Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Nutri

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 151

Pós-graduação em Musculação, Fisiologia do Exercício e Nutrição Esportiva

MÓDULO:
NUTRIÇÃO PARA GRUPOS ESPECIAIS

ITAJUBÁ, JANEIRO DE 2022


Apresentação Profissional:

➢ Karla Mariana Santos Ferreira

• Nutricionista Graduada pela UFVJM;

• Especialista em Nutrição Clínica, com foco em Atenção Hospitalar,


por meio de Residência Multiprofissional, pelo HE da Faculdade de
Medicina de Itajubá;

• Vice Delegada do CRN9 – Pouso Alegre/MG


NUTRIÇÃO PARA GRUPOS ESPECIAIS:
AULA 1

• Obesidade;

• Hipertensão Arterial e Doenças Cardiovasculares;

• Dislipidemia e Síndrome Metabólica;

• Hipoglicemia, Resistência insulínica e Diabetes;

• Insuficiência Renal Crônica e Aguda;


OBESIDADE
OBESIDADE
- Enfermidade multicausal, que pode ser consequência de diversos
fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e psicológicos,
proporcionando o acúmulo excessivo de energia sob a forma de gordura
no organismo.

• Obesidade exógena: ingestão de calorias maior do que o Gasto Energético Total


(GET);

• Obesidade endógena: ganho de peso associado a distúrbios genéticos ou


endócrino-metabólicos.

- IMC (Índice de Massa Corporal): indicador para diagnóstico nutricional


INDICE DE MASSA CORPORAL:
OBESIDADE
OBESIDADE X NUTRIÇÃO X ATIVIDADE FÍSICA
TRATAMENTO
➢ Acompanhamento Multiprofissional (Médico Endocrinologista x
Nutricionista x Profissional de Educação Física x Psicólogo);

➢ Estratégias Nutricionais individualizadas;

➢ Exercício físico orientado, direcionado e individualizado;

➢Tratamento medicamentoso (quando necessário);

➢ Cirurgia Bariátrica.
ATENÇÃO NUTRICIONAL INCLUI:

➢ Avaliação do estado nutricional, para determinação do diagnóstico nutricional e


das necessidades nutricionais;

➢ Desenvolvimento do plano de ação nutricional;

➢ Implementação da dietoterapia, determinada pelo cálculo da dieta e conteúdo de


macro e micro nutrientes;

➢ Educação nutricional, envolvendo conceitos básicos de saúde e alimentação;

➢ Avaliação da eficiência da intervenção. Estas ações são traçadas para dar


suporte profissional em todos os aspectos relacionados ao cuidado nutricional.
Outros aspectos relacionados que deverão ser
verificados incluem:

• Capacidade física para ingestão de alimentos;


• História dietética anterior ou modificações realizadas;
• Mudanças ponderais recentes;
• Intolerâncias alimentares;
• Possível interação droga-nutriente;
• Presença de transtornos alimentares;
• Outras alterações, como dispepsia, constipação intestinal, etc.
Outros Planos Alimentares:

➢ De baixo valor calórico:


Denomina-se assim o que provém entre 800-1200 kcal ou entre 10 a 19 kcal por
kg de peso desejável. Está indicado se após um período razoável com um plano
moderado não se conseguiu diminuir de peso.
➢ De muito baixo valor calórico:
Denomina-se assim o que provém menos de 800 kcal diárias ou menos de 10
kcal por kg de peso desejável/dia. Está indicado para obesidades graves e
recorrentes, descompensação diabética e outros estados que necessitam rápida
perda de peso. Deve aplicar-se por períodos curtos (3-4 semanas).
Não recomenda-se dietas de menos de 400 kcal/dia, nem o jejum total (menos
de 200 kcal/dia).
➢Dietas não aconselhadas: as que não têm fundamento cientifico nutricional,
como as dietas da moda.
TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
✓ Bupropiona com Naltrexona: Contrave (USA) e no Brasil prescrevendo Bupropiona
(Welbutrim, Bup, Bupium) com Naltrexona (manipulado pq infelizmente não tem a dose
pronta na indústria);

✓ Topiramato (Videmax, Topit, Amato);

✓ Fluoxetina e outros antidepressivos como Sertralina, Desvelafaxina, Fluvoxamina;

✓ Lisdexanfetamina: Venvanse;

✓ Metformina.

