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Operacoes Aritmeticas 2021

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AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS

FUNDAMENTAIS
Suas implicações na expansão dos conjuntos numéricos e
os números racionais não negativos

Heliete Martins Castilho Moreno

Cuiabá-MT
2021

Apoio: Projeto UFMT Popular


Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário

Esta obra está licenciada com


uma Licença Creative Commons
Atribuição 4.0 Internacional
Ministro da Educação
Milton Ribeiro

Reitor da UFMT
Evandro Aparecido Soares da Silva

Vice-Reitora
Rosaline Rocha Lunardi

Secretário de Tecnologia Educacional


Alexandre Martins dos Anjos

Coordenador Geral do UFMT Popular


Alexandre Martins dos Anjos

Diretor do Instituto de Educação


Tatiane Lebre Dias

Produção Gráfica
Secretaria de Tecnologia Educacional - SETEC/UFMT

Diagramação
Fiama Bamberg

Apoio: Projeto UFMT Popular


AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS
FUNDAMENTAIS
SUAS IMPLICAÇÕES NA EXPANSÃO DOS CONJUNTOS NUMÉRICOS E
OS NÚMEROS RACIONAIS NÃO NEGATIVOS

Heliete Martins Castilho Moreno

OBJETIVOS DO CURSO
Apresentar ao leitor quais são as operações aritméticas diretas e inversas, relacionan-
do-as com a expansão dos conjuntos numéricos hoje estruturados, bem como os respec-
tivos algoritmos. Apresentaremos também – embora de maneira muito sucinta - frações e
decimais no conjunto dos números reais não negativos.

CONTEÚDO
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................................4

UNIDADE 1 - AS OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS..................................................................................5

UNIDADE 2 - OS ALGORITMOS DAS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS.........................................17

UNIDADE 3 - OS NÚMEROS RACIONAIS NÃO NEGATIVOS: FRAÇÕES E DÍZIMAS....29

FINALIZANDO:.............................................................................................................................................................50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..........................................................................................................................51

GABARITO DAS ATIVIDADES.............................................................................................................................53

QUEM SOU EU..............................................................................................................................................................54

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 3


APRESENTAÇÃO

Este curso de Aritmética é composto por três unidades. Na Unidade 1, apresentamos


as operações aritméticas e suas ideias básicas na resolução de problemas aritméticos,
levando o leitor à compreensão da expansão dos conjuntos numéricos.

Na Unidade 2, apresentamos os algoritmos usuais das operações aritméticas (adição,


subtração, multiplicação e divisão) e alguns não usuais, de forma que você perceba que
alguém criou cada um dos algoritmos que aprendemos na escola, mas que poderiam ser
diferentes. O fato que queremos mostrar é que cada um de nós, tendo a compreensão
do Sistema de Numeração e do significado das diferentes operações aritméticas, poderia
criar seu próprio algoritmo.

Na Unidade 3, apresentamos os números racionais não negativos, em forma de fra-


ções e dízimas.

A matemática está presente nas atividades diárias de todo indivíduo, desde a mais ten-
ra idade e, assim, uma das funções da escola é preparar matematicamente seus alunos
para se adaptarem à sociedade em que estão inseridos. Por diversas razões, nem sempre
a escola dá conta dessa formação para a vida. Talvez uma das razões seja o fato de que,
de acordo com Thompson (apud D’AMBRÓSIO, 1993), a maioria dos indivíduos conside-
ra que a matemática é uma disciplina que se utiliza de procedimentos infalíveis para obter
resultados precisos. Sendo assim, definem conteúdos e os apresentam prontos e acaba-
dos, sem espaço para a criatividade, conjecturas e refutações. A força com que esta ideia
vem dirigindo o ensino de matemática é a da dinâmica gerada por uma visão absolutista
da matemática: os alunos devem acumular conhecimentos.

Outros educadores matemáticos têm ressaltado a importância da interação social na


gênese do conhecimento matemático, enfatizando que o processo humano e criativo de
geração de novas ideias é que faz a matemática evoluir. Aguardo vocês nos Cursos de
Geometria!

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 4


UNIDADE 1 - AS OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS

A expansão dos conjuntos numéricos surge a partir


das possibilidades e impossibilidades das operações
aritméticas no conjunto dos números naturais.

Podemos perceber que o Conjunto dos Números Na-


turais, representado atualmente por N = {0, 1, 2, 3, ...}, foi
o primeiro a surgir cronologicamente e que, a partir dele,
outros se seguiram.

A parte da matemática que estuda as propriedades dos números e suas opera-


ções chamamos de Aritmética, que vem da palavra grega aritmos, que significa

número.

VOCÊ JÁ PENSOU NO QUE SIGNIFICA “OPERAÇÃO”?


De acordo com Marília Centurión (2002), realizamos uma operação toda vez que agi-
mos sobre os objetos e realizamos neles alguma transformação. Durante nosso desen-
volvimento, adquirimos habilidades que nos permitem fazer e desfazer ações mentais.
Assim, podemos dizer que as operações aritméticas são ações que realizamos com nú-
meros para transformá-los em outros números.

As Operações Aritméticas Fundamentais são: adição, subtração, multiplicação e divi-


são, mas juntaremos a elas outras três: potenciação, radiciação e logaritmação.

Podemos classificar as operações aritméticas em diretas e inversas. As operações di-


retas possuem a propriedade de transformar determinada situação inicial em outra e as
operações inversas têm a propriedade de desfazer as operações diretas e voltar à situa-
ção inicial.

Podemos, então, classificar as operações aritméticas conforme o quadro a seguir:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 5


Quadro 1 – Classificação das operações aritméticas

Graus Operações diretas Operações inversas


1° Adição Subtração
2° Multiplicação Divisão
Radiciação
3° Potenciação
Logaritmação

Ao longo de minha vida profissional, por diversas vezes, ouvi depoimentos de pro-
fessores dos anos iniciais do ensino fundamental que diziam não entender como uma
criança consegue acertar todas as “continhas” e não consegue diferenciar quando um
determinado problema se resolve com continha de “mais”, de “menos”, de “vezes” ou de
“dividir”.

Assim, julgo importante que os professores trabalhem em sala de aula com situações
diversas que utilizem as operações aritméticas. Tão importante quanto conhecer o que
significam as operações aritméticas é conhecer as diversas ideias básicas que podem ser
expressas por elas, pois isso é o que nos ajudará a resolver e propor problemas diversos.

1.1 AS OPERAÇÕES DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

O significado de adição é a ação de adicionar ou de acrescentar alguma coisa.


No senso comum, podemos dizer “juntar”, “somar”, “incrementar” etc.

O significado de subtração é a ação de encontrar a quantidade pela qual um valor


excede o outro, ou a ação de diminuir.

Matematicamente, a adição no conjunto dos números naturais é conceituada assim:

Sejam a e b dois números naturais. Definimos adição dos números a e b a operação


que permite obter, a partir desses, um outro número c, quando:

• Juntamos as duas quantidades dadas, ou;

• Acrescentamos uma das quantidades à outra.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 6


a
Representações: Na forma horizontal a + b =c ou na forma vertical +b
c

Nomenclatura dos termos:

Observação

Ao fazer referência aos dois termos ao mesmo tempo: adicionando e adicionador, po-
demos dizer parcelas.

A operação de adição admite uma inversa: a subtração.

Matematicamente, a subtração no conjunto dos números naturais é conceituada as-


sim:

Sejam a e b dois números naturais, com a ≥ b (a maior ou igual a b). Definimos subtra-
ção entre os números a e b a operação que permite obter, a partir desses, um outro nú-
mero c, obtido quando:

• Retiramos a quantidade b da quantidade a, ou;

• Quando procuramos, por exemplo, o número c que completará o número b para


obter o número a.

