Princípios F. Eletroestetica
Princípios F. Eletroestetica
Princípios F. Eletroestetica
ELETROESTÉTICA
Aline Andressa
Matiello
Princípios físicos
da eletroestética
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O uso de correntes elétricas aplicadas aos tecidos humanos com finalidade
de tratamento de disfunções (eletroterapia) é bastante antigo. Quando se
usa a eletroterapia na área da estética, ela é chamada de eletroestética. O
uso desses equipamentos pode ser uma modalidade de tratamento única
ou associada a outras modalidades na prevenção ou no tratamento de
disfunções estéticas faciais ou corporais, como: edema, gordura localizada,
flacidez, lesões da pele, sinais de envelhecimento, fibroedema geloide
(FEG), entre inúmeras outras aplicações. Novos equipamentos surgem
constantemente e propiciam ao profissional da área da estética novos
tratamentos com maior efetividade e segurança a cada dia. Para tanto,
é essencial que você, enquanto futuro profissional da área, conheça os
princípios da eletroterapia e como essas correntes elétricas agem sobre
os tecidos humanos promovendo os efeitos desejados.
Neste capítulo, você conhecerá o histórico do uso das correntes elétri-
cas aplicadas aos tecidos humanos, entenderá como a corrente elétrica é
capaz de agir sobre as células e promover efeitos fisiológicos e também
conhecerá um pouco da terminologia utilizada na eletroterapia, que é
primordial para o entendimento da eletroestética.
2 Princípios físicos da eletroestética
O uso de aparelhos de eletroterapia nas disfunções estéticas é cada vez maior. Podem
ser utilizados de maneira isolada ou associados a outras modalidades de tratamento
estético. Frequentemente são lançados no mercado equipamentos novos, garantindo
ao cliente tratamentos modernos e inovadores.
Na+ Na+
K+ K+
Na +
Membrana Na +
K+ K+
Na + Na+
Citoplasma
Meio interno
Potencial de ação
Alguns tipos de células do organismo possuem uma capacidade chamada de
excitabilidade. Essas células, quando expostas a alguns estímulos térmico,
mecânico, físico ou elétrico, podem alterar sua permeabilidade iônica, alte-
rando seu potencial de repouso natural. As células nervosas, musculares e
glandulares são tipos de células excitáveis.
Um exemplo de estímulo aplicado que pode causar essa alteração na perme-
abilidade de íons é o estímulo elétrico. Quando se aplica um estímulo elétrico a
essas células com capacidade de excitabilidade, esse processo desencadeia uma
inversão na variação de potencial de membrana, alterando sua permeabilidade
de íons. Isso se chama potencial de ação.
6 Princípios físicos da eletroestética
A
Extracelular
+ + + + + + +
+ +
− − − − − − −
−90 mV − Intracelular −
+ − B
Núcleo − +
− −
− − − − − − −
+ +
+ + + + + + +
Figura 2. Célula carregada eletricamente em repouso.
Fonte: Adaptada de Gozzi (2016, documento on-line).
Membrana celular
− − − −
+ + +
− − − − − − − − −
K K K + +
K + + +
K K K K
Potencial
mV Citoplasma
−70 Neurônio
Vale ressaltar que, quando um estímulo age sobre uma célula excitável,
essa célula dispara esse estímulo para todas as regiões vizinhas à membrana,
causando essa diferença de permeabilidade iônica em toda a região. Inicial-
mente, para que ocorra um potencial de ação após o estímulo, é necessário
que haja entrada de mais sódio na célula. À medida que o sódio vai entrando
na célula, ele a torna cada vez mais negativa, até o momento em que a célula
atinge um limite chamado de potencial limiar, fazendo com que cada vez mais
se abram os canais de sódio pela ativação de canais voltagem dependente.
Com isso, uma imensa quantidade de sódio entra na célula gerando um pico
de +35 mV e caracterizando a fase de despolarização. Quando a voltagem
de +35mV é atingida, todos os canais de sódio se fecham e abrem-se todos
os canais de potássio, de maneira que todo o potássio de dentro da célula
vai para o meio externo. Essa saída do potássio faz com que a variação
de potencial de membrana tenda a retornar a valores negativos (normais),
caracterizando a fase de repolarização. Esses últimos canais de potássio
apenas serão fechados quando a célula atingir valores negativos menores
que o repouso, ocorrendo a fase de hiperpolarização. A Figura 4 mostra
a ação de um estímulo sobre uma célula excitável e após as variações de
gradientes de pressão dos íons.
8 Princípios físicos da eletroestética
+
+ −
Estímulo + −
+ − −
+ − − +
+ − − +
+ + + + + + + + + + + + + + + + + + + +
+ − − − +
− +
− − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − +
− ++
− − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − +
+ + + + + + + + + + + + + + + + + + + ++ +− − − − + +
+ − − +
+ − −
+ −
+ −
+
Despolarização da membrana
provocando impulso nervoso +
+ −
+ −
+ − −
Na Na + + + − − +
+ − − +
− − − − − − − − − + + + + + + + + + + + +−− − + − +
+ + + + + + + + + − − − − − − − − − − − − +
− ++
+ + + + + + + + + − − − − − − − − − − − − − +
− − − − − − − − − + + + + + + + + + + ++ +− − − − + +
Na+ Na+ + −
+ −
− +
−
+ −
+ −
+
Área de +
+ −
repolarização + −
+ − −
Na Na + + + −
+ −
− +
− +
++ ++ +++ + + + + − − − − − − − − − +−− −−++
−− −− − −+− − − − − + + + + + + + + + − +
K+ K+ Na − ++
−− −− −−− − − − − + + + + + + + + + − − +
++ ++ +++ + + + + − − − − − − − − − + − −− ++
+ −
+ − − +
Na+ Na+ + − −
+ −
+ −
+
qualquer parâmetro que causará efeitos benéficos aos tecidos corporais. Para
isso, os equipamentos de eletroterapia são possuidores de diferentes tipos de
correntes e com parâmetros distintos, dependendo do tecido em que serão
aplicados e também dependendo dos objetivos de tratamento.
Pulso — Refere-se à forma de onda, que pode ser entendida por meio de uma
representação gráfica de forma, direção, amplitude, duração e frequência de
uma corrente, uma forma de onda individual.
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350
Dor
300
Amplitude do pico (mA)
250
+ Motor
200
Máxima
tolerância
à dor
150
+
Sensorial
100
+
50
+
Subsensorial + + + +
0
5 10 20 50 100 200 500 1000
Duração da fase (us)
U(V) U(V)
Razão de rampa Razão de rampa
(em V/s) Nível de (em V/s)
saturação
Nível de
saturação
t(s) t(s)
0 0
Rampa crescente Rampa decrescente
Figura 10. Onda em rampa.
Fonte: Adaptada de Ferraz Netto (1999, documento on-line).
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Leituras recomendadas
AGNE, J. E. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria, RS: Orium, 2005.
FÍSICA ATUAL. Corrente elétrica: estuda as cargas elétricas em movimento. 2011. Dis-
ponível em: <https://pt.slideshare.net/fisicaatual/corrente-eltrica-7521791>. Acesso
em: 1 out. 2018.
GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos e pato-
logias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004.
KITCHEN, S. (Org.). Eletroterapia: prática baseada em evidencias. São Paulo: Manole,
2003. Disponível em: <https://fisiofacsul.files.wordpress.com/2009/03/sheila-kitchen-
-eletroterapia-pratica-baseada-em-evidencias.pdf>. Acesso em: 1 out. 2018.