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GP 5 - Contestação

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AO JUÍZO DA 9º VARA DO TRABALHO DE COMPETÊNCIA DE SÃO

LUÍS/MA

Reclamação Trabalhista nº 01234567-89.2020.5.16.0009 n

IMPÉRIO GALÁCTICO S.A, pessoa jurídica de direito privado, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por
seu representante constituído apresenta:

CONTESTAÇÃO

Em face de da Reclamação Trabalhista movida por LANDO CALRISSIAN , igualmente


qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir dispostos.

1. DAS PRELIMINARES DE DEFESA

De início, cabe ressaltar que o reclamante pediu como preliminar, a concessão


de tutela antecipada para obter a liberação do FGTS depositado e as guias do Seguro-
Desemprego.
Entretanto, é sabido que o para a liberação proposta, em via de tutela
antecipada, é necessário que o trabalhador tenha sido despedido sem justa causa, o que
não foi o caso presente do reclamante. Nesse sentido segue o entendimento dos tribunais
pátrios:

MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA ANTECIPADA.


EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ PARA LEVANTAMENTO DO
FGTS E DE OFÍCIO PARA HABILITAÇÃO NO SEGURO
DESEMPREGO. Restando incontroversa a dispensa do
trabalhador sem justa causa, bem como o não pagamento das
verbas do distrato, em razão de dificuldades financeiras alegadas
pela ex-empregadora, mostra-se cabível cassar o ato judicial que
indeferiu a antecipação de tutela para saque do FGTS e habilitação no
seguro desemprego, em conformidade com a jurisprudência
deste Colegiado.(TRT-1 – MS: 00108097520155010000 RJ, Data de
Julgamento: 16/06/2016, SEDI-2, Data de Publicação: 28/06/2016).

Portanto, fica evidente que esse pedido preliminar não é cabível, pois o
reclamante não foi despedido sem justa causa, mas sim abandonou o emprego, como é
comprovado pela instauração do Processo interno de apuração de abandono de emprego
(doc em anexo), não indo mais a empresa após o dia 10 de agosto de 2021, tendo
dispensado o reclamante por abandono de emprego em 15 de outubro de 2021. Logo, o
reclamante não tem o direito a liberação do FGTS e das guias do seguro desemprego,
visto que foi demitido por justa causa.

2. DO MÉRITO
2.1 DA RECISÃO INDIRETA

A rescisão indireta é direito do empregado somente diante de


circunstâncias legais previstas na CLT, em seu art. 483, sendo admitida somente quando
caracterizar gravidade suficiente a justificar o pedido de rescisão.
No presente caso, a saída do emprego deu-se por iniciativa do reclamante,
uma vez que não configurada qualquer das hipóteses que motivam a rescisão indireta. No
entanto, é notória a caracterização de abandono de emprego, uma vez que o Reclamante
foi notificado diversas vezes para retornar ao trabalho, conforme demostrar a cópia do
AR e os ‘prints’ das mensagens telefônicas via aplicativo de mensagem whatsapp em
anexo.
Portanto, tratando-se de desligamento por iniciativa do reclamante, não há
que se falar em rescisão indireta, conforme posicionamento do próprio TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


RESCISÃO INDIRETA. O Tribunal Regional, com amparo no quadro
fático dos autos, concluiu que a rescisão contratual ocorreu por
iniciativa do reclamante, na medida em que não restou evidenciada
nos autos nenhuma falta grave cometida pela reclamada, apta a
ensejar o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de
trabalho. Desse modo, para se decidir diversamente, como pretende o
reclamante, e de forma a ter como violados os artigos 7º, VI, da
Constituição Federal e 2º e 483, "d", da CLT, necessário seria o
revolvimento de fatos e provas, o que é inviável nesta Corte Superior,
a teor da Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento conhecido e
não provido. (TST, AIRR - 12090-88.2015.5.15.0093, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 28/02/2018, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 02/03/2018).
Portanto, não há que se falar em rescisão indireta quando inexistem elementos imputados
à reclamada para sua configuração.

2.2 DO AVISO PRÉVIO INDENIZATÓRIO

O abandono de emprego é uma ausência intencional e injustificada do


empregado, que caracteriza falta grave, podendo levar à demissão por justa causa,
segundo prevê a Consolidação das Leis do Trabalho.

