando em conta, por outro lado, que a vítima costuma se abster, por temor, de denunciar os fatos.
#OLHAOGANCHO1 #DIZERODIREITO
Os crimes de tortura são definidos pela Lei nº 9.455/97. Na verdade, como se trata de conduta extremamente
repugnante, a própria Constituição Federal proibiu expressamente a prática da tortura:
Art. 5º (...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilíci-
to de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Assim, a doutrina afirma que a CF/88 trouxe um “mandado de criminalização”, ou seja, uma determinação para
que o legislador puna a prática de tortura.
Fechando esse sistema normativo, existe também a Lei nº 12.847/2013, que institui o “Sistema Nacional de Pre-
venção e Combate à Tortura”. Ela não prevê crimes, mas sim medidas com o objetivo de fortalecer a prevenção
e o combate à tortura.
f) Gênero, Sexo, Diferença Sexual. Reprodução Feminina. Política e Trabalho. Jurisprudência do Sistema
Interamericano. Caso Artavia Murillo e Outros vs. Costa Rica.
-Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher: alguns dos direitos expressa-
mente previstos e que devem ser realizados e promovidos em condições de igualdade com relação aos homens:
• Direitos civis e políticos (votar, ser votada, participar da vida pública, etc)
• Educação (acesso aos estudos, eliminação da estereotipização dos papéis masculinos e femininos).
• Emprego (direitos às mesmas oportunidades de emprego, direito a igual remuneração, proibição de demis-
são por motivo de gravidez, etc).
Consagra a proibição da discriminação por motivo de casamento, consagrando ainda o direito da mulher
ao acesso a serviços médicos que atendam às peculiaridades da condição feminina.
#SELIGA: o direito à autonomia reprodutiva está reconhecido no art. 16 da Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas.
Caso Artavia Murillo e Outros vs. Costa Rica – a CorteIDH enfrentou de forma inédita a temática da fecundação
in vitro sob a ótima dos direitos humanos. A Corte determinou que a Costa Rica era internacionalmente responsável
por ter vulnerado os direitos à vida privada e familiar, e o direito da integridade pessoal em relação à auto-
nomia pessoal, o direito em decidir ter filhos biológicos ou mediante uma técnica de reprodução assistida,
a saúde sexual, o direito a desfrutar dos benefícios do progresso científico e tecnológico, assim como o
princípio da não discriminação.
g) Racismo. Racismo Institucional. Caso Alyne Pimentel. Estatuto da Igualdade Racial. Política Nacional
de saúde da População Negra.
2ª parte do NFPSS.
PONTO III
O caso Alyne da Silva Pimentel Teixeira é considerado um marco, já que foi a primeira condenação do Brasil
no Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos. Devidos à precariedade do sistema de saúde pública da
baixada-fluminense, Alyne Pimentel perdeu o filho que gestava e acabou morta. O Comitê sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (Convenção CEDAW) recomendou que o Brasil
cumprisse uma série de medidas, como indenizar a família da vítima e garantir o direito de mulheres ao
acesso adequado a procedimentos obstétricos. #LINKMENTAL: Violência obstétrica.
OBS: o restante dos temas relativos à violência de gênero será abordado na 2ª parte do NFPSS.
b) Racismo e Sistema de Justiça. Acesso à Justiça. Teoria Crítica da Raça. Crime de Racismo. Estatuto da
Igualdade Racial. Lei 7716/1989.
2ª parte do NFPSS.
Leitura das 100 Regras de Brasília. Atenção para os pontos atinentes à Defensoria Pública:
(3) Consideram-se em condição de vulnerabilidade aquelas pessoas que, por razão da sua idade, gênero, esta-
do físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, económicas, étnicas e/ou culturais, encontram especiais dificul-
dades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico.
(4) Poderão constituir causas de vulnerabilidade, entre outras, as seguintes: a idade, a incapacidade, a pertença a
comunidades indígenas ou a minorias, a vitimização, a migração e o deslocamento interno, a pobreza, o género
e a privação de liberdade.
(29) Destaca-se a conveniência de promover a política pública destinada a garantir a assistência técnico-
-jurídica da pessoa vulnerável para a defesa dos seus direitos em todas as ordens jurisdicionais: quer seja
através da ampliação de funções do Defensor Público, não somente na ordem penal, mas também noutras
ordens jurisdicionais; quer seja através da criação de mecanismos de assistência legal: consultorias jurídicas com a
participação das universidades, casas de justiça, intervenção de colégios ou ordens de advogados.
(30) Ressalta-se a necessidade de garantir uma assistência técnico-jurídica de qualidade e especializada.
Para esse fim, promover-se-ão instrumentos destinados ao controle da qualidade da assistência.
(31) Promover-se-ão ações destinadas a garantir a gratuidade da assistência técnico-jurídica de qualidade
àquelas pessoas que se encontram na impossibilidade de enfrentar os gastos com os seus próprios recur-
sos e condições.
#SELIGA: quando o sistema jurídico interno não oferecer a resposta adequada à proteção dos direitos humanos,
as vítimas podem levar o caso à CIDH (para que chegue à CorteIDH), por meio da atuação de um defensor
público interamericano, quando não tenham advogado ou defensor público constituído. Desde 2009, quan-
do o Regulamento da CorteIDH retirou da CIDH a atribuição de representar as vítimas de violação de direitos
humanos, a representação processual passou a ser exercida pela figura do Defensor Público Interamericano.
O Regulamento da CorteIDH define-o como sendo “a pessoa que a Corte designe para assumir a represen-
tação legal de uma suposta vítima que não tenha designado um defensor por si mesma” (art. 2.11). Tal
representação ocorre durante a tramitação do caso.
Para que ocorresse a atuação do Defensor Público Interamericano (DPI), firmaram-se Acordos de Entendimen-
to entre a AIDEF14 (Associação Interamericana de Defensorias Públicas) e a CorteIDH (2009) e a CIDH (2013).
14 Criada em 2003, no II Congresso Interamericano de Defensorias Públicas, no Rio de Janeiro/RJ, a AIDEF é uma associação de Defensorias Públicas, cujos
principais objetivos são defender a plena vigência e efetividade dos direitos humanos, estabelecer um sistema permanente de coordenação e cooperação interins-
titucional entre Defensorias Públicas e Associações de Defensores Públicos das Américas e do Caribe, e promover a independência e a autonomia funcional dos
Defensores Públicos para assegurar o pleno exercício do direito de defesa das pessoas. É composta por uma Assembleia Geral, um Conselho Diretor e um Comitê
Executivo. No Brasil, fazem parte da AIDEF a ANADEP, o CONDEGE (Conselho Nacional dos Defensores Públicos Gerais) e a DPU. Mais informações, em espanhol:
<http://aidef.org/>.
Ainda em 2013, aprovou-se o Regulamento Unificado para a atuação da AIDEF ante a Comissão e a Corte
Interamericanas de Direitos Humanos15, norma que regulamenta o processo de escolha e a atuação dos DPIs
no Sistema Interamericano.
Abaixo, uma #TABELINHA com as principais informações sobre o DPI, baseada nos apontamentos do Defensor
Público Federal Caio Paiva:
1) DPI Natural: é possível que um DPI atue por mais de 6 anos num só caso. Isso
pode acontecer se, mesmo transcorrido esse tempo, o processo ainda estiver em
trâmite perante a CorteIDH. Nesse sentido, o art. 24 do Regulamento Unificado.
2) Recusa pela AIDEF de designação de DPI: os arts. 1.2, 14.1 e 22.1 do Regu-
lamento Unificado permitem que a AIDEF não aceite designar DPIs para atuar
perante um caso no SIDH, o que prestigia a autonomia funcional da Defensoria
Pública.
3) Recusa pela vítima de designação de DPI: no Acordo de Entendimento
AIDEF-CIDH e no primeiro caso julgado pela CorteIDH com atuação de DPIs (Se-
Observações bastian Furlan vs. Argentina), deixou-se claro que a vítima deve dar seu expresso
consentimento para que seja defendida por DPI, podendo inclusive optar por sua
autodefesa. (OBS: o primeiro DPI brasileiro a atuar num caso perante a CorteIDH
foi o Defensor Público de Mato Grosso, Roberto Tadeu Vaz Curvo, no caso Família
Pacheco Tíneo vs. Bolívia!)
4) Atuação do DPI quando vítima já é assistida pela DP nacional: não é pos-
sível, pois o DPI só atua quando não há representação legal da vítima.
5) DPI x DP Nacional: a atuação do DPI é subsidiária em relação à DP nacio-
nal. Nesse sentido, o Acordo de Entendimento AIDEF-CorteIDH estabelece que
a existência desse acordo não impede que cada DP nacional leve casos ao SIDH.
#OBS: DPIs brasileiros atua(ra)m nos seguintes casos: a) Família Pacheco Tíneo vs. Bolívia (Corte IDH, 2013); b)
Canales Huapaya e outros vs. Peru (Corte IDH, 2015); c) Luis Williams Pollo Rivera vs. Peru (Corte IDH, 2016); d)
Esteban Juan Martínez Pérez vs. Peru (CIDH); e) Gerson Milusk de Carvalho vs. Brasil (CIDH); f ) Carlos Andrés Ga-
leso Morales vs. Colômbia (CIDH); g) Caso Poblete Vilches y familiares v. Chile (#EXPRESSO NO EDITAL! Sentença
da CorteIDH em 2018); h) Villaseñor y otros vs. Guatemala (CorteIDH, 2019); i) Oscar Ruben Muelle Flores vs. Peru
(CorteIDH, 2019); j) Caso Rodriguez Revolorio y otros vs Guatemala (CorteIDH, 2019); e k) Caso Cuya Lavy y otros
vs Peru (CorteIDH pendente de julgamento).
-A CorteIDH (Caso Ruano Torres) considera que, como parte do dever estatal de garantir uma adequada de-
fesa pública, é necessário implementar adequados processos de seleção dos defensores públicos, desenvolver
controles sobre seu trabalho e oferecer-lhes capacitações periódicas.
A Defensoria Pública do RJ pode atuar diretamente no Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Nesse sen-
tido, a DPE-RJ já foi, por exemplo, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) contra a Lei 13.491
(transferiu da Justiça Comum para a Justiça Militar a competência para processar e julgar homicídios de civis
atribuídos a integrantes das Forças Armadas). Em denúncia entregue ao órgão, a DPERJ relatou que a legislação
estabeleceu um foro especial para os militares, dificultando assim a responsabilização dos agentes estatais por
meio de investigações imparciais e independentes.
Outro exemplo: a “Defensoria Pública do Rio de Janeiro apresentou à Corte Interamericana dos Direitos Huma-
nos observações escritas sobre o pedido de parecer consultivo do Estado da Costa Rica sobre a mudança de
nome de pessoas transgêneros. A DPRJ sugere que a Corte Interamericana interprete a Convenção Americana
de Direitos Humanos para fixar aos Estados parte o dever de estabelecer procedimentos céleres, gratuitos e
acessíveis para a retificação do nome e do sexo nos registros e documentos oficiais, de acordo com a identidade
de gênero autopercebida por cada pessoa”17.
Mais um:
A DPE-RJ denunciou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o “tratamento cruel, desumano e degradan-
te” conferido àqueles que, no Estado Brasileiro, necessitam, “com urgência”, de internação em leito de terapia intensiva no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)18.
d) Direito das Pessoas moradoras das Favelas. Segurança e Cidadania. Direito de Resistência. Comissão
Interamericana. Informe sobre Segurança cidadã e Direitos Humanos. ADPF 635.
Já abordado acima.
Caso Cabrera Garcia e Montiel Flores vs. México: mais um caso no qual a CorteIDH destacou a importância
da audiência de custódia, ou seja, da necessidade de a pessoa presa ser imediatamente conduzida à presença
de um magistrado. No caso, considerou ilegal o prazo de cinco dias. Envolveu também inúmeras outras viola-
ções às garantias processuais penais, como o direito à defesa, a ilicitude de provas obtidas através de tortura e
o princípio da presunção de inocência. Por fim, destaca-se a posição da CorteIDH no sentido de que viola os
direitos humanos estender a competência da Justiça Militar a delitos que não tem estrita relação com a disciplina
ou bens jurídicos do âmbito castrense.
“Os direitos de defesa existem desde que a pessoa é apontada como possível autora de um delito; que
tem direito a contar com um advogado; que tem o direito ao tempo adequado para preparar sua defesa; que a
tortura e os tratos cruéis produzem efeitos deletérios na confissão; que as vítimas de violação de direitos humanos
têm direito a uma investigação séria, independente e imparcial, especialmente no contexto de usurpação militar de
função policial; que todos os órgãos jurisdicionais devem fazer o controle de convencionalidade a fim de adequar a
norma interna não só ao Pacto, como também à interpretação que lhe dá a Corte Interamericana, seu “intérprete
último”.
#ATENÇÃO: a nomeação de um defensor de ofício com o objetivo exclusivo de cumprir com uma formali-
dade processual equivale a não contar com defesa técnica. É preciso que o defensor atue de maneira diligente
com o objetivo de proteger as garantias processuais do acusado e evite assim que seus direitos se vejam violados.
No caso houve menção expressa à figura do “bloco de convencionalidade”. Há preocupação da CorteIDH na
implementação efetiva do Direito Internacional dos Direitos Humanos no ordenamento jurídico interno de um
Estado-membro, que, preferencialmente é realizado pelos Tribunais Constitucionais de cada país, valendo-se
de instrumentos de garantia e proteção dos direitos humanos, inclusive dos Tratados Internacionais de Direitos
Humanos. Além de realizar um controle de constitucionalidade, os juízes nacionais, devem realizar, em caráter
complementar e coadjuvante, um controle de convencionalidade.
17 https://www.defensoria.rj.def.br/noticia/detalhes/3681-DPRJ-defende-na-Corte-Interamericana-mudanca-de-nome-por-transexuais
18 https://anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=37275
f) Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas. Convenção 169 OIT. Programa
Brasil Quilombola. Política Nacional de saúde da População Negra. Decreto nº 6.040 de 7 de fevereiro
de 2007.
Já abordado acima.
g) Povos Originários. Terra e Território. Movimento Constitucional da América Latina. Justiça Ordinária vs
Justiça Indígena. Jurisprudência do SIDH. Caso Povo Indígena Xucuru vs. Brasil. Lei 11.645/2008.