• Comparamos as quantidades a e b, para encontrarmos a diferença entre elas.

a
Representações: Na forma horizontal a − b =c ou na forma vertical −b
c

Nomenclatura dos termos:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 7


1.1.1 IDEIAS BÁSICAS DA ADIÇÃO

• Juntar quantidades análogas. Exemplo: Júlia tem três bonecas na estante e duas
enfeitando a cama. Quantas bonecas Júlia tem?

• Juntar quantidades que devem ser classificadas numa categoria mais geral.
Exemplo: Quantas flores existem em um vaso com três cravos e duas rosas?

• Acrescentar uma quantidade à outra já existente. Por exemplo: Tenho três bo-
necas na estante. Se eu ganhar outras duas de aniversário, com quantas bonecas eu
ficarei?

• Somar valores negativos (restaurar). Por exemplo: Saí de casa para fazer com-
pras. Gastei R$ 13,00 na padaria e R$ 37,00 na farmácia. Quanto gastei ao todo?

Cada ideia básica utiliza um tipo de raciocínio diferente da criança. A situação da soma
de valores negativos é a que exige maior capacidade de elaboração do pensamento.

1.1.2 IDEIAS BÁSICAS DA SUBTRAÇÃO

• Retirar ou ideia subtrativa. Por exemplo: José tinha dez balas e deu três para
João. Com quantas balas ficou?

• Completar ou ideia aditiva. Por exemplo: Numa página de álbum, caberiam cinco
figurinhas. Eu já tenho duas delas. Quantas faltam para completar a página?

• Comparar. Por exemplo: Beatriz tem onze anos e Breno tem cinco. Quantos anos
Beatriz tem a mais que Breno?

As três situações têm diferentes níveis de exigência de raciocínio, sendo a busca do


complemento a mais difícil para a criança.

Agora vejamos o seguinte:

No Conjunto dos Números Naturais, é sempre possível realizar a operação de adição?


Vamos considerar que “ser possível” significa encontrar como resultado um número na-
tural. Então, pare um pouco a leitura e pense sobre a questão:

Para quaisquer dois números naturais, a soma deles é um número natural?

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 8


Se a resposta for positiva, dizemos que o Conjunto dos números naturais é fechado
em relação à adição ou que o conjunto dos números naturais goza da propriedade de
fechamento em relação à adição.

Pensou? Conseguiu chegar à conclusão que o conjunto dos Números Naturais é fe-
chado em relação à adição? É isso mesmo, você concluiu corretamente seu pensamento.

Agora, reflita sobre a questão:

Para quaisquer dois números naturais, a diferença entre eles é um número na-
tural?

Perceba que, no conceito matemático da subtração apresentado acima, há uma res-


trição para se realizar a - b, e essa restrição é a ≥ b , ou seja, se propusemos fazer 2 – 5,
que número natural obteremos? Certamente não obteremos um número natural! Que nú-
mero seria esse?

Com a impossibilidade da subtração no Conjunto dos Números Naturais (2 - 5, por


exemplo, não é um número natural) surgem os números negativos e, assim, o Conjunto
dos Números Naturais expande-se e surge o Conjunto dos Números Inteiros, re-
presentado por:

Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...}.

Durante o processo de criação dos diversos sistemas de numeração, surge o zero que,
hoje, integra todos os conjuntos numéricos estruturados, com exceção dos Irracionais
que apresentaremos mais adiante.

1.2 AS OPERAÇÕES DE MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO


O significado de multiplicação, na aritmética, é operar dois números para, por fim,
somar um deles tantas vezes quantas forem as unidades do outro.

Para ficar mais claro o significado da multiplicação, assista, no vídeo abaixo, o


item Introdução à Multiplicação:

https://pt.khanacademy.org/math/arithmetic-home/multiply-divide

Matematicamente, a multiplicação, no conjunto dos números naturais, é conceitua-


da assim:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 9


Sejam a e b dois números naturais. Definimos multiplicação entre os números a e b a
operação que permite obter, a partir desses, um outro número c, obtido quando:

• Somamos o número b, a vezes: b


+ b + b
+ b + ... +
a vezes
b
, ou;

• Combinamos cada elemento de um conjunto com a objetos com cada elemento


do outro conjunto de b objetos.

• Precisamos saber o “número de cruzamentos”.


b
Representações: Na forma horizontal a × b =c ou na forma vertical ×a
c

Nomenclatura dos termos:

Observação

Ao fazer referência aos dois termos ao mesmo tempo: multiplicando e multiplicador,


podemos dizer fatores.

A operação de multiplicação admite uma inversa: a divisão.

Matematicamente, a divisão, no conjunto dos números naturais, é conceituada assim:

Sejam a e b dois números, com b ≠ 0 . Definimos divisão do número a pelo número


b a operação que permite obter a partir desses um outro número c, obtido quando:

• Distribuímos a quantidade a para b objetos ou pessoas, ou;

• Queremos saber quantas vezes b cabe dentro de a.

Para ficar mais claro o significado da divisão, assista, no vídeo abaixo, o item:
O conceito de Divisão: https://pt.khanacademy.org/math/arithmetic- home/mul-
tiply-divide

Muitas vezes a divisão não é exata, ou seja, distribuímos a quantidade a para b objetos
ou pessoas e ainda sobram elementos. A sobra é chamada de resto da divisão.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 10


Observação

Assim como a multiplicação pode ser interpretada como adição de parcelas iguais, a
divisão pode ser interpretada como subtrações sucessivas do mesmo valor. A quantida-
de de vezes que subtrairmos esse valor será o resultado a divisão. Por exemplo:
12 ÷ 3

Podemos fazer:
12 − 3= 9, 9 − 3= 6, 6 − 3= 3, 3 − 3= 0 . Fizemos 4 subtrações, então 12 ÷ 3 =4 .
r a r
Representações: Na forma horizontal a ÷ b = c + , na forma vertical = c + ou
b b b
ainda na forma de chave:

Nomenclatura dos termos:

É usual encontrarmos as seguintes representações:

D para o dividendo; d para o divisor, q para o quociente e r para o resto. Podemos en-
tão escrever que: D = d × q + r . Se r = 0 , dizemos que a divisão é exata.

1.2.1 IDEIAS BÁSICAS DA MULTIPLICAÇÃO

• Adição de parcelas iguais. Por exemplo: Um edifício de apartamentos tem 5 anda-


res. Em cada andar, há 3 apartamentos. Quantos apartamentos o edifício tem ao todo?

• Ideia combinatória. Por exemplo: Uma padaria oferece quatro tipos de recheios e
dois tipos de pães. Quantos lanches diferentes posso criar sem misturar os recheios?

• “Produto cruzado”. Por exemplo: Quantos cruzamentos há em um bairro com 5


ruas horizontais e 6 avenidas verticais?

O raciocínio multiplicativo para cada situação é totalmente diferente um do outro, mas


igualmente importantes.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 11


Observação

Ao fazer referência aos dois termos ao mesmo tempo: multiplicando e multiplicador,


podemos dizer fatores.

1.2.2 IDEIAS BÁSICAS DA DIVISÃO

• Distribuir. Por exemplo: Vou distribuir igualmente quinze balas entre cinco crian-
ças. Quantas balas cada criança receberá?

• Agrupar. Por exemplo: Quantas caixas com uma dúzia de ovos precisarei para em-
balar 96 ovos?

No caso da divisão, também as situações diferentes exigem raciocínios diferentes.


Agora vejamos o seguinte:

Percebe-se com facilidade que o produto de dois números naturais resulta sempre em
outro número natural, então, podemos dizer que o conjunto dos Números Naturais é fe-
chado em relação à multiplicação, mas reflita sobre a questão:

Para quaisquer dois números naturais, a divisão entre eles é sempre um núme-
ro natural?

Pensou? Qual é o resultado de 2 ÷ 3, por exemplo?

