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Alberto Janeiro Vernijo No 10

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Alberto Janeiro Vernijo No 10

Trabalho de IPP

Turma: B3/5

Tema: História Da Educação Em Moçambique

Docente: Sónia

Escola Secundária De Nampula

Nampula aos,

27/09/2022

1
Índice
Introdução..........................................................................................................................3

História Da Educação Em Moçambique...........................................................................4

Educação Tradicional........................................................................................................5

Educação Colonial Em Moçambique................................................................................6

Educação Nas Zonas Libertadas........................................................................................9

Educação Pós-Independência..........................................................................................13

Conclusão........................................................................................................................16

Bibliografia......................................................................................................................17

2
Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Fundamentos da Pedagogia que tem


como o seguinte tema Historia da Educação em Moçambique. A educação passou por
várias transformações, de acordo com os períodos em ela atravessou, visto que com a
chegada dos portugueses deixou de ser o que era, isto é tomou uma nova visão, neste
período Moçambique consegui libertar outras zonas, onde conseguiu também impor um
outro modelo de educação e em fim depois a educação conheceu já uma grande
evolução, pois muitos moçambicanos que não tinham acendido a educação passaram a
ter e o número de analfabetos se reduziu.

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

A educação em Moçambique não teve sempre as mesmas características, conforme


constatou na reflexão que acabou de fazer. Deste modo, considerando a Independência
Nacional (1975) como marco referencial, a caracterização da educação em Moçambique
pode ser dividida em dois grandes períodos: o período antes da Independência e o
período pós-Independência.

 A Educação antes da Independência

A história da educação em Moçambique antes da Independência pode ser dividida em


duas etapas relevantes: a educação no período colonial e a educação no governo de
transição.

 A Educação no período colonial (1845 – 1974)

A educação neste período foi caracterizada pela dominação, alienação e cristianização.


Foi o período em que surgiu a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período
da Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de Agosto do mesmo ano, foi
estabelecido um decreto que diferenciava o ensino nas colónias e na Metrópole e criava
as escolas públicas nas colónias.

 A educação no Governo de Transição (1974-1975)

Este período é consequência dos acontecimentos destacados nos anos anteriores. Por
exemplo, a fundação da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), em 1962,
permitiu o desencadeamento da luta armada para a libertação nacional, na sequência da
qual, com os Acordos de Luzaka em 1974, condicionou o surgimento do Governo de
Transição. Assim, uma das razões que leva à consideração deste período prende-se com
o facto de que grande parte das transformações no campo educacional aplicadas a nível
nacional teve como origem as experiências levadas a cabo pela FRELIMO e resultam da
visão deste movimento sobre o modelo de sociedade pretendido e os princípios
defendidos durante a Luta Armada.

A FRELIMO implementou um tipo de escola ligada ao povo, às suas causas e


interesses. A educação realizada nestas escolas era essencialmente política e ideológica,
uma vez que estava condicionada pelos factores que têm a ver com a natureza
revolucionária da luta conduzida pela FRELIMO.

4
 A educação pós - Independência

Ao longo deste período, o sistema educativo sofreu várias reformas que tinham em vista
adequar a formação dos moçambicanos aos contextos sócio-políticos, económicos e
culturais, marcado pelo alcance da Independência, em 1975. Neste período, destacam-se
como principais marcos: o surgimento da lei 4/83; da lei 6/92; e da Lei 18/2028.

EDUCAÇÃO TRADICIONAL

A educação tradicional é uma educação sem sistematização científica, ensinada através


de ritos ou cerimónias de iniciação. Esta educação está a cargo dos anciões (e anciãs)
para a sua organização e ministração e através dela os jovens são ensinados a organizar
as suas vidas na aldeia ou na sociedade, sendo que meninos e meninas recebem esta
educação separadamente, respeitada a diferença de género

De acordo com Subuhana (2001) a educação tradicional tem como objectivo fazer os
jovens se tornarem membros da sociedade com status activo, reconhecidos como
adultos e responsáveis. Para as meninas, esta educação tem como objectivo ensinar-lhes
a respeitar e obedecer os mais velhos e o marido, por outro lado, para os meninos não é
só necessário ensinar-lhes a respeitar e obedecer, mas também a ser responsáveis como
homens e aprender como ser pai ou chefe de família e aplicar a lei à esposa.

