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Peça 2 - Apelação

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 

1ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE FLORIANÓPOLIS-SC

Processo nº xxxxxxx

Breno, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, não se conformando com a
sentença proferida por este juízo, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, infra assinado,
INTERPOR RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do CPP.

Ante ao exposto, requer que seja recebido e processado o presente recurso, e encaminhado com as
inclusas razões ao Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.

Termos que, pede deferimento. ADVOGADO XX  OAB Nº XX FLORIANÓPOLIS, 09 DE DEZEMBRO


DE 2019.

RAZÕES DE APELAÇÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA


COLENDA CÂMARA

APELANTE: Breno
APELADO: Justiça Pública
Autos Nº XXX

RECURSO DE APELAÇÃO,

com fulcro no art. 593, I e 598, do Código de Processo Penal, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
Santa Catarina.

Termos em que, Pede Deferimento. FLORIANÓPOLIS, 09 DE DEZEMBRO DE 2019 ADVOGADO XX


OAB Nº XX
RAZÕES DE APELAÇÃO
 APELANTE: BRENO XX
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
AUTOS Nº: XXXXX

I - DOS FATOS

Em 3 de novembro de 2017, Breno, 19 anos, conheceu Carlos em uma festa cuja censura era 18 anos.
Juntos, resolveram praticar roubo a mão armada em uma loja de conveniência de um posto de gasolina,
quando foram surpreendidos por policiais militares, que os encaminharam à delegacia. Lá, foi constatado
que Carlos era menor de 16 anos e que arma de fogo utilizada no crime estava municiada e era capaz de
efetuar disparos. Constatou-se, ainda, que Breno respondia a 3 inquéritos policiais e tinha 5 ações penais em
curso, nenhuma delas transitado em julgado.
Foram realizadas diligências que confirmavam a acusação, através de filmagens. Em 05 de junho de
2019, Breno foi denunciado pelo Ministério Público, perante a 1ª Vara Criminal da Comarca de
Florianópolis/SC como incurso nas sanções penais do Artigo 157, § 2º, inciso II e § 2º-A, inciso I, do
Código Penal e do Art. 244-B da Lei no 8.069/90, na forma do Art. 70 do Código Penal.
Durante audiência de instrução e julgamento, o magistrado optou por perguntar diretamente para as
testemunhas de acusação e defesa, não oportunizando manifestação das partes, tendo a defesa demonstrado
seu inconformismo com a conduta. A vítima confirmou os fatos, destacando que ficou muito assustada
porque Breno e Carlos eram muito altos e fortes, parecendo jovens de aproximadamente 25 anos de idade.
Destacou, ainda, que o dinheiro do caixa não foi subtraído devido a intervenção policial.
Na condenação, em sua primeira fase, o magistrado fixou a pena base dos crimes de roubo e
corrupção de menores acima do mínimo legal, em razão da personalidade do réu, que seria voltada para
prática de crimes, conforme indicaria sua folha de antecedentes criminais, restando a pena do roubo em 4
anos e 06 meses de reclusão e 12 dias multa e da corrupção em 01 ano e 02 meses de reclusão. Na terceira
fase, a pena base do crime de corrupção de menores foi confirmada como definitiva, enquanto a pena de
roubo foi aumentada em 2/3, em razão do emprego de arma de fogo, diante das previsões da Lei nº
13.654/18, restando a pena definitiva do roubo em 07 anos e 06 meses de reclusão e 20 dias multa, já que
não foram reconhecidas causas de diminuição de pena. O regime inicial fixado foi o fechado, em razão da
pena final de 8 anos e 8 meses de reclusão e 20 dias multa. O Ministério Público, intimado da sentença,
manteve-se inerte.

