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Comunicacao e Expressao

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Comunicação e Expressão

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Bem vindo(a)!

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), se você é alguém que gosta de estudar a língua portuguesa em


todos os seus aspectos, isso já é o início de uma grande caminhada que vamos fazer
juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento
sobre características da comunicação e formas de expressão abrangendo os mais
variados âmbitos.

Na Unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito de comunicação baseado


nas relações humanas, depois, ainda na mesma unidade falaremos sobre
Comunicação e interação pela linguagem e apontaremos os elementos de interação
para que seja possível o ato comunicativo.

Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os elementos de


comunicação e vamos conhecer os aspectos socioculturais da fala e da escrita.
Apontaremos, ainda, as relações e distanciamento entre oralidade e escrita,
evidenciando características pertinentes aos aspectos do texto oral e do texto
escrito, bem como sua utilização e diferenças evidentes.

Já nas Unidades III e IV vamos dar continuidade aos conceitos, mas focando nas
questões formais do uso da língua portuguesa, trazendo a Frase como unidade de
composição, o Texto como unidade de sentido e o Gênero discursivo como produto
da interação verbal.

Na unidade IV nalizaremos nosso assunto sobre comunicação e expressão com o


foco em produção textual, principiando pelos Critérios de textualidade, para que seja
possível entender como se dá a construção textual, e depois partindo para os
aspectos gerais de textos escritos e orais da esfera acadêmica, evidenciando suas
características e respectivas diferenças.

Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro ssional. 

Muito obrigado e bom estudo!


Unidade 1
Conceitos de Comunicação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo
conhecimento.

Nesta unidade vamos conhecer o conceito de comunicação e linguagem, passando


pelos caminhos das funções da linguagem e embarcando nos estudos de Jakobson,
linguista do século XX.

Por meio dos seus estudos pudemos conhecer os elementos essenciais do processo
de comunicação e nos aprofundarmos no que temos hoje sobre referência na
temática.

Bons estudos e vamos nessa!


Comunicação nas Relações
Humanas

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Comunicação pode ser entendido como todo o processo em que há troca de
informações entre duas ou mais pessoas. Temos comunicação em todos os lugares,
seja por meio de publicidades expostas nas ruas, nos smartphones, na internet de
modo geral, na tv, en m, respiramos comunicação.

Mas quando pensamos em comunicação entre pessoas que convivem ou que


estabelecem algum vínculo de contato, temos as relações humanas, ou
interpessoais, que pode ser no ambiente de trabalho, escolar, acadêmico, familiar,
amoroso etc.

O processo comunicativo mostra que para que haja interação e reconhecimento da


mensagem, é necessário relação. Quando se fala em relação pode-se apontar as
mais variadas formas de se relacionar e de se fazer entendido em um ato
comunicativo, a nal, relação é o re exo de interação que há entre pessoas, e pessoas
possuem as mais variadas formas de se expressar.

SAIBA MAIS
Já parou para pensar qual é a diferença entre os dois termos?

É notório que o tempo todo a sociedade está exposta a um bombardeio


de informações, e quando se fala em informação pode-se citar os mais
variados meios e formas para que esta se propague.

A propaganda existe para propagar uma ideia e a publicidade tem o


objetivo de fazer com que um produto ou serviço seja vendido. Baseado
nesses conceitos é possível perceber como dia após dia há uma
exposição exacerbada de fotos, vídeos, textos, imagens e todo e
qualquer tipo de conteúdo que é possível compartilhamento.

Tudo é comunicação, mas cada um deles cumpre com o seu objetivo.


Enquanto a propaganda visa passar informações, a publicidade visa a
venda, o lucro.

Fonte: a autora.

As relações interpessoais podem ser entendidas como aquelas em que se


estabelecem trocas, sejam de experiências, de mensagens, de atos, de diálogos e de
todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação. Mantém-se relação
afetiva, amorosa, pro ssional e pessoal, e entre todas não há como classi car o grau
de importância, todas são, em algum momento, importantes nas suas devidas
proporções e intensidades.

Por isso, manter uma relação é viajar no interior do outro, é tentar se fazer entendido
quando o processo de conhecimento do lado de lá está apenas em seu início e para
que a comunicação se estabelece é necessário, segundo Sabino (2017, on-line), a
empatia, entre outras coisas:

As principais diretrizes para a comunicação e ciente são empatia, para


isso o emissor precisa entrar ‘inteiro’ no processo comunicativo e o
mesmo também precisa ser sensível ao comportamento do receptor. O
processo de comunicação necessita, no mínimo, de seis elementos:
emissor, mensagem, receptor, referência, canal e um código conhecido
por ambos.

O caminho, então, para o sucesso das relações interpessoais é entendido quando o


processo comunicativo consegue desenvolver-se do início ao m sem que haja
quebra ou ruídos que o impeçam de acontecer, assim, a mensagem será passada de
forma clara e e caz.

Entendamos como ruído tudo o que for capaz de atrapalhar o processo


comunicativo. Podem ser situações simples, como barulho, conversas, trânsito,
música alta, ou algo mais grave, como defeitos em aparelhos eletrônicos, ou mesmo
problemas auditivos. Em qualquer uma das situações apresentadas há ruídos, há
algo que está atrapalhando o sucesso da mensagem, por isso, ela não chega com
e ciência ao seu destino nal.

Pensando no âmbito corporativo, é preciso entender que as camadas e setores de


uma empresa precisam estar sempre em harmonia para que essa relação
interpessoal seja feita de forma natural e positiva, a nal todas elas são formadas por
colaboradores com intenções e opiniões diversas e é aí que o trabalho em equipe
deve acontecer de forma que bene cie a todos.

Quando os colaboradores se sentem bem no ambiente em que trabalham, têm


acesso aos seus superiores de forma respeitosa e mantêm a hierarquia em
funcionamento, tudo se estabelece de maneira saudável, pois a comunicação não
foi afetada e é possível avaliar onde os erros estão acontecendo e traçar estratégias
para que os problemas sejam resolvidos.

Nas suas devidas proporções, cada empresa deve manter esse ato comunicativo e
essa abertura de diálogo entre seus colaboradores, para que problemas maiores e
futuros sejam resolvidos ainda na sua origem.
Comunicação e Interação
pela Linguagem

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A comunicação por meio da linguagem pode acontecer das mais variadas maneiras.
Primeiramente, vamos conceituar linguagem: tudo o que fazemos com o objetivo
de emitir uma informação, pode ser gesto, palavra, sons, imagens etc.

Se temos vários tipos de linguagem, signi ca que temos várias opções de


comunicação ou várias maneiras de estabelecer essa comunicação, tudo vai
depender do contexto inserido.

Vamos pensar na língua portuguesa como se fosse uma roupa. Se você está se
preparando para uma festa de gala, vai trajar as peças necessárias para tal evento,
mas se o seu evento for casual, você usará peças que correspondam com a realidade
do que você participará.

Assim também acontece com a nossa forma de comunicar e de se expressar, se


você está em uma conversa entre amigos, se sentirá mais à vontade, já em um local
que exija um discurso formal, sua postura será diferente.

Em língua portuguesa temos o estudo das funções da linguagem, tais funções


existem para que sejam analisados o ponto de partida de quem produz a
mensagem e cada uma delas possui um objetivo.

No tópico seguinte vamos conhecer um pouco sobre os elementos essenciais do


processo de comunicação, tais elementos estão diretamente ligados às funções da
linguagem que vamos conhecer agora. Vejamos:

A nível de curiosidade (pois o aprofundamento se dará a seguir) os elementos


essenciais são: emissor, receptor, mensagem, código, canal e referente.

As funções da linguagem são:

Função referencial: tem como objetivo informar, seu foco está no contexto da
situação;
Função emotiva: está diretamente ligado ao emissor, pois é ele quem produz a
emoção do que será dito;
Função apelativa: como o próprio nome diz, apela para algo, tenta convencer
sobre alguma coisa;
Função poética: é a escolha das palavras certas para produzir o efeito poético
nos textos;
Função metalinguística: tenta explicar o código através dele mesmo, o melhor
exemplo é o dicionário... palavras falando de palavras;
Função fática: é a conversa “de elevador”, “de la do banco”, aquela rápida e
que fazemos por educação no dia a dia.

Cada uma das funções está associada com os elementos da comunicação que
vimos. Vejamos na gura a seguir de forma mais clara:
Figura 1 - Funções da Linguagem x Elementos da Comunicação

Fonte: a autora.

Fica evidente, portanto, que as funções da linguagem estão diretamente ligadas aos
elementos da comunicação, por isso, usamos todos os dias e a todo o momento sem
perceber.

O que não se pode deixar de analisar, na verdade, é a forma como cada uma dessas
funções da linguagem estão sendo usadas no dia a dia. Ouvir com calma o que o
outro tem a dizer antes de responder é sempre uma boa alternativa para que não
haja problemas na comunicação e nenhum tipo de equívoco de interpretação.

Podemos tomar como lição, ainda, a antiga brincadeira infantil “telefone sem o”
para entender como os ruídos podem atrapalhar também o processo comunicativo.
Por isso, é sempre bom manter a calma, falar devagar e tentar passar para frente
apenas o que você tem certeza que é verdade.
Elementos da Interação
pela Linguagem

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Falar em comunicação é sempre uma atividade de re exão e busca por conceitos,
a nal encontramos informações o tempo todo, em todos os lugares e das mais
variadas maneiras.

Mas já parou para pensar como se dá esse processo de troca de informações? Para
que você receba uma mensagem é preciso que alguém tenha enviado esse
conteúdo. Isso acontece tão automaticamente desde que nascemos que,
possivelmente, você nunca tenha parado para analisar de onde vem esse processo
comunicativo ou como ele funciona de fato.