Vale ressaltar que, no momento actual, esta educação é de grande importância na vida
de algumas pessoas, principalmente as que vivem nas zonas rurais e que não têm a
oportunidade de ter outra educação, mas também esta educação tem grande valor nas
zonas urbanas e na vida das pessoas alfabetizadas. Segundo esta maneira de educar os
jovens, o poder colonial preparou um tipo de ensino de maneira alternativa, além ou
equivalente à educação tradicional de 1780, com a intenção de criar o sistema de ensino
moderno da Europa, porém dentro de seus objectivos de formar a mão de obra através
da alfabetização, para satisfazer o desenvolvimento do colonizador e de igual modo
assegurar o direito de dominação nos territórios coloniais.

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EDUCAÇÃO COLONIAL EM MOÇAMBIQUE

Herança colonial da educação em Moçambique

Na era colonial, a maioria dos africanos que viviam nas colónias não tinha a
possibilidade de ingressar no sistema da educação básica e secundária, não lhes era
permitido se matricular nas escolas que os brancos e assimilados frequentavam. Existia
uma enorme diferença entre escolas de nativos e escolas de brancos e assimilados, na
escola dos nativos, se ministrava a chamada educação indígena e estas escolas eram
orientadas pelos missionários, de preferência católicos. O Estado ou os institutos
privados administravam as escolas dos brancos e assimilados.

Mazula (1995) afirma que nas zonas onde se encontravam numerosas populações da
colónia, principalmente nas zonas rurais, as missões religiosas eram encarregadas do
ensino e para que funcionassem essas escolas, o Estado português repassava recursos
para as missões e assim sendo, o sistema de ensino das missões era oficial. Segundo o
ato colonial de 1930, as crianças africanas seriam educadas inicialmente em um
‘sistema de educação rudimentar’, que era uma educação simples. Em 1962 esta
educação passou a ser chamada de ‘ensino de adaptação’, com uma duração de três
anos, após os quais, automaticamente, as crianças com menos de treze anos de idade
eram aceitas para ingressarem no ‘sistema formal da educação primária’ por três anos,
nos quais estes alunos se preparavam para poder ingressar no ensino secundário,
denominado liceu.

De acordo com Subuhana (2005), em 1954, apenas três mil (3.000) de cento e oitenta
mil (180.000) alunos matriculados no sistema de educação rudimentar fez a prova de
aceitação, mas só dois mil e quinhentos (2.500) destes alunos conseguiram aprovação.

O sistema de educação para os filhos dos colonizadores europeus e assimilados era


estruturado da seguinte maneira: as crianças europeias e assimiladas começavam a
estudar de uma forma directa através do ensino primário com a duração de quatro anos e
possibilitava-lhes entrar no ensino secundário, liceu. Desta forma, pode-se afirmar que a
educação em Moçambique na era da colonização estava estruturada em três momentos:
educação rudimentar destinada principalmente aos africanos, que abrangia o ensino
primário e secundário, em seguida o ensino técnico, que era ministrado nas escolas de

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artes e ofícios e por último as escolas comerciais e industriais que estabeleciam o fim da
educação formal.

A maneira como era composto ou como funcionava este sistema de educação, impedia
várias pessoas que viviam na colónia, diríamos, a maioria, de entrar na escola, o que
originou a elevada taxa de analfabetismo em língua portuguesa.

Na década de 1970, pouco anos faltando para a independência, 90% da população da


colónia era analfabeta. O sistema colonial usava uma política no sistema de ensino que
era de diferenciar as pessoas que viviam na metrópole das que viviam na colónia.

As pessoas que viviam na colónia tinham certos limites para ingressar na educação e
ainda por cima, era um esforço para ingressar em escolas que lhes inculcavam a noção
da importância da metrópole, desta forma, os raros alunos africanos que conseguiam
acesso a esta educação, eram tirados do que se chamava de ‘estado selvagem’ para uma
‘civilização’, segundo o ideário destas escolas metropolitanas, imbuídas da grande
arrogância da cultura portuguesa com a estimação cristã e do trabalho, enquanto que as
escolas que os africanos frequentavam, eram constituídas em função do aproveitamento
económico e da religião da metrópole.

