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Banco de Sangue

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Silvana Lucia da Conceição

Banco de Sangue
1.0 O que é um banco de sangue
Um banco de sangue é um centro onde o sangue coletado como resultado da doação de sangue é
armazenado e preservado para uso posterior em transfusões de sangue.

1.1 Função
Um banco de sangue é um centro onde o sangue coletado como resultado da doação de sangue
é armazenado e preservado para uso posterior em transfusões de sangue.
1.2 Equipe
Técnicos de enfermagem, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, médicos e administração.

1.3 Doadores
A doação de sangue é um gesto solidário de doar uma pequena quantidade do próprio sangue
para salvar a vida de pessoas que se submetem a tratamentos e intervenções médicas de grande
porte e complexidade, como transfusões, transplantes, procedimentos oncológicos e cirurgias.
A- Requisitos básicos
O procedimento para doação de sangue é simples, rápido e totalmente seguro. Não há
riscos para o doador, porque nenhum material usado na coleta do sangue é reutilizado, o
que elimina qualquer possibilidade de contaminação.

Requisitos para doação de sangue

Idade entre 16 e 69 anos. Menores de idade devem possuir autorização do


responsável e pessoas entre 60 e 69 anos só podem doar se já forem
doadores frequentes.

Estar em boas condições de saúde.

Pesar no mínimo 50 kg.

Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.

Estar bem alimentado, porém se a doação for feita após o almoço aguardar 2
horas.

Apresentar documento de identificação com foto emitido por órgão oficial.

O intervalo mínimo entre uma doação de sangue e outra é de dois meses para
os homens e de três meses para as mulheres.

Triagem de doadores de sangue


Antes do sangue ser disponibilizado para um receptor, é realizada uma triagem do doador. A
triagem é feita em três etapas que incluem registro, entrevista e também a realização de exames
específicos.
Etapa 1- Registro do doador: O doador é cadastrado e é feita sua identificação com o registro de
algumas informações básicas, tais como nome, sexo, idade, profissão e endereço. Nessa etapa, o
candidato apresenta documento emitido por órgão oficial com fotografia.
Etapa 2- Triagem clínica: Nessa etapa, são analisados critérios, como peso, a temperatura, a
pressão arterial, entre outros. Também é feita uma entrevista, que é completamente sigilosa e visa
a identificar, por exemplo, situações em que o sangue do doador possa ter sido contaminado.
Etapa 3- Triagem sorológica: Nessa etapa, são feitos testes laboratoriais para verificar se o
sangue está em condições de ser usado.

1.4 Responsabilidades
O banco de sangue trata-se de um órgão primordial para a saúde pública e tem por
responsabilidade fornecer serviços provenientes à ajuda e manutenção do sistema de saúde.
LEI N 10.205, DE 21 DE MARÇO DE 2001
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta,
processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e
derivados, vedada a compra, venda ou qualquer outro tipo de comercialização do sangue,
componentes e hemoderivados, em todo o território nacional, seja por pessoas físicas ou jurídicas,
em caráter eventual ou permanente, que estejam em desacordo com o ordenamento institucional
estabelecido nesta Lei.

Doação sanguínea

2.0 Conceito
Doação de sangue é o processo pelo qual um doador tem seu sangue coletado para
armazenamento em um banco de sangue ou hemocentro para um uso subsequente em uma
transfusão de sangue.

2.1 Indicações e contraindicações

A-) No entanto, antes de ser realizada a transfusão, é preciso garantir que o sangue da pessoa
que vai receber o sangue e o sangue a ser transfundido são compatíveis, pois dessa forma é
possível prevenir o desenvolvimento de reações.

Indicações

Anemia profunda;

Hemorragia grave;
Queimaduras de 3º grau;
Hemofilia;
Após transplante de medula ou de outros órgãos;
Durante procedimentos cirúrgicos, quando existe hemorragia grave.