Com a impossibilidade da divisão no conjunto dos números naturais (2 dividido por


3, por exemplo, não é um número natural), aceitam-se os “números quebrados” como
números e cria-se outro conjunto numérico: o Conjunto dos Números Racionais não Ne-
gativos (números não negativos que podem ser escritos na forma de fração) que repre-
a 
sentamos por Q+ =  , onde a, b ∈ N , com b ≠ 0  .
b 
Expande-se também o Conjunto dos Números Racionais não Negativos e o novo con-
junto passa a ser assim:
a 
Q=  , onde a, b ∈ Z e b ≠ 0 , passando a existirem as frações negativas.
b 
Mas, existem “números quebrados” que não podem ser escritos em forma de fração,
a
ou seja, existem números para os quais não existem a, b ∈ N tais que seja esse número.
b

Por exemplo, 2= 1,4142135... não pode ser escrito na forma de fração porque não
a
existem dois números naturais a e b tais que = 2= 1,4142135.... Esses números são
b
chamados de Irracionais não negativos e representados por I+.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 12


Vencida essa impossibilidade, formaliza-se o Conjunto dos Números Reais, represen-
tado por R, como sendo a reunião do Conjunto dos Racionais com os Irracionais.

1.3 AS OPERAÇÕES DE POTENCIAÇÃO, RADICIAÇÃO E


LOGARITMAÇÃO
A potenciação nada mais é do que um produto de fatores iguais.

Por exemplo:

2 x 2 x 2 = 8. A novidade é que se estabeleceu um símbolo para representar este produ-


to: 23 = 8, em que o “3” indica quantas vezes o “2” é multiplicado por ele mesmo.

De maneira geral, potência se define assim: b = an, onde a é o fator que se repete e n é
o número de vezes que o fator se repete. Assim, na potência b = an, a chama-se base e n
chama-se expoente.

Exemplos: 32 = 3 x 3 = 9 e (-3)2= (-3) x (-3) = 9

23 = 2 x 2 x 2 = 8 e (-2)3 = (-2) x (-2) x (-2) = -8

42 = 4 x 4 = 16 e (-4)2 = (-4) x (-4) = 16

A operação de potenciação admite duas inversas: a radiciação e a logaritmação.

1.3.1 A OPERAÇÃO DE RADICIAÇÃO


Conhecidos a potência e o expoente, a operação que determina a base chama-se ra-
diciação e é representada por n b , ou seja,

Se b = a n , então, b , onde n é o índice do radical, b é o radicando e a é a raiz.


n

Exemplos:

Se 9 = a2 , então 2 9 = a , ou seja, a = 3, pois 9 = 3 x 3 = 32, ou a = -3, pois 9 = (-3) × (-3) =


(-3)2;

Se 8 = a 3 , então 3 8 = a , ou seja, a = 2, pois


= 8 x 2 x 2 23
2= .

Se −8 =a 3 , então 3 −8 =a , ou seja, a = -2, pois −8 = ( −2)3


( −2) x ( −2) x ( −2) = .

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 13


1.3.2 A OPERAÇÃO DE LOGARITMAÇÃO
Conhecidas a potência e a base, a operação que determina o expoente chama-se lo-
garitmação e é representada por logab , ou seja,

Se b= an , então, n = logab , onde b é o logaritmando, a é a base e n é o logaritmo.


n = log b ( obtenção do expoente ) ;
a
Resumindo: Em b=an , podemos ter: a = b (obtenção da base )
n

E agora? Qual é a −25 ?

Com a impossibilidade de raízes de índice par de números negativos, amplia-se o cam-


po numérico, criando uma unidade imaginária: i= −1

Assim, −25
= (25) × ( −=
1) 25 × −
=1 5.i .

Cria-se um novo conjunto: o Conjunto dos Números Complexos, representado por


C. Dessa forma, temos estruturados os seguintes conjuntos numéricos:

C = {a + bi, com a, b ε R}: conjunto dos Números Complexos;

R = Q U I: Conjunto dos Números Reais (racionais com os irracionais);

 a 
Q =  b , onde a, b ∈ Z e b ≠ 0 : Conjunto dos Números Racionais;
 
Z = {... , -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ... }: Conjunto dos Números Inteiros;

N = {0, 1, 2, 3, 4 ...} : Conjunto dos Números Naturais.

Cada um desses conjuntos tem suas operações e propriedades com a seguinte rela-
ção entre eles: N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C , podendo ainda representar a relação assim:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 14


Figura 1 – Conjunto numéricos

Apresentados os conjuntos numéricos e suas operações, traremos, na Unidade 2, os


algoritmos das operações aritméticas.

QUESTÕES DE AUTOAVALIAÇÃO
1. Considerando a igualdade: 19 = 3 x 5 + 4 podemos obter uma divisão com:

a) Resto 4 e divisor 3;

b) Resto 4 e divisor 5;

c) Resto 4 e divisor 19;

d) Resto 3 e divisor 5;

e) Resto 5 e divisor 3.

2.Na divisão 3 ÷ 4, com resultado inteiro, qual o quociente q e o resto r da divisão?

a) q = 0 e r = 3;

b) q = 4 e r = 0;

c) q = 0 e r = 4;

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 15


d) q = 3 e r = 4;

e) Não é possível efetuar a divisão.

3. Laura tem 5 saias e 3 blusas. Responda respectivamente as perguntas: De quantas


maneiras diferentes ela pode se vestir com essas peças de roupa? Qual a ideia básica
operatória do problema?

a) 3; combinatória

b) 15; adição de parcelas iguais

c) 12; combinatória

d) 15; combinatória

e) 12; produto cruzado.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 16


UNIDADE 2 - OS ALGORITMOS DAS
OPERAÇÕES ARITMÉTICAS

Gravura em madeira que orna a Margarita Philosophica de Gregorius Reish (Freiburg, 1503):
a Aritmética (simbolizada pela mulher de pé ao centro) parece decidir o debate que opõe
“abacistas” e “algoristas”.
Ela olha na direção do calculador que usa os algarismos arábicos (com os quais sua roupa está
enfeitada) simbolizando assim o triunfo do cálculo moderno na Europa ocidental (IFRAH, 1989,
p. 319).

Algoritmo é um conjunto de regras pré-estabelecidas e sequenciadas neces-


sárias à resolução de um problema ou cálculo.

2.1 OS ALGORISTAS E OS ABACISTAS


Segundo Ifrah (1989), o grande intercâmbio da cultura muçulmana na época das Cru-
zadas (1095 a 1269) permitiu que parte do clero aprendesse calcular com números, sem
utilizar os ábacos. Surgiram, assim, os primeiros “algoristas” europeus que se obrigaram a
adotar o zero, contrariamente aos “abacistas”, no caso de uma unidade em falta.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 17


Cruzadas - Expedições militares dos cristãos, na Idade Média, para recuperar
a Terra Santa.

O movimento entre “abacistas” e “algoristas” se acentuou no início do século XIII, com a


influência do matemático italiano Leonardo de Pisa (1170-1250), conhecido simplesmen-
te como Fibonacci, que, em visita à África muçulmana, aprendeu o sistema numérico dos
árabes além das regras do cálculo algébrico e dos princípios fundamentais da geometria.

Com os novos conhecimentos, Fibonacci escreveu um tratado, curiosamente denomi-


nado de Liber abaci (Tratado do ábaco), que explica todas as regras do cálculo com nú-
meros, tratado esse que veio contribuir grandemente para a difusão e o desenvolvimento
da álgebra.

A partir desse momento, iniciava-se o movimento da democratização do cálculo na


Europa. Esse movimento durou vários séculos, mas mesmo após a vitória dos “algoristas”,
o ábaco continuou a ser utilizado. Ainda no século XVIII, continuavam a conferir no ábaco
os cálculos efetuados por escrito.