Até a década de 1960, Portugal não tinha priorização em expandir o sistema de


educação na colónia. De acordo com Eduardo Mondlane (apud SUBUHANA, 2005), no
ano de 1963 existia trezentos e onze escolas (311) primárias em Moçambique e estas
escolas tinham vinte e cinco mil e setecentos e quarenta e dois (25.742) alunos e só 20%
destes alunos que eram africanos, e no ensino secundário, em 1963, os alunos africanos
tinham ainda a menor percentagem, o que significava 6% dos três mil (3.000) alunos
matriculados.

De igual modo, o sistema educacional não chegava em várias regiões de Moçambique e


existia irregularidade na distribuição das escolas, pois muitas escolas eram concentradas
nos distritos de Inhambane e Lourenço Marques, no sul de Moçambique. Quando os
movimentos independentistas reagiram, nos anos de 1960, o governo português foi
levado a investir e disponibilizar os recursos para a educação.

De acordo com Subuhana (2005), na década de 1962, foram lançadas as bases para a
fundação da primeira Universidade da Província de Moçambique, essa instituição que
em 1968 ascendeu ao estatuto de Universidade de Lourenço Marques e de 1976 até à

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actualidade passou a ser chamada de Universidade Eduardo Mondlane. Os esforços
dos movimentos independentistas levaram à possibilidade para as pessoas,
principalmente para os africanos, de ter acesso à escola, pois estas pessoas tinham muita
dificuldade para ingressar na escola devido às seguintes razões: as escolas custavam
muito e até as escolas da educação rudimentar eram cobradas, os alunos pagavam os
estudos prestando alguns serviços na escola. As práticas que o sistema colonial impôs
aos africanos levou a educação tradicional, que as famílias e comunidades praticavam, a
não se tornar uma regra, de igual modo aconteceu com a educação colonial, que levou a
educação tradicional a sofrer um abalo, em virtude dos novos valores que foram trazidos
através da luta de libertação, mas em última instância, estes valores foram também os
valores culturais do povo de Moçambique.

 Educação: a situação da educação moçambicana na época colonial.

Como salientou Eduardo Mondlane, os europeus e os americanos sempre tiveram o


hábito de conceber todo pensamento humano como proveniente do espírito colonial. Em
particular a África à qual nunca foi atribuída qualquer contribuição para o
desenvolvimento humano, sempre foi olhada como fechada e completamente atrasada,
tendo sido trazida para a corrente do desenvolvimento em virtude da invasão europeia.
(MONDLANE, 1995, apud SUBUHANA, 2005).

Nas terras que os portugueses colonizaram, a educação para os nativos africanos tinha
dois objectivos: educar uma população que actuaria como mediadora entre Portugal e a
colónia e colocar no africano educado por eles a atitude de submissão à colonização. As
escolas para os africanos eram um meio de alargamento da língua portuguesa e de sua
cultura, a ideologia dos colonizadores portugueses era a disponibilidade de um
mecanismo para educar os africanos para que falassem uma só língua, que é a língua
portuguesa e aceitassem o cristianismo com todo o amor e igualmente para fazê-los agir
de maneira nacionalista, como os portugueses que viviam na metrópole.

Para poder atingir os seus objectivos, o governo de Portugal fez um decreto que
salientava que toda a população deveria falar só a língua portuguesa e essa língua
deveria ser ensinada nas escolas africanas, as línguas africanas seriam usadas como
meios facilitadores para o ensino da língua portuguesa. Com o decorrer do tempo, os
colonialistas portugueses conseguiram atingir os seus objectivos e alguns africanos
começaram a desrespeitar suas próprias línguas, culturas e tradições. Por outro lado,

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estas pessoas não sabiam ler e escrever a língua portuguesa de uma boa forma, porque
não foram ensinadas para ter essa habilidade.

Chegando à conclusão de que para atingir a unidade política, deve-se passar pela
unidade moral, a religião passou a ter uma enorme importância na educação dos
africanos.

