Tecnologia de Alimentos
Tecnologia de Alimentos
Tecnologia de Alimentos
Material Teórico
Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Embalagem e Rotulagem
de Alimentos
• Embalagem;
• Migração de Constituintes das Embalagens para os Alimentos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar os conceitos básicos relacionados aos diferentes tipos de embalagens que podem
ser utilizados em alimentos e suas principais funções.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Embalagem
A embalagem de alimentos vai muito além do design, pois cada tipo de alimento
tem necessidades específicas no que diz respeito à sua armazenagem, conservação
e transporte. É fundamental compreender as variáveis para desenvolver o modelo
ideal de embalagens para alimentos. A escolha do material, a sua destinação, as
dimensões e as funcionalidades aplicadas são fatores que devem ser levados em
consideração, além de segurança e tempo de prateleira do produto.
Conservação
A embalagem deve manter a qualidade e a segurança do produto, prolongando
sua vida útil e minimizando as perdas do produto por deterioração. Para isso, ela
deve controlar fatores como a umidade, o oxigênio, a luz e ser uma barreira aos
micro-organismos presentes na atmosfera envolvente, impedindo o seu desenvol-
vimento no produto. A embalagem deve também ser constituída por materiais e
substâncias que não migrem para o produto em quantidades que possam por em
risco a segurança dos consumidores ou alterar as características organolépticas
do produto. A embalagem faz, muitas vezes, parte integrante do processo de pre-
paração e conservação dos alimentos. Ela é concebida e adaptada a uma certa
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tecnologia para a qual é completamente indispensável, desempenhando assim um
papel ativo, como no processamento térmico, no acondicionamento asséptico e na
atmosfera modificada.
• Processamento térmico: as embalagens devem ser herméticas, resistir a tem-
peratura e permitir as variações no volume do produto durante o processo,
sem perigo de deformação permanente e sem promover a recontaminação
pós-processo.
• Acondicionamento asséptico: o produto é esterilizado separadamente e
introduzido assepticamente numa embalagem também estéril. A embalagem
deve ser adequada ao processo de esterilização e permitir o enchimento do
produto processado e ao fechamento em condições perfeitamente assépticas,
mantendo a integridade e hermeticidade do material e das soldas.
• Embalagem em atmosfera modificada: consiste no acondicionamento em
uma atmosfera gasosa, em que se emprega normalmente uma mistura de oxi-
gênio, dióxido de carbono e nitrogênio ou, em alguns casos, apenas nitrogênio
como gás inerte. Na maioria dos produtos, a conservação é também feita sob
refrigeração. Esta tecnologia de processamento requer máquinas de acondicio-
namento eficientes e materiais de embalagem com permeabilidade seletiva e
controlada que permitem manter na atmosfera gasosa da embalagem os seus
gases em proporções constantes ou dentro de determinados limites, não obs-
tante, o metabolismo ativo dos produtos embalados.
• Classificação das embalagens:
» Quanto à estrutura dos materiais
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Terciária ou de transporte -
Contém embalagem primária e
Remetente
secundária e é normalmente
utilizada para realizar o transporte
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• Possibilidade de combinação com papel ou plástico (laminados);
• Reciclável;
• Custos elevados de produção.
Plástico
• Leve;
• Inquebrável;
• Resistência mecânica e térmica relativa;
• Barreira e inércia relativa;
• Não reutilizável;
• Reciclável;
• Possibilidade de combinação com papel e alumínio ou outros plásticos.
Vidro
• Inerte;
• Transparente com possibilidade de se tornar colorido;
• Elevada resistência a compressão vertical;
• Elevada barreira;
• Várias formas e tamanhos;
• Quebrável;
• Elevado peso;
• Possibilidade de fechamento entre utilizações;
• Reutilizável e reciclável.
Papel
• Várias espessuras e formatos;
• Combinação com vários materiais para formar produtos laminados ou revestidos;
• Baixa resistência mecânica;
• Baixa barreira;
• Falta de inércia;
• Resistente à baixas temperaturas;
• Boa impressão;
• Baixo peso;
• Reciclável.
