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Concentrador Solar Cilíndrico Parabólico

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UNIVERSIDADE

FACULDADE DE CIENCIAS E TECNOLOGIA

CONSTRUÇÃO DE CONCENTRADOR SOLAR CILÍNDRICO


PARABÓLICO

Dondo

2022

Tema: Construção de concentrador solar cilíndrico parabólico


Trabalho entregue como exigência parcial
classificatória na disciplina de no curso
de Licenciatura em ensino de

Docente:

Dondo

2022
Agradecimentos
Resumo

Devido à alta demanda por energia, a utilização de fontes extremante poluidoras e de origem
não renovável se tornou rotineira nas últimas décadas. Atualmente, a utilização de fontes de
energia renováveis está se tornando cada vez mais comum, devido as metas impostas sobre a
emissão de poluentes, principalmente na Europa e na américa do Norte. Dentre as fontes de
energias renováveis (hidráulica, biomassa, eólica e solar), a que mais se destaca é a solar pela
sua disponibilidade principalmente em regiões tropicais, devido aos elevados níveis de
radiação incidente sobre a superfície terrestre. Com base nesse fato, a presente proposta
consiste na construção de um concentrador solar parabólico, tendo como o objetivo principal
a análise de sua eficiência térmica. Os estudos baseiam-se na utilização de duas configurações
de tubos concentradores: tubo de cobre sem pintura seletiva e tubo de cobre com pintura
seletiva. Além da eficiência térmica do concentrador, uma análise de regressão linear visará
determinar a influência das variáveis controláveis e incontroláveis no comportamento do
dispositivo. Os experimentos envolvendo a configuração de tubo concentrador sem pintura
seletiva obtiveram uma eficiência térmica média de 28,99%, enquanto que a eficiência
térmica do dispositivo, utilizando-se da configuração de tubo concentrador com pintura
seletiva foi de 36,69%. Os níveis de temperatura e o horário de operação relacionam-se de
forma inversamente proporcional com a eficiência térmica do concentrador, enquanto que a
radiação solar incidente apresenta uma relação diretamente proporcional com a eficiência
térmica do dispositivo.

Palavras-chave: Energia renovável. Energia solar. Concentrador solar. Eficiência


térmica.
NOMENCLATURA

𝐴 Área de abertura, [m2]


𝐴 Fator geométrico
𝐴 Área sombreada, [m2]
𝛼 Absortividade do tubo concentrador
𝐴 Área superficial do tubo concentrador, [m2]
𝛽 Parâmetro a ser estimado para o coeficiente linear
𝛽 Parâmetro a ser estimado para o coeficiente angular
𝐶 Fator de concentração
𝐶 Constante da correlação de Hilpert
𝑐 Calor específico a pressão constante da água, [kJ/kg.K]
𝐷 Diâmetro do tubo concentrador, [m]
𝛿 Declinação solar, [º]
𝛥𝛹 Variação de exergia, [W]
𝜀 Emissividade do tubo concentrador
𝜂 Eficiência ótica
𝜂 Eficiência de primeira lei da termodinâmica
𝜂, Eficiência empírica de primeira lei da termodinâmica
𝜂 Eficiência de segunda lei da termodinâmica
𝜂, Eficiência empírica de segunda lei da termodinâmica
𝑓 Distancia focal, [m]
𝐺 Radiação solar incidente, [W/m2]
ℎ Ângulo hora, [º]
𝛾 Fator de interceptação

ℎ , Coeficiente de transferência de calor externo por convecção, [W/m2.K]

𝐻 Abertura da parábola em seu ponto focal, [m]


ℎ Coeficiente de transferência de calor por radiação, [W/m2.K]

ℎ𝑟𝑠 Hora do dia, [h]

ℎ Entalpia da água estado morto, [kJ/kg]

ℎ Entalpia da água na entrada do tubo concentrador, [kJ/kg]

ℎ Entalpia da água na saída do tubo concentrador, [kJ/kg]

ℎ, Entalpia empírica da água na saída do tubo concentrador, [kJ/kg]

𝐾 Condutividade térmica do ar, [W/m.K]

𝐿 Comprimento do concentrador solar, [m]

𝐿𝑎𝑡 Latitude, [º]

𝑚 Constante da correlação de Hilpert

𝑚 Vazão mássica, [kg/s]

𝑚 Massa de água, [kg]

𝑁 Dia do ano

𝜈 Viscosidade cinemática do ar, [m2/s]

𝑁𝑢 Número de Nusselt do ar

𝛷 Ângulo Zenith, [º]

𝜑 Ângulo da parábola, [º]

𝜑 Ângulo máximo da parábola, [º]


ÍNDICE
INTRODUÇÃO....................................................................................................................13
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................14
1.2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................14
REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................15
2.1 FORMAS DE APROVEITAMENTO................................................................................15
2.1.1 Conversão Direta de Energia...........................................................................................15
2.1.1.1Aquecimento solar.........................................................................................................15
Figura 2 - Aquecedor solar plano aberto..................................................................................17
Figura 3 - Coletor solar do tipo tubo evacuado........................................................................17
2.1.1.2. Energia solar fotovoltaica............................................................................................18
2.1.2 Conversão Indireta de Energia.........................................................................................18
2.2 CONCENTRADOR SOLAR.............................................................................................20
2.2.1 Concentrador cilíndrico parabólico.................................................................................20
2.2.2 CONCENTRADOR CILÍNDRICO PARABÓLICO......................................................22
2.2.2.1 Histórico.......................................................................................................................22
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................27
3.1. MATERIAIS UTILIZADOS.............................................................................................28
3.2 PROJETO DO CONCENTRADOR SOLAR....................................................................28
3.2.1 Geometria do Concentrador.............................................................................................28
3.2.2 Projeto da Calha Concentradora......................................................................................31
3.3 CONSTRUÇÃO DO CONCENTRADOR SOLAR..........................................................31
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................35
4.1 EXPERIMENTO................................................................................................................35
4.2 RESULTADOS..................................................................................................................36
CONCLUSÃO.....................................................................................................................38
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................40
13

1. INTRODUÇÃO

O homem, ao longo dos anos, modificou seu padrão de vida utilizando a tecnologia para
viver melhor, o que implicou em um maior consumo de energia. Os elementos não renováveis
são os principais combustíveis utilizados pela sociedade, o que agrava ainda mais a condição
futura de disponibilidade de energia, dado que são produtos finitos (SÁLES, 2008).