“Nos termos do art. 487 da CLT, "não havendo prazo estipulado,


a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá
avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de
trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que
tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa."

Ocorre que tal previsão legal aplica-se exclusivamente aos casos da existência
do vínculo de emprego e quando não há dispensa por falta grave, que não é o caso:

EMENTA: APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA.


EMPREGADO PÚBLICO. DESPEDIDA MOTIVADA PELA
APOSENTADORIA VOLUNTARIA. CAUSA JUSTA. MULTA
RESCISÓRIA E AVISO PRÉVIO.VERBAS INDEVIDAS.
RECURSO NÃO PROVIDO. Tanto a multa rescisória de 40% sobre
o saldo do FGTS quanto o aviso prévio tem natureza indenizatória.
Assim, tais verbas somente são devidas na hipótese de despedida do
empregado sem justa causa. 2. A dispensa em virtude da
aposentadoria constitui causa justa para o encerramento do contrato de
trabalho. Logo, não há de se falar ao direito ao recebimento das
referidas verbas salarias. 3. Apelação civil conhecida e não provida,
mantida a sentença que acolheu, em parte, pretensão inicial.
(TJ-MG- AC: 10607130060835002 Santos Drumont, Relator: Caetano
Levi Lopes, Data de julgamento: 21/09/2021, Câmaras Cíveis / 2ª
CÂMARA CÍVIL, Data de publicação: 29/09/2021) (grifo nosso).

Assim sendo, está claro que o reclamante que o abandono de emprego enseja
a perda do direito ao aviso-prévio, ao seguro-desemprego e ao pagamento das verbas
rescisórias, como o saque do FGTS e a multa de 40% do FGTS.
2.3 DO INTERVALO INTRAJORNADA E DAS HORAS EXTRAS

O reclamante alegou que deveria receber pagamento de duas horas extras por
dia trabalhado durante todo o contrato de trabalho e respectivos reflexos, por conta de
uma suposta não concessão de seu intervalo intrajornada.
Entretanto, sabe-se que a partir da data de 01 de janeiro de 2019, a reclamada,
com autorização do reclamante, alterou a função do trabalhador para Motorista da
direção, no qual este confirmou que realmente ficava à disposição da empresa durante o
intervalo.
Neste sentido, a reclamada possui as provas referente a pasta do empregado
(doc em anexo), contendo as alterações do contrato, no que condiz a essa condição
proposta e aceita pelo reclamado.
Logo, não resta dúvidas que o reclamado agiu de má-fe ao pedir pagamento
de duas horas extras por dia trabalhado durante todo o contrato de trabalho e respectivos
reflexos, pois é cristalino que ele não possui esse direito, como evidencia as provas
contidas e apresentadas pela reclamada.

2.4 DO NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS

FÉRIAS EM DOBRO DOS PERÍODOS AQUISITIVOS (2013/14; 2014/15; 2015/16;


2016/17; 2017/18; 2018/19; 2019/20; 2020/21):

A priori torna-se de fundamental relevância mencionar o Art. 130 da


Consolidação das Leis do Trabalho, na qual expõe:

Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do


contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte
proporção: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais


de 5 (cinco) vezes; (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a


14 (quatorze) faltas; (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23


(vinte e três) faltas; (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro)
a 32 (trinta e duas) faltas. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de
13.4.1977)

De acordo com o artigo mencionado, pode-se analisar que o reclamante teria


direito a férias após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, porém,
fica demonstrado que durante o período aquisitivo 2013/2014, o reclamante teve 33 faltas;
em 2014/2015, 41 faltas; no período 2015/2016, teve 36 faltas; em 2016/2017, teve 42
faltas; em 2017/2018, foram 39 faltas; em 2018/2019, teve 40 faltas; no período
2019/2020, foram mais 35 faltas e, em 2020/2021, houveram 33 faltas, todas
injustificadas, por isso nunca lhe foi pago férias. No período 2021/2022, não houveram
faltas, tendo em vista que a empresa o dispensou na data 15 de outubro de 2021 por
abandono de emprego, uma vez que o reclamante não compareceu à empresa após o dia
10 de agosto de 2021. Como o empregado não compareceu mais a empresa, dificultando
o acesso e o contato com o mesmo, a empresa depositou os valores da rescisão na conta
salário do empregado, conforme consta os contracheques anexados.