✓ Victosa, Saxenda (Liraglutida - meia vida de 12 a 13 horas e em dose única diária)

✓ Ozempic (Semaglutida – análogo de GLP1 - meia vida de 165 horas, possibilitando o uso
semanal do medicamento.)
CIRURGIA BARIÁTRICA

•A cirurgia bariátrica no Brasil, surgiu na década de 70 com os trabalhos do cirurgião Salomão


Chaib (técnicas de derivações jejuno-ileais do tipo Payne -1969).

•Em 1980 Edward Mason, cirurgião americano, considerado um dos pais da cirurgia bariátrica e
um dos fundadores da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – introduziu o
conceito de restrição gástrica, que levou ao desenvolvimento de técnicas como:
• Bypass gástrico;
• Gastroplastia horizontal;
• Gastroplastia vertical com anel de polipropileno.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - SBCBM
INDICAÇÃO:

Através da análise de três critérios:

✓ IMC;

✓ Idade;

✓ Tempo da doença.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - SBCBM


SUPORTE NUTRICIONAL: PRÉ-OPERATÓRIO

OBJETIVO PRINCIPAL:

Perda de 5 a 10% do peso corporal inicial, através de:

✓ Dieta balanceada;

✓ Trabalho de reeducação e orientação nutricionais;

✓ Suplementação vitamínica e proteica adequadas.


Desafios

❑Exercício Ilegal da profissão de Nutricionista;

❑Mídias Sociais;

❑Estamos a serviço da Saúde ou da Mera Imposição de Padrão?

❑Terrorismo Nutricional;

❑Suplemento ou Alimento?

❑Dieta ou Mudança de Comportamento Alimentar?


FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO

HIPERTENSÃO ARTERIAL

DISLIPIDEMIA

ATEROSCLEROSE
HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA):
➢ Condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis
pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg;

➢ Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou


estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de
risco (FR), como: dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e
diabetes melito (DM);

➢ Dados norte-americanos de 2015 revelaram que HA estava presente em 69%


dos pacientes com primeiro episódio de IAM, 77% de AVE, 75% com IC e 60%
com DAP.5 A HA é responsável por 45% das mortes cardíacas e 51% das mortes
decorrentes de AVE.
Fonte: SBH
HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA):
➢ No Brasil, a HA atinge:
✓ 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos;
✓ mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por
doença cardiovascular (DCV).
➢Junto com o DM, suas complicações (cardíacas, renais e AVE) têm impacto
elevado na perda da produtividade do trabalho e da renda familiar, estimada
em US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015;
➢ Em 2013 ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%)
decorrentes de DCV, a principal causa de morte no país;
➢ A hipertensão está presente em 5% dos 70 milhões de crianças e
adolescentes no Brasil.
➢ São 3,5 milhões de crianças e adolescentes que precisam de tratamento.
Fonte: SBH
PRÉ-HIPERTENSÃO ARTERIAL:

❑ É uma condição caracterizada por PA sistólica (PAS) entre 121 e 139


e/ou PA diastólica (PAD) entre 81 e 89 mmHg;

❑ A prevalência mundial variou de 21% a 37,7% em estudos de base


populacional.

Fonte: SBH
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO:

Fonte: SBH
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
DISLIPIDESMIAS
LIPÍDEOS CIRCULANTES:
• Do ponto de vista fisiológico e clínico, os lipídeos biologicamente mais relevantes são os:
fosfolipídeos, o colesterol, os triacilgliceróis (TG) e os ácidos graxos.

✓ Os fosfolipídes formam a estrutura básica das membranas celulares.


✓ O colesterol atua como precursores hormonais esteróides, dos ácidos biliares e da
vitamina D
• Constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo;

• Fazem parte das membranas celulares, influenciando na fluidez e no estado de ativação de


enzimas ligadas as membranas;

• Formam um isolamento para permitir a condução de impulso nervoso ou para prevenir a


perda de calor.
Os lipídeos circulantes incluem:

❖Colesterol livre ou não esterificado;


❖Esterificado com ácidos graxos de cadeia longa;
❖Triacilgliceróis;
❖Fosfolipídios (fosfatidilcolina, esfingomielina, fosfatidilserina fosfatidilinositol);
❖Vitaminas lipossolúveis;
❖Ácidos graxos livres;

➢ A homeostase do colesterol corporal é controlada por uma interação da


absorção, síntese, estocagem e excreção. Quando esse equilíbrio é perturbado
é refletido nos níveis séricos de colesterol.
• Devido sua natureza hidrofóbica, os
lipídeos, após sua absorção são
transportados no plasma pelas
lipoproteínas - partículas formadas
por uma capa hidrofílica constituída
por fosfolipídios, colesterol livre e
proteínas, envolvendo um núcleo
hidrofóbico que contém triacilgliceróis
e colesterol esterificado
CLASSIFICAÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS:

❑ QUILOMÍCRONS:

• São de origem intestinal, ricos em triacilgliceróis;


• São as maiores partículas e de menor densidade.

