Artigo Adequação
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Artigo Adequação
1 Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA / Centro Universitario de Barra Mansa - UBM
2 Egresso do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA
3 Docente do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA
4 Pós doutoranda da Universidade Federal de Lavras - UFLA
Resumo Abstract
A enorme busca de informações nutricionais confiáveis The huge search for reliable nutritional labeling
gera a necessidade de legislações vigentes que regu- generates the need of current legislations that regulate
lamentem o setor alimentício no âmbito da qualidade, the food industry regarding quality, safety and food
segurança e disponibilidade do alimento. A garantia de availability. The assurance of useful and reliable
informações úteis e confiáveis é um direito assegu- information is a guaranteed rightfor the consumer,
rado ao consumidor, o que colabora com uma melhor which contributes to a better selection of products.
escolha de produtos. Todavia, o cumprimento dessas However, the accomplishment of these legislations is
legislações, muitas vezes, não tem sido inspecionado. usually not inspected. The aim of this research is to
O presente trabalho teve como objetivo verificar a verify the conformity of commercialized food labeling,
conformidade da rotulagem de produtos alimentícios regarding expiration date, production, origin, shipment,
comercializados frente à legislação brasileira em vigor. customer service, ingredients, gluten, traces of milk,
Trata-se de um estudo observacional e descritivo, rea- according to the current Brazilian legislation. It is an
lizado na Região Sul Fluminense – RJ, onde a coleta de observative and descriptive study, accomplished in the
dados ocorreu entre o período de janeiro a agosto de South Fluminense Region – RJ, the collection of data
2015. Dos 76 rótulos analisados, 96% apresentaram, no occurred during the period of January until August,
mínimo, uma inadequação frente à legislação vigente e, 2015. From the 76 analyzed labels, 96% presented,
apenas 4% dos rótulos estavam plenamente de acordo at least, one inadequacy according to the current
com o estabelecido na legislação. O item que apresen- legislation and only 4% were completely in accordance
tou maior número de inadequações foi o que diz res- with the established by the legislation. The item that
peito à expressão “traços de leite”, enquanto o prazo de presented the biggest number of inadequacies was the
validade foi o item avaliado que obteve menor índice de one regarding traces of milk. Although, the expiration
inadequações. Conclui-se que a maioria dos estabele- date item was the one that obtained the smallest
cimentos e dos rótulos analisados não atendeu inte- number of inadequacies. As a result, the majority of
gralmente aos requisitos de rotulagem exigidos pelas establishments and labels that were analyzed didn’t
legislações em questão. As informações presentes nas reach integrally all the labeling requisites imposed
embalagens estudadas foram, em grande parte, defi- by the legislations in question. Most of the collected
cientes ou mesmo errôneas, dificultando o bom enten- information contained on the labels was inaccurate
dimento acerca dos produtos pelos consumidores. or erroneous, making it difficult for the consumer to
understand its contents.
Palavras-chave Keywords
Rotulagem nutricional. Alimento. Legislação sanitária. Nutritional labeling. Food. Sanitary legislation. Current
Legislação vigente. Consumidor. legislation. Consumer.
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Adequação das rotulagens alimentícias
frente à legislação vigente
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão diretamente ligado ao
Ministério da Saúde, responsável em fiscalizar a produção, comercialização e rotulagem dos alimentos,
a busca constante e crescente de informações confiáveis por parte da população exige do Governo
e do setor produtivo a inclusão de uma eficaz rotulagem nutricional de alimentos, já que essas infor-
mações facilitam o consumidor a conhecer as propriedades nutricionais dos produtos, contribuindo
para o consumo adequado, podendo ainda exercer um papel proveitoso como meio de prevenção de
agravos à saúde (BRASIL, 2003).
Entretanto, Valente (2002 apud Câmara et al., 2008) registra que o acesso à informação correta
sobre o conteúdo dos alimentos, por ser um elemento que impacta na adoção de práticas alimentares
e estilos de vida saudáveis, configura-se, em seu conjunto, numa questão de segurança alimentar e
nutricional.
No sentido de querer contribuir para o debate sobre o uso de informativos das rotulagens nutri-
cionais, este estudo teve como objetivo avaliar a adequação dos rótulos nutricionais.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
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Para verificação das conformidades e não conformidades dos rótulos, foram utilizadas as se-
guintes legislações em vigor pertinentes aos itens analisados: Resolução RDC ANVISA/MS nº 26, de
02 de julho de 2015 (Rotulagem de Alimentos Alergênicos); Resolução RDC ANVISA/MS nº 40, de 08 de
fevereiro de 2002 (Regulamento técnico para rotulagem de alimentos e bebidas embalados que con-
tenham glúten); Resolução RDC ANVISA/MS nº 163, de 17 de agosto de 2006 (Rotulagem Nutricional
Obrigatória de Alimentos e Bebidas Embalados); Resolução RDC ANVISA/MS n° 259, de 20 de setembro
de 2002 (Regulamento Técnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados); Resolução RDC ANVISA/MS
nº 360, de 23 de dezembro de 2003 (Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos
Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional).