Antes de nos aprofundarmos no assunto vamos ver o que o dicionário on-line


Michaelis nos traz como de nição para a palavra linguagem: “qualquer meio
sistemático de comunicar ideias ou sentimentos por meio de signos convencionais,
sonoros, grá cos, gestuais etc.” ou ainda “Conjunto de sinais falados, escritos ou
gesticulados de que se serve o homem para exprimir esses pensamentos e
sentimentos”.

Diante das de nições que acabamos de saber ca evidente que linguagem é tudo o
que podemos usar para nos comunicar, emitir e receber mensagens.

REFLITA
“O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito” (Peter
Drucker).

No nal da década de 1960, um linguista russo chegou ao Brasil e começou seu


contato com a Língua Portuguesa, Roman Jakobson deixou um legado
importantíssimo de estudos e é considerado um dos mais importantes nomes da
linguística do século XX. A partir de seus estudos foi possível identi car como se
organizava esse processo comunicativo e principalmente como as funções da
linguagem seriam estabelecidas.
Para estabelecer as funções da linguagem, Jakobson tomou por
referência três funções básicas da língua propostas por Karl Buhler -
função expressiva; função conativa; função de representação -, e
também os fatores constitutivos do ato de comunicação verbal. Como
fatores constitutivos, o linguista apresenta: 1) remetente (codi cador);
2) mensagem; 3) destinatário (decodi cador); 4) contexto (ao qual se
faz referência durante a comunicação e deve ser de possível
compreensão ao destinatário); 5) código (deve ser parcial ou totalmente
comum ao remetente e ao destinatário); e, 6) contato (canal físico a
partir do qual se estabelece a comunicação; envolve também uma
conexão psicológica entre remetente e destinatário) (WINCH;
NASCIMENTO, 2012, p. 221).

Vamos agora conhecer com mais detalhes cada um desses seis itens estabelecidos
por Jakobson:

1) O remetente ou emissor (codi cador)

Entende-se remetente como o indivíduo, grupo ou até mesmo organização que


deseja se comunicar, em outras palavras é aquele que vai, de fato, emitir uma
mensagem. Essa preparação da mensagem, inserção no meio correto, forma como
ela se organizará e todos os elementos que a compõe diz respeito somente ao
remetente, ou seja, a quem vai se pronunciar a respeito de algo. 

2) Mensagem

A codi cação é mais um dos elementos essenciais, é por meio dela que a
mensagem, através de códigos e símbolos, é elaborada, podendo ser transmitida.
Vale lembrar que quando se fala em códigos e símbolos fala-se em tudo que pode
ser passível de entendimento, nisso inclui-se: palavras, números, imagens, sons ou
gestos e movimentos físicos. 

É nesse momento que o emissor codi ca, ou seja, transforma a mensagem em


símbolos que o receptor seja capaz de decodi car, que é o entender de forma
correta e adequadamente – emissor e receptor devem atribuir o mesmo sentido aos
símbolos. 

3) Destinatário ou receptor (decodi cador)

Já a decodi cação é o processo pelo qual aquele que recebe a mensagem, chamado
de destinatário ou receptor, interpreta, ou seja, decodi ca os símbolos existentes
que dão origem à mensagem.
Ele utiliza seu conhecimento a sua experiência para entender os
símbolos da mensagem; em alguns casos, pode consultar uma
autoridade, como um dicionário ou um livro de códigos. É somente no
estágio da decodi cação que o receptor se torna mais ativo. O
signi cado que ele atribui aos símbolos pode ser igual ou diferente
daquele planejado pelo emissor. Se os signi cados diferirem, a
comunicação é quebrada e a má interpretação, provável. (LACOMBE,
2005, p. 15).

É ele que de fato recebe a mensagem, esse recebimento pode ser intencional ou
não.

4) Contexto ou referente

O referente é tudo o que está em torno da mensagem e deve ser de conhecimento


de destinatário e remetente. A mensagem só será de fato completa se os dois
compartilharem do mesmo entendimento.

5) Código

É a maneira pelo qual a mensagem se organiza, ou seja, pode ser através de palavras
(escritas ou faladas), gestos, expressões faciais ou corporais, mímica etc.

6) Canal

Outro fator determinante no processo comunicativo é a transmissão que, em termos


gerais, pode ser entendido como o processo pelo qual os símbolos que representam
a mensagem são mandados ao seu receptor. 

Há ainda a possibilidade de denominar transmissão como canal, ou seja, trata-se do


meio em que a mensagem se organizará para chegar ao seu receptor. O canal pode
ser entendido como as mais variadas formas de caminho com diferentes
capacidades de transmissão de informações, como exemplo: bilhete de papel,
mensagem em rede social, mensagem via SMS, diálogo, conversa em grupo etc.

Veja na Figura 2 como esses elementos se relacionam:


Figura 2 - Elementos essenciais do Processo de comunicação

Referente

Remetente Mensagem Destinatário

Canal

Código

Fonte: a autora.

Fica evidente, portanto, que para que seja possível uma comunicação completa e
e caz todos os seis elementos estipulados por Jakobson precisam estar em
harmonia. Quando um deles não se encaixa no todo há uma quebra no processo
comunicativo e a mensagem é quebrada, chegando de forma equivocada,
causando ambiguidade, interpretações erradas, entre tantos outros problemas
sérios que podem acontecer por falta de uma comunicação e caz.

Por isso, é extremamente importante que a comunicação nas relações pessoais,


principalmente familiar e pro ssional, se estabeleça adequadamente evitando
prejuízos dos mais variados.
Conclusão - Unidade 1

Nesta unidade conhecemos os conceitos de comunicação e linguagem e pudemos


aprender também sobre a teoria de Jakobson e como sua contribuição para aos
estudos da comunicação foi importante.

As funções da linguagem estão diretamente ligadas com os elementos essenciais do


processo de comunicação, cada um deles faz referência a um elemento e se
completa de alguma forma no ato comunicativo.

Espero que este tenha sido um tempo de bons estudos e aprendizado.

Até mais!

Leitura complementar
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você
quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o
nome?
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"
"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."
"Pois não?"
"Um... como é mesmo o nome?"
"Sim?"
"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma
coisa simples, conhecidíssima."
"Sim senhor."
"O senhor vai dar risada quando souber."
"Sim senhor."
"Olha, é pontuda, certo?"
"O quê, cavalheiro?"
"Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz
uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe,
entende? Na ponta tem outra volta, só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma
espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a
pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, ca fechado. É isso. Uma coisa
pontuda que fecha. Entende?"
"Infelizmente, cavalheiro..."
"Ora, você sabe do que eu estou falando."
"Estou me esforçando, mas..."
"Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?"
"Se o senhor diz, cavalheiro."
"Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso
não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero."
"Sim senhor. Pontudo numa ponta."
"Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?"
"Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem
sabe o senhor desenha para nós?"
"Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma
negação em desenho."
"Sinto muito."
"Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou
um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome
desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números.
Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por
exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como
você está pensando."
"Eu não estou pensando nada, cavalheiro."
"Chame o gerente."
"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa
coisa que o senhor quer, é feito do quê?"
"É de, sei lá. De metal."
"Muito bem. De metal. Ela se move?"
"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim,
dobra aqui e encaixa na ponta, assim."
"Tem mais de uma peça? Já vem montado?"
"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."
"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo,
vem vindo, outra volta e clique, encaixa."
"Ah, tem clique. É elétrico."
"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."
"Já sei!"
"Ótimo!"
"O senhor quer uma antena externa de televisão."
"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."
"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"
"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você en a a
ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma
coisa."
"Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um
gigantesco al nete de segurança e..."
"Mas é isso! É isso! Um al nete de segurança!"
"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"
"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?"

Fonte: Veríssimo (1982, p. 35-37).

Livro

Filme
Unidade 2
Linguagem Oral X
Linguagem Escrita

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo
conhecimento.

Nesta unidade vamos conhecer o conceito de comunicação e linguagem e também


a diferença da linguagem oral e escrita, bem como entender a origem da escrita e
como ela está diretamente relacionada à fala no processo comunicativo.

Pensar em comunicação e expressão é pensar e analisar como as linguagens verbais


e não verbais se relacionam e como essa aplicação acontece em sala de aula. Por
isso, teremos nesta unidade dicas de como analisar textos da oralidade e textos
escritos.

É importante, portanto, lembrar que essa mistura dos gêneros textuais é


importantíssima para que o processo de ensino e aprendizagem seja ainda mais
completo.

Bons estudos e vamos nessa!


Aspectos Socioculturais da
Fala e da Escrita

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A origem da escrita é datada em 3500 anos a.C. e seus primeiros registros podem ser
encontrados na Mesopotâmia com a escrita cuneiforme, como ficou conhecida. Um
emaranhado de símbolos e figuras que deram início à escrita e que foi fundamental
para os registros da época. Sua principal função era registrar tudo que estava
relacionado à administração e contabilidade, e seus mais de dois mil símbolos eram
fundamentais para tais registros.

Um pouco depois da escrita cuneiforme, é inventada a escrita egípcia,


os hieróglifos. Hieróglifo (ηιερογλυφικοσ) quer dizer, literalmente, gravura
sagrada. A escrita nasce, no Egito, não a serviço do comércio, como
aconteceu com outras escritas, mas de um poder onde o religioso e o
político são indissociáveis; lá, é considerada como um dom de Deus e
uma vocação que garante a ordem do mundo (ROJO, 2006, p. 12).

Tempos depois, a escrita egípcia nasce com o objetivo religioso, não comercial como
se tinha até então. Essa transformação da história da humanidade foi um verdadeiro
divisor de águas, afinal o que temos de registros mais precisos hoje foram aqueles
que passaram a ser registrados pós-escrita.