B-) Algumas pessoas possuem restrições que impedem a doação de sangue, portanto, é
importante consultar a unidade onde será feita a doação.

Impedimentos temporários para a doação de sangue


Gripe, resfriado e febre: aguardar 7 dias após o desaparecimento dos
sintomas;
Período gestacional;
Período pós-gravidez: 90 dias para parto normal e 180 dias para
cesariana;
Amamentação: até 12 meses após o parto;
Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação;
Tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses (piercing em cavidade
oral ou região genital impedem a doação);
Extração dentária: 72 horas;
Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: 3 meses;
Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas,
politraumatismos sem sequelas graves, tireoidectomia, colectomia: 6
meses;
Transfusão de sangue: 1 ano;
Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de
vacina;
Exames/procedimentos com utilização de endoscópio nos últimos 6
meses;
Ter sido exposto a situações de risco acrescido para infecções
sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses após a exposição).

Impedimentos definitivos para a doação de sangue


Ter passado por um quadro de hepatite após os 11 anos de idade;
Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis
pelo sangue: hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos
vírus HTLV I e II e doença de Chagas;
Uso de drogas ilícitas injetáveis;
Malária.
Diabetes tipo I, diabetes tipo II, insulino-dependente.
Anafilaxia (choque anafilático)
Antecedentes de acidente vascular cerebral (AVC)
Bronquite e asma (crises com intervalos de 3 meses ou menos, sem controle
com medicamentos por via inalatória)

Babesiose
Blastomicose sistêmica
Câncer (inclusive leucemia). Antecedentes de carcinoma in situ de cérvix
uterina e de carcinoma basocelular de pele não impedem a doação de sangue
Doença cardiovascular grave. Especial atenção para doença coronariana,
angina, arritmia cardíaca grave, insuficiência cardíaca, doença valvular,
aneurismas, má formações arteriovenosas, endocardite com
sequela,miocardite com sequela, trombose arterial, trombose venosa
recorrente e trombofilia.
Doenças autoimunes que comprometam mais de um órgão. Por exemplo:
lúpus eritematoso sistêmico, tireoidites imunes, artrite reumatoide, etc
Doença pulmonar grave: especial atenção à enfisema, doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), história de embolia pulmonar e Tuberculose
extrapulmonar
Doenças endócrinas: hiperaldosteronismo, hiperfunção hipofisária,
hiperlipoproteinemias essenciais, hipertireoidismo, hipopituitarismo,
insuficiência suprarrenal, síndrome de Cushing
Doenças hemorrágicas congênitas ou adquiridas
Doenças gastrointestinais: cirrose hepática, retocolite ulcerativa crônica,
doença de Crohn, hepatopatia crônica de origem desconhecida, hipertensão
porta, pancreatite crônica
Hanseníase
Feocromocitoma
Doença renal crônica
Leishmaniose visceral (Calazar)
Elefantíase (filariose)
Doenças neurológicas: esclerose em placa, esclerose lateral amiotrófica,
esclerose múltipla, hematoma extra ou subdural com sequela,
leucoencefalopatia multifocal progressiva, neurofibromatose forma
maior,miastenia gravis

2.3 Incompatibilidades sanguínea


• Antígenos substâncias estranhas ao organismo, provocam reações de defesa.
• Anglutinogênio são antígenos existentes na superfície das hemácias.
• Anticorpos proteínas especiais de defesa, produzidas nos linfócitos.
Em 1900 o imunologista austríaco Karl Landsteiner observou que o soro do sangue de uma
pessoa coagula ao ser misturado com outra.
Landsteiner percebeu que as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue podem ter ou não
aderidos em suas membranas, dois tipos de antígenos A e B nos quais podem existir quatros tipos
de hemácias.

• A apresentam apenas antígenos A


• B apresentam apenas antígenos B
• AB apresentam antígenos A e B
• O não apresentam nenhum dos dois antígenos

• Antígenos substâncias estranhas ao organismo, provocam reações de defesa.


