Manual Futsal Port
Manual Futsal Port
Manual Futsal Port
MANUAL DE
2 3
Índice
CA PÍT ULO 1
INTRODUÇÃO 08
CA PÍT ULO 3
A DIMENSÃO
FÍSICA NO FUTSAL
68
O jogo de futsal
Planejamento do treinamento
A lógica do jogo
esportivo de futsal
Estruturação do treinamento
de futsal
CA PÍT ULO 4
85
Futsal
NO FUTSAL O GOLEIRO/GOLEIRA
Presidente DE FUTSAL
Alejandro Domínguez Princípios fundamentais e
Wilson-Smith comportamentos táticos indi- Aspectos que influencia o des-
viduais e grupais do jogo envolvimento do goleiro/a
Secretário Geral Adjunto de Níveis de Jogo de Futsal: do Comportamento sistêmico do
Futebol jogo anárquico ao jogo elabo- goleiro/a
Gonzalo Belloso rado
Principais funções e ações do
Tática colectiva goleiro/a
Conselho Editorial Conceitos táticos da organi- O ambiente de jogo e o treina-
Francisco Maturana zação ofensiva mento do goleiro/a
Gonzalo Belloso
Conceitos táticos da organi- O processo de ensino e apren-
Hugo Tocalli zação defensiva dizagem do goleiro/a
99
Reinaldo Rueda
Conceitos táticos específicos Na prática: como treinar os/as
CA PÍT ULO 5
do jogo de transição goleiros/goleiras
Autores O CURRÍCULO E
Alberto Ramirez Comportamentos táticos por
Carlos Rogério Thiengo posição A FORMAÇÃO DOS
Diego Giustozzi Construção do modelo de jogo JOGADORES E
Esteban Pizzi JOGADORAS
Néstor Arrúa
Paulo César de Oliveira
Características gerais do currí-
Rafael Kiyasu
116
culo destinado a formação de
Wilton Santana jogadores e jogadoras
CA PÍT ULO 6
Editores Executivos REFERÊNCIAS Instituição esportiva
Carlos Rogério Thiengo Formação integral
Clarence Acuña Bibliografía Formação esportiva
Luis Fernando Ramírez “Uma folha em branco”
Ruben Rossi
Moderador
Mauricio Marques
4 5
Mensagem do presidente Mensagem do secretário geral
da CONMEBOL adjunto/diretor de Desenvolvimento
Alejandro Domínguez Wilson Smith
da CONMEBOL
Gonzalo Belloso
Se existe uma modalidade de fu- listas da América do Sul encon- mou-se a seleção da argentina, A estratégia do Programa Evo- da paixão de nossos jogadores e
tebol em que a CONMEBOL não trou no futsal o campo ideal para atual campeã, deixando na his- lução da CONMEBOL, do Depar- jogadoras.
só deixou uma marca profunda na que o DNA do Futsal-FIFA tivesse tória da competição apenas duas tamento de Desenvolvimento, é
história, mas também mantém a marca registrada dos jogadores Copas do Mundo não conquista- aumentar o investimento no fute- Uma das armas que considera-
seu status de potência, é no fute- e jogadoras do nosso continente. das por seleções da CONMEBOL. bol, visando sua expansão em to- mos de fundamental importância
bol de salão ou Futsal-FIFA. dos os níveis de desenvolvimento para a concretização destes ob-
A posição dos países da CONME- A popularidade desta modalidade esportivo, promovendo a inclusão jetivos é a publicação de manuais
Os seus primórdios, claramente BOL também foi de transcen- em nossos países nos comprome- e a diversidade em um ambiente para as diversas modalidades e
sul-americanos, ocorreram entre dental importância para que em te mais ainda como CONMEBOL a de respeito e integridade. categorias do futebol. Este, em
o Rio da Prata e o Brasil, e deixa- meados dos anos 80 a FIFA assu- desempenhar um trabalho profis- particular, é dedicado ao futebol
ram nesta modalidade a marca do misse o controle dessa modalida- sional, planejado e com visão am- Os fundos do Programa Evolução de salão ou Futsal-FIFA.
futebol sul-americano: o talento de, incluindo-a sob sua tutela e pla, com o objetivo de manter em da CONMEBOL cumprem a função
natural dos futebo- organizando a Copa do Mundo de alta a insígnia que nossos atletas social de formar técnicas, técni- A rica experiência na modalidade
Futsal desde 1989. nos vêm deixando há décadas. cos, treinadoras, treinadores, pre- de salão que a América do Sul tem
paradoras e preparadores físicos nos ajuda a ter, como docentes,
Como em nenhuma outra mo- O trabalho do Departamento de como pontes para valorizar o ta- verdadeiros campeões mundiais,
dalidade de futebol, o domínio Desenvolvimento da CONMEBOL lento da nova geração de jogado- criadores de técnicas e táticas
das seleções da CONMEBOL para a realização desse objetivo res e jogadoras de futebol apaixo- que por muitos anos levaram
é evidente, e das 8 Copas do inclui este manual sobre o futsal, nados pelo futebol. Estão aqui nossas seleções à conquista da
Mundo disputadas sob a or- para o qual colaboraram as mel- para trabalhar na sua formação, Copa do Mundo de Futsal-FIFA.
ganização da FIFA, nada me- hores mentes dos países sul-ame- proporcionando-lhes formação e
nos que 6 foram conquistadas ricanos nesta especialidade. disciplina, educação em valores, Essa sabedoria está agora ex-
por potências sul-america- transformando assim as suas ex- posta para que os amantes do
nas. Para a CONMEBOL é um luxo periências, as suas vidas e a sua futsal, sejam jogadores ou joga-
apresentar este material didático, projeção para um eventual futuro doras, amadores ou amadoras
Ao claro domí- com a certeza de que será um elo de competição profissional. , profissionais ou técnicos,
nio do Brasil, fundamental para manter não só possam capturá-la
vencedor a supremacia nas competições, Esta Diretoria trabalha buscando nas quadras mágicas,
de cinco mas também o interesse de nos- gerar as condições para que a ma- onde a bola gira a um
Copas do sos milhões de salonistas que vi- gia do futebol continue em vigor, ritmo e a uma velo-
M u n - vem em todo o território da CON- seja com as multidões que acom- cidade incríveis.
do, so- MEBOL por esta modalidade. panham seus times em qualquer
parte da América do Sul, seja
através de torcedores de outras
latitudes, seguidores do talento e
6 7
O objetivo deste manual é regis- No capítulo 1, abordamos a ló- uma proposta de construção de
trar o conhecimento genuíno do gica do jogo de futsal e os com- modelo de jogo.
futsal sul-americano com ênfase ponentes que o caracterizam. O
na formação de jovens jogadores capitulo 2 especifica os princípios Os capítulos 3 e 4 abordam o tema
e jogadoras de futsal nas catego- táticos fundamentais assim como da preparação física e do treina-
rias de base. Salientamos aqui a a tática individual e grupal tanto mento de goleiros específico do
capacidade de desenvolvimento nos aspectos ofensivos quanto futsal, respectivamente. De forma
de talentos do nosso continente defensivos. Em seguida, fazemos bastante aplicada e com diversos
que vem tendo como consequên- uma interessante reflexão acerca exemplo de atividades, estes capí-
cia diversas conquistas nas cate- da progressão do jogo anárquico tulos certamente darão um emba-
gorias adultas tanto masculina ao jogo estruturado de maneira samento teórico e prático mais que
quanto feminina. a respeitar as características ma- suficiente para garantir treinamen-
turacionais e o entendimento de tos básicos de qualidade quanto a
jogo nas diferentes faixas etárias estes tópicos especificamente.
Este manual propõe das categorias de base. Este ca-
pitulo contem ainda o aporte de No capítulo 5, a proposta é, assim
uma visão global das dois campeões do Mundo: Paulo como no manual orientador, apre-
especificidades do Cesar de Oliveira e Diego Gius- sentar um exercício de construção
treinamento de futsal tozzi. Eles fazem uma profunda do currículo de formação para ca-
para nossos jovens, analise e detalhamento da tá- tegorias de base de um clube de
tica coletiva do futsal em todos futsal.
aplicáveis a distintas os momentos do jogo e também
realidades oriundas da uma descrição de ações especifi- Vamos a leitura do primeiro manual
diversidade do nosso cas e funções das diferentes po- de futsal com o verdadeiro DNA
sições. O capitulo termina com sul-americano.
continente.
O jogo de futsal
Primordialmente, a ação de jogo rá-la, opondo-se de forma coope- decidir e executar com rapidez e
no futsal é resultante das inte- rativa às iniciativas do adversário, eficácia, antecipando possíveis in-
1
rações entre os jogadores. Estes, evitando possíveis desvantagens tenções do adversário. Por outro
quando da posse da bola, asso- posicionais e numéricas, inibindo lado, demanda dos treinadores
ciam-se para mantê-la, dissimu- gols. A natureza complexa do jogo, que organizem as suas equipes
lando suas intenções, causando dada à incerteza e à variabilidade para enfrentar os diferentes mo-
constrangimentos para a equipe de situações, requer, por um lado, mentos do jogo, elaborando con-
adversária, com o objetivo de le- jogadores versáteis e com eleva- textos de treino que desenvolvam
var vantagens posicionais e nu- da capacidade de jogo, ou seja, a capacidade de jogo e respeitem
méricas que se traduzam em gols inteligentes (táticos), habilidosos as particularidades do futsal, ou
e, quando da perda da posse da (técnicos), condicionados e for- seja, afinados com aspectos da
bola, organizam-se para recupe- tes emocionalmente, que sabem sua lógica interna.
8 9
ASPECTOS DA
Lógica interna
Rotação
contextualizada Organização
Trata-se da ocupação e Compreende a dimensão
do jogo de futsal desocupação tática do
espaço; por um lado, a
estratégico-tática do jogo,
ou seja, a sua dimensão
defesa restringe espaços; inteligente. A interface
por outro, o ataque entre a estratégia
precisa ampliar e criar (decisões prévias) e a
Espaço escasso espaços úteis. Porém, essa tática (decisões em
Embora a quadra tenha dinâmica acontece num Imprevisibilidade curso) confere o traço
800 m2 (40m x 20m), o ambiente instável. Não se pode prever a mais específico do
espaço onde se localizam ordem, a frequência futsal. Daí organizar-
Marcação intensa os jogadores (centro de e os tipos de se, com princípios
Caracterizada pela jogo) é, frequentemente, Auto-organização acontecimentos no e comportamentos
Dinamismo atitude de pressionar a reduzido, o que facilita Caracterizada pela cria- jogo. Essa característica táticos, para enfrentar os
Mobilidade constante e bola independentemente uma marcação intensa e tividade dos jogadores e sobrecarrega momentos do jogo.
simultânea dos jogadores/ do local da quadra, acelera a velocidade da ajustes repentinos nos cognitivamente os
as e da bola num espaço o que exigirá uma tomada de decisões dos seus planos de ação para jogadores/as, exigindo-
compartilhado e escasso movimentação jogadores/as. responder, dentro de certa lhes alto nível de
inteligente dos organização, às ações do concentração e de
jogadores/as. adversário e aos próprios organização, o antídoto
erros dos colegas. contra a imprevisibilidade.