Já a escrita como transcrição ou representação da fala se deu ao longo dos tempos


com a tentativa de representar aquilo que se queria dizer, essa evolução no processo
de comunicação foi, obviamente, sendo modificada e se alterando ao longo dos
anos.

O que de fato nos interessa aqui é a forma como a escrita acontece no processo de
ensino aprendizagem e como a fala está aliada em todo esse contexto
comunicacional.

Tudo se passa como se a escrita já tivesse sido inventada antes de ser


posta em relação com a língua, antes de ser fonetizada: o advento da
escrita é o advento de algo que já é a escrita (considerando que a sua
característica fundamental é o isolamento de um traço significante
através da grafia) e que, depois de uma evolução lenta e descontínua,
acaba por poder servir de suporte ao som (BARTHES; MARTY, 1987, p.
32).

Em termos gerais podemos dizer que a fala e a escrita são elementos da


comunicação que se estabelecem da seguinte maneira:

Modalidade oral e escrita;


Registro formal e informal;
Variedade padrão e não-padrão.

Por meio das modalidades podemos identificar a linguagem expressa da seguinte


maneira:

Oral: linguagem falada (espontânea);


Escrita: linguagem que se utiliza de signos (planejada).

Quando falamos sobre registros estamos nos referindo ao:

Formal: normalmente utilizado na escrita, mas há casos em que se utiliza a


formalidade, como um discurso presidencial, por exemplo;
Informal: a conversa do dia a dia, a troca de informações com pessoas que você
convive e que não há exigência de formalidade.

Já sobre a variedade, temos:

Padrão: que é aquele estabelecido pela gramática e chamado também de


norma culta, possuindo maior prestígio social;
Não padrão: que é a linguagem do dia a dia e que não se remete à gramática
para as construções.

Outra forma de conhecermos os aspectos socioculturais da língua é entendendo


algumas variações que ela tem. Vejamos:

Variação histórica: como o próprio nome sugere, é aquela que sofreu


variações e se transformou ao longo do tempo. Temos vários exemplos desse
acontecimento, como as palavras: pharmácia/ farmácia; vosmecê/você; entre
tantas outras;
Variação Regional: de acordo com determinada região é possível identificar
diferença no uso de algumas palavras, como, por exemplo: a palavra mandioca,
que em certas regiões é usada como macaxeira; e abóbora, que é conhecida
como jerimum;
Variação Social: pertence a um grupo seleto e específico de pessoas, ou seja,
corresponde às gírias e costumes de um determinado grupo, e também pode
ser uma linguagem utilizada pelas pessoas de maior prestígio social. Nesse
aspecto da variação encontramos os jargões, que pertencem a uma classe
profissional mais específica, como, por exemplo, os médicos, os profissionais da
informática, policiais etc.

É válido ressaltar que a linguagem escrita e a linguagem falada se difere quanto ao


seu uso, ou seja, enquanto uma é individual (fala) a outra é social (escrita), mas
veremos tais informações com maior precisão nos próximos tópicos.

REFLITA
“Morre lentamente quem não muda de marca, não se arrisca a vestir
uma nova cor ou não conversa com quem não conhece” (Martha
Medeiros).
Relações e Distanciamento
entre Oralidade e Escrita

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Falar em oralidade e escrita é muito bom para que seja possível identi car o que é
característica de um tipo de texto e de outro. Primeiramente, vamos de nir a
oralidade e a escrita enquanto comunicação:

Oralidade: forma de se comunicar por meio da fala, expondo opiniões,


argumentos e considerações sobre um determinado assunto e em um
determinado contexto comunicativo. É espontânea, requer domínio apenas da
fala e é preciso que o receptor da mensagem esteja dentro do contexto da
mensagem para que haja entendimento;
Escrita: no contexto comunicativo a escrita é tudo aquilo que se utiliza de
palavras escritas, seja um bilhete, um texto maior, uma narração ou qualquer
elemento que faça uso de palavras. A combinação de várias palavras dá origem
a uma frase/oração, várias frases a um parágrafo e vários parágrafos em um
texto.

A principal diferença, então, da linguagem oral e da linguagem escrita é que na


oralidade usamos a fala e na escrita usamos palavras para que haja comunicação.

Pensando no contexto escolar, em que há o aprendizado de tipos de textos e


linguagens, as linguagens oral e a escrita se distanciam pelas suas características,
mas se unem no ato comunicativo.

Temos, então, dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal:

Linguagem verbal: é aquela em que se utilizam palavras para o ato


comunicativo, pode ser expressada através da fala ou da escrita, por um
diálogo ou por um bilhete, en m, tudo o que se utiliza palavras como principal
meio de comunicação;
Linguagem não verbal: já a linguagem não verbal é aquela em que há o
processo comunicativo, há contexto e referente, mas não há utilização de
palavras como forma de transmissão de informação. A linguagem não verbal
acontece muito quando:
Não é viável a escrita em determinadas situações, como as placas de trânsito e
o semáforo;
Expressões faciais;
Gestos;
Mímicas;
Fotos;
Imagens;
Desenhos.

Ou seja, a linguagem não verbal pode ser utilizada em situações em que não é
recomendado o uso de palavras ou mesmo quando não há condições de seu uso,
seja por qual motivo for.
Portanto, a relação entre a oralidade e a escrita se estabelece em determinadas
situações. Se o foco do estudo e da análise for uma situação de comunicação, como
um diálogo, por exemplo, será possível identi car o uso da linguagem oral e verbal
através das palavras, bem como em momentos especí cos o uso da linguagem não
verbal através de expressões e gestos. Pode acontecer ainda, e é muito comum
durante um diálogo, que haja mistura dos dois tipos de linguagem, enquanto se fala
algo, se representa com mímica ou enfatiza com gestos e expressões durante a fala.

Já quando o foco de estudo e de análise for textual, pensando agora em um


contexto escolar, o que se deve sempre levar em consideração é que os textos
escritos possuem suas características voltadas para a gramática tradicional ou a
gramática normativa.

Nessa gramática, as regras que se exigem na construção do texto se baseia


normalmente em:

Coesão;
Coerência; 
Intertextualidade; 
Denotação; 
Conotação; 
Figuras de linguagem;
Figuras de pensamento.

Esses itens são imprescindíveis para a construção correta do seu texto, seja de qual
gênero ou tipo for. É válido ressaltar que temos:

Tipos textuais:

Narração;
Descrição;
Dissertação;
Injuntivo.
Gêneros textuais:

Artigo de opinião;
Autobiogra a;
Biogra a;
Carta de leitor;
Carta de solicitação;
Conto de fadas;
Conto maravilhoso;
Conto;
Curriculum vitae;
Diário;
Editorial;
Ensaio;
Entrevista;
Fábula;
Lenda;
Ficção cientí ca;
Palestra;
Piada;
Regulamento;
Relato de viagem;
Relato histórico;
Relatório cientí co;
Resenhas críticas;
Romance

Percebe-se, portanto, que os tipos são apenas quatro, mas os gêneros são in nitos e
estão diretamente relacionados aos tipos, por exemplo, a Fábula é um gênero
textual que pertence ao tipo “narração”.
Aspectos do Texto Oral e
do Texto Escrito

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Estudar os gêneros textuais e os tipos de textos na escola é sempre um grande
desa o, a nal são inúmeras opções e formatos que podemos trabalhar em sala de
aula e abordar os seus mais variados aspectos.

Mas quando falamos em texto, talvez a primeira ideia que nos venha à mente são as
características do texto narrativo, que acaba sendo um dos mais usados, de fato, em
sala. Mas e os textos orais? Você tem proximidade com os gêneros que pertencem a
essa esfera?

Muitas vezes o material que nos é proposto para trabalhar em sala nos engessa e
não permite muitas aberturas, mas quando há possibilidades de incorporar outros
gêneros textuais, ou mesmo realizar uma boa mistura do verbal e do não verbal,
certamente teremos um resultado no mínimo interessante.

O texto oral é aquele do dia a dia, é a conversa, a troca de informações, as histórias


que as crianças – principalmente as do ensino fundamental I – adoram contar,
aquilo que vivenciaram e aquilo que gostam de compartilhar. Mas enquanto tipos
de texto, temos o seminário, por exemplo, como um texto da oralidade. O que não se
pode em momento algum é desprezar os tipos de textos que existem da linguagem
oral e achar que, por serem exatamente da oralidade, não depreendem regras ou ao
menos instruções.

Outro fator importantíssimo e que merece nossa atenção é sempre levar em


consideração o conhecimento empírico, prévio, a bagagem que seu aluno traz de
casa, sua forma de pensar, agir e, consequentemente, transposto no seu falar e
maneira de se expressar.

Por isso, temos a realidade da escola em que:

[...] O uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de


variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca
preconceitos linguísticos e leva a di culdades de aprendizagem, já que
a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmente
prestigiada (SOARES, 1989, p. 17).

Há aqui um delicado e tênue limite entre o que é “certo e errado”. Essa concepção se
dá através do estudo da Gramática normativa que temos no ambiente escolar. Tais
regras se estabelecem para que a forma padrão da língua portuguesa seja
aprendida pelos alunos e colocada em prática na construção de textos escritos,
normalmente tudo o que é padrão e formalizado, como documentos, redações,
processos de seleção de vestibulares e concursos.