Dessa forma, o aumento de consumo aliado à crise de petróleo na década de 70, acirrou a
corrida por novas fontes alternativas de energia, surgindo a necessidade de intensificar as
pesquisas e investimentos na busca por soluções energéticas.
Além disso, as tecnologias não renováveis de energia não são ecologicamente apropriadas e
podem provocar sérias e irreversíveis mudanças climáticas, o que torna inevitável o
direcionamento às fontes renováveis.

Essa crescente consciência da necessidade de combustíveis alternativos resultou em uma


expansão da pesquisa e desenvolvimento de sistemas solares. O aquecimento solar de água, a
geração indireta de energia elétrica através do uso de concentradores solares e a conversão
direta da energia solar em energia elétrica através do uso de células fotovoltaicas representam
aplicações extremamente viáveis e suas utilizações têm crescido, exponencialmente em todo o
mundo (REIS, 2009).

Nesse contexto, buscou-se desenvolver um projeto contextualizado com a necessidade atual


por soluções limpas e seguras para geração de energia térmica. Para isso, foi proposto o
projeto e a construção de um concentrador solar cilindro parabólico para concentrar a energia
luminosa/térmica proveniente dos raios solares e, com ela, aquecer o fluido de trabalho. A
utilização da energia solar pode se dar de forma ativa ou passiva. A forma ativa é subdividida
em sistemas de conversão direta e indireta de energia. Dentre as diretas encontrase os
coletores solares e as placas fotovoltaicas. Na forma indireta pode-se citar o uso de
concentradores solares, os quais podem operar em conjunto com os ciclos Rankine,
possibilitando a geração de energia elétrica, substituindo assim o modelo das fontes
tradicionais. Na forma passiva há técnicas de aproveitamento da luminosidade solar incidente,
as quais recebem o nome de arquitetura solar consistindo em janelas, claraboias, dentre outros
(ANEEL, 2002).
14

1.1 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo principal projetar, construir e avaliar o desempenho
de um concentrador solar parabólico, por meio da análise da eficiência térmica de Primeira e
de Segunda Lei da Termodinâmica.

1.2 JUSTIFICATIVA

A utilização da energia solar é de extrema importância para a substituição da matriz


energética tradicional, pela nova matriz composta por fontes renováveis. Dentre os principais
dispositivos capazes realizar tal substituição se encontra o concentrador solar, um dos
principais exemplares responsáveis pela conversão indireta da energia solar.
Tendo em vista que no Brasil há pouca pesquisa nesta área e nenhuma planta de conversão de
energia solar construída utilizando-se dessa tecnologia, o trabalho se mostra extremamente
relevante. Principalmente pelo fato de haver países que apresentam um potencial de geração
muito menor que o brasileiro, porém, detém um conhecimento tecnológico na área muito
superior ao encontrado no Brasil.
Entretanto, ao analisar a variabilidade de tal fonte em todo território brasileiro, nota-se que a
região nordeste do país apresenta uma radiação global média de 5,9 kWh/m 2, enquanto que a
região sul apresenta as menores médias, de aproximadamente 5,2 kWh/m 2. Observa-se
também que durante um período de dez anos as médias anuais se situaram entre 5,7 e 6,1
kWh/m2 na região nordeste e entre 4,6 e 6,0 kWh/m 2 na região sul do país. Já para todo o
território nacional totaliza-se uma média de 5,6 kWh/m 2. Em contrapartida os países europeus
que detém os principais conhecimentos na área apresentam índices de radiação solar muito
inferiores ao brasileiro, como por exemplo a Alemanha (0,9-1,25 kWh/m 2), França (0,90-1,65
kWh/m2) e Espanha (1,20-1,85 kWh/m2) (Pereira et al., 2006).
Este trabalho permitirá a aplicação conjunta dos conhecimentos obtidos na área térmica da
engenharia mecânica e do conhecimento estatístico adquirido ao longo do curso. Dessa forma,
uma análise precisa dos resultados poderá ser obtida, verificando assim a influência das
variáveis na eficiência térmica do concentrador solar.
15

2. REFERENCIAL TEÓRICO

No presente capítulo serão abordadas as formas de aproveitamento da energia solar e os


dispositivos empregados. Ao final será apresentado um breve histórico das pesquisas já
realizadas, bem como seus resultados.

2.1 FORMAS DE APROVEITAMENTO

Toda energia proveniente do sol pode ser utilizada de forma direta ou indireta. Dessa forma, a
energia solar pode ser empregue tanto para a iluminação e aquecimento de ambientes, como
para o aquecimento de fluidos, os quais poderão ser utilizados na geração de trabalho
mecânico.
O aproveitamento da iluminação e do calor natural para aquecimento e iluminação de
ambientes é denominado de aquecimento solar passivo, o qual é proveniente da incidência
direta da radiação solar. Desse modo, há uma redução na necessidade de se utilizar
iluminação artificial e de sistemas de aquecimento, uma vez que essa radiação solar pode ser
aproveitada com a ajuda de técnicas provenientes da arquitetura.
A utilização da radiação solar para o aquecimento de fluidos pode ser realizada por meio de
coletores e concentradores solares. Os coletores solares são mais utilizados em aplicações
residenciais e comerciais onde se necessita de água aquecida em médias temperaturas. Os
concentradores solares já são mais voltados a aplicações que necessitam de elevadas
temperaturas, como na secagem de grãos e na produção de vapor, o qual pode ser utilizado em
uma turbina, e por meio dessa movimentar um gerador produzindo-se assim energia elétrica
(ALVES, 2013).

2.1.1 Conversão Direta de Energia

Um sistema de conversão direta da energia solar é caracterizado por apresentam ao final do


processo de conversão a forma de energia que se deseja, seja ela água aquecida ou energia
elétrica. Dentre elas podem-se destacar o aquecimento solar e fotovoltaico, os quais serão
abordados nos itens a seguir.

2.1.1.1Aquecimento solar

A conversão direta pode ocorrer por meio da transferência de energia proveniente da radiação
solar a um fluido, normalmente água, a qual é aquecida e armazenada. A circulação de água
dentro do sistema pode ser realizada utilizando-se bombas ou por meio do princípio de
16

termossifão, também conhecido como convecção natural. A convecção natural se baseia na


variação de densidade da água em função de sua temperatura, causando uma variação de
velocidade do fluido no interior do sistema.
Os coletores solares são divididos em três categorias, coletor solar plano fechado, coletor
solar plano aberto e tubo evacuado. O coletor solar plano fechado (Figura 1) é usado para
aquecer fluidos a uma temperatura de até 60ºC. Esse coletor é constituído por um caixa
metálica, isolada termicamente, e tubos metálicos por onde o fluido irá escoar e trocar calor.
A superfície interna do coletor é pintada com uma tinta seletiva de modo melhorar a sua
eficiência (Baptista, 2006).