Momentos do jogo
São seis no futsal: organi-
Princípios táticos zação ofensiva, transição Apelo à inteligência Regras
Trata-se de um conjunto de ataque-defesa, organização Pouco espaço somado à Têm um impacto elevado no
referências que orientam defensiva, transição defe- intensa marcação resul- comportamento dos joga-
o comportamento dos
Comunicação
sa-ataque, bolas paradas ta tempo reduzido para Técnica dores e da equipe. Por exem-
jogadores/as nos diferentes (ofensivas e defensivas) perceber, analisar e decidir O jogo exige do jogador plo, estimulam a consecução
momentos do jogo. Por motora e jogo de goleiro-linha o que fazer. Logo, é preciso uma “dupla tarefa” (moto- de muitos gols (por conta do
exemplo, nas zonas de Representa as relações (ofensivo e defensivo). Essa aprender a agir com ante- ra e cognitiva), o que faz espaço reduzido, a validade
disputa da bola, procurar táticas entre os jogado- modificação constante das cedência; a adiantar-se aos com que a técnica forme do gol de dentro da área, as
criar superioridade numérica, res/as, o jogo associativo situações de jogo exige um acontecimentos; a pensar uma unidade com a tática. faltas cumulativas, a possi-
evitar a igualdade numérica (a dois, a três, a quatro), jogador/a versátil tatica- o próximo instante. Ser in- Portanto, o jogador técni- bilidade de se atuar com o
e recusar a inferioridade sem descartar a tática in- mente, isto é, que saiba teligente tem relação com co é o que ajusta os seus goleiro-linha...), embora as
numérica. Esses princípios são dividual, para enfrentar os cumprir mais de uma função a capacidade de os joga- gestos às solicitações do balizas sejam relativamen-
sustentados pelas interações momentos do jogo. tática e que saiba responder, dores lidarem com gran- ambiente, usando seus te pequenas, o que exige
entre os jogadores, pela sua junto com os demais, de des blocos de informação, gestos sempre com um dos jogadores tanto serem
comunicação motora. forma criativa. em função das aquisições sentido tático. muito mais precisos nas
anteriores e do estado finalizações quanto de as
presente. equipes criarem uma zona
de finalização mais próxima
Tabela 1 – Referenciais sobre a natureza do jogo de futsal daquelas.
10 11
Princípios fundamentais
e comportamentos
táticos individuais e
grupais do jogo
Como visto na lógica interna, os princípios táticos são as referências que
orientam o comportamento dos jogadores/as para gerir os diferentes
momentos do jogo.
2
táticos e lidar bem com os mo- comportamento sempre é técni-
mentos do jogo requer o desen- co-tático e não técnico ou tático. as menores idades
volvimento de uma “linguagem” Nesse sentido, importa apren- e gradativamente, é
comum a todos, o que se entende der certo “idioma” para se jogar
por tática. Quando ela se repor- coletivamente quando se está e necessário perseguir
ta ao jogador/a, seria individual. quando não se está com a posse e enraizar uma série
Entre dois ou três jogadores/as, da bola. Não pode passar desper- de comportamentos
grupal. E entre os quatro jogado- cebido que a comunicação tática
táticos individuais,
res/a, coletiva. Quando os jogado- entre os jogadores/as tem de ser
res/as se comunicam (interagem facilmente interpretada por estes grupais e coletivos.
taticamente) para atacar e defen- e, ao mesmo tempo, mal interpre-
As dimensões
der, os gestos técnicos têm signi- tada pelos adversários.
Penetração
Cobertura ofensiva
Princípios táticos defensivos
Contenção
Cobertura defensiva
no futsal
Mobilidade Equilíbrio
Espaço Concentração
12 13
Agora, o que significam esses princípios e quais os comportamentos tático-técnicos que os
sustentam?
Princípios Comportamentos Meios Princípios Comportamentos Meios
ofensivos táticos técnicos defensivos táticos técnicos
PENETRAÇÃO: CONTENÇÃO:
Atacar diretamente o ad- 1x1 (superar o adver- • Drible Parar ou atrasar o ataque Colocar-se entre o • Desarme
versário ou a baliza; des- sário); projetar-se nas • Passe adversário; induzir a pro- atacante e o gol; apro- • Interceptações de
equilibrar a organização costas do adversário, • Controle da bola gressão do portador da ximação e abordagem passe
defensiva adversária; bola de tempo para • Chute bola; pressionar o por- (pressionar a bola),
criar situações vantajo- pivô; tabelas, parale- tador da bola; restringir indução da trajetória
sas em termos numéri- las, diagonais, sobre- opções de passe para um de ação do atacante;
cos ou posicionais. posições; cortes pela adversário; impedir a fi- bloqueio de chutes
frente. nalização. na trajetória da bola;
pressing.
COBERTURA OFENSIVA:
Garantir a manutenção Entrar em linha de COBERTURA
da posse da bola; dimi- passe, dando apoio • Controle da bola DEFENSIVA:
nuir a pressão defensiva para o portador da • Passe Auxiliar o marcador do Cobertura, sobrepo- • Desarme
sobre o portador da bola. bola, seja atrás da lin- • Fintas portador da bola, se este sição de cobertura.
ha da bola (jogo de for superado; transmitir
volante) e também segurança ao marcador
fazer aproximações do portador da bola para
entrelinhas; circular a que ele tente recupe-
bola; relevo. rá-la.
MOBILIDADE: EQUILÍBRIO:
Criar ações de ruptura Tabela, paralela, dia- • Controle da bola Assegurar a estabilidade Retorno defensivo, • Desarme
na organização defensiva gonal, sobreposição, • Drible defensiva nas zonas de interceptação de pas- • Interceptação de
adversária; aparecer em fugida, desmarque, • Passe disputa da bola; cobrir ses, temporização, passe
zonas propícias para a apoio entrelinhas, • Fintas eventuais linhas de pas- oferecer equilíbrio de- • Antecipação
consecução do gol; criar apoio no fundo da se; marcar jogadores que fensivo no lado opos-
linhas de passe em pro- quadra, cortina, abrir podem receber a bola; to de onde a defesa
fundidade. espaços. apoiar colegas que fazem faz a contenção; dis-
a contenção e a cobertu- suadir o passe do por-
ESPAÇO: ra defensiva. tador da bola.
Ampliar o espaço efetivo Jogar em largura (pas- • Passe
do jogo; expandir as dis- se em progressão) e • Proteção da bola
tâncias entre os adver- jogar em profundida- • Controle da bola CONCENTRAÇÃO:
sários. de (bolas de espaço e Aumentar a proteção Marcar atrás da linha • Desarme
bolas de pivô). à baliza; induzir o ad- da bola; em caso de
versário para zonas de perda da bola, retorno
UNIDADE OFENSIVA: • menor risco. defensivo.
Favorecer uma circu- Jogar em largura, • Passe
lação contínua, fluente dar apoio para o • Fintas
UNIDADE DEFENSIVA: •
e eficaz da bola; fazer portador da bola; • Desarme
Dar melhores condições Respeitar a linha da • Desarme
• Interceptação de
uma passagem organi- aproximação das para que os defensores bola, pressing defen- • Interceptação de
passe
zada à defesa no caso linhas, balanço de- no centro de jogo pres- sivo; ajustes defensi- passe
• Antecipação
de perda da bola (re- fensivo, atacar mar- sionem a equipe adver- vos, como cobertura • Antecipação
cuperando-a imediata- cando; temporizar e sária; favorecer uma ação e sobreposição de co- • Deslocamentos
mente ou temporizan- retorno defensivo. ofensiva subsequente à bertura; flutuar, com- sem bola
do a defesa). recuperação da bola. pactar a defesa.
14 15
FASES E MOMENTOS DO JOGO
O que os treinadores esperam taticamente dos jogadores/as
ATAQUE DEFESA
Sob pressão, imprimir velocidade sem a bola e Manter a bola no campo visual
passá-la para frente Encaixar a marcação
Investir no 1x1 Marcar em equilíbrio
Passar em profundidade Induzir o sentido do ataque
Sair no espaço vazio Aplicar ajudas
Fazer a aproximação Ter senso de cobertura
Apoiar o passe Retornar para defender
Deslocar-se em diagonal e pela paralela Executar sobreposições de cobertura
Inteligência para decidir
Ter jogadas combinadas
Evidentemente que a lista de sim, de um “guia pedagógico” con- tentam os princípios fundamen-
princípios táticos específicos e os fiável, por advir tanto de autores tais nos diferentes momentos do
respectivos comportamentos tá- reconhecidos na literatura espor- jogo.
Com a finalidade de delinear o modo contemporâneo de se pautar o ensino do jogo de futsal na aquisição ticos não contemplam tudo o que tiva como de treinadores tidos
de se jogar futsal, recorremos aos achados de um es- de princípios e comportamentos táticos que possam os jogadores precisam deter para como notáveis na comunidade Lembre-se de que, do ponto de
tudo que revelou a visão estratégico-tática de cinco preparar os jogadores para enfrentar os diferentes atuarem no nível mais avançado esportiva do futsal. vista ofensivo, trata-se de atitudes
técnicos campeões de uma importante competição momentos do jogo. de jogo, o que é de esperar, afinal entre os jogadores, ou seja, têm a
da América do Sul. Esse estudo reforça a importância o futsal, por se tratar de um jogo, Isso posto, visualize uma lista de mesma importância quem se ofe-
está constantemente se alteran- comportamentos ou atitudes tá- rece e quem tem a bola, o que cha-
1- Cinco treinadores que conquistaram 11 das 13 edições da Liga Futsal entre 1996 e 2008. Dois desses treinadores dirigiram a seleção bra- do. Mas por outro lado, trata-se, tico-técnicas do futsal que sus- mamos de “jogo associativo”.
sileira de futsal em Copas do Mundo. (Santana, 2008)
16 17
Comportamentos táticos ofensivos
Agredir o espaço na diagonal Sobreposição (ou cruzamento) Relevo Corte pela frente
Atitude de se projetar no espaço vazio, ocupando a Atitude de se deslocar por detrás de quem tem a Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar Atitude do jogador/a sem a bola de mudar a direção
diagonal em relação à bola. posse da bola. para trás de quem tem a bola, em cobertura ofensiva. da sua corrida para receber a bola.
Bola de tempo no pivô Aproximação (apoio) entrelinhas Abrir espaço e jogar em profundidade Jogar em largura (passe em progressão)
Atitude do jogador/a sem a bola de ir ao encontro Atitude de se deslocar entre as linhas defensivas Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar
desta, passando a bola para o pivô. para apoiar o portador/a da bola. abrindo espaço para o portador/a da bola passar em rente à linha lateral, de modo a receber a bola em
profundidade para o pivô. progressão.