• Aglutinogênios são antígenos existentes na superfície das hemácias.
• Anticorpos proteínas especiais de defesa, produzidas no linfócitos.

No plasma pode existir ou não dois tipos de anticorpos Anti- A e Anti-B.


O indivíduo do sangue tipo A não produz Anticorpos Anti- A, mas é capaz de produzir anticorpos
Anti- B, ma vez que o antígeno B lhe é estranho.
O indivíduo do sangue tipo B não produz anticorpos Anti-B, mas é capaz de produzir anticorpos
Anti-A, uma vez que o antígeno A lhe é estranho.
O indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos, pois os dois antígenos são familiares.
O indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti-A e Anti-B, pois não apresentam em suas
hemácias antígenos A e B.
O grande problema é que o receptor imune algumas das proteínas dos glóbulos sanguíneos do
doador. Os anticorpos do receptor podem lhe causar a aglutinação e hemólise das células
injetadas (doador).
Aglutininas potentes anticorpos do plasma que reagem com aglutinogênios A e B
Para ocorrer a transfusão de sangue, deve haver a compatibilidade entre as hemácias do doador
e o plasma do receptor, isto é, o receptor não tem aglutinina contra os aglutinogênios do sangue
que está recebendo.
Tipo O – doador universal, não possuem aglutinogênio.
Tipo AB- receptor universal, não possuem aglutininas no plasma.

Quatro décadas após a descoberta do sistema de grupo sanguíneo, ou fato que revolucionou a
prática da medicina transfusional, foi a identificação do fator Rh em humanos.
• 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso chamado de RH+
(positivos).
• 15% restantes que não possuem são chamados de RH-(negativos).
Como a incompatibilidade sanguínea se deve à interação entre proteínas que podem ou não
estar presentes no sangue humano. Quando ocorre, provoca doenças que podem ter sintomas
leves a graves. Quando ela está presente considera-se Rh positivo. Caso ausente classifica-se
como Rh negativo.

Os tipos de incompatibilidade sanguínea


Do ponto de vista obstétrico, existem dois tipos de incompatibilidade sanguínea mais importantes:
do sistema ABO e do sistema Rh.
A incompatibilidade ABO é quando o tipo sanguíneo da mãe é diferente do tipo do bebê,
considerando os antígenos A e B, e a ausência deles.
É a incompatibilidade sanguínea mais comum e não é considerada grave, ocasionando somente a
chamada icterícia neonatal que é tratada com fototerapia, nos casos em que requer tratamento.
Muito raramente pode causar anemia no bebê, antes do nascimento.
A incompatibilidade pelo Rh é mais grave e acontece quando a mãe com fator Rh- e que tenha
uma gestação com um homem com fator Rh+, tem probabilidades de gerar um feto com o fator
Rh+ (herdado do pai), o que irá criar a chamada incompatibilidade sanguínea.

A dificuldade é criada quando o sangue do bebé se mistura com o sangue da mãe. As circulações
sanguíneas da mãe e do feto ocorrem em vasos sanguíneos completamente independentes, mas
esses vasos estão muito próximos da placenta. Esta pode sofrer pequenas rupturas, que fazem
com que as células sanguíneas do bebé penetrem na circulação da mãe.
O que acontece nestes casos é que o organismo da mãe reconhece essas células como corpos
estranhos e vai gerar anticorpos (anti-D) que vão atacar os glóbulos vermelhos do bebé.
As consequências deste ataque podem levar ao falecimento do bebé na gestação ou após o
nascimento, ou podem resultar num recém-nascido com grave icterícia, com um
acompanhamento de deficiência mental, paralisia cerebral e surdez (Eritroblastose fetal).
Em casos em que a criança nasce afetada, pode mesmo realizar-se uma transfusão total de
sangue Rh-, que não será destruído pelos anticorpos da mãe, transfusão pode ser efetuada com o
feto ainda no útero.

O que exatamente é a incompatibilidade Rh?


