Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Resolução Caso Prático

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

ARMANDO TRAVASSOS

Docente

Direito das Sociedades Comerciais

CASO PRÁTICOS E TÓPICOS DE RESPOSTA

CASO I

António casado com Maria em regime de comunhão de adquiridos, é dono de um snacvk-


bar instalado num prédio que, para o efeito tomou de arrendamento a Carlos. Em Agosto
de 2011, António comprou, para consum,o no estabelecimento, diversos géneros
agrícfolas de Manuel, agricultor, e outros produtoa alimentares e bebidas de Alves & Irmão,
Ldª., empresa grossista do setor alimentar.

Por razões de saúde, pretende agora ceder a Joaquim, temporariamente, a exploração do


estabelecimento, mediante remuneração mensal.

a) Qualifique os atos e os sujeitos e diga quem, e em que termos, responderá pela dívidas
a Manuel e a Alves & Irmão, Ldª.

TÓPICOS

1. O snack-bar de António é um conjunto organizado de meios para o exercício, com


autonomia e estabilidade, de uma atividade comercial. A qualificação comercial da
atividade resulta dos Arts. 230/1 e 463/1 do Código Comercial (doravante, salvo outra
indicação, os artigos citados são deste Código). Com efeito, no snack-bar são servidas
refeições ligeiras, confecionadas a partir de produtos alimentares, e vendidos alimentos e
bebidas adquiridas para o efeito.

Fazendo profissão dessa atividade comercial, António é por isso comerciante (art. 13/1).
Os seus atos, na medida em que não tenham natureza exclusivamente civil (por exemplo,
o casamento) e que deles não resulte não terem conexão com o seu comércio, são
subjetivamente comerciais (art. 2º./2ª. parte), Além disso, tanto a compra dos géneros
agrícolas do Manuel como a compra deos produtos alimentares e bebidas de Alves & Irmão,
Ldª. s~ºao atoos objetivamente comerciais (art. 463/1).

Todavia, a venda de Manuel não é objetivamente comercial (art. 464/2). E também não é
subjetivamente comercial: Manuel não é deswde logo comerciante, uma vez que exerce
uma atiuvidade (a agricultura) que a lei considera não comercial (art. 230/§§ 1 e 2).
Por seu turno, a venda realizada pela Alves & Irmão, LDª. é objetivamente comercial, pois
trata-se de uma empresa grossista, que compra para revenda (art. 463/1). A venda é ainda
subjetivamente comercial, já que:

a) a Alves & Irmão, Ldª. é comerciante (art. 13/2) – trata-se de uma sociedade comercial
de tipo sociedade por quotas, como resulta da firma (art. 200/1) do Código das Sociedades
Comercias – CSC), com objeto comercial (compra para revenda, art. 463/1);

b) a cenda não tem naturez<a exclusivamente civil;

c) e tem conexão direta com o seu comércio (art. 2º/2ª, parte)

Em qualquer caso as dívidas de António resultantes destes atos de comércio presumem-


se contraídas no exercício do seu comércio (art. 15º) e são em princípio da
responsabilidade de ambos os cônjuges, já que não estão casados em regime de
separação de bens (art. 1169/1-d, do Códogo Civil, doravante CC).

Por essas dívidas responderão os bens comuns do casal e, na falta ou insuficiência deles,
solidariamente, os bens próprios de qualquer dos cônjuges (art. 1695/1 CC). Para não
responder por essa dívidas, a mulher de

António teria que provar que não foram contraídas em proveito comum do casal, o que se
afigura inviável no caso concreto (art. 1691/1-d/3, CC).

Finalmente, embora seja possível convencionar a transmissão de dívidas nos acordos de


cessão de exploração do estabelecimento, a gtransmissão tem que ser ratificada pelo
credor, ou acordada entre este e o novo devedor (art. 595/1,CC). Além disso, mesmo que
António ceda a exploração do negócio a Joaquim, incluindo o passivo constante inscrito no
livro de contas, a responsabilidade solidária de António por essas dívidas mantém-se,
enquanto o credor não o exonerar mediante declaração expressa (art. 595/2, CC).

Você também pode gostar