Já abordado acima.
PONTO IV
a) Pobreza. Igualdade e Não discriminação. Princípio de não Submissão. Categorias Suspeitosas. Igualdade
e Direitos Sociais. Judicialização dos DESCs.
Direito à igualdade:
Igualdade material: É a igualdade real, vai além da igualdade formal. A busca da igualdade material acontece quan-
do são tratadas desigualmente as pessoas que estejam em situações desiguais.
Igualdade como reconhecimento: a igualdade como reconhecimento significa o respeito que se deve ter para
com as minorias, sua identidade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras. Em muitos
casos, alguns grupos sofrem tanto uma desigualdade material como uma desigualdade quanto ao reconhecimen-
to. As mulheres e os negros, por exemplo, sofrem injustiças cujas raízes se encontram tanto na estrutura econômica,
quanto na estrutura cultural-valorativa, exigindo ambos os tipos de remédio.
-Owen M. Fiss desenvolveu o princípio da não submissão (antissubordinação), a partir da ideia de que é insufi-
ciente pensar na proteção da igualdade como mera garantia de não-discriminação e desenvolveu o princípio da
antissubordinação - ou antissubmissão - como o mais adequado para assegurar a igualdade a grupos subjugados
socialmente. De acordo com o autor, o princípio da antissubordinação “consiste em um repudio às estruturas sociais
que ordenam as pessoas e os grupos aos quais pertencem de acordo com um critério de adjudicação. A desigual-
dade vista como uma situação de subordinação é gerada por essas estruturas hierárquicas que impedem a
realização individual, bem como violentam as concepções mais elementares de comunidade. Esse princípio
condena aquelas práticas que possuem o efeito inevitável de criar ou perpetuar, em nossa sociedade, uma posição
subordinada para certos grupos em desvantagem”.
-Ações afirmativas (discriminação positiva): o princípio da antissubordinação concebe as ações afirmativas como
uma estratégia para eliminar a sujeição de grupos em desvantagem. São políticas públicas feitas pelo governo ou
pela iniciativa privada com o objetivo de corrigir desigualdades presentes na sociedade, acumuladas ao longo de
anos.
Em um primeiro momento, os Sistemas Internacionais de direitos humanos preocuparam-se apenas com os direitos
de natureza civil e política (primeira dimensão). Posteriormente, foram editados tratados internacionais abordado
os chamados direitos econômicos, sociais e culturais (DESCs). É o caso do Protocolo de San Salvador (Sistema In-
teramericano) e o PIDESC (Sistema Onusiano).
Destaque para o caráter progressivo de implementação dos direitos econômicos, sociais e culturais, ressalvado
expressamente nos diplomas internacionais.
O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (PIDESC) prevê que os di-
reitos sociais e culturais (direitos de “segunda geração” ou dimensão) deverão ser exercidos sem discriminação.
Todavia, os países em desenvolvimento poderão determinar em que medida garantirão os direitos reco-
nhecidos no Pacto aos estrangeiros (art. 2, parágrafos 2º e 3º).
Nos termos do art. 26 da CADH, que trata sobre o desenvolvimento progressivo dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, “os Estados-Partes comprometem-se a adotar providência, tanto no âmbito interno como
mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a
plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura,
constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida
dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados”.
-Num primeiro momento, adotou-se o entendimento de proteção indireta dos DESCA, considerando-os em co-
nexão com os direitos civis e políticos (DCP) a partir de uma interpretação mais ampla do direito à vida, ao acesso
à justiça, etc. Surge, aqui, a interpretação pela “dimensão positiva do direito à vida”, no Caso Villagrán Morales vs.
Guatemala.
-Em um segundo momento, e após votos isolados dos seus juízes em diversos casos, o que contribuiu para a se-
dimentação do novo entendimento, concretizou-se perante a Corte a proteção direta e autônoma dos DESCA,
com base no art. 26 da CADH e a interpretação de que o dispositivo traz mais do que uma norma programática,
mas um DEVER dos Estados de implementarem progressivamente os DESCA. Tal reviravolta na jurisprudência se
deu no Caso Lagos del Campo vs. Peru, em novembro de 2017. No entanto, foi no Caso Cuscul Pivaral vs. Guate-
mala, em agosto de 2018, que a CorteIDH explicou melhor seu novo entendimento.
Assim, discute-se agora não mais “se”, mas sim “como” proteger os DESCA no sistema interamericano.
OBS: o art. 26 da CADH é o único dispositivo que trata dos DESCA. Por isso, foi necessário adotar o Protocolo
Adicional à CADH, conhecido como Protocolo de San Salvador, que trouxe regras específicas sobre os direitos de
segunda dimensão. Apesar de prever um catálogo normativo sobre os DESCA, o Protocolo de San Salvador so-
mente autoriza a judicialização perante a CIDH no caso de violação de dois direitos: os direitos sindicais – exceto o
direito de greve – e o direito à educação.
O debate acerca da justiciabilidade dos DESCA sempre contou com argumentos desfavoráveis, tais como: a nature-
za legal dos direitos sociais, que prevê obrigações positivas aos Estados e dependentes de recursos econômicos; a
falta de legitimidade da Corte para controlar políticas públicas, já que não se trata de um órgão democraticamente
eleito; além de uma suposta falta de expertise da Corte em lidar com os direitos econômicos, sociais e culturais. No
entanto, a Corte refutou todos esses argumentos, conforme abaixo:
i) sobre a vagueza do texto do art. 26 da CADH, a Corte aduz que há obrigação legal pela própria CADH de res-
peito e garantia aos DESCA. Sobre as obrigações positivas e as condicionantes da progressividade e recursos dis-
poníveis, a Corte informou que o art. 26 da CADH prevê a plena efetividade dos DESCA, sem que os elementos da
progressividade e dos recursos configurassem condicionantes para tais direitos, mas tão somente indicam aspectos
para sua implementação em conformidade com as particularidades de cada Estado;
ii) sobre a legitimidade da Corte, afirmou que a Corte é intérprete de toda a CADH, sendo um tribunal de Direitos
Humanos ao qual o Estado se vincula através da ratificação da CADH e, além disso, da opção de aceitação da
competência contenciosa da Corte. Portanto, interpretar o DESCA apenas faz parte do papel da Corte. Quanto ao
componente democrático, é certo que a própria natureza dos direitos humanos implica na salvaguarda dos direitos
das pessoas excluídas (minorias vulneráveis);
iii) a Corte não possui muitos julgados relativos aos DESCA, mas a tendência é que aumente sua atuação nesta
seara, especialmente após a mudança da jurisprudência a respeito do art. 26 da CADH.
O panorama regional, portanto, parece favorável ao avanço na proteção dos direitos de segunda dimensão.
No Caso Poblete Vilches, a CorteIDH entendeu que o conteúdo do referido art. 26 abrange dois tipos de obriga-
ções: uma de natureza progressiva e outra de caráter imediato. Vejamos:
“Em relação às primeiras, referidas pelo Estado no presente caso, a realização progressiva significa que os Estados
partes têm a obrigação concreta e constante de avançar da forma mais célere e eficaz possível rumo à plena efetivi-
dade dos DESCA, isso não deve interpretar-se no sentido que, durante seu período de implementação, as referidas
obrigações se privem de conteúdo específico, o que tampouco implica que os Estados possam diferir indefinida-
mente a adoção de medidas para tornar efetivos os direitos em questão, máxime após quase quarenta anos da
entrada em vigor do tratado interamericano. Outrossim, impõe-se, portanto, a obrigação de não regressividade
diante da realização dos direitos alcançados. Em relação às obrigações de natureza imediata, estas consistem em
adotar medidas eficazes, a fim de garantir o acesso indiscriminado às prestações reconhecidas para cada
direito. As medidas devem ser adequadas, deliberadas e concretas, objetivando a plena realização de tais direitos”.
Também foi a primeira vez na qual a CorteIDH reconheceu o direito à saúde de forma autônoma, ou seja, a
partir do conteúdo do artigo 26 da CADH e não de forma mediata ou indireta conectando com algum direito civil
(primeira geração).
No parágrafo 123, a CorteIDH reiterou que o direito à igualdade e não discriminação engloba duas concepções:
uma negativa, relacionada com a proibição de diferenças de tratamento arbitrárias, e uma positiva, relacionada
com a obrigação dos Estados de criar condições de igualdade real frente a grupos que foram historicamen-
te excluídos ou que se encontram em maior risco de serem discriminados. Nesse sentido, a adoção de me-
didas positivas se acentua em relação à proteção de pessoas em situação de vulnerabilidade ou em situação
de risco, que devem ter garantia de acesso aos serviços médicos de saúde em via de igualdade.
Atualmente a doutrina e os órgãos internacionais vêm realizando importante reaproximação de tais direitos,
pautada principalmente na interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos, e também na ideia de
que todo direito, independente da ‘espécie’ ou classificação possui um aspecto positivo e um negativo, como
por exemplo o direito à moradia, que possui a vedação ao despejo forçado como seu aspecto negativo (dever
de abstenção) e o direito à moradia adequada como seu aspecto positivo. Também é possível utilizar diretriz do
Comitê do PIDESC no Comentário Geral nº 12, no sentido de que o Estado possui 3 tipos de deveres com relação
a qualquer direito: proteger, respeitar e realizar.
#SELIGA
Em dezembro de 2017, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) apresentou o “Relatório sobre
pobreza e direitos humanos na América”19, o primeiro relatório temático que aborda este assunto.
Na última década, amplos avanços em matéria de direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais (DESCA)
foram alcançados na região, o que permitiu que grandes setores da população saíssem da pobreza e pobreza
extrema. Entretanto, tais avanços se encontram hoje em risco de retrocesso. Por meio deste relatório, a Comissão
Interamericana buscou contribuir aos esforços para reduzir e erradicar a pobreza na América, com recomenda-
ções orientadas a melhorar e fortalecer as legislações, as políticas e ações dos Estados a fim de garantir
que os direitos humanos das pessoas que vivem em situação de pobreza sejam devidamente respeita-
dos e protegidos.
Já abordado acima.
c) Povos Originários. Terra e Território. Movimento Constitucional da América Latina. Justiça Ordinária vs
Justiça Indígena. Jurisprudência do SIDH. Caso Povo Indígena Xucuru vs. Brasil
Já abordado acima.
19 Disponível, em espanhol, no site: http://www.oas.org/es/cidh/informes/pdfs/PobrezaDDHH2017.pdf
Já abordado acima.
e) Racismo e Sistema de Justiça. Acesso à Justiça. Teoria Crítica da Raça. Crime de Racismo. Estatuto da
Igualdade Racial. Lei 7716/1989.
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
-A população em situação de rua pode ser definida como o grupo populacional heterogêneo, mas que
tem em comum características como extrema pobreza, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e inexis-
tência de moradia convencional. Como forma de moradia e sustento, podem utilizar, temporária ou permanente-
mente, logradouros públicos e áreas degradadas ou ainda unidades de acolhimento para pernoite temporário ou
moradia provisória (art. 1º do Decreto 7.053/2009).
#SELIGANOTERMO
#ATENÇÃO: NUNCA, NEVER diga “morador de rua”, pois se entende que “morar na rua” é situação transitória e
não definitiva. Mutatis mutandis, é o mesmo que falar “o deficiente” em vez de pessoa com deficiência. O correto
uso das terminologias e conceitos é imprescindível nas provas subjetivas e oral, certo?
Art. 5o São princípios da Política Nacional para a População em Situação de Rua, além da igualdade e equidade:
V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação se-
xual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.
V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução;
VI - participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da população em situação de
rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas;
VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas diversas
instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas;
VIII - respeito às singularidades de cada território e ao aproveitamento das potencialidades e recursos locais e regio-
nais na elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas;
I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas
de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e
renda;
IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos e culturais sobre a rede existente
de cobertura de serviços públicos à população em situação de rua;
V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para a formação de cultura de respeito, ética
e solidariedade entre a população em situação de rua e os demais grupos sociais, de modo a resguardar a
observância aos direitos humanos;
VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em situação de rua, contem-
plando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de gênero e geracional, nas diversas
áreas do conhecimento;
VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua;
IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos benefícios previdenciários e assistenciais e aos
programas de transferência de renda, na forma da legislação específica;
X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para
qualificar a oferta de serviços;
XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto na estruturação e reestruturação dos serviços de
acolhimento temporários, de acordo com o disposto no art. 8o;
XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente à
alimentação pela população em situação de rua à alimentação, com qualidade; e
XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação de rua, com o objetivo
de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.
#OLHAOGANCHO
Criminalização da pobreza muito tem a ver com as pessoas em situação de rua. Nesse sentido, a criminalização
da vadiagem, da ociosidade e da mendicância, previstos nos arts. 59 e 60 da Lei de Contravenções Penais. A con-
travenção de mendicância (art. 60) só veio a ser abolida com a Lei 11.983/09. Além disso, é constante e massiva
a violência por partes de agentes de segurança pública (policiais e guardas municipais) e privada. Na verdade, a
própria origem do Decreto 7.053/09 veio após uma chacina de doze pessoas na Praça da Sé, em São Paulo. Em
2013, o próprio Governo Federal lançou cartilha com orientações sobre a atuação policial quando da abordagem
de pessoas em situação de rua20:
20 BRASÍLIA. Ministério da Justiça. Atuação policial na proteção dos direitos humanos de pessoas em situação de vulnerabilidade. 2ª ed. Brasília: Ministério da
Justiça, 2013, p. 107-108.
O Conselho Nacional dos Defensores Públicos Gerais (CONDEGE) aprovou em 2016 o Protocolo de Atuação em
favor das Pessoas em Situação de Rua, elaborado pela Comissão de Direitos Humanos do CONDEGE com orien-
tações às defensoras e aos defensores públicos quando do atendimento desse público21.