Além das legislações citadas, foram utilizadas a legislação do Ministério da Justiça - Lei 8.078, de
11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) e legislação do Ministério da Saúde - Lei n.
10.674, de 16 de maio de 2003 (Obriga a que todos os produtos alimentícios comercializados informem
sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas amostras dos rótulos, foram analisados componentes como data de validade e de fabrica-
ção, identificação da origem, o serviço de atendimento ao consumidor (SAC), identificação do lote, os
ingredientes usados para o preparo do produto, glúten e traços de leite.
Dos 45 locais avaliados, 44 locais apresentaram, no mínimo, uma rotulagem com algum tipo de
não concordância com a legislação vigente, o que corresponde a 98% dos estabelecimentos visitados.
Apenas um dos locais (2%) estava com todas as rotulagens inteiramente de acordo com o preconizado
(Figura 1).
Esse valor elevado (98%) pode ser decorrente, principalmente, da ausência de um profissional
Nutricionista nos estabelecimentos comerciais visitados. Destes, apenas dois (02) possuíam orientação
profissional de um nutricionista, entretanto, em um (01), ainda foram constatadas irregularidades em
relação à rotulagem.
Cada item será discutido mais detalhadamente abaixo, a fim de salientar a importância da presença
desses dados nas rotulagens alimentícias, para a prevenção e integridade da saúde do consumidor.
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O SAC é um elemento estratégico, uma vez que aplica as funções de inovador, transformando
riscos e ameaças em ações proativas. Funciona como radar para a empresa, captando informações
do mercado e complementando-se por intermédio de pesquisas. Funciona também como agente de
mudanças, provocando mudanças internas na organização e como auditor, quando atua no controle
de serviços (CRUZ, 2005).
A Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhecida como Código de Defesa do Consumidor (CDC),
dita como obrigatória a inscrição do número do SAC, de forma clara e objetiva (BRASIL, 2013).
Consequentemente, a alta porcentagem de inadequação referente a esse item (93%) é tida como
infratora, uma vez que essa situação coíbe o consumidor ao acesso às informações referentes ao es-
tabelecimento responsável pela distribuição do produto e informações inscritas nas rotulagens, além
de impedir o rastreamento do produto.
A Resolução RDC ANVISA/MS n° 259, de 20 de setembro de 2002, dita como informação obri-
gatória, para a rotulagem de alimentos embalados, a lista de ingredientes (BRASIL, 2002). Apresenta
informações essenciais sobre a composição do produto adquirido e deve ser utilizado como base para
o consumidor identificar quais alimentos estão presentes no produto (BENDINO, 2012). No entanto, o
consumidor, em geral, apresenta dificuldades em adquirir o hábito de leitura, associado à incompreensão
da linguagem técnica usada nos rótulos, faz com que o entendimento possa ser alcançado somente
por um público mais esclarecido (MARINS, 2008).
Além disso, essa Resolução abrange os aditivos alimentares, informando que eles devem ser
declarados como parte da lista de ingredientes (BRASIL, 2002).
Sendo assim, uma vez que a porcentagem das inadequações referente à lista de ingredientes
é de 78%, a expressão que diz respeito ao uso de aditivos alimentares no preparo do alimento é do
mesmo percentual.
De acordo com Evangelista (2000), o incorreto emprego dos aditivos em situações diversas,
como, por exemplo, quando nos produtos há ausência dos aditivos mencionados na rotulagem ou a
presença deles, sem também constarem no rótulo, está relacionado a reações adversas, tais como
excitação/irritação da mucosa gastrointestinal, desencadeamento de reações alérgicas e, potencial-
mente, a carcinogenicidade.
Adicionalmente, Wood (2002 apud Marins et al., 2008), afirmam que é intolerável que esses adi-
tivos alimentares não estejam devidamente expressos nos rótulos das embalagens alimentícias pelas
indústrias produtoras de alimentos.
Entretanto, uma vez que, para a identificação do lote, pode ser utilizada a data de fabricação,
pode-se comprometer o rastreamento e o recolhimento do produto, em caso de problemas de conta-
minação, por exemplo.
O item que apresentou menor número de não conformidades foi o prazo de validade (17%).
