Doenças Neurológicas
Doenças Neurológicas
Doenças Neurológicas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
5 TRAUMATISMOS ..................................................................................... 36
2
8 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO ............................................................... 43
10 CEFALEIAS ........................................................................................... 59
11 ADRENOLEUCODISTROFIA ................................................................ 63
12 DEMÊNCIAS ......................................................................................... 65
13 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 74
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
4
2 DOENÇAS NEUROLÓGICAS
Fonte: universoautista.com
5
Os transtornos neurológicos podem interferir no sono, tornando o paciente
ansioso ou agitado na hora de dormir.
Alguns nervos periféricos (nervos sensoriais) transportam informações
sensoriais (sobre coisas como dor, temperatura, vibração, odores e sons) até a
medula espinhal e, então, ao cérebro. Outros (nervos motores) enviam impulsos que
controlam o movimento muscular do cérebro através da medula espinhal para os
músculos. Outros ainda (chamados nervos autônomos) enviam informações sobre o
corpo e o ambiente externo para os órgãos internos, tais como vasos sanguíneos,
estômago, intestino, fígado, rins e bexiga. Em resposta a esta informação, os nervos
autônomos estimulam ou inibem os órgãos que abastecem. Esses nervos funcionam
automaticamente (de forma autônoma), sem esforço consciente do paciente (COSTA,
2010).
Segundo Costa (2010) se os nervos motores forem lesionados, os músculos
podem ficar fracos ou paralisados. Se os nervos sensitivos forem danificados,
sensações anormais podem ser sentidas, (ou sensações), a visão ou outro sentido
pode ser comprometido ou perdido. Se os nervos autônomos forem danificados, o
órgão que os mesmos regulam podem apresentar mau funcionamento.
3 DOENÇAS CEREBROVASCULARES
Fonte: daiichisankyo.com.br
6
A doença cerebrovascular pode ser classificada em três grandes grupos:
Isquêmico (AVCI), Hemorragia Cerebral Intraparenquimatosa (HIP) e Hemorragia
Subaracnóidea (HSA) ou meníngea.
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3.2 Hemorragia Intraparenquimatosa Cerebral (HIP)
8
3.3 Hemorragia Subaracnóidea (HSA)
9
4 DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS DO SNC
Fonte: drauziovarella.uol.com.br
10
100.000 pessoas e incidências de 1 a cada 6.000 até 1 a cada 11.000 nascidos vivos
em estudos realizados fora do Brasil.
De acordo com o autor citado a AME 5q é causada por alterações no locus do
gene de sobrevivência do neurônio motor, localizado na região 5q11.2-13.3 do
cromossomo 5. O locus é constituído por dois genes parálogos (classe particular de
homólogos resultantes da duplicação genômica): o gene de sobrevivência do neurônio
motor 1 (SMN1), localizado na região telomérica do cromossomo, e o gene de
sobrevivência do neurônio motor 2 (SMN2), localizado na região centromérica.
11
A alteração bialélica do gene SMN é a situação em que a doença se expressa,
sendo que o número de cópias do gene SMN2, que pode variar de zero a oito, é o
principal determinante da gravidade da doença (MINISTERIO DA SAUDE, 2019).
Contudo, essa relação não pode ser considerada determinante, pois os níveis
de proteína SMN nos tecidos periféricos, como sangue e fibroblastos, variam
e nem sempre se correlacionam com o número de cópias de SMN2 e com os
níveis de RNA mensageiro (CRAWFORD et al., 2012; WADMAN et al., 2016
apud MINISTERIO DA SAUDE, 2019).
12
4.2 Doença de Parkinson
13
Este aumento não parece ser explicado apenas pelo envelhecimento da
população, existindo outros fatores como um melhor reconhecimento da doença e
fatores ambientais ou sociais. A sobrevivência média dos doentes tem vindo a
aumentar desde os 9,4 anos na era pré-levodopa (o primeiro marco histórico no
tratamento da DP), para 13,1 anos em 1993, na era pré-estimulação cerebral profunda
(segundo marco histórico no tratamento da DP), situando-se atualmente nos 14,6 (±
7,7) anos, comparativamente aos 23,3 anos estimados para um adulto de 60 anos da
população geral. Dada a complexidade e heterogeneidade da DP, é difícil estimar o
prognóstico de um doente individual (CABREIRA, 2020).
A idade mais avançada, o género masculino, comorbilidades (e.g. fatores de
risco vascular, cancro, síndrome metabólica, baixo índice de massa corporal), o
atingimento motor axial, a deterioração cognitiva e disfunção autonómica precoces
têm sido apontados como fatores preditores independentes de pior prognóstico.11–
16 Recentemente, níveis baixos de vitamina B12 foram associados a pior prognóstico
(CABREIRA, 2020).
Tabela - Tratamento na doença de Parkinson consoante certos sintomas
(psiquiátricos e autonómicos)
Sintoma Tratamento
Insónia Ajuste na posologia, clonazepam, técnicas de
higiene no sono
Depressão Amitriptilina, inibidores da recaptação da serotonina
e noradrenalina
Fadiga Selegelina ou amantadina
Sonolência Modafilina
diurna
Alucinações Recurso a antipsicóticos (quetiapina, clozapina),
ajuste na posologia
Obstipação Laxantes osmóticos (macrogol)
Estabilizadores anticolinérgicos urinários,
Incontinência desmopressina para casos noturnos, verificação da
medicação
Impotência Sildenafil, vardenafil, tadalafil
Dor Relaxantes musculares, ajuste na posologia
Hipotensão Aumentar o influxo de sal e água, fludrocortisona,
ortostática midrodina, epinefrina, ajuste na posologia
Injeções de toxina botulínica linguais, aplicação
Salivação
sublingual de gotas oculares de 0,5% de atropina
14
Propranolol, propantelina, aplicação tópica de
Sudorese
cremes com alumínio, ajuste na posologia
Fonte: institutoisads.org
15
sistemas de saúde, quanto no mercado de trabalho e dinâmica familiar
(PEREIRA, 2015 apud ARAÚJO, 2019).
17
Todavia, os 20 pacientes com demência possuem suas atividades limitadas,
sua mobilidade é diminuída e os mesmos correm maiores riscos de acidentes
domésticos, quedas acidentais, as quais podem se caracterizar em fraturas ósseas,
complicando ainda mais o quadro de saúde do paciente. A redução cognitiva e perca
do equilíbrio são frutos da demência e de alterações que modificam o estilo de vida
de idosos (ARAÚJO, 2019).
Ainda não se sabe a cura para DA, apesar de inúmeras pesquisas ao longo dos
anos. Mas, a ciência sempre está em busca de uma melhor qualidade para os
pacientes portadores buscando e pesquisando a fim de estabelecer os sintomas para
melhorar a qualidade de vida desses indivíduos (apud ARAÚJO, 2019).
Segundo Teixeira et al, (2015) o Alzheimer em 2009, foi responsável por cerca
de 65% da causa de morte em mulheres e 51,1% entre os homens, na sua pesquisa
epidemiológica. Dentre as várias demências que prejudicam os idosos, a DA é a mais
dominante delas. Atualmente, 54% dos idosos com demências têm DA e os casos
desse mal crescem.
No ano de 2010, um milhão de idosos no Brasil tinham Alzheimer. Estima-se
que em 2020 serão 1,6 milhão. No Sistema Único de Saúde (SUS), somente o
Alzheimer, realizou 38,13 milhões de serviços ambulatoriais no ano de 2015
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER, 2016).
18
eventos marcantes dos sinais e sintomas é a perca cognitiva e comportamentais que
modificam o estilo de vida e funções habituais, em consequência a perca de memória
e incapacidade de reconhecer faces (ARAÚJO, 2019).
19
ato desenvolvido pelo profissional psicólogo para intervir nos sofrimentos psíquicos
(SILVA, 2018).