18 19
Comportamentos táticos defensivos
22 23
NÍVEIS DE JOGO E FAIXAS ETÁRIAS
Relação com a bola Dinâmica coletiva Relação com a bola Dinâmica coletiva
Controle rudimentar da bola, o Campo visual centrado na bola, o Domínio da bola, o que permite Interações táticas ofensivas e
que provoca muitas interrupções que prejudica as interações táti- continuidade no jogo. defensivas marcadas pelos prin-
no jogo. cas (jogar com). cípios fundamentais do jogo: pe-
netração-contenção; unidade
ANÁRQUICO ofensiva-unidade defensiva; co- ESTRUTURADO
(6-9, 10 anos) bertura ofensiva-cobertura de- (14-18, 19 anos)
fensiva; mobilidade-equilíbrio; es-
Principal característica: paço-concentração. Principal característica:
A obsessão pela bola Desenvolvimento da
Organização posicional Estratégias de intervenção Organização posicional Estratégias de intervenção organização posicional
Os jogadores/as aglutinam-se Treinar as habilidades em contex- Além de adotar as diferentes po- Fortalecer a tática de grupo (ofen-
entorno da bola e não respeitam to instável, associada a proble- sições-funções táticas, o jogo siva e defensiva) e priorizar a tá-
os momentos do jogo. mas cognitivos. Inserir jogos com passa a ser dinâmico. tica coletiva. Jogos contextualiza-
regras simplificadas, em espaços dos, prioritariamente na estrutura
Resultado: menores e com menos jogado- Resultado: formal (G+4x4+G), voltados para
Desorganização posicional e fun- res, com os objetivos de fazer e de Organização posicional e funcio- os princípios específicos do jogo.
cional. evitar gols (1x1+1, 1x1+2; 1x1; 2x2+1, nal.
2x2+2, 2x2; 3x3+1, 3x3). Educar a
tática individual. Incentivar a táti-
ca de grupo.
Relação com a bola Dinâmica coletiva Relação com a bola Dinâmica coletiva
Melhoria da relação com a bola, o Campo visual contempla bola-co- Domínio específico da bola, isto é, Apresentam elevada mobilidade
que aumenta a fluidez do jogo. legas-adversários, o que facilita o voltado para os princípios do mo- para atacar e equilíbrio posicional
início das interações táticas (jo- delo de jogo da equipe. para se defender.
gar com).
DESCENTRADO Organização posicional Estratégias de intervenção Organização posicional Estratégias de intervenção ELABORADO
(10-13, 14 anos) (a partir dos 19 anos)
Os jogadores/as adotam as dife- Treinar as habilidades associadas a Ocupação do espaço independen- Fortalecer a tática de grupo e
Principal característica: rentes posições-funções táticas problemas táticos dos diferentes temente da posição-função táti- refinar a tática coletiva. Jogos e Principal característica:
Iniciação ao jogo tático segundo um desenho tático (or- momentos do jogo. Utilizar jogos ca. Versatilidade de funções. exercitações contextualizados Refinamento da
ganização posicional), ocupando contextualizados (3x3+1, 3x3, 4x4, voltados para o modelo de jogo dinâmica coletiva
a quadra em largura e profundi- 4x4 + apoios) no espaço padroni- da equipe.
dade. zado que treinem atitudes táticas
coletivas como entrar em linha
de passe, circular a bola, preparar
o gol para o colega, triângulo de-
fensivo, cobertura, temporizar e
retorno defensivo etc. Regras de
maior complexidade. Fortalecer
a tática individual e de grupo. In-
centivar a tática coletiva.
24 25
Na prática: exemplos de atividades
para os diferentes níveis de jogo
Nível anárquico Nível estruturado
Joga-se G+3x1+G. Quando mudar a equipe que detém Joga-se G+4x2+G. Quando mudar a equipe que de- Joga-se G+4+2x4+G. O objetivo desse jogo é sobreca- Joga-se G+4x4. O objetivo desse jogo é sobrecarre-
a bola, há uma troca de alas: saem os alas da equipe tém a bola, há uma troca de alas: saem os alas da rregar a defesa. Para tanto, foram posicionados dois gar a defesa. Para tanto, a equipe defende sem o go-
que atacava e entram os alas que estavam fora da equipe que atacava e entram os alas que estavam apoios (+2) no fundo da quadra, que jogam há um to- leiro/a e o ataque pode somente pode finalizar se a
quadra. fora da quadra. que, podendo, inclusive, passar a bola entre si. bola estiver na quadra ofensiva.
Joga-se G+3+PVx3+G. O objetivo dos atacantes é Joga-se G+3x3+G. O objetivo dos atacantes é passar Joga-se G+3X3-1+G. O objetivo desse jogo é provo- Joga-se G+4x4+G. Há três bolas no jogo e a marcação
passar a bola em profundidade para o pivô, quando, a bola para o espaço (vazio), quando, então, poderão car ajustes defensivos. Para tanto, o jogador/a que é nominal sem troca. Os jogadores/as em desta-
então, poderão finalizar na meta adversária. O pivô finalizar na meta adversária. Nesse jogo, o jogador detém a bola pode “tirar um defensor do jogo”, que que têm bola, mas estão fora de jogo. Eles apenas
não pode fazer gol! Apenas servir os colegas. Cada não pode receber a bola se já estiver na quadra ofen- não seja o que marca diretamente, chamando-o pelo entram no jogo se o jogador/a da equipe que tem a
vez que a equipe acionar o pivô, uma vez a bola sain- siva. Tem de recebê-la quando estiver se deslocando nome. Nesse momento, ele sai da quadra para que bola, passar a bola para um colega. Nesse momento,
do da quadra, troca-se o pivô por quem lhe passou a para a quadra ofensiva. outro defensor/a, em destaque, entre no jogo. o defensor/a deveria fazer o mesmo, de modo a po-
bola. der marcar quem entrou no jogo.
26 27
A equipe está em organização Por sua vez, o jogo de transição Se não conseguir estabilizar o
ofensiva quando tem a posse da sempre se constituirá num com- ataque, se caracteriza como uma
bola. E isso inclui situações distin- portamento ligado à perda e a transição mal realizada, isto é,
tas: ataque posicional, que inclui recuperação da posse da bola. aquela que permitiu o desfecho do
um ou mais desenhos táticos (4.0 Trata-se de uma fase que tende a contra-ataque. Já a transição ofen-
ou 3.1); jogo de goleiro-linha; es- durar um curto espaço de tempo. siva dura desde o momento em
tratégias de bola parada; ataque A rigor, a transição defensiva dura que a equipe recupera a bola até fi-
de expulsão. desde o momento em que a equi- nalizar a jogada (contra-ataque) ou
pe perde a bola até o momento em ser estabilizada pela defesa adver-
As mesmas situações entram na que consegue estabilizar ou não o sária. No caso de ser estabilizada,
organização defensiva, ou seja, ataque. No caso de conseguir es- frustrou-se o contra-ataque; caso
quando ela precisa optar por uma tabilizar o ataque, isto é, de obter contrário, a transição ofensiva foi
defesa em sistema (individual, êxito, passa a ser uma defesa em bem-sucedida.
zona ou mista); defesa de golei- sistema, com os jogadores bem
ro-linha; defesa de estratégias de posicionados e, em geral, atrás da
bola parada e a defesa de expulsão. linha da bola.
Tática coletiva
Fases e momentos de jogo
Transição defensiva
Organização Transição ofensiva
Organização
ofensiva defensiva
28 29
Conceitos táticos da Desenho de sistema tático: 3.1
organização ofensiva
Ataque posicional
O ataque posicional ou organizado permite que a equipe selecione o
modo como quer atacar o adversário. Para tanto, adota um ou mais
desenhos táticos, indicando o primeiro momento da organização ofen- É o mais utilizado no futsal. É indicado para se usar contra marcações pressão
siva. Neste capítulo, abordamos os desenhos táticos clássicos como o Facilita o deslocamento dos jogadores/as. e recuadas, individuais e por zona.
2.2, 3.1 e 4 em linha ou 4.0, e inovador, como o 3 do mesmo lado. Simples de realizar. Oferece muitas possibilidades ofensivas, como
por exemplo, ganhar as costas do adversário, rea-
Na zona de finalização se dispõem de espaços livres. lizar diagonais, paredes com o pivô.
Evita aglomerações no campo ofensivo.
Desenho de sistema tático: 2.2 Em função de exigir uma linha de três jogadores/
as, oferece segurança defensiva em caso de perda
da bola.
Transforma-se em vantagem quando a equipe dis- Fica-se em geral com apenas um jogador/a como
põe de um jogador/a de grande habilidade e segu- apoio à bola. Neste caso, se o adversário pressio-
rança com a bola nos pés, pois em caso do duelo nar e roubar a bola obriga o último defensor será Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di- Como o jogador/a da 1ª linha ofensiva não tem
de 1x1 se criará uma superioridade numérica. obrigado a enfrentar o 1x1. ficultar as possíveis ajudas e coberturas. dois apoios próximos, é preciso que os jogadores/
Falta de espaços livres na zona de finalização, na Indicado contra defesas altas e baixas. as imponham movimentos ofensivos que pertur-
Vulnerável quando se apresenta em zonas adian-
medida em que concentra jogadores/as adver- bem a 1ª linha defensiva: o desmarque, a cortina, o
tadas da quadra, favorecendo, no caso de um A equipe inicia atacando a lateral da quadra, garan-
sários relevo e o apoio servem como exemplo.
desarme ou interceptação de passe do adversário, tindo largura e profundidade simultâneas.
o contra-ataque. Cada vez menos utilizado no âmbito do alto ren- Indicado para equipes de alto rendimento, que
Ideal seria selecionar três destros do mesmo lado possuem um nível de jogo elaborado.
Em caso da perda da bola, em função da distân- dimento.
e um canhoto do lado oposto ou vice-versa.
cia entre os jogadores/as, há muito espaço para Seguem quatro movimentos para esta configu-
defender, o que dificultas as ajudas e coberturas ração: desmarque, cortina, relevo e apoio (“jogo
defensivas. de volante”).
30 31
Desenho de sistema tático: “4 em linha”
Desmarque Cortina Exige rotação contínua dos jogadores/as. Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di-
No desmarque, o jogador/a da 2ª linha passa rente Na cortina, o jogador/a da 2ª linha passa pela frente Favorece passes para o espaço livre. ficultar as possíveis ajudas e coberturas.
por detrás do marcador da bola. Isso deve ser conco- do marcador do portador da bola, “roubando” a sua Indicado contra defesas altas e baixas.
mitante a um deslocamento do ala oposto. bola ou passando sem levá-la. Obriga a defesa a mover-se continuamente e ter
que eleger o tipo de marcação. A equipe se inicia atacando pelo centro da quadra.
