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Fasciculo de Neuroanatomia 2022 - Cópia

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Instituto Superior Politécnico de Cazenga

ISPOCA
Departamento de ciência da educação

Destinado aos estudantes do 1º Ano de Psicologia

Por:

Dr. MAMPUELE MESO BUMONA


Licenciado em medicina física
e readaptação

p. 1
Luanda 2022
INTRODUÇÃO
Neuroanatomia é o ramo da anatomia que estuda as estruturas do
sistema nervoso quanto a suas formas, suas dimensões e constituição, suas relações
respectivas com as estruturas vizinhas.
Na neuroanatomia topográfica, estuda-se os diferentes níveis do
sistema nervoso. Para estudar melhor estes diferentes níveis, o estudo da anatomia
impõe decompor um corpo ou um órgão para se fazer um exame mais aprofundado. Para
isso, pode se efetuar um corte em função de um traçado imaginário denominado plano.
Destiguem-se os seguintes planos principais:
Plano sagital: é longitudinal (divide o corpo no sentido do comprimento) e separa
o corpo ou órgão nas partes direita e esquerda;
Plano frontal: é igualmente longitudinal (divide o corpo ou órgão nas partes
anterior e posterior);
Plano transversal ou horizontal: situa-se em ângulo recto com um dos eixos do
corpo ou órgão (dividindo-o nas partes superior e inferior).

Nos animais vertebrados, estuda as inumeráveis ligações entre os


nervos do cérebro até a região ("periférica") do corpo a qual tem conexão e a estrutura
interna do cérebro, em particular. Ambos os assuntos são objeto de estudos
extremamente elaborados. Como resultado, o estudo da neuroanatomia desenvolveu uma
disciplina em si, embora também represente uma especialização dentro da neurociência.

Investiga também, com igual importância, o delineamento das regiões do cérebro, a


distinção entre as estruturas e mantêm centralizado seu foco de atenção para a
investigação de como este complexo sistema trabalha. Por exemplo, muito de que os
neurocientistas aprenderam advém da observação sobre "lesões" em áreas específicas do
cérebro e como afeta o comportamento na relação com outras funções neurais.

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OBJECTIVOS

a) Objectivo geral

Pretende-se com esta cadeira fornecer ao estudante do


primeiro ano de Psicologia elementos básicos essenciais da neuroanatomia humana.

b) Objetivos específicos

 Descrever e reconhecer as diferentes partes do sistema nervo;


 Situar as diferentes estruturas dentro do sistema nervoso e
 Dominar a organização estrutural do sistema nervoso, sede da atividade
mental.

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CAPÍTULO I. GENERALIDADES SOBRE O SISTEMA NERVOSO
( DEFINIÇÃO, ORIGEM E DIVISÃO DO
SISTEMA NERVOSO).

I.1. Definição:

O sistema nervoso é o conjunto das estruturas anatómicas,


características do reino animal, implicadas na recepção e na transmissão das
informações provenientes do meio circunvizinho, no comando dos músculos ou outros
órgãos efectores e na coordenação das diversas funções vitais.

O sistema nervoso forma uma espécie de rede que se liga a


todas as partes do corpo; daí que todas as acções do organismo, tanto as inconscientes
(automáticas), como as conscientes (voluntárias), são controladas pelo sistema nervoso,
onde também é desenvolvida a actividade intelectual própria do ser humano.

Embora ainda existam várias dúvidas sobre determinados


pontos, actualmente, já se tem um profundo conhecimento sobre a sua estrutura e o seu
complexo funcionamento.

O sistema nervoso é o que monitora e coordena a


atividade dos músculos, e a movimentação dos órgãos, e constrói e finaliza estímulos
dos sentidos e inicia ações de um ser humano (ou outro animal). Os neurônios e os
nervos são integrantes do sistema nervoso, e desempenham papéis importantes na
coordenação motora. Todas as partes do sistema nervoso de um animal são feitas de
tecido nervoso e seus estímulos são dependentes do meio.

I.2. ORIGEM DO SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso origina-se da ectoderme embrionária e se localiza


na região dorsal. Durante o desenvolvimento embrionário, a ectoderme sofre uma
invaginação, dando origem à goteira neural, que se fecha, formando o tubo
neural. Este possui uma cavidade interna cheia de líquido, o canal neural.

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Em sua região anterior, o tubo neural sofre dilatação, dando
origem ao encéfalo primitivo. Em sua região posterior, o tubo neural dá origem à
medula espinal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos
ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal do epêndimo, no interior
da medula.

Durante o desenvolvimento embrionário, verifica-se que a partir


da vesícula única que constitui o encéfalo primitivo, são formadas três outras
vesículas: a primeira, denominada prosencéfalo (encéfalo anterior); a segunda,
mesencéfalo (encéfalo médio) e a terceira, rombencéfalo (encéfalo posterior).

O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando


origem, cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide.
Desse modo, o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta.
O prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo
(tálamo e hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o romboencéfalo divide-
se em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). As divisões do S.N.C
se definem já na sexta semana de vida fetal.

1- Prosencéfalo
2- Mesencéfalo

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3- Rombencéfalo
4- Futura medula espinhal
5- Diencéfalo
6- Telencéfalo
7- Mielencéfalo, futuro bulbo
8- Medula espinhal
9- Hemisfério cerebral
10- Lóbulo olfatório
11- Nervo óptico
12- Cerebelo
13- Metencéfalo.

I.3. SUBDIVISÃO OU COMPOSIÇÃO


O sistema nervoso preside ao funcionamento de todos os aparelhos
da economia humana. Ele compreende:
 Do ponto de vista estrutural ou anatômica, duas partes:
1) O sistema nervoso central que compreende também duas partes:
a. O encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco cerebral ou tronco
encefálico)
b. A medula espinal
2) O sistema nervoso periférico que é o conjunto dos nervos.
 Do ponto de vista funcional ou fisiologica, também duas partes que são:
1) O sistema nervoso cérebro-espinal ou sistema da vida de relação. A
vida de relação é conjunto dos actos que nos metem em relação com
o mundo exterior. O sistema nervoso cérebro-espinal presidirá a
nossas relação com o mundo exterior e nos permitirá: pensar, agir,
entender, ver, sentir, ect.. É também chamado sistema voluntário
porque ele age sob a influência da nossa vontade.
2) O sistema nervoso autônomo ou vegetativo dirige a nossa vida
vegetativa. Chama-se vida vegetativa o conjunto dos fenômenos
necessários a cuidar de a vida. É o sistema vegetativo que manterá
constante o nosso meio interior, que assegurará o funcionamento
das nossas glândulas, das nossas vísceras, ect.. O sistema nervoso
vegetativo é involuntário: é com efeito subtraído a a influência da
nossa vontade.

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CAPĺTULO II ESTRUTURA GERAL DO SISTEMA NERVOSO

II.1. LEMBRACA SOBRE ESTUDO GERAL DA CELULA

II.1.1. A célula

a) Definição e histórica

A célula é a unidade estrutural e funcional mais simples em que o


nosso organismo pode ser dividido. O ser humano possui muitos milhares de milhões
de células ( cerca de 100 trilhões de células). As células ligam-se em combinações
diversas para construir tecidos, a seguir órgãos, depois os sistemas (aparelhos) e,
por fim, o organismo inteiro.