❑ VLDL – Very Low Density Lipoprotein:

• Origem hepática, rica em triacilgliceróis, embora com concentração


menor que os quilomícrons, e densidade um pouco maior.
CLASSIFICAÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS:

❑ LDL – Low Density Lipoprotein:

• Derivam o catabolismo das VLDL e IDL. São as maiores carreadoras de


colesterol para os tecidos

❑ HDL – High Density Lipoprotein:


• Lipoproteína de maior densidade e contém menor teor de triacilgliceróis. São
carreadoras do colesterol reverso dos tecidos para o fígado. São
produzidas no fígado ou diretamente na circulação a partir do catabolismo de
quilomícrons, VLDL, IDL
DISLIPIDEMIA:
➢ São alterações dos níveis sanguíneos dos lipídeos circulantes;

➢ Podem receber o nome de hiperlipidemias as quais podem ser


classificadas em hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia;

➢ Podem ser consideradas de acordo com a sua etiologia:


Primárias: quando relacionadas a alterações genéticas e
ambientais.
Secundárias: quando associadas a outras doenças e o
uso de medicamentos.
CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS

• LABORATORIAL: • ETIOLÓGICA:
• Hipercolesterolemia isolada (Elevação isolada do ➢ Dislipidemias primárias
LDL-c (≥ 160 mg/dL)
• Hipertrigliceridemia isolada Elevação isolada dos
➢ Dislipidemias secundárias
TG (≥150 mg/dL)
• Causadas por doenças: DM, obesidade,
• Hiperlipidemia mista Valores aumentados de
hipotireoidismo, doenças renais, hepatopatias
ambos LDL-c (≥ 160 mg/dL) e TG (≥150 mg/dL)
colestáticas crônicas.
• HDL-colesterol baixo (Redução do HDL-c
• Causadas por medicamentos: diuréticos,
(homens <40 mg/Dl e mulheres <50 mg/dL) isolada
betabloqueadores, corticosteróides anabolizantes e
ou em associação com aumento de LDL-C ou de
ciclosporinas.
TG)
• Causadas por hábitos de vida inadequados:
tabagismo, etilismo, e vida sedentária.
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2013
V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2013
SÍNDROME METABÓLICA

• Um conjunto de condições que aumentam o risco de doença


cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes.

• A síndrome metabólica (SM) inclui:


• Hipertensão arterial;
• Hiperglicemia;
• Excesso de gordura visceral;
• Níveis elevados de colesterol.

Mais de 20% da população brasileira tem diagnóstico de SM.


DIAGNÓSTICO:

✓ Circunferência abdominal maior que 88 cm (mulher) e maior 102 cm


(homem);
✓ Triglicerídeos acima de 150 mg/Dl;
✓ HDL colesterol abaixo de 50 mg/dL na mulher e abaixo de 40 mg/dL
no homem;
✓ Pressão arterial acima de 130 x 85 mmHg;
✓ Glicemia de jejum maior 100 mg/dl.
TRATAMENTO:

• Mudança no estilo de vida do paciente (hábitos alimentares e atividade


física).
• Dieta hipossódica e hipolipídica;
• Calorias calculadas de acordo com a faixa etária e gasto energético
individual;
• Atividade física adequada à faixa etária e ao condicionamento físico
individual;
• Redução no uso de bebida alcoólica e do cigarro;
• O tratamento medicamentoso deverá ser indicado sempre que não houver
resultado satisfatório com as medidas de mudança do estilo de vida.
DOENÇA RENAL
✓ Os rins filtram em torno de 100-125ml/min = 144 litros/dia (1 a 2
litros de urina)
FUNÇÕES
DOS RINS
Principais funções dos rins:
• Manutenção do:
• volume de líquido;
• da osmolaridade;
• das concentrações de eletrólitos e do estado acidobásico no organismo
(variação na excreção urinária de água e íons, como o sódio, potássio,
cloreto, cálcio, magnésio e o fósforo).