O portador/a da bola tem a opção de soltá-la para Idôneo para jogar com vantagem no placar, já que Ideal seria conter dois canhotos posicionados no
quem fez o desmarque ou atacar o fundo da quadra. o adversário deve recuperar a bola. lado direito e dois destros posicionados do lado
Não é recomendado para defesas muito recuadas, esquerdo.
em função da pouca existência de espaços livres. Acompanhe quatro movimentos para este des-
Exige um comportamento técnico-tático assen- enho: passagem por fora, infiltração, corte longo
tado, o máximo possível, na ambidestria. com desmarque, apoio com desmarque.
Nessa movimentação, há três atitudes táticas simultâneas: o corte longo de quem passou a bola, seguido do
desmarque do jogador/a próximo do portador da bola e da projeção do ala oposto. Desenho de sistema tático 3 Desenho de sistema tático 4
Apoio + abrir espaço + desmarque (1) Apoio + abrir espaço + desmarque (2)
34 35
Desenho de sistema tático 2 – dinâmico Ataque de expulsão
Há modos distintos de se atacar. Iniciaremos por um menos complexo.
Nessa movimentação, o ideal seria escalar dois des- gunda trave ou para quem se infiltrou. Mas também Nesse desenho, criado para enfrentar defesa em passar para o atacante em profundidade (3), ge-
tros e três canhotos ou vice-versa. pode reiniciar o jogo, passando a bola para trás. triângulo com vértice alto, os jogadores/as se po- rando uma vantagem posicional na área (4).
sicionam 2.2. Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção
O princípio é infiltrar-se atrás da 1ª linha defensiva ao Importante é perceber que a infiltração deve se dar O princípio é envolver, com passes, o defensor da de agredir a área com um passe na direção da se-
mesmo tempo em que se circula a bola e se ataca o tanto por canhotos como por destros. 1ª linha até desequilibrá-lo (1), o que abriria a chan- gunda trave ou para quem se infiltrou.
fundo da quadra. ce de se finalizar de média distância (2) ou de se
A trajetória de deslocamento dos jogadores/as in-
Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção clui: infiltrar e, se não receber a bola, recuperar o seu
de agredir a área com um passe na direção da se- posicionamento para o seu lado de origem no des-
enho tático.
Os modos mais complexos seriam indicados para equipes de níveis de jogo estruturado e elaborado.
Desenho de sistema tático 4 – posicional
Neste desenho, criado para enfrentar a defesa Neste desenho, criado para a defesa em triângulo
em triângulo com vértice alto, posiciona-se uma com vértice baixo, os jogadores se iniciam no 2.2.
diagonal longa com três jogadores/as do mesmo Depois do primeiro passe, o atacante (1) se infiltra
Esse desenho exige dois destros e dois canhotos po- da segunda trave ou para o atacante oposto que es- lado (1, 2 e 3), sendo que um deles (2) sobrecarrega cortando pela frente do seu marcador, dando para
sicionados, respectivamente, na 2ª e 3ª linhas ofen- tava na 2ª linha ofensiva e se infiltrou na direção do o marcador da 2ª linha. Do lado oposto, posicio- o portador da bola (2) a opção de passe. Como, de
sivas. O atacante da 1ª linha é passador e não infiltra pênalti. Mas também pode finalizar no gol ou reini- na-se outro jogador (4), que ora apoia o portador modo geral, os defensores/as da 1ª linha marcam
depois do passe. ciar o jogo, passando a bola para trás. da bola (1), mas que também infiltra para finalizar o passe na paralela, a opção é jogar por dentro
a gol. (atacante em destaque).
O princípio é sobrecarregar o defensor/a da 2ª linha Importante é perceber que o atacante da 1ª linha
com dois atacantes do seu lado: um sobre ele e o deve atacar ora com a dupla de destros, ora com a O princípio é deixar em dúvida o marcador da 2ª O princípio é deixar os defensores/as da 1ª linha em
outro nas suas costas, deixando-o em dúvida sobre de canhotos. linha, atacando o fundo da quadra e, depois, a área. dúvida entre fechar a paralela, o mais provável, ou
“como marcar”. a diagonal. Atenção: esse modo de atacar exige a
Exige-se jogadores/as que executem passes preci- Se a bola chegar no fundo (3), o portador tem a retomada da movimentação inicial se necessário,
Se a bola chegar no atacante do fundo, ele tem as sos e arriscados. opção de agredir a área acompanhado de quem se ou seja, passe seguido de infiltração por dentro,
opções de agredir a área com um passe na direção infiltrou (4). o que é possível com a rotação dos jogadores/as.
36 37
Canto direto 2 Canto elaborado 2
Nesta movimentação, todos os atacantes movi- Nessa movimentação, há três passes (1, 2 e 3) an-
Bola parada mentam-se simultaneamente, mas com funções tes da finalização. Importante perceber que o ba-
distintas: um infiltra na área (1); o outro se movi- tedor/a do canto será o finalizador (4).
menta na direção do batedor/a (2) e o mais distan-
As estratégias de bola parada mais eficazes ocorrem em situações mui- te se movimenta para o centro da quadra (3). O princípio é elaborar o ataque, atraindo os defen-
to específicas na quadra de ataque: cantos, laterais e faltas. sores/as para fora da área.
O princípio é terminar o ataque a um toque e o
passador tem três opções: passe dentro da área,
Há dois tipos de princípios mais consensuais: o de finalizar a um toque passe na distância média e passe por elevação
(direto) ou finalizar com mais toques (elaborado). Vejamos ambos os para o batedor/a mais distante (voleio).
exemplos para cada situação, desde estratégias menos complexas, até
as mais complexas.
38 39
Falta 1 Falta 2
Nesta movimentação, enquanto o batedor/a (1) Nesta movimentação, enquanto o cobrador/a (1)
se aproxima da bola, há três ações simultâneas: o se aproxima da bola, há três ações simultâneas:
atacante (2) passa na frente do gol e se posiciona o atacante (2) toma a frente do defensor/a fora
como opção na 2ª trave; o atacante (3) vai ao en- da barreira, o atacante (3) ocupa o seu lugar e o
contro do batedor/a; o atacante (4) se desloca nas atacante (4) acompanha, por trás, o cobrador/a.
costas do atacante que foi ao encontro do bate- A bola será passada (5) para o atacante (2), que a
dor/a. devolverá para o cobrador/a (1), que fará um cor-
ta-luz liberando o atacante (4) para finalizar para
O princípio é sobrecarregar o defensor/a de fora o gol.
da barreira.
O princípio é atrair a defesa para o primeiro possí-
vel chute, escondendo o real finalizador: o atacan-
te (4) que vem logo atrás do cobrador/a (1).
40 41
Conceitos táticos da Defesa por zona:
organização defensiva
A referência sempre é a bola:
Nunca deve haver nenhuma outra
referência além da bola e do es-
paço a ser ocupado. Qualquer ou-
Defesa em sistemas: individual, zona, tra situação tática não seria ba-
seada neste princípio defensivo.
Defesa individual:
A referência sempre é o jogador/a:
Nunca deve haver outra referên-
cia que não seja o jogador/a opo-
nente, ou a bola ou qualquer ou- Defesa com troca de marcação:
tra situação tática que modifique
o jogador/a contra o jogador/a.
A referência é o adversário/a e a
A visão do defensor é sempre bola:
voltada para o peito ou olhos do Os conceitos defensivos neste
oponente: tipo de defesa são maiores. Você
Nunca perder a visão do rival. A tem a responsabilidade de defen-
posição do corpo é sempre volta- der um adversário/a, mas também
Contraste direto:
da para o jogador/a adversário e o de cobrir uma zona defensiva.
O defensor/a sempre deve estar entre o adversário-bola-gol próprio,
olhar deve ser do peito aos olhos nenhuma outra posição é adequada neste princípio de defesa. Mais ou
do rival, uma possível leitura da Escolher uma situação que gere a
menos coberturas podem ser feitas por decisão do treinador/a, mas a
ação rival pode antecipar a mar- mudança de marcação:
posição contra o rival sempre tem que ter essa postura defensiva com
cação. Cada treinador/a terá que escol-
esses 3 princípios.
her e encontrar o momento cer-
Distância de segurança do opo- to da troca de marcação. O sinal
Lateralidade defensiva:
nente: pode ser visual ou auditivo.
A posição das pernas sempre terá que ter uma coordenação lateral,
Nunca igualar as corridas, sempre isso permitirá reagir melhor à ação do rival, levar o adversário ao es-
tenha uma distância em relação Contrastes diretos e indiretos: Posição do corpo:
paço que for mais adequado, evitar chutes com a perna conveniente e
ao oponente de aproximadamen- Neste tipo de defesa as duas po- É importante ter uma grande visão periférica para poder compreender
não a mais habilidosa.
te 1 a 3 metros para que ele não sições defensivas são dominadas, o momento da mudança seja qual for seu sinal, auditivo ou sobretudo
saia em suas costas, nem ficar já que pode ser por zona ou indi- visual.
Altura defensiva:
longe demais para não lhe dar vidual e ambos os contrastes de-
De acordo com a altura defensiva que cada treinador/a pretende expor,
tempo para pensar ou distância vem ser controlados, o individual
se levará mais em conta o deslocamento do defensor/a a nível individual.
para executar. sendo direto e o de zona sendo
Quanto mais alta a defesa, mais movimento em retirada vertical; quanto
indireto.
mais baixa a defesa, maior o movimento em horizontal.
42 43
Defesa de goleiro(a)-linha:
Marcação em losango (1-2-1) e defesa
em quadrado (2-2)
Marcação em losango (1-2-1)
Defesa nas bolas paradas
Coordenação no movimento da bola
Este tipo de defesa requer uma maior coordenação
nos movimentos, sendo uma defesa que se move
constantemente e sabemos que o erro é cometido
quando se corre mais. A posição do corpo e, conse-
quentemente, a visão periférica, são essenciais para
Defesa individual
cometer menos erros.
A referência de marcação sempre é o jogador/a
Linhas de passe É uma situação de marcação individual exatamente
Sabendo que o rival tem um jogador/a a mais, é im- igual que no jogo real de 4 vs. 4.
portante defender bem as linhas de passe para obri-
gar a equipe adversária a sempre fazer um passe a Distância de segurança
mais, o que permite, neste momento, recuperar ou É muito importante manter uma distância que se-
marcar melhor as posições. pare o jogador/a do seu adversário/a, onde essa dis-
tância não permita que o adversário vença por trás,
Defesa por zona pura Espaço defensivo nem consiga finalizar; sempre se deve neutralizar
Obviamente, por questões numéricas, esse tipo de O treinador/a decidirá qual espaço defensivo cobri- tanto as costas como o chute.
defesa será sempre por zona. Nesta posição de jogo, rá melhor; escolher uma defesa baixa ou escolher
seria um losango que se move para um quadrado, uma defesa alta. Dependendo da altura, a equipe A visão
sempre ocupando alguns espaços na quadra onde liberará mais ou menos alguma zona: se for baixa, A visão ocular de cada membro da defesa deve estar sempre no jogador/a e não na bola. Temos que estar
vai será marcado o espaço ou o jogador/a, depen- chute de média distância; se for alta, o espaço atrás atentos aos 4 segundos do sacador/a e, se possível, também dar um olhar de soslaio; mas a nossa maior con-
dendo da desmarcação do adversário. das costas. centração visual tem que ser no jogador que está destinado a marcar.
