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FISIOLOGIA

VEGETAL

Talita Antonia da Silveira


Introdução ao
estudo vegetal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar a importância do estudo da fisiologia vegetal.


 Descrever a estrutura e o funcionamento de uma planta.
 Determinar as diferenças entre crescimento e desenvolvimento
vegetal.

Introdução
Neste capítulo, você vai compreender como os processos fisiológicos
são fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento de todas as
plantas. Você vai verificar a importância de estudar a fisiologia vegetal,
que auxilia no planejamento de um manejo mais adequado das plantas
cultivadas e nativas. Você também vai identificar qual é o papel de cada
célula vegetal dentro do organismo e adquirir conhecimentos básicos
sobre o ciclo de vida da planta (nascer, crescer e se reproduzir). Por fim,
você vai analisar a diferença entre crescimento e desenvolvimento
vegetal.

O estudo da fisiologia vegetal


A fisiologia vegetal é um ramo da botânica que estuda a estrutura e os processos
de crescimento e desenvolvimento das plantas, desde a organização celular
até processos mais complexos, como respiração, fotossíntese e nutrição. O
conhecimento sobre o desenvolvimento e o crescimento das plantas é de
fundamental importância para todas as áreas que estudam o meio ambiente,
sua preservação e seus recursos. Mas é na área agrícola que o conhecimento
sobre a fisiologia vegetal tem maior destaque.
2 Introdução ao estudo vegetal

A fisiologia vegetal é considerada um dos pilares da ciência moderna.


Isso porque ela possibilita os estudos relacionados às plantas transgênicas, à
sustentabilidade da biodiversidade vegetal, às mudanças climáticas globais,
dentre outros aspectos. Segundo Pes e Arenhardt (2015, p. 15),

A fisiologia vegetal constitui-se na base fundamental do manejo de plan-


tas extensivas de lavoura, plantas forrageiras, plantas frutíferas, plantas
olerícolas, plantas ornamentais, plantas florestais e plantas medicinais, na
biotecnologia/engenharia genética e na conservação de produtos de origem
vegetal (fisiologia pós-colheita).

A alta produtividade está diretamente relacionada com o ótimo desempenho


de desenvolvimento das plantas no campo, proporcionando o equilíbrio de
todos os processos e das funções vegetativas da planta. O papel do profissional
é entender todos esses processos fisiológicos, para realizar uma adequada
tomada de decisão em meio aos desafios da produção agrícola. Nesse con-
texto, estudar sobre as estruturas básicas das plantas é o primeiro passo para
entendermos o funcionamento delas.

Estruturas básicas e características das plantas


Grande parte das plantas possuem basicamente a mesma estrutura, contendo
semente, flor, fruto, caule, folha e raiz, como é o caso das angiospermas (Figura
1). Vejamos as principais funções dessas estruturas:

 Semente: propaga e protege o material genético da planta.


 Flor: é o órgão reprodutivo de determinadas plantas.
 Fruto: protege as sementes e armazena nutrientes.
 Caule: conduz água e nutrientes da raiz para as partes aéreas.
 Folhas: são responsáveis pela realização da fotossíntese e pela trans-
piração das plantas.
 Raízes: são órgãos que fixam as plantas ao solo e dele retiram água e
sais minerais.
Introdução ao estudo vegetal 3

Folha

Fruta

Flor

Caule

Raiz

Figura 1. As principais partes de uma angiosperma.


Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com.

A célula vegetal
É responsável por todos os processos fisiológicos que ocorrem na planta.
Vejamos os elementos que compõem sua estrutura (Figura 2):

Parede celular (ausente em células animais): envoltório de celulose que


protege a célula vegetal e determina sua forma.

Cloroplastos (ausentes em células animais): estruturas membranosas que


contêm pigmento verde (clorofila); são responsáveis pela fotossíntese.

Vacúolo central (ausente em células animais): bolsa membranosa que contém


água e sais.

Membrana plasmática: envoltório que seleciona a entrada e a saída de


substâncias.

Citoplasma: toda a região interna da célula, situada entre as membranas


plasmática e nuclear.
4 Introdução ao estudo vegetal

Retículo endoplasmático: conjunto de tubos, canais e sacos membranosos,


onde circulam substâncias fabricadas pelas células.

Aparelho de Golgi: tem a função de armazenar substâncias que a célula fabrica.

