Curso Gestão Escolar
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Curso Gestão Escolar
GESTÃO ESCOLAR
MÓDULO I
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
PARA REFLETIR
Como podemos pensar no ato de gestão em nosso cotidiano?
Como você se relaciona com outras pessoas?
Como se dão as suas decisões no dia a dia com a família, com os aspectos
financeiro-econômico, com o seu trabalho e com os seus objetivos pessoais e
profissionais?
PARA REFLETIR
Para você, o que seria uma boa gestão escolar?
Quais os impactos de uma gestão escolar bem direcionada?
A gestão das instituições escolares nas mais diversas experiências
educacionais em nosso país, sempre foi pautada em práticas democráticas e
participativas como as que conhecemos na contemporaneidade?
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Tomando por base essas questões, percebemos que há necessidade de uma
discussão acerca do que se concebia sobre estar à frente dos processos
gerenciais das instituições escolares. Visto que os estudos sobre essa temática
até a Primeira República consistiam em apenas “memórias, relatórios e
descrições de caráter subjetivo, normativo, assistemático e legalista”
(SANDER, 2007a, p. 21).
O autor destaca o caráter jurídico dos escritos do período colonial até o início
do século XX, e esses registros foram influenciados pelo direito romano e pela
execução das práticas curriculares sedimentadas, homogeneizantes. Assim,
para atender a essa demanda fechada em si mesma, a administração escolar
seguia as regras da manutenção da ordem e direcionava suas ações ao
alcance do progresso. Podemos afirmar que ela se dava em um modelo
reducionista de condução das práticas de administração escolar.
Diante de tudo isso, você deve estar se perguntando… como então, as ideias
contemporâneas da gestão escolar se incorporaram em nosso cotidiano?
PARA REFLETIR
Será que essas práticas de administração e gestão estavam sempre bem
definidas para todos que faziam parte desse processo educacional?
Você já ouviu falar sobre o movimento escolanovista?
O que você sabe sobre as ideias da Escola Nova, apresentadas ao país por
Anísio Teixeira, Lourenço Filho e outros intelectuais no início do século XX?
Vale ressaltar nesse processo, também a luta dos movimentos populares para
o alcance desses objetivos, implicando na reorganização dos currículos
escolares, na formação dos professores e, principalmente, na abordagem e no
surgimento da Gestão Democrática.
As ideologias se refizeram no sentido de formação de cidadãos autônomos,
críticos, reflexivos, que atendessem às novas organizações culturais, sociais e
econômicas. A exemplo, o modelo toyotista foi que demandou as novas
configurações do trabalho, fortalecendo o absenteísmo estatal (saída da força
centralizadora do Estado), flexibilizando os processos de produção. Assim, se
assenta o projeto de qualidade e equidade educacional, tal qual como
concebemos, a partir desse breve percurso histórico.
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PARA REFLETIR
Para você, existe diferença entre administração escolar e gestão escolar?
O que essas expressões têm em comum ou quais são os pontos divergentes
entre elas?
PARA REFLETIR
Você sabe quais são os principais dispositivos jurídicos que regulam e norteiam
a gestão educacional em nosso país? Já ouviu falar em alguma lei que
estabelece o que seja essa gestão escolar?
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Para essa compreensão, recorremos ao que a Constituição Federal de 1988
determina em seu artigo 206. A Carta Magna estabelece que, em todo o nosso
país, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e
o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos da lei federal (CF, 1988).
Cenário 2
O gestor Henrique, considera importante que cada professor de sua equipe
pedagógica busque estreitar os vínculos com as famílias, sem envolver a
gestão da escola. Para Henrique, cada professor deve ter autonomia para
buscar as estratégias e estudar as maneiras de garantir os direitos e o
protagonismo dos estudantes. Henrique é um gestor que procura resolver as
questões administrativas, pois o pedagógico é um trabalho do docente. Além
disso, ele se preocupa com as próximas decisões que deve tomar sozinho para
a condução dos trabalhos na unidade escolar. Para ele, o trabalho de escolha
de ações estratégicas não pode ser compartilhado, pois isso enfraquece sua
autonomia ante ao que ele pensa sobre a gestão escolar.
PARA REFLETIR
Diante desses dois cenários, você consegue perceber os elementos da
administração e da gestão escolar?
Há uma postura única da gestora Maria e do Henrique?
Qual desses cenários seria o mais propício na condução para a efetivação de
uma gestão democrática?
PARA REFLETIR
A princípio, ao ler essas expressões o que vem à mente é que são sinônimas,
não é mesmo?