É considerado nova possibilidade de terapia, capaz de proporcionar e otimizar
novas respostas ao tratamento farmacológico. Entretanto, as psicoterapias na fase
inicial incluem o suporte através do acolhimento, de modo a amparar e sustentar a
busca do reestabelecimento do equilíbrio e da elaboração das falhas, o que provoca,
como consequência, o aumento da autoestima e confiança do paciente.
Na fase final a psicoterapia já não é extremamente eficiente, as degenerações
acometeram várias funções cognitivas, assim, nessa fase o tratamento terapêutico é
de extrema importância para os cuidadores e o paciente (ARAÚJO, 2019).
Fisiopatologia
20
necessidades orgânicas de proteínas e de calorias, podendo estar associadas à
inapetência, causada pela própria doença, por determinados medicamentos e por
dificuldades de alimentação.
As mudanças cerebrais acontecem antes do surgimento de sintomas de
demência, as lesões se manifestam principalmente no córtex cerebral e influenciam
na diminuição do tamanho do cérebro. As partes cerebrais inicialmente lesadas são:
hipocampo, subículo e córtex entorrinal, os quais são responsáveis pela memória
(ARAÚJO, 2019).
Na DA muitos são os sinais bioquímicos que podemos observar, como, por
exemplo, estresse oxidativo difundido no cérebro, neuroinflamação, desregulação de
cálcio, deficiência e distribuição alterada das mitocôndrias, oligomerização do
peptídeo Aβ, toxicidade sináptica e problemas na homeostase metálica. O
comprometimento da cadeia respiratória mitocondrial por conta do peptídeo Aβ leva
ao estresse oxidativo, acumulando espécies reativas de oxigênio, elevando os níveis
de óxido nítrico e diminuindo a produção de ATP (ARAÚJO, 2019).
21
saudáveis, a produção deste tipo de peptídeo é considerada central na patologia da
DA (ARAÚJO, 2019).
Segundo o autor a Tau faz parte de um conjunto de proteínas que causam
patologias cerebrais amiloides e possuem conformação em estruturas β4. Além do
mais, constitui o grupamento o peptídeo Aβ. Aβ advém do processo proteolítico da
proteína precursora amilóide (APP). A APP é uma proteína integral de membrana, no
qual está em abundante no meio extracelular, com porção hidrofóbica transmembrana
e uma pequena parte C-terminal voltado para meio intracelular, denominado domínio
intracelular da APP.
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi descrita pela primeira vez em 1869
em Paris, por Jean-Martin Charcot, médico, professor e cientista. Na França, a doença
é conhecida como “maladie de Charcot”. Nos Estados Unidos, a doença é conhecida
como “doença de Lou Gehring”, nome associado a um jogador de beisebol que faleceu
22
em 1941, em decorrência da ELA. A primeira descrição da doença no Brasil ocorreu
em 1909, pelo médico Cypriano Freitas. Em 1919, o médico Gonçalves Viana,
descreveu os sintomas da doença em dois pacientes (SANTOS, 2017).
A ELA é uma abreviatura na qual está intrínseca sua própria denominação.
Conforme descrito por Santos (2017), a sigla trazendo o significado de Esclerose
Lateral Amiotrófica, ainda abre-se deixando esclarecido os seguintes termos.
1. Esclerose significa endurecimento e cicatrização;
2. Lateral refere-se ao endurecimento da porção lateral da medula espinhal;
3. Amiotrófica é a fraqueza que resulta na atrofia do músculo. Ou seja, o volume
real do tecido muscular diminui. Assim, a Esclerose Lateral Amiotrófica, tem em seu
significado fraqueza muscular secundária, por conta do comprometimento dos
neurônios motores. A etiologia da doença, ou seja, a forma como essa surge ainda é
questionável.
Segundo o autor, dentre as causas mais possíveis, a hereditariedade
autossômica, infecções virais tardias, atividade física intensa, doença autoimune,
exposição a metais (chumbo e mercúrio) e outras, como o excesso de glutamato, vem
sendo observadas quanto a sua relação no desenvolvimento da ELA.
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O quadro clínico da ELA se caracteriza pela presença de sinais que denotam o
acometimento neuronal superior e inferior, além de outros sintomas como disfunção
dos movimentos, contrações musculares visíveis, hiperreflexia, espasticidade, cãibras
e o mais característico dos sintomas, o sinal de Babinsky. A espasticidade é
correspondente a progressão da atividade reflexa dos músculos que perderam o
controle exercido pelos neurônios motores superiores (SANTOS, 2017).
Histopatologia ELA
26
A partir do uso do microscópio ótico e eletrônico, são observados a
presença de estruturas como pigmentos lipídicos (Lipofuscina), esferoides
(acúmulo de neurofilamentos, proteínas e outras estruturas), corpúsculos de
Bunina (estruturas eosinofílicas redondas) e estruturas semelhantes aos
corpos de Lewy. Conforme a destruição neuronal acontece, as fibras
musculares vão ficando mais enfraquecidas podendo comprometer toda a
atividade muscular, levando a uma atrofia de diversos músculos. (DAROFF
et al., 2012 apud SANTOS, 2017).
Manifestações clínicas
Tratamento ELA
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O termo Esclerose Lateral direciona-se principalmente a rigidez na coluna
lateral da medula espinhal, causada em razão da gliose que segue a degeneração da
medula espinhal. Porém a denominação Amiotrófica aponta-se à atrofia muscular
(SANTOS, 2017).
Segundo o autor, a projeção crescente e fatal da ELA realça a importância do
apropriado e urgente diagnóstico. Porém, sabe-se que o diagnóstico pode ser
dificultoso de ser obtido comparando-se aos mínimos sinais e sintomas e às outras
possibilidades diagnosticadas.
Em 1995 a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do fármaco
Riluzol, um antagonista do glutamato que diminui a velocidade da degeneração
neuronal. O Riluzol é o medicamento de primeira escolha usado no tratamento de ELA
e deve ser administrado 50 mg do comprimido duas vezes ao dia, cerca de 1 a 2 horas
antes das refeições (SANTOS, 2017).
O Riluzol é considerado um agente antiglutamato e permanece sendo a única
alternativa de tratamento farmacológico que demonstrou certa eficácia nos ensaios
clínicos realizados com pessoas portadoras do ELA. (BENSIMON, 2005).
Recomenda-se o uso via oral, duas vezes ao dia de Riluzol 50mg, prorroga
provavelmente a sobrevivência do paciente por cerca de dois meses, contudo
deve ser iniciado precocemente, e em especial nos casos denominado início
Bulbar (MILLER et al., 2003). Esse fármaco possui propriedades anti-
excitotóxicas e que reduz drasticamente a progressão da doença,
aumentando a sobrevida do paciente em cerca de 2 a 3 meses. É importante
mencionar que além do uso do Riluzol, é preciso que o paciente receba
acompanhamento psicológico permanente e também que receba tratamento
de fisioterapia. (VINCETI et al., 2012 apud SANTOS, 2017).
29
4.5 Doença de Huntington (DH)
A Doença de Huntington (DH), descrita pela primeira vez em 1872 por George
Huntington, é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica dominante
(mutações dinâmicas e repetidas de CAG) caracterizada, clinicamente, pela tríade de
distúrbios de movimentos, problemas psiquiátricos (alteração de personalidade,
depressão) e declínio cognitivo, podendo culminar com síndrome demencial
(PINHEIRO et al, 2020).
De acordo com o autor, com a evolução da doença, ocorre perda progressiva
de neurônios, principalmente no núcleo caudado e no putâmem, que são responsáveis
pela produção do neurotransmissor GABA; ocasiona o aparecimento de movimentos
involuntários irregulares, coreia e distonia, sobrevindo de forma progressiva e
degeneração mental.