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Embalagem a vácuo
A remoção do ar ao redor dos produtos inibe o crescimento de bactérias e fungos
porque estes e outros microrganismos precisam de oxigênio para seu desenvolvi
mento. Na medida em que a maior parte do ar é retirada e a embalagem é selada, os
níveis de oxigênio continuam a diminuir, ao passo que os níveis de dióxido de carbono
passam a crescer. O ambiente rico em dióxido de carbono e pobre em oxigênio reduz
significativamente o crescimento desses micro-organismos, permitindo uma extensão
da vida útil dos alimentos, basicamente para estender a vida útil de qualquer produto
fresco perecível por 3 a 5 vezes ao seu tempo normal de vida quando refrigerado.
Ao embalar os seus produtos a vácuo, irá obter diversas vantagens, tais como:
• evita perda de peso (na carne a perda é de 2% a 30%);
• evita perda de sabor do produto;
• evita perda da qualidade;
• evita perda das proteínas que cada produto oferece;
• evita perda de várias vitaminas;
• proporciona maior durabilidade (até 10 vezes maior, dependendo do produto);
• proporciona maior higiene;
• proporciona maior praticidade, proteção e qualidade do produto.
Ceras e parafinas
Resolução nº 122, de 19 de junho de 2001. Aprova o Regulamento Técnico
sobre Ceras e Parafinas em Contato com Alimentos.
Embalagens celulósicas
Resolução – RDC nº 88, de 29 de junho de 2016. Aprova o regulamento
técnico sobre materiais, embalagens e equipamentos celulósicos destinados a
entrar em contato com alimentos e dá outras providências.
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Resolução – RDC nº 89, de 29 de junho de 2016. Aprova o regulamento técnico
sobre materiais celulósicos para cocção e filtração a quente e dá outras providências.
Embalagens elastoméricas
Resolução nº 123, de 19 de junho de 2001. Aprova o Regulamento Técnico
sobre Embalagens e Equipamentos Elastoméricos em Contato com Alimentos.
Embalagens metálicas
Lei nº 9.832, de 14 de setembro de 1999. Proíbe o uso industrial de embala-
gens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de
gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados.
Embalagens plásticas
Portaria nº 987, de 8 de dezembro de 1998 (*). Aprova o Regulamento Téc-
nico para embalagens descartáveis de polietileno tereftalato – PET – multicamada
destinadas ao acondicionamento de bebidas não alcóolicas carbonatadas.
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Você sabia que a embalagem que tem contato direto com o alimento é chamada de
embalagem primária?
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Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), (BRASIL, 2001,
p. 2), define-se a embalagem para alimentos como um “invólucro, recipiente ou
qualquer forma de acondicionamento, removível ou não, destinada a cobrir, em-
pacotar, envasar, proteger ou manter, especificamente ou não”, matérias-primas,
produtos semielaborados ou produtos acabados.
Funções da embalagem:
• proteger o alimento/bebida contra a contaminação ou perda;
• facilitar e assegurar o transporte;
• facilitar a distribuição do alimento/bebida;
• identificar o fabricante e o padrão de qualidade de cada produto;
• atrair a atenção do consumidor e instruir o consumidor no uso do produto.
Figura 2
Fonte: Divulgação
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Figura 3
Fonte: packagingdesignarchive.org
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• Qualidade e novas tecnologias
Esse aspecto é relativo à segurança do alimento em si. Isto é, ela tem a finalidade
de mostrar ao consumidor a confiabilidade de uma certa marca assegurando que
o alimento é de qualidade e que o consumo não irá causar nenhum dano à saúde.
• Sustentabilidade e ética
Por fim, temos a pauta da sustentabilidade. Com o prejuízo que o planeta está
vivendo, devido a anos de intensa exploração de recursos, as empresas estão cada
vez mais adequando suas linhas de produção para evitar desperdícios, otimizar e
reutilizar os processos. É a famosa representação da frase “Doing more using less”.