• Excreção de produtos finais do metabolismo, como: ureia, ácido


úrico, os fosfatos e os sulfatos;

• Excreção de substâncias como drogas e medicamentos;


Principais funções dos rins:
• Produção e secreção de hormônios e enzimas que atuam na:

• Regulação hemodinâmica sistêmica e renal (renina, angiotensina II,


Prostaglandinas e bradicinina);

• Maturação de hemácias na medula óssea (eritropoetina);

• Regulação do balanço de cálcio e fósforo, bem como do metabolismo


ósseo (forma mais ativa da vitamina D produzida nas células túbulo
proximais);
Principais funções dos rins:

• Regulação da pressão arterial e da glicose no sangue;

• Degradação e catabolismo de hormônios (insulina, glucagon,


PTH, hormônio do crescimento);

• Regulação de processos metabólicos (gliconeogênese,


metabolismo lipídico);
Principais funções dos rins:
• O pH fisiológico do organismo é 7,4, 90% dos íons bicarbonato
são reabsorvidos nos rins (no túbulo contorcido proximal),
doenças renais impedem a correta reabsorção e isto está
ligado a acidose metabólica em paciente renais.

• Os rins trabalham com até 25% de néfrons remanescentes!!!


Doenças Renais:
As manifestações da doença renal são significativas. Elas podem ser ordenadas pela
extensão da gravidade:

1- Síndrome Nefrótica;
2- Síndrome Nefrítica (Glomerulonefrite Aguda);
3- Defeitos Tubulares;
4- Nefrolitíase;
5- Insuficiência Renal Aguda (IRA)
6- Insuficiência Renal Crônica (DRC)
7- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET)

◦ As metas do cuidado nutricional dependem do distúrbio que está sendo tratado!!


INSUFICIÊNCIA
RENAL AGUDA
Definição
• É uma síndrome caracterizada pela deterioração rápida (horas
ou dias) da função renal;
• Refere‐se principalmente à diminuição do ritmo de filtração
glomerular, porém ocorrem também disfunções no controle do
equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico;
• Podem ocorrer alterações hormonais, como a deficiência de
eritropoetina e de vitamina D;
• Há uma acúmulo de produtos do catabolismo nitrogenado,
como a ureia e creatinina na corrente sanguínea.
Estatísticas
• Estima‐se que 5% dos pacientes hospitalizados e 30% dos
pacientes internados em UTI desenvolvem IRA (normalmente
pelo uso de medicamentos);
• A duração é variável, de alguns dias a várias semanas;
• A incidência de IRA aumenta com a idade, sendo 3,5 vezes
maior nos pacientes acima de 70 anos;
• A prevalência de IRA varia de acordo com os valores de
creatinina utilizados no diagnóstico em cada estudo e tem
importante impacto na mortalidade.
Etiologia
Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal, sem
comprometer a integridade do parênquima, cerca de 55%;

Renal: doenças que afetam diretamente o parênquima renal,


cerca de 40%;

Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato urinário,


cerca de 5%.
Sinais e sintomas de IRA
• Os principais sinais e sintomas da IRA são oligúria, azotemia e
uremia

Oligúria: débito urinário < 500ml/dia;

Azotemia: acúmulo de metabólitos nitrogenados no sangue,


principalmente creatinina e ácido úrico;

Uremia: mal estar, fraqueza, náuseas, vômitos, sonolência,


desânimo, anorexia, gosto metálico na boca, câimbras, pruridos,
deficiência neurológica;
Recuperação: varia de 2 à 3 semanas

• Fase Oligúrica: início ‐ atenção meticulosa à ingestão de


líquidos, devem ser evitados ao máximo.

