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Aulas de Processo Do Trabalho

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AULAS DE PROCESSO DO TRABALHO

PROF. JONHSON MEIRA 2007.1

AULA 01 – 27/02/2007

Até 1999, vigorava a composição paritária da Justiça do Trabalho. Havia


representantes da JT, representantes do trabalhador e representantes do empregador
(chamados de “social”). Eram denominadas Juntas de Conciliação. Essa composição
prevalecia em todos os níveis. Essa alteração foi promovida pela EC 24/1999.

A Justiça do Trabalho, no início, era um órgão administrativo, mas suas decisões


podiam ser executadas judicialmente (juntas de conciliação e julgamento). Em 1941, a JT
se transformou em órgão com função jurisdicional, mas se mantinha como parte do Poder
Executivo. Só passou a compor o Poder Judiciário com a CF de 1946.

A JT, desde o período administrativo, teve composição paritária, o que quer dizer
que ela era composta em número igual de representantes de empregados e empregadores,
além do juiz. Era composta pelas Juntas de Conciliação e Julgamento (1ª instância), os
Tribunais Regionais do Trabalho (2ª instância) e o Tribunal Superior do Trabalho (3ª
instância). Hoje, após a EC 24/99, é composta por juízes do trabalho como órgãos da 1ª
instância ao invés da Junta; tendo sido extinta a representação classista e a composição
paritária.

AULA 02 – 06/03/2007

ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Era uma organização paritária até 1999. Passou a ser composta pela Vara do Trabalho
(1ª instância), Tribunais Regionais do Trabalho (2ª instância) e o Tribunal Superior do
Trabalho (3ª instância).
Até 1946, fazia parte do Ministério do Trabalho, integrando, por conseguinte, a
administração pública.

A Vara do Trabalho é composta por um Juiz Titular e outro Substituto (se ingressa na
magistratura como substituto) – art. 116, CF. Todas as normas da magistratura federal se
aplicam, pois a JT é também uma justiça federal (da União), só que especializada em
matéria trabalhista – art. 659, CLT.

O juiz só pode exercer uma única função de professor, já o Procurador do Trabalho


(membro do Ministério Público do Trabalho) não tem essa restrição. Ingressa-se, na
magistratura, após 3 anos de experiência jurídica e de bacharel (art. 93, I/CF).

A Vara tem uma Secretaria e não um cartório (como é na justiça comum). Esta tem as
mesmas funções do cartório. O Diretor da Secretaria (equivalente a escrivão da justiça
comum) deveria comparecer às audiências, mas isso não ocorre na prática. Tem oficial de
justiça-avaliador, pois ele também avalia os bens a serem penhorados. Rodas as Varas
deveriam ter uma sessão de contabilidade, mas não é assim.

A Vara é um órgão de 1ª instância. Na JT, não há entrâncias, ou seja, todas as varas


têm o mesmo grau de importância e hierarquia. A competência é definida pela lei. Cada
Cara tem jurisdição de, normalmente, 100 km de extensão. Quando uma cidade não está
sob a jurisdição de uma Vara do Trabalho, o juiz de direito exerce as funções de juiz do
trabalho (se torna órgão da justiça do trabalho para todos os efeitos, exceto disciplinares).

O TRT é o órgão de 2ª instância. O Brasil é dividido em Regiões; cada Estado tem


jurisdição, mas nem todos têm Tribunal (Tocantins – inscrito no do Distrito Federal, 10ª) e
alguns têm mais de um Tribunal (São Paulo – 2ª e 15ª região) – art. 112, CF e art. 674,
CLT. A Bahia é a 5ª Região.

O TRT-Ba tem 29 Desembargadores. Os órgãos dela são: tribunal pleno (só podem
deliberar com a presença do presidente do tribunal e a metade mais um dos
desembargadores), tribunal especial, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Seções
Especializadas em Dissídios Individuais (1 e 2) e em Turmas (são 6, cada uma com 6
Desembargadores – correspondem às Câmaras da Justiça comum estadual).

A expressão Desembargadores não advém da lei, e sim da prática (está no


regimento interno, mas não CF). A expressão correta seria juiz do trabalho do tribunal ou
de 2ª instância.

O TRT é composto por: 4/5 de juízes titulares das Varas, que são promovidos por
antiguidade e merecimento, e 1/5 de procuradores e advogados. O TRT criou um órgão de
conciliação de 2ª instância.

A Procuradoria vota em uma lista sêxtupla. Depois, o tribunal reduz a lista a tríplice e
a envia para o Presidente escolher um. O procurador não é escolhido por antiguidade e
merecimento, pois se entende que ele não está sendo promovido, mas sim mudando de
função. O procurador deve ter 10 anos na função. A OAB local faz a mesma coisa, com as
devidas correções.

O TST é um órgão de 3ª instância, tem sede em Brasília e jurisdição nacional. Tem 27


Ministros (art. 111-A). É dividido em: tribunal pleno (é exigida a presença de, no mínimo,
11 Ministros – os que forem convocados para o pleno não participam das sessões solenes,
ordinárias ou extraordinárias), seção administrativa, seção de dissídios coletivos (SDC),
seção de dissídios individuais (SDI – se divide em subseção I e II) e turmas.

O TST é composto por: 4/5 de juízes oriundos dos TRTs e 1/5 da advocacia e
procuradoria (mesma coisa que no TRT, mas o escolhido pelo Presidente deve ser aprovado
pelo Senado – sabatina). Não há direito à promoção a ministro do TST (não faz parte da
carreira – acaba no TRT), ou seja, a escolha não é por antiguidade e merecimento. Quem
entrar pelo quinto constitucional no TRT não pode ir para o TST (dentro dos 4/5 da
magistratura), só os juízes de carreira.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Antes da EC 45, a competência se limitava a, quase exclusivamente, relações entre


empregados e empregador (relações de emprego, portanto). A competência da JT é definia
quanto à matéria e ao território.

OBS: Fontes do Direito Processual Trabalhista: Constituição, Leis Ordinárias (CLT),


decretos e portarias, jurisprudência (não há consenso se é ou não), costumes (art. 8º, CLT)
e regimento interno dos tribunais.

Competência: limite ao poder de julgar dos juízes.

Dissídio coletivo: envolve a categoria profissional, lutando por direitos abstratos (em geral,
melhoria salarial).

Dissídio individual: envolve pessoas específicas (ainda que sejam muitas – não é a
quantidade de pessoas que define, mas a possibilidade de identificar cada postulante),
lutando por direitos concretos (não satisfeitos – ex: salários não pagos, INSS).

A competência da Justiça do Trabalho está prevista no art. 114 da CF:


Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Alterado pela EC-000.045-2004)

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da


administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art.
102, I, "o";

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização das relações de trabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, "a", e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às


mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem
como as convencionadas anteriormente. (Alterado pela EC-000.045-2004)

§ 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o


Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito. (Alterado pela EC-000.020-1998) (Alterado pela EC-000.045-2004)

AULA 03 – 08/03/2007

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (continuação)


Após a EC 45, compete à JT julgar os dissídios coletivos e individuais entre
trabalhadores e empregadores, abrangendos os entes de direito público externo,
administração pública indireta e direta, desde que seja empregado (não estatutário), e, na
forma da lei, outras controversas decorrentes das relações do trabalho (ex: mesmo que não
haja subordinação - art. 652, CLT). Mesmo antes da EC 45/04, era possível a JT julgar
relações não empregatícias, desde que uma lei assim o determinasse.

OBS: Imunidade de jurisdição: o STF decidiu, a partir de 99, que o Estado estrangeiro
NÃO goza de imunidade de jurisdição trabalhista; mas a imunidade de execução continua
valendo, pois há uma Convenção internacional da ONU determinando isso.

Competência Normativa: A JT tem poder de estabelecer normas sobre condições de


trabalho (poder normativo da JT – art. 114, §2º), como se legislativo fosse. Atribui-se esse
poder à JT para que ela possa, mais dinamicamente, disciplinar, onde haja lacunas. Ocorre
somente nas ações de competência originária dos tribunais na área de dissídios coletivos.

Competem à JT as ações referentes à: greve (dissídio coletivo); representação sindical


(entre sindicatos, entre sindicato e sindicalizados e entre sindicatos e empregadores);
mandado de segurança, habeas data e habeas corpus quando envolver matéria de sua
jurisdição; danos materiais e morais derivados de relações trabalhistas (incluso se for
oriundo de acidente de trabalho – embora este não seja de sua competência); atos do
Ministério do Trabalho (penalidades aplicadas por autoridades administrativas);
contribuições sociais.

AULA 04 – 15/03/2007

Rápidos comentários sobre o Art. 114, CF:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da


administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Refere-se aos empregados públicos (espécie de servidor público), são regidos pela
CLT e seu vínculo com a administração pública é contratual (e não estatutário).

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

Já era de competência da JT antes mesmo da EC 45. Existem aspectos da greve que


são questionados sobre a competência – ex.: lesão corporal durante a greve seria da
competência ou não?

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às


mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem
como as convencionadas anteriormente. (Alterado pela EC-000.045-2004)

A EC 45 tornou o texto não claro sobre a existência da competência normativa.


Aparenta ter posto fim à competência (antes o texto dizia “podendo a Justiça do Trabalho
estabelecer normas e condições”). (Será uma das questões da prova).

AULA 05 – 20/03/2007

COMPETÊNCIA TERRITORIAL – ratione locis

Em termos de competência territorial, deve-se ter sempre em mente o Princípio que


diz que O FORO COMPETENTE É O QUE MAIOR FACILITAR A PROVA DO
TRABALHADOR. Esse princípio deve vigorar sempre que a lei não for clara.

A Regra Geral é que a Vara competente é a DO LUGAR DA PRESTAÇÃO DO


SERVIÇO, conforme o art. 651, caput/CLT:
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade
onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido
contratado noutro local ou no estrangeiro.

Entretanto, há exceções conforme se vê nos parágrafos do art. 651:

§1º - Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da
localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta,
será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais
próxima. (Redação dada pela Lei nº 9.861, de 27-10-99, DOU 28-10-99)

Agente comercial é aquele representa a empresa em determinadas localidades, já o


viajante é o que vende produtos em diferentes localidades (ex.: caixeiro viajante). Nesses
casos, eles não têm lugar fixo para trabalhar (e sim uma região, várias localidades); assim, a
aplicação da regra geral fica impossibilitada (não há local de prestação fixo). O legislador
solucionou o problema elegendo como Vara competente a do local da filial da empresa; se
esta não existir, será competente a do domicílio do trabalhador ou, se não existir Vara nesta
cidade, a que estiver mais próxima.

§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se


aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não
haja convenção internacional dispondo em contrário.

O §2º se aplica a trabalhadores brasileiros que trabalhem em filiais, no estrangeiro, de


empresas nacionais. Visa proteger o trabalhador nacional. A lei ressalva a possibilidade de
convenção internacional dispor o contrário (ex.: lei do país onde o trabalhador prestou
serviço dispõe que todos aqueles que lá trabalharam estão sobre a competência da Justiça
de lá). A lei é omissa sobre o foro competente aqui no Brasil – se limitando a dizer que é de
jurisdição brasileira –; nesse caso, deve-se aplicar o Princípio da Facilitação da Prova em
cada caso.

§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do


contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do
contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
Será aplicado quando o empregado for contratado em um local e a atividade se der em
outro. Nesse caso, a competência será de qualquer um dos lugares à escolha do empregado.
Diferentemente do §1º (onde o empregado vai a diferentes lugares), aqui, a empresa é que
presta o serviço fora da sede, levando seu corpo de funcionários com ela (ex.: Odebrech).

OBS: Motorista de ônibus interestadual: se enquadra no §1º ou no §3º? A doutrina se


divide, o Prof. acha que deve se aplicar o Princípio da Facilitação da Prova.

OBS²: A competência da JT abarca, hoje, muitas situações que não são regidas pelo direito
do trabalho (CLT) – ex.: trabalhador autônomo –; nesses casos, o processo se dá na JT, mas
a lei a ser observada é a lei própria do caso (no ex., a lei do trabalhador autônomo).

JUS POSTULANDI:

É o direito de postular em juízo. Em geral, só o advogado o possuí. Mas, na JT, não é


assim – também o empregado e o empregador detêm essa prerrogativa,
independentemente do valor da causa ou da instância (JT, TRT, TST). No STF, não podem
mais postular, só o advogado, pois não faz parte da JT (é uma justiça extraordinária).

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do


Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por


intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.

§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.

Questiona-se: Com o aumento da competência, teria as expressões “empregado” e


“empregador” também se ampliado para abarcar a nova competência?

Não existe, em geral, na JT, a sucumbência (possibilidade do ganhador do litígio


cobrar do perdedor os valores gastos por aquele no decorrer do processo, incluindo
honorários advocatícios). A exceção se dá nos termos das Súmulas 219 e 329 do TST; estas
exigem como pré-requisitos: o empregado deve estar assistido pelo seu sindicato e não
receber mais de 2 salários mínimos. A exceção só se aplica ao empregado, ou seja, só o
empregado pode receber a sucumbência – se o empregado receber mais de 2 salários
mínimos, ele só poderá receber a sucumbência se declarar a miserabilidade jurídica.

219 - Honorários advocatícios. Hipótese de cabimento. (Res. 14/1985 - DJ 19.09.1985. Nova


redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 27 da SDI-II - Res.
137/2005, DJ 22.08.2005)

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca


superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a
parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior
ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem
prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985, DJ
19.09.1985)
II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo
trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70. (ex-OJ nº 27 - inserida em
20.09.2000).

329 - Honorários advocatícios. Art. 133 da CF/1988 (Res. 21/1993, DJ 21.12.1993)

Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento consubstanciado


na Súmula nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho.

Tem-se novamente o problema do âmbito da expressão “empregado” frente à nova


competência da JT.

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO:

São fontes do DPT: Constituição, Leis (CLT e extravagantes), decretos e portarias,


Convenção Coletiva do Trabalho (entre sindicatos) e Acordo Coletivo do Trabalho (entre
empregado e empresa).

O CPC é também fonte desde que satisfaça os seguintes requisitos: não deve haver
norma dentre as fontes E deve ser compatível com os Princípios do Processo do Trabalho.
O CPC é fonte subsidiária, conforme o art. 769, CLT.
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

AULA 06 – 22/03/2007

JUS POSTULANDI (continuação)

A presença do advogado, na JT, é facultativa. Embora a CF-88 diga que ele é


essencial à função da justiça, o STF decidiu que a norma celetista não é incompatível com a
constitucional.

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Optando a parte pelo advogado, o mandato pode ser expresso ou tácito (decorre de
um comportamento; nesse caso, a parte comparece em juízo acompanhada de seu
advogado). Não é a assinatura nas peças processuais que constitui o mandato tácito, mas
sim o comparecimento às audiências que o caracterizam. Este mandato habilita o advogado
a exercer atos judiciais, mas não o habilita para poderes especiais (como substabelecimento
e receber dinheiro).