Entre as religiões existentes na altura, a constituição de Portugal mencionava o


catolicismo como a religião preferida, a transmissão da religião católica na África foi
encorajada por Salazar e onde as missões católicas foram estabelecidas, predominou
privilegiadamente entre as outras religiões, como plataforma para estabelecer o
catolicismo como religião nacional e meio específico para a ‘civilização’.

EDUCAÇÃO NAS ZONAS LIBERTADAS

O contexto da educação nas zonas libertadas em Moçambique

A partir do ano de 1962, o movimento nacionalista que liderou a luta pela


independência de Moçambique, a FRELIMO, Frente da Libertação de Moçambique,
assumiu a responsabilidade de introduzir um conceito inovador na educação
moçambicana. O sistema de educação que a FRELIMO desejou era tão diferente da
educação tradicional quanto adversário da educação colonial.

Para findar a violência, a submissão e a marginalização, a FRELIMO buscou sempre


inserir um ensino moderno e científico em Moçambique, que favorecesse a libertação
do povo moçambicano. Para que todas as populações pudessem participar na construção
de uma sociedade justa, a FRELIMO elaborou este sistema de educação na Tanzânia e
foi aplicado para educar as crianças e jovens combatentes moçambicanos que se tinham
refugiado no território vizinho, onde aderiram à luta pela libertação. No decorrer da luta
de libertação, as amplas áreas do norte do país, mais precisamente a actual província de
Cabo Delgado, as chamas zonas libertadas foram conquistadas pela Frente ficando estas
zonas sob sua administração.

No ano de 1972 actuavam 160 escolas primárias nas zonas libertadas onde soldados e
estudantes ensinavam quase vinte mil (20.000) crianças, durante os dez anos em que
ocorreu a luta de libertação de 1964 a1974, foram testados os novos aspectos para a
educação nas zonas libertadas, vinculando a teoria à prática, aprendizagem à produção,

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assim como também à luta contra o sistema colonial. Este processo de educação tinha
como objectivo formar o ‘homem novo’ que iria ser introduzido na sua cultura real com
a capacidade de modificar a sociedade para o bem de todos.

Desde o início, a FRELIMO percebeu que para que houvesse sucesso na luta de
libertação e para que as vidas das populações das zonas libertadas fossem
transformadas, era muito preciso priorizar a formação dos quadros, por isso, Samora
Moisés Machel que passou a assumir a presidência da FRELIMO sempre enfatizou
várias das vezes que era importante “ fazer da escola uma base para o povo tomar o
poder”.

 As escolas primárias nas zonas libertadas

Quando a FRELIMO libertava uma zona em Moçambique, a sua primeira acção era de
abrir novas escolas primárias e organizar a alfabetização e a educação dos adultos.
Desde a fundação da FRELIMO em 1962, o movimente lutou de acordo com seus
programas que visavam acabar com a educação e a cultura dos colonizadores, para
poder desenvolver a educação e a cultura em prol da libertação do povo de
Moçambique.

Nesta época, as escolas cresciam numericamente nas zonas libertadas, o carácter


estrutural e super estrutural eram duas características que justificavam o surgimento
dessas escolas e esta acção era para fazer com que as pessoas pudessem ter uma nova
maneira de pensar, de sentir e de agir que possibilitasse a organização da produção,
assim como do consumo e melhorasse as condições de existência do povo
moçambicano.

As visões e costumes tradicionais dificultavam essa iniciativa da criatividade, mas


foram colocadas em debates. A transmissão do conhecimento científico era ainda
elementar (simples) para ajudar a implementação de novos métodos de trabalho para o
aumento da produção, além de ajudar a satisfazer a alta necessidade da guerra.

Em outro contexto, o aumento e expansão do conflito militar levou o exército popular a


necessitar de ferramentas como a leitura, a escrita o cálculo, essenciais para a utilização
das armas modernas e para habituar-se a uma estratégia especial. Por esse motivo houve
o surgimento de várias escolas debaixo das árvores, devido à falta de condições e à
situação do conflito, na qual não podiam existir escolas com construções fixas, porque

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poderiam ser alvos de ataques colonialistas. Estas escolas eram chamadas ‘centros
pilotos,’ além dos estudos, os alunos passavam também várias horas diariamente na
produção agrícola e no artesanato, construíam abrigos e alfabetizavam adultos, os seus
alimentos provinham da caça e da criação de animais e existia um acordo de ajuda que
ocorria através da troca de produtos e de serviços entre a escola e os habitantes, a
preparação militar era dada aos professores e alunos de acordo com suas idades,
preparando-os para poder enfrentar as situações de guerra.