Embora a superioridade do cálculo por escrito já era evidente para os cientistas, os


comerciantes, banqueiros, financistas e funcionários não se separaram do ábaco tão fa-
cilmente. Só após a Revolução Francesa, devido ao peso, é que o ábaco foi abolido das
instituições. Nos dias de hoje, as máquinas substituem tanto os ábacos quanto os algorit-
mos para os cálculos, mas nem as máquinas ajudam a assimilar os conceitos e proprieda-
des aritméticas para a solução de problemas cotidianos!

O ensino das operações aritméticas na maioria de nossas escolas fica tão restrito ao
ensino das “continhas” que, no momento em que a criança se vê com um daqueles pro-
blemas tradicionais para resolver, ela pergunta à professora: “Com qual conta eu resolvo?”

Não estamos sugerindo a abolição dos algoritmos, mesmo porque foram e são impor-
tantíssimos, por exemplo, para o desenvolvimento de máquinas de calcular, pois o algo-
ritmo nada mais é que uma rotina que poderá ser maquinizada. O que estamos tentando
mostrar é que existe um exagero no uso de algoritmo a ponto de prejudicar a aprendiza-
gem do que realmente importa das operações aritméticas.

É muito comum, mesmo entre professores, o não conhecimento do porquê de alguns


passos dos algoritmos usuais, como por exemplo: o que é o “vai um”, “emprestou, de-
volve”, ou ainda, porque numa multiplicação por numerais de dois ou mais algarismos, a
partir do 2° algarismo da direita para a esquerda temos que “pular uma casa” para colocar
o resultado.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 18


Como já dissemos, aprender e usar algoritmos é muito importante, mas mais importan-
te ainda é incentivar a criança a descobrir (ou redescobrir) e exprimir algoritmos, conectar
as ideias intuitivas das operações com seus respectivos algoritmos e explicar um algorit-
mo argumentando sobre sua validade.

Identificar a matemática com o “fazer contas” é reduzi-la a um aspecto sem valor for-
mativo, que não exige raciocínio, podendo ser realizada utilizando instrumentos (compu-
tadores e calculadoras). Dizer que a matemática ensina raciocinar pode ser uma falácia!
Cuidado com a matemática que se ensina, pois ela poderá apenas treinar as crianças
para fixar conceitos por tempo determinado: até a avaliação!

Já dissemos que compreender as operações vai muito além do “fazer contas”, exige a
compreensão do significado das mesmas para decidir em que situações elas se aplicam.
A partir de agora, tentaremos justificar porque os algoritmos que utilizamos funcionam
bem na prática. Para isso, é preciso ter compreendido as regras básicas do sistema de
numeração decimal.

2.2 OS ALGORITMOS DAS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS


2.2.1 O ALGORITMO DA ADIÇÃO
Suponhamos que, nos problemas a serem resolvidos, seja preciso realizar as operações:

32 + 46; 127 + 35 ; 276 + 25

• 1° passo: colocar uma parcela embaixo da outra, ordem embaixo de ordem.

• 2° passo: juntar as unidades

As dezenas são transportadas para a “casa” das dezenas

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 19


• 3° passo: juntar as dezenas

As centenas são transportadas para a “casa” das centenas

• 4° passo: juntar as centenas

Se houverem outras ordens, procede-se da mesma forma. Assim, fica claro o “vai um”.

2.2.2 O ALGORITMO DA SUBTRAÇÃO


Suponhamos que, nos problemas a serem resolvidos, seja preciso realizar as operações:

356 - 115; 346 - 239 ; 4.035 - 259

• 1° passo: colocar o subtraendo embaixo do minuendo, ordem embaixo de ordem.

• 2° passo: subtrair as unidades

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 20


• 3° passo: subtrair as dezenas

• 4° passo: subtrair as centenas

• 5° passo: subtrair as unidades de milhar

Atenção!

Antes de iniciar a leitura sobre os algoritmos da multiplicação e divisão, consulte o


site: https://pt.khanacademy.org/math/arithmetic/arith-review-add-subtract

2.2.3 O ALGORITMO DA MULTIPLICAÇÃO


Com o abandono dos numerais romanos e a introdução do sistema de numeração
indo arábico na Europa medieval, após o século XIII, expandiram-se os processos de cál-
culo das operações no papel.

O método da gelosia ou da grade é um desses processos.

Vejamos, por exemplo, como encontrar o produto de 25 por 13 pelo referido método:

• 1° passo: Primeiramente, desenha-se uma grade colocando-se os fatores, 25 e 13


que serão multiplicados, em cima e à direita da grade, conforme a figura 2;

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 21


• 2° passo: Traçam-se linhas em diagonal;

• 3° passo: Fazem-se as multiplicações colocando-se os resultados nos quadrados


de encontro de cada linha com cada coluna;

• 4° passo: Por fim, somam-se os algarismos dentro da grade em diagonal. (cuidado


para não esquecer o “vai um”).

• 5° passo: A leitura do resultado é feita da esquerda para a direita.

Figura 2 - O resultado obtido foi 0325, ou seja: 25 ×13 = 325

Veja outras maneiras interessantes de efetuar multiplicações em:

https://pt.khanacademy.org/math/arithmetic/arith-review-multiply-divide/arith-re-
view-place-value-area-models/v/more-ways-to-think-about-multiplying

O algoritmo da multiplicação utilizado nos dias de hoje nada mais é do que “um resu-
mo” das sequências necessárias de passos para realizar a operação.

Vejamos dois casos:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 22


1°) 6 × 15
Podemos realizar a multiplicação por adições sucessivas:

6 × 15 = 15 + 15 + 15 + 15 + 15 + 15 = 90 , ou pelo algoritmo.

2°) 13  25

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 23


Assim; 13 × 25 = 75 + 250 = 325

2.2.4 O ALGORITMO DA DIVISÃO


Vejamos a divisão: 90 ÷15. Podemos realizar a divisão por subtrações sucessivas. Aten-
ção!

Contando quantos “15” tiramos de 90, podemos verificar que fo-


ram “6”, então o 15 cabe 6 vezes no 90, logo, 90 ÷ 15 .

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 24


Podemos efetuar essas subtrações “mais rapidamente”, tirando o 15 de dois em dois,
como abaixo:

O algoritmo atual de divisão nada mais é do que resumir a quantidade de subtrações,


ou seja, tiramos do dividendo a maior quantidade possível do divisor, assim:

(6 x 15 = 90, tiramos todos os 15 de uma vez só).

Observe bem. Para o algoritmo da multiplicação usual é comum encontrarmos o “Pro-


cesso Longo” e o “Processo Curto”.

O Processo Curto nada mais é do que fazer a subtração mentalmente, sem represen-
tá-la no papel:

Fizemos mentalmente: “seis vezes quinze é 90, subtraído de 90 dá zero”.

Façamos mais uma divisão:

1°) 869 ÷ 5

Na divisão, começamos a “repartir” pela quantidade


da maior classe e ordem. Neste caso, pela centena. Cada
resultado deve ser colocado do lado direito e abaixo da
chave, em sua respectiva ordem e classe.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 25


As perguntas que devemos fazer são:

• 1° passo: “Ao repartir 8 centenas por 5 pessoas, quantas centenas cada uma rece-
berá?” “Sobram centenas? ” Cada pessoa receberá 1C, que multiplicada por 5 resulta
5C ou 500U, que devem ser retiradas de 869. Sobram 3C, 6D e 9U.

• 2° passo: Transforma-se 3C em 30D, juntamos com as dezenas existentes e ficamos


com 36 dezenas para repartir entre 5 pessoas.

• 3° passo: “Ao repartir 36 dezenas por 5 pessoas, quantas dezenas cada uma rece-
berá? ” “Sobram dezenas?”. Cada pessoa receberá 7D, que multiplicadas por 5 resulta
35D ou 350U que devem ser retiradas de 369. Sobram 1D e 9U.

• 4° passo: Transforma-se 1D em 10U, juntamos com as unidades existentes e fica-


mos com 19 unidades para repartir entre 5 pessoas.