O Mandato Tácito se confunde com o Mandato apud acta. Este é aquele em que a
parte comparece à audiência com seu advogado sem mandato expresso e, então, o juiz
manda inserir na ata que a parte constitui advogado (ex.: art. 16 da Lei 1060/50 – “Se o
advogado, ao comparecer em juízo, não exibir o instrumento do mandato outorgado pelo
assistido, o juiz determinará que se exarem na ata da audiência os termos da referida
outorga.”). A diferença é que, no mandato apud acta, o juiz manda inserir, há uma vontade
expressa (por parte do juiz); no mandato tácito, simplesmente se informa, na ata, que a
parte compareceu assistida pelo advogado.

TIPOS DE PROCEDIMENTOS OU RITOS TRABALHISTAS


1. RITO SUMÁRIO

Está previsto no art. 2º, §3º da Lei 5584/70.

Art 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acôrdo, o Presidente, da
Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada,
se êste fôr indeterminado no pedido.

[...]

§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não exceder de 2 (duas) vêzes
o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo
constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato.

Refere-se às causas com o valor de NO MÁXIMO 02 SALÁRIOS MÍNIMOS. Sua


característica é que o juiz deverá colocar, na Ata, apenas a sua conclusão quanto aos
depoimentos e passar a decisão. O fundamento deste rito é a celeridade processual.

Da decisão do juiz, só caberá recurso se for de matéria constitucional, conforme o §4º


do art. 2º.

§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças
proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o
valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação. (Redação dada pela Lei nº 7.402, de 1985)

A Lei não pegou, pois as partes sempre entravam com recurso, alegando cerceamento
da defesa (não constaria os depoimentos), reformando as sentenças.

2. RITO SUMARÍSSIMO

Está previsto a partir do art. 852-A da CLT (Seção II-A do Capítulo III).

Art. 852-A - Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo
vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.
(Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12-01-00, DOU 13-01-00)
Refere-se às causas com valores de ATÉ 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.

A Lei que inseriu esse artigo, na CLT, é de 2000. Questiona-se,então, se teria este artigo
revogado a Lei 5584/70, extinguindo, consequentemente, o Rito Sumário? Há posições, na
doutrina, nos 2 sentidos.

Existem semelhanças entre os 2 Ritos: ambos visam à celeridade. Mas, no Rito


Sumaríssimo, cabe Recurso.

3. RITO ORDINÁRIO

Está previsto a partir do art. 837 da CLT (Seção I do Capítulo III), que trata da forma da
reclamação trabalhista.

Refere-se às causas com valores ACIMA DE 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.

A RECLAMAÇÃO TRABALHISTA é o equivalente à Petição Inicial do Processo Civil.


As partes se denominam RECLAMANTE(autor) e RECLAMADO(réu).

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO:

1. FORMA DA RECLAMAÇÃO

A Reclamação é a peça introdutória do Processo Trabalhista. Ela pode ser escrita ou


verbal (esta é uma das manifestações do Princípio da Oralidade).

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

Sendo ORAL, o reclamante se apresenta na JT e diz que quer fazer uma reclamação.
O art. 840, §2º diz que a reclamação deve ser reduzida a termo pelo escrivão ou chefe de
secretaria, ou seja, a reclamação, ainda oral, seria distribuídas entre as Varas e, dentro de 05
dias, o reclamante teria que comparecer à Vara para reduzi-la a termo. Na prática, no
momento em que o reclamante comparece à JT para fazer a reclamação oral, os
funcionários que o atendem já a reduzem a termo e, só depois, distribuem.
§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo
escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.

Se o reclamante não comparece à Vara para reduzir a termo a reclamação dentro do


prazo determinado, ele perde o direito de reclamar por 06 meses, nos temos do art. 786
combinado com o art. 731. Isso acarreta em prescrição do direito de reclamar as parcelas
dia-dia. O Prof. considera isso inconstitucional, pois limita o acesso à justiça.

Art. 786 - A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.

Parágrafo único - Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força
maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a
pena estabelecida no art. 731.

Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no
prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo,
incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.

Hoje, há uma Portaria que regulamenta a reclamação verbal, limitando sua utilização
para casos excepcionais. O Prof. acredita ser ilegal, pois estria limitando o direito,
diminuindo sua abrangência de forma não autorizada pela lei.

Os funcionários também têm a prática de encaminhar os reclamantes para a


assistência sindical; o Prof. critica, pois deveriam ser encaminhados para o Ministério
Público do Trabalho.

2. REQUISITOS DA RECLAMAÇÃO ESCRITA

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do


juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de
seu representante.
• Nome da Autoridade a quem é dirigida;

OBS: A distribuição, na JT, é por ordem de ingresso. È bastante criticado, pois os


advogados acabam por dirigir as petições aos juízes que melhor se adeqüem aos seus
interesses (prejudica a Imparcialidade).

• Qualificação do Reclamante e do Reclamado;

OBS²: As Pessoas Jurídicas têm um nome fantasia e outro jurídico – razão social –; deve-se
procurar pôr o nome jurídico, pois facilitará na execução.

• Breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio;


• Pedido do Reclamante;
• Data e assinatura do Reclamante e/ou seu representante.

Comparação com a Petição Inicial do Processo Civil:

Art. 282 - A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido, com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

III – No Proc. Civil, exige-se maior elaboração no detalhamento dos fatos;

V – Valor da Causa. Não consta no art. da reclamação trabalhista; o que leva ao


questionamento se essa omissão teria ou não sido intencional, no sentido da não
necessidade de determinação do valor da causa na reclamação? O Prof. acredita que,
inicialmente, não era necessário especificar o valor, mas, com o advento da criação dos
Ritos Sumário e Sumaríssimo, se tornou necessário;

VI – Provas. No Proc. Trabalho, as provas serão levadas no decorrer do processo, mas


nada impede que, já na inicial, se diga quais provas se pretende utilizar.

VII – Citação do Réu. No Proc. Trabalho, não é necessário requerê-la, pois a CLT
incube a Secretaria de promover este ato, independentemente de pedido.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48


(quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao
mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de
5 (cinco) dias.

OBS³: Não se deve alongar muito a reclamação para evitar que o ônus da prova recaia
sobre o Reclamante. Deve se mostrar apenas os fatos essenciais.

AULA 07 – 27/03/2007

3. NOTIFICAÇÃO OU CITAÇÃO (continuação do Rito Ordinário)

Protocolizada a Reclamação (petição inicial), seja a termo ou por escrito, o ato


seguinte é a CITAÇÃO ou, como se denomina no Proc. Trabalhista, NOTIFICAÇÃO.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48


(quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao
mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de
5 (cinco) dias.

OBS: No Proc. Civil, Citação significa um comunicado da justiça ao réu de que há um processo contra ele.
Notificação seria um comunicado de coisas ocorridas no processo (ex: mudança na data da audiência).
Intimação é uma ordem para que a parte compareça em juízo.
O ato de Citação é AUTOMÁTICO; a própria Secretaria da Vara se incumbe de
fazer a citação no prazo de 48hs. A contar da data da protocolização da inicial. Deverão ser
impressas tantas vias da petição inicial quanto forem os reclamados, uma vez que serão
enviadas junto com a citação para cada reclamado. O juiz não precisa despachar a inicial
para que a citação seja feita (ele só tomará conhecimento dela na audiência).

A parte reclamada será citada para comparecer à AUDIÊNCIA em 05 dias – esse


prazo é um interstício para que o reclamado possa preparar sua defesa. No entanto, se o juiz
der um prazo menor, o Prof. entende que a parte (mesmo tendo direito a 5 dias) deve
comparecer à audiência e apresentar a contestação, pedindo, quando necessário, a
prorrogação do tempo para o legal (deve apresentar justificativa para tal prorrogação).

A citação é POSTAL, salvo quando a parte não for encontrada ou estiver criando
obstáculos para o recebimento, hipótese em que a Citação se dará por EDITAL. A citação
NÃO É PESSOAL, ela se aperfeiçoa com a entrega no âmbito da empresa. Normalmente,
não declaram a nulidade sob a alegação de não recebimento pessoal (em mãos). Não há
hipótese legal de citação por mandado. Mas, na prática, pode vir a se configurar a
necessidade da presença do oficial ou servidor por mandado. Faz-se necessário o AVISO
DE RECEBIMENTO (o reclamado ou seus pressupostos recebem a citação e assinam o
aviso).

O reclamante, no ato da protocolização, já é notificado da data da audiência.

§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao
seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no
que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.

§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo


anterior.

SÚMULA 16 DO TST:

16 - Notificação (RA 28/1969, DO-GB 21.08.1969. Nova redação - Res. 121/2003, DJ 19.11.2003)

Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento
ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

4. AUDIÊNCIA INICIAL

4.1. COMPARECIMENTO DAS PARTES NA AUDIÊNCIA


No Proc. Do Trabalho, o comparecimento das partes à audiência é OBRIGATÓRIO,
independentemente de intimação para esse fim e da presença de seus representantes.
Devem comparecer para que seja feita uma tentativa de conciliação e para que possam
apresentar atos (a contestação é apresentada na audiência). O comparecimento é
PESSOAL, independe da presença do representante.

A audiência é CONTÍNUA – começa e termina em um mesmo dia. No entanto, na


prática, a audiência é dividida em 3 partes (por causa da quantidade de reclamações):
Inicial ou Inaugural – se apresenta a contestação e se tenta a conciliação –; Instrução –
colhimento de provas e ouvida de testemunhas – e Julgamento – pronunciamento do juiz.

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado,


independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias
Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
Sindicato de sua categoria.

Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força
maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira
desimpedida, independentemente de nova notificação.

SÚMULA 122 DO TST:

122 - Revelia. Atestado médico. (RA 80/1981, DJ 06.10.1981. Redação alterada pela Res 121/2003, DJ
19.11.03. Nova redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 74 da SDI-1 -
Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005).

A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado
munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá
declarar, expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da
audiência. (Primeira parte - ex-OJ nº 74 - Inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122, redação
dada pela Res 121/2003, DJ 19.11.03)

4.1.1. TRABALHADOR: art. 843, §2º

Poderá ser substituído, em caso de doença ou de motivo relevante (ponderoso), pelo


sindicato ou pelo colega de profissão. O alcance da substituição é, para a maioria da
doutrina, a simples justificativa, ou seja, o substituto vai para a audiência com o intuito de
alegar os motivos da ausência e evitar as sanções (arquivamento, quando for o reclamante,
e revelia, quando for o reclamado); para a minoria da doutrina, a substituição é para todos
os efeitos legais, nesse caso, a audiência continuaria).
§ 2º - Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for
possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que
pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.

4.1.2. EMPREGADOR (ou tomador de serviço): art. 843, §1º.

Pode ser substituído pelos PREPOSTOS. Os requisitos para ser preposto são: portar
documento (carta de preposição – espécie de procuração com os dados do processo –; não é
um requisito legal, pode apresentar depois); conhecer os fatos (não precisa conhecer por
experiência própria – se não conhecer, presume-se verdadeiro o que foi dito pelo
trabalhador – convicção ficta); precisa ser empregado da empresa. Sobre esse último
requisito, há uma discussão, na doutrina, sobre se é ou não necessário ser empregado, mas o
TST pacificou o entendimento de que É necessário ser empregado; pois, muitas vezes, as
empresas apresentavam qualquer pessoa como preposto para evitar a revelia (tendo
algumas pessoas feito de ser preposto um em prego). O preposto atua como se fosse
empregador.

§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente.

SÚMULA 377 DO TST:

377 - Preposto. Exigência da condição de empregado. (Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 99 da


SDI-1 - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005)

Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, o preposto deve ser necessariamente empregado do
reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT. (ex-OJ nº 99 - Inserida em 30.05.1997)

4.2. EFEITOS DO NÃO COMPARECIMENTO

4.2.1. RECLAMANTE:

ARQUIVAMENTO DA RECLAMAÇÃO (corresponde à extinção do processo sem


julgamento do mérito do direito processual civil). Se der causa a 02 arquivamentos, ele
perde o direito de reclamar por 06 meses (arts. 731 e 786). Pergunta-se se os 02
arquivamentos podem ser de ações diferentes? O Prof. entende que sim, pois o fundamento
da sanção é a má-utilização da estrutura judiciária, a desídia do reclamante, logo, a origem
do arquivamento é irrelevante.
Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no
prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo,
incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.

Art. 786 - A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.

Parágrafo único - Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior,
apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena
estabelecida no art. 731

Aquele que der causa ao arquivamento deve pagar as custas, mas, regra geral, o
trabalhador é dispensado do pagamento.

AULA 08 – 03/04/2007

Revisão e Observações sobre Audiência

A Audiência é pública, qualquer pessoa pode assistir, mas a pedido de uma das partes
o juiz pode decretar o segredo de justiça (ex: doença infecto-contagiosas, assédio sexual).

Deve ser das 08. às 18hs. e não deve ter mais de 05 horas seguidas.

Haverá tolerância de até 15 min para a chegada do juiz. Não há tolerância para as
partes – elas devem estar lá na hora marcada – art. 815, CLT. Se, depois dos 15 min, o juiz
não chegar, as partes podem ir embora (o Jonhson acha melhor esperar até que algum
servidor dispense, o que será registrado me ata).
Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário
ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver
comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.

Para o Prof, referentemente as partes, não deve haver tolerância por questão de
imparcialidade e rigor técnico.
O diretor da Secretaria é quem auxilia o juiz, de acordo com a CLT, mas, na prática, é
um servidor inferior.

Os requisitos para ser preposto são: conhecer os fatos (é o único requisito legal);
portar documento – carta de preposição (é lógica); ser empregado (é requisito
jurisprudencial – Súm. 377, TST –, só não precisa ser empregado no caso de conflito sobre
empregado doméstico).

O advogado pode ser o preposto ao mesmo tempo? A Lei 8906 (Estatuto da OAB), no
art. 3º, proíbe o “exercício” simultâneo. Do ponto de vista da Justiça do Trabalho, é aceito –
mas, se o advogado insistir, pode haver problemas administrativos com a OAB (é um
problema de ordem ética).

OBS: Diferença entre Súmula e Orientação Jurisprudencial: jurisprudência é o reiteramento


de decisões judiciais de um mesmo tribunal; quando a jurisprudência não está muito certa,
forma-se a OJ (é uma fase inicial, transitória para a Súmula, e é editada por parte do
tribunal – turmas da SDI); a Súmula é a fase posterior, em que a jurisprudência se
tranqüiliza de forma uniforme no tribunal (todo o pleno do tribunal – às vezes, as OJs se
transformam em Súmulas).