#SELIGA: a DPE-RJ, juntamente com a DPU, considerando a pandemia do COVID-19, encaminharam recomen-
dação conjunta ao Governo do Estado sugerindo uma série de medidas para garantir a segurança e a saúde da
população em situação de rua no Estado do Rio de Janeiro. Entre as medidas sugeridas, destacam-se o enca-
minhamento da população de rua para casas de acolhimento, programa de aluguel social ou, no caso de
falta de vagas, espaços públicos educacionais, culturais e esportivos. O documento também recomenda a
realização de atividades de educação para promoção da saúde e a inclusão das pessoas em situação de
rua na primeira etapa das ações de imunização contra o vírus. A recomendação pede também o reforço
dos procedimentos de higiene e desinfecção de utensílios nos locais de acolhimento.
Na recomendação, DPRJ, por meio de seu Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), e a DPU pedem
a realização de busca ativa para avaliação de casos suspeitos de Covid-19 entre as pessoas em situação de rua,
assim como a disponibilização, em todos os equipamentos da rede de assistência social, da infraestrutura neces-
sária para o atendimento dos protocolos sanitários preventivos, como área para lavagem das mãos com sabão
ou higienização com álcool em gel 70%.
A recomendação trata também dos restaurantes da rede municipal, que deverão ser dotados de infraestrutura
necessária para atender as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades sanitárias. Além de fornecer
orientação clara e objetiva aos usuários sobre higiene das mãos e sobre a etiqueta respiratória, esses espaços
deverão adotar medidas para redução da aglomeração de usuários, seja em filas ou no interior dos restaurantes,
assegurando o distanciamento mínimo.
As defensorias de todo Brasil, tanto da União quanto dos estados, estão em consonância com as orientações
da OMS, do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional dos Direitos Humanos no sentido de acompanhar as
21 http://defensoria.pe.def.br/defensoria/sites/defensoriape//pdf/protocolo_populacao_rua.pdf.
providências que devem ser tomadas imediatamente pelos gestores públicos em relação à população de rua. A
nossa expectativa é que essas exigências sejam realmente efetivadas em um prazo curto de tempo e que não
haja necessidade de medidas judiciais no sentido de atender às necessidades dessa população nesse momento
– explicou a defensora Carla Beatriz, do Nudedh, o objetivo da recomendação.
De acordo com ela, as recomendações não devem motivar ou aumentar a discriminação estrutural da
população em situação de rua. A recomendação conjunta visa a auxiliar a população de rua sem a
necessidade de judicialização. O documento foi elaborado com base nas recomendações da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para o isolamento social e em decretos federais – dentre os quais, o de número 7.616,
de 17 de novembro de 2011, que prevê declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional
em virtude de surtos ou epidemias; e o de número 10.282, de 20 de março de 2020, que elenca como serviços
públicos e atividades essenciais a assistência à saúde, ao atendimento social e ao atendimento à população em
estado de vulnerabilidade.22
Em 2018, o Prêmio Innovare, que premia práticas do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, OAB
e sociedade civil que levem a uma criativa solução de problemas jurídicos, reputou a prática da Ronda de Direi-
tos Humanos, realizada por DPU e DPE/RJ na cidade do Rio de Janeiro, como a mais destacada das Defensorias
Públicas naquele ano.
2. A situação de rua é uma crise global de direitos humanos que requer uma resposta global urgente. Vem
afetando todos os contextos socioeconômicos – as economias desenvolvidas, emergentes e em desen-
volvimento, na prosperidade e austeridade. Trata-se de um fenômeno diverso, que afeta diferentes grupos
de pessoas de diferentes maneiras, mas com características comuns. É um sintoma da incapacidade dos
governos de reagir às crescentes desigualdades entre as rendas, a riqueza e o acesso à terra e à propriedade,
bem como incapacidade de dar uma resposta efetiva aos problemas da migração e da urbanização. A situação
de rua se produz quando a moradia é tratada como uma mercadoria e não como um direito humano.
3. Ao mesmo tempo, a situação de rua é uma experiência individual de alguns dos membros mais vul-
neráveis da sociedade, caracterizada pelo abandono, desespero, baixa autoestima e negação da dig-
nidade, consequências graves para a saúde e para a vida. O termo “situação de rua” não só descreve
a carência de moradia, como também identifica um grupo social. O estreito vínculo entre a negação de
direitos e uma identidade social distingue a falta de moradia da privação de outros direitos socioeconômicos. As
pessoas que carecem de água ou alimentos raras vezes são tratadas como um grupo social da mesma maneira
que as pessoas sem situação de rua. As pessoas em situação de rua são objeto de estigmatização, exclusão
social e criminalização.
4. A situação de rua é uma violação extrema aos direitos a uma moradia adequada, a não discriminação
e, frequentemente, também uma violação aos direitos à vida, à segurança, à saúde, à proteção do lar e
à família, bem como o direito de não ser submetido a tratamentos cruéis ou inumanos.
#OBS: a lei municipal n° 6.350/18 institui a Política Municipal para População em Situação de Rua. Foi instituído
um Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População
em Situação de Rua, composto paritariamente por representantes da sociedade civil e do poder público. Dentre
outros, o referido comitê conta com a participação de um representante da DPE-RJ.
PONTO V
O Protocolo de Istambul é um manual (soft law) para investigação e documentação eficazes da tortura e outros
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, sobretudo praticado pelos Estados. Segundo André de Carvalho
Ramos, o referido protocolo “especifica as regras sobre os inquéritos estatais que investigam crimes de tortura,
mencionando a necessidade de determinar o órgão competente para a realização do inquérito, recolher e preser-
var provas materiais, realizar a colheita dos depoimentos das vítimas e testemunhas e estabelecer comissões de
inquérito. Além disso, dentre outras, recomenda visitas oficias periódicas aos estabelecimentos prisionais.”
Em todo caso que existam “indícios da ocorrência de tortura, o Estado deverá iniciar de ofício e de imediato uma
investigação imparcial, independente e minuciosa que permita determinar a natureza e a origem das lesões
advertidas e identificar os responsáveis bem como iniciar seu processamento”. Para tanto, deverá o Estado organi-
zar apoio e atendimento médico e de saúde para prestar assistência aos detidos. Obrigação esta que existe tam-
bém nos casos em que a “pessoa alegue dentro do processo que sua declaração ou confissão foi obtida mediante
coação”, quando os Estados devem verificar a veracidade da denúncia através de uma investigação levada com a
devida diligência.
Trecho retirado do texto “garantias pré-processuais, tortura, o direito a não ser condenado com base em provas
ilícitas e “controle difuso de convencionalidade”: o caso Cabrera”. ATENÇÃO: vale a leitura completa do refe-
rido texto, pois ele é dividido exatamente com os pontos/tópicos constantes no edital (Artigo da examinadora
Renata Tavares!!). Segue o link: https://www.ibccrim.org.br/noticias/exibir/79
-Exclusão das provas obtidas mediante coação. Para a CorteIDH, a confissão do acusado só é lícita se obtida
sem qualquer tipo de coação, bastando que retire a espontaneidade na vontade da pessoa, ainda que sem tortura
ou tratamento cruel. Provas obtidas através de coação devem ser excluídas do processo penal, pois consideradas
ilícitas. Tal exclusão trata-se de um meio adequado para não incentivar o uso de qualquer modalidade de coação
e assegurar as garantias judiciais.
#OLHAOGANCHO
#SELIGA: Caso Escher e outros vs Brasil - a CIDH declarou que o Brasil violou o direito à vida privada e
o direito à honra e à reputação de membros da ADECON e da COANA, bem como o direito à liberdade
de associação e os direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, fixando a sentença a obrigação de
o Estado brasileiro indenizar os prejudicados e investigar os fatos que gerarem as violações ocorridas nesse
episódio.
No âmbito institucional, o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH) é o órgão aglutinador, gestor
e difusor de todas as comunicações e informações sobre casos de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes direcionadas à Defensoria Pública.
Os órgãos de atuação da Defensoria Pública deverão encaminhar ao NUDEDH, obrigatoriamente, todas as
comunicações e informações sobre casos de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou de-
gradantes.
Todo e qualquer relato colhido deverá ser encaminhado ao NUDEDH e deverá conter:
I - obrigatoriamente, os dados qualificativos e de contato com a vítima e/ou seus familiares;
II - se possível, registro fotográfico e/ou audiovisual que evidencie eventual lesão à integridade pessoal.
III - o consentimento expresso da vítima e de seu representante legal quanto à adoção de medidas judiciais, cíveis
e/ou criminais, e/ou representação por falta funcional caso se trate de servidor público, e/ou aos respectivos
conselhos profissionais, bastando, quando ao consentimento, aquele constante do próprio formulário a que se
refere o caput;
Sem prejuízo da comunicação ao NUDEDH, o(a) Defensor(a) Público(a) deverá adotar as medidas de proteção
que se afigurem urgentes para a tutela da integridade pessoal vítima, na forma do art. 6º, informando as provi-
dências adotadas.
O(a) Defensor(a) Público(a) deverá sempre indagar à pessoa defendida se sofreu alguma forma de violência físi-
ca, psicológica ou moral, por meio de entrevista pessoal prévia e sigilosa, sem a presença de agente policial
e em local adequado e reservado.
Dentre as providências cabíveis a serem postuladas às autoridades, com vistas à garantia da integridade pessoal
da vítima, sem prejuízo de outras reputadas necessárias para imediata cessação das práticas de tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, recomendam-se as seguintes providências:
I – requerer ao juízo ou encaminhar diretamente a vítima, por ofício, ao órgão de perícia oficial, afim de se sub-
meter a exame de corpo de delito, formulando quesitos específicos com vistas à constatação de vestígios da
alegada agressão sofrida, inclusive, se for o caso, quanto à violência psicológica;
II – solicitar a aplicação de medidas protetivas para garantia da integridade pessoal da vítima, de seus familiares
e de eventuais testemunhas;
III – requerer ao juízo ou encaminhar diretamente a vítima, por ofício, para atendimento de saúde integral, visan-
do reduzir os danos e o sofrimento físico e mental;
IV – postular a concessão de liberdade ou da liberação do adolescente internado provisoriamente, independen-
temente da existência dos requisitos que autorizem a manutenção da privação de liberdade, sempre que não
for possível garantir a segurança e a integridade da vítima (Resolução CNJ n.º 213/2015, Protocolo II, item 6, IV);
V – postular o relaxamento da prisão ou da apreensão, quando eivada de ilegalidade em decorrência da obten-
ção de provas por meios inadmissíveis;
VI – requerer a exclusão da prova obtida, direta ou indiretamente, por meio de tortura e outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes;
VII – enviar cópias do depoimento e demais documentos, mídia, se houver, pertinentes para órgãos responsáveis
pela apuração de responsabilidades, especialmente Ministério Público e Corregedoria e/ou Ouvidoria do órgão
a que o agente responsável pela tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes esteja
vinculado.
Encontrando-se a vítima em situação de privação de liberdade, as medidas adotadas deverão ser comunicadas
ao(à) Defensor(a) Público(a) que atua no estabelecimento de privação de liberdade, bem como ao(à) Defensor(a)
Público(a) que atua em eventual processo criminal ou de apuração da prática de atos infracionais.
O(a) Defensor(a) Público(a) de qualquer órgão da Defensoria Pública não se eximirá de documentar o relato
e comunicar ao NUDEDH, ainda que haja expressa oposição da vítima e/ou do comunicante, desde que
assegurado o sigilo das informações pessoais.
Já abordado acima.
c) População em Situação de Rua. Conceito e Princípios das Políticas Públicas. Lei Municipal nº 6.350 de
4 de Maio de 2018. Recolhimento Compulsório.
Já abordado acima.
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
f) Direito das pessoas Refugiadas e Imigrantes. Lei Federal 13.445 de 24 de Maio de 2017. Lei Federal
9.474 de 02 de julho de 1997. Sistema Interamericano. Caso Familia Pacheco Tineo vs Estado Plurinacional
de Bolívia.
Definição de refugiado: pessoa que sofre ou teme sofrer, em seu Estado de origem, perseguição por motivos
de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas e que, por esses motivos, deixa esse Estado e
procura proteção em outro, não podendo ou não devendo voltar ao Estado de onde veio, onde sua integridade
se encontra em risco.
Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e descendentes, assim
como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado dependerem economicamente, desde que se
encontrem em território nacional.
Compete ao Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em
primeira instância, da condição de refugiado (art. 12, I, lei n° 9.474/97).
-Não será expulso do território nacional o refugiado que esteja regularmente registrado, salvo por motivos de se-
gurança nacional ou de ordem pública.
-A expulsão de refugiado do território nacional não resultará em sua retirada para país onde sua vida, liberdade ou
integridade física possam estar em risco, e apenas será efetivada quando da certeza de sua admissão em país onde
não haja riscos de perseguição.
II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados III - adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção
para o reconhecimento da condição de refugiado do país cuja nacionalidade adquiriu;
ou a existência de fatos que, se fossem conhecidos IV - estabelecer-se novamente, de maneira voluntá-
quando do reconhecimento, teriam ensejado uma ria, no país que abandonou ou fora do qual perma-
decisão negativa; neceu por medo de ser perseguido;
III - o exercício de atividades contrárias à segurança V - não puder mais continuar a recusar a proteção do
nacional ou à ordem pública; país de que é nacional por terem deixado de existir
IV - a saída do território nacional sem prévia autori- as circunstâncias em consequência das quais foi re-
zação do Governo brasileiro. conhecido como refugiado;
VI - sendo apátrida, estiver em condições de voltar
ao país no qual tinha sua residência habitual, uma
vez que tenham deixado de existir as circunstâncias
em consequência das quais foi reconhecido como
refugiado.
A expulsão de estrangeiro que ostente a condição de refugiado não pode ocorrer sem a regular perda dessa
condição. Assim, mesmo que o refugiado seja condenado com trânsito em julgado pela prática de crime grave,
antes de ele ser expulso deverá ser instaurado devido processo legal, com contraditório e ampla defesa, para
se decretar a perda da condição de refugiado, nos termos do art. 39, III, da Lei nº 9.474/97. Somente após
essa providência, ele poderá ser expulso. STJ. 1ª Seção. HC 333902-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
14/10/2015 (Info 571).
-A pessoa solicitante de refúgio tem direito à autorização provisória de residência no Brasil até a obtenção de res-
posta ao seu pedido, art. 21 da Lei n° 9.474/1997 e art. 31, §4°, da Lei 13.445/2017.