Geralmente, as pessoas com DH manifestam os sintomas entre 40 e 50 anos
de idade, com tempo médio de sobrevida variando entre 15 e 20 anos, após o
aparecimento dos primeiros sintomas, sendo a disfagia a principal complicação que
pode causar perda ponderal, broncoaspiração e risco de morte. A prevalência da
doença varia conforme a região global, sendo escassos dados referentes à América
Latina, e 13,7/100.000 habitantes no Canadá e 0,65/100.000 no Japão (PINHEIRO et
al, 2020).
Levando em consideração as alterações geradas na funcionalidade desses
sujeitos, a literatura aponta a necessidade da intervenção fisioterapêutica,
objetivando, nesses indivíduos, as suas habilidades para a realização das atividades
de vida diária (AVD), a adaptação de equipamentos disponíveis com foco na melhoria
da capacidade funcional, minimizando, assim, risco de quedas (PINHEIRO et al,
2020).
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Clinicamente, ocorre a atrofia seletiva e progressiva do estriado e do córtex
cerebral, está progressão é dividida em três estágios. No primeiro estágio, o
Huntiniano apresenta mudanças sutis na coordenação, como movimentos
involuntários, dificuldade para pensar e humor depressivo. No segundo estágio do DH,
a fala e a deglutição são afetadas e as habilidades de raciocínio lógico diminuem
gradualmente. No terceiro estágio o Huntiniano torna-se totalmente dependente,
chegando até o estado vegetativo. Entretanto, a sua consciência permanece
preservada (PINHEIRO et al, 2020).
Segundo o autor citado o diagnóstico é obtido através de exames de
neuroimagem, histórico familiar detalhado, sintomas como déficit motor progressivo
associado à coréia ou rigidez sem outra causa definida e alterações psiquiátricas com
demência progressiva, sem outra causa. Porém, os testes genéticos são
fundamentais para confirmação da doença, uma vez que a diferenciação clínica é
limitada. Esta limitação ocorre devido a sintomatologia da DH ser muito semelhante à
de outras desordens neurológicas; como o Parkinson, o Alzheimer e a Demência.
Os exames complementares para a obtenção do diagnóstico são: o
eletroencefalograma (EEG), Tomografia de Emissão de Posítrons (PET), a tomografia
computadorizada (TC). de crânio e a ressonância nuclear magnética (RNM). O EEG
e o PET podem demonstrar alterações na atividade cerebral antes do início dos
sintomas, portanto são úteis para a investigação. Nos exames de neuroimagem, (TC
e RNM). pode-se observar a presença de atrofia do estriado, mais especificamente no
núcleo caudado. A perda de neurônios também é notada no córtex cerebral, incluindo
as regiões frontal, parietal e temporal. A atrofia cerebral pode ser vista através destes
mesmo em estádios precoces da doença PINHEIRO et al, 2020).
O tratamento da DH e sintomático, baseado em neurolépticos para controlar a
coréia e a psicose, anticonvulsivantes, analgésicos e drogas para diminuir a
espasticidade, como o Diazepan e Clorpromazina. No entanto, o tratamento não
retarda e nem previne o início ou a progressão da doença. Devido aos diferentes
sintomas apresentados juntamente com a forma de manifestação gradual dos
sintomas, é muito difícil determinar a idade precisa de seu surgimento. Estudos
31
estatísticos revelam um hiato grande, de aproximadamente oito anos entre o início
real da DH e seu diagnóstico (PINHEIRO et al, 2020).
Segundo o autor, os benzodiazepínicos exercem ação anticoréica leve e podem
ser utilizados também em pacientes com ansiedade. Para as desordens psíquicas é
recomendado o uso de inibidores da recaptação de serotonina ou outros tipos de
antidepressivos. A disfunção cognitiva pode ser amenizada com a administração de
anticolinesterásicos, entretanto, são necessários mais estudos para a sua ampla
utilização.
O tratamento paliativo com fármacos segundo Pinheiro (2020), nem sempre
melhora a qualidade de vida dos pacientes, ocasionando por vezes mais efeitos
colaterais indesejáveis do que benefícios. Todos os fármacos apresentam efeitos
positivos e negativos, podendo inclusive alterar a sintomatologia do paciente e
interferir no diagnóstico.
A promoção à saúde para o paciente portador de DH deve propiciar um estilo
de vida saudável, com ambiente estável, prevenindo as possíveis complicações
vindouras da doença e promovendo a participação do indivíduo acometido em
atividades diárias de forma a estimular sua independência (PINHEIRO et al, 2020).
32
4.6 ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM)
• Dores neuropáticas;
• Nevralgias e cefaleias
• Sensação de dormência (parestesias) ou perda de sensação
• Perda de equilíbrio
• Problemas associados ao trato urinário e gastrointestinal, como constipação e
incontinência urinária.
34
• Fadiga
• Alterações no raciocínio e memória
5 TRAUMATISMOS
Fonte: saberatualizado.com.br
6 DISTROFIAS NEUROMUSCULARES
Fonte: discapnet.es
O termo distrofia (do gr. dys, ‘mal’, ‘anormal’; trophen, ‘nutrição’) refere-se a
anomalia do desenvolvimento por formação imperfeita de certos tecidos e,
consequentemente, dos órgãos por ele formados. (DICIONARIO DE
BIOLOGIA, 1993, apud FREZZA, 2005).
38
a DMB apresenta uma incidência de 1 a cada 18 518 meninos nascidos vivos, ou seja,
0,5 a cada 10 0004 (GODOY et al, 2012).
Ainda segundo o autor, as distrofias musculares são caracterizadas por uma
degeneração progressiva e irreversível da musculatura esquelética, com alteração
quantitativa da proteína muscular chamada distrofina. Os pacientes portadores de
DMB apresentam de forma geral início das manifestações entre os 5 e 25 anos de
idade, com uma grande variabilidade de quadro clínico, porém todos apresentam
fraqueza muscular.
39
repetidos de degeneração-regeneração induzidos pela atividade do músculo, a
população de células progenitoras (células satélite) esgota-se e o músculo vai sendo
progressivamente substituído por tecido conjuntivo e adiposo.
O gene dmd localiza-se no braço curto do cromossoma X (Xp21.2) e possui 79
exões.(2,8) A maioria das alterações que ocorrem neste gene são deleções (65-72%
dos casos de DMD) que ocorrem com maior frequência em regiões hotspot (exões 45-
53), duplicações de um ou mais exões (7%), e mutações pontuais, pequenas deleções
ou inserções (20%). A maior parte dessas alterações correspondem a mutações
nonsense, frame-shift ou em locais de splicing (GUEDES, 2012).
40
evidentes alterações do ritmo e condução cardíacas e cardiomiopatia dilatada, esta
última representando a segunda causa de morte por DMD (10-40% das mortes).
Estes doentes apresentam ainda escoliose, fraturas de ossos longos e
osteoporose e, aproximadamente 30% apresentam também alterações intelectuais
e/ou cognitivas não progressivas. Dificuldades em alimentar-se e perda de peso são
complicações comuns em estádios tardios. A ausência de tratamento implica que a
maioria destes doentes acabem por morrer devido à insuficiência respiratória ou
cardiomiopatia, no final da adolescência ou quando adultos jovens
41
O prognóstico depende do grau do comprometimento da musculatura
respiratória e do desenvolvimento de deformidades da coluna vertebral.
(MERCURI, 2002, apud ROCCO, 2005).
7 NEUROPATIAS PERIFÉRICAS
Fonte: brale.org.br
42
• Polineuropatias distais com comprometimento difuso e simétrico dos quatro
membros.
As polirradiculoneuropatias se distinguem das neuropatias distais pela
presença de alteração sensitiva ou motora proximal e distal. Podem ser
hereditárias, metabólicas, tóxicas e idiopáticas. Quanto ao modo de
instalação, a neuropatia pode ser aguda (até um mês), subaguda (meses) e
crônica (anos). As neuropatias são desordens comuns relacionadas a muitas
enfermidades sistêmicas ou próprias do Sistema Nervoso Periférico (SNP),
que podem associar-se a disfunções do Sistema Nervoso Central (SNC).