4.2. EFEITOS DO NÃO COMPARECIMENTO (continuação)

4.2.2. RECLAMADO (art. 844):

REVELIA E CONFISSÃO QUANTO À MATÉRIA DE FATO. O Reclamado


tanto pode ser o trabalhador quanto o tomador de serviço.

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e


o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

No Proc Civil, a revelia consiste na Não Contestação (art. 319) e tem como
conseqüência a Confissão, a presunção de veracidade de tudo quanto alegado pelo autor.

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.
No Proc Trab, o art. 844 fala em revelia além de confissão quanto a matéria de fato.
Há uma incongruência, pois a revelia já tem como efeito a confissão, logo, a parte final
seria desnecessária.

A Revelia viria da ausência da contestação; a Confissão se originaria da falta de


comparecimento.

Situações possíveis:

- Advogado sem a parte: aceita-se a contestação, mas se dá a confissão (presume-se


verdadeiro as alegações);

- Parte sem advogado/contestação: dá-se a revelia (além da presunção, não há intimação da


parte para atos posteriores), pois ela não contesta.

O motivo é que a parte tem o jus postulandi e o comparecimento é obrigatório;


entende-se que indo, ela deveria contestar.

A matéria de direito não entra na confissão (a presunção tem como conseqüência a


inversão do ônus da prova).

O procedimento da revelia e confissão é o mesmo do PC, com as devidas diferenças.

Essas conseqüências (reclamado e reclamante) são sobre a audiência inicial. Na


audiência de instrução, a conseqüência, para ambas, é a confissão.

4.3. CONCILIAÇÃO

O 1º ato da audiência é a tentativa de Conciliação.

A conciliação pode ser realizada em qualquer fase processual, mas a tentativa é


obrigatória em 2 momentos: na audiência inicial e após as razões finais.

O acordo será tomado a termo, exatamente como foi feito, podendo ser incluído uma
cláusula penal (sanção ao não cumprimento).

A lei não diz qual a conseqüência pela não tentativa de conciliação. Mas a doutrina e
jurisprudência coloca a NULIDADE do processo como efeito se não houver a 2ª tentativa
(aquela após as razões finais).

Embora a 2ª tentativa seja a mais importante do ponto de vista jurídico (induzindo a


nulidade), na prática, é, na 1ª tentativa, que se dá mais conciliações.
A conseqüências da conciliação é que ela equivale a uma decisão irrecorrível (transita
em julgado) – só pode ser desfeita via ação rescisória. Isso não ocorre nos casos de
questões previdenciárias.

AULA 09 – 10/04/2007

4.3. CONCILIAÇÃO (continuação)

O juiz pode negar a homologação do acordo, quando ele observar que será
excessivamente prejudicial à parte (a transação deve ser razoável), mesmo que o direito seja
indisponível (ou seja, é possível a transação de direito indisponível na justiça do trabalho).
O juiz deve ver se o acordo está em conformidade com a lei e se é exorbitantemente
prejudicial a qualquer das partes.

4.4. CONTESTAÇÃO (art. 847)

Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Não havendo acordo, o acusado terá 20 min para se defender – princípio da Oralidade
(a contestação é oral) –. A prática é a apresentação da contestação por escrito – é melhor
por causa da duração do tempo (princípio da eventualidade, art. 297 e 301/CPC: a
apresentação da defesa se dá num momento oportuno) e porque delongaria a audiência –.

Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da
causa, contestação, exceção e reconvenção.

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial;
IV - perempção;
V - litispendência;
Vl - coisa julgada;
VII - conexão;
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem;
X - carência de ação;

Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

Na contestação, pode-se ter a discussão do mérito, exceções e reconvenção.

As exceções buscam atingir o juiz ou as partes (art. 799 e seg., CLT) – suspeição, que
não leva a nulidade, e incompetência –. No PC, permite-se também a exceção de
impedimento (art. 304, CPC); aqui, o CPC será fonte do PT, pois, na época da feitura da
CLT, só havia aquelas 2.

Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão
do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.

§ 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.

§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas
do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber
da decisão final.

Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o
impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).

O CPC, no que tange as exceções, se aplica ao PT, especialmente na de impedimento


(art. 134 e 135, CPC) – se compatibilizando ao PT.

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do
Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na
colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava
exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o
impedimento do juiz.

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:


I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha
reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do
objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

O art. 799 da CLT diz que essas exceções são as únicas que suspendem o feito. Outras
podem ser alegadas como preliminares de defesa (art. 301, CPC), mas não suspenderão o
feito – ex: ilegitimidade da parte, coisa julgada, litispendência (o juiz apreciará o mérito em
1º lugar – na prática, o juiz deve apreciar logo, de plano).

OBS: A inépcia da inicial é rara no PT por causa do princípio da informalidade.

Reconvenção é ação do réu contra o autor no mesmo processo. Tudo que se aplica no
PC também se aplica no PT. Deve ser aplicada na audiência (no prazo de 20 min). O juiz
determinará o prazo de contestação da reconvenção (prazo para o autor da principal).

No PT, as exceções e reconvenções são feitas dentro dos autos (no PC, é em autos
apartados).

A CLT manda aplicar a Lei de Execuções Fiscais quanto ao procedimento.

A contestação deve ser especifica, item por item.

AULA 10 – 12/04/2007
4.4. CONTESTAÇÃO (continuação):

As decisões interlocutórias, no processo do trabalho, não cabem recurso de imediato.


O recurso será cabível somente quando ocorrer decisão definitiva. O parágrafo 1° do artigo
893, CLT prescreve: os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou
Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente
em recursos da decisão definitiva.

Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:

I. embargos;

II. recurso ordinário;

III. recurso de revista;

IV. agravo.

§ 1º Os incidentes do processo são resolvido pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação
do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva.

Art. 799. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho somente podem ser opostas, com suspensão
do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.

§ 2º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas
do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber
da decisão final.

TST Enunciado nº 214 - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 - Republicação - DJ 22.03.1995 -


Nova Redação - Res. 43/1995, DJ 17.02.1995 - Nova redação - Res. 121/2003, DJ
21.11.2003 - Nova redação - Res. 127/2005, DJ 14.03.2005

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do


Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;


c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no
art. 799, § 2º, da CLT.

Se a justiça trabalhista da Bahia se declara incompetente e remete processo para


Belém, outra jurisdição, caberá recurso? E se mandar para Camaçari, também, se alegando
incompetente? Em relação à Camaçari, não cabe recurso porque haverá a decisão definitiva
na própria jurisdição. Porém, no caso de Belém caberá recurso.

Audiência – fase postulatória.

Pratica-se 2 atos: tentativa de conciliação e defesa. A audiência inicial se encerra com


esses dois feitos, é a regra, porém nada impede que tudo possa acontecer tudo no mesmo
dia. Depois dessa fase (conciliação e defesa), a audiência é adiada, passando-se para outra
fase: a probatória.

4.5. VALOR DA CAUSA:

A CLT não inclui o valor da causa como um requisito da petição inicial.

No entanto, a Lei 5584/70, art. 2º prescreve que a petição pode conter o valor da
causa. Antes de passar a instrução do processo, se não houver valor da causa estabelecido, o
juiz determinará o valor da causa.

Se o valor da causa foi fixado na petição inicial, o réu pode impugná-lo na


contestação. No caso em que o juiz fixar o valor, a parte nada poderá fazer naquela hora.
Terá que esperar as razões finais, momento em que pode impugnar o valor.

O juiz também pode discordar do valor da causa estabelecida na petição inicial pela
parte e fixar outro, pois o valor da causa é de interesse público.

Art. 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acôrdo, o Presidente, da Junta
ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se
êste fôr indeterminado no pedido.

§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes, impugnar o valor fixado e, se o
Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do
Tribunal Regional.

§ 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo deverá ser instruído com a petição inicial e a
Ata da Audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Junta, e será julgado em 48 (quarenta e oito)
horas, a partir do seu recebimento pelo Presidente do Tribunal Regional.
§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não exceder de 2 (duas) vêzes o salário-
mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata
a conclusão da Junta quanto à matéria de fato.

§ 4º Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas
nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do
salário mínimo à data do ajuizamento da ação. (redação dada pela Lei nº 7.402, de 05-11-1985)

5. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO/ PROVAS:

Prescreve o artigo 818, CLT: a prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Esse
dispositivo trata o ônus da prova de forma incompleta. A doutrina, portanto, tratou de
resolver essa deficiência com as regras previstas no artigo 333 do CPC.

Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.

Art. 333 - O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Parágrafo único - É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Ônus da prova – quem deve provar? Quem tiver o ônus de provar e não provar, contra
ele será julgado. Prova significa demonstração, perante o juiz, das alegações feitas.

Exemplo: o reclamante alega que prestava horas extras e a outra parte alega que não
havia prestação de horas extras. Neste caso, há alegações por ambas as partes.

Aplica-se o CPC, no ônus da prova, com base no argumento de que a CLT não
resolve todas as situações satisfatoriamente.

O ônus da prova incumbe ao autor, quando o fato for constitutivo de seu direito; ao
réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
- Fato constitutivo: fato que constitui direito, cria direito (ex.: A alega que é empregado).

- Fato impeditivo: significa fato existente que impede o direito de outrem.

- Fato modificativo: tem um fato que modifica o pedido do outro.

OBS: Demitido (ato voluntário do empregado) X Despedido (ato do empregador – manda


embora). Cuidado ao utilizar essa expressões!!

Casos práticos

• Se o empregador alega que despediu o empregado, mas com justa causa, trata-se de
fato impeditivo.
• Se o empregador alega que já pagou aquilo que o empregado está cobrando, é fato
extintivo.
• A alega que é empregado de B, que alega que A é autônomo. Neste caso, a alegação
de B, que A, na verdade, é autônomo, é um fato impeditivo.
• A pede 2 horas extras por dia na empresa de B (alegações). B pode alegar:

- Não houve horas extraordinárias (fato constitutivo, cabe ao autor provar).

- Alega que já pagou (fato extintivo).

- Alega que A trabalhou hora extraordinária, porque, em outro dia, trabalhou menos (o
direito existe, mas modifica-se).

Na prática, modificativo e impeditivo não tem tanta diferença, pois o réu que terá que
provar.

• Ex.: o réu alega que não pagou o que deve, porque não venceu o prazo. Não impede
o autor de receber, apenas modifica de acordo com o prazo. Não impede por
completo a satisfação do pedido do autor – no modificativo, existe o direito,
modificado por uma circunstância.
• O réu alega que não pagou o valor “X” referentes aos lucros, porque há uma lei que
prevê que tal valor não é devido – fato impeditivo. Porém, se o autor viesse a alegar
que o réu se recusa a pagar baseado nessa lei (que diz que o valor não é devido),
mas que, na verdade, o valor lhe é devido; aí tal fato assumiria caráter constitutivo
de seu direito e ele traria para si o ônus da prova.
Na petição inicial, é bom que o advogado seja simples e não antecipar alegações
futuras do empregador para não ter o ônus de provar. (ex.: A me despediu alegando justa
causa dizendo que eu estava embriagado em serviço, mas isso é mentira). A alegação de
que não estava embriagado consiste em fato constitutivo, logo, quem alegou tem que
provar. O melhor seria apenas alegar que não houve justa causa na despedida.

AULA 11 – 17/04/2007

5. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO/ PROVAS (continuação):

É fase probatória.

Todos os princípios do PC se aplicam. O ônus da prova, na CLT, é deficiente, então


se aplica o art. 333 do CPC.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Todos os meios de prova legalmente previstos são aceitos.

5.1. DEPOIMENTO DAS PARTES:

A finalidade é obter: a confissão real – em contraposição à confissão ficta, que é


aquela decorrente de lei, de determinado comportamento das partes; se as partes não
comparecem à 2ª audiência, tem-se como penalidade a confissão ficta, desde que tenham
sido regularmente intimadas para o ato (Súm. 74, TST) – e prestar esclarecimentos (muitas
vezes, há excesso de pedido – art. 818 e seg., art. 848 e seg.).

74 Confissão (RA 69/1978 DJ 26-09-1978)


Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não
comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

O juiz faz as perguntas, depois passa para a parte contraria fazer as suas. As partes
não prestam compromisso de verdade, mas têm obrigação de colaborar; assim se a parte se
nega a responder as perguntas, terá como sanção a confissão ficta, de acordo com o
entendimento predominante. As partes não podem ouvir o depoimento uma das outras, por
isso o advogado não pode ser preposto – como preposto, ele não pode ouvir, mas, como
advogado, ele deve ouvir para fazer as perguntas –; se a parte está sem advogado, fazendo
uso do jus postulandi, ela terá que ouvir o depoimento da outra, pois o direito de defesa é
mais importante.

Art. 820 - As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas,
por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.

5.2. TESTEMUNHA:

É a prova mais freqüente, embora não seja muito crível (cada pessoa vê os fatos de
um modo, de acordo com sua idade, cultura etc.).

O número máximo para cada parte é, no rito ordinário, 03; no rito sumaríssimo, são
02; no inquérito para apuração de falta grave são 06 (servirá para demissão de trabalhador
estável, que só pode ser demitido por justa causa – é estável aquele trabalhador que tinha
trabalhado mais de 10 anos, na mesma empresa, antes da CF-88, e são estáveis aqueles
trabalhadores que têm estabilidade provisória, como a grávida e o líder sindical). Essa é a
regra, mas as partes podem pedir, comprovando essa necessidade, um número maior.

As testemunhas devem ser qualificadas (colocando-se o tempo de serviço), depois do


compromisso e antes do depoimento.

Comparecimento das testemunhas: as partes devem levar suas testemunhas; não existe
rol de testemunhas, devem comparecer independentemente de notificação e intimação – as
que não comparecerem serão intimadas; o juiz pede comprovação que a testemunha foi
convidada para que possa intimá-la. A regra é que as partes compareçam com as
testemunhas, a exceção é a intimação; o melhor a fazer é apresentar o rol de testemunhas (a
CLT não estabelece o rol e o CPC não pode ser aplicado) – com isso, já se pede a intimação
das testemunhas antes da audiência própria.

Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação.


Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte,
ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado,
não atendam à intimação.

Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas,
apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

Todas as pessoas podem depor, salvo se incapazes, suspeitas ou impedidas - essas


serão simples informantes. A CLT, no art. 829, trata da suspeição e do impedimento:
parentes até o 3º grau, amigo íntimo e inimigo. A doutrina predominante entende que o
CPC (art. 405) deve ser aplicado por ser mais amplo e compatível com a CLT.

Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer
das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples informação.

Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou
suspeitas.
§ 1o São incapazes;
I - o interdito por demência;
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não
podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III - o menor de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.
§ 2o São impedidos:
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro
grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz
repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da
pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes.
§ 3o São suspeitos:
I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença;
II - o que, por seus costumes, não for digno de fé;
III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo;
IV - o que tiver interesse no litígio.
§ 4o Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas; mas os seus
depoimentos serão prestados independentemente de compromisso (art. 415) e o juiz Ihes atribuirá o
valor que possam merecer.
AULA 12 – 19/04/2007

5.2. TESTEMUNHA (continuação):

Contraditar é pedir a desconsideração da testemunha, pois esta é impedida, suspeita


ou incapaz – o momento da contraditação é o da identificação da testemunha. Ao ser
alegado a exceção, o juiz pergunta à testemunha se ela corrobora a alegação – se ela negar,
o juiz adiará a audiência para a feitura de provas.

Um dos motivos de suspeição é interesse no litígio; um dos modos de haver interesse


é a testemunha ter uma ação com a mesma causa de pedir e contra a mesma empresa (pode
levar ao empréstimo de prova – a parte também irá testemunhar no processo da testemunha
–).

Não é bom cindir os depoimentos, as testemunhas devem depor no mesmo dia.

Deve-se conversar com a testemunha antes para saber o que ela sabe (saber o que
perguntar) e para dizer como ela deve se comportar na audiência (ex: só responda o que o
juiz perguntar).

Legalmente, é o juiz quem faz as perguntas; o advogado diz a pergunta para o juiz e
este pergunta para a testemunha, modificando os termos do advogado para um mais correto
(ex: a pergunta não pode ser direcionada: “não é verdade ...”).

5.3. PERICIAL:

Será necessária quando a prova daquele fato precisar de conhecimentos técnicos; em


alguns assuntos, a perícia é obrigatória (ex: art. 195; insalubridade).

Art . 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,


segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de
Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do
Trabalho.
O Art. 826 foi revogado; nele, estava permite a cada parte apresentar um perito (não
eram compromissados, eram parciais). Hoje, só existe um único perito compromissado,
designado pelo juiz, e as partes podem designar peritos assistentes (o juiz, pelo princ da
livre convicção, decidirá o que ele considera ser a verdade, não precisa acatar a decisão do
seu perito).

Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou técnico.

Quem paga os honorários do perito é a parte que foi vencida no objeto da perícia – se
ela estiver beneficiada pela gratuidade da justiça, será o Ministério da Trabalho quem
pagará.

O pedido da perícia será feito, em regra, no momento da configuração do litígio


(quando a outra parte discordar, contestar o assunto, aí a necessidade da prova se figurará).
O juiz pode determinar a perícia de oficio (no PT, o princ da inércia é mitigado, vigora o
princ inquisitivo) – art. 420 e seg/CPC.

5.4. INSPEÇÃO JUDICIAL: (art. 440, CPC)

Não está previsto na CLT; aplica-se o CPC subsidiariamente.

Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa.

Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades;
Ill - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo
quanto for útil ao julgamento da causa.
O juiz quer verificar, in loco, o que está realmente acontecendo (pessoalmente, é o
juiz quem vai); pode designar funcionário para fazê-lo, será lavrado em auto
circunstanciado. Ele pode ir acompanho de peritos e das partes.

Será usada ou quando o juiz quer ver ou quando a prova não pode ser levada; é
normalmente usada em se tratando de segurança do trabalho.

5.5. DOCUMENTAL:

O documento é anexado junto com a inicial e a contestação, não se admitindo


apresentar fora desses momentos , salvo quando for contra-prova ou se o seu conhecimento
for superveniente – na prática, há tolerância por parte dos juízes, mas a outra parte deve
permitir, não se opor.

Está regulamentado pelo CPC (art. 396 a 399), pois a CLT é omissa (só tem o art. 830
– o documento deve ser original ou autenticado ou em publica forma para o juiz autenticar,
esta é uma transcrição de documento público; na prática, a justiça é tolerante a respeito,
salvo se a parte contraria impugnar).

Art. 830 - O documento oferecido para prova só será aceito se estiver no original ou em certidão
autêntica, ou quando conferida a respectiva pública-forma ou cópia perante o juiz ou Tribunal.

Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os
documentos destinados a provar-lhe as alegações.

Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados
a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos
nos autos.

Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu
respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.

OBS: O pagamento de salário só se prova mediante documento escrito, não se admite


testemunha.

AULA 13 – 24/04/2007
6. AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO:

6.1. RAZÕES FINAIS:

As Razões finais são o mesmo que Alegações Finais (art. 850).

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e
não se realizando esta, será proferida a decisão.

São apresentadas, normalmente, na audiência de instrução,depois de apresentadas


todas as provas. Mas, legalmente, tinha que ser na 3ª audiência (de julgamento) – seria o 1º
momento da fase de julgamento.

As alegações são orais, cada parte tem o prazo de 10 min. O advogado ou a parte deve
falar os pontos mais importantes, analisar as provas, chamar a atenção do juiz para os
aspectos favoráveis nas provas.

Não há direito a Razões finais escritas – há o direito à oral. As partes podem requerer
as razões finais por escrito (se chama de memorial). o juiz, ao deferir, concederá prazo para
a entrega; se ele não determinar, o prazo será de 05 dias.

Na prática, o juiz não abre espaço para as razões finais (para economizar tempo); diz,
para o escrivão, que as partes remetem as razões finais ao quanto alegado e provado (razões
finais remissivas ou conforme alegado e provado). Não pergunta às partes se elas querem
apresentar as razões finais.

A ordem de apresentação é: Reclamante e Reclamada. Mas nada impede que o juiz


inverta essa ordem – princ inquisitivo.

É, nesse momento, que a parte, que não concordou com o valor designado, pelo juiz,
para a causa, pode impugnar o valor; deve fundamentar. Se o juiz mantiver o valor, dessa
decisão (interlocutória) cabe recurso.

6.2. CONCILIAÇÃO:

Depois das razões finais, vem a 2ª Tentativa de Conciliação, na mesma audiência.

A ausência da 2ª tentativa leva a nulidade do processo. Mas a feitura da 2ª supre a


ausência da 1ª tentativa.
Não há hipótese de sanção legal para o juiz que não fez a tentativa; a nulidade é uma
conseqüência jurisprudencial e doutrinária.

O acordo, se feito, pode ser desfeito através de Ação Rescisória.

OBS: O nome legal do 13º salário é Gratificação Natalina – é esta nomenclatura que deve
ser usada em juízo.

6.3. SENTENÇA:

A sentença está sujeita a requisitos:

- Proc. Civil (art. 458/ CPC): Relatório; Fundamentos e Dispositivo.

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o
registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

• Relatório: O CPC já diz que no consiste o Relatório (é didático): Nome das partes
(se for plúrima, pode-se remeter a uma lista em anexo; pode ser feito na inicial e na
sentença); Resumo da inicial e da contestação (na prática, os juízes remetem às
folhas das peças nos autos; é errado, deve-se resumir, fazer uma síntese, não basta
se referir – visa mostrar que o juiz leu o processo e oferecer elementos para as
partes virem a oferecer recurso); Andamento do Processo – histórico do processo,
registro das principais ocorrências, visa demonstrar o andamento regular do
processo –. Não deve haver juízo valorativo, é só uma narração. No caso de acordo,
o juiz fará uma sentença homologando, não precisa relatório, só dirá que as partes
fizeram um acordo, que ele está homologando para que venha a produzir todos os
efeitos.
• Fundamentação: o juiz analisará as questões de fato e de direito (se analisa os fatos
e procura os dispositivos legais que incidem nesse fato – deve-se colocar o artigo,
mas não precisa colocar a letra do artigo; o juiz “conhece o direito”, presume-se o
conhecimento das normas, salvo se forem estaduais ou internacionais, quando deve-
se pôr a letra do artigo). Tem status constitucional. É melhor o juiz fundamentar
ponto a ponto (pois os pedidos são muitos).
• Dispositivo: o juiz faz um resumo da fundamentação; resolverá as questões que lhe
foram postas. É a parte mais importante, é o que faz coisa julgada. É a “sentença em
si” – onde o juiz diz se condena ou absorve e em quais termos. É um equívoco
grande remeter à fundamentação (ex: “condeno na forma da fundamentação”). Se
houver contradição entre a fundamentação e o dispositivo, pode se impetrar um
Embargo de Declaração (recurso) – quando a fundamentação, sentença for obscura,
omissa ou contraditória.

- Proc. Trabalho(art. 832/CLT): a sentença se chama de DECISÃO (pois, no tempo da


CLT, a justiça do trabalho era administrativa). Requisitos: Nome das partes; Resumo do
pedido e da defesa (junto com o nome das partes, equivale ao Relatório do PC);
Apreciação das provas e fundamentos da decisão (equivale a fundamentação);
Conclusão (=dispositivo).

Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação
das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para
o seu cumprimento.
§ 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida.

A CLT é completa sobre os requisitos da sentença, ou seja, não se pode usar o CPC
subsidiariamente, só poderá citá-lo para efeitos explicativos, pois mais didático.

A sentença pode ser:

- Ultra petita: o juiz vai além do pedido, ultrapassa-o (o pedido existe, mas o juiz vai
além);

- Extra petita: o que está na sentença não foi pedido (fora do pedido);

- Infra petita: o juiz vai aquém do pedido, ele é omisso sobre algum pedido (cabe embargo
de declaração por omissão).

A extra petita é nula; na ultra, se impetra um Recurso para ajustar a decisão (discute-
se se o juiz poderia se retratar, reconsiderar sua sentença, por questão de economia
processual; predomina que ele não pode se retratar para ajustar – deve haver um recurso
para o tribunal ajustar).

A comunicação da sentença serve para a contagem do prazo recursal:

1. Sentença proferida, em audiência una, com fundamentação: as partes são


consideradas cientes nesta hora e o prazo começa a correr imediatamente.
2. Sentença proferida, em audiência una, sem fundamentação: o juiz pode não dar a
fundamentação, apenas declara quem tem direito (a lei permite que ele deixe a
fundamentação para depois, no prazo de até 48hs – o dia, 24hs acaba no final do
expediente): a ciência é na hora, mas o prazo começa a correr do dia que o juiz
efetivamente juntou (pode ser nas 24 ou 48hs). Se o juiz não juntar dentro do prazo,
ele deve intimar as partes no momento da juntada.

AULA 14 – 26/04/2007

6.3. SENTENÇA (continuação):

Comunicado da sentença:

1. Sentença proferida em audiência de julgamento sine die (sem data, prazo): deve
intimar as partes quando a sentença for proferida e o prazo começará a correr da
data da intimação.
2. Sentença proferida em audiência de julgamento com data (prazo) determinada: não
há intimação, a parte já sabe qual é o dia da audiência, o prazo começará a correr
desta data.

Art. 834 - Salvo nos casos previstos nesta Consolidação, a publicação das decisões e sua notificação
aos litigantes, ou a seus patronos, consideram-se realizadas nas próprias audiências em que forem as
mesmas proferidas.

Art. 835 - O cumprimento do acordo ou da decisão far-se-á no prazo e condições estabelecidas.

A obrigatoriedade do comparecimento das partes é só até o depoimento pessoa


(audiência de instrução). Na 3ª audiência (de julgamento), o juiz só publica a sentença, por
isso as partes e seus representantes não precisam ir. Essa obrigatoriedade é legal (está na
CLT), mas há uma contradição, pois a 2ª tentativa de conciliação se dá depois do
depoimento pessoal, ou seja, a ausência impossibilitaria a conciliação.

A sentença deve conter as custas judiciais e, quando devidos, honorários.

A conclusão pode ser: procedente (acolhimento total), improcedente (rejeita os


pedidos) e procedente em parte (acolhe alguns e rejeita outros). É muito comum a
procedência parcial, pois os pedidos são muitos. Neste caso, quem paga as despesas
processuais é o empregador.
(assunto da 1ª avaliação vai até aqui)

7. FASE RECURSAL:

Recurso é a reapreciação de uma decisão, é um remédio, que a parte tem, para pedir a
uma autoridade superior que reveja uma decisão. É o Princípio do Duplo Grau de
Jurisdição.

Fundamentos: há uma cultura de insatisfação com um só julgamento; possibilidade de


erro; a consciência da existência do recurso faz com que o julgador a ser revisionado tenha
mais cautela seja quanto sua fundamentação quanto a correção.

Efeitos do Recurso: o processo está em andamento, apresentado o recurso qual o


efeito dele no processo?

- 1º efeito: suspende os efeitos da decisão (suspensivo);

- 2º efeito: não suspende (devolutivo – devolver o conhecimento ao tribunal ad quem).

Tendo os efeitos suspensos, não se pode executar.

7.1. PRINCÍPIOS DO RECURSO:

Mesmos do PC.

- Unicorribilidade: para cada decisão, só cabe um único recurso ao mesmo tempo, para
cada parte.

- Variabilidade: quando se verifica que o recurso interposto é equivocado, se dentro do


prazo, pode a parte impetrar outro (substituir o recurso, mas deve estar dentro do prazo).

- Fungilidade: contra cada decisão, existe um recurso próprio, especifico; ao receber o


recurso, o juiz deve observar se o recurso é adequado; por esse princípio, o juiz receberá o
recurso inadequado como se fosse o adequado. O erro deve ser razoável (quando há duvida
na doutrina e jurisprudência sobre qual é o recurso cabível).

7.2. PRESSUPOSTOS OU REQUISITOS DO RECURSO:

O duplo grau de jurisdição (direito de recorrer) pressupõe alguns requisitos. São


analisados no juízo a quo – originário, aquele que proferir a decisão a ser reformada –.
Interposto o recurso, ele passa por 2 juízos: de admissibilidade e de mérito. O juízo de
admissibilidade também são 2: um no original – a quo – e outro no tribunal – ad quem –. O
a quo pode ser a Vara como o TRT, mas o ad quem será sempre um tribunal. O ad quem
não está vinculado ao a quo – pode ser admitido nesse e não conhecido, recusado naquele
–.

O juiz revisor irá, inicialmente, fazer o juízo de admissibilidade, verá se o recurso


pode ser admitido ou recebido (no juízo a quo – se ele preencheu todos os requisitos).

Depois, se admitido, vai para juízo ad quem (aquele que julgará o mérito do recurso),
onde se verá se o recurso será ou não conhecido (fará o 2º juízo de admissibilidade).

a) Adequação: para cada tipo de decisão, existe um recurso adequado, próprio ao tipo – se
relaciona com a fungibilidade –.

b) Tempestividade: o recurso deve ser apresentado dentro do prazo legal (no PT, é
uniforme, todos os recursos têm o prazo de 8 dias). O prazo é contado excluindo o dia do
começo e contando o do fim. O órgão público tem o dobro de prazo. Se não apresentado
dentro do prazo, deve ser fundamentado.