#DEOLHONALEI
A Lei nº 13.445/2017 (Lei do Migrante) dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a
sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. O
referido diploma legal revogou o chamado Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) e representou uma verda-
deira MUDANÇA DE PARADIGMA:
• Lei nº 6.815/80: como regra geral, via o estrangeiro como uma “ameaça”, de forma que a regulamentação tinha
como objetivo principal a proteção da segurança nacional, dos interesses do Brasil e dos trabalhadores brasilei-
ros (art. 2º). Aqui vigorava a chamada “doutrina da segurança nacional”.
• Lei nº 13.445/2017: tem como objetivo regular os direitos e os deveres do migrante e do visitante (art. 1º). Assim,
o foco muda e a finalidade precípua passa a ser a proteção do migrante e do visitante, que são encarados como
sujeitos de direitos.
Os Estados devem observar e respeitar os direitos dos menores de dezoito anos em situação de migração, le-
vando em consideração os princípios da condição peculiar em desenvolvimento, a sua proteção e o princípio do
superior interesse da criança, devendo também respeitar os maiores de dezoito anos que estejam nessa situação
de migração com crianças e adolescentes (ex. pais e filhos). A privação da liberdade de crianças migrantes só
pode ser imposta em casos excepcionais, devendo ser observado o princípio do non refoulement em situações
de migração envolvendo menores de 18 anos. Entendeu ainda que é possível a utilização de opiniões consultivas
como normas paramétricas para o controle de convencionalidade.
#ATENÇÃO: O Brasil foi um dos autores do pedido de opinião consultiva, ao lado de Argentina, Paraguai e Uru-
guai. Foi a primeira participação do Brasil nesse tipo de processo.
O Núcleo de Defesa do Consumidor da DPE-RJ lançou cartilha acerca dos direitos dos refugiados: https://de-
fensoria.rj.def.br/uploads/arquivos/67cfb0b7a5bb4e5a91d6c72b1f5e47f9.pdf
DIREITO ADMINISTRATIVO
PONTO I
a) Agentes Públicos. Conceito. Classificação. Investidura e Provimento. Reingresso, Reintegração,
Readmissão, Aproveitamento, Reversão e Transferência. Regime Constitucional. Regime de Previdência.
2ª parte do NFPSS.
ATO ADMINISTRATIVO
É a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública ou de seus
delegatários no exercício da função delegada, que, sob o regime de direito
CONCEITO
público, pretende produzir efeitos jurídicos com o objetivo de implementar o
interesse público.
FORMA, FINALIDADE, COMPETÊNCIA, OBJETO e MOTIVO (os dois últimos são
discricionários).
ELEMENTOS teoria dos motivos determinantes: o ato discricionário, uma vez motivado,
tem sua validade vinculada à veracidade dos fatos descritos como moti-
vadores da sua prática.
Presunção de legalidade, veracidade e legitimidade.
Imperatividade
ATRIBUTOS
Tipicidade
Autoexecutoriedade
O ato é vinculado quando TODOS os elementos já estão previamente definidos
VINCULAÇÃO E DISCRI- em lei. Por outro lado, é discricionário quando o administrador puder, em juízo
CIONARIEDADE de conveniência e oportunidade, escolher os elementos OBJETO e MOTIVO
(formam o MÉRITO administrativo).
a) Simples: formado pela vontade de um único órgão;
e) Vontade da Administração:
EXTINÇÃO
¾¾Caducidade: lei superveniente torna o ato ilegal.
(a) Convalidação voluntária: a Administração quer salvar o ato que tem vício
de FORMA ou COMPETÊNCIA (são os vícios passíveis de convalidação). Parte
da doutrina diz que, na hipótese de OBJETO PLÚRIMO, também é possível a
convalidação voluntária.
(b) Convalidação involuntária: Passados cinco anos, se a AP não anulou o ato
viciado, ocorre a decadência do seu direito, tornando o ato válido. Art. 54 da
CONVALIDAÇÃO lei nº 9784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
-fé.
ATENÇÃO: De acordo com o STF, o vício de inconstitucionalidade não
convalida jamais, podendo ser o ato declarado nulo a qualquer tempo.
(a) Anulação: o ato ilegal deve ser anulado pela Administração Pública ou pelo
Poder Judiciário.
(c) Revogação: atos DISCRICIONÁRIOS podem ser extintos pela ADMINIS-
ANULAÇÃO E REVOGA- TRAÇÃO PÚBLICA, em juízo de conveniência e oportunidade.
ÇÃO
#SELIGA: De acordo com a doutrina majoritária, são insuscetíveis de revoga-
ção, entre outros, os atos vinculados, os que exaurirem os seus efeitos, os que
gerarem direitos adquiridos e os chamados meros atos administrativos, como
certidões e atestados.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Segundo o STF, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a observân-
cia do contraditório e da ampla defesa prévios em âmbito administrativo. (Info 763).
Ainda, O PRAZO DECADENCIAL DO ART. 54 DA LEI 9784/99 NÃO SE APLICA QUANDO O ATO A SER
ANULADO AFRONTA DIRETAMENTE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. (Info 839 do STF).
#APROFUNDANDO
2ª parte do NFPSS.
CF. Art. 37. §6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta-
doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
FUNDAMENTO
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.
DIREITO DE O STJ entende que, processado apenas o Poder Público, NÃO É OBRIGATÓRIA a denun-
REGRESSO ciação da lide em face do servidor.
PRAZO O STJ pacificou o entendimento de que o prazo prescricional é de 05 anos (D. 20.910/32).
- Responsabilidade por ato legislativo: em regra não cabe indenização. Exceção: lei inconstitucional + prejuízo
específico e anormal e nos casos de leis de efeitos concretos (porque são materialmente equivalentes aos atos
administrativos).
#SELIGA: Nos casos de responsabilidade de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços pú-
blicos, a responsabilização do Estado ocorrerá de maneira subsidiária.
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva
do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando
não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE
608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão
Geral – Tema 362) (Info 993).
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art.
37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos
detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE
580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão
geral) (Info 854).
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88,
o Estado é responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819).
#TEMAEMALTA #COVID19
A MP 966/2020, que dispõe sobre a responsabilização de agentes públicos por ação e omissão em atos rela-
cionados com a pandemia da covid-19, foi questionada perante o STF, vindo a Suprema Corte a decidir que a
MP é, em princípio, constitucional, mas deverá ser feita uma interpretação conforme à Constituição.
Desse modo, o Plenário do STF deferiu parcialmente a medida cautelar para: 1) conferir interpretação conforme
à Constituição ao art. 2º da MP 966/2020, no sentido de estabelecer que, na caracterização de erro grosseiro,
deve-se levar em consideração a observância, pelas autoridades: a) de standards, normas e critérios científicos e
técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente conhecidas; bem
como b) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção; e 2) conferir, ainda, interpretação conforme
à Constituição ao art. 1º da MP 966/2020, para explicitar que, para os fins de tal dispositivo, a autoridade à qual
compete a decisão deve exigir que a opinião técnica trate expressamente: (i) das normas e critérios científicos
e técnicos aplicáveis à matéria, tal como estabelecidos por organizações e entidades reconhecidas nacional e
internacionalmente; (ii) da observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção. Foram fi-
xadas as seguintes teses: 1. Configura erro grosseiro o ato administrativo que ensejar violação ao direito
à vida, à saúde, ao meio ambiente equilibrado ou impactos adversos à economia, por inobservância: i)
de normas e critérios científicos e técnicos; ou ii) dos princípios constitucionais da precaução e da pre-
venção. 2. A autoridade a quem compete decidir deve exigir que as opiniões técnicas em que baseará
sua decisão tratem expressamente: i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria,
tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente reconhecidas; e ii)
da observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção, sob pena de se tornarem
corresponsáveis por eventuais violações a direitos. Vale ressaltar que a MP não trata de crime ou de ato
ilícito. Assim, qualquer interpretação do texto impugnado que dê imunidade a agentes públicos quanto
a ato ilícito ou de improbidade deve ser excluída. STF. Plenário. ADI 6421 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 20 e 21/5/2020 (Info 978).
Súmula vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afini-
dade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política, como são os cargos de
Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em caso de cargos políticos, será possível considerar a nomeação
indevida nas hipóteses de: • nepotismo cruzado; • fraude à lei e • inequívoca falta de razoabilidade da indica-
ção, por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl
29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info 952).
ÎÎAutotutela
Súmula 346 do STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ile-
gais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 633-STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos
administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e
municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria.
ÎÎContraditório/ampla defesa
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o in-
teressado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário. RE
636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967)
E o que isso significa? Antes do RE 636553/RS (Tema 445), o STF havia construído uma exceção à SV 3: se o
Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos para analisar a concessão inicial da aposentadoria, ele
teria que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado. Com o julgamento do RE 636553/RS, essa exce-
ção deixou de existir e, se o Tribunal de Contas demorar mais de 5 anos para julgar a aposentadoria, reforma ou
pensão, o ato é considerado definitivamente registrado.
PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE:
É uma ampliação do conteúdo tradicional da legalidade. Além de cumprir leis ordinárias e leis complementares
(lei em sentido estrito), a Administração está obrigada a respeitar o denominado bloco da legalidade. Significa
dizer que as regras vinculantes da atividade administrativa emanam de outros veículos normativos, a saber: (a)
Constituição Federal, incluindo emendas constitucionais; (b) Constituições Estaduais e Leis Orgânicas; (c) medidas
provisórias; (d) tratados e convenções internacionais; (e) costumes; (f ) atos administrativos normativos, como de-
cretos e regimentos internos; (g) decretos legislativos e resoluções (art. 59 da CF); (h) princípios gerais do direito.
A Lei 9.784/99, que rege o processo administrativo no âmbito federal, traz em seu art. 2º, parágrafo único, inc.
I, que a legalidade é o “dever de atuação conforme a lei e o Direito”.
PONTO II
ÎÎAdministração Pública corresponde a todo o aparelhamento do Estado. A máquina estatal. Ela pode ser
analisada sob dois enfoques diferentes:
- Sentido formal/orgânico/subjetivo: máquina administrativa, órgãos, agentes e bens. A própria estrutura esta-
tal, independentemente do Poder.
LINDB
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e admi-
nistrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para
que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo
impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excess
ivos.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais
do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa,
serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do
agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza
e relativas ao mesmo fato.
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre
norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime
de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo
proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da
época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situa-
ções plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de
caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administra-
tiva reiterada e de amplo conhecimento público.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou
erro grosseiro.
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclu-
sive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão
ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
2ª parte do NFPSS.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
Por modificação do projeto ou das especificações (alteração qualitativa);
Por acréscimo ou diminuição de seu objeto (alteração quantitativa) em até 25%;
ALTERAÇÃO UNI-
LATERAL ou acréscimo de até 50% em caso de reforma de edifícios ou equipamentos;
#ATENÇÃO: Somente cláusulas de execução não pode alterar o equilíbrio econô-
mico-financeiro.
RESCISÃO UNILA- Independe da inadimplência do contratado, da sua concordância e de decisão judicial.
TERAL Basta que a AP alegue interesse público na rescisão do contrato.
Advertência.
Multa.
APLICAÇÃO DE
SANÇÕES Suspensão temporária de participação em licitação e de contratar, por até dois anos.
Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração enquanto
perdurarem os motivos da punição ou até a reabilitação, no mínimo após dois anos.
Poderá ser exigida garantia do contratado: até 5% do valor do contrato (até 10% em
contrato de grande vulto com alta complexidade).
EXIGÊNCIA DE GA- Deve haver previsão expressa no instrumento convocatório.
RANTIAS Modalidades de garantia (opção do contratado): caução em dinheiro ou títulos da
dívida pública; seguro garantia; fiança bancária.
Não se confunde com garantia da proposta (até 1% do valor estimado do objeto).
FISCALIZAÇÃO Realizada por representante designado, permitida a contratação de terceiros para au-
PELA ADMINIS- xílio.
TRAÇÃO Poderá determinar o que for necessário à regularização dos problemas observados ou,
se as decisões ultrapassarem sua competência, solicitá-las a seus superiores.
Garante a continuidade dos serviços essenciais.
OCUPAÇÃO TEM-
Hipóteses: (i) como medida cautelar; e (ii) após a rescisão do contrato.
PORÁRIA
Incide sobre bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao contrato.
Somente após 90 dias de atraso nos pagamentos devidos pela AP é que o
RESTRIÇÃO A contratado poderá suspender a execução dos serviços, e demandar a rescisão do con-
OPOSIÇÃO DA trato administrativo, judicial ou amigavelmente.
EXCEÇÃO DO CON-
TRATO NÃO CUM- Em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra,
PRIDO o particular não poderá opor a exceção do contrato não cumprido mesmo diante de
atraso de pagamento superior a 90 dias.
LICITAÇÕES
1. PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE;
2. PRINCÍPIO DA ISONOMIA;
PRINCÍPIOS 3. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO;
4. PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL;
5. PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO.
(i) obras;
(ii) serviços, inclusive de publicidade;
(iii) compras;
OBJETO
(iv) alienações;
(v) concessões e permissões;
(vi) locações da Administração Pública;
#OBS: a Lei nº 13.500/2017, que tem como objetivo principal dispor sobre o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen),
incluiu nova hipótese de dispensa de licitação. A fim de estimular a contratação de ex-detentos, a Lei nº 13.500/2017
também previu que a Administração Pública poderá exigir que as empresas contratadas pelo Poder Público tenham
um mínimo de funcionários que sejam oriundos do sistema prisional (art. 40, §5º).
- Há contraprestação financeira paga pelo Estado (investimentos de grande vulto, para atrair investidores).
- Restrições:
¾¾Quanto ao tempo: a PPP deve ter periodicidade mínima de 5 anos e máxima de 35 anos, incluindo even-
tual prorrogação,
¾¾Quanto à matéria: não é cabível PPP que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
¾¾Quanto à área de atuação: a PPP não pode ser utilizada para delegação das atividades de poder de polícia,
regulação, jurisdicional e de outras atividades exclusivas do Estado, pois são serviços indelegáveis.
- Tipos de contraprestação: ordem bancária, cessão de créditos não tributários, outorga de direitos em face da
Administração Pública; outorga de direitos sobre bens públicos dominicais; outros meios admitidos em lei.
-Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico incumbida de im-
plantar e gerir o objeto da parceria. Pode assumir a forma de companhia aberta.
-O Poder Público não pode controlar a SPE, exceto se banco público financiador assumir a empresa como garantia.
-Licitações: modalidade concorrência; inversão de fases (habilitação ocorre antes do julgamento); admitida fase de
lances (propostas com preço até 20% superior à melhor proposta).
Controle da Administração Pública é a fiscalização que um órgão exerce sobre outro órgão por atribuição legal
e constitucional. Pode ser um autocontrole (mesmo órgão) ou heterocontrole (órgãos distintos). Se envolver
poderes distintos e se não houver previsão constitucional está invadindo funções.
-A Administração Pública, no exercício de suas funções, sujeita-se ao controle por parte dos poderes LEGISLATIVO
e JUDICIÁRIO, além de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos (Maria Sylvia de Pietro). Pelo princípio
da AUTOTUTELA, a administração tem o poder/dever de controlar seus próprios atos (STF, súmula 473).
Consoante entendimento consolidado no STJ, a intervenção do Poder Judiciário nos atos administrativos cinge-
-se à defesa dos parâmetros da legalidade, permitindo-se a reavaliação do mérito administrativo tão somente
nas hipóteses de comprovada violação aos princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade, sob
pena de invasão à competência reservada ao Poder Executivo. (STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/05/2017).
CONTROLE ADMINISTRATIVO
É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para fiscalizar e corri-
Conceito
gir, a partir dos critérios de legalidade ou de mérito, a sua própria atuação.
Decorre do poder de AUTOTUTELA que permite à Administração Pública
Fundamentos rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes (hie-
rarquia).
É o controle exercido pela Administração Direta sobre os atos praticados
pelas entidades que integram a Administração Indireta que, em âmbito fe-
deral, denomina-se SUPERVISÃO MINISTERIAL (arts. 19 a 29 do Decreto-lei
200/1967).
Tutela Administrativa Em virtude da autonomia das entidades administrativas, a tutela somente
será permitida quando houver previsão legal expressa. A relação entre o
controlador e o controlado é de mera vinculação, e não de subordinação.
Ex.: controle exercido pelo Ministério sobre os atos de determinada autar-
quia.
24 Em regra, não se submete a sindicabilidade do Poder Judiciário (Hely Lopes). “Ao Judiciário somente é cabível o controle de legalidade, vez que constitui sua
função decidir sobre os confrontos de legalidade entre as condutas administrativas e as normas jurídicas.” (Carvalho Filho)
2ª parte do NFPSS.
PONTO III
a) Domínio Público. Bens Públicos. Afetação e Desafetação. Regime Jurídico dos Bens Públicos. Enfiteuse.
Terras de Marinha e demais Terras Públicas. Patrimônio Histórico.
Impenhorabilidade
REGIME JURÍDICO
Imprescritibilidade
Não onerabilidade
Afetação é o fato administrativo pelo qual se atribui ao bem público uma destinação
AFETAÇÃO E
pública especial de interesse direto ou indireto da Administração. A afetação pode
DESAFETAÇÃO
decorrer de: (i) lei; (ii) ato administrativo; (iii) fato administrativo. Desafetação é o inverso.
AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃO
É ato adminis-
trativo, discri-
cionário, precá-
rio, editado pelo
Poder Público
É ato administrativo, discricio-
para consentir É contrato administrativo
nário, precário, editado pelo Po-
que determi- através do qual a Administra-
USO PRIVATIVO der Público para consentir que
nada pessoa ção Pública confere a pessoa
DE BEM PÚBLICO determinada pessoa utilize pri-
utilize privativa- determinada o uso privativo
vativamente um bem público.
mente um bem de determinado bem público.
Há preponderância do interesse
público. Há pre- Por ser contrato, PRECISA DE
PÚBLICO e, por se tratar de ATO,
ponderância do LICITAÇÃO.
NÃO precisa de licitação.
interesse parti-
cular e, por se
tratar de ATO,
NÃO precisa de
licitação.
#DEOLHONAJURIS
Imprescritibilidade. STJ: não é possível a posse de bem público, pois sua ocupação irregular (ausente de aquies-
cência do titular do domínio) representa mera detenção de natureza precária. #NÃOCONFUNDA: com a situa-
ção em que o particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro particular. Nesse
caso, terá, em tese, proteção possessória.
STJ: mesmo uma empresa pública tipicamente exploradora de atividade econômica, como a Caixa Econômica
Federal, quando prestar serviços públicos de viés incontestável deve titularizar os atributos que os bens públicos
ostentam, dentre os quais a imprescribitibilidade (art. 102 do Código Civil), de forma que os bens vinculados ao
sistema financeiro habitacional não poderiam ser usucapidos.
b) Poderes da Administração Pública. Poder de Polícia e seus Atributos. Desvio e Abuso de Poder. Poder
Disciplinar. Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado do Rio de Janeiro. Poder Regulamentar. Processo
Administrativo Disciplinar.
→ PODER VINCULADO
- O administrador não tem liberdade, juízo de valor, conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos a
autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença para construir, licença para dirigir, concessão de aposentadoria. -
Não seria necessariamente um poder, como o discricionário, pois não confere qualquer prerrogativa ao agente
administrativo.
→PODER DISCRICIONÁRIO
- Há a conveniência e oportunidade do administrador. Essa discricionariedade tem de estar dentro dos limites da
lei, sob pena de se tratar de conduta arbitrária, sendo considerada ilegal. Conveniência: modo de atuação, opor-
tunidade, momento.
PODER HIERÁRQUICO
Relação de coordenação e subordinação que se estabelece nas organizações administrativas.
Permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar
competências.
• Não podem ser delegados: atos políticos e funções típicas de cada Poder.
Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; entre Adm. Direta e Indireta; no exercício de funções
típicas (ex.: tribunais do Judiciário); entre os Poderes da República; entre Administração e administrados.
PODER DISCIPLINAR
Prerrogativa para aplicar sanções àqueles que, submetidos à disciplina interna da Administração, cometem
infrações (servidores e particulares com vínculo contratual).
Não se confunde com o poder punitivo do Estado (exercido pelo Poder Judiciário para punir infrações de na-
tureza civil e penal. Ex.: atos de improbidade).
Admite discricionariedade (gradação e escolha da penalidade).
PODER NORMATIVO
PODER REGULAMENTAR: Poder inerente ao Chefe do Executivo para editar decretos.
Atos normativos são editados por outras autoridades e órgãos com base no poder normativo.
Decreto de execução: dar fiel execução às leis administrativas; não pode ser delegado; atos de caráter
geral e abstrato.
Atos normativos secundários: não podem inovar o ordenamento jurídico.
Decreto autônomo: apenas para (i) organizar a Adm. Pública, sem aumento de despesa ou criação/extinção
de órgãos ou (ii) extinção de cargos públicos vagos; não precisa de lei prévia; pode ser delegado.
O Congresso Nacional pode sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar.
Controle judicial: em caso de conflito com a lei que regulamenta, não cabe ADI (esta, apenas para atos nor-
mativos autônomos que ofendem diretamente a Constituição).
PODER DE POLÍCIA:
CICLOS DE POLÍCIA
#SELIGA: Somente as fases de ordem de polícia e de fiscalização de polícia estarão obrigatoriamente presentes
em todo e qualquer ato de polícia.
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado inte-
grantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996)
#ATENÇÃO: Todo ato de polícia possui o atributo da autoexecutoriedade? NÃO. É o caso da multa que não
pode ser SATISFEITA (adimplida ou cobrada) pela vontade unilateral da Administração, sendo a respectiva cobrança
realizada, normalmente, por meio da propositura da execução fiscal.
A autoexecutoriedade requer previsão legal? Embora haja controvérsia, a doutrina majoritária afirma que a exe-
cutoriedade depende de previsão legal OU do caráter emergencial da situação concreta (URGÊNCIA). Nesse
sentido: Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Celso Antônio Bandeira de Mello, José dos Santos Carvalho Filho; Marçal
Justen Filho e Diógenes Gasparini.
• O excesso de poder ocorre em casos nos quais a autoridade pública atua fora dos limites de sua compe-
tência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos que não estão
previamente estipulados por lei.
• O desvio de poder estará presente sempre que o agente do Estado praticar o ato, até mesmo dentro dos li-
mites da competência a ele conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que não aquela prevista em lei.
#DEOLHONAJURIS
A legislação de cada ente deverá prever o prazo prescricional da sanção de polícia. No âmbito federal o
prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei n.º 9.873/99. Caso não haja lei estadual ou municipal sobre
o assunto, deverá ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos por força, não da Lei n. 9.873/99, mas
sim do art. 1º do Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1409267/PR, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 16/03/2017.
c) Administração Pública: Direta e Indireta. Princípios que as regem e seus Poderes. Pessoas jurídicas
vinculadas ao Estado. Lei nº 9.637/1998 e Lei Estadual nº 6.043/2011.
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
ÎÎAUTARQUIAS: São pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas, próprias
do Estado. Possui regime muito semelhante aos dos entes da Administração Direta (exemplos: INSS, INCRA,
conselhos de classe, IBAMA).
- Seus contratos também são contratos administrativos, de forma que também devem observar as regras de licita-
ção e podem se valer das cláusulas exorbitantes.
- São fiscalizadas pelo Tribunal de Contas e devem observar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
b. Impenhoráveis.
d. Imprescritíveis.
#REPERCUSSÃOGERAL. A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público
ou privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e ii) das atividades por ela prestadas. As ativi-
dades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como objetos de dada fundação,
ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se submeter ao regime jurídico de direito
privado. STF. Plenário.RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946).
É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide sobre as relações
de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado,
destinadas à prestação de serviços de saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
3/11/2020 (Info 997).
Agências reguladoras: autarquias especiais dotadas de uma qualificada autonomia garantida pela presen-
ça de dirigentes com mandatos fixos e estabilidade no exercício das funções, cujo objeto seja a regulação de
determinado setor econômico, incluídos os serviços públicos em sentido estrito. Em regra, os dirigentes somente
perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo adminis-
trativo disciplinar.
“Quarentena” - quando deixam seus cargos, os ex-dirigentes são proibidos, durante certo prazo, de exercer ativi-
dades em empresas privadas que atuem no setor regulado pela agência em que trabalhavam. Tal regramento visa
assegurar a impessoalidade, a isonomia e a moralidade na administração pública ( já que o ex-dirigente poderia se
valer do antigo cargo para obter vantagens indevidas).
#SELIGA: Não se confundem com agências executivas, pois estas são autarquias ou fundações que se qualifi-
cam como agência executiva por ter celebrado um contrato de gestão com a Administração e por ter um plano
de reestruturação, de acordo com ato discricionário privativo do Presidente da República (art. 51, Lei 9.649/98).
A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização
legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do controle de suas
subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação, desde que
siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF/88, respei-
tada, sempre, a exigência de necessária competitividade. STF. Plenário.ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info 943).
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e aprovação da As-
sembleia Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das autarquias e fun-
dações públicas, os presidentes das empresas de economia mista e assemelhados, os intervento-
res de Municípios, bem como os titulares da Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado.
STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 3/6/2020 (Info 980).
Já abordado acima.
- A intervenção na propriedade decorre do PODER DE POLÍCIA e tem dois fundamentos: cumprimento da função
social da propriedade; e satisfação do interesse público.
- MODALIDADES:
• Intervenções restritivas (ou brandas): são impostas restrições e condições à propriedade, sem retirá-la do
seu titular. Ex.: servidão, requisição, ocupação temporária e tombamento.
• Intervenções supressivas (ou drásticas): retira a propriedade do seu titular originário, transferindo-a para
o seu patrimônio. Ex.: diferentes espécies de desapropriação.
DESAPROPRIAÇÃO
ÎÎRural para fins de reforma agrária (previsão no art. 184/CF, LC 76 e lei nº 8.629/93);
2ª FASE (EXECUTIVA): Adoção dos atos materiais (concretos) pelo Poder Público ou seus
delegatários, devidamente autorizados por lei ou contrato, com o intuito de consumar
a retirada da propriedade do proprietário originário. Pode ser: (a) ADMINISTRATIVA:
depois da declaração, a Administração propõe valor, o qual é ACEITO (nesse caso, há
verdadeiro contrato de compra e venda) ou (b) JUDICIAL: o valor NÃO É ACEITO (ou
não se conhece o PROPRIETÁRIO DO BEM). Nesse caso, deve ser ajuizada AÇÃO DE
DESAPROPRIAÇÃO.
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO
É fato administrativo pelo qual o Estado se apropria de bem particular, sem obser-
vância do procedimento legal estabelecido para a desapropriação De acordo com
o artigo 35 do Decreto 3365/41, uma vez incorporado ao patrimônio público, não será
DESAPROPRIA- possível a sua reivindicação pelo particular. Diante disso, o particular deve ajuizar
ÇÃO INDIRETA uma ação de desapropriação indireta, que, a rigor, é uma ação de indenização. Hoje,
prevalece o entendimento de que o prazo prescricional para que o particular pre-
judicado ajuíze a ação de desapropriação indireta é de 10 anos.
É a mudança da destinação do bem expropriado. Poder Público diz que faria uma coisa no
decreto, mas depois faz outra.
ÎÎSerá ilícita quando houver DESVIO DE FINALIDADE (o bem não foi usado para
atender o interesse público), caso em que o particular deve ser reintegrado (retro-
TREDESTINAÇÃO cessão).
O direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utiliza-
do pelo Poder Público para atender o interesse público. Cabe apenas no caso de tredes-
RETROCESSÃO
tinação ilícita. Há controvérsia sobre qual seria o prazo para o particular ajuizar a ação.
#ATENÇÃO #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO: revisão dos temas repetitivos do STJ envolvendo juros na
desapropriação em virtude da decisão do STF na ADI 2332:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6354461b879d3b121b0c33d5e7e5da4f?cate-
goria=2&subcategoria=19
Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta? Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002).
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no
local. Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10
anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local.
Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta
e devidamente, que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Se-
ção. EREsp 1575846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 658).