• 5° passo: “Ao repartir 19 unidades por 5 pessoas, quantas unidades cada uma re-
ceberá?” “Sobram unidades?”. Cada pessoa receberá 3U, que multiplicadas por 5 re-
sultam 15U que devem ser retiradas de 19. Sobram 4U. Assim, podemos escrever que
869 = 5173 + 4 .

2.2.5 DIFICULDADES DO ALGORITMO DA DIVISÃO


O zero no último algarismo do quociente

Podemos então escrever: 63.042 = 23 2.740 + 22

O zero no meio do numeral que representa o quociente.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 26


Podemos então escrever: 7.017 = 23305+ 2

QUESTÕES AUTOAVALIAÇÃO
1. Nas adições abaixo, substitua as letras pelos algarismos adequados para que a
operação fique correta.

Os algarismos a, b, c, d, e, f, g, h, k são, respectivamente:

a) 9, 8, 7, 6, 6, 7, 8, 9, 4

b) 9, 9, 7, 6, 6, 6, 8, 9, 4

c) 9, 8, 7, 6, 7, 6, 8, 9, 4

d) 9, 8, 6, 6, 6, 6, 8, 9, 4

e) 9, 8, 7, 6, 6, 6, 8, 9, 4.

2. Quais são, respectivamente, o quociente (q) e o resto (r) das divisões 16.838 ÷ 48 e
48.476 ÷ 69?

a) 1) q = 35 e r = 38 e 2) q = 702; r = 38;

b) 1) q = 350; r = 38 e 2) q = 702; r = 38;

c) 1) q = 35 e r = 38 e 2) q = 72; r = 38;

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 27


d) 1) q = 350; r = 38 e 2) q = 72; r = 38;

e) 1) q = 305; r = 38 e 2) q = 702; r = 38.

3. Segue abaixo a população das cinco cidades mais populosas do estado de Mato
Grosso, em 2013:
CIDADE POPULAÇÃO
Cuiabá 580.489
Várzea Grande 268.594
Rondonópolis 215.320
Sinop 129.916
Tangará da Serra 94.289

A - Quantos habitantes Cuiabá tem a mais que Rondonópolis?

B - Em quantos habitantes a população de Cuiabá excede a população de Rondonó-


polis, Sinop e Tangará da Serra juntas?

Os valores de A e B são respectivamente:

a) 365.169 e 140.864;

b) 311.895 e 140.864;

c) 365.169 e 140.964;

d) 311.895 e 140.964;

e) Nenhuma das anteriores.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 28


UNIDADE 3 - OS NÚMEROS RACIONAIS NÃO
NEGATIVOS: FRAÇÕES E DÍZIMAS

3.1 AS FRAÇÕES: CONCEITO, EQUIVALÊNCIA E


OPERAÇÕES
Como já vimos anteriormente, o conjunto dos números racionais positivos é dado por
Q+ =  a , onde a, b ∈ N e b ≠ 0  . Numa fração, ao termo acima do traço denominamos
b 

numerador e ao termo abaixo do traço, denominador.

a
De acordo com Lima e Vila (2003), podemos interpretar , com b ≠ 0 de formas dife-
b
rentes:

• Tomando a partes de uma unidade que foi dividida em b partes iguais. Por exemplo:

A parte alaranjada nos diz que “tomamos”:


6
6 partes de 18 e representamos por ; ou
18
2 partes de 6 e representamos por 2 ; ou ainda
6

1
1 parte de 3 e representamos por ; ou ainda:
3
3 partes de 9 e representamos por 3 .
9

• Como uma forma de representar a divisão de a por b. Por exemplo: Se tenho que
repartir 3 pães entre 5 pessoas, posso dizer que cada pessoa receberá 3 dos pães.
5

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 29


• Como uma forma de graduar retas:

• Para expressar razões: Meu carro gasta 2 litros de álcool em 12 quilômetros que
pode ser representado por 2 .
12

• Para construir estruturas matemáticas, por exemplo: Uma equação do tipo 3x = 2


não tem solução no conjunto dos números naturais, mas tem no conjunto dos núme-
2
ros racionais, pois: x = .
3

3.1.1 EQUIVALÊNCIA
Consideremos unidades como esta

Dividiremos cada unidade em um número par (não nulo) de partes do mesmo tama-
nho e forma, e indicaremos suas metades em amarelo.
Esta unidade foi dividida em 2 partes (meios), e “to-
mada” uma: a amarela, chamada de um meio.

Esta foi dividida em 4 partes (quartos) e “tomadas”


duas - as amarelas -, chamadas de dois quartos.

Esta foi dividida em 6 partes (sextos) e “tomadas” três


- as amarelas -, chamadas de três sextos.

Esta foi dividida em 8 partes (oitavos) e “tomadas”


quatro - as amarelas -, chamadas de quatro oitavos.

Esta foi dividida em 10 partes (décimos) e “tomadas”


5 - as amarelas -, chamadas de cinco décimos.

Esta foi dividida em 12 partes (12 avos) e “tomadas”


seis - as amarelas -, chamadas de seis doze avos.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 30


A palavra avos é um substantivo masculino, derivada de (oit)avo para designar
cada parte em que foi dividida a unidade. É empregada na leitura de frações com
denominador maior que 10. Dela se originou a palavra centavo (cem avos).

Podemos verificar que, em todos os casos, a parte amarela de cada unidade ficou do
mesmo tamanho, embora as unidades tenham sido divididas em número diferente de
partes.
1 2 3 4 5 6
Isto significa que as frações 2 , 4 , 6 , 8 , 10 , 12 , representam o mesmo tamanho na uni-

dade. Dizemos, então, que as frações 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , são equivalentes, ou seja, equi-


2 4 6 8 10 12
valem ao mesmo “pedaço”.
1 2 3 4 5 6
Podemos, então, escrever: = = = = = . Isto significa que se dividirmos
2 4 6 8 10 12

cada numerador pelo seu respectivo denominador, obteremos números iguais, ou seja:
1 2 3 4 5 6 .
= = = = = = 0,5
2 4 6 8 10 12

Veja essas equivalências:


2 4 6 8 2 4 6 8
Complete: = = = = — ou = = = = —
5 10 15 20 3 6 9 12

Descubra a regra que permite obtermos todas as frações equivalentes a uma fração
dada e escreva com suas palavras:______________________________________________
___________________________________________________________________.

Já afirmamos que:
1 4
a) as frações e são equivalentes;
2 8

2 6
b) as frações e são equivalentes;
5 15

2 8
c) as frações e são equivalentes;
3 12

2 6
d) as frações e são equivalentes.
4 12

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 31


Agora, veja o que acontece quando multiplicamos o numerador de uma pelo deno-
minador da outra (multiplicar em cruz):

Os resultados das multiplicações são iguais.

Tem-se aí uma forma de verificar quando duas frações são ou não equivalentes:

As frações a e c (a ≠0 e b ≠ 0) são equivalentes quando ad = bc


b d

Pois bem, você descobriu a regra para obter uma fração que seja equivalente à outra?

Basta multiplicar numerador e denominador por um mesmo número não nulo.

Caso queiramos obter infinitas frações que sejam equivalentes a uma já conhecida,
basta que façamos, para cada fração, as multiplicações pela sequência dos números na-
turais.

O conjunto infinito obtido é chamado de CLASSE DE EQUIVALÊNCIA da fração


dada. Exemplos:
 2   2 4 6 8 10 
1°) Obter a Classe de Equivalência da fração 2 :   =  , , , , ,...
3  3   3 6 9 12 15 

3  3   3 6 9 12 15 18 
2°) Obter a Classe de Equivalência da fração :  4  =  4 , 8 , 12 , 16 , 20 , 24 ...
4    

O conceito de equivalência facilita e explica as operações de adição e subtração de


frações.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 32


OBSERVAÇÃO

Todo número inteiro pode ser representado como uma fração de denominador 1.