A célula foi descoberta em 1667 pelo inglês Roberto Hooke, que


observa uma célula de cortiça (tecido vegetal morto) usando o microscópio. A partir
dai as técnicas de observação microscópicas avançam em função de novas técnicas
e aparelhos mais possantes. O uso de corantes, por exemplo, permite a identificação
do núcleo celular e dos cromossomas, suportes materiais do gene (unidade genética
que determina as características de um indivíduo). Pouco depois, comprova-se que
todas as células de um mesmo organismo têm o mesmo número de cromossomas.
Este número é característico de cada espécie animal ou vegetal, é responsável pela
transmissão dos caracteres hereditários.

b) Estrutura celurar

Cada celula forma um compartimento microscópico da ordem do


mícron (milésimo do milímetro) e é uma verdadeira fábrica minúscula em que cada
elemento assegura uma determinada função. Estes elementos são organelas
celulares. Estes estão imersos num líquido chamado citosol. O interior da celula
compreende duas grandes partes: o citoplasma e o núcleo.

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1) o citoplasma e as organelas

O citoplasma é um gel que inclui o citosol e um determinado


número de pequenas estruturas denominadas organelas. Situa-se no interior da
membrana plásmica e no exterior do núcleo celular.
As organelas são:
 Os ribossomas: são unidades de pequeno diâmetro.
 O retículo endoplásmico (liso e granuloso) o retículo endoplásmico
granuloso é assim chamado porque tem na sua superfície os ribossomas. O
retículo endoplásmico liso não possui ribossomas.
 O aparelho de Golgi: existe um único aparelho de Golgi por célula, situado
perto do núcleo.
 As mitocôndrias: são verdadeiras pequenas centrais energéticas.
Encontram-se em maior número nas células do fígado e músculos que
necessitam de muitas energia.
 Os lisossomas: são as vesículas que contêm as enzimas líticas.
 Os centríolos
 Os vacúolos:são pequenas cavidades esféricas e móveis que contêm as
reservas de substâncias de que a célula necessita ou os detritos de origens
diversas.

2) os núcleos celular

Quase todas células contêm um único núcleo celular, esférico ou


ovóide, que se encontra geralmente perto do seu centro.

O núcleo está rodeado pela membrana nuclear.compreende dois


elementos:o nucléolo e a cromatina, imersos num líquido, o nucleoplasma.

O núcleo, que é circundado pelo citoplasma, conte todas as informações genéticas


do organismo, sendo responsável pela hereditariedade. O citoplasma é a sede
primária dos processos de síntese e o centro das actividades funcionais em geral.

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II.1.2. TECIDO

a) Definição

Do ponto de vista da biologia, um tecido é um conjunto de células


especializadas, iguais ou diferentes entre si, separadas ou não por líquidos e
substâncias intercelulares, que realizam determinada função num organismo
multicelular. O estudo dos tecidos biológicos chama-se histologia; na medicina, os
estudos dos tecidos como meio de diagnóstico de uma doença é a histopatologia.

b) Tipos de tecidos

Pode-se distinguir quatro tipos básicos de tecidos.


1) Tecido epitelial: inclui a pele e as membranas que cobrem as superfícies
internas do corpo. A principal função do epitélio é proteger das lesões e
infecções.

2) Tecido conjuntivo: sustenta e mantém as distintas partes do corpo.


Compreende o tecido conjuntivo elástico e fibroso, o tecido adiposo, tecido
sanguíneo, a cartilagem e o osso.

3) Tecido muscular: estes tecidos se contraem e se relaxam. Compreende os


músculos estriados ou esqueléticos, lisos e músculos cardíacos.

4) Tecido nervoso: este complexo grupo de células transfere informação de


uma parte do corpo a outra; deste modo, coordena o funcionamento de um
organismo e regula seu comportamento.

Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os mesmos,


porem com organizações mais simples. A maioria dos tecidos alem de serem
compostos de células, apresentam entre elas substâncias intracelulares
(intersticiais).

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c) Especificação dos tecidos básicos
 Epitélio: revestimento da superfície externa do corpo (pele), os órgãos
(fígado, pulmão e rins) e as cavidades corporais internas;

 Conjuntivo: constituído por células e abundante matriz extra celular, com


função de preenchimento, sustentação e transporte de substâncias;

 Muscular: constituído por células com propriedades contrateis;

 Nervoso: formado por células que constituem o sistema nervoso central e


periférico (o cérebro, a medula espinal e os nervos).

OBS: Sendo a pele o maior órgão do corpo humano.


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II.1.3. OS ÓRGÃOS

a) Definição

O corpo humano é constituído por diversas partes que são inter-


relacionadas, ou seja, umas dependem das outras. Cada órgão, cada sistema é
responsável por uma ou mais actividades.

Milhares de reacções químicas acontecem a todo instante dentro do


nosso corpo, seja para captar energia para a manutenção da vida, movimentar os
músculos, recuperar-se de ferimentos e doenças ou se manter na temperatura
adequada a vida.

Há milhões de anos, o corpo humano vem se transformando e


evoluindo para se adaptar ao ambiente e desenvolver o seu ser. Nosso corpo é uma
mistura de elementos químicos feita na medida certa. As partes do corpo humano
funcionam de maneira integrada e em harmonia com as outras. É fundamental
entendermos o funcionamento do corpo humano a fim de adquirirmos uma
mentalidade saudável em relação nossa vida.

b) Os principais Órgãos e sistemas do corpo:

 Baco;
 Rins;
 Bexiga urinária;
 Traqueia;
 Cérebro;
 Vesícula biliar;
 Coração;
 Pulmão;
 Dentes;
 Pâncreas;
 Esófago;
 Laringe;

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 Esqueleto;
 Intestino grosso;
 Estômago;
 Intestino delgado;
 Faringe;
 Glândulas Salivares,
 Fígado; ect...

c) Órgãos dos sentidos

Os órgãos dos sentidos são órgãos especializados, que recebem


estímulos do exterior e transmitem o impulso até o sistema nervoso central, local
onde se processa e se gera uma resposta.

Recebemos informações sobre o ambiente através dos cinco órgãos


dos sentidos. Os cinco sentidos são:
 A audição,
 A visão,
 O olfacto,
 O paladar (através das papilas gustativas, situadas nas diferentes regiões da
língua) e
 O tacto.

Podemos perceber o ambiente vendo, ouvindo, cheirando,


apalpando, sentindo sabores. Recebemos informações sobre o meio que nos cerca.
Ao processa-las em nosso cérebro, nos as interpretamos, seja como sinais de perigo,
sensações agradáveis ou desagradáveis, etc. Depois dessa interpretação,
respondemos aos estímulos do ambiente, interagindo com ele.

II.1.4. APARELHO E SISTEMAS ORGANICOS

Há órgãos que desempenham, por si mesmos, funções concretas,


como a pele que cobre o nosso corpo e proporciona protecção a todas as estruturas
internas, ainda que tenha outras tarefas. Há também órgãos que só podem

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desenvolver as suas actividades em combinação com outros intimamente
relacionados, e que em conjunto, constituem uma unidade funcional chamada de
aparelho ou sistema.