• Fase diurética: excreção de Na = natriurese – recuperação,


reposição da perda de líquidos.
Alterações Metabólicas
✓ Gasto energético: 8% do gasto energético do corpo é no rim,
na paciente com IRA isso é reduzido;
✓ Metabolismo de Proteínas: hipermetabolismo (desnutrição
calórico-proteica);
✓ Metabolismo de carboidrato: são hiperglicêmicos (stress
fisiológico); Resistência à insulina e gliconeogênese hepática
aumentada;
✓ Metabolismo de lipídeos: triglicerídeos aumentados; colesterol
total e HDL diminuído.
Cuidado Nutricional
OBJETIVOS:

• Recuperação ou manutenção do estado nutricional;


• Corrigir a acidose metabólica e distúrbios hidroeletrolíticos;
• Redução das escorias nitrogenadas;
• Evitar sobrecarga hídrica e piora da hipertensão;
Recomendações Nutricionais
❑ ENERGIA: 30 a 40 calorias / kg peso seco / dia.
- Fator injúria na IRA raramente excede 1,3.
❑ PROTEÍNAS: 0,8 a 1,0 g / Kg e 60% dessas devem ser AVB;
❑ SÓDIO: 20 a 40 mEq / dia na fase oligúrica (dependendo do débito urinário,
edema, diálise e nível de sódio sérico) repor perdas na fase diurética;
❑ FÓSFORO: limitar conforme o necessário;
❑ POTÁSSIO: monitorar os níveis séricos;
❑ Restrição dietética na hipercalemia;
❑ Diálise.
INSUFICIÊNCIA
RENAL CRÔNICA
IRC/DRC
• Nº de pacientes com DRC vem aumentando de forma significativa no
Brasil e no mundo.
• É considerado um problema de saúde pública, 1,4 milhões de brasileiros
apresentam algum grau de disfunção renal.
• O número total de centros ativos de diálise aumentou 37,8%, de 550 em
2002 para 758 em 2017, enquanto o número de pacientes aumentou
159,4% no mesmo período

Esses nº tem aumentado:


✓ Envelhecimento da população
✓ Maior acesso ao tratamento dialítico
IRC/DRC
Fatores de Risco:
✓Diabéticos;
✓Hipertensos;
✓Indivíduos acima de 60 anos;
✓Indivíduos com história familiar de DRC;
✓Indivíduos com Doença Autoimune;
✓Indivíduos com Infecção Sistêmica;
✓Indivíduos expostos a substâncias tóxicas;
✓Indivíduos com redução de massa renal;
✓Alguns casos de Insuficiência Renal Aguda.
Estadiamento
• Estágio 0: sem alterações, mas requer acompanhamento em pacientes
com: diabetes, HAS e com parentes portadores de DRC.

• Estágio 1 e 2: apresentam algum tipo de lesão renal (proteinúria), níveis


plasmáticos de uréia e creatinina ainda normais, só métodos mais
acurados como o clearance de creatinina podem detectar lesão déficit
de função renal.

• Estágio 3: sintomas urêmicos podem estar presentes de maneira discreta,


aumento dos níveis plasmáticos de creatinina
Estadiamento
• Estágio 4: sinais de uremia como HAS, fraqueza mal estar,
sintomas digestivos (anorexia, náusea, vômito, diarreia, hálito
urêmico)

• Estágio 5: perda do controle do meio interno, incompatível com


a vida. Paciente com muitos sintomas, início da terapia
substitutiva.
IRC/DRC
• Definição: síndrome clínica, caracterizada por perda lenta, progressiva e
irreversível das funções renais.

Segundo o guia norte‐americano de nefrologia, caracteriza-se pela presença de


dano renal ou redução das funções renais (TFG <60ml/min) por período igual ou
superior a 3 meses, independente da sua etiologia;

• Há presença de um ritmo de filtração glomerular inferior a 75 ml/min/1,73m², por


três meses seguidos ou mais;
• Presença de sinais de lesão renal (laboratorial, imagens ou histologia renal)
Principais alterações metabólicas
• Expansão do volume extracelular: o volume do fluido
extracelular se mantém próximo ao normal até alguns estágios
da DRC
• O rim ainda consegue aumentar a fração de excreção de sódio no
decorrer da doença;
• Nos estágios finais da DRC essa função é perdida e há aumento da [ ]
sérica de sódio;
• Retenção hídrica;
• Edema;
• Hipervolemia;
• Hipertensão arterial.
Como verificar o
grau de edema
+ = edema somente no tornozelo = acréscimo de 1kg

++ = edema até joelho = acréscimo de 3 a 4kg

+++ = edema até a raiz da coxa = acréscimo de 5 a 6kg

++++ = edema generalizado (anazarca) pernas,


abdome, braços e rosto = acréscimo de
aproximadamente 10 a 12kg
Principais alterações metabólicas
• Acidose metabólica: distúrbio ácido‐básico mais comum.