Existia somente a diferença de um ano de escolaridade entre professores e alunos e


como era necessária a instrução educacional, a FRELIMO aplicou um método que
enfatizava a obrigatoriedade, para quem estudava, de ensinar quem não começara a
estudar ainda.

Até 1968, não existiam os manuais que serviam para que os professores pudessem
orientar as suas aulas, era um trabalho muito difícil e esta situação só foi resolvida com
o surgimento de cursos de formação e de preparação, os que tinham mais experiência
davam a explicação aos outros professores sobre conteúdos, objectivos e métodos de
cada lição do mês seguinte e isso acontecia nas reuniões de distritos e no final das
reuniões aqueles mais influentes explicavam aos outros os assuntos abordados e em
seguida todos eles debatiam os assuntos políticos, militares e sociais de acordo com
ponto de vista de cada. A ‘iniciativa criadora’ era chamada em causa para enfrentar a
dificuldade, os alunos também não tinham cadernos nem livros, um pedaço de madeira
escura substituía o quadro, a mandioca seca ficava no lugar do giz e os mapas
geográficos eram desenhados no chão.

 As escolas secundárias

A FRELIMO recebia apoio dos países amigos, sobretudo Argélia, China e Tanzânia
para formação dos seus quadros no domínio militar e no domínio da educação, isso
ocorria por meio de bolsa de estudos principalmente em muitos países da Europa
ocidental, em países socialistas e também no Instituto Moçambicano, fundado no ano de
1963 em Dar es Salam (Tanzânia).

O referido instituto desejava cobrir e resolver o problema da diferença que se verificava


entre a formação dos jovens de Moçambique e o nível que os liceus da Tanzânia
exigiam e também entre os cursos médios e superiores de outros países.

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A FRELIMO determinava que os estudantes do Instituto fossem passar férias cada ano
durante um mês nas zonas libertadas, onde compartilhavam os distintos momentos do
quotidiano da comunidade camponesa, além de trabalharem na produção, na
alfabetização dos adultos e transportarem alimentos e materiais de guerra.

Esta decisão que a FRELIMO tomara tinha como objectivo fazer com que os estudantes
conhecessem o fato real do seu país, que era produzir e lutar pela libertação do país.
Esta norma permaneceu para os estudantes da escola secundária de Bagamoyo, fundada
para substituir do Instituto Moçambicano um ano e meio depois de seu fechamento em
1968.

A relação de força nem tanto favoreceu a inovação e a democracia nos centros da


educação da FRELIMO, em determinados momentos, alguns comportamentos e valores
criaram uma barreira ao projecto da FRELIMO, entre vários conflitos constatados no
sistema educacional do país, principalmente o conflito que ocorreu nas instituições de
educação de Dar es Salam em 1968, que pode ser considerado um dos mais graves, no
qual 160 estudantes se envolveram. Estes jovens estudantes combatiam a prática da
obrigatoriedade de participação nas actividades da produção, educativas e militares no
período das férias nas zonas libertadas, fizeram manifestações contra as práticas racistas
dos professores brancos.

Estes estudantes julgavam naturalmente que os camponeses eram as pessoas que deviam
produzir e combater enquanto eles somente estudar, estes seus pensamentos eram de
que eles é que assumiriam o rumo do país com a tomada da independência. A
FRELIMO entendia que se estes estudantes ficassem longe do povo de Moçambique
nos seus processos de formação, quando viessem a se tornar dirigentes do país iriam
governar contra o seu próprio país e não a favor do país. Os pensamentos destes jovens
estudantes não favoreciam a ideologia da FRELIMO, estes estudantes exigiam a divisão
dos quadros militares, quadros políticos e quadros militares, os que iriam dirigir e os
que iriam ser dirigidos.

De acordo com essas suas intenções, os analfabetos e os camponeses só deveriam servir


no combate e deveriam ser dirigidos por estudantes. Para pôr fim a este conflito, em
1968, a FRELIMO e a sua direcção decidiram fechar o Instituto.