Figura 1 - Aquecedor solar plano fechado.

Fonte: Kalogirou (2009).

O coletor solar aberto (Figura 2) é normalmente construído utilizando-se um material


polimérico. São desprovidos de uma cobertura externa ou isolamento, pois operam a
temperaturas baixas, de até 30ºC. São normalmente utilizados para o aquecimento de piscinas
(Baptista, 2006).
17

Figura 2 - Aquecedor solar plano aberto.

Fonte: Adaptado de Kalogirou (2009).

Os coletores solares do tipo tubo evacuados (Figura 3a) são os que apresentam a melhor
eficiência e maior custo. Dentre os mais convencionais existem os coletores evacuados do
tipo U. Esse tipo de coletor é constituído de um tudo de cobre no formato de U inserido em
um tubo de vidro externo de parede dupla. Entre eles há uma região com vácuo que visa
reduzir as perdas térmicas (Figura 3b), além de uma aleta cilíndrica com pintura seletiva. Esse
tipo de coletor é normalmente utilizado em processos de pré-aquecimento industrial e também
para o aquecimento de água.

Figura 3 - Coletor solar do tipo tubo evacuado.

(a) (b)
Fonte: Kalogirou (2009), Avallone (2017).

Em um estudo realizado em 2017 pela Agencia Internacional de Energia (IEA) foram


analisados os principais países usuários dessa tecnologia de aquecimento. O estudo apontou
que a capacidade instalada no momento era de 457 GWth, correspondendo a 653 milhões de
metros quadrados. Deste total, cerca de 428 GWth eram referentes a coletores do tipo plano
fechado e de tubos evacuados, enquanto os outros 27,8 GWth correspondiam a coletores
planos do tipo aberto. A parcela faltante corresponde aos coletores de ar responsáveis pela
18

secagem de produtos agrícolas e aquecimento de ambientes. No brasil o estudo apontou uma


capacidade instalada de 9,55 GWth. Sendo 6,2 GWth referentes aos coletores solares do tipo
fechado, 3,3 GWth referentes aos coletores solares do tipo aberto e 5,1 MWth referentes aos
coletores solares do tipo tubo evacuado (Weiss et al., 2018).

2.1.1.2. Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é obtida através da conversão direta da radiação solar em energia
elétrica. Seu funcionamento baseia-se na diferença de potencial gerada entre dois matérias
semicondutores, quando estes absorvem a radiação solar. As células fotovoltaicas que compõe
os módulos comerciais apresentam uma eficiência máxima de 25% (SINGH, 2008). Um
sistema fotovoltaico funciona por meio de módulos contendo várias células solares, por onde
a radiação solar é captada. Os módulos podem possuir diversos tamanhos, os quais interferem
diretamente na potência gerada e na sua eficiência. Outro equipamento necessário ao sistema
é o inversor de frequência, que é responsável por converter a corrente continua gerada pelos
módulos em corrente alternada, permitindo assim o uso da energia gerada. Pode se utilizar
também baterias para se armazenar a energia gerada.
Dentre as aplicações mais comuns de tal sistema são: iluminação pública e privada, irrigação,
indústria aeroespacial e em campos solares para produção de energia em grande escala.
A primeira placa fotovoltaica foi desenvolvida em 1877 por Charles Fritts, sua célula era
constituída por três materiais (selênio, aço e ouro), já a sua eficiência era inferior a 1%. A
primeira célula fotovoltaica moderna fabricada a partir do silício foi desenvolvida apenas em
1954, apresentando uma eficiência de 6% (SZABO, 2017).
A eficiência de conversão de energia das placas fotovoltaicas começou a evoluir apenas a
partir da década de sessenta e setenta devido à corrida aeroespacial. Já o interesse por tal
tecnologia para sua aplicação em solo terrestre se iniciou-se apenas em 1973, devido à crise
do petróleo.
Atualmente a capacidade mundial instalada corresponde a 402 GWel, já no Brasil a
capacidade instalada se encontra em 1,1 GWel (REN21, 2018).

2.1.2 Conversão Indireta de Energia

A conversão indireta se deve ao fato da energia solar não ser convertida diretamente na forma
desejada de energia, necessitando-se de etapas intermediárias de conversão. Na conversão em
grande escala o dispositivo mais utilizado é o concentrador solar, o qual é utilizado para
aquecer um fluido, normalmente água, glicol ou óleo térmico.
19

O fluido aquecido segue a um trocador de calor que realizará a troca de calor entre o fluido
de trabalho dos concentradores e o fluido de trabalho do sistema de conversão intermediário,
normalmente um ciclo Rankine. Através desse ciclo a energia térmica é convertida em
mecânica, através de uma turbina, a qual é acoplada a geradores, produzindo-se assim energia
elétrica.
Os sistemas de conversão por serem baseados em uma máquina térmica, apresentam uma
eficiência térmica limitada. Já a eficiência dos concentradores é diretamente relacionada com
a temperatura de seu fluido de trabalho, logo cria-se a necessidade de se encontrar um ponto
de equilíbrio entre o ciclo térmico e o sistema de concentradores solares, de modo a obter a
máxima eficiência do ciclo de conversão de energia.
Além disso, as usinas podem contar com sistemas de armazenamento térmico ou
queimadores auxiliares, os quais visam manter a estabilidade na geração de energia. A Figura
4 apresenta quatro configurações possíveis para os sistemas de conversão indireta utilizando
concentradores solares.

Figura 4 - Configurações possíveis para os sistemas de conversão de energia.

Fonte: ALVES (2013).

As tecnologias de conversão são classificas de acordo com o tipo de concentrador utilizado,


os principais tipos são: Calha parabólica, Torre de concentração, Lentes Fresnel e Prato
parabólico.
No final do ano de 2017 a capacidade mundial instalada para produção de energia utilizando-
se dessa tecnologia era de 4,9 GW. Os maiores produtores de energia que utilizam dessa
tecnologia para geração de energia elétrica são: Espanha (2,3 GW), Estados Unidos (1,74
GW), África do Sul (0,3 GW) e Índia (0,225 GW) (REN21, 2018).
20

O Brasil por sua vez não possui nenhuma usina de conversão indireta que se utiliza da
energia solar. As únicas usinas instaladas no país utilizam a biomassa para geração de energia
elétrica.