O zero pode ser representado por uma fração de numerador zero e qualquer nume-
ral diferente de zero no denominador.
4 35 0 0 0
=4 ;=
35 =; 0 = ; 0 = ; 0
1 1 1 5 123

3.1.2 FRAÇÕES IRREDUTÍVEIS


Da mesma forma que multiplicamos o numerador e o denominador de uma dada fra-
ção por um mesmo número não nulo, para encontrar frações equivalentes podemos divi-
dir o numerador e o denominador da fração pelo mesmo número não nulo para simplifi-
cá-la. A fração obtida será também equivalente à fração dada.

Fazendo todas as simplificações possíveis, obtém-se uma fração que não pode mais
ser simplificada. Esta fração é chamada de Fração Irredutível.
24
Exemplo: Tornar a fração irredutível:
18

24 24 ÷ 2 12 12 ÷ 3 4 . As frações 24 12 4 são semelhantes e a fração 4


= = = = ; e
18 18 ÷ 2 9 9÷3 3 18 9 3 3

é irredutível.

3.1.3 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES


2 1
+
A adição é uma operação de juntar. Assim, para calcular 5 5 , estaremos juntando
dois quintos de um objeto com um quinto do mesmo objeto. Ora, estaremos juntando
“quintos” (pedaços de igual tamanho), mas quantos? Estaremos juntando dois com um
(quintos) e teremos então, três quintos. Veja a representação geométrica:

Quando tivermos que juntar pedaços de tamanhos diferentes (terços com meios), an-
tes precisaremos transformar os pedaços em um único tamanho. Veja a adição: 2 + 1 =
?
3 2

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 33


Teremos que transformar os terços e os meios em outro “pedaço”, sem alterar as fra-
ções, isto é, teremos que procurar frações equivalentes às dadas, com denominadores
iguais. Para isto, basta dividir os terços em meios e os meios em terços:

Agora é só representar simbolicamente (algebricamente) o que foi realizado geometri-


camente: 2 + 1 = 4 + 3 = 7 .
3 2 6 6 6

Mas como fazer algebricamente a adição? É fácil:

As flechas indicam multiplicação entre os termos ligados por elas. As flechas oblíquas
cruzadas sobre um dos sinais + ou – entre as frações nos dizem para efetuar a operação
indicada e colocar o resultado na ponta da flecha.
4 3
De maneira análoga à adição, faremos a subtração de frações: − . Veja a represen-
5 5
tação geométrica:

Quando tivermos que subtrair pedaços de tamanhos diferentes (meios de terços), ou


seja, subtrair frações com denominadores diferentes, antes precisaremos transformar os
2 1
pedaços em um único tamanho. Veja a subtração: − =?
3 2

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 34


Teremos que transformar os terços e os meios em outro “pedaço” sem alterar as fra-
ções, isto é, teremos que procurar frações equivalentes às dadas, com denominadores
iguais. Para isto, basta dividir os terços em meios e os meios em terços:

Agora é só representar simbolicamente o que foi realizado geometricamente:


2 1 4 3 1.
− = − =
3 2 6 6 6

Mas como fazer algebricamente a subtração? É fácil:

Sejam a, b, c e d números naturais, com b≠0 e d≠0.Vejam as regras de adição e subtra-


ção de frações: a c ad + bc a c ad − bc
+ = − =
b d bd b d bd

Considerando o algoritmo que você aprendeu na escola para somar e subtrair


frações, explique porque o processo das flechas dá certo.

3.1.4 MULTIPLICAÇÃO DE FRAÇÕES


Vimos anteriormente que a multiplicação pode ser representada geometricamente
por um retângulo nas dimensões dos fatores. Podemos pensar da mesma maneira para a
multiplicação de frações.
3
Vejamos por exemplo, 1 × 3 (calcular metade de )
2 4 4

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 35


3
Representemos :
4

3
Em seguida, tomemos meio de :
4

1 3 3
de = : as células quadriculadas representam a metade de três quartos, que
2 4 8

passa a ser 3 , logo, 1 × 3 =


3
.
8 2 4 8

2 1
Façamos agora × (obter dois terços de um quarto).
3 4

1
Representemos 4 :

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 36


Em seguida, tomemos dois terços de um quarto. Para isso, dividimos em três partes na
horizontal e representamos dois terços de um quarto.

2 1 2
de = : as células quadriculadas representam dois terços de um quarto,
3 4 12

2 2 1 2
que passa a ser , logo, × = .
12 3 4 12

Se nos atentarmos para os resultados obtidos, podemos obter a regra para a multipli-
cação de frações:

Para multiplicar duas frações, multiplicamos numerador por numerador para


obter o novo numerador e denominador por denominador para obter o novo de-
nominador.

E como fazer algebricamente esta multiplicação? Vejamos:

Sejam a, b, c e d números naturais, com b≠0 e d≠0 . Vejam a regra da multiplicação de


frações: a c a×c .
×
=
b d b×d

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 37


3.1.5 DIVISÃO DE FRAÇÕES
O resultado da divisão a÷b nos responde a questão:
“Quantos b cabem dentro de a?” Na divisão entre frações isto
também é válido. Vejamos os exemplos:
1 1
Exemplo 1. ÷ =? A pergunta é: “Quantos sextos cabem em meio?”
2 6

1 1
Consideremos o inteiro e representemos e :
2 6

Percebe-se perfeitamente que “cabem 3 sextos (pedaços azuis) em meio (pedaço


amarelo)”, logo, 1 ÷ 1 = 3 = 3 .
2 6 1

Exemplo 2. 1 ÷ 1 =
?
6 2

A pergunta é: “Quantos meios cabem em um sexto?”. Tente encontrar a resposta, atra-


vés das perguntas:

• O meio cabe um número inteiro de vezes no um sexto?

• Cabe apenas uma parte?

• Qual parte dele cabe?

Vamos ver que parte do meio cabe no sexto:


1 1
O pedaço amarelo é a terça parte ( ) do pedaço azul ( ) .
3 2

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 38


Como podemos perceber, a terça parte de meio cabe uma vez dentro do um sexto,
assim: 1 ÷ 1 = 1 = 2 .
6 2 3 6
1
Exemplo 3. 3 ÷ ? A pergunta é: “quantos meios cabe em 3 inteiros?
=
2

Podemos perceber que em cada inteiro cabem 2 meios, logo em 3 inteiros cabem 6
meios, assim: 3 ÷ 1 = 3 ÷ 1 = 6 = 6 .
2 1 2 1
2 4
Exemplo 4. ÷ =? A pergunta é: “Quantos quatro quintos cabem em dois terços”?
3 5

Aqui também é bom se guiar pelas perguntas:

• O quatro quintos cabe um número inteiro de vezes no dois terços?

• Cabe apenas uma parte?

• Qual parte dele (do quatro quintos) cabe?

Para verificar quantos quatro quintos cabem em dois terços, neste caso, será preciso
dividir os terços em quintos e os quintos em terços e obter frações equivalentes, ou seja,
para termos pedaços do mesmo tamanho e poder compará-los:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 39


2 10
Agora podemos responder facilmente que em = cabe apenas parte ou pedaço
3 15
10 2 4 10 5
do quatro quintos e que essa parte é . Assim, teremos que ÷ = = .
12 3 5 12 6

Observando os resultados, podemos descobrir a regra para dividir frações, observe:

Sejam a, b, c e d números naturais, com b≠0 e d≠0 .Vejam a regra da divisão de frações:
a c a×d .
÷ =
b d b×c

Apresentaremos agora outra representação dos números racionais.

3.2 AS DÍZIMAS: CONCEITO E OPERAÇÕES


Como já vimos, um número racional (ou fração ordinária) é aquele que pode ser colo-
a
cado na forma , onde a e b são inteiros e b não é zero. Esses números possuem outra
b
representação: as DÍZIMAS.