Apesar de, muitas vezes, os termos aparelho e sistema se


empregam como sinónimos, dá para diferenciá-los. Fala-se de aparelho quando o
conjunto de órgãos integrante é formado por tecidos distintos: por exemplo, o
aparelho digestivo é composto, entre outros, por órgão tão diferentes como a boca, o
estômago e o fígado; o aparelho respiratório é formado, entre outros órgãos, pelo
nariz, a laringe, os brônquios e os pulmões; o aparelho circulatório é formado pelo
coração, as artérias e as veias. Pelo contrário, fala-se de sistema quando todos os
componentes são constituídos pelo mesmo tecido: por exemplo, o sistema nervoso
consta basicamente de tecido nervoso; o sistema ósseo e o sistema muscular em
essência são compostos respectivamente por tecido ósseo e tecido muscular, ainda
que ambos façam parte do aparelho locomotor; o sistema endócrino é integrado por
diferentes órgãos glandulares que segregam hormonas para o sangue.

II.2. ESTRUTURA GERAL DO TECIDO NERVOSO

O tecido nervoso, como todos os outros tecidos de organismo, é


composto por uma infinidade de células de formas e funções especiais.

No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os


neurónios e as células da glia (ou da neuroglia).

II.2.1. OS NEURONIOS

O constituinte principal celular do sistema nervoso central


é o neurónio que é células altamente diferenciadas. À nascença existe um capital
delas não se renove. o sistema nervoso humano possui
cerca de 100 bilhões de células nervosas. São interligados constituindo uma
verdadeira rede de células.

II.2.1.1. Descrição dum neurónio

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Um neurónio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o
núcleo, o citoplasma e o cito esqueleto), e de finos prolongamentos celulares
denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendrites e axônios.  

Os corpos celulares dos neurónios são geralmente encontrados em


áreas restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC),
ou nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral.

Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos


neurónios, formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso
Periférico (SNP).

A célula nervosa é a unidade estrutural e funcional do sistema


nervoso. Ela é fundamentalmente caracterizada por sua capacidade a comunicar
rapidamente (receber e transmitir) informações.

Ela é formada por uma parte principal, o corpo da célula, a


partir do qual partem prolongamentos. Os neurônios apresentam três estruturas
funcionais comuns:
 Uma estrutura receptora: as dendrites;
 Uma estrutura condutora: os axônios;
 Uma estrutura secretora que liberta neurotransmissores.

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II.2.1.1.1. O CORPO CELULAR DO NEURÔNIO

ESTRUTURA: como para qualquer tipo de, o corpo do neurônio um citoplasma e


um núcleo.

O citoplasma é limitado por uma membrana citoplásmica e além


dos componentes celulares habituais, encontram-se também alguns corpúsculos

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chamados corpos de Nissl e uns filamentos ditos neurofibrilas, onde passam os
neuromediadores par alcançar a extremidade do processo.

O núcleo não apresenta particularidades de estrutura em relatório


as outras células. Ele é limitado por uma membrana nuclear e contem cromatina e
nucléolo.
FORMA: o corpo do neurônio tem uma forma variável segundo a região onde se
encontra: células piriformes ao nível do cerebelo, células piramidais ao nível da
casca cerebral. Parece mais ou menos como uma estrela com muitos ramos
correspondendo a seus processos.

TAMANHO: ele varia igualmente de 4 a 130 mícron.

II.2.1.1.2. OS PROCESSOS NEURAIS

Os processos (prolongamentos) neurais constituem vias de


transmissão da informação. Existem dois tipos de processos: a dendrite e o axónio.
Eles conduzem a informação sob forma de impulso eléctrico, chamado influxo
nervoso.

II.2.1.1.2.1. As dendrites

As dendrites são prolongamentos geralmente muito ramificados e


que actuam como receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas"
para o neurónio.

São condutores eferentes do influxo nervoso, da periferia para o


corpo celular: sentido centrípeto, dito celulípeto. Mais ou menos numerosas, as
dendrites são geralmente curtas e terminam-se por muitas ramificações.

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II.2.1.1.2.2. O axônio

Constitui um condutor aferente do influxo nervoso: do corpo


celular para a extremidade, sentido centrífugo, dito celulífugo . É único e geralmente
comprido. Trata-se também de cilindraste.

O neurônio é uma célula de comunicação por excelência: ele


recebe, trata e transmite constantemente um fluxo importante de informações. Ele
comunica quer com outras células nervosas (caso de neurónio central) quer com
outros tipos de células (neurónio periférico). Este intercâmbio realiza-se através de
dois elementos indispensáveis: a sinapse e o neuromediador (ou neurotransmissor).

II.2.1.2. A conexão das células nervosas

O tecido nervoso é formado por um grande numero de neurônios


justapostos. Estes se articulam entre si, e esta articulação designa-se sinapse. A
informação é transportada sob forma de um influxo nervoso. Existem três tipos de
sinapse:

 A sinapse entre dois neurônios e neste primeiro caso, o influxo passa do


corpo da primeira célula, segue o axônio, depois a sinapse e a dendrite da
segunda célula;
 A sinapse neuromuscular (entre um neurônio e um músculo) e neste
segundo caso, o influxo passa do corpo celular de um neurônio, segue o
axônio, depois a sinapse e, por fim, o músculo (placa motora);
 As sinapses neurotecidulares ou viscerais

A sinapse é constituído por:


 uma membrana pré-sináptica (membrana da célula que transmite o
impulso), leva vesículas contendo o neurotransmissor;
 uma membrana pós-sináptica (da célula que recebe o impulso), leva
receptores do neurotransmissor;
 uma fenda sináptica, espaço entre as duas membranas.

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Os neurotransmissores são agentes químicos liberados ou
secretados por um neurónio que pode excitar ou inibir um outro neurónio,
continuando ou terminando o relé de impulsos ou respostas para eles.

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II.2.1.3. A bainha de tecido connectivo

II.2.1.4. TIPOS DE NEURÓNIOS

Consoante a disposição das dendrites e do axónio, distingue-se 3


grandes tipos de células nervosas:
1) Os neurónios multipolares, com um axónio e muitas dendrites;
2) Os neurónios bipolares, com um axónio e uma dendrite;
3) Os neurónios unipolares, com um único processo neural: o axónio e a
dendrite unindo-se, perto do corpo celular, em um tronco único.

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Em relação com o nível importante de sua actividade, o
neurónio pode aumentar o número de seus processos a partir do corpo celular ou
seja a partir do processo que se vai ramificando muito mais. Os neurónios do
cérebro, por exemplo, têm sinapses com milhares de outras células nervosas.

A medida que especializam-se os neurónios, suas interconexões


multiplicam-se e aumentando suas capacidade e performance. Isto verifica-se, por
exemplo, no processo de aprendizagem.

II.2.2. Células da glias (Neuroglia)

As células da glia fazem parte do sistema nervoso. São células auxiliares que
possuem a função de suporte ao funcionamento do sistema nervoso central (SNC).
Estima-se que haja no SNC 10 células glia para cada neurônio, mas devido ao seu
reduzido tamanho, elas ocupam a metade do volume do tecido nervoso. Elas diferem em

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forma e função e são elas: oligodendrócitos, astrócitos, células de Schwann, células
ependimárias e micróglia.
[x]
Oligodendrócitos
Estas células são responsáveis pela produção da bainha de mielina possuem a função de
isolante elétrico para os neurônios do SNC. Possuem prolongamentos que se enrolam ao
redor dos axônios, produzindo a bainha de mielina.

