Hortalimento Manual Tecnico de Orientacao
Hortalimento Manual Tecnico de Orientacao
Hortalimento Manual Tecnico de Orientacao
SILVIO MANGINELLI
DIRIGENTE DA ASSESSORIA TÉCNICA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
CLEITON GENTILI
COORDENADOR DE DESENVOLVIMENTO DOS AGRONEGÓCIOS
THIAGO CALAZANS
TECNICO EM AGROPECUÁRIA
ENGENHEIRO AGRICOLA
Índice
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Índice
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PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALTA
QUALIDADE EM HORTALIÇAS
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PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALTA QUALIDADE EM HORTALIÇAS
Dra. Valéria A. Modolo¹
Para que um cultivo de qualquer espécie de hortaliça tenha sucesso e seja desenvolvido com
eficiência e eficácia torna-se imprescindível que se inicie com uma muda de alta qualidade.
Do ponto de vista prático, essa muda de alta qualidade, segundo Minami (1995), deve: ter a
constituição genética exigida pelo produtor; ser sadia, sem vestígios de doenças, pragas, danos
mecânicos ou físicos; não ser portadora de patógenos e sementes ou estruturas de propagação
de plantas daninhas; ser bem formada, de modo a garantir a continuidade do desenvolvimento
quando colocada em local definitivo; ser de fácil transporte e, deve ainda, apresentar custo
compatível com a necessidade do produtor.
As mudas de hortaliças podem ser formadas em canteiros, sendo que, neste caso, as sementes
são lançadas diretamente no solo e, por ocasião do transplante, a muda formada é retirada
e transplantada para local definitivo. Nesse caso, na retirada, parte do sistema radicular é
arrebentado e após o transplante é comum notar o murchamento da muda. Outra forma de se
produzir a muda impedindo que ela sofra esse estresse é a utilização de recipientes. Nesse
caso, ocorre a formação de um torrão envolvendo o sistema radicular, diminuindo o choque por
ocasião do transplante.
Vários tipos de recipientes podem ser utilizados para a produção de mudas das diferentes
espécies de hortaliças. Dentre eles, podemos destacar os copos de papel de jornal, copos
de plástico e sacos plásticos. Estes tipos são para acondicionamento individual e, de maneira
geral, são confeccionados ou comprados pelo próprio agricultor. Outro sistema de produção de
mudas, que possibilitou a abertura de outro tipo de profissional na área, o produtor de mudas
especializado, é aquele que utiliza bandejas ou em embalagens para condicionamento coletivo.
Este sistema não é recente, pois vem sendo utilizado há mais de vinte anos, tanto na Europa
como nos Estados Unidos e, atualmente, viabilizou a produção e a comercialização de mudas
em larga escala, sendo empregado com sucesso em várias espécies de hortaliças tais como
alface, tomate, pimentão, pepino, berinjela, entre outras. Nesse sistema, devido aos cuidados
oferecidos na fase inicial da planta, na maioria das vezes, tem-se uma semente originando uma
planta, otimizando assim o uso das sementes.
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Para que se obtenha uma muda de alta qualidade, a produção nesse sistema envolve alguns
passos importantes: escolha de local adequado para instalação da estrutura de ambiente
protegido, tamanho do recipiente a ser utilizado, substrato e manejo (irrigação, manutenção da
temperatura adequada ao desenvolvimento da espécie, controle de pragas e doenças, adubação,
entre outros.
1. Escolha do local
O local deve ser bem arejado, como pouca declividade, boa luminosidade e disponibilidade de
água de boa qualidade. Áreas com formação constante de neblina, com presença de ventos
fortes ou áreas próximas a trânsito excessivo, como rodovias, devem ser evitadas.
Uma vez definido o local, deve se escolher o tipo de estrutura de ambiente protegido a ser
utilizado.
De acordo com o formato, as estruturas de proteção podem ser classificadas em: capela, teto em
arco (Figura 1), teto convectivo, túnel alto, túnel baixo ou de cultivo forçado, Londrina e dente-de-
serra. Os modelos podem ser conjugados ou individuais (Figura 1) e no seu interior devem ser
construídas bancadas de madeira tratada ou de arame estendido (Figura 2), para que as bandejas
fiquem amparadas e não em contato direto com o solo. A simplicidade ou complexidade da
estrutura depende do conjunto de fatores climáticos tais como direção e intensidade dos ventos;
índice pluviométrico; temperaturas mínimas e máximas durante o ano; riscos de geadas ou
granizo; radiação solar, entre outros fatores como topografia do solo; localização, principalmente
quanto à altitude e latitude; disponibilidade de água e acesso ao local. Sendo assim, para se
definir o tipo de estrutura, é importante dispor de uma série histórica dos dados climáticos além
de conhecer as opções tecnológicas disponíveis no mercado para que se consiga uma estrutura
eficiente, segura e econômica.
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Figura 2. Modelos de bancadas para suporte de bandejas. À esquerda, de madeira e à direita,
de arame estendido.
2. Recipiente
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Figura 4. (A) Bandeja de polietileno de alta densidade de 67 cm x 23 cm de largura x 6 cm de
altura, com volume de célula de 16 cm³. (B) Bandeja de polietileno de alta densidade de
53 cm x 27 cm de largura x 6 cm de altura, com volume de célula de 17 cm³.
As bandejas devem ser colocadas em suportes, a uma determinada altura do chão, que facilite
as operações de semeadura, rega e outras operações que sejam necessárias. O suporte pode
ser de madeira, alumínio, bambu ou qualquer outro material que mantenha a estrutura rígida e
possibilite a colocação das bandejas.
3. Substrato
Substrato agrícola ou mistura para cultivo são dois nomes pelos quais é conhecida a matéria-
prima ou mistura de matérias-primas que, usadas para germinação de sementes, enraizamento
ou cultivo de plantas, irão exercer a função do solo. Sua principal função é a fixação do sistema
radicular para sustentação da planta. Deve ser um meio saudável para o crescimento das
raízes, bem arejado, livre de pragas e doenças, fornecer todos os nutrientes ou permitir que eles
estejam disponíveis às plantas, possuir boa disponibilidade de água e ter estabilidade física.
Deve também apresentar algumas propriedades físicas e químicas intrínsecas importantes para
sua utilização, tais como boa capacidade de retenção de águas, alta disponibilização de oxigênio
para as raízes, capacidade de manutenção da proporção correta entre a fase sólida e liquida, alta
capacidade de troca catiônica (CTC), baixa relação C/N, entre outras. Além destas propriedades
técnicas, dois critérios essenciais devem ser considerados na escolha de um substrato agrícola:
custo e disponibilidade. O custo de aquisição deve ser baixo, porém o baixo custo de aquisição
não é suficiente se não estiver disponível no momento desejado.
Quanto a sua origem os substratos podem ser agrupados em minerais e orgânicos. Dentre os
de origem mineral, os mais utilizados na produção de mudas são: Areia - material encontrado
naturalmente em grande abundância sendo quimicamente inerte e constituído basicamente por
óxido de silício; vermiculita: material produzido artificialmente mediante a expansão da mica
sob temperatura de 1.100ºC, formando flocos levíssimos, possui um elevado valor de CTC,
pequena inércia química e é capaz de absorver de 4 a 5 vezes o seu próprio peso em água; lã
de rocha: é fabricada pela fusão a 1600ºC de três materiais diferentes (basalto, calcário e coke).
Do ponto de vista químico, é um material inerte e do físico, é um material poroso com baixa
energia de retenção de água, o que proporciona uma elevada disponibilidade hídrica às plantas.
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É um material extremamente leve e fácil de manusear; perlita: material de sílica branco-cinzento,
de origem vulcânica e explorada nas minas de lava. O minério bruto é triturado, peneirado e
aquecido no forno a 760 ºC no qual uma pequena quantidade de umidade presente nas partículas
transforma-se em vapor, em pequenos grãos esponjosos, muito leves.
Os substratos de origem orgânica são detritos vegetais como casca de árvores, casca de arroz,
palha, serragens. A composição química é variável dependo da origem do material. Os maiores
inconvenientes são a alta relação C/N ou a presença de substâncias tóxicas. A compostagem
prévia ajuda a diminuir esses problemas. Do ponto de vista físico, esses materiais são muito
porosos e têm uma baixa capacidade de retenção de água. No entanto, sua grande disponibilidade
e seu baixo custo tornam sua utilização promissora, principalmente em misturas com substratos
minerais ou orgânicos de custo elevado. Podemos destacar: fibra de coco: é o mesocarpo do fruto
do coqueiro, suas fibras podem ser compostadas, secas e comprimidas em blocos para facilitar
o transporte; para utilização, os blocos são reidratados; turfas: são constituídas basicamente
por materiais de origem vegetal, contendo menos de 10% de contaminantes minerais; bagaço
de cana: fibras de bagaço de cana de açúcar que podem ser encontradas mais facilmente em
regiões produtoras de açúcar e álcool, por serem resíduos do processamento nas usinas; casca
de arroz carbonizada: é o resíduo do beneficiamento do arroz e da mesma forma que o bagaço
de cana, pode ser encontrado mais facilmente em determinadas regiões; casca de árvores: no
Brasil, é abundante a casca de pinheiro como subproduto da exploração silvicultural de Pinus spp.
e Eucalyptus spp., é um componente bastante utilizado nas misturas de substratos comerciais.
Para a utilização na produção de mudas geralmente é feita a mistura de dois ou mais substratos.
Torna-se importante ressaltar que as características físicas e químicas da mistura podem ser
diferentes daquelas encontradas em cada componente isolado.
Também existem no mercado misturas prontas. Geralmente estas misturas são compostas de
um material de origem mineral (vermiculita, perlita, etc) e outros de origem orgânica (casca de
árvores, casca de arroz carbonizada, húmus, etc) a depender da empresa produtora. Nesse
caso, qualquer variação não prevista nesta mistura pode resultar num fracasso total no cultivo.
Além dos efeitos diretos na produção da muda, um substrato mal formulado pode comprometer
também a produção no campo após o transplante. Ao utilizar, por exemplo, um substrato
contaminado por algum fungo o horticultor pode estar introduzindo uma nova doença no campo.
O mesmo acontece com as plantas daninhas. Um substrato pode carregar consigo sementes
ou outras estruturas de propagação de essas plantas para área de cultivo e isso poderá ser
percebido, dependendo do grau de infestação, somente ao longo dos ciclos de cultivo quando o
controle torna-se mais difícil.
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4. Manejo
A água é fator limitante para a produção da muda. Seu fornecimento deve ser de maneira
adequada, pois tanto a falta quanto o excesso podem comprometer o desenvolvimento da planta.
A irrigação é uma prática agrícola necessária na produção de mudas, que visa principalmente
atender às necessidades no momento adequado. Para se atingir bons resultados com o
uso da irrigação, vários fatores são importantes e devem ser levados em conta, tais como
a seleção de métodos de irrigação e o manejo da água (distribuição, freqüência, lâmina de
irrigação, estimativa do consumo de água, características do desenvolvimento das plantas
e sensibilidade ao estresse hídrico). O sistema de irrigação mais utilizado para produção de
mudas em hortaliças no Brasil é o de aspersão mas na produção de mudas em recipientes
pode ser utilizado: gotejamento, pulverizadores em barra, por capilaridade ou subirrigação.
Quanto à nutrição, talvez seja uma parte que mereça bastante atenção do produtor de mudas.
O substrato é totalmente diferente do solo e nem sempre uma adubação recomendada para um
tipo de substrato pode ser utilizada em outro. A quantidade de nutrientes no substrato, o tipo de
adubo, a concentração de nutrientes na solução para aplicação foliar e o momento da aplicação
são pontos que devem ser considerados. Segundo Minami (2010) a tendência é utilizar substratos
com zero de nutrientes e utilizar fertirrigação. Assim, é possível cada produtor manipular o
crescimento das mudas de acordo com as condições ambientais e necessidade de cada cultura.
Finalizando, o controle fitossanitário também deve ser realizado quando necessário. Mas, tratando-
se de um ambiente protegido, deve-se ficar atento às causas desses tipos de problemas. Na maioria
das vezes, o melhor controle dos fatores envolvidos na produção, tais como luz, temperatura,
umidade e nutrição, podem diminuir ou até mesmo inibir a ocorrência de pragas e doenças.
5. Bibliografia
Andriolo, J.A. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1999. 142p.
Borne, H.R. Produção de mudas de hortaliças. Guaíba: Livraria e Editora Agropecuária Ltda,
1999. 189p.
Minami, K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T. A. Queiroz Editor
Ltda, 1995. 128p.