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Depois de um ano e meio, em Bagamoyo, foi aberta uma nova escola secundária, na
qual existia a ligação entre estudo e produção e também a ligação com a vida do país.

EDUCAÇÃO PÓS-INDEPENDÊNCIA

Neste capítulo o nosso interesse é descrever como se implementou o sistema de ensino


em Moçambique após a independência, pois nos ajuda na compreensão do projecto da
mudança e reformas da educação. Segundo Uaciquete (2010), com a obtenção da
independência do país em 1975, Moçambique se deparou com uma estrutura
patrimonial do sistema colonial, tanto material como humana, assim como, também,
com uma educação que foi implementada nas zonas libertadas.

Na área da educação, o país deparava com a insuficiência das instituições escolares e


com a falta dos professores e técnicos para actuarem nesta referida área. O autor citado
afirma que durante muitos anos, vários moçambicanos não frequentaram a escola por
razões decorrentes do sistema colonial, baseado na descriminação, por este motivo,
depois da independência, houve a expansão das escolas que se deu através das
iniciativas das populações e através das campanhas de alfabetização feitas no país.

Segundo Uaciquete (2010), no sector educacional, por meio do Governo de transição,


muitas acções foram levadas a cabo para discutir o sistema educacional, tais como:

 Seminário de Beira (Dezembro de 1974 a 1975);


 Reunião de Macuba (Abril de 1975);
 Seminário Nacional de Alfabetização (Abril de 1975);
 IIIª Reunião do MEC (Julho de 1979);
 Seminário Nacional da Língua Portuguesa (Outubro de 1979);
 Seminário Nacional de Ensino de Matemática (Maio de 1980).

Estes momentos foram considerados como momentos de esforço por parte da


FRELIMO, nos quais o povo foi mobilizado para a construção das escolas e onde a
FRELIMO retirou todas as matérias de ensino que não estavam ligadas às ideologias da

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Frente e introduziu outras matérias de ensino, destacando-se a história e a geografia de
Moçambique.

Outras mudanças que foram vistas na área da educação foram as mudanças dos
mecanismos de gestão e administração de funcionamento das escolas, alterações dos
currículos escolares e uma participação activa da população na escola. Muito embora,
apesar de todos os esforços feitos para garantir uma boa educação que o país necessitava
tanto, o país se deparava com vários problemas no que refere à cobertura da rede
escolar, falta de materiais didácticos, péssima condição da educação e outros problemas
que afectavam o sector.

Neste contexto, algumas ideias foram consideradas como prioridades de um momento


recente que necessita de uma árdua batalha para conquistá-las. Essas prioridades foram
ilustradas da seguinte maneira: criar uma sociedade nova e um ‘homem novo’ com a
capacidade e mentalidade livre, capaz de ser independente da ajuda estrangeira,
organizar uma nova nação com o sistema do Estado novo equiparado às nações
modernas, desenvolver uma economia com a base na agricultura e indústria. Chegar a
estas metas, levaria Moçambique a se tornar um país moderno com uma sociedade
moderna.

De acordo com o Relatório publicado pela AfriMAP (2012), após a independência em


Junho de 1975, na área da educação, o padrão que a FRELIMO adoptou se baseava no
padrão utilizado nas zonas libertadas. O referido padrão de ensino se coloca nos
seguintes parâmetros:

a) O ensino tem que funcionar com os seus próprios recursos;


b) Todas as pessoas devem aprender e ensinar;
c) Fazer uma conexão entre a teoria e a prática;
d) Lutar contra o tribalismo, racismo e nepotismo;
e) Fazer uma ligação entre a educação, produção e a comunidade;
f) Tornar a escola um meio democrático.

De fato, depois do país conquistar a sua independência, o governo de Moçambique


escolheu a área da educação como um meio possível para o desenvolvimento do país,
muito embora muitas políticas estabelecidas pelo governo da FRELIMO não tivessem
êxito, porque se verificava a falta das infra-estruturas, muitas reformas forma feitas, mas

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nem assim o governo era centralizado e este momento foi marcado pelo conflito
armado, na qual houve a destruição das infra-estruturas escolares, o que originou o
impedimento do desenvolvimento da qualidade educacional de Moçambique.