(VALLAT, 2005, apud FELIX, 2008 apud KRAYCHETE, 2011).
8 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO
Fonte: eephcfmusp.org.br
43
Segundo Anita Harding (1996), ataxia cerebelar se refere à decomposição
irregular do ajuste fino da postura e dos movimentos, normalmente controlados pelo
cerebelo e suas conexões. O termo aplica-se à função motora dos membros, tronco,
olhos e musculatura bulbar. As ataxias podem ser divididas em adquiridas e
hereditárias, lembrando que os casos esporádicos podem ser tanto adquiridos quanto
hereditários, provenientes de mutação nova, resultado de mutação dominante com
penetrância incompleta ou secundário a heranças recessiva, mitocondrial e ligada ao
X. Apresentação clínica segundo Camargos (2012).
• Ataxia de marcha: alterações de marcha, sendo essa inicialmente
irregular de base alargada, progredindo para abasia e impossibilidade
de ficar em pé.
• Ataxia de tronco: incapacidade de sentar-se ou ficar em pé sem apoio,
tendência a cair para trás, oscilações de cabeça e tronco, hipotonia.
• Ataxia de membros: dismetria, disdiadocinesia, decomposição de
movimentos, tremor cinético, postural e de intenção, hipotonia, sinal do
rechaço.
• Manifestações bulbares: disartria, disfagia.
• Sinais e sintomas visuais: apraxia oculomotora, dismetria, lentificação
dos movimentos oculares, movimentos sacádicos quadrados.
A coreia é uma síndrome de movimentos irregulares, abruptos, involuntários e
excessivos na qual as contrações musculares parecem fluir aleatoriamente de uma
parte do corpo para outra, causando a impressão de agitação e inquietude. Quando
os movimentos coreicos são importantes, assumindo caráter grosseiro, são chamados
balismos. A coreia pode afetar mãos, pés, tronco, pescoço e face, inclusive
movimentos dos olhos e da língua. Acredita-se ser causada por danos nos núcleos da
base do cérebro, principalmente na via indireta, que inibe contrações musculares
indesejadas e previne a iniciação dos movimentos (CAMARGOS et al, 2012).
Distonia
44
Distonia refere-se ao movimento anormal caracterizado por contração muscular
padronizada, direcional e frequentemente sustentada, levando a posturas anormais
ou a movimentos de torçãoT. A associação de uma postura tônica lentificada e
movimentos rápidos, assemelhando-se a tremores, é característica clínica deste
distúrbio de movimento (CAMARGOS et al, 2012).
Segundo o autor, o grau de distonia pode variar desde um distúrbio leve, tarefa
específica, a até um status distônico, levando inclusive à mioglobinúria, sua forma
mais grave. Epidemiologia Distonia é a terceira causa mais comum de movimento
anormal após tremor e parkinsonismo, atingindo prevalência de 2 a 50 casos por
milhão em início precoce (menores de 20 anos) e 30 a 7.320 casos por milhão em
início tardio (maiores de 20 anos).
De acordo com o mesmo autor aproximadamente 70% dos pacientes com
distonia têm a forma idiopática ou primária. Quanto à distonia focal, acredita-se que
aproximadamente 25% tenham base hereditária. Em relação à localização, as
distonias mais comuns são a do pescoço (torcicolo espasmódico) e o blefaroespasmo.
Comumente a distonia cervical apresenta-se com dor e truque sensitivo (geste
antagonistique). Apenas 10% sofrem remissão nos três primeiros anos de doença.
A classificação das distonias pode ser baseada na idade de início dos sintomas,
gravidade (repouso, ação e ação específica), distribuição de regiões do corpo
afetadas e etiologia. Em relação à topografia, ela pode ser focal, segmentar (duas
partes contíguas), multifocal (duas ou mais partes não contíguas), generalizada
(distonia segmentar crural mais uma parte do corpo adicional) e hemidistonia (distonia
unilateral) (CAMARGOS et al, 2012).
Quanto à classificação etiológica, a distonia pode ser primária ou idiopática
(quando nenhuma anormalidade, exceto a distonia, está presente e não há
anormalidade estrutural cerebral ou erros inatos do metabolismo detectáveis); ou
secundária (quando a distonia segue uma alteração neurológica hereditária ou insulto
exógeno e geralmente está associada a outras anormalidades, como parkinsonismo,
demência, sinais piramidais ou cerebelares) (CAMARGOS et al, 2012).
45
Segundo o autor uma subcategoria de distonia secundária é a distonia-plus,
que é hereditária e acompanhada de outros sinais além da distonia, mas não há
degeneração cerebral. Outra subcategoria é a heredodegenerativa, na qual há
evidência histopatológica de degeneração cerebral. É comumente recessiva e
resultado de erros inatos do metabolismo. Há também as autossômicodominantes, as
ligadas ao X e as de herança mitocondrial.
46
Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS) é uma doença neurodegenerativa
progressiva de ocorrência esporádica que compromete várias áreas do sistema
nervoso central, como: substância negra, caudado, putamen posterior, globus pallidus
(pars externa), oliva inferior, núcleos pontinos, células de Purkinje, células da coluna
intermediolateral da medula, núcleo de Onuf’s, locus coeruleus, núcleo dorsal do vago,
núcleos vestibulares, tratos piramidais e da coluna anterior. Desse modo, gera-se uma
grande variabilidade clínica com a combinação de sinais e sintomas piramidais, extra
piramidais, cerebelares e autonômicos (CAMARGOS et al, 2012).
Ainda segundo o autor, os poucos estudos existentes na literatura sugerem
uma taxa de prevalência abaixo de 5 por 100.000 e uma taxa de incidência abaixo de
1 em 100.000[6]. A doença acomete adultos de ambos sexos e tem sobrevida de 9,3
anos após o primeiro sintoma. Classificação O paciente pode apresentar-se com
predomínio de sintomas parkinsonianos, subtipo AMS-P, previamente chamado de
degeneração estriato-nigral, ou predomínio de ataxia cerebelar, subtipo AMS-C,
previamente chamado de atrofia olivopontocerebelar.
A predominância parkinsoniana ou cerebelar pode ser cambiável com o tempo
de doença. Um terceiro subtipo, com predomínio de disfunção autonômica é definido
como AMS-A, previamente chamado de síndrome de Shy Drager. Fisiopatologia A
AMS é considerada uma sinucleinopatia juntamente com a doença de Parkinson e a
demência por corpos de Lewy. O substrato neuropatológico dessa doença é a
presença de inclusões citoplasmáticas gliais, principalmente filamentos de alfa-
sinucleína nas estruturas olivopontocerebelares e estriatonigrais. Variantes genéticas
do gene da alfa-sinucleína (SNCA) estão associadas à AMS esporádica e alguns
estudos de polimorfismo de um único nucleotídeo (SNPs) sugerem que há
suscetibilidade para a forma de manifestações predominantemente cerebelares
(AMS-C) (CAMARGOS et al, 2012).
Além disso, genes envolvidos no stress oxidativo, disfunção mitocondrial,
processos inflamatórios, doença de Parkinson e ataxia têm possível associação.
47
A degeneração córtico-basal gangliônica (DCBG) divide com a degeneração
lobar frontotemporal e paralisia supranuclear progressiva uma superposição de
características clínicas e patológicas. Alguns autores cunharam o termo como
“complexo de Pick”. Tal complexo é dividido em “tau positivo” e “tau negativo”. As
doenças “tau positivo” seriam a DCBG, doença de Pick, paralisia supranuclear
progressiva, tauopatia de múltiplos sistemas e demência frontotemporal com
parkinsonismo ligado ao cromossomo 17. “Tau negativo” seriam as outras variantes
de demência frontotemporal, tais como: demência frontotemporal com alterações
imunorreativas à ubiquitina sem doença do neurônio motor, demência frontotemporal
com doença do neurônio motor, demência sem alteração histopatológica distinta e
doença por corpos de inclusão de neurofilamentos (CAMARGOS et al, 2012).