Astrócitos
São células de formato estrelado com vários processos que irradiam do corpo celular.
Apresentam feixes de filamentos intermediários constituídos pela proteína fibrilar ácida
da glia, que reforçam a estrutura celular. Estas células ligam os neurônios aos capilares
sanguíneos e a pia-máter. Existem os astrócitos fibrosos e os astrócitos
protoplasmáticos. O primeiro é encontrado na substância branca e o segundo, é
encontrado na substância cinzenta, possuindo um maior número de prolongamentos que
são mais curtos e extremamente ramificados.
Os astrócitos também participam do controle da composição iônica e molecular do
ambiente extracelular dos neurônios. Algumas destas células apresentam
prolongamentos que são denominados pés vasculares, que se expandem sobre os
capilares sanguíneos. É provável que esta estrutura transfira moléculas e íons do sangue
para os neurônios.
Estas células participam também da regulação de diversas atividades neuronais. Podem
influenciar a atividade e a sobrevivência dos neurônios, devido à sua capacidade de
controlar constituintes do meio extracelular, absorver excessos localizados de
neurotransmissores e sintetizar moléculas neuroativas.
Através de junções comunicantes, os astrócitos se comunicam por meio de junções
comunicantes formando uma rede por onde há a transmissão de informações, fazendo
com estas cheguem a atingir grandes distâncias dentro do SNC.

Células de Schwann
Possuem a mesma função dos oligodendrócitos, no entanto, se localizam ao redor dos
axônios do sistema nervoso periférico. Cada uma destas células forma uma bainha de
mielina em torno de um segmento de um único axônio.

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Células Ependimárias
São células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central
da medula espinhal. Em algumas regiões, estas células são ciliadas, facilitando a
movimentação do líquido cefalorraquidiano.

Micróglia
Estas células são pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares. São
fagocitárias e derivam de precursores que alcançam a medula óssea através da corrente
sanguínea, representando o sistema mononuclear fagocitário do SNC. Participam
também da inflamação e reparação do SNC; secretam também diversas citocinas
reguladoras do processo imunitário e remove os restos celulares que surgem nas lesões
do SNC.

Em suma

As células da glia, geralmente chamadas neuróglia, nevróglia, gliócitos ou


simplesmente glia (em grego, γλία : "cola"), são células não neuronais do sistema
nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios.

II.3. As fibras nervosas

Os prolongamentos dos neurônios, as dendrites e os axônios,


possuem um invólucro. Dá-se ao conjunto o nome de fibras nervosas. O invólucro
pode ser de dois tipos:

II.3.1. A bainha de mielina: é feita de uma substancia especial, a mielina, rica em lípido
(no interior). A bainha de mielina, é descontinuada e sofre estrangulamentos
(estrangulamentos de Ranvier), destinados a acelerar a transmissão do influxo
nervoso, levando-o a progredir por salto dum estrangulamento por outro.

II.3.2. A bainha de Schwann, que segrega a mielina (no exterior), é envelope fino e
ininterompido. Ela é formada por pequenas células especiais (células nevróglicas
ou células de schwann) que garante a nutrição da fibra nervosa.

p. 23
Dá-se o nome de:

 As fibras nervosas mielinizadas para as que possuem as duas bainhas. A


mielina dá para eles um aspecto nácar. Os nervos que forma estas fibras
mielinizadas são os nervos brancos cujo o tipo é representado por os nervos
periféricos. As fibras mielinizadas formam também a substância branca,
conjunto das fibras que unem umas as outras os centros nervosos da medula
espinal e do cérebro.

 As fibras nervosas não mielinizadas para as que são desprovidas de bainha


de mielina e só possuem uma bainha de Schwann. Os nervos que elas
constituem têm um aspecto terno, é o que justifica seu nome de nervo
cinzento: o tipo dos nervos cinzentos representado pelas fibras do sistema
nervoso vegetativo.

p. 24
p. 25
CAPĺTULO III. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL (S.N.C.)

III.1. GENERALIDADE

III.1.1. SUBSTÂNCIA CINZENTA E SUBSTÂNCIA BRANCA

Um corte transversal através do encéfalo e da medula espinal


revela que eles são constituídos duma parte cinzenta e de parte branca. Os corpos
das células nervosas constituem a substância cinzenta; as fibras nervosas
interconectadas formam a substância branca.

No encéfalo, a substância branca se localiza na profundidade e a


substância cinzenta está na periferia tal como uma casca envolvendo as estruturas
profundas enquanto que na medula espinal, a substância cinzenta encontra-se no
meio e apresenta-se, num corte transversal, aproximadamente como uma área em
forma de H rodeada pela substância branca. Os braços do H são chamados
cornos: existem 2 cornos anteriores, esquerdo e direito; 2 cornos posteriores,
esquerdo e direito. A substância cinzenta do cérebro organiza-se em duas
camadas:
 A camada superficial, constituí o córtex cerebral que leva centros nervosos
integrando e coordenando, consoante o lobo cerebral onde se encontram,
várias funções do organismo;
 A camada profunda leva os núcleos cinzentos centrais.

III.1.2. AS MENINGES

As meninges consistem em 3 membranas que envolvem e


protegem o encéfalo e a medula espinal. Eles são intimamente cobertos na sua face
externa pela lâmina mais interna, a pia-máter, cobertura delicada e transparente.
A membrana mais externa é a dura-máter, cobertura espessa e resistente, reveste a
face interna dos ossos do crânio (neurocrânio). Entre a pia-máter e a dura-máter,
estende-se a aracnóide. Filamentos finos formam uma teia que une a pia-máter e a
aracnóideo.

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III.1.3. O LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO OU LIQUÍDO
CEREBRO-ESPINAL

Entre a pia-máter e a aracnóide circula um líquido claro tipo água


de rocha. Ele é segregado pelas células dos plexos coroideus dos ventrículos
cerebrais, enche as cavidades dos ventrículos e da medula espinal.

p. 27
Assim sua circulação faz-se dos dois ventrículos laterais I e II, o
LCR flui para o ventrículo III, através dos forames interventriculares ou forames
de Monro (comunicando cada um dos dois destes ventrículos ao ventrículo III), e
daí passa para o ventrículo IV, através do aqueduto de mesencéfalo. Deixa este
ventrículo através de suas as aberturas de Mangendie (é mediana) e de Lushka
(são laterais) e penetra no espaço aracnoideu, entre a pia-máter e o aracnóide.
Este espaço é contínuo em torno da medula espinal e póstero-superiormente sobre
o cerebelo. O líquido cerebrospinal é absorvido pelo sistema venoso. Esta
absorção realiza-se:

 a partir das granulações aracnóideas (coleções de vilosidades aracnóideas),


especialmente a nível do seio sagital superior e suas lacunas;
 a nível das emergências dos nervos raquidianos, onde o LCR é desviado no
corrente venoso;
 uma menor proporção passa por vasos linfáticos das bainhas nervosas.

Cada dia, 400 a 500 mililitros de líquido cerebroespnal são


produzidos pelos plexos coroideus. Aproximadamente 330 ml a 380 ml de líquido
cerebroespinal entram na circulação venosa diariamente.

É a célula e composto essencialmente de água e uma fraca


proporção de proteínas, glicose e sais. O LCR participa na:
 Nutrição dos tecidos nervosos;
 Proteção e sustento dos tecidos nervosos.

Além disto, o LCR permite o diagnóstico de doenças nervosas


infecciosas e cancerosas, através da punção lombar e análise de laboratório.

