Patologia Do Sistema Digestrio
Patologia Do Sistema Digestrio
Patologia Do Sistema Digestrio
DIGESTÓRIO
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO
Tubo digestório: boca, cavidade oral, faringe, esôfago, intestino delgado, intestino
grosso, canal anal, ânus
ESÔFAGO
ESOFAGITES
-Designam-se as inflamações agudas ou crônicas do esôfago
ESOFAGITE INFECCIOSA
Viral
Fúngica
-Em geral causada por Candida spp. (normalmente integra a flora bucal)
ACALÁSIA
-Khalasis = afrouxar
-Dita secundária quando atribuível a uma doença de base, como infecção pelo
Trypanosoma cruzi (Chagas) ou diabetes (neuropatia autonômica)
-A perda da atuação neuronal inibitória sobre o esfíncter esofágico inferior leva a sua
hipertonia (disfagia), que favorece a dilatação mecânica progressiva do esôfago à
montante (megaesôfago)
ESÔFAGO DE BARRETT
-Metaplasia colunar observada no terço distal do esôfago, acima da junção
esofagogástrica
-Pode haver displasia de baixo ou alto grau associado (até 2% dos casos), a que se
associa maior risco de malignização
CARCINOMA ESCAMOCELULAR
ADENOCARCINOMA
ESTÔMAGO
-A lesão que leva à inflamação muitas vezes advém de insultos indiretos que
comprometem as defesas da mucosa, dando margem à auto agressão
-Podem observar-se desde erosões focais até ulcerções difusas da mucosa (úlceras de
estresse), com áreas de hemorragia e possível perfuração
-Pode acompanhar-se de esofagite e duodenite pela mesma causa
GASTRITE INFECCIOSA
-Principal entidade inflamatória do estômago (>90% das gastrites) e uma das mais
comuns doenças inflamatórias conhecidas
-Doença crônica e em geral subclínica (inclusive na fase aguda)
-Associa-se a risco aumentado (de até 70%) para malignidades gástricas
(adenocarcinoma, linfoma)
-A bactéria Helicobacter pylori (presente em até 80% da população) é implicada como
agente causal
GASTRITE AUTOIMUNE
-As células parietais sofrem agressão mediada por linfócitos T auxiliares, que leva à
progressiva destruição glandular e menor acidez da acidez gástrica, apesar de uma
hiperplasia reacional de células G (hipergastrinemia)
-Cronicamente pode culminar, pela deficiência imposta de fator intrínseco, com anemia
perniciosa (10-15% dos casos), além de neuropatias centrais e periféricas
GASTRITE QUÍMICA
-Doença induzida por drogas ou outros agentes químicos
-Associada principalmente ao uso de AINEs (45% dos usuários desenvolvem)
-Áreas de erosão e focos hemorrágicos podem ser observados, bem como ulcerração
da mucosa
ÚLCERA PÉPTICA
-Complicação possível (e potencialmente letal) das gastrites
-Pode cursar com hemorragia (20% dos casos) e / ou complicar com perfuração (5%
dos casos, causa mais comum de abdome agudo perfurativo)
-O duodeno proximal também é sítio frequente
PÓLIPO HIPERPLÁSICO
-Quase sempre observado no contexto de gastrite crônica por H. pylori (em especial se
havendo metaplasia e atrofia)
-Exibe potencial variável de evolução para malignidade (adenocarcinoma)
ADENOCARCINOMA
LINFOMA
-Possui pregas e vilosidades na superfície interna, que se revestem por epitélio simples
colunar microviloso, com células caliciformes
-É o principal sítio da digestão química e absorção
-Possui uma flora bacteriana abundante
-Superfície interna revestida por epitélio simples colunar, com marcante presença de
células mucossecretoras
ENTERITE VIRAL
-Classe mais comum de enterite (pode haver comprometimento cólico, em geral menos
importante)
-Norovírus (principal), rotavírus e adenovírus são agentes comuns
ENTEROCOLITE BACTERIANA
-Campylobacter jejuni, Salmonella spp. e Shigella spp. são os agentes mais comuns,
junto a alguns subtipos de E. coli
-Transmissão fecal-oral, pelo contato direto ou indireto (carne, ovos, leite e água
contaminada) com animais domésticos ou com pessoas infectadas
-Incubação de 1 a 10 dias
-Febre alta, leucocitose, dor abdominal e diarreia aquosa / sanguinolenta