O que acontece, de fato, é que os alunos têm acesso durante sua vida escolar, a
partir das regras gramaticais, às divisões em classes e todas às características e pré-
requisitos que a língua exige na construção textual.
Com o surgimento dos estudos do texto, o enfoque vai deixando de
xar- se apenas no produto e se desloca para o processo. A linguagem
deixa de ser vista como mera verbalização e passa a ser incorporada,
nas análises textuais, a observação das condições de produção de cada
atividade interacional. A elaboração do texto escrito – assim como do
oral – envolve um objetivo ou intenção do locutor. Contudo, o
entendimento desse texto não diz respeito apenas ao conteúdo
semântico, mas à percepção das marcas de seu processo de produção.
Essas marcas orientam o interlocutor no momento da leitura, na
medida em que são pistas linguísticas para a busca do efeito de
sentido pretendido pelo produtor (PAULA, 2018, on-line).

Portanto, ca evidente que os aspectos dos textos orais se diferenciam dos textos
escritos. Enquanto na oralidade temos alguns tipos de textos mais voltados para o
público, na escrita essas características aumentam. Vejamos alguns tipos de gêneros
orais:

discussão em grupo: coloca-se um tema em discussão e os integrantes do


grupo expõem sua opinião baseados em argumentos;
exposição oral: normalmente acontece de forma individual e há a exposição
sobre um assunto que foi estudado previamente, pode ser utilizado em
ambiente corporativo ou acadêmico;
seminário: muito utilizado na apresentação de trabalhos acadêmicos ou
escolares, o seminário possui características especí cas em que são avaliados:
postura, tom de voz, organização do conteúdo pelo grupo etc.;
entrevista oral: perguntas e respostas, elas podem se dividir em espontâneas
ou direcionadas através de perguntas previamente formuladas pelo
entrevistador;
debate regrado: com um mediador sempre à frente, o debate possui temática
especí ca e tem o objetivo de expor um assunto de interesse coletivo.

Já os textos escritos são vários e as características mudam de acordo com a


nalidade e o objetivo de cada um deles. Vejamos alguns:

narração: os textos narrativos podem se subdividir em romance, novela, conto,


crônica, fábula, parábola, entre outros. Cada um deles possui características
distintas, mas a base é a narração, é o contar algo;
descrição: detalhamento de um personagem, de um cenário ou mesmo de
um acontecimento. Essa descrição pode ser ainda física ou psicológica, tudo
depende de quem conta e de qual ângulo está observando os acontecimentos;
injuntivo: e o texto instrucional, normalmente encontrado em bulas de
remédios, manuais de produtos novos, editais etc.;
dissertação: argumentativo ou expositivo, é o tipo de texto mais solicitado em
vestibulares e no ENEM. Dissertar é o mesmo que “falar sobre”, seja apenas
expondo ou argumentando sobre a temática.
Os textos orais e escritos se diferem por terem objetivos distintos, mesmo dentro das
características de um ou de outro, os objetivos são muito especí cos e a sua
utilização também.

Portanto, os gêneros e tipos textuais são muito diferentes e usados para nalidades
especí cas, tudo depende do seu objetivo.
SAIBA MAIS
Língua falada e língua escrita

Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de
comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de
uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é
acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-
se sionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não
conta com o jogo sionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.

No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem


usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles,
destacam-se:

Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por


um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil.
Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua.
No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a
língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada
por um cidadão do interior do estado.

Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um


indivíduo também são fatores que colaboram para os diferentes usos
da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira
diferente da pessoa que não teve acesso à escola.

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a


situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos
amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura.

Fatores pro ssionais: o exercício de algumas atividades requer o


domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas.
Abundantes em termos especí cos, essas formas têm uso
praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos,
pro ssionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos,
linguistas e outros especialistas.

Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre in uência de


fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da
mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e
linguagem adulta.
Fonte: Só Português (2020, on-line).
Conclusão - Unidade 2

Nesta unidade pudemos conhecer um pouco sobre a diferença da linguagem oral e


escrita, bem como entender a origem da escrita e como ela está diretamente
relacionada à fala no processo comunicativo.

Pensar em comunicação e expressão é pensar e analisar como as linguagens verbais


e não verbais se relacionam e como essa aplicação acontece em sala de aula.

Trabalhar gêneros textuais orais requer atenção quanto as características, a nal os


gêneros voltados para a escrita sempre foram os mais comuns e trabalhados no dia a
dia escolar.

Por isso, é importante fazer essa mistura dos gêneros textuais para que o processo de
ensino e aprendizagem seja ainda mais completo.

Leitura Complementar
Características da oralidade

Ideia de maior proximidade entre locutor e receptor;


Relação direta entre falantes;
Contexto interfere;
Uso de recursos extralinguísticos, tais como: gestos, expressões faciais, postura,
entonação;
Possibilidade de refazer a mensagem, caso não seja interpretada
adequadamente;
Transmissão maior de ideias, re exões e emoções;
Preocupação maior com a assimilação da mensagem do que a forma que ela
será transmitida;
Características da escrita

Segue as normas cultas de linguagem padrão do idioma;


Objetividade e clareza nas ideias;
Registro documental;
Rigor gramatical;
Apuração do vocabulário;
Exigência de elaboração e esforço de apresentação;
Busca evitar a ambiguidade;
Prevê questionamentos e explora abrangência nas ideias para sanar dúvidas;

Fonte: Cegalla (2008).

Livro
Filme
Unidade 3
Questões Formais no Uso
da Língua Portuguesa

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo
conhecimento.

Nesta unidade vamos conhecer o conceito de frase, oração e período, bem como
entender como essas diferenças são fundamentais na construção do sentido.

Veremos ainda sobre o texto e o sentido no que diz respeito aos critérios de
construção textual, o que usar e não usar, como e quando aplicar algumas
características. Os vícios de linguagem, denotação, conotação, ambiguidade entre
tantos outros elementos pertinentes à construção textual.

Por m, vamos conhecer os conceitos de Mikhail Bakhtin e suas de nições sobre os


gêneros do discurso, bem como sua aplicabilidade na prática.

Bons estudos e vamos nessa!


Compreender como se dá o
processo comunicativo.
A Frase como Unidade de
Composição

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
O estudo da língua é dividido em partes e cada uma delas é responsável por uma
característica especí ca na estrutura do todo. A língua se organiza em cinco áreas,
sendo: a fonética, fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. A fonética se divide em
três partes, que estudam: o aparelho fonador, onde o som é produzido; a variedade
de sons que podem ser produzidos e o signi cado desses sons. Já a fonética é o
conjunto da anatomia humana com os sons dos signos.

A fonologia, por sua vez, estuda o valor que o som tem para a sociedade, é funcional.
A morfologia estuda o processo de formação das palavras, a divisão das classes
gramaticais.

A sintaxe é responsável pelo estudo da organização das frases, em outras palavras é


a parte da língua que se apropria das combinações entre as classes gramaticais. E a
semântica estuda o signi cado de cada palavra no processo de comunicação, mas
nos aprofundaremos sobre tais questões mais adiante.

Unidades de composição podem ser entendidas como tudo aquilo que se agrupa
para a construção do texto, em outras palavras, podemos de nir como os itens que
constituem e constroem o texto pouco a pouco. Temos, então, nessa construção a
frase, a oração e o período que, juntos, compõem o todo de um texto. Veremos a
seguir suas características.

Frase
A frase pode ser entendida como um enunciado que tem a capacidade de
transmitir um sentido, um signi cado diante de um determinado contexto
comunicativo, que chamamos de interação verbal.

Observe alguns exemplos de frases curtas:


– Ai!

– Socorro!

– O quê?

– Silêncio

– Pare!

– Que tragédia!

– Como assim?

– Fogo!

Essas frases, em sua grande maioria, são formadas por uma ou duas palavras.
Portanto, podemos de nir frase como uma unidade mínima de signi cação e
contexto.

Principais características das frases


É marcada por pontuação no nal, às vezes ponto nal, exclamação ou
interrogação;
A entonação na oralidade é muito importante para que haja entendimento;
A expressividade que se coloca na frase faz toda diferença de interpretação;
Pode apresentar verbo ou não.

Listamos aqui características bem abrangentes apenas para entendimento.

Classi cação das frases


Frases interrogativas: é a pergunta que fazemos nos mais variados contextos,
normalmente é nalizada com ponto de interrogação (?). Exemplo: Está
gostando do passeio?
Frases exclamativas: é aquela bem expressiva e que demonstra uma reação
exaltada. Normalmente esse tipo de frase nalizamos com ponto de
exclamação ou reticências (!  …). Exemplo: Que susto!
Frases declarativas: conhecidas também como a rmativas, as declarativas são
aquelas marcadas pela entonação expressiva ou intencional e são nalizadas
com o ponto nal (.). Exemplo: Hoje iremos ao cinema.
Frases imperativas: é um tipo de ordem ou comando e é nalizado pelos
pontos de exclamação e nal (!  .). Exemplo: Coma tudo!

Oração
A oração, em Língua Portuguesa, pode ser entendida como uma unidade sintática,
ou seja, é um enunciado (curto ou longo) que tem obrigatoriamente a presença de
um verbo.

Normalmente, na construção de uma oração temos:

um sujeito;
termos essenciais;
integrantes ou acessórios.

Observe alguns exemplos de orações:

– Venha!

– Esse bolo parece muito gostoso.

– Chove muito na minha cidade.

Perceba que a diferença básica entre a frase e a oração é que na oração há presença
de um verbo, por obrigatoriedade, enquanto nas frases não há. Em termos gerais, se
há sentido é frase, se há sentido e um verbo é oração. Veja:

Menina linda (sem verbo = frase)

A menina é linda (há verbo = oração)


Período
O período em um texto é constituído por uma unidade sintática com uma ou mais
orações com sentido completo. Ou seja, na oralidade marcamos o início dos
períodos pela entonação, já na escrita o início dos períodos é marcado pela letra
maiúscula no começo da oração e a pontuação especí ca que demarca sua
extensão.

Os períodos podem se dividir em dois: simples ou compostos. 