Os ventricúlos, os plexos corióideos e o líquido cefaloespinal são


elementos essenciais na formação normal do encéfalo.

p. 28
III.2. COMPOSIÇÃO

O sistema nervoso central compreende duas partes: o encéfalo,


contido no interior da caixa craniana e a medula espinal, contida no interior do
canal raquidiano. As funções principais do SNC são:
 Integrar e coordenar a entrada e a saída dos sinais neurais;
 Executar funções superiores como pensar, raciocinar, aprender, improvisar,
memorizar,...
III.2.1. A MEDULA ESPINAL

Encerrada dentro do canal medular da coluna vertebral, estende-


se do buraco occipital, onde se une ao bulbo raquidiano, ate a segunda vértebra
lombar (logo a baixo das costelas).

III.2.1.1. Configuração exterior

Ela apresenta-se sob forma dum tronco comprido que mede cerca
de 45 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, quase cilíndrica, com dois
intumescência, um cervical, outro lombar que correspondem aos pontos de
emergência dos nervos destinados aos membros superior e inferior.

De cada lado, medula espinal dá origem a 31 pares de raízes


nervosas, as raízes raquidianas. Cada par é constituído por uma raiz anterior, de
função motora e uma raiz posterior, de função sensitiva. As raízes anterior e
posterior de cada par unem-se uma a outra e constituem um nervo, o nervo
raquidiano. Existem de cada lado da medula espinal 31 nervos raquidianos: 8
pares cervicais, 12 pares torácicas (dorsais), 5 pares lombares, 5 pares sagrados e
1 par coccígeo. Na sua origem, cada nervo leva duas raízes, anterior e posterior.

III.2.1.2. Conformação interior

Sobre um corte transversal, a medula espinal aparece centrada


por um canal estreito, o canal do epêndimo. Ela apresenta uma zona de substancia
cinzenta e uma zona de substancia branca.

p. 29
A substancia cinzenta é constituída dos centros nervosos da
medula. Ela tem uma forma de H irregular, constituído de cada lado por dois
cornos:
 Um corno anterior onde são agrupadas as células motoras do músculo;
 Um corno posterior onde chegam os cilindraxo dos neurônios sensitivos e
onde agrupam-se neurônios de substituição que vão tornar difuso e influxos.

Entre os dois cornos, encontra-se uma região intermediária que


contêm centros nervosos que pertencem ao sistema vegetativo.

A substancia branca circunda completamente a substancia


cinzenta. É formada pelas fibras de associação rodeando os centros nervosos
medulares entre si e aos centros encefálicos. A presença dos cornos de substancia
cinzenta divide a substancia branca em três feixes ou cordões: anterior, lateral e
posterior, de cada lado.

A medula espinal é alargada em duas regiões para inervação dos


membros:

1) a intumescência cervical estende-se dos segmentos C4 (vértebra cervical 4)


até T1 da medula espinal, e a maioria dos ramos anteriores que se originam
dela forma o plexo nervoso braquial que inerva os membros superiores;
2) a intumescência lombosacral estende-se dos segmentos T11 até L1 da medula
espinal, e os ramos anteriores que se originam dela formam o plexo nervoso
lombar e plexo nervoso sacral que inervam os membros inferiores. As raízes
dos nervos espinais que se originam da intumescência lombosacral e do cone
medular formam a cauda equina, o feixe de raízes dos nervos espinais que
corre através da cisterna lombar (espaço subaracnóideo).

A medula espinal representa o principal centro reflexo e via de


condução entre o corpo e encéfalo.

p. 30
p. 31
III.2.2. O ENCÉFALO

Do grego em Kejalh que significa «dentro da caixa craniana», o


encéfalo é situado no interior da caixa craniana e é constituído por 3 estruturas
altamente organizadas: o tronco cerebral, o cerebelo cérebro.

p. 32
III.2.2.1. O TRONCO CEREBRAL

O tronco cerebral é a parte do encéfalo situada por baixo do


cérebro, constituindo uma ligação ente o cérebro e a medula espinal. Ele é
composto por 3 porções: o mesencéfalo (a formação reticular), a protuberância
anular (ou ponte de Varole) e o bolbo raquidiano (ou medula oblonga).

III.2.2.1.1. O mesencéfalo

É a parte rostral do tronco encefálico, apresenta uma cavidade


que forma um canal estreito, o aqueduto do mesencéfalo que conduz o líquido
cerebroespinal do 3º ventrículo e dos ventrículos laterais para o 4º ventrículo.

III.2.2.1.2. Protuberência anular (ou ponte de Varole)

É a parte do tronco encefálico entre o mesencéfalo, rostralmente, e


a medula oblonga, caudalmente. Cavidade situada na ponte de Varole forma a
parte superior do 4º ventrículo.

p. 33
III.2.2.1.3. Bolbo raquidiano (medula oblonga)

É a parte mais caudal do tronco encefálico, que é contínua com a


medula espinal. A cavidade da medula oblonga forma a parte inferior do 4º
ventrículo. Ela dá origem aos 4 últimos pars de nervos cranianos.

ESTRUTURA DO TRONCO CEREBRAL

O tronco cerebral tem uma estrutura complexo:


 a substancia cinzenta formadas pelos centros nervosos; Contrariamente
a o que se passa ao nível da medula, a substancia cinzenta não é
continuada mas feita em bocado em núcleo isolado;
 a substancia branca, formada pelas vias de associação intercentrais.

Os elementos a reter são os seguintes:


1. O tronco cerebral é o lugar de emergência dos nervos cranianos. Os
núcleos dos nervos cranianos são de três tipos:
 núcleos motores dispostos em duas colunas: dorsal (III,IV,VI,XII) e
ventral (V,VII,IX,X,XI);
 núcleos sensitivos dispostos em três colunas situadas fora dos
núcleos motores: coluna do V,do VII, do IX e do X (núcleo do feixe

p. 34
solitário), coluna do VIII (com três núcleos cocleares e dois núcleos
vestibulares);
 núcleos vegetativos cujo uns são víscero-motores (núcleo pupilar
para o III, núcleo lacrimal para o VII, núcleo salivar para o VII e o
IX, núcleo cardio-pneumo-entérica para o X) e cujo os outros são
víscero-sensitivos (núcleo redondo e núcleo sensitivo dorsal para o
IX e o X).

2. O tronco cerebral é o lugar de passagem das grandes vias. Estas últimas


formam os feixes da substância branca e atravessam de cima para o baixo
ou de baixo para a cima o tronco cerebral. São as vias motoras (piramidais
e extrapiramidais), as vias sensitivas com os seus diferentes feixes e enfim
as vias cerebelosas que atravessam todas o tronco cerebral.

3. O tronco cerebral é a sede de formações particulares cujo principal


constitui a substância reticulada. Esta última é constituída por uma
passagem de células à parte média do tronco cerebral. A substância
reticulada tem papel na regulação da vigilância e de sono, na regulação
sensitivo-sensorial, na regulação vegetativa.

4. O tronco cerebral encerra uns centros vegetativos situados ao nível do


soalho do 4º ventrículo e cujo conjunto constitui o laço vital de Flourens:
centro respiratório, cardiomoderador, cardioacelerador, vaso-constritor,
vaso-dilatador.

p. 35
III.2.2.2. O CEREBELO

A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O


cerebelo é situado sob o cérebro, atrás do tronco encefálico (ponto e bulbo
raquidiano). É parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é
dividido em hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios. É
encadernado ao cérebro pelos dois pedúnculos cerebelosos superiores, à
protuberância anular pelos dois pedúnculos cerebelosos medianos, ao bulbo e à
medula espinal pelos dois pedúnculos cerebelosos inferiores.