Macroscopicamente, segundo o autor a DCBG é descrita como atrofia cortical
frontoparietal ou frontotemporal com assimetria, além de despigmentação da
substância negra. DCBG é vista hoje como uma doença complexa que afeta as
funções cognitivas e motoras, entretanto a participação relativa desses dois grandes
sintomas continua controversa.
48
continuamente com o avançar da idade, enquanto na doença de Parkinson (DP)
ocorre diminuição após os 85 anos (CAMARGOS et al, 2012).
A demência na doença de Parkinson (DDP) e DCL são duas síndromes
definidas, com sobreposição de sintomas clínicos que dividem a mesma base de um
processo patológico, sugerindo que representem pontos diferentes de um espectro de
doenças com corpos de Lewy. A separação dos dois fenótipos parece um pouco
arbitrária, e ainda há muito debate sobre a base regional e patológica para o declínio
cognitivo; no entanto, várias diferenças morfológicas entre DDP e DCL foram
demonstradas. A apresentação de ambos os fenótipos ainda pode ser similar à DA e
frequentemente mostrar uma mistura variável de DA e sinucleinopatias (CAMARGOS
et al, 2012).
A paralisia supranuclear progressiva (PSP) é uma doença neurodegenerativa
primária também chamada de síndrome de Steele-Richardson-Olszewski, sendo uma
das causas mais comuns de parkinsonismo degenerativo. Em 1964, Steele e cols.
descreveram 9 pacientes do sexo masculino que, por volta de 60 anos, apareciam
doentes e morriam aproximadamente 5 a 7 anos após a descoberta da doença, e a
denominaram de PSP. As características clínicas dessa entidade eram instabilidade
postural, quedas, alteração de marcha, alterações na mirada supranuclear vertical,
paralisia pseudobulbar, rigidez em extensão e síndrome disexecutiva (CAMARGOS et
al, 2012).
49
Segundo o autor citado acima, existem diversas descrições na história de
sintomas de provável SPI, incluindo relatos do século 17, porém o termo “restless legs
syndrome” foi introduzido por Karl-Axel Ekbom em 1945. Epidemiologia Uma análise
de estudos epidemiológicos encontrou uma taxa de prevalência de 5% a 15% na
população em geral (Europa e América do Norte) e menores taxas na Ásia,
usualmente 1% a 3%, sendo cerca de 2,5% com sintomas graves, o suficiente para
necessitar de intervenção médica. Afrodescendentes nunca foram especificamente
estudados.
Existe predominância no sexo feminino em razão de 2:1 e a prevalência
aumenta com a idade de acordo com o autor citado. É considerada a “desordem mais
comum sobre a qual você nunca ouviu dizer a respeito”, e por isso é subdiagnosticada
e não tratada. A idade de inicio da doença varia da infância até a senilidade, mas
predomina na quarta década de vida. Cerca de 40% dos adultos diagnosticados
relatam ter experimentado os sintomas antes dos 20 anos de idade.
O curso natural da doença é variável, mas geralmente é considerada condição
crônica com aumento sucessivo dos sintomas e morbidade importante. A progressão
da doença é mais lenta nos pacientes que apresentaram o início da doença antes dos
45 anos de idade e estes são mais propensos a ter história familiar positiva
(CAMARGOS et al, 2012).
Uma história familiar de SPI pode ser encontrada em cerca de 50% dos casos,
e a ascendência na maioria deles sugere padrão autossômico dominante com alta
penetrância. A possibilidade de antecipação já foi descrita: a doença se inicia mais
cedo a cada nova geração. Variações na penetrância e antecipação sugerem
heterogeneidade genética. Relatos da identificação dos genes associados à 60 61 SPI
revelam envolvimento dos cromossomos 12q, 14q, 9p, 2q, 20p, 16p, 6p, 15q e 2p.
Além disso, os genes MEIS1, NOS1 e BTBD9 parecem estar envolvidos (CAMARGOS
et al, 2012).
Tremor
50
Tremor é a forma mais comum de movimento involuntário. Quase todas as
pessoas já experimentaram o tremor alguma vez, mas apenas uma pequena parcela
destas pessoas precisou de atenção médica. Este distúrbio caracteriza-se por
movimento oscilatório involuntário e rítmico de uma parte do corpo com uma
frequência relativamente constante e amplitude variável. É causado por contrações
sincrônicas alternantes ou irregulares de músculos antagonistas (CAMARGOS et al,
2012).
Segundo o autor, o tremor pode resultar de um processo fisiológico ou
patológico e se classificar de acordo com a etiologia ou fenomenologia, como
frequência, amplitude, localização e forma de ativação. O tremor de repouso ocorre
quando o músculo não é voluntariamente ativado, enquanto o tremor de ação está
presente junto às contrações musculares voluntárias. Subtipos incluem tremor
postural, cinético e isométrico.
O tremor postural está presente durante a manutenção voluntária de uma
posição contra a força da gravidade. O tremor cinético pode ocorrer durante qualquer
forma de movimento voluntário. Tremor de intenção ou terminal refere-se à
exacerbação do tremor cinético frente à finalização de um movimento direcionado. As
características dos principais tremores e os tipos mais comuns. O tremor pode ainda
ser delineado de acordo com a distribuição anatômica, frequência, condições
neurológicas coexistentes, uso de medicamentos causadores de tremor e outros.
No que se refere à localização, podemos observar o tremor em qualquer parte
do corpo, sendo os membros superiores e a cabeça, principalmente queixo, face,
língua e palato, os segmentos mais acometidos. Pode haver o acometimento de
outras partes do corpo, como os membros inferiores e o tronco, mas essa situação é
incomum (CAMARGOS et al, 2012).
Os elementos do tremor podem, ainda, ser combinados em diferentes
síndromes. Tremor essencial Tremor essencial (TE) é uma condição neurológica
comum. No passado, a patologia era referida como tremor essencial benigno, porém
muitos especialistas consideram o uso deste termo inadequado, já que
51
inapropriadamente minimiza o impacto da doença na deficiência, incapacidade e
qualidade de vida (CAMARGOS et al, 2012).
Associado com tremor essencial, ortostático primário, fisiológicos e fisiológicos
exacerbados, induzidos por drogas e tóxicos, tremor neuropático, cerebelar de cabeça
e tremor distônico Tremor cinético Tremor de ação que ocorre em qualquer forma de
movimento voluntário incluindo ações visualmente guiadas, como falar, servir água
em um copo, ou teste índex-nariz. Associado com tremor essencial, tremor cerebelar
clássico, distônico, induzidos por drogas ou tóxicos, e as lesões do mesencéfalo. Inclui
tremor dinâmico ou terminal, que ocorre com movimentos dirigidos a um alvo, e tremor
cinético simples, que está presente em ações não dirigidas (CAMARGOS et al, 2012).
Tremor tarefa ou posição específico Tremor cinético que ocorre durante a
execução de movimentos complexos altamente especializados, como escrever, falar
ou sorrir. Tremor primário da escrita e tremor isolado de voz estão incluídos Tremor
isométrico Tremor cinético presente durante a contração muscular voluntária contra
um objeto rígido estacionário, como a flexão do punho contra uma superfície horizontal
plana.
Tiques
52
Os tiques são classificados em simples ou complexos:
• Tiques motores simples: quando ocorre contração de um grupo muscular
simples, isolado, com padrão repetitivo e afetando diferentes
localizações. Exemplos: piscar os olhos, encolher os ombros, repuxar a
boca, franzir a testa, torcer o nariz, etc. Os tiques motores simples
geralmente são abruptos e rápidos (tique clônico), mas podem ser lentos
e causar posturas anormais (tiques distônicos) ou uma contração
isométrica (tiques tônicos).