• Anemia: No rim ocorre a produção de eritropoentina, hormônio


que age na medula e é responsável pela maturação das
hemácias;

✓Anemia;
- Tratamento: uso de eritropoetina recombinante humana + reposição de
ferro endovenoso.

• Doença cardiovascular: é a principal causa de morte na DRC


Principais alterações metabólicas
• Alterações no metabolismo da Insulina: pacientes urêmicos
apresentam resistência a ação da insulina e redução na secreção
pancreática de insulina pelas células pancreáticas.

✓ Costuma aparecer quando pelo menos 50% da função renal está


comprometida

✓ Agrava a medida que a função diminui

✓ Acarreta prejuízos na síntese proteica (perda de massa magra)


Principais alterações metabólicas
• Alterações no perfil lipídico:
➢ Aumento dos triacilgliceróis, colesterol total e LDL‐c redução de HDL‐c

Causas ainda pouco conhecidas:


✓ Resistência à insulina;
✓ Redução da ação da lipase lipoprotéica (aumento da [ ] de triacilglicerol)

• Alterações do TGI: sintomas de uremia dos estágios 4 e 5


✓O quadro pode ser amenizado com redução da ingestão de proteínas
Tratamento
• Compreende duas fases:

Não dialítica = tratamento conservador


Terapia substitutiva = tratamento dialítico

➢ Hemodiálise
➢ Diálise peritoneal
➢Transplante renal
Tratamento conservador
• Compreende os estágios de 1 a 4 da DRC.
➢Objetivo: retardar a progressão da DRC
➢Tratar complicações decorrentes da perda da função renal
➢Preparar o paciente para início da terapia dialítica (Preparo do acesso
vascular e indicação da diálise no momento adequado)
• Envolvimento de uma equipe multidisciplinar: primordial para o sucesso do
tratamento:
• Nefrologista
• Nutricionista
• Enfermeiro
• Psicólogo
• Assistente Social
Avaliação
• Parâmetros séricos a serem avaliados:

✓TFG e Clearence de creatinina (80 a 120 mL/min/1,73²)


✓Ureia
✓Ácido úrico
✓Sódio
✓Potássio
✓Bicarbonato
✓Cálcio
✓Fósforo
✓PTH
✓Perfil lipídico
Potássio
• O aumento das [ ] séricas é mais frequente nos estágios 4 e 5
A hiperpotassemia é multifatorial:
Fatores dietéticos
Redução da função renal
Acidose metabólica
Anti‐hipertensivos inibidores da ECA
Baixa eficiência da diálise
Hipoaldosteronemia
Constipação intestinal
A hiperpotassemia está associada à:
Arritmia cardíaca
Morte súbita
Orientação Nutricional
Frutas, verduras cruas e leguminosas contém muito potássio: durante o preparo descasque o
que for possível, pique, deixe de molho e troque a água pelo menos duas vezes, cozinhe e
escorra o caldo da cocção

Algumas fontes comuns de potássio:


Grãos: feijão, ervilha, grão‐de‐bico, lentilha, soja;
Frutas secas: uva passa, coco ralado, ameixa;
Frutas frescas: banana, maracujá, abacate, mamão, uva, morango, manga, melão, etc.
Verduras: batata, mandioca, folhas verde-escuras, cenoura, tomate, etc.
Oleaginosas: amendoim, nozes, castanhas;
Outros: chocolate, caldo de cana, suco concentrado de frutas, massa de tomate.
Proibida: carambola!!
Fósforo

• Alimentos ricos em Fósforo que


devem ser consumidos com
moderação:

➢ Carne de boi, frango e peixes;


➢ Feijões e leguminosas de um modo
geral;
➢ Ovos, leite derivados;
➢ Doces com leite na composição
Fósforo
• Alimentos ricos em fósforo que não devem ser consumidos:

➢ Miúdos ou vísceras em geral;


➢ Sardinha; Fígado de boi; Lingüiça; Salsicha; Presunto; Mortadela;
Salame;
➢ Coca‐cola e Pepsi‐cola;
➢ Castanhas em geral e amendoim;
➢ Paçoca;
➢ Cerveja.
Diga a seu paciente:

➢ O aumento do fósforo pode:

• Enfraquecer os ossos;
• Causar fraturas;
• Provocar coceiras pelo corpo;
• Causar endurecimento do coração, pulmão e vasos sanguíneos.
• O fósforo no sangue do paciente que faz diálise deve ser mantido
sob controle
• Opção: quelantes de fósforo!!
Sódio e Líquidos
A restrição de sódio:
• Melhora o controle da pressão;
• Reduz a retenção hídrica;
• Melhora o controle do peso;
• Reduz a sede.