É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação? SIM, é possível a desistência da desapropria-
ção a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que: a) ainda não tenha havido o pagamento
integral do preço (pois nessa hipótese já terá se consolidado a transferência da propriedade do expropriado para
o expropriante); e b) o imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de forma substancial (que
impeça sua utilização como antes era possível). É ônus do expropriado provar a existência de fato impeditivo
do direito de desistência da desapropriação. STJ. 2ª Turma. REsp 1368773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para
acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2016 (Info 596).
TOMBAMENTO
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
Por ser unilateral, DEVE DECORRER DE LEI (Ex.: PDU – plano diretor urbano). José dos
Instituição
Santos Carvalho Filho fala também em atos administrativos normativos.
Será devida se houver comprovação do dano pelo particular, se reduzir o valor econômi-
co do bem.
#DIZERODIREITO
As restrições ao direito de propriedade, impostas por normas ambientais, ainda que es-
vaziem o conteúdo econômico, não configuram desapropriação indireta. A desapropria-
Indenização ção indireta só ocorre quando existe o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder
Público. Logo, as restrições ao direito de propriedade impostas por normas ambientais
configuram limitações administrativas. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1443672/SP, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 11/02/2020. O prazo prescricional para exercer a pretensão de
ser indenizado por limitações administrativas é de 5 anos, nos termos do art. 10 do De-
creto-Lei 3.365/1941, disposição de regência específica da matéria. STJ. 2ª Turma. EDcl no
REsp 1784226/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/06/2019
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
Recai sobre o bem imóvel, embora haja discussão sobre a possibilidade de atingir bens
Objeto
móveis e serviços.
PONTO IV
Já comentado acima.
b) Administração Pública: Direta e Indireta. Princípios que as regem e seus Poderes. Pessoas jurídicas
vinculadas ao Estado. Lei nº 9.637/1998 e Lei Estadual nº 6.043/2011.
A lei 9.637/1998 dispõe acerca das organizações sociais, trazendo o seguinte conceito: art. 1o O Poder Executivo
poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas ativi-
dades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.
A qualificação da pessoa jurídica como organização social dependerá de ato discricionário do Ministro de Estado
responsável pela área de atuação da pessoa jurídica e do Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado.
O contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização
social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas
relacionadas no art. 1o.
A Lei Estadual 6.043/2011 trata das organizações sociais para atuação no âmbito da saúde, no Estado do Rio de
Janeiro. Ademais, referida lei foi alterada recentemente, sendo, portanto, de leitura obrigatória. Vejamos:
Art. 1º O Poder Executivo poderá qualificar como organização social pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
econômicos ou lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas à saúde, incluindo a área da assistência, ensino e pesquisa,
atendidos os requisitos previstos nesta Lei.
Parágrafo único. O procedimento de qualificação será conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com ob-
servância dos princípios do caput do artigo 37 da Constituição Federal. * Incluído pela Lei 8986/2020.
§ 3º Em nenhuma hipótese será permitida a qualificação de pessoa jurídica de direito privado como organização
social por ato monocrático do Chefe do Poder Executivo ou de qualquer autoridade estadual. * Acrescentado pelo
art 46 da Lei 8986/2020.
§ 4º Para obter a qualificação de que trata o caput deste artigo, a pessoa jurídica de direito privado deverá apresentar
certidões negativas referentes a feitos trabalhistas ou criminais e a débitos junto às fazendas federal, estadual e
municipal, além de não ter sido punida em razão de contratação com o Poder Público. * Acrescentado pelo art. 47
da Lei 8986/2020.
Já comentado acima.
Já comentado acima.
Já comentado acima.
PONTO V
Já comentado acima.
Já comentado acima.
Já comentado acima.
2ª parte do NFPSS.
Já comentado acima.
-Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direito - crianças e adolescentes são os titulares
dos direitos previstos no ECA e em outras Leis, bem como na Constituição Federal.
-Responsabilidade primária e solidária do poder público - a plena efetivação dos direitos assegurados a
crianças e a adolescentes pelo ECA e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalva-
dos, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização
do atendimento e da possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais.
-Privacidade - a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada.
-Intervenção precoce - a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de
perigo seja conhecida.
-Intervenção mínima - a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente.
-Responsabilidade parental - a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
para com a criança e o adolescente.
-Prevalência da família - na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem à família natural ou extensa ou, se isso não for possível,
que promovam a sua integração em família adotiva.
#NÃOCONFUNDA A Convenção Internacional dos Direitos da Criança de 1989 não faz distinção entre criança e
adolescente, prevendo que se considera: “como criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade, a não ser
que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes”.
O ECA optou por apresentar uma lista meramente exemplificativa de direitos alcançados pela proteção judicial (art.
208). Apesar de o art. 210 do Estatuto não dispor expressamente acerca da legitimidade da Defensoria Pública, o
art. 224 prevê a aplicação subsidiária da Lei de Ação Civil Pública, a qual estabelece, no art. 5º, II, a legitimidade da
Instituição. Mesmo com a importância da tutela coletiva judicial, também deve ser destacada a atuação extrajudicial
da Defensoria na proteção dos direitos.
São exemplos de atuação da Defensoria Pública na tutela coletiva dos direitos das crianças e do adolescente:
a) para garantia de vagas em creche; b) para proibir a raspagem de cabelo, obrigatória em adolescentes interna-
dos em entidades de atendimento que executam medidas socioeducativas de internação; c) para readequação
da estrutura arquitetônica de unidades de internação, nos termos da legislação vigente; d) para coibir a utilização
de imagens de adolescentes, mesmo que com rostos em imagens borradas, associando a juventude à prática
da violência.
À título de informação, em podcast da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, chamou atenção a informação
fornecida no sentido de que em julho/20 havia se alcançado uma das menores taxas de encarceramento
adolescente do Rio de Janeiro, através da atuação da DPE-RJ na impetração de habeas corpus coletivos.
#AQUECENDOOCORAÇÃOVERDE
“Relatórios de vistorias realizadas pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) em Unidades de Atendimento Socioedu-
cativo do estado revelam melhorias significativas nas condições de internação de jovens, nos meses seguintes à liminar do
ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. A decisão, dada em maio do ano passado no bojo do habeas corpus
coletivo 143.988, determinava a colocação em meio aberto ou a transferência para internação domiciliar de adolescentes
sobressalentes em unidades com ocupação superior à taxa média de 119% nos estados do Ceará, Bahia, Pernambuco e Rio
de Janeiro. Os relatórios foram enviados ao STF junto com o levantamento da DPRJ, de agosto de 2019, que mostra que
96% dos jovens beneficiados pela medida na capital não foram apreendidos novamente. Esse percentual chegou a 100%
em Belford Roxo; 96% em Campos e 93% e Volta Redonda”.
https://www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=45451
#DIZERODIREITO #VAICAIR
É cabível dano moral coletivo por conta de alojamento em estabelecimento impróprio de sentenciados à inter-
nação, em patente violação ao 123 do ECA. Segundo os autos, menores custodiados, após completarem 18 anos,
eram transferidos para celas de presos provisórios e definitivos, obrigados a vestir o mesmo uniforme vermelho,
recebendo idêntico tratamento dos detentos maiores de idade. Assim, os jovens infratores, em vez de receberem
orientação, em condições de dignidade, capaz de prepará-los para retorno à vida em liberdade, foram tratados
como prisioneiros comuns, transformada em verdadeira universidade do crime a garantia legal indisponível de
“proteção integral” e de “desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social” (art. 3º, caput, do ECA). Sub-
meter jovem a tratamento prisional destinado a adultos, máxime em condições degradantes, equivale a
extirpar a dignidade e a desrespeitar “condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” (art. 121, caput,
do ECA), dotada de carências e garantias especiais – absolutas e indisponíveis – em decorrência da sua
inimputabilidade etária. STJ. 2ª Turma. REsp 1793332-MG, Rel. Min. Hermain Benjamin, julgado em 05/05/2019.
Centralização das medidas socioeducativas na figura Há uma descentralização do atendimento. Ex: surgi-
do juiz mento do Conselho Tutelar
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
I - todas as formas de escravidão ou práticas análogas, tais como venda ou tráfico, cativeiro ou sujeição por
dívida, servidão, trabalho forçado ou obrigatório;
II - a utilização, demanda, oferta, tráfico ou aliciamento para fins de exploração sexual comercial, produção
de pornografia ou atuações pornográficas;
III - a utilização, recrutamento e oferta de adolescente para outras atividades ilícitas, particularmente para a pro-
dução e tráfico de drogas; e
IV - o recrutamento forçado ou compulsório de adolescente para ser utilizado em conflitos armados.
Faaaaaala, examinador:
“Não pode ser reconhecido como típico o comportamento de adolescente autor de ato infracional análogo a tráfico
praticado no contexto de exploração de trabalho infantil, sob pena de o mesmo ostentar características comple-
tamente antagônicas, e se houver tipicidade ao menos a culpabilidade deve ser afastada em razão da falta de
políticas públicas no sentido da proteção desses adolescentes contra uma das piores formas de trabalho infantil, de
acordo com a Convenção 182 da OIT, ratificada pelo Brasil”.25
Trecho retirado de texto publicado pelo examinador Rodrigo Azambuja no XII Congresso de Defensores Públicos.
iii) Política de atendimento. Linhas de ação e política de atendimento. Políticas sociais básicas - Políticas
e programas de assistência social – Serviços de prevenção e atendimento – Proteção jurídica e social. A
Lei 8.472. A Lei RJ 7.966. O Direito humano a alimentação adequada, a lei 11.346. O direito à saúde: parto,
pré natal, imunização. O programa nacional de imunização. As leis 6.259 e 8.080. A Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Criança.
Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendi-
mento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da ges-
tação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de
apoio à amamentação.
25 https://www.anadep.org.br/wtksite/XII_CONADEP_P_GINA_DUPLA.pdf
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação
de privação de liberdade.
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-
-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e cresci-
mento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular
o desenvolvimento integral da criança.
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, es-
tabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando
ao desenvolvimento integral da criança.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção
das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais,
educadores e alunos.
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. #ATENÇÃO!!!!
#DEOLHONAJURIS O STF fixou tese de repercussão geral, no ARE 1267879: “É constitucional a obrigato-
riedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária, tenha sido
incluída no plano nacional de imunizações; ou tenha sua aplicação obrigatória decretada em lei; ou seja
objeto de determinação da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios com base em
consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de
convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar”
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente
na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e
educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798,
de 2019)
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público,
em conjunto com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente. (Incluído
pela Lei nº 13.798, de 2019)
iv) Ato infracional. Prática. Garantias processuais expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente e
na Lei 12.594/2012. Garantia do direito de defesa. Medidas Socioeducativas – natureza, tipos, aplicação,
duração, prescrição. Dos Recursos. Da execução antecipada da medida socioeducativa 165 CNJ. Resolução
CNJ 367/2021.
2ª parte do NFPSS.
v) Crimes e infrações administrativas. Lei 13.431 de 4 de abril de 2017 - sistema de garantia de direitos
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Decreto 9.603/2018. O desaparecimento
de crianças: Lei 13812. Leis estaduais RJ nº: 7.860, 8.052, 8.547, 9167, 9.182.
#AJUDAMARCINHO
Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito e pornográfica envolven-
do crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses arquivos para outra pessoa,
esse indivíduo terá praticado dois crimes ou haverá consunção e ele responderá por apenas um dos delitos?
Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de material
pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela
prática do outro. No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas
condutas guardem, entre si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige
um nexo de dependência entre a sucessão de fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes
é absolutamente autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos,
em concurso material. A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades. STJ. 6ª Turma. REsp
1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo crian-
ça ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei nº 8.069/90, não sendo justificável a
exasperação da pena-base a título de conduta social ou personalidade. Caso concreto: na 1ª fase da dosi-
metria da pena (art. 59 do CP), o juiz aumentou a pena-base de 3 para 4 anos afirmando que a conduta social
e a personalidade do agente eram desfavoráveis: “Com base nos elementos constantes dos autos, percebo que
a conduta social e a personalidade do acusado demonstram certa periculosidade pelo grande interesse em por-
nografia infantil. Fixo a pena-base privativa de liberdade em 4 (quatro) anos de reclusão nesta fase.” STJ. 6ª Turma.
REsp 1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (...) • Crime formal (consumação antecipa-
da): o delito se consuma independentemente da ocorrência de um resultado naturalístico. Assim, a ocorrência
de efetivo abalo psíquico e moral sofrido pela criança ou adolescente é mero exaurimento do crime, sendo
irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se forem filmadas mais de uma criança ou adolescente, no
mesmo contexto fático, haverá crime único. • Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. • Crime
de subjetividade passiva própria: exige-se uma condição especial da vítima (no caso, exige-se que a vítima seja
criança ou adolescente). • Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas ou mais condutas (verbos). No
entanto, se o sujeito praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto material,
responderá por um único crime, não havendo concurso de crimes nesse caso. Logo, se o agente fotografou e
filmou o ato sexual, no mesmo contexto fático, haverá crime único. STJ. 5ª Turma. PExt no HC 438080-MG, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/08/2019 (Info 655).
Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente inde-
pende da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.
Lei n° 13.431/17
-Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente
perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua fina-
lidade.
Lei nº 13.812/2019
#DIZERODIREITO
Viagem NACIONAL
Situação É necessária autorização?
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar com o pai e
NÃO
a mãe.
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar só com o pai
NÃO
ou só com a mãe.
SIM
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar sem estar
acompanhada por uma pessoa maior de idade. Será necessária uma autorização do juiz da
infância e juventude.
NÃO
Adolescente maior de 16 anos viajar desacompanhado de
pais, responsável, parente ou qualquer outra pessoa. Adolescentes maiores de 16 anos podem
viajar pelo Brasil sem autorização.
Viagem ao EXTERIOR
SIM
1) autorização judicial; OU
Criança ou adolescente (pessoa menor de 18 anos) viajar só 2) autorização expressa do pai ou mãe que
com o pai ou só com a mãe. não for viajar, através de documento com
firma reconhecida.
PONTO II
A existência do Haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar em cada Município. Como no DF não há
Conselho Tutelar é Municípios, a Lei determina que haja um Conselho Tutelar em cada Região Adminis-
obrigatória trativa.
Os membros do Conselho Tutelar são sempre escolhidos pela população local por
Forma de escolha
meio de eleição.