Essa incompatibilidade acontece quando a criança herda do pai o fator Rh positivo e a mãe possui
o Rh negativo, ou seja, a mãe não tem o antígeno e o feto sim.

2.4 Impedimentos Legais


Considerando a Lei nº 7.649, de 25 de janeiro de 1988, que estabelece a obrigatoriedade do
cadastramento dos doadores de sangue, bem como a realização de exames laboratoriais
no sangue coletado, visando a prevenir a propagação de doenças.
• Portaria GM/MS 158/2016 - Redefine o regulamento técnico de procedimentos
hemoterápicos
Art. 38. § 4º Em casos de necessidades tecnicamente justificáveis, o candidato cuja idade
seja inferior a 16 (dezesseis) anos ou igual ou superior a 70 (setenta) anos será aceito para
fins de doação após análise pelo médico do serviço de hemoterapia, com avaliação dos
riscos e benefícios e apresentação de relatório que justifique a necessidade da doação,
registrando-a na ficha do doador.
(Na ausência de um dos responsáveis, não poderá ser efetuada a doação, considerando
que o pátrio poder deve ser exercido em igualdade de condições pelo pai e mãe, nos
termos do Artigo 21 da Lei 8.069/90).
§ 5º O limite para a primeira doação será de 60 (sessenta) anos, 11 (onze) meses e 29 (vinte
e nove) dias.
Art. 39. Para ser selecionado para doação, o candidato deve ter, no mínimo, peso de 50 kg
(cinquenta quilogramas).
Art. 61. Quanto ao estilo de vida do candidato a doação, a história atual ou pregressa de
uso de drogas injetáveis ilícitas é contraindicação definitiva para a doação de sangue.
§ 1º Serão inspecionados ambos os braços dos candidatos para detectar evidências de uso
repetido de drogas parenterais ilícitas, sendo que a presença desses sinais determina a
inaptidão definitiva do doador.
Art. 62. Em situações de risco acrescido vivenciadas pelos candidatos, considerar-se-á
inapto definitivo o candidato que apresente qualquer uma das situações abaixo:
I - ter evidência clínica ou laboratorial de infecções transmissíveis por transfusão de
sangue;
II - ter sido o único doador de sangue de um paciente que tenha apresentado
soroconversão para hepatite B ou C, HIV ou HTLV na ausência de qualquer outra causa
provável para a infecção;
III - possuir "piercing" na cavidade oral e/ou na região genital, devido ao risco permanente
de infecção, podendo candidatar-se a nova doação 12 (doze) meses após a retirada; e
IV - ter antecedente de compartilhamento de seringas ou agulhas;

2.5 Fisiológicas
O sangue é composto de várias células diferentes, incluindo glóbulos vermelhos e brancos, plasma
e plaquetas. Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma transfusão que use o sangue por
completo, mas também há casos em que só é necessário a reposição de um componente
específico.
Transfusão de glóbulos vermelhos – pode ser realizada se você tiver anemia ou deficiência de
ferro;
Transfusão de plaquetas – é realizada se seu corpo não tiver plaquetas em nível suficiente,
possivelmente por causa de câncer e seus tratamentos que afetam essas células;
Transfusão de plasma – ajuda a substituir as proteínas no sangue que ajudam a coagular. Pode ser
necessário após um sangramento grave ou se você tiver doença hepática.

2.6 Assistência da enfermagem


Além do doador e, obviamente, do receptor, existe outra figura que tem papel fundamental na doação de
sangue: o enfermeiro. Isso porque é dele a responsabilidade de acolher bem, informar, colher as
informações, triar e até fazer a transfusão do sangue no paciente em questão.
Mitos sobre a doação de sangue
A mulher não pode doar sangue menstruada: Isso é um mito, uma vez que o
período menstrual não é impedimento para a doação.
Quem tem tatuagem não pode doar sangue: Isso é um mito, pois pode-se
doar após um ano de realizada a tatuagem.
A quantidade de sangue doada pode causar danos à saúde: Isso é um mito,
porque a quantidade de sangue retirada é pequena e o organismo repõe esse
volume de sangue em até 24 horas.
Doar sangue engrossa o sangue: Isso é um mito, já que o processo não
engrossa e também não afina o sangue.
Fumantes não podem doar sangue: Pessoas que fumam podem doar
sangue, entretanto, o Ministério da Saúde recomenda um intervalo sem fumar
de pelo menos duas horas antes da doação.