Ribossomos: grânulos responsáveis pela fabricação das proteínas celulares.

Mitocôndrias: local onde ocorre a respiração celular.

Lisossomos: contêm sucos digestivos, onde são digeridas partículas ou estru-


turas celulares desgastadas pelo uso.

Núcleo: central de informações da célula, onde se localizam os cromossomos


com os genes.

Carioteca ou membrana nuclear: envoltório membranoso que separa o


conteúdo nuclear do citoplasma.

Nucléolo: local de fabricação e armazenamento temporário de ribossomos.

Centríolos (ausente em células de plantas superiores): exerce função no


esqueleto da célula e nos movimentos celulares.

Membrana
plasmática Parede celular
Complexo Ribossomo Citoplasma
de Golgi Vacúolo
Cloroplasto

Mitocôndria

Peroxissomo

Retículo
endoplasmático Núcleo
rugoso

Figura 2. Estrutura da célula vegetal.


Fonte: Colégio Web (2019, documento on-line).
Introdução ao estudo vegetal 5

Sabe-se que as plantas são organismos autotróficos, pois têm a capacidade


de produzir a própria energia, necessária para sua manutenção, a partir de
substâncias inorgânicas e de energia luminosa — esse processo é chamado
de fotossíntese. Por essa função, as plantas estão na base da maior parte das
cadeias alimentares terrestres, conforme Lacerda e Enéas Filho, Pinheiro
(2007). Todas elas possuem a mesma morfologia externa e realizam processos
similares. Apesar de cada uma se adaptar de forma diferente ao ambiente em
que vivem, algumas semelhanças podem ser citadas:

 transformam a luz da energia solar em energia química, utilizando os


carboidratos, que são sintetizados a partir de CO2 e H2O;
 as plantas são imóveis e, por isso, necessitaram evoluir para buscar
recursos como luz, água e nutrientes, que são essenciais para seu
desenvolvimento;
 as plantas têm estrutura diferenciada para suportar sua massa e crescer
contra a força da gravidade, além de possuírem mecanismo contra
dessecação;
 a interação das plantas é muito intensa com o ambiente, já que dependem
exclusivamente das condições ambientais para seu desenvolvimento.

Plantas são seres autotróficos, ou seja, produzem sua própria energia a partir da energia
solar. As plantas também apresentam fototropismo, que é o crescimento orientado
pela luz.

Funcionamento geral das plantas


O desenvolvimento das plantas depende de dois processos básicos: a fotos-
síntese e a respiração. Como vimos, a fotossíntese é o processo que utiliza a
luz solar como fonte de energia para sintetizar compostos orgânicos, como a
glicose, a partir de substâncias inorgânicas. Nesse processo, ocorre a síntese
de carboidratos e a liberação de oxigênio a partir de dióxido de carbono e
água, conforme mostra a Figura 3.
6 Introdução ao estudo vegetal

Energia

Oxigênio (O2)

Dioxido de
carbono (CO2)
Glicose

Água (H2O)

Figura 3. Esquema da fotossíntese.


Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com.

No processo de respiração aeróbica, os compostos biológicos são reduzidos


e oxidados de maneira controlada. É durante a respiração (Figura 4) que a
energia é liberada e armazenada em forma de ATP (trifosfato de adenosina),
que será utilizado em reações celulares para manutenção e desenvolvimento.

Fotossíntese

Energia Cloroplasto
luminosa

Respiração Mitocôndria
celular
Energia química
(ATP)

Figura 4. Esquema da respiração celular.


Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com.
Introdução ao estudo vegetal 7

A fotossíntese é afetada por diversos fatores, como a temperatura e a


intensidade luminosa. O gás carbônico (CO2) é obtido da atmosfera, enquanto
a água (H2O) e os nutrientes são retirados do solo pela raiz. Na presença de
luz solar, a fotossíntese ocorre nos cloroplastos, especialmente em estruturas
como as folhas, conforme Taiz e Zeiger (2017).
Os fotoassimilados são compostos obtidos a partir da fotossíntese e são
redistribuídos pela planta em movimentos denominados simplasto e apoplasto.
No simplasto, ocorre o transporte por meio do floema pelo interior da célula,
atravessando as membranas. Já o apoplasto ocorre por meio do xilema, sendo
responsável pelo transporte de substâncias inorgânicas (água e nutrientes)
absorvidas pelas raízes. Esses solutos não entram nas células durante seu
movimento, sendo transportados pelos espaços nas paredes das células.