Portanto, pode-se chegar a conclusão que referente ao pagamento de férias


em dobro dos períodos aquisitivos mencionados, a empresa nada deve, uma vez que
seguiu corretamente o que está expresso no Art. 130 da CLT. O reclamante não possui
esse direito, tendo em vista as faltas injustificadas ressaltadas acima.
No que refere-se ao aviso prévio de 54 dias, o reclamante não possui direito,
visto que é somente exigido nas rescisões sem justa causa dos contratos de trabalho por
prazo indeterminado, o que não foi o caso, como já bem exposto, o reclamante foi
despedido por justa causa, por abandono de emprego.
Como forma de evidenciar isso, a reclamada possui a prova do Processo
interno de apuração de abandono de emprego. TRCT e comprovante de pagamento das
verbas rescisórias, de acordo com a justa causa (docs anexados).

2.5 DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS DE 21/22

O RECLAMANTE tem direito a receber o período de férias, acrescido do


terço constitucional, em conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT e art. 7°,
XVII da CF/88. Desse modo, a remuneração das férias proporcionais com o adicional de
1/3 constitucional referentes ao ano de 2021 em que trabalhou para a reclamada sem haver
faltas, mas com seu contrato fundado em outubro.
Ante o exposto, o pagamento de forma proporcional de férias de 8/12
referente aos meses trabalhados e acrescido do terço constitucional, proporcional a 20
dias de férias, sendo 2.900,00 (dois mil e novecentos reais) valor das férias + 966,67
(novecentos e sessenta e seis reais e sessenta e sete centavos) valor de 1/3 de férias,
totalizando 3.866,67 (três mil e oitocentos e sessenta e seis reais e sessenta e sete
centavos) — 9,76% de INSS e 0,15% de IRRF = 545,08 (quinhentos e quarenta e seis
reais e oito centavos) equivalente ao valor de R$ 3.320,59 (três mil e trezentos e vinte
reais e cinquenta e nove centavos), visto que a soma é o valor das férias integrais do
trabalhador = ( salário bruto + ⅓ de salário bruto) – descontos de IRRF e INSS, o cálculo
base das férias do trabalhador CLT é a somatória de 1 salário bruto mensal e o equivalente
a ⅓ dessa quantia, depois que os descontos de INSS e IRRF forem realizados de acordo
com a faixa salarial.

2.6 DA MULTA DO FGTS

Conforme o art. 18, §1º e §2º da Lei 8036/90 o direito a multa FGTS é cabível
somente em casos de demissões sem justa causa, demissão consensual ou por força maior.
No caso em questão, como o reclamante foi demitido por justa causa perde esse direito.
Após o dia 10 de agosto de 2021 o autor não compareceu ao serviço sendo dispensado
pela empresa dia 15 de outubro de 2021 por abandono de emprego. Dessa forma, está
caracterizado a dispensa por justa causa.
RECURSO DO AUTOR. ABANDONO DE EMPREGO.
CARACTERIZADO. Comprovado que o trabalhador, sem
justificativa alguma, deixou de comparecer ao trabalho por mais de
trinta dias consecutivos, sem responder aos telegramas
convocatórios, caracterizado está o abandono de emprego, cabendo
a despedida por justa causa. Recurso a que se nega provimento.
TRT-1 – RO: 01003777020205010051 RJ, Relator: EDUARDO
HENRIQUE RAYMUNDO VON ADAMOVICH, Data de
Julgamento: 22/09/2021, Terceira Turma, Data de Publicação:
28/10/2021.