2.2 CONCENTRADOR SOLAR

Os concentradores solares possuem uma superfície refletora, a qual tem a função de captar a
radiação solar incidente e concentrá-la em uma pequena área receptora, aumentando assim o
fluxo de radiação. Uma das características geométricas mais importantes do concentrador é a
sua razão de concentração, que é definida como sendo a razão entre a área de abertura do
coletor pela área do absorvedor.
Os concentradores solares podem ser distinguidos em função do seu sistema de
posicionamento, o qual pode ser estacionário ou não estacionário. Nos sistemas estacionários
a concentração da radiação independe de seu ângulo de incidência, já nos sistemas não
estacionários o sistema de posicionamento dos concentradores deve garantir que a radiação
incidente atinja a sua área de abertura perpendicularmente.

2.2.1 Concentrador cilíndrico parabólico

Os concentradores são formados por uma superfície parabólica reflexiva, sendo o receptor
posicionado ao longo da linha focal da parábola (Fig. 9). O receptor normalmente é
constituído por um tubo metálico escuro, afim de aumentar sua absortividade e reduzir sua
emissividade, ou seja, aumentar a absorção de energia e reduzir as perdas. O tubo absorvedor
pode ainda ser recoberto por um tubo de vidro externo, entre o tubo metálico e o vidro realiza-
se vácuo, reduzindo-se ainda mais as perdas de energia. Entretanto, o tubo de vidro passa a ser
um obstáculo entre o tubo receptor e a radiação solar concentrada.

Figura - Concentrador solar parabólico.


21

Fonte: Adaptado de SBP (2009).

Os coletores parabólicos podem apresentar quatro tipos de sistemas de rastreamento solar:


rastreamento nos dois eixos (full tracking); rastreamento no eixo polar no sentido LesteOeste,
sendo este posicionado paralelo ao eixo Norte-Sul (E-W Polar); rastreamento na direção
Leste-Oeste posicionado paralelo ao eixo Norte-Sul (E-W Horizontal); rastreamento na
direção Norte-sul com o coletor posicionado paralelamente ao eixo Leste-Oeste (N-S
Horizontal). Os quais podem ser observados na Figura 10 (Kalogirou, 2009).

Figura 10 - Sistema de rastreamento solar para PTC.

Fonte: Kalogirou (2009).


22

Os coletores parabólicos normalmente são construídos e posicionados paralelamente ao solo


e ao eixo Norte-Sul. Consequentemente apresentam um sistema de rastreamento na direção
Leste-Oeste. Porém, durante o inverno com a redução da radiação incidente e com o sol
percorrendo uma trajetória mais próxima do horizonte, o coletor apresenta uma redução na
conversão de energia. Para compensar essa redução inclina-se o concentrador de acordo com
a latitude do local. Dessa forma, o concentrador é posicionado perpendicularmente a altura
solar média no inverno ao meio dia, aumentando assim a incidência da radiação em sua área
de abertura (BARROSO-KRAUSE; MEDEIROS, 2005).

2.2.2 CONCENTRADOR CILÍNDRICO PARABÓLICO

A seguir será disposto um breve histórico das pesquisas e dos avanços tecnológicos
envolvendo os concentradores solares do tipo cilíndrico parabólico, o qual é o foco do
presente
trabalho.

2.2.2.1 Histórico

A utilização de concentradores solares ocorre desde os tempos antigos, onde Heron de


Alexandria construiu o primeiro dispositivo de concentração solar utilizando-se de espelhos
planos e curvos. O dispositivo em questão foi empregado no desenvolvimento do sistema de
bombeamento de água da cidade de Alexandria (Avallone, 2017).
Porém, apenas em 1870 que ocorreu a primeira prática experimental envolvendo
concentradores solares cilíndricos. O concentrador foi desenvolvido pelo engenheiro John
Ericsson nos Estados Unidos. Esse dispositivo apresentava uma área de abertura de 3,25 m 2, o
qual era utilizado para geração de vapor, sendo este gerado diretamente no tubo absorvedor do
concentrador. O vapor era utilizado para movimentar um pequeno motor de 373 W. Durante
os anos seguintes Ericsson desenvolveu dispositivos similares, porém, utilizando o ar como
fluido de trabalho (Fernández-García et al., 2010).
Durante uma exibição em Nova Iorque em 1883, Ericsson apresentou um novo protótipo
muito maior que os anteriores. O dispositivo apresentava um comprimento de 3,35 m e uma
largura de 4,88 m, onde a radiação solar era concentrada em um tubo com o diâmetro de
15,88 cm. Nesse dispositivo também foi adicionado um sistema de rastreamento solar
totalmente manual (Fernández-García et al., 2010).
23

Ericsson durante sua vida nunca patenteou ou forneceu dados de seus experimentos a
ninguém. Desse modo, em 1889 com sua morte seus projetos acabaram sendo descontinuados.
Porém, em 1907 Wilhelm Maier e Adolf Remshardt patentearam um projeto parecido com o
de Ericsson, a qual fazia referência a um concentrador solar cilíndrico com geração direta de
vapor em seu tubo concentrador (Fernández-García et al., 2010).
Entre 1906 e 1911, Frank Shuman, outro engenheiro americano, construiu e testou inúmeros
concentradores solares, os quais eram sempre acoplados a motores a vapor, sendo alguns
deles empregados para o bombeamento de água para sistemas de irrigação. Com a experiência
adquirida na área, Shuman e Charles Vernon Boys desenvolveram e instalaram um grande
sistema de bombeamento para irrigação. Durante o desenvolvimento da planta foi sugerido
por Vernon a construção de um tubo concentrador envolto por um tubo externo de vidro,
porém, sem utilizar-se do vácuo como isolante térmico. A planta desenvolvida apresentava
cinco fileiras de concentradores, os quais possuíam 62,17 m de comprimento, 4,1 m de
largura e o tubo concentrador apresentava um diâmetro de 8,9 cm (Figura 11). A planta
apresentava uma área de abertura de 1250 m 2, a qual produzia vapor saturado a uma pressão
de 100 kPa com uma eficiência máxima de 40,7% (Fernández-García et al., 2010).

Figura 11 - Concentradores solares instalados em Meadi, Cairo.

Fonte: Günther (2011).