Minami, K. Produção de mudas de alta qualidade. Piracicaba: Editora Degaspari, 2010. 426p.
Sade, A. Cultivos Bajo Condiciones Forzadas. Almeria, 139p.
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CULTIVO PROTEGIDO: POR QUE UTILIZAR MANEJO
DO AMBIENTE E CUIDADOS COM A FERTILIZAÇÃO
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CULTIVO PROTEGIDO: POR QUE UTILIZAR MANEJO DO AMBIENTE
E CUIDADOS COM A FERTILIZAÇÃO
Luis Felipe Villani Purquerio¹
Sebastião Wilson Tivelli²
1. Introdução
Originalmente, o cultivo protegido de plantas era feito em ambiente construído com vidro devido
às suas excelentes propriedades físicas. Atualmente, o filme plástico de polietileno de baixa
densidade (PEBD) é o material mais utilizado para a cobertura de “estufas agrícolas” porque
além de possuir propriedades que permitem seu uso para essa finalidade como a transparência,
são flexíveis, facilitando seu manuseio, e possuem menor custo quando comparados ao vidro.
Com a facilidade de uso do PEBD, houve grande aumento em seu consumo. Porém, ainda hoje,
o manejo das culturas em ambiente protegido é um gargalo para o sucesso da atividade, sendo
que a falta de conhecimento técnico limita os benefícios gerados por essa atividade e o sucesso
do empreendimento.
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2. Por que utilizar o cultivo em ambiente protegido?
Para auxiliar na resolução desse entrave podemos lançar mão do cultivo protegido, que se
caracteriza pela construção de uma estrutura, para a proteção das plantas contra os agentes
meteorológicos que permita a passagem da luz, já que essa é essencial para realização da
fotossíntese. Este é um sistema de produção agrícola especializado, que possibilita certo
controle das condições edafoclimáticas como: temperatura, umidade do ar, radiação, solo, vento
e composição atmosférica.
O ambiente protegido pode ser um túnel (baixo ou alto), uma estufa agrícola com ou sem pé
direito ou até mesmo uma casa de vegetação, onde o controle do ambiente é intensificado
(Figura 1). Nas estruturas mais altas pode ser realizado o cultivo sem solo, mais conhecido como
hidropônico.
A B Fotos: Purquerio, L. F. V.
C D
Figura 1. Túnel alto, com filme transparente e alface (A), túnel baixo, com filme leitoso e
morango (B), estrutura com pé-direito do tipo arco (C), casa de vegetação, de vidro, com
controle do ambiente e tomate (D).
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Além do controle parcial das condições edafoclimáticas, o ambiente protegido permite a realização
de cultivos em épocas que normalmente não seriam escolhidas para a produção ao ar livre. Esse
sistema também auxilia na redução das necessidades hídricas (irrigação), através de uso mais
eficiente da água pelas plantas. Um outro bom motivo para produzir em ambiente protegido é o
melhor aproveitamento dos recursos de produção (nutrientes, luz solar e CO2), resultando em
precocidade de produção (redução do ciclo da cultura) e redução do uso de insumos, como
fertilizantes (fertirrigação) e defensivos.
Figura 2. Produtividade
de rúcula, cv. Folha
Larga, cultivada em
campo e ambiente
protegido no inverno
(A) e no verão (B), em
função de doses de
nitrogênio, na colheita.
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No inverno, devido às condições climáticas favoráveis ao cultivo da rúcula, seria dispensável o
uso do ambiente protegido. Porém, devido ao melhor aproveitamento dos fatores de produção
pelas plantas, que ocorre dentro do mesmo ambiente, houve melhor rendimento das plantas
cultivadas no ambiente protegido em relação às cultivadas em campo. A maior produtividade
verificada no campo com 240 kg ha-¹ de nitrogênio, foi alcançada com 110 kg ha-¹ de N no
ambiente protegido, ou seja, teve-se uma economia de 130 kg ha-¹ de nitrogênio no cultivo
protegido (Purquerio, 2005; Purquerio et al., 2007).
No campo, além da menor produtividade, também se observou menor qualidade das plantas.
O impacto das gotas de chuva nas folhas, bem como a movimentação de partículas de solo,
danificaram fisicamente as folhas, atrasando o desenvolvimento da planta e diminuindo a
qualidade final do produto, a ponto de, na colheita, as folhas não apresentarem bom aspecto
para a comercialização, pois estavam coriáceas, amareladas, danificadas e sujas (Figura 3).
Fotos: Purquerio, L. F. V.
A
B
Figura 3. Danos físicos (A) e acúmulo de solo (B) em folhas de rúcula, causados pela chuva em
cultivo de campo.
Por outro lado, o cultivo em ambiente protegido também apresenta desvantagens, como o alto
custo para sua implantação, que pode variar de R$ 40,00 a R$ 200,00 cada m2, dependendo do
grau de tecnologia empregada no ambiente. Além disso, esse sistema de cultivo envolve áreas
de conhecimento amplas para que o manejo das plantas dentro dele seja bem feito, necessitando
de mais conhecimento técnico para ser realizada com sucesso.
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3. Manejo do ambiente protegido
Para cultivar hortaliças em ambiente protegido é necessário, antes de tudo, conhecer muito bem
as espécies que serão cultivadas, principalmente quanto às exigências ambientais e nutricionais,
ou seja, conhecer as necessidades fisiológicas das hortaliças. Também, o ambiente em que
serão plantadas, não só em termos de região, mas de localização, coletando informações sobre
temperaturas reinantes (máxima e mínima), período de maior chuva, predominância de ventos,
culturas adjacentes e permanência de uma mesma cultura.
3.1. Luminosidade
A radiação solar é um dos fatores que influenciam na produtividade das espécies, tanto no
campo como em ambiente protegido, especialmente nos meses de inverno e em altas latitudes.
As distintas regiões do Brasil, em geral, mostram uma redução da radiação solar incidente no
interior do ambiente protegido com relação ao meio externo de 5 a 35%. Estes valores variam
com o tipo de filme plástico (composição química e espessura), com o ângulo de elevação do sol
(estação do ano e hora do dia) e que também dependem da reflexão e absorção pelo material.
No ambiente protegido, a fração difusa da radiação solar é maior que no meio externo,
evidenciando o efeito dispersante do filme plástico. Dessa forma, a radiação dentro do ambiente
protegido pode atingir com maior eficiência as folhas das hortaliças, principalmente no caso das
plantas conduzidas na vertical, ou cultivadas em densidade elevada, onde uma folha tende a
sombrear a outra (Figura 4).
Imagem: Purquerio, L. F. V.
Figura 4. Esquema
ilustrativo da radiação
dentro do ambiente
protegido e projeção
aproximada de “bolsão
térmico” formado no
interior da estrutura.
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Qualquer que seja a região de produção, não se pode ter estruturas construídas ao lado de
árvores ou construções que projetam sua sombra sobre a estrutura de cultivo protegido, mesmo
que seja apenas por algumas horas durante o dia. Estruturas geminadas também geram faixas
de sombreamento sobre as culturas em seu interior (Figura 5).
Figura 5. Sombreamento gerado por árvores (A) e calhas em estruturas geminadas (B).
Outro ponto a ser observado é a deposição de poeira sobre o filme plástico, que reduz a
luminosidade no interior da estrutura, causando o estiolamento das plantas. Quando o filme
plástico se encontra em boas condições é recomendável sua lavagem (com uma vassoura de
cerdas macias ou com uma espuma que pode ser envolvida num rodo) (Figura 6). Em casos
de estruturas tipo arco, com apenas um vão, é possível utilizar uma faixa de tecido não tecido,
conhecido como TNT, sendo esta manejada por duas pessoas. Cada pessoa deve estar de um
lado da estrutura e fazer um movimento compassado puxando e soltando o tecido, imitando
um movimento de serra, deslocando-se ao longo do comprimento da estrutura. Pode-se fazer a
lavagem antes do período de inverno.
Fotos: Goto, R.
A B
Figura 6. Filme plástico usado para cobertura de uma estrutura tipo arco sendo lavado (A) e
detalhe de um rodo revestido com espuma (B).
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Para os cultivos sensíveis ao excesso de luminosidade, o uso de malhas sintéticas de
sombreamento, com 30 a 50% de sombra, colocadas no interior da estrutura, à altura do pé
direito, soluciona satisfatoriamente o problema.
O uso de iluminação artificial em ambiente protegido é uma prática cultural onerosa, sendo
somente justificada para culturas de alto valor agregado e sensíveis ao fotoperíodo, como
algumas flores e plantas ornamentais.
Salienta-se que, sempre que se altera a intensidade luminosa no interior do ambiente protegido,
modificam-se também outros parâmetros agrometeorológicos, como temperatura e umidade
relativa do ar.
3.2. Temperatura
A temperatura exerce influência sobre as seguintes funções vitais das plantas: germinação,
transpiração, respiração, fotossíntese, crescimento, floração e frutificação. Nos países do
hemisfério norte, caracterizados por clima temperado com invernos muito rigorosos, o ambiente
protegido possui a finalidade de aquecimento, tornando-se uma verdadeira “estufa” para que a
produção seja possível. Porém, nas condições climáticas brasileiras, consideradas tropicais e
subtropicais, onde o cultivo de hortaliças é possível durante o ano todo, o aquecimento natural
demasiado do ambiente pode causar problemas no cultivo das plantas.
Plantas de porte herbáceo, como hortaliças e plantas medicinais, podem ser cultivadas em
ambientes com pé direito menor, ou mesmo com a ausência desse, como é o caso dos túneis de
cultivo forçado, porém, sempre se respeitando as necessidades térmicas da cultura.
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Quando a temperatura é muito alta, é possível lançar-se mão de recursos para a redução da
mesma. O posicionamento da estrutura pode favorecer a ventilação natural dentro do ambiente.
Na instalação do ambiente, deve-se observar a inclinação do terreno, principalmente para
estruturas do tipo “londrina” (com plástico estendido na horizontal), pois esta facilita a passagem
do ar quente pela estrutura, com sua saída pela lateral que estiver na parte mais alta do terreno.
A estrutura deve sempre ser instalada com a menor dimensão (frente), no sentido da corrente
do vento predominante.
Outro ponto a ser observado são as cortinas laterais que devem ser sempre móveis para serem
fechadas no caso da necessidade de retenção da temperatura através do aquecimento do ar, ou
abertas para a saída do ar quente, quando se deseja o resfriamento. Saídas para o ar quente, na
parte superior das estruturas, conhecidas como lanternim e janelas zenitais (Figura 7) também
possibilitam o resfriamento do interior do ambiente protegido. Estas podem ser fixas ou móveis,
para serem abertas ou fechadas conforme a necessidade. Ressalta-se que essas aberturas no
ambiente devem sempre estar a favor do vento, para que a saída do ar quente seja facilitada, e
que também existe a necessidade de uma abertura na parte inferior, para provocar o fluxo de ar,
igualando a temperatura interna à externa (Andriolo, 1999).
Fotos: Purquerio, L. F. V.
A
B
O uso de telas sintéticas, pretas, de sombreamento (30 a 50%) e de pincelamento com tinta ou
cal, embora sejam relativamente eficientes na diminuição da temperatura, também diminuem
a luminosidade, o que nem sempre é desejado. No mercado, também existe à disposição dos
produtores uma tela aluminizada que, instalada na altura do pé-direito da estrutura de ambiente
protegido, proporciona redução da temperatura sem influir demasiadamente na luminosidade
(Figura 8).
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Fotos: Purquerio, L. F. V.
Figura 8. Tela
aluminizada
colocadas no
interior do ambiente
protegido, na altura
do pé direito da
estrutura.
Ressalta-se que a nebulização não tem a função de irrigar. O manejo incorreto dos nebulizadores
pode causar efeitos negativos na cultura em função do molhamento da parte aérea da planta
e aumento da umidade relativa dentro do ambiente protegido, que acarretará outros problemas
como o aparecimento doenças fúngicas e bacterianas.
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Todas essas práticas são efetuadas para manter a temperatura ideal para o crescimento e
desenvolvimento das culturas. Por exemplo, o tomateiro necessita de temperaturas diurnas
médias em torno de 22 a 28°C. Temperaturas acima de 30 a 32°C prejudicam o pegamento de
frutos.
A planta de pepino é considerada uma cultura subtropical que não tolera temperaturas baixas.
A faixa ideal de temperatura é de 27 a 30°C de dia e 18 a 19°C de noite, durante o crescimento
vegetativo e 27 a 28°C diurnos durante o florescimento/frutificação. Quando a temperatura dentro
do ambiente protegido alcança valores mais elevados, podem ocorrer distúrbios fisiológicos
como o entortamento de frutos e aborto de flores e frutos.