• Tiques vocais simples: sons e barulhos sem significado semântico.
Exemplos: estalar a língua, fungar, limpar a garganta, grunhir, etc.
• Tiques motores complexos: quando os movimentos são sequenciais,
com padrões coordenados envolvendo vários grupos musculares.
Exemplos: dar rodopios, torcer o próprio corpo, saltitar, fazer posturas
aberrantes, jogar coisas, tocar em si próprio ou em outra pessoa, etc.
• Tiques vocais complexos: quando há a produção de palavras, frases ou
sentenças completas plenas de significado. Exemplos: ecolalia, palilalia,
coprolalia.
53
Epidemiologia A prevalência mundial é estimada entre 1 em 30.000 (ou até
mais em populações com elevada consanguinidade) e 1 em 100.000 indivíduos. A
maioria dos sintomas surge entre 5 e 35 anos de idade de acordo com a velocidade
de acúmulo do cobre, que se inicia imediatamente após o nascimento. Apesar disso,
o diagnóstico em crianças mais jovens vem crescendo e pode se apresentar como
insuficiência hepática aguda em crianças de 5 anos, cirrose hepática em crianças de
3 anos e achados atípicos em crianças de até 2 anos. O paciente mais velho
diagnosticado com DW estava no início de sua sétima década de vida, apesar da
idade limite para considerar-se DW ser geralmente inferior aos 40 anos de idade
(CAMARGOS et al, 2012).
Em metade dos pacientes, o fígado é o único órgão afetado e o dano hepático
pode ocorrer antes do início dos sintomas. Pacientes que se apresentam inicialmente
com sinais neurológicos ou psiquiátricos geralmente são mais velhos,
predominantemente após os 20 anos, do que aqueles com sintomas hepáticos
isolados. A doença de Wilson deve ser considerada em todo caso de movimentos
involuntários anormais, pois essa condição é tratável e as consequências do não
reconhecimento precoce pode ser grave (CAMARGOS et al, 2012).
Mioclonia
54
Segundo o autor citado, um estudo realizado em pacientes de Olmsted County
(Minnesota) demonstrou uma incidência anual de 1,3 casos de mioclonia a cada
100.000 pessoas e que a prevalência era de 8,6 por 100.000 pessoas. A maioria dos
pacientes era idosa e a incidência aumentava com a idade. A mioclonia secundária foi
o tipo mais comum, respondendo por 72% dos casos, seguida pela mioclonia
epiléptica e a mioclonia essencial.
Dentre os pacientes com mioclonia secundária, as doenças demenciais
(doença de Alzheimer e doença de Creutzfeldt-Jakob) foram as mais comuns,
contando com 33%, seguidas da mioclonia após isquemia cerebral. Fisiopatologia A
fisiopatologia da mioclonia é diversa e depende do processo da doença de base que
causa este distúrbio do movimento (CAMARGOS et al, 2012).
Ainda de acordo com autor, em alguns tipos de mioclonia a fisiopatologia não
é clara, mas deficiências em receptores ou anormalidades de neurotransmissores,
incluindo serotonina, GABA, opiáceos, glicina e dopamina, parecem ser a causa.
Os movimentos involuntários nas mioclonias corticais ou espinhais são
resultados de uma hiperexcitação do córtex sensório-motor ou de mecanismos
facilitatórios, respectivamente. Podem ainda ser resultado de uma atividade inibitória
reduzida em vias intracorticais e transcalosa ou ao nível de interneurônios e neurônios
motores, também respectivamente (de negação), a epilepsia parcial continua, o
nistagmo, o clono, as miofasciculacões, os calafrios, o head bobbing e o sinal de
Musset da insuficiência aórtica (CAMARGOS et al, 2012).
55
9 TRANSTORNO DO SONO
Fonte: pebmed.com
56
relacionados ao sono, além desses, dois milhões de adultos sofrem de alguma forma
grave de alguma doença específica do sono, tal como a apneia, narcolepsia ou insônia
(PEIXOTO et al, 2008).
Os distúrbios de maior prevalência na população geral são a insônia e a
síndrome da apneia obstrutiva do sono. Os numerosos distúrbios do sono são
definidos na literatura por diferentes sistemas classificatórios, que são independentes
e utilizam diferentes critérios de inclusão, causando dificuldades para estudos
epidemiológicos, de diagnóstico e de interpreta-o de resultados. A Classificação
Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD), apresenta uma taxonomia detalhada e
a mais utilizada 21 pelos profissionais da área da medicina do sono para a definição
diagnostica. Segundo Caballo, Navarro & Sierra (2002), este sistema de classificação
agrupa os transtornos do sono em quatro categorias:
1. Dissonias, que incluem os transtornos intrínsecos do sono, os transtornos
extrínsecos do sono e os transtornos relacionados com o ritmo circadiano;
2. Parassonias, incluindo transtornos do despertar, transtornos da transição
vigília/sono, relacionadas com o sono REM e outras parassonias;
3. Transtornos do sono relacionados com doenças orgânicas ou psiquiátricas, e
4. Outros transtornos do sono.
A Classificação Internacional de Doenças - CID10 é utilizada por médicos em
geral e agrupa os transtornos em: (a) distúrbios do início e da manutenção do sono;
(b) distúrbios do sono por sonolência excessiva ou hipertonia; (c) distúrbios do ciclo
vigília-sono; (d) apneia de sono, (e) narcolepsia e cataplexia; (f) outros distúrbios do
sono e (g) distúrbios do sono não especificados. J·, o Manual Diagnostico e Estatístico
de Transtornos Mentais - DSM-IV-TR (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION,
1994), segue, a grandes traços, a classifica-o Internacional dos Distúrbios do Sono,
sendo considerada como eixo diretor para a exposição dos diferentes transtornos do
sono (PEIXOTO, et al 2008).
57
Fonte: CABALLO et al, 2002, p. 243 apud PEIXOTO et al, 2008.
58
10 CEFALEIAS
Fonte: buskakinews.com.br
Cefaleia é responsável por grande parte das consultas nas unidades de saúde
e está associada a um alto impacto socioeconômico, perda da produtividade no
trabalho e diminuição da qualidade de vida. Na maioria dos casos, não está
relacionada a outras condições clínicas e, quando presentes, costumam ser condições
simples, como infecções de vias aéreas e distúrbio da articulação temporomandibular.
Entretanto é necessário atentar para sinais de alerta que indiquem cefaleia secundária
a eventos mais graves, como hemorragia ou lesão expansiva (SOCIEDADE
INTERNACIONAL DE CEFALEIAS, 2014)
O diagnóstico dos principais tipos de cefaleia é clínico e baseia-se na
anamnese e no exame físico. As principais informações da anamnese e exame físico
a serem consideradas de acordo com autor, são:
• Localização: definir se a dor é holocraniana, bilateral, unilateral, retro-orbital,
occipital, cervical ou localização mais específica; avaliar se é sempre no mesmo lugar
ou muda conforme a crise.
59
• Duração: idade de início ou há quanto tempo o paciente apresenta a dor; se
a dor é contínua ou episódica, duração de cada episódio, frequência das crises e modo
de início (súbito ou insidioso).
• Características/intensidade da dor: definir como é a dor (em aperto/pressão
ou latejante), e intensidade (leve, dor que não atrapalha as atividades rotineiras;
moderada, dor mais intensa, que atrapalha as atividades rotineiras, mas não impede
sua realização; forte, dor que impede o indivíduo de prosseguir com atividades
rotineiras; muito forte ou excruciante).