Tabela 1
Fatores da influência do mercado Macro tendências Tendências em destaque
Facilidade de abertura
Refechamento
Simplicidade de uso
Fatores demográficos
Preservação de componentes e princípios ativos
Crescimento da população
Facilidade de descarte
Mudanças na estrutura etária Conveniência e
Visibilidade
Bônus demográfico Simplicidade
Preparo de micro-ondas
Mudanças na estrutura familiar
Consumo on-the-go e portabilidade
Urbanização
Interatividade
Simplicidade e facilidade de informação
Porcionamento
Premiumização
Fatores econômicos e políticos
Packaging renovation
Crescimento da economia brasileira
Estética e Identidade Pleasure experience
Políticas de desenvolvimento econômico
Life-style packaging
Políticas de Inclusão social
Identificação pessoal
Renda e Consumo Embalagens ativas
Crescimento do mercado de luxo Qualidade e Novas Embalagens inteligentes
Ascensão social e consolidação da nova classe média Tecnologias Nanotecnologia
Potencial do segmento Bottom of the Pyramid Biopolímeros
Fatores educacionais e culturais
Otimização do sistema de produto/embalagem
Nível Educacional
Doing More with Less
Crescimento dos consumidores LOHAS – Lifestyles Sustentabilidade
Reúso & Reciclagem
of Health and Sustainability e Ética
Gerenciamento de Resíduos & Logística Reserva
Crescimento dos e-cosumidores
Credibilidade e Ética
Mudanças de comportamento das novas gerações
Fatores relacionados ao meio ambiente Confiabilidade e Segurança
Diretrizes e acordos internacionais Segurança e Legislação e Conformidade
Mudanças climáticas Assuntos Relatórios Certificação e Sistemas de gerenciamento de
Legislação sobre resíduos sólidos segurança de processo
Fonte: https://bit.ly/2Uv1DtX
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Rotulagem
A rotulagem dos alimentos embalados é obrigatória e está regulamentada pela
legislação brasileira através de órgãos como o Ministério da Saúde por meio da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Agricultura e o Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
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A rotulagem dos produtos seguem as regras para rotulagem obrigatória dos
alimentos embalados na ausência do cliente. Como regra geral, nas embalagens
dos alimentos deve existir: Rotulagem Geral; Rotulagem Nutricional; Alegações
(“Claims”): Informações nutricionais complementares.
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Figura 4
Fonte: stinpan.org.br
Painel
Principal
Alimento
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Lista de ingredientes
Ingredientes são as substâncias que entram na composição do alimento com
a função de nutrir. Devem ser descritos na lista após a denominação “Ingredien-
tes:” ou “ingr.:”, em ordem decrescente, da respectiva proporção. Como exceções
estão os alimentos com um único ingrediente, tais como, açúcar, farinha, erva-
-mate, vinho etc. Caso ocorram ingredientes compostos no produto, estes devem
constar na lista, entre parênteses, estando seus ingredientes em ordem decres-
cente de proporção.
A água deve ser declarada na lista de Ingredientes, exceto a água e outros com-
ponentes voláteis que se evaporem durante a fabricação. Salmouras, xaropes, cal-
das, molhos ou outros similares devem ser declarados como tais, não sendo neces-
sário declarar a água utilizada na sua formulação.
Prazo de validade
O prazo de validade deve ser declarado por meio de uma das seguintes expressões:
• “consumir antes de...”;
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Conteúdo líquido
• Deverá ser expresso por massa, por uma das seguintes expressões: “Conteúdo
Líquido”, “Cont. Líquido” ou “Peso Líquido”.
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Identificação da origem
Itens necessários para compor a identificação de origem de um alimento no rótulo:
• Nome (razão social) do fabricante ou produtor ou fracionador ou titular (pro-
prietário) da marca; do importador, no caso de alimentos importados;
• Endereço completo;
• País de origem e município;
• Número de registro ou código de identificação do estabelecimento fabricante
junto ao órgão competente;
• Para expressar declarar o país de origem podem ser utilizadas as expressões:
“fabricado em...”, “produto ...” ou “indústria ...”.