Com relação à temperatura do solo, pode-se mantê-la dentro da faixa mais adequada para a
cultura com um manejo muito simples, a irrigação. No verão, a irrigação e o manejo da temperatura
do ar contribuem para a manutenção dentro da faixa ideal para a cultura. O produtor deve estar
atento à temperatura do solo, principalmente no início do desenvolvimento da cultura e quando
utilizar “mulching” plástico. No inverno, as irrigações devem ser feitas preferencialmente no
período da manhã para que haja tempo do solo aquecer durante o dia. Em outras palavras, não
devemos irrigar as plantas de tardezinha, pois as raízes irão passar toda a noite em um solo frio.
Ela está vinculada ao equilíbrio hídrico das plantas, onde um déficit pode alterar a
evapotranspiração, alterando a capacidade do sistema radicular de absorver a água e o nutriente.
Dessa forma, o manejo da umidade do ar também vai depender da cultura visando atender sua
fisiologia de crescimento e desenvolvimento.
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Para a ocorrência da maioria das doenças, a umidade é um fator essencial, sendo que para
elas terem um ótimo desenvolvimento, a umidade do ar deve estar acima de 80%. Portanto,
por meio do manejo correto da umidade também se pode diminuir a incidência de doenças
e consequentemente gerar redução no uso de defensivos agrícolas, diminuindo o custo de
produção.
Salienta-se que o correto manejo da umidade também se faz necessário para a aplicação de
defensivos agrícolas e fitorreguladores, sendo que esses produtos não devem ser aplicados com
menos de 55% de umidade relativa, pois sua eficiência pode ser reduzida.
A alta umidade do ar também pode influir no aparecimento de desordens fisiológicas, como
a deficiência de cálcio em folhas jovens em expansão, devido ao deficiente transporte desse
elemento em função da restrição evapotranspirativa (Martins et al., 1999).
Um dos tratos culturais que influencia diretamente a umidade relativa do ar no cultivo protegido
é a irrigação, sendo que esta deve ser realizada corretamente, através de monitoramento por
tensiometria ou pela evapotranspiração da cultura.
No manejo da umidade do ar, a ventilação do ambiente pode auxiliar tanto para aumentar como
para diminuir a mesma.
Outras medidas de manejo podem ser adotadas para se elevar a umidade, como a pulverização
das plantas com água. Nesse caso, a água pulverizada ao evaporar das plantas irá elevar a
umidade e diminuir a temperatura.
Para a produção de diversas espécies da cadeia da horticultura que, normalmente, são feitas
sob condições de cultivo intensivo, existe a necessidade de suprimento adequado de nutrientes,
desde o estágio de plântula até a colheita, haja vista que o desequilíbrio nutricional, seja por
carência ou excesso de nutrientes, é fator estressante para a planta.
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Para o Estado de São Paulo, existe uma recomendação de calagem, adubação orgânica e
química de plantio, bem como de adubações de cobertura para várias espécies da cadeia da
horticultura (Raij et al., 1997). Essa recomendação não é específica para o cultivo protegido,
porém, fornece uma base muito sólida, devendo ser utilizada em conjunto com os resultados de
análises de solo.
A salinização dos solos pode ter origem natural, como naqueles localizados em zonas áridas
e semi-áridas, onde a evaporação é superior à precipitação, ou ser induzida pelo homem, pelo
manejo inadequado no uso de fertilizantes químicos e orgânicos. Esta última causa é a de maior
impacto econômico, pois é verificada em áreas onde se realizou investimento de capital (Silva,
2002), como é o caso das estufas agrícolas.
De maneira geral, o processo de salinização pode ser evitado ou desacelerado caso ocorram
precipitações pluviais concentradas em quantidades suficientes, associadas à adequada
permeabilidade do solo ou a um sistema de drenagem eficiente para promover uma lavagem
natural do perfil. Todavia, em condições de plantio em estufas agrícolas, a lavagem natural
é dificultada, passando o solo a ter características semelhantes aos de regiões semi-áridas
(Medeiros, 1998).
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Preocupados em garantir elevada produtividade, os agricultores, além do fertilizante químico,
aplicado de maneira convencional ou via fertirrigação, muitas vezes aplicam elevadas quantidades
de material orgânico que, por si só, seriam suficientes para o fornecimento dos nutrientes exigidos
pelas plantas (Silva, 2002), agravando-se ainda mais o processo de salinização.
Assim, são comumente verificados, em estufas agrícolas salinizadas, teores de potássio acima
de 6,0 mmolc dm-³, de fósforo acima de 120 mg dm-³, e de cálcio e magnésio acima de 7 e 8
mmolc dm-³, todos considerados muito elevados para os solos agrícolas, segundo Raij et al.
(1997). Também são verificados para os micronutrientes boro, cobre, ferro, manganês e zinco,
teores acima de 0,6; 0,8; 12; 5,0 e1,2 mg dm-³, respectivamente, considerados elevados nos
solos em geral.
A troca de local da estrutura (estufa agrícola), bem como a substituição do solo no seu interior,
prática comum na região de Almeria, na Espanha, são opções aos cultivos sequenciais, porém
muito onerosas e inviáveis para o produtor brasileiro.
Uma alternativa para a melhoria das condições químicas e físicas do solo dentro das estruturas
de ambiente protegido e com custo mais acessível ao produtor do que a mudança do local
da estrutura pode ser a realização de pelo menos um cultivo com plantas reconhecidas como
extratoras de nutrientes. Em outras palavras, plantas com capacidade para produção de
quantidade adequada de fitomassa e de absorção de nutrientes e que possam ser retiradas da
área de seu cultivo após o termino do mesmo, como a crotalária e o milheto.
A crotalária júncea (Crotalaria juncea L.) é uma leguminosa (fabácea) de ciclo anual, de
crescimento inicial muito rápido, com desenvolvimento radicular em profundidade e, dependendo
da época de semeadura, com florescimento em apenas 60 a 90 dias. Essa espécie apresenta
elevado potencial de produção de fitomassa, entre 8 a 17 t ha-¹ de matéria seca (Amabile et al.,
2000, Burle et al. 2006; Wutke et al., 2008).
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O milheto (Pennisetum glaucum L.) é uma gramínea (poácea) anual, utilizada como forrageira de
verão, com grande perfilhamento e sistema radicular fasciculado, desenvolvido em profundidade
e em abundância. Possui grande eficiência na transformação de água em fitomassa (Burle et al.,
2006). Dependendo da época do ano, do regime hídrico e do fotoperíodo, são produzidas 30 a
70 t ha-¹ fitomassa (Pereira Filho et. al, 2003).
Como os produtores obtêm sua renda a partir da comercialização dos produtos gerados nas
estufas agrícolas, é necessário que este ambiente de cultivo fique mobilizado com as plantas
extratoras de nutrientes o menor tempo possível. As duas espécies citadas apresentam
crescimento inicial rápido, apresentando desenvolvimento satisfatório em 70 dias de cultivo no
tocante a cobertura do solo, ao potencial de extração de nutrientes e formação de fitomassa.
Dessa forma, dentre inúmeras opções, a crotalária júncea e o milheto são espécies
agronomicamente interessantes e adequadas e que podem ser vantajosamente utilizadas como
plantas extratoras de nutrientes em excesso no solo, particularmente em condições restritivas de
área, como no cultivo protegido.
Como exemplo, cita-se experimento realizado com o cultivo de crotalária e milheto, que teve
o intuito de melhorar as condições químicas e físicas do solo dentro de estufa agrícola tipo
arco, com solo salinizado, na cidade de São Carlos-SP. Os teores de fósforo, enxofre, cálcio,
magnésio e de todos os micronutrientes, se mostraram acima dos considerados muito elevados
para os solos agrícolas, segundo RAIJ et al. (1997) (fósforo > 120 mg dm-³, cálcio e magnésio
> 7 e 8 mmolc dm-³,enxofre S-SO4-² > 10 mg dm-³, boro > 0,60 mg dm-³, cobre > 0,8 mg dm-³,
ferro > 12 mg dm-³, manganês > 5,0 mg dm-³ e zinco > 1,2 mg dm-³), nesta estufa agrícola (De
Maria et al., 2011; Purquerio et al., 2011a; Purquerio et al., 2011b).
Após operação de subsolagem a 0,4 m de profundidade, foi aplicada uma lâmina de água três
vezes superior à capacidade máxima de retenção do solo na profundidade de 0-0,4 m, por
sistema de irrigação localizado por micro-aspersão, instalado na altura do pé direito da estrutura.
A semeadura da crotalária e do milheto, foi realizada a lanço, em 03/12/2009, utilizando-se 30%
a mais de sementes em relação às quantidades 30 e 20 kg ha-¹, recomendadas respectivamente
para as duas espécies. Como resultado observou-se, num período reduzido de apenas 53 dias,
grande produção de massa fresca e seca, totalizando respectivamente, 89,9 e 12,1 t ha-¹ para o
milheto e 56,0 e 8,1 t ha-¹ para a crotalária (Figura 9).
30
Fotos: Purquerio, L. F. V.
A
B
Figura 9. Plantas de cobertura aos 23 dias após a semeadura (A) aos 53 dias após a
semeadura (B) quando foram ceifadas e retiradas da estufa agrícola. São Carlos, SP, 2009/10.
Os teores médios de nutrientes na massa seca da crotalária foram iguais a 29,9 g kg-¹ de N; 29,5
g kg-¹ de K; 3,5 g kg-¹ de P; 14,0 g kg-¹ de Ca; 4,0 g kg-¹ de Mg; 2,6 g kg-¹ de S; 25,6 mg kg-¹de
B, 4,3 mg kg-¹ de Cu; 141,8 mg kg-¹ de Fe; 28,5 mg kg-¹ de Mn; e 27,0 mg kg-¹ de Zn. No milheto
os teores médios na massa seca foram de 22,7 g kg-¹ de N; 35,8 g kg-¹ de K; 4,1 g kg-¹ de P; 5,6
g kg-¹ de Ca; 3,2 g kg-¹ de Mg; 2,5 g kg-¹ de S; 9,9 mg kg-¹ de B; 9,5 mg kg-¹ de Cu; 117,9 mg
kg-¹ de Fe; 43,5 mg kg-¹ de Mn; e 35,7 mg kg-¹ de Zn (Purquerio et al., 2011b).
Após o cultivo da crotalária e milheto, a produtividade de alface foi verificada por três ciclos
consecutivos, com o produtor realizando seu manejo convencional de preparo de solo e
fertilização, sem utilização de análise de solo.
No primeiro ciclo de cultivo, que durou 38 dias, cultivou-se a alface cv. Camila. A produtividade
verificada foi maior onde houve o plantio de crotalária (2469 g m-²) e milheto (2530 g m-²) em
comparação com a área que permaneceu em pousio (1917 g m-²). No segundo ciclo de cultivo (37
dias), cultivou-se a alface cv. Vera e a produtividade também foi maior onde houve o plantio de
crotalária (3149 g m-²) e milheto (3169 g m-²) em comparação com uma área que ficou em pousio
(2496 g m-²). Já no terceiro ciclo de cultivo consecutivo de alface (54 dias de ciclo), utilizou-se
a alface cv. Vera e notou-se que a produtividade na área onde houve cultivo de milheto (4276
g m-²) não diferenciou-se da área que foi mantida em pousio (3455 g m-²). Apenas as plantas
da área que receberam o plantio de crotalária mostraram maior produtividade (4679 g m-²) do
que o cultivo em pousio. O resultado verificado no terceiro cultivo de alface, com diminuição de
produtividade, deveu-se ao manejo realizado pelo produtor que começou a afetar negativamente
as plantas de alface (Purquerio et al., 2011a).
31
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v.1. 2008.
34
CALAGEM E ADUBAÇÃO PARA HORTALIÇAS
SOB CULTIVO PROTEGIDO
35
CALAGEM E ADUBAÇÃO PARA HORTALIÇAS SOB
CULTIVO PROTEGIDO
Paulo Espíndola Trani¹
Muito Alto > 6,0 > 120 > 40 > 15 > 15 > 90
Fonte: Adaptado de Raij et al. (1997) - São Paulo e Ribeiro et al. (1999) - Minas Gerais.
37
A interpretação para os níveis de cálcio deve ser adotada com cautela levando-se em conta a
textura do solo. Assim é que 15 mmolc de Ca++/dm³ de solo pode ser considerado como teor
médio a alto em solo arenoso e teor médio a baixo em solo argiloso.