Shumam também desenvolveu um sistema de rastreamento solar totalmente automatizado


para tal planta. O sistema utilizava um termostato posicionado abaixo do tubo absorvedor, em
sua sombra, permanecendo corretamente focado. Assim, com a incidência da radiação solar
sob o termostato o sistema atua trazendo de volta o concentrador ao seu foco correto. Devido
ao início da primeira guerra mundial Shumam interrompeu suas pesquisas e suas plantas.
Porém, em 1917 patenteou suas ideias (Aidroos, 2014).
24

Em 1936 C.G. Abbot construiu um concentrador solar o qual atingia sua pressão de trabalho
em apenas cinco minutos, produzindo vapor saturado a 374ºC. O sistema era acoplado a um
motor de 370W. A eficiência do sistema era de 15,5%. Um dos diferencias de seu projeto foi
a utilização de um tubo concentrador evacuado (Fernández-García et al., 2010).
Apesar de diversas pesquisas realizadas na área, a utilização dos concentradores solares
sempre foi negligenciada até a década de 60. Com o surgimento da crise do petróleo a fontes
de energia renováveis tomaram a atenção de todos, devido a necessidade de substituir a
utilização dos combustíveis fósseis. Desse modo, uma série de pesquisas na área começaram a
ser patrocinadas para o desenvolvimento de concentradores solares para fins comerciais.
Um dos principais patrocinadores da época foi o governo americano, por meio da Sandia
National Laboratories e da Honeywell International Inc, as quais foram responsáveis pelo
desenvolvimento de dois concentradores. Ambos apresentavam características similares e
foram desenvolvidos para operarem em temperaturas inferiores a 250ºC. Posteriormente, mais
uma companhia foi adicionada ao programa, Westinghouse (Fernández-García et al., 2010).
Em julho de 1975, os três concentradores solares foram construídos e estavam sendo
testados nos laboratórios da Sandia. Os concentradores apresentavam um comprimento de
3,66 m e uma largura de 2,13 m. O tubo absorvedor era composto por um tubo evacuado de
ferro-carbono envolto por uma camada de cromo preto, com um anel evacuado de 1 cm. As
calhas concentradoras foram fabricadas utilizando-se de compensado de madeira ou de fibra
de vidro. A superfície refletora foi recoberta por uma camada de alumínio anodizado seguido
de uma camada de vidro. Durante a década de 80 tais tecnologias já estavam no mercado por
meio de algumas empresas.
Durante a década de 90 os principais concentradores disponíveis no mercado apresentavam
um comprimento que variavam entre 39,5 e 6 m e com uma largura entre 3,05 e 1,3 m. A área
de abertura compreendia entre 108,52 e 7,8 m 2, com um fator de concentração entre 25,48 e
16,42. A eficiência ótica máxima declarada de tais dispositivos era entre 82,7 e 70,8%
(Fernández-García et al., 2010).
Com a introdução comercial de tais dispositivos, as pesquisas na área se voltaram a analisar
três principais pontos: a eficiência térmica e as perdas de energia que ocorrem durante a
operação, a distribuição do fluxo de radiação no tubo absorvedor e o comportamento de tais
dispositivos durante a geração direta de vapor em seus tubos concentradores. A geração direta
de vapor é o principal tema abordado atualmente.
Thomas e Thomas (1993) realizaram um estudo avaliando a eficiência dos concentradores
solares. Os principais parâmetros analisados foram: a temperatura de operação do tubo
25

absorvedor, temperatura ambiente e velocidade do vento. A eficiência térmica obtida levou


em consideração, além das perdas térmicas, a eficiência ótica dos dispositivos. Observou-se
uma relação direta entre a temperatura do tubo absorvedor e as perdas térmicas.
Considerando-se apenas a influência do vento, as perdas térmicas se elevaram em condições
específicas de temperatura ambiente.
Thomas e Guven (1994) estudaram a transferência de calor envolta dos tubos absorvedores
para diversas distribuições de fluxos de calor, devido aos erros óticos e geométricos que
ocorrem durante a construção e operação dos dispositivos. Observou-se que a distância focal
da parábola é um dos principais fatores que contribuem para a eficiência ótica do dispositivo,
visto que mesmo com o aumento do ângulo de reflexão dos raios solares grande parte da
radiação permanece concentrada no tubo absorvedor.
Em 1996 Kalogirou realizou diversos experimentos avaliando a influência dos sistemas de
rastreamento solar na eficiência dos concentradores, eficiência ótica e térmica. Como
resultado foram apresentados quatro modelos, para cada tipo de sistema de rastreamento solar,
com o intuito de se obter o ângulo de incidência da radiação sob a calha concentradora. Dessa
forma, permitiu assim prever a eficiência ótica de tais dispositivos (Kalogirou, 1996).
Rafael almanza, Lentz e Jimenez realizaram em 1997 um estudo analisando o comportamento
dos tubos absorvedores durante a geração direta de vapor, avaliando o comportamento dos
tubos de cobre e aço. Devido a menor resistência mecânica dos tubos de cobre a pressão de
operação do sistema apresentou limitações, enquanto para os tubos de aço as pressões
suportadas foram superiores. Porém, devido a condutividade térmica do aço ser menor
prejudica a troca de calor (Almanza; Lentz; Jimenez, 1997).
Afim de contornar tal situação, Vicente Flores e Rafael Almanza, em 2004 propuseram a
utilização de um tubo absorvedor composto. O tubo absorvedor proposto era composto
internamente por um tubo de cobre com 2/3 da espessura total da parede e por um tubo
externo de aço com a espessura de 1/3 da espessura total do tubo. Desse modo foi possível
combinar as melhores propriedades de ambos os materiais (Flores; Almanza, 2004).
Em 2005 Riffelmann, Neumann e Ulmer avaliaram experimentalmente as conclusões obtidas
por Thomas e Guven (1994) e por Kalogirou (1996). Para avaliar o fluxo de energia
concentrada na região focal da parábola foi utilizado um fluxímetro disposto no eixo focal
(PARASCAN – Parabolic through flux scanner) e uma câmera por meio da técnica CTM
(Camera target method). Desse modo, foi possível obter o fator de interceptação do
dispositivo. Como resultado obteve-se um fator de interceptação entre 93 e 97,5 % para o
26

sistema de rastreamento Norte – Sul. Os erros de interceptação também puderam ser