Ele é responsável pela:


 a coordenação muscular,
 a manutenção do equilíbrio e
 a moderação de alguns impulsos cerebrais.

p. 36
III.2.2.2.1. ESTRUTURA

Ele é formado por uma porção impar, o Vérmis, e duas partes


laterais, os lobos laterais, situados de parte e de outro do Vérmis.

Como todos os órgãos do sistema nervoso central, ele compreende


uns centros nervosos formando a substância cinzenta e vias de associação
formando a substância branca.

- a substância cinzenta comporta duas partes:


 uma camada superficial, que recobre a totalidade da superfície do
cerebelo, formada por centros nervosos superficiais: é a casca ou córtex
cerebelosa. A casca é percorrida por vários sulcos, dando-lhe um aspecto
plissado e dividindo-a em lobos, lóbulos, lâminas e lamelas.
 Elementos profundos, formados por núcleos de substância cinzentas
disseminados na substância branca central: são os núcleos cinzentos
centrais (núcleo de telhado no vérmis, olivas cerebelosas nos lobos
laterais).

- a substância branca é situada ao centro do cerebelo. Ela também é muito cortada


pelos sulcos da superfície que dão-lhe um aspecto arborescente, isto justifica
seu nome de árvore de vida. É constituída por fibras brancas de associação.

p. 37
III.3.2.2. Via de associação

O cerebelo recebe informações múltiplas por vias aferentes dele e


ordena por vias eferentes. As vias aferentes provêm:
 da medula espinal: as fibras da sensibilidade proprioceptiva inconsciente
ganham o cerebelo pelos feixes cerebelosos de Flechsig e de Gowers;
 do tronco cerebral: fibras destacadas dos feixes de goll e Burdach;
 do labirinto de orelha interna após a substituição ao nível do tronco
cerebral;
 dos núcleos sensitivos dos nervos cranianos;
 da casca cerebral após a substituição ao nível da protuberância.

As vias eferentes partem da casca cerebelosa e após a


substituição nos núcleos cerebelosos, depois ao nível do tronco cerebral ganham:
 um pouco a cima do tálamo e da casca cerebral (feixe rubo-tálamo-cortical);
 um pouco ao baixo a medula espinal e o neurônio motor (feixe rubro-espinal,
vestíbulo-espinal e reticulo - espinal.

p. 38
Todas as vias eferentes são directas, quer dizer não cruzadas e
por conseqüente a metade do cerebelo controla a metade do corpo situada do
mesmo lado.

III.2.2.2.2. Função
Ver neurofisiologia

III.2.2.3. O CEREBRO

O telencéfalo ou cérebro é o mais voluminoso dos elementos do


sistema nervoso central. É constituído por dois elementos laterais, os hemisférios
cerebrais, unidos um ao outro e aos elementos sob jacentes. Contém cerca de 35
bilhões de neurônios e pesa cerca de 1200g.

III.2.2.3.1. Configuração exterior

Os dois hemisférios cerebrais são separados por uma profunda


cissura, a cissura inter hemisférios chamada sulco sagital. Ao fundo de este último,
os hemisférios cerebrais são encadernados um a outro pelo corpo caloso.

Cada hemisfério recebe entradas de fibras sensoriais do lado


oposto do corpo e envia fibras motoras para ele. Assim cada hemisfério controla o
lado oposto do corpo. Diversas comissuras, contendo fibras axónicas,
interconectam os dois hemisférios. A maior destas é o corpo caloso.

A superfície exterior dos hemisférios é percorrida pelos sulcos


profundos, aos quais dá-se o nome cissuras. As cissuras dividem o cérebro em
várias lobos; Existem sobre cada hemisfério seis: o lobo frontal, parietal, occipital,
temporal, do ínsula e do corpo caloso.

As três principais cissuras dos hemisférios são: a cissura de


Rolando, a cissura de Sylvius e a cissura perpendicular interna. A superfície de
cada lobo é percorrida de sulcos menos profundos que limitam entre si umas
circunvoluções; Cada circunvolução foi nomeada em função da sua situação e do
lobo ao qual ele pertence.

p. 39
III.2.2.3.2. Conformação interior

No interior do cérebro existem cavidades, os ventrículos


cerebrais, que são reservatórios do LÍQUIDO CÉFALORRAQUIDIANO,
(LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema
nervoso. São ao número de três: um mediano, o 3º ventrículo, que comunica com
o 4º ventrículo (localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico) pelo
Aqueduto de Sylvius, e dois laterais, os ventrículos laterais, em forma de
crescente a concavidade inferior e que comunica cada um na sua parte anterior
com o 3º ventrículo pelos buracos de Monro.

Aqui também o cérebro é formado pelos centros nervosos cujo


agrupamento forma a substância cinzenta e pelas vias de associação cujo
conjunto forma a substância branca:
- a substância cinzenta comporta como para o cérebro duas partes:
 uma camada superficial recobrindo a totalidade da superfície do cérebro:
casca ou córtex cerebral;
 uns elementos profundos, os núcleos cinzentos centrais, que comportam de
cada lado: a camada óptica ou tálamo, o núcleo caudado e o núcleo

p. 40
lenticular que formam conjunto o corpo estriado, o corpo de Luys e o lócus
de Níger.
- a substância branca é formada por fibras de associação unidas entre si:
 pontos diferentes dum mesmo hemisfério;
 um hemisfério a outro: corpo caloso e trigono;
 o córtex e os núcleos cinzento centrais aos centros nervosos sob jacentes:
coroa radiante e cápsula interna.

Enfim, a base do cérebro apresenta duas (2) partes grandes,


dependuradas ao nível do 3º ventrículo: epífise e hipófise (ver glândula
endócrina).
O córtex cerebral desempenha funções motoras, sensoriais,
sensitivas e “superiores”, topograficamente repartidos em áreas especializadas:
 A função motora é assegurada pelos centros corticais situados no giro frontal
ascendente;
 A função sensitiva é assegurada pelos centros corticais situados no giro
parietal ascendente (giro pós-central) e para área motora primária (giro pré-
central);
 As funções sensoriais são situadas nas áreas repartidas de seguinte forma:
 A área visual é localizada no córtex occipital;
 A área auditiva é localizada no córtex temporal;
 A área olfativa é composta dos elementos rodeando o corpo caloso;
 As funções “superiores” (memória em longo prazo, aquisição da linguagem,
a fala, a habilidade musical, as actividades motoras complexas, o pensamento
abstrato, o pensamento simbólico, aprendizagem, ...) são asseguradas pelos
centros situados no córtex associativo (giro pre-frontal).

Entre as estruturas subcorticais, situadas no proencéfalo, estão


os componentes de:
 O sistema límbico, reguladores da respostas emocionais: o humor (estado
emocional prolongado), o afecto (a própria emoção: euforia, depressão,
ansiedade) e comportamento de luta ou de fuga;
 Os gânglios basais (caudado, putamen e globo pálido), essenciais para a
coordenação da actividade motora.

p. 41
Hipocampo é uma pequena formação curvada no cérebro que desempenha um papel
importante no sistema límbico. Está envolvido na formação de novas memórias e também
está associado com a aprendizagem e emoções.
Devido à simetria do cérebro, ele é encontrado em ambos os hemisférios do cérebro.
Quando ambos os lados do hipocampo são danificados, a capacidade de criar novas
memórias pode ser impedida.
Se o dano é restrito a apenas um lado do cérebro, a função de memória permanece quase
normal.

p. 42
CAPÍTULO IV. O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Introduçao

Os Nervos e os Gânglios são parte integrante do sistema nervoso


periférico, sendo os gânglios um conjunto de núcleos de neurónios, fora do sistema
nervoso central. Já os nervos em alguns momentos organizam-se formando plexos
nervosos, constituindo uma complexa rede nervosa que inerva uma série de
músculos.