A restrição hídrica:
• É mais comum para pacientes em
hemodiálise, na diálise peritoneal só
em casos de retenção ou edemas
clínicos.
Tratamento
Dialítico
➢ Diálise:
Processo físico‐químico pelo qual
duas soluções separadas por uma
membrana semipermeável,
influenciam na composição uma da
outra

• Funções: depuração de solutos,


remoção do excesso de líquido
corpóreo, manutenção do
equilíbrio ácido‐básico. Exceto
funções endócrinas
Suporte Nutricional
• Importante na vigência de DEP

➢ Indicado nas seguintes situações:

✓Redução da ingestão alimentar e orientação nutricional não for capaz de


normalizar;
✓Especialmente para idosos;
✓Hipercatabolismo;
✓Quadro inflamatório ou infeccioso;
✓Pacientes em hemodiálise com IMC <20kg/m².
Suporte Nutricional
➢ A 1ª opção deve ser suplementação oral;
➢ Se não houver melhora ou problemas de deglutição: Nutrição
enteral noturna
➢ É recomendado o uso de fórmulas especiais para DRC
➢ Aumentar a energia e a proteína com menor quantidade de P e K;
➢ Suplementação diária por 3 meses pode reverter o quadro;
➢A suplementação durante as sessões de diálise podem garantir a
adesão;
➢ Se a enteral não resolver, ou não for possível, nutrição Parenteral
Também pode ser feita durante a sessão de diálise
Orientação Nutricional
❑ Explicar a razão das modificações alimentares e fazê‐las aos poucos;
❑ Envolver a família, principalmente quem compra e prepara os alimentos;
❑ Respeitar as preferências e hábitos alimentares do paciente;
❑ Não fazer restrições desnecessárias;
❑ Fornecer a lista de substituições adequada;
❑ Fornecer receitas baratas e de fácil preparo;
❑ Utilizar modelos de alimentos e medicas caseira para orientação e
verificação da adesão à dieta;
❑ Fazer consultas regulares;
Transplante renal
➢ Envolve a implantação cirúrgica de um rim de um
doador vivo ou falecido.

➢ Quando ocorre o dano renal irreversível e a taxa


de filtração glomerular diminui para
aproximadamente 10ml/minuto, o paciente tem
duas opções: a diálise crônica ou o transplante;

➢ O transplante possui várias vantagens sobre a


diálise, mas por várias razões, esse tratamento
não é possível para a maioria dos pacientes antes
de passarem algum tempo em tratamento
dialítico.
Transplante renal
❖ É comum os pacientes e a equipe médica verem o transplante
como uma maneira de escapar das restrições alimentares impostas
pelo tratamento para IRC;
❖ Dessa forma pouca atenção é dada aos aspectos nutricionais do
transplantado;
❖ O transplantado não é isento de problemas e riscos nutricionais;
❖ O paciente transplantado é considerado no estágio 3 da DRC;
❖ Aumenta a sobrevida do paciente, mas a sobrevida do paciente e
do enxerto tende a diminuir ao longo dos anos.
Importante
• A avaliação e a educação nutricional são de grande importância em todas
as fases, inclusive no pré-transplante renal.
A avaliação nutricional deve ser frequente, bem como o aconselhamento a
fim de prevenir ou tratar:
• Obesidade ou ganho de peso, principalmente, durante o primeiro
• ano pós‐transplante.
• DEP
• HAS
• Dislipidemias
• Diabetes
• Controle de minerais
Importante

As intervenções nutricionais repetidas são necessárias para


facilitar a melhora dos hábitos alimentares e o desenvolvimento
da disciplina para um estilo de vida mais saudável e para
melhorar as desordens metabólicas induzidas ou influenciadas
pela dieta!!
MUITO OBRIGADA!!

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,


qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim!!”
Chico Xavier

Karla Ferreira (CRN9 14432)


Instagram: @karlaferreiranutri
E-mail: karla_dtna@yahoo.com.br

Você também pode gostar