Período simples
Os períodos simples são aqueles em que apresentam apenas uma oração, ou seja,
há apenas um trecho com apenas um verbo (ou uma locução verbal) e sentido
completo. 

Exemplos:

Minha gatinha dorme muito! (verbo dormir)

Minha gatinha está dormindo muito! (está dormindo = locução verbal) 

A locução verbal se caracteriza por possuir dois verbos ou mais, normalmente um


principal e um auxiliar, mas juntos eles exercem a função, o sentido de um verbo só,
por isso, é considerado período simples, pois o entendimento é de uma única
situação.

Período composto
Os períodos compostos são aqueles que possuem mais de uma oração, ou seja, dois
ou mais verbos.
Exemplo:

Julia me chamou para ir ao cinema mais tarde. (Período composto por


duas orações: verbos chamar e ir).
Texto como Unidade de
Sentido

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Pensar em texto é, antes de tudo, pensar em linguagem como meio de
comunicação, a nal é através dos textos que nos comunicamos, e quando falamos
em texto podemos apontar modalidades orais e escritas. 

A semântica é a parte da língua portuguesa responsável por estudar o signi cado


das palavras, de uma frase ou mesmo de um contexto comunicativo, é por meio
dela que temos acesso às características do que “se quis dizer” em um determinado
momento e meio. É válido ressaltar que a semântica também leva em consideração
aspectos geográ cos, de tempo e de espaço para que haja melhor compreensão da
signi cação.

Portanto, a de nição e a constituição básica de texto na unidade linguística


comunicativa básica é:

Texto é a unidade linguística comunicativa fundamental, produto da atividade


verbal humana, que possui sempre caráter social: está caracterizado por seu estrato
semântico e comunicativo, assim como por sua coerência profunda e super cial,
devida à intenção (comunicativa) do falante de criar um texto íntegro, e à sua
estruturação mediante dois conjuntos de regras: as próprias do nível textual e as do
sistema da língua (BERNÁRDEZ, 1982, p. 35).

É notório que texto se quali ca como interação humana e o que vamos nos ater
aqui nesta unidade é o texto enquanto modalidade escrita e unidade de sentido.
Para isso, separamos algumas das principais características de como construir um
texto com seu sentido estruturado, veja na sequência.

Coesão
Para que a haja uma construção textual coesa é necessário que os elementos do
texto se comuniquem, em outras palavras, a coesão textual pode ser entendida
como a aplicação dos conectivos nas orações. Essa relação entre as palavras
escolhidas para a construção do texto (de todas as classes gramaticais) é que nos
traz a coesão dos elementos, mas para que isso aconteça é preciso escolher
corretamente os conectivos (sejam as conjunções, os pronomes ou os advérbios).

Exemplo: Nós não sabemos quem é o sortudo, mas ela sabe.

Coerência
A coerência é marcada em relação ao texto como um todo. A relação que se
estabelece entre os parágrafos e o que está explicitado no contexto, seja ele com as
informações internas ou externas do texto em si. Para que não haja confusão, vamos
a uma explicação bem simples: a coesão diz respeito aos elementos internos do
parágrafo, a coerência diz respeito ao texto como um todo e às referências que
existem dentro e fora do texto, ou seja, o contexto.
Exemplo de falta de coerência: Peru, panetone, rabanada e nozes. Tudo pronto
para a Páscoa! (entende-se que tais alimentos são característicos do Natal, não da
Páscoa).

Denotação
O sentido denotativo de um texto se refere ao seu sentido literal, ou seja, quando
usamos uma expressão ou termo no seu sentido real, quando queremos dizer
exatamente aquilo.

Exemplo: Ela é uma mulher baixa (pouca estatura).

Conotação
Diferente do sentido denotativo, o sentido conotativo é aquele em que usamos as
palavras no seu sentido gurado, quando dizemos uma coisa querendo dizer outra,
ou seja, é o tipo de sentido muito utilizado na literatura ou quando queremos
enfatizar algo.

Exemplo: Ela é uma mulher baixa (no sentido de ser sem modos, que gosta de
baixaria, barraco etc.)

Intertextualidade
A intertextualidade acontece quando nos referimos a algo já existente no texto que
estamos construindo. Para que haja entendimento, o receptor dessa mensagem
precisa estar por dentro do assunto que foi abordado, ou seja, precisa saber do
contexto que ali foi empregado.

Exemplo: O Rei do futebol será homenageado na próxima semana. (Rei do futebol =


Pelé. É preciso que haja conhecimento dessa informação para haver sentido a frase
toda).

Ambiguidade
A ambiguidade ocorre quando uma frase ou expressão gera duplo sentido de
interpretação. Ela pode acontecer propositalmente ou não, quando a construção
gera ambiguidade sem que haja intenção é preciso ler com calma o texto produzido
e substituir as palavras ou termos que foram escolhidos e geraram essa
ambiguidade. Já se a construção foi intencional, ótimo! Agora é deixar a imaginação
do leitor o levar.
Exemplo: A polícia perseguiu o bandido até a sua casa. (A casa era da polícia ou do
bandido?)

Vícios de Linguagem
Os vícios de linguagem podem ser entendidos como elementos utilizados na
construção do texto para enfatizar algo ou acontecem sem que o autor perceba, de
forma equivocada. Vejamos:

Pleonasmo vicioso ou redundância


O pleonasmo vicioso acontece quando há repetição desnecessária de uma
informação na frase. 

Exemplo:

Entrei para dentro da loja quando começou a chover.


Acharemos outra alternativa para essa situação.

Barbarismo
É um desvio da norma gramatical, ela pode ocorrer como erro de pronúncia ou na
escrita:

Exemplos:

Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica)


Vamos andar de bicicreta. (bicicleta)
Eu advinhei quem ganharia o sorteio. (adivinhei)
Sou a lha mais maior de casa. (maior)

Estrangeirismos
Quando se usa sem necessidade uma palavra de outra língua: 

Exemplos: 

O show é hoje! (espetáculo)


Vamos tomar um drink? (drinque)
Solecismo
É o desvio de sintaxe e pode ocorrer:

Concordância

Exemplo: Haviam muitas pessoas naquela sala. (Havia)

Regência

Exemplo: Eu assisti o lme no cinema. (ao)

Colocação:

Exemplo: Pulei tanto na festa das crianças que não aguentei-me em pé no dia
seguinte. (não me aguentei em pé)

Tais elementos são importantes para uma construção adequada do texto, portanto é
imprescindível que seja feita uma correção após a escrita para veri car se há ou não
falhas na concordância dos elementos escolhidos.

REFLITA
“Na realidade não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas
verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais,
agradáveis ou desagradáveis, etc. A palavra está sempre carregada de
um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (Mikhail
Bakhtin).
Gênero Discursivo como
Produto da Interação
Verbal

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Para que o ensino de línguas a partir dos gêneros discursivos fosse normatizado no
Brasil, criou-se os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Tais parâmetros é que
norteiam os educadores de todo país e estabelecem o que, de fato, os alunos
aprenderão.

Nos PCNs é possível encontrar algumas informações sobre o trabalho com os


gêneros discursivos, veja:

Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das


intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos
discursos, as quais geram usos sociais que os determinam. Os gêneros
são, portanto, determinados historicamente, constituindo formas
relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura. São
caracterizados por três elementos: o conteúdo temático: o que é ou
pode tornar-se dizível por meio do gênero; a construção composicional:
estrutura particular dos textos pertencentes ao gênero; o estilo:
con guráveis especí cas das unidades de linguagem derivadas,
sobretudo, da posição enunciativa do locutor; conjuntos particulares de
sequências que compõem o texto etc. (BRASIL, 1998, p. 21).

Portanto, é imprescindível que os professores de língua portuguesa estejam sempre


por dentro do que os PCNs dizem e a forma como vão aplicar os conteúdos em sala.

Mas, além das políticas educacionais, e não menos importantes que estas, está o
conceito estabelecido sobre gêneros discursivos. Antes de se aplicar de fato uma
atividade em sala ou analisar um texto do gênero discursivo vamos ao que propõe
Mikhail Bakhtin (2009) a respeito da organização de nosso discurso por meio dos
gêneros discursivos.

De origem russa, Bakhtin foi um importante nome dos estudos da linguagem, ele
postula que, no momento da interação, seja ela oral ou escrita, os sujeitos recorrem a
determinados gêneros discursivos. Tais escolhas, como ele classi ca, estão
diretamente ligadas às necessidades dos falantes/escritores. Em termos gerais,
podemos dizer que os gêneros discursivos são determinados pelo discurso e surgem
em todo ato comunicativo humano.

Bakhtin classi ca os gêneros discursivos como primários e secundários.


Os primários são os mais simples, relacionados, sobretudo, com o
campo da oralidade, como o diálogo, o qual é considerado a forma
mais clássica de comunicação, conferindo importância singular às
ideologias cotidianas. Já os secundários são os mais complexos, como o
romance, o conto, a crônica, o artigo de opinião, os manuais de
instrução, os textos cientí cos, o ciais, publicitários, a Redação escolar,
entre outros (ARAÚJO, 2018, on-line).
Fica evidente, portanto, que Bakhtin traz um conceito sobre o que são os gêneros
discursivos e como eles podem ser aplicados em sala. O estudioso mostra ainda que
o texto em si não é uma estrutura fechada, a nal trata-se do estudo da língua e a
língua é viva e social, capaz de explanar as mais variadas características e formas.

Essa relativa estabilidade de que fala o estudioso signi ca que não


existe um modelo imutável de texto, uma estrutura predeterminada e
canônica; pelo contrário, os gêneros discursivos são tipos relativamente
estáveis de enunciados justamente porque eles constantemente
evoluem para atender às necessidades imediatas dos sujeitos em
qualquer situação comunicativa, como é o caso da carta e do e-mail
(ARAÚJO, 2018, on-line).