Definição

O sistema nervoso periférico (SNP) consiste em fibras nervosas e


corpos de células fora do SNC que conduzem impulsos para o SNC e para longe
dele.

Os nervos do SNP unem o SNC às estruturas periféricas. Um


feixe de fibras nervosas (axônios) situado na parte periférica do sistema nervosa
unido para uma bainha de tecido conectivo, é um nervo periférico, um forte cordão
esbranquiçado nas pessoas vivas. Uma seleção de corpos de células nervosas do
lado de fora do SNC é um gânglio, por exemplo, um gânglio espinal.

p. 43
Os nervos periféricos são nervos cranianos ou espinais. Onze pares
de nervos cranianos originam-se do cérebro; o 12º par origina-se principalmente
da parte superior da medula espinal. Geralmente, trata-se de 12 pares de nervos
cranianos. Todos os nervos cranianos deixam a cavidade craniana através de
forames (aberturas) no crânio. Os 31 pares de nervos espinais (cervicais,
torácicos, lombares, sacrais e coccígeo) originam-se da medula espinal e saem
através dos forames intervertebrais situados na coluna vertebral.

Os nervos que levam informações da periferia do corpo para


o SNC são os nervos sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são
formados por prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que
transmitem impulsos do SNC para os músculos ou glândulas são nervos motores
ou eferentes, feixe de axônios de neurônios motores (centrífugos). Existem ainda
os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por neurônios
motores.

p. 44
Do encéfalo partem doze pares de nervos cranianos. Três
deles são exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são
mistos.
IV.I. Os 12 pares de nervos cranianos

O tronco encefálico abriga os núcleos dos nervos cranianos.


Os núcleos são grupos de corpos de neurônios. Foram denominados nervos
cranianos porque emergem através dos forames situados no crânio e são cobertos
por bainhas tubulares derivadas das meninges da parte craniana.

Os nervos cranianos são feixes de processos


provenientes dos neurônios que inervam músculos ou glândulas, ou seja, conduzem
impulsos provenientes das áreas sensitivas. Eles contêm fibras sensitivas, motoras,
parassimpáticas, sensitivas especiais ou uma combinação destes tipos de fibras. Os
doze pares de nervos cranianos são numerados de I a XII, de anterior para
posterior, de acordo com suas ligações no encéfalo.

1) Primeiro nervo craniano ou Nervo I: Nervo olfativo;


2) Segundo nervo craniano ou Nervo II: Nervo óptico;
3) Terceiro nervo craniano ou Nervo III: Nervo motor ocular comum;
4) Quarto nervo craniano ou Nervo IV : Nervo patético;
5) Quinto nervo craniano ou Nervo V : Nervo trigêmeo;
6) Sexto nervo craniano ou Nervo VI :Nervo motor ocular externa;
7) Sétimo nervo craniano ou Nervo VII : Nervo facial;
8) Oitavo nervo craniano ou Nervo VIII : Nervo auditivo;
9) Nono nervo craniano ou Nervo IX : Nervo glossofaríngeo;
10) Décimo nervo craniano ou Nervo X : Nervo pneumogástrico;
11) Décimo primeiro ou Nervo XI : Nervo espinal;
12) Décimo segundo ou Nervo XII : Nervo grande hipoglosso.

p. 45
IV.II. Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula

p. 46
Relacionam-se com os músculos esqueléticos. Eles se formam a partir de
duas raízes que saem lateralmente da medula: a raiz posterior ou dorsal, que é
sensitiva, e a raiz anterior ou ventral, que é motora. Essas raízes se unem logo
após saírem da medula. Desse modo, os nervos raquidianos são todos mistos. Os
corpos dos neurônios que formam as fibras sensitivas dos nervos sensitivos
situam-se próximo à medula, porém fora dela, reunindo-se em estruturas
especiais chamadas gânglios espinais. Os corpos celulares dos neurônios que
formam as fibras motoras localizam-se na medula.

De acordo com as regiões da coluna vertebral, os 31 pares


de nervos raquidianos distribuem-se da seguinte forma:

 oito pares de nervos cervicais;


 doze pares de nervos dorsais;

 cinco pares de nervos lombares;


 cinco pares de nervos sagrados e
 um pare coccigeo.

p. 47
p. 48
CAPÍTULO V. O SISTEMA NERVOSO VEGETATIVO
OU AUTONOMO

VI. Generalidades

O sistema nervoso autônomo está encarregue de vida


interna ou vegetativa. Esta regulação faz-se de maneira inconsciente (o que
permite aos órgãos continuar a funcionar durante um estado comatoso ou
sono). Ele gere a sensibilidade das vísceras e regula o seu funcionamento.
Comanda a musculatura lisa (involuntária), as fibras musculares cardíacas e as
glândulas.

Como o sistema nervoso cerebrospinal, o sistema nervoso


vegetativo é formado por :
 centros nervosos: centros nervosos são agrupamentos de neurônios
aos níveis dos quais elabora-se a actividade nervosa inconsciente que
vai presidir a actividade visceral do nosso organismo;
 nervos do sistema vegetativo: são formados de fibras sensitivas e fibras
motoras. As fibras sensitivas ligam os diferentes órgãos vegetativos aos
centros e transmitem para estes últimos as incitações sensitivas
nascidas ao nível de estes primeiros; As fibras motoras ligam os
centros às vísceras e transmitem para eles os influxos motores que vão
dirigir o funcionamento deles.

V.2. ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO VEGETATIVO

V.2.1. OS CENTROS NERVOSOS DO SISTEMA VEGETATIVO

Como o sistema nervoso cerebrospinal, os centros nervosos do


sistema vegetativo são dispostos em andares e encontram-se também aqui a
noção de hierarquia, os centros inferiores sendo sob a dependência dos centros
superiores.

Os diferentes andares dos centros nervosos do sistema


vegetativo são os seguintes:
p. 49
1) os centros viscerais: são constituídos por células disseminadas na
espessura mesmo da parede das diferentes vísceras. Constituem o sistema
nervoso vegetativo intrínseco. É este último que assegura o
funcionamento das vísceras e os centros superiores só tem ação
activadora ou moderadora sobre a actividade do sistema nervoso
intrínseco. Mesmo estiverem privados de tudo conexão com os centros
vegetativos superiores, os órgãos da vida vegetativa continuam a
funcionar: isto é devido a o seu sistema nervoso intrínseco que assegura
um funcionamento autônomo; o coração, por exemplo, continua a bater
mesmo após a secção de todos os nervos cardíacos vindos dos centros
superiores, e isto vai de mesmo para todas as outras vísceras.
2) Os centros medulares: formam uma longa coluna celular, contínua,
estendida em altura do 8º segmento cervical para o 2º segmento lombar
(C8 a L2) da medula espinal. Esta longa coluna celular chama-se tractus
intermediolateralis. É situada de cada lado na zona intermediária da
substância cinzenta compreendida entre os dois cornos anteriores e
posteriores (c.ref. medula espinal) e forma o corno lateral da substância
cinzenta.
3) Os centros do tronco cerebral: são agrupados a volta dos núcleos de
origem dos nervos cranianos, e em particular ao nível do soalho do 4º
ventrículo (c.ref. tronco cerebral) que é o laço vital de Flourens.