• Sintomas associados: identificar sintomas prodrômicos, duração e se
persistem com a dor. Avaliar se fatores como luz, barulho ou cheiros pioram ou
atrapalham o paciente durante a dor. Questionar outros sintomas associados, como
náusea ou vômito, congestão nasal, lacrimejamento, olho vermelho, diplopia,
sintomas visuais, tontura, perda de força, parestesia, febre, tosse, etc.;
• Fatores desencadeantes: identificar sintomas desencadeantes, como
estresse, privação de sono, jejum prolongado, álcool, cafeína, período menstrual, uso
de medicamentos, tipos de alimentos ou outros, fatores agravantes e de alívio.
• Tratamentos realizados: identificar tratamentos utilizados e se fez
tratamento profilático para cefaleia. Se paciente está usando analgésico duas ou mais
vezes por semana, suspeitar de cefaleia por abuso de analgésico.
• Exame físico: Avaliar se pressão arterial e/ou temperatura estão elevadas,
oroscopia, otoscopia e avaliação dos seios da face na presença de sintomas
associados, Palpação cervical e do crânio em busca de hipertonia muscular cervical,
pontos dolorosos. Palpação trajeto da artéria temporal superficial pensando em
diagnóstico diferencial de arterite temporal em pacientes com mais de 50 anos.
Palpação da articulação temporomandibular (ATM). Exame neurológico na busca de
possíveis déficits focais associados. Entende-se por exame neurológico: exame do
estado mental, exame dos pares cranianos, exame motor, exame sensorial e reflexos.
- Exame do estado mental: nível de consciência normal, deprimida ou hiperalerta. -
Exame dos pares cranianos: (I) Olfatório, (II) Óptico: acuidade visual e campo visual;
60
(III e IV) reflexo pupilar, (V) Trigêmeo: sensibilidade facial, reflexo corneano, teste
motor facial e simetria facial.
• Exame motor: prova dedo-nariz; Rebote.
• Exame sensorial: Romberg; - Reflexos: Babinski.
• Sinais de irritação meníngea: a rigidez de nuca pode estar associada à
meningite ou hemorragia subaracnóidea.
As cefaleias são classificadas em primárias, quando não há outra condição
clínica subjacente à dor, e, em secundárias, quando a dor pode ser atribuída como
consequência de outra condição clínica. As cefaleias primárias são as mais
prevalentes. Dentro deste grupo, a cefaleia tipo tensão e a migrânea são as mais
comuns (BRASIL, 2010).
61
de analgésico. As principais indicações para o tratamento profilático das cefaleias tipo
tensão ou migrânea de acordo com Brasil (2010) são:
• Cefaleia interfere significativamente no dia a dia do paciente, apesar do
tratamento abortivo das crises. • Crises frequentes (mais de uma por semana).
• Uso excessivo de medicamentos (em razão de crises frequentes,
incapacitantes ou de longa duração).
• As medicações utilizadas na terapia abortiva são inefetivas, contraindicadas
ou causam efeitos adversos intoleráveis.
• Preferência do paciente.
• Presença de condições incomuns de migrânea (potencialmente graves),
incluindo migrânea hemiplégica, basilar, com aura prolongada ou infarto migranoso.
O objetivo do tratamento profilático é diminuir a frequência e intensidade das crises,
bem como aumentar eficácia dos medicamentos abortivos. Ao iniciar o tratamento
deve-se reavaliar melhora do quadro ou resolução dos sintomas em 30 dias, se não
houver melhora substancial nesse período sugere-se tentar outra classe de
medicamento profilático. Se sintomas persistem, porém em menor grau, manter o
tratamento por cerca de 3 meses antes de tentar nova medicação.
62
11 ADRENOLEUCODISTROFIA
Fonte: segredosdomundo.r7.com
64
12 DEMÊNCIAS
Fonte: amenteemaravilhosa.com
66
dos seis pacientes desinibidos apresentaram síndrome deficitária caracterizada por
redução da produção discursiva, do repertório vivencial e afetivo. Interessantemente,
os pacientes desinibidos exibiram escores inferiores aos apáticos em testes
neuropsicológicos (TEIXEIRA, 2006).
Segundo o autor, ao exame neurológico, os pacientes com DFT podem exibir
também reflexos primitivos, como preensão palmar e sucção, que constituem sinais
de frontalização. Mais raramente, podem apresentar sinais de doença do neurônio
motor (esclerose lateral amiotrófica), que incluem fraqueza muscular, amiotrofia e
fasciculações.
Ainda segundo autor os exames de neuroimagem tendem a mostrar atrofia dos
lobos frontotemporais. Entretanto, nas fases iniciais da DFT, essas alterações
estruturais podem não ser evidentes. Nesses casos, a tomografia por emissão de
fóton único (SPECT) pode revelar hipoperfusão nas áreas frontais (principalmente
ventromedial) e/ou temporais (principalmente anterolateral), sendo exame mais
sensível para auxiliar o diagnóstico de DFT.
Como comentado previamente, além da DFT, que representa mais de 70% dos
casos, duas outras condições clínicas constituem manifestações da degeneração
lobar frontotemporal. A primeira seria a demência semântica, também denominada
variante temporal da DFT, responsável por cerca de 15% dos casos. Na demência
semântica, os pacientes apresentam progressivo comprometimento da compreensão
verbal e do reconhecimento de objetos e pessoas (agnosia), com grande dificuldade
para nomeá-los. Entretanto, a estrutura gramatical e fonológica do discurso dos
pacientes permanece intacta. As alterações comportamentais tendem a ser bem
menos proeminentes do que na DFT. A outra manifestação da degeneração lobar
frontotemporal seria a afasia progressiva não-fluente, marcada pela redução
progressiva da fluência verbal, discurso com erros fonológicos e sintáticos e anomia.
Nesse caso, as alterações comportamentais são também menos intensas.
O principal diagnóstico diferencial da DFT é com a DA, responsável por mais
da metade dos casos de demência. Os pacientes com DA buscam atenção médica
com queixas de alterações da memória, de funções vísuo-espaciais ou outras funções
67
cognitivas. As alterações comportamentais e/ou da personalidade ocorrem mais
tardiamente. Nos pacientes com DFT, as modificações comportamentais são
precoces, enquanto as funções cognitivas são relativamente preservadas nas fases
iniciais da doença (TEIXEIRA, 2006).
O diagnóstico diferencial com a DV, que também pode afetar estruturas fronto-
temporais, baseia-se na história (instalação súbita e curso flutuante, presença de
fatores de risco vasculares ou passado de acidentes vasculares encefálicos) e nos
exames clínico (presença de sinais motores focais) e de neuroimagem (infartos únicos
ou múltiplos, alteração difusa da substância branca).
Do ponto de vista neuropsicológico, os pacientes com DV exibem
predominantemente padrão subcortical de demência, caracterizado por déficits de
funções executivas, que incluem planejamento de atos e pensamentos, auto-
regulação e flexibilidade mental.
Na avaliação neuropsicológica de pacientes com DFT leve, foi demonstrado
prejuízo apenas na tarefa de tomada de decisões (gambling task) e em tarefas de
aprendizagem reversa. Esses pacientes apresentaram desempenho normal em ampla
bateria de testes de memória e de funções executivas, como memória de
reconhecimento, memória de trabalho, planejamento e controle do foco da atenção.
Em estudo comparativo de pacientes com DFT, demência semântica e DA,
envolvendo testes de linguagem, os pacientes com demência semântica tiveram
desempenho pior do que os com DFT no teste de nomeação de Boston e no teste de
fluência verbal. Os pacientes com DFT foram piores do que os com DA apenas no
teste de fluência verbal. Vários testes neuropsicológicos de triagem, desenvolvidos
originalmente para rastrear os déficits cognitivos presentes na DA, especialmente
memória, são falhos na identificação da DFT. Por outro lado, testes como a tarefa de
tomada de decisões, tarefas de aprendizagem reversa e de linguagem podem ser
úteis no diagnóstico diferencial da DFT (TEIXEIRA, 2006).