Tem que ser muito hábil na defesa A igualdade numérica neste caso
das linhas de passe, tratando de deve ser feita com o goleiro/a,
viajar com a bola para dar menos dependendo se se prefere com os
tempo ao finalizador/a. No caso zagueiros/a na frente, marcando
de um chute, que este não acon- o passe diagonal ou o passe ver-
teça em uma posição confortável tical.
para o atacante.
O último homem deverá viajar Será necessário decidir se os defensores/as da frente defenderão fixo
Os 2 (dois) jogadores/as que de- Sempre se tratará de gerar igualdade numérica com o goleiro/a, fazen- com a bola e, caso não chegue, os 2 (dois) primeiros/as atacantes e viajarão com a bola também defen-
fenderão atrás terão que marcar do um 2 vs. 1 ao vértice para cobrir o tiro externo ou um 2 vs. 1 ao za- será o goleiro/a que sairá e os de- dendo o atacante do seu lado que está em suas costas.
o homem, a menos que o finali- gueiro/a atrás para que o goleiro/a possa sair e os outros 3 (três) joga- mais continuarão marcando indi-
zador/a esteja em uma situação dores/a ficarem com suas marcações. vidualmente.
de chute perigoso e o compan-
heiro/a da frente esteja fora da
jogada.
46 47
Transição defensiva (ataque-defesa)
Temporização com um mais perigoso, por isso é Diferentes quantidades de
O primeiro conceito é temporizar, importante saber marcar indire- atacantes
desacelerar a ação do rival para tamente. Embora o ataque possa contar
dar tempo aos companheiros/as com diferentes quantidades de
de equipe para que possam recu- Posição do corpo jogadores/as, os conceitos de-
perar sua posição atrás da linha As linhas de passe são marcadas fensivos individuais e coletivos
da bola. com as pernas, sempre na mes- devem ser mantidos, sempre
ma linha do corpo; se marcarmos procurando não deixar a equipe
Defesa de linhas de passe com as pernas abertas, perdere- atacante finalizar ou, caso consi-
Outra forma de desacelerar a mos o equilíbrio e a reação para ga finalizar, fazendo da forma que
ação rival e, acima de tudo, de uma segunda marcação enquan- mais convém à equipe defensora .
fazer que os jogadores/as adver- to a bola viaja.
sários/as ataquem como mais Comunicação entre o goleiro/a e
convier à equipe, é fechando as Alturas defensivas sua última linha de defensa
linhas de passe entre seus joga- Dependendo da altura no campo Essa atitude impede que ambos
dores/as. em que ocupa o ataque, o ou os marquem o mesmo adversário.
defensores/as têm que dar maior Desta forma, a participação do
Contraste indireto ênfase aos diferentes conceitos, goleiro/a é um fator construtivo
Se tivermos nosso jogador/a na pode ser à temporização ou à de- para a boa defesa dos contra-ata-
linha entre o adversário e o nosso fesa das linhas de passe, ou como ques.
gol, sempre teremos um jogador decidir se faz contraste direto ou
a menos e o adversário finalizará contraste indireto.
Na prática: como treinar os conceitos Todas as vezes que a bola sair da quadra, o jogo se
reinicia com a cobrança de um tiro lateral na altura
da linha central com os jogadores/as posicionados
táticos do mesmo lado.
50 51
Joga-se 5x5, com marcação individual sem poder
trocar a marcação ao longo do jogo, ou seja, mar-
ca-se o mesmo adversário e se é marcado por este
do início ao fim. Porém, uma das duplas começa com
bola nos pés e, embora estejam em quadra, estão
“fora” de jogo, ou seja, não podem jogar. Para “en-
trar” no jogo, o jogador/a deve passar a bola para um
companheiro/a de equipe.
52 53
Defesa por zona: Situação defensiva de linha do goleiro/a linha:
6x4 tendo as equipes atacantes em posse de bola, Pode-se defender de 2 (duas) maneiras:
visando como objetivo levar a bola ao jogador/a ata-
cante ou pular as linhas de passe. Neste jogo eles Totalmente analítico, onde é um ataque constan-
ganham pontos quando a bola atinge o pivô (jogador te da equipe rival em que quando termina uma
do centro). jogada ensaiada, começa outra.
Bola parada:
“Pode-se defender de duas maneiras”.
Transições:
Totalmente analítico, mediante um ataque cons- 2 vs. 1:
tante da equipe rival, em que ao se terminar uma O ataque começa, o último que tocar a bola sai e seu
jogada ensaiada, se começa outra. companheiro/a aguarda o próximo ataque da equipe
rival que terá 2 (dois) jogadores/as que saem assim
Pode-se defender no jogo real: que a ação terminar. Os ataques serão contínuos.
inicia uma partida 4x4 em um campo com di-
mensões de 20m x 20m, e, cada vez que a bola Variantes:
sai, é trabalhada a estratégia (com o gol locali- Diferentes dimensões: 20 m x 20 m – 18 m x 15 m
zado na meia quadra) que mais se quer treinar 2x1 com retirada do último jogador/a que tocou na O último que
naquele momento, seja defesa de corner ou de- bola para tornar o ataque-defesa mais real. A reti- tocar a bola sai
fesa lateral. Ou seja, se quisermos trabalhar os A bola sai, baterá rada deve acontecer quando perder a bola tendo
escanteios e a bola sair pela lateral, também se o escanteio que tocar primeiro a trave da equipe adversário.
cobrará um escanteio.
54 55
3 vs. 2:
As equipes serão compostas por 5 jogadores/as
mais o goleiro/a. Serão divididas nas 2 (duas) meta-
des da quadra, 2 (dois) jogadores/as em uma metade
e 3 (três) na outra, dessa forma as 2 (duas) equipes
serão divididas e compostas. O objetivo dos 2 (dois)
zagueiros/as mais o goleiro/a será defender a su-
perioridade numérica do rival e tentar levar a bola
para o campo oposto onde estão os 3 (três) com-
panheiros/as atacantes. Os/as 3 (três) atacantes, ao
receberem a bola, iniciarão seu ataque contra os 2
(dois) adversário; no momento em que finalizarem o
ataque tentarão não permitir que os 2 (dois) zaguei-
ros/as mais o goleiro/a rival levem a bola para seus
companheiros/as de equipe no outro campo.
58 59
Comportamento coletivo do ala
ofensivo
Em fase ofensiva com bola:
É o atacante que individualmente disso, a poucos metros do gol do reção e velocidade para se livrar de
vai lhe dar a verticalidade, a impro- adversário, buscará o drible hori- sua marcação.
visação que a equipe precisa. Você zontal para encontrar a finalização
terá que interpretar muito bem o de meia distância, seja como um As desmarcações antes de receber
espaço da quadra que você ocupa chute ou como um chute / passe. a bola também serão importantes.
para ler melhor o 1x1. A superiori- Dissemos que é muito importante
dade numérica no drible não pode Você também terá que interpretar não ocupar os espaços, mas sim
ser alcançada da mesma forma quanto espaço a defesa adversária atacá-los (no espaço que quero jo-
a 20 (vinte) metros do gol adver- lhe oferece, seja coletiva ou indivi- gar nunca terei que estar), e isso
sário e a 10 (dez) metros. Com es- dualmente para procurar também permitirá ter mais tempo e espaço
60 61
Na prática: como treinar especificamente
o fixo, os alas e o pivô
O fixo
Trabalharemos analiticamente e individualmente
todas as situações que este tipo de jogador/a ne-
62 63
O ala ofensivo
Trabalharemos analiticamente e individualmente to-
das as situações que este tipo de jogador/a necessi- Campo 1
ta melhorar e o maior número de situações de jogo
que ele executará.
A construção do modelo
ataque analítico de 1x1, mas desta vez sem es- Em situações de jogo real no treinamento, vamos
paços atrás do material previamente menciona- enfatizar as retiradas defensivas e a pressão na pri-
do para trabalhar os diferentes tipos de dribles meira linha.
com finalização de média distância.
de jogo
Apresentamos até o momento qual intermedeia as interações near, ou seja, sujeito a alterações
características internas e con- táticas. Segundo, a construção de e imprevistos, que afetam o modo
O pivô ceitos táticos do jogo de futsal
com o intuito de influenciar os
um modelo de jogo torna o treino
intencional, regulando-o e qualifi-
de a equipe jogar.
Trabalharemos analiticamente e individualmente treinadores/as tanto no proces- cando-o, na medida em que facul- Por último, para a construção do
todas as situações que este tipo de jogador/a ne- so de formação de jogadores/ ta aos jogadores/as a aquisição modelo de jogo é preciso con-
cessita melhorar e o maior número de situações de as como na organização de suas e o refinamento dos comporta- siderar as quatro fases do jogo:
execução que realizará. equipes. Interessa-nos, nesse mentos táticos escolhidos. Para organização ofensiva, transição
item, discutir a necessidade de os tanto, será preciso que os treina- defensiva (quando da perda da
No centro da quadra, vamos trabalhar na parede treinadores/as construírem uma dores/as criem exercícios e jogos bola), organização defensiva e
de 1x1 nos diferentes setores da quadra, dividindo forma própria de jogar para a sua que contenham o DNA da equipe, transição ofensiva (quando da re-
a quadra em três áreas, nas quais ambas as técni- equipe, consoante com a sua con- ou seja, que potencializem e se cuperação da bola). Para tanto, o
cas devem ser utilizadas para proteger e manter cepção de jogo, respeitadas tan- encontrem com a forma como treinador/a deverá definir quais
a bola, podendo até girar sobre o fixo. to a cultura local, como o nível de se pretende jogar, pois não faria seriam os princípios de jogo para
jogo de seus atuais jogadores/as. sentido treinar fora desse propó- cada fase, ou seja, como ele espe-
No meio de uma quadra defensiva, trabalhare- A isso denominamos modelo de sito. Desse modo, treinador/as e ra que a equipe se comporte em
mos com: cones, bonecos infláveis, aqueles que jogo. Mas para que serve o mode- jogadores/as perseguiriam, nos termos coletivos e os jogadores/
estejam dispostos a praticar a participação, a lo de jogo? Primeiro, ele funciona- treinos, esses comportamentos, as em termos individuais em cada
entrega para finalizar ou chutes para quem faz ria como um antídoto diante da criando as regularidades táticas momento. Os princípios de jogo
Em situações de jogo real em treinamentos, vamos
o cruzamento e também a ação de servir o joga- natureza complexa do jogo, dada pretendidas pela equipe para as constituem a matriz comporta-
enfatizar o apoio ofensivo na última linha e também
dor/a que se aproxima, chutando a gol. à incerteza e à variabilidade de si- diferentes fases do jogo. mental dos jogadores/as.
uma alta frequência de flutuações entre linhas.
tuações. Nessa medida, a equipe
que detém um modelo de jogo No que pese o modelo de jogo Acompanhe um exemplo a seguir.
não fica à deriva, porque sabe o existir, a priori, na mente do trei- Lembre-se de que o desafio e a
que fazer, para onde ir e como nador/as, ou seja, tratar-se de tarefa do treinador é criar treinos
jogar. O modelo de jogo possi- ideia prévias acerca do jogo que compatíveis com seus princípios
bilita que os jogadores rumem se pretende jogar, é preciso re- de jogo.
na mesma direção, construindo gistrar que aquele necessitará
uma identidade de jogo, com uma de permanentes ajustes. Isso se
“linguagem” comum e singular, a deve ao processo, que é não-li-
64 65
Exemplo de modelo de jogo Desafio para o treinador/a: ¡Construa
seu modelo de jogo!
