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Contrato Saude Trabalho

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INFORMAÇÃO

TÉCNICA PNSOC  2013/2017
Programa Nacional de Saúde Ocupacional 2º
Ciclo - 2013/2017

NÚMERO: 007/2014
DATA: 27/06/2014
ASSUNTO: Requisitos do contrato de saúde do trabalho: Especificações
PALAVRAS-CHAVE: Serviços de saúde do trabalho; contrato; principais atividades; deveres do
empregador; deveres da entidade prestadora
PARA: Empresas/estabelecimentos de todas as atividades económicas; empresas
prestadoras de serviços externos de Saúde do Trabalho
CONTACTOS: Coordenação do Programa Nacional de Saúde Ocupacional (saudetrabalho@dgs.pt)

1. INTRODUÇÃO

As empresas prestadoras de serviços externos de saúde do trabalho (medicina e enfermagem do trabalho),


autorizadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), assumem a responsabilidade de prestarem cuidados de
vigilância da saúde dos trabalhadores, prevenção de riscos profissionais e promoção da saúde no local de
trabalho, em regime de contrato com as empresas suas clientes.

Para cumprimento dos objetivos acima referidos, de acordo com as boas práticas nesta matéria e as
recomendações da DGS, deve existir um contrato escrito entre o empregador e a entidade prestadora dos
serviços externos que inclua as especificações que salvaguardem a saúde dos trabalhadores e o cumprimento
da Lei (n.º 4 do Artigo 83º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, com as alterações conferidas pela da Lei
n.º 3/2014, de 28 janeiro).

A Coordenação do Programa Nacional de Saúde Ocupacional (PNSOC) decidiu elaborar a presente Informação
Técnica, tendo em conta a existência de contratos incompletos e/ou omissos no que respeita à quantidade e
qualidade dos serviços de saúde do trabalho a prestar e a avaliação dos resultados. Muitas vezes, a vigilância
da saúde dos trabalhadores resume-se à execução de um exame médico generalista, com ou sem exames
complementares ou analíticos e, raramente, contextualizado nas condições reais de trabalho 1 .

Para além das especificações administrativas, próprias dos contratos, estes devem integrar no seu conteúdo,
de acordo com a liberdade contratual, os requisitos técnicos, legais e de boa prática que a título
exemplificativo e de recomendação a seguir se mencionam.

A melhoria contínua dos cuidados de saúde do trabalho que se pretende alcançar aponta para uma
introdução faseada da presente Informação Técnica, começando pelas médias e grandes empresas e,
particularmente, nos novos contratos e na renovação dos contratos já existentes.

1
Pergunta frequente: 22/12 – São incorretos os contratos de saúde do trabalho que se limitam aos exames médicos de aptidão.

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2. REQUISITOS TÉCNICOS E LEGAIS DO CONTRATO DE SAÚDE DO TRABALHO

2.1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES


A empresa prestadora de saúde do trabalho, autorizada, deve ser identificada exclusivamente pela designação
correspondente ao nome, número de autorização da DGS e NIF, não sendo permitidos nomes de marca ou de
eventuais grupos titulares de empresas.
A empresa beneficiária deve ser identificada pelo nome comercial e NIF, indicando o(s) estabelecimento(s),
objeto do contrato, bem como o número de trabalhadores ao seu serviço.

2.2. RECURSOS HUMANOS


No contrato deve estar explícito o nome do médico do trabalho responsável pela prestação de serviços à
empresa beneficiária e respetiva carga horária. Caso se aplique, idêntico procedimento deve ser feito para os
profissionais de saúde da equipa de saúde do trabalho, (médicos, enfermeiros do trabalho e outros técnicos
de saúde).
No contrato deverá ser feita referência à independência técnica e ética no exercício dos profissionais de
saúde.

Nota: O cálculo da garantia mínima da atividade regular do médico do trabalho aponta para 1 hora/mês por cada grupo
de 10 ou 20 trabalhadores ou fração, conforme se trate de empresas do setor industrial ou comercial e serviços. Deve
estar presente que a cada fração do grupo de 10 ou de 20 trabalhadores corresponde a mais 1 hora/mês.
O médico do trabalho deve ter uma percentagem do tempo atribuído (não inferior a ¼ do tempo) para conhecer as
componentes materiais do trabalho com influência na saúde do trabalhador (avaliação do risco profissional)
desenvolvendo a atividade no próprio estabelecimento.
O tempo de trabalho do enfermeiro não deve ser inferior ao tempo atribuído ao médico do trabalho.

