Prosumers: Colaboradores, Cocriadores e Influenciadores - Saad Raposo 2017
Prosumers: Colaboradores, Cocriadores e Influenciadores - Saad Raposo 2017
Prosumers: Colaboradores, Cocriadores e Influenciadores - Saad Raposo 2017
cocriadores e influenciadores
Elizabeth Saad
Professora Sênior da Escola de Comunicações e Artes da USP, lider do Grupo de Pesquisa COM+ e
coordenadora acadêmica do curso de especialização lato sensu DIGICORP
E-mail:
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o presente artigo, apresentamos e discutimos, através da dinâmica
da cultura participativa da rede, o conceito de prosumer, relacionan-
do-o às práticas mercadológicas de cocriação de produtos junto às
marcas e ao papel de influenciador digital.
Palavras-chave: cultura participativa; rede; prosumer; cocriação; marcas; in-
fluenciador digital.
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coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das com-
petências” e na qual “ninguém sabe de tudo e todos sabem alguma coisa” (Lévy,
1998, p. 28-29). Uma cultura extremamente participativa que elimina obstáculos
para que as pessoas tentem coisas novas na web e sejam produtoras de conteúdo,
fazendo com que o privado e o público se interpenetrem. Vivemos atualmente
um modelo híbrido de circulação da informação com forças tanto de cima para
baixo quanto de baixo para cima, que determinam como um material é com-
partilhado pelas culturas e entre elas, de maneira cada vez mais “participativa” e
através de uma vasta variedade de ferramentas de comunicação online para faci-
litar o compartilhamento informal e instantâneo (Jenkins, Green e Ford, 2014).
Surgem novas capacidades para as pessoas passarem adiante produtos de mídia
com modelos capazes de gerar lucro com as atividades dos usuários. E, embora
novas ferramentas tenham se proliferado mundo afora, os meios pelos quais o
homem pode fazer a informação circular, recomendações boca a boca e compar-
tilhamento de conteúdos de mídia são impulsos que há muito tempo mobilizam
as interações entre as pessoas, pois dividir histórias, cara a cara ou em rede é
uma das principais atividades da nossa sociabilidade. Em um estudo intitulado
“Confrontando os desafios da cultura participativa: a educação de mídia para o
século XXI”3, Jenkins (2009) destaca o papel fundamental da criação de conteúdo
e compartilhamento na participação online, frutos da diminuição das barreiras à
expressão artística na rede, e da forte criação e distribuição das próprias criações
com o outro, facilitando assim a geração de um capital social no qual os mem-
bros sentem algum grau de ligação social mútua. Para o autor, em um “mundo
no qual a produção do conhecimento é coletiva e a comunicação ocorre através
de uma variedade de diferentes mídias, a capacidade da rede emerge como uma
competência social e cultural essencial”(Jenkins, Ibid. p.49). Com a dinâmica co-
laborativa da web, empresas passaram a desenvolver produtos menos estáticos
para seus consumidores, recrutando-os para cocriar e participar como verdadei-
ros embaixadores de suas marcas através da opinião e da liberdade criativa.
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site da empresa todas as informações necessárias. Após dois meses, um júri es-
pecializado selecionou três finalistas e apenas um deles foi eleito pelo público
como o grande vencedor, através do site da marca. No projeto, a “Ruffles” incluiu
o prosumer diretamente em seu processo de produção de um novo sabor que
ele desejasse e fosse consumir, mostrando que ele é peça-chave no marketing
da empresa. Com estratégia semelhante, em 2017 a Fanta recrutou aspirantes a
influenciadores para representar e divulgar a nova receita do famoso refrigeran-
te de laranja, marcando um reposicionamento global da marca7. A campanha
“Donos da ***** toda”8 busca colocar adolescentes com potencial criativo e de
influenciar o mercado como protagonistas e cocriadores das campanhas da be-
bida para o ano de 2018, estabelecendo uma comunicação mais forte e mais au-
têntica com seu público-alvo. Os jovens foram convocados a enviar vídeos sobre
si mesmos no hotsite da Fanta, ao lado de alguma embalagem do refrigerante, e
por meio de um processo de votação popular na internet, os vencedores foram
premiados com media training e equipamentos como computadores e smart-
phones para colaborar na divulgação dos novos produtos da marca e influenciar
a massa consumidora de Fanta. A ideia central da estratégia foi que eles utilizas-
sem os próprios canais nas plataformas sociais e se tornassem influenciadores,
além de aparecerem nos novos vídeos da bebida. Curioso notar que, apesar de
fomentar a criação de novos influenciadores, a marca se utilizou também da re-
putação de Youtubers como Gabriel Dantas, do canal “Mr. Poladoful”, Lucas Vi-
nicius, do “Canal Inutilismo”, e Pathy dos Reis, que participarão das ativações nas
redes sociais com os vencedores, para “introduzir” os novos rostos ao público
e colaborar na construção do capital social e do valor cultural da marca através
de sua popularidade e autoridade, ambas já consolidadas. Trabalhar ao lado de
influenciadores aponta uma postura positiva frente ao digital e pode beneficiar
as marcas ao “agregar valor ao produto com as características que a imagem do
próprio influenciador carrega” (Karhawi, 2016, p. 52).
Considerações finais
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Referências
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