Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Livro Metrologia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

FUNDAMENTOS

DA METROLOGIA

Cristiano Link
F981 Fundamentos de metrologia [recurso eletrônico]
/ Organizador, Cristiano Linck. – Porto Alegre :
SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.


ISBN 978-85-69726-45-6

1. Metrologia - Fundamentos. 2. Engenharia. I. Linck,


Cristiano.
CDU 006.91:62

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Metrologia científica:
unidades e grandezas de
medidas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Reconhecer os termos fundamentais da metrologia.
„„ Identificar os sistemas de medidas.
„„ Realizar conversões de unidades.

Introdução
Neste texto, você vai ver que a metrologia é uma ciência com
linguagem própria, e que é importante você conhecer alguns termos
e sistemas empregados. Também vai aprender como fazer conversões
entre esses sistemas, para poder trabalhar tranquilamente.

Termos fundamentais da metrologia


A metrologia é a ciência da medição e suas aplicações. Ela engloba todos os
aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza de me-
dição e o campo de aplicação. Assim, para desenvolver um bom trabalho em
metrologia, é fundamental que você reconheça alguns conceitos, unidades e
grandezas de medidas.
Esses termos estão agrupados em um documento muito importante para
quem atua na área metrológica, o Vocabulário Internacional de Metrologia
(VIM). O VIM é atualizado periodicamente e a sua última versão é de 2012.
Esse documento de 2012 é a 1ª edição luso-brasileira autorizada pelo Bureau
Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), da 3ª edição internacional do VIM
– International Vocabulary of Metrology – Basic and general concepts and
associated terms. JCGM, p. 200, 2012.
8 Fundamentos de metrologia

Link

O VIM é disponibilizado gratuitamente pelo INMETRO, no site www.inmetro.gov.br.

Alguns dos conceitos tratados no VIM, e que são importantes para a seleção de
um instrumento de medição, são apresentados a seguir:
Grandeza. Atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser quali-
tativamente distinguido e quantitativamente determinado.
Unidade (de medida). Quantidade arbitrária para termo de comparação, defi-
nida e adotada por convenção, com a qual outras grandezas de mesma natureza são
comparadas para expressar suas magnitudes em relação àquela grandeza.
Sistema de unidades. Conjunto das unidades de base e unidades derivadas,
definido de acordo com regras específicas, para um dado sistema de grandezas.
Medição. Conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de
uma grandeza.
Resultado. Valor de uma grandeza obtido por medição.
Incerteza de medição. Estimativa que caracteriza a faixa de valores dentro da
qual se encontra o valor verdadeiro da grandeza medida.
Faixa nominal. Faixa de indicação obtida em uma posição específica dos con-
troles de um instrumento de medição
Resolução. Menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que
pode ser significativamente percebida.

Fique atento

Para a seleção de instrumentos de medição, há uma grande quantidade de termos


que devem ser conhecidos para que o instrumento de medição forneça os resultados
compatíveis com a aplicação das peças a serem medidas.

Outro conceito importante é o de unidades de medidas e como os siste-


mas empregados na metrologia dimensional se relacionam. É importante que
você saiba que existem várias unidades de medida, que podem ser funda-
mentais ou derivadas Todas elas estão agrupadas no Sistema Internacional de
Unidades (SI), cuja edição atual é a 9ª, do ano de 2012. Esse documento, assim
Metrologia científica: unidades e grandezas de medidas 9

como o VIM, é disponibilizado gratuitamente no site do INMETRO. Para


medições dimensionais, existe o Sistema Internacional, que utiliza o metro
como referência, e o Sistema Inglês, baseado na polegada.

Conversões de unidades
As conversões de unidades são muito importantes para tornar o trabalho me-
trológico compatível com a aplicação. Elas podem ocorrer de duas maneiras:
dentro do mesmo sistema ou entre os sistemas.
Para conversões dentro do sistema internacional, popularmente chamado
de sistema métrico, temos a regra apresentada na Figura 1.

Figura 1. Conversão de unidades dentro do sistema internacional.

No sistema inglês, você encontra dois tipos de possibilidade de escrita: a


escrita em frações decimais e a escrita em frações ordinárias.

Exemplo

A fração decimal 0,5” também pode ser escrita como fração Ordinária ½.
A fração decimal 0,75” também pode ser escrita como fração ordinária ¾. .
Na mecânica, é muito comum o uso de frações ordinárias para especificação de mate-
riais e dimensões de peças utilizadas na indústria automotiva e aeroespacial.