RETOCOLITE ULCERATIVA
-Doença inflamatória crônica que compromete o colo e reto (40-50% reto /
retossigmoide, 10-20% todo o intestino grosso)
-Diagnóstico em geral entre 15 e 30 ou entre 60 e 80 anos
-Etiopatogênese complexa, compartilhada com a doença de Crohn
-Dor abdominal e diarreia mucossanguinolenta são típicas
-Na doença ativa, neutrófilos infiltram o epitélio das criptas (criptite), podendo formar
microabscessos
-Distorção da microarquitetura é característica (inflamação, reparo, fibrose, levando à
destruição / deformação das criptas)
-Não se observam granulomas
ADENOCARCINOMA COLORRETAL
-Neoplasia maligna mais frequente do intestino grosso
FÍGADO
HEPATITES
-Designam-se as inflamações agudas ou crônicas do fígado
-Principais causas (não raramente sobrepostas): infecções, álcool, medicamentos,
distúrbios metabólicos, autoimunidade
-Manifestações clínicas incluem icterícia, dor no hipocôndrio direito, hepatomegalia
-Elevação de transaminases séricas é caracterísca
HEPATITES VIRAIS
-Doenças primárias mais comuns do fígado (centenas de milhões de casos atualmente
no mundo)
-Problema global de saúde pública
-Causadas especialmente pelos vírus “A”, “B” e “C” (EBV, CMV e HSV são agentes em
potencial)
-Confirmação do diagnóstico é laboratorial (pesquisa de antígenos e anticorpos
específicos e DNA / RNA viral)
-Além das possíveis manifestações de hepatite, pode haver sintomas “gripais”
associados (febre, mioartralgias, prostração)
HEPATITE A
-Causada pelo vírus “A” (HAV), um vírus hepatotrópico de RNA da família picornavírus
-Transmissão em geral fecal-oral (más condições sanitárias)
-Áreas endêmicas em todo o mundo (1,4 milhão de casos / ano) - américa latina, áfrica,
arábia, ásia
-Acomete tipicamente crianças e jovens
-Incubação média de 30 dias
HEPATITE B
HEPATITE C
-Causada pelo vírus “C” (HCV), um vírus hepatotrópico de RNA da família flavivírus
-Transmitido por sangue contaminado
-Estima-se que 70 milhões de pessoas, no mundo, tenham infecção crônica pelo HCV
-Não há vacina, porém, o tratamento é potencialmente curativo
-Uso de drogas injetáveis e procedimentos (médicos ou não) com pérfurocortantes são
os meios de contaminação pelo HCV
-A transmissão sexual ou vertical é possível, mas menos frequente
-Incubação média de 60 dias
-A infecção pode gerar doença aguda ou permanecer subclínica (maioria)
-80-90% dos indivíduos desenvolvem doença crônica (investigam-se as razões para tal
proporção)
HEPATOPATIA ALCOÓLICA
-Importante causa de morbidade e mortalidade no mundo
-Infecção por vírus B e / ou C agravam a doença
-Maioria homens, porém mulheres são mais susceptíveis
-Em geral, evolução crônica
-Associada a prejuízos sistêmicos e psicossociais, gerando grande impacto à saúde /
economia pública
-O consumo de 80 g de álcool no intervalo de 1-7 dias já é capaz de provocar
alterações morfológicas no fígado
-O consumo prolongado (anos) pode acarretar danos drásticos e praticamente
irreversíveis (cirrose), além de aumentar o risco de doença maligna hepática
(carcinoma hepatocelular)
CIRROSE HEPÁTICA
-Complicação possível (e grave) das hepatopatias crônicas
-Associa-se principamente às hepatites alcoólica e por vírus B ou C
-Frequentemente presente no contexto de falência hepática crônica
-40% dos casos tardam a manifestar-se clinicamente
-As manifestações refletem a deterioração gradual das funções hepáticas e
complicações fisiopatológicas
Hipertensão portal
Varizes portocavais
Encefalopatia hepática
Ascite
HEMANGIOMA
-Neoplasia benigna mais comum do fígado
ADENOMA
-Neoplasia benigna do parênquima hepático
-90% dos casos em mulheres jovens (20-40 anos)
-Forte associação com uso de contraceptivos hormonais (risco aumentado em 40x) e
androgênios
-Crescentemente observado no contexto de hepatopatia gordurosa não alcoólica
(obesidade)
-Risco de malignização (~5% dos casos), especialmente em homens