#NÃOCONFUNDA:
CONSELHOS DE DIREITOS - Participa na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis e
em todos os entes da federação (não apenas nos Municípios, como o Conselho Tutelar). Além disso, possui um
número variável de membros, em composição paritária (sociedade e governo) e indicados de acordo com a lei
regente. Por fim, é vedada a remuneração de seus membros.
#OLHAOGANCHO
Lei estadual n° 1.697/90 criou o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDCA, Órgão
normativo, consultivo, deliberativo e fiscalizador da política de promoção e defesa dos Direitos da infância e da
adolescência.
O referido conselho é composto pelos representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pú-
blica e Ordem dos Advogados do Brasil, como previsto no artigo 51, parágrafo único, do ADCT da Constituição
Estadual e por 7 (sete) representantes de órgãos públicos estaduais encarregados da política de atendimento à
infância e à juventude, nomeados pelo Poder Executivo.
ii) Sinase – Lei 12.594/2012. Ato infracional e execução das Medidas Socioeducativas. Princípios
norteadores da execução das medidas socioeducativas. Objetivos, programa de atendimento, gestor
do programa de atendimento. A Resolução CONANDA 119/2006. A Resolução CNJ 367/2021. A
Recomendação 87/2021 CNJ. Unificação, prescrição, extinção de medidas socioeducativas. Dos Direitos
Individuais. Direito de visitas. Do atendimento a Adolescente com Transtorno Mental e com Dependência
de Álcool e de Substância Psicoativa. A Política Nacional Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em
Conflito com a Lei - PNAISARI. Regimento Interno do Departamento Geral de Ações Socioeducativas:
Decreto RJ Nº 46.525 de 2018.
2ª parte do NFPSS.
iii) A criança e o adolescente na normativa internacional. Declaração Universal do Direito das Crianças
(1959). Convenção sobre Direito da Criança da ONU. Convenção 182 OIT. Convenção sobre os aspectos
civis do sequestro internacional de crianças e Convenção relativa à Proteção das crianças e a Cooperação
em Matéria de Adoção Internacional concluída na HAIA em 29 de maio de 1993 (Decreto 3087 de 21
de junho de 1999). Regras Mínimas das Nações Unidas para Proteção de Jovens Privados de Liberdade.
Regras Mínimas das Nações Unidas para Administração da Justiça da Infância e Juventude (Regras de
Beijing). Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil. – Diretrizes de Riad
(1990). As sugestões e recomendações gerais do Comitê sobre os Direitos da Criança.
Foi firmada em 1989 (Decreto 99.710/90). Orienta-se pelo princípio de que a criança ne-
cessita de proteção especial, em razão de sua falta de maturidade física e mental.
Para fins da convenção, CRIANÇA É TODO INDIVÍDUO MENOR DE 18 ANOS, SALVO SE,
DE ACORDO COM A LEI APLICÁVEL À CRIANÇA, A MAIORIDADE SEJA ALCANÇADA
ANTES (ART. 1º). Nesse sentido, a Convenção não distingue crianças de adolescentes.
Assegura que:
As crianças são titulares de direitos sem distinção de qualquer espécie, inclusive
por conta de fatores como impedimentos físicos, nascimento ou qualquer
outra condição de seus pais, representantes legais ou familiares (art. 2);
A criança tem direito à vida (art. 6) e, logo ao nascer, ao nome, à nacionalidade
e ao registro civil (art. 7);
O Estado deve conferir proteção especial às crianças. No entanto, a tarefa
deve considerar os direitos e deveres que os pais, os responsáveis e a família
como um todo continuam a ter na educação dos filhos (art. 5);
Toda criança tem direito de conhecer seus pais e de ser cuidada por eles. A
responsabilidade dos pais é primordial (art. 18);
Nenhuma criança deve ser separada dos pais. No entanto, essa separação
pode ocorrer, em caso de maus tratos ou de descuido por parte de seus
genitores, ou quando estes vivem separados, e uma decisão deva ser tomada
a respeito do local da residência do menor;
i) Convenção so- A criança privada de seu ambiente familiar faz jus à proteção estatal;
bre os Direitos da Direito à liberdade de expressão das crianças, com liberdade de buscar, receber
e transmitir informações e ideias de todos os tipos, independentemente de
Criança e Proto-
fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa;
colos Facultativos Liberdade de pensamento, consciência e de crença, de associação e reunião
pacíficas e à privacidade;
Direito de condições satisfatórias de saúde, com atenção especial às portadoras
de necessidades especiais;
Direito à educação, que deve ser OBRIGATÓRIA NO NÍVEL PRIMÁRIO.
Dever dos Estados de combater o tráfico de crianças para o exterior (art.
11); os maus tratos físicos ou mentais; a exploração, inclusive sexual (art. 19 e
34), incluindo a participação de menores de 18 anos em espetáculos ou na
produção de materiais pornográficos; exploração econômica (art. 32);
Necessidade de os Estados estabelecerem a jornada e condições de trabalho
para as crianças, vedado o trabalho perigoso ou que interfira na sua educação,
ou que seja nocivo à saúde;
Vedação do tráfico de crianças (art. 35) e o envolvimento de crianças em
conflitos armados MENORES DE 15 ANOS NÃO PODERÃO SE ENVOLVER
EM HOSTILIDADES QUE ENVOLVAM CONFLITOS ARMADOS (art. 38);
A adoção é regulada pela Convenção (art. 21), devendo atender aos maiores
interesses da criança e ser concedida apenas pelas autoridades competentes.
A adoção por estrangeiros é permitida, mas apenas após esgotadas as
alternativas internas, não devendo envolver benefícios financeiros;
Obs.1: a Convenção estabelece que CABE AOS ESTADOS DEFINIREM UMA IDADE MÍNI-
MA DA IMPUTABILIDADE PENAL.
l) Regras Míni-
mas da ONU para
No campo específico da proteção da criança e do adolescente, a comunidade interna-
Administração
cional vem demonstrando crescente preocupação com a situação dos menores de 18
da Justiça da In-
anos. Os principais documentos são:
fância e Juventu-
de (REGRAS DE
BEIJING), Regras I) Regras Mínimas da ONU para a Administração da Justiça da Infância e Juventude
Mínimas da ONU
(Regras de BEIJING) Resolução 40/33, de 1985;
para a proteção
dos Jovens Priva-
dos de Liberdade II) Regras mínimas da ONU para Proteção dos Jovens Privados de Liberdade Re-
e Diretrizes das solução 45/113, de 1990;
Nações Unidas
para a Prevenção III) Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil (Diretrizes de
da Delinquência
Riad) Resolução 45/112, de 1990.
Juvenil (DIRETRI-
ZES DE RIAD)
Regras de Beijing
• Respeitar-se-ão as garantias processuais básicas em todas as etapas do processo, como a presunção de ino-
cência, o direito de ser informado das acusações, o direito de não responder, o direito à assistência judiciária,
o direito à presença dos pais ou tutores, o direito à confrontação com testemunhas e a interrogá-las e o
direito de apelação ante uma autoridade superior.
• Sempre que um jovem for apreendido, a apreensão será notificada imediatamente a seus pais ou tutor e,
quando não for possível tal notificação imediata, será notificada aos pais ou tutor no mais breve prazo pos-
sível.
• Examinar-se-á a possibilidade, quando apropriada, de atender os jovens infratores sem recorrer às autori-
dades competentes para que os julguem oficialmente (remissão).
• O jovem terá direito a se fazer representar por um advogado durante todo o processo ou a solicitar assistên-
cia judiciária gratuita, quando prevista nas leis do país.
• A internação de um jovem em uma instituição será sempre uma medida de último recurso e pelo mais breve
período possível.
• Deverá ser prestada uma atenção especial às políticas de prevenção que favoreçam à socialização e à in-
tegração eficazes de todas as crianças e jovens, particularmente através da família, da comunidade, dos
grupos de jovens nas mesmas condições, da escola, da formação profissional e do meio trabalhista, como
também mediante a ação de organizações voluntárias. Deverá ser respeitado, devidamente, o desenvolvi-
mento pessoal das crianças e dos jovens que deverão ser aceitos, em pé de igualdade, como co-par-
ticipantes nos processos de socialização e integração.
• Com o objetivo de impedir que se prossiga à estigmatização, à vitimização e à incriminação dos jovens, de-
verá ser promulgada uma legislação pela qual seja garantido que todo ato que não seja considerado um
delito, nem seja punido quando cometido por um adulto, também não deverá ser considerado um
delito, nem ser objeto de punição quando for cometido por um jovem.
#AJUDAMARCINHO
São constitucionais os dispositivos do ECA que proíbem o recolhimento compulsório de crianças e ado-
lescentes, mesmo que estejam perambulando nas ruas. São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122,
II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art. 230 do ECA. Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e incisos
XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da CF/88. Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH), a Convenção sobre os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da
Justiça de Menores e a Convenção Americana de Direitos Humanos. STF. Plenário. ADI 3446/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946).
iv) Garantia do devido processo legal ao adolescente acusado da prática de ato infracional: acesso à
justiça, ampla defesa e contraditório. Princípios aplicados. Do Paradigma da Proteção Integral. Papel da
Defesa técnica. Aplicação de medida socioeducativa. Execução. Dos Recursos.
2ª parte do NFPSS.
v) Direito a educação, cultura, ao esporte e lazer. Educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96). Acesso à escola pública próxima a
residência. Atendimento educacional especializado. Deveres dos pais. Deveres dos dirigentes. Os
sistemas de ensino. Os Conselhos de Educação e seu poder normativo. A Lei RJ 1.590. Educação na
pandemia: a Lei 14.040. O Plano Nacional de Educação. A educação indígena. A educação especial. O
financiamento da educação pública. Lei 11.947: o atendimento da alimentação escolar.
Direito à educação
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de estabelecimentos congê-
neres assegurar medidas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas
ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
#AJUDAMARCINHO #FAZOLINKMENTAL
São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam
cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para
cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
9/6/2016 (Info 829).
#SELIGA: O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades
indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (art. 32, §3º, LDB).
O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a rea-
firmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e
científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO
São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na edu-
cação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas
idades estejam completas. Cabe ao Poder Público desenhar as políticas educacionais, respeitadas as balizas
constitucionais. O corte etário, apesar de não ser a única solução constitucionalmente possível, insere-se no
espaço de conformação do administrador, sobretudo em razão da “expertise” do CNE e da ampla participação
técnica e social no processo de edição das resoluções, em respeito à gestão democrática do ensino público [CF,
art. 206, VI]. (STF, Info 909)
O ensino domiciliar não está previsto na Constituição Federal e depende de lei específica para ser permitido
no Brasil. O ensino familiar (homeschooling) exige o cumprimento de todos os requisitos constitucionais. Não é
vedado o ensino em casa desde que respeite todos os preceitos constitucionais, e há necessidade de legislação,
como estabelecimento de requisitos de frequência, avaliação pedagógica. (STF, Info 914 e 915)
#DEOLHONAJURIS #TEMAATUAL
contratos de prestação de serviços educacionais. STF. ADI 6575, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
18/12/2020 (Info 1003).
PONTO III
Já abordado acima.
Já abordado acima.
iii) Direito a educação, cultura, ao esporte e lazer. Educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96). Acesso à escola pública próxima a
residência. Atendimento educacional especializado. Deveres dos pais. Deveres dos dirigentes. Os
sistemas de ensino. Os Conselhos de Educação e seu poder normativo. A Lei RJ 1.590. Educação na
pandemia: a Lei 14.040. O Plano Nacional de Educação. A educação indígena. A educação especial. O
financiamento da educação pública. Lei 11.947: o atendimento da alimentação escolar.
Já abordado acima.
iv) Ato infracional. Medidas socioeducativas. Da competência para executar a medida socioeducativa (lei
12.594/2012, Resolução 165 do CNJ). Dos princípios que regem a execução da medida socioeducativa.
Da unificação das medidas. Do direito a visita. Do direito a saúde na execução da medida. A Política
Nacional Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei – PNAISARI. Do plano individual
de atendimento. Da extinção das medidas socioeducativas. Prescrição. A apuração de irregularidade em
entidade de atendimento. A Resolução CONANDA 119/2006. Regimento Interno do Departamento Geral
de Ações Socioeducativas: Decreto RJ Nº 46.525 de 2018.
2ª parte do NFPSS.
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvol-
vimento integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
#NÃOCONFUNDA
Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais e seus descendentes ou por
Família Natural:
um dos pais e seus descendentes. (art. 25). Ex.: família monoparental.
É a comunidade que se estende para além da unidade de pais e filhos ou do casal, alcançando
Família Extensa
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente conviva e mantenha vínculos de
ou ampliada:
afinidade e afetividade.
Família Possui caráter subsidiário, é a família resultante de guarda, tutela e adoção, sempre visando ao
substituta: melhor interesse da criança e do adolescente.
Art. 19, § 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institu-
cional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade judiciária competente,
com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamen-
tada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família substituta, em quaisquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devida-
mente fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
A Lei nº 13.509/2017 reduziu o prazo máximo de permanência da criança e adolescente em programa de acolhi-
mento institucional para 18 meses.
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação
a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e pro-
moção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade
responsável, independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
OBS: o acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta,
não implicando privação de liberdade (art.101, §1º, do ECA).
Audiência de reavaliação: obrigatoriedade da reavaliação periódica (no máximo a cada três meses) da situação
jurídica e social de cada criança ou adolescente inserida em regime de acolhimento institucional ou familiar, e a
necessidade de fiscalização das entidades de acolhimento e dos programas por elas desenvolvidos.
O Defensor Público deverá velar pela instauração de procedimento específico para a reavaliação da medida de
acolhimento institucional, na forma do art. 19, § 1° c/c art. 153, parágrafo único, todos do ECA.
#SELIGA: a medida de acolhimento institucional ou familiar é, por expressa determinação legal (art. 101, §1º, da Lei
nº 8.069/90), provisória e excepcional, pois viola o direito fundamental à convivência familiar de que toda criança
ou adolescente é titular (arts. 227 da CF e 4º e 19 da Lei nº 8.069/90).