II – DO DIREITO

1. DAS NULIDADES – 564 CPP: A nova redação dada ao art. 212 do CPP, em vigor a partir de agosto de
2008, determina que as vítimas, testemunhas e o interrogado sejam perquiridos direta e primeiramente pela
acusação, e na sequência, pela defesa, possibilitando ao magistrado complementar a inquirição quando
entender necessário quaisquer esclarecimentos. Ocorre que, no caso em tela, o magistrado optou por
perguntar diretamente para as testemunhas de acusação e defesa, ferindo o supracitado artigo. Mesmo a
defesa mostrando seu inconformismo com a conduta, tal ato praticado em desacordo com o modelo legal
causou prejuízos ao réu. Assim, a audiência deve ser anulada, tendo em vista que a defesa do réu manifestou
seu inconformismo e não foi atendida. Como as partes não puderam
complementar a inquirição realizada pelo magistrado, tal conduta do juiz representou cerceamento de defesa
e violação ao princípio da ampla defesa, elencado no art. 5º, inciso LV, da CF/88.

2. No tocante a condenação pelo crime de corrupção de menores, tal crime não se configurou, pois o réu
também foi enganado: eles se conheceram em uma festa onde era proibida a entrada de menores, momentos
antes do crime. Daí, o réu supôs que ele fosse maior de idade. Aliás, se soubesse de sua idade real, ele
jamais o admitiria nessa empreitada. Ademais, corrobora com o imaginário do réu o depoimento da vítima,
que relatou que ambos eram altos, fortes e aparentavam ter 25 anos de idade. Daí, no que se refere ao crime
de corrupção de menores, o réu deve ser absolvido, nos termos do Art. 386, III, do CPP, pois o fato não
constitui ação penal. No caso em tela, o ocorrido se enquadra em erro de tipo, o que afasta o dolo e a culpa.

3. A pena base fixada pelo magistrado não encontra amparo legal, pois não foi reconhecida qualquer
circunstância desfavorável ao réu, que estaria elencada no art. 59 do CP, pois o agente responde por outros
delitos, entretanto nenhum deles fora transitado em julgado. Majorar a pena com base em inquéritos
policiais ou suposta personalidade voltada para a prática do crime representa a violação do princípio da
presunção de inocência, elencado no art. 5º, LVII da CF/88. Ademais, conforme a Súmula 444/STJ, “É
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. Daí, a
inconstitucionalidade dessa circunstância atenta contra a democracia e o devido processo legal, devendo ser
revista.

4. O magistrado não reconheceu a atenuante da pena constante no art. 65, I do Código Penal. Na data do
fato, o agente era maior de 18 anos, porém, menor de 21. Daí, encontra-se no que a doutrina nomeia de
menoridade relativa, que é a atenuante aplicável aos réus menores de 21 anos ao tempo do fato, pouco
importando a data da sentença. Essa atenuante tem como fundamento a imaturidade do agente, que por tal
motivo merece uma pena mais branda.

4. O aumento de pena imputado ao réu não se faz legítimo, pois o crime foi cometido em 2017 e a Lei
13.654, que majora a pena do crime de roubo praticado com concurso de pessoas e emprego de arma de
fogo, foi aprovada em 2018. Logo, a aplicação deste diploma legal no caso em tela fere o princípio
constitucional da legalidade, consubstanciando no art. 5º, XXXIX da CF/88 – “Não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” Deveras, no caso em tela, há, em tese, a causa de
aumento de pena devido ao emprego de arma de fogo municiada e com potencial ofensivo. Porém, tal
majoração não deveria ser de 2/3, conforme fora aplicado. Conforme
5. Não houve a consumação do crime. O que ocorrera foi uma mera tentativa, pois o crime não se consumou
por circunstâncias alheias a vontade dos autores, consubstanciando o que preconiza o art. 14, II do CP. E,
conforme o mencionado artigo, a pena deve ser reduzida de um a dois terços em razão da tentativa.

6. Diante dos fatos acima expostos, o regime inicial de pena também deve ser abrandado para o regime
aberto, ou, pelo menos, semi-aberto, conforme preconizado pelo art. 33 do Código Penal, pois a pena base
deveria ser a mínima a ser aplicada no tipo penal em análise, já que o réu é primário.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, para reformar a sentença
proferida;

Termos em que,

Pede deferimento. FLORIANÓPOLIS, 09 DE DEZEMBRO DE 2019. ADVOGADO XXX

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