Portanto, os gêneros discursivos podem ser entendidos como qualquer


manifestação verbal que se organiza em um dado contexto comunicativo, como
uma conversa informal entre amigos, uma tese de doutorado, seja linguagem oral
ou escrita. Tudo o que envolve o discurso pode ser classi cado como gênero
discursivo. Temos, então, vários gêneros discursivos:
anúncio;
conferência;
conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, de aventuras…);
cordel;
crônica;
fábula;
monogra a;
notícia;
palestra;
parlenda;
poema;
receita médica ou culinária;
relatório;
repente;
reportagem;
romance;
seminário;
tese;
verbete.

Entre tantos outros que podemos encontrar no nosso dia a dia e fazem parte do
cotidiano da população em geral.

Fica claro, portanto, que todos os gêneros discursivos, sejam eles orais ou escritos,
fazem parte da interação verbal humana, pois são eles que nos levam ao ato
comunicativo, independente do contexto em que estão inseridos e utilizados.
SAIBA MAIS
Tipos e gêneros textuais

Tipos e gêneros textuais são duas categorias diferentes de classi cação


textual. Os tipos textuais são modelos abrangentes e xos que de nem
e distinguem a estrutura e os aspectos linguísticos de uma narração,
descrição, dissertação e explicação.

Exemplos de tipos textuais:

Texto narrativo;
Texto descritivo;
Texto dissertativo expositivo;
Texto dissertativo argumentativo;
Texto explicativo injuntivo;
Texto explicativo prescritivo.

Os aspectos gerais dos tipos de texto concretizam-se em situações


cotidianas de comunicação nos gêneros textuais, textos exíveis e
adaptáveis que apresentam uma intenção comunicativa bem de nida
e uma função social especí ca, adequando-se ao uso que se faz deles.

Gêneros textuais pertencentes aos textos narrativos:

romances;
contos;
fábulas;
novelas;
crônicas, entre outros.

Gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos:

diários;
relatos de viagens;
folhetos turísticos;
cardápios de restaurantes;
classi cados, entre outros.

Gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos:


jornais;
enciclopédias;
resumos escolares;
verbetes de dicionário, entre outros.

Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos:

artigos de opinião;
abaixo-assinados;
manifestos;
sermões, entre outros.

Gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos:

receitas culinárias;
manuais de instruções;
bula de remédio, entre outros.

Gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos:

leis;
cláusulas contratuais;
edital de concursos públicos, entre outros

Fonte: Neves (2007).


Conclusão - Unidade 3

Nesta unidade pudemos conhecer um pouco sobre a diferença entre frase, oração e período, bem
como entender como essas diferenças são fundamentais na construção do sentido.

Após, vimos sobre o texto e o sentido no que diz respeito aos critérios de construção textual, o que usar
e não usar, como e quando aplicar algumas características.

Por m, conhecemos os ensinamentos de Mikhail Bakhtin e suas de nições sobre os gêneros do


discurso, bem como sua aplicabilidade na prática.

Leitura complementar
Do gênero discursivo ao gênero textual

Do gênero discursivo ao gênero textual Marcuschi (2008) apresenta algumas perspectivas de estudo,
tanto no contexto mundial como no brasileiro, sobre as diferentes abordagens relacionadas ao estudo
dos gêneros. Ele destaca que um consenso existente entre essas perspectivas é que, para comunicar-
se, o indivíduo recorre aos gêneros, como uma forma de se adequar a determinado contexto.  Ele
acrescenta ainda que os textos e/ou discursos circulam através dos gêneros. Ora, se os textos e/ou
discursos circulam através de gêneros, por que então o uso de termos distintos como gênero do
discurso ou gênero discursivo e gênero textual? Para alguns autores, a exemplo de Marcuschi (2008, p.
154), essa distinção não é tão relevante, como é possível se observar em uma nota de rodapé em que o
autor justi ca o uso do termo escolhido por ele:

Não vamos discutir aqui se é mais pertinente a expressão “gênero textual” ou a expressão
“gênero discursivo” ou “gênero do discurso”. Vamos adotar a posição de que todas essas
expressões podem ser usadas intercambialmente, salvo naqueles momentos em que se
pretende, de modo explícito e claro, identi car algum fenômeno especí co.

Em outro momento, Marcuschi (2008, p. 58) acrescenta:

A tendência é ver o texto no plano das formas linguísticas e de sua organização, ao passo
que o discurso seria o plano do funcionamento enunciativo, o plano da enunciação e
efeitos de sentido na sua circulação sociointerativa e discursiva envolvendo outros
aspectos. [...] São muito mais duas maneiras complementares de enfocar a produção
linguística em funcionamento
Percebe-se aqui uma tendência de se conceber o gênero como um artefato textual discursivo, sendo
analisado tanto em seu aspecto organizacional interno como em seu funcionamento sociointerativo.
Isso porque, para se produzir um gênero textual, existem normas que não são rígidas, mas necessárias,
caso se pretenda a compreensão e a interação por parte de todos os envolvidos no processo
comunicativo. A título de exemplo tem-se o ofício, um gênero que faz parte da correspondência o cial:
quando o indivíduo faz uso desse gênero deve se adequar às exigências impostas pela situação
comunicativa.

Assim, o que se deve dizer ou não, o como e o quanto dizer, dependerá de interlocutores de nidos e
dos contextos nos quais os textos poderão circular. Nesse sentido, Marcuschi (2008) lembra que uma
das tendências atuais é a de se estudarem as relações e não a distinção entre texto e discurso, pois
estes podem ser considerados aspectos complementares da atividade enunciativa. E acrescenta:

Entre o discurso e o texto está o gênero, que é aqui visto como prática social e prática
textual-discursiva. Ele opera como a ponte entre o discurso como uma atividade mais
universal e o texto enquanto a peça empírica particularizada e con gurada numa
determinada composição observável. Gêneros são modelos correspondentes a formas
sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que ocorrem. Sua estabilidade é
relativa ao momento histórico-social em que surge e circula (MARCUSCHI, 2008, p. 84).

Para apoiar a concepção de tratar os gêneros textuais como elementos tipicamente discursivos,
Marcuschi (2008) apresenta a proposta de uma releitura que inclua o texto no contexto das práticas
discursivas sem dissociá-lo de sua historicidade e de suas condições de produção. Para Adam (1999,
apud MARCUSCHI, 2008, p. 83), o gênero textual pode ser entendido como “a diversidade
socioculturalmente regulada das práticas discursivas humanas” e “a separação do textual e do
discursivo é essencialmente metodológica”. Assim, reforçando esse aspecto, Marcuschi (2008, p. 81-82)
comenta:

Trata-se de “reiterar a articulação entre o plano discursivo e textual”, considerando o


discurso como o “objeto de dizer” e o texto como o “objeto de gura”. O discurso dar-se-ia
no plano do dizer (a enunciação) e o texto no plano da esquematização (a con guração).
Entre ambos, o gênero é aquele que condiciona a atividade enunciativa.

Para sintetizar essa concepção do gênero textual com foco na relação entre os aspectos textuais e
discursivos, podemos destacar algumas características apresentadas por Marcuschi (2008). Para ele, o
gênero apresenta dois aspectos importantes: a gestão enunciativa, que inclui a escolha dos planos de
enunciação, modos discursivos e tipos textuais, e a composicionalidade, que diz respeito à identi cação
de unidades ou subunidades textuais. Assim, o domínio de um gênero textual não signi ca o domínio
de “uma forma linguística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos especí cos em
situações sociais particulares” (MARCUSCHI, 2008, p. 154).

Fonte: Farias (2013, on-line).


Livro

Filme
Unidade 4
Produção Textual

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo
conhecimento.

No primeiro tópico vamos conhecer os critérios de textualidade e como tais


elementos são importantes para a construção do seu texto, bem como enfatizar a
utilização da coesão e da coerência, vista na unidade III desta apostila.

Depois, veremos as características dos textos da esfera acadêmica dividida entre os


da oralidade e os da escrita. Cada um com sua particularidade requer atenção e o
momento certo de produção. Esperamos que seja um passo a mais na construção
do conhecimento.

Bons estudos e vamos nessa!


Critérios de Textualidade

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A produção de texto é uma das maneiras que temos de nos expressar.
Independente do contexto em que o texto será veiculado, produzir algo é a melhor
forma de expor pensamentos, argumentar e colocar o seu ponto de vista sobre
determinado assunto.

Quando pensamos em produção de texto no âmbito acadêmico temos várias


opções e estilos, e até mesmo a divisão entre os modelos da oralidade e os modelos
escritos.

Aqui vamos enfatizar alguns critérios de textualidade, ou seja, são as condições de


produção textual que devem ser entendidas para que a sua comunicação seja
completa. Em termos gerais são elementos que compõe a sua construção de
produção e que devem estar facilmente delimitados. Vamos a eles:

Intencionalidade
Todo texto precisa fazer sentido para alguém, por isso a intenção que se coloca na
produção é aquela que o seu leitor terá contato, mas é válido lembrar que os
recursos utilizados para convencer o leitor ou fazê-lo acreditar em algo que se diz é o
que faz toda diferença durante a produção. O que eu quero dizer? Para quem eu
quero dizer? Estou sendo claro nos meus argumentos escolhidos? Os exemplos que
utilizei foram su cientes para exempli car?

Esses são alguns questionamentos que podem ser feitos para que seja possível
identi car se a intencionalidade atingiu seu objetivo.

Intertextualidade
A intertextualidade está diretamente ligada ao exterior do texto, fazer uma
intertextualidade requer muito cuidado, a nal é preciso se perguntar se é
importante para o texto que você traga elementos ou ideias de outros autores, e se
essas ideias realmente vão contribuir para a construção da sua produção.