Alto > 0,60 > 0,8 > 12 > 5,0 > 1,2
1
Boro extraído por água quente; Cu, Fe, Mn e Zn extraídos pelo DTPA.
Fonte: Raij et al. (1997).
38
Calagem
A necessidade da calagem é determinada pela porcentagem de saturação por bases do solo e
a tolerância da espécie de hortaliça ao menor ou maior grau de acidez do solo. A equação para
cálculo da calagem é dada por: NC = CTC (V2 – V1).
10 PRNT
A incorporação do calcário deve ser feita até 20 a 30 cm de profundidade, pois diversas hortaliças
têm o sistema radicular tão profundo como culturas extensivas. Dentre as hortaliças de sistema
radicular profundo cultivadas em estufa agrícola pode-se citar o tomate. Com o sistema radicular
moderadamente profundo destacam-se pimentão, pepino, berinjela, melão, salsa e cebolinha.
Entre aquelas de sistema radicular pouco profundo citam-se a alface, chicória e almeirão.
A aplicação do calcário deve ser feita com pelo menos 30 a 40 dias de antecedência ao plantio
utilizando-se de preferência o calcário finamente moído (“filler”) com PRNT de 80 a 90% ou
parcialmente calcinado (PRNT de 90 a 100%). Caso seja encontrado apenas o calcário comum
(PRNT de 60 a 70%) este deve ser incorporado ao menos 60 dias antes do plantio das hortaliças.
Deve-se preferir os calcários que contenham boa quantidade de magnésio em sua composição,
como os dolomíticos (acima de 12% de MgO).
39
Dentre os melhores fertilizantes orgânicos utilizados em hortaliças, destacam-se: o composto
orgânico (Figura 1), o húmus de minhoca (Figura 2) e a torta de mamona pré-fermentada.
Foto: Hanasiro, Piracicaba-SP
kg/m2 de canteiro
Folhosas
(alface, rúcula, 2–4 0,5 – 1 0,1 – 0,2
etc.)
Frutos
(tomate, pimentão, 2–4 0,5 – 1 0,1 - 0,2
etc.)
Bulbos e Raízes
1–2 0,25 - 0,50 0,02 - 0,05
(cebola, cenoura,
etc.)
Maiores doses de fertilizantes para solos de fertilidade baixa. Aplicar cerca de 30 dias antes
do plantio. Incorporar a 20 a 30 cm de profundidade, em todo o canteiro.
40
Recomendações de adubação mineral para hortaliças sob cultivo
protegido conforme análise do solo
A seguir, são descritas as recomendações de adubação de hortaliças baseadas nos teores de
nutrientes no solo e também na extração de nutrientes pelas hortaliças. As doses de nutrientes
foram determinadas com base em experimentação realizada nas condições de solo e clima do
Estado de São Paulo, devendo ser adotadas com cautela para outras regiões.
A adubação no solo em pré-plantio deve ser realizada em toda área do canteiro ou no sulco de
plantio. Recomenda-se a aplicação do calcário e fertilizantes desde a superfície até 20 a 30 cm
de profundidade para proporcionar melhor crescimento e distribuição do sistema radicular das
plantas.
O parcelamento dos fertilizantes a serem aplicados em cobertura deve levar em conta a marcha
de absorção de nutrientes da cultura. Para as hortaliças, recomenda-se a aplicação de 10%
dos nutrientes no primeiro quarto do ciclo da cultura (início de crescimento), 20% dos nutrientes
na segunda fase de desenvolvimento, 40% dos nutrientes na terceira fase do ciclo (período de
maior formação de massa fresca de folhas e frutos) e 30% na quarta fase do ciclo da cultura.
Dependendo da espécie e do grupo de hortaliças, nutrientes como o potássio têm a sua aplicação
concentrada na etapa da máxima produção de frutos.
Misturar os fertilizantes ao solo, pelo menos 10 dias antes da semeadura ou transplante das
mudas. Acrescentar à adubação mineral de plantio 1 kg de B/ha e 3 kg de Zn/ha para todas as
hortaliças acima citadas. Novas aplicações de micronutrientes somente serão efetuadas após
análise química do solo.
41
Adubação mineral de cobertura:
42
Tabela VII. Recomendação de adubação para plantio de tomate sob
cultivo protegido, conforme teores de nutrientes no solo.
P (resina), mg/dm3 K+ trocável, mmolc/dm3
Nitrogênio
0-25 26-60 >60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0
N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha
60 720 360 180 240 120 60
B, mg/dm 3
Zn, mg/dm 3
Adubação mineral de cobertura: Aplicar de 200 a 300 kg/ha de N; 60 a 120 kg/ha de P2O5 e
120 a 240 kg/ha de K2O, parcelando as doses através da fertirrigação.
O principal sistema de fertirrigação é aquele que utiliza mangueiras em forma de fitas ou tripas,
na superfície ou sub-superfície do solo. Essas mangueiras contêm micro-orifícios, na forma de
poros. As mangueiras de irrigação podem ou não ser cobertas com plásticos colocados ao longo
das linhas plantadas com hortaliças (Figuras 3 e 4).
43
Outro sistema de fertirrigação é realizado por tubo-gotejadores que são dispostos ao longo das
linhas de irrigação e gotejam água com fertilizantes sobre vasos de plástico contendo substratos
de diferentes composições (Figuras 5 e 6). Os substratos devem ser previamente esterilizados
contra patógenos e adubados conforme análise química que identifique seus teores de nutrientes.
Em estufas denominadas tipo túnel alto (nas formas de arco e de capela), quando são plantadas
hortaliças folhosas, é também utilizado o sistema de aspersão com barras contendo os aspersores
na altura de 50 a 60 cm. Deve-se aplicar água limpa sobre as hortaliças após a aplicação dos
fertilizantes via água de irrigação (Figura 7).
Foto: Paulo E. Trani, Campinas-SP
44
No caso da produção de mudas de hortaliças a fertirrigação pode ser realizada no sistema de
nebulização, onde é importante irrigar a área com água limpa após a aplicação dos fertilizantes
altamente solúveis, para que não ocorra “queima” das folhas por possíveis resíduos de
fertilizantes (Figura 8).
Ainda outro sistema, menos utilizado, é o de aplicação dos fertilizantes na água de inundação,
onde as mudas de hortaliças, dentro de copinhos perfurados, são colocadas sobre “piscinas”,
onde ocorre a absorção de água e nutrientes pelas plantas (Figura 9).
Foto: Oliveiro Bassetto Jr., Santa Cruz do Rio Pardo-SP
Figura 9. Mudas de
pepino em copinhos de
plástico, no sistema de
inundação.
Recomendações finais
É sempre fundamental a utilização da análise de solo e da análise foliar como ferramentas para
o cálculo correto da calagem e adubação em hortaliças.
Outra técnica importante consiste na prática de rotação (“rodízio”) entre espécies de hortaliças
sob cultivo protegido como no campo, a céu aberto. Isso impede ou diminui a incidência de
nematóides e fungos de solo.
45
Devemos utilizar a água de irrigação em doses controladas por equipamentos apropriados como
os tensiômetros, de baixo custo de instalação e manutenção.
Muito útil também é a utilização de termômetros de máxima e mínima para verificação das
variações de temperatura que ocorrem no interior das estufas de cultivo com hortaliças e outras
culturas.
Referências bibliográficas
Agradecimentos
O autor agradece ao Sr. André Luis Trani da Petrobras – Refinaria de Paulínia-SP, pela revisão
e composição final deste trabalho.
46
INSTRUÇÕES BÁSICAS PARA O CULTIVO
DE HORTALIÇAS FOLHOSAS EM HIDROPONIA
47
INSTRUÇÕES BÁSICAS PARA O CULTIVO DE HORTALIÇAS
FOLHOSAS EM HIDROPONIA
Thiago Leandro Factor¹
Fernando César Bachiega Zambrosi²
Pedro Roberto Furlani³
Introdução
Para iniciar a atividade, é importante que os interessados procurem maior interação com a
referida técnica por meio da realização de cursos, leituras de manuais e boletins técnicos, ou
consulta a centro de pesquisas e universidades. Essa etapa de familiarização do produtor com o
cultivo hidropônico é fundamental para o futuro de seu empreendimento.
49
solução nutritiva; (iii) montar corretamente as estruturas necessárias; (iv) escolher o cultivar
mais indicado para a região; (v) produzir ou adquirir mudas sadias e vigorosas; (vi) monitorar
a ocorrência de pragas e doenças e (vii) atender as exigências nutricionais das plantas com o
correto preparo e manejo da solução nutritiva.
Atualmente existem vários sistemas de cultivo hidropônico que são escolhidos em função dos
objetivos do produtor, do produto a ser cultivado e das estruturas e materiais já disponíveis
na propriedade. Entretanto, o sistema NFT (‘Nutrient Film Technique’ ou Técnica do Fluxo de
Nutrientes) é o mais difundido e de ampla aceitação e adoção por produtores de hortaliças,
sobretudo de folhosas. A seguir, será descrito as principais características desse sistema de
cultivo hidropônico.
Sistema NFT (Nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes: é composto
basicamente de um tanque de solução nutritiva, sistema de bombeamento, canais de cultivo
e um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por
gravidade, formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes das plantas. O reservatório
deve ficar abaixo do nível do solo para facilitar o retorno da solução por gravidade e minimizar o
aquecimento da solução. O reservatório pode ser feito de fibra de vidro ou PVC, sem a necessidade
de revestimento interno, mas, se for de fibrocimento ou alvenaria, existe a necessidade de fazer
a impermeabilização com resinas não tóxicas para evitar que a solução nutritiva com pH de
5,0 a 6,5 reaja com o cimento, que é alcalino, produzindo uma solução com aspecto leitoso
(Rodrigues, 2002). O tamanho do reservatório deve ser dimensionado em função do número de
plantas que se pretende cultivar e alimentar com o volume da solução armazenada. Para alface,
recomenda-se uma relação de volume/planta não inferior à 0,5. Porém, não se recomenda o uso
de reservatórios com volumes superiores a 5.000 litros, pois o manejo químico (correção de pH
e condutividade elétrica) é moroso e de difícil execução na prática (Furlani, 1998).
O canal de cultivo é o local responsável pelo crescimento e sustentação das plantas e por onde
escorre a solução nutritiva que banha as raízes, fornecendo água e os nutrientes para as plantas
em crescimento, por isso a conformação do canal, profundidade e largura, influem na qualidade
final do produto colhido. Existem vários tipos de canais que são utilizados: telhas de amianto,
tubos de PVC e tubos de polipropileno. Esses canais ficam apoiados em estruturas denominadas
de bases de sustentação, que devem ficar espaçados no máximo 1,2 m para conferir maior
estabilidade os perfis. Ao longo da bancada de cultivo (perfis + bases de sustentação) deve
haver um desnível para que a solução percorra os canais por gravidade e assim retorne ao
reservatório, de onde será bombeada novamente para a parte mais alta da mesa. Este declive
deve estar ao redor de 5% (desnível de 0,5 m entre a parte mais alta e a mais baixa da mesa
para um comprimento total de 10 m).
O comprimento máximo da bancada deve estar ao redor de 30 m para que a mesma não fique
muito alta ou muito baixa em função de atender o desnível necessário e assim dificultar o trabalho.
Estruturas de sustentação muito longas também dificultam a aeração da solução e acentua as
50
diferenças na concentração de nutrientes ao longo da bancada (Furlani et al., 1999), além de
dificultar a desinfecção dos canais (Rodrigues, 2002). A largura da bancada deve ser de no
máximo 2,0 m para facilitar o manejo e colheita das plantas pelos trabalhadores no local.
A frequência de circulação da solução na bancada de cultivo pode ser comandada por um timer
ou temporizador, que regula o tempo de funcionamento da bomba, a qual deve ficar instalada
abaixo do nível superior do depósito para que trabalhe “afogada” e não tenha problemas de
entrada de ar na sucção, o que pode interromper seu funcionamento, e assim causar danos
irreparáveis nas plantas devido à falta de irrigação (Furlani, 1998). A capacidade da bomba
deve contemplar a necessidade da vazão requerida nas mesas de cultivo, acrescida de 50%,
para compensar as perdas de cargas nas tubulações e propiciar a instalação de um retorno ao
depósito para oxigenação e homogeneização da solução. A vazão requerida em cada canal,
assim como o tempo de funcionamento da bomba (irrigação) e repouso (drenagem) é variável
em função da espécie vegetal, da época do ano, da idade da planta e das condições ambientais
de umidade e temperatura. De maneira geral, adota-se durante o dia, tempo de funcionamento
de 15 minutos, enquanto à noite, a irrigação pode ser suspensa, exceto em noites muito quentes
e secas, que deve ser realizada uma a duas vezes, em intervalos bem espaçados.