Para conversão dentro do sistema inglês, você tem as seguintes regras:


Fração Ordinária para Fração Decimal: Basta dividir o numerador pelo
denominador e adicionar o resultado ao número inteiro, quando houver.
10 Fundamentos de metrologia

Fração Decimal para Fração Ordinária: Basta multiplicar a parte


fracionária decimal por 128/128 (menor divisão da polegada). Arredondar
e simplificar, quando possível, e juntar o resultado com o número inteiro.
Entretanto, de maneira prática, é mais útil realizar a conversão entre
os dois sistemas. Assim, você poderá verificar se uma peça fabricada em
um sistema poderá ser aplicada em outro e vice-versa.
Uma polegada equivale a 25,4 milímetros. Dessa maneira, geralmente
você pode aplicar a Regra de Três Matemática para realizar as conver-
sões. Porém, para facilitar o trabalho de conversão entre os sistemas,
existem 4 regras práticas (chamadas aqui de casos):
1º Caso: mm para polegada fração decimal. Para converter milímetros
para polegada em fração decimal, você divide o nº dado em “mm” por 25,4.
2º Caso: polegada fração decimal para mm. Para converter polegada
fração em decimal para mm, você multiplica o valor dado em polegada deci-
mal por 25,4.
3º Caso: mm para polegada fração ordinária. Para converter milíme-
tros para polegada em fração ordinária, você multiplica o valor dado em mi-
límetros por 5,04/128 (valor constante), efetuando arredondamento e simpli-
ficação, se necessário.
4º Caso: polegada fração ordinária para mm. Para converter polegada
fração em ordinária para milímetros, você multiplica o numerador da fração
por 25,4 e divide-se o produto pelo denominador.

Fique atento

Lembre-se! Conhecer os termos da metrologia e realizar as conversões corretamente


são de fundamental importância para selecionar instrumentos de medição e controlar
os processos produtivos.
Metrologia científica: unidades e grandezas de medidas 11

Exercícios
1. O que é a faixa nominal de um c) 2,54
instrumento? d) 0,79357
a) A faixa de medidas de uma peça. e) 0,65
b) O quanto o instrumento mede. 4. Converta 7 mm para polegadas
c) A faixa de medidas que o instru- milesimais.
mento é capaz de medir. a) 0,2755
d) A menor medida. b) 27,55
e) A quantificação da confiabilidade. c) 12,8
2. O que é a resolução de um instru- d) 0,792
mento? e) 1/32
a) Menor medida fornecida pelo 5. O que é importante na seleção de
instrumento. um instrumento?
b) A capacidade da medida. a) Capacidade do instrumento.
c) Polegadas. b) Faixa nominal e Resolução.
d) Conversão. c) Tamanho do instrumento.
e) Mensurando. d) Facilidade de manuseio.
3. Converta 1/32” para mm. e) Capacidade de converter medi-
a) 0,03125 das automaticamente.
b) 25,4

Leituras recomendadas

SCARAMBONI, A. et al. Telecurso 2000: Curso profissionalizante: Mecânica: Metrologia.


Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2003. 244p.

SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES: SI. Duque de Caxias, RJ: INMETRO/CICMA/


SEPIN, 2012. 94 p.

VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA (VIM 2012): Conceitos fundamentais


e gerais e termos associados. Duque de Caxias, RJ: INMETRO, 2012. 94 p.
Metrologia industrial:
medições e resultados de
medições
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Expressar resultados de medição.
„„ Reconhecer tolerâncias.
„„ Diferenciar incerteza e tolerância.
„„ Justificar conformidade.

Introdução
Neste texto, você vai estudar os resultados de uma medição. Os
resultados de uma medição são de extrema importância, pois é por
meio da correta interpretação da medição que você pode verificar se
um componente está em conformidade ou não.

Resultados de medição
Medir é uma tarefa muito importante, pois através de uma medição você pode
determinar inúmeras características de um determinado componente. Mas
tecnicamente falando, o que é medir? Medir é determinar experimentalmente
o valor de uma grandeza.
Grandezas são atributos de fenômenos físicos que podem ser quantitativa-
mente determinados; ou seja, são fenômenos para os quais você pode atribuir
um valor numérico, como comprimento, massa, temperatura, tempo, intensi-
dade luminosa, entre outros. Toda medição provém do ato de medir, do ato
de determinar experimentalmente o valor de uma grandeza. A partir dessa
medição você tem um resultado de medição. Resultado de medição é o valor
de uma grandeza obtido por medição. Para ter validade, esse resultado deve
estar acompanhado de sua incerteza de medição.
A incerteza de medição é um parâmetro associado ao resultado de uma
medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamental-
Metrologia industrial: medições e resultados de medições 13

mente atribuídos a um mensurando. Em outras palavras, ela vai ser a quanti-


ficação da dúvida referente àquele resultado.

Fique atento

Será que o resultado fornecido pelo instrumento de medição é realmente aquele que
está sendo indicado?

Você determina o quanto aquele resultado pode estar certo por meio de
análises estatísticas, baseadas no instrumento, no ambiente, na pessoa que
está medindo, na peça, no método de medição e nas próprias medidas. Tam-
bém faz isso por meio da repetição de medições de uma mesma peça. Dessa
maneira, a incerteza pode ser considerada como um indicador da confiabili-
dade da medição.
Sabendo disso, ainda restam alguns questionamentos sobre medidas e medi-
ções. Por exemplo: por que você mede algo? Qual a necessidade prática de medir?
A resposta é: para investigar, monitorar e controlar fenômenos físicos. Em outras
palavras, medir ajuda a entender se um fenômeno está dentro do esperado.