4) Os centros diencefálicos: são agrupados a volta do 3º ventriculo numa


região chamada hipotálamo ou região diencefálica. Constituem um
verdadeiro cérebro vegetativo, onde são coordenadas todas as funções
vegetativas do organismo. O hipotálamo preside à regulação do
funcionamento de todos os centros sob jacentes, das glândulas a secreção
interna e em particular hipófise e glândulas genitais, o aparelho
respiratório e cardiovascular, ele regula o metabolismo de água, dos
glicídios e dos lipídios; preside as funções de pigmentação, de
reprodução, a regulação térmica e mesmo ao mecanismo do sono (c.ref.
hipotálamo).

p. 50
V.2.2. NERVOS DO SISTEMA VEGETATIVO

São constituídos por dois sistemas de fibras de fibras: as


fibras sensitivas e as fibras motoras.
1) As fibras sensitivas: originam-se ao nível dos diferentes órgãos da vida
vegetativa, caminham misturadas com fibras motoras e fibras do sistema
nervoso cerebrospinal, sem sistematização neta, ganham depois a zona
vegetativa medular. Os influxos sensitivos que elas transportem são ditos
interoceptivos. Em princípio, não parvém a consciência, excepto
anomalia no funcionamento do órgão (dor no intestino, angina do peito,
por exemplo).

2) As fibras motoras: são de duas ordens, uns têm papel moderador sobre a
actividade dos órgãos do sistema vegetativo, os outros têm papel
activador sobre estes órgãos. Isto permite a cada momento de adaptar o
funcionamento destes órgãos a actividade geral do organismo. Cada um
destas categorias de fibras pertence a um sistema anatomicamente bem
distinto; Estes dois sistemas são: o sistema simpático e o sistema
parassimpático.

a) O SISTEMA SIMPATICO

Constituição anatômica do simpático

Anatomicamente, o sistema simpático apresenta-


se sob forma duma série de gânglios dispotos todos ao longo do
raquis (os gânglios latero-vertebrais), unidos uns aos outros por
redes nervosas constituindo a corrente simpática.

Existe assim de cada lado:

p. 51
 Gânglios simpáticos cervicais: ao numero de três, o
inferior o mais voluminoso (gânglio estlar);
 Gânglios simpáticos dorsais: ao numero de doze
 Gânglios simpáticos lombares: ao numero de quatro;
 Gânglios simpáticos sagrados: ao numero de quatro;

Os gânglios e a correntes são em relação com:


 Os nervos e a medula pelos ramos comunicantes;
 Os órgãos que eles inervam pelas redes simpáticas;
 Os gânglios prevertebrais: estes últimos formam plexos, de
onde são provindas redes simpáticas ganhando as diferentes
vísceras.

Distribuição do simpático

O simpático distribui-se ao conjunto do


corpo: coração e vasos, olho, glândula salivar, tubo digestivo,
brônquios, aparelho genital, fígado, Baço, glândula endócrina,
glândula sudorípara da pele, ect..

Ações do sistema simpático

 Sobre os vasos a excitação do simpatico arrasta uma


vasocontricao, a sua secção uma vasodilatacao;
 Sobre o olho a excitação do simpatico determina a dilatação
pupilar (midriase);
 Sobre as glândulas salivares: a excitação do simpatico
arrasta a secreção duma saliva pouca abundante, rico em
fermento;
 Sobre os brônquios: o simpatico estimula a dilatação:
aumento das secreções brônquicas.
 Sobre o tubo digestivo: o simpatico inibe a motricidade
intestinal e fecha os esfíncteres;

p. 52
 Sobre a pele: o simpático determina a sudação e a
horripilação;
 Sobre as glândulas anexas do tubo digestivo: o simpático
provoca a contração do baço (caça esplênico), ele coordena
o funcionamento do fígado (glicogenólise);
 Sobre as glândulas endócrinas: o simpático inerva em
particular a glândula medulo - supra-renal e a sua excitação
provoca a libertação de adrenalina por esta glândula.

b) O SISTEMA PARASIMPATICO

Constituição do sistema parassimpático

O sistema parassimpático é menos bem sistematizado do que


o sistema simpático. É formado por uma série de fibras nervosas
anexadas a certos nervos do sistema cerebrospinal cujo ele segue o
trajeto. Descreve-se:
 Fibras anexadas ao III (nervo motor ocular comum): fazem
substituição no ganglio oftálmico, a partir de ai ganham os
músculos ciliares e do Iris (c.ref. olho);
 Fibras anexadas ao VII (nervo facial e intermediário de
Wrisberg): por um trajeto complexo, elas ganham as
glândulas salivares sob maxilares e sub linguais, as glândulas
lacrimais e as glândulas mucosas faríngeo- nasais e bucais;
 Fibras anexadas ao IX (nervo glosso- faríngeo) ganham a
glândula parótida (glândula salivar);
 Fibras anexadas ao X (nervo pneumo- gástrico): constituem o
contingente parassimpático o mais importante e o mais
voluminoso; o nervo pneumo- gástrico é constituído em quase
totalidade por fibras parassimpáticas. Ele assegura a
inervação: do coração, dos brônquios e dos pulmões, do tubo
digestivo e de as suas glândulas anexos (fígado e vias biliares,
por exemplo);

p. 53
 Fibras pélvicas: o centro é medular e corresponde aos quatro
primeiros segmentos sagrado; as fibras seguem as
ramificações (ramos) anteriores dos nervos sagrados e
distribuem-se aos órgãos genito- urinários e ao recto.

Ações do sistema parassimpático

 Sobre o coração ele exercita uma ação permanente de


diminuição cardíaco (tônus vagal);
 Sobre o olho a excitação do parassimpático determina a
constrição da pupila (miose); e assegura a acomodação;
 Sobre as glândulas salivares: ele estimula a secreção duma
saliva abundante, fluido e pobre em fermento;
 Sobre os brônquios: há estimulação da contração dos
músculos bronquiais.
 Sobre o tubo digestivo: ele estimula a motricidade intestinal
e abre os esfíncteres;
 Sobre as vias biliares: ele estimula as vias biliares;
 Sobre as glândulas endócrinas: ele ordena a secreção do
pâncreas exócrina;

Em resumo, as funções do sistema nervoso autônomo


(SNA) caem em três categorias principais:

1) Manutenção das condições homeostáticas do corpo;


2) Coordenação das respostas corporais aos exercícios e ao
estresse;
3) Ajuda ao sistema endócrino, na regulação da reprodução.

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A tabela que segue apresenta melhor as
principais ações do sistema nervoso vegetativo:

VĺSCERAS ACÇÃO SIMPÁTICO ACÇÃO PARASSIMPÁTICO


(noradrenalina) (acetilcolina)
Olho Midríase Miose, acomodação

Glândulas Secreção Secreção


salivares
Vasos Vaso constrição; hipertensão Vaso dilatação; hipotensão

Pele Sudação; horripilação Não acção

Coração Aceleração Diminuição

Brônquios Dilatação Constrição

Tubo digestivo Diminuição do peristaltismo, Aumento do peristaltismo,


fechadura dos esfíncteres libertação dos esfíncteres
Glândulas Secreção de adrenalina por medulo - Secreção do pâncreas
supra-renal exócrina
Acção diversas Contração do baço Estimulação das vias biliares e
libertação do esfíncter d’Oddi

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p. 56
BIBLIOGRAFIA

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