#OLHAOGANCHO
Art. 1º O Juiz da Infância e Juventude, sem prejuízo do andamento regular, permanente e prioritário dos processos
sob sua condução, deverá realizar, em cada semestre, preferencialmente nos meses de abril e outubro, os eventos
denominados “Audiências Concentradas”, a se realizarem, sempre que possível, nas dependências das entidades
de acolhimento, com a presença dos atores do sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente, para
reavaliação de cada uma das medidas protetivas de acolhimento, diante de seu caráter excepcional e provisó-
rio, com a subsequente confecção de atas individualizadas para juntada em cada um dos processos. (provimento
n° 32, CNJ) A Defensoria Pública deve ser intimada, juntamente com o MP, a fim de que sejam tomadas medidas
efetivas que visem abreviar o período de institucionalização.
#DIZERODIREITO #TEMAEMALTA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) adota a chamada doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº
8.069/90), segundo a qual deve-se observar o melhor interesse da criança. Ressalvado o risco evidente à integri-
dade física e psíquica, que não é a hipótese dos autos, o acolhimento institucional não representa o melhor
interesse da criança. A observância do cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com
o princípio do melhor interesse da criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. O risco de
contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento justifica a manutenção da criança com a família
substituta. STJ. 3ª Turma. HC 572854-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/08/2020 (Info 676).
A ordem cronológica de preferência das pessoas previamente cadastradas para adoção não tem um
caráter absoluto, devendo ceder ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, razão de ser de
todo o sistema de defesa erigido pelo ECA, que tem na doutrina da proteção integral sua pedra basilar. STJ. 3ª
Turma. HC 505730/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/05/2020.
26 #ATENÇÃO Apesar do ECA falar em antropólogos no caso de crianças quilombolas, considerando que também existe
um órgão federal especializado - a Fundação Cultural Palmares - o correto é a sua participação no feito.
#ATENÇÃO:
-A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder
familiar.
- A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar. Exceção: a Lei 13.715/2018
dispôs que a destituição do Poder Familiar de mãe ou pai passa a ser possível diante da condenação de qualquer
deles por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder (mãe
ou pai) ou contra filho, filha ou outro descendente (netos, bisnetos, etc.).
Convenção sobre Direitos da Criança: “a criança deve ter a oportunidade de ser ouvida em todos os processos
judiciais ou administrativos que a afetem, seja diretamente, seja por intermédio de um representante ou de um
órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional”.
O atendimento nos procedimentos adotados nos momentos em que a criança e o adolescente são ouvidos nos
órgãos e entidades do Sistema de Garantia de Direitos, envolvendo, entre outros, o Sistema de Justiça, os órgãos de
Segurança Pública e do Poder Executivo e os Conselhos Tutelares, deverá proporcionar à criança e ao adolescente
a escolha e a oportunidade de expressar livremente suas opiniões e demandas sobre os assuntos a eles rela-
cionados, levando-se em consideração os fatores idade, maturidade e interesse. Além disso, será garantido o
direito da criança e do adolescente a efetiva participação e a expressão de suas opiniões e demandas nos proce-
dimentos que impliquem na construção de planos individuais de atendimento e nas ações para superar situações
de risco ou vulnerabilidade. (Resolução 169 CONANDA)
-A criança e o adolescente têm o direito de receber assistência jurídica integral em todas as fases do procedi-
mento judicial.
O ECA determina ao juiz que dê curador especial à criança ou ao adolescente em dois casos:
É atribuição institucional da Defensoria o exercício da curadoria especial (art. 4º, XVI, LC n° 80).
#OLHAOGANHO
Súmula n° 235 do TJRJ: CABERÁ AO JUIZ DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE A NOMEAÇÃO DE CURADOR
ESPECIAL A SER EXERCIDA PELO DEFENSOR PÚBLICO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES, INCLUSIVE, NOS CASOS
DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL OU FAMILIAR, NOS MOLDES DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 142 PARÁGRA-
FO ÚNICO E 148 PARÁGRAFO ÚNICO “F” DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE C/C ART. 9 INCISO
I DO CPC, GARANTINDO ACESSO AOS AUTOS RESPECTIVOS.
Consoante art. 162 do ECA, quando o procedimento de destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério
Público, não haverá necessidade de nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente. #FAZA-
CRÍTICA #SANGUEVERDE (súmula n° 235 do TJRJ mencionada acima)
Com a palavra, Franklyn Roger, Defensor Público do RJ: “por mais que possa haver uma opinião ministerial no senti-
do de orientar a destituição do poder familiar em razão do tratamento conferido pelos pais à criança, inegável que, se
a demanda interfere na esfera dos genitores e do infante, há necessidade de um curador especial para defender
o seu melhor interesse, posto que a destituição proposta pelo MP pode não ser a melhor solução. (...) Infelizmente,
nosso legislador, atendendo interesses duvidosos, não optou pela participação democrática da curadoria especial. No
entanto, pelo perfil constitucional da Defensoria Pública, de ser expressão e instrumento do regime democrático (dar
voz e representação ao vulnerável) e de proteção dos direitos humanos, pode a Defensoria Pública se insurgir contra
o referido dispositivo, embasando sua atuação nos artigos 8º e 9º da Convenção sobre os Direitos da Criança”.
PONTO IV
ii) Guarda, tutela, e Adoção. Evolução do instituto. Conceito, características e tipos. A entrega voluntária.
Requisitos objetivos e subjetivos. Impedimentos. Adoção intuitu personae. Destituição do poder
familiar. Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar. Infrações Administrativas e sua
apuração. Procedimento Acolhimento e reavaliação. Provimentos 32 e 36 do CNJ. Resolução 289 CNJ.
Curadoria Especial no Estatuto da Criança e do Adolescente. Direito de oitiva e participação da criança e
adolescente Estatuto da Criança e do Adolescente e na Convenção sobre Direitos da Criança. Resolução
169 CONANDA.
Não é permitida para famílias es- Não é permitida para famílias es- É permitida para famílias
trangeiras. trangeiras. estrangeiras
Não há mudança de nome da Não há mudança de nome da O adotado recebe o nome do ado-
criança ou adolescente. criança ou adolescente. tante e pode mudar o prenome.
CLASSIFICAÇÃO DA ADOÇÃO27
Hipótese em que um casal se apresenta como postulante à adoção, o ECA exige que
ambos estejam casados ou mantenham união estável.
#ATENÇÃO: O STJ também já flexibilizou essa exigência. Adoção conjunta feita por
dois irmãos. Na verdade, eram dois irmãos (um homem e uma mulher) que criavam
um menor há alguns anos e, com ele, desenvolveram relações de afeto. STJ. 3ª Turma.
REsp 1217415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
ADOÇÃO CONJUNTA #ATENÇÃO: Excepcionalmente, é possível que um ex casal realize a adoção conjunta,
OU BILATERAL (Art. desde que:
42, §2°)
a) Haja prévio acordo sobre a guarda e o regime de visitação ou fixação de guar-
da compartilhada;
ADOÇÃO
Feita pelo cônjuge ou companheiro com relação ao filho de seu par. #SELIGANO-
UNILATERAL (Art. 41,
EXEMPLO: homem, após casar-se com mulher que já tinha filho, adota a criança.
§1)
Possibilidade expressa de que a adoção seja levada a efeito ainda que o adotan-
te venha a falecer no curso do procedimento, desde que tenha manifestado
inequívoca vontade.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Adoção post mortem mesmo que não iniciado o
ADOÇÃO PÓSTUMA
procedimento formal enquanto vivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1217415-RS, Rel. Min. Nancy
(Art. 42, §6°)
Andrighi, julgado em 19/6/2012.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Para o STJ, a manifestação inequívoca de vontade
tem os mesmos requisitos da filiação socioafetiva e significa: a) tratamento do menor
como se filho fosse e b) conhecimento público dessa situação.
Situações em que a adoção poderá ser deferida a pessoa ou casal que não estava
inscrito previamente nos cadastros de adoção. São hipóteses excepcionalíssimas
que se fundamentam no melhor interesse da criança:
- Adoção unilateral.
ADOÇÃO INTUITO
PERSONAE (Art. 50, - Formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos
§13°) de afinidade e afetividade.
- Pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três)
anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fi-
xação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de
má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA.
Trata-se da situação em que uma pessoa registra filho alheio como próprio, tendo
pleno conhecimento da situação. Não é uma modalidade legítima de adoção, pelo
contrário, configura o crime do at. 242 do Código Penal.
ADOÇÃO À
#DEOLHONAJURIS Apesar de teoricamente esse ato de registro ser nulo, a juris-
BRASILEIRA
prudência mais moderna considera também esse vínculo irrevogável por estabelecer
paternidade socioafetiva.
• Irrevogabilidade;
• Cessa os vínculos com os pais biológicos, exceto os impedimentos matrimoniais; ainda que ocorra o faleci-
mento dos adotantes, os vínculos com os pais biológicos não se restabelecem;
• O adotante (aquele que irá adotar) deve ter, no mínimo, 18 anos de idade e ser 16 anos mais velho do que
o adotando;
#ATENÇÃO #DIZERODIREITO
A adoção é sempre regida pela premissa do amor e da imitação da realidade biológica, sendo o limite de idade
uma forma de evitar confusão de papéis ou a imaturidade emocional indispensável para a criação e educação
de um ser humano e o cumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar. Dessa forma, incumbe ao ma-
gistrado estudar as particularidades de cada caso concreto a fim de apreciar se a idade entre as partes
realiza a proteção do adotando, sendo o limite mínimo legal um norte a ser seguido, mas que permite
interpretações à luz do princípio da socioafetividade, nem sempre atrelado às diferenças de idade entre
os interessados no processo de adoção. STJ. 3ª Turma. REsp 1785754-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 08/10/2019 (Info 658). Ou seja, essa diferença de idade exigida não é absoluta.
• O adotando (aquele que será adotado) deve ter, no máximo, 18 anos de idade, salvo se já estiver sob
guarda ou tutela do adotante;
• Toda adoção deve passar pelo crivo do Judiciário, ainda que o adotando seja maior; e os processos de ado-
ção que envolvam criança ou adolescente com deficiência ou doença crônica têm prioridade de tramitação.
- Estágio de convivência:
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de
90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela
Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante
decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
OBS: Possibilidade de dispensa excepcional do prazo de convivência se o adotando já estiver sob a tutela
ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constitui-
ção do vínculo. Contudo, a simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de
convivência.
§ 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será
de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período,
uma única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando”). Essa regra proibitiva tem por objetivo: • evitar inversões e confusões nas relações familiares - em
decorrência da alteração dos graus de parentesco • impedir a utilização do instituto com finalidade meramente
patrimonial. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional quando:
a) o pretenso adotando seja menor de idade; b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as
funções de mãe e pai do neto desde o seu nascimento; c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente
atestada por estudo psicossocial; d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua
mãe) como irmão; e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; f ) não se constate perigo de confusão mental
e emocional a ser gerada no adotando; g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo
da predominância de interesses econômicos; e h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. Assim,
é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a se autorizar a
adoção avoenga em situações excepcionais. STJ. 3ª Turma. REsp 1448969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado
em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1587477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020
(Info 678)
#OLDBUTGOLD
O juiz pode negar o pedido sob a alegação genérica de que adoção por casais homoafetivos pode gerar proble-
mas psicológicos na criança? NÃO. Este argumento genérico não é acolhido pelos Tribunais Superiores porque
“os diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em fortes bases científicas (realizados
na Universidade de Virgínia, na Universidade de Valência, na Academia Americana de Pediatria), não indicam
qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade
do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga a seus cuidadores”. STJ.
4ª Turma. REsp 889.852/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/04/2010. É possível a adoção de uma
criança por casal homoafetivo. É possível também a adoção unilateral do filho biológico da companheira ho-
moafetiva. Ex: João é filho biológico de Maria. A criança foi fruto de uma inseminação artificial heteróloga com
doador desconhecido. Maria mantém união estável homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor. STJ.
3ª Turma. REsp 1281093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/12/2012.
iii) Apuração do ato infracional atribuído a adolescente. Oitiva informal. Internação provisória. A
Resolução 369/2021 CNJ. Videoconferência. Resolução 330 CNJ. Aplicação de medida socioeducativa.
Da remissão. Dos Recursos. Execução de Medidas socioeducativas. Regressão. Substituição. Detração.
Extinção.
2ª parte do NFPSS.
Já abordado acima.
v) Crimes e infrações administrativas. Lei 13.431 de 4 de abril de 2017 - sistema de garantia de direitos
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Decreto 9.603/2018. O desaparecimento
de crianças: Lei 13812. Leis estaduais RJ nº: 7.860, 8.052, 8.547, 9167, 9.182.
Já abordado acima.
PONTO V
Já abordado acima.
ii) Política de atendimento. Linhas de ação e política de atendimento. Políticas sociais básicas - Políticas e
programas de assistência social – Serviços de prevenção e atendimento – Proteção jurídica e social. A Lei
8.472. A Lei RJ 7.966. O Direito humano a alimentação adequada, a lei 11.346. O direito à saúde: parto,
pré natal, imunização. O programa nacional de imunização. As leis 6.259 e 8.080. A Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Criança.
Já abordado acima.
iii) Ato infracional. Medidas socioeducativas. Da competência para executar a medida socioeducativa (lei
12.594/2012, Resolução 165 do CNJ). Dos princípios que regem a execução da medida socioeducativa.
Da unificação das medidas. Do direito a visita. Do direito a saúde na execução da medida. A Política
Nacional Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei – PNAISARI. Do plano individual
de atendimento. Da extinção das medidas socioeducativas. Prescrição. A apuração de irregularidade em
entidade de atendimento. A Resolução CONANDA 119/2006. Regimento Interno do Departamento Geral
de Ações Socioeducativas: Decreto RJ Nº 46.525 de 2018.
2ª parte do NFPSS.
iv) Conselho Tutelar – definição, atribuições, competência, escolha dos conselheiros e impedimentos.
Conselho Tutelar e Medidas de proteção. Acolhimento institucional. Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais e as Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes.
Apuração de irregularidade em entidade de atendimento. A Resolução CONANDA 170. Os Conselhos
de Direitos e seu papel. A Lei 8.242 e o Decreto 9.579. O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente. A Lei RJ 1697.
Já abordado acima.
Já abordado acima.