AULA 15 – 03/05/2007

7.2. PRESSUPOSTOS OU REQUISITOS DO RECURSO (continuação):

c) Legitimidade das Partes: em princípio,são legitimados: a parte vencida e seus


sucessores, o terceiro interessado, o MPT etc. Para o Prof, a parte vencedora teria
legitimidade no caso de, embora vencedora do mérito, ela viesse perder alguma preliminar
ou qualquer outro ponto – na matéria em que perdeu, pode recorrer –. Tem legitimidade
quem a lei diz que tem e quem tem interesse.

d) Interesse de Recorrer: se configura quando a parte teve algum dano, que pode ser
desfeito pelo recurso.

e) Regularidade Formal: de acordo com o art. 899/CLT, o recurso pode ser uma simples
petição, ou seja, não precisaria de fundamentação (simplesmente se diria “recorro”); isso se
explica pela simplicidade da JT e pelo jus postulandi das partes (não poderia se requerer
conhecimentos jurídicos das partes). A despeito da CLT, a doutrina predominante entende
que deve ter um mínimo de razões lógicas. Por mais simples que seja, deve ter algum tipo
de fundamentação, ainda que não jurídica.
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo
as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora.

f) Recorribilidade da Decisão: só poderá recorrer se aquela decisão for recorrível (as


decisões interlocutórias são irrecorríveis).

g) Preparo do Recurso: consiste, no PT, em 2 providencias: pagamento das custas e


depósito recursal. Se uma delas está faltando, o recurso é considerado deserto (deserção do
recurso).

• Depósito Recursal (art. 899, §§1º e 2º): também chamado de depósito prévio, pois
prévio ao recurso. Só quem tem o dever de fazê-lo é o tomador de serviço, o
empregado não precisa fazê-lo para recorrer. Tem como finalidade a desestimulação
de recursos infundados e também garantir, parcialmente, o resultado da execução. O
depósito será feito numa conta do FGTS, renderá juros e correção monetária. Se o
recorrente vencer, o dinheiro é devolvido. Só cabe em decisões condenatórias em
pecúnia. Para cada recurso, há um valor fixado de depósito; todo ano estes valores
são alterados (o TRT fixa o valor numa lista).

§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo regional, nos dissídios
individuais, só será admitido o recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da
respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento
imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.

§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que fôr arbitrado,


para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da
região.

AULA 16 – 08/05/2007

7.2. PRESSUPOSTOS OU REQUISITOS DO RECURSO (continuação):

São classificados em subjetivos (também chamados de intrínsecos – dizem respeito às


pessoas, legitimidade, interesse e capacidade) e objetivos (ou extrínsecos).

Para Jonhson, o requisito ADEQUAÇÃO engloba o requisito PREVISÃO LEGAL.


Cada autor divide os requisitos de um modo diferente.
g) Preparo do Recurso: consiste, no PT, em 2 providencias: pagamento das custas e
depósito recursal.

• Depósito Recursal (art. 899, §§1º e 2º): devido em caso de condenação pecuniária,
pois tem dupla finalidade – garantir em parte a execução e desestimular recursos
infundados –. Há discussão sobre o empregado dever ou não o depósito, mas
predomina o entendimento que ele não está obrigado.

O depósito é feito em conta do FGTS para haver juros e correção monetária; se


não tem conta, abre-se uma – é uma conta à disposição do juízo –; a conta do FGTS
tem juros diferentes de uma conta normal. Se o recorrente vence, o dinheiro é
devolvido com juros (o juiz deve emitir um alvará).

1ª Regra: Para cada recurso interposto, haverá um valor de depósito. O


Presidente do TRT emite um ato com a lista dos valores dos depósitos de cada
recursos. Os recursos, na JT, são: Recurso Ordinário (RO – R$ 4.808,65); Recurso
de Revista (RR – R$ 9617,29); Recurso Extraordinário (RE – R$ 9617,29);
Embargos em Recurso de Revista (ERR – R$ 9617,29) e Recurso Ordinário em
Ação Rescisória (RAR – R$ 9617,29).

2ª Regra: Os depósitos só são necessários até que se alcance o valor da


condenação. Ou seja, uma vez se tenha depositado todo o valor da condenação, não
se faz mais nenhum depósito (o valor da condenação é o valor Máximo a ser
depositado; se a condenação for inferior ao depósito, deposita-se só a condenação;
se superior a condenação, deposita-se o valor do depósito). Só poderá haver “novo”
depósito se houver acréscimo na condenação. Os depósitos estão limitados ao valor
da condenação, só se pagará deposito até esse valor, independentemente do número
de recursos.

Ex 1: O Juiz condena a empresa X a pagar R$ 1000,00; X entra com Recurso


Ordinário, pagando o depósito no valor de R$ 1000,00 (o valor do RO é R$
4.808,65). No recurso, o TRT condena X a pagar mais R$ 1000,00 (ou seja, uma
condenação total de R$ 2000,00); X quer entrar com RR, para tanto, deve pagar
mais R$ 1000,00 de depósito (do total de R$ 9617,29 do RR).

Ex 2: O Juiz condena a empresa X a pagar R$ 20000,00; X entra com Recurso


Ordinário, pagando o depósito no valor de R$ 4.808,65. No recurso, o TRT
mantém a condenação; X quer entrar com RR, para tanto, deve pagar mais R$
R$ 9617,29 (totalizado um depósito de R$ 14.426,34). O TST mantém a
condenação; X entra com ERR, depositando o valor de R$ 5.573,66 (valor
encontrado retirando-se da condenação os valores dos depósitos – Depósito
ERR = Condenação – Depósitos anteriores).

Isso ocorre por causa da finalidade do depósito de garantir a execução da


sentença. Assim, não haveria necessidade de ir além da condenação.

A conseqüência da deserdação é, no juízo a quo, não admissão (recebimento,


não seguimento do recurso, indeferimento); no juízo ad quem, não conhecimento do
recurso. O depósito deve ser feito no juízo a quo, já que o recurso é interposto lá.

Se o depósito for em valor inferior ao devido, também haverá deserdação; não


há tolerância sobre o valor do depósito na JT. No PC, há tolerância quando há
motivo de força maior.

• Custas (art. 789/ CLT): é uma taxa, uma contraposição ao uso da “estrutura” da JT
(uso da máquina judiciária). Em fase recursal, devem ser pagas e comprovadas no
prazo do recurso, assim como o depósito. O percentual das custas é de 02% sobre a
condenação ou sobre o valor da causa (se não há condenação pecuniária) ou sobre o
valor do acordo (se houver; quem paga é aquele que acordaram que pagaria; se nada
foi acordado, o empregador é quem paga).
Não há proporção de custas; são pegas pelo vencido. Se a procedência foi
parcial, quem paga é o tomador de serviço (mesmo que tenha perdido em só um
item).

Se faltar o pagamento ou for a menor, incidirá a Deserção.

Não há custas antecipadas (só se paga após o trânsito em julgado da sentença), salvo sem se
tratando de recurso.

Se não houve condenação pecuniária nem foi fixado o valor da causa, deve-se peticionar, ao
juiz, que fixe um valor para a causa para efeitos das custas; nesse caso, haverá suspensão do prazo
recursal até a fixação.

As custas recursais são prévias à apreciação do mérito do recurso, pois podem ser pagas após a
apresentação do recurso, desde que dentro do prazo.

Art. 789 - Nos dissídios individuais ou coletivos do trabalho, até o julgamento, as custas serão
calculadas progressivamente, de acôrdo com a seguinte tabela:

I - Até o vaIor do salário-mínimo regional, 10% (dez por cento);

II - Acima do limite do item I até duas vêzes o salário-mínimo regional, 8% (oito por

III - Acima de duas e até cinco vêzes o salário-mínimo regional, 6% (seis por cento);

IV - Acima de cinco e até dez vêzes o salário-mínimo regional, 4% (quatro por cento);

V - Acima de dez vêzes o salário-mínimo regional, 2% (dois por cento).

§ 3º As custas serão calculados:

a) quando houver acôrdo ou condenação, sôbre o respectivo valor;

b) quando houver desistência ou arquivamento, sôbre o valor do pedido;

c) quando o valor fôr indeterminado, sôbre o que o juiz-presidente ou o juiz fixar;

d) no caso de inquérito, sôbre 6 (seis) vêzes o salário mensal do reclamado ou dos reclamados.

§ 4º As custas serão pagas pelo vencido, depois de transitada em julgado a decisão ou, no caso de
recurso, dentro de 5 (cinco) dias da data de sua interposição, sob pena de deserção, salvo quando se
tratar de inquérito, caso em que o pagamento das custas competirá à emprêsa, antes de seu julgamento
pela Junta ou Juízo de Direito.

§ 6º Sempre que houver acôrdo, se de outra forma não fôr convencionado, o pagamento das custas
caberá em partes iguais aos litigante.
Súmula do TST:

25 Custas (RA 57/1970 DO-GB 27-11-1970)

A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada,


independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, das
quais ficara isenta a parte então vencida.

h) Representação Processual: no PT, é permitido o jus postulandi, mas não proibindo a


representação por advogados. Este deve estar munido de mandato expresso ou tácito
(comparece à audiência acompanhando a parte). O juízo a quo deve ver se, 1º, há um
mandato expresso; não havendo, se há um tácito, sob pena de deserção. Por isso, a
necessidade de indicar as fls. do mandato, já que é difícil identificá-lo no processo.

AULA 17 – 10/05/2007

7.3. RECURSOS EM ESPÉCIE (art. 893):

Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:

I. embargos;

II. recurso ordinário;

III. recurso de revista;

IV. agravo.

Não esgota os tipos de recurso.

7.3.1. RECURSO ORDINÁRIO (RO – art. 895):

Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:

a) das decisões definitivas das Juntas e Juízos no prazo de 8 (oito) dias;


b) das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no
prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

É o recurso de apelação. Chama-se ordinário, pois cabe sempre, basta preencher os


requisitos. Visa corrigir erro ou injustiça da decisão.

Casos Cabíveis: a) Decisões definitivas das Varas (o art. 895 ainda usa a
nomenclatura Juntas) – a lei não foi feliz ao falar em “definitiva”, pois, na realidade, é
cabível não só as definitivas (ou de mérito) como também nas decisões terminativas (que
extinguem o processo; art. 267 e 286, CPC), só não cabe nas decisões interlocutórias –; b)
Decisões definitivas dos tribunais nos casos de competência originária (Dissídios Coletivos,
Mandado de Segurança – hoje se sustenta que pode começar na Vara –, Habeas Corpus,
Ação Rescisória).

Art. 267 - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

II - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias;

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e


regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual;

VII - pela convenção de arbitragem;

VIII - quando o autor desistir da ação;

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.

Art. 269 - Haverá resolução de mérito:


I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III - quando as partes transigirem;

IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;

V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

A conciliação só se desfaz via Ação Rescisória, não cabe recurso, salvo para o INSS.
O INSS só incide em parcelas salariais, então é comum ter acordo sem essas parcelas para
que não haja incidência (e pagamento ao INSS).

Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitadas pelas partes a proposta de conciliação.

Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível,
salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. (alterado pela L-
010.035-2000)

TST Enunciado nº 259 - Res. 7/1986, DJ 31.10.1986

Só por rescisória é atacável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do Art. 831 da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Referências:

Os Pressupostos do RO são os mesmos dos recursos em geral (são os pressupostos


gerais).

Procedimento: a parte legitimada apresenta seu recurso perante o juízo a quo. Haverá
a possibilidade de 2 procedimentos no a quo: pode se examinar de plano a admissibilidade
ou pode abrir prazo para as contras-razões primeiro (tem como vantagem que a parte
contrária pode chamar a atenção, alegar a falta de pressupostos). Normalmente, o juiz
examina primeiro e abre o prazo, depois, se for admitido. Se o juiz não admitir (decisão
negativa), cabe recurso de Agravo de Instrumento. É o Regimento Interno dos TRTs que
determi narão os procedimentos de cada recurso dentro do âmbito do tribunal.
Depois das contra-razões, o juiz pode se retratar. As contra-razões não são
obrigatórias, é uma faculdade; a não apresentação não enseja a presunção de veracidade das
razões do recurso; apenas perde-se a oportunidade de contrariar.

Se admitido (com ou sem as contra-razões), o processo é enviado para o juízo ad


quem.

As contra-razões não o lugar propicio para discutir matérias novas (ex:


incompetência, prescrição); se há uma matéria a que se está inconforme, deve-se discuti-la
em recurso próprio. O juízo ad quem pode, por meio dos efeitos translativos, de ofício,
analisar matéria de ordem pública, mesmo que a parte não coloque em questão.

As contra-razões podem também não ser admitidas, há um juízo de admissibilidade


para elas também (verá se está dentro do prazo ou se feita por não legitimado). O juízo a
quo não faz juízo de mérito, só analisa o cabimento do recurso e seus pressupostos.

É o regimento interno do TRT que determinará o procedimento do recurso lá. Uma


possibilidade de procedimento:

1º) Distribui-se para o Relator (este é o 1º julgador, será ele quem fará um exame
profundo do processo, fará um voto detalhado, explicando o processo para os
colegas);

2º) O Relator enviará para a Procuradoria do Trabalho (ela é a fiscal da lei, examinará
o seguimento da lei – deve emitir um parecer, não é vinculante);

3º) O MPT envia o processo de volta para o TRT e vai-se a voto.

Outro procedimento possível é inverter o 2º passo com o 1º (ou seja, primeiro vai para
o MPT e depois distribui para o Relator).

Também é possível que não haja, no procedimento, o envio para a Procuradoria – só


enviaria nos casos obrigatórios (ex: interesse público, em que seja parte pessoa de direito
público e incapaz) –. Este procedimento demanda uma estrutura maior do tribunal para que
venha fazer a triagem, ver se há interesse público no processo. O MPT só tem legitimidade
para atuar em caso de interesse público – quando interessa a mais de 1 pessoa, ainda que só
uma seja parte –. É o MPT que tem competência para dizer se há interesse público ou não.
Na maioria das vezes, o tribunal passa para o MPT fazer a triagem. Se é o TRT quem faz a
triagem, será ele, indiretamente, que verá se há interesse público; de todo modo, não haverá
problema, pois, nas audiências, deve ter um procurador assistindo e ele poderá pedir vista
do processo para dar seu parecer, caso entenda se trate de interesse público.
No julgamento, o relator fará um relatório do processo (apresentando o caso);
primeiro, o processo será apregoado, ou seja, lerá partes dele. O voto do relator contém o
relatório, fundamentação e decisão. A decisão do tribunal se chama acórdão, exceto em se
tratando de dissídio coletivo (se chamará sentença normativa). Todo acórdão deve possuir
uma Ementa, que é uma síntese dos assuntos tratados.

Depois do relatório, há a sustentação oral dos advogados – de acordo com a lei da


OAB, seria depois do veto do relator, mas o STF suspendeu os efeitos desse artigo,
considerando-o inconstitucional, pois o assunto é matéria dos Regimentos Internos –. O
tempo da sustentação será determinado pelo RI. As partes, no jus postulandi, podem fazer
sustentação oral; o estagiário, enquanto representante, não pode, pois é ato privativo do
advogado.