2.3. LOCAIS DE PRESTAÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHO


Deve constar do contrato o local onde vai ser prestada a atividade dos profissionais de saúde (médicos,
enfermeiros e outros) e respetivo período de funcionamento. Os locais onde podem ser prestados os serviços
de saúde são:
• Instalações fixas ou móveis da empresa prestadora desde que autorizadas pela DGS 2 ;
• Instalações da empresa contratante desde que adequadas2.

Nos grandes empresas/estabelecimentos, de 250 a 400 trabalhadores, e nos estabelecimentos/empresas com


mais de 400 trabalhadores com dispensa de serviço interno, a vigilância da saúde dos trabalhadores deve ser
efetuada em instalações próprias (≥ 2 gabinetes).

2
Devem respeitar as indicações técnicas em vigor (Circular Normativa n.º 6/DSPPS/DGS de 31 de Março de 2010) e Perguntas
frequentes: 18/12 e 23/12 sobre espaços autorizados pela saúde.

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Nas médias empresas/estabelecimentos, de 50 a 249 trabalhadores, é recomendável que tenham instalações


próprias para a ação dos profissionais de saúde (pelo menos 1 gabinete polivalente).

Nas médias e grandes empresas que tenham micro ou pequenos estabelecimentos podem recorrer à
prestação de cuidados de saúde do trabalho nas instalações fixas e/ou nas unidades móveis autorizadas das
empresas prestadoras.

Para cada local de prestação de cuidados deve existir um ficheiro com os processos clínicos onde conste a
avaliação de saúde do trabalhador em função dos riscos profissionais, com as respetivas fichas de aptidão,
salvaguardando o sigilo, a confidencialidade e a proteção de dados pessoais.
Os ficheiros clínicos poderão estar em suporte informático desde que respeitem as exigências da Comissão
Nacional de Proteção de Dados.

2.4. ATIVIDADES A DESENVOLVER CONSTANTES DO CONTRATO


Todos os contratos de prestação de serviços de saúde do trabalho devem respeitar os objetivos e as
atividades constantes dos Artigos 73.º-A e 73.º-B da Lei 102/09, de 10 de setembro, alterada pela Lei n.º
3/2014, de 28 de janeiro.
No contrato devem estar referenciadas, explicitamente, as matérias e atividades a desenvolver pela empresa
prestadora, nomeadamente:
1. Identificação, avaliação e controlo dos riscos profissionais, devendo estar associado a este processo
de gestão um plano detalhado de prevenção e proteção da saúde dos trabalhadores.
2. Vigilância da saúde dos trabalhadores, incluindo a realização de exames de saúde de admissão,
periódicos e ocasionais, dos exames complementares de diagnóstico, da vacinação dos trabalhadores
e de consultas de especialidade (sempre que necessários), assim como o registo dos aspetos clínicos
relativos ao trabalhador (processo clínico nominativo) e da sua aptidão para o trabalho (ficha de
aptidão individual).
3. Organização dos ficheiros clínicos e relativos às fichas de aptidão dos trabalhadores da
empresa/estabelecimento.
4. Promoção da saúde no local de trabalho, mediante a realização de atividades que favoreçam as
práticas de trabalho saudáveis e seguras e estilos de vida saudáveis.
5. Supervisão das condições de higiene e segurança do trabalho quanto às instalações, equipamentos e
utensílios de trabalho, aos aspetos de sinalização de segurança, entre outros.
6. Elaboração de programa de formação e informação em matéria de saúde e segurança do trabalho,
assim como prever atividades de consulta aos representantes dos trabalhadores para a saúde e
segurança do trabalho;