51
Manejo da Solução nutritiva
A solução nutritiva é o meio pelo qual os nutrientes previamente dissolvidos na água são colocados
à disposição das plantas e é tida como uma das partes mais importantes de todo o sistema
hidropônico, sendo que o mau uso desta pode acarretar sérios prejuízos para as plantas. Furlani
et al. (1999) salientam que muitos cultivos hidropônicos não obtêm sucesso, principalmente
devido ao desconhecimento dos aspectos nutricionais desse sistema de produção, o qual requer
formulação e manejo adequados das soluções nutritivas.
Diversas soluções têm sido usadas com sucesso pela pesquisa, mas nenhuma solução nutritiva
é superior a outras no que diz respeito à sua composição, pois as plantas têm acentuada
capacidade de se adaptarem em diferentes condições nutritivas. O adequado fornecimento de
nutrientes está diretamente relacionado com o volume de solução, estádio de desenvolvimento
das plantas, taxa de absorção de nutrientes e freqüência de renovação e reposição de nutrientes
na solução nutritiva.
Muitos esforços têm sido investidos na formulação de soluções nutritivas. Diversas composições
têm sido bem sucedidas e há pouca probabilidade de que qualquer combinação particular de
concentrações e proporções de sais se prove decididamente superior a qualquer outra, embora
a busca por estas seja constante (Epstein & Bloom, 2006).
O incorreto manejo da solução nutritiva está entre os principais fatores de insucesso no cultivo de
plantas no sistema hidropônico. Portanto, é um aspecto que deve receber uma atenção especial
por parte do produtor, sobretudo pelo impacto que detém sobre a produtividade e qualidade da
produção. A solução nutritiva deve ser monitorada diariamente, completando-se o volume do
reservatório com água e promovendo-se após uma boa homogeneização, as medidas de pH e
condutividade elétrica (CE). A CE é monitorada com auxílio de um condutivímetro que fornece
informação indireta sobre a concentração de nutrientes e a necessidade de reposição destes
à solução nutritiva. Entretanto, a CE não informa a concentração individual de cada elemento,
sendo para tal, necessário a realização de análises químicas.
52
A composição ideal da solução nutritiva depende não somente das concentrações dos nutrientes,
mas também de outros fatores ligados ao cultivo, incluindo o tipo ou sistema hidropônico, os
fatores do ambiente, a época do ano (duração do período de luz), estádio fenológico, a espécie
vegetal e o cultivar em produção. Por exemplo, para as culturas que possuem fase reprodutiva
com interesse comercial como na produção de flores, a relação entre N e K e P considerada deve
ser diferente da usada para o desenvolvimento vegetativo. No período de floração e frutificação,
deve-se reduzir a relação N/K e aumentar P/K (Furlani et al., 1999).
No preparo da solução nutritiva é importante que sejam tomados alguns cuidados, tais como:
(i) conhecer a qualidade da água, ou seja, suas características químicas e microbiológicas; (ii)
observar a relação custo/benefício e solubilidade na escolha dos fertilizantes; (iii) o nitrogênio
na forma amoniacal (NH4+) não deve ultrapassar 20% da quantidade total de N na formulação;
(iv) evitar a mistura da solução concentrada de nitrato de cálcio com sulfatos e fosfatos; (v) usar
preferencialmente molibdato de amônio ou ácido molíbdico do que molibdato de sódio, pois este
é muito alcalino e, quando adicionados ao coquetel dos demais sais de micronutrientes, podem
ocasionar precipitações de alguns deles (Furlani et al., 1999).
Os valores de condutividade elétrica (CE) da solução nutritiva, assim como o espaçamento entre
plantas, tamanho e volume aplicado em cada canal apresentam variações, dependendo tanto
da planta a ser cultivada como do estágio que a mesma se encontra. Nesse sentido, no Quadro
3, estão apresentadas algumas recomendações para a produção de hortaliças de folhas no
sistema NFT.
53
A manutenção e renovação da solução nutritiva são aspectos importantes a serem considerados
em hidroponia. As plantas absorvem mais água que nutrientes, de modo que, se o volume
consumido diariamente for reposto com a adição de mais solução, haverá crescente salinização
do meio de cultivo, o que prejudicará o desenvolvimento radicular e a absorção de água. Dessa
forma, o volume de solução consumido deve ser reposto com água. Ainda, com a absorção,
ocorre diminuição dos nutrientes na solução nutritiva, até chegar a uma situação em que a
capacidade de nutrição da solução se esgota e, nesse ponto, a mesma deve ser renovada.
A renovação da solução nutritiva também é recomendada para evitar o aumento nas concentrações
de material orgânico (restos de plantas, crescimento de algas) que podem servir como substrato
para o desenvolvimento de microrganismos maléficos. Além disso, quando a água usada para o
cultivo hidropônico apresentar CE entre 0,2-0,4 mS, há uma indicação que possui sais dissolvidos
(carbonatos, bicarbonatos, SO4-2, Na, Ca, K, Mg), e com o tempo de cultivo, com constantes
reposições dos volumes de água evapotranspirado, ocorrerá uma diminuição gradativa da CE
efetiva dos nutrientes em função do acúmulo de outros elementos não nutrientes (Furlani et al.,
1999).
Vários métodos de reposição de nutrientes são usados em hidroponia, sendo que a adoção de
uma ou outra forma depende do nível de tecnologia a ser adotado, da adaptação do produtor e
do sistema hidropônico adotado. Um sistema automático de controle de nutrientes na solução
nutritiva foi proposto por Nielsen (1984), com base no ajuste do nível de água, da concentração
de nutrientes e do pH. Em um nível de água constante, a queda na concentração de nutrientes
é altamente correlacionada com a diminuição da condutividade elétrica, a qual pode ser usada
como monitor do nível de nutrientes na solução. Em cultivos comerciais, Martinez & Silva Filho
(1997) sugerem o uso da relação entre a concentração de nutrientes e a condutividade elétrica
para a reposição dos sais na solução nutritiva, quando houver redução da condutividade elétrica
a 35% do valor inicial. Furlani (1998) desenvolveu um sistema de ajuste químico de solução
nutritiva por meio do monitoramento da CE, onde se procede a adição de nutrientes na solução
nutritiva com soluções estoques sempre que houver redução de 0,25 mS cm-1 na condutividade
elétrica inicial.
Tal procedimento pode ser realizado mediante o critério de manutenção da condutividade elétrica,
com a adição de soluções de ajuste de composição química semelhante à extraída pela planta
cultivada, sendo empregado no cultivo de alface e de outras hortaliças (Rodrigues, 2002), ou
então pode ser usada a mesma solução inicial para ajustes durante o crescimento das plantas.
54
Para a correção da condutividade elétrica da solução nutritiva, segundo Furlani et al. (1999), os
seguintes passos devem ser considerados: (a) diariamente, logo pela manhã, fechar o registro
da irrigação, esperar toda a solução voltar ao depósito e completar o volume do reservatório
com água e homogeneizar a solução nutritiva; (b) proceder a leitura da condutividade elétrica,
retirando uma amostra do reservatório; (c) para cada diferença na condutividade inicial de 0,20
mS cm-1, adicionar 10% das quantidades usadas para o preparo inicial da solução nutritiva.
Considerações Finais
A hidroponia, atualmente, é uma importante alternativa para a produção de alimentos em ambiente
protegido. Mas, é um sistema de cultivo que apresenta certas peculiaridades, que demanda do
produtor um constante monitoramento de todo o processo produtivo. Neste contexto, o manejo
da solução nutritiva é de grande importância porque será fator preponderante da produtividade,
merecendo atenção especial e uma busca constante por ajustes mais refinados.
Literatura Citada
CASTELLANE, P.D.; ARAÚJO, J.A.C. Cultivo sem solo-hidroponia. Jaboticabal: FUNEP, 1995,
43 p.
FURLANI, P.R. Instruções para o cultivo de hortaliças de folhas pela técnica de hidroponia NFT.
Campinas, Instituto Agronômico, 1998. 30p. (Boletim técnico 168).
FURLANI, P.R.; SILVEIRA. L.C.P.; BOLONHEZI, D.; FAQUIN, V. Cultivo hidropônico de plantas.
Campinas, Instituto Agronômico, 1999. 52p. (Boletim técnico 180).
MARTINEZ, H.E.P.; SILVA FILHO, J.B. Introduçãoao cultivo hidropônico de plantas. Viçosa:
UFV, 1997. 52 p.
NIELSEN, N.E. Crop production in recirculating nutrient solution according to the principle of
regeneration. In: International Congress on Soilless Culture, 6th, Lunteren, The Netherlands.
Proceedings... Lunteren: International Society for Soilless Culture, 1984. p. 421-446.
RESH, H.M. Cultivos hidroponicos: nuevas técnicas de producción. 4 ed. Madrid: Ediciones
Mundi-Prensa, 1997. 509 p.
SANTOS, O.S. Soluções nutritivas para alface. In: SANTOS, O. Hidroponia da Alface. Santa
Maria: UFSM, 2000, p. 90-101.
55
Figura 1. Sistema hidropônico NFT para a produção de hortaliças folhosas, município de
Mococa/SP. Projeto Estadual Hortalimento CODEAGRO/SAA, 2010.
56
Quadro 1. Fertilizantes utilizados para o preparo de solução nutritiva e as respectivas
concentrações de cada nutriente (adaptado de Furlani et al., 1999).
57
Quadro 2. Quantidade de fertilizantes para o preparo de 1000 L de solução nutritiva para a
produção de hortaliças folhosas – proposta do Instituto Agronômico (IAC) (Furlani, 1998).
58
Quadro 3. Algumas instruções para a produção em hidroponia de algumas hortaliças de folhas
(Furlani et al., 1999).
59
CULTIVO DE PLANTAS
AROMÁTICAS E MEDICINAIS
61
CULTIVO DE PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS
Eng.Agr. Dr. Maria Cláudia Silva G. Blanco¹
Eng.Agr. Maria Márcia Santos Souza²
Eng.Agr. Dr. Odair Bov³
Eng.Agr. Dr. Nilson Borlina Maia³
1. Introdução
Estas ervas ou temperos são utilizados em pequenas quantidades para realçar o sabor ou ainda
dar um toque especial aos pratos elaborados. Entretanto, além deste sabor especial, proporcionam
também um efeito digestivo, preparando o organismo para a digestão, pois o aroma que exalam,
devido à alta volatibilidade dos óleos essenciais, envia um sinal para o cérebro que responde
com o aumento da salivação e da produção de suco gástrico.
Nosso organismo pode aproveitar também efeitos medicinais destas ervas através do seu
consumo diário nas refeições. Pode-se dizer que elas ajudam a manter a saúde pelos benefícios
que promovem para o bom funcionamento do organismo.
Tempero de carnes,
Contra inflamações na
Manjericão Folhas frescas ou saladas, omeletes,
boca e garganta, feridas e
Ocimum basilicum secas vinagres e molhos
úlceras.
(pesto)
Tempero de carnes, em
Manjerona Folhas frescas ou Contra resfriados e cólicas;
especial frango e peixe,
Origanum majorana secas calmante
feijão, sopas e saladas.
Tempero de pizza,
Orégano Folhas frescas ou Digestivo, antioxidante,
molho de tomate,
Origanum vulgare secas antibacteriano, antibiótico
saladas e queijo
Tempero de sopas,
Segurelha Folhas frescas ou feijão, legumes, carnes,
Digestiva e tônica
Satureja hortensis secas omeletes e suco de
tomate
64
2. Clima e solo
As exigências climáticas variam entre as espécies, conforme seu local de origem ou melhoramento
genético. O cultivo protegido pode controlar fatores climáticos atendendo estas exigências das
culturas. A melhor estrutura e fertilidade do solo para cada cultura pode ser conseguida através
de técnicas agronômicas.
Temperado e
ALECRIM Arenoso, profundo e bem-drenado
subtropical
Temperado e
FUNCHO Areno-argiloso, fértil e bem-drenado, V = 50
subtropical
Fértil, com bom teor de matéria orgânica,
HORTELÃ COMUM Subtropical
V= 70%
Fértil, com bom teor de matéria orgânica,
HORTELÃ JAPONESA Subtropical
V = 70%
Temperado e
MANJERICÃO Fértil, com bom teor de matéria orgânica
subtropical
Fértil, com bom teor de matéria orgânica,
MANJERONA Tropical e subtropical
V = 70%
Temperado e
ORÉGANO Fértil, areno-argiloso e bem-drenado.
subtropical
Temperado,
TOMILHO Arenoso, profundo e bem-drenado
subtropical
65
3. Calagem e adubação
As reações químicas que o calcário promove no solo e resultam numa elevação do pH, ou
diminuição da acidez, demora algum tempo para ser significativa ao desenvolvimento das
plantas, por isso a calagem deve ser feita, sempre que possível, alguns meses antes do plantio
para que o solo tenha tempo para ser corrigido. O tratamento com calcário, principalmente
quando aplicado em grandes quantidades, chega a ter efeito por vários anos e não precisa ser
repetido anualmente. A análise de solo, interpretada por um agrônomo, indicará a necessidade
e dosagem da calagem inicial e subseqüente.