Portanto, não é cabível a multa de 40% do FGTS, pois descartada a


possibilidade de dispensa por justa causa, de acordo com o que está comprovado nos
autos, o autor não tem direito a multa por ter sido dispensado por justa causa. Nesse
sentido, entende o TRT:
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. PEDIDO DE
DEMISSÃO. MULTA 40% DO FGTS. INDEVIDA. Constando dos
autos o pedido de demissão redigido de próprio punho e assinado pelo
reclamante, cabe-lhe o ônus de provar que tal ato se deu mediante vício
de consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo), do qual não se
desincumbindo, deve ser reconhecido como válido o pedido de
demissão, sendo indevida a multa de 40% sobre os depósitos de
FGTS, por ser verba incabível na modalidade da rescisão
contratual. Recurso provido, no tópico. (Processo: ROT – 0000137-
57.2017.5.06.0013, Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano,
Data de Julgamento: 14/10/2020, Primeira Turma, Data da assinatura:
17/10/2020).TRT-6 – RO: 00001375720175060013, Data de
Julgamento: 14/10/2020, Primeira Turma).

2.7 SALÁRIO PROPORCIONAL DE 21/22

Conforme art. 1º e 3º da Lei 4.090/62:

Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será


paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente
da remuneração a que fizer jus.
Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho,
o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos
1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da
rescisão.

O 13º salário tem natureza de gratificação natalina e está previsto na Lei


4.749/1965. Todo trabalhador que atuou por 15 dias ou mais durante o ano e que não
tenha sido demitido por justa causa tem direito à gratificação. Os trabalhadores que
possuem, por exemplo, menos de um ano na empresa, têm direito ao 13º salário
proporcional aos meses trabalhados por mais de 15 dias. No caso em tela, o contrato
do empregado rescindiu em outubro, quando a empresa o dispensou em 15 de outubro
de 2021 por abandono de emprego. Portanto, o reclamante irá receber somente referido
os meses trabalhados.
Não há na lei trabalhista (CLT) uma definição específica sobre o assunto,
o legislador não cuidou de esclarecer a forma como devem agir nessa situação. Porém,
o art. 482 da CLT permite que o empregador encerre o vínculo de emprego, demitindo
o empregado por justa causa em caso de abandono de emprego. Nesse caso, a rescisão
do contrato de trabalho do funcionário que abandona o emprego reflete na perda de
alguns direitos trabalhistas como o 13º salário proporcional ao número de meses
trabalhados no ano corrente.
A 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) por unanimidade
decidiu pela exclusão da condenação imposta a uma empresa ao pagamento
proporcional das parcelas do 13º e das férias a uma empregada demitida por justa causa
(TST-RR-21904-60.2018.5.04.0341, DEJT de 24/03/2021).
O TST reformou acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
(TRT/RS), que havia reconhecido a demissão por justa causa, mas deferido o
pagamento do 13º salário proporcional e das férias proporcionais acrescidas de 1/3 à
reclamante com base na Convenção 132 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que está incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, e também baseado na
observação de que a reclamante não faltou injustificadamente ao trabalho por mais de
32 vezes ao longo do período de duração do contrato de trabalho.
Segundo o relator, ministro Alberto Bresciani, o TRT da 4ª Região, ao
decidir de forma diversa, incidiu em contrariedade à Súmula 171 do TST, que
consolidou o entendimento de que as férias proporcionais não são devidas no caso de
dispensa do empregado por justa causa, e em ofensa ao art. 3º da Lei 4.090/62, que
institui que a parcela do 13º salário somente é devida no caso de dispensa imotivada.

2.8 DA NÃO CONVERSÃO DO SEGURO DESEMPREGO EM


INDENIZAÇÃO

O que tange sobre a não conversão do seguro desemprego em indenização


pecuniária, consoante com o ordenamento jurídico pátrio, cabe ressaltar para o dispositivo
no art. 5º, II, da Constituição Federal, que diz a falta de entrega das guias de seguro-
desemprego não pode ser suprida pela sua conversão em pecúnia ou indenização tendo
em vista a ausência de amparo legal para obrigar o empregador a pagar a referida
indenização. Revista parcialmente conhecida e provida.
Nesse sentido a habilitação ao seguro-desemprego pode ser feita mediante a
simples "apresentação da sentença judicial transitada em julgado, acórdão ou certidão
judicial, onde nos autos os dados do trabalhador, da empresa e se o motivo da demissão
foi sem justa causa" (artigo 4º, inciso IV, da Resolução CODEFAT nº 252, de
04.10.2000).
Dessa maneira a conversão da obrigação de entrega de guias em indenização
substitutiva do seguro-desemprego não pode mais ser autorizada. Nesse particular, a
Orientação Jurisprudencial n.º 211 da SDI-I do C. TST está superada pela alteração das
normas que regem o benefício em questão. [ - Decisão 005850/2005-PATR do Processo
00708-2004-007-15-00-5 ROPS Juiz Rel: Paulo de Tarso Salomão, publicado em
25/02/2005 - TRT - 15ª Região].
Segundo o entendimento jurisprudencial do TST já se manifestou no sentido
de não haver previsão legal para imputar aludida obrigação à empresa, verbis:

SEGURO-DESEMPREGO. A falta de entrega das guias de seguro-


desemprego não pode ser suprida pela sua conversão em pecúnia
ou indenização, sob pena de contrariar o disposto no art. 5º, II, da
Constituição Federal, tendo em vista a ausência de amparo legal para
obrigar o empregador a pagar a referida indenização. Revista
parcialmente conhecida e provida. (g. n.) [(Ac. un. da 2ª T. do TST -
RR 235.638/95.2-5ª R- Rel. Min. ngelo Mário - j11.06.97- Recte.:
Quatro Rodas Hotéis do Nordeste S/A; Recdo.: Antonio da Silva Cruz
- DJU 1 1º.08.97, p. 34.328].

Por fim, improsperável a pretensão de indenização referente ao seguro


desemprego e, caso a empresa seja condenada no referido título, o que se admite a título
de argumentação, a indenização deverá ser com base em tabela expedida pelo Ministério
do Trabalho e Emprego. Exposto os argumentos o que tange a legislação trabalhista
vigente, a improcedência do pedido é desde já medida que se impõe, por falta de
preenchimento dos requisitos a ensejar a percepção do benefício de seguro-desemprego
e muito menos sua conversão em indenização.

3. DA IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS

Segundo consta no código de processo civil cabe a parte autora que a mesma
ao instruir a petição inicial com os documentos da qual tenha destino em provar as
alegações impostas, cujo confirmação se encontra no artigo 434 do cpc. Visto que é
admitida a juntas desses documentos após a petição inicial ou a contestação cabendo a
parte comprovar o motivo da qual impediu se juntar anteriormente.
Entretanto no qual consta o artigo 845 da CLT afirma que o reclamante e o
reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando,
nessa ocasião, as demais provas. Deste modo o reclamado pode-se juntar na audiência
resguardando assim o direito do contraditório e ampla defesa assegurando assim a parte
um prazo que seja razoável para que seja manifestado na qual poderá ser na mesma
audiência ou em uma outra data.
RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO. EXTINÇÃO
DO PROCESSOPOR IRREGULARIDADE DE
REPRESENTAÇÃO. SÚMULA Nº 263 DO TST. APLICÁVEL.
A doutrina entende que o Juiz, ao verificar que a petição inicial não atende
aos requisitos legais, deve determinar à parte que a emende, sob as condições fixadas no
art. 284 do CPC. O entendimento jurisprudencial iterativo desta Corte, consubstanciado
na Súmula nº 263/TST, proporciona o precedente aplicável, nos seguintes termos,
verbis: -salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por
encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não
preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a
irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer-.
Recurso Ordinário a que se dá provimento, Encontrado em: . - 17/3/2006
RECURSO ORDINARIO EM DISSIDIO COLETIVO RODC 3254002320025010000
325400-23.2002.5.01.0000 (TST) Carlos Alberto Reis de Paula
Deste modo o reclamante poderá apresentar documentos e serem juntados
para suprir a irregularidade do inicial, não sendo a mesma indeferida por falta de
documentos e provas

3.1 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Quanto aos honorários, cumpre ressaltar que são indevidos em virtude de


Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADI 5766.

4.DOS PEDIDOS

Portanto, a reclamada pugna pela integral improcedência da presente reclamatória, face


aos fatos e fundamentos acima expostos.
a)
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos.

São Luís,10 de fevereiro de 2022

Renata Rodrigues Santos


Gabriel Narciso Correia Dutra
Biwesly de Sá Varão
Mayara Leilá Goes Dutra
Rackel Silva Matos
Williana Azevedo Pison
Bruna de Sousa Saraiva
José Cláudio França Júnior
Ana Beatriz Costa Maranhão

Nestes termos, pede deferimento.

São Luís,10 de fevereiro de 2022

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