Se você perceber que a intertextualidade vai reforçar o seu ponto de vista e embasar
melhor os seus argumentos é muito interessante usá-las, mas se não forem
necessárias, é melhor contar apenas com a ideia original.

Informatividade
O primeiro passo para a construção da sua produção textual é o esboço, pois é nesse
primeiro momento que você vai afunilar as ideias e as informações que têm em
mãos para colocar no seu texto.
O tempo todo somos bombardeados de informações, por isso é preciso dosar a
quantidade e principalmente a qualidade das informações que você tem para que a
sua produção textual seja rica e clara. Lembre-se de que muita informação nem
sempre é sinônimo de qualidade, portanto selecione o que de fato é relevante para o
seu texto.

Aceitabilidade
Aquela famosa costura textual pode ser também chamada de aceitabilidade, ou
seja, organizar bem as informações, ser persuasivo e convincente, fazendo um
encadeamento lógico das ideias, leva o leitor a aceitar o que você está dizendo.
A nal, é o desejo do escritor que o seu leitor entenda a mensagem que deseja
passar por meio das informações e dos argumentos escolhidos.

Por isso, é muito importante que no seu esboço seja programado o que você deseja
colocar no texto e em que momento essas ideias vão se complementar durante a
sua produção.

Lembre-se de que o seu leitor não sabe o que você está pensando, ele apenas sabe o
que está escrito ali e para que a sua mensagem seja transmitida corretamente é
necessário que não haja ambiguidade e nem confusão nas informações que foram
transmitidas.

Situacionalidade
Aqui vamos falar sobre o contexto, ou seja, tudo aquilo que faz referência ao texto e
que traz à produção uma situação favorável para quem o lerá ou ainda para quem
fará uso dessa produção para trabalho etc.

Lembre-se de que o contexto é parte fundamental da sua produção, por isso, desde
o começo é necessário que estejam bem delimitadas as informações e elementos
que mostrem exatamente o contexto, por exemplo:

Datas;
Fatos;
Citações;
Entrevistas;
Números;
Fontes;
Imagens;
Fotos.
Ou seja, qualquer elemento que remeta ao contexto do texto será bem-vindo para
que o leitor esteja pronto para entender a mensagem que se quer passar.

Vale ressaltar ainda que para a produção textual ser ainda mais completa e
inteiramente correta é preciso que haja coesão e coerência, elementos esses que
vimos na Unidade III da nossa apostila, e que devem ser sempre colocados em
prática durante a construção textual.

REFLITA
“A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é
escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever
claro’ não é certo, mas é claro, certo?” (Luís Fernando Veríssimo)
Aspectos Gerais de Textos
Escritos da Esfera
Acadêmica

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Os textos acadêmicos são produções textuais cientí cas baseadas em pesquisas,
observações e análises. Eles são muito importantes para que o estudo de
determinado tema seja desenvolvido e com o tempo as pesquisas avancem.

Mas, antes de conhecermos alguns deles, vamos observar qual é a estrutura básica
dessas produções acadêmicas.

Estrutura Organizacional dos Textos


Acadêmicos
Os textos acadêmicos possuem características especí cas, que devem ser seguidas
à risca, mas é bom lembrar que a estrutura organizacional deles está baseado em
três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução: na introdução é o momento de apresentar o tema escolhido, aqui


as ideias centrais serão apresentadas de forma sutil, sem muito
aprofundamento, porém é preciso deixar bem claro o que se pretende tratar
no texto como um todo;
Desenvolvimento: no desenvolvimento é o momento de aprofundar os
conhecimentos sobre a produção, aqui são elencadas informações e
argumentações escolhidos pelo autor para con rmar o que foi levantado como
hipóteses na introdução;
Conclusão: como o próprio nome diz é aqui que as ideias serão concluídas, o
fechamento do pensamento deve acontecer nessa parte nal do texto e as
perguntas e hipóteses respondidas ou, ao menos, mostrar que há
possibilidades de soluções para os problemas. É ainda na conclusão que o seu
texto deve conversar com a sua introdução, fazendo uma costura das ideias
apontadas nos primeiros parágrafos e fechando as lacunas que porventura
hajam.

Depois de conhecermos a estrutura básica dos textos acadêmicos, vamos ver alguns
dos aspectos gerais de textos escritos da esfera acadêmica.

Artigo Cientí co
Os Artigos cientí cos ou artigos acadêmicos, como são também chamados, têm de
12 a 15 páginas, digitadas em fonte Times New Roman, tamanho 12, com
espaçamento simples ou um e meio. Eles são mais simples e podem ser solicitados
como trabalho para congressos cientí cos ou ainda de conclusão de curso de
graduação e em algum curso que exija a produção acadêmica. 

De modo geral, a formatação dos trabalhos acadêmicos segue o padrão ABNT -


Associação Brasileira de Normas Técnicas, tanto nos artigos quanto nos demais
modelos de trabalhos que veremos a seguir.
Monogra a
O termo monogra a refere-se a qualquer trabalho cientí co que visa aprofundar
um assunto especí co, por isso é chamado de monogra a: a escrita sobre um tema
especí co. Ela é solicitada em sua grande maioria como trabalho de conclusão de
curso na graduação ou em cursos de especialização e MBA, mas varia muito de
Instituição de Ensino. 

As regras de formatação seguem as mesmas da ABNT, a diferença é que a


monogra a possui mais páginas por ser dividida em capítulos. Sua estrutura básica
é:
Quadro 1 - Estrutura da monogra a

Elementos pré- Elementos pós-


Elementos textuais
textuais textuais

Folha de rosto Introdução Referências

Errata Referencial teórico Glossário

Folha de aprovação Material e métodos Apêndices

Dedicatória Resultados e discussão Anexos

Agradecimentos Considerações nais Índice

Epígrafe ** **

Resumo em língua
** **
vernácula

Resumo em língua
** **
estrangeira (abstract)

sumário ** **

Lista de ilustrações ** **

Lista de tabelas ** **

Lista de abreviaturas e
** **
siglas

Lista de símbolos ** **

Fonte: a autora.

Os elementos que foram destacados no quadro são opcionais, os demais são


obrigatórios.
Dissertação
Já a dissertação é um tipo de produção acadêmica para um segundo momento,
quando decidimos ingressar no mestrado. Dissertação é, portanto, um tipo de
trabalho muito parecido com a monogra a, porém mais aprofundada e bem mais
detalhada e extensa do que a produção da graduação. Requer mais pesquisas e um
mergulho no tema escolhido, ela normalmente é dividida em capítulos, além da
estrutura padrão de introdução e conclusão, durante os quais o autor disserta sobre
diferentes aspectos do tema proposto.

Tese
A tese é outro tipo de produção acadêmica escrita, mas para ao doutorado. Aqui, a
diferença básica é que a análise precisa ser original, por isso, é importante que não
se tenha na área uma proposta de estudo parecida àquela escolhida durante o
doutorado.

Em todos os textos acadêmicos a formatação é parte fundamental, mas vale


lembrar que a ABNT possui regras padrões básicas e que as instituições de ensino
possuem exibilidade em fazer pequenas alterações na sua formatação, por isso, é
possível encontrar diferenças mínimas de uma instituição para outra.
Aspectos Gerais de Textos
Orais da Esfera Acadêmica

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Assim como os textos escritos acadêmicos, os orais acadêmicos também são
estruturados dentro de um modelo e merecem nossa atenção. Muitas vezes não nos
damos conta de que um determinado tipo de texto faz parte da esfera acadêmica e
como tal deve receber sua estrutura dedigna.

[...] A relação entre gêneros orais e gêneros escritos não é uma relação de
dicotomia. É antes uma relação de continuidade e de efeito mútuo, isto
é, gêneros orais podem sustentar gêneros escritos; gêneros escritos
podem sustentar gêneros orais. Eles estão em mútua interdependência,
cada gênero oral que entra na escola, em geral, pressupõe a escrita,
assim como cada gênero escrito trabalhado na escola pressupõe o oral
(SCHNEUWLY; ROJO, 2006, p. 467).

Vamos conhecer alguns dos gêneros da oralidade da esfera acadêmica e suas


respectivas características:

Seminário
O gênero seminário é um dos mais conhecidos no âmbito acadêmico. Segundo
Severino (2008, p. 90), o seminário é “um método de estudo e atividade didática
especí ca de cursos universitários e seu objetivo principal é levar todos os
participantes a uma re exão aprofundada de determinado problema, a partir de
textos e em equipe”.

Esse gênero oral requer pesquisa e muita atenção, normalmente é avaliado aqui o
conjunto da apresentação: voz, postura, domínio de conteúdo, tempo estipulado para
a apresentação, divisão da temática entre os participantes etc.

Exposição oral
Outro gênero bem comum no ambiente acadêmico é o da exposição oral, que Costa
(2008, p. 97) de ne como:

Discurso em que se desenvolve um assunto (conteúdo referencial), ou


transmitindo-se informações, ou descrevendo-se ou, ainda, explicando-
se algum conteúdo a um auditório de maneira bem estruturada. Trata-se
de um gênero público pelo qual um expositor especialista faz uma
comunicação a um auditório que se dispõe a ouvir e aprender alguma
coisa sobre o tema desenvolvido.

O gênero exposição oral tem como objetivo: informar; preparar uma re exão; preparar
uma discussão.
Podemos ainda dividir esse viés acadêmico em três fases:

a primeira corresponde ao que antecede a apresentação, que é o


momento de pesquisa e organização de informações e materiais;

a segunda corresponde ao momento durante a apresentação e


como o apresentador se posicional, voz, postura, domínio do tema
etc.;

a terceira, ao momento nal, que é quando a plateia pode fazer


questionamentos e abre-se um momento para um pequeno debate
de ideias.