Entretanto, do percentual de amostras adequadas, 6% encontravam-se com o prazo de validade expi-
rado (Figura 3).
Figura 3 - Percentual dos prazos de validade vencidos comparado à quantidade de amostras que
expressam o prazo de validade.
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O Código de Defesa do Consumidor (CDC) regulamenta que são impróprios para o consumo to-
dos os alimentos que estejam com o prazo de validade vencido, e serão consideradas como práticas
infrativas a oferta de produtos sem a informação do prazo de validade (BRASIL, 2013).
Segundo um estudo de Bendino et al. (2012), o prazo de validade é uma das informações mais
buscadas pelos consumidores, exemplificando, dessa forma, a alta porcentagem de adequações do
produto e a importância da expressão nos rótulos alimentícios. O consumidor associa a qualidade do
alimento com a validade, pois adquirir um produto vencido acarretaria prejuízo tanto financeiro quanto
para a saúde.
Diante do que foi exposto, pode-se observar que há falhas no órgão responsável pela fiscalização
dessas diretrizes, colocando em risco a saúde do consumidor.
A realização periódica de estudos que, assim como este, visam problematizar a adequação das
rotulagens frente à legislação vigente pode tornar mínimos os problemas de ordem tanto sanitária
quanto relacionada às questões legislativas (DOGO, 2013).
Segundo a Resolução RDC ANVISA/MS nº 26, de 02 de julho de 2015, que trata dos requisitos
para rotulagem obrigatória dos alimentos causadores de alergias alimentares, todos os rótulos deve-
rão informar a existência de 17 alimentos, entre eles, o leite de todos os mamíferos. (BRASIL, 2015).
Esse informativo expresso no rótulo auxilia na prevenção e no controle de alguns grupos de ris-
cos. Sendo assim, é preciso uma fiscalização mais rígida, a fim de inspecionar a adequação na nova
Resolução.
Como medida preventiva e de controle da doença celíaca, a Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003,
e a RDC nº 40, de 08 de fevereiro de 2002, tornou obrigatória as inscrições “CONTÉM GLÚTEN” ou “NÃO
CONTÉM GLÚTEN” em caracteres nítidos e de fácil leitura nos rótulos de alimentos comercializados
(BRASIL, 2002; BRASIL, 2003). Posto isto, 89% das rotulagens estão em inconformidade com a legislação.
Segundo Picolotto (2002 apud Câmara et al., 2008), a inadequação da rotulagem nutricional da
expressão “CONTÉM GLÚTEN” ou “NÃO CONTÉM GLÚTEN” é grave, uma vez que a presença do glúten
é prejudicial para consumidores que possuem a doença celíaca.
De acordo com Ciclitira e Moodie (2003 apud Ribeiro et al., 2012), a única terapia nutricional
para essa patologia é a restrição total de alimentos que contenham glúten. Sendo assim, é importante
intensificar a questão da confiabilidade das informações que se relacionam diretamente à segurança
dos alimentos, criando um elo entre o consumidor, o alimento e o produtor. Portanto, o acesso a essas
informações corretas é de suma importância para a prevenção do risco de alergias alimentares.
É elevada a prevalência de produtos que não seguem as normas de rotulagem (89%), concluindo
que é indispensável maior rigidez da ANVISA, sobretudo no caso desse item. De tal modo, as amostras
que não indicarem esse item nas rotulagens alimentícias, além de estar em desacordo com a legislação,
omitem informações ao consumidor.
4 CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
______. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução – RDC n.º 360, de 23 de
dezembro de 2003. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados,
tornando obrigatória a rotulagem nutricional. Ministério da Saúde - MS. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Diário Oficial da União nº 251, de 26 de dezembro de 2003.
BRASIL. Código de Proteção e Defesa do Consumidor (1990). Código de proteção e defesa do consumidor
e legislação correlata. 5. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2012. 106 p.
BRASIL. Lei 10.064, de 16 de maio de 2003. Obriga a que os produtos alimentícios comercializados
informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.674.htm>. Acesso em: 15 jan. 2017
CÂMARA, M. C. C.; et al. produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam
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DA CUNHA, L.R.; et al. Desenvolvimento e avaliação de embalagem ativa com incorporação de lactase.
Ciênc. Tecnol. Aliment., v. 27, 2007.
MARINS, B. R.;JACOB, S. C.; PERES, F. Avaliação qualitativa do hábito de leitura e entendimento: recepção
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WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Division of Food and Nutrition. Guidelines for strengthening a
National Food Safety Programme. Geneve, 1996.
p. 110 www.unifoa.edu.br/revistas