Exemplo

Você mede a temperatura de uma criança doente esperando que ela não esteja com
febre. Caso esteja, toma algumas atitudes, como levar ao médico. O mesmo ocorre com
uma peça! Você mede suas dimensões para saber se ela está compatível com o uso.
Caso não esteja, interfere no processo para que ela fique de acordo com o esperado.

Incerteza e tolerância
O esperado em um sistema produtivo geralmente é fornecido por especifica-
ções que podem ser tanto de projetos (que consideram a fabricação perfeita
do componente) quanto de especificações de processo (que consideram o pro-
cesso produtivo do componente como uma variável). Sabendo que a variação
14 Fundamentos de metrologia

em qualquer etapa do processo pode vir de 6 variáveis, conhecidas como 6 M,


surgiram as tolerâncias.

Saiba mais

6 M é o nome dado aos 6 fatores de variabilidade. São eles:


„„ Mão de obra
„„ Material
„„ Método
„„ Máquina
„„ Medição
„„ Meio ambiente

As tolerâncias são as variações permitidas do processo ou do projeto. Em


outras palavras, é aquilo que pode variar em uma medida sem comprometer o
funcionamento de um componente e sem que a peça seja descartada.
Existem 3 tipos de tolerância:

„„ Dimensionais
„„ Geométricas
„„ Acabamento Superficial

As tolerâncias dimensionais tratam das dimensões lineares e angulares


de peças e componentes. As tolerâncias geométricas são mais recentes e
tratam da geometria e do posicionamento de elementos das peças e compo-
nentes. As tolerâncias de acabamento superficial dizem respeito a limites
aceitáveis de rugosidade das peças e componentes. Todas essas tolerâncias
são importantes para garantir a conformidade dos produtos e processos.

Conformidade
Conformidade é a característica que garante que determinada medida está
dentro da tolerância com influência da incerteza de medição. De certa forma,
isso garante que os produtos tenham funcionalidade e atendam às necessidades
e especificações dos clientes. Atender às necessidades e expectativas dos clien-
tes é garantir a qualidade dos produtos, processos e serviços prestados.
Metrologia industrial: medições e resultados de medições 15

A Figura 1 sintetiza os conceitos de conformidade, tolerância e incerteza


para garantir a qualidade.

Figura 1. Influência de tolerância, incerteza e


instrumento na conformidade metrológica.

Incerteza

Tolerância

Instrumento

Conformidade

Variações permissíveis

Especificações dos clientes


Dimensionais geométricas
Qualidade
Acabamento superficial

Assim, é importante que você saiba diferenciar o que é tolerância e o que


é incerteza. Tolerância é aquilo que você permite que a peça varie. Ou seja, é
o que o cliente deseja baseado em estudos de aceitação de componentes e pe-
ças. Já a incerteza é o quanto de dúvida você tem a respeito de um resultado,
baseado em estudos estatísticos relativos ao ato de medir.
A regra de ouro da metrologia diz que a incerteza deve ser 10 vezes menor
que a tolerância de processo. Isso evita que peças dentro da tolerância estejam
com defeito devido à incerteza fornecida pela medida.

Fique atento

Lembre-se de que um resultado só garante a conformidade se estiver com sua incerte-


za muito bem definida e dentro dos limites especificados pelas tolerâncias!
16 Fundamentos de metrologia

Exercícios
1. O que é medir? e) O que conseguimos visualizar
a) Encontrar uma medida em um num mostrador.
instrumento de medição. 4. O que são tolerâncias dimensionais?
b) Determinar experimentalmente o a) Variações permissíveis de acaba-
valor de uma grandeza. mento superficial.
c) Utilizar um instrumento de medição. b) Variações permissíveis da
d) Apropriar-se de resultados geometria.
calculados. c) Resultado obtido por uma
e) Obter um resultado. medição.
2. Por que medimos? d) Variações permissíveis das
a) Para controlar e monitorar um dimensões.
processo. e) Incerteza de medição.
b) Porque os clientes solicitam. 5. O que é conformidade?
c) Porque é requisito normativo. a) Uma característica estar de
d) Porque o coordenador solicita. acordo com as especificações
e) Para utilizar os instrumentos. de tolerâncias, mesmo com sua
3. O que é o resultado de uma medição? incerteza.
a) Valor do instrumento de medição. b) O resultado estar na faixa nominal.
b) Valor de uma grandeza obtida c) O resultado estar de acordo com
por cálculos. a resolução do instrumento.
c) Valor de uma grandeza obtida d) Determinar o valor de uma
por medição. grandeza.
d) Obtenção de unidades de medida. e) Controlar um processo.

Leituras recomendadas

ALBERTAZZI, A. G. Jr; SOUZA, A. R. de. Fundamentos da metrologia científica e industrial.


Manole: Barueri, São Paulo, 2008.

SCARAMBONI, A. et al. Telecurso 2000: Curso profissionalizante: Mecânica: Metrologia.


Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2003. 244p.

SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES: SI. Duque de Caxias, RJ: INMETRO/CICMA/


SEPIN, 2012. 94 p.

VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA (VIM 2012): Conceitos fundamentais


e gerais e termos associados. Duque de Caxias, RJ: INMETRO, 2012. 94 p.
Conteúdo:

Você também pode gostar