Depois do voto do relator, o revisor dará seu voto (este também fará um exame do
processo, porém menos aprofundado). Depois os votos seguirão por ordem de antiguidade
no tribunal (não é o mais idoso e sim aquele que está a mais tempo no tribunal). O RI pode
mudar a ordem dos votos.

Se alguém divergir do voto do relator (voto divergente), o relator se tornará aquele


com maior votos o acompanhando (voto vencedor).

AULA 18 – 15/05/2007

OBS: Da decisão interlocutória, cabe recurso só se for terminativa, se for decisão de


incompetência que remeta o processo para outra jurisdição (outra justiça) ou outro Estado.

7.3.2. RECURSO DE REVISTA (RR – art. 896):

Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões
proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho, quando:

a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro
Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior
do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte;

b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo,
sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que
exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na
forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição
Federal.

§ 1o O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do


Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão.

§ 2o Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução
de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista,
salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.

§ 3o Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua


jurisprudência, nos termos do Livro I, Título IX, Capítulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva
para ensejar a admissibilidade do Recurso de Revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência
Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 4º A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se considerando como tal a
ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho.

§ 5º - Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do


Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao Recurso
de Revista, aos Embargos, ou ao Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas
hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a
interposição de Agravo.

É um recurso extraordinário, pois tem requisitos específicos; só cabe em determinadas


situações; não visa fazer justiça; corresponde ao Recurso Especial do PC.

A finalidade não é fazer justiça, mas sim (1º) uniformizar a jurisprudência dos
TRTs (eles podem decidir de modo diferente sobre a mesma demanda, o que enfraquece a
justiça) e (2º) assegurar a primazia da Lei Federal, faz com que a lei seja observada,
aplicada (ex: uma lei federal foi violada, então se usa o RR para assegurar sua aplicação).

Pressupostos:

1. Gerais: adequação, efeitos devolutivos (se quiser dar efeito suspensivo, deve-se usar
uma ação cautelar – provando as condições da ação cautelar: periculum in mora e
fumus boni iuris);
2. Epecíficos:

- Pré-questionamento: o assunto que se levará ao ad quem (TST) deve ter sido


discutido especificamente no a quo, o TRT deve ter tratado do assunto; se não tratou,
deve se interpor Embargo de Declaração, pois se entende que ele foi omisso; se
mesmo assim ele não tratar (diz que já tinha tratado), pode-se seguir (Súm. TST).
184 Embargos declaratórios. Omissão em revista. Preclusão (Res. 6/1983 DJ 09-11-1983)

Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão
apontada em recurso de revista ou de embargos.

- Tese Jurídica: no RR, só se discute tese jurídica (direito), não se analisa fatos e
provas (esses são discutidos no RO) – ex: prof. de ensino fundamental que fala
palavras de baixo calão em sala incide em justa causa? –. Se tiver que olhar as provas
para decidir, é matéria de fatos e provas; no RR, não se olha os autos do processo, só
se ver a tese, só se discute o direito. Uma questão de fato pode se transformar em
jurídica desde que não se tenha que olhar os autos. O juízo a quo deve ter emitido
uma tese sobre o tema (pré-questionamento) – será essa tese que servirá de
fundamento do RR (o recorrente criará uma tese contrária). Pode se reapreciar o
direito probatório aplicado aos fatos.

126 Recurso. Cabimento (RA 84/1981 DJ 06-10-1981)

Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, letra b, da CLT) para
reexame de fatos e provas.

Referência: CLT, arts. 896 e 894, letra b

OBS: O RR será julgado por uma das turmas do TST.

- Transparência (art. 896-A): criado através da MP 2226/01, que está sendo


questionada quanto a sua constitucionalidade. Com essa MP, só seria aceito o RR que
tivesse característica transcendente, que fosse importante do ponto de vista
econômico, jurídico e social. A inconstitucionalidade estaria no fato de ser feita pelo
MP, quando é matéria de competência de Lei Complementar.

Art. 896-A. O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa
oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou
jurídica.
- Aresto Divergente: como visa a uniformizar a jurisprudência dos TRTs, deve-se
colocar as decisões divergentes do a quo e do tribunal divergente, para formar o
conflito pretoriano de tese; trazer arestos (outro nome para acórdão) com os
requisitos: divergência (a tese do aresto deve ser divergente da do a quo), especifico
(todos os dados, informações do aresto a quo devem se repetir no paradigma
detalhadamente), válido (publicado nos livros e revistas autorizados – se exige a
identificação da fonte de publicação idônea para que no juízo de admissibilidade ou o
advogado da outra parte possam analisar a autenticidade do aresto).

OBS: Aresto Paradigma é o aresto que diverge da decisão do a quo, que traz sua tese.

Hipóteses de Cabimento:

1. Decisão de mérito de RO (se este não foi aceito, o recurso correto é o Agravo de
Instrumento) do TRT – dissídio individual;

AULA 19 – 22/05/2007

7.3.2. RECURSO DE REVISTA (continuação):

É julgado pelas turmas. Os arestos devem ser dos TRTs.

Hipóteses de Cabimento:

1º) Divergência Jurisprudencial (tem como finalidade uniformizar a jurisprudência –


pode adotar a tese de qualquer um dos arestos divergentes ou ainda adotar uma
terceira tese). Os arestos devem ser do pleno ou das turmas de TRTs diferentes, como
também podem ser da SDI ou do pleno do TST e podem ser Súmulas ou OJs do TST.

2º) Violação de Lei Federal ou da CF – a violação deve ser literal e direta, não deve
ser decorrência, deve ser violação ao texto da lei. A interpretação razoável de texto de
lei não viabiliza o RR (Súm. 221 do TST);

221 Recursos de revista ou de embargos. Interpretação razoável. Admissibilidade vedada


(Res. 14/1985 DJ 19-09-1985)
Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não dá ensejo à
admissibilidade ou ao conhecimento dos recursos de revista ou de embargos com base,
respectivamente, nas alíneas b dos arts. 896 e 894 da Consolidação das Leis do Trabalho. A
violação há que estar ligada à literalidade do preceito.

Referência: CLT, arts. 894, alínea b, e 896, alínea b

266 Recurso de revista. Admissibilidade. Execução de sentença - Revisão do Enunciado


nº 210 (Res. 1/1987 DJ 23-10-1987 e DJ 14-12-1987)

A admissibilidade do recurso de revista contra acórdão proferido em agravo de petição, na


liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de
terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

Referência: E-RR nº 1674/81

3º) Interpretação de Lei Estadual, Convenção e Acordo Coletivo, Sentença Normativa


(decisão da SDC) e Regulamento Empresarial (norma editada unilateralmente pela
empresa) – caberá RR desde que a aplicação, abrangência delas ultrapasse a jurisdição
de 1 tribunal; normalmente, é matéria de fatos e provas. Só cabe por interpretação
divergente. Deve-se fazer prova da abrangência da norma (seria uma espécie de
requisito).

OBS: Convenção Coletiva é um ajuste entre sindicato do trabalhador e o sindicato patronal;


Acordo Coletivo é o ajuste entre a empresa e seus trabalhadores. O que os diferencia é as
partes, o conteúdo é o mesmo.

Apresentado o RR, haverá a análise do juízo de admissibilidade a quo – ele pode


admitir um 1 só tema e indeferir os outros –. Nesse caso, não poderá interpor Agravo de
Instrumento quanto aos temas indeferidos, pois o ad quem não está vinculado ao juízo a
quo, ele poderá admitir os outros de todo modo (o processo vai subir, pois um dos temas foi
deferido, logo, ele apreciará todos).

285 Recurso de revista. Admissibilidade parcial pelo Juiz-Presidente do Tribunal


Regional do Trabalho. Efeito (Res. 18/1988 DJ 18-03-1988)
O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível
apenas quanto à parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de
instrumento.

Referência: CLT, arts. 896, § 3º, e 897, letra b

AULA 20 – 24/05/2007

7.3.2. RECURSO DE REVISTA (continuação):

O aresto paradigma pode ser do pleno ou das turmas do TRT, assim como da SDI e
do pleno do TST ou, ainda, pode ser OJ ou Súmula do TST. Se a decisão recorrida estiver
em consonância com OJ ou Súmula do TST, não poderá ser objeto de RR, ainda que haja
aresto divergente, especifico e válido.

333 Recurso de revista. Embargos. Não conhecimento - Revisão do Enunciado nº 42


(Res. 25/1994 DJ 12-05-1994)

Não ensejam recursos de revista ou de embargos decisões superadas por iterativa, notória e
atual jurisprudência da Seção Especializada em Dissídios Individuais.

Interposto no juízo ‘a quo’, o juízo de admissibilidade será feito pelo Presidente do


TRT (de acordo com o RI do TRT 5ª Região, daqui). Se indeferido, caberá Agravo de
Instrumento. Admitido, ele é remetido para as contra-razões no prazo de 08 dias; depois, é
enviado para o TST.

O procedimento dentro do TST é definido pelo RI. Hoje, a distribuição para os


relatores é imediata. Há uma triagem para ver se há necessidade de parecer do MPT.

O relator fará um juízo de admissibilidade ‘ad quem’; haverá 2 juízos de


admissibilidade ‘ad quem’ – um pelo relator e outro pela turma –.

Se o relator indeferir, caberá Agravo Regimental (não é o de Instrumento).


Admitindo-o, ele faz seu voto e envia o processo para a turma. Lá, há um novo juízo de
admissibilidade – qualquer Ministro pode suscitar uma preliminar de não conhecimento,
nesse caso, o conhecimento do RR irá a voto –.
O relator faz o relatório; os advogados fazem a sustentação oral; o relator vota; o
revisor vota (se houver) e os outros Ministros votam por ordem de antiguidade.

Se a turma não conhece, há um Recurso Especifico: Embargos em sede de RR.

O advogado pode interferir, no curso do processo (fora do momento da sustentação


oral), para prestar esclarecimentos de Fatos (um fato não corresponde a verdade dos autos).
No RR, só caberia quanto ao juízo de admissibilidade, conhecimento.

7.3.3. EMBARGOS (art. 894, CLT e Lei 7701/88):

Art. 894 - Cabem embargos, no Tribunal Superior do Trabalho, para o Pleno, no prazo de 5 (cinco)
dias a contar da publicação da conclusão do acórdão:

a) das decisões a que se referem as alíneas b e c do inciso I do art. 702;

b) das decisões das Turmas contrárias à letra de lei federal, ou que divergirem entre si, ou da decisão
proferida pelo Tribunal Pleno, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula de
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho.

Parágrafo único. Enquanto não forem nomeados e empossados os titulares dos novos cargos de juiz,
criados nesta Lei, e instaladas as Turmas, fica mantida a competência residual de cada Tribunal na sua
atual composição e de seus Presidentes, como definido na legislação vigente.

Os embargos podem ser: Embargos em sede de Dissídio Coletivo (E-DC) e Embargos


em sede de Recurso de Revista (E-RR).

É um recurso extraordinário, que tem por finalidade uniformizar as decisões das


turmas do TST.

Se aplica aos Embargos tudo que se aplica ao RR, com algumas modificações; os
Embargos ocorrem dentro do TST.

Pressupostos Específicos: Pré-questionamento, tese de direito.

Classificação: Não há classificação legal dos embargos, mas a doutrina a faz:

- Embargos de Divergência (art. 3º, III, b da Lei): cabe quando há divergência entre as
turmas ou entre a turma e a SDI ou entre turma e OJ/Súm. Espécie de E-RR. É
julgado pela SDI;
- Embargos de Nulidade: cabe quando há violação literal de Lei Federal e CF. A
decisão é nula, pois violadora. Espécie de E-RR. É julgado pela SDI;

- Embargos de Infringência (art. 2º, II, c da Lei):os dissídios coletivos envolvem


categoria profissional, começam no TRT (se o conflito for local, estadual) e no TST
(se o dissídio envolver mais de 1 Estado, jurisdições diferentes, mais de 1 TRT).
Criou-se para assegurar o duplo grau de jurisdição. Caberá quando houver decisão
não unânime nos processos de competência originária do TST. Tem a mesma natureza
do RO, porém com o pressuposto especifico de ser de decisão não unânime nos
processos de competência originária do TST. Quem julga é a SDC – mesmo órgão
que julgou a decisão. Espécie de E-DC.

Procedimento:

- Divergente e Nulidade: as partes se chamam embargante e embargado. O juízo ‘a


quo’ será feito pelo presidente da turma. Se indeferido, cabe Agravo Regimental. Se
admitido, manda-se a parte contrária fazer a Impugnação aos Embargos (equivale às
contra-razões). Vai para a SDI. O relator fará o juízo ‘ad quem’, assim como a SDI
também o fará;

- Infringentes:

AULA 21 – 29/05/2007

7.3.4. AGRAVO DE INSTRUMENTO - AI (art. 897):

Art. 897. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.

§ 1º O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e


os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios
autos ou por carta de sentença.

§ 2º O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não
suspende a execução da sentença.
§ 3º Na hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio Tribunal, presidido pela
autoridade, salvo se tratar de decisão de decisão de Juiz do Trabalho de 1ª Instância ou do Juiz de
Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal Regional a que estiver
subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no Art. 679 desta Consolidação, a quem este
remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos
próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença.

§ 4º Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para
conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.

§ 5º Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de


modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de
interposição:

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das


procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação,
da decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas;

II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito
controvertida.

§ 6º O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a
com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.

§ 7º Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se


for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso.

§ 8º Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução
determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme
dispõe o § 3º, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.

Caberá quando o juiz não admitir o seguimento de outro recurso. Tem esse nome
porque não vai para o Tribunal com os autos do processo principal, sendo feito um
instrumento para esse fim, visando não interromper o andamento do processo.

O agravo de instrumento previsto no CPC serve para impugnar qualquer despacho de


decisão interlocutória. No PT, serve apenas para destrancar recurso ao qual foi negado
seguimento e não para decisões interlocutórias. Na JT, não cabem recursos de decisões
interlocutórias, somente da decisão definitiva.

Não caberá agravo de instrumento de despacho que não admita os embargos, pois o
remédio, nesse caso, será o AGRAVO REGIMENTAL (art. 3º, III, c da Lei 7701/88).

Art. 3º - Compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:

III - em última instância:


a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio
individual de sua competência originária;

b) os embargos interpostos às decisões divergentes das Turmas, ou destas com decisão da Seção de
Dissídios Individuais, ou com enunciado da Súmula e as que violarem literalmente preceito de lei
federal ou da Constituição da República;

c) os agravos regimentais de despachos denegatórios dos Presidentes das Turmas, em matéria de


embargos, na forma estabelecida no Regimento Interno;

d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;

e) as suspeições argüidas contra o Presidente e demais Ministros que integram a seção, nos feitos
pendentes de julgamento; e

f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de recurso ordinário em processo


de sua competência.