Identificação do lote
A declaração da identificação do lote no rótulo é obrigatória e possibilita a ras-
treabilidade da fabricação do produto. Para a sua declaração são apresentadas as
seguintes alternativas: pode-se utilizar um código chave que deve estar à disposição
da autoridade competente e constar da documentação comercial quando ocorrer
o intercâmbio entre os países; ou a data de fabricação, embalagem ou de prazo de
validade, dia e o mês, ou o mês e o ano, nesta ordem.
Rotulagem facultativa
Parte da rotulagem é facultativa, podendo constar informações desde que não
contrariem ao disposto na rotulagem obrigatória. Pode constar qualquer informa-
ção ou representação gráfica, sempre que não estejam em contradição com os
requisitos obrigatórios. Denominação de Qualidade é somente utilizada quando de
um regulamento técnico específico, devendo ser facilmente compreensíveis e de
forma alguma levar o consumidor a equívocos ou enganos.
Declaração de glúten
Os produtos contendo ou não alimentos como o trigo, aveia, centeio, malte,
cevada e seus derivados deverá constar no rótulo as inscrições “contém Glúten” ou
“não contém Glúten”, conforme o caso, em caracteres com destaque, nítidos e de
fácil leitura, conforme a Lei 10.064, de 16 de maio de 2003.
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Figura 6
Fonte: cfn.org.br
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No entanto, em 21/05/2018, a Diretoria Colegiada da ANVISA aprovou um
mecanismo de consulta para coleta de dados e informações, Tomada Pública de
Subsídios (TPS) , aberto ao público, sobre o Relatório Preliminar de Análise de
Impacto Regulatório (AIR), que contêm propostas para as novas rotulagens dos ali-
mentos – feitas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), CAISAN
(Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional), setor produtivo de
alimentos, ANVISA e FUNED (Fundação Ezequiel Dias).
Figura 7
Fonte: cfn.org.br
Figura 8
Fonte: Divulgação
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UNIDADE Embalagem e Rotulagem de Alimentos
Figura 9
Fonte: abir.org.br
Propostas de mudanças:
• Mudanças na tabela nutricional: fixar em 100 g ou 100 mL, para as infor-
mações da tabela para produtos do mesmo tipo, facilitando ao consumidor
compará-las. Além disso, também haverá a exclusão da quantidade de gordu-
ras trans, inclusão da quantidade de açúcares adicionados e utilização de notas
de rodapé que informem quais VD% são considerados altos ou baixos.
• Mudanças na rotulagem frontal: se tornaria obrigatória a utilização de rotula-
gem frontal, complementando a tabela nutricional. Existem 5 modelos propos-
tos, entre eles o uso de sinais, como o semáforo, para produtos de alto, médio e
baixo risco. Também o uso de triângulos ou octógonos pretos para ingredientes
nocivos à saúde. Além disso, também um informativo de alto teor de açúcares
adicionados, gorduras saturadas e sódio de forma simples e bem explícita.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Rotulagem nutricional: TPS aponta necessidade de mudança
Discussão pelo conselho federal de nutrição, sobre a rotulagem nutricional e suas
mudanças.
https://bit.ly/2FTqJcv
Anvisa aprova relatório inicial que propõe mudanças na rotulagem de alimentos
https://bit.ly/2Knrwbp
As embalagens dos alimentos são seguras para a saúde?
Impacto da embalagem nos alimentos.
https://bit.ly/2IeYvf4
Contaminantes Voláteis Provenientes de Embalagens Plásticas: Desenvolvimento e Validação de Métodos Analíticos
Artigo que aborda sobre a importância sobre os contaminantes em embalagens plásticas.
https://bit.ly/2OR7uEC
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Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA, Resolução
n. 17, de 17 de março de 2008. Dispõe sobre regulamento técnico sobre lista
positiva de aditivos para materiais plásticos destinados à elaboração de embalagens
e equipamentos em contato com alimentos, Diário Oficial União, Brasília, 2008.
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