-Em geral subclínico, mas pode cursar com dor abdominal aguda por hemorragia
intratumoral / peritoneal (potencialmente letal)
-Mutações nos genes HNF1alfa (mais comum) ou CTNNB1 (beta-catenina) estão
implicadas (a última mais associada à transformação malligna)
-Nódulo em geral solitário e com contornos bem definidos, menor que 2 cm (podendo
ultrapassar 10 cm)
-À microscopia, as células tumorais podem exibir esteatose e graus variados de atipia
CARCINOMA HEPATOCELULAR
-Neoplasia maligna mais comum do fígado (75% dos casos)
-Sexta malignidade (não cutânea) mais comum no mundo e a terceira com maior
mortalidade
-Maioria homens (quinta mais causa de morte masculina no mundo), com diagnóstico
em geral após os 60 anos
-Etilismo, tabagismo e obesidade são importantes fatores de risco
-Em geral, múltiplos cálculos de tamanhos variados (maioria até 0,5 cm),
multifacetados, filmes e quebradiços, amarelados ou pigmentados
-Subclínica na maioria dos casos (achado incidental), mas pode precipitar doenças
letais
Cálculos de colesterol
Cálculos pigmentados
COLECISTITE
-Designa-se a inflamação aguda ou crônica da vesícula biliar
-Em geral associada a colecistolitíase
COLECISTITE AGUDA
-Em geral (90%), precipitada por cálculo
-A obstrução por “lama biliar” e / ou excesso de muco podem justificar a doença na
ausência de cálculos (colecistite alitiásica)
-Casos brandos podem ser autolimitados, mas em geral há dor intensa e persistente (>
6 hrs), invocando conduta cirúrgica (doença potencialmente letal)
-Cálculo (s) impactado (s) no colo ou ducto cístico provocam aumento da pressão
intraluminal, favorecendo a isquemia da mucosa
-Sais biliares concentrados (pela estase biliar) agridem o epitélio
-A lesão à mucosa (hipóxia, sais biliares) deflagra inflamação, que gera edema e
intensifica o processo
COLECISTITE CRÔNICA
-Em geral assiciada à colecistolitíase
-Patogênese relacionada à agressão crônica por sais biliares concentrados e
obstruções parciais recorrentes
-A vesícula pode exibir paredes trabeculadas (hipertrofia) e / ou calcificadas (”em
porcelana”)
COLANGITE
COLANGITE INFECCIOSA
-Doença aguda, em geral observada no contexto de obstrução do ducto colédoco por
cálculo oriundo da vesícula biliar
-Principais agentes: E. coli (50%), Klebsiella spp. (~20%), Enterococcus spp. (~20%),
Enterobacter spp. (~10%)
-Mais comum entre 50 e 60 anos
COLESTASE
-Complicação possível de diversas doenças hepatobiliares
-Fluxo disfucional ou ausente da bile, com subsequente acúmulo de bilirrubina nas vias
biliares (e à montante)
-Manifestações incluem icterícia, colúria, acolia fecal, elevação de enzimas
canaliculares e hiperbillirrubinemia (predominantemente conjugada)
-Principais causas extra-hepáticas: litíase biliar (mais comum), colangites, neoplasias
periampulares (papila duodenal, cabeça do pâncreas), parasitoses (ascaridíase),
atresia biliar (infantes), iatrogênica
-Principais causas intra-hepáticas: hepatites virais, hepatite alcoólica, hepatites
medicamentosas (contraceptivos, androgênios), neoplasias hepatobiliares, sepse
PÂNCREAS
Características morfofuncionais
PANCREATITE AGUDA
ADENOCARCINOMA
-Principal malignidade do pâncreas, representa uma das mais letais neoplasias
conhecidas
-80% dos casos após os 60 anos
-Fatores de risco incluem tabagismo (principal), obesidade e consumo de carnes
vermelhas e processadas
-Pancreatite crõnica e diabetes associam-se a risco elevado (causalidade?)
-Doença insidiosa: ao manifestar-se (dor) em geral já á tumor ao menos localmente
avançado
-História familiar de câncer pancreático, mamário ou ovariano associa-se a maior risco
-Síncrome de Peutz-Jeghers associa-se a risco aumentado em 30%
-São frequentes as alterações do gene KRAS (até 95% dos casos), CDKN2A (até 95%
dos casos) e TP53 (até 75% dos casos)
-Em geral lesão sólida, mas pode ter aspecto cístico