Organização Transição
ofensiva defensiva
Organização Transição
ofensiva defensiva
Princípios
1. Reação imediata depois de perder a
bola
2. Pressão imediata sobre quem está com
Princípios
a bola Principios
1. Mobilidade de todos os setores 3. Evitar a progressão da equipe
2. Sempre procurar amplitude e profundidade 1.
adversária
3. Priorizar a posse de bola 2.
4. Proteção do corredor central
3.
4. Executar as ações combinadas 5. Reorganização defensiva rápida Principios
5. Rapidez na execução das ações 4.
1. 5.
6. Movimentos em progressão com recepção
dirigida (controle orientado) e passes 2.
precisos 3.
7. Atenção ao balanço defensivo no lado 4.
oposto da bola 5.
6.
7.
Organização
Transição defensiva
ofensiva
Organização
Transição defensiva
ofensiva
Princípios Princípios
1. Jogar verticalmente assim que a bola for 1. Defender com bloco alto e individual
recuperada ou tirando-a da zona de pressão 2. Pressionar o portador da bola sem sofrer o
2. Se a bola for recuperada na quadra defensiva, drible
ganhar o corredor central e executar passes 3. Mirar na altura do peito e olhos do rival para
que vençam as linhas defensivas antecipar suas intenções
3. Presença de área do jogador sem posse de 4. Induzir o rival a jogar contra a línha lateral
Principios Principios
bola 5. Quem marca indiretamente jogar para 1. 1.
4. Aproximar as linhas ofensivas, de modo que interceptar o passe 2. 2.
os jugadores terminem o contra-ataque 6. Se o pivô adversário entrar na organização 3. 3.
próximos uns dos outros ofensiva, adiantar o goleiro para realizar 4. 4.
5. Terminar o contra-ataque, evitando o coberturas 5. 5.
contra-ataque do contra-ataque 7. Retorno imediato e veloz no caso de a bola 6.
entrar em profundidade 7.
66 67
A dimensão
3
física no futsal
Planejamento do
treinamento esportivo
de futsal
Na preparação, devemos levar em consideração que os exercícios
que realizamos são a unidade fundamental do treinamento, sua ex-
pressão máxima (aquelas ações em que os atletas interagem com o
modelo e as ações do jogo).
68 69
Análise do esporte
Em geral, os esportes para sua quais podem alterar seus movi-
compreensão são divididos em mentos ou ações específicas.
dois grandes grupos: Em suma, o futsal é
Segundo dado: nos esportes ací- um esporte acíclico
A) Esportes cíclicos: aqueles asso- clicos, por sua vez, há mais duas que se pratica em um
ciados às modalidades esportivas questões a serem levadas em
espaço comum e sua
que, uma vez aprendida sua téc- consideração:
nica, praticamente não são afe- forma de jogo é si-
tadas pelo meio ambiente e nas A) O espaço de jogo: espaço de multânea entre duas
quais há ausência de incerteza. jogo comum (futsal, basquete, equipes. É importan-
Exemplos: corridas de atletismo, handebol) ou espaço de jogo se-
remo, ciclismo e natação. parado (voleibol e tênis).
te compreender esta
análise porque muitas
B) Esportes acíclicos: onde a in- B) Forma de jogo: forma de jogo vezes nos deparamos
certeza está sempre presente, simultânea (futsal, basquete, com a reprodução de
pois depende dos companheiros/ handebol) ou alternativa (vôlei e
as, adversários/as e ambiente, os tênis) metodologias de mo- Que dados proporciona o futsal?
dalidades esportivas
que nada têm a ver Para introduzirmos de forma específica no futsal, devemos entender
com os Aspectos De- que o treinamento dos aspectos determinantes do rendimento deve
terminantes do Ren- seguir uma lógica em relação aos dados que produz o treinamento e/
dimento de Futsal ou a competição, já que como disciplina esportiva o futsal é caracte-
(ADR). rizado por ser:
Intermitente: variações de corrida e velocidade des- talmente das estratégias escolhidas pelos seus trei-
tas em relação à bola, companheiros/as e adver- nadores/as, uma vez que, ao contrário do futebol,
sários/as, e não de características contínuas como nesta disciplina os jogadores/as podem ser substi-
as das corridas de atletismo, remo, ciclismo, na- tuídos infinitamente. Os salonistas realizam diferen-
tação, etc. tes tipos de exercícios, desde ficar em parado até
uma corrida completa, mudanças bruscas de direção
Por intervalos: o futsal não é uma ação esportiva e intensidade podem se alternar a qualquer momen-
que começa e termina como uma corrida, mas sim to. Esse aspecto, além de tantos outros, é o que di-
jogado por intervalos; primeiro e segundo tempo, ferencia o futsal de outros esportes em que o exercí-
mais dois tempos adicionais, se necessário. cio contínuo é realizado com intensidade muito alta
ou moderada ao longo da ação esportiva, como, por
Altos níveis de coordenação neuromuscular: em exemplo, uma corrida plana de 400 metros ou uma
cada movimento esportivo os fatores de tempo e maratona (42 km e 195 m).
espaço determinam a coordenação específica (técni-
ca de futsal). Esses fatores precisam ajustar seus ní- Demandas fisiológicas: em geral, todos os espor-
veis de precisão quanto mais informações os atletas tes incorporam, em seu treinamento, fatores como
recebem. Isso pode acontecer devido às dimensões força, velocidade, duração e amplitude de movi-
ou velocidade de execução do movimento, pela pre- mento. Os exercícios destinados a superar qualquer
sença de um objeto (bola) e/ou a ameaça de um ad- oposição são de força, os exercícios de rapidez e alta
versário/a, etc. frequência de movimento correspondem à veloci-
dade, os exercícios de longa duração ou com muitas
Tipos de esforços: no futsal, intercalam-se os es- repetições são exercícios de resistência, a amplitude
forços anaeróbicos aláticos e anaeróbicos lactácidos máxima de movimentos corresponde à flexibilidade
(esforços com débito de oxigênio), assim como o sis- e, por fim, os exercícios com movimentos complexos
tema aeróbio (esforços sem débito de oxigênio). Em são chamados de coordenação.
grande parte, essa questão dependerá fundamen-
70 71
Força, velocidade e resistência A potência ou capacidade de exe-
desempenham um papel funda- cutar movimentos explosivos no
mental na preparação física. O menor tempo possível é o produ-
Quando agilidade
fator dominante é aquele para o to da integração de força e veloci- e flexibilidade são
qual o esporte exige a maior con- dade máximas. combinadas, o resultado
tribuição (exemplo: resistência na é a mobilidade ou a
maratona). A combinação de resistência e ve-
locidade é chamada de velocidade capacidade de percorrer
A combinação de força e resis- de resistência. uma área de jogo com
tência cria resistência muscular, rapidez, boa coordenação
ou seja, a capacidade de realizar A agilidade é o produto de uma
e sincronização: em
várias repetições contra uma de- combinação complexa de veloci-
terminada oposição e por um pe- dade, coordenação, flexibilidade nossa visão, a chave para
ríodo de tempo prolongado. e potência, que se manifesta na o futsal.
maioria dos esportes acíclicos.
72 73
Modelo triangular
Pot.: aceleração e
F Potência – Resistência
desaceleração Resistência Muscular:
Pot.: inicial e de salto c/d
P
R.M. m/d
Pot.: Reação e Agilidade Resistência Muscular:
de aterrisagem Flexibilidade I/d
MOBILIDADE
V V.R. R
Figura 2 - Modelo triangular
74 75
Estruturação do
treinamento de futsal
Magnitudes da carga de treinamento
Para que nossos treinamentos produzam o efeito desejado, devemos não apenas levar Na maioria das ações de futsal, a tições de um estímulo por sessão
em consideração uma série de princípios, mas também entender o que queremos Para que os efeitos de qualidade é fazer gestos podero- de treinamento for muito alto, a
dizer quando falamos sobre o estímulo ou carga de treinamento e sua recuperação: um estímulo de treina- sos e explosivos e repeti-los tan- intensidade e a frequência do es-
tas vezes quanto possível. tímulo de treinamento serão afe-
mento sejam eficazes, tadas.
Intensidade da carga de treinamento (porcentagem de aplicação do estímulo).
é necessário conside- A qualidade e os efeitos de um
Recuperação da carga de treinamento (duração temporária do descanso entre estímulos). rar não só seu aspecto treinamento deste tipo serão Para exercer uma ação específi-
determinados pela intensidade, ca sobre a qualidade de um trei-
quantitativo (duração, densidade, duração e volume do namento cujo objetivo seja um
Volume da carga de treinamento (duração e número de estímulos por sessão de treinamento).
frequência dos treina- estímulo desse treinamento. efeito especial, a escolha e orien-
Frequência das sessões de treinamento (refere-se ao número de treinamentos por dia, por semana, etc.). mentos), mas também o tação dos componentes da carga
seu aspecto qualitativo Se os estímulos de treinamento de treinamento são de suma im-
Densidade da carga de treinamento (é a relação que se estabelece entre o tempo de trabalho e o tem- forem produzidos muito rapida- portância.
(intensidade e densidade mente ou se o número de repe-
po de descanso).
do estímulo).
76 77
Na programação do microciclo A diminuição ou perda temporária Consequentemente, se quiser-
(semana de trabalho), deve-se le- das possibilidades funcionais de- mos poder repetir esforços de
var em consideração os tempos correntes de um trabalho intenso alto nível de qualidade, tantas
de recuperação e fadiga do pa- com um objetivo específico não vezes quanto possível, devemos
rágrafo anterior, já que a estimu- significa que o jogador não consi- levar em consideração na hora de
lação das capacidades condicio- ga mais manifestar uma alta ca- montar um microciclo: a qualida-
nais e suas combinações variam pacidade para um objetivo total- de ou complexidade das ações; o
de acordo com sua aplicação de mente diferente, colocando em tempo de descanso e a alternân-
carga. jogo outros sistemas funcionais. cia das ações.