A adubação orgânica deve ser realizada com antecedência de 20 a 30 dias do plantio, variável
conforme o grau de “amadurecimento” do adubo orgânico utilizado, na proporção de 30 a 50
t/ha ou 3 a 5 Kg/m² de canteiro, dependendo da % de matéria orgânica (M.O.) existente no
solo. Os adubos orgânicos têm uma composição muito variável dependendo da sua origem e
das condições a que foram submetidos. Deve-se sempre utilizar adubos com uma relação de
Carbono e Nitrogênio adequada, o que é conseguido após o “amadurecimento” ou curtição do
material orgânico a ser usado como adubo.
O uso de composto orgânico produzido a partir de lixo urbano ou biossólidos de esgoto não é
recomendado devido à presença de grande população microbiana e à possibilidade de conter
metais pesados, fatores que podem comprometer a boa qualidade do produto.
Quanto à adubação de plantio, a cebolinha, coentro, salsa, capim cidreira, funcho e hortelã
japonesa possuem recomendações técnicas, apresentadas a seguir. Para as demais espécies
recomenda-se que pelo menos os teores de P e K sejam corrigidos caso a análise de solo da
área de plantio indique níveis insatisfatórios dos mesmos (Quadro 2).
66
A incorporação dos adubos deve ser realizada com 10 dias de antecedência ao plantio ou ao
transplante das mudas.
10 60 30 60 30
67
Adubação de plantio para coentro:
A adubação deve ser feita em função da análise do solo, mas, em geral, recomenda-se aplicar
30 Kh/ha de sulfato de amônio ou nitrocálcio, 700 Kg/ha de superfosfato simples e 100 Kg/ha de
cloreto de potássio (Fonte: PEDROSA et.al., 1984).
10 100 60 30 60 40 30
20 120 80 40 90 60 30
68
Tabela 3. Adubação de cobertura para algumas culturas aromáticas e medicinais.
Aplicar 120 kg/ha de N e 60 Kg/ha de K2O, parcelando em três vezes, aos 15,
Cebolinha
30 e 45 dias após o transplante. Fonte: TRANI et. al., 1996.
De um modo geral, deve-se tomar cuidado para não se adubar em excesso as plantas
aromáticas. Altas disponibilidades de nutrientes, principalmente do Nitrogênio, promovem uma
grande produção de massa de folhas, que não é acompanhada pela produção de substâncias
importantes na composição do óleo essencial, resultando em plantas bonitas, mas com pouco
aroma.
Para o cultivo protegido e hidropônico destas espécies, poucos estudos sobre adubação são
encontrados, com exceção à salsa e cebolinha, cuja recomendação é descrita em Calagem e
adubação para hortaliças sob cultivo protegido por Paulo Espíndola Trani.
4. Plantio
A propagação pode ser feita por sementes, estacas, rizomas ou divisão de touceira, dependendo
da espécie. Quando for por sementes, pode ser realizada em local definitivo ou em sementeira
para produção de mudas que posteriormente serão transplantadas no campo. As estacas
devem passar por viveiro, formando as mudas em recipientes, geralmente tubetes ou sacos de
polietileno perfurados, que após o tempo ideal de enviveiramento, estarão mais aptas para se
desenvolverem no local definitivo.
69
A sementeira pode ser feita em canteiros adequados, porém, o sistema de produção de mudas
em recipientes é mais recomendado, pois, apesar desse sistema elevar o custo de produção,
proporciona vantagens que justificam o investimento como, por exemplo, obtenção de mudas
mais uniformes e com integridade do sistema radicular, maior facilidade no controle fitossanitário,
melhor controle ambiental (mantidas sob ambiente protegido), e, portanto, menores perdas e
maior qualidade de mudas.
Os recipientes utilizados podem ser individuais, como sacos de polietileno perfurados e tubetes,
ou coletivos como bandejas de polietileno expandido próprias para hortaliças.
O substrato utilizado pode ser adquirido no comércio ou elaborado pelo próprio produtor com
misturas de materiais minerais e orgânicos mais disponíveis na propriedade ou região como:
areia, vermiculita, casca de pinus, bagacilho de cana de açúcar, casca de arroz carbonizada,
húmus de minhoca, etc.
70
Tabela 4. Formas de propagação, épocas de plantio e espaçamentos recomendados para
algumas culturas aromáticas e medicinais.
ÉPOCA DE ESPAÇAMENTO
CULTURA PROPAGAÇÃO
PLANTIO (metros)
Setembro a
ALECRIM Sementes (S), Estacas (S) 1,0 x 0,6-0,9
novembro
Setembro a
CAPIM CIDREIRA Divisão de touceira (LD) 1,0 x 0,5
janeiro
Sementes (S)
CEBOLINHA Todo ano 0,2-0,5 x 0,1-0,25
Gasto/ha = 1,0 a 2,5 Kg
Setembro a
FUNCHO Sementes (S ou LD) 1,0-1,2 x 0,6-0,8
novembro
Setembro a
MANJERICÃO Sementes (S ou LD) 0,6 x 0,25
novembro
Sementes (LD)
SALSA Todo ano 0,2-0,3 x 0,1-0,15
Gasto/ha = 10 a 20 Kg
71
5. Tratos Culturais
O controle de plantas infestantes é um dos pontos críticos no manejo destas culturas, não havendo
registro de herbicidas para estas espécies. Por isso, práticas culturais devem ser rigorosamente
observadas como o plantio em áreas de pouca infestação, utilização de adubo orgânico livre de
sementes de ervas infestantes, uso de cobertura do solo, adubação verde, entre outras, que
diminuirão a necessidade de capinas manuais.
Como estas espécies permitem vários cortes durante seu ciclo, a adubação de cobertura é uma
prática cultural importante para manutenção da cultura e de sua produtividade.
Em relação à irrigação, com exceção do alecrim, do capim cidreira e do tomilho, que preferem
regas mais espaçadas, pois não toleram solos muito úmidos, as demais culturas necessitam de
irrigação constante para manter seu vigor.
6. Controle Fitossanitário
O controle das pragas e doenças das hortaliças, incluindo as plantas aromáticas e medicinais,
deve ser realizado adotando-se um manejo complexo constituído de várias práticas, entre elas:
Práticas culturais: seleção da área, uso de sementes e mudas sadias, rotação de culturas,
conservação de solo, adubação equilibrada, uso de biofertilizante, plantas companheiras e
plantas armadilhas ou repelentes.
Práticas mecânicas: catação manual de pragas, eliminação de plantas doentes, uso de placas
atrativas coloridas, uso de armadilhas luminosas e outras armadilhas atrativas.
Práticas químicas: utilização de substâncias químicas naturais com baixo nível toxicológico.
Não há agrotóxicos registrados para as culturas aromáticas e medicinais apresentadas, com
exceção da cebolinha, que possui um único produto registrado. Para um efetivo controle através
de substâncias químicas naturais é necessário que o mesmo seja parte de um manejo integrado
com as demais práticas mencionadas.
Algumas plantas aromáticas abordadas são indicadas na Agroecologia como inseticidas naturais
quando usadas em aplicações ou atuando como plantas companheiras, quando plantadas junto
a outras culturas, acentuando o seu sabor ou agindo como repelente de pragas e protegendo de
doenças. Isso devido ao aroma pronunciado e ao grande poder antisséptico dos óleos essenciais.
72
Citamos alguns exemplos:
Para a obtenção de outras receitas de produtos naturais indicados para controle fitossanitário,
recomendam-se as seguintes literaturas:
7. Colheita
Vários são os fatores que influenciam esta produção, desde condições climáticas e de solo até
fatores próprios da planta como sua fase de desenvolvimento. Devemos colher no momento
de maior produção dos óleos essenciais, como exemplo, em se tratando de folhas, antes da
floração, visto que após essa fase, ocorre uma grande queda nos teores. A hora da colheita
também deve ser considerada, sendo que a produção de óleos essenciais normalmente alcança
maior concentração pela manhã.
Considerando-se todos estes fatores, são determinadas as melhores épocas de colheita para
cada espécie (Tabela 5).
73
Tabela 5. Épocas de colheita recomendadas para algumas hortaliças aromáticas e medicinais.
74
8. Literatura consultada
CARIBÈ, J.; CAMPOS, J. M. Plantas que ajudam o homem - guia prático para a época atual.
11 ed. São Paulo: Cultrix/Pensamento. 1999. 321 p.
CORREA Jr., C.; MING, L. C.; SCHEFFER, M. C. Cultivo de plantas medicinais, aromáticas e
condimentares. 1 ed. Curitiba: EMATER-Paraná. 1991. 162 p.
MAIA, N. B., 1994, Nutrição mineral, crescimento e qualidade do óleo essencial da menta (Mentha
arvensis L.) cultivada em solução nutritiva. Piracicaba: ESALQ - USP, 1994, 69 p. Dissertação
(Mestrado em Agronomia). Área de solos e nutrição de plantas, escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo.
Maia, N.B.; Bovi, O.A.; Marques, M.O.M.; Granja, N.P., Carmello, Q.A.C. Essential oil production
and quality of Mentha arvensis L. grown in nutrient solutions. In: international SYMPOSIUM ON
GROWING MEDIA AND HYDROPONICS. Acta Horticulturae, 2001, v.548.
MAIA. N. B., FURLANI, A. M. C. Erva-doce ou funcho. In: RAIJ, B. Van; CANTARELLA, H.;
QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (eds.). Recomendações de adubação e calagem para
o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. p. 82.
(Boletim Técnico 100).
75
MAIA. N. B., FURLANI, A. M. C. Menta ou hortelã. In: RAIJ, B. Van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO,
J. A.; FURLANI, A. M. C. (eds.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São
Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. p. 85. (Boletim Técnico
100).
PINTO, J. E. B. P., LAMEIRA, O. A., SANTIAGO, J. A., SILVA, F. G. Lavras: UFLA/FAEPE, Curso
de pós-graduação “Lato Sensu” à distância: Plantas medicinais: manejo, uso e manipulação,
2000. 222 p.: il.
REVISTA MINAS FAZ CIÊNCIA Planta medicinais o potencial de nossa flora. FAPEMIG, n. 11,
2002.
TRANI, P. E.; TAVARES, M.; SIQUEIRA, W. J. Alho porro e cebolinha. In: RAIJ, B. Van;
CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (eds.). Recomendações de adubação
e calagem para o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico e Fundação IAC,
1996. p. 171. (Boletim Técnico 100).
76
EXPERIÊNCIA DE CULTIVO EM AMBIENTE
PROTEGIDO NO MUNICÍPIO DE ADAMANTINA
77
EXPERIÊNCIA DE CULTIVO EM AMBIENTE PROTEGIDO NO
MUNICÍPIO DE ADAMANTINA
Eng° Agr° Mauricio Konrad¹
1. Introdução
O cultivo protegido de plantas era feito em ambiente construído com vidro, devido às suas
excelentes propriedades físicas. Atualmente, o polietileno de baixa densidade (PEBD) é o
material mais utilizado para a cobertura de “estufas agrícolas”, pois possui propriedades que
facilitam sua utilização, como a transparência e a flexibilidade o que facilita seu manuseio e, além
disso, seu custo é menor quando comparado ao vidro.
Com a facilidade de uso desse material, houve grande aumento em seu consumo. Estimativas
de crescimento feitas em 1994 apontavam para a virada do milênio como uma área potencial de
produção de hortaliças em ambiente protegido de 10 mil hectares. Contudo, esta projeção não
se concretizou, registrando em 1999 foram estimadas em 1.390 ha de área coberta com filmes
PEBD.
O erro na projeção do consumo de filmes pode ter ocorrido devido a dois motivos:
b) o fator manejo do ambiente, das culturas e do solo dentro das estufas, que teria de ser
diferenciado dos países do hemisfério norte.