A diferença básica entre o seminário e a exposição oral é que o seminário é apenas


uma apresentação sobre o tema e normalmente é realizado em grupo, já a
apresentação oral é na maioria das vezes individual e ao nal há um momento para
re exão da temática abordada.

Debate
O debate é um gênero da oralidade que requer organização. Debater sobre
determinado tema é sempre uma boa maneira de conhecer o pensamento do outro.

Mas é válido lembrar que todo debate precisa de regras. Normalmente essas regras
são básicas, mas podem variar de contexto para contexto. É preciso que haja um
mediador conduzindo o debate e dando voz a um ou ao outro debatedor e tempo
para cada argumento exposto.

Os temas debatidos sempre apontam vários posicionamentos e mostram diferentes


pontos de vista, por isso, sempre há divergência nas argumentações.
SAIBA MAIS
Diferenças entre gênero literário, tipo textual e gênero textual

Por Débora Silva

Gênero literário – Os gêneros textuais abrangem todos os tipos de texto,


ao contrário dos gêneros literários que, como o próprio nome já indica,
aborda apenas os literários. O gênero literário é classi cado de acordo
com a sua forma, podendo ser do gênero dramático, lírico, épico,
narrativo etc.

Tipo textual – É a forma como um texto se apresenta. Pode ser


classi cado como narrativo, argumentativo, dissertativo, descritivo,
informativo ou injuntivo.

gêneros textuais - Os gêneros textuais são inúmeros e cada um deles


possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura. Con ra alguns deles
a seguir:

Conto maravilhoso;
Conto de fadas;
Fábula;
Carta pessoal;
Lenda;
Telefonema;
Poema;
Narrativa de cção cientí ca;

Fonte: Silva (2018, on-line).


Conclusão - Unidade 4

Nesta unidade pudemos conhecer os critérios de textualidade e quais são os


elementos importantes no momento da construção textual. Demos início ao processo
de escolha das informações e sugestões de como estruturar o seu texto antes de
escrevê-lo de fato.

Nos tópicos dois e três foi possível conhecer os gêneros textuais da esfera acadêmica,
divididos entre orais e escritos, e conhecer as características de cada um deles.

Esperamos que tenha sido um momento de grande aprendizado e contribuição para


a sua formação. Refaça a leitura do que gerou dúvidas e anotações na hora de
estudar.

Bons estudos e boa aplicação.

Leitura complementar
Produção acadêmica relevante para quem?

Jean Von Hohendorff

Em 2015, foi publicado, na revista Nature, o Manifesto Leiden. Esse Manifesto, escrito
por Diana Hicks, Paul Wouters, Ludo Waltman, Sarah de Rijcke e Ismael Rafols,
apresenta 10 princípios para avaliação de pesquisas (acesse o Manifesto aqui). Esse
grupo de cientometristas, cientistas sociais e administradores de pesquisa considera
preocupante o que eles intitularam de má aplicação dos indicadores de performance
acadêmica (e.g., fator de impacto, índice h). O grupo não se opõe a estes indicadores,
porém defende que não sejam utilizados isoladamente, em detrimento de avaliações
qualitativas das pesquisas realizadas. Assim, avaliações quantitativas devem subsidiar
avaliações qualitativas.
Particularmente, um dos princípios do Manifesto - o de número 3, "Protect excellence
in locally relevant research" (Proteger a excelência de pesquisa relevante em nível
local) - captou minha atenção. Esse princípio indica que a excelência em pesquisa é
equacionada pelo número de publicações em língua inglesa, inclusive com diversos
países instituindo metas de publicação em journals norte-americanos de alto fator de
impacto. Porém, isso é problemático nas ciências sociais e humanas, uma vez que
muitas pesquisas realizadas nessas áreas possuem maior vinculação com demandas
locais. A pluralidade e a relevância social das pesquisas realizadas nas ciências
humanas e sociais tende a ser suprimida em detrimento da produção de artigos que
sejam aceitos em journals com alto fator de impacto, sendo a maioria deles do norte
global. É necessário, portanto, que se invista em métricas que considerem
publicações de pesquisas de excelência em nível local.

Desde 2015, quando o Manifesto Leiden foi publicado, pouco parece ter se avançado
em modi car o modo como se avalia produção cientí ca mundialmente. Isto foi
abordado, no início de fevereiro, num texto, também publicado pela Nature, intitulado
"Let's move beyond the rhetoric: It's time to change how we judge research", de
autoria de Stephen Curry - um professor do Imperia College London. Nesse texto,
Curry cita o Manifesto Leiden e demais declarações favoráveis à mudança nas
métricas de produção cientí ca e enfatiza: "It is time to shift from making
declarations to nding solutions", ou seja, está na hora de avançar, de encontrar
soluções. Quais seriam essas soluções? Difícil de responder a essa pergunta. Curry, no
texto publicado pela Nature, indica que é necessário identi car e publicizar bons
exemplos de avaliação de pesquisas e produções acadêmicas. Parece que seguimos
em busca desses exemplos.

Aqui no Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


(CAPES) é a fundação, vinculada ao Ministério da Educação, que estabelece critérios
para a avaliação dos programas de pós-graduação stricto sensu e,
consequentemente, para a avaliação das pesquisas realizadas no país. De acordo com
o Relatório de Avaliação Quadrienal 2017, são utilizados cinco critérios para a avaliação
dos programas: proposta do programa; corpo docente; corpo discente, teses e
dissertações; produção intelectual e; inserção social.

Embora se reconheça os esforços da CAPES em tornar a avaliação menos


quantitativa, o quesito produção intelectual ainda é baseado em itens quantitativos,
como o número de publicações e o Qualis CAPES ou Fator de Impacto dos periódicos
nos quais tais publicações foram realizadas. Ou seja, ainda não avançamos ao ponto
de avaliar a relevância local da pesquisa. Isso porque, pesquisas com relevância local
podem não ser de interesse de periódicos mais bem colocados no Qualis CAPES e/ou
com maior Fator de Impacto. Vale ressaltar, ainda, que muitos periódicos mais bem
colocados no Qualis CAPES têm publicado seus artigos em inglês com o objetivo de
internacionalização. Não se trata de desconsiderar publicações em periódicos com
Qualis CAPES e/ou Fator de Impacto maiores. Se trata, no entanto, de não considerar
exclusivamente tais publicações como parâmetro de relevância da produção
cientí ca.
A busca de consideração de atividades locais relevantes é veri cada no critério 5 da
avaliação CAPES - Inserção social -, que consiste, "para a Área de Psicologia, […] às
ações dos Programas […] na disseminação, transferência e/ou aplicação de
conhecimentos e tecnologias produzidas pelos programas em benefício de diferentes
setores sociais, visando minimizar ou solucionar problemas socialmente relevantes."
Veja bem: "problemas socialmente relevantes" e não pesquisas relevantes em nível
local!

Exemplos de atividades consideradas no quesito inserção social são consultorias e


assessorias para implantação de políticas públicas, cursos de extensão para
pro ssionais e público em geral, programas de intervenções junto a instituições (e.g.,
escolas, hospitais, conselho tutelar) e eventos de divulgação cientí ca para público
técnico e geral. É perceptível, portanto, o esforço em se considerar a aplicação e a
transferência do conhecimento obtido com pesquisas para as comunidades locais. E
isso é excelente! A ciência precisa se aproximar cada vez mais do cotidiano! Porém,
parece que ainda não se encontrou uma forma de avaliar especi camente a pesquisa
relevante em nível local. Isso porque o quesito inserção social avalia outras atividades
desenvolvidas em nível local, que podem (ou não) ser produto de pesquisas.

O que fazer, então? Sou defensor da ideia de que devemos iniciar grandes mudanças
com pequenos passos, que conduzirão ao objetivo nal. E devemos começar por nós
mesmos!

Fonte: Hohendorff (2017, on-line).

Livro
Filme
Considerações Finais

Prezado(a) aluno(a),

Neste material, busquei trazer para você os conceitos de comunicação e formas de


expressão em vários âmbitos e aplicações. Para isso, apontei as de nições do que é
comunicação e como ela ocorre nas relações interpessoais, depois, nas unidades
nais, vimos sobre a comunicação e as formas de construção de texto, seja na
oralidade ou na escrita. Espero que as dúvidas tenham sido sanadas e que todas as
informações tenham chegado até você de maneira didática e possível de
compreensão.

Além desses conceitos, falamos sobre Comunicação e interação pela linguagem e


apontamos os elementos de interação para que seja possível o ato comunicativo.
Vimos ainda os elementos de comunicação e conhecemos os aspectos
socioculturais da fala e da escrita. Além dos aspectos teóricos, que contribuíram
profundamente para o entendimento dos assuntos aqui abordados, trouxemos
exemplos para que fosse possível a melhor compreensão de como a comunicação é
importante e como fazê-la corretamente faz toda a diferença no contexto
situacional.

As unidades III e IV nos mostraram as questões formais do uso da língua


portuguesa, trazendo a Frase como unidade de composição, o Texto como unidade
de sentido e o Gênero discursivo como produto da interação verbal.

Finalizaremos nosso assunto sobre comunicação e expressão com o foco em


produção textual, principiando pelos Critérios de textualidade, para que fosse
possível entender como se dá a construção textual, e depois partindo para os
aspectos gerais de textos escritos e orais da esfera acadêmica, evidenciando suas
características e respectivas diferenças.

A partir de agora acreditamos que você já está preparado(a) para seguir em frente e
aplicar os conceitos aprendidos de comunicação, expressão e produção textual, seja
na oralidade, na escrita acadêmica ou não.
Até uma próxima oportunidade. Muito obrigada!

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