Para saber mais sobre o papel da fotossíntese e as considerações fisiológicas e ecoló-


gicas, leia o livro Fisiologia e desenvolvimento vegetal, de Taiz et al. (2016).

Crescimento e desenvolvimento vegetal


O crescimento celular é avaliado pelo aumento em tamanho ou em massa, ou
seja, o aumento em matéria seca. Para que ocorra o crescimento, é preciso que
a taxa de fotossíntese seja maior do que a respiração. Já o desenvolvimento
vegetal consiste em um processo de crescimento em que a planta passa por
várias fases fenológicas, que são as seguintes:

1. germinação das sementes;


2. crescimento vegetativo;
3. florescimento;
4. frutificação;
5. formação de semente;
6. senescência.

O crescimento e o desenvolvimento das plantas são controlados por inte-


rações complexas de fatores externos e internos ao vegetal. Dentre os fatores
8 Introdução ao estudo vegetal

internos, conforme Pes e Arenhardt (2015), destacam-se os hormônios vegetais,


sendo os principais: auxina, giberelina, citocinina, ácido abscísico e etileno.
Existem dois tipos de controle do desenvolvimento vegetal. O controle
fisiológico, ou interno, é realizado pelas ações dos hormônios vegetais e
está diretamente relacionado ao desenvolvimento vegetal, podendo atuar
na inibição ou na indução do florescimento, no enraizamento de estacas, no
amadurecimento de frutos e na quebra de dormência de sementes e gemas.
Já o controle ambiental, ou externo, induz as plantas aos processos de desen-
volvimento e é influenciado diretamente pela luz solar, pela temperatura e
pela presença de água.
O ciclo de desenvolvimento das plantas se dá de diferentes formas, depen-
dendo do tipo de planta:

 Plantas anuais: completam o ciclo de vida em menos de um ano. Produ-


zem fruto uma vez e morrem, sendo classificadas como monocárpicas.
 Plantas bienais: completam o ciclo em menos de dois anos e em mais
de um ano. Produzem fruto uma vez e morrem, sendo classificadas
como monocárpicas.
 Plantas perenes: ciclo superior a dois anos. Essas plantas produzem
semente anualmente e são classificadas como policárpicas, ocorrendo
na maioria das frutíferas. O comportamento das folhas nas estações
de outono/inverno é uma característica dessas plantas, que podem ser:
■ Decíduas ou caducifólias: perdem as folhas no outono/inverno.
■ Perenes ou sempre verdes: mantêm as folhas no outono/inverno.

No link a seguir, está disponível uma interessante leitura complementar sobre a defesa
das plantas ao ataque dos insetos, que ilustra a necessidade de se entender sobre a
fisiologia de plantas.

https://goo.gl/44k8kZ
Introdução ao estudo vegetal 9

COLÉGIO WEB. Diferenças entre a célula vegetal e animal. [S. l.], 2019. Disponível em:
https://www.colegioweb.com.br/biologia/diferencas-entre-celula-vegetal-e-animal.
html. Acesso em: 13 fev. 2019.
LACERDA, C. F.; ENÉAS FILHO, J.; PINHEIRO, C. B. Fisiologia vegetal [apostila]. Fortaleza, 2007.
Disponível em: http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/apostila.htm. Acesso em: 13 fev. 2019.
PES, L. Z; ARENHARDT, M. H. Fisiologia vegetal. Santa Maria, RS: Colégio Politécnico
da UFSM, 2015. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_fruticultura/
terceira_etapa/arte_fisiologia_vegetal.pdf. Acesso em: 13 fev. 2019.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

Leituras recomendadas
AMBIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
CUTLER, D. F.; BOTHA, T.; STEVENSON, D. W. Anatomia vegetal: uma abordagem aplicada.
Porto Alegre: Artmed, 2011.
RODRIGUES, J. D. Identidade dos seres vivos: como a planta consegue produzir seu próprio
alimento? Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2008. Disponível em: http://www2.
ibb.unesp.br/Museu_Escola/3_identidade/3-identidade_funcoes_fotossintese2.htm.
Acesso em: 16 dez. 2018.
TAIZ, L. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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