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7 Processo de Ensinar e Aprender

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PSS 2019

PREFEITURA MUNICIPAL DE UMUARAMA-PR

Processo de ensinar e aprender


O Processo de Ensinar e Aprender

Antes de iniciar importa conceituar o que o professor, aproveitando as


palavras de BRAULT (1996:77):

"É alguém que: a) sabe organizar um plano de ação pedagógica; b) que sabe
preparar e organizar, concretizar e operacionalizar situações de aprendizagem; c)
sabe regular o desenvolvimento da situação de aprendizagem e é capaz também de
avaliar esse desenvolvimento; d) sabe gerenciar fenômenos operacionais; e) sabe
fornecer uma ajuda metodológica; f) sabe favorecer a construção de projetos
profissionais positivos pelos alunos, projetos de vida no início da escolaridade,
o
projetos profissionais até o fim do 2 . grau; e finalmente, g) sabe trabalhar com
parceiros" (grifo meu).
Dessa forma, estarei refletindo sobre ensinar e aprender em termos
gerais e particularizando esse processo em cursos de pós graduação,
tendo em mente um professor com essas características.

O professor, profissional que deve estar em constante formação,


desenvolve um trabalho que envolve duas ações que não podem ser
pensadas separadamente: exatamente como em uma moeda, uma
face está intrinsicamente ligada à outra e perde o valor se tomada
isoladamente.

1.2.1 Ensinar: a face da responsabilidade pelo outro na educação

Ensinar é um processo que envolve indivíduos num diálogo constante,


propiciando recursos temporais, materiais e informacionais para que
se desenvolva a auto-aprendizagem e a aprendizagem com os outros
ou a partir de outros (STOKROCKI, 1991). Não é apenas transmitir
conhecimentos obedecendo a determinadas metodologias, cumprir os
currículos de disciplinas estanques ou inter-relacionadas e "cobrir"
determinados assuntos. Ensinar é fazer com que os alunos se
comprometam num questionamento dialético de princípios
fundamentais, desenvolvam estratégias de discussão de verdades
estabelecidas É fazer com que analisem argumentos pró e contra e
buscando a validação ou a contestação de hipóteses e crenças, com
que estabeleçam novas hipóteses e novas crenças fundamentadas
por pesquisa e reflexões sérias (CARR, 1997:325). Esse
comprometimento não pode se dar apenas no âmbito individual, mas
também coletivo.

Ensinar é instigar e orientar os alunos para que se apropriem de


conhecimentos específicos de cada fase escolar para a "interiorização do
saber sistematizado, historicamente acumulado"( LOPES, 1996:111).
Ensinar é criar condições para que os alunos desenvolvam as
condições básicas de domínio das diversas linguagens,
fundamentalmente a da escrita, de modo a poder sistematizar o
conhecimento e expressar tanto suas dúvidas e incertezas quanto
suas descobertas e criações. É, também, ajudá-los a desenvolver a
reflexão, a saber fazer as perguntas certas e ir atrás das respostas
adequadas

Em uma perspectiva sócio-inteacionista, é instrumentalizar os alunos


para perceberem que já possuem um conhecimento que trazem de
suas casas, para integrarem esse conhecimento com outro
sistematizado na escola através de atos comunicativos com seus
colegas e seus professores e para criarem novos conhecimentos
individual ou coletivamente.

Ensinar, além de se caracterizar como uma atividade colaborativa


entre professores e alunos, deve promover essa colaboração entre os
próprios alunos, estimular o trabalho em equipe e proporcionar um
espaço para que uns ensinem aos outros aquilo que dominam melhor.
A investigação colaborativa propicia que os alunos se ajudem
mutuamente na coleta e na análise de dados, e, na hora da
interpretação, as vivências e as perspectivas individuais, podem
produzir conclusões mais ricas.

Educadores, comunicadores, estudiosos mais atentos percebem que


não se pode ter todo o conhecimento em sua área específica, e ainda
mais, que esse conhecimento não é compartimentado, fragmentado
em disciplinas estanques como a escola, em geral, continua a encarar.