Modelo de microciclo
Segunda Terça Quarta Quinta Viernes Observações
Pliometria Pliometria
Rotinas Potência Rotinas
nível 1 nível 1
individuais Aeróbica individuais
Circuito de Circuito de Conteúdos 1
Força Velocidade Força Velocidade
Goleiros
explosiva Goleiros Explosiva Goleiros
Tempo
60 min 50 min 40 min 60 min 50 min
parcial 1
Tec Tac Tec Tac Tec Tac Tec Tac Tec Tac Conteúdos 2
78 79
DIFICULTADES
80 81
ATENÇÃO! “A razão do equilíbrio”
Essa abordagem pode nos levar a execuções globais e analíticas de Como conseguir a integração dos
um erro fundamental, o uso de ta- acordo com os critérios e vali- diferentes componentes do trei-
refas globais ao longo do processo dação do treinador/a. namento de futsal na busca de um
ensino-aprendizagem. Haverá si- projeto de jogo coletivo eficaz?
tuações em que teremos que uti- Por que não passar de um treina-
lizar tarefas analíticas, o que não mento analítico para um global e O preparador/a físico pode atual-
implica um erro metodológico, em vice-versa, que leva em conside- mente utilizar seus critérios de
situações em que queremos corri- ração a totalidade do problema, avaliação em conjunto com o trei-
gir ou melhorar um determinado a reversibilidade do jogo, as re- nador/a para a aplicação das car-
componente. Consequentemente, lações antagônicas de oposição gas adequadas em cada sessão de
devemos contar com um méto- criadas por duas equipes em si- treinamento dentro do método
do que alterne simultaneamente tuação de competição? global?
Densidade da ação do jogo: é a relação entre as sequências do jogo, 18 segundos (75% do tempo) e a
pausa, 15 segundos (80% do tempo).
Número aproximado de ações rápidas: 350-400 vezes. Com as seguintes características: alta velocidade
inicial de arranque, altas acelerações, rápidas mudanças de direção, repetidas situações individuais ou
de grupo em alta velocidade e rápidas mudanças de ritmo.
Estes circuitos são ideais para reiniciar o trabalho Com o aparecimento dos exercícios coordenativos
com sobrecarga, visto que sou forçado a começar produzimos melhorias claras no atraso no aparecimen- - Técnica rápida + Apoios - Carga nos - Atenção
com cargas menores devido à necessidade de adap- to da fadiga central. Sugere-se entre 6 “- 8” de trabalho - Interceptações + Posse de bola passadores - Concentração
tação. É também uma ferramenta para o treinamen- por temporada x 15 “- 20” entre as temporadas - Entradas + Paredes - Carga nos - Risco
to de força e resistência em populações jovens que Aumenta - Coberturas, recuperadores - Competitividade
melhoram a força com baixa intensidade de carga. Número de pressing Ao contrário nos
1. Arranque com potência - Antecipações recuperadores
Sugere-se entre 6 “- 8” de trabalho por temporada x jogadores/as
2. Agachamento - Ritmo de jogo
15 “- 20” entre as temporadas;
3. Exercício de coordenação
1. Arranque sem potência. 4. Zona intermediária Oposto ao
Oposto ao Oposto ao Oposto ao anterior, ao
2. Exercício da zona média 5. Cargas de potência Diminui anterior anterior anterior contrário nos
3. Subidas ao banco 6. Flexões passadores
4. Um exercício de zona média 7. Exercício de coordenação
8. Zona intermediária Oposto ao Oposto ao Oposto ao Oposto ao
5. Flexões Aumenta anterior anterior anterior anterior
6. Exercício de zona média 9. Exercícios diagonais
7. Flexões de braços 10. Flexões de braços Número de + Técnica rápida - Posse de bola + Carga nos + Atenção,
8. Exercício de zona média 11. Exercício de coordenação toques + Interceptações + Velocidade no passadores + Concentração,
jogo - Carga nos + Risco e
12. Zona intermediária
Diminui + Ritmo de jogo recuperadores + Criatividade
+ Pressing
+ Antecipações
Programação de exercícios da
concepção atual + Número de + Número de + Carga As habilidades
Aumenta ações ações vão diminuindo
Duração do
Devemos levar em consideração que as seguintes instruções terão impacto na carga de treinamento: exercício
Oposto ao Oposto ao Oposto ao Oposto ao
Organização (superfície, estrutura, linhas divisórias, número de jogadores/a, coringas) Diminui anterior anterior anterior anterior
84 85
4
Com uma equipe de 15 atletas: 3 goleiros/as e 12 jogadores/as de
quadra, estes últimos se revezam entre si.
Suponhamos que queremos realizar um exercício de força com o método atual.
Este exercício é jogado por 6 minutos seguidos, 3x3 em 20 m x 20 m. Partida normal onde o objetivo téc-
O goleiro/a
de futsal
nico/tático é a defesa mista. Rotação dos jogadores/as: 3 equipes de 4 jogadores/as cada. Uma equipe
sempre estará fora (esta é sua macropausa de 2 minutos); já, dentro da quadra, há 2 equipes de 3 jogado-
res/as mais 1 jogador/a fora por equipe, que vai revezando a cada 30 segundos (esta é a sua micropausa).
O objetivo físico é a força, então, aqueles exercícios em que os atletas têm espaços muito limitados e
poucos jogadores/as, geralmente desenvolverão a força específica do jogo.
Por outro lado, queremos treinar a velocidade com o método atual, então desenvolveremos:
Este exercício é jogado por 6 minutos seguidos, 3x3 + 1 coringa de cada equipe que pode se mover livre-
mente entre 10 metros e 6 metros do gol do adversário. Partida normal onde o objetivo técnico/tático
é o ataque e o jogo com pivô. Rotação dos jogadores/as: 3 equipes de 4 jogadores/as cada. Uma equipe
sempre estará fora (esta é sua macropausa de 2 minutos); já, dentro da quadra, há 2 equipes de 3 joga-
dores/as mais 1 jogador por equipes, que é aquele que faz o pivô e reveza a cada 30 segundos (esta é sua
micropausa).
Quando os atletas interagirem em espaços médios com poucos jogadores/as, desenvolveremos a veloci-
dade específica do jogo.
Finalmente, vamos pensar que queremos treinar a resistência com o método atual, então iremos desenvolver:
Este exercício é jogado por 10 minutos seguidos, 4x4. Partida normal onde o objetivo técnico/tático é o ataque
e as superioridades numéricas, e no qual uma equipe que ultrapassar o meio da quadra pode atacar qualquer
um dos 2 gols. Revezamento dos jogadores/as: 3 equipes de 4 jogadores/as cada. Uma equipe estará sempre
do lado de fora (esta é sua macropausa de 3.30 minutos); já, dentro da quadra, há 2 equipes de 4 jogadores/as
restantes, e não há micropausa.
Quando os atletas interagirem em espaço de jogo oficial com todos os atletas, treinaremos a resistência
específica.
86 87
Aspectos que influencia Comportamento sistêmico
o desenvolvimento do do goleiro/a
goleiro/a Costumamos a pensar no goleiro/a apenas com
ações defensivas, porém atualmente o goleiro/a
car e reagir aos estímulos do jogo de forma simultâ-
nea aos seus acontecimentos, dando atenção tanto
deve atuar durante toda as fases do jogo de futsal: aos movimentos da bola, como os de seus compan-
O goleiro/a é um jogador/a cuja função principal é evitar o gol dos adversários/as, para isso é protegido por ofensiva, defensiva, transições e bolas paradas. heiros/as e adversários/as, empregando uma rápida
regras específicas que o diferenciam dos demais jogadores/as em ações específicas que só cabe a ele realizar. adaptação às mudanças que acontecem a todo mo-
Seu desenvolvimento depende de alguns fatores: Para desempenhar bem suas funções, uma das prin- mento no jogo.
cipais características do goleiro/a será a de identifi-
88 89
Principais funções e ações
do goleiro/a
90 91
Qualquer ação do golei-
ro/a dependerá de sua
capacidade de reconhe- Instável
cer, de forma rápida as
informações ambientais
mais importantes, plane-
jar a ação mais adequa-
da e acionar os grupos
musculares responsáveis Habilidades
para executar uma ação abertas
rápida e precisa, em um
ambiente de constantes
modificações. Ambiente
influencia na Imprevisível
execução da
Portanto, se desejamos que o trei-
namento se aproxime das caracte-
habilidade
rísticas do jogo, devemos simular
este ambiente e uma das formas é
pela a utilização de situações que
provoquem mecanismos de asso- Apenas quando as situações provocadoras tiverem sido formadas ante-
ciação as situações padrão do jogo. riormente na memória é que as situações padrão podem vir a ser reconhe-
cidas e transformadas em ação, no menor tempo possível.
O ambiente do jogo e o
s
rc
c i
Para tanto, o treina-
De
treinamento do goleiro/a dor/a deve selecionar
p
as situações de jogo e
ção
reconhecer os elemen-
tos motores (técnicos)
O treinamento do goleiro deve ser planejado e estruturado, de forma e cognitivos (táticos)
que se aproxime de sua forma de jogar. Portanto, é relevante que que podem solucionar o
E xe c u ç ã
o
seu treinador/a conheça, além dos aspectos referentes a posição, problema exposto pela
também os aspectos referentes ao conhecimento do jogo. Seguindo situação.
esta visão, as habilidades são exigidas em um ambiente aberto e
imprevisível. Figura 7 - Capacidades do goleiro
92 93
Outros fatores, além das si-
tuações de jogo, que influenciam JOGO
seu desempenho e devem estar
presentes no treino, são a uti-
lização de exercícios com prio-
ridades nas capacidades coor-
denativas e condicionantes, o Elementos
treinamento das habilidades mo-
toras e cognitivas gerais e espe-
técnicos Situação
cíficas, e a importância da criação envolvidos na de jogo
de um ambiente de treino (social\
emocional), que esteja próximo
situação
ao que será encontrado nas par-
tidas.
Elementos
Contextualização
perceptivos
da situação
envolvidos na
situação
Figura 8 - Fatores do treinamento e desenvolvimento do goleiro/a
O processo de ensino e
aprendizagem do goleiro/a
É importante que o conhecimento e o planejamento do rendimento do treinador/a estejam dentro de um
processo pré-estabelecido para que sua atuação se consolide em um período definido, que perdurará por
toda a sua vida esportiva. Abrangerá períodos de iniciação tático-técnica até o seu domínio.