Transfusão Sanguínea
3.0 Conceito
Transfusão é o ato médico de transferir hemocomponentes, ou seja, componentes do sangue
(plasma sanguíneo, plaquetas, hemácias e leucócitos) de um doador para o sistema circulatório
de outra pessoa.
3.1 Tipos de Transfusão de Sangue
Agendada

Agenda-se o dia e o local. Geralmente, o paciente pode vir em horário e local específico.

Rotina

Comum para pacientes hospitalizados, dentro de ambiente hospitalar.

Urgência

Realizada até 3h após o pedido feito.

Emergência

Quando o atraso na transfusão pode significar a diferença entre a vida e a morte do paciente.

Aférese

Quando o sangue passa por um processo e somente um componente do sangue é retirado.

É o caso das plaquetas, que são retiradas do sangue e o paciente pode receber a transfusão somente de
plaquetas.

Hemaférese

Ocorre quando do sangue do paciente são retiradas substâncias nocivas e o sangue retorna ao mesmo
paciente.

Transfusão autóloga

Um dos melhores tipos de transfusão, pois o próprio paciente doa sangue para ele mesmo, a ser recebido
em um momento posterior, como uma cirurgia, minimizando os riscos de intercorrências.
3.3 Tipagem do sangue
Tipagem sanguínea é um teste realizado por profissionais de saúde para estabelecer qual tipo sanguíneo e
fator Rh que um indivíduo possui.

3.4 Prova cruzada


Prova cruzada é um exame usado para testar, antes de uma transfusão sanguínea ou transplante de órgãos,
se o sangue do doador é compatível com o sangue do receptor.

A técnica que é utilizada é pegar o soro do receptor e colocar junto com linfócitos do doador com a
finalidade de não ocorrer uma rejeição da parte do receptor, pois o paciente poderá ter em seu organismo
anticorpos contra os antígenos expressados na superfície das células do doador, podendo
consequentemente causar rejeição.
3.5 Tempo de administração
Entre a coleta de uma amostra e o início da transfusão, é necessário um prazo de
aproximadamente 3 horas, para realização dos testes pré transfusionais. A transfusão demora, em
média, de 2 a 3 horas.

3.6 Reações pós transfusão


A maioria das transfusões é segura e bem-sucedida. No entanto, reações leves ocorrem
ocasionalmente e, raramente, podem ocorrer reações graves e até fatais.
As reações mais comuns que ocorrem em 1 a 2% das transfusões são
Febre e Reações alérgicas
As reações mais graves são
Sobrecarga hídrica, Lesões pulmonares e destruição dos glóbulos vermelhos devido à
incompatibilidade entre os tipos sanguíneos do doador e do receptor.
As reações raras incluem
Doença do enxerto contra o hospedeiro (na qual as células transfundidas atacam as células da
pessoa que está recebendo a transfusão)
Infecções
Complicações da transfusão maciça (baixa coagulação do sangue, baixa temperatura corporal e
níveis reduzidos de cálcio e potássio).
Normalmente não são necessários cuidados diferenciados após a transfusão sanguínea.