Ainda hoje, o manejo das culturas em ambiente protegido é um gargalo para o sucesso da
atividade. A falta de conhecimento técnico limita os benefícios gerados por essa atividade e o
sucesso do empreendimento. Pensando nisto, a Secretaria de Agricultura do Estado de São
Paulo, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimentos dos Agronegócios - CODEAGRO
implantou o Projeto Estadual HORTALIMENTO, que visa difundir aos produtores rurais a técnica
de cultivo protegido. O município de Adamantina foi contemplado com uma estufa agrícola de
357m².
79
2. Caracterização da região
A região de Adamantina possui cerca de 60% de sua área rural ocupada por pastagens, 30%
com cana-de-açúcar e os 10% restantes com culturas diversas, entre elas, a do maracujá. Esta
frutífera é tradicionalmente cultivada por pequenos produtores, que ano a ano vem reduzindo
seus plantios devido a problemas com doenças, principalmente viroses, que têm inviabilizado
a cultura em nossa região. A grande preocupação dos produtores é que inexistem medidas de
controle como variedades resistentes.
Outro fator relevante é que o cultivo de hortaliças tem sido insignificante em nossa região, a
ponto dos comerciantes de hortifrutis buscarem produtos em regiões cada vez mais distantes,
como Presidente Prudente (130km), Londrina (300km) e até São Paulo (630km).
Devido ao exposto acima, acreditamos que a região tem potencial para aumentar a área cultivada
de hortaliças, produzindo os alimentos que necessitamos, gerando emprego e renda, faltando
apenas conhecimento por parte dos produtores sobre a técnica de produção de hortaliças tanto
a céu aberto como sob cultivo protegido.
Para instalação da estufa, foi escolhida uma área da Prefeitura, onde se localiza o Viveiro
de Mudas Municipal, pois tem disponibilização de funcionários, sistema de irrigação e toda a
estrutura necessária para gerenciar a estufa.
Quadro 1. Resultado da análise química do solo da área onde foi instalada a estufa em
março de 2007, Adamantina-SP.
pH MO P K Ca Mg Al H+Al SB CTC V
5,9 12 30 9 28 10 0 13 47 60 78
80
A temperatura é um fator agrometeorológico que exerce influência sobre as funções vitais das
plantas, como a germinação, a transpiração, a respiração, a fotossíntese, o crescimemo, a
floração e a frutificação. Nos países do hemisfério norte, caracterizados por clima temperado com
invernos muito rigorosos, o ambiente protegido possui a finalidade de aquecimento, tornando-se
uma verdadeira “estufa” para que a produção seja possível. Porém, nas condições climáticas
brasileiras, consideradas tropicais e subtropicais, onde o cultivo de hortaliças é possível durante
o ano todo, o aquecimento natural demasiado do ambiente pode causar problemas no cultivo
das plantas
Pelo fato da nossa região ser de clima quente, optou-se por construir a estufa com um pé direito
de 4 metros para facilitar a ventilação, reduzindo a temperatura interna. A altura do pé direito é
também justificada pela cultura que inicialmente foi instalada: a do tomate.
Para produção de mudas tanto para a estufa como para as hortas comunitárias do município,
foi construído um viveiro em anexo da estufa medindo 3x7 metros (Figura 1). Nas laterais, foi
utilizado sombrite, para controlar a entrada de animais e pessoas no interior da estufa (Figura 2).
Os arcos são todos galvanizados a fogo, com perfis de alumínio e mola para prender o plástico
e o sombrite. Os pés direito são de eucalipto tratado de 5m de comprimento.
81
O tomate cultivado, Lycopersicom esculentum, pertence à família das solanáceas. Com o
processo de melhoramento genético, que busca maior produtividade, e tamanho do fruto, perdeu-
se muito em resistência às doenças, que são características intrínsecas selvagens originais.
Quanto ao tipo de frutos, existem os saladetes, caqui, cereja e, ainda longa vida ou vac (Figura
3). Para o cultivo, foi utilizada o híbrido Sargitarius, que produz frutos do tipo caqui e longa vida,
o que possibilita a comercialização dos frutos em mercados mais distantes como, por exemplo,
a região de São Paulo.
O espaçamento utilizado foi o de 0,3x1,17m e as plantas foram conduzidas em haste única com
fitilho. Na adubaçáo de plantio foram utilizados o superfosfato simples e o sulfato de potàssio.
As adubações de cobertura foram realizadas semanalmente via fertirrigação (Figura 4 e 5),
utilizando-se o nitrato de cálcio e o nitrato de potássio, que são adubos que não possuem cloro,
elemento que causa salinização do solo.
82
Figura 5. Detalhe do venturi –
Figura 4. Detalhe do sistema de irrigação injetor de fertilizantes
Foram realizadas pulverizações semanais, com fungicidas preventivos e com inseticidas. Não
houve incidência de doenças, mas ocorreu um sério problema com mosca branca.
Para conseguir uma boa polinização, foi realizado o método manual, que consiste em “balançar”
o cacho de flores (Figura 6), pois em ambientes protegidos, tem-se uma menor incidência de
insetos polinizadores e de ventos, que promovem esta ação nas flores do tomateiro. Quando isto
não ocorre, os frutos nascem sem sementes e não se desenvolvem (Figura 7).
83
4.2. Produção de tomate
A cultura foi implantada no dia 15 de março de 2007, e o início da maturação dos frutos se deu
63 dias após o plantio (DAP) (Figura 09), tanto nas plantas da estufa como nas cultivadas a céu
aberto, constatando-se que o cultivo protegido não promove a antecipação da colheita da cultura
do tomate.
Quanto à produção, verificou-se diferença no cultivo a céu aberto e no sistema protegido, sendo a
produção de 3,5kg/planta e 5,3kg/planta, respectivamente, demonstrando que o cultivo protegido
proporcionou uma produção 50% maior que no sistema de cultivo a céu aberto (Figura 10).
Figura 10. Produção de tomate pelo sistema de cultivo protegido e a céu aberto
84
Outro fator importante a ser ressaltado é quanto à longevidade da cultura. Verifica-se na (Figura
11) que as plantas cultivadas a céu aberto tiveram seu ciclo interrompido dois meses antes
das que estavam em cultivo protegido, mostrando que o cultivo protegido promove uma maior
longevidade das plantas.
Figura 11. Longevidade da produção de tomate pelo sistema de cultivo protegido e céu aberto
Verìfica-se, também, que a produção de tomates das plantas cultivadas no ambiente protegido
apresenta uma constância, sendo em média 0,35 kg/planta; já nas plantas cultivadas a céu
aberto, a produção é muito variada, chegando a 0.8 kg/planta e rapidamente chegando a zero
kg/planta por colheita.
Outro fator a ser considerado é que as plantas cultivadas a céu aberto foram beneficiadas pelo
clima ocorrido no período da avaliação. Como pode ser observado na (Figura 12), ocorreram
poucas chuvas neste ciclo. As chuvas vieram a ocorrer em julho, o que acelerou o final do ciclo
das plantas cultivadas a céu aberto e ocasionaram sérios danos aos frutos (Figura 13 e 14). Já
as plantas cultivadas na estufa nada sofreram e continuaram a produzir normalmente, pois o
cultivo protegido tem como principal benefício proporcionar um efeito “guarda-chuvas”.
85
Figura 13. Frutos danificados pela chuva
Figura 14. Lesões provocadas pela chuva
Para que possamos analisar o resultado econômico da estufa, foram contabilizados todos os
gastos com insumos, a mão-de-obra utilizada e a depreciação da estufa. Mão-de-obra: constatou-
se que um funcionário tem condições de manejar 1000m2 de ambiente protegido, portanto, o
salário foi dividido por três (os 1000m2 equivalem a três estufas) e multiplicado por sete (período
que a estufa ficou ocupada com a cultura).
86
5. Segundo cultivo: pepino “tipo japonês”, melão “net melon”,
tomate “tipo caqui”, tomate “cereja” e berinjela
Para o segundo cultivo, foram utilizadas cinco culturas, sendo elas: pepino tipo japonês. melão
net melon, tomate tipo caqui, tomate cereja e berinjela.
O objetivo deste cultivo misto foi o de facilitar a visualização pelos produtores e pelos técnicos
sobre o desenvolvimento destas culturas e seu potencial para o cultivo protegido (Figuras 15 e
16).
Para isso, foi implantada uma linha de cada cultura, sendo o espaçamento entre elas de 1,17m
e entre plantas de 0,3m, totalizando 160 plantas por cultura. A adubação foi realizada com base
na cultura de maior exigência, no caso o tomate, pois esta foi realizada via fertirrigação, o que
impossibilitou a adubação diferenciada por cultura.
87
Figura 15. Da esquerda para a direita, a
cultura de pepino, melão, tomate caqui, Figura 16. Visualização das diversas
tomate cereja e berinjela culturas no mesmo ambiente protegido
O pepino é uma espécie cujo desenvolvimento é favorecido por temperaturas superiores a 20°C,
tendo afetada a absorção de água e nutrientes pelo sistema radicuiarcom temperaturas inferiores.
Este foi um dos motivos pelos quais, a partir da década de 80, os produtores passaram a cultivar
pepino em ambiente protegido, ocupando o segundo lugar entre as principais hortaliças, seguido
do tomate. Dentre as cucurbitáceas, esta é a espécie mais cultivada em ambiente protegido em
todo o mundo.
Neste cultivo, o pepino foi a cultura mais precoce, iniciando a produção com 20 DAP (Dias Após
Plantio). Foram retiradas as primeiras brotações e a partir do 4° e 5° internódios, foram deixados
os ramos laterais onde ocorreram as formações dos frutos. Os brotos laterais foram podados
após 2º internódios. A capação que consiste na retirada da gema apical foi realizada entre o 18º
e 22º internódios, impedindo o crescimento indeterminado da planta. Foi obtida uma produção
de 5 kg/planta.
88
Figura 18. Detalhe condução da
cultura do pepino
Figura 17. Detalhe da produção dos
frutos na haste principal e inicio do
crescimento dos brotos laterais
As plantas foram atacadas por fungos, entre eles, o Colletotrichum gloeosporioedes, causando
a antracnose (Figura 19), a Leandria momordicae causando a Mancha Zonada (Figura 20), e o
Podosphaera xabthii causando Oídio (Figura 21). Mesmo a presença destes fungos não chegou
a reduzir a produtividade, pois a cultura já se encontrava no final do ciclo.
89
Figura 22. Aspecto geral
Figura 21. Folha com da cultura mostrando
sirtomas de oídio amarelecimento de algumas folhas
O consumo de melão rendilhado está relacionado ao teor de sólidos solúveis, responsável pelo
sabor e seu aspecto visual, que o diferencia dos outros tipos de melões existentes no mercado.
Sua qualidade nutricional também tem contribuído favoravelmente para o seu consumo, pois é
considerado pouco calórico e boa fonte de sódio, potássio, vitaminas A e C e betacaroteno.
A cultura se apresentou com bom desenvolvimento, sendo iniciada a polinização das flores 15
DAP, permanecendo a polinização por 20 dias. A produção chegou a 230 frutos aproximadamente,
o que resulta em uma média de 1,5 frutos comerciais por planta.
Neste cultivo, o meloeiro foi tutorado com fitilho plástico (Figura 23), o que permitiu um melhor
aproveitamento da área e obtenção de frutos de melhor qualidade (Figuras 24 e 25). As plantas
foram tutoradas em haste única, na vertical, sendo que os frutos foram deixados entre o 10° e
18° internódios. Nas brotações laterais com frutos, realizou-se a poda do ramo, deixando uma
folha após o fruto. As brotações que surgiam, tanto na haste principal quanto nas hastes de
frutificação, foram eliminadas tão logo identificadas.
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Figura 23. Início da condução da
cultura do melão. Figura 24. Exemplo dos frutos
produzidos neste cultivo
A cultura do melão é muito suscetível a nematóides e algumas plantas; logo no inicio do cultivo,
já apresentaram sintomas de infestação, mostrando-se encarquilhadas e com o desenvolvimento
comprometido. Outro sintoma, provavelmente provocado pelo ataque de nematóides, foi o
aparecimento de cloroses nas folhas (Figura 26). No final do ciclo, quase 100% das plantas
apresentavam sintomas de infestação (Figura 27), como murchamento no período mais quente
do dia e até morte de algumas plantas. Esta é uma praga que preocupa, por ser de difícil controle
e por causar sérios danos, chegando a inviabilizar o cultivo de melão em ambiente protegido.
Uma técnica importante no cultivo do melão é o amarrio do fruto para que seu peso não venha a
quebrar a planta. Este amarrio é realizado com ganchos de fios de cobre de 2mm (Figura 28) e,
em seguida, amarrado no arame mais próximo.