AGRAVANTE: aquele que apresenta o recurso; AGRAVADO: contra quem se


interpõe o recurso.

No Agravo Regimental, é preciso que sejam transladadas as peças do Agravo de


Instrumento, da decisão originaria e das peças necessárias à comprovação da existência dos
pressupostos do recurso indeferido.

As peças podem ser necessárias e indispensáveis – estas não são necessárias, mas são
obrigatórias (ex: o comprovante do pagamento das custas do recurso é peça obrigatória,
mas não necessária). Já os documentos exigidos, no art. 897, §5º, não são obrigatórios, mas
são necessários, sob pena de não conhecimento.

Procedimento: o agravante apresenta o Agravo de Instrumento perante o juiz que


indeferiu o recurso (juiz a quo) para que ele se retrate. Caso não haja retratação, será
atribuído prazo de 08 dias para que a parte contrária apresente contraminutas (as contra-
razões do agravo).

O juízo a quo, segundo entendimento majoritário, não pode recusar o agravo de


instrumento, pois se pudesse o recurso nem chegaria ao juízo ad quem.

No AI, não cabe revisor nem sustentação oral dos advogados. O AI irá para o relator,
caso seja dado provimento, o tribunal irá examinar o recurso. Primeiro, julga-se o agravo,
depois o recurso indeferido (neste será permitida a sustentação oral).

7.3.5. AGRAVO REGIMENTAL – AR:


O AR é um recurso que está previsto nos Regimentos Internos dos TRTs, através da
Lei 7701/88.

O prazo para interposição está previsto no RI dos tribunais. No TST, o prazo é de 08


dias. No STF, é de 05 dias. Nos TRTs, normalmente, o prazo é de 05 dias também. Conta-
se o prazo a partir da publicação do despacho no órgão oficial.

Hipóteses de Cabimento: somente é possível no âmbito dos tribunais, não sendo


possível no 1º grau. Será cabível quando a decisão individual de um juiz causar prejuízo a
alguém (ex: negar admissão de mandado de segurança).

O AR possui a mesma função do Agravo de Instrumento, na prática, serve para


destrancar o andamento de recurso ao qual foi negado seguimento. A diferença é que o AR
está previsto no regimento, enquanto o AI está na CLT. O campo de atuação do AR é mais
amplo também.

7.3.6. CORREIÇÃO:

Significa corrigir erros, reformar, eliminar erros. A correição pode ser Geral ou
Parcial.

- Geral: é feita periodicamente pelo juiz corregedor. No tribunal pequeno é feita pelo
próprio presidente do tribunal. Na correição geral, por exemplo, ocorre a fiscalização da
justiça pelos corregedores, que vão verificar se os juízes estão atuando conforme a lei ou
não.

- Parcial ou Correicional: é uma prerrogativa concedida às partes, desde que não


haja recurso previsto.

Art. 709. Compete ao Corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal Superior do
Trabalho:

I - exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e seus
Presidentes;

II - decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos tribunais
Regionais e seus Presidentes, quando inexistir recurso específico;

§ 1º Das decisões proferidas pelo Corregedor, nos casos do artigo, caberá o agravo regimental, para o
Tribunal Pleno.

§ 2º O Corregedor não integrará as Turmas do Tribunal, mas participará, com voto, das sessões do
Tribunal Pleno, quando não se encontrar em correição ou em férias, embora não relate nem revise
processos, cabendo-lhe, outrossim, votar em incidente de inconstitucionalidade, nos processos
administrativos e nos feitos em que estiver vinculado por visto anterior à sua posse na Corregedoria.

Art. 682. Competem privativamente aos Presidentes dos Tribunais Regionais, além das que forem
conferidas neste e no título e das decorrentes do seu cargo, as seguintes atribuições:

XI - exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Juntas, ou parcialmente sempre que se
fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar conveniente, ao Presidente do Tribunal de Justiça,
relativamente aos Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;

Quando a atividade for administrativa, a JT não tem poderes para punir o juiz de
direito, devendo ser remetido ao tribunal ao qual o juiz está vinculado.

AULA 22 – 31/05/2007

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (art. 852-A/ art. 852-I):

Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente
na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.

Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a


Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:

I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;

II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do
reclamado;

III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento,
podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Junta de
Conciliação e Julgamento.

§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no
arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa.
§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do
processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de
comunicação.

Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única,
sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente
com o titular.

Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas,
considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de
experiência comum ou técnica.

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e
usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da
audiência.

Art. 852-F. Na ata de audiência serão registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmações
fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal.

Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam interferir no
prosseguimento da audiência e do processo. As demais questões serão decididas na sentença.

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não
requeridas previamente.

§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte
contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e
julgamento independentemente de intimação.

§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de


comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata
condução coercitiva.

§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica,
incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito.
§ 5º (VETADO)

§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de cinco dias. § 7º
Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de
trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa.

Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com resumo dos fatos
relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
sociais da lei e as exigências do bem comum.

§ 2º (VETADO)

§ 3º As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que prolatada

Existem 2 procedimentos na JT: SUMÁRIO (até 02 salários mínimos),


SUMARÍSSIMO (até 40 salários mínimos) e ORDINÁRIO (mais de 40 salários
mínimos).

As causa sob o rito sumaríssimo são aquelas até 40 salários mínimos. Se pergunta,
então, se teria a instauração do sumaríssimo revogado o sumário, vez que a lei que o criou é
posterior ao do sumário, ambos os ritos têm a mesma finalidade (celeridade) e as causas até
02 salários estaria abrangidas nas causas até 40.

Características (art. 852-A): causas até 40 salários mínimos e em que não sejam
parte a administração pública direta, autárquica e fundacional.

Petição Inicial (art. 852-B): o pedido deve ser certo e determinado (discute-se se
seria conjuntivo “E” ou alternativo “OU” – certo e determinado X certo ou determinado) e
indicará o valor do pedido (as causas devem ter um valor para se saber qual o procedimento
– a intenção do legislador ao exigir a indicação do valor do pedido é que se determine o
valor da causa).

Se discute se, na causa que tiver, como valor, exatamente 40 salários mínimos, o
reclamante poderia escolher o procedimento?

Não se aceita a citação por edital (no Rito Ordinário, é aceito em certos casos). O
endereço do reclamado deve ser absolutamente correto sob pena de arquivamento – cria
polemica, pois o endereço pode estar certo, mas o oficial não encontrar o reclamado por ele
ter criado problemas para o recebimento –. O juiz pode ver se o erro da citação partir do
reclamante para aplicar a pena de arquivamento.
Caberá a aplicação das regras do Rito Ordinário subsidiariamente, no silêncio da
seção destinada ao Rito Sumaríssimo.

A audiência é única; o art.852-C foi mais inciso, claro (“serão instruídas e julgadas”).
É obrigatória a unicidade no RS.

A proposta de conciliação pode ser realizada a qualquer momento. No RS, há maior


informalidade, o juiz está mais livre.

O número máximo de testemunhas é 02 por parte.

Incidentes e exceções serão julgados na mesma audiência, sempre que possível.

O prazo para julgar é de 15 dias. Alguns juízes estão despachando as reclamações


para ver qual é o procedimento e requerer diligências. O prazo pode ser prorrogado por
mais 15 dias se houver perícia (o máximo é 30 dias).

A sentença será proferida na audiência. Haverá: um relatório mais simples, contendo


unicamente os fatos mais relevantes ocorridos (na prática, dispensa-se o relatório). O juiz
tem liberdade, poderá utilizar-se de equidade (o que considerar mais justo).

As partes serão intimadas da sentença na própria audiência.

Recursos:

- RO (art. 895, §1º): deve ser julgado em 10 dias; o parecer do MPT é oral (ou seja, os
autos não vão para o MPT) e o acórdão será a própria certidão de julgamento (ou seja,
não haverá acórdão, só a certidão; não significa que não haverá fundamentação, ela
apenas será mais simples, resumida).

§ 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário:

I - (VETADO).

II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo
máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para
julgamento, sem revisor;

III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este
entender necessário o parecer, com registro na certidão;

IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do


processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada
pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
- RR (art. 896, § 6º): só será aceito nos casos de violação à CF e de contrariedade à
Súm do TST; não cabe nas hipóteses de divergência jurisprudencial e violação de lei
federal.

§ 6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por
contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta
da Constituição da República.

AULA 23 – 05/06/2007

O juízo de admissibilidade só examina os pressupostos. De acordo com o art.


557/CPC, se em manifesta contradição com súmula, o relator (juízo ad quem) pode dar
provimento ao recurso. A Instrução Normativa nº 17 diz que se aplica o art. do CPC à JT.

Art. 557 - O relator negará segmento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente,


prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do
Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.

§ 1º-A - Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao
recurso.

§ 1º - Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do
recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido
o agravo, o recurso terá seguimento.

Instrução Normativa 17

III- Aplica-se ao processo do trabalho o caput do art. 557 do Código de Processo Civil, com a redação
dada pela Lei nº 9.756/98, salvo no que tange aos recursos de revista, embargos e agravo de
instrumento, os quais continuam regidos pelo § 5º do art. 896 da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT, que regulamenta as hipóteses de negativa de seguimento a recurso.

Assim, ressalvadas as exceções apontadas, o relator negará seguimento a recurso manifestamente


inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior. Outrossim,
aplicam-se ao processo do trabalho os §§ 1º-A e 1º e 2º do art. 557 do Código de Processo Civil,
adequando-se o prazo do agravo à sistemática do processo do trabalho (oito dias).
Desse modo, se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao
recurso, cabendo agravo, no prazo de oito dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso. Se
não houver retratação, o relator, após incluir o processo em pauta, proferirá o voto. Provido o agravo, o
recurso terá seguimento.

PROCESSO DE EXECUÇÃO:

A expectativa da pessoa que tenha uma sentença que lhe seja favorável é de receber
(que a parte perdedora espontaneamente pague). No entanto, não é o que ocorre na maioria
das vezes. Por isso, há necessidade da execução para assegurar a eficácia e o adimplemento
da sentença.

Não há muitas normas sobre a fase executória no PT. As fontes de execução: art. 876-
892, CLT e outras normas trabalhistas; Lei dos Executivos Fiscais (Lei 6830/80) e os arts.
566-794/CPC (com base no art. 769, CLT, aplicação subsidiária do CPC ao PT).

O art. 889 da CLT determina que se aplica, na omissão da CLT, a Lei dos Executivos
Fiscais. À época, a LEF era o Decreto-Lei 960/38. O CPC veio e revogou o DL, pois
tratava também do executivo fiscal. Em 1980, criou-se uma lei especifica do executivo
fiscal (6830/80); discutiu-se, na doutrina, se essa lei teria revogado os artigos do CPC.
Entende-se hoje que o DL perdeu temporariamente sua eficácia (tendo sido represtinada
pela Lei 6830).

Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo
em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

A preferência pela LEF advém da natureza do crédito, que é preferencial. O crédito


trabalhista é o 1º na lista de credores preferenciais, embora hoje tenha uma limitação.

Exeqüente é aquele que promove a execução (sujeito ativo); Executado é aquele


contra quem se promove a execução (sujeito passivo).

Competência para promover a Execução: é competente o juízo que julgou


originariamente o processo. Quem dar inicio ao processo, segundo o art. 878, é qualquer
interessado – 1º o credor e seus sucessores, o sindicato, o devedor, o MPT e o 3º
interessado – ou o juiz de oficio.
Art. 878. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz
ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.

Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser
promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Espécies: (art. 876)

a) Definitiva: a sentença já transitou em julgado. Vai-se até as últimas conseqüências


(penhora, expropiação, leilão).

b) Provisória: a sentença ainda não transitou em julgado. Se está sujeito a recurso que
tem efeito devolutivo; só vai até a penhora (só resguarda o crédito).

Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito
suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o
Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executados pela forma estabelecida neste Capítulo.

Títulos Executivos (art. 876, CLT c/ c/ art. 585, CPC): para se executar, precisa-se de
um fundamento, que é o título. Pode ser judicial (se forma na justiça) ou Extrajudicial.

I – Decisão passado em julgado (título judicial);

II – Sentença pendente de recurso com efeito devolutivo (título judicial);

III – Acordos não cumpridos (art. 831) – conciliação judicial; há quem entenda que é
só a conciliação (entendimento predominante) e outros entendem que pode ser acordo
homologado pela DRT e pelo sindicato; para o Prof., como a lei não distingue, o
acordo extrajudicial também está abrangido (como título extrajudicial).

IV – Termos de Conciliação celebrados pela Comissão de Conciliação Prévia (art.


625-D – são entidades paritárias destinadas a fazer conciliação, antes da entrada na
justiça; o termo de tentativa infrutífera é uma condição da ação para aquelas
categorias que têm CCP). É um título extrajudicial.

V – Termos de Ajuste de Conduta formado junto ao MPT – a empresa comete uma


infração, em que há interesse público que não mais venha a ocorrer, o MPT, então,
convida as partes para comparecerem a uma audiência, na qual elas acordam ajustar
suas condutas à lei, aos termos do acordo. É um título extrajudicial.
Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular
assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos


acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas,


emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitadas pelas partes a proposta de conciliação.

Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível,
salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação
Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da
empresa ou do sindicato da categoria.

1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão,
sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.

§ 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da


tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão,
que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.

§ 3º Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput


deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da ação intentada perante a Justiça do
Trabalho.
§ 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão
sindical, o interessado optará por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente aquela
que primeiro conhecer do pedido.

OBS: O CHEQUE NÃO é título executivo na JT, só poderá ser executado na justiça
comum.

AULA 24 – 12/06/2007

PROCESSO DE EXECUÇÃO (continuação):

As fontes são a CLT, LEF e CPC. Competência: órgão que julgou originariamente.
Iniciativa: qualquer interessado; primordialmente, o exeqüente (credor), mas o executado
também tem interesse (em se livrar); o juiz pode de ofício e o MPT, se houver interesse
público. Espécies: definitivas e provisórias.

De acordo com a Lei 5584/70, art. 4º, o juiz poderá impulsionar o processo quando as
partes estiverem usando o jus postulandi e nos procedimentos sumários (são os processos
de alçada só da Vara – ficam só lá).

Art. 4º Nos dissídios de alçada exclusiva das Juntas e naqueles em que os empregados ou
empregadores reclamarem pessoalmente, o processo poderá ser impulsionado de ofício pelo Juiz.

Liquidação da Sentença:

O ideal seria que todas fossem líquidas, com os valores determinados, certos
(quantum debeatur), ms isso não é obrigatório na JT.

Muitas vezes, os advogados não fazem os pedidos líquidos, pois não sabem fazer os
cálculos (ex: deixam simplesmente 02 horas extras, ao invés de calcular quanto isso seria).
Por isso, a liquidação acaba passando para uma fase posterior.