Então, e você, como definiria uma e outra forma de participação?
Para alcançar esses objetivos, alguns instrumentos são utilizados pela gestão
escolar nos espaços organizacionais educativos.
PARA REFLETIR
Você sabe quais são esses instrumentos?
Já ouviu falar nos organismos colegiados? E no Conselho escolar?
Sabe algo sobre os Grêmios estudantis? Como se constitui um Projeto Político-
Pedagógico?
Essa participação nas ações desenvolvidas pela gestão não pode ocorrer sem
um objetivo ou meramente desconexa com as pluralidades socioculturais
brasileiras. Sabemos que em cada estado, em cada município e até mesmo em
cada instituição formal de educação existem as características inerentes que
requerem desse gestor a observação atenta das necessidades e das
peculiaridades da comunidade atendida. Para compreender melhor essas
questões, vamos conhecer alguns modelos, alguns instrumentos e
mecanismos de gestão que se estabeleceram ao longo das últimas décadas.
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Fórum Nacional de Educação (FNE)
As reivindicações realizadas pelos militantes educacionais, após a Constituição
de 1988, resultaram na criação do Fórum Nacional de Educação (FNE),
definido pelo MEC como "um espaço de interlocução entre a sociedade civil e o
Estado brasileiro". A partir das discussões na Conferência Nacional de
Educação (CONAE) no ano de 2010, foi deliberada a criação desse FNE, e
também do Plano Nacional de Educação (PNE). Vale relembrar que, como
vimos anteriormente, esse Plano também se efetiva como política nacional de
qualidade da aprendizagem e gestão democrática. A conferência oportunizou,
ainda, o debate a partir da temática "Construindo o Sistema Nacional Articulado
de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de
Ação". Dentre outras, uma das atribuições do FNE estabelecida pelo seu
regimento interno é o acompanhamento das ações do PNE.
Percebemos a abertura
para as mais relevantes
discussões das políticas
públicas em âmbito
federal, estadual e municipal por
meio de órgãos e/ou associações que se firmaram após a concepção da
gestão democrática. Como já estudamos anteriormente, nas instituições
formais de educação esse perfil democrático ocorre também mediante
atividades que exigem a participação da comunidade escolar. Vamos conhecer
alguns desses documentos que são de suma importância na condução do
trabalho dos gestores escolares.
Projeto político-pedagógico (PPP)
Você sabia que o projeto político-pedagógico (PPP) representa, para a unidade
escolar, um dispositivo que organiza todo o processo educativo? É nessa
concepção que o PPP traduz a função social da escola, que apresenta em
suas dimensões todo o percurso necessário à garantia das aprendizagens e de
todo o desenvolvimento do processo educativo, por meio da avaliação contínua
das ações preconizadas nesse documento. A par disso, são traçadas as metas,
conectadas aos valores ali determinados, envolvendo um movimento de
criação indentitária inerente a cada unidade escolar. Assim sendo, as ações de
elaboração e implementação do PPP consideram a participação,
descentralização e autonomia previstas em nosso ordenamento jurídico como
princípios da gestão democrática.
Corroborando tais ideias Luckesi (2007, p.15), observa que “Uma escola é o
que são os seus gestores, os seus educadores, os pais dos estudantes, os
estudantes e a comunidade. A cara da escola decorre da ação conjunta de
todos esses elementos”. Assim, o PPP surge com esse intuito de formalizar as
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ideias, as projeções, as aprendizagens e a formação humana ali pretendidas,
em cada realidade cultural, social, econômica e geográfica das escolas. Para
Luck:
Educação, portanto, dada sua complexidade e crescente ampliação, já não é vista como
responsabilidade exclusiva da escola. A própria sociedade, embora muitas vezes não
tenha bem claro de que tipo de educação seus jovens necessitam, já não está mais
indiferente ao que ocorre nos estabelecimentos de ensino. Não apenas exige que a
escola seja competente e demonstre ao público essa competência, com bons resultados
de aprendizagem pelos seus alunos e bom uso de seus recursos, como também começa
a se dispor a contribuir para a realização desse processo, assim como a decidir sobre os
mesmos (LUCK, 2000).
PARA REFLETIR
Você já participou efetivamente da elaboração de um Projeto Político-
Pedagógico?
Caso tenha participado, faça algumas memórias desse momento…
Mas, caso você ainda não tenha participado, mesmo assim considere os
pontos a seguir:
Foi debatido com o grupo sobre a dimensão financeira e seus
desdobramentos?
Como se deu a reflexão sobre evasão escolar, matrículas e permanência na
escola?