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7. Elaboração e companhamento do plano de emergência interno, incluindo as seguintes vertentes:


primeiros socorros, combate a incêndios e situações de emergência e evacuação.
8. Recolha, organização e comunicação dos elementos necessários às notificações e participações
obrigatórias.
9. Recolha, organização, análise e comunicação dos elementos estatísticos relativos à saúde e
segurança do trabalho, incluindo: demografia e estado da saúde da população trabalhadora,
organização de trabalho, acidentes de trabalho e doenças profissionais, avaliação dos riscos
profissionais e prestação de cuidados de saúde aos trabalhadores.
10. Indicação de medidas, propostas e recomendações corretivas relativas a situações críticas para a
saúde dos trabalhadores.
11. Indicação, quando aplicável, da vigilância específica de grupo de trabalhadores mais vulneráveis
(ex.: grávidas, puérperas e lactentes, menores, com limitações de capacidade trabalho por doença
crónica ou deficiência e outros).

2.5. DEVERES DA ENTIDADE CONTRATANTE/EMPREGADOR


O empregador é o primeiro responsável pela contratação dos cuidados de saúde do trabalho exigidos pela lei
e pelas recomendações da DGS, cabendo às empresas prestadoras a oferta e garantia dos serviços a prestar.
O empregador deve ainda:
• Garantir o sigilo, a confidencialidade e a proteção de dados pessoais dos trabalhadores.
• Fornecer atempadamente à empresa prestadora a lista dos locais de trabalho e número de
trabalhadores, bem como o movimento de entrada e saída.
• Comunicar à empresa prestadora de ST as alterações das condições de trabalho e de produção com
eventuais repercussões na saúde.
• Facilitar o livre acesso aos locais de trabalho e ao conhecimento dos fatores de risco profissional.
• Designar nominalmente o trabalhador, com formação adequada, para acompanhar e coadjuvar a
execução das atividades de vigilância e prevenção em interligação com a empresa prestadora.

2.6. DEVERES DA ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇOS EXTERNOS


A empresa prestadora de serviço externo deve designar para cada empresa contratante um médico
responsável por coordenar a assistência e garantir a continuidade e qualidade dos cuidados prestados sem
prejuízo da sua substituição por outro médico do trabalho sempre que necessário.
Cabe ainda às empresas prestadoras:
• Elaborar e submeter à empresa contratante o plano e o relatório anual da avaliação das atividades de
saúde do trabalho.
• Fornecer os dados estatísticos à empresa contratante para preencher o anexo D do Relatório Único.

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• Elaborar o manual de procedimentos de saúde do trabalho tendo em conta a realidade da empresa.


• Manter atualizados os registos de avaliação de riscos profissionais, dos acidentes de trabalho e
respetivos relatórios e as situações de baixas por doença profissional e acidente de trabalho, bem
como as medidas propostas e as recomendações formuladas.

3. ESPECÍFICAÇÕES FINAIS

O contrato deve conter referência, explícita, à forma de contratação por serviço de saúde do trabalho ou
serviço integrado de saúde e segurança do trabalho. Sempre que necessário deve ser feita referência especial
à complexidade da empresa ou multiplicidade de situações de risco profissional e elevado número de
trabalhadores expostos.

No caso de contrato integrado de serviços de saúde e segurança do trabalho deve incluir, ainda, os requisitos
próprios da segurança do trabalho e os requisitos da sua interarticulação, que são objeto da ação da
Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) com a cooperação da DGS.

As entidades empregadoras são responsáveis pelo pagamento da coima referente à contraordenação grave
por violação do disposto na legislação, referente ao funcionamento do serviço de saúde do trabalho, Artigos
73.º, 73.º-A e 73.º-B da Lei 102/09, de 10 de setembro, alterada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro.

BIBLIOGRAFIA

1. Diário da República. Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, N.º 176 - I Série.


2. Diário da República. Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, N.º 19 - I Série.
3. Microsite da Saúde Ocupacional. Perguntas Frequentes 18/12, 22/12 e 23/12 . www.dgs.pt.
http://www.dgs.pt/saude-ocupacional.aspx
4. Coordenação do Programa Nacional de Saúde Ocupacional. Circular Normativa 06/DSPPS/DCVAE. - Condições
mínimas das instalações equipamentos e utensílios dos serviços de saúde ocupacional : Direção-Geral da Saúde,
31/03/2010 .

Coordenador do Programa de Saúde Ocupacional

Carlos Silva Santos (Prof. Doutor)

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