rastreados até a sua origem na superfície refletora (Riffelmann; Neumann; Ulmer, 2005).
Bakos, em 2006, com a intenção de avaliar a influência do sistema de rastreamento solar na
eficiência térmica dos dispositivos, comparou a eficiência térmica entre dois concentradores
solares. O primeiro concentrador apresentava um sistema de rastreamento solar uniaxial na
direção Leste – Oeste, com sua inclinação fixa na latitude do local onde o experimento foi
realizado. Já o segundo concentrador apresentava um sistema de rastreamento solar nos dois
eixos Norte – Sul e Leste – Oeste. Os resultados obtidos mostraram uma diferença de 46,46%
entre o calor absorvido no dia pelo concentrador com sistema de rastreamento nos dois eixos,
quando comparado com o concentrador equipado com o sistema de rastreamento solar
uniaxial. A diferença obtida se deve pela maior quantidade de energia absorvida nas primeiras
e últimas horas do dia, visto que entre às 11:30 e 15:30 os resultados obtidos foram similares
para os dois dispositivos (Bakos, 2006).
Com a intenção de fabricar um concentrador de baixo custo, porém com uma alta precisão,
Arasu e Sornakumar desenvolveram em 2007 um concentrador que apresentava sua estrutura
fabricada em fibra de vidro. O concentrador desenvolvido foi avaliado estruturalmente e
termicamente. A análise estrutural resultou em uma deflexão de apenas 0,95 mm quando
submetido a uma velocidade do ar de 34 m/s. O dispositivo também obteve uma eficiência
ótica de 69,4% e um fator de interceptação de 87,97% (Arasu; Sornakumar, 2007).
Pesquisadores chineses desenvolveram em 2010 um concentrador solar para investigar seu
comportamento, quando empregado para a geração de energia térmica. O concentrador
utilizava como fluido de trabalho óleo sintético. Durante a análise foi obtido eficiência
térmica entre 40% e 60%. No concentrador foi utilizado um tubo evacuado, porém, mesmo
assim apresentava perdas de energia de 220 W/m, correspondendo a 10% da energia incidente
em sua superfície (QiBin et al., 2010).
A implementação das plantas de conversão de energia indireta ainda apresenta um alto custo,
devido à complexidade construtiva dos concentradores cilíndricos parabólicos. Devido a esse
fato em 2011 foi realizado um estudo comparando a utilização dos concentradores cilíndricos
parabólicos com os concentradores lineares de Fresnel. Estes concentradores lineares
apresentam um custo de implementação muito menor, devido ao fato de apresentarem uma
geometria mais simples. Os resultados mostraram que o concentrador cilíndrico parabólico
apresenta uma eficiência de 55,8%, enquanto que o de Fresnel uma eficiência de 45,75%.
Devido a essa diferença, a utilização dos concentradores lineares de Fresnel nas plantas de
27

conversão indireta de energia não se mostrou viável, apesar de apresentar um menor custo de
implementação (Gharbi et al., 2011).
Em 2013 pesquisadores avaliaram a implementação de um sistema de conversão indireta de
energia. O sistema utilizava o ar como fluido de trabalho que era aquecido, apresentando
temperatura de entrada de 250ºC e saída de 650ºC. A eficiência do sistema proposto foi de
35%, na conversão da energia térmica para elétrica (Good et al., 2013).
Em 2014 estudos avaliando a influência da cobertura de vidro sob o tubo absorvedor na
distribuição do fluxo de energia sobre sua superfície foram conduzidos. O estudo mostrou que
devido a difração dos raios solares a distribuição do fluxo de energia no tubo absorvedor é
alterada, de modo a gerar elevados gradientes. Desse modo, foi proposto utilizar uma
cobertura de vidro em formato elíptico. Essa geometria promoveu uma redução de 32,3% na
variação do fluxo da radiação concentrada (Fuqiang et al., 2014).
Com a intenção de otimizar a troca de calor dentro dos tubos absorvedores, realizou-se em
2015 um estudo envolvendo a utilização de um nanofluido como fluido de trabalho do
sistema. O fluido utilizado era composto por óleo sintético com partículas de Al 2O3. A
eficiência da troca de calor foi melhorada entre 35 e 76%, dependendo da porcentagem de
nanopartículas utilizadas no fluido (Mwesigye et al., 2015).
Em 2017 com a mesma intenção de otimizar a troca de calor, foi proposto a utilização de um
tubo absorvedor internamente aletado. As aletas têm a função de promover a turbulência no
escoamento, além de aumentar a superfície de troca de calor. As geometrias analisadas foram
capazes de aumentar em até 9% o número de Nusselt e até 12% a eficiência global da troca de
calor (Xiangtao et al., 2017).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi projetado, construído e instrumentado um


coletor solar parabólico. Neste capítulo serão abordas as etapas e os materiais utilizados
durante a construção do concentrador, juntamente com sua instrumentação. Por fim, será
apresentada a metodologia utilizada para execução dos experimentos e a análise de seus
resultados.
28

3.1. MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais utilizados durante a construção do concentrador solar e os referentes a


sua instrumentação, estão dispostos na Tabela 1.

Tabela 1 - Lista de materiais


Materiais Quantidade Materiais Quantidade
Cantoneira de aço (1 1/4") 25 m
Tubo de aço (36 x 25 mm) 1m
Chapa de aço inox (2 x 1,2 m) 1
Tubo de Inox 3m
União T PVC 3/4 2
Joelho 90º CPVC 2
Adesivo plástico CPVC 1
Mangueira 4m
Bomba centrífuga 60W 1
Caixa d'água 500L 1
Parafuso M8 8
Parafuso M10 12
Arruela M8 8
Arruela M10 12
Arruela de pressão M8 8
Arruela de pressão M10 12
Parabolts M10 20
Blocos de concreto 7

Fonte: Autoria própria.

3.2 PROJETO DO CONCENTRADOR SOLAR

Para o início do desenvolvimento do projeto, verificou-se na literatura os métodos comumente


utilizados para a construção dos concentradores solares parabólicos. Logo definiu-se que o
concentrador seria baseado em um sistema de rastreamento uniaxial, com seu tubo
concentrador fixo na linha de foco da parábola. O concentrador desejado também apresentaria
a possibilidade de se inclinar, afim de maximizar a energia coletada durante a estação de
verão ou inverno.

3.2.1 Geometria do Concentrador

O concentrador solar parabólico apresenta uma seção transversal na forma de uma parábola.
O dispositivo apresenta uma linha focal, a qual é formada pela interligação dos pontos focais,
29

de suas seções transversais (Fig. 13). Para o perfeito funcionamento do dispositivo, a radiação
solar deve incidir de forma normal à linha focal, de forma que seja refletida ao tubo
absorvedor.

Figura – Linha focal do concentrador solar cilíndrico parabólico.

Linha Focal

Tubo Absorvedor

Parábola

Fonte: Autoria própria.

A Figura abaixo apresenta a seção transversal do concentrador solar, onde estão dispostas as
principais variáveis que compõe sua geometria. A parábola que forma a superfície refletora do
concentrador, pode ser modelada utilizando-se da Equação 2. Sendo f a distância focal da
parábola, x a distância horizontal em relação ao eixo da parábola e y refere-se a distância
vertical em relação a base da parábola.