Como a dimensão das relações interpessoais foi conduzida no momento das
discussões?
Quanto à dimensão de estrutura física, de materiais e de mobiliários houve
algum aprimoramento e/ou indicação de melhorias?
No tocante ao desenvolvimento das competências socioemocionais, foram
elaboradas discussões no sentido de formação e estreitamento de vínculos
entre os segmentos de pais, estudantes, professores e demais profissionais da
escola?
Grêmio Estudantil
Dentre as conceituações que subjazem às proposições para uma gestão
democrática nas escolas, destacamos a existência de mais um organismo
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colegiado: o grêmio estudantil. Muitas pessoas têm em mente que os grêmios
estudantis se conectam às ideias contemporâneas, mas revelando o contrário,
os estudos de González et al (2009, p.376) afirmam que "A primeira
manifestação estudantil registrada na história brasileira ocorreu em 1.710,
quando estudantes de conventos e colégios religiosos se revoltaram contra os
franceses que haviam invadido o Rio de Janeiro." Para os autores, os grêmios
estudantis são entidades historicamente presentes e atuantes nas discussões
de questões políticas, sociais e econômicas, relativas à formação da realidade
brasileira. É por meio dessa compreensão que Luz (1998) se faz presente ao
dizer que:
É na escola, e no Grêmio, que o jovem, em contato com colegas e professores,
desenvolve o senso crítico e participativo; torna-se responsável por seu próprio
aperfeiçoamento; socializa-se de maneira livre e espontânea; identifica aspirações,
anseios e desejos; compreende que só em conjunto e de maneira organizada conseguirá
atuar numa sociedade democrática (LUZ, 1998, p. 47).
Conselho Escolar
Nas matizes de compreendermos como o conceito de administração escolar,
com a figura centrada no diretor, se diluiu para a atual concepção de gestão
participativa e democrática, outro componente relevante é a formação do
Conselho Escolar. Esse órgão colegiado possui em seu cerne esse modelo de
organização democrática, constituição paritária e participativa dos diversos
segmentos da comunidade escolar, cujos membros são eleitos por seus pares
para um mandato periódico a ser acordado, respeitando sempre o Estatuto da
escola. Assim, a quantidade de membros, o processo eleitoral e demais
encaminhamentos são regidos por regras próprias à unidade escolar.
Nesse sentido, cabe aos conselhos escolares:
deliberar sobre as normas internas e o funcionamento da escola;
participar da elaboração do Projeto Político-Pedagógico;
analisar e aprovar o Calendário Escolar no início de cada ano letivo;
analisar as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da
escola, propondo sugestões;
acompanhar a execução das ações pedagógicas, administrativas e
financeiras da escola e;
mobilizar a comunidade escolar e local para a participação em
atividades em prol da melhoria da qualidade da educação, como prevê a
legislação.
Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=279
Por meio das discussões e reflexões apresentadas nas seções desse módulo,
percebemos que a identificação dos diversos meios de participação dos pais,
estudantes, professores e demais funcionários, bem como dos gestores
educacionais facilita a compreensão dessa política macro de gestão
participativa e democrática. Além disso, conhecer os diversos elementos
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atinentes à essa concepção subsidiará o entendimento do cenário que se
preconiza para a educação brasileira.
Para encerrar…
Esperamos que você tenha compreendido como os conceitos de administração
e gestão escolar surgiram e de quais maneiras eles irradiam um projeto de
sociedade que se deseja construir. Além disso, que tenha percebido como os
dispositivos jurídicos nacionais vigentes nos auxiliam na compreensão dos
principais elementos da gestão democrática, e que os organismos colegiados
apontam novos paradigmas relacionados à construção de meios para alcançar
uma educação pública de qualidade, centrada em um modelo de sociedade
justa, equitativa e plural.
Referências
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MÓDULO II
GESTÃO ESTRATÉGICA
Esperamos que você tenha compreendido os conceitos estruturantes de
administração e da gestão escolar no módulo anterior e ampliado seus
conhecimentos a respeito dos fundamentos jurídicos nacionais dessa temática.
Neste segundo módulo, estudaremos um pouco mais sobre gestão
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educacional, gestão escolar, gestão pedagógica e gestão dos processos de
aprendizagem, com ênfase nas avaliações dentro e fora das instituições.
Assim, o objetivo é que você compreenda como o processo avaliativo pode
favorecer e orientar as políticas públicas educacionais e a tomada de decisões
nas instituições escolares.
Então vamos em frente, primeiro entender a diferença entre esses tipos de
gestão e depois aprofundar um pouco a compreensão a respeito de cada um
deles.