É muito comum, no desenvolvimento da pesquisa durante os cursos


de pós-graduação, depararrmo-nos com fontes e informações que
podem interessar a nossos pares. À medida que encaminho essas
descobertas a meus pares estou abrindo um caminho de volta de
informações para a minha pesquisa. Para Dewey (apud Nassif:45),
toda comunicação é educativa e o

"ser receptor de uma comunicação é ter uma experiência ampliada e alterada. Se se


participa no que o outro pensou e sentiu, seja de modo restrito ou amplo, modifica-se a
própria atitude. Da mesma forma, não deixa de ser afetado aquele que comunica".
Concordo com KENSKI (1996:135) que "para ser eficaz como ato comunicativo é
preciso que ocorra na atividade didática uma relação interativa, uma união entre as partes, no
nosso caso, professores e alunos", decorrendo daí a necessidade de
discussão, reflexão, aprofundamento sobre um conteúdo significativo.

Assim, a comunicação educativa se faz cada vez mais necessária


para que o trabalho colaborativo se instale. A colaboração permite um
sem número de conexões no âmbito escolar constituindo uma
experiência que pode ser transferida para outros ambientes em que o
indivíduo vive. Para o trabalho colaborativo acontecer e essas
conexões se tornarem significativas, há que se ter uma vivência da
ação colaborativa, de participação ativa e de construção conjunta nos
cursos de formação inicial e continuada de professores nas
graduações específicas que os formam, como Pedagogia e as
Licenciaturas e Institutos Superiores de Educação, no Ensino Médio,
na modalidade Escola Normal (Magistério), nos projetos de Formação
Continuada de Professores em serviço e nos cursos de Pós-
Graduação. Ainda neste capítulo, há uma reflexão mais aprofundada
do que vem a ser a colaboração, suas características fundamentais e
sua importância na formação de ensinantes e aprendizes porque creio
que essa formação precisa se desenvolver através de um trabalho
individual e em grupo de reelaboração inovadora e de criação,
incorporando o objeto de estudo nas mais diversas dimensões
pessoais, como afirma MORAN em um dos textos encontrados em
sua página na WWW ( rt ).

1.2.2 Aprender: a face da responsabilidade pessoal na educação

Aprender é construir "seus conhecimentos e sua afetividade na interação" com


outros sujeitos e "por meio de influências recíprocas que vão estabelecendo cada sujeito
constrói o seu conhecimento de mundo e o conhecimento de si mesmo como sujeito histórico "
(LOPES, 1996:111).

Aprender significa ser capaz de reelaborar e reconstruir conhecimento


através da formulação de questionamentos, de análise e síntese das
descobertas. O indivíduo aprende é ao ser capaz de dialogar com o
seu interlocutor, seja ele o professor, o livro, o jornal, o programa de
TV, o vídeo ou a página da WWW. Dependendo do grau de
escolaridade, aprender envolve saber questionar as verdades
apresentadas, refletir, investigar suas dúvidas e elaborar nova síntese
que lhe satisfaça a inquietação inicial.

Aprender significa ser capaz de pesquisar com olhos inquisidores,


orientados por inquietações que tragam contribuições ao crescimento
individual e coletivo. É um processo multifacetado e estimulante se
interconectar diversas áreas do conhecimento mediadas pelas mídias
impressa, audiovisual e digital em uma rede de relações interpessoais.

POSTMAN (1996:45) chama a atenção para o fato de só poder existir


uma comunidade democrática e civilizada, se as pessoas que aí
vivem, fazem-no de forma disciplinada como participantes de um
grupo e que, portanto, precisam aprender a viver em grupo, onde as
necessidades individuais estão subordinadas aos interesses do grupo.
Aprender a conviver de forma colaborativa propicia o crescimento do
grupo como um todo e, por conseguinte, o crescimento de cada um
em particular.

Aprender implica na capacidade de construir significados,


reconstruindo o passado e projetando o futuro. Se nós, professores,
não temos muito claro, para nós mesmos, o que é o ensinar e o
aprender e se não nos lançamos como navegadores nessa viagem
estimulante, de volta ao nosso passado e nos projetamos para o
futuro, como poderemos levar nossos alunos a empreender a viagem
em busca do conhecimento, uma aventura que exige esforço,
dedicação e que pode apresentar riscos e frustrações? Não são eles,
jovens e adultos, seduzidos hoje pela mídia com "videogames" e
viagens sedutoras embora alienantes?