𝑦= 4𝑓𝑥 (2)

O dimensionamento do tubo absorvedor deve ser realizado de modo que toda a radiação solar
refletida seja absorvida, mesmo durante os períodos em que a radiação solar incidente
apresente uma inclinação em relação a linha focal. A inclinação entre os raios incidentes e a
linha focal é denominado de meio ângulo aceitável (θ m), o qual depende da precisão do
sistema de rastreamento solar utilizado. Desse modo, para se estimar o diâmetro do tubo
concentrador pode-se utilizar a Equação 3, onde rr refere-se ao raio máximo da parábola.

𝐷 = 2𝑟 sin 𝜃 (3)

Figura- Seção transversal do concentrador solar cilíndrico parabólico.


30

Linha Focal

Fonte: Adaptado de Kalogirou (2009).

O raio da parábola (r) é descrito pela Equação 4. Sendo raio máximo da parábola calculado
em seu extremo, local onde o ângulo φ é máximo (rim angle).

2f
r= (4)
1+cos φ

A abertura da parábola pode ser calculada por meio do rim angle e da distância focal da
parábola, conforme descrito na Equação 5.

φ
w=4 f tan (5)
2

A área de abertura do concentrador pode ser calculada por meio da Equação 6, sendo L o
comprimento do concentrador solar.

𝐴 =𝑊𝐿 (6)
31

Um dos parâmetros mais importantes do concentrador solar é o fator de concentração, C, o


qual representa a razão entre a área de abertura do concentrador e a área superficial do tubo
absorvedor, ou seja, o número de vezes que a radiação solar incidente é concentrada. No caso
de um tubo absorvedor circular o fator pode ser calculado utilizando-se a Equação 7.

w
C= (7)
πD

O comprimento da parábola (S) trata-se de uma importante variável para o projeto, visto que
fornecerá a quantidade de material necessário para a construção do dispositivo. Desse modo, o
comprimento da parábola pode ser calculado utilizando-se a Equação 8, onde 𝐻 representa a
abertura da parábola em seu ponto focal.

𝐻 𝜑 𝜑 𝜑 𝜑
𝑆= sec tan + ln sec + tan (8)
2 2 2 2 2

3.2.2 Projeto da Calha Concentradora

Para o projeto da calha concentradora utilizou-se como base as dimensões da chapa de aço de
inox a ser utilizada (1,22 x 0.92 m). O projeto resultou em uma parábola com comprimento de
arco de 1,2 m e largura de 0.60m (Wa), sendo seu foco localizado a 0,15 m de sua base (f) e o
ângulo máximo de abertura é de 76,18º (𝜑 ).

O fator de concentração da parábola, ou seja, a razão entre a área de abertura e a área


superficial do tubo concentrador, obtido no presente projeto foi de 12,5, considerando o tubo
concentrador com diâmetro externo de 28 mm.

3.3 CONSTRUÇÃO DO CONCENTRADOR SOLAR

Para a construção do concentrador, foram utilizados os dados de projeto, sendo sua


construção iniciada pela calha concentradora. Uma matriz foi cortada de acordo com os dados
de projeto, utilizando uma rebarbadeira.
Posteriormente a chapa de aço inox foi moldada sob a matriz e parafusada, fornecendose
assim a forma necessária a calha concentradora, como pode ser observado na Figura abaixo.
32

Porém, foi necessário a realização de reforços estruturais na calha, os quais não estavam
previstos no projeto inicial, tais reforços foram necessários para garantir a calha uma melhor
rigidez torcional.

Figura - Montagem da calha concentradora.

Fonte: Autoria própria.

Em seguida, iniciou-se a montagem de sua estrutura principal. Para isso, foram utilizadas
tubos cortados nos comprimentos de 2920, 2500, 950 e 750 mm, as quais foram soldadas
utilizando-se eletrodo revestido. Os suportes dos mancais foram construídos utilizando
cantoneiras com 355 mm de comprimento com suas extremidades fechadas para que
pudessem ser parafusadas na estrutura principal, permitindo-se assim a inclinação da calha
concentradora.
O tubo de aço responsável pela sustentação da calha concentradora, foram soldados
de maneira concêntrica ao foco da parábola, permitindo assim que o tubo concentrador fique
posicionado estaticamente no foco da parábola.

Em seguida iniciou-se a montagem da estrutura secundária, a qual seria responsável em


manter a inclinação do concentrador. Nesta etapa também foram soldados os reforços
estruturais previstos no projeto. Ao final dessa etapa pode-se realizar a montagem do
concentrador, conforme pode ser observado na Figura abaixo.

Figura - Finalização da base do concentrador solar.


33

Fonte: Autoria própria.

Com a estrutura finalizada pode-se iniciar-se o processo de pintura externa na calha


concentradora.

Com o concentrador finalizado iniciou-se a construção de sua base, a qual foi


construída utilizando-se tubos metálicos, os quais foram parcialmente soldados com
solda de aço. A Figura abaixo ilustra a base do concentrador.
34

Figura - Base do concentrador solar.

Fonte: Autoria própria.

O sistema mecânico responsável pelo rastreamento solar foi construído utilizando a


parte de rastreamento de um sistema de antena parabólica.

A Figura abaixo apresenta o resultado final do processo de construção do concentrador


solar parabólico.
35

Figura - Concentrador solar.

Fonte: Autoria própria.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos para cada


configuração de tubo absorvedor utilizado. Será apresentado a eficiência instantânea de
primeira e segunda lei da termodinâmica, as quais serão comparadas com os valores
empíricos estimados. A radiação solar incidente, calor absorvido instantâneo experimental e
empírico também serão apresentados, bem como a influência das variáveis no desempenho do
concentrador, auxiliando assim a discussão dos resultados obtidos. Por fim, os dados os dados
obtidos paras as duas configurações serão comparados.

4.1 EXPERIMENTO

Os experimentos referentes a essa configuração ocorreram durante a última semana de agosto


de 2018, entre os dias 27 e 31. Nas Figuras 31 a 35 são apresentados a taxa de radiação solar
incidente pela área de abertura do concentrador solar, assim como a taxa de calor absorvido
pelo dispositivo, a qual é comparada com a taxa empírica, estimada através do método
apresentado por Kalogirou (2009).
36

4.2 RESULTADOS

Os ensaios de temperatura foram realizados nos dia 17 e 18 de Setembro de 2022 e os


resultados estão dispostos na tabela 2. A figura 4 mostra a evolução da temperatura da água na
saída tubo receptor. A máxima temperatura alcançada pelo sistema foi de 86º C.