3.7 Impedimentos legais para transfusão sanguínea


A- Fisiológicas
Procedimentos cirúrgicos ou invasivos em pacientes plaquetopênicos
Duas situações clínicas possuem contraindicação formal para a transfusão de CP a menos que
ocorra sangramento grave, colocando em risco a vida do paciente, estas são: púrpura
trombocitopênica trombótica (PTT) e plaquetopenia induzida por heparina (PIH). Esta
contraindicação se deve a associação com a piora do quadro clínico dos pacientes ou
complicações tromboembólicas.
A transfusão profilática de plaquetas está contraindicada nas seguintes situações clínicas:
Púrpura Trombocitopênica Trombótica – PTT;
Síndrome hemolítico-urêmica;
Síndrome HELPP;
Púrpura pós-transfusional;
Plaquetopenia Induzida por Heparina

OBS: A plaquetopenia ou trombocitopenia é uma condição médica em que o paciente acaba


tendo um número muito baixo de plaquetas na corrente sanguínea. A principal função das
plaquetas é participar da coagulação do sangue, essencial para que o organismo consiga parar
sangramentos.

B- Religião e Vida
Brasil é considerado um Estado Laico em virtude de dispositivos constitucionais que amparam a
liberdade de religião. Assim, cita-se o artigo 5º, VI, da Constituição Federal que dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inciso VI do Artigo 5° da Constituição Federal de 1988
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias.
A Resolução CFM nº 1.021/80, em seu artigo 2º, diz: "Se houver iminente perigo de vida, o
médico praticará a transfusão de sangue, independentemente de consentimento do
paciente ou de seus responsáveis”
A liberdade de escolha da religião, a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou
o direito) de mudar de religião, e também a liberdade de não aderir a religião alguma, bem como a
liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo. Não engloba,
contudo, a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença, “pois
aqui também a liberdade de alguém vai até onde não prejudique a liberdade dos outros.

Dos Direitos da Personalidade


O Código Civil de 2002 em seu artigo 15° aduz que “ninguém pode ser constrangido a
submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.”
O posicionamento das crenças religiosas e seus pensamentos devem ser respeitados, mas nem
sempre prevalecerá este direito de liberdade de crença em confronto com o direito à vida.
Menoridade

A transfusão de sangue surgiu com este avanço e atualmente causa grande controvérsia na
sociedade, onde algumas pessoas se recusam a recebê-lo. Há uma divergência na transfusão
sanguínea envolvendo crianças e adolescentes, onde se tem de um lado a decisão dos pais e de
outro a dos médicos. Alguns pais são contra a transfusão por causa de sua crença religiosa.
Muitas vezes, os pais optam a perderem seus filhos do que ter o seu direito de liberdade religiosa
violada. Entretanto, estes menores não têm o direito de escolha, assim ficam à mercê das
decisões de seus pais.
Tratando-se de pais de menores de idade Testemunhas de Jeová, eles podem negar-se a ocorrer
a transfusão de sangue em seus filhos, mas em perigo iminente de vida, os Tribunais tem
admitido a transfusão de sangue contrariando o desejo dos pais, alegando não ser possível a
manifestação de vontade do menor, sendo que seu direito vida prevalece sobre a vontade
parental.
MENORIDADE
Na hipótese de o médico estar diante de urgência ou perigo iminente, ou até mesmo de
paciente menor de idade, deve ocorrer a ponderação de interesses entre as partes. Não
deve ser reconhecido o crime de constrangimento ilegal (art. 146, 3, I CP)
Tendo em vista que o que importa ao médico e ao hospital é utilizar a ciência e as suas técnicas
buscando o bem-estar do paciente, a transfusão de sangue deve ser concretizada para salvar a
vida do menor, mesmo contra a vontade dos seus familiares, levando em consideração que a vida
é o maior bem que uma pessoa pode ter, abrangendo o direito de ter uma vida digna e de
continuar vivo.

3.8 Cuidados da enfermagem


Os cuidados da enfermagem podem ser divididos em 3 grandes grupos: antes da
transfusão, durante a transfusão e após a transfusão.