Num discurso proferido na 2ª Conferência do Departamento de Educação e Cultura


(DEC), em 1973, Samora Machel afirma que a educação deveria preparar os
moçambicanos para assumirem a nova sociedade e as suas exigências.

Ainda segundo Samora Machel (1973), os moçambicanos deveriam adquirir uma


atitude científica, aberta, livre de todos os pesos da superstição e tradições dogmáticas.
Deveria ser criada uma nova atitude na mulher, emancipá-la na sua consciência e
comportamento e ao mesmo tempo inculcar no homem um novo comportamento e
mentalidade em relação à mulher. O desenvolvimento do processo dependeria das novas
gerações.

Segundo Uaciquete (2010), Samora Machel pensava na educação, fundar escolas novas,
ampliadas, esta educação dever-se-ia basear na valorização dos trabalhos manuais,
como sendo ponto-chave do conhecimento, fazer uma ligação entre ensino e trabalho de
produção social. Estas ideias tinham como objectivo incutir nos alunos um pensamento
de trabalho desde o início da sua carreira estudantil, em seguida, ajudar os alunos a ter
uma consciência de que os seus trabalhos deveriam ultrapassar a produção de
subsistência, buscando uma produção de grandeza económica, que a modernidade
exige. Da maneira como foi esboçada antes, a FRELIMO se preocupava em criar coisas
novas até o ‘homem novo’ em contraposição à sociedade tradicional e ao sistema
colonial, mas esta intenção originou um choque entre a dita modernidade enfatizada
pela FRELIMO e a tradição e o colonialismo.

Hoje em Moçambique, o sistema de ensino está estruturado da seguinte forma:

 Escolas pré-primárias, que abraçam as crianças com menos ou igual a seis


anos de idade. Essas escolas são jardins infantis e creches;
 A educação escolar, abrange o ensino geral, ensino técnico profissional e
educação superior.

A educação escolar inclui as formas especiais de ensino, que são: educação especial,
educação vocacional, alfabetização e formação de professores. Os dois níveis da
educação compõem o ensino geral, englobando o ensino geral e o ensino secundário.

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 O ensino primário: corresponde a sete anos de escolaridade com subdivisão em
duas partes, EP1 (Primeiro nível de ensino primário) da 1ª a 5ª classe e EP2
(Segundo nível do ensino primário) da 6ª a 7ª classe.
 O ensino secundário: corresponde a cinco anos de escolaridade com subdivisão
em dois períodos, o primeiro período, ESG1, da 8ª a 10ª classe e o segundo,
ESG2, que vai da 11ª a 12ª classe. Por outro lado, o ensino técnico profissional
correspondente ao EP2, ESG1 e ESG2 do ensino geral, relacionado ao nível
elementar básico e médio

Conclusão

Concluindo o trabalho constatou-se que No período pós colonial o efectivo dos alunos
nas escolas cresceu e a educação atingiu assim o seu auge. Os mais de 10 milhões de
analfabetos começaram a se alfabetizar visto que a educação no período colonial só era
garantida para os colonos e já neste momento ficou garantida para todos moçambicanos
e de uma forma igual.

Nas escolas começaram a se introduzir novas disciplinas e já nesse período a educação


estava dividida em ensino primário, secundário e superior, Portanto os moçambicanos
começaram a ser educados para tomar consciência dos seus direitos que não era
valorizados pelos colonos, tirar a mentalidade colonial, formar intelectuais, quadros
políticos e económico para desenvolver o país.

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Bibliografia

 GÓMEZ, Miguel B., Educação de Moçambique História de um Processo:


1962-1984, Livraria Universitária, Maputo, Moçambique, 1999
 INDE/MINED, Plano Curricular de Ensino, INDE/MINED Moçambique, 2003
 MAZULA, Brazao, Educação, Cultura, e Ideologia em Moçambique: 1985,
Edições Afrontamento e Fundamento bibliográficas de Língua Portuguesa, 1995
 RAMA, A. (1985). A cidade das letras. Tradução de Emir Sader. São Paulo:
Brasiliense

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