Tabela 2. Temperatura da água na saída tubo de Inox sem isolamento térmico


Ensaio dia 19/06/2014 Ensaio dia 21/06/2014
Temperatura inicial da água: 23ºC Temperatura inicial da água: 24ºC

Horário Temperatura (Cº) Horário Temperatura (Cº)


12:00 48 11:00 45
12:10 56 11:10 62
12:20 79 11:20 75
12:30 79 11:30 79
12:40 80 11:40 82
12:50 80 11:50 82
13:00 80 12:00 82
13:10 80 12:10 82
13:20 80 12:20 82
13:30 80 12:30 80
13:40 83 12:40 82
13:50 85 12:50 84
14:00 85 13:00 84
14:10 85 13:10 84
14:20 86 13:20 83
14:30 83 13:30 84
14:40 83 13:40 84
14:50 83 13:50 84
15:00 81 14:00 84

(a) (b)

Figura 4. Temperatura da água na saída tubo receptor – Ensaios realizado em 17/10/22


e em 18/10/2022 (b)
37

Utilizou-se balanços de energia, para determinar os parâmetros necessários ao cálculo da


eficiência útil do concentrador. A tabela 3 apresenta os resultados obtidos.

Tabela 3. Parâmetros necessários ao cálculo das eficiências

Os cálculos foram baseados na maior temperatura alcançada pelo sistema (86º C). Com os
valores acima, determinou-se a eficiência óptica, térmica e útil do concentrador solar.
Também foi determinado o fator de concentração do mesmo. Os resultados seguem abaixo:

Tabela 4. Eficiências do concentrador e fator de concentração

0,76 0,95 0,72 26,03

De acordo com os valores da tabela 4, obteve-se consideráveis eficiências ótica (76%) e


térmica (95%), resultando em uma eficiência global significativa (72%).
38

CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo construir e avaliar a eficiência térmica de um


concentrador solar parabólico, por meio de uma análise experimental. Foram utilizadas duas
configurações de tubos absorvedores sem pintura seletiva. Os dados experimentais foram
estimados com base em modelos presentes na literatura.

Diante dos resultados de temperatura apresentados, acredita-se que o sistema de aquecimento


solar deste projeto possa ser viável em diversas aplicações residenciais e industriais onde se
objetiva a geração de energia térmica a partir de fontes renováveis. Além disso, espera-se
obter maiores temperaturas mediante a utilização do sistema em épocas de verão como estas.

Durante os experimentos monitorou-se os níveis de temperatura do fluido de trabalho do


concentrador solar, radiação solar incidente, calor absorvido e eficiência térmica de primeira e
segunda lei da termodinâmica. Com base nos dados experimentais realizou-se uma análise
estatística (Modelo de regressão linear), o qual teve como objetivo avaliar a influência dos
parâmetros controláveis e incontroláveis sob a eficiência do concentrador.

Durante os experimentos envolvendo a configuração de tubo absorvedor sem pintura seletiva,


a eficiência média observada foi de 0,25%.

Por meio da análise estatística, pode-se determinar que os níveis de temperatura do fluido de
trabalho, temperatura de entrada e de saída, apresentam uma relação inversa com a eficiência
do concentrador, visto que o tubo concentrador não apresenta um isolamento térmico. Desse
modo, como o aumento dos níveis de temperatura maiores serão as perdas de energia na
forma de calor para o ambiente.

Já a radiação solar incidente apresentou uma relação direta com a eficiência do


dispositivo. Porém, avaliando-se unicamente esses dois parâmetros, não foi possível obter
uma explicação para esse fato, visto que o conjunto de dados foi insuficiente para tal análise.

A análise de regressão linear também apresentou uma relação inversa entre a eficiência do
concentrador e o horário de operação do dispositivo. Sendo esse fato associado às
características construtivas do equipamento, o qual apresenta uma baixa rigidez torcional.
Desse modo, com a operação do sistema de rastreamento solar, o concentrador solar apresenta
uma torção em relação a sua linha focal, modificando assim o foco do dispositivo e o fluxo de
calor sob o tubo concentrador.
39

Como sugestão para trabalhos futuros sugere-se uma análise de uma configuração de tubo
concentrador: tubo concentrador com pintura seletiva concêntrico a um tubo de vidro
evacuado. Nessa nova configuração pode-se avaliar a redução das perdas de energia térmica
para o ambiente.
40

REFERÊNCIAS

a) ALMANZA, Rafael; JIMÉNEZ, Gustavo; LENTZ, Alvaro; et al. DSG Under Two-Phase
and Stratified Flow in a Steel Receiver of a Parabolic Trough Collector. Journal of Solar
Energy Engineering, v. 124, n. 2, p. 140, 2002.
b) BARROSO-KRAUSE, Cláudia; MEDEIROS, Daniel David Cassal de. Instalação de
coletor solar. Dicas para arquitetura. Rio de Janeiro: Programa de Pós-graduação em
Arquitetura Conforto Ambiental e Eficiência Energética, 2005.
c) FERNÁNDEZ-GARCÍA, A.; ZARZA, E.; VALENZUELA, L.; et al. Parabolic-trough
solar collectors and their applications. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14,
n. 7, p. 1695–1721, 2010.
d) FUQIANG, Wang; JIANYU, Tan; LANXIN, Ma; et al. Effects of glass cover on heat flux
distribution for tube receiver with parabolic trough collector system. Energy Conversion
and
e) OSUNA, Rafael; OLAVARRÍA, Rafael; MORILLO, Rafael; et al. PS10,
CONSTRUCTION OF A 11MW SOLAR THERMAL TOWER PLANT IN SEVILLE,
SPAIN. p. 9, 2006.
f) PEREIRA, E. B.; MARTINS, F. R.; ABREU, S. L. DE; RÜTHER, R. (2006). Atlas
Brasileiro de Energia Solar. Divisão de Clima e Meio Ambiente – DMA.
g) POULLIKKAS, Andreas; HADJIPASCHALIS, Ioannis; KOURTIS, George. A
comparative overview of wet and dry cooling systems for Rankine cycle based CSP
plants. p. 25, 2013.

h) MATRAI, Bruno Boulle. Projeto e construção de um aquecedor solar concentrador.


2008. 64 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Mecânica) –
Departamento de Engenharia Mecânica. Escola Politécnica da Universidade Federal de
São Paulo, São Paulo, 2008.
i) REIS, Edmilson Pedreira dos. Aquecimento solar utilizando coletor com superfície
absorvedora em chapas de forro de PVC. 2009. 84 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica) – Departamento de Pós Graduação em Engenharia Mecânica.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.
j) SÁLES, Isolda Cíntia Ferreira de. Análise da substituição do chuveiro elétrico por
aquecedor solar: uma contribuição ao setor elétrico na conservação de energia. 2008.

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