1 – Cuidados da enfermagem antes da transfusão


Um dos primeiros cuidados deve ser sempre garantir a assinatura do termo de consentimento pelo
paciente ou familiar responsável.
A seguir, o profissional de enfermagem deve sempre verificar a permeabilidade da função, do
calibre do cateter, presença de infiltração e sinais de infecção.
Outra conduta importante é confirmar obrigatoriamente a identificação do receptor, do rótulo da
bolsa, dos dados da etiqueta de liberação, a validade do produto.
Fazer a inspeção visual da bolsa (cor e integridade) e a temperatura por meio de dupla checagem
(Enfermeiro e Técnico de Enfermagem) para segurança do receptor.

2 – Cuidados durante a transfusão


Esse é o momento em que a atenção deve ser total, uma vez que durante a transfusão alguns
procedimentos devem ser realizados para que a transfusão ocorra tranquilamente.
Reações adversas podem ocorrer, portanto, é fundamental seguir os passos atentamente e
sempre observar o paciente.
Confirmar, novamente, a identificação do receptor, confrontando com a identificação na pulseira e
o rótulo do insumo a ser infundido.
Verificar duas vezes o rótulo da bolsa de sangue ou derivado sanguíneo, para ter certeza que o
grupo e o tipo de fator Rh estão de acordo com o registro de compatibilidade;
Examinar o número e tipo de hemoderivado e conferir se o mesmo corresponde ao prontuário do
paciente, lembrando-se sempre de chamar o paciente em voz alta, pelo nome completo;
Verificar se não há bolhas de ar na bolsa ou qualquer aspecto de alteração na cor ou na
temperatura. Lembre-se que alteração de cor pode ser sinal de hemólise e bolhas de ar podem
indicar crescimento bacteriano dentro da bolsa de sangue;
A transfusão deve iniciar 30 minutos após a remoção da bolsa do refrigerador do banco de
sangue. Portanto, é importante que seja verificado o exato momento no tempo em que essa
remoção ocorreu;
Sempre monitorar a transfusão durante todo o processo e lembrar que o tempo máximo do
processo não pode ultrapassar um total de 4 horas;
Permanecer ao lado do leito do paciente durante os 10 primeiros minutos de transfusão;
Ter calma para infundir lentamente a quantidade, lembrando-se de infundir o máximo de 5 mL/min
nos primeiros quinze minutos da transfusão;
Observar o paciente, em relação a reações adversas durante a transfusão, sempre monitorando
os sinais vitais em intervalos regulares e comparando-os com medidas anteriores;
Trocar o equipo a cada duas unidades transfundidas, para minimizar riscos de contaminação
bacteriana.
Caso o paciente apresente-se inquieto, com dor, urticária, febre, calafrios, vômitos, falta de ar, a
transfusão deve ser imediatamente encerrada e o fato deve ser comunicado ao médico.
Nesse caso, a bolsa deve ser encaminhada com o laudo da intercorrência ao banco de sangue
para a análise.
3 – Cuidados da enfermagem após a transfusão
Após o término da transfusão, algumas medidas são importantes para garantir que o paciente se
encontra-se bem.
Afira os sinais vitais e compare-os com as medidas anteriores;
Descarte de maneira adequada todo o material descartável utilizado, para assegurar que não haja
contaminação cruzada em relação a outros funcionários, como da limpeza, por exemplo.
A desinfecção e gerenciamento de resíduos deve ser feita sempre seguindo as normas de boas
práticas da instituição de saúde e sempre documentados;
Sempre registrar as atividades desenvolvidas pelo setor de hemoterapia, de forma a garantir
possível rastreabilidade, se necessário. Desta forma, identifique, do começo ao final do processo
o profissional que fez o procedimento até o destino final, lembrando-se sempre de constar data,
horário de início e término, origem e identificação das bolsas, descrição de reações adversas
(quando houver), bem como a atitude tomada.
O paciente deve ser monitorado por algumas horas após o procedimento de transfusão, para
garantir que o procedimento não trouxe intercorrências e seu resultado foi positivo.

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