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Figura 27. Nematoides no
sistema radicular do meloeiro
Figura 26. Plantas com
encarquilhamento de folhas
As plantas apresentaram um bom desenvolvimento, mas não foi possível acompanhar a produção
total, pois pelo fato do ciclo da cultura ser mais longo e termos que realizar a montagem da
segunda estufa, o cultivo foi interrompido antes da maturação de todos os frutos.
Os frutos que chegaram a amadurecer apresentaram uma coloração muito boa e um bom
tamanho (Figuras 29 e 30).
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Figura 29. Detalhe do bom
desenvolvimento dos frutos
Figura 30. Detalhe dos frutos na fase
inicial de amadurecimento
Outro ponto a ressaltar foi que mesmo realizando a polinização artificial, houve a formação de
muitos frutos sem sementes e sem desenvolvimento (Figuras 31 e 32).
93
5.3. Cultura do tomate cereja híbrido coco
As plantas foram conduzidas em haste única, com retirada das brotações laterais e sem o
raleamento das pencas de frutos, deixando, portanto, todos os frutos que se formaram. Não
houve problemas com doenças e/ou pragas nesta variedade.
Esta foi à cultura que tivemos maior dificuldade no cultivo, principalmente por falta de dados em
ambiente protegido. Não sabíamos como conduzir, qual o número de hastes e assim por diante.
As plantas apresentaram-se muito vigorosas (Figura 35), apresentando apenas um pequeno
ataque de larva minadora (Liriomyza spp) (Figura 36).
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Figura 36. Detalhe da folha com
Figura 35. Cultura com bom sintomas de larva minadora
desenvolvimento
Outro ponto falho foi quanto à polinização (Figura 37), a qual foi dificultada pela posição das folhas
e devido ao grande vigor das plantas. A polinização foi realizada com um pincel, passando-o de
flor em flor, todos os dias. Foram produzidos frutos de boa qualidade (Figura 38).
A produção foi toda doada às instituições que prestam assistência no município e utilizadas
em almoços beneficentes (Figura 39), barraca do Fundo Social de Solidariedade em eventos
comemorativos, APAE, creches, merenda escolar, entre outras.
95
Esta é uma ação que além de distribuir alimentos, ofereceu às pessoas conhecimento sobre
produtos de qualidade, as quais passaram a exigir mercadorias melhores nas prateleiras No
interior, às vezes, é difícil a introdução de novos produtos no mercado, como é o caso do tomate
longa vida e também do melão “net melon”, que ainda é um produto desconhecido na região.
Com a instalação da nova estufa, geminada com a primeira, foi implantada a cultura da alface,
com o intuito de trazer novas tecnologias para os produtores de Adamantina e região. Testamos
diversas variedades de alface, divulgando os lançamentos das empresas de sementes e
possibilitando aos produtores a comparação entre as variedades usuais e as novidades do
mercado (Figuras 40 e 41).
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Outro teste que realizado foi a produção de melão “net-melon” em sistema de hidroponia aberta,
utilizando cinco tipos de substrato (areia, areia e composto orgânico, composto orgânico,
composto orgânico e fibra de coco e fibra de coco). O solo da estufa foi coberto com plástico
e foram confeccionados canteiros com estes substratos onde as plantas de melão foram
implantadas (Figuras 42 e 43).
A solução nutritiva foi aplicada via gotejamento 3 vezes ao dia em uma concentração de 2,0
dS/m e foi realizado o monitoramento da CE da solução que se depositava no fundo da canteiro.
Ao final do experimento, foi possivel verificar a possibilidade de produção de melão em cultivo
com solução nutritiva e substrato e sem a presença de nematoides, apenas o substrato com
areia foi o que apresentou a presença de nematoides de galhas nas plantas.
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MANEJO, EMBALAGEM E
COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS
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MANEJO, EMBALAGEM E COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS
Eng° Agr° Ms Gilberto Job Borges de Figueiredo¹
101
Crescimento da populalção X produtos agrícolas
A população mundial vem aumentando a cada ano e estima-se que em 2050 ela seja de 11
bilhões de habitantes, o que irá gerar um impacto muito grande na produção e na oferta de
alimentos. É necessário melhorar a produtividade e qualidade sem onerar o meio ambiente,
através do uso de variedades mais modernas e produtivas e de sistemas mais eficientes de
produção.
Agronegócios - hortaliças
Nesta cadeia, o que determina se o produtor irá obter LUCRO ou PREJUÍZOS está baseado em
três fatores:
1 - Variação de preços, em razão da oferta e procura pelo produto
2 - Riscos inerentes à produção, como doenças, pragas e intempéries climáticas
3 - Custo de produção, em razão do valor da moeda nacional, taxas de juros, preço do petróleo –
que afeta várias matérias-primas, além do transporte – a produtividade da lavoura (quanto mais
baixa, maior o custo de produção)
A importância do horticultura
102
• Lucro médio por hectare é muito maior do que as culturas tradicionais (Ex.: hortaliças
R$ 6.000,00 e grãos R$ 600,00)
• Pode-se cultivar culturas de alto valor agregado em pequenas áreas (ex. orquídeas, hortaliças
exóticas, ervas condimentares e aromáticas, etc...)
Dentro desta importância, é necessário rever os processos produtivos de um modo geral, com a
finalidade de se plantar aquilo que o mercado deseja consumir, e com isso melhorar a renda da
atividade.
Processo de plantio
É necessário que a propriedade tenha uma boa gestão e administração, bem como um Controle
de Custos bem feito e preciso. É necessário acima de tudo um profissionalismo do setor, que
pode ser conseguido com a capacitação por meios de cursos, palestras e visitas a outras
propriedades.
Existem várias tendências no setor dos agronegócios, porém, uma das mais fortes diz respeito
aos mercados e produtos, onde algumas questões têm de ser respondidas, tais como:
• Que mudanças significativas deverão ocorrer no mercado onde atuamos e como isso refletirá
sobre nossa empresa?
• Quais serão as expectativas dos clientes em relação aos nossos produtos e quando isso afetará
o meu negócio?
• Qual será o comportamento dos nossos concorrentes atualmente e num futuro próximo e
quando isso poderá refletir internamente em nossa empresa ?
• Qual será o perfil requerido do profissional de campo que atua em nosso ramo? Quanto isso
impactará nos custos da nossa empresa?
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Outra tendência é que aumente a importância da segurança alimentar, seja por parte de um
controle mais rígido dos Governos, seja por uma imposição da própria sociedade. Há um aumento
constante de risco de intoxicação alimentar, na ingestão dos alimentos, devido a mudanças
ocorridas na cadeia alimentar, na população demográfica, em novos tipos de transmissão de
doenças e viroses e de patógenos com maior resistência. Da mesma forma, a sensibilidade da
população vem mudando, devido a um aumento na população da terceira idade, crianças com
baixa imunidade, aumento das cidades, entre outras.
É preciso refletir seriamente sobre essas tendências que se apresentam no cenário atual e
verificar que impacto elas causam ou causarão sobre nossa atividade e analisar se são ameaças
ou oportunidades. Lembrem-se que é possível transformar uma ameaça em uma oportunidade e
ganhar dinheiro com isso. Pense a respeito.
1) Preparo do solo:
• Análise de solo
• Escolha correta da área para o plantio:
- Evitar terrenos alagadiços, muito inclinados, de dificil mecanização.
• Preparo do solo:
- Terra solta e canteiros com boa altura
- Profundidade do solo superior a 20 cm.
- Formação adequada dos canteiros
• Uso adequado de Matéria Orgânica permite:
- Melhor aeração do solo
- Penetração da água
- Drenagem e bom desenvolvimento de raízes
- Melhora as condições físicas do solo
- Eleva a capacidade de retenção de base
- É fonte de energia para microorganismos úteis do solo
- Reduz perdas por erosão
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2) Adubação:
• Orientar-se sempre pela análise de solo
• Correção da acidez do solo
• Preferência a adubos simples (N, P, K separados)
• Cuidado com os adubos nitrogenados
• Micronutrientes são necessários
• Fósforo e potássio usados corretamente melhoram a resistência ao transporte e aumentam a
vida de prateleira do produto.
Adubação:
• Fertirrigação
- Falta de critérios
- Contradições
• Desequilíbrios nutricionais
- Compromete o desenvolvimento da planta
- Predisposição às doenças
- Baixa produtividade
3) Formação de mudas:
• As mudas devem ser de boa qualidade e bem formadas.
• Uso de bandejas para formação e crescimento (128 3 288 células)
• Substrato adequado ao período do ano
• Adubação de formação
• Viveiros bem protegidos de insetos vetores e cuidados com a fitossanidade
• Descartar mudas estioladas e raquíticas
• Atenção:
- com estiolamento (falta de
luminosidade)
- dumping-off
- controle da umidade do
substrato, que pode reduzir a
germinação da semente
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4) Variedades adequadas:
• Adaptação x custos:
- Escolher variedades de hortaliças recomendadas para as condições de solo e clima
da região
- Preferir variedades que apresentem tolerância ou resistência às principais pragas
(inclui doenças) importantes na região
• Tecnologia de cultivo empregada
• Época do ano
• Mercado Consumidor
• O que plantar?
• Características Agrônomicas :
- Adaptada ou não ao tipo de cultivo utilizado
- Resistente e/ou tolerante às principais pragas e doenças
- Ciclo da cultura
- Produtividade
- Tipo do Fruto: tamanho, espessura, peso, consistência, polpa, consistência,
qualidade e coloração
5) O que plantar:
• Associação de Produtores – fundamental para ter diversificação necessária pelo cliente
• Mercado Segmentado – tem valores de venda mais atraentes que os mercados normais
• Escolher hortaliças que atendam ao mercado escolhido e a sazonalidade
• Buscar produtos que melhor remunerem a atividade
• Boas Práticas Agrícolas – fundamental para garantir qualidade, característica necessária
• Ter bom planejamento:
- Época de plantio
- Área plantada
- Período de colheita
• No Plantio:
- Atenção à formação dos canteiros
- Boa drenagem do terreno
- Transplantar mudas de boa qualidade
- Uso de mulching (cobertura morta )
- Sistemas eficientes de irrigação
- Espaçamento : de acordo com a cultivar e com a tecnologia de cultivo
• Preferir sistemas mais eficientes de irrigação com menor consumo de água, como:
- Aspersão com baixa vazão
- Microaspersão
- Gotejamento : tubogotejador e “espagueti”
• Realizar controle da quantidade de água no solo => tomada de decisão para irrigar.
• Uso de Tensiômetro
• Internet
106
6) Manejo fitossanitário:
• Uso de culturas “iscas”
• Uso de armadilhas para contagem do número de insetos (momento certo de realizar o
tratamento fitossanitário)
• Defensivos Agrícolas de nova geração:
- menor prazo de carência
- maior eficiência e menos contaminante ao ambiente (sustentabilidade)
- maior duração na ação
• Cuidado na mistura de produtos na formação da “calda”
• Usar água com pH adequado
- Momento certo para aplicação
- Observar a dosagem recomendada
- Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo
ATENÇÃO: com as soluções “mágicas” – “Boa parte dos problemas com pragas e doenças em
horticultura estão relacionados a desequilibrios nutricionais e manejo inadequado da cultura.”
7) Colheita:
• Momento certo de realizar a colheita
• Forma de realizar a colheita e higienização do produto
• Seleção – fundamental para obter melhores preços, realizada junto com a classificação
• Classificação
• Padronização – é o mercado quem indica e pode ser composto por diversos fatores, isolados
ou em conjunto
1) Valorização do produto:
• Correta identificação
• Conservação adequada do produto
• Tem de ser higiênica
• Ser prática – principalmente em nichos de mercados ou de melhor remuneração.
“Não basta o produto ser bom, ele tem de parecer bom!”
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• Mercado:
- Mercado Interno x Externo
- Grau de Exigência
- Tendência para folhosas = embalagens individuais
A comercialização pode ser feita de forma direta – o próprio produtor rural vendendo para o
consumidor em feiras livres, sacolões e varejões - ou indireta – quando o produtor rural destina
seu produto a um terceiro para que ele faça a comercialização (supermercados, feirantes, etc).
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Dentre os diversos locais de venda, destacamos:
- Ceagesp ou Entrepostos Atacadistas
- Supermercados e Mercadinhos
- Feiras livres e varejões / sacolões
- Hotéis
- Restaurantes e Lanchonetes
- Cozinhas Industriais
- Quitandas e Feirantes
- Novos Canais (butiques de hortaliças, Lojas de Conveniência, Açougues, etc)
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EQUIPE TÉCNICA DE PRODUÇÃO
PROJETO GRÁFICO
Márcio Antônio Ebert