Nós, professores, precisamos estar em constante aperfeiçoamento de


nossa capacidade de reconstruir nosso conhecimento, de análise do
nosso cotidiano, de questionamento da nossa prática individual e
coletiva. Devemos estar alerta às constantes transformações que
ocorrem no mundo para além das paredes da escola. Esse
aperfeiçoamento e questionamento precisam ocorrer tanto no
isolamento individual, quanto em equipes colaborativas que desenhem
e realizem projetos conjuntos baseados na prática escolar. Não
podemos ignorar a tecnologia que já está inserida no dia a dia do
homem nesta sociedade tecnológica. Não podemos ignorar que temos
uma história individual entrelaçada a uma história social.

Professores e alunos, precisamos praticar entre nós e com os outros o


ato comunicativo, reconhecendo que esse ato é um ato de
aprendizagem.

"... É preciso reconhecer que quero me comunicar, que quero trocar informações com
alguém e que, nesta troca, vou me transformar, vou aprender " (KENSKI,
1996:135).
O desenvolvimento em equipe implica em saber trabalhar de forma
interdisciplinar, de modo que a interdisciplinaridade fique colada como
marca d’água na nossa didática e na nossa prática escolar.

A aprendizagem pode se dar através da linguagem, mas será mais


completa e mais significativa se também ocorrer através da
experiência, ainda que simulada. Aprender através da linguagem, via
leitura dos mais diversos meios (texto impresso, vídeo, filmes,
programas de rádio e de TV, programas de computador tutoriais ) ou
via aulas ministradas por professores permite-nos uma leitura das
idéias, dos pensamentos, das opiniões e dos conhecimentos de outras
pessoas e de outras épocas assim como um confronto com as
mesmas. Aprender através da linguagem implica em que se tenhamos
um bom conhecimento da linguagem ou corremos o risco de não
compreendermos o que "lemos" ou não sabermos "escrever" sobre o que
"lemos" . A linguagem requer uma outra pessoa, a que observou,
analisou, classificou, escreveu para podermos ler.

A aprendizagem por experiência nos coloca em contato direto com a


realidade. Na escola, aprender por experiência ocorre nos laboratórios
e, geralmente, tem a tecnologia como mediadora. Quanto maior a
possibilidade de simulação maior a possibilidade o aluno tem de
observar, de construir hipóteses e de testá-las para verificar se essas
hipóteses estavam corretas. Aprender por experiência permite a
manipulação da realidade, agindo e percebendo os resultados da
nossa ação. Dessa forma, "podemos conhecer e compreender a realidade
observando como ela responde às nossas ações" (Parisi, 1998, rt). É bastante raro
podermos desenvolver esse tipo de aprendizagem na escola que
privilegia o aprender pela linguagem escrita. Entretanto, se a escola
tiver uma tecnologia que permita o uso de modelos simuladores que
permitam que aquelas características obscurecidas pela
linguagem escrita apareçam, as capacidades de abstração, de
memória, de manipulação de símbolos e a habilidade lingüística serão
complementadas pelo uso de outras capacidades como a de observar,
reconhecer modelos, manipular, levantar e controlar hipóteses. Os
alunos terão maior motivação para aprender e para estudar, pois com
a experimentação e a simulação seguidas da reflexão estarão
aprendendo mais do que apenas através da abstração. Em algumas
situações estarão se divertindo, em outras estarão vivendo papéis
diversos dos que vivem no seu cotidiano e, ainda, haverá situações
em que serão desafiados a resolver problemas complexos.

Incorporar de forma inteligente a tecnologia significa adotar uma


postura positiva e interdisciplinar em relação à tecnologia e trabalhar
com elas como elementos emancipatórios na nossa prática
pedagógica. Podemos aprender com essas tecnologias que a
aprendizagem se dá no envolvimento integral do indivíduo, isto é,

"o emocional e o racional; a análise lógica e o lado do imaginário e do intuitivo; a imagem e o


som; a açào, a presença, a conversa, a interação, o desafio, a exploração de possibilidades, o
assumir de responsabilidades, o criar e o refletir juntos sobra a criação"
(KENSKI,1996:146).

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