A liquidação pode ser feita por (art. 879): CÁLCULO, ARTIGOS,


ARBITRAMENTO. A CLT é muito concisa, logo, o CPC é aplicado – a CLT só diz as
formas, mas não diz as hipóteses de cabimento de cada uma.
Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que
poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.

§ 1º Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria
pertinente à causa principal.

§ 1º-A A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdencjduias devidas.

§ 1º-B As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação,
inclusive da contribuição previdenciária incidente.

§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias
para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena
de preclusão.

§ 3º Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à
intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

§ 4º A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na


legislação previdenciária.

§ 5º O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da


União quando o valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição, na forma do art. 28 da
Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão
jurídico.

O valor da causa não se confunde necessariamente com o valor da sentença.

- CÁLCULO (art. 475-B, CPC): quando o resultado depender anãs de cálculos


aritméticos (mesmo as sentenças líquidas acabam passando pelo setor de cálculos, pois há
os juros e correção monetária).

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o
credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com
a memória discriminada e atualizada do cálculo.

§ 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor


ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias
para o cumprimento da diligência.

§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os


cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista
no art. 362.

§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor
aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.
§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3º deste artigo, far-se-á a
execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo
contador.

- ARTIGOS (art. 475-E, CPC): quando houver necessidade de alegar e provar fato
novo; é um verdadeiro processo de conhecimento, reabre o processo (com testemunhas e
outras provas). No curso do processo, pode ocorrer do juiz reconhecer o direito, mas não
saber ou puder quantificar (não ter certeza da quantidade) – às vezes, a instrução probatória
desse direito delongaria a obtenção dos outros direitos/pedidos –, assim ele opta por passar
essa quantificação para a fase de liquidação. Não se discutirá mais o direito, só a
quantidade dele. Faz-se uma petição (será articulada, daí o nome artigos), dizendo que o
direito foi reconhecido, mas não há quantificação; deve-se dizer que provas irão ser feitas,
pedir diligencias, perícias – faz-se uma nova reclamação com a diferença que o direito já
está certo, reconhecido.

Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver
necessidade de alegar e provar fato novo.

Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272).

- ARBITRAMENTO (art. 475-C, CPC): não basta fazer cálculos e não pode ser por
artigo, pois não há o que provar. Será cabível quando a sentença assim o determinar, as
partes o convencionarem ou quando a natureza do objeto o exigir. O juiz pode definir a
forma de liquidação já na sentença. Passa-se para um perito arbitrar o valor (não há
circunstâncias concretas que possibilitem o calculo).

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a
entrega do laudo.

Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez
dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.
O que vai definir a forma da liquidação é o tipo da causa, a natureza do objeto a ser
liquidado. As partes podem convencionar, mas o juiz pode indeferir.

Impugnação dos Valores Apurados (art. 879, §2º, CLT):

§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias
para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena
de preclusão.

Há 2 formas de fazer os cálculos: a parte exeqüente apresenta os cálculos (memória


dos cálculos) ou pode o juiz remeter os autos para o setor de cálculos.

Diante dos cálculos prontos, o juiz pode tomar 2 atitudes: homologa os cálculos ou
intima as partes para se manifestarem sobre os cálculos e homologa depois. Isso é uma
faculdade do juiz (normalmente, ele homologa sem ouvir as partes). Se ele abrir a
possibilidade de impugnação dos cálculos, a parte será obrigada a fazê-lo sob pena de
preclusão (não poderá mais impugnar esses valores no resto do processo).

Quando feito pelo juízo, o requerente poderá impugnar também (deverá ser ouvido –
o art. fala em “as partes”). Se o juiz não ouvir as partes, o momento oportuno para a
impugnação será depois da garantia do juízo ou penhora.

A parte, na impugnação, deverá discriminar os valores com que não concorda.

Após a homologação dos cálculos (fixa o quantum debeatur), o juiz promoverá a


sentença de liquidação. Após a sentença, será citado o executado para o pagamento em 48
hs (art. 880). A citação aqui é feita por oficial de justiça (no processo de conhecimento, é
pelos correios) – discute-se se seria pessoal, devendo ser feita na pessoa do executado
(entendimento majoritário), ou se poderia ser entregue a um representante da empresa –.

Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação
do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações
estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais
devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de
penhora.

§ 1º O mandado de citação devera conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido.

§ 2º A citação será feita pelos oficiais de Justiça.

§ 3º Se o executado. procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for
encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da
Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias.
Recebendo a citação, o executado poderá:

1) Adimplir a sentença, comparecendo, na Vara, em um dia previamente combinado


com os advogados e o reclamante.

2) Pagar para garantir a execução, devendo consignar que o depósito é para garantir a
execução, significa que ele pretende recorrer (poderá não fazê-lo se os depósitos
recursais forem o suficiente).

1. Faz o depósito e a parte pega depois através de Alvará.


2. Indica bens a penhora.
3. Não faz nada (nesse caso, o juiz ordenará a penhora dos bens).

AULA 25 – 14/06/2007

Penhora:

A penhora é a expropriação dos bens suficientes para o pagamento do credor.

O art. 882 manda aplicar o CPC e não a LEF, no caso de omissão da CLT quando a
Penhora. Ou seja, no caso da penhora, a 2ª fonte será o CPC e não LEF.

O art. 655 do CPC traz a ordem em que os bens devem ir à penhora (o art. 11 da LEF
também traz uma ordem preferencial, mas deve-se dar preferência ao CPC).

Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante
depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora,
observada a ordem preferencial estabelecida no Art. 655 do Código Processo Civil.

Art. 655 - A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - veículos de via terrestre;

III - bens móveis em geral;

IV - bens imóveis;
V - navios e aeronaves;

VI - ações e quotas de sociedades empresárias;

VII - percentual do faturamento de empresa devedora;

VIII - pedras e metais preciosos;

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

XI - outros direitos.

Normalmente, o executado não segue a ordem de preferência ao fazer a indicação dos


bens a serem penhorados; portanto, caberá ao oficial seguir a ordem quando penhorar.

Antigamente, o executado fazia sua lista, depois se pedia ao exeqüente que se


manifestasse sobre ela. Este recusava a lista do executado, pedindo que fosse penhorado
dinheiro. Para isso, seria necessário o nº da conta do executado e que esta fosse bloqueada,
mas os bancos, mesmo com ofício, não o faziam. Assim, era necessário que se pedisse ao
Banco Central o bloqueio da conta, o que levava muito tempo, dando ao executado tempo
de tirar o dinheiro da conta.

Hoje, existe o sistema BACEN JUD (sistema de penhora online), que permite ao juiz
pedir o bloqueio para o Banco Central através da internet. Na realidade, não é uma penhora,
mas sim um bloqueio – o dinheiro será transferido para uma conta judiciária, onde se fará a
penhora –; algumas pessoas defendem que a penhora se dá com o bloqueio e não com a
transferência (é importante precisar o momento da penhora para efeito de contagem de
prazo do recurso).

Hoje só se penhora o valor da sentença, antes era todas as contas, o que ocasionava
vários transtornos à empresa.

Na penhora, deve ser observado o elenco de bens impenhoráveis do CPC (art. 649,
CPC), que também se aplica ao PT.

Art. 649 - São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;


II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de
elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões,


pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
observado o disposto no § 3º deste artigo;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis


necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança.

Garantida a execução (seja pelo depósito, seja pela penhora), surge a hipótese de
Impugnar os Cálculos ou interpor Embargos à Execução ou à Penhora.

O único pressuposto dos Embargos é a garantia do juízo. O prazo é de 5 dias,


contados da intimação da penhora.

Os Embargos são para o executado; enquanto a Impugnação é para os dois. Ambos


devem ser interpostos no prazo de 5 dias.

Pergunta-se: tendo a parte impugnado no momento da homologação, poderia


impugnar novamente? Entende-se que não, pois haveria preclusão consumativa (ele já teria
praticado o ato).

Os embargos são meio de defesa, não é recurso.

Nos embargos, poderá ser alegado que já foi cumprida a sentença ou o acordo ou que
já prescreveu (art. 844, §1º). Embora a lei determine as matérias que poderão ser objeto, a
doutrina e a jurisprudência têm entendido que pode outras matérias, a mais comum é a
nulidade da citação (o réu foi declarado revel por uma citação inválida – descobriria agora,
pois a citação é por oficial).
Art. 884. Garantida a execução ou penhora os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar
embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação. (Prazo alterado para 30 dias pela MP-
002.180-035-2001)

§ 1º A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação


ou prescrição da dívida.

§ 2º Se na defesa tiverem sido arrolada testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal, caso,
julgue necessário seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá
realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.

§ 3º Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo
ao exeqüente igual direito e no mesmo prazo.

§ 4º Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à liquidação apresentadas pelos


credores trabalhista e previdenciário.

§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados


inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por
incompatíveis com a Constituição Federal

Os embargos são só para o executado, pois só ele tem interesse – as matérias são
próprias da defesa. Mas a impugnação é para ambas as partes.

Exceção de Pré-Executividade: possibilidade do executado se insurgir contra a


execução sem garantí-la. Pode-se apresentar a defesa fundada em matérias de ordem
pública (o juiz poderá conhecer de ofício) ou outras que prejudiquem a execução. Não cabe
produção de provas (não cabe audiência de instrução, dilação probatória), estas devem estar
previamente provadas (nos autos ou na exceção). Tem como fundamento o princípio que a
execução deve correr com o mínimo de prejuízos para o executado (somente o necessário).

ANEXO 1

CONCOLIDAÇÃO DOS RPOVIMENTOS DA CORREGEDORIA-GERAL

Art. 53 Tratando-se de execução definitiva, se o executado não proceder ao pagamento da


quantia devida nem garantir a execução, conforme dispõe o artigo 880 da CLT, o juiz
poderá, de ofício ou a requerimento da parte, emitir ordem judicial de bloqueio via Sistema
Bacen Jud, com precedência sobre outras modalidades de constrição judicial.
Art. 54 O acesso dos magistrados ao Sistema Bacen Jud é feito por meio de senhas
pessoais e intransferíveis, após o cadastramento efetuado pelos Masters do respectivo TRT.

Art. 55 O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho indicará, no mínimo, dois Masters


ao Banco Central, comunicando a indicação à Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. O Presidente do TRT deverá comunicar imediatamente ao Banco Central


e à Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho eventual descredenciamento de Master, bem
como de qualquer usuário, do Sistema Bacen Jud.

Art. 56 Os Masters do sistema devem manter os dados dos juízes, cadastrados ou não,
atualizados de acordo com formulário disponibilizado na extranet do TST.

Parágrafo único. Os dados atualizados dos juízes são: nome e CPF, TRT e Vara do
Trabalho a que estejam vinculados, e se estão cadastrados ou não no Sistema Bacen Jud.

Art. 57 Os magistrados deverão acessar diariamente o Sistema Bacen Jud, a fim de


certificarem o efetivo e tempestivo cumprimento, pelas instituições financeiras, das ordens
judiciais por eles emitidas.

Art. 58 Qualquer pessoa física ou jurídica poderá solicitar ao Tribunal Superior do


Trabalho o cadastramento de conta única apta a acolher bloqueios on-line, realizados por
meio do Sistema Bacen Jud. As Instituições Financeiras poderão solicitar o cadastramento
tão-somente do banco destinatário da ordem judicial. (Redação dada pelo Provimento nº
4/2006 da GCGJT, publicado no DJ de 21/12/2006).

§ 1º A solicitação a que se refere o caput deste artigo deverá ser encaminhada por petição

dirigida ao Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e instruída com cópias dos

comprovantes do CNPJ ou CPF e da titularidade da conta indicada (banco, agência, conta


corrente, nome e CNPJ/CPF do titular);

§ 2º As informações sobre o cadastra- mento de que trata o caput desse artigo, poderão ser
obtidas, eletronicamente, no endereço www.tst.gov.br, opção Bacen Jud. (Redação dada
pelo Provimento nº 4/2006 da GCGJT, publicado no DJ de 21/12/2006).
Art. 59 A pessoa física ou jurídica que optar pela indicação de que trata o caput do artigo
58 obriga-se a manter recursos suficientes para o atendimento da ordem judicial, sob pena
de o bloqueio ser direcionado às demais Instituições Financeiras/contas e de o
cadastramento ser cancelado pelo TST. (Redação dada pelo Provimento nº 4/2006 da
GCGJT, publicado no DJ de 21/12/2006).

§ 1º O executado descadastrado na forma do caput desse artigo poderá, após o período de 6


(seis) meses, contados da data da publicação no Diário da Justiça, da decisão que a
descadastrou, postular o recadastramento, indicando a mesma ou outra conta, conforme a
sua conveniência. (Redação dada pelo Provimento nº 4/2006 da GCGJT, publicado no DJ
de 21/12/2006).

§ 2º A reincidência no não-atendimento das exigências de manutenção de recursos


suficientes ao acolhimento dos bloqueios on-line importará em novo descadastramento pelo
prazo de 1 (um) ano, podendo, após esse período, o executado postular novamente seu
recadastramento, nos termos do parágrafo anterior.

§ 3º Após a faculdade de recadastramento descrita no parágrafo anterior, posterior


descadastramento terá caráter definitivo.

Art. 60 Os pedidos de recadastramento a que se referem o artigo anterior e seus parágrafos


deverão ser dirigidos ao Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e instruídos com toda a
documentação enumerada no parágrafo 1º do art. 58 desta Consolidação. (Redação dada
pelo Provimento nº 4/2006 da GCGJT, publicado no DJ de 21/12/2006).

Art. 61 Os juízes devem abster-se de requisitar às agências bancárias, por ofício, bloqueios
fora dos limites de sua jurisdição, podendo fazê-lo apenas mediante o Sistema Bacen Jud.

Art. 62 De posse das respostas das instituições financeiras, o magistrado emitirá ordem
judicial de transferência do valor da condenação para conta judicial, em estabelecimento
oficial de crédito, conforme dispõem os arts. 666, I, do CPC e 9º, inciso I, c/c com o art. 11,
§ 2º, da Lei n.º 6.830/80.

§ 1º Na mesma ordem de transferência, o juiz deverá informar se mantém ou desbloqueia o


saldo remanescente, se houver.

§ 2º O prazo para oposição de embargos começará a contar da data da notificação, pelo


juízo, ao executado, do bloqueio efetuado em sua conta.
Art. 63 Constatado que as agências bancárias praticam o delito de fraude à execução, os
juízes devem comunicar a ocorrência ao Ministério Público Federal, bem como à
Corregedoria Regional e à Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, e relatar as
providências tomadas.

Art. 64 É obrigatória a fiel observância das normas estabelecidas no regulamento que


integra o convênio firmado entre o Banco Central do Brasil e os Tribunais do Trabalho.

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