Capacidades
coordenativas
Habilidades
motoras e
Situações de
jogo e
Ambiente
de treino
01 02 03 04 05
e cognitivas resolução de Treinamento Iniciativos dos Fixação dos gestos Domínio das Automatização
condicionantes problemas coordenativo gestos técnicos e técnicas e aumento das técnicas e
e iniciação de técnicos liberação de dos modelos reconhecimento
modelos específicos atenção para maior situacionais das situações
perceptivos complexidade nos abertos padrão
modelos
situacionais
94 95
Na prática: como treinar
os/as goleiros/goleiras
Atividade para iniciação Atividade para iniciação
1 1
Exercicio 1 Exercício 1
Objetivos: posicionamento, equilíbrio de desloca- Objetivos: defesas de bloqueio de espaço, posicio-
mentos e reação. namento e retomada do posicionamento na meta.
Três bolas são posicionadas de forma livre dentro Um goleiro/a posicionada dentro da área (1). O outro
ou fora da área. O goleiro/a posiciona-se no gol. O goleiro/a (2) posicionada próximo a marca do tiro de
treinador/a poderá também estar com uma bola em 10 metros. Quatro bolas são dispostas nas laterais
suas mãos (opcional). da área.
O treinador/a se desloca pelas bolas, enquanto o O treinador/a (3) se desloca em direção as bolas e o
goleiro/a se movimento dentro do gol, conforme a goleiro/a (1) simula a ação de bloquear as opções de
posição da bola em que o/a treinador/a se aproxima. finalização do treinador/a.
Em determinado momento o treinador/a realizará a O treinador/a poderá escolher qualquer uma das bo-
finalização na meta, a partir da bola posicionada a las para realizar a finalização ou efetuar o passe para
sua frente ou arremessará a bola de suas mãos. outro goleiro/a finalizar.
2 2
3 3
96 97
Atividade para o aperfeiçoamento
Objetivo: posicionamento, percepção e reação.
1 2 1
São colocadas duas metas à uma distância de cer-
ca de 8 metros. Os goleiros/as são posicionados nas
metas. A atividade se inicia com um dos goleiro/as
lançando a bola para qualquer um dos dois joga-
dores/as dispostos nas laterais da quadra (1); o jo-
gador/a que receber a bola pode finalizar na meta
oposta ou passar para seu companheiro/a, caso o
passe seja realizado (2), o jogador/a que receber a
bola pode finalizar em qualquer uma das metas (3).
3 4 2 3
98 99
1 2
Atividade para o
3
aperfeiçoamento
Objetivo: reposição de bola e leitura de jogo.
Observação: para que hajam mais ações do golei-
ro/a, reduzir o tamanho da quadra.
Por exemplo: 20m x 10m.
5
tro na quadra de defesa (3).
O goleiro/a (1 azul) buscando lançar para qualquer dos dois jogadores/as de sua equipe, enquanto o jogador/a
da equipe defensor, na quadra de ataque, busca interceptar esse lançamento. Sendo efetuado com sucesso
o/a jogador/jogadora que receber deve buscar o ataque junto com seu companheiro/a, enquanto a equipe
defensor procura se defender.
Com o ataque finalizado, o goleiro/a da equipe defensor iniciar um contra-ataque através da reposição de
O currículo e a
bola com as mãos.
formação dos
jogadores e
jogadoras
100 101
Características gerais
Como observado ao longo des- esportiva (14 a 20 anos) ou futsal los e pelas jovens inseridos/das
te manual, o futsal de alto ren- juvenil/base. no futsal juvenil/base definam
dimento contemporâneo requer com clareza as diretrizes que irão
competências em diferentes Além disso, o processo de for- nortear a formação dos seus jo-
dimensões do rendimento es-
portivo. Tal fato exige que estas
competências sejam aprendidas
mação de jogadores e jogadoras é
complexo, pois ocorre em etapas
da vida humana que são caracte-
gadores e jogadoras, sendo ne-
cessário para isso a presença de
um currículo, que promova a for-
do currículo destinado a
formação de jogadores e
e desenvolvidas ao longo da for- rizadas por constantes transfor- mação de maneira sistemática
mação dos jogadores e jogado- mações físicas, psíquicas e sociais e intencional. Em nosso caso, o
ras em um processo planejado e dos indivíduos e requer atenção a currículo assume importância ca-
sistematizado em longo prazo. formação integral e esportiva das pital no desenvolvimento do fut-
jogadoras
Haja visto que a sua duração é e dos jovens que estão inseridos e sal no continente promovendo a
de aproximadamente de 14 ou 15 objetivam atuar no futsal de alto superação definitiva do acaso na
anos (dos seis aos 20 anos), que rendimento. formação esportiva os jogadores
ocorre em duas etapas: a ini- e jogadoras.
ciação esportiva (6 aos 13 anos) e, Diante disso, é fundamental que Segundo a Unesco, o currículo con- modalidade a nível mundial (FIFA), Na concepção do currículo des-
principalmente na especialização as instituições responsáveis pe- templa a descrição das justifica- continental (CONMEBOL), nacio- tinado à formação de jogadores
tivas, objetivos, métodos e meios nal e regional (confederações e e jogadoras de futsal faz neces-
pelos os quais os estudantes, sen- federações), de forma a garantir sário o conhecimento do sistema
do o instrumento fundamental que a formação das jogadoras e de competições da modalidade,
para a aprendizagem de qualidade. jogadores esteja em consonân- bem como dos critérios de re-
cia com o contexto esportivo in- ferência objetivos, nas diferentes
Como afirmam Jonnaert, Ettaye- ternacional e nacional e assim dimensões do rendimento espor-
bi,e Defise (2010), é importante poder se aproveitar das tendên- tivo: histórico, social e cultural;
destacar que o currículo se aporta cias e boas práticas adotadas pe- psicológico, estratégico, tatico,
nas realidades históricas, sociais, las melhores instituições a nível técnico e físico, para que seja
linguísticas, políticas, econômicas, mundial, bem como seja capaz possível avaliar o rendimento dos
religiosas, geográficas e culturais de promover uma formação que jogadores e jogadoras e o proces-
de um país ou de uma localidade, possibilite a empregabilidade dos so de formação proposto.
que orientam e concretizam as jovens e das jovens no futsal con-
ações de todo um sistema educa- temporâneo.
cional, com a articulação das ações
pedagógicas e administrativas, em
nosso caso de todo o sistema de
formação e preparação dos/das jo-
vens jogadores/ras proposto pelas Dimensão
instituições esportivas. psicológica
Classificar as equipes de base da Possuir uma jogadora da insti- Compor a equipe principal (adul-
Tabela 8 - (adaptado de Thiengo, 2019)
instituição entre as quatro pri- tuição convocada em cada cate- ta) com 30% (5) dos jogadores e/
meiras classificadas na principal goria das seleções nacionais de ou jogadoras oriundas das cate-
nacional. base feminina. gorias base da instituição.
104 105
Recursos estruturais, materiais,
humanos e financeiros
Recursos estruturais Recursos humanos
2 quadras de 40 m. de comprimento x 20 m. de pro- 6 treinadores/as, 6 auxiliares, 2 treinadores/as de go-
fundidade, 2 vestiários com capacidade para 30 pes- leiros/as, 2 coordenadores/as, 2 fisioterapeutas, en-
soas, 1 sala para reuniões, etc. tre outros.
Organograma institucional
Cargos e funções - Formação, competências (conceituais – saber sobre; procedimentais saber fazer e ati-
tudinais – saber ser), responsabilidades, carga horária de trabalho, remuneração, critérios de avaliação do
sistema de promoção e qualificação.
106 107
Apoio a inovação, tecnologia e Formação integral
desenvolvimento institucional
Educação formal Educação transversal
Inovação e tecnologia Desenvolvimento institucional
Acesso à educação formal (escolaridade). Programa de educação transversal.
Acordo de cooperação com universidades para análi- Programa de aproveitamento de água das chuvas,
Convênios com escolas e faculdades do munícipio, Curso de primeiros socorros, clínica de culinária, reu-
se estatística dos dados de controle da carga interna utilização de energia solar, entre outros.
oferecimento de transporte escolar, aulas de reforço niões com familiares, cursos de planejamento finan-
e externa manifestada e atribuída aos jogadores/as.
escolar e idiomas, entre outras medidas. ceiro, etc.
108 109
Tempo disponível
Número de microciclos por Número de sessões por Tempo de duração das sessões:
temporada: microciclo: • Categoria Sub-20 – 90 min.
• Categoria Sub-20 – 48 • Categoria Sub-20 – 6 • Categoria Sub-17 – 80 min.
• Categoria Sub-17 – 44 • Categoria Sub-17 – 5 • Categoria Sub-15 – 70 min.
• Categoria Sub-15 – 40 • Categoria Sub-15 – 4
Total: 77.760 min / 1.296 horas. Total: 35.200 min / 586 horas. Total: 22.400 min / 373 horas.
Perfil do egresso/a
O jogador ou a jogadora formado/a pela instituição deve compreender a importância da equipe para a comu-
nidade, sendo referência para os e as jogadores e jogadoras mais jovens. Deve ser versátil (atuando nas quatro
posições/funções), eficiente e atuar com paixão e inteligência
110 111
Dimensões do rendimento esportivo,
esferas do conhecimento e meios e
métodos
Dimensões do rendimento esportivo
A formação esportiva dos jogadores e jogadoras inseridas no futsal
juvenil/base se concretizará pelos conteúdos ministrados nas diferen-
tes dimensões do rendimento esportivo distribuídos pelas diferentes
fases/categorias do processo de formação.
Quadro 9 - Exemplos de objetivos e conteúdos nas diferentes dimensões do rendimento desportivo e esferas do conhecimento no currículo
para a formação de jogadores/as de futsal de alto rendimento na categoria Sub-20
112 113
Sistema de competições
Número, o tipo, a duração, o nível de dificuldade (regional, nacional e
internacional) e objetivos da atividade competitiva.
Categoria Sub-15 Categoria Sub-17 Categoría sub-20
1 competição regional (objetivo: 1 competição estadual (objetivo: 1 competição estadual (objetivo:
finalista) e 1 competição estadual semifinalista) e 1 competição na- semifinalista), 1 competição na-
(objetivo: semifinalista) – 30 jo- cional (objetivo: semifinalista) – cional (objetivo: semifinalista) e 1
gos/temporada. 45 jogos/temporada competição internacional (objeti-
vo: 2ª fase) – 60 jogos/temporada.
Método: antropométrico – mensuração das dobras Método: análise qualitativa – Princípios táticos
cutâneas e diâmetros ósseos específicos
114 115
O que sugerimos agora é que cada clube ou federação des-
creva cada um dos tópicos abaixo expostos a partir de sua
realidade. Trata-se de uma folha em branco a ser preenchida
de acordo com o contexto e a vocação de cada instituição.
Mãos à obra!
6
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Calendário esportivo, competição CONMEBOL e FIFA
120 121
CONMEBOL
DEPARTAMENTO DE
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