Ainda segundo o autor citado, na tarefa de tomada de decisões, pacientes
com DFT mostraram capacidade intacta para julgamentos probabilísticos, mas
adotaram excessivo comportamento de risco ao tomar decisões. Não se trata, porém,
68
de descontrole inibitório e respostas prematuras, pois os pacientes consomem mais
tempo que os controles deliberando sobre suas decisões. Esse comportamento de
risco pode relacionar-se à falta de crítica ou insight sobre as conseqüências do próprio
comportamento e, assim, estar associado a tendências sociopáticas observadas na
DFT.
Desempenho desvantajoso para si na tarefa de tomada de decisões também
é encontrado em indivíduos com diferentes lesões estruturais órbito-frontais. Por sua
vez, na tarefa de aprendizagem reversa, na qual estímulos previamente reforçados
tornam-se neutros, e os neutros passam a ser reforçados, os pacientes com DFT
mostraram comportamento perseverativo, ou seja, mantiveram o padrão de respostas
de acordo com a aprendizagem prévia. Indivíduos com lesões cerebrais envolvendo
o córtex órbito-frontal também exibem prejuízo em tarefas de aprendizagem reversa.
Em conjunto, esses estudos sugerem que testes de avaliação de funções órbito-
frontais são bastante sensíveis na identificação da DFT (TEIXEIRA, 2006).
69
como a tarefa de tomada de decisões e a tarefa de aprendizagem reversa, que são
também aquelas nas quais os pacientes com DFT mostraram prejuízo mais
significativo. Uma série de estudos abertos demonstrou eficácia terapêutica de drogas
serotoninérgicas, notadamente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina,
no controle dos sintomas comportamentais da DFT (TEIXEIRA, 2006).
Entretanto, Deakin et al. não observaram benefício de um inibidor seletivo de
recaptação de serotonina, a paroxetina, em doses de até 40 mg por dia, em estudo
duplo-cego controlado com placebo, envolvendo 10 pacientes com DFT. Embora essa
discrepância possa ser devida a diferenças metodológicas, é importante salientar que,
no estudo de Deakin et al., a paroxetina foi utilizada por apenas 6 semanas, enquanto
que, nos estudos abertos, foi utilizada por mais de 3 meses. Esse é um ponto
importante, pois foi demonstrado que os inibidores seletivos da recaptação de
serotonina afetam a função serotoninérgica no córtex pré-frontal orbital após 8
semanas de uso, mas não após 3 semanas (TEIXEIRA, 2006).
Assim, segundo autor, pode ser que, na DFT, tal como no transtorno obsessivo-
compulsivo, condição que também envolve disfunção serotoninérgica e do córtex pré-
frontal orbital, sejam necessárias várias semanas de tratamento antes de se atingir o
efeito terapêutico pretendido. Portanto, outros ensaios clínicos controlados devem ser
realizados para avaliar a real eficácia de drogas serotoninérgicas no controle dos
sintomas comportamentais da DFT.
O papel de disfunção dopaminérgica na DFT é controverso, uma vez que
existem tanto resultados positivos como negativos. Distúrbios do comportamento,
especialmente desinibição e agressividade, que expõem o paciente ou seus
cuidadores a riscos, podem ser controlados com antagonistas dopaminérgicos ou
antipsicóticos. Nesse caso, a tendência atual é a de se empregar preferencialmente
os antipsicóticos atípicos (TEIXEIRA, 2006).
Ainda de acordo com o autor, há a proposta de que mesmo os agonistas
dopaminérgicos, como a bromocriptina, possam melhorar certas dimensões do
funcionamento cognitivo frontal. Ressalta-se, entretanto, que a dopamina se relaciona,
sobretudo, com a modulação de funções executivas, como memória de trabalho,
70
planejamento e controle da atenção, e com a porção dorso-lateral do córtex pré-
frontal, que estão menos implicadas na DFT, podendo ser afetadas mais tardiamente
na evolução da doença. Assim, são necessários mais estudos sistemáticos para a
demonstração do benefício terapêutico das drogas de ação dopaminérgica na DFT.
Em termos de abordagem terapêutica dirigida especificamente ao processo
fisiopatológico subjacente à DFT, intervenções que inibam a agregação da proteína
tau podem ser promissoras no futuro. É importante ressaltar que a agregação
patológica da proteína tau parece relacionar-se à patogênese de várias doenças
neurodegenerativas, denominadas genericamente de taupatias, que incluem DA,
DFT, degeneração córtico-basal e paralisia supranuclear progressiva (TEIXEIRA,
2006).
71
Dados do Ministério da Saúde, referentes a junho de 2014, reforçam a raridade
desta doença. Entre os anos de 2005 e 2014, dos 421 casos reportados em todo o
país, apenas 92 puderam ser classificados como definidos ou prováveis, e a análise
do liquor foi realizada em apenas 47% dos pacientes (PENNA et al, 2017).
A DCJs se manifesta geralmente entre 57 e 62 anos, mas existem relatos de
caso em paciente com mais de 80 anos. Clinicamente, as duas manifestações
principais da doença são alteração mental e mioclonias.
Segundo Penna (2017), a alteração mental pode se manifestar como demência,
alteração comportamental ou défices corticais. Inicialmente, sintomas como
depressão, apatia e dificuldade de concentração são comuns. Com a progressão da
doença, a demência se torna a manifestação predominante. A mioclonia está presente
em 90% dos casos, mas pode estar ausente na fase inicial. DCJs sempre deve fazer
parte do diagnóstico diferencial de pacientes com demência rapidamente progressiva
e mioclonias. Sintomas piramidais como espasticidade, hiperreflexia e sinal de
Babinski, assim como sinais extrapiramidais e alterações cerebelares, costumam ser
encontrados. A maioria dos pacientes progride para um estado de mutismo acinético,
e o óbito ocorre em até ano após início dos sintomas − em média 6 meses.
Atualmente, entende-se que a sintomatologia da doença pode variar de acordo
com subtipos da PrPSc, que, por sua vez, são determinados pelo padrão encontrado
no Western blot. O método diagnóstico definitivo pra DCJs é a biópsia com análise
imuno-histoquímica do tecido cerebral, sendo os principais achados neuropatológicos
a degeneração espongiforme, a perda neuronal e a gliose astrocítica (PENNA et al,
2017).
O diagnóstico é definitivo com a degeneração espongiforme ou a reatividade
para a PrPSc. (1) Alterações eletroencefalográficas podem sugerir, mas não confirmar
o diagnóstico de DCJs, principalmente quando são vistos complexos de ondas
pontiagudas, bi ou trifásicas, periódicas e sincrônicas. A ressonância magnética (RM)
apresenta achados muito sugestivos, sendo importante ferramenta diagnóstica. O
achado de imagem principal é o hipersinal, presente na difusão e no FLAIR, no córtex
cerebral, núcleo caudado e putâmem (PENNA et al, 2017).
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Ainda segundo o autor, os achados possuem característica dinâmica, podendo
ser inicialmente restritos e se espalharem para outras áreas, com a progressão da
doença. Com menos frequência, o tálamo pode estar comprometido. O envolvimento
dos núcleos da base tem implicação prognóstica, estando associado com progressão
mais rápida da doença.
Classicamente, a presença da proteína 14-3-3 no líquido cefalorraquidiano é
considerada um biomarcador da DCJ, com boa sensibilidade, apesar da baixa
especificidade. A combinação de mais de um marcador para o diagnóstico, como a
associação da proteína tau total (t-tau) á dosagem da 14-3-3, pode ser uma boa
estratégia. A doença tem um curso sempre fatal, e alguns fatores são associados, na
forma esporádica, com evolução mais rápida e menor sobrevida: sexo feminino, maior
idade, determinados polimorfismos no códon 129 do gene PRNP, presença da
proteína 14-3-3 no liquor e determinados subtipos da PrP (PENNA et al, 2017).
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