Numa dízima, a parte à esquerda da vírgula é a parte inteira e a parte à direita


da vírgula é a parte não-inteira.

Assim, em 25,378 temos que 25 é a parte inteira e 378 é a parte não-inteira. A parte
inteira pode ser qualquer número inteiro, inclusive o zero e a parte não-inteira poderá ser

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 40


finita ou infinita.

Vejamos o caso das DÍZIMAS LIMITADAS ou FINITAS (parte não-inteira finita)


1 5 1 25 1 125 1 625
a)= = 0,5 = ; = 0,25= ; = 0,125 = ; = 0,0625
2 10 4 100 8 1000 16 10000

1 2 1 4 1 8 1 16
b)= = 0,2 ;= = 0,04 ; = = 0,008 =
; = 0,0016
5 10 25 100 125 1000 625 10000

1 4
c)=1 5 ; 1
= 0,05=
25
; 1
= 0,025 ;= = 0,004=
125
= 0,0125
20 100 40 1000 250 1000 80 10000

Como pode ser obtida a 2a fração a partir da 1a? Você se lembra da equivalência de
frações?

Basta multiplicar numerador e denominador por um mesmo número, em cada caso.


1 25
No caso de = , para obter a 2a fração, bastou multiplicar o 1 e o 4 por 25.
4 100

Analise os fatores dos denominadores das 1as frações:

Em a) os denominadores têm como fator ou fatores: ___________

Em b) os denominadores têm como fator ou fatores: ___________

Em c) os denominadores têm como fator ou fatores: ___________

CONCLUSÃO

Uma dízima é finita quando o denominador da fração que a gera tem como
fatores 2, 5 ou 2 e 5, ou seja, pode ser transformado adequadamente em potência
de 10 (10, 102, 103, 104,...).

Para transformar uma fração ordinária a , com b≠0, em dízima finita, multiplica-se a
b
k
fração dada por outra fração da forma , com k≠0 , de forma que kb=10n , com n natu-
k

ral não nulo.

Em seguida, escreve-se o numerador e, a partir do último algarismo, conta-se da direita

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 41


para a esquerda tantos algarismos quantos são os zeros do denominador. Terminada a
contagem, acrescente a vírgula. Se necessário, acrescente zeros antes de colocar a vír-
gula.

Verifique a validade da regra observando os itens a, b e c apresentados acima.

Se já temos a dízima, veja como é simples transformá-la em fração ordinária irredutível:


5 1 325 13 125 1 625 1
a) 0,5
= = ; 3,25
= = ; 0,125
= = ; 0,0625
= =
10 2 100 4 1000 8 10000 16

12 6 4 1 0,008 8 1 16 1
b) 1,2
= = ; 0,04
= = ; = = ; 0,0016
= =
10000 625
10 5 100 25 1000 125

5 1 25 1 13004 3.251 125 1


c) 0,05
= = ; 0,025
= = ; 13,004
= = ; 0,0125
= =
100 20 1000 40 1000 250 10000 80

Para transformar uma dízima limitada em fração ordinária, es-


creve-se a dízima sem a vírgula como numerador da fração e,
no denominador, escreve-se 10n , com n igual ao número de
algarismos da parte não inteira. Caso necessário, retire os zeros
à esquerda no numerador.

3.2.1 LEITURA DAS DÍZIMAS LIMITADAS


Como ler 0,7?

Ora, já vimos que 0,7 = 7 . Então estamos falando de “décimos” e lê-se “sete déci-
10
mos”.

Como ler 2,27?

Como 2,27 = 227 , estamos falando de centésimos, então lemos “duzentos e vinte e
100
27
sete centésimos” ou 2,27 =
2 + 0,27 =
2+
100 e lemos “dois inteiros e vinte e sete centé-
simos”.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 42


As dízimas também tem suas ordens e classes:

Quadro
décimos centésimos milésimos milionésimos
décimos centésimos décimos centésimos
milio-
décimos centésimos milésimos de milési- de milési- de milionési- de milionési-
nésimos
mos mos mos mos

3 3 3 3 3 3 3 3
10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000 10.000.000 100.000.000
0,3 0,03 0,003 0,0003 0,00003 0,000003 0,0000003 0,00000003
três dé- três centé- três décimos três centésimos
três déci- três centési- três milési- três milionési-
cimos de simos de de milionési- de milionési-
mos mos mos mos
milésimos milésimos mos mos

3.2.2 ALGORITMOS DAS OPERAÇÕES COM DÍZIMAS LIMITADAS


Apresentaremos os algoritmos das operações com dízimas limitadas com o objetivo
de analisar os passos desses algoritmos, na busca da compreensão dos números racio-
nais e sistema de numeração.

Adição e Subtração
Como você aprendeu fazer a adição 5,23 + 2,34 ? E a subtração 85,57 - 10,24 ? Acre-
dito que tenha sido assim:

1° passo: colocar um número abaixo do outro, de modo que fique vírgula embaixo de
vírgula:

2° passo: adicione ou subtraia como se fossem números naturais, colocando a vírgula


da soma ou diferença embaixo das demais.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 43


Vejamos mais dois casos: 35,7- 2,106 e 27,284 -4,130

Por que vírgula embaixo de vírgula?

Na 1a coluna após a vírgula, o que estamos somando ou subtraindo?

E na 3a coluna? E antes da vírgula?

Multiplicação
Vejamos 2,35 x 1,2 ; 8,4 x 1,5 e 820 x 0,5

1° passo: Armar a conta na vertical e multiplicar como se fossem números naturais.

2° passo: Contar quantas casas decimais tem cada fator e somar as quantidades. A
quantidade obtida será o número de casas decimais no resultado da multiplicação.

2,351,2= 2,820 8,41,5 =12,60 8200,5 = 410,0 = 410

Sabendo que as dízimas são representações de números racionais, explique


o 2° passo, ou seja, explique porque o número de casas decimais do produto é
a soma das quantidades das casas decimais dos fatores.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 44


Divisão
A divisão entre dízimas requer a decisão antecipada da aproximação que se queira, ou
seja, requer que se decida com quantas casas decimais queremos o quociente.

• Se desejarmos que o quociente tenha apenas uma casa decimal, dizemos que a
aproximação é de 0,1 (décimos);

• Se desejarmos que o quociente tenha duas casas decimais, dizemos que a aproxi-
mação é de 0,01 (centésimos);

• Se desejarmos que o quociente tenha três casas decimais, dizemos que a aproxima-
ção é de 0,001 (milésimos); e assim por diante.

Vejamos, então, como efetuar a divisão: 0,58 ÷ 0,4 , com aproximação 0,01 (duas casas
decimais ou centésimos).

1° passo: Colocar na chave e igualar as casas:

2° passo: Dividir como se fossem números naturais (tirando as vírgulas).

3° passo: Como já obtivemos a parte inteira do quociente e queremos o resultado com


aproximação de 0,01 (a = 0,01), acrescentamos 2 (dois) zeros no dividendo para continu-
ar a conta.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 45


O que significa matematicamente o “igualar as casas”?

3.2.3 TRANSFORMAÇÃO DE DÍZIMA ILIMITADA EM FRAÇÃO


Vejamos o caso das DÍZIMAS ILIMITADAS ou DÍZIMAS PERIÓDICAS (parte não in-
teira infinita).

As dízimas ilimitadas podem ser simples ou compostas.

Na Dízima Periódica Simples, a parte não inteira possui um numeral que se repete
infinitas vezes. O numeral que se repete chama-se PERÍODO.

Na Dízima Periódica Composta, a parte não inteira é composta por um numeral que
não se repete (chamado ANTEPERÍODO) seguida de um numeral que se repete infinitas
vezes (denominado PERÍODO).

Em uma dízima ilimitada, indicam-se os algarismos que se repetem utilizando uma


“barra” sobre eles:

0,3333... = 0,3 ; 0,535353... = 0,53 ; 25,34787878... = 25,3478 ; 7,1238888... = 7,1238 .

Os três pontos (...) significam que a parte não-inteira é infinita.

Em resumo, os números racionais podem ser representados por:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 46


De uma forma geral, dado um número racional na forma de fração, podemos transfor-
má-lo facilmente em dízima efetuando a divisão do numerador pelo denominador.

Mas, como podemos transformar uma dízima ilimitada em fração racional?

Consideremos os casos:

1°) d = 0,666..

Como só tem um (1) algarismo no período e nenhum (0) no anteperíodo, multiplica-se


membro a membro por 101+0 e por 100=1 e resolve-se o sistema subtraindo-se as novas
igualdades, membro a membro:

10d = 6,666... 6
 ⇒ 10d − d = 6 ⇒ 9d = 6 ⇒ d =
 d = 0,666... 9

2°) d = 2,353535...

Como temos dois (2) algarismos no período nenhum (0) no ante período, multiplica-
-se a igualdade por 102+0 e 100 e resolve-se o sistema subtraindo-se as novas igualdades,
membro a membro:

100d = 235,353535... 233


 ⇒ 100d − d= 233 ⇒ 99d= 233 ⇒ d=
 d = 2,353535... 99

3°) d = 8,453333...

Como temos um (1) algarismo no período e dois (2) no anteperíodo, multiplica-se


membro a membro por 101+2=103 e também por 102 e resolve-se o sistema subtraindo-se
as novas igualdades, membro a membro:
1000d = 8453,333... 7.608
 ⇒ 900d = 8.453 − 845 ⇒ 900d = 7.608 ⇒ d =
 100d = 845,333... 900

4°) d = 0,124535353...

Como temos dois (2) algarismos no período e três (3) no anteperíodo, multiplica-se
membro a membro por 105 = 2+3 e também por 103 e resolve-se o sistema subtraindo-se as
novas igualdades, membro a membro:

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 47


100.000d = 12453,535353... 12.329
 ⇒ 99.000d =12.453 − 124 ⇒ 99.000d =12.329 ⇒ d =
 1.000d = 124,535353... 99.000

Veja alguns exemplos de números irracionais:

2 = 1,4142135 ... π = 3,1415927... 3 = 1,7320508 ...

Esses números são dízimas? Podemos representá-los na forma racional?


Então, qual a característica dos números irracionais?

QUESTÕES AUTOAVALIAÇÃO
1. Você precisa alugar um carro. As tarifas praticadas por cinco locadoras de veículos A,
B, C, D e E são:

A: R$ 40,00 por dia, mais R$ 0,46 por km rodado;

B: R$ 45,00 por dia, mais R$ 0,35 por km rodado;

C: R$ 38,00 por dia, mais R$ 0,52 por km rodado;

D: R$ 48,00 por dia, mais R$ 0,40 por km rodado;

E: R$ 35,00 por dia, mais R$ 0,45 por km rodado;

Se você rodar 123 km por dia, qual são as agências com melhor preço?

a) A e C;

b) A e E;

c) B e E;

d) D e E;

e) B e C.

2. Ester comprou adubo para preparar a terra e plantar flores no jardim de sua casa nova,
mas o adubo acabou antes que fosse possível preparar todo o jardim, por isso somente
3 do jardim recebeu adubo. As flores não nasceram em apenas 1 da parte do jardim
5 3
que não foi adubado. Qual alternativa representa a fração do jardim na qual as flores nao
nasceram?
3 7
a. 2 ; b. 2 ;
2
c. ; d. ; e.
5 3 15 15 15

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 48


3. Vitor e Arthur vão a um mercadinho que vende uma garrafa de suco de maracujá por
R$ 2,80 e uma caixa lacrada com seis dessas garrafas por R$15,00. Se eles comprarem
23 garrafas desse suco de maracujá para uma confraternização, quanto irão gastar no
mínimo?

a) R$ 57, 20.

b) R$ 59, 00.

c) R$ 60, 80.

d) R$ 62, 60.

e) R$ 64, 40.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 49


FINALIZANDO:
Com a ideia do quanto é importante para o indivíduo entender o uso das operações
aritméticas na resolução de problemas aritméticos, bem como criar seus próprios algorit-
mos, é que propomos esse curso.

Com a compreensão do sistema de numeração decimal apresentado em outro curso


– o de Números e Sistemas de Numeração – disponível em UFMT Online, é possível per-
ceber que os algoritmos das operações aritméticas estão diretamente ligados às carac-
terísticas de tal sistema. Sendo assim, para compreender os algoritmos apresentados ou
criar seus próprios, é imprescindível o estudo do referido curso.

É importante compreender que a solução de problemas matemáticos não depende


exclusivamente de resolver corretamente os algoritmos, mas depende muito mais da es-
colha adequada da operação ou das operações que resolvem o problema. Neste curso,
buscamos também apresentar as frações e os decimais de uma forma mais compreen-
sível e espero que tenhamos conseguido nosso intento. Espero que tenha gostado do
curso e que, com o estudo de seu conteúdo, seus conhecimentos aritméticos se tenham
ampliados.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 50


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Cadernos de exercícios OBMEP. Disponível em: <https://matematica.obmep.org.br>.
Acesso em 10 dez. 2017.

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1998.

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Artmed, 2009.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 52


GABARITO DAS ATIVIDADES
Unidades ATIVIDADES ALTERNATIVA CORRETA
1 b
Unidade I 2 a
3 d
1 e
2 b
Unidade II
3 c

1 c
Unidade III 2 c
3 b

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 53


QUEM SOU EU
Sem muita certeza da profissão a exercer, cursei Licenciatura
Plena em Matemática na Faculdade de Ciências e Letras de São
José do Rio Preto - SP, hoje Campus da UNESP, de 1971 a 1974.
Fiz uma especialização na PUC-SP e duas na UFMT na área de
Educação Matemática. Fui professora do Departamento de Mate-
mática do Instituto de Ciências Exatas e da Terra –ICET/UFMT, de
1979 a 2003, quando me aposentei.

Durante esses anos, dediquei-me, de alguma forma, à formação de professores. Essa


dedicação se deu ao ministrar disciplinas nas licenciaturas da UFMT e participando em
programas e/ou projetos com outras instituições educacionais. Hoje tenho certeza que
ser professora era a profissão apropriada para mim.

Ao preparar os cursos de matemática para a formação de docentes na Licenciatura


em Matemática e na Pedagogia, senti necessidade de refletir muito detalhadamente os
conceitos, algoritmos e propriedades de Aritmética. Essa reflexão conduziu à tomada de
decisões para a elaboração dos textos que apresento nesse curso.

Venho acompanhando as atividades do Núcleo de Educação Aberta e a Distância -


NEAD/UFMT - desde 1992, com pequenas interrupções. De setembro de 1997 até de-
zembro de 1999, atuei como docente especialista em matemática no Curso de Licencia-
tura Plena em Educação Básica de 1a a 4a séries na modalidade a distância oferecido pela
UFMT/IE/NEAD, como projeto piloto, no município de Colíder - MT.

Durante a orientação, em matemática, aos Orientadores Acadêmicos de Colíder, me


encantei tanto com as interfaces possíveis para o trabalho docente na educação a dis-
tância que passei a coordenar o curso em um dos polos pedagógicos de Mato Grosso,
trabalho que continuo a desenvolver com muito amor.

Em 2007 tive a oportunidade de produzir o fascículo 1 de matemática para o Curso


de Pedagogia para a Educação Infantil do Consórcio PRÓ-FORMAR. Em 2010, um novo
desafio: produzir ou adaptar o material para o mesmo curso, mas na versão online, para a
Universidade Aberta do Brasil – UAB 1.

Assim, por meio deste curso, espero poder também contribuir na sua formação mate-
mática.

AS OPERAÇÕES ARITMÉTICAS FUNDAMENTAIS 